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A Guerra Dos Clãs - Ruben Ygua
RUBEN YGUA
RUBEN YGUA
AVENTURAS NO PALEOLÍTICO
PARTE 1
A GUERRA DOS CLÃS
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A GUERRA DOS CLÃS
Contatos com o autor: ruben.ygua@gmail.com 2
RUBEN YGUA
O conteúdo deste trabalho, incluindo a verificação ortográfica, é da exclusiva responsabilidade do autor 3
A GUERRA DOS CLÃS
Dedicado a minha família
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RUBEN YGUA
-Somos meras criaturas modeladas pelos caprichos do clima e do meio ambiente.
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A GUERRA DOS CLÃS
130.000 a.C., a era do gelo chegou ao fim, o período interglacial RISS-WÜRM
estava se iniciando.
As temperaturas subiram lentamente e o gelo recuou no hemisfério norte, as chuvas abundantes favoreceram a formação de vastas extensões de floresta em toda a Europa e América do Norte. Uma humanidade diferente emerge da neve, o Homem de Neanderthal, perfeitamente adaptado às novas condições ambientais, prolifera e coloniza o velho continente. Também na África, os efeitos da mudança climática afetaram as populações humanas.
O período de chuvas abundantes que durante 30.000 anos havia transformado o Egito e o Saara em um paraíso de vegetação exuberante, com abundantes rios, lagos e pântanos, estava agora chegando ao fim. As chuvas tinham propiciado a primeira grande migração do Homo sapiens através do Sinai para o Norte da África e o Oriente Próximo. Com o fim do periodo chuvoso, dos quatro grandes rios que corriam pela região do Saara, apenas o Nilo sobreviveu, alimentado pela neve das montanhas distantes ao sul; o grande deserto que um dia seria conhecido como o Saara estava se formando, os grandes rebanhos de herbívoros e a população humana se deslocaram na direção do último grande rio. No Oriente Próximo, o Homo sapiens havia encontrado seu primo, o Neandertal, ambos coexistiram pacificamente por milênios, como foi revelado por alguns fósseis que mostram características intermediárias entre Neandertais e Homo sapiens.
Apesar das diferenças, a abundância de recursos tinha evitado as disputas entre os grupos humanos, que não mais precisavam migrar seguindo os rebanhos.
Com o início do período árido, as condições de vida do Homo sapiens e Neandertais tornaram-se difíceis, a competição pela caça e coleta se tornou mais intensa, e não demorou muito para o início da luta pela sobrevivência.
Numerosos Neandertais se migraram para o sul da Arábia, enquanto os clãs Homo Sapiens foram para o leste, em direção à Índia e Ásia. Alguns grupos, entretanto, decidiram se apegar à terra de seu nascimento, talvez na esperança de dias melhores.
Mas não vieram dias melhores... as chuvas se tornaram cada vez mais escassas, as fontes de água diminuíram até secar, a vegetação deixou de alimentar os grandes rebanhos, os desertos aumentaram em tamanho, os herbívoros se tornaram escassos, os grandes rebanhos desapareceram, e a disputa entre grupos humanos tornou-se violenta, desesperada.
Então, inesperadamente, novos grupos humanos surgiram do coração da África.
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O CLÃ DA CAVERNA
Naquela manhã, Arnut e seus homens foram agradavelmente surpreendidos por um dos raros presentes da Mãe Natureza. Um búfalo solitário estava tentando se alimentar das poucas gramíneas que cresciam na árida planície; ao se sentir ameaçado pelos humanos, o animal tratou de escapar, mas os caçadores eram muito experientes, cortaram sua fuga para a savana, lhe deixando apenas uma opção, correr na direção de um estreito corredor natural formado entre as paredes rochosas da montanha.
Em tempos melhores, o clã de Arnut costumava organizar emboscadas capturando um bom número de grandes herbívoros de uma única vez, o que representava uma reserva de carne para muitos meses. O cacique conhecia o lugar, naquele curral natural ele havia capturado muitos animais no passado, forçando-os a pular do penhasco no final do corredor.
Eles tinham caminhado por três dias sem avistar nenhuma presa maior que um lagarto, por isso o grupo não podía desperdiçar a oportunidade, acenderam uma fogueira e prepararam várias tochas, enquanto o resto do grupo formou um semicírculo para evitar que o animal escapasse.
Eram dez caçadores de pele clara, castigados pela rude vida ao ar livre, com longos cabelos pretos e barbas, adornados com penas e colares de presas e garras de animais, eles cobhriam seus corpos com peles de diferentes espécies. Apenas uns poucos protegiam os pés com peles amarradas com tiras de couro, a maior parte do grupo permanecia descalça.
Os búfalos eram uma presa perigosa e veloz, e o caçador muitas vezes tornava-se a vítima, por isso eles avançaram cautelosamente, levantando suas tochas e bloqueando a fuga do animal, que empreendeu uma desesperada corrida para o desfiladeiro, procurando por outra saída na parede rochosa. Quando os caçadores estreitaram o cerco, pareceu que o animal mergulharia cegamente no vazio, vários deles sorriram, saboreando a presa com antecedência.
