Adolfo Gutkin (Buenos Aires, 1936) é um encenador argentino e português. [1]

Adolfo Gutkin
Nascimento Buenos Aires

Iniciou-se como actor no Nuevo Teatro de Buenos Aires, onde interpretou Mãe Coragem de Bertolt Brecht, Androcles e o Leão de Bernard Shaw e Leoncio e Lena de Büchner. A seguir, com Augusto Fernandes, Agustin Alezzo e Carlos Gandolfo, fundou o Grupo Juan Cristobal, que posteriormente passou a chamar-se La Mascara. Daí saiu para o Teatro Popular Bonaerense.

Em 1962 fixa-se Cuba, onde desenvolve atividade profissional como ator e estuda Psicologia. Fundou uma escola de teatro em Santiago de Cuba e o Conjunto Dramático de Oriente, que dirigiu. Ali encenou peças como A Senhora Júlia, de August Strindberg, Guernica, de Fernando Arrabal, ou O Amante, de Harold Pinter. Foi distinguido no I Festival Latino Americano de Teatro, pela direcção de O Diabo e o Bom Deus, de Jean Genet, e no Festival Nacional de Teatro de Cuba, com Una Libra de Carne, de Cuzzani. Colaborou nos jornais e revistas Columna, Cultura 64, The Crow, Casa de las Americas, Conjunto e Cronos.

Em 1969 resolve viajar para Lisboa, aceitando o convite para dirigir nesse ano o Cénico de Direito, o grupo de teatro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Aí encenou Volpone, de Ben Johnson, obtendo o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos de Teatro e o Prémio da Casa da Imprensa, como Melhor Espectáculo do Ano. Nesse ano, de regresso a Buenos Aires, põe em cena uma nova versão de Cementério de Automoviles, de Fernando Arrabal, no Teatro IFT e no Teatro Solis de Montevideo.

Em 1970, de novo em Lisboa, convidado de novo pelo Grupo de Teatro da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, repõe Volponne e estreia Melin 4, novamente seleccionado como Melhor Espectáculo do Ano pela Associação de Críticos), participando com ambos espectáculos no Festival Internacional de Teatro de San Sebastian, de 1970. Torna-se membro de honra da Associação Académica da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.

Em 1973 é perseguido pela PIDE e expulso de Portugal.

Voltaria a Cuba e ao Conjunto Dramático de Oriente, participando na criação de uma nova estação televisiva, em Santiago de Cuba.

Depois do 25 de abril de 1974, mais precisamente em 1980, voltou a Portugal. Passou a dirigir o Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra. Colou os textos e encenou História de Zé e Maria, que levou aos Festivais de Teatro Universitário de Lyon, Nantes e Rennes; a seguir levou a peça Homo Dramaticus, de Albert Adelach, a Dublin e a Moscovo, conseguindo o Prémio de Encenação no Festival Internacional de Sitges, em Espanha, em 1981.

Estabeleceu-se em Lisboa, fundando o Teatro do Mundo, com sede no Teatro Aberto. A seguir, fundou outra companhia, o Teatro Maizum, onde dirigiu, designadamente, Um Jipe em Segunda Mão, de Fernando Dacosta, seleccionado pela Associação de Críticos e pela Secretaria de Estado da Cultura, para o Prémio Almeida Garrett, de 1987.

Em 1981 apresentou à Fundação Calouste Gulbenkian o projecto para a criação do Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral (IFICT), visando, entre outros objectivos, a formação de quadros culturais e técnicos teatrais para as ex-colónias portuguesas em África. Apoiado pelo Fundo Social Europeu tornou-se director do IFICT, em 1982.

Adolfo Gutkin é cidadão português desde 1994.[1]

Em 2019 parte da sua biografia foi publicada no livro A Fantástica Maldição Gutkin, ISBN 978-989-54629-8-8 pelo autor Michel Alex https://porbase.bnportugal.gov.pt/ipac20/ipac.jsp?session=1677R07X708L3.43054&menu=search&aspect=subtab11&npp=20&ipp=20&spp=20&profile=porbase&ri=&term=michel+alex&index=.GW&x=0&y=0&aspect=subtab11 Edições Verbi Gratia, https://verbigratia.pt, A 2ª edição aumentada deste livro foi publicada em 2020

Referências

  1. a b Maria Ramos Silva (28 de Maio de 2011). «Adolfo Gutkin. "Os desenrascas jeitosos às vezes passam fome, mas são donos de si mesmos"». sítio ionline.pt. Consultado em 19 de Agosto de 2012. Arquivado do original em 30 de maio de 2011