Encontre milhões de e-books, audiobooks e muito mais com um período de teste gratuito

Apenas €10,99/mês após o término do seu período de teste gratuito. Cancele a qualquer momento.

Por uma poética erótica da relação
Por uma poética erótica da relação
Por uma poética erótica da relação
E-book254 páginas1 hora

Por uma poética erótica da relação

Nota: 0 de 5 estrelas

()

Ler a amostra

Sobre este e-book

O que é o feminino? Como pode o corpo feminino se libertar dos parâmetros patriarcais e coloniais? Qual o papel e potencial da Arte e do artivismo nesse processo? Essas são algumas das questões enfrentadas por Karina Bidaseca nos ensaios que compõem esse livro. São textos provocadores, inspirados em Audre Lorde e Édouard Glissant, que desnudam e desafiam preceitos coloniais, racistas e sexistas. Propõe, a partir do trabalho de artistas, que um feminismo express, importado de uma forma acrítica de um contexto eurocentrado, corporativo, gentrificado, fundado no privilégio acadêmico, cis e individualizante dê lugar a um feminismo anticolonial, antiracista e antiespecista.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento29 de jul. de 2024
ISBN9786599937378
Por uma poética erótica da relação

Relacionado a Por uma poética erótica da relação

Ebooks relacionados

Ciências Sociais para você

Visualizar mais

Avaliações de Por uma poética erótica da relação

Nota: 0 de 5 estrelas
0 notas

0 avaliação0 avaliação

O que você achou?

Toque para dar uma nota

A avaliação deve ter pelo menos 10 palavras

    Pré-visualização do livro

    Por uma poética erótica da relação - Karina Bidaseca

    Sumário

    FISSURAS

    APRESENTAÇÃO

    Prefácio da edição em espanhol

    PRÓLOGO

    1. A Revolução não é limpa, nem bonita, nem veloz Pat Parker dixit

    1.1 Seu corpo é um campo de batalha

    1.2 Latinidade cuir

    1.3 Mudar de pele

    Bibliografia

    2. Sacode a poeira e supera!13

    Bibliografia

    3. Make-up e absorventes revolucionários

    Bibliografia

    4. Outside(r)

    Bibliografia

    5. Amefricanidade

    Bibliografia

    6. Salve (negra) Leoa

    Bibliografia

    7. Mitominas: os mitos do sangue

    7.1 As vidas de Ilse Fusková

    7.2 Ilse Kornreich x Ilse Wünche

    7.3 Apaixonadamente lésbica

    7.4 Ilse Fusková: o que pode um corpo

    7.5 Fusková

    7.6 Pós-escrito

    Bibliografia

    8. Sexualizar as fronteiras: Pinkwashing e homonacionalismo na Palestina e em Israel85

    Bibliografia

    9. Feminismos árabes contra a islamofobia de gênero

    Bibliografia

    10. É preciso estar prontas para a revolta

    EDITORA MANDAÇAIA

    SOBRE A AUTORA

    A capa do livro é uma foto em preto e branco exibindo as curvas do corpo de uma mulher. Há o título 'Poética erótica da relação', o nome da autora 'Karina Bidaseca' e os logotipos da Editora Mandaçaia (uma pilha de livros no formato de uma abelha) e da Série Fissuras (uma rachadura que forma o tracejado do mapa da América Latina'Por uma poética erótica da relação, de Karina Bidaseca. Tradução: Lívia Burgos Lopes Fonseca. Editora Mandaçaia. Série Fissuras

    Para nós,

    Peregrinas do mesmo mar

    FISSURAS

    Fissuras são fendas, brechas, aberturas, gretas, trincas, rachaduras, rupturas, lascas, rompimento... todo ato qualificado de operar cisões, às vezes de longa duração, mais ou menos profundas, sobre dado elemento material histórico ou não, sensíveis ou não.

    A série FISSURAS busca publicar textos que movimentam sujeitos/escritas que resistem ao aprisionamento das ideias, produzindo cisões nos discursos e práticas instituídas que nos capturam e nos paralisam, diminuindo as possibilidades de (re)existir; lança o desafio de romper com a reprodução, na tentativa de pensar com/por outros movimentos, histórias outras, espaços outros, que buscam trincar com os modelos, escapando, fugindo e se aproximando de outras linguagens, de termos (des)acostumados, invisibilizados, paradoxais.

