A Dama De Companhia
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Sobre este e-book
Agora, sem parentes e amigos, tinha medo, muito medo, de nunca mais poder encontrar carinho sincero, paz e felicidade! No entanto o Destino reservava-lhe, uma surpresa inesperada, que mudaria a sua vida para sempre!
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3 avaliações1 avaliação
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Linda história, amei tudo. Fantástica mesmo, mim deixou com gosto de quero mais maravilhosa realmente.
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A Dama De Companhia - Barbara Cartland
orgulho.
CAPÍTULO I ~ 1879
Jacoba correu mais uma vez os olhos pela sala vazia de móveis e quadros, O sol que brilhava forte no jardim e atravessava as vidraças em forma de losango tornava mais desolador ainda aquele cenário.
Impossível acreditar que depois de toda uma vida desfrutando do luxo daquela mansão estilo Tudor, onde fora tão feliz ao lado de seus pais, agora nem sequer tivesse para onde ir.
A casa ficava no fim da vila, circundada por um muro grande de pedras. Toda a propriedade pertencia a seu tio, lorde Bresford.
Jacoba conhecia cada árvore do imenso jardim, cada declive do terreno onde a água da chuva se acumulava formando poças que eram a delícia das crianças. Aprendera a amar as baias dos cavalos e o riacho que cortava o jardim.
Tudo aquilo fora parte de uma infância alegre e feliz, cenário das mais belas recordações que trazia na memória.
Até que acontecera a catástrofe, não havia outra forma de dizê-lo. Todo o seu mundo viera abaixo ao receber a notícia de que seu pai e seu tio estavam mortos, vítimas de um acidente com o trem que voltava de Londres.
Quando sua esposa ainda vivia, o pai de Jacoba era um homem feliz, às voltas com seus cavalos, sua caça e ocasionalmente pescando salmão no rio Avon. Quando ela se foi, porém, deixou-o sozinho exceto por Jacoba, na época com quinze anos de idade apenas.
Desde então ele passara a ir regularmente a Londres na companhia do irmão, lorde Bresford, um solteirão inveterado.
Dezoito anos mais velho que o pai de Jacoba, sempre fora alvo das maiores críticas. Na vila comentavam seu comportamento libertino com belas mulheres da sociedade porém de moral duvidosa, bem como com as moças de um mundo um pouco mais subterrâneo
.
Jacoba sempre ouvira tais comentários, porém eles nunca a preocuparam, exceto quando seu pai passou a ser companhia constante do tio nas viagens a Londres.
Tanto um quanto o outro viviam prometendo levá-la na próxima viagem que fizessem, porém isso nunca aconteceu, e à medida que os anos foram passando esse compromisso foi ficando cada vez mais esquecido.
Porém o que mais a incomodava era ver seu pai procurando por toda a casa objetos de valor que pudessem ser vendidos sempre que voltava de Londres. E foi com grande surpresa que ela descobriu que seu tio fazia exatamente o mesmo.
—O senhor vai ter coragem de vender essa salva de prata, papai?— Jacoba protestou um dia—, ela foi presente de um padrinho a mamãe, e originalmente pertenceu a George III.
—Posso conseguir um bom preço por ela— fora a resposta que ele lhe dera—, e estou precisando do dinheiro.
—Mas por quê? O que o senhor comprou que seja assim tão caro?
—O problema não é o que comprei, mas sim o quanto gastei!— ele respondeu—, em Londres tudo é pelo menos cinco vezes mais caro do que no interior. Talvez seja difícil para você compreender, mas existem mulheres que têm o poder de arrancar como que por encanto até o último centavo do bolso de um homem.
Ele tinha razão, era mesmo difícil compreender tal coisa.
Mesmo assim Jacoba preferiu não tocar mais no assunto, nem mesmo quando os espelhos Queen Anne foram retirados das paredes. Por fim até as jóias de sua mãe desapareceram de dentro do cofre.
—Quando fez dezoito anos Jacoba viu renascer denta do peito a esperança de que seu pai a levasse para conhecer a tão falada Claro que ele não estava em condições de oferecer-lhe um baile, mas talvez pudesse apresentá-la às belas damas que apareciam nos jornais, patrocinando festas enormes, recepções e bailes todas as noites.
—Mas eram vãs suas esperânças, o pai continuava ausentando-se na companhia do irmão apenas.
Jacoba tinha dezenove anos quando acontecera o terrível desastre que ceifara as vidas das duas pessoas a quem mais amava no mundo.
O chefe de polícia local se incumbira de lhe dar a notícia do que acontecera na estrada de ferro, entre Paddington e Worcestershire.
Os funerais aconteceram na pequena Igreja da vila, e os dois irmãos foram sepultados no túmulo da família.
A morte de lorde Bresford e de seu irmão, Richard Ford, fora noticiada em todos os jornais, especialmente no Times e no The Morning Post. Mesmo assim apenas três parentes compareceram.
Eram todos primos dos falecidos, um senhor com mais de oitenta anos de idade, que morava na cidade vizinha, e duas primas igualmente idosas que viviam juntas em um minúsculo chalet perto de Malvern.
Toda a família era procedente de Cornwall, mas Jacoba desconhecia se ainda tinha parentes naquela região.