Foi nesse momento que o búfalo fez algo inesperado.
Em um movimento rápido, o animal girou e carregou contra o indivíduo mais próximo.
Enitarzi, um guerreiro robusto em seus trinta anos de idade, tentou se defender do animal com sua lança, conseguindo se esquivar dos chifres mortais que passaram a curta distância de seu corpo, quando o caçador deu um passo atrás para tratar de acertar o búfalo com a lança , acabou tropeçando em uma pedra e perdeu o equilíbrio, o enfurecido animal virou-se, asestando um golpe na perna do caçador. Arnut acudiu rápidamente, dando uma estocada no flanco do búfalo, evitando que seu companheiro caído fosse pisoteado. A lança quebrou-se quando o animal girou violentamente ao se sentir ferido. Vários guerreiros avançaram, agitando suas tochas, improvisaram uma barreira de lanças ao redor de seus 7
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camaradas ameaçados. Assediado por vários cães, ferido e assustado pelo fogo, o búfalo virou-se novamente para correr às cegas entrando no desfiladeiro, até finalmente mergulhar no vazio. Um som abafado anunciou que a caçada havia terminado, o animal bateu nas rochas cerca de vinte metros abaixo.
O grupo desceu a ravina, era necessário proteger de imediato o local onde o animal estava morrendo. Um guerreiro acabou com o sofrimento da presa asestando um golpe de lança, enquanto o resto do grupo acendia várias fogueiras na tentativa de afastar a inevitável investida de hienas e outros carniceiros, que logo seriam atraídos pelo cheiro do sangue.
Os guerreiros se reuniram em torno do animal morto, alguns deles deixaram de lado as pesadas lanças utilizadas na caça, a arma mais eficaz contra os grandes animais, e agora empunharam arcos, flechas e lanças leves que podiam arremessar uma boa distância com a ajuda de propulsores ósseos. Todos se posicionaram ao redor do animal abatido, atentos. Meia hora depois, chegou ao local um grupo de mulheres, crianças e homens velhos, que tinham permanecido observando a caçada a uma distância segura. Transportavam água em ovos de avestruz e bexigas de animais, o precioso líquido foi distribuído entre o grupo de caçadores. O homem ferido teve sua perna lavada, antes de receber uma cataplasma de ervas para estancar o sangramento. Felizmente ele não parecia ter quebrado nenhum osso, e conseguiria voltar para a caverna do clã, se apoiando em sua lança para caminhar.
Tendo saciado a sede, o grupo começou o árduo trabalho,o búfalo foi esfolado, sua pele grossa, cornos, tendões e cascos foram removidos. Grandes pedaços de carne foram cortados, salgados e dispostos em longas varas para seu transporte.
As entranhas, rins e fígado foram assados pelos mais velhos, para alimentar o clã durante o trabalho.
O coração foi cuidadosamente reservado.
Pedaços menores de carne foram colocados para secar ao sol, temperados com sal e ervas aromáticas.
As crianças mantinham afastados alguns animais carronheiros, na sua maior parte hienas, usando seus arcos e flechas, ou simplesmente atirando pedras, enquanto os cães rosnavam ameaçadoramente.
O sol se aproximava do horizonte quando o trabalho foi concluído, essa noite acamparam ali mesmo, na base da parede rochosa, protegidos pela fogueira, a abundante lenha seca existente nas imediações permitiu aos homens que se revessaram durante a noite, manté-las acessas até o amanhecer.
No dia seguinte, o clã, carregando o produto da caça, iniciou a marcha. Durante dois dias eles caminharam ao longo do leito seco de um rio, agora transformado em um insignificante fio d'água que descia das montanhas ao sul, até desaparecer no subsolo da pradaria semi-árida algumas centenas de quilômetros mais adiante. Ocasionalmente, as mulheres se detinham por alguns minutos para coletar sementes, folhas ou raízes. Na manhã do terceiro dia, eles entraram em 8
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um pequeno vale cercado por um elevado planalto, e o grupo caminhou por três horas em direção à grande parede rochosa na outra extremidade do vale, uma tênue coluna de fumaça revelava a presença humana. Na base do platô abria-se a boca de uma caverna, que só era visível à curta distância. Na entrada, um par de anciãos mantinha duas fogueiras acesas, protegendo a caverna do ataque dos grandes felinos.
Um cão enorme, de aparência feroz, acompanhava as sentinelas.
O animal não latiu quando sentiu a chegada do grupo, simplesmente abanou sua cauda, alertando os guardas. Os caçadores surgiram logo em seguida na crista de uma colina e o cão adiantou-se ao reconhecer o familiar cheiro dos cachorros que chegavam.
A caverna era larga, formando uma abóbada de cerca de dez metros de altura em uma espécie de salão principal, afunilando-se no fundo para formar uma série de pequenos túneis, que eram usados como depósitos de peles velhas, ossos, lenha, etc. No espaço central haviam construído várias cabanas de madeira, sólidas e circulares com telhados de galhos, folhas e lama seca, todas tinham em seu interior leitos feitos com grossos galhos que se elevavam cerca de 50 cm acima do solo. Os leitos estavam cobertos com folhas e peles.
