Armazém do Espingardeiro
O Armazém do Espingardeiro, também conhecido por Oficina de Selaria ou Quartel da Coroa, é um edifício histórico utilizado como um núcleo museológico, situado no centro da cidade de Lagos, em Portugal.
Armazém do Espingardeiro | |
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Armazém do Espingardeiro, em 2008. No cunhal é vísivel o brasão de armas de Portugal. | |
Informações gerais | |
Tipo | Núcleo museológico / edifício histórico |
Website | http://www.cm-lagos.pt/portal_autarquico/lagos/v_pt-pt/menu_turista/concelho/cultura/museus/outros+museus |
Património de Portugal | |
Classificação | Imóvel de Interesse Municipal (Edital n.º 660/2013, de 18 de Junho) |
DGPC | 70929 |
SIPA | 3753 |
Geografia | |
País | Portugal |
Cidade | Lagos |
Coordenadas | 37° 05′ 56″ N, 8° 40′ 14″ O |
Localização em mapa dinâmico |
Descrição
editarO edifício forma um gaveto entre a Travessa da Coroa e à Rua Júlio Dantas,[1] no lado meridional de uma zona que corresponde ao antigo núcleo medieval de Lagos.[2]
O imóvel é de um só piso,[3] e tem uma planta de forma rectangular, com o interior organizado num espaço único de grandes dimensões, com cerca de 160 m².[2] Um dos elementos mais destacados é o brasão no cunhal do edifício, com as Armas de Portugal.[2] É coberto por um telhado em tesouro.[1]
No interior foi instalado um núcleo museológico, o Centro de Interpretação da Evolução Urbana de Lagos, dedicado ao arquitecto Rui Mendes Paula.[4] Este centro foi organizado em três salas, cada uma subordinada a uma fase da história de Lagos: a primeira corresponde ao período desde o domínio romano até aos Descobrimentos, passando pela Idade Média, a segunda explica a evolução da cidade durante a época moderna, e a terceira debruça-se sobre o intervalo desde o século XVIII até aos princípios do século XXI.[4] Na exposição apostou-se principalmente na comunicação e na interactividade, de forma a facilitar o entendimento dos conteúdos, principalmente para os utilizadores mais novos.[3]
História
editarFoi construído em 1665, data que é identificada por uma inscrição no próprio imóvel, e que corresponde aos finais do primeiro mandato de Nuno da Cunha Ataíde como Governador da Praça Forte de Lagos.[2] Foi construído por ordem de D. António de Almeida, segundo Conde de Avintes, que foi Governador do Reino do Algarve até 1667.[4] Constitui assim um dos mais importantes edifícios anteriores à reconstrução pombalina da cidade, após a devastação causada pelo Sismo de 1755.[2] Originalmente, funcionava como selaria, sendo parte do grupo de edifícios militares em Lagos, conhecido como Quartel da Coroa.[5] Com efeito, apresenta várias semelhanças com o Armazém Regimental, como as dimensões e forma da planta, e a presença do brasão com as armas de Portugal, pelo que terão sido construídos segundo o mesmo programa de expansão e racionalização dos edifícios de suporte à guarnição da cidade.[2] Posteriormente foi utilizado como oficina e armazém do espingardeiro,[4] e depois como arrecadação, embora estas funções não tenham provocado alterações significativas na sua traça primitiva.[2] Foi propriedade do Exército Português até 1980,[1] tendo depois passado para a Cruz Vermelha Portuguesa.[5]
Porém, devido às suas várias utilizações, o edifício foi-se progressivamente degradando,[2] estando totalmente arruinado nos princípios da Década de 1990.[5] Neste período, já existia um plano para a sua reabilitação.[5] Neste sentido, a Câmara Municipal de Lagos, através do seu Gabinete do Centro Histórico promoveu o restauro do imóvel e a sua reutilização, existindo em 1992 um plano para a recuperação do edifício, por parte do gabinete de Rui Mendes Paula.[5] Foram avançadas várias hipóteses para a ocupação do espaço, incluindo como sede de junta de freguesia.[2] Com efeito, em 2001 esteve planeada a instalação da sede da Junta de Freguesia de Santa Maria no edifício,[6] tendo sido cedido pela Junta de Freguesia à Câmara Municipal em 2004, com o fim de o transformar num núcleo museológico, como parte da Rede do Plano Museológico de Lagos.