a classe média brasileira (e nesse caso classe média alta), tem o costume de se agarrar nesse momento terrível da nossa história de uma forma genérica pela lente da democracia burguesa, enquanto as classes baixas e periféricas nunca deixaram de sofrer opressão, violência e crimes perpetuados pelo estado. essa cautela com que o personagem rubens paiva age na resistência, repelindo qualquer relação com a luta armada, ilustra um pouco isso. não pelo fato de não querer se sujeitar ao perigo, mas de se colocar num lugar de superioridade, como dizendo que não é uma forma inteligente ou racional de agir.
Outra coisa é a questão do poder econômico da família que se perde quando o Pai morre, sendo estampado no filme como a perda da "prosperidade": não se tem mais empregada em tempo integral, e se é necessário agora >>>>trabalhar<<<< (aka abandono involuntário de mordomias).
a constante oscilação entre alegria e horror tem duas perspectivas: a de causar mais abalo ao público, e de transmitir uma resistência emocional, que vem de um lugar de privilégio de quem, mesmo no meio das desavenças, continua tendo uma casa boa e dinheiro para se recuperar do trauma, além da certeza de um futuro próspero quando "tudo isso" acabar.