Teologia: diferenças entre revisões

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A teologia começa com o pressuposto de que o [[divino]] existe de alguma forma, como na [[física]], no [[sobrenatural]], [[Fenomenologia (filosofia)|mental]] ou [[construção social|realidades sociais]], e essa evidência para e sobre isso pode ser encontrada através de experiências espirituais pessoais e / ou registros históricos de experiências como documentadas por outros. O estudo dessas suposições não faz parte da teologia propriamente dita, mas é encontrada na [[filosofia da religião]], e cada vez mais pela [[psicologia da religião]] e [[neuroteologia]]. A teologia então visa estruturar e compreender essas experiências e conceitos, e usá-los para derivar prescrições normativas para [[significado da vida|como viver nossas vidas]].
 
Os teólogos usam várias formas de análise e argumentos ([[Espiritualidade|empíricos]], [[filosofia |filosóficos]], [[etnografia|etnográficos]], [[história|históricos]], etc., para ajudar a compreender, [[explicação|explicar]], testar, [[crítica|criticar]], defender ou promover qualquer um dos inúmeros temas religiosos. Como em [[Metaética|filosofia de ética]] e [[jurisprudência]], os argumentos geralmente assumem a existência de questões previamente resolvidas, e desenvolvem-se fazendo analogias com elas para extrair novas inferências em novas situações.
 
O estudo da teologia pode ajudar um teólogo a compreender melhor sua própria tradição religiosa,<ref>See, e.g., [[Daniel L. Migliore]], ''Faith Seeking Understanding: An Introduction to Christian Theology'' 2nd ed.(Grand Rapids: Eerdmans, 2004)</ref> outra tradição religiosa,<ref>See, e.g., Michael S. Kogan, 'Toward a Jewish Theology of Christianity' in ''The Journal of Ecumenical Studies'' 32.1 (Winter 1995), 89–106; available online at [http://www.icjs.org/scholars/kogan.html [&#91;1]&#93;] {{webarchive|url=https://web.archive.org/web/20060615100029/http://www.icjs.org/scholars/kogan.html|date=15-6-2006}}</ref> ou pode permitir que explorem a natureza da divindade sem referência a nenhuma tradição específica. A teologia pode ser usada para [[proselitismo]],<ref>See, e.g., Duncan Dormor et al (eds), ''Anglicanism, the Answer to Modernity'' (London: Continuum, 2003)</ref> reforma,<ref>See, e.g., John Shelby Spong, ''Why Christianity Must Change or Die'' (New York: Harper Collins, 2001)</ref> ou [[apologética]] a uma tradição religiosa, ou pode ser usado para comparar religiões,<ref>See, e.g., David Burrell, ''Freedom and Creation in Three Traditions'' (Notre Dame: University of Notre Dame Press, 1994)</ref> desafiar (por exemplo, [[crítica bíblica]]), ou oposição (por exemplo, [[irreligião]]) a uma tradição religiosa ou [[visão de mundo]]. A teologia também pode ajudar um teólogo a abordar alguma situação ou necessidade atual através de uma tradição religiosa,<ref>See, e.g., Timothy Gorringe, ''Crime'', Changing Society and the Churches Series (London:SPCK, 2004)</ref> ou para explorar possíveis formas de interpretar o mundo.<ref>See e.g., Anne Hunt Overzee's gloss upon the view of [[Paul Ricœur|Ricœur]] (1913–2005) as to the role and work of 'theologian': "Paul Ricœur speaks of the theologian as a hermeneut, whose task is to interpret the multivalent, rich metaphors arising from the symbolic bases of tradition so that the symbols may 'speak' once again to our existential situation." Anne Hunt Overzee ''The body divine: the symbol of the body in the works of Teilhard de Chardin and Rāmānuja'', Cambridge studies in religious traditions 2 (Cambridge: Cambridge University Press, 1992), {{ISBN|0-521-38516-4}}, {{ISBN|978-0-521-38516-9}}, p.4; Source: [https://books.google.com/books?id=EiYEktsURVAC&printsec=frontcover&source=gbs_v2_summary_r&cad=0#v=onepage&q=&f=false [&#91;2]&#93;] (accessed: Monday 5 April 2010)</ref>
 
