Reinos Mentais
De Odair Comin
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Reinos Mentais - Odair Comin
Reinos Mentais
Embarque em uma jornada transformadora, blindando sua mente contra os ataques e desafios do mundo ao seu redor.
Livro I
Jornadas Mentais
Odair Comin
__________________________
Dados Bibliográficos
ISBN 9798306312132
Copyright © 2025 by Odair Comin
O conteúdo desta obra é da responsabilidade do autor, detentor do Direito de Autor. Apesar de usar nomes de pessoas reais do passado, todos os diálogos entabulados são fictícios. Proibida a venda e reprodução parcial ou total sem autorização.
Sobre o Autor
Odair Comin | Psicólogo Clínico há mais de 23 anos, com foco em Hipnoterapia e Meditação Terapêutica. Casado, pai de duas filhas e autor de diversos livros. Tem seus estudos focados em Psicologia, Hipnose Clínica, Meditação, Filosofia, Mitologia Universal, Eneagrama, PNL e Neurociência.
Dedicado à
minha esposa Vanessa e
minhas filhas Mariana e Rafaela.
Um Presente Inusitado
Eu vim, eu vi, eu venci.
Júlio Cesar
E
la ainda não sabia, mas o que estava por fazer mudaria sua vida para sempre. Bryana abriu os olhos sentindo um leve tremor em seu corpo. Olhou vagarosamente ao seu redor como se quisesse ter certeza de que estava acordada, mirou o teto branco do seu quarto e teve a certeza de que havia despertado. Contudo, por um instante teve vontade de voltar a dormir, como se quisesse desistir do que aceitara fazer naquele dia. A escolha já fora feita, agora ela precisava colocar-se em movimento. Tivera uma noite agitada, motivada pela euforia e ansiedade do que estava por vir. Espreguiçou-se demoradamente para despertar cada músculo de seu corpo dormente. Levantou-se com um leve sorriso desenhado em seu rosto, havia um certo entusiamo, contudo, não podia deixar de sentir um frio na barriga que a deixava reticente. Custava-lhe acreditar que havia aceitado o desafiador presente que seu amigo Dragomir lhe dera por ocasião do seu 26º aniversário, há dois meses. Por um momento o entusiamo deu lugar ao medo e a ansiedade por estar dando um passo rumo ao desconhecido. Onde eu estava com a cabeça?
, pensou ela. Bryana aceitara o presente do amigo para uma viagem, cujo ponto de partira era a cidade de Lisboa. A capital portuguesa seria o início de sua jornada pelos reinos mentais. Além da passagem aérea, tudo era incerto. Junto com o bilhete havia uma pequena caixa lacrada, branca, com a inscrição de uma coordenada em letras douradas abaixo da marca: 'IntensusVR'. O amigo fora claro: Você só poderá abrir quando chegar a esse lugar!
, disse Dragomir, apontando para as coordenadas na caixa. De início ela se mostrara resistente em aceitar o presente, agradeceu mas pediu uma semana para pensar. Seria sua primeira viagem para fora do país, e além do mais, viajaria sozinha. Um duplo desafio que não sabia se estava ou não preparada. Dragomir insistiu dizendo que ele também havia sido presenteado pelo pai com a mesma rota, e que isso havia transformado sua vida. O caminho se adequa ao caminhante e o caminhante torna-se o caminho
, disse ele. Não se preocupe, acredite é o que você precisa fazer, confie em mim
. Bryana sabia que o amigo estava certo e que ela precisava fazer algo diferente se quisesse que sua vida ganhasse uma nova direção. Bryana cresceu em São Paulo, uma metrópole vibrante, cheia de oportunidades, mas também de desafios. A cidade, com seus arranha-céus imponentes e ritmo frenético, sempre lhe pareceu um lugar desumanizado, onde o indivíduo era facilmente tragado pela multidão. Embora São Paulo oferecesse a Bryana inúmeras possibilidades, desde a infância ela sentia que estava lutando para encontrar seu lugar, sua identidade e seu propósito em meio ao caos urbano. A pujança da cidade e a velocidade com que tudo acontecia a deixava ansiosa e estressada. Sair um pouco lhe faria bem. Ela desejava fugir de sua rotina, da vida que vinha levando. A tristeza era sua constante companhia e as recentes perdas dilaceraram seu coração. A solidão espremia sua vontade de viver como uma morsa impiedosa da qual não conseguia se libertar. Desde pequena, Bryana era uma criança curiosa e cheia de energia. Gostava de explorar os parques e ruas do bairro, mas também sentia um constante peso emocional em casa. Seu pai, um homem de personalidade dominante e ego inflado, sempre fazia questão de ser o centro das atenções. Ele era bem-sucedido em sua carreira, e isso o fazia acreditar que era superior a todos, incluindo sua própria família. O sucesso do pai vinha com um custo: ele esperava perfeição de Bryana em todos os aspectos de sua vida, sem nunca lhe oferecer apoio emocional ou reconhecimento pelos seus esforços. O relacionamento de Bryana com o pai era marcado por críticas constantes e expectativas inalcançáveis. Ele a cobrava incessantemente por suas notas, comportamento e até suas escolhas pessoais. Sempre que Bryana alcançava algo significativo, ao invés de reconhecimento, recebia uma comparação com o próprio sucesso do pai ou uma crítica de que poderia ter feito melhor. Essa dinâmica minou lentamente a autoestima de Bryana. Por exemplo, quando Bryana conseguiu entrar em uma universidade prestigiada para fazer Psicologia, ao invés de elogiar seu esforço, o pai simplesmente comentou: Isso é o mínimo que eu esperava de você
. Quando ela se destacava em alguma atividade extracurricular ou ganhava prêmios, o pai desviava a atenção para suas próprias realizações passadas. A necessidade constante do pai de se destacar e ser o melhor, impedia que Bryana se sentisse valorizada e reconhecida. Essa relação tóxica moldou a maneira como Bryana se via e interagia com o mundo. A constante falta de validação e apoio a deixou insegura e sempre em busca de aprovação. Apesar de ter feito psicologia, ela não conseguiu atuar na área, se sentia insegura e incapaz de ajudar qualquer pessoa. Ela desenvolveu um medo intenso de falhar e uma tendência ao perfeccionismo, na tentativa desesperada de finalmente receber algum reconhecimento do pai. No entanto, cada falha, por menor que fosse, era amplificada e usada contra ela, reforçando a ideia de que nunca seria boa o suficiente. Na vida adulta, Bryana carregou essas feridas emocionais para seus relacionamentos e vida profissional. Entrou no mercado financeiro por acidente, fazia um bom trabalho mas não era exatamente o que a realizava. Em seu emprego, era frequentemente elogiada por sua dedicação e competência, mas por dentro, sentia que estava sempre no limite, tentando provar seu valor, mas sempre aquém das suas possibilidades. A ansiedade era uma companheira constante, pois qualquer erro poderia desencadear uma avalanche de autocrítica.
