O filme segue uma linha bastante explícita ao detalhar as influências da musicalidade do Clube da Esquina, principalmente por meio do relato de seus participantes. Antes, entendemos como foi o encontro de alguns de seus notáveis expoentes: Bituca, Lô e Beto Guedes. Também compreendemos o que circundava o universo daquela moçada e foi decisivo para a guinada musical, como o cinema e o movimento estudantil. São feitas inserções de filmagens antigas do grupo, mostrando uma praia durante o período de gravação, imagens de uma viagem dentro de um carro e outros fragmentos. O filme agrada nesse quesito ao nos fazer entender como todos ali expuseram suas pulsações sonoras, provenientes de diferentes direções. O processo de gravação relatado segue o mesmo fio, sendo aberto a diferentes contribuições de um grupo com grande conhecimento musical. No entanto, o filme pouco avança além disso. Não há menção à recepção do grupo e do(s) álbum(s) na época, em nenhum sentido, nem mesmo hoje, o que nos afasta da grandeza de reverberação que, principalmente, o primeiro álbum alcançou. Faltam outros olhares, novos paradigmas que acrescentem camadas ao filme. Em certo momento, Wagner Tiso comenta sobre a música mineira ter uma religiosidade que permeia sua experiência. Isso é perceptível e gritante para quem escuta o Clube da Esquina e as respectivas carreiras solo. O filme não se apropria disso, dessa instância sensível que faz parte da obra do grupo; até tenta, trazendo devaneios abstratos, mas que não são suficientes. Por esses pontos, o filme demonstra certo esvaziamento. Vale a pena assistir, é um recorte significativo e inédito de algumas situações. Mas não esperem uma obra que dê conta das expectativas (acho justo considerar isso quando vamos ao cinema assistir algo sobre determinado objeto) de quem foi tocado pelo Clube da Esquina e, sim, algo mais como um filme estrangeiro à grandeza de sua música e história. Eu, que não escrevo muito nessa plataforma, senti o ímpeto de fazer depois do fim da sessão de pré-estreia em São Paulo. As palmas tímidas e as perguntas cochichadas de "mas já!?" me soaram como um desabafo de algo que era para ser e não foi.