    Apoiamos textos que caminham pelas linhas de fuga, fissurando conceitos canonizados, criando des-certezas, abrindo brechas e cisões na e com a palavra. Nossa (in)tensão é percorrer o meio, as margens, buscar as lascas de histórias (in)visíveis, das ausências, dos vazios.

    FISSURAS busca ser uma escrita inapropriada, tal como o pensamento que, como a terceira margem do rio, parafraseando aqui Guimarães Rosa, torna-se uma espécie de zona silenciosa e indomável. Escrever é como um rio, que caminha pelos seus fluxos, intensidades, dobras, movimentos.

    Os escritos que vamos acolher são aqueles que desenham a partir de olhares e vivências outras, subalternidades que emergem a partir do arrombamento, dos acasos; um pensar por experimentação e (re)existências fora da colonialidade. Desejamos publicar epistemes pulsantes, escritos (mal)ditos, rizomáticos, onde possamos fissurar a língua, fazer ruídos, desobedecer a norma, o padrão, o trivial. É, portanto, no espaço da FISSURA, da trinca, da vertigem, que as histórias dos sujeitos no Sul Global, suas existências, (re)existências e seus desdobramentos são possíveis.

    Enfim, é somente porque existe o espaço da fissura, do corte, da rachadura, que as histórias outras, as vozes subalternizadas podem vazar, transbordar, escorrer.

    O que buscamos nessa coleção não é usar a escrita para preencher esse espaço vazio, é, antes, talvez, cultivar a FISSURA, alimentá-la, para que dela, de sua fenda, de seu buraco, todos os sujeitos, vozes, e manifestações do Sul Global possam vazar, provocando um rizoma de epistemes, um espaço de liberdade sem limites, onde a escrita seja a possibilidade de transbordamento.

    A coleção FISSURAS pretende visibilizar esses deslocamentos, que nascem nesses des-limites ou, talvez, na terceira margem do rio. E, se da fissura vaza a alteridade, o outro, vazam também novos mundos, novas possibilidades de devir-mundo, de devir-epistemes, para deformar o que está posto.

    Você está convidado(a) a Fissurar conosco.

    Losandro Antônio Tedeschi

    APRESENTAÇÃO

    A série FISSURAS apresenta ao leitor/a sua nova publicação, da escritora/ativista argentina e pensadora pós/decolonial Karina Bidaseca. Os textos que compõem a Poética Erótica da Relação se entrecruzam e nos fazem uma pergunta fundamental: como seria um corpo que pensasse/atuasse de uma maneira subversiva em relação ao seu sistema-mundo colonial? O que a autora nos observa com as experiências de mulheres desde o Sul é que a composição poética, cênica, corpórea tem por finalidade revelar parte da colonialidade operante no cotidiano da pessoa. Assenta-se aí o primeiro passo para a decolonialidade. Enquanto nossos modos de estar no mundo forem tidos como naturais e orgânicos, construídos sob a ideia de que somos autônomos nesse processo, a decolonialidade será apenas teórica, quando existir.

    As mulheres sempre foram sujeitas ativas e não entidades passivas. Têm sido construtoras de mundos através de diversas práticas culturais, sociais, políticas com significados pedagógicos e espirituais que hoje constituem alternativas de resistência ao Antropoceno e ao patriarcado moderno colonial e a todas as formas de violências estruturais presentes.

    Os textos de Karina Bidaseca são marcados por um devir intenso que povoa e desnuda nossa história. Faz de sua escrita uma linha de fuga que desterritorializa a própria linguagem. Mostra como os muros culturais, os códigos, as leis, as normatizações, as regras, o Estado, os documentos, os costumes, as religiões, dificultaram, impediram e confundiram o pensar e o existir feminino. Esse é o papel de quem escreve: fazer existir um sujeito que ainda não existe.

    Tal existência está ligada a um processo de pura luta com as palavras, com as fontes, com os discursos. É nessa luta à luz do dia com a palavra e com o não dito que Karina Bidaseca, através da Poética Erótica da Relação, é capaz de testemunhar e construir a vida das mulheres do Sul.