A mãe de Bryana era o oposto do pai – carinhosa e compreensiva, sempre tentando amortecer as exigências e críticas do marido. No entanto, há dois anos perdera a mãe para o câncer, o que a deixou sem essa fonte de apoio crucial. Um calvário de cinco longos anos ao lado da mãe doente, carcomera suas forças até o último arquejo. Foi um golpe duro em sua estrutura de vida, já que era filha única e a mãe era seu principal suporte e porto seguro nos momentos mais desafiadores. A perda foi devastadora, não apenas pela ausência da mãe, mas também porque deixou Bryana sozinha com um pai que não sabia como ser emocionalmente disponível. Durante a doença da mãe ela encontrou uma pessoa que parecia ser o que precisava para enfrentar o momento. O namorado de Bryana, a princípio, parecia ser o suporte ideal que ela precisava. Quando ela o conheceu, ele era dócil, compreensivo e sempre disposto a oferecer um ombro amigo. Nos momentos mais sombrios em que o medo de perder a mãe dominava Bryana, ele estava lá, segurando sua mão e prometendo que tudo ficaria bem. Ele parecia ser a pessoa que a ajudaria a transitar pelo doloroso processo de perda e a libertar-se do controle sufocante do pai. Nos primeiros anos, o namorado foi uma verdadeira âncora para Bryana. Ele a levava para passeios que a ajudavam a esquecer, ainda que momentaneamente, a doença da mãe. Juntos, exploravam cafés aconchegantes em São Paulo, visitavam museus e passavam tardes longas e tranquilas nos parques da cidade. Ele a encorajava a seguir seus sonhos e era seu maior incentivador em cada conquista acadêmica e profissional. No entanto, a morte da mãe de Bryana marcou uma virada drástica no relacionamento. O luto profundo e a ausência do apoio materno deixaram Bryana mais vulnerável e, ironicamente, foi nesse momento que o namorado começou a mudar. Com o tempo, a compreensão e a docilidade que ele demonstrava deram lugar a uma atitude crítica e cobradora. Ele, que antes parecia tão diferente do pai de Bryana, começou a revelar traços semelhantes de autoritarismo e egoísmo. O namorado passou a ser cada vez mais controlador. Ele criticava as decisões de Bryana, desde a roupa que ela usava até as amizades que mantinha. Comentários sutis se transformaram em exigências diretas, e qualquer sinal de resistência da parte dela resultava em discussões acaloradas. Ele minimizava as conquistas de Bryana, dizendo que ela poderia ter feito melhor ou que estava desperdiçando seu potencial. Não se sentia realizada no trabalho e via seu sonho de ser psicóloga se distanciar no horizonte. Bryana se sentia cada vez mais isolada e emocionalmente exaurida. A crítica constante corroía sua autoestima já fragilizada pela relação com o pai. Ela começou a duvidar de suas capacidades e a sentir que talvez o namorado estivesse certo em suas avaliações. A familiaridade do comportamento dele, semelhante ao de seu pai, tornou difícil para Bryana reconhecer o abuso emocional. Em vez de ver o namorado como uma fonte de dor, ela se apegava ao relacionamento porque ele representava um território conhecido, um padrão de comportamento ao qual ela estava habituada, mesmo que fosse destrutivo. Houve momentos em que Bryana tentou confronta-lo sobre seu comportamento. Ela tentou explicar como suas palavras e atitudes a estavam machucando, mas ele sempre invertia a situação, culpando-a por ser sensível demais ou por interpretar mal suas intenções. Ele dizia que estava apenas tentando ajudá-la a ser melhor, mais forte. A manipulação emocional a deixava confusa e cada vez mais dependente do relacionamento tóxico. Foi somente através do apoio de amigos próximos que Bryana começou a ver a realidade de sua situação. Dragomir a lembrou do seu valor, de suas conquistas e da pessoa vibrante que ela era antes do namorado e da morte de sua mãe. Sua amiga Aila, uma figura presente desde a infância lhe mostrou quantos desafios ela já havia superado e o quão forte ela tinha se tornado. Eles a incentivaram a buscar ajuda profissional e a reconstruir sua autoestima. Seis meses atrás, Bryana encontrou a força necessária para romper o relacionamento de cinco anos. A decisão não foi fácil; ela sabia que o término significava enfrentar muitos medos: o medo da solidão, do desconhecido e de não ser capaz de encontrar felicidade novamente. No entanto, o apoio constante de seus amigos e a crescente consciência de que merecia algo melhor a impulsionaram a tomar a decisão final. Após o término, Bryana se sentiu aliviada, mas também desorientada. Ela estava determinada a se redescobrir e a reconstruir sua vida de maneira que não dependesse mais da aprovação de figuras autoritárias como do seu pai ou do namorado. A viagem a Portugal, presenteada por Dragomir, apesar de desafiadora tornou-se um símbolo dessa nova fase – um momento para explorar o mundo e a si mesma, longe das sombras que a perseguiam em São Paulo. Bryana sabia que a jornada não seria fácil, mas era uma chance de confrontar seus medos e redescobrir sua força interior. Com o coração ainda cicatrizando, Bryana decidiu embarcar na jornada com a esperança de encontrar não apenas novos lugares, mas também uma nova versão de si mesma, uma versão que pudesse finalmente ser livre, confiante e impenetrável às críticas destrutivas que marcaram seu passado.
***
Reino das Vontades
Não importa quão devagar você vá, desde que não pare.
