eu tenho pensado bastante
tenho feito poesia
mais do que
tenho agido
eu nunca sei bem
qual próxima peça mover
e pelo visto você
também
amo como os seus olhos faziam curva para acompanhar o seu sorriso.
amo como a sua voz acariciava os meus ouvidos pela manhã.
amo como o teu cheiro ficava em mim quando eu tinha a sorte de te encontrar pelo dia.
amo como você se definia usando as estrelas.
amo como cabia um universo dentro dos teus olhos.
amo como falava “tão bom” ao experimentar algo novo.
amo como a memória, embebida em poesia, te eternizou em mim.
amo como o meu gosto musical se tornou uma extensão do teu.
amo como você pronunciava a palavra “estrela”.
amo como as tuas mãos tocavam o meu rosto.
amo como já fomos morada um do outro.
a vida aconteceu, e eu continuo amando.
amando o que fomos,
amando cada instante em que, pela primeira vez,
preenchemos juntos um vazio que nem sabíamos que existia.
odeio como o espaço nos dividiu.
odeio como a vida foi cruel e não me permite mais te ver todo dia.
odeio como estou esquecendo o tato do teu toque, as linhas do teu rosto.
odeio como os dias estão nos esmagando.
odeio como a rotina nos coloca cada vez mais distantes.
odeio como já não ouço o teu riso exagerado.
odeio como você me machucou.
odeio como meus olhos ficavam quando sentia que te machuquei também.
odeio como perdi o tato das coisas.
odeio como te amo de longe.
odeio te amar.
e já não poder mais estar com você.
Porque tem amores que, mesmo indo embora, nunca saem de nós. Ficam no cheiro de um livro antigo, na música que toca de repente, no caminho que a gente evita para não tropeçar na saudade. Ficam nos detalhes, na forma como passamos a ver o mundo depois de tê-los visto juntos.
E, de um jeito ou de outro, seguem infinitos dentro da gente.
Aprendi, com a dor e o tempo, que soltar não é perder. É abrir espaço.
"Partir, quando tudo o que sentimos é uma dor aguda,
tudo o que ouvimos são ruídos,
e tudo o que pensamos é insuportável."
— Ecos do Infinito, 'Sobre quem eu me tornei'
Ainda espero que os nossos caminhos se cruzem um dia. Com o peito menos machucado, sem tantos hematomas e com mais disposição e paciência. Ainda espero que as nossas mãos se toquem, que os nossos dedos se entrelacem da mesma forma que o meu coração, apesar de todo esse tempo, permaneceu entrelaçado ao teu. E torço com todo o meu ser, que quando os nossos olhos se encontrarem, consiga ver no fundo deles que dentre todas as opções do mundo, eu sempre escolheria você.
Gabriela Santos.
eu não te perdoo pelo silêncio e nem você me perdoa pela desatenção.
quantos fantasmas adoecidos moram dentro de nós?
eu e você numa vigília muda.
quantos abismos ainda guardaremos dentro do peito cada dia mais pesado?
talvez eu só queira ouvir você.
se você recicla sempre a mesma dor ela nunca vai deixar de existir.
is.
muitos de nós estamos crescendo em silêncio.
is.
traumas não tem corpo mas tem nomes.
is.