História de Portugal Restaurado, Pelo Conde Da Ericeira, Vol. 2
História de Portugal Restaurado, Pelo Conde Da Ericeira, Vol. 2
História de Portugal Restaurado, Pelo Conde Da Ericeira, Vol. 2
HISTORIA DE
PORTUGAL
RESTAURADO,
ESCRITA POR
EM Q!JE SE DA' NOTICIA DAS MAIS GLORIOSAS acoens, affim politicas, como n1ilitares, que ohrara os Portuguezes na reitauraa de Portugal , defde o anno de 164). at ao anno de 1656.
D.LUIZ DE MENEZES,
CONDE DA ERICEIRA , DO CONSELHO DE Efrado de Sua l\lageil:ade, feu Vdor da Fazenda, e Governador das Armas da Provincia dtlTraz os Montes , &c.
inzprtj{a, e._e11te1zdada.
TOMO II.
LISBOA:
Na Officina de ANTONIO VICENTE DA SILVA
LICEN~AS.
DO SAN.TO OFFICIO.
'de-fe reimpritnir o livro de que fe faz n1ena , e depois voltar conferido para fe dar licena que corra , fem a qual na correr. Lisboa no Pao de Palhava I 3. de !\1aro de 1759.
--P
Sil-.:a.
Trigofo.
Silt'eiro Lobo.
'de-fe reimprimir o livro de que fe tra~ ta, e depois de reimpreifo, e conferido, torne. Lisboa 3 de .i\bril de I759
]). J
Arceb. de L.'lcedeJJ01zia.
DO P A C, O.
as do Santo Officio, e Ordinario, e - depois de itnprelfo tornar Mefa para fe conferir , taxar , e dar licena para que corra, e fen1 iffo na correr. Lisboa S de Mayo de I7S9
. Q
.
Carvalho,
E111ats.
D. Yelho. Siqueira.
,.
.(
I,
~:1
LI-
LICENGAs.f
Do Santo Officio.
E
P
I-
'
Do Ordinario. ~
.'de correr. "Lisboa 26. de Setembro de
-
\I
,
759
D.
:J. A. de Lacedetnon.
------------, Do Paco.
~
Ue pofa correr, c taixa en1 quinhentos reis cada Ton1o. Lis~o~ 27. d~ S~tembro de I759
- Co;n ditas Rubrcas.
... -. r-.-.--
PRO-
PROTEST AGA
r\
Author defta ~br; protefta, que tudo o que eft nella ef~ito fujeita cenfura da SaJ:?.ta Igreja Catholica Rot11ana ' e fe confrma" COnl os De:cretos dos Summos P ontifices , e em efpecial com os de Urbano VIII. de 1 J. de Janeiro de 1 6 2 ) approvado e111 2 ) . de J t1nl1o de I 6 J 4.--- e modi:ficaa feita pelo 111efrno P ontifice em ;. de]11nhode 163 I.;eque nahefua tena , q11e algun1as n1ate~~as, qu~ conttn e fia hifioria, que pare mi. . lagres, ou fucceffos fobrenaturaes, tenha n1ais credito ou authoridade ,. que aquella que tnerece a noticia, que alcanou deftes fucce1fos,como hillQria hun1ana.
O Co11de da Ericeira.
HIS-'
HISTORIA
DE
Anno
PORTUGAL
R E S 'I' A U R A D O.
LIVRO VII.
_
1643
__!:N?_
su
l\1 M A R I
o.
~llAG
Traz os .Jfo11tes : e11tra em Galliza; dcflroe 1nttitos lugares. Gover11a a Beirajegtt1Jda 'Vez D. A.~,aro de AE~~~~ f.1"anches : quei111a algu11S /uga1'es. l\7oticia da rttina do Co11de Dt~qtte. Priza de D. Pedro Bonete , elfeito dc!!a . .J1orte de .f~ra11c~(co de L11ce11a. Manda EIRfJ' .fahir 1'"1nada a correr a cofia , t01"1Ja a recolhe-r-fi Ctfl pouco ejfeito. Pnjj Mi11ijlros ao Cc11g1(ffo de Mtt1if/er. Noticia das e1nboixadas. Rejlct:ra:fe o Mara11ha. Perde-.fe /111go/a. Ya1ios C1JC01Jtros de A Cei-
2 POi~TiG~~lL RESTA"JRADO, Ceila/1 co:w o.r f-lolandezes, que rcJJJatnrJ..fcliz'i.'lCJJte. Aj~111ta:fe o e.vert:ito e11z J1. 1eiJJ- Tt;jo. Gaaha .J1athias de AH.,~t.11terq1e t... JlJt i jo. Retira-fi, e lJJ ca11Jpo ,zquel!:.II'rilfa o bufe a o B.:rra de lUo/n,:;:!ea CuJJ o exercito de C"'a/1:?1/a. D.:fe 5ata!btl: jJt!rdt'lli-::a os ajie/,ia;Jos.Encontros varios depoiJ tia hata!ba.:Ja7ifa , hult graJde exercito o .Al1rquez t:'e Torrc:-,~(Ja.SJ'tia
. Elva.r : d~fe11de.-a Mat/Jit!s de Af.~/l!jlli:.i qu~ co!JI gr:tJzde valor: retira-.fe o exercito de C't!}tella.
Succerros Otneot F.lRey por Governa.dor rlas Armas da Prode Traz . vi11cb d'..! 1'raz os J\lpnt~~s a D.joa6 de Soui-1 da Silos Montes veira,qu~ c0m grande cp i niao cxc~cit. v ~1 en1 Aicn1<}JJe gover~ T' . p ft 1 ' l fr .1 C E . , . -r na D.Joa eJO o o o .::1.~ 1Le1. re uc an1po ... ntregou-i ne a.trovu1tlc Sout. cia Rocirigo de Figueiredo de ~\larca,que E1Rey chamou
.L
a Lisboa por injuftas queixas que os Povosdaquella Pro... vinci:1lhe fiz'::!ra6 du procedhn.:nto de ieus innaos:porque ainda que <.~on1 algu3.S circunil:ancias excedcra a regularidade co:1veni~nt~, nao fora os excefos de qualidade,que merecefem ta afpera den1onl:raa, co1no tirar_ElRey o pofto a Rodrigo de Figueiredo , merecendo o i eu zelo , e valor diferente recompeni. Tanto que D. Joa de Soufa chegou a Villa R.eal , prim~i r o , e viirofo Lugar daauella Provncia, teve avifo Je Chaves que o inimigo aju;1tava en1 .rvionte-Rey doze mil Infantes, e dous mil C:1vallos com intento d att;lcar aquella Praa. Pareceolhe que era enc a rPcin1ento dos que receava- o golpe: portn rep~tiado-fe por varias partes a n1efn1a noticia; partio para Chaves, entrou na Praa, e anin1ou os morador~s, que eft.. 1.va com gr'lnde receyo do perigo que os ameaava. Mandou logo to1nar lingua , e confrou da, c'Jnfifi.1o de aJ~uns prifioneiros, que as Tropas efi:ava juntas, e a Iafant;.u-ia n1archava de todas as partes. Cor.1 e~a 'loticia chamou D. J oa6 algumas Con1panhias da OrJ-~nTl~a; guarneceo, e pr~parou a Praa o melhor que ln':! foy poflivel: e o inimigo, conftando-Ihe defta prevpna, fufpend~o a entrada. D. Joao de Sou1 antes de faber que _fe havia defvaneddo, co1110 o inimigo ameaava
ava todos os lug~res da fronteira , mandou corr2.:,1c~, e prc\cni-los por leu _filho D. J\1anoel de Sot~fa ' ~11dh- Anuo do do s~un-ento n1r .Akenfo Alvares Earreto, ioloado de 1643 0 conhedda reputaca5. }'izera elles toda a diliger.cia por Afccnfo l':uarnecer PS lurr~res n1ais perigofos, e Yolt,ir~o pai a Ahareli. e Chaves. D. J- oao..... cuerendo averiguar a cau1a do ininli- D.Manocl 1 ~ ' d de Soufa go iuipcnder a entrada, man ou tomar hngua' e rara derrota facilitar efi:e intento, deo jCO. Infantes, e 50. Cavai- ba Tr0ro los a Af~cnfo .AI \ares Barreto , e a D. J\1anoel de Soufa, pa. con1 orden1 que 1~ en~oicafien1 no L11gar de ~'illarell:o, deitruido na Rara do ininligo , que adianta11cm os 50. Cavallos a hun1 mato vifinho da Atalaya do Torra o, 2oncle todos os dias Yinha hun1a 'Tropa a deicobrir a cam. panha. Conrcipondeo o fuccefio difpofiao,porque chegando a'] ror a con1 pouca cautla, a carregra os 50. Cayallos ~ ~lhe ton1ra 23. Confiou d0s fold~dos prifioneiros, que o poder que ie havia unido era menor do que fe publi..:ra , e que ja eftava dividido. Co1n E:fta no ticia deterrrnou D. Joa executar a ordem , que ElR_ey lhe tinl.la nianJado , de entrar en1 Ga11iza para diveriao dos rro::::refos de Alem-1-ejo: c com efre intento rafTou a Bragana , e com o mayor iegredo, que lhe foy pcflivel, ajuntou 8oo. Infantes , e 6o. Cavallos, e marchou ccnt_ra o L~gar de Pedralva, cinco 1ef:oas de Bragana, e _enclo ientidos, ft~ reco1hra6 os Gallegos a hum redu1o de fa~ina , que ha,~ia l~vantado f~ra ~do Lugar : porm nao i e dando ror icguros nelle, 1e retirra a outro de pedr~ e cal , q_ue tinha5 dentro da Villa no adro da lgreja .. a que e attacava a for!ificacao. D. Joao de Soufa repartio a Infantaria en1 tres Corpo~ , e quando rnarcliaY~ p~ra o af1Ito ~o ~e~uto '~ appareceo algr~ma gente co Intmtgo, que hlvta ialudo a ioccorrer Pedralva da Puebla de Senabria , huma legoa di!lante , que fervia de Praa de Armas. Ordenou D. Joa que marchaffen1 a fe oppor a efra gen!e duas Companhias de Infantaria, e os 6o. Ca v2.llos , e com o rcilo do poder contn~ou a en1preza, en~reg~ndo a execua della a Affonfo Alvares. InveH- G~h~ D~ rao os foldados o redu do, e animotan1ente u entrrao. {oaor:ce Os ...l.JC i~ . d . d ~ . , _, , '"'ou,a p,.. ~"'1.en O!. e:;, e!xan o 40. mortos , ic reurarao a I[re- (.raha. A ii ja,
P RTUGAL RESTAURJ1DO,
ja, e das rel:as del!a ferira6 alguns foldados noffiJs. EfAnno tilnubJos os n1.tis defr~ Jan1110, avanrao a porta , e en1643 tendendo os _d~ dentro qu~ a Iev.ava_, y~ ~eadc!ao H5J~ que a d~fcnutao. Os da Puebla ie ret1r<.1:~16 :cnllnte:-l.tar o foccorro, eU. Joau 1na:-~dou faquc._1r, e queim::r PedrJ.lva; e depois d.! arruinados os redutos, fe retirou para Brag;-1a~. D~ntro de poucos dias palou a JViirand~, nove le~oa~ dHl.:ante, para ver aqu~l1a Cidad~, e acudir ao reparo della. Logo que chegou, teve noticia que o ini1nigo fahira de t\1onte-Rey , e n12rchava para Entre Douro e Minho con1 15. Companhhs de Inf;_u~taria , e 400. Cavallos, para que unindo o pod~r de hum, e outro partido, fe intentaffc rect:p~rar S:1lv2terra , que o Conde de Cafre11o-J\1dhor havia gan:hado. ranto que .chegou efre avifo, pafiou D. Jo.) para Chaves, _e paffou ordens a todos os Capit~~s h1res dos hLgares vifinhos, par~ qu~ fe acha.ffem n?qt~el~a Praa com a gent~ que efrava a fua ordem.- Acuduao fo 8oo. homens de Mtrandla , e 2000. do Confelho de Barrofo. Con efi:es , e )oo. Infantes pagos, r4o. Cavallos, e duas peas de arti~ Entr~ em lheria, entrou D.Joao de Soufa en1 Galliza pelo lugar de ~~hza, e IV!eixedo, e avanou a Cavallaria a h uma ferra da outra ~~-i:~~ parte do V alie de Salas, fitio accotninodado p:=:~ra oberlugarc:s. var todos os n1ovimentos do ininligo. Feita efta dili~encia, entrou 11. Joao com a Infantaria no Vall~ de Salas ta o fertil , e povoado , que en1 fete legoas de terra que fc cntao qe JYI~ixedo_ a 1\1onte-Rey, havia mais de 40. lugares, que D. Joao defrruio, e faqueou, e ainda que alguns fe defendr~o , fo~a entrados ~1 cufta das vidas de 1.5. foldados nofis, e nntitas dos iniinigos. Tres dias fe deteve D. Joao, no fim delles fe retirou para Chaves vifi:a de Monte-Rey com a 1nayor preza, e o mayor defpojo, que at aquelle te1npo havia entrado em Por tugal. Os Gallegos, tanto que ioubera6 que D. Joao havia chegado ~o Valle de Sala~, cham:ra o foccorro, que haviao mandado a Entre oouro e Minho , e unidas as Tropas pagas gente da Ord~na1~a, entrrao nos C!_lll pos d~ Chaves. Chegou efre aviio a D. Joa de Souia a tempo, que, tendo Jeipedido a gente que havia convocado,
do , fe nao achava 111ais que COlll 4CO. Infantes' e 4C. Cavallos . .1\landou ao 'Thcncnte 1\lanoel Peixoto de Azeve- Anno Jo con1 os 40. Cavallos a 1-ccoul-.cccr o inimigo. Etr;pe- 1643 nhou-1e elle dciorte ntfra diligencia , cj_tie s_ua1a.1o fc uiz retirar , achou que eftava cortarlo das 'Tropas C8i1elha... nas. Reconhecendo o periho, fe_refolveo valorofamente a i~1lvar a r-J'ropa , ou perder-ie rdejancio. Con1 d~e Retirada generofo intt:.nto exl:cn tuu acs foldac~os, e achat~do en1 valcrofa todos igual clt-t~rmin~a, ce.rr~ra cefort~ a 1 ropa, ~c~~a~ocl que parecendo toJos lium j corpo , logrra o privi- cxo o . legio da virtude uniJa. Ron1prao pelos iningos s cutiladas , c pifroktaos , e perdendo f quatro ioldados , cufra de n1uitas vidas, fe retirra a Chaves. O inin1igo quein1ou oito lugares , os n1ais delles deftru idos , tornando-os a povoar poucos moradores pelos interei~es de alguns fruttos. D. joao de Soufa , na querer1do c_.ue a ultima aca fotre do ininligo, chan1ou con1 apertadas ordens a gente da Ordenana : rorem foy ta mal obedecido , que donde efperava 2000. hon1ens , lhe~ na6 vier..a cento , dando os Fovos For defcl1lpa , que na po.. dia6 pagar decim2s, e a.ffiftir na gllerra. Com a noticia Entradas defra de1onlem ie valco o inimigo delJa : entrou fetn op- do inimi pofia pela parte de J\1onte Alegre, ueiinou alguns g~~o'Fuc lugares, e retirou-te con1 grande preza. O mefrno fez cdfo. outro Troo pela part~ de Braga1a , mas (01 huma , e outra entrada penleo muitos iUldi:tdos, que matrao os lavradores, defendendo as familias, e as cafas. Vendo D. Joa cle So~1fa a rrovincia ta oppritnida , determinou recon1peniar com igu~l damno dos Lugares rlo in~.. n1igo, o que os nofos padeciao. J\1andou Afcenfo Alvares Darrcto con1 6oo. Infantes , e 200. Cavallcs .a GUeitnar o Lugar de Lubia, cinco legoas da Raya. Efrava Satisfa~ alojadas ne11e fete Co1npanl1ias pagas : porn1 na lhes ~a qu: valendo a reifrencia , foy o lugar entrado , e facueado, tD. Joao J. ornou finalando-fe D. J\1anoel de Soufa nefras, e nas mais em- dosGallc..; prezas com particular valor. Defre lu~ar paT.1ra a ou- gos. tros cinco, que tambem entrrao, e retir~ra-fe fem avi.. fiarem as Tropas inimigas. Dava grande cuidaco a D. Joa de Soufa a repugnancia que os Povos n1ofrrava de A iii acu-
PORTUGAL RESTAURADO,
acudir as occafio~ns, que fe off.~re~iao , ca:tados clo con Anno tltlUO exercido da guerc1: porm refol veo-fe a na aper1643 tar com elles, conJideranJo o nnlito que padccia, ciue podia fer n1ais perigoio ern h uma ProvinciLI aberta o feu enfado , que util o feu cafrigo. E para que de todo na ficaie fem recompen11. o damno, que o Llimigo occafionava ..].uella Provincb, ordenvu a todos os Capites mres que elegefem nos feus difi:ri.2os Capit.:s, e que entregafT~ a caJa htnn delles 50. tnofqueteiros, cotn os quaes puddfetn entrar em Ca:fi:dla , ora unidos , ora !eparados, todas as vezes que lhes parecele conveniente; e que toda a preza , que trouxefietn , lhes concedia ElRey livr~ para a repartirem entre fi igualmente. Efta difpofiL1 foy tnuito util , porque em varias partes daquella fronteira recebeo o inimigo grande damno: porm nao fe deve imitar efte exenlplo ' podendo bafl:ar qualquer att~nao dos contra rios para defl:ruir corpos ta dif~ tinfos, e mal difciplin:1dos, que leva a atnhiao da preza a perigos que ignora por faJta de experiencia da guer- ra , q u:~ forofamente padeccn1 os que a na ten1 por officio. Acahou-fe em Traz os .1\1ontes a defre ann:J com h uma entrada, que fez D. J\1:anoe1 de Soui co1n 300. Infantes , e 30. Cavallos: queimou hun1 lugar rico de 160. vifinhos con1 morte de 70. , e retirou-te pondo fogo a algumas Aldas. E na o pareca exceflo o ou e ie ten1 referido, e ref~rir ao dante dds Provindas de 1.-.raz os l\iontes, e Entre Douro e Minho dos tnuitos lugares que de l1uma, e outra parte fe defrruiao : porque a abnndanda defl:as Provindas he de qualidade, que raras vezes fe acha valle, nem mont~, que 1110 tenha cultura, ou povoaao, e n1uitos de!l:es Lugares fe defrruiao, e logo fe tornavao a povoar , cobrindo-ie a pouco cufro as paredes que ie nao arruinavao, porque era mais facil aos 1noradores exporetn-fe a iegunda, e terceira defgraa , que deixarem de fabricar as terras, que lhes fervia de unico alitnento. A' infi:ancia dos Povos da Provinda da Beira nomeou ElRey fegu!lda vez a D. Alvaro de Abranches por Gov~rnador das Arn1as della. Nos prilneiros dias de Ahril ehe-
chegou a Coitnbra, onde con1rrou alguns cavallos para runonta das 1ropas, e raou logo a vifitar todas as Fra- Anno as, procurando que tica[un baftecicas o n:elhor c.._~e era 1643 poflivd. Dilatou-1e nt:fia occtirna at o flJ.Z de JuH:o, St!ccdloa e nefre telTifO lhe chCfOU a ordem delRE-y, sue ie repar- da J:dra. tio por todas as Provincias, rara eHtrar Efll Cftcl]a cC'm qL'C torna O mayor roder C.te lr.e fofe Ft.fi]vel. lrt.YE11O tnil ln- a guD~rA-l.c . . .. \...}' , , nar , 1 ~antes, e cen1 Cava11os , ft:L tcar:.co c. ue os mancava (e aro ~e . foccorro ao exercito de Aletr!-'1 ejo, e entreF,OU cfia gente Ab1che~. ao '1 Jlenente c! e .1\leih-e de Can1po General rerna 1 elles Cota corn todas as prevenoens necd1arias para ln:: ma interpreza. Dec-lhe ordem que 1uarchafie , com o n- ayor filencio, que lhe fofTe ro1livel , a attacar a Villa de Akantara fituada junto d0 1. ejo da 011tra parte do rio , fendo precifo pafl~u--fe a ella por huma !!ran~le ponte, que o inimigo havia fortificado. Partio Ferna Tclks da Guarda, e feguio-o D. Alvaro cotn 1coo. Infantes, e )OO. Cavallos. Ferna 'rellcs foy alojar a Penan1accr, chefpu a .Proena, e derois de pa1Tar o rio T ouroens, vadecu o Elges ' por levar requena corrente. ranto ct:e Crrou a noite, tendo andado alg11mas legoas por centro de Cai:. t_ella , errrao as guias o camtnho , e qt1ando arrj~u1recco 1e achra n1uito diftantes de Alcantara. Vendo deivane- Dcf,am cida a interrreza' fcr2 de rarecer os Cafitaer.s' cue t(Ch.: a m1r crpc:;:a 1 d e ft runtem a l guns ]rran:s ! l "{ rtC'S (o JmiT;J{ c. ,..,_- . !e 2~- dt: Aki:ill L\;::_() come1odou f'erna Telles cotn tfra opiniao, e rctirot1-ic t ,..., para Salvaterra. D.Alvaro,que fe havia adiantco da r:er:.te que levava , com 400. Ifantes, e 100. Cavallos rara esforar a e1npreza de Akantara, tenco avifo c' o n~rio fuccefo e Ferna ....fel!es, fe refolveo a encorporar toda a gente, e entrar com ella a ueirr:ar a1funs lugares. At: i"i1n o executou en1 Pedralvas, e Eftronilhos. Chcrou Yifra de Alcantara, e venco uc lhe ne et a f"l ~ ,~l attacar a fortificaa da ronte' rcrque reuia n~aycn:s rrevenoens, e mayor clilaa ca qt1e permittiao as po11cas munioens , e mantimentos Cjl.:e levava, fe retirou , cvf tando-lhe muito trabalho deter a furia dos fo1caLcs, ue determinava inveftir fem ordem a fortificaa ca ponte. No cannho caftigou rigorofamentc GS n~Cl6:..~0res ce FeA 1dralvas
.1.