Confúcio
B
ryana desceu do avião no Aeroporto Humberto Delgado em Lisboa com uma mistura de excitação e nervosismo. Carregando sua mochila e uma pequena mala de rodinhas, ela se dirigiu ao controle de passaportes e, em seguida, pegou sua bagagem na esteira. O aeroporto estava movimentado, com turistas e locais apressados, mas Bryana sentia-se em uma bolha de expectativa. Após passar pela alfândega, ela caminhou até o saguão de desembarque e avistou um motorista segurando uma placa com seu nome. Ele a cumprimentou cordialmente e a ajudou com a bagagem, conduzindo-a até um carro estacionado do lado de fora. O motorista a esperava com a porta aberta: Bem-vinda a Lisboa, senhora Bryana. A levarei ao seu hotel
. Bryana sorriu, agradeceu e entrou no carro. Seu amigo Dragomir pensara cada detalhe da jornada com muito cuidado. Bryana observava ao redor enquanto o motorista a conduzia pelas ruas de Lisboa. A arquitetura antiga misturada com toques modernos, os bondes amarelos e o clima agradável de fim de tarde faziam com que ela se sentisse imediatamente cativada pela cidade. Após um trajeto não muito longo, o carro parou em frente a um hotel boutique encantador no bairro de Alfama. O motorista a ajudou com as malas e Bryana entrou no lobby, onde foi recebida por um recepcionista amigável. Bem-vinda ao nosso hotel, senhora Bryana. Espero que tenha tido uma boa viagem. Aqui está a chave do seu quarto. Se precisar de algo, por favor, não hesite em nos chamar
. Bryana agradeceu, pegou a chave e se dirigiu ao elevador. Ao entrar em seu quarto, ela deixou a bagagem no chão e olhou ao redor. O ambiente era aconchegante, decorado com cores suaves e móveis elegantes. Ela sentou-se na cama e lembrou-se da pequena caixa lacrada que seu amigo Dragomir havia lhe dado junto com o bilhete. Com as mãos trêmulas de curiosidade, Bryana abriu a caixa. Dentro, encontrou um par de óculos de realidade virtual com a elegante marca 'IntensusVR' e um cartão com uma nova coordenada. No cartão havia uma inscrição em dourado e um emblema em preto: 'Reino das Vontades'. O emblema apresentava um design elegante e simbólico. Composto por um circulo central representando o indivíduo, com ornamentos que tanto remetem a uma flor como a asas. Beleza, delicadeza, força e liberdade seguem os traços do brasão. A mensagem escrita junto a caixa era clara: Coloque os óculos apenas quando chegar a estas coordenadas.
Além dos óculos havia um chip de uma rede de telefonia local. Tão logo inseriu o chip em seu celular, enviou um WhatsApp ao seu amigo Dragomir para dizer que chegou bem e agradecer o maravilhoso presente. Enviou mensagem também à sua amiga Aila. Só então transitou pelo quarto e abriu a janela para vislumbrar a vista. Apesar do horário, o sol ainda brilhava com certa intensidade. Sentiu vontade de sair e escrutinar os arredores, mas o cansaço da viagem começou a pesar. Ela sabia que precisava estar bem descansada para extrair o máximo da jornada. Bryana decidiu então, tomar um banho para relaxar. A água quente ajudou a aliviar a tensão acumulada, e ela sentiu seus músculos relaxarem. Após o banho, vestiu um pijama confortável e se deitou na cama macia. Enquanto olhava para o teto, seus pensamentos se voltaram para a jornada que estava prestes a iniciar. As emoções eram misturadas: ansiedade, excitação, e uma leve apreensão sobre o desconhecido. Porém, ela estava determinada a abraçar a experiência e aprender o máximo possível sobre si mesma e sobre o mundo ao seu redor. Bryana fechou os olhos e, pouco a pouco, o cansaço tomou conta, mergulhando-a em um sono profundo e restaurador.
Bryana acordou cedo, sentindo a excitação pulsar em suas veias. A cidade de Lisboa, com suas colinas e o rio Tejo cintilando sob a luz do sol matinal, a chamava para explorar. Após um rápido café da manhã no hotel, ela se aprontou para o primeiro dia de sua jornada. Vestida com roupas confortáveis, um mapa em mãos e o misterioso óculos de realidade virtual na bolsa, ela estava pronta para a primeira aventura, que segundo as coordenadas levaria para o Castelo de São Jorge. Lembrou-se de algo que Dragomir havia lhe dito: Vá com o coração e a mente abertos, não julgue e apenas mergulhe de cabeça em cada experiência
. As ruas de Lisboa eram um labirinto encantador de calçadas de pedra e edifícios históricos pintados em cores vibrantes. Bryana caminhava lentamente, absorvendo cada detalhe ao seu redor, mal podia acreditar que caminhava por aquelas ruas que até então estavam apenas em sua imaginação. Ela passou por lojas de azulejos, pequenas padarias com o aroma de pastéis de nata e músicos de rua tocando melodias alegres. O burburinho da cidade trazia uma excitação que há muito tempo não sentia. A novidade lhe saltava os olhos a cada passo, a admiração foi despertada e ela voltou a ser criança. Por um momento lhe veio o ímpeto de sair saltitando, mas conteve-se para não parecer efusiva demais. Subindo as ladeiras íngremes do bairro de Santa Maria Maior, Bryana sentiu seu coração bater mais rápido, não apenas pelo esforço físico, mas pela antecipação do que estava por vir. Após cerca de 20 minutos de caminhada, ela avistou as muralhas imponentes do Castelo de São Jorge no topo da colina. O Castelo de São Jorge é uma das estruturas mais emblemáticas de Lisboa, com suas altas torres e muralhas que se estendem pela colina. Construído originalmente pelos visigodos no século V e ampliado pelos mouros no século XI, o castelo oferece vistas panorâmicas espetaculares da cidade e do rio Tejo. Bryana deteve-se por um momento, sorvendo o ar lisboeta e fotografando com seus olhos a vista encantadora da cidade. Ao entrar no castelo, Bryana foi recebida por uma vasta esplanada com árvores centenárias, oferecendo sombra aos visitantes. As muralhas de pedra desgastadas pelo tempo contavam histórias de batalhas antigas e conquistas imemoráveis. Ao caminhar pelos parapeitos do castelo, Bryana podia ver toda Lisboa se estendendo abaixo dela, uma tapeçaria de telhados vermelhos, ruas sinuosas