== História ==
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Nas fontes [[patrística]]s greco-cristãs, ''theologia'' poderia referir-se estreitamente ao conhecimento devoto e inspirado e ao ensino sobre a natureza essencial de Deus.<ref>[[Gregory of Nazianzus]] uses the word in this sense in his fourth-century [http://www.ccel.org/fathers2/NPNF2-07/Npnf2-07-42.htm#P4178_1277213 ''Theological Orations'']; after his death, he was called "the Theologian" at the [[Council of Chalcedon]] and thereafter in [[Eastern Orthodoxy]]—either because his ''Orations''were seen as crucial examples of this kind of theology, or in the sense that he was (like the author of the Book of Revelation) seen as one who was an inspired preacher of the words of God. (It is unlikely to mean, as claimed in the [http://www.ccel.org/fathers2/NPNF2-07/Npnf2-07-41.htm#P4162_1255901 ''Nicene and Post-Nicene Fathers''] introduction to his ''Theological Orations'', that he was a defender of the divinity of Christ the Word.) See John McGukin, ''Saint Gregory of Nazianzus: An Intellectual Biography'' (Crestwood, NY: St. Vladimir's Seminary Press, 2001), p.278.</ref>
 
O autor latino [[Boethius|Boécio]], escrevendo no início do século VI, usou a "teologia" para denotar uma subdivisão da filosofia como sujeito do estudo acadêmico, lidando com a realidade imutável e incorpórea (em oposição à "física" ', que trata de [[Matéria | corpórea]], realidades em movimento).<ref>{{citar web|url=http://pvspade.com/Logic/docs/BoethiusDeTrin.pdf |título=Boethius, On the Holy Trinity |formato=PDF |data= |acessodata=2012-11-11}}</ref> A definição de Boécio influenciou o uso latino medieval.<ref>G.R. Evans, ''Old Arts and New Theology: The Beginnings of Theology as an Academic Discipline'' (Oxford: Clarendon Press, 1980), 31–32.</ref>
 
Nas fontes latinas [[escolástica]]s, o termo passou a denotar o estudo racional das doutrinas da religião cristã, ou (mais precisamente) a disciplina acadêmica que investigava a coerência e as implicações da linguagem e reivindicações da Bíblia e da tradição teológica (esta última frequentemente representada no ''[[Sentenças]]'' de [[Pedro Lombardo]], um livro de extratos dos [[Pais da Igreja]]).<ref>Ver o título de [http://individual.utoronto.ca/pking/resources/abelard/Theologia_christiana.txt ''Theologia Christiana''] de [[Pedro Abelardo]], e, talvez mais famoso, a ''[[Summa Theologica]]'' de [[Tomás de Aquino]].</ref>
 
No Renascimento, especialmente com os apologistas platonistas florentinos da poética[[Dante Alighieri | Dante]], a distinção entre "teologia poética" (''[[theologia poetica]]'') e "revelada" ou bíblica. A teologia serve de pisada para um avivamento da filosofia, independente da autoridade teológica.
 
É neste último sentido, a teologia como uma disciplina acadêmica que envolve o estudo racional do ensino cristão, que o termo passou para o inglês no século XIV.<ref>Veja a "nota" na entrada [[Oxford English Dictionary]] para ' Embora possa também ser usado no sentido mais estrito encontrado em Boecio e nos autores patrísticos gregos, significa estudo racional da natureza essencial de Deus - um discurso agora chamado às vezes [[Theology Proper]].</ref><ref>See, for example, Charles Hodge, ''Systematic Theology'', vol. 1, part 1 (1871).</ref>
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{{Artigo principal|Teologia como disciplina acadêmica}}
 
A história do estudo da teologia em instituições de ensino superior é tão antiga quanto a [[Universidade#História|história dessas próprias instituições]]. Por exemplo, [[Taxila]] era um centro inicial da aprendizagem [[Vedas|védica]], possível a partir do século VI a.C. ou anterior;<ref>Timothy Reagan, ''Non-Western Educational Traditions: Alternative Approaches to Educational Thought and Practice'', 3rd edition (Lawrence Erlbaum: 2004), p.185 and Sunna Chitnis, 'Higher Education' in Veena Das (ed), ''The Oxford India Companion to Sociology and Social Anthropology'' (New Delhi: [[Oxford University Press]], 2003), pp. 1032–1056: p.1036 suggest an early date; a more cautious appraisal is given in Hartmut Scharfe, ''Education in Ancient India'' (Leiden: Brill, 2002), pp. 140–142.</ref> a [[Academia de Platão|Academia platônica]], fundada em Atenas no século IV a.C., parece ter incluído temas teológicos em sua matéria;<ref>John Dillon, ''The Heirs of Plato: A Study in the Old Academy, 347–274BC (Oxford: OUP, 2003)''</ref> o chinês [[Taixue]] transmitia ensino [[Confucionismo|confuciano]] no século II a.C.;<ref>Xinzhong Yao, ''An Introduction to Confucianism'' (Cambridge: CUP, 2000), p.50.</ref> a [[Escola de Nísibis]] era um centro de aprendizagem cristã a partir do século IV d.C.;<ref>Adam H. Becker, ''The Fear of God and the Beginning of Wisdom: The School of Nisibis and the Development of Scholastic Culture in Late Antique Mesopotamia'' (University of Pennsylvania Press, 2006); see also [http://www.nestorian.org/the_school_of_nisibis.html The School of Nisibis] at Nestorian.org</ref> [[Nalanda]] na Índia era um sítio de ensino superior budista desde pelo menos o século V ou VI d.C.;<ref>Hartmut Scharfe, ''Education in Ancient India'' (Leiden: Brill, 2002), p.149.</ref> e a [[Universidade al Quaraouiyine]] marroquina foi um centro de aprendizagem islâmica a partir do século XX,<ref>The Al-Qarawiyyin mosque was founded in 859 AD, but 'While instruction at the mosque must have begun almost from the beginning, it is only... by the end of the tenth-century that its reputation as a center of learning in both religious and secular sciences... must have begun to wax.' Y. G-M. Lulat, ''A History of African Higher Education from Antiquity to the Present: A Critical Synthesis'' (Greenwood, 2005), p.71</ref> como foi a [[Universidade Al-Azhar]] no Cairo.<ref>Andrew Beattie, ''Cairo: A Cultural History'' (New York: Oxford University Press, 2005), p.101.</ref> As primeiras universidades foram desenvolvidas sob a égide da [[Igreja latina]] por [[bula papal]] como [[Studium Generale|''studia generalia'']] e talvez de escolas de catedrais. No entanto, é possível que o desenvolvimento de escolas de catedral nas universidades era bastante raro, sendo a Universidade de Paris uma exceção.<ref>Gordon Leff, ''Paris and Oxford Universities in the Thirteenth and Fourteenth Centuries. An Institutional and Intellectual History'', Wiley, 1968.</ref> Mais tarde, elas também foram fundadas por reis ([[Universidade de Nápoles Federico II]], [[Universidade Carolina]] em Praga, [[Universidade Jaguelônica]] em Cracóvia) ou administrações municipais ([[Universidade de Colónia]], [[Universidade de Erfurt]]). Na [[Idade Média#Alta Idade Média|período medieval inicial]], a maioria das novas universidades foram fundadas a partir de escolas pré-existentespreexistentes, geralmente quando essas escolas foram consideradas como sendo principalmente locais de ensino superior. Muitos historiadores afirmam que as universidades e as escolas de catedral foram uma continuação do interesse em aprender promovido pelos mosteiros.<ref>Johnson, P. (2000). The Renaissance: a short history. Modern Library chronicles (Modern Library ed.). New York: Modern Library, p. 9.</ref> O aprendizado teológico cristão foi, portanto, um componente nessas instituições, como foi o estudo da Igreja ou do Direito canônico: as universidades desempenharam um papel importante na capacitação de pessoas para escritórios eclesiásticos, ajudando a igreja a perseguir o esclarecimento e a defesa de seu ensino, e em apoiar os direitos legais da igreja contra os governantes seculares.<ref>Walter Rüegg, “Themes” in Walter Rüegg, ''A History of the University in Europe'', vol.1, ed. H. de Ridder-Symoens, ''Universities in the Middle Ages'' (Cambridge: Cambridge University Press, 2003), pp. 3–34: pp. 15–16.</ref> Em tais universidades, o estudo teológico estava inicialmente intimamente ligado à vida de fé e da igreja: alimentava e era alimentado por práticas de pregação e [[Missa]].<ref>Ver [[Gavin D'Costa]], ''Theology in the Public Square: Church, Academy and Nation'' (Oxford: Blackwell, 2005), ch.1.</ref>
 
Durante a Alta Idade Média, a teologia foi, portanto, o assunto final nas universidades, sendo chamada de "A Rainha das Ciências" e servindo de pedra fundamental para o[[trivium (educação) | Trivium]] e [[Quadrivium]], que homens jovens eram esperados a estudar. Isso significava que os outros assuntos (incluindo [[Filosofia]]) existiam principalmente para ajudar com o pensamento teológico.<ref>[[Thomas Albert (Tal) Howard|Thomas Albert Howard]], ''[https://global.oup.com/academic/product/protestant-theology-and-the-making-of-the-modern-german-university-9780199266852?cc=us&lang=en& Protestant Theology and the Making of the Modern German University]'' (Oxford: [[Oxford University Press]], 2006), p.56: '[P]hilosophy, the ''scientia scientarum'' in one sense, was, in another, portrayed as the humble "handmaid of theology".'</ref>
 
O lugar preeminente da teologia cristã na universidade começou a ser desafiado durante o [[Iluminismo]], especialmente na Alemanha.<ref>Veja [[Thomas Albert Howard]], ''[https://global.oup.com/academic/product/protestant-theology-and-the-making-of-the-modern-german-university-9780199266852?cc=us&lang=en& Protestant Theology and the Making of the Modern German University]'' (Oxford: [[Oxford University Press]], 2006):</ref> Outros assuntos adquiridos em independência e prestígio, e questões foram levantadas sobre o lugar em instituições que eram cada vez mais compreendidas como devotadas à razão independente de uma disciplina que parecia envolver compromisso com a autoridade de tradições religiosas particulares.<ref>Ver o trabalho de [[Thomas Albert Howard]] já citado, e sua discussão sobre, por exemplo, ''Conflict of the Faculties'' (1798), de Immanuel Kant e ''Deduzierter Plan einer zu Berlin errichtenden höheren Lehranstalt'', de J.G. Fichte (1807).</ref>
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== Criticismo ==
Há uma tradição antiga de [[ceticismo]] sobre a teologia, seguida de um aumento mais moderno da crítica [[secularismo |secularista]] e [[ateísmo |ateia]].
 
=== Crítica dos filósofos ===
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O filósofo alemão ateu [[Ludwig Feuerbach]] procurou dissolver a teologia em sua obra "Princípios da Filosofia do Futuro": "A tarefa da era moderna foi a realização e a humanização de Deus - a transformação e a dissolução da teologia na antropologia".<ref>Ludwig Feuerbach, [[Principles of the Philosophy of the Future]], trans. Manfred H. Vogel, (Indianapolis, Hackett Publishing Company, 1986) p5</ref> Isso refletiu o seu trabalho anterior'' [[A Essência do Cristianismo]] ''(pub. 1841), pelo qual ele foi banido de ensinar na Alemanha, no qual ele havia dito que a teologia era uma "rede de contradições e delírios".<ref>Ludwig Feuerbach, ''[[The Essence of Christianity]]'', trans. [[George Eliot]], (Amherst, New York, Prometheus Books, 1989) Preface, XVI.</ref>
 
[[Alfred Jules Ayer |A.J. Ayer]], o antigo positivista lógico, procurou mostrar em seu ensaio "Crítica da Ética e Teologia" que todas as declarações sobre o divino são absurdas e qualquer atributo divino é improvável. Ele escreveu: "Agora, geralmente é admitido, pelo menos pelos filósofos, que a existência de um ser que possui os atributos que definem o deus de qualquer religião não animista não pode ser demonstrada de forma demonstrada... [A] enunciados sobre a natureza de Deus são sem sentido".<ref>[[A.J. Ayer]], [[Language, Truth and Logic]], (New York, Dover Publications, 1936) pp. 114–115.</ref>
 
[[Walter Kaufmann]], o filósofo, em seu ensaio "Contra a teologia", procurou diferenciar a teologia da religião em geral. "A teologia, é claro, não é a religião, e uma grande religião é enfaticamente anti-teológica ... Um ataque à teologia, portanto, não deve ser tomado como necessariamente envolvendo um ataque à religião. A religião pode ser, e muitas vezes tem sido, não teológico ou mesmo anti-teológico". No entanto, Kaufmann descobriu que "o cristianismo é inescapável uma religião teológica".<ref>[[Walter Kaufmann (philosopher)|Walter Kaufmann]], [[The Faith of a Heretic]], (Garden City, New York, Anchor Books, 1963) pp. 114, 127–128, 130.</ref>
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{{wikiquote}}
* [http://www.britannica.com/EBchecked/topic/590855/theology "Theology"] em ''[[Encyclopædia Britannica]]''
*{{Link||2=http://www.theology.ie |3=theology.ie}}
*Chattopadhyay, Subhasis. [http://philpapers.org/go.pl?id=CHAROH-3&proxyId=&u=http%3A%2F%2Fphilpapers.org%2Farchive%2FCHAROH-3.pdf][http://philpapers.org/rec/CHAROH-3 Reflections on Hindu Theology] in Prabuddha Bharata or Awakened India 120(12):664-672 (2014). ISSN 0032-6178. Edited by Swami Narasimhananda.