ie
PORTUGAL 1?.ESTAURADO,
dralvas por haveren1 n1orto quatro foldados nofos a fanAnno gue frio. Alojou e1n Segura, pafiou a Monfanto; e pou1643 cas horas llcpois de chegado, teve noticia 4ue o inhnigo h a via entrado pelo t~rn1o de Sab ugar., tnas corn l"'Guco effcito. (hle~ei1do itisfazer-fe, 1nandou Bernardo Pereira Governador cl2 IYio~1fanto com )OO. I~1fantes , e 6o. Cavallos a i~1terprei1der o Cal:-~11o de Payo. J\1archou elle por Naves-Frias f~m fcr featido , n1as chegou a Payo depois de an1anhecer : iqueou , e queimou o lugar, e pa-tecendo-lhe imoraticavel invefrir o Cafi:ello , havendo o inimigo ganhado -nutas horas para fe prevenir, refolveo retirar-fe; po~rn coin pouco acordo mudou de opiniao,e 111andon aos ioldados arrin1ar as efcad3s , que trazia o, ao Cafi:dlo. Obed~cera elles , n1as com ta6 1nio fuccefo, que feado rechaa(\os fe retirrao,deixando-as arrhnadas. Recolheo-fe Bernardo Pereira tra'lendo algfis feridos fetn poder retnediar el:a defordern. Nefi:e te1npo teve D. Alvaro noticia que o hli1nigo fabricava hun1 grande alojanlento no Cafrello de Alvcrgaria , hum dos melhores daquelle difirito. Deliberou-i~ a intentar a conquifi:a do Cal:ello, ajuntou 6ooo. Infant~s, 400. Cavallos , e duas peas de artilheria, e cotn el:e poder fahio do lugar da Nave a 29. de .A_gofi:o, antes de cerrar a noite. ~anEntra D. do amanheceo cheg0u a Alv~rgarh; entrou na Vi11a; Alv~f que era de 300. viinhos con1 pouca refilenda , e por ~~ia. ver- dentro das cafas chegrao os foldados junto do Cal:elloJ ~ El:ava tao betn guarnecido , que os Cafrdhanos na quizerao cerrar as portas, por n1ofi:rar que defprezavao o affalto. Jug~irao as duas peas contra a muralha con1 pouco eff~ito, refpondi:16 os Cafr~lhanos coln fete ; atirava de hun1a, e outra parte a n1ofquetaria , e vendo hum Capitao Francez cha-n1aclo Mongroy que era fem fi1n continuar daquella forte o attaque, fe deliberou a inveftir a porta do Caftello que eftav.:1 a 11erta. Acompanhara6-no alguns fold3dos, e a quafi txios , entra:-~do nelles J'Ylongroy, cufi:ou a vida a r ~folua6. D. Alvaro , reconhecendo que fora intempefi:ivo o empe1ho,que havia totna... do , fetn levar as prevenons neceffar~as , fe refolveo a fe r~tirar : repugn ..u-a-no os Oificiaes , ~ gente nobre da Pro
Provinda, offereccndo-fe a dar o aHalto ao Caftel1o. D. Alvaro' tendo ror imro1Evel ccnfCfl!r a fmpreza' fe Anno retirou. dero~s d~ ohigar a1p.~m,2s Trcras do injn1igc, 1643 que n1a1\:haY~ lle io...:corro ao CafrelJo, a fazcron o mef1110. Aquartclou-fe en1 Alfayates cem a ger:te que kv~-:.- P.ctira-fe Ya, e entendendo que O inimigo rcc!ia fazer a]QlHTia en-da cx_rug. . d ]] r ) nacao do trada, a deteve 10. d ws; po1 on a mats e a tcenct~u cdtelloa por falta de 1nantimentos. Pouco temro dErots do 111~0 fucce.fTo rlefta jornada, n1andou D. Alvaro de Al-rancl,es a Lourenco da Coita Min1oio cc1n 4cc. Infantes, e 8o. Cavallos ~a correr a campanha de Alcantara. Aguarda.. v a-o o inin1igo con1 mayor poder: retirou-fe, chegar. colhe a tetnpo efra noticia de o poder executar. Na n~efn1a . ~ noite , (1Ue chegou, o mandou D. Alvaro queimar Mo- ~ueJma. ralejo , Lugar de 1co. vifinhos, duas legoas da Cidade de l~i~~~~ Coria' e cinco ce Salvaterra. J\1arc1:ou Loureno da Cof- trGS tuc-.. ta por entre Salvaterra, e Penagarcia : entrou-o , e quei- cdfos. mou-o , e retirando-fe cem grande dei pojo, achou no caminho 300. Infantes , e 8o. Cayallos do inimigo, que o efperava; pelejou co1n el!es , e obripou-cs a i e retirarem com morte de alguns fo1ados. No mefmo terrpo entrou en1 Caftella Fopolinier,Francez de naao, Ccrrmiffario da Caya1Jaria com cem Cava11cs, e Dragoens pe1a parte de Ribacoa : c1ueimou feis lugares abcrtcs, e retirou-fe c0m grande preza. O inimigo, faPenco ue D. Alvaro efrava em Ahneida ccn1 rouco poder .. yeyo correr aquella campanha com 1co. Caval1os : faria D. Alvaro acomranhandc-o 6o. , e alguma Inf~nt8ria , e obrigou os CafrelhnOs a fe retirarem. Paffados efres rcquenos encontros, Yero ordem delRcyaD. Alvaro rara .que marchafe a Aletn-Tcjo a ie nnir a c exercito que entrou em Caftdla aqrdle Ot~tono.Ajuntcu D. A!v~ro deAbranches para efre effto mil Infantes r~r:os, nlil da 0rdenana' e )OC. Cava] 1os .. e iahio de Aifay~tes' ceixlndo nas Fraas a gwwn!ao t~a p.ente- Ja Ordenana , cue lhe foy ro1Ivel unir. Chegando ao S:l1n~aJ, onde determin~va non1ear cren1 ficdfe en1 fua ai1fencia Qcver.. na1~co c<cmelJa Pro,~incia ; teve ayifo .. cpe ci-.e~ra a Freixo de Efrada cinta hun1 Clerigo Fo'rtuguczL~ que
1:
5o.
affir-
ro
PORTUGAL RESTAURADO,
affinnava, 1~ pr~venia o Duque de Alva para attacar AlAnno n1~ida , tanto que elle fahife da Provinda: verificou-fe 1643 por outras vias eil:a noticia, e pareceo-lhe a D. Alvaro baftante n1otivo para d-dil1ir da jornada de Aletn-.-rejo. Voltou para Villar Mayor, e o inin1igo com efre av1fo defp~dio a gent~ da Ordenana que juntra; mas com ~lgurnas Tropas pagas entrou en1 Portugai , retirandoie com grande preza. Seguio a r~taguarda o 1~frre de Campo D. Sancho Manod (que havia chegado deLis.boa livr~ das calumnias que lhe emharaava a ali.ftencia do feu pofto ) tirou a preza aos Cailelhanos, e fez retirar as Tropas com algum da1nno. Sem outro fuccefio digno de m-~tnoria fe paffou na Provinda da Beira at o ... l fim de Novetnbro. E como nefte tempo, depois de rendida Villa-Nova del Frefno, fe havia retirado o noffo exercito, m:1ndou o Cond~ de Santo Efi:evao 1500. Infantes, e )OO. Cavallos ordcn1 do Duque de Alva, defejaad? que por aquella Provincia ,_ cotno mais aberta, fe co!1!eguiii~ alg~ma faca de importancia. Chegou efte .avtio a Sebafi:iao Cardofo, Juiz da Al[utd~ga de Salvaterra' e juntJ.mente de que todas as rfropas do inimigo fe prevenia para entrar por aqueDa parte: con1municou efta noticia a Ferna Telles Cota, que governava Salvaterra, e logo derao conta a D. Alvaro de Abranches, ~ fiz~ra6 prevenir todas as Pra::ts vifinhas. ()ltando o ayifo ch~gava a Segura, appareciao as T'ropas do inimigo. Confl:ava a g.1arniJ6 do Cafi:ello de cen1 ioldados pagos, e alguns moradores, tnas con1 tanta falta de munioens, que poucas horas poderia def~nder-fe. Confiandt~ a SebaH:ia6 Can.lofo o nerirro do Caftello de SeP.:ura, t'~ offereceo valorotmeat a Fern::t Telles para lhe introduzir algumas munioens. :t~ao era razao diverti_r-fe t~ ge::1erofo intento, e deixando Fcrila 'felle~ ~ iua difpot~ao Scbaflia o foccorro, efcolheo Sebafriao Cardofo )2. Cavallos de Cardot 50. qu.~ efrava6 em Salvaterr~, c repartindo-lhe pelas foccorrle garupa~ as municoen o uc pudra levar , marchou com 1 co.n va or II ). h b 0 Caflcl- -e es, faz~ndo ctrcn1os pelos camtil <?S mats enco ertos. lo de Se- Cheg8u d2 dia vifl:a do Cal:dlo, e iem diJaa cerrangura, do a 'rropJ, ro1npeo co111 tanto valor por algumas _d? tnl-
inimir:o , c:ne i e Ire t1 ppt:zera~, que perdendo f tres foldad.os er1trou no Cai1d!c. l:-".1 perava-Lo fra dclle 5c. Anno n1ofqnc-tciros: r()}"Clle tanto que d~ra vifia da fua tefc- 1643 Iuaii, i~1hir:-:.6 a facilitar-lhe o cGnnnho. Us Cafrdl~rc s vei1d o c Clfrdlo foccorrido, e desbaratadas ccn1 o ncvo Def~nfo r alr;umas ntelli ~encias, que ti11tao dtntro C.el1e, fe retirra fem outro effeito. f Na fora efre anno os fuccefTos roliticos me~os para efcrever, CjUe os _militares. No ~rindrio dd_le iuc- . cedeo en1 ]\1adnd a nnna do Conde Duq11e de Oh vares , Rmna rlo d p l - Conde que como teve tant~ r a r~ e nos !"lercc~os e <?rtupa , n~o Duquc:.rle fie arartar-nos da J:Ifiona,rartlcl.Jlanzar 1S ClfCUrfianClaS que fc rl rlefia nlateria 'toma~(.~O os rrincirios da fortuna co Cor.- notida. rlc Duque , para ficarem mais dares os n1otivos rla fua def ~r2a. Chegou a M drid 1). Ga par de G~fn1a Conde Duque de Olivares depois da mcrte de ft:us pays D. Henrique de Gtifrna., c D. 1\'faria Fimentel , e ce feu irma _mais velho D. Jeronymo de Gufn1ao- Achou Frimeiro n1obil dos nerocios da Corte o Duque de Lerma colhendo no occafo de Filirpe lU. os ultimes rayos da fua luz. Era voz commua , que perfuacido o Conde Duque de caraleres Magicos , a que indip-namente fe havia !PPlicade , vaticinando a E1Rey vifinha a tnorte, ferefolvra a felicitar ror todos os camieros a valia do Principe , e a procurar, emrenhando tc~a a df fireza , a aura rla Corte. Para confeguir hum , e cvtro intento, concorria() na fua pE'fioa os n1aycrf'-S rcquifitf's: rorq11e a difrofiao era galhar~..~a, a difcria excelJente , a li~eralidade grande' achanco nos cal-edaes que rerdou C'e feu ray, dilatadcs meycs e exfrcit~ r efla virtude. E avaliando-a pelo mais certo c:minho de a1c2118r a valia os rrinci... pes ' que ordinariamente fe roven mais pela informa.. ao dos que lhe aJEfcen1, falari2cos <.1e Ct.em fOr n1ais preo os compra, que pelo n1erechnecto da<jl1fl1es cm qu_e1n e~1pregao a fua affeiao, e a que entregao no fru petto a tua Monarchia. Cnxou o Conde a rr nn pratica efias idas con1 fngular dcfi!eza, e mayor fort11na: porque nao fazia 2c~o ; de c ue lhe na rfulta:fe gran.. 1 de lcuvor, nem defpeza , cle que fe lhe na feguif.e nlayor
12
PORTUGAL RESTAURADO,
yor utilidad~. Galanteava no Pao a D. Ignez de ZuiiAnno ga e Velafco, filha do Conde de Ivlonte-Rey, fua prima I6.f.., co1n-irma, e depois fua ~nulher, e conseguia dare1n-lhc ' .J o prhnciro lugar, afiitn no difpendio, cotno no acerto d~ todas as funoens do gabnteo. E no 1ueiino ten1ro defl::~ exercido fe foube intoduzir dcforte entre a dei:. Uilia do l)uque de Lern1a , e feu filho o Duque de U zda, nos quaes a an1bia, derogando as leys da natureza , havia enthronizado o abfoluto , e i nfdiz itnpcrio da inv~ja: porm a igualdade da valia de atnbos lhes facilitava partirem entre i a Monarcha. Concertado o Principe D. Filippe para cafr ein Frana , aJcanou o Conde . ,, Duqu~ o que mais anhelava, que era ;r nomeado por. Gentil-hometn da fua Camara. -Tanto que entrou nella, coineou a grangear deforte a vontade do Prncipe, [;;._. . ciltando-lhe os exercidos de que fo fe paga os primeiros annos, e fuave priza a que voluntariamente os Principes ie entregaiS, que reconhecendo o Duq uc de Lenna o feu efplrito, e receapdo o ieu artificio, pertendeo apart-lo da Corte co1n a off~rta da En1baixada de Ro1na , rnayor lugar do que n1erecia os feus pou~os annos. Penetrou elle facihl1'~nte que a ori!!ein deft:a fortuna era querer o Duque que elle fe perdefle, e nei1e fentido faz~ndo jatancia de 111~recer de 24. annos hutn dos mayores lugares daquella Monarchia, para fe livrar de ~a decorofo embarao, recorreo ao Duque de Uzda , iegurando-lhe o fi~u patro.:inio {er ida de feu pay apartlo da Corte ,. confentio por efte catninho ficar livre da Etnb~xada de Ron1a. Vendo o Duque de Lerma defvanecido efl:~ i:1tcnto, lhe p~dio que trocafe a chave dourada da Camara do Prncipe pela delRey. Repulfou elle defcu!Jcrtan1ente eft.:1 pr..l.LHca, e foube com mita deftreza introJuzir no coraa do Princi pe a fua fineza. 1\1 ultipJicou o Duque d:~ Lenna as diligencias, ora intentando a fora , ora tentando a manha ; porm fetnpre prevaLx~o a indufl:ria do Conde Duque : e querendo ferir p~los n1efmos fios, foube accreicentar de maneira a di i: con.lia entre os dous Duques , pay , e filho , que fendo efficx~ iailru1ncnto Fr. Luiz de Aliaga Confdfor JelRey , teu-
p .ARTE I. LIJ7RO
JTff.
te1do ja o Duqtie de Lerma ~ Capello de CarJcal , ( qve . grangeou rara retiro (!a ddgra~a qt!e o an1caava) fe Anno refol veo E!Rcy com e1 r? r. to unt \'ert~l a mar:d-Io iahir 164. 3 ca Corte. Depo!s _da ddgraa do D~JC_,_lle de ~crn::l' lc- Sahe da grando toda a yaha o Duque de Uzcda , f81ou EIRey a Curte 0 Portnp:al 'e yoltanco r:tra ]\1adrid '2cat~{:U a vic~~l. Ach:~- Lt:qt!C de va-ie nel:e tetnpo o Conde enl SeYilha ' r2ra once }~avia ~c:rn:a 1 ra1Tado cOnl o finl de accrefcentar os cmrenJ,cs da fua araea. cafa, rara fl1fr~ntar os arpetit~s do Frincire, que corria por conta (!os iet~s cabedaes, iemeandc-os corno l-cm lavrador em terra nova com a certeza de Je lhe mtl1tir1jcaretn os frulos.I-Iavia deixado, afrl:indo em ft.u lugar ao Frincire, a l). Balthazar cle Zuiirra feu tio , aue o ama v~ com affetl:os de ray. Era hv~11 Jos mais acr~ditados J\1in;firos daquelle teffiro , e as fuas virtudes lhe haviao grangeado a preetninencia C.eAyo do Principe. Cem toJos eil:es rec;uifitos caminhou D. Balthazar a intro(.~uzir no animo do Principe a ir.clin~2o co Cone e , e (~e toco ficou iegura com a fua indufrria. Vendo D. Dalthlzar que a doena delRey o concnzia rrorte, mancou era~ mar o Conde a St:vilra: chcrcu cem rrevicace, e confiando-lhe que o Dt1que de Lerma, tendo noticia da rr.orte delRey' C:rr.inl:ava rara a C0rte' otj igou ao Pr!ncipe a que paf!afle orcem qee fe retiraffc, a que elle fen1 replica obedeceo. Moito Filipre III., tomou rof"e da Coroa feu filho filippe IV. a 31. de Maro do anno de 162r., e no rneflT!o dia da 1\Ionarchia (1e Hefpanha o Conde Du- Fntra na que de Olivares. A primeira diligencia, q11e fez rara efm- ,aH_a de bel~':_er o ien itnperio , foy lanar da Corte o Duque de f~~~c.: tJzcC:a , o Confeffor delRey defunto , e todas as pefTcas deDuque obrig8.das por beneficias a efte partido. Introeuzio na Camara delRey' e Jugarf'S mayorcs 'tOGOS feus rnrentes ' e aliados, e a el:2s politicas 2juntou todas as que podiao fervir-lhe de fegurana 'na peroan(.lo' ror fuftent~r o feu pol.!er, a q11antos exceflos enfraqrecrao aquella J\!onarchia , como largan1ente referon todas as hiftorias rlefte tempo. Chegou o anno de 164~. , e 1evando o Conde Duque infelizniente ElRey guerra de Catalunha, fi(:OU
14
cou a Rainha gov~rnando cn11\1a.driJ co1n grande acceiAnno taa de feus Vatlllos,rcconheccndo todos os _tnuitos qui 1643 lates da fita prudcncia, que c:t aquelle tcn1pol11e nao deix~irao rnanifeftar a&--nrizes ouc lhe havia lanado a tJ'rannia do Conde,e Condefa de Olivares ua Carnareira mr. Foy efi:e o primeiro ~cl ipfe qu~ teve a valia do Conde A Rainha Duque: porque a Rainha con1 a ltb~rdad~ de governar rehc mfl:ru- conheceo todos os paffos do lahyrintho d2Guel!a Corte, e ~ncnto_ da tanto que E1Rey voltou de Catd1unha , lhe n1anifeftou 1Ua ruma. . .quanto l1av1a alcana d o ne1l a tnatena. M o fl: rou-lhe co1n evidentes provas , que das maliciois politicas do Conde fe origin3ra6 os graves damnos daquelleimperio. ElRey, fazendo refiexa na prud-cncia que a Rainha havia tno:.. trado no tetnpo que governou , con1eou a dar n1ais cre... dito s fuas propo1ioens , e a Rainha, vendo que o fogo achava materia, lhe ~1pplicou novos i1centivos. Avifou occultatnente Duqueza de 1v1antua ( que efl:ava detida etn Ocanha por orden1 do Conde Duque, porque receava que ella fallaire a EIRey nos fuccefios de Portugal) que viefe Cort": com pretexto de tla pod~r tolerar o tno trato que padecia, que era deiorte, que chegava a ful:~ntar-{e das cfmlas dos Conventos. t.Ja dilatou a A ~u~~:- Duqnez~1 dar el:a ordem cxecua, chegou ~ MaJrid , ~~a ~nf~~= facilitou-lhe a Rainha audiencia de1Rey a pezar da indufma a EI- ftria do Conde. Fez a ElRey hnxn Jargo difcurfo, cm que Rcy_do lh~ n1ofrrou cTaran1ente 7 cm e os excdl'os, e erros do Conqu~ tgno- de Duoue forao qua total caufa da e!1r-uaa de Porturava. l -1 1'. . d a 1Ua 1etra, '" ga~, e entregou- ne vanos pape1s , e cartas que juftificava efta verdad~. Ouvio ElRey a Duqueza com grande atten1, e a cfla noticia ajuntou a Rainha outr~l diligencia nao menos efficcrz, que foy llUma carta Carta da que fez vir do In1perador para ElRey. Frefentou-Jha o I,mpcr~,- .1\larqucz--de Giena feu En1baixa.dor naquella Corte, e oor. continha dilatadas provas , que faziao ao Conde Duque .author de todas as deigraas de Hcfpanha. Vacilava com todos efl:es combates o animo d~1Rey : porm nao fe acabava de rfolver,Iigado da aftucia do CondeDuque.Com a notkia d~ite prhneiro movitnento pedio elle licena a LIR_ey pcira fc n.:tirilr para hum Lugar eu chamado Loe .. ches:
J.
PORTUGAL RESTAURADO,
J.
PARTE I.
LIP~RO
JTJJ.
15
ia a diligencia
cbcs: E!Rey JLe rdroncko, C1 l1C 'cntir:t;:f~ cot:~o ce antes no t:Xt~!dcio ,J Fov-.Tno. I c1n. l'H1c{J..-.o l'~, 1..< n:- Anno hat~s,e n~~dco:re [t._lrtl.ma l1 0 C<'n<~ u:ytlh j,~3,t l".r.f;"t- 1643 da da fu biifrenci:l de tantPS anr os .I\ r<-.!<')' mn:cs r( <\re, c~ue .t~z f) .A11r.a <~t: lt:eYarra , a "ttnl
E1Rey d~Yia o nlin1cnto ccs r11m.ciro~ ..;nncs, c l1 C iempre cfrim~~r~1 ror na~ito zelcia co ku (~tl~dto' e utilit~~:(e. La,-:..cot!-:1 o Conde rl1que da Co' tr por jer ccpEn(~Cnte {10 Duq~1e d.e Lern1a, e ravia ror c-rctm d~ HanJ~a yolt~~o a ella : prcfcntoe-fe diante dcln.ey, e redio-lhe ue a Cl!- DiJigcn:: vii1e. Ve~~Yc-1e cllc , qpe h ia a entrar no q t:artP <~a F ai- cia de o. nha, e Exps ella C<:'Il1 t fFc~zq; r70fTS o rerigofo efra- AGnna de 1 1l.. uevara 1 ... d Ola T',Cf'l!l!.JGl, e DIC'HlC.ll CCi~1 evJCentcS pr\-:lS, <}t:e amadcf. o Conde Uuquc era fonte de tod?s as defgr~:1s, ora Jari- Rc.-y. ando Jc. Corte ror ociio cs Inell~ores J\1iniftros para o goY~rr!o, ora f~znH.!o ror c:rrid o caminl~ar cs exercites ~total rui na: que o r:n;cdi0 de tal!tos males era refolver-fe Sua ],lag(JlaJe a ferA tbnte cle fi meno , porC1uc apartando o C~nde l:l;Cjtle {la fila affifrcncia , e ton1anldo conhecitnento ccs ncrcd<s, c.s reduziria ~ conycnifntc frma , e ceflaria a nnJnrvrac~ de feu$ VfTallo~ , cu e con1 triil:e fileecio er!tcndi.(} c11e da fua omifl rrc~cedia a defgraca do feu Imrcrio ~, rt>duzi~o a t[!nto aperto, que do :florecer.te efrado cn1 cue ieu pay o deixra , .h;:via o Conde Dtque arartado .Ldelle o Rtyno dl J'ortvf"al com todas as fu2s dilatadas concuifta~ ; que Cat2h~nl1a efiava quafi toda perdida , Sid1!:'1 , e J\1 Hao vaci1~ntes, F"Jandes Inal feguro' e tocos os Reyncs !rrifcadcs: rorCJUe os cabeda('s efh:.va ~::xtinros, os Grandes dcitcrrados, e os Povos 2c.fcC'r:ten~es. ArradEcco lJRey a D. Anna a verdade , zt:!o , e refoh:a. c;vC' tivera , e ajuntando.-fe a eftas rlilip-eDci~s outras nmito effcazes , veyo ElRey a tcn12r a tdtir~1a cetr-rmit~Ga a 17. de Janeiro. Ultima Efcreveo da fna propd2 n-;.a l'llfl1 efcrito ao Conde ~l~ refolua5 C!Ue, e1n que lhe iizia , que o aperto daquella Monar- cldRcy. chb o obrigava a trat3r pefloalmente do governo dd1a , e que por efie rei pe1to lhe concedia a 1icena , que J11e havia pedido para fe n~tirar da Corte, dando-te por bnn fer... v ido da fua peffoa. i\ttonito o Conde Duque defra refo-
luao,
luc11, remett~o o rn~iino clcrito ddR.ey- Condcfla . .4..nno fu~ rnulhcr, que fe 3:ch~1va naqudle ternpo em Loeches. 16-~3 T'a~1t o que ~lla rec~bc~o efrc avi 1o, partio .. J.-~~ra M~bdrid em _luma Carroa. 1egou pe1 meya nou:c , e cu erta a de af:con1bro, e de lagrimas, con1n1unkvu con~ o Conde feu 1n::trido a defgra~1 de ambos. Intent.ira dei vanec-la co1n varias dilirrencias, e achando cortada a eil:rada Real, e os atalhos defundidos, f;:! fuj~itou o Conde Duque a feRetira-fe guir o ca111inho tl~ Loeches, que f ach<:~V~l defembaracao Conde do. A 25. de janeiro entro_u ern hu1na Carroa, l~vando aLocdles cornfigo o Padre Ripalda ieu Conf~fTor, e cainii.~hou para Lo~ches feguido d~ 1nuitos parentes, c atnigos eus, mas na confentio que algum delles lhe fallafle , nern no catninho, nem depois etn Loeches, tratando cit moil::rar ao n1undo que ie entregava todo aos exercidos e i pirituaes. Tanto que parti o de Madrid , chamou EIRey a Con{elho de EftaJo, e diTc s.ue havia concedido licena ao Conde Duque para fe retirar , que ell~ por varL1s vezes lhe havia pedido, e exps largamente a refoln.5 .que ton1ra de fe de'-Hcar ao governo de ieus R_eynos, e a emendar os deiconcertos-que os arruinava. Foy gran.. de a fatisfaa de toda a Corte , aiim do retiro do Conde Duque aborrecido att! dos que havia beneficiado , como da difpofiao, que ElRey 1nofi:rava para tratar do governo : porn1 durou-lhe pouco tentpo a ElRey efte virttiofo zelo, tornando f1cillncnte ao~ prhneiros, e antigos habitos O Conde Duque na affifrio muito tetnpo ~m Loeches , porque lhe chq?;on orden1 para ie retirar para Paffa a 'I'oro, a que elle fen1 replica ohedeceo. ElRey, qu~re:1Toro. do dar a entender que o Conde Duque fe retirra por f1.1a vontade, continuou nove rrtezes etn moftrar Condeffa fua mulher as mayores apparencias de agrado, deixando lograr-lhe todas as prerogativas da occupaa de Camarei r~ lllr' e o Inefrno favor tnofi:rava a n. f-Ienrigue de Guima Gentil-hom,~m dafua C:Jn,ara,dedarado por filho ba!b.rllo do Conde Duque, levando-o a efra extravagancia a morte de fua filha unica D. i\1aria de Gun~6., de pouco ten1no cafada con1 o M:uouez de Torai. Caiou o Conde Duque a D. Henriqu.; dc.1Gufn1ao com D.joanna
16
POR1JGAL RESTAUR""1DO,
de
de Ye!afco filha do Condeil:abl,;! de Cafi:ella ~ c para confeguir el:~ matrimonio ~ cJcanda!ofamente repncliou i). Ann Henrique a l). Ifahcl c~e Anverfa n1ulher ~e hvmik~e 1643 condi l, e baixo trato, c difrmu1ou a Nobrtza de Caitella a aftiont:l qt!c padecia, por Jizongear o Co,_nJe ~1uctw. Porque na~ i ic-via ;1dle toJas eftas dctormt~des, iena que i e tinha por indubitavel, que D. H~I.ulque na era filho cio Conde Duque, por haver naicJC~~ Filho fupde ht11na mulher que tratava con1 vari2.s peloes no n1ei- po~o do tno tempo em que o Conde a communkava, e ror ei1: ~~-e Du.. refpeL:o te havia criado D. Henrique, a quem chamavao antes D. Julia6, en1 cafa de D. Frncii(o Yalc-zel Aka~de da Corte, aflitindo nclla etn n1uito humildes exerucios , de que o tirou o defordenado capricho do Conde Duque, para o fazer feu herdeiro , e o levantar grandeza, que neite tetnro lograva. Na6 contentEs os emulos do Conde da fua defgraca, e de terunl..1nado dos lugares n1ayores os fujeit~s que havia introdu"zido nelies, receando que as diligencias da Condefl , e ce D. Henriqtle foffem poderofas para abrandar o ani1no d'ElRey kn1pre inclinado ao favor do Conde, viera6 a '-onfeguir ,{endo Fr.Joa6 de Santo 'fhoms Confefor cl'ElRey o rrindpal infrrumento, eftando Ell-tey en1 C,aragoa, que a 2. de N ovetnbro fe dere ordem fua Conde1Ta para ahir de l'!Iadrid , e a D. Henrique de C,aragoa, levando a Condeila comfigo a D. Joanna de Velafco, mulher de D. Henrique, digno emprego de toda a hdlirr.a; porque havia confentido por fora naquel1e cafarr.ento , e via dei:. vanedda at a appare.ncia da grandeza de ieu ~rarido , fi.. cando-lhe f a baixeza do fanr-ue de cue fora geraco. O Conde Duque veyo a morrer T oroJ. no ann~ de I 645., 1\iortc:" do e pafando por Ivladrid para Loed:es o feu corrl', onde Co~d:. ft d ~ r rromt>l0'" t:_ra o i eu enten-o , e an o o Ceo claro , e o ~ol 1ereno, f:1. ie ~obrira6 de nuvens, e crefcetJ deforte em hun1 jnfiante a tempeftade, que com terremotos rouc2s vezes vif:. tos cahira6 muitos ravos. Intercretra6 n1aliciof2meete os Caftelhanos que o demo!lio, cf 1n ~uem mP1mur2va que o Conde Duque tratr:l etn Yica ; 2ete!"minaYa por Divina Providencia tomar roife do feu corpo morto, e r B para
r7
em
z8
PORTUGAL RESTAURADO,
para fundar cfr~ difcurfo , trazia tne1noria os exce.fTos Anno das Religiofas de S. Placido exatninados pelo Trihnna1 I 643. do Santo Offido , e outros defconcertos , que pertendiro bufcar para confirmaa deftes mal fundados juizos, querendo offender morto o mefmo que idolatrara vivo. E com efres, e utros fimilhantes defenganos fe nao cana a ambiao dos homens de proctlrar a valia dos Princi.. 1 pes, vendo que os que melhor livrao, nao e1cara de tefrimunhos de11:a qualidade: e fe acafo acontece ferem . efi:as vozes verJadeiras, vejao o fru~l:o que fe colhe da fortuna da valia. Foy D. Gafpar de Gunao, Conde Duq~e de Olivares, hotnem d~ pouca finceridade, de grande . 20 do iob~rba , vaidade fen11imite, e de nenhum agradecitnenO_ . Jul Conde to. i eu engenho era elevado , e peri picaz , 111as ta exDuque. travagante, e caprichofo, que na fe contt:ntando jmaisJe opinioens alheas, defrruia fempre as i ubtilezas pro prias. Paliando, era eloquentiffimo, e efcrevia com grande artificio , e diicria. Havia efrudado o que bartava' rara ~ tingir de todas as iciencias, mas nen1luma prot~ffava con11ingularidade. A grande experienca do go-. verno lhe dava preilunpa para dizer, que tinha na cabea as regras J\lilitares, e Politicas de todo o mundo. ~ra na apparencia dos !legocios facil , na concluio di~ hcultofiilimo : filas conlervou fetnpre a virtude de fe nao. deixar corromper do interefe , antes do eu proprio ca-' bedal acudia n1.uitas vezes aos apertos da Ivlonarchia. Dei:~ava-e tratar de todos os pertendentes , e para ter tempo de affifrir s audiencias, fe levantava todos os dias hutna hora ante manha, fendo a primeira..acao ouvir .Nlifl, a que commungava. J\:las a frequencia dos Sacramentos, que em todos he virtude, parecia nelle, pe!os excefios da vida, facrilegio. Fallava a ElRey tres \Tezes no dia, pela manhaa, d~ois do jantar, e noite. Kef~ tas horas lh~ dava conta dos negocies , de que lhe refultava contentamento , encobrindo':.lhe os fuccefios, que lhe podia cauf.r enfado. Com efr~1s, e outras artes governou o Conde Duque ta abfolutaJnente a .1\fonarchia de Hei~Janha 11. annos, que at aque1le tempo fe na hlY1a ~o-1hcddo nella Ivliniftro con1 mayor poder: porm jufri..
ficando
19
ficando o proverbio, de qut.! na ha n mun(.~O felicida(.~e fegura ate o fim da Yid_a , veyo a acabJ-L1 en1 l:un1 _deHcr- Anno ro, deixando con1 as iuas acoens pot:co applaud1da na 1643 pofreridade a fua mcn~oria. . . A rneiina fatalidade do Co1llle Duque, f~ na? com n1ayor poder, padeceo em Portugal cc.n1 mayor caitigo t'rancifCo de Lucena, prezo na Forta-leza de S. Gia pelas caufas de que temos dado noticia. Continuava F anci:co Lopes de Barros , e Chrifroya Mouzinho a devafl de fuas culpas ; e achava ta pouco fundamento nas que lhe arguia, que feus an1igos com efra noticia o aguardava refl:ituido , na f s primeiras occupaoens, ~1as a mayor fayor d'ElRey conhecidamente i_nclinel:do a<? ieu grande merecimento: porn1 htun novo h.1cceflo def ... vancceo todas efras efperanas. Aif.i1ia em Elvas o Con de de Obidos f!overnando as armas da Provinda de Alentejo, e recolh~ndo-fe h uma partida , que haYia mandado tomar lingua a Badajoz, encontrou hum n1oo que vinha d~quelJa Cidade; prezo , e examinado , achara que ferVia a D. PedroBonete Ajudante de Tenente do J\1efl:re de Catnpo General, filho de hum Catala , e h uma Portugueza, que depois da Acclmnaao d"ElRey havia pafado de.Cata~unha para eile Reino, oi1de .havia nafddo. Leva ra os io1dados da partida efl:e moo ao Conde de Obi~o.s , que rt:conheceo logo na fua perturba<-". a fua mahcta : apertando-o, declarou que havia paflado a Badajoz com h~1mas cartas de feu amo para D. Joa de Garay, e D. Lutz de Lencaftre, e que entendia que tr~tava com elles entregar-lhes o Forte de Santa Luzi :a, ql!e efrava governando. Feita efia confifa, 1nandou logo o Conde de Priza de Obidos prender D. Pedro Boncte, e accreicentou-fe cer- D. Pedr~ ~eza da fua culpa raflr a Elvas de Badajoz hum Holan- Eonetc. uez, e obrigando-fe do bom trato que n=-~ebeo do Conde, lhe entregou hnma carta, que trazia de D. jo2 de Garay para D. Pedro, que confirmava nas circunftancias a conhfa do feu criado. Derao tratos a D. Pedro: porm na querendo declarar nelles o feu delito, foy recolhido priza, aonde entrou a fallar-lhe D. Joa da Cofl:a, e o sua con.. pcrfuadio a que confefa1re , o que elle fez com mais in- fili. B ii dufuia
lo PORTUGAL.RESTAURADO, du!hia qu~ v~rdade. Difie que, fervindo en1 Catalunha, Anno o chan1ara o Marquez de Inojoi, que governava as Ar1643 nlas daquelle Efrado , e que o n1:1ndra viefc a Portugal trazer hurn n1ao de cartas a D. Joz de JVlenezes., Governador da Fortaleza de S. Giao, e que '-por 1tisfaao de feu trabalho lhe dera dous 1nil e quinhentos efcudos, e h urna cada de ouro , e que co1n ci~e cabedal pafTra Arrochela em con1pa1hia de outros toldados PortugueZ:!S , e que ant;:s de fe embarcar lhe difera hutn delles, ch1n1ado J\ianoel de .A.zevedo , do Habito de Santiago, que trazia tres cartas , h uma do Conde Duque, outra de Diogo Soares, a terc~ira de Affonfo de Lucena , e todas para feu pay Francifco cle Lucena; que fe etnbarcrao , e que chegando elles a Lisboa, entregra a D. Joz de Menezes o n1ao que trazia , e que D. ] oz o n1andra fervir a Elvas, advertindo-lhe que nao acceitafie PoHo, porque na Primavera ieguinte o havia de ajudar a hurna facao de muita importancia , a qual era , conforme elle cntendra , entregar a Fortaleza de S. Gia aos Cafl:elhanos : que pouco tempo depois de haver chegado a Elvas, por varias vezes dera noticia a D. Joa de Garay de tudo o que julgra conveniente Coroa de Cafl:e11a , e que antes da fua priza , fingindo que ]lia a Extretnz , paHara a Madrid , onde dera conta : Rainha , que governava em aufencia de1Rey, de- tudo o que havia obrado , e que de prefente tratava con1 D. Jo36 de Garay de lhe entregar o Forte de Santa Luzia ; e que para i~ltisfazer efra promefla haYia ganh?do iete foidados , que nomeou. Porao efres logo prefos, c. dentro lle pouco ten1po fo]tos, jufrificando facilmente a fua innucenda. D. Joao da Cofra deo conta ao Condedebidos da confifl de D. Pedro Bonete, e cont!derando o Conde a i1nportancia defra n1ateria, ordenou a D. Joa qt.:e paffaiTe a Lisboa a dar a ElRey conta della. 1~omou D. Joa a po{~a, chegou a Lisboa a 9 de Janeiro, fa11ou a J::1Rey, que depois de difcurfar a f!rvidade defre cafo, ie reiolveo a 1n:1ndar prender D. Toz de Jvlenezes, con.fiderando que, em materias defra qualidade , os que e: capa6 de delinquentes, na rdenl deixar de fer defgr~ ,_
do:;
21
elos; porque peza tnais con1 alguns Principes os tna1es 1 que poden1 refultar iua J\lonarchia que os t~frimunhos, Anno que ie podetn levantar a fcus VafTailos: fendo tal a hagi- 16 43 }idade hutnana , que 11C111 he icguro O b0111 rrocedim.ento j dep~nd_enuo o credito rrorrio da vontade alha. 1.'omada t:fra reiolua , n1andou Pedro Vidra da Silva , que havia iu~cedido na occupaao de Secretario de Eftado a Francih:o de Lucena , chatnar D. Joz de J\1enezcs Secre- Priza",de taria da parte ~~1Rey. QJ1ando cheg~ni ,_ o efrava aguar-~- :~~e dando D. Ant.u de Almda, ~ D. Lutz ieu filho ; entre- zes. t: ou.. tiYera-no at chegar Fruduoio Je Cr.n1ros Barreto, Cor- tro:t .. regedor do Crin1e Ja Corte, que o levou en1 hun1 coche prezo ao Lin1oeiro. Na mefma tarde forao prezos Cl1ri1l:ova6 de Mattosde Lucena, irmao de Francifco de Lucena, feu filho 1\Iartim Affonfo , e dons criados feus. 1\1a;. noel de Azevedo, que D. Pedro Bonete havia referido , efrava na cad a por outro crin1e : recolhera-no caf do fegredo, e prendra6 Francifco Dornelas da Camara , author dos bons iccefios da Ilha 1'ercdra, na tendo mais culpa que ier a~1igo de Francifco de Lucena: exeinplo muito digno de ie ponderar ' porque nao bafrra rara qualificar as acocns de Francifco Dornelas, nem obrar as n1ayores finezas, nen1 yencer os n1ayores perigos; e patfando de n1ilitar a cortcza, alcaeanco na an:iza.de do n1ayor lvlinifrro para os ouvidos delRey a melhor infor rnaa do feu procedimento, bafrou hum ta leve, e remoto accidente, para dehuir as betn fundadas, e merecidas difpofioens da fua fortur:a. T2.o re1igcfo he o offi... cio de toldado , que paliadas as occa1oens en1 _que os Principes neceilita do i eu pn.fiitno, nao 1-a a!in:rfe ta firme, que os iegure da menor ten;pefradE'. fovczs 1~oras antes de chegar a Lisroa D. J o.o "~a Cofia haYia EU\ ey tnandado a Pedro de J\'lenuca fortaleza ce S. Cia6 com ordem para foltar Francifco -de Lucena, ror fe lhe nao J1rovar alguma das culpas' rorquc o C2.fitu1rao. Levou Pedro de Mencloca a D. Luiz de ~~oronha cvr.bn(~O de Francifco de Lucena , e por ter cotn elle dl:reita arr.iz2de - nao dilatou a jornada da FcrtaJeza de ~. Gize. EJRey, tanto que chegou a noticia da conETao de D. Pedro E cnete, mandou para S. Gia a Jorge de Ivlello , General d~s B iii Gales
12
PORTUGAL RESTAURADO,
Gals, levando _ cotnfigo a l:,ftevao Leitao de Meireles , Anno Corregedor do C rim:! da Corte, com o ~-detn para que Pe1643 dro de J\iendoa lhe entregafe Fraaci1co de Lucena. E para que efl:~1s difpofioens fe executailenl f;:In etnbarao, ordenou ElR-:!y a D. Alvaro de Abranches, que n1archaffe para S. Gia co:n tres c~)mpanhia:; de Infantaria. Todas chegra de noite vifra da Fortaleza. Ao romper da tnanha efcreveo Jorge de MeU o ao Tenente que .a governava, Antoaio de Barros Cardoio, dizendo-lhe que trazia - ordem delRey p~ua elte lhe . .entreg~r .a ,Fortaleza' e que em quanto fe dllatafle , nao permtttlile que fahtffe da priza Francifco d! Lucena. L<.!VOU cfr1 orlletn Pedro Ferraz C.1pitao de htnna das Gals, e entrando na Fortaleza, a e~1tregou ao 'fhen~nte. RefponJeo-lhe, que tinha outra delRey em contrario daquella, e que detenninava execut-la prhneiro. Chegou ndl:~ tempo Pedro de Men-doa, e fen1 pr~c~d~r algmn exatne, prendeo Pedro Ferraz, e v~ndo ch~gar FortJ.l~za a Infantaria , lhe per.. guntou que gente era aquella , e quem a governava ? Refpondeo-lhe que D. AI varo de Abranches , que fe ~lcha va en1 Lisboa , e Jorge de Mello. E inferindo defi:a noticia, obrigado da paixao de V~r baldada a fua diligencia, que a ininlizade, que os dous tinha cotn Francifco de Lucena, os o~rigra a efre exceflo , difle ao l."'he~1ente que 1nandafic afdlar contra elles a artilheria ,1 porque erao iniJni~os da confervaa do Rey110, e qu ~ri:1 deftru-lo. Adv~rtio-lhe P:~dro Ferraz que aquelles Fidalgos vinhao por ord~m '-~~lRey, e que a caufa defta novidade fora defcobrir-ie, d~pois delle partido de Lisboa , h uma perigofa conjura<t. Ficou Pedro de Mendoa n1tlito confufo com cfl:a notia, e chegando nefte tempo Jorge de Mello, lhe abrirao a porta. Deo a ordem delRey ao Thenente, e prendeo los! O o Corregedor da Corte a Francifco de Lucena , e P~iza_noentrando com elle no coche en1 que hia, o trouxe para .o Ltmoeno Lin1oeiro. Jorge de M~llo ficou na Fortaleza , D. Alvaro, de Fran , _. r dfco de e os rnJts vol tarao para L"1sb oa. Antes que F.ranc11co de :Lucena. Lucena chegaffe ao Limoeiro, fe divulgou pelo Povo o feu novo ddi.:to , e concorreo com tal furia febre a carro... a em que hia' que lhe tirdriao a vida' fe a nao defendra h uma
hun1a Companhia G_Ue lt:vava ce guarda ' r ara a r~rder com mayor affronta. O I> ovo, contit~uaeco a furia comc-Anno ada, 1~ alterou dl.forte contra a :r\ ol::rcz ~ G_t;e ~oy.ne- 164 ~ celario a r.lRcy grande diligo-:da rara c arriacar~ Atera-~ Prczos toclos os que L\ fc(1 ro Fcn<.te }[.via de-o Povo. nt1nciado, e havendo elle cLcg2do 20 Lirrociro, mandra os j\linifi:ros de Jufiia fr a tcrnit:lito a I~. Joz de .1\lenczes, ien1 lhe vakrenl cs rrh:ikf}cs c i inrocencia' da idade, e do valor. Ordenara-lhc c.ue detpiflc os Jvl irfhos C.l.tle lhe ~tlftia' falhmC:o-ihe ror ys. Elle cl}~yo de dririto os rt:rrehet~dto, dizo:lo: s_ue EIRey ieu Senhor n~ mancava CtlC ufaiTenl CClll elle ce termo's 1 indigne~ fua qualidae"e ; e qt:e i c~ trates, c. ue lhe d~~ va, eraopara confd~ar o que na fizera, qt1e inutilmen.. te dif pendia o tem o , Forque on Cafrdla os padecra, neganco o qt1e havia feito: Glle l:.lR(y r.2 tinta Vai~ 1allo mais le31 ct~e elle, como em n1uitas occaficens rr.oftrra , e jufiifiG.ria at o fim da vica. ~: a lle va!eo a confi:ancia s_ue n-.ofiraya : fl1Zerac-no a tormento, e padeceo fette tratos ta o afrercs, que lhe chegrr.o os cor Valor d~ Jeis aos oflos, de uc a carne s_ue_ f.cou_ pegada ao potro ~i~e~~ fe Jefunio , bt1icanc~o refugio na caLia do torn1ento ,zesnotor fOf11;J fidectr O IlfOrofO effejto G_UC Jhe Cccafionava. n~c~t~ VcnGo que l~l (Ct~fdi~va, ncn1 tirava caraz de 111ayor ma!sngoe 1 1\.1 11 fi" , ngor, o c~txar~ cs JnlntHros d e J1. ~a, e vtnt~o a cu .. ro1o. r-lo o~. L.irurgiecns, julgat:(~O_ c.i.Le ifrjc. i_nt:!eis os ren1eGios, o aclr~:-: tao vir-_oro1o, c_;tJe 1"!26 i iarotr (:os trato~ dentro de J Ctlccs dias, mas ficou cs annos que viveo fcntindo menos achaques da gotta , dos que at aquelle terr.po ~ Inaltratava .. E parece que foy providencia' f2-f,~iEco-lhe Deos o ioffrimento , COlll que radeceo tantos torn1er.tos fem culra. No rrefn1o dia levra tratos dous cri~l1 0S de Frandfco de Luct:La, e na confrou da fua ccnf.i126 drct~nftancia, que} udtfle juira. n1ente aggrav:u o feu celilo. Da n1efma forte foy rcfro a torn1ento .1\'lar:cel ce Azevedo , que eta o que D. Pedro Bonete havia dito que trouxera as cartas para Francifco de Lucena. Tres vezes o puzerao no rctro, as cuas rie gou at apertarem os ordeis, e tanto qt~e hegava a
lJ
ie
. .1
Biv
ma~
~4 PORTUGAL RESTAURADO, r t n1altrat-lo, dizia que queria confelr ; em lhos affroAnno xando affirmava que padecia fe1n culpa. Portn vendo ui1643 thn.1mente que nao achavanefra afrucia remedia, dife, Confil que era verdad.e que elle dra a Francifco de Lu~ena as fufpcito .." tres cartas no mez de Mayo antecedente, el:anuo EJRey fa. na quinta de Alcantara , que as cartas vinha todas ent hutn mao, em que difcordou do que D. Pedro havia confefido , E infrando-lhe, con1o foubera as pefoas para queni vinhao? Refpondeo , que lho havia dito o Conde Duqu~. O dia feguinte vindo os ]\1iniftros de Jufria ratificar a co:1fiTao para a fazer juddica, duvidou Manoel de .A.zevedo de ton1ar jura.mento ~ portn jurou ameaado com fegundos tratos, roofrrando en1 todos os al:os, que o tetnor dos tormentos. o havia obrigado a confeiTar o que 1~a~ fiz_~ra. O que mais aggravou os indicias contra Fran. clic0 de Lucena, foy huma noticia authentica, que deo o Padre Francifco Manos Religiofo da Companhia de Jefus , que naquelle tempo havia chegado de Cafi:ella, que afi~gurou ouvir em Madrid, que Francifco de Lulndidosj cena conreipondia cotn o Conde Duque. Ajuntou-fe qufcrc mais aos autos h uma carta , que EIRey mandou aos crc erao. Juizes delles , co1n htun Decreto, que declarava fer a pefoa que a eicrevra de grande confidencia. Dizia a carta : que em J\'ladrid fe eipant~:\ra os Miniftros daquella Corte de na entrar Francifco de Lucena na coni}.1iraa6 do Arcebifpo de Braga: e advertia-fe nella con1 ..apertadas infrancias, que fe diflefie a ElRey que fe na fiafe de Francifco de Lucena. Com efi:as , e outras provas de pouca confideraao foy procefada a caufa de Francifco de Lucena ; e no n1eilno tempo etn que fe continuava _o procefo , fugra da cada Antonio Coelho : porn1 forao Dom Pedro Bonete , colhidos por fortuna do Carcereiro~ a quem Ell\.ey havia mandado diz~r de iila jufti3.. R.ecvlhidos prizao , os puzerao a tonnento. Difre D. p.~dro, que Antonio . Coelho lhe havia communicado que encobrira na confif~a dos tratos, que lhe dera, haver trazido cartas de Caftella a feu amo Franfco de Lucena, e que 1he ouvira di~er, que, fe_ tivera feu filho eLn Portugaf, havia de fa-
~r
'
ie
ol.
zer
L"l
lS
zer huma r;rande f:1eao. Derao iegundcs tr~t?s a i\ntcnio Coelh0, e conteftou nelles con1 a_c~nfih1 o d~ D. ft- Anno dro' qtlC foy a ultim~ niina de Fr~nCJico (.~t' ~ucena. o~ 1643 dous, e J\la::oel de ~zevcdo fo\ao ientenc~?tO~ a arra1tar, e enforcar. D. I edro, quanoo lhe lera o a ientena , fez huns embargos, ~ ded:1rou que tudo qu~nto havi~ Retratadito en1 Elvas era falto, afl:n1 em fe ccnn;vmcar ccn1 D. fe D. Pc:.; Garav' cart2S Jcl C MeJoao de.que lJ1e COll10 enl trazer fi"1~Un 11 a ,D.ro:. lhe pare- droBone. Jcvar...ta.ra efi_,e t~ ' te. nezes : ~ 1 cer que com efia not1c1a nao fo alcana na hb....tuade, fe.... na6 ht1n1a grande n1~c, e que ror afli~hado de D. "')o-' z fe kn1br ra primetro d~1l~ que de outra peffo~. Ma- noel de Azevedo tan1bem dtlle que, para morrer Jen1 efcrupulo , cleclarva que nao trouxera cart! algunla de Cafi:el1a a Francifco de Lucena, e que fe o havia dito, fora obrigado da 'or dos tormentos. ~xecntou-Je em ambos a ientena , e. Antonio Coelho i e livrou da morte por _perder o juizo. Francifco de Lucena foy retnettido J\Iefa da Confcienci~_ ror ter o Habito de Chrifto : re1axarao-no ' e vindo a rcrguntas diante dos Juizes ' na o con' feranclo coufa alguma do que lhe perguntrao, o puze... rao a tormento : rorm era ta o debil, e de tantos annos, que no pritneiro trato Jhe deo hutn accidente de qualidade que fen1 outro exame o recoll1rao prizao. ~ Entendendo o~ Juizes que as rrovas , que eHavao exanlinadas, era o baftantes para o ientenciarem morte , a 11: de Abril Jhe lanra a fentena con1 os fundamentos feguintes : ,, Qpe o Ro, fendo Vaffa11 o delRey, e feu Secre- Sentena ,, tario de Efrado , havia communica do por cartas os ini- d~ Fran. c1fco de , mtgos da j"ua (.., .,oroa, cas quaes, caute1 ~ e firaudnlen- Lucenap ofa, , tamente, mofrrava 2 LJRey as que lhe parecia , enco" brindo outras que lhe prejudicavao ; e que con1 efl:e tra" to obre havia dado occafia a que os inimigos defra Co'' roa lhe coinmetteE 1n a <.:efcruiao da vida, e do Reyno ,, de1Rey : e que havendo-ie proYado que efras cartas lhe ,J forao d~das; as encobria pertinazmente, havendo eUe ~ ,, dito a E!Rey, que de Caftel!a lhe faziao efta pro ro:... ,, ta : e que juntarrtente fe provava ac..harem-fe nas m~os.: ~; " de alg.uns .ftlinihos de Caftella pareis de. grande impor1
"
tanc~ -~"' l
2.6
PORTUGAL RESTAURADO,
, tanda, e infrrucoens de e~1baixadas , que f do Ro, Anno ,., co1no S.ec_retari~ de Efra~o,te fia':a: e que por prcfumf-: 1643 , o~ns mut~o evtdentes ie entendta que dle, por antigo ,-, odto que ttnha ao Infant~ D. Duarte , lhe dilatra o avi.. ,, fo que Ell-tey lhe mandra fazer para fe pafiar de Ale.,.,~ $-1 , m:1nha a efi:e Reyno, por q uercr dar te1npo aos Cafl:elha" nos para o pr~ndere1n, como fuccedeo. E que por eflas , culpas o julgava por traiJor, .cotnprehenLlido no crime , de leza Magefi:aJe, e o fentenciava a degolar em pra-, a publica. L~o-ie-lne a i~nt~n.t , c antes de commun-gar; depois de fe haver conf~fiado, con1 graiides deinonftraoens de Chrifta , protefi:ou que. n~o h a via delin... quido na culpa porque o con~navao.: .Foy degolado a 18 d~ Abril, e ficou. no juizo dqs que oJna fentencUrao ~ morte .muito duvidoi a fu~.Fu~pa. ~oy fucceffo digno de. grande reparo d-=gola~:en~ a f_~a~~~~~co d Lucena con1 hum cutlo; que por cuno~b.de tndlicrc:ta havia trazido de Madrid , etn memoria d.:! ha yeretn degolado con) dJe Exccua a O. Rodrigo Calde~ao, gran~~ valid~ do Duque de Lerdclla. n1a , e offcrecendo-1e e(h~ cutelo para uegolaren1 o. Duque de Canliuha, a qu~ havia foznentado. a morte; 't IQgrando acceitar-i~-lhe aquella otierta , ~he viera o a cortar a cabeca con1 o mefn1o cutlo, trazendo na iua fr~1gilidade o ultitno golpe da fua vid_a. O. Joz de Ivlenezes e~1e\:.e 5olta-fe no Lhnoeiro at o anno feguinte. M.1nJou ElRey ioltD.._Joz. e lo, e entregou-o a fen fobrinho o Conde de Cantanhede ~~sqt~~~ cotn permifrao de qu~~ viv,~ile naq~ella Vi11a. Nella afiiivlr. tio .em quanto viv~o. No decurio J:..fre tctnpo. o mandou ElRey chamar pdra ~ tornar a :rvir tL:Ue. Refpondeo, que tratava de a11ifrir f a que1n Java iguahnente os premi os , e os cafrigos, e que el~.:~gia a n1ais propria reioluao fua grande deigraa ; porque con1o i na podia fazer ventu~oio, e fabia ter honrado , det.;nninava ctnen~ dar co1n o conhecimento proprio os erros da fortuna.1\1arSolta~-fc tim Affonfo de Lucena, e Cl_1riil:ova de J\1attos, aqueloFs ma~s: I~ filho , efr..! innao de Franko de Lucena , forao Jogo ranciico ~ l l 1~ h r Domdas 1 o tos , e co1n clles os ieus crtat os. oy tnl en1 101to fc r~tira Fr.1ndfco Dorne]as da Camara , tlanJo-o por livre os JuiIlha. zes dt! tuJas as calumnias arguidas por feus inimigo~', e
fem
27
(em querer acceitar fatisfaao, le C'IllbarCOU ra_ra a llha a alleviar no th~atro da iua gloria a falii<.~ade da -ira A1_1no culpa. tiJ 1643 A eft~s , e outros acctdentes de f:) a~c1 e ccnf de- Opinies raao acudia o anilno delRey com igual Lon.frar(i_a , <.~d- fobre hamentindo no acerto de todas as acoens .alf:t.n:as ~Tra- ,cr Armaren~ias C}.'terivres , que os demafiad.:,mente ze1o1cs lhe da. condenava. Levantou-te nefre ten1ro grande controverfia entre os .l'-tlinifrrofl fobre fe haver de prevenir a Armacla, ou poupar-ie efta defpeza. Diziao os defta oriniao: que as prevenoens de Cafrella na obrigava() a_fe fazerem difpe11dios anticipados ; e que quar.do ellas ie adiantaflem , feria tanto mayor o poder que os Cafielhanos trouxcff'em ~ que nao ieria rcfi:vel que a nofi. Anr!aci_a bufcare a de Caftella fra da barra , e que dentro ddla era melhor defenfa a das Fortalezas do i-io, e f ortins, que fe podiaolevantar na marinha con1 o dinheiro, qu~ fe havia de f:afrar tnuti1mente 11 aS prevenoens da Armada. Difcurfava-fe pela parte contraria , que a n1ayor defeni de .Portugal era fufrentar hun1a Atmada poderofa , sue andafle de Verao correndo a Cofia, e de Invcn1o efrivef fe protnpta no rio rara act dir a qt1 al<;uer accidente: rorque medin do-fe , como era rlZa, as diirofioens da defenfa pelo intento da conc;uifra, cot~ftando que os.Cafte1hanos detern1inava entrar a hum mefffio tempo cc1n hun1 Exercito , e huma Armada a bufcar Lisboa , rara que experimentaffe o Reyno a ferida no coracao, e afr m, como o corpo com as acflens vitaes , ficale cadaver rara a defeni; que parecia necEfario oue de ie:uaes, e fimilhantes difofioens fe ccmrvzefle a retftencia: porque fiar a fegurana do rio de Lisboa dos tiros incertos da artilheria clas Torres, feria ind~fcnlpavel confiana' e_ que os rortins' en1 que ~ dizia que fe gafraffe o dinheiro , que i e hayia de arplicar Armada, na po- JI':' deriao ier ta J~feniaveis, que na fofen1 prneiro ga- -: t nhados , que inyefridos do exercito , Que marchafle por terra: e que affim fer ella neceffaria na occafia;propofta, ou para pelejar fra da barra , ou para defer:der o rio, na era ma teria de quefra; e que nefte fentido, marinheiros,
28
PORTUGAL RESTAURADO,
nheiros, foldados, bafiin1entos, artilheiros, armas 1 e Anno n1unioens en1pre era precifo que efriveflem pron1ptos _, 1643 porque fe na ajunta de repente_:_ e qu_e cirando feita eita prevena, que he todo o dttpendio da~ ~nnadas, quanto mais util era empregar a noffa, que itdpend-la; "' -u .. , porque de nav~sar p~~ia co~her interefes? qu~ ont~ape zafiem os cabedaes d1i pendtdos , e de na iah1r do no e podia teiner que os foldados fem ufo, e os n1arinheiros fem ex~rcicio , fe achare1n inutcis quando chegafe a occafia de ferem necdTarios. Qye fazendo-fe a conta com os cabedaes, EIRey podia armar quarenta navios, unindo aos de que era itmhor outros efrrangeiros : e que efta Armada na fo era capaz de pelejar com a de Cafiella, que fe podia coniderar tnenos poderofa , pela coftunlada deittena dos J\iiniftros daquella Coroa, varias vezes experimentada, n1as que ferviria de fu11en.tar as alianas dos Principes confederados, indifioluvel quando lhes rcfulta n1ayor interefie das fuas Monarchias : e que de Portugal nao podia efperar outro mayor, que o foccorro de htuna Armada poderoi nas occafioens etn que neceffitaT~nl della: e que efta politica ~ra tao neceffaria, que a periuadia os rnanifeftos dos tnemos Caftelhanos , nos quaes, para difiuadir os Principes de Europa da aLian.a de Portugal , totnava por fundatnento, mol:rarem que os Portuguezes nem para fe defender tinh~ foras bafl-antes. E que ulthnan1ente corn a Annada ie fegura. va6 as frtas , e ie facilita v a o co1nm;~rcio , e que fem .. ella por todas as partes, e por todos os diicurfos ficava duvidol a defenfa do Reyno. ElRey prudente1nente fe: guio cfra ulti111a opiniao : porm na lhe parecendo que era ne.cefrario tanto poder como de quarenta navios, nlandou falur Antonio Telles de Menezes com nove grandes, Refolve onze pequenos , dous de fogo , e dous barcos longos. Era EIRey fa .. Almirante Cofme do Couto , e todas as prevenoens da Arier c _, 1em a_1u fl: at:\ as , a dtntnt ran do-as a bo a d .r.po .. fi da. Arma- mada 10rao 1 t1 fiao o Marquez de-Monta!vao, Vdor da fazenda dare partiJ. dos Arn1azens, qu~ fempre havia fido de parecer que a Arn1ada thiHe. A 29. de Julho fhio Antonio Telles pela barra fra. Era o Regitnento, que levava, que
z9
que andaffe 25. l~goas ao n1ar do Cabo de S. Vicente, e que efic;ndendo os navios en1 )5, e 36. gros, aguardaf- Anno fe nefra altura a frot~ de Indias de Cafrella. Porm e11a, 64 3 tendo anticipado aviio de Cadiz, fe encofiou Cofia rle Africa , e embocou o Efrreito fem fer vifia dos noffos navios. Nove dias aflifrira nefra altura , paffados elles os apartou hun1a tormenta mais de 8o. !egoas ; defgarrou-fe hum dos barcos longos, e encontrou oito navios de Frana, de que vinha ~~or Cabo Montanhi , que havia com:boyadoo Bifpo de Lan1ego: deo o barco notkia da noii Armada, aguardra clh:s, e ao outro dia fe unrao todos. Dile o Cabo da Efquadra a Antonio Telks, que haYia dado vifia da Armada de Cafiella o dia antecedente, ..... ,, e que andava para embocar o Efrreito. Coo efie avifo intentou Antonio Telles perfuadir ao Cabo da Efquadra que fe encoq~oraffe com elle, e que foffem bufcar a Armada de Callella , e fe efcufou _, dizendo que nao trazia orden1 para pelejar , e que o ieu Regimento era , que fe encorporafTc com a fua Arr~ada, que fe achava no n1ar J\Iediterraneo, con1o fez depois de C}Uatro dias .. Deij.."'edirlos os Francezes, e vindo Antonio TeUes na volta do Cabo de S. Vicente, encontrou dous navios, que mandou ieguir at Cines , para onde fugira o : achou que era An1burguezes , e mandou larg-los, lembrado de vinte da metma naao, que o anno antecedente havia trazido a Lisboa com armas para Cafiella, e fazendas de contra~ando , os quaes ElF. . ey mandou largar, na fem iufpeita de que os .1\Iefires co1nprra a alguns J\linifiros a fua liberdade. Andando Antonio Telles velejando na altura que fe lhe havia ordenado, lhe chegou rdem d'ElRey para fe recolher , por ter noticia que a frota de ln~ ias era entracla nos portos de Caftella. Recolheo-fe Antonio Tel-les, e ficou correndo a Cofia Cofme do Couto co1n 6. naYios, aguardando a frota do Rio de Janeiro , cem a oual entrou em Lisboa ~ 6. de Outubro. L J. ., Nefic tneftno~ tempo. mandou ElRey continuar. s fortjficaoens ds Er~-as -mais importantes alo Reino, perfuadido da prudcncia ce .iVIathias ce Albuquerque. Defenhou elle huma platafonna no l'eneiro do Pao , de- t termir
Anno ie eftende jun~o. da Cida~e-: porm_ aquella defpeza era .1643 maror que a utilidade' e iuip~ndec:-te a execua, porque
o dtnheuo faltava, aJfim por ie deiencatninhar por algas vias, con1o pela pouca regularidade com que fe cobrava as Deci1nas, privilegiando-te os Pl?derofos com grande damor do Povo , que por efra canta veyo a padecer ma.yores tributos. EIRey teve noticia que o Pontfice Ur.bano VIII. fazia diligencia porque o In1perador Fernan.do III. , e todos os Prncipes da Chrifrandade tnandafTem Embaixadores ao lugar que pareceffe n1ais conveniente para fe tratar da Paz uni verll, e fe ajuft:ou que o ConCongref- greffo te fizcfTe em Munfter, e Ofnaburg, duas Cidades fo Mun- de Vefi:fallia, confideradas como h uma to, por terem am.. ficr. bas Epifcopaes, diftante dez legoas huma da outra , e ac.. commoc.ladas pela abundancia de frutl:os daqueUe Paiz .Ajul::arao os Salvos condutlos, que depois ie negrao a alguns por interefes particulares do Imperio : e na po dendo ElRey D. Joa6 confeguir ter admittido a efre Congreffo, e Dieta univerfal, pelo grande poder que E1Rey Catholico fufrentava em Roma , e no lmperio , ie refolveo a mandar cotn os Embaixadores dos Principes aliados peffoas que afiii1:ifetn na Dieta; querendo con1 efra indufrria dar cr ao in1pofiivel de feren1 chamados a eJia os feus Embaixadores. T'omada efta refo1ua6, _mand()ll ordetn ao Doutor Rodrigo Botelho do feu Co!1ielho _da Fazenda , que affifi:ia em Suecia., que pafTafie a Oinaburg com os Plenipotenciarios que a Rainha m'1nJafe daquelle Reino. A n1efma ordem foy a Luiz Pereira de Cafrro que efrava em Pariz, e a Francifco de Andrade Leitao que affiftia e1n Holanda, fazendo-lhes ElRey merc a todos do Titulo de Dezembargadores do Pao. Paflrao os dous a Paffa ao Munfter com os Plenipotenciarios de Frana, e dcs Efra.. fongre~- dos, e a onze de Julho antes de haverem chegado os Flen~fi~~s~~ nipotenciarios de todos os Principe8, que no anno feguin.. Portugal. te, e ainda algum tempo mais adiante , fe vierao a u~ir, fe abri o o tratado d~ Paz. E como defra jon1ada nao refultou a Portugal mais intereffe, que algumas i:-.frul-uois diligencias , que fe fizerao pela liberdade do Infante D. Duar
~eternlinando
30
PORLUGAL RESTAURADO,
que correffe aquella obra pela tnarinha que
31
Duarte, applicando-as quanto lhe foy poffivel o Doutor Chriftova Soares de Abreu , que ElRey mandou a Ofna- Anno burg, depois de lhe confiar que era morto naquel1a Cida- 1643 de Rodrigo Botdho, ainda que efre negocio durou muitos annos, ficaremos defobrigados de repeti-lo. Nomeou Francifco ElRey por Etnbaixador dos El:ados de Holanda a Fran- de S~u1fa . 10, que o havta fid o de ntnama~-~ CoutllllO . 1 ciico de s ou ia c~ouun1 Embaixaca, e Suecia : chegou a Holanda pouco tempo depots dor de de partir Francifco de Andrade Leitao de Haya .para Holan Munfrer. O Conde da Vidigueira continuava a embai- da. xada de Frana con1 grande acerto , e acceitaao de hum, e outro Reino. No principio del:e anno teve ElRey noticia que os Cal:elhanos fotnentavao em odio de Portugal a unia de Frana, avifou ao Conde d~ Vidigueira que divertife el:a negociaao , e procurafie liga offenfiva, e defenfiva entre as Coroas de Portugal, e Frana. Confegu io o Conde a prin1eira diligencia , e na lo-s ffi grou a fegunda : refpondendo-lhe os 1\tlinil:ros de Frana, d~~~n~~ que ElRey queria coniervar os feus aliados fen1 novida- da Vidi de , nem queixa , e que para a conref pondencia que con- gueira. fervavl: com Portugal na o erao necefarios mayores laos. Na meima conferencia lhe negrao hum emprefrimo de dinheiro, que lhes pedi o da parte d'ElRey, n1ofrrando-Ihes com evidencia, que os Erarios efravao tao exhaufros, que pedin~o ~Rainha de Inglaterra a ElRey feu irmao.trezentas mtl h bras emprefradas, lhe na pode defenr, por na haver meyo de fe poderem ajuntar.Offereceo-fe nefre tetnpo duvida entre os Minifrros da Secretaria de Frana, e o Secretario da embaixada fobre o modo de tratamento entre_ os dous Principes , querendo alterar o efcreverem-ie por Ys , como fe havia ajul:ado nas primeiras conferencias. Diziao os Francezes , que efre era o n1ais infimo trato da~ N aoens Cafl:dhana , e Portugueza , e que affim na par?cia decente o continuar-fe; que os Reys de Frana por uro da ll13 efLreviao aos Reys de Polonia , e Dinamarca por vs , e elJ~s lhe refpondia por 1\'la-! geftad~; e qt'e nel:a frn1a fe deviao continuar as cartas de Portugal. Refp.:1ndeo Antonio J\tloniz de Carvalho,r-or) ordem do Embaixador, a ~fta propofia: que os mdn1os fua-
3~
PORTUGAL RESTAURADO,
fnndan1entos della parece que a convencia6: porque fe Anno o fal1ar por vs entre os Portuguezes era o n1ais lunnilde 1 64 ..,. efl:ylo , con1o podia ElRey acceit-lo, na o havendo de rei:. J pon?e~ na tnefma frn?a , co1no tatnbeJn, em Portugal fe prattc~va, entre _os a1n1gos, de m~yor esfera : tnas que, r,or eicuiar duvtdas, ie eicrevele ElRey de Frana com EJRey de Portugal, como cofrun1ava fazer co1n EIRey .J . Cath9lico, fe nao he que queria tratar peyor ao amigo.J Aju~;:t-fc que ao inimigo. Achra os lYEniftros de Frana que na ~c fofem:r- podia_ rer1icar a e:fta refpofra' e ajufrou-fe que os douscre..-crem Reys_ ie efcreve.Tetn por Mage:ftade, que era o efiylo que os Rcys. fe utava entre Frana, e Cafiella. Efras, c- outras negociaoens .de atnigavel ., .e util conrefpondencia. tratava e1n Pariz o Conde Almirante, quando fobreveyo a ElRey de Frana hun1a ta grave enfennidade, que lhe tiM<?rt.:: rou a vida a 14. de Mayo s tres horas da tarde, no mefmo d~IRcy dia em queRavilhac matou aleivoimente a feu pay Hen~ de.hanc.a. nque IV. O d" 1-egutnte ao da morte d'L'lR ey entrou a . 1a r. ... Rainha, oue elle havia nomeado antes da ta morte Rea gente do Reino, em Pariz cotn feu filho Luz.XIV., que Eoje gloriofan1ente reina-' Foy Jogo a Rainha, e o novo Rey ao Parlamento, onde fe confirn1ou .a Regencia fu .. prema aa Rainha C0l11"ll1ayor authoridade da que EIRey lhe havia difpen.fado , ficando-lhe por Ad_iuntos o Car. d~al Julio .1\'lfari ni , que ella declarou primeiro Iviini-I n1fl:ro, o Priricipe de Cond :, o Gr26 Chanceller ; o Duque de LongaVi11a, Xavigni, e Boulher feu pay; e o Duque de Orleans irn1a d'ElRey foy declarad~ 1.~enet;t.e da Rainha, e Generaliffimo de todos os Exercttos tntlttares. Q Falia o Embaixador foy lo~o fallar Rainha, e lhe di fie que et,. CdcEm- pE.rava que Su::1 Ma~efrade, n1ofirando-fe, mais que irma. 0 ~aixa~or d'FJRey de Cafrella , n1:ly-de feu filho, defvanecefe a opia Ramha 11 c t l 1 . de 1 -a.... . ..,. R e_,cn t e. nta que corrta naque a o r e , ( e que 1avta ai v'"'r a amizarte de PorttFTal, con1 tantos v1ncu1os, e tntert' fi'es communs e:ftabele~ida com aquella CorC?a. Refj1onde6 a Rainha, que, dado credito .mais ~ experiencias _que aos difcurfos , cont:inu~fe as conferencias dos ner-0c1.0s com i o Carde,ll M::tTarinL Affim o executon o Eml-aixador, n1ofrrando a Rainha pelo tempo adiante toda a confra~1~
c1a
nccefaria :s utilidades daquella Coroa , e :-,revemente conc~deo au Conde Alnlirante os priJioneiros Portu- Anno guezes, que o Principe de Cond havia ganl~ado na me- 1643. moravel batalha de Re~roy, que perdeo D. Francifco de c 1\ello GoYernador dos Efrados de Flandts. Ftn Ingl8tfr.. ra , c Suecia fe continuava a conrefponJencia con1 Por... tugal fero altera~a , nem novidade. Etn Ron1a nao melhoravao com as diligencias os negocios, e co1n tnenos attenao nefi:c anno , pela differena que fe levantou entre o Duque de Panna, e o Pontifice fobre o Senhorio de Cail:ro , que a Igreja occupava, de que refultou uniretn- ~uzra fe co1n o Duque de Parma alguns Prin~ip~s de ~talia , e d~ r~~: entraretn arn1ados con1 o pretexto da iattsfaa das of-:- com o Pfenfs recebidas dos Cardeaes Barbarinos , N e potes de ttfi,ado. Urbano YIII. Ivlas efras duvidas fe concordrao brcven1en.te com a refrituia de Cafrro. . ~~ N" o fin1 do anno de 1642. deixmos os Portugue. zes do 1\'laranhao fitiando a Cidade de S. Luiz , onde 1e . recolhrao os Holandezes obrigados dos m os fuccdTos que haviao padecido na can1panha. Governava os nofos Succdfos 1oldados Antonio J\Ioniz Barreto , e tendo con1 grande cf ~lara infl:ancia pedido foccorro ao prefidio do Par , lhe chegou 11 lao. a dous de Janeiro. Conil:ava de 1 r 3 Portuguezes, e 7co. Indios, governados huns, e outros peJos Capitaens Pedro J\laciel, e Joao Velho do Valie. Adoeceo nefl:e tenlpo Antonio 1\loniz Barreto, e foy eleito em feu lugar Antonio 'I'cixeira de Mello ' e nao approYando todos ei: ta eleia' fc orig1nou da difcordia dilatarem o ~falto .da Cidade, reduzida por falta de guarnia ao ulthno -aperto. Foy a di1aa6 tao util aos Holandezes, que, quando detenninava render-fe, lhes chegou de Pernamtuco hum navio, duas barcas' e cinco lanchas' em sue vi. nha ) 50. folddos da fila naao, e outros tantos ltH.~ i os, governados por Andrefon, o mefmo Cabo cme ha,ia ternado Angola. Nao quiz e1le que lhe prejudicaffe a diJaao de tentar a fortuna , fahio logo da Praa com 6oo. Ho1andezes , e ~oo. Indios, invcfrio primeiro cem as cafas em que eftavao alojados 50. Portuguezes , e achando-os defcuidauos, os obrigou a largarem o pcfro: poC rtn
r
~ia
C . PARTE I. LIP RO
1~11.'-~, -\
33
rn1 defendra-no o efpao que baftou para tomarem as Anno a~I?as os do quartel, e trincheiras , a que fe retirra, 1643 deixando tres mortos, e levando quatro feridos. Os HoIandezes , entradas as caf2s , avanra con1 igual refoSortida lua ~ trincheiras gue efrava para a parte do Carmo, dos Ho- tnas achando valorofa refifi:encia em 40. Portuguezes, e landczes. poucos mais lndios que as defendia , depois de durar o conflitlo hora e meya, fe rctirra , cuftando-lhes a fortida 140. fo1dados. PafTada efra occafia6 .. vendo os Portturuezes caiados a Cidade ibccorrida, rnorto Antonio Moniz Barr..;!to da doenJ que lhe fobreveyo , e grande falta de n1unioens : fe retirara o con1 fuas mulheres, e' filhos para o Serta, e ficou defrte diminuida a gente, que Antonio Teixeira julgou que era precifo retirar-te, e o executou a 2f. de Janetro. Os Holandezes animados com efre ucceflo d.eitra fra da Praa )O. foldados, e I )O. I nu i os com orden1 que fofem faquear o Engenho de .A.ragad. Antonio Teixeira, prevenindo efre meftno intento, fe etnbofcou no fitio cm que o anno antecedente foy desbaratado Sandalin1. Chegra a elle fem cautella os . 1-lolanJezes , de que era Cabo o Governador do Cear, e fendo inveftidos dos nofios foldados, morrra todos os Holandezes, e a n1ayor parte dos Indios .. Antonio Teixeira, mais alentado com efte fuccefo , fe aquartelou em , o pofto de Marapi , feis legoas da Cidade, onde a1Efrio ~ mez e m~yo !e1n accidente de in1portancia. O Governador da Cid~de, na podendo vingar-i e con1 as armas dos foldados, Je[1ffogou a paixa nos rendidos que haviao :ficado r~e;Ja : Jeitou fra cruelmente as muJheres, roubadas, e defpidas, e mandou entregar' 5. folclados aos Tapuyo.ls do Cear, que brevetnente os tizera vilimas Ja Cruel re fua hrutalidade. Outros ;o. rnandou vender aos Inglezes ~oluc-I~a<"1 ~ s llhas das Barbadas; mas o Governador informado defll:i J o 1 adczes. ta mal d ade, ordenou que os p ortuguezes i" l11 fl~ Ja . 1em em tt~rra , a titulo de os con1prar, e reprehendendo afperaE pic~ofa n1ente aos Holandczes , ps em iila lirerdade os Portut1JJlnglc- guezcs. Antonio Teix~ira, c.lo fi.tio em que eftava _alojaz.;s. -do , nwndou fazer duas entradas: hum a , e outra fe Cflll... feguio con1 bom fuccefo, perdendo as vidas 30. HoJandczes.
34
PORTUGAL .. RESTAURADO,
35
dezes. Porm Antonio Teixeira , vendo-fe corn granlie falta de munioens , muJou de quartel , e paf.'ou a terra Anno firme, e alojou-ie em ltapitapera: e nao fe uando ndl_e I43 por ieguro, refohreo, com o parecer dos n1~is, retir~r-1c para a Cidade de Belcrn do Par I5c.legoas a l!~~a. {hterendo pr por obra ela dctenninaa chegra do l'arj 1 algumas munioens, co1n as quaes n1uuou Anto~io 1'ei- .. J xeira de intento, e deliberou continuar a guerra , ien1 enlbargo de ie retirarein fen1 fua ordem para o Par os Capites Pedro 1\Iaciel, e Joa Velho, ~evando cornfigo parte da gente que havia6 rrazido de ioccorro. K o Par_ os na quizerao juframente receber , condenando a iua maldade, ue que fe originra grandes dilenoens 'que depois te compuzera. Antonio Teix~ira fic.ndo f com 6o. Portuguezes, e 100. Indios, fe reiolvrao todos, por ferem naturaes da terra, a vender caras as Yidas aos Holandezes, deternunando perd-las naquella difficil conquifra. Com ela refolua di vidio Antonio ,_reixeira eita gente em duas Companhias , de que fez Capites a J\'ianoel Carvalho, ejoa Vafco foldado de conhecido va-lor. Ordenou a Manoel Carvalho que pafafl~ Ilha com 40. Portuguezes , e cem Indios a fazer farinhas de mandioca para fe fulentarem. Teve o Governador da Cidade eita noticia , mandou fahir della 6o. Holanclezes , e roo. lndios : forao eles bufem 1\1anoel Carvalho , o cual os recebeo com tanta refoluao , que em pouco eip~c;o os desbaratou , c voltando elles as cofias, os feguio at rerto da Cidade, ~onde na chegra viyos mais cme dez Francezes, que o Governador mandou enforcar , '"dizendo que em outras occafioens havia feito o mefmo, por na quererem pelejar contra os Po1tuguezes. Fez mais alegre efte fucceflo lograr-fe icn1 morrer foldaclo algum, podendo fazer grande falta em tao pouco nnrnero qualquer que perdefe a vida. Poucos dias derois defra occafia, 1nandou Antonio Teixeira ao Alferez Manoel J?ornellas com jO Portuguezes, e 50. Indios bufcar man!Lmentos Il~1a, e j nefre tempo havia chegado o alo ... Jamento ao no que a divide da terra finne. Em pafando o rio , foube o Alferez que os Hol.ndezes havia levan C i tado
.36
PORTUGAL RESTAURADO,
tad<? hum reduto em hum fitio , por onde forofamente Anno h~v1a de pafrar, e que o guarneciao40. foldados. PreveI6iJ tudo com efta noticia, marchou com diligencia por luga... res occu}tos , e antes que amanhece.tTe chegou ao redulo Entra os fem fer ientido: entrou-o co1n facilidade, e degolou os ~o!fos Holandezes que achou dentro. Retirou-ie, e animra-fe rl~ao:e todos defrte com efi:as fortunas, que 1bendo quatro Portuguezes que eftavao 15. Holandezes em h uma cafa de hutn Engenho , i e refolvra a ganhar-lhe huma f porta que tinha' e defendendo tres que nao fahife al.gutn dos que efi:avao dentro, e ajuntando o que ficava quantidade de lenha , rodeou com el1a a cafa , e pondolhe o fogo, ardeo com todos os.Holandezes que eitava nella. Nefta frma de guerra continura at I 3 de Junho, dia em que ouvira6 difparar muitas peas de artilheria na barra. Antonio Teixeird mandou logo o Alfe-l"ez Jo~0 da Paz com 8. Portuguezes, e 50. Indios embarcados em duas lanchas a averiguar a caufa defta novidade : indo navegando encontrra huma lancha com 17_. Holandezes, e dua~ peas pequenas de artilheria, inveitio-a o Alferez , entrou-a, e rendeo-a. J\1as efte bo1n fucce1To foy caufa de grandilitno damno: porque o Alferez divertido com o alvoroo da vil:oria na continuou a jornada, a que fora mandado, fendo motivo de fc perder Pedro de Albuquerque, que era o que havia ordenado que fedifpara:ffe a artilheria; porque havendo partido defre Reino por ordem delRey a governar o 1Yiaranha6, levando em hum navio , em que de o vla a 29. de Abril, Infantaria, munioens , mantimentos , e fazendas, chegando barra da Cidade de S. Luiz , e nao tendo noticia dos fucceffos daquelle Eftado, nem Piloto , que lhe enfinafle os portos , mandou diiparar a artilheria para que ao run1or delJa acudifie alguma peffoa que o informafl'e. V~ndo que nao confeguia effeito algu~ defra diligenc~a, Pcr.c-fe pos a proa no Par' e naqnella barra fe rerdeo o navto, nn Par;: o llvando-fe no batel Pedro de Albuquen:ue COlll 40 Porn.a.io c~ tuguezes. Chegou breven1ente a nova defta defgraa a f rdro c c A , ~ C .A;i11.zntolllo_ T e1xeua_, pore1~1 nao 111e h~Z per de_r o a.1ento: lilu.r.:1 u<.:. autes avi!.tando 01to nav1os Holandezcs o fiuo cn1 que eil:ava
.J
3~
e.tl..tva aloiad , e na fe atrevendo a inveili-!o , lktel'nli .. nara engn-lo , tnandandc-o reriuauir qre 1~e re::olheTe A nno Cidade, onde governaria os Port~1guczes ien1 cprre~- 1643' fao algulua , nem derenJ~ncia. Rei ron~eo a ~fl:a ~m l:'tatxada , que brevemente etreraYa alOJ<lr-ic na C1dace, lan ndo della hofpedes ta indip:nos de amizade, e de ':re-di to ' e 'i.tle as vidoyias pafladas era fiadores d::ts e1 e; ranas futuras. Exaiperados os H~laBdezcs da refolu~o defi:a refpofia, dera ordem que 1e nJ concedeffe quartel .a Po~"tuguez _algun1: a metl11a deo contra elle~ ~ntotuo Tetxeira, exceptuando os Francezes que 1ffiftJi1ent daquella parte; que fervio de os fazer mais fufpeitofo~ com os Holandezes. Antonio Teixeira nao mat~dou paifr II_ha algun1 dos ieus foi dados at o rnez de Outurro, nem 1uccedeo en1preza de importancia. ()brigado ncfre tempo da falta de n1antimentos, havendc-fc-lhe unido alguns Portuguezes, e Indios do Serta, pafou con1 toda a gente Ilha , tnandando djante ao Sargento n1r .A.gofi:i... nho Correa cotn a Con1panhia de Joa Vafco , o qual, de... pois de colhidas as farinhas, feguido de Antonio Teixei.. ra, invefrio o Forte do Cal vario junto do rio Itapicun1, e achou-o fem guarnia pe!o haverem ]argado os Ho landezes. De~e lugar mandou hum va1orofo Iudio , cha~ n1ado Sebafi:ia cotn outros )6. Portuguezes , e deo-1hc ordem que puzeiTe fogo a alguns can~viaes juEto da Cidade. ..r\Jllm o executou, afialtando de cannho huma lancha que eitava varada etn terra, en1 que havia-17. Holandezes, de que na efcapou algum con1 vida. Os I-Iolan dczes da Cidade reconh~cendo os damnos,que recebia na campanha, cerrarao as rortas, e crefcenclo-lhes por inftantes o,aperto; e o receyo, fe acharao reduzidos ultil~la defeiperaa; porque fe acafo algum fahia da Cidace ,_ logo era 1norto dos P01tuguezes, e Indios, que nur:ca iahira dos matos vifinhos a elJa. Efrando r.eifa affica .' entrou no porto obrigado de hum a tcn11enta htnn navio noffo, que fazia. viagem rara a Eahia : Entrara nelle os Holandezes ien1 achar refifrer.cia, e embarcanl1 c-fe em dous mais. de que fenao havi~ fervicJo ror eficrem mal apparelhados, derao vela rara a Ul1a de S. ChriitoC iii, va,
:)
.,e
_,
PORTUGAL RESTAURADO,
)OO
occafioens lhes matou a noffa gente. Con1 grande conten;.. tamento recebeo Antonio Teixeira efra noticia ; marchou f~~Jc~e~- logo para a Cidade, que achou de todo denantelada, e entra A~- r4. peas de artilheria encravadas: porm os Holande~ tonio zes naquellas ruinas deixra o triunfo de Antonio 1"'ei.. Teixe_ira xeira , e dos tuais , que com tanto valor , e foffrimento na C1da- 1- fr t, _, r r. de. u en arao tres annos aque li a guerra, 1em ma1s 10ccor"':' ro que a gente. do Par , que tornou a retirar-fe ; e cuftan.. do-lhe tntlito fangue at o tnantlinento de que fe alimen.. -tavao, viera a confeguir lanaretn fra os Holandezes .de h uma das Conquillas de mayor utilida~le que Portugal ~hoje cultiva. <l!:1ando os Holandezes derao principio a' . efra guerra , levrao para o Maranha o muitos Indios das 1 partes donde naquellas Coftas tinhao Fortalezas: entre ef... tes forao os de Cear , e Camozins. Retirara-fe do Ma~ -tanha , e finao lanados no Catnozins , que difta 70. le goas, os lt1dios,que efcaprao da guerra,fem lhes daretn os Holandczcs alguma itisfaao. Efcandalizados do mo trat_? com que os defpedira, fe ajuntra com outros da mema naa , e avanra hum redutto, que os HolandeD zes guarnecia naquelle fitio, e colhendo-os Jem preven16 ese~~dios ao , os dego1rao a todos. O mefino fizerao em outro es Holan- -~edu~o , dez legoas adiante; e animados defi:es fucc<;f:tkzes. los Je refolvera a inveftir a Fortaleza de Cear, que dti. tava cem legoas defl:e fitio. Tomada efra determinaa; mar~hra_o com grande filencto, e chegando Fortal: za iem terem fentidos, fe embofcrao em hum mato vtfinho , aguardando a que fe abriffe a porta. Os HolandeGanha- zes pela fegurana paffada , na temendo o damno prefen.. fe mais te , tanto que amanheceo , aberta a porta , fahirao da Forredulos, taleza quafi todos a negociar, como coftumavao as utied-tc:c--Iidades da campanha. Nao aguardrao mais tempo os Inta a El- dios, av.1nra com grande valor , ganhrao a porta, e R cv que Forta]eza , degolrao'" al!_3u~s H o)an deze~ que a~ h , _, " ... faz merc~ a ~ra~ aos ~uc: o d~ntro nella ; os que eftavao fora f~ rendrao, e avtfa rao fcrvJOl. logo ao Maranhao a Antonio Teixeira , que mandaffe : occuJ
PARTE I. LIT"'RO PJ!. :t9 occupar aquellas l:.'ortificaoens qu~ havi3 g~nhado ;... que elle logo executou rnandando rr~fidi3-las. D~fp~cho~ AnnG cotn as novas de todos eiles fuccefios ao Capttao Joao 1643 Vafco para efi:e Reino, aonde chegou a falvamento, e ElRey informado dos que melhor proce?rao ne.~a guerra lhes fatisfez largamente o feu merecimento , tgualando aos ltldios con1 os Portuguezes , attcnao que os dei. xou mais animados para conieguir novas em prezas. Eftes forao os fucce.fos da America, tem que houvefe no6i outros lugares acao digna de _memoria. . Forao met)os gloriolos os de Afn'a, a que fer,. vio de theatro o Reino de Angola. Retira~o Pedro Cefar de 1\ienezes para a Fortaleza de I'r1a1angano , depois de perdida a Cidade de S. Paulo , de que difta- Succc:lfos;. va ~o. legoas , padecrao grandes enfermidades todos de Angow os Portuguezes que o acompanhrao. Nao ficou Pe- Ia. <lro Cefar livre do contagio , adoecendo tao gravemente, que chegou ao ulti1no per iodo da vida : porm , livre defte perigo, experimentou outros nao menos peZados. Tanto que convalefceo, ajuntou 16o. Portuguezes , e 1000. negros , e foy fazer guerra a hun1 negro ~enhor de muitos Vaffallos, chamando Amochama, por e haver rebellado contra ElRey, a quem pagava tributo. Teve noricia Amochatna do intf'nto de Pedro Ceir, e fugio para Nabangongo, terra de hun1 Vafi'allo de1Rey de Congo, a ajufi:ar-fe com outros fenhores de Vafallos, a que chama o Sovas , os quaes unidos fc ajuilra a fazerem guerra aos Portugnezes, co1n intento de os l~narctn fra daquelle Reino. Pedro Cefar, tendo a em r reza por difficultofa,mandou ordem ao Capitao Antonio de Abreu de Ivliranda , e ao Capitao Antonio Bruto con1 jco. Portnguezes , e 1200. negros que tinha o fua ordem, fe viefem .encorporar com elle : porm f Antonio Bruto chegou com r 50. Portuguezes , e alguns negros, por andar Antonio de Abreu occupado em outra grerra n1ais dil:ante. Sahio Pedro Ceir de J\lafangano, e en1 feis dias chegou a Nahangongo: achou os negros em can'panha ref<?lutos a pelejar; avanou-.os, parecendo-lhe que era facll o desbarat-los , porm elles recebendo o chcue Civ oom
' .