e o rio cintilante ao fundo que se impunha feito o mar. Bryana encontrou um banco de pedra sob uma oliveira centenária e sentou-se, tirando o óculos de realidade virtual da bolsa. Respirando fundo, ela colocou os óculos e ligou o dispositivo. Instantaneamente, o cenário ao seu redor começou a se transformar. As ruínas e as paredes desgastadas pelo tempo foram substituídas por uma estrutura imponente e majestosa. Bryana se viu transportada para a era em que o Castelo de São Jorge estava em seu auge. As muralhas altas e intactas, decoradas com bandeiras coloridas, cercavam o castelo. Torres de vigilância erguiam-se imponentes, e os soldados patrulhavam diligentemente as muralhas. O pátio interior estava cheio de vida. Havia cavaleiros praticando combate e serviçais apressados com as tarefas do dia. O ar estava repleto de aromas de comida sendo preparada em grandes fogões e de flores cultivadas nos jardins do castelo. Bryana podia ouvir o murmúrio das conversas e risadas, criando uma atmosfera vibrante e cheia de energia. Ao seu redor, as paredes do castelo estavam adornadas com tapeçarias ricas em detalhes, retratando cenas de batalhas épicas e festividades reais. Grandes candelabros iluminavam os corredores com uma luz quente e acolhedora. Ela podia sentir o chão de pedra fria sob seus pés e a brisa suave que entrava pelas janelas altas. Bryana sentiu um misto de maravilha e reverência ao se encontrar em um ambiente tão diferente e imersivo. A sensação de estar de volta ao passado era tão real que quase podia tocar nas paredes e sentir a textura das tapeçarias. Ela respirou fundo, absorvendo cada detalhe ao seu redor, sentindo-se como uma viajante do tempo em uma época gloriosa e cheia de histórias. De repente, uma porta maciça de madeira no fim do corredor se abriu lentamente, e Bryana foi guiada para uma sala majestosa. As paredes eram de pedra esculpida, e o teto alto era sustentado por vigas de madeira ornamentadas. No centro da sala, uma grande mesa redonda estava preparada, com cadeiras de madeira maciça ao redor. Sentados à mesa, os filósofos Friedrich Nietzsche, Jean-Paul Sartre, John Stuart Mill e Confúcio a aguardavam. Os filósofos pareciam incrivelmente reais, como se tivessem sido transportados no tempo para encontrá-la. Confúcio foi o primeiro a falar, com um tom calmo e sábio. Bem-vinda, Bryana. Estamos aqui para discutir com você o 'Reino das Vontades'.
Bryana, ainda maravilhada com a autenticidade da experiência, respondeu: É uma honra estar aqui com todos vocês.
Nietzsche inclinou-se ligeiramente para a frente, com um olhar intenso e profundo. A vontade de viver é um tema central em minha filosofia. Acredito que a vida deve ser vivida com intensidade e autenticidade. Para desenvolver uma mentalidade forte, é essencial abraçar a vontade de viver com toda a sua profundidade, aceitando tanto a alegria quanto o sofrimento.
Sartre assentiu, tomando a palavra. A vontade de ser livre é fundamental para a existência humana. A liberdade é o que nos define como seres humanos. No entanto, a liberdade traz responsabilidade, e é crucial que aprendamos a lidar com essa responsabilidade sem nos perdermos na angústia.
Bryana tinha os olhos vidrados e toda a sua energia psíquica estava dirigida ao que Sartre dizia, sua atenção nunca foi tão dirigida para algo específico, a experiência era tão intensa que seu cérebro não tinha dúvidas de que ela estava sentada em uma mesa conversando com pessoas reais. Stuart Mill interveio com uma expressão pensativa. A vontade de ser feliz e de ser útil estão interligadas. A verdadeira felicidade, segundo minha perspectiva utilitarista, é alcançada ao promover o bem-estar geral. Encontrar propósito e utilidade em nossas ações nos leva a uma felicidade mais duradoura.
Confúcio complementou com sua visão serena. A vontade de aprender é essencial para o crescimento pessoal. A curiosidade e o desejo de adquirir conhecimento são virtudes que nos permitem entender melhor a nós mesmos e ao mundo ao nosso redor. O aprendizado contínuo é um pilar para uma mente forte.
Bryana absorveu cada palavra, sentindo-se cada vez mais inspirada e motivada. Como posso integrar esses conceitos para fortalecer minha própria mentalidade?
Perguntou Bryana. Nietzsche respondeu primeiro: Comece por aceitar a vida em sua totalidade. Enfrente o sofrimento com coragem e encontre significado nas suas experiências.
Sartre acrescentou: Aja com responsabilidade e aceite a liberdade como uma parte intrínseca da sua existência. Use essa liberdade para moldar seu próprio caminho.
Stuart Mill continuou: Busque um propósito que vá além de si mesma. Ao ajudar os outros e encontrar utilidade em suas ações, você descobrirá uma felicidade mais profunda.
Confúcio concluiu: Nunca pare de aprender. A curiosidade e o desejo de conhecimento são o que nos mantém em constante evolução.
Bryana, desejosa de aprofundar seu entendimento sobre a vontade de aprender e sua importância, tomou a palavra. Nietzsche, o senhor falou muito sobre a busca pelo conhecimento e a superação de si mesmo. Como a vontade de aprender se encaixa no conceito 'super-homem'?
Nietzsche meneou a cabeça com ar austero e alisou o bigode solenemente: Ah, a vontade de aprender! Vejo-a como a força propulsora que impulsiona o ‘super-homem' em sua jornada de autossuperação e realização plena. Para mim, o 'super-homem' não é simplesmente um ideal distante, mas sim um ser que se torna cada vez mais autêntico e poderoso através do conhecimento. Aquele que busca incansavelmente compreender o mundo e a si mesmo não apenas acumula informações, mas se liberta das correntes da conformidade e da mediocridade. O aprendizado contínuo não se trata apenas de adquirir conhecimento acadêmico, mas de explorar as profundezas da própria alma. O 'Übermensch' ou 'super-homem' não teme enfrentar a verdade crua e desafiadora sobre si mesmo e sobre o mundo. Ele abraça a incerteza e transforma a dor em força, transformando cada experiência em uma oportunidade para se fortalecer.
