Crash

Crash

Observação e exploração

Acho que o mais interessante do filme é o caminho que ele escorre pra percorrer a narrativa. A câmera desde seu princípio tem movimentos lentos e foco hipnotizante sobre o que filme, como se babasse enquanto observa as situações. Simultaneamente ela tá sempre adentrando e preocupada em investigar cada vez mais seus personagens e mundo.

Isso é uma abordagem bem legal, a do não julgamento e a de apenas quase documentar a entrada do personagem nesse mundo, mas também se seduzir por ele.
Isso pode ocasionar um filme "repetitivo" ou até sem "rumo", mas pra mim é o justo contrário. A gradação é seu principal horizonte, é observar até o ponto que esses personagens vão chegar e quando sentir que não quer mais ver aquele mundo... se afastar e deixar para apenas eles

E óbvio que é impressionante a forma como o filme consegue criar sedução e tesão para absolutamente qualquer coisa. Uma sensação eterna de respiração ofegante.
A gente fica com a ideia do carro na cabeça, mas é mais que o carro, é o metal, é a engrenagem, é o funcionamento que essas coisas tem.

É a atração sexual por aqueles que são privados do ato pela sociedade, uma carta para a universalização do prazer e garantir que ninguém possa ficar de fora de explorar sua sexualidade do seu proprio jeito.
Nisso é bem interessante que o casal inicial não sejam dois "comuns" que são atraídos por esse mundo das perversões, eles são apresentados como pessoas já interessadas em explorar a própria sexualidade de maneiras não usuais. Eles apenas radicalizam e expandem seus horizontes

A pura sinopse de sexualidade, acidentes embora sejam de fato uma definição do filme. Talvez não consigam sintetizar o quanto ele tá brincando até com você proprio assistindo o filme, te mostrando que vc inclusive consegue sentir atração pelo nada usual que talvez julgaria fora da sala de cinema.

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