com mu1to valor, matando o Alferez Joao Vieira, e alnno guns negros , obrigarao a nofa gente a que fe retira fie pa1643 ra.hum quarte~ qe haviao levant~do. Nel:e fi.tio detertntnou Pedro eiar aguardar Anton1o de Abreu para aca~ Obriga bar con1 efi:c i<?ccorro a en1preza comeada. Os negros os nc_gro:;.receando efl:e fuccefo n1andrao pedir aos Holandezes a rettrar , d 1r r c - :1 1lh os nollos. que os aJU auen1, e que enliatlslJ.:lo lo occorro es -dariao 6oo. cativos : acceitarao elles o concerto ; porm os Sovas antes de chegarem fe retir~4rao. TenJo Pedro Cefar efi:a noticia, tnandou fegui-los pelo Capitao Andr da Cofia com alguns Portuguezes, e mil negros : tendo elle chegado a desbaratar-lhe a retaguarda,encontrou 1 50~::. Holandezes, que erao os que vinhao foccorr-los. Tanto que h uns, e outro~ fe avifiara, icm dilaa fe invefi:irao: porm cahindo das pritneiras cargas morto Andr da Coi:. t<.l, voltarao todos os foldados. Seguirao-lhe os Holau-. Rctirai'l- -dezes o alcance, matarao muitos negros, e 30. Portuguer,1_e os nof- -zes, e ficarao r 1. prifioneiros , en1 que entrou o Capitao os com '"L/logo ("""' TV perda. .:ron1es M ora1 es. A nton1o B ruto reco lheo os que -ecaparao, e fe retirou para o quartel onde efrava Pedro .C~far. Nefre ten1po havia elle recebido avifrJ do Cornelio Nicolant, que governava a Cidade de S. Paulo , (a que -os }Io1andezes havia trocado o non1e en1 o de Lo anda) en1 que lhe dizia, que ElRey D.Joao havia feito paze~ ~0111 os Efrados. Efi:a noticia fez efquecer a todos a defgraa fuccedida, efperando por efte n1eyo confeguir o ioccgo que defejava. Poucos dias depois chegou do Reino A!ltonio da Fonfeca Dornelas com cartas d'ElRey para Pedro Cefr, em que lhe dava notia das pazes celebradas com J-Iolanda: porm advertia-lhe que nao perJoafle a diligencia alguma por reil:aurar a Cidade de S. Paulo , aindcl que foe cufi:a de grande difpendio ; e que fe para eil:~ eff~ito lhe parecefle n1udar de quartel , o fizefle, occupando o fi.tio que lhe par~~ceffe n1ais accomtnodado. Deo Pedro Celr efi:a ordem execua , e foy o prin1ciro palo da fua ruina. Alojott-fe nn o lugar de Gango r~a foz ~lo rio Bengo, quatro legoas de S. Paulo, :c capitulrm com os Hola1dezes, qu2.ie dentro de nove ~n1czcs 11a tiv~ITe nova ordem d~EUley,que largaria aquelle
-~ '
4o
. PrJ'RTUGA/J R.ESTAURADO,
le pofto, que a_feu beneplacito occupav~, e logo de~perlio huma caravela,en1 9u~ dava conta a El~ey do _Peng?- Anno fo efrado daquelle Remo , e com grande tnfi:anCia pedta I 643. que lhe 1nandafe fuccefior , e para 1nayor fegurana con~ordou com os Holand=~zes que no prazo fignalado que havia de affiftir naque)le fi tio 'haveria de huma, e outra .parte mnigavd conret pondencta; e que fe nefie tempo vieTe ordem dos El:;.!dos aos Holandezes para largarc1n .a Cidade , o executaria6 fetn replica, e que da mehna for- Td rcgHoasl L OS Ote chegando ordetn d' E.1 R ey para largar o po i Lo,que occu- landczes pava, fe reco~heria ao lugar do Scrta1 que lhe. foif~ figna_: com Pe-. lado : e que ie durando efre prazo nao chegafle reioluao dro Cc:~ .a alguma das duas partes, elegeria qualquer dellas o par- far. tido que melhor lhe pareceTe. Feita efi:a capitulaa6, comeara6 a conrefponder-fe ambas as N aoens con1 angavel trato, que durou fc1n malicia at que chegou ror Go_vemador da Cidade de S. Paulo hum Holandez chamado Hanfmo!t, o qual deo noticia, que vindo da Mina, e pafando por S. Thon1, achara que os Portuguezes tinha fitiado aos Holanuezes na Fortaleza. Originou-fe uefre avifo pr-fe e1n pratica entre os Officiaes : ie feria conveniente etn fatisfaa do aggravo de S": 'I hotr1 (corno fe dcfie effcito na fora caui. a fua maldade ) attacarem hun1a noite o quartel en1 que eilava alojado Pedro Ceir. Facilmente acharao razoens para crar efra infidelidade , porque faltando-lhe a f , e a honra , .to tinhao por obje.l:o o intereffe, e viera a ajul:ar daren1 execuao o intento da em preza. Teve Pedro Cefar anticipado avifo da tbrica defra maldade, e como o feu anitno era livre de toda a caviJaa, lhe pareceo que bafrava mandar dizer ~o Governador da Cidade, que lhe na o era occulto o feu Intento. Refpondeo-lhe , Clle prhneiro fe acabaria o mundo , que faltafie a fua palavra, e reconheceo a fua malicia que defra forja lhe fahiri~ ml.is vigorofo o engano ..Conr~fpo!h.leo o f uccefTo dii pofiao : porque Pedro Ce_}ar com a 1ua refpoil:a focegou o feu receyo , con1o fe . nao fora caraz de enganar cuetn era inv~ntor ele fe roO} -perem ~s capitu!ao'ens fem caufa. Nefreten1ro teve P~.. dro Ceia r outra infcrencia, que pudera acord;i-lo cole.. thar-
41
4l.
PORLUGAL RESTAURADO, .
thargo em que o tinha fepultado a fua defsraa. Apertou Anno em S. Paulo hum navio Holandez, que havia feito f're~ 1643. za e1n huma fragata noff..'l, que navegava carregada.de aucar da Ilha do Efpirito Saato para Lisboa. Recorreo Pedro Cefar ao remedia inutil de ie queixar a Hanfmolt do exccfio commettido contra as capitulaoe!is affentadas entre o Rcin!J, e Eftados, pedindo-lhe a refrituiao da .fragata. Reipondeo-lhe que logo a mandaria entregar-, ajuntando novas feguranas da firn1eza da fua palavra. E porque os feus enredos na tinhao mais campo para fe diffitnularem , naquella noite , que ie contava 16. de Ma vo , marchou com grande filencio , levando comfigo 300~ R ompem H. 1 d o an ezes , e antes d e amanh ecer , cltegou ao a1OJamen.:. 0 quartel, c a pala- t_o de Pedro Ceir , e achando-o fem trincheiras , nem ua os ientinellas, o penetrou com pouca refifrencia. Morrra J-J~Iandc- logo 40. fo!dados , em que entrrao o Sargento tnr Ma zc~. noel de Medel1a, o Capita Antonio Bruto ,Joo Pegado da Ponte, Capita dos moradores da Cidade, e I'edro de Gouvea Leite :ficou prifioneiro Pedro Ceir com algumas feridas, e 187. foldados, ilvando-ie alguns que fugira para o Serta. ltnportou aos Holandezes o icco mais de 6oo. tnil cruzados em ouro, e prata, fra muitas fazendas, e efcravos. Retidra-fe para a Cidade, e embarcra os prifioneiros em hun1 ta pequeno navio, que co~ difficuJdade cabia nelle, e co1n ta poucos tnantimentos,' Qe lhes foy forado recolherem-fe a Pernambuco , onde forao tratados luunanan1ente do Conde Nazau , mofrran do que ientia o excefTo commettido em Angola , ~ brevetnente os ren1ettco Rahia, e a Lisboa. Os que ekaprao do conflit1o , fe retirra a Mafangano , e elegrao por ieus Governadores Bartholomeu de Vafconcellos, Antonio Teixeira, e Joa Zuzarte, aos quaes os Holanezes .mandra hum Embaixador defculpando-fe do filcceffo pairado. Vendo elles efra demafia, prendrao o Embaixador, e todos os que o acompanhava, e procedra con grande cautella , temendo-fe de outro engano, como o que tinha padecido. Pafiao algum tempo , achando-te neceffitados de alguns n1antimentos , que na podia conieguir fem o trato dos Holandezes , fe ajufrou o com
:J
44
PORTUGAL RESTAURADO,
hutna no Holandeza que vinha de Palcate , a feguio Anno cotn tempo .contrario, e chegando por dcfgraa f ua a.tir 1643 rode artilheria, lhe acertou hutna barreta pelos peitos, de que chegando a S. ,...I'hom, depois de lhe efcapar a Morte de n~o, veyo a perder a vida. Foy muito fentida a fua morDomin- . te , por fer foldado de merecida reputaa. Succedeo~lhe o-osFcrrei- D Al varo de A ttat e, que no d ecur1o d. efl: a vtagem o h a"d r;. Beliaao que tu~- via acompanhado com muito valor. A Annada invernou cede o. em S. 'I'hom, aonde o Vice-Rey a tnandou refazer, pa:: Aha~do dera affifrir na defeni daquella Cidade, e dos mais lugares Atta1 e .que tln hatnos naquella Cofra. Os Holandezes, dos fete nayios que pelejar.1o cotn Domingos Ferreira, fizera avlio aos tnorador~s da Cidade deNegapatao, que a def~ pejaTen1 logo, pois conhecia que nen1 tinha defenfa, netn podia efperar foccorro. Os da Cidade confultara. o aperto, a que efi:ava reduzidos ; e conhecendo que era impoffivel defender-ie , offerecerao aos Holandezcs a metade Je todos os bens que Iogravao , fegurando-lhes que Entra[) os .os deixaria ficar no focego de fuas caias. A.cceitara os Holandc- Holandezes o l)artido, defembarcarao 6oo.~. e aloJando-fe zes em Nebapa- no! Con_ventos da ~~d~e de_, Deos, e S.Franctfco, aguardata. rao fortificados a iattsfc"tao da promefTa dos moradores. Alguns dos n1ais principaes da Cidade viera bufcar os Capit2es , e lhes propuzerao a femrazao con1 que os m.altratava, quando er:1 fem duvida que entre os Eftados, e ElRey fe havia celebrado hum a iolemniffima Tregoa: porm que para fatisfaa6 da defpcza, que haviao feito, quizeT~m contentar-fe con1 onze tnil patacas, que logo lhes mandariao entregar. Acceitara elles efta fegunda offerta, refpeitando a Armada de Domingos Ferreira, e nao fe podendo ajuntar todo o dinheiro, que fe lhes ha.. via promettido,levara6 etn refens a hum dos do Governo, e ao Reitor da Companhia. Livres defl:e trabalho os de Negapata., lhes fobreveyo outro mayor: porque o Nayque, cotn quem .confinava, ufando de h uma induftra, de que outras vezes fe tinha valido , lhes pedio itisfizeffem o difpendio. que haviao feito en1 os foccorrer. Sendo falfa efra propofia6, e achando nos n1oradores da Ci~~ de jufi:a refiil:encia, intentou profJ.t~ar as Igreja~ , e abnr
:a
ai
45
-as fepulturas, imaginando que, conforme o eHylo Gentilico , havia de achar n~llas algum thefouro. Exafpe- Ann~ radosnsde Negapatao defra exorbitancia, fe puzerao em 1 643. defenfa, de que refultou fitiar o Naique a Cidade, e apert-la com afiedio, e afiitos continuas. Vendo os mo,radores o perigo em que fe achavao, mandrao pedir faccorro ao Vice-Rey, implorando o feu favor com a humil-dade de que coftuma ufar os que dependem de n1erc Sit~a o alha: porque nos annos antecedentes haviao dcfobede- ~:uque c ido varias vezes s ordens do Vice-Rey , e erao tidos ~~gapa por indonlitos. Porm o Vice-Rcy, confi.derando que a primeira razao era ferem Portuguezes, e obrigando-ie juntamente delles fe fujeitarem a abrir h uma Alfandega :omo a de Cochim , e da offerta que fizerao de 400. candins de arroz, para ajuda do fufrento da gente com que fofem foccorridos , promettendo acl1dire1n juntamente com as peifoas , e fazendas ao trabalho de huma larga Fortificaao, com que pertendiao fegurar-fe de novos accidentes ; perfuadido del:as razoens, defpachou logo ha galeota com feis peas de artilheria de bronze, quauti- Fortificadade de munioens, e htnn engenheiro ; e avifou a Cei- fe Ncgalao a D. Filippe Mafcarenhas, para que acudifie quel- ~atl..:> c la Cidade com o foccorro que lhe foife pofiivel, o que 0 foccorelle logo executou. O mefmo fez D. Alvaro de Attaide ro. com a gente da Armada que trouxe de S. Thom. Com efre foccorro fe deo principio Fortificaao, e brevemente fe puzera em defenfa cinco Baluartes pela parte da terra, em que fe p1antrao 16. peas de artilheria, e a boca da barra defendiao dous pataxos, e quatro jalas. Os folclados pagos erao 28o. , efres, e a gente da terra, que fe lhe aggregou , governava D. Antonio Manoel de J\1enezes. O N ayque , .ainda que com a Fortificaao vi o mais difficultoi a empreza do que imaginava , na6 defif.. Le_v~nta r d . t 10 d ~11a- {'Orem aperta d o com vanas 1C~tl as, ctn que o huo. . perdeo mtnta gente, defefperado de conteguir o feu intento , fe retirou , e ficra os fi thdos com menos molef tia da qu ~at aquelle t<:>nH"~O tinhao padecido. Colll a perda de Malaca ficou muito difficnltofa a viagem ?a China , por fer aquella r ortaleza a u ni~a
efc~Lt.