Bryana ouviu atentamente e prosseguiu o diálogo: E como podemos transformar o desejo de aprender em uma força que nos impulsione a superar nossos próprios limites e condicionamentos sociais?
Nietzsche a fitou por um instante e disse: O desejo de aprender é, em si mesmo, um impulso vital que busca expandir nossos horizontes e desafiar as convenções estabelecidas. Para transformá-lo em uma força que nos permite superar nossos limites pessoais e sociais, devemos primeiro compreender que o conhecimento não é apenas uma acumulação passiva de informações, mas uma busca ativa pela verdade e pela sabedoria que nos liberta das amarras da mediocridade. A vontade de aprender nos impele a questionar, a explorar novas ideias e perspectivas, e a desafiar as normas vigentes. Em minha perspectiva, a autossuperação não é um objetivo final, mas um processo contínuo de transformação e autoafirmação. Devemos nos tornar mestres de nós mesmos, desafiando constantemente nossos próprios preconceitos e expandindo nossa capacidade de pensar e agir de maneiras que refletem nossa verdadeira natureza e potencial.
Bryana então dirigiu-se para Jean-Paul Sartre. O senhor enfatizou a liberdade e a responsabilidade individual. Como a vontade de aprender pode contribuir para a nossa liberdade existencial e nos ajudar a assumir a responsabilidade por nossas escolhas?
Gentilmente Sartre respondeu: A vontade de aprender desempenha um papel crucial na nossa liberdade existencial ao nos capacitar a questionar e compreender o mundo ao nosso redor de maneira mais profunda. Para mim, o ato de aprender não apenas aumenta nosso conhecimento, mas também nos coloca em uma posição de poder fazer escolhas informadas e autênticas. Ao explorar novas ideias e perspectivas, nos tornamos mais conscientes das nossas opções e das consequências das nossas decisões. Isso fortalece nossa capacidade de agir de forma livre e responsável, assumindo a responsabilidade por moldar nosso próprio destino
. Bryana continuou: E por outro lado, em um mundo onde o conhecimento está constantemente em expansão, como podemos evitar a angústia existencial relacionada à vastidão do desconhecido?
Querida Bryana, para lidar com essa angústia existencial, devemos abraçar a condição humana de sermos lançados no mundo sem um propósito predefinido. A angústia surge quando confrontamos nossa liberdade absoluta de escolha e a responsabilidade que vem com ela. No contexto do conhecimento em expansão, eu diria que é através do ato de aprender e explorar novas ideias que podemos encontrar um senso de propósito pessoal. Ao invés de ver a vastidão do desconhecido como uma fonte de angústia, você deve abraçar o desafio de construir significado em um mundo em constante mudança, através do engajamento ativo com o conhecimento e com a criação de nossos próprios valores e objetivos existenciais
. Confúcio parecia introspectivo, mas Bryana o tirou de sua introspecção para o indagar: Confúcio, o senhor ensinou que o aprendizado é uma virtude essencial. Quais práticas e atitudes podemos adotar para garantir que nosso desejo de aprender contribua para a nossa sabedoria e virtude?
Confúcio alisou sua longa barba antes de responder: Devemos primeiro buscar a harmonia interna e a disciplina. Isso significa estabelecer rituais diários de estudo e reflexão, dedicando tempo para meditar sobre o que aprendemos. Além disso, devemos praticar a moderação em nossas ações e palavras, buscando sempre o equilíbrio em todas as áreas de nossas vidas. A humildade também é fundamental; devemos reconhecer nossas próprias limitações e estar abertos ao aprendizado contínuo com humildade. Ao buscar o conhecimento, devemos aplicá-lo em nossas vidas diárias para promover o bem-estar não apenas pessoal, mas também social. Assim, o desejo de aprender se transforma em um caminho para a sabedoria e virtude, contribuindo para um mundo mais harmonioso e compassivo.
Bryana voltou-se novamente para o filósofo alemão: Professor Nietzsche, qual é a importância da curiosidade em nossa vida?
A curiosidade é uma força poderosa em nossas vidas, Bryana. É o motor que nos impulsiona a explorar o desconhecido, a aprender coisas novas e a expandir nossos horizontes. Isso cria um ciclo positivo: quanto mais aprendemos, mais curiosos nos tornamos, e quanto mais curiosos somos, mais prazer encontramos no aprendizado.
Nietzsche fez uma breve pausa e continuou: Além disso, a curiosidade tem benefícios emocionais significativos. Pessoas curiosas tendem a ter níveis mais altos de bem-estar e satisfação com a vida. Elas são mais resilientes porque veem desafios como oportunidades de aprendizado, não como ameaças. A curiosidade também melhora nossas habilidades sociais. Quando estamos genuinamente interessados nos outros, formamos conexões mais profundas e significativas. Então, Bryana, cultivar a curiosidade é essencial. Isso pode ser feito através da leitura, da exploração de novos hobbies, ou simplesmente mantendo uma atitude aberta e questionadora sobre o mundo ao nosso redor. O cérebro de uma pessoa curiosa é como um músculo bem exercitado: flexível, ágil e sempre pronto para se expandir. Em resumo, a curiosidade não só nos torna mais inteligentes, mas também mais felizes e conectados com o mundo.
Enquanto Bryana se envolvia na rica discussão com os pensadores sentados à mesa, um burburinho começou a ecoar pela sala. Os presentes olharam curiosos, e Bryana virou-se para ver o que estava causando o alvoroço. A grande porta de madeira do salão se abriu lentamente, revelando uma figura imponente acompanhada por uma pequena comitiva. Vestido em uma armadura reluzente, com uma capa vermelha esvoaçante, entrou Dom Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. Sua presença era majestosa, irradiando autoridade e determinação. Os membros da comitiva, todos vestidos em trajes medievais, acompanhavam-no em silêncio, carregando estandartes e simbolismos de poder. Dom Afonso Henriques caminhou com firmeza até a mesa onde Bryana e os filósofos estavam sentados. Ele fez um leve aceno de cabeça, um gesto que foi imediatamente respondido com respeito por todos os presentes. Posso juntar-me a esta conversa?
perguntou Dom Afonso Henriques, com sua voz ressoando pelo salão. Claro, Majestade, será uma honra,
interpelou Sartre, gesticulando para uma cadeira na cabeceira da mesa. O rei sentou-se, e sua presença trouxe um novo ar de gravidade à discussão. Olhou para cada um dos filósofos e finalmente pousou os olhos em Bryana, que ainda estava atônita com a súbita aparição real. Falais sobre vontades,
começou Dom Afonso Henriques. Permitam-me partilhar minha perspectiva sobre a vontade de ser autônomo e de ser livre, algo que conheço bem como fundador deste reino.