Em um canto havia uma barraca maior, usada para armazenar o estoque de peixe e carne salgada. Logo depois as mulheres colocaram nessa choupana a carne do búfalo, Arnut se sentía feliz, o estoque iria alimentar o clã por um longo tempo.
A parede da caverna exibia numerosas pinturas rupestres de cenas de caça, algumas datadas de tempos imemoriais, obra de pessoas que uma vez ocuparam o local. O clã de Arnut também havia deixado sua marca, pintando figuras animais durante cerimônias para agradecer aos deuses. Perto da entrada eles armazenavam enormes pilhas de lenha e galhos, ao abrigo de possíveis chuvas.
O clã da caverna desfrutava de uma localização privilegiada, um riacho que nascia no planalto corria a cerca de vinte metros da caverna, proporcionando um abastecimento abundante de água e onde, com um pouco de sorte, podiam pegar alguns peixes.
A uma jornada de caminhada no sul estava o mar, a principal fonte de peixes, crustáceos, pássaros e o importantíssimo sal. O mar também facilitava a comunicação com os clãs vizinhos com os quais eles trocavam alimentos, peles e ferramentas de pedra.
Composto por pouco mais de trinta indivíduos, o clã de Arnut era maior do que o habitual naqueles tempos difíceis, que raramente contavam com mais de vinte membros. Taxas de mortalidade infantil muito altas, e a dura vida adulta, limitavam o crescimento populacional. As pessoas, com raras exceções, não ultrapassavam 40 anos de idade.
O trabalho se concentrava inteiramente na sobrevivência, desde a caça à coleta de frutas, ervas ou raízes, coleta de mel ou pesca, além da confecção de armas, 9
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ferramentas de pedras polidas, de osso ou marfim esculpido, objetos de madeira e fabricação de cestas a partir de bambus, vime e outros vegetais trançados.
Levaria milênios até que a cerâmica fosse inventada, as vasilhas eram improvisadas a partir de cascas de tartaruga, ovos de avestruz ou grandes caracóis e conchas marinhas, que lhes permitiam o transporte de água, o armazenamento do mel e a fermentação de grãos.
O grupo inteiro tinha que trabalhar, não havia espaço para a ociosidade.
Os anciãos cuidavam do fogo, ensinavam técnicas de caça e pesca para as crianças, que ajudavam recolhendo lenha ou colaborando com as mulheres na coleta de sementes, frutos e raízes. Caçadores feridos ou incapacitados reparavam e faziam armas e ferramentas, modelando pedra, obsidiana, quartzo ou outros minerais duros e resistentes para fazer raspadores, pontas de flecha e de lança, machados, facas, foices para coletar sementes silvestres, etc.
Com ossos elaboravam arpões e anzóis, colares e ornamentos. Os homens adultos caçavam, construíam cabanas, canoas e cuidavam da defesa do grupo, que geralmente era liderado por um ancião respeitado por todo o clã por sua experiência e sabedoria.
Akrabuamelu Arnut poderia ser considerado um homem longevo, tendo atingido a avançada idade de 42 anos. Ele havia conduzido sabiamente o grupo por muitos anos após a morte de seu pai.
Apesar da escassa chuva e da aridez crescente do território, durante os últimos sete anos, o clã não precisou migrar, permaneceu naquela caverna, beneficiando-se da sua localização no centro de um vasto território virgem, em grande parte desabitado, sendo seus únicos vizinhos os clãs à beira-mar. Isto contribuiu para o aumento do número de membros. Sem precisar lutar pela comida, Arnut mantinha boas relações com as aldeias costeiras e alguns clãs nômades que muito raramente apareciam na região. Eles negociavam peles, sal, chifres, marfim, colares, ornamentos, ervas, frutas, pedras e carne. A região montanhosa também era rica em ouro, um mineral fácil de modelar, que o clã tinha aprendido a moldar a frio para fazer pequenos ornamentos que comercializavam com as aldeias vizinhas. Estes foram os primeiros passos na direção da metalurgia, que milênios depois mudaria a vida do homem para sempre, com a difusão do uso do cobre.
Era a época do ano em que o clã celebrava a cerimônia de agradecimento à Deusa da Terra, ofertando a ela um búfalo ou outro animal de bom porte. Isso havia sido o motivo da recente expedição de caça.
O búfalo abatido teria sua cabeça e seu coração oferecidos à deusa.
Seria uma ocasião solene para o clã, pois no dia seguinte à cerimônia, era realizado o ritual de iniciação dos jovens guerreiros.
Ao amanhecer, pouco antes do nascer do sol, todos os membros do clã se reuniram na colina, diante da caverna. A atenção do grupo estava voltada para o 10
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local onde os primeiros raios de sol iriam surgir. Arnut, usando sua tanga de pele de leopardo, reservada para cerimônias, permanecia de pé com sua adaga cerimonial erguida em direção ao horizonte, aguardando imóvel. Ao seu lado, sobre uma grande pedra plana