eicla defi:a d~latada navegaao: mas fendo predfamenAnnq te neceilario ioccorrer Maco, pela importancia daquel1643 1~ C~dade, tnand~u o Vice-Rey a Gomes Frei~e porCapttao de hun1 navto cotn ordem que navegale por fra da Illia de Samatra a en1bocar pelos Efi:reitos de Sunda ou (.!e Baile, confrme o tempo lhe deiTe lugar. Teve proipera viagem at Linha, aonde achou hum temporal tao rijo, que lhe foy necefl.rio andar muitos dias naquelles xnares ; encontrou nelles com tres navios Holandezes, que o obrigrao a fe recolher a S. Thom. Defi:e porto paHcm ao de Jafanapatao, con1o mais feguro, aonde fetornou a aprefi:ar para feguir a fua derrota. Teve n1e!hor fuccefl.o huma galeota , que o Vice-Rey tambem deipedio para Maco : chegou brevemente quella Cidade , que achou em grande aperto por falta dos contratos do Japao, que de todo efi:avao cerrados; porm fuftentava-ie con1 menos perigo , porque o poder dos Holandezes da Ilha Formofa, que lhes ficava vifinha, fe empregava contra os Prefidios que os Cafi:elhanos tinhao naquella Cofra , futnmamente arruinados com notaveis terremotos , e volces de fogo , que varias vezes haviao com grande datnno experitnentado. A Fortaleza que eftava etn mayor ocego, era a de Moan1bique, goverConver nada por Julio Moniz da Silva , por quem o Monomotatcfc o pa , Imperador de toda a Cafraria, perfuadido das prMonogaoens dos Religiofos de S. Domingos, ie havia feito motapa. Chrifi:ao cotn outros muitos Vaffallos feus, e profefava com os Portuguezes tao efi:reita amizade, que fegurava a fua pefoa com alguns foldados, que Julio JV1oniz lhe ren1etteo. . Efrando a India no aperto referido, chegou a :Embaixa- Goa Pedro Boroel, Embaixador de Antonio Vandamien da dos Governador Geral das Provindas unidas , que aflifi:ia Holande naquelle tempo e1n Betavia. Fov recebido do Vice-Rey :(es. com grande ofi:entaao, e pedindo-lhe Minil::ros para tratar os negocios a que vinha , lhe nomeou o Dou tu r Antonio de Faria Machado Inquifidor da primeira Cadeira, e o mais antigo Confelheiro de Efrado, a Andr SaJema tambem do Confelho, e Vdor da Fazenda , e a Joz de
46
PORTUGAL RESTAURADO,
PARTE I. LIVRO PI!. 47 de Chaves Sottoinayor Secretario de Efrado. Cotneou-ie a conf~rencia , e foy ponto de tnayor confideraa rer- Anno tendere~ os Holande~cs que a Fortaleza de Gl~ em C~i-. !643 lao donunaffe , conchnda a Tregoa , todas as terras adJacentes, alleganuo, que a pofie ~m que eftava da Forta- .c1o'I 1H lcza lhes alargava o dominio a tudo o que lhe pertenceTe. Allega va-fe ~ontra efra propofia , que os c.:tpitulos da 'rregoa, celebrada com Tri.l:a de J\lend<?a, nao continha6 efra declaraa .. e que de prefente ienhoreava cfras terras o noHo Exercito, que efrava alojado nellas. Efras, e outras razoens, ainda que convencr~ a Pedro Boroel, Nat"i fe acomo na trazia ordem para conduiao alguma, pelo jufla as muito que os Holandezes defejavao a guerra, defois de duvidas. varios protefi:os, que de huma, e outra parte fe fizera, fe defpedio do Vice-Rey, dizendo que te daria conta aos Efi:ados , e co1n tres Pataxos ie fez na Yolta de Ceilac , e tonlOU o rorto de Gle a 8. de l'vlayo. Ao dia feguinte unindo 100. f<Wdados, que levava, aos da Fortaleza, fahio ell) campanha: fez avifo a D. Filippe Mafcarenhas a Ceila , que diftava 10: legoas , que as Tregoas efrava quebradas, e ie1n efperar refpola fua, marchou a bufcar a noiTa gente, que efrava alojada na Aldea de Cu raa, tres Rcno,alegoas de Gl e : e deixou 40. foldados em Beliga para ie- fe a guergurar as terras dos Candezes, que nos obedecia. Na~ ~cmd 0 i rnanhaa de I I. de Mayo derao vifl::a as noiTas fentinellas ze~ an edo Exercito dos Holandezes , que fe con1punha de 400. de fua naao, e multida grande dos An1igos que tinha naquella Ilha. T'eve prompto avifo Antonio da j\lotta Galva6, que era Capitao mr da noiTa gente, recebeo-o efrando J\1ifl com a mayor parte della, e parece que Deos, acceitando o facrificio , ajudou a jufl:ica da nofTa caufa. Anin1ou Antonio Galva6 os oldados ctn razoens fervorofas, e com o exen1plo : pegrao todos acceleradan1ente nas arrnas , e na6 prejudicando a prefTa ordem , occurra os pofl:os convenientes ; e enfinando-!hes o va.. lor a na temer os perigos fahirao fra das trincheiras : e como os I-Iolandezes imaginava ach-!os defcuidados, lhes fcn-io efra cantel!a de confui . vendo-os co1n tanta onleli1 refolutos. Reconhecco Anto~io Galvao o rcceyo dos
,-43
dos HoJandezes , e entendendo que nao podia lograr me~ Anno Ihor tetnpo, os invefi:io com tanto valor, que depois de . t643 larga rdiil:encia os derrotou. total~1ente, fic_?ndo a ma.yor parte delles mortos , e pnfionetros , e na o efcapand P..ota dos-dos da Jlha mais que aquelles, que pela ligeireza ie falHolande- vra. Houve entr~ os nofTos foldados acoens muito fi;. ~~ll~~ naladas. O Alfe~-ez Gotnes de Carvalho, pertcndendo os Holandezes tirar-lhe da ma6 h uma bandeira , efcolheo en;. tregar primeiro a vida. O Capitao mr Antonio Galva .acon1panhado rle Ignacio Sarmento de Carvalho , J oao de Sepulveda , Loureno Ferreira de Brito, Pedro de Soufa, Francifco Fajardo , e J\tlanoel de Soui Falcao, ihindo os tres Capitaens ultimes com muitas feridas, fizera acoens dignas de immortal memoria. Por outra parte o Sargento mr Lazaro de Faria, JoaoGomes de Len1os , \Manoel das Neves , Pedro de Faria , Fernao dos Santos, e Luiz Alvares de Azevedo na o tiverao menor_,Parte nefre f~Jcc_,efo .. Morrrao 11. ftl~ados, e nao erao os que pele_t;.wao n1a1s que 100. D. t,hppe 1Y1afcarenhas con1 o avifo que teve de Pedro Boroel, ordenou a Joa6 Alvares Breta6 que marchafe com treze Companhias a foccorrer a Antonio da Mota Galvao. Ao mefmo tempo con1 aviio dos Ho1andezes marchava ElRey de .. Candia a foccorr..los, e encontrando-1e ambos no tnef.... tno dia da vitoria, na6 quiz ElRey de Candia experimentar a fortuna : rctirou-fe para os feus lugares, e o Capita6 Joao Alvares fe encorporou con1 Antonio da Mota. Con1 efre fuccefTo ficou Ceilao por algum tempo focegauu , e Pedro Boroel folicitando a vingana no poder alheyo, partio de Baticalau para a Cofra de Choromandel , e entrando na Fortaleza de Trangan1bar, pertendeo provocar ao Nayque de Tanjaor,fenbor das terras circunvifinhas de Negapata6 ,-que nos continuafTe a guerra que havia comeado, offerecendo-lhe na prirneira I110nao grande foccorro : porm o N ayque , que havia cxperinl~ntado a nofTa refiil:encia; e ajufr!]do pazes-, nao acceitou efta propofta, e Pedro Doroel fe fez v1a para Paliacati , aonde acabou a vida, p~rdendo os eus naturaes nelle hun1 grande oppofl:o noffa confervaao. Chegou a B.!-
PORTUGAL RESTAURADO,
PARTE I.
LI1~Ro
PI!.
49
a Beta via a noticia dos Jcctf!os de Ccila, e o Governador Antonio vandamien foccorreo pron1ptamente G(].e, Anno que o nofTo Ex~rcito , a cargo de Antonio _l~a .1\lota Gal- 1644 Vl, de novo akdiava. Anin1acos os da l"ortakza com efte foccorro , fizera o h unia fortida, e queimira hu~a Alda de 40. pefcadores naturaes lla terra. Entre tflc dt:ta.. focego accrdcentou o c11idado ao Yice-Rey ]um noYo accidente que fucctdeo c-m Cot:hinl : rors_t!e haver:do al- Exccff'<"l gun1as razoens Je queixa entre h-rn1 Portllft1CZ' cr~rua- ~Pedro do PeJroGo1nes, e o Rege~or delRex dac.. uclle H.~yno 'er:;c.c.;. lhe deo a morte. EIRey tomando por 1ua conta a VlllfaG- ,hn. a deite defacato , ajuntou gente co1n intento de ccntecar a guerra. Acudio o Vice-Rey a ta in~minente perigo, e 1nandou que.ila Ilh_a a Bernaro J'vlorjz de .1\Iene.. zes , cfiimado por valorofo , e pruQente, cc_m uatro na.. vios, e deo-lhe orden1 rara que antes de te ccn!far a / guerra, procura fie todos os n1eyos de accommodan;ento com EIRey. Chegou clle a Cochin1 , e tratou efte negocio com tanta prudencia , que confeguio na o f f.car. J EiRey ftisfeito, 111as renovar as pazes c0m tao arerta~: das circunftancias, que ficou eftabelecida a amiz2de c. ue fempre teve con1 os Portuguezes. Nefte temfo entrou na barra de Murn1uga hun1a no Holandcza , c;ue vinha da Pedia' obrigada de }1Ufll temporal: Yiriha carrer~da de riquiffinlOS generos' e governada ror }'um Ho1m~dez Commen~ador da Pedia~ o qual. confiderando 0 arcrto em que ie achava propos ao V1ce-Rey, <;t?-e elJe havia chegado quelle porto na f da Tregoa_ sue te dizia cde.. brramos com os Holandezes, e que i e Pedro Eorod a havia quebrado ' n~ era jufro que todos radecttern o feu erro; que affim lhe pedia quiztfle larrar-1he a no, ou depofit-Ja at dJe fer con1 Antonio Vancamien medianeiro da T regoa. Entendendo o Vice-Rcy, ue n~ era razao ror tao pequeno interefi~ ficar com o efcruru1o de poder ter efra a caufa do defatocego d'!G_Uelle Efi:ado conientio na propofta, dando licena ao Corr.mcndador para raflar a Betavia, ficando a no depofitada. Depois de paffado algum ten1po , chegou a Goa Embaixador de Betavia com propofiao. de que ametade das terras fu.. D . jeitas
50
PORT[~'l..t1L
content1o n~lla , e ficou a gterra no efi:ado em (jUe eh~ va de ant-.?s, e tr.1tou o Vice-Rey de fegurar as Pras, e forn~ccr as Annc1das . .1\Iandou hnrna de 20. navios rara o Norte, ele que era Capita n1r feu filho Luiz da Silva Tello ; outra J~ r) para o Cabo de Comoriin, ql!e govern]va Luiz Carvalho de Sotd, a da Cofi:a confrava de '4-, orden1 Je ll~rnardo J\Ioniz de Menezes, e na Coita de Di o andava corn I I. o Capit~\ tnr Lopo de Barros. Igual ntunero trazia no Efrreito de Onnuz D .. l)uart,~ Loco , e com 1!. efra V3. pro::npto D. AiYa!o de AttayJt! ra.ra acudir parte enl que 11lais fe n.~Le1rt.:JTe do u foccorro. fa~L:irao n~il:e anno para a India a n~io Saato i\1ila.:;r\.!, de G_lle era CapitQ mr Joa Rodrifl:nes l~ f, e S.1~1ta 1\iars:arida , gov~rnada por Pedro Araujo de Az~vedo, ambas che~ira a falva1nento a Goa. Anno Entrou o anno ~de 1644. , e logo n1ofrrra6 en1 6 Al~m-Tcjo as prevenoens de hun1a, e outra parte, qt1e ~I 44 havLl de f~r a guerra n1ais vi;orofa, e 111~lhor difp1..1tacia., ~ucceffos que a dos annos antecedentes. i\1 andou ElRey a ]\athias de Alt::n- de Albuquerque, que partiffe de L;_s 1 Joa, onde efi:.1va, a .Tejo.. continuar o feu gov~rno: paf1ou elle logo para El:rcn1~, levando con1figo, lem de outros apr-~ftos , dinheiro para pagar aos foldados, e para remo:1t:1 da Cava11aria , e certeza de fe augn1entar~n1 os Teros de Infantaria com levas novas. Chega:tdo a Efcren1s , foy preparando com fumma breviJade tudo o que ju!gou conveniente para co,feguir os progreffos da campanha futura. EIRey Catholico, fentido das deigraas fuccedidas o anno antecedente, mandou retirar o Co:1de de Santo Efi:eva6, e entregou o governo daquelle Ex~rcito ao Marquez de T ?rrecufa, av:IliJJo em C1frelb por hum dos melhores toldados, e de vat)r n1ais co~1hecido que ferviao aquella Chega a Coroa.Sahio elle de J\I1drid com todas as ordens necefaEadajoz o rbs par.1 ajuft.lr o Ex~rcito, e augtnentar as Tropas. 1 a11:la.!t~ez to qu~~ chegou a Badajoz, detenni!lOU fcm perder tempo c~fag orre- areilitar a graaJe opiniao que havia adquirido: ajuntou
.t\nno tadas ate noyo avtio dos Efr~H.1os , e do R.eyno. Confide1643 ranJ_o o. Vice-Rey o~ inconvenientes defl:a proroft..1, nao
REST/lURADO,
de
1500..
como t~mo.s n1oitr~--:.do. l\2 ie achav~ nd;e mais que 1644 45 1oldaoos de P:U<.1nlicao, l~C Gue era Larita l aicoal da Co.fra. Chtgou ~inimigo, qu~1do ren?p~ a Hianha; _e fendo :ntido l~as icntinelJ~s, ie rreventra os da f}1Lin1la6 para a d~fenl do Cail:dlo ..i\rrinra o~ Cafb:lha-
PARTE J. LJJTRQ Jr][. "' 51 I 500: Cavallos, c nl infantes' e n1andot~ interprer.d~r o Cafl:ello de Ougt!ella' d~ tao rec.iuena Cll"l.l!l1Vaka; Anno
nos as efcadas C.i_Uc trazia6, e juntan1cnt~ htil1l "Fetar~c- Interprcza q ue leyou a 11orta, que na rl!dera entrar os clue a avan- de uu, . . . t>. ol'cJla c.1rao, e a~hando os que 1u b"tr<.lo. v a1oro 1.~ rei; ft enc1a, de- 1 dmal d , 1 - uccc 1 a. fOiS de tres 10ras de porta ie rettrara, CldXllldO as e 1 cad:1s, e 10. oldados n1ortcs, e levan(~O natitos feridos. '1 eve em Efi:rcn1s J\1athias de Alouquen1ue efra noticia, e breven1ente paou a Elvas a difpor a i~ti~f..1a. J\landou ao 1'henentc General da Ci.lV~11laria D. Rodrigo de Cafuo , qL:e com 1500. lnf~ntes, e ~.6o. Cava11os fofre quem.ar a VilJa de Ivlont~jo ; e ao JVIoutdro n1r, que n1archtie ccn1 ~co. Ca\ allos a dar calcr a D. Rol1rigo. Era .1\lontijo de 8oo. fogos, rcdeada de ln m.a trincheira n!ito !evantada: tinha de guarnia quatro Ccn1Fanhias de l:1fH1:aria, e hum a de CaYa11os, fra os l ':izaaos. h~gou D. r.(..l(.f~i;u a l-lont}jo' e 113.0 obran2o a J ..:feD ia dos C'aaelh::wos , entr.h~b os nof!os fo 1dados as trincheiras' e C0111e~r2 (1. fi1cye:1r, e rr fogo Vi11a' quando .j.'r1.recra 'r;_-j~ C.YaPos do in~m~~-o., c.re fahir d"e B3dajoz ao irehate. R.tiron D. F o~~riD('~a Infantaria, e cLegan'- 10 o Monteiro mr, man:hra fom1ac~os a buicar csCafrelh2nos. l'~a oucrer:~o dlcs 1-r o ft~~cefo etn contingenci.a , voltracS as cofras, e f~r~do carregados das nof12.s 1'roras Jevenlente, fOr efra~en1 ITiUIJ to difi:antes, p<.ifra Gaudiana , deixando alguns fo!darlos mortos. R.etirot:-fe o :1\Ionteiro tnr, e o JVlarcuez de Torr{'cufa em contrapc-ta6 dEl:e iuc~dTo niar~dou en trar hun1 gtoflo de Cvallaria relo termo ce forttlegre, quele~'"OU aJgBm gado, na perdc~n-:do s vidas dos tniieraveis lavr~dorcs. JVI~thias de Albuqu{'rque, querei1., do que os Cafi:el~anos fentiife1n ror todas a~ artes os fios ..,das nofTas e1 padas, ordenou ao J'vc-~re de Cmrpo D. Nuno 1\lafcarenhas, Governador de C~frello de Vi D ii de,
1
..
. de, qu~ fo!T~ qu~i:n u o lu~ar de .1\1einbrilho, nove !eAnno ,'?;')1sdiJTlt~J_Llu~l!1 Pra1, abundant~, rico, ede4oo. 16 f~ fo;o'i. P~1rc:1. el.~ eft.;i~o m.1ndou enco:porar com clle o Th~ne;lt::! d;! I\'l:~'tr~ de C~m1po G~;1Pr:1l Diogo Gomes de Figu~ir..~do, q~1~ l:!V:lva )CO. ~~av.11lo.~, e alguns Drago~ns. Co.n eil:-1_s~;1te, a do i~n Te.-o, e 150. Cavailos n1 s, n1vchou O. N l1'10 , e Ill::tndando d~ vanguar. da Ojog:.l Gan:'?s, che.zou ao Jng-:tr q~1e entrou Jogo~ faQueunao qu~ou, e quetmou, co1n P'~rcL-1. eh 1ete foldados, e no~g"'rbd~- v~ feridos , em qu-~ eatrou o Capita Ignacio Fereira de lh~~ n Araga. Ddle lugar pairou Diogo Gon1es ao de Solorinho, que achou defpovoado, e com grande defpojo ie tor:1ou a encorpor.w cotn D. Nuno. <l:.undo fe retirava, tom-.ra algu~s C:lV.llios d.~ lnunas rrropas que acudira de Albuquerque. Paff~1d0 eff.~ fuc~dlo , lo~rou o 1\-1 onteiro mr outro d~ nuiita rep~taa. Souoe que alojava em Viila-N ova de B-uca-Rot<-1 i). Fra~1cifco de Vdafco Thenente General da Ca valiaria Cafl:dhana con1 500. Cavallos. Ajuntou outros tantos, alguns Dragoens, e 6oo. Infantes, e marchou para Villa-Nova. Foy fentido antes de t~r chegado , e D. Fra!1cifco d~ Ve1ateo n1ontou com tod:1s as 'Tropas, e occupou hum monte dil:ante da Villa para a parte oppofta da nofa marcha. O Monteiro mr, vendo baldada a occafia de desbaratar efi:as Tropas, mandou ao Mefrre de Catnpo Euftaquio Pique are.. conhecer a Villa, e Caftello : achou elle o Cafrello capaz de tnayores prevenoens , e concorJira todos em ~ttacar a Villa que era de 700. fogos , e hun1a das tnelhoOMonteL res daquelle difrrito. Affitn fe executou , e fendo tnal ~o mr l- defe:1dida , foy faciln1ente entrada. Saquera-na os nof .. quea Villa fos {oldados, e puzera-lhe o fogo, fendo as Tropas ini~ova~ migas tefi:imunhas defi:e damno' que nao cufiou mais t~rca- o- que a vida de hum foldado, e 16. feridos. Retirou-fe o l\1onteiro mr para Alco!1chel, nove legoas difrante , e dentro de poL1cos dias pafTou a Campo Mayor a fe encorporar com Mathias de Albuquerqu.;!, o qual , hav:ndo ga1l:ado alguns dias em prevenir o que julgou necel_ario para fahir em campanha, fe refolveo a bufcar camtnho
S"'-
PORTUGAL REST.f1URADO,
....
Pafiou
Palou de Elvas a Campo J\'layor, onde ajuntou 6oco~ Infant~s ' I ICO. Cavallos ' e ieis reas de artilhcria, as Anno 1nunio~ns ne~elati~s, e"' bagagens qu~ lev~n:a manti- 1644 n1entos para vu1te Jws. Goycrnava a Cavdlana o ~'lonteiro n1r, a Artilheria D. Joa da Cofta, Capites Generaes de hum , e outro 1 roo. E rao J\leilres de Cmnpo de nove 1'eros en1 que fe dividia a Infantaria, Ayres de Saldanha, D. Nuno J\lafcarenhas, Luiz da Silva 'I'elles, Joa de Saldanha de Soufa, Francifco de JYlello , Martin1 -Ferreira, Eufi:aquio Pique, David Calem , e o Tero do Conde do Prado !lll JVlefi:re de Campo, por fe achar naquelle ten1ro com ordem delRey levantando gente no Campo de l)urique. D. Rodrigo de Cafiro 1 henente General da Cavallaria havia ficado coente C111 El1'as. Compunha as 1-'ropas o Comnfiario Geral Gafpar Finto Pefi:ana, e ordenava a Infantaria o Thenente de Mefire d~ Can1po General Diogu Gomes de Figt:eircdo. Marchou efi:e Fequeno Exercito a Albuquerque com o intento de attacar aquella Praa, que confia de tres mil vifinhos , e contada por fegunda da fronteira de Cafi:dla. Frevenio efi:e rifco o .l\1.arquez de 1 orrccufa, e n1andou para Albuquerque o Mefire de Campo Joa Rodrif;ues de Oliveira co1n 6oo. Infantes , e tres Ccmpanl:ias de Cavallos. Chegando efi:a noticia a Mathias de Albt:qucrque, defifl:io da e111preza, e marcbou com o Exerdto a Villar-delRey, lugar grat~ce, e rico, que entrou facil- ~ueima-= mente , e depois de faque2l1o , H e rs o fero. O n1eiino dtc..lR\ ll.ar- _ . " _, e C} e IIcen d.10 pad ecoao a P ueb1 a, e R oca de M an f-anete, e ouros lu. ' dcfres lugares pafou o Exercito a Montijo. Havia os garte!. Cafi:elhanos reparado as trincheiras, e efravao guarnecidas de 3co.InfaEtes: porm penetrarac-nas os noffos foidados com o primeiro impulfo, e fem padecerem grande damno , rendendo-fe juntamente os Cafi:elhanos que fe recolhra Igreja, e s cafas do Conde de Montijo, Ganh~-'"e unidas a ella. Foy nuito grande o defpojo, rorque o MontaJo.! lugar era o mais rico de toda a Efi:remadura. Na havia at. e~e _te1npo apparecido na ca!llpanha _alguma Tropa do tmn:ugo : poren1 confiou d_as hnguas , que fe tomrao em vanJs Praas, que o Marquez de Tone,ufa unia em
1 4
53
'
Diii
na-
,.