Ele fez uma pausa, recolhendo seus pensamentos antes de continuar. Quando lutei para conquistar e consolidar estas terras, foi movido por um desejo ardente de autonomia. Ser livre não é apenas uma condição física, mas um estado mental e espiritual. Lutei para libertar este território das forças invasoras, mas a verdadeira liberdade vem de dentro. A vontade de ser autônomo impulsionou cada decisão, cada batalha.
O rei fez uma pausa, seus olhos brilhando com a lembrança de suas conquistas. A liberdade que conquistamos não é simplesmente a ausência de opressão. É a capacidade de governar a si mesmo, de tomar decisões com responsabilidade e integridade. A autonomia é, acima de tudo, um ato de coragem e um compromisso com nossos próprios valores e princípios.
Os filósofos assentiram, reconhecendo a profundidade das palavras do rei. Bryana, absorvendo cada palavra, sentiu uma nova chama de determinação acender-se dentro de si. Inspirada pelas palavras de Dom Afonso Henriques, ela refletiu sobre a importância da autonomia e da liberdade. Investida de uma coragem que jamais havia demonstrado, Bryana sentiu que tinha a sua disposição uma oportunidade única de aprender com alguém que lutou e conquistou a independência de um reino. Timidamente ele dirigiu-se ao rei: Majestade, como o senhor encontrou a força interior para lutar pela liberdade e autonomia de Portugal em meio a tantas adversidades?
Dom Afonso Henriques, sentado em sua armadura medieval, refletiu por um momento antes de responder à pergunta de Bryana. Seus olhos brilhavam com a lembrança de sua juventude e das batalhas que travara. Ele então falou com uma voz firme e cheia de determinação: Minha cara Bryana, a força interior que encontrei para lutar pela liberdade e autonomia de Portugal veio de várias fontes. Primeiro, foi o amor profundo pelo meu povo e pela minha terra. Desde jovem, eu via o sofrimento e as limitações que a subjugação nos impunha. Essa visão despertou em mim uma vontade feroz de mudar nosso destino. Além disso, minha fé em Deus e na justiça da nossa causa foi uma fonte constante de força. Acreditava que nossa luta não era apenas por território, mas por um direito divino de sermos livres e autônomos. A oração e a meditação foram companheiras constantes, ajudando-me a manter a mente clara e o espírito forte. Outra fonte crucial de força foi a memória dos meus antepassados e o legado que desejava deixar para as futuras gerações. Pensava nos sacrifícios feitos por aqueles que vieram antes de mim e sentia um dever inabalável de honrá-los através da ação. Esse senso de dever me motivava a continuar, mesmo quando as probabilidades estavam contra nós. E, por fim, a união e a lealdade dos meus seguidores e guerreiros. A confiança que eles depositaram em mim, a sua disposição para lutar e sacrificar-se pela mesma causa, me deu a coragem de liderar com firmeza. Sabia que não estava sozinho e que juntos podíamos alcançar o impossível. Em suma, a força interior para lutar pela liberdade e autonomia de Portugal foi um composto de amor, fé, dever e lealdade. Esses elementos se entrelaçaram, formando uma base sólida que me sustentou nas horas mais sombrias e nos desafios mais difíceis.
Dom Afonso Henriques terminou sua explanação com um olhar resoluto, demonstrando a convicção que o guiara durante sua vida e inspirando Bryana a encontrar sua própria força interior. Majestade
, continuou Bryana: Em minha vida já passei por momentos de depressão profunda, tenho uma autoestima frágil e consistentemente me autossaboto ao estabelecer objetivos. Me interessa saber quais foram os maiores desafios que o senhor enfrentou ao buscar a autonomia para o seu povo, e como os superou?
Dom Afonso Henriques inclinou-se ligeiramente para frente, olhando Bryana nos olhos com uma expressão de empatia e compreensão. Ele respirou fundo antes de responder. Bryana, sua pergunta toca em questões profundas que muitos de nós enfrentamos em nossa jornada. Os desafios que encontrei ao buscar a autonomia para o meu povo foram imensos e, muitas vezes, pareciam insuperáveis. Permita-me compartilhar alguns deles e como consegui superá-los. Primeiramente, houve o desafio constante da dúvida e do medo. Havia momentos em que a incerteza sobre o sucesso de nossa causa quase me paralisava. Aprendi que, nessas horas, é crucial manter a visão clara do objetivo final e lembrar constantemente o porquê da luta. A causa da liberdade e do bem-estar do meu povo era maior do que meus medos pessoais. A traição e a deslealdade também foram obstáculos difíceis. Não foram poucas as vezes que enfrentei deserções e conspirações, muitas vezes de pessoas próximas. Para superar isso, aprendi a confiar naqueles que demonstravam verdadeira lealdade e a fortalecer meu discernimento para identificar quem realmente estava comprometido com a nossa causa. Cercar-se de pessoas em quem possas confiar é fundamental para superar as dificuldades. Outro grande desafio foi manter a moral e a unidade entre meus guerreiros e seguidores. A guerra é extenuante e desmoralizante. Eu fazia questão de liderar pelo exemplo, demonstrando coragem e determinação em todas as situações. Além disso, promover momentos de camaradagem e celebrar pequenas vitórias ajudava a manter o espírito de luta elevado. Quanto à autossabotagem, eu também enfrentava meus próprios demônios internos. Havia momentos em que duvidava de minha capacidade e me sentia esmagado pelo peso das responsabilidades. Nesses momentos, a fé em algo maior do que eu mesmo, fosse em Deus ou no destino do nosso povo, forneceu-me a força para seguir em frente. Finalmente, a perseverança é uma virtude que não deve ser subestimada. Houveram muitas derrotas e recuos ao longo do caminho, mas a persistência e a capacidade de aprender com os erros foram cruciais. Cada fracasso foi uma lição que me tornou mais forte e mais preparado para os desafios futuros. Bryana, os desafios são inevitáveis e muitas vezes vêm acompanhados de momentos de profunda dor e dúvida. No entanto, é na superação desses desafios que encontramos nossa verdadeira força. Mantenha a visão clara de seus objetivos, confie nas pessoas certas, lidere pelo exemplo, cultive a fé e a perseverança, e encontrarás o caminho para superar suas próprias adversidades e alcançar a autonomia em sua vida.