Depois dos funerais restara-lhe pouco tempo para pensar no assunto. As pilhas de contas que chegavam de Londres e precisavam ser urgentemente saldadas ocupavam por completo a sua atenção. Pelo visto, os falecidos não pagavam o que deviam há séculos.
Em seguida Jacoba tivera dc receber os credores que queriam fazer um inventário de tudo que podia ser vendido e dessa foíma garantir o recebimento do que lhes era devido.
O advogado de seu tio explicou que ela teria de dispor praticamente de tudo, que agora deveria ser seu.
—Tudo?— Jacoba repetira, incrédula.
—Receio que sim— insistiu o advogado—, para ser sincero, duvido muito que o valor conseguido com a venda de Gables seja suficiente para saldar todas as dívidas.
Jacoba olhou fixo para ele. Afinal, perguntou:
—O senhor falou em… vender Gables?!
—Teremos mesmo de fazê-lo— prosseguiu o advogado—, é tudo que a propriedade contém, embora seu pai, já tenha disposto da maioria das peças mais valiosas,
Jacoba mal podia acreditar no que ouvia.
Quando chegou o dia da venda, só o que lhe restou fazer foi resignar-se, acreditando de que tudo não passava de um terrível pesadelo, do qual logo despertaria.
Os retratos de família foiarn arrematados por umas poucas libras. Principalmente o de sua mãe, pelo qual tinha tanto carinho, foi vendido pelo que lhe pareceu uma ninharia.
Até as roupas de seu pai foram a leilão.
Jacoba implorou ao advogado que lhe permitisse guardar para si alguns dos objetos, que aprendera a amar desde muito criança, ao menos aqueles que haviam pertencido a sua mãe.
Mas ele foi taxativo ao dizer que só o que lhe era de uso pessoal poderia continuar em seu poder, tudo o mais, teria de ser vendido.
Jacoba reprimiu as lágrimas ao ver os belos cavalos de seu pai e seu tio, sendo levados pelos fazendeiros que os haviam arrematado.
Terminada a venda de tudo o que restou em Gables, de seguida foram sua cama e seu baú de roupas.
—Quando… por quanto tempo ainda posso ficar?— Jacoba perguntou ao advogado, ao mesmo tempo que se dava conta, apavorada, de que não tinha para onde ir.
—Enquanto a casa em si não for vendida pode ficar. Mas na minha opinião deveria ir morar com algum parente o quanto antes.
—Mas que parentes?— ela perguntou, desamparada.
—Ora, deve ter alguém que possa recebê-la!— exclamou o advogado.
Jacoba lembrou-se das duas primas que haviam comparecido aos funerais. Tinham lhe dito que moravam em um chalet pequeno, com certeza eram muito pobres.
—Adoraríamos se você nos fizesse uma visita, querida— elas haviam lhe dito, depois do enterro—, não podemos convidá-la para passar a noite, uma vez que não temos quarto de hóspedes em casa, nem mesmo uma cama de reserva. Mas você será sempre bem-vinda para almoçar ou tomar um chá.
O velho primo que viera de Gloucestershire, Jacoba soubera por terceiros, vivia com a irmã, casada e com três filhos.
—Seu pai tinha realmente uma bela casa— ele comentara enquanto conversavam—, ah, como eu gostaria de viver em um lugar assim, tão calmo e tranquilo. No entanto, sou obrigado a conviver com crianças tão barulhentas, que às vezes penso que vou ficar louco!
Jacoba sabia que não podia contar com a ajuda de nenhum desses parentes.
—Sua mãe, apesar de tudo, deixou-lhe o pouco dinheiro que possuía— explicou o advogado, vendo-a tão pensativa—, e dê graças a Deus, por seu pai não ter conseguido pôr as mãos nele, ou também teria sido esbanjado irresponsavelmente.
—Quanto ela me deixou?— Jacoba quis saber.
—Sua mãe tinha cinquenta libras investidas em letras do Governo, o que, contando com os juros acumulados, hoje deve chegar a umas setenta libras. Mas é preciso compreender que quando esse dinheiro acabar, você não terá direito a mais nada.
—E que devo fazer?— Jacoba perguntou, sentindo-se enfraquecida sob o peso de tanta desventura.
—Você recebeu a melhor educação possível, como eu bem sei— replicou o advogado—, e penso que não terá dificuldades para encontrar um emprego, que lhe permita viver condignamenie.
Por um instante ele se calou, para enfim acrescentar:
—Para tornar-se governanta de crianças, pois você ainda é jovem e... — e de repente preferiu não terminar a frase. Ia dizer é bela demais para isso
, mas concluiu que seria um erro fazê-lo.
Como advogado sabia muito bem com que frequência as pobres governantas, viam-se metidas em sérias enrascadas, na maior parte das vezes com o pai ou mesmo com um irmão mais velho da criança sob sua guarda.
Há tempos vinha percebendo que Jacoba, não só era muito jovem, mas também extremamente ingênua.
Mais que depressa tentou imaginar que outro emprego poderia sugerir. Teria de ser alguma ocupação em que Jacoba estivesse a salvo e não à mercê de homens que pudessem arruiná-la.
—Tenho uma ideia que pode servir para você— disse ele depois de pensar um momento—, porquê, não tenta trabalhar como dama de companhia para alguma senhora idosa? Muitas delas contratam moças jovens, para lerem os seus