Terceiro-mundismo
O terceiro-mundismo é uma corrente no pensamento político de Esquerda política que considera a divisão entre nações desenvolvidas, classicamente liberais, e nação em desenvolvimento, ou do "terceiro mundo" de grande importância política. Esta ideologia costuma promover o apoio a nações-estado do terceiro-mundo ou movimentos de libertação nacional contra nações ocidentais ou seus "representantes". O embasamento teórico desse ponto de vista é a visão de que o capitalismo contemporâneo é essencialmente imperialista. Assim, a resistência ao capitalismo implicaria na resistência aos avanços das nações capitalistas desenvolvidas sobre as outras.[1][2]
Dentre as figuras mais importantes do movimento terceiro-mundista estão Frantz Fanon, Ahmed Ben Bella, Andre Gunder Frank, Samir Amin e Simon Malley.
Histórico
editarA Nova Esquerda levou a uma explosão de apoio ao terceiro-mundismo, especialmente depois do fracasso dos movimentos revolucionários nos países desenvolvidos, como os acontecimentos de maio de 1968. Dentre os grupos e movimentos dentro da Nova Esquerda associados ao terceiro-mundismo, estão a revista marxista americana Monthly Review e o Novo Movimento Comunista; mais recentemente a ONG malaia Third World Network.
A Conferência de Bandung e a criação do Movimento Não-Alinhado representaram vias de disseminação de políticas terceiro-mundistas no século XX. O terceiro-mundismo também está intimamente relacionado aos seguintes movimentos: Pan-Africanismo, Pan-Arabismo, Maoismo, socialismo africano e a variedade de comunismo associada a Fidel Castro. Movimentos de libertação nacional como a Organização para a Libertação da Palestina, os sandinistas e o Congresso Nacional Africano tem sido causas célebres do terceiro-mundismo.[2]
Esta ideologia ganhou novas forças com o Fórum Social Mundial e na Conferência do Cairo contra a Guerra.[3] No Brasil, eram frequentes as críticas à política externa do governo Lula em seus mandatos.[4]
Jean Coussy considera o terceiro-mundismo recente completamente diferente do seu primeiro momento, por não se buscar romper com a ordem capitalista, e sim "aproveitá-la da melhor maneira".[5] É apontado como sintoma disso o fato de que não existiria um único modelo de desenvolvimento para as nações do terceiro mundo que não fosse capitalista. Apesar de uma aparente conciliação o terceiro-mundismo com os comunistas, há poucos pontos em comum entre as duas visões de mundo.[6]
Ver também
editarReferências
- ↑ Alburquerque, Germán (Julho de 2013). «O terceiro-mundismo no campo cultural argentino: uma sensibilidade hegemônica (1961-1987)» (PDF). Revista Tempo - vol. 19 n. 35, Jul-Dez 2013: p. 211-228. Consultado em 27 de outubro de 2018
- ↑ a b Alburquerque, Germán (31 de dezembro de 2011). «Terceiro Mundo e terceiro-mundismo no Brasil: para sua constituição como sensibilidade hegemônica no campo cultural brasileiro 1958-1990». Estudos Ibero-Americanos - PUCRS. 37 (2). ISSN 1980-864X. Consultado em 27 de outubro de 2018
- ↑ Carlos Teixeira, Francisco (30 de janeiro de 2005). «Terceiro mundismo renovado». Carta Maior. Consultado em 27 de outubro de 2018
- ↑ Sverberi, Benedito (27 de janeiro de 2011). «Brasil tem de abandonar o 'terceiro-mundismo'». VEJA.com. Consultado em 27 de outubro de 2018
- ↑ Rezende, Marcelo (15 de dezembro de 2000). «Resenha nº 058/2000 - Que todos desfrutem do mesmo capitalismo». Gazeta Mercantil (salvo em archive.is). Consultado em 1 de agosto de 2008
- ↑ Robert Brenner, ‘The Origins of Capitalist Development: A Critique of Neo-Smithian Marxism’, New Left Review, 1977, No. 104 (July-August), pp. 25-92; Maurice Dobb, Studies in the Development of Capitalism. London: Routledge & Kegan Paul Ltd., 1946.