Após falar com uma voz firme e determinada, Dom Afonso Henriques fez uma pausa, observando as expressões reflexivas dos presentes e levantou-se. Com passos firmes e dignos, Dom Afonso Henriques caminhou em direção à saída, sua figura imponente destacando-se contra a luz das tochas. Ao passar pela porta, ele fez um último gesto de despedida, um aceno solene, antes de desaparecer pelo corredor. Bryana tirou os óculos de realidade virtual, e a visão do castelo em seu auge desapareceu, retornando à sua forma atual, uma mistura de ruínas e história preservada. Ela se levantou, seus passos ecoando pela antiga sala que já não mais existia. Sentiu-se renovada, como se cada palavra dos filósofos e do rei tivesse plantado uma semente de força e sabedoria em seu coração. Com uma última olhada ao redor, Bryana dirigiu-se à saída do castelo, pronta para continuar sua jornada. O sol prenunciava o meio da tarde e ela ainda não havia almoçado. Bryana respirou fundo, sentindo a brisa fresca vinda do Tejo. Sabia que essa era apenas a primeira de muitas lições em sua jornada para construir a tão desejada fortaleza mental.
As ruas de Lisboa estavam movimentadas, com turistas e locais passeando pelas vielas de calçada portuguesa. Decidida a experimentar a culinária típica da cidade, Bryana caminhou até encontrar uma tasquinha charmosa, com mesas de madeira rústica espalhadas pela calçada e uma atmosfera acolhedora. O aroma de comida deliciosa pairava no ar, e Bryana não hesitou em entrar. Escolheu uma mesa próxima à janela, de onde podia observar o movimento da rua e a vida vibrante de Lisboa. Um garçom simpático, com um sorriso acolhedor, aproximou-se para atendê-la. Boa tarde! O que lhe apetece comer hoje senhora?
perguntou o garçom em postura solene. Bryana sorriu de volta. Boa tarde! Gostaria de experimentar um prato típico de Lisboa. O que você recomenda?
O garçom fez uma pequena reverência antes de responder. Sem dúvida, o bacalhau à Brás é uma excelente escolha. É um prato clássico lisboeta feito com bacalhau desfiado, batata palha, ovos e azeitonas. É delicioso e muito tradicional.
Perfeito, vou querer o bacalhau à Brás, então. E, por favor, uma taça de vinho verde para acompanhar.
Enquanto aguardava o prato de bacalhau à Brás, Bryana aproveitou para refletir sobre a profunda conversa que tivera no castelo São Jorge. Sentada à mesa de madeira rústica, cercada pelo ambiente acolhedor e pelo burburinho suave das conversas ao seu redor, ela revisitou os temas discutidos pelos filósofos e por Dom Afonso Henriques. O reino das vontades ressoava intensamente em sua mente. Bryana pensou sobre como as diferentes vontades humanas se entrelaçavam com seus próprios desafios pessoais. O ambiente do castelo, com seus séculos de história e grandiosidade, contrastava profundamente com a agitação e o cinza incessante de São Paulo. A vida na metrópole, com seus arranha-céus imponentes e o ritmo frenético, sempre a deixava ansiosa e desconectada de si mesma. A sensação de solidão e a dificuldade em encontrar seu lugar no mundo eram sentimentos frequentes. Bryana pensava na depressão que havia se instalado em sua vida após a perda de sua mãe. O luto prolongado tinha retirado o colorido de suas experiências diárias, deixando tudo em tons de cinza. Cada dia era uma batalha contra a tristeza e a falta de motivação. No entanto, ao ouvir os filósofos discutirem sobre as vontades humanas, Bryana começou a vislumbrar uma nova perspectiva. A vontade de viver, aprender, ser útil e autônoma - todas essas características que ela estava explorando na jornada - pareciam pintar sua vida com um colorido intenso, como os azulejos vivos que decoravam o restaurante. Bryana percebeu que cultivar essas vontades poderia ser a chave para superar a depressão e os desafios de sua vida. A jornada pelo reino das vontades não era apenas uma exploração intelectual; era uma busca por respostas para suas próprias inquietações internas. Como poderia aprender a ser mais autônoma e livre, especialmente quando se sentia presa por expectativas externas e por seu próprio perfeccionismo? As palavras dos filósofos e de Dom Afonso Henriques ecoavam em sua mente. Absorta em seus pensamentos Bryana nem percebera o garçom se aproximar com um prato fumegante de bacalhau à Brás. O aroma irresistível lhe tirou do transe, e Bryana sentiu sua boca se encher de água. O prato estava lindamente apresentado, com as batatas douradas e crocantes misturadas ao bacalhau e os ovos, decorado com azeitonas pretas e salsa picada. Bom apetite!
disse o garçom, servindo-lhe também a taça de vinho verde. Bryana agradeceu e pegou o garfo, experimentando a primeira mordida. O sabor era incrível – a combinação do bacalhau salgado, as batatas crocantes e a suavidade dos ovos criava uma harmonia perfeita. Cada mordida era uma descoberta, e ela saboreou o prato com prazer. Enquanto comia, Bryana se permitiu relaxar e apreciar o momento. Terminando a refeição, Bryana sentiu-se revigorada e grata pela experiência culinária. Pagou a conta e saiu da tasquinha, pronta para explorar mais de Lisboa antes do anoitecer. A cidade ainda tinha muito a oferecer, e Bryana estava determinada a absorver cada momento, cada lição.