[7] Assim, o edifício foi alvo de obras de restauro, que restituíram a sua aparência original, e no interior foi instalado um núcleo museológico, como parte de um programa do município para a construção de vários espaços deste tipo, que, segundo o presidente da câmara, Júlio Barroso, iriam constituir «uma forma de cada vez dar a conhecer Lagos aos próprios residentes e a todos os nossos visitantes».[4] O espaço foi inaugurado em 25 de Outubro de 2008, durante as comemorações do Dia do Município em Lagos[4] A cerimónia contou com a presença de vários elementos do executivo municipal, e vários familiares de Rui Mendes Paula, incluindo o filho, Frederico Paula, que considerou a dedicação do núcleo museológico ao seu pai como «a homenagem mais justa que se poderia ter feito a uma pessoa que fez tanto pela cidade de Lagos», uma vez que o restauro do Armazém do Espingardeiro e a sua transformação num espaço cultural tinha sido uma das suas principais ambições.[4] Também discursou o presidente da Câmara Municipal, Júlio Barroso, que classificou a dedicação do edifício a Rui Mendes Paula como «um acto de justiça para um homem que viu sempre mais longe».[4]
A primeira proposta de classificação do imóvel foi feita em 22 de Outubro de 1986,[2] mas só em 2013 é que o Armazém do Espingardeiro foi classificado, como Imóvel de interesse municipal, através do Edital n.º 660, de 18 de Junho.[8] Porém, em Setembro de 2009 este espaço já se encontrava encerrado, devido à falta de visitantes, tendo um dos principais motivos para esta situação sido a sua localização, numa zona limítrofe e de acesso difícil.[9] Assim, uma coligação dos partidos Partido Social Democrata e CDS-PP defendeu, como parte do seu programa eleitoral, a transferência do núcleo museológico para o antigo edifício dos Paços do Concelho de Lagos.[9] O edifício foi oficialmente encerrado em 2018.[10] Em 2022, o Museu Municipal estava a planear a reabertura do Armazém do Espingardeiro sob a sua alçada, mas com funções diferentes, no sentido de explicar uma fase mais contemporânea da história da cidade.[10]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c «Armazém do Espingardeiro». Equipamentos Museológicos. Câmara Municipal de Lagos. Consultado em 30 de Janeiro de 2021. Arquivado do original em 17 de Julho de 2019
- ↑ a b c d e f g h i j «Oficina do Espingardeiro». Património Cultural. Direcção-Geral do Património Cultural - Ministério da Cultura. Consultado em 29 de Janeiro de 2021
- ↑ a b «Armazém do Espingardeiro em Lagos homenageia o arquitecto Rui Paula». Barlavento Online. 3 de Novembro de 2008. Consultado em 1 de Agosto de 2010
- ↑ a b c d e f g h «Novo equipamento municipal inaugurado nas Festas da Cidade». Câmara Municipal de Lagos. 30 de Outubro de 2010. Consultado em 1 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 5 de Julho de 2013
- ↑ a b c d e PAULA, 1992:318
- ↑ «Candidato do PS/Lagos visita Juntas de Freguesia de São Sebastião e Santa Maria». Região Sul. 12 de Julho de 2001. Consultado em 1 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 3 de Março de 2016
- ↑ «Edifício do Espingardeiro cedido à Câmara de Lagos». Região Sul. 5 de Fevereiro de 2004. Consultado em 1 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 3 de Março de 2016
- ↑ PORTUGAL. Edital n.º 660/2013, de 18 de Junho. Município de Lagos. Publicado no Diário da República n.º 125/2013, Série II, de 2 de Julho.
- ↑ a b «Coligação 'POR LAGOS, COM TODOS!' quer transformar antigos Paços do Concelho em Fórum da Cidade». PSD Algarve. Setembro de 2009. Consultado em 1 de Agosto de 2010. Arquivado do original em 11 de Setembro de 2012
- ↑ a b «Museu de Lagos põe a descoberto as muralhas medievais da cidade». Barlavento. 7 de Outubro de 2022. Consultado em 26 de Fevereiro de 2023
Bibliografia
editar- PAULA, Rui Mendes (1992). Lagos. Evolução Urbana e Património. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 392 páginas. ISBN 9789729567629
Leitura recomendada
editar- MARTINS, José António Jesus (1992). Estudo historico-monográfico da freguesia de Santa Maria do concelho de Lagos. Lagos: [s.n.]
Ligações externas
editar- Edifício da Oficina de Selaria e do Espingardeiro do Quartel da Coroa na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural
- Oficina do Espingardeiro na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural