Mico-leão
Mico-leão é uma denominação comum a macacos do Novo Mundo, do gênero Leontopithecus, subfamília Callitrichinae. São endêmicos da Mata Atlântica brasileira, com distribuição geográfica nos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná.
[1][2] Leontopithecus | |||||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||||
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Espécie-tipo | |||||||||||||||||
Leontopithecus makikina Lesson, 1840 = Simia rosalia Linnaeus, 1766 | |||||||||||||||||
Espécies | |||||||||||||||||
Leontopithecus caissara Leontopithecus chrysomelas Leontopithecus chrysopygus Leontopithecus rosalia | |||||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||||
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Também chamados de micos, são animais de hábitos diurnos, arborícolas e gregários, vivendo em grupos familiares.
Descrição
editarCaracterizam-se por possuir uma pelagem abundante e brilhante, principalmente ao redor da cabeça, formando uma espécie de "juba".[3] A face é quase nua, e as mãos pés são compridos com dedos muito longos e com garras.[3] São os maiores representantes dos Callitrichinae, chegando a pesar até 800 g e medir 76 cm de comprimento, contando com a cauda.[3][4] Não apresentam dimorfismo sexual, apesar das fêmeas chegarem a pesar mais que os machos durante o período de gestação.[4]
Distribuição geográfica e habitat
editarOs mico-leões são espécies endêmicas do Brasil, do bioma da Mata Atlântica, sendo originalmente encontrados do sul da Bahia até o litoral norte do Paraná e interior de São Paulo, ao sul do rio Tietê.[5][6] Atualmente são encontrados apenas em algumas poucas unidades de conservação porque apresentam distribuição geográfica muito restrita.[5] Habitam os estratos médios das copas das árvores, geralmente as florestas costeiras sempre úmidas, embora o mico-leão-preto ocorra a floresta estacional semidecidual.[6]
Taxonomia e evolução
editarEstudos moleculares corroboram a hipótese de que o gênero é monofilético, onde o gênero aparece como grupo irmão do clado formado por Callimico e os saguis pequenos (gêneros Callithrix, Cebuella e Mico).[7][8][9][10][11] A maioria das filogenias com base em morfologia recupera Leontopithecus como grupo irmão do clado dos saguis (gêneros Callithrix, Cebuella e Mico).[12][13] Alguns dados moleculares sugerem uma possível ancestralidade comum entre o gênero Callimico e Leontopithecus.[14] A diversificação das espécies de mico-leões ocorreu provavelmente a partir dos refúgios do Quaternário, sendo que o mico-leão-preto e o mico-leão-dourado compartilham um ancestral comum exclusivo, que provavelmente possuía pelagem escura.[7][15][16] Já o mico-leão-de-cara-dourada é considerada a primeira espécie a divergir no gênero.[17]
Relações filogenéticas de Leontopithecus.[17] | ||||||||||||||||||||||||||||||
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Filogenia baseada em análise de DNA mitocondrial. |
O mico-leão-de-cara-preta, a última espécie a ser descrita, é morfologicamente mais aparentada ao mico-leão-preto, e também é válida como espécie propriamente dita, e não subespécie do mico-leão-preto, como já havia sido sugerido por Coimbra-Filho em 1990.[17][2][18][19]
Espécies
editarAs espécies de mico-leão são facilmente distinguidas com base na coloração de sua pelagem:[1]
Imagem | Nome científico | Nome comum | Distribuição | Descrição |
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Leontopithecus rosalia (Linnaeus, 1766) | Mico-leão-dourado | Sudeste do Brasil | pelagem toda dourada, ocasionalmente com extremidades escuras | |
Leontopithecus chrysomelas (Wied, 1820) | Mico-leão-de-cara-dourada | Sul da Bahia | pelagem negra, com a face, membros e cauda dourados | |
Leontopithecus chrysopygus (Mikan, 1823) | Mico-leão-preto | Interior de São Paulo | pelagem negra com dourado na parte traseira | |
Leontopithecus caissara Lorini & Persson, 1990 | Mico-leão-de-cara-preta | Sul de São Paulo e norte do Paraná | pelagem dourada com a face, os membros e a cauda pretos |
Referências
- ↑ a b Groves, C.P. (2005). Wilson, D. E.; Reeder, D. M, eds. Mammal Species of the World 3.ª ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 133. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494
- ↑ a b Rylands AB; Mittermeier RA (2009). «The Diversity of the New World Primates (Platyrrhini): An Annotated Taxonomy». In: Garber PA; Estrada A; Bicca-Marques JC; Heymann EW; Strier KB. South American Primates: Comparative Perspectives in the Study of Behavior, Ecology, and Conservation 3ª ed. Nova Iorque: Springer. pp. 23–54. ISBN 978-0-387-78704-6
- ↑ a b c AURICCHIO, P. (1995). «Gênero Leontopithecus». Primatas do Brasil. São Paulo - Brasil: Terra Brasilis Comércio de Material didático e Editora LTda - ME. 168 páginas. ISBN 85-85712-01-5
- ↑ a b Kleiman, D.G.; Hoage, R.J.; Green, K.M. (1988). The Lion Tamarins, Genus Leontopithecus. Em Mittermeier, R.A.(ed) Ecology and Behavior of Neotropical Primates - Volume 2. Washington D.C.: World Wildlife Fund. pp. 299–347
- ↑ a b Rylands, A. B, Kierulff, M. C. M. and Pinto, L. P. de S. 2002. Distribution and status of the lion tamarins. In: D. G. Kleiman and A. B. Rylands (eds), Lion Tamarins: Biology and Conservation, pp. 42-70. Smithsonian Institution Press, Washington, DC, USA.
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- ↑ Garbino, Guilherme Siniciato Terra; Rezende, Gabriela Cabral; Valladares-Padua, Claudio (1 de janeiro de 2016). «Pelage Variation and Distribution of the Black Lion Tamarin, Leontopithecus chrysopygus». Folia Primatologica (em inglês). 87 (4): 244–261. ISSN 0015-5713. doi:10.1159/000450998