Bryana resolveu flanar pelas charmosas ruas da cidade, já que o próximo encontro virtual seria apenas no dia seguinte. Depois de alguns minutos de caminhada encontrou-se no Baixo Chiado, esta que é uma área histórica e culturalmente rica de Lisboa, conhecida por suas ruas movimentadas, arquitetura elegante e uma atmosfera boêmia e cosmopolita. O Baixo Chiado é um bairro emblemático de Lisboa, localizado no coração da cidade. Suas ruas estreitas são repletas de charmosos cafés, livrarias antigas, lojas de moda, galerias de arte e teatros históricos. O ambiente é vibrante e dinâmico, onde residentes locais e visitantes se misturam em um cenário cultural diversificado. Bryana maravilhava-se com a arquitetura do lugar, uma mistura eclética de estilos, desde edifícios tradicionais cobertos com azulejos coloridos até construções mais modernas que coexistem harmoniosamente. As calçadas de pedra portuguesa, típicas de Lisboa, complementam o ambiente encantador. Depois de sorver cada riqueza de detalhe, Bryana caminhou em direção ao elevador Santa Justa, uma estrutura icônica localizada no centro histórico de Lisboa. É uma obra-prima arquitetônica do século XIX, projetada pelo engenheiro Raoul Mesnier du Ponsard, que também foi discípulo de Gustave Eiffel. À plataforma de observação, Bryana teve um panorama magnífico dos telhados de Lisboa, do Castelo de São Jorge e do rio Tejo ao fundo. Os ecos da cidade ressoavam em seus ouvidos a chamando para um desfrute leve e suave. A praça do comércio era sua direção. Bryana caminhava apreciando cada detalhe ao seu redor, experimentando um encantamento que há muito tempo não sentia. A Praça do Comércio, também conhecida como Terreiro do Paço, é uma das praças mais emblemáticas e majestosas de Lisboa. Localizada junto ao rio Tejo, esta vasta praça aberta é um ponto central da cidade e possui uma rica história que remonta aos tempos medievais. Bryana andou até próximo ao centro da praça e com os braços abertos rodou lentamente em 360º. Seus olhos puderam ver os edifícios elegantes de cor amarela com arcadas simétricas, que abrigam escritórios governamentais, cafés, restaurantes e lojas. Um excelente exemplo da arquitetura pombalina, desenvolvida após o devastador terremoto de 1755, que destruiu grande parte da cidade. Na entrada norte da praça, Bryana viu o impressionante Arco da Rua Augusta, um arco triunfal que marca a transição da praça para a Rua Augusta, uma das principais ruas comerciais de Lisboa. O arco é adornado com esculturas que representam várias figuras históricas e alegóricas. No centro da praça, onde Bryana se deteve, destaca-se imponente, a grandiosa estátua equestre de D. José I, que foi rei de Portugal durante o século XVIII. Esta estátua de bronze, criada pelo escultor Joaquim Machado de Castro, simboliza a reconstrução de Lisboa após o terremoto e a era de renovação que se seguiu. Bryana andou na direção onde a praça abre-se diretamente para o rio Tejo, oferecendo uma vista deslumbrante das águas serenas e da Ponte 25 de Abril ao longe. A proximidade com o rio lhe proporcionou uma brisa refrescante. Sentou-se por um momento em uma bancada e ficou observando o rio e tudo o que a sua vista podia alcançar. Bryana deixou a Praça do Comércio e começou a caminhar ao longo das margens do rio Tejo, sentindo a brisa fresca do final da tarde acariciar seu rosto. O sol começava a baixar no horizonte, espalhando um brilho dourado sobre as águas tranquilas do rio. As cores vibrantes do céu contrastavam com o azul profundo do Tejo, criando uma paleta de tons quentes e acolhedores. Enquanto caminhava, Bryana podia ver barcos deslizando suavemente pelo rio e ouvir o som distante das conversas e risadas das pessoas aproveitando o fim de tarde. Ao se distanciar das margens do Tejo, ao longe, ouvia o som melancólico do fado que ecoava pelas ruelas estreitas, atraindo-a como um ímã. Movida pelo desejo de uma experiência autêntica e intimamente portuguesa, ela encontrou uma pequena tasquinha escondida entre as vielas do bairro de Alfama. A porta da tasquinha era simples, quase imperceptível, mas ao empurrá-la, Bryana foi recebida por um ambiente caloroso e acolhedor. As paredes de pedra, decoradas com azulejos antigos, contavam histórias de um tempo passado, enquanto o ar estava impregnado pelo aroma de pratos tradicionais que já faziam sua boca salivar. No canto do salão, um grupo de fadistas se preparava para iniciar a cantoria, afinando suas guitarras portuguesas, cujas cordas pareciam já carregar o lamento profundo do fado. Bryana escolheu uma mesa próxima ao palco improvisado, o suficiente para sentir a intensidade da música, mas também para desfrutar de uma certa privacidade. A luz suave das velas sobre as mesas lançava sombras dançantes no ambiente, criando uma atmosfera íntima e quase sagrada. Ela pediu alguns petiscos: pastéis de bacalhau dourados e crocantes, chouriço assado com um toque picante, azeitonas temperadas e queijo de ovelha curado. Para acompanhar, uma taça de vinho tinto robusto da região do Alentejo, cuja cor escura prometia um sabor profundo. Enquanto os petiscos chegavam à mesa, os primeiros acordes do fado começaram a preencher o espaço, e Bryana sentiu um arrepio percorrer sua pele. A fadista, uma mulher de olhar intenso e voz poderosa, começou a cantar sobre o amor perdido, a saudade e a inevitabilidade do destino, temas que ressoavam com a alma de Bryana. A música parecia atravessar o tempo e o espaço, tocando em lugares do coração que palavras não poderiam alcançar. Bryana fechou os olhos por um momento, permitindo-se ser completamente absorvida pela melodia triste, mas ao mesmo tempo reconfortante. Ela saboreou cada mordida dos petiscos, sentindo como cada sabor complementava a experiência sensorial proporcionada pelo fado. O salgado do bacalhau, o calor do chouriço, a suavidade do queijo e a acidez do vinho se uniam à música, criando uma sinfonia de sentidos que a envolvia por completo. O fado vadio, espontâneo e carregado de emoção, parecia contar não apenas histórias de Lisboa e pessoas desconhecidas, mas também da