    Essa cartografia feminina das margens, dos limites e das fronteiras nos desafia a buscar na outra, não cidadã, louca, pária, invisível, muçulmana, ameaçadora e minoritária as ferramentas fundamentais de constituição do que somos e daquilo que fizemos e fazemos com nós mesmos.

    A autora, ao desterritorializar as expressões de mulheres do Sul, nos apresenta novos espaços e manifestações de corporeidades, estéticas, resistências e cuidados de si, propondo outros modos de constituição da subjetividade, ou o que bem poderíamos chamar de estéticas decoloniais feministas de (re)existência.

    A potência dos corpos femininos que desliza por entre as linhas dessa obra, nos mostra pelas fissuras, a liberação da imaginação das mulheres, interrogando a partir de uma arte outra, estética outra, a constituição de nossas subjetividades pela colonialidade; o mais importante que descobrir o que somos é recusar o que somos, recusa que mobiliza também a criação do que somos pelo discurso moderno colonial.

    É essa capacidade crítica/inventiva que caracteriza a Poética Erótica da Relação como um todo, a recuperação histórica das artivistas mulheres, militantes de uma zona silenciosa e sombria, que teimam em existir sob os muros da colonialidade, que têm no uso do corpo uma forma autônoma e reivindicatória de desconstrução.

    São essas peregrinas de um mesmo mar que se tornam por excelência um olhar testemunhal, sendo a possibilidade sobrevivente, residual, da impossibilidade do testemunho integral diante do evento traumático colonial. Uma deslocação esta que evidencia a não coincidência entre experiência e imagem, própria do testemunho, em que lógos e memória femininos se tornam portadores contundentes de um outro lógos, duma contra memória paradoxalmente, de um outro corpo ao corpo colonial.

    São memórias de um corpo feminino que transpira na performance, na arte, na expressão. Estas, denunciam a presença de mitos ausentes, arcabouços simbólicos ancestrais pertencentes ao corpo feminino que submergiram na história da colonização e encontram no espaço da performance, da arte, da escrita, força para emergir, brotar.

    Os textos que compõem essa obra levam de fundo a pergunta que todas/os/es nos fazemos: o que é o feminino? É um corpo, um sexo, uma potência? Pode o corpo feminino na performance, na arte, resgatar e criar seus próprios mitos e símbolos? Como recuperar um olhar feminino, um corpo feminino, uma ação de criação feminina nutrida em seu próprio seio, liberta dos parâmetros patriarcais, coloniais?

    São escritos que reforçam o entendimento de que a arte-escrita pode ser tanto um espaço de tensionamento e resistência social e política, quanto um espaço de produção de um outro ethos com a vida, abrindo uma linha de fuga, uma fissura, e que nos mostra o corpo/a poética erótica como uma transgressão que liberta os preconceitos, libera as palavras, libera a arte e a sensualidade tolhidos pela escravidão, pelo racismo e o sexismo.

    Existem ainda tantas outras pequenas e anônimas artistas, escritoras, artivistas, militantes por esse vários Suis, que insistem em criar, pintar, escrever, desenhar a esperança. É nesse enlaçamento entre arte-vida-esperança que podemos pensar e ler essa obra enquanto uma estética feminista da existência que se posiciona diante da vida de maneira crítica, propositiva e decolonial. A arte é o que melhor evidencia a nossa humanidade.

    Que essa obra sirva — como um olhar pela fissura — para nos guiar nesses tempos de obscurantismo, de políticas de morte que atingem a todas/os/es.

    Losandro Antônio Tedeschi

    Prefácio da edição em espanhol

    Este livro inaugura o selo editorial El mismo mar.

    Quando criei o conceito de poética erótica da relação, eu o imaginei como um sonho coletivo e uma imaginação pública; como uma costura que pode nos ajudar a fechar e a cicatrizar a ferida colonial, inspirada em Audre Lorde e Édouard Glissant.

    Recentemente, em sua intensa película de 16 mm, de 2014, filmada na Palestina, a artista Noor Abed produziu Penélope. Nos encontramos com uma mulher

    Está gostando da amostra?
    Página 1 de 1