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Minha outra metade

Chapter 6: Capítulo 5

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Wei Wuxian estava animado.

Era a primeira vez que estava indo visitar sua meimei depois de
finalmente se “reconciliarem”.

Talvez reconciliar era um termo forte demais, já que ela não respondeu qualquer correspondência sua desde a última vez que se viram. Mas, como também não o ofendeu, ele entendeu como um convite para visitar. Afinal, com Jiang Cheng era necessário ler nas entrelinhas.

Por isso, ele não hesitou em ir visitá-lo, e ainda levou seu cunhado como surpresa.

Lan Xichen era uma pessoa bondosa e honrada, e não mereceu as palavras horríveis que sua meimei proferiu quando sequer aceitou pensar numa união entre eles. E depois de muito conversarem, chegaram à conclusão de que realmente a reação foi fruto de tensões ocasionadas por tudo que aconteceu com sua meimei.

Ela, com certeza, não teve tempo de processar todas as mudanças e explodiu.

— A resposta automática da Jiang Cheng é raiva, Xichen-ge. Ela sempre usou como arma toda vez que se sentia ferida. É só um mecanismo de defesa, não leve para o lado pessoal. — Aconselhou quando conversaram.

— Entendo. Acredito que minha abordagem também deixou a desejar. Não quis deixá-la incomodada. Talvez devesse ter ido com mais calma e ter deixado claro meus sentimentos.

E foi assim que planejaram uma nova tentativa de aproximação entre os dois, dessa vez levando presentes.

— Talvez devêssemos ter avisado da nossa vinda. — Zewu-jun comentou, enquanto os discípulos desembarcavam algumas caixas e aguardavam na entrada da seita onde não havia qualquer sinal de sua líder.

— Não seja tolo. Amigos não precisam avisar quando visitam amigos. — Wei Wuxian respondeu, adentrando a seita e sendo barrado por um guarda.

— Posso ajudá-los?

— Viemos ver Jiang Cheng.

— Aguarde aqui, por favor.

O guarda trocou um olhar com um discípulo que os cumprimentou e saiu correndo.

Minutos depois ele voltou com a presença do segundo em comando, Yu Jiuxin, que os encarava com uma expressão séria.

— Líder Lan, Mestre Wei. Podemos ajudá-los? Não esperávamos vocês por aqui.

Lan Xichen teve a decência de ficar sem graça. Já o mesmo não era possível dizer sobre o seu cunhado.

— Somos família, não há necessidade de formalidades entre nós. — Wei Wuxian riu, sem graça, quando o outro se limitou a erguer uma sobrancelha.

— Infelizmente, nosso líder Jiang não está.

— Minha meimei saiu sozinha?!

— Bom, talvez possamos esperá-lo? — Lan Xichen propôs quando não houve qualquer menção em acomodá-los. — Se não for incomodar, obviamente.

— Pois bem. Sigam-me, por favor. — E sem esperar, saiu andando, e cochichou algumas ordens para um discípulo que saiu correndo.

Os discípulos Lan se entreolharam, claramente insultados com o tratamento, mas mantiveram-se calados por conta da presença de Zewu-jun.

Vendo que Jin Rulan se aproximava, Yu Jiuxin fez uma breve reverência a eles e saiu.

— O que aconteceu? Quem morreu? — Jin Ling perguntou ao se aproximar do pequeno grupo Lan que consistia em Zewu-jun, Wei Wuxian, Lan Jingyi e Lan Sizhui.

— Tão dramático, A-Ling. Não podemos visitar?

— Quem está chamando de A-Ling?! — O rapaz se irritou. — E o que são essas caixas?

— Presentes, líder Jin. — Explicou Zewu-jun com um sorriso.

Só aí que Jin Ling entendeu que, provavelmente, aquilo era uma nova tentativa de cortejar seu tio. Bufou ao olhar para os discípulos de seu tio que não hesitaram em deixá-lo com aquele problema nas mãos. Pelo menos esperava que eles estivessem fazendo alguns aperitivos para quando fossem assistir seu tio explodir e jogar todos no lago.
Deu de ombros. Não era problema seu se Yunmeng Jiang e Gusu Lan começassem ali uma rixa.

— Venham comigo.

 

***

 

— Até que enfim! — Jin Ling falou, jogando as mãos para os céus, ao avistar seu tio chegando de sua caçada.

— O que está fazendo aqui, pirralho? — seu tio estranhou quando o viu, sem dar muita importância aos demais. — Aconteceu algo? — perguntou, olhando-o de cima a baixo à procura de ferimentos.

— Eu é que pergunto. — Retrucou, apontando para o tio que parecia ter mergulhado numa piscina de sangue.

— Não é meu. — Deu de ombros, e continuou a verificar o sobrinho.

— Tão sanguinária a minha meimei. — Wei Wuxian comentou orgulhoso, fazendo Jiang Cheng revirar os olhos.

— Você está bem, Wanyin? —Zewu-jun perguntou, claramente preocupado.

— Claro. Eu vou me arrumar. Pelo visto já foram acomodados. Caso vocês prefiram o jantar ser servido nos seus aposentos, é só avisar um discípulo. — Avisou e saiu sem esperar qualquer resposta.

— Rude como sempre. — Wei Wuxian reclamou, e os juniores Lan concordaram.

— Não leve para o lado pessoal, mestre Wei. Aquilo deve estar coçando horrores. — Zizhen explicou, se referindo ao sangue.

— E como você sabe disso?! E por que está aqui? — Jin Rulan perguntou de modo possessivo. Não gostava de dividir a atenção de seu tio.

— A líder Jiang estava me explicando sobre taxas quando surgiu um pedido de socorro numa vila aqui perto. E como era entre o território de Yunmeng e Ouyang, eu fui convidado a participar. — Explicou com um sorriso. — Você tinha que ter visto, A-Ling! Sua tia é demais! Ela simplesmente destruiu três Yaos de uma só vez. — Exclamou encantado. Parecia apaixonado.

Era nojento.

— O meu TIO é demais mesmo. — Retrucou com uma carranca que lembrava e muito o tio.
Porém, o amigo não percebeu o tom e focou somente nas suas palavras.

— Bom, o seu tio também é. Meio assustador, mas legal. — Concedeu.

— Do que está falando? Eu só tenho um tio.

— Ei! — Wei Wuxian se ofendeu, mas Jin Ling fez sinal com a mão para que ele se calasse.
— Uma aparência feminina e delicada não muda que ele é o meu tio. Jiujiu é o jiujiu. — Explicou, e o amigo finalmente pareceu entender.

— Não foi minha intenção ofender. — Levantou as mãos negando. E prontamente fez uma reverência ao amigo. — Este cultivador não sabia que o líder Jiang ainda referia a si mesmo com pronomes masculinos, pede perdão e se coloca a disposição para arcar com quaisquer retratações que o líder Jin e Yunmeng Jiang achar necessárias. — Falou, chocando a todos os outros presentes, exceto Jin Ling que sabia que seu amigo era extremamente bem educado, ao contrário dos demais.

— Desculpas aceitas.

— E para constar, não acho que nada no seu tio possa ser considerado delicado. — Zizhen comentou finalmente se erguendo, fazendo o amigo sorrir. — Bom, então você tem dois tios ótimos.

— Obrigado. — Wei Wuxian agradeceu, mas Zizhen o olhou estranho.

— Você também é legal, mas eu me referia ao líder Jiang e ao Sandu Shengshou, mestre Wei.

— Então, você o viu também? — Jingyi se intrometeu.

— Ele nos acompanhou na caçada. — Zizhen sorriu para o amigo.

Wei Wuxian percebeu ali que se tratava do gêmeo de sua meimei.

Um gêmeo que até então era parte dela. Alguém com quem ele dividiu sua infância também.

Ele precisava vê-lo.

Impulsivamente, ele correu até onde sabia que eram os aposentos de sua meimei e abriu a porta com tudo.

— Wei Wuxian! — Jiang Cheng gritou, tentando se cobrir com o tecido das roupas que pretendia vestir quando ele invadiu seu quarto.

O Patriarca de Yiling sentiu o rosto corando numa velocidade absurda ao ver, mesmo de relance, o corpo delicado de sua meimei.

E antes que pudesse sequer cogitar mexer seu corpo congelado pela cena, foi arremessado quarto afora por uma força absurda.

Wei Wuxian aterrissou quase quinze metros fora do quarto.

— Mestre Wei! — Lan Sizhui quebrou as regras de sua seita e correu para acudi-lo quando o viu caído ao chão.

— O que aconteceu? — Zewu-jun perguntou ao se aproximar, juntamente aos outros.
Wei Wuxian olhou para o seu peito e viu a marca de uma bota.

Levantou os olhos e viu que o dono dela estava se aproximando deles e não parecia nada feliz com sua presença ali.

Ele era parecido com sua meimei, e lembrava muito a aparência anterior dela quando estavam unidos, mas ao mesmo tempo era totalmente diferente.

Não tinha nada delicado nele.

Era alto, muito alto.

Seus ombros eram largos e o corpo parecia forte, mas esguio, como o de um nadador.

O rosto parecia ser esculpido em mármore. E ele tinha olhos violetas como os dela, mas suas sobrancelhas mais espessas deixava seu olhar mais marcante. Ainda mais com aquela expressão irritada tão similar com a que sua meimei sempre usava.

Ele era lindo.

Uma pena que estava morto e que Wei Wuxian já era casado.

— Não seja grotesco, Wei Wuxian! — O fantasma esbravejou, com uma expressão enojada.

— Até a voz é bonita. — Wei Wuxian flertou, fazendo o fantasma torcer o nariz, mas em seguida encará-lo surpreso.

Wei Wuxian conseguia ouví-lo. Finalmente alguém conseguia ouví-lo.

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