Badajoz as guarnio~ns de CavaHaria, e Infantaria cle Anno toda a fua Provincia, e que convocava todos os Paizanos 1644 que lhe era. pol~vel, difpooens que evideat~n1ente ininuava as re1oluo,~ns de pelejJr. Dous dias fe deteve etn Mo:ltijo J\1Jth~as de Alhuguerque, levado da ambiao da gloria qu:~ eip.;rava co:1ieguir, parecendo-lhe t1nl~etn a_quelle htto accotnn1odado para efperar a batalha , ie acato o iningo o vieffe bufcar a elle. Vendo cmt! na 1 confe~uia efta ida , ps o exercito em marcha con1 a frente en1 Campo Mayor , de que difra Montijo feis legoas, a 16. de Mayo , dia en1 que a Igreja celebrava a fefta do Corpo de Deos. A noite antecedente tocou o inimigo varias vezes anna _, para obrigar os fo1dados a que a pafafiem com pouco focego, querenJo fcgurar a vito0 AMJunla ria na fua debilidade. O .1\'Iarquez de 'Torrec..:lii havia arquez ft .l d . 11 o exercito ne e te1npo untL o to as as guarntoe~.ls pagas, e a e~. as de Caficl- os Paizanos mais capazes dos luzares vifinhos , e co1n la. huns, e outros prefez o nun1ero de 6ooo. Intntes, e 2JOO. Cavallos. Alojou-fe efta ~ente em Lobon, lugar cinco legoas de Badajoz, e vifit~o a Montijo, fi tu ado fobre Guadiana, e parte difpofta para obfcrv.:tr a difpofiao, e movimento do nofio Exercito. Houve entre os Cabos do Exercito de Cafrella differentcs opinies: porque alguns dizia o, que n1archafem a attacar O li vena , que conftava haver .ficado com p~uca guarnia, e que fem duvida confeguiriao a empreza, e na Praa g:rande reputaao, e utilidade. Porm o Marquez de Torrecufa, de valor conhecido , e de natural precipitarlo, dire: que Rerolu os rodeyos fizerao fempre as jornadas trabathofas; que el~ do le viera conquil:a de Portugal para livrar depreffa a Eldea-i~;;e- Rey Catholico defta opprefa , e que ainda que os MinifCLlfa, tros de Madrid tratava o ta pouco de guerra que importava tanto , que puxando elle em oito dias por todas as guarnioens, e Paizanos com ta efficazes diligencia~, como requeria a tena que fe1npre tivera, que era bufcar por eftrada direita o fim da jornada, intentando d~f baratar o Exercito de Portugal, para reduzir obediencia delRey fem contradiao todas as Praas da Provinda de Alem--Tejo, lhe nao fora poffivel ajuntar mais que 6ooo -Infan: c.
54
PORTUGAL RESTAUl?.AIJO,
Cavallos: rorra que ainda que eHe ~xercito ~ra pouco nt1n1erofo , excedia n1u i to ( c~nfr- Anno ~e ~s intd~igcncias? c c~:mtifiao das linguas s_ue ie h~~ 1644 YlJ tornado) ao Ex~ruto de Portugal ' ror confiar io de 6coo. Infilntes, e pouco mais de rooo. Cavallos; fendo h.:rn defre exceilo tanta a differcr.a no valor, e fdenda nliJitar de Cab0s a Cabos, e de Soldados a Soldados, -1 que' antes de atta_..:ada_a batal~1a!, LaYia rerartJl~O ea ~ll~ id:1 as ~oro~s dil VKtona. Ouvuao todos os O.ff.Ciaes Caitelhanos ~ que fe ach .ra_ nefre Confelh~, com grande fatist:lao o intento do i~u General , deicjanclo 1atisfazer-1e dos aggravos expelitnentados nas occafioens dos annos antt.:>ceJcntes: rurtn na deixou de os confundir, declarar o 1\larquez de 'J'orrecufa que aquelJa gloria, Encarrega que fe havi:J de onfegtir na vitloria (que elle contava 0 excr~ ~o por indubitavel) a nao queria para fi' cfCllincc-~ de~~ ~~ii~ fahir en1 can1panha, e a difpenfava ao Barao de J\lo- ~u~n. linguen, que pouco ten1po antes havia chegado quelle -Exercito a exercitar o rofro de General da Cavallaria. : -. Tomada efra refoluao, ihio de Badajoz con1 todos os Officiaes o Bara de Molinguen com ordetn expreTa do Marquez de 'I'orrecufa de pelejar com o noffo Exercito; _Chegou a Lobon , onde efravao alojadas todas as fuas Tropas, e paffou logo Guadiana vifra do noffo Exercito , que tnarchava pela can1panha igual , e defembaraada. Era o Bara foldado valorofo , e rratico, e levava a D. Dionyzio Guiina, General da artilheria, exercitando o Pofro de i\Iefrre de Campo General. Dividira os dous a Infantaria em 9 corpos , e a Cavallaria em 34 efquadroens , e fazendo de toda efra gente h~~a f linh_a com duas p~as de .artilheria nos dous lados Frm~ d( dtretto, e eiquerdo da Infantana, tevando a frma de Ex~wto hum meyo circulo , n1archrao a attacar a batalha ; ror- d~""atclt que chegando o Mefrre de Campo D. Franciico de Lu.. na e ~arcatno CO!ll nova ordem do ]\farquez- rara que pelejaflem , ie reiolveo o Barao a n:1 canfar a fortuna mais que com hurna f experiencia: tomando juntamen.. te por fundamento inveilir, com aquella grande frente, -a frente, e os flancos do noTo exercito, fuppo.ndo-o D iv def-
55
s6
PORTUGAL RESTAURADO,
desbaratado' tanto que o vifie confundido. 1 'a rouco Anno credito confeguio naquelle tempo a nofa difciplina. Etn 1644 quanto o llara de Molinguen fe detinha nefras difpofioens, m~uchava Mathias de Albuquerque por aquella Frm:t da campa:1ha com grande vagar, porque levava o Exercito marchado em batalha. Havia dividido a Infailt:lria etn dez CorExercito C l h - Portugu pos, e a ava lana e1n onze ll.ltal oens: co1n ie1s cc:e:e cupava o b.do direito o J\ionteiro n1r, e co1n cinco o eiquerdo o Con1mifario Geral Gafpar Pinto Peftana ; entrando nelles r )O. Cavallos Holandezes, governados pelo Capita Pi per. Entre as Tropas n1archa\ra6 mangas de mofqueteiros, c as feis peas de artilheria occupavao os claros dos Teros da 'Tanguarda: as hagagens hia cu:bertas com os carros, e eftes guarnecidos com 400. mofqueteiros. A Infantaria marchava en1 duas linhas, a da vanguarda era na marcha a retaguarda, porque o inin1igo ficava daquella parte: ca1ninhava as carruagens na vanguarda do Exercito, para que voltadas as caras ao inimi- go ( con1o fuccedeo) ficafen1 na retaguarda delle. Acon1elhra6 alguns Officiaes pratkos a Mathias de Albuquerque , que na confideraa6 da inferioridade do poder , -arrimafe o Exercito a hum boque que lhe ficava pouco dil:ante, e que fem duvida o ganharia antes que o inin1igo chegafie. Portn elle , ou tendo por arriicado prefumirem os muitos foldados novos que levava, que era receyo efta arte, ou entendendo que para vencer lhe na era necefario melhorar de fitio, na quiz ufar do confelho , e continuou a marcha iem alterar o pa1fo , netn mudar a ordem. Era nove horas, quando os Caftelhanos chegra6 vifta do nofo Exercito. Mathias de Albuquerque com afpe:to conftante , e bellicoio , co1n alentado efpirito, e diligencia incomparavel, mandou fazer alto Difpoli- aos f oldados, e que voltaffem as caras aos Caftelhanos : ~a6 para a proporcionou os claros , com paflou as fileiras , e perfilou atalha. as filas: cobria com os carros o lado direito do Exercito , e parte da retaguarda, todo o mais corpo ficou defcoberto, podendo amparar-fe dos mefmos carros : defcuido que ps a vitl:oria em contingencia. Guarneceo as bagagens, fez preparar ~ artilheria, e o tempo que o inimi-
go
o- 0
!!aftou cm cicral a at tcc::-:r a l atll1~a , tt'Ye di e c e cn!~lat,aos foldaco~ c< 111 ::-s r~zccrs fq;tlintt:s: , frivik- Anno ,, gio ~.nti[O ]~e ca!\. 2l0 I Oltllf-llt:Za II C:~ dcrer.ctr l ~ i~l- 1644 ,, centiYOS rara ~s 2(0fl1S rrandts: rorl~ le ncctflat 10 Orc:ca , yalorofos fold;;G<'S , que Yos lembrejs da jufiia ccn. dcMithias ,,quecoroafics o hir~(ire a Cjt1ccl-t:cccEncs, e (a t)_ecAlbu. c .:J J querque. ,, ranma cem Sl!e c mos tr~tl.;CS o tt.mro que 1:cs ccmt,, nrao t.ftes nKfmcs icin-.ifOS , c;re '{era tfn CS rre" fentcs. Fda rrincira raza ad:ar_cnos_ rrcpido ao , Deos (los f xcrcitos , qt~e kn1 c.? e fl .flir icn:r-re 3 arte , jufi:ifG-:da , E111fEnhou no Carr:ro de Ouric_;ue a Ja pa" lavra na ycfta '~efcnfa , e dvr~ao del:e Imperio. A , fegunda yos o~t:iga a Cjl!e va1orofos vos fatisf~ais dos a~riraYos 6o. ar.nos .--adeciccs; e ccn:o a alma, e a hona I '' ra iruaJn~trte fa ncs f Ol1l'f Uezes GS dot:s rJos Ca Vi,, 1 '' da ,L ccnf ( crada a ir_it ria, e rrcfcr.te a canfa de11a, , nem ie pde efcufar a l-atalha, 11en1 (~uvicar da vitl-oria. , Efra he a n1efma na2o, que no.f.Tos Anter2fldos fcm.,, pre vencra , e efi:es fa os mefmos Cafrelhancs, de ;, que pos annos rroxin1os em todas as fronteiras tt::mcs :;, triunfado. Vem elles a relejar cm l:uma f linha: (te,, meridade nunca ouvida) e a caufa he, rorue na ru .. , dra ajuntar mais que a gente que vedes. Peo. . yos ,, que rcfifrais o F'rimeiro impulfo, e feguro-vcs c;ue te-,, reis venda a batalha ; rorque na ofcao ao inimir,o re" fervas' donde fe torne a f(lrmar a ccnft'ao clefre rri,, meiro impulfo. Deve lenjbtar-vcs, que com igual Ex" ercito , ao que temos no c2.mro de Montijo , venceo , o gloriofo Rey D. Joa]. no campo de Aljubarrota a , E1Rey D. Joa6 I. de Cafi:e1la , que trazia trinta n:il Po'' mens. Reparay u1tima!l1ente em que o .1\1arqcez de , Tor~ecufa fica em BadaJoz, nao tendo caufa cue o im" poffibilite, para fe achar na batalha, mais c;l! o teiT'cr , de perd-Ia. E fe o General do Exercito inimigo vcs , confeiTa na imaginaao a vantajem, como rcdereis ,, vs deixar de confeeuir na realida(1e a vifl o ria ? !'~o , fuccefo de hoje conre a confervaao de nofls v ii' as,' ,, a liberdade rla noTa Patria, e a opiniao da noffa Me" narchia. Bem conheo do voflo valor, 'iUe antes accei.. - , tareis)
1
57
s8
PORTr;.G.LIL RESTAUI?.ADO,
, tards mortl::! inf1llive.i, qu~ vida affrontoi. E tto vos Ann() , peo que obfervei~ .a~ n1inhas acoens, porque fio t~u:16-1-4 , to do alentado eip1nto, que a todos vos anin1a, que ,, efpero achar em cada br::..o voio hum confelheiro pa" ra o mundo , e para comngo : he ten1po de acreditar.. ,, d~s efra opiniao. A pelejar , valorofos Portuguezes, , qu~ o ininligo vem ch~gando : a p\.!lejar, que hc o nlef,, mo que mandar-vos a vencer. Na efrava ncfre ten1po ociot a diligencia do Barao &~ Molinguen , porque en1 quaato ma,chava o feu Exercito con1 vagaroios patfos a attacar a batalha, dizem que fallou aos fcus toldados Oraa5... nefte fentido. , O antigo efrylo , animofos foldados, doBara_" , de perfuadir o valor com razoens eloquentes em fide Mohn- , mt antes con fl"h..LOS,perd e h OJe tota1mente o exerc1c10.: "lh Cl. . . . ouen. tJ , affi1n porque empre nos Cal:elhanos foy vida o pelejar, , e o vencer cofrume,como por ferem os contrarios,que fe ,, nos offerecetn, pequeno triunfo para os nofoo braos. ,, Com onze Batalhoens de Cavallaria , como divif~unos, , trazendo ns trinta e quatro , e con1 igual nun1ero de ,, Infantaria, .fe refolve1n os Portuguezes a eperar a ba., talha na campanha raza : e tem ta opouca noticia da ar.. , te militar, que, tendo carros para cubrir os flancos, e , a retaguarda, nos deixao para invefl:ir defembaraado ,, o corno efquerdo. Efl::a defattenao, que obfervo , n1e , obriga a levar em huma f linha todo o Exercito: por'' qu.::! com efta efi:~ndida , e dilatada frente havemos ~e , confeguir inveftir com tanto poder , e tao furioia'' m-~nte ambos os dous lado~ do Exercito dos Portugue"zes, que fem duvida, ou fugir as fuas Tropas antes -,de avanannos, ou fe aguardarem fera desbaratadas, ,; e fi~ar depois a Infantaria facil emprego dos nofios -, go1n~s. Ncl:a confiana vos dou defde logo as graas , do fdiz principio com que me hofpedais neft~ Provin , da, beneficio que efpero r~munerar-vos , icndo con~ , SuaMagel:ade Catholica verdadeiro mediador dos vof" fos intereffes , depois de refl:aur~do Portugal, infalli" vel confequencia da vitoria que brevemente confegui" remos. Segui-me todos, antes que os Portuguezes, ar.. , repeddidos de aguardar a batalha, nos faa , voltando , as
59
as cofias .. tnenos t,l0riuiiJ. a vidoria. Hd}"'ot~deo a e1~~s r:1zoens a noE:t art.ilhcria Gl!TCf.~'da de balas cle n.cf. Anno <n 1cte, e t'{l~ancuctJs ccn1 ta furioio itnpnlio, e t~ cf- 1643 t .I l -1 f. . fcaz en~pr.:of!O, qt1e pcnctanco tGO o l erro c a Ir .. ~r- )lrincirio tar~a da rriir;.cira <.1.t ~ultima (kira' radecra os cfL- J;l. bata ciacs, e Soldadcs excdiYo efrrago. N3o en~barr.ou efia lha. primeira dcigr~a o ardor do~ c~Jl-ell'~no~; porque tornai1do-fe a compor a Infantana' ccpols de difpararem 2S rluas peas con1 p~uco ef~cito, ~arregou ? ~arao de J'vl ~ lingucn com a Ca~Tal1ana do ieu lado ducrto ns r.~flas ~rropas do corno dquerdo, que governava o Comnufario Geral Gafr~r rinto Peftana, a que aflifria o Capitao Pi per com os r 50. H oland~zes ; os quaes na tendo n'lais ... gloria que lograr que a da Yida , a l~f'frrezrao, voltando col:-arden1ente as cofias. Cegmnente fcguirao eft_e ex- Rornrem etnplo as Tropas Portuguezas , e conio htnn defatino 0 5 Cafie 111anos o .n. - -, d , _, d arraua cetros tnayores , nao 1o e1ampararao to os o ,orno efcamro, i~nao que colhendo o cofiado do Tero deAyres qucrdo. rle Saldanha , o desbaratrao, bufcando pelo cento dellc cmninho o 1eu temor. Teve o mefmo fucceTo o Tero de Martim Ferreira, por~ue os feus foldados novos, e pouco defiros arvor~irao as picas, conl~ecenco as nof'as Tropas' e conl efra bizonharia abrra rafio fua ruina. Os Cafrelhanos, reconhecendo a fua fortuna, entrrao cotn a Cavallaria pelo lugar que defamparra as nffas Tropas, e feguindo as mefmas pizadas, penetrrao os 1 ous Teros, que ellas haviao desbaratado, e matando, e ferindo todos os que encontrava, forao bufcar a retaguarda das noflas Tropas do corno direito, que nao haviao fido avanadas pela frente; porque o Thenente General da Cavallaria Caftelhana D. Francifco Velafco, e o Comn1ilario Geral Pedro Pardo, que govemavao as Tropas do corno efquerdo dos Cafielhanos, vendo o grande progrefo que o Barao de Molinguen havia confe~uido, pelos feus paros intentrao alcanar a viloria, havendo tambem reparado nos carros que col--riao o noffo Retira-re, cofrado direito. Porm as Tropas, que affifiiao caquelJa a noffa parte ' confiderando a batalha perdida' rorque viao a <;:avaJJa- Infantaria rota, e a Cavallaria do 'orno eiouerdo retira- nra dd~c?,r
I 1 -
""'l
a,
liCJ
6o
PORTUGAL RESTAURADO,
da, antes de rec~ber-~rn 1nayor datnno , fe refolvrao a Anno fal var as vidas , atropdlando os Cavallos primeiro a pro16-J-4 pria opiniao que a terra alha que pizava. Recolhcraofe a hurn bo{que de x.~vora ' rio que lhe ficava vifinho , para onde Ga1par Pinto ie havia retirado. Os Cafl:elhanos, vendo faltar a Cav alLuia, a-- artilheria ganhada , e a Inf..u1taria rota (porque a efre tempo todos os nofios Teros fe haviao confundido) dera a vitoria por conDeforfeguida, e huns occupados em defpir mortos, outros em de~ dos roubar as bagagens, fe efpalh,ira por toda a campanha. Candha p d - 1 fr c ffi nos tend~ ora eicu pavel e _e ieu engano, ie ~ora :po r~el eiqueporcerta ceretn-fe da valoroia Naa con1 que pelejava, a qual a vil:oria. neite dia cobrando nova vida, conquifi:ou immortal gloria. Mathias de Albuquerque acudindo co1n invencvel valor a todas as partes, lhe ntatrao o cavallo. Vendo H;!nrique de Lamorl, valoroo Francez, Capitao da iua guJ.rJa, o riico do icu General, defendendo-lhe a vi. da s cutilladas , e defprezando gloriofamente a fua , fe Perg? de de1inontou, e lhe deo o feu cavallo, cobrando deprefa, :a~~~a~- e galha_rJatn.ente. outro. Montado J\'Ia~hias. de Albuq~er.. querque,e qu~, i.e un1o com o General da Art11hena D. ]oao da a~aglo- Cofta, o qual, exc:~dendo a todo o encarecime~1to, havia ~~~~r~. peleja:lo como de_l:riffin~o Capitao, e como iol~ado d~ valor tncan:1vel d1fcorna por todas as partes , utundo ei~ Valor de tes, e anhnando aquelles, e encontrando-fe com htun Ca.. n. Joa pitao de Cavallos Cafrelhano fe invefr'ira, tnatou-o s da Cofia. efrocadas, e recebeo das fuas mos hutna grand~ cutillada na cab~a : querendo a fortuna que o tn-~frno f1ngue fervire ao feu valor de e!inalte .. e de coroa. T'anto que fe encontrarao elle, e Mathias de Albuquerque, delibe.. . rara6 refraurar o damno padecido, ou iacrificar as vidas ~at~~ 5 a ta glorioi empenho. Ajuntara-fe com os Mefl:res de q~:rqu~:e Campo ~Juiz d~ Silva, Joa de Saldanha, Fran~ifco de os mais M~llo , e Marttm Ferreua, os quaes con1 valor extraorCabo:; re- dinario havia pelejado , e com o 1'henente de Mcfl:re de fEazcrn_ Cunpo General Diogo Gom~s de Figueiredo , que teve Kcrc1to. 11. , _, grande parte no iucce fi~o deue d"Ia , '-e tornarao a untr os .. Teros, con1pondo-ie os Corpos que formava dos ioldaJos, d\;! todos elles fem diitin~a. Com dta gente , e 40
40. CaYal1ns (~e valia~ 'j HTd.S, su~ a_lrntll Henrique ce Lamorl' avatou ]\L.:thias ~e A n~t:Cll!trque' e os cire A nno 1 O H.:Omr~nhlY.~, COIJ1 ~S eir~'- 2S r.a n ao, centra O.S 1 t44 ,-... r. , 1 , l" J 1 (, 1 ,_..ali:d<.1nos, c,ue anoaV:! ctvtclcos Cle~rlnco mortos, e roubando carro~: tcrnr~ logo a rffl~:urar a 8rti.!ltr!a Rd'l2ura que l;~:sia perdido' e fazenco-a D.]oao ca Cofta Yolt~r a_~rti!l.c brcvetPU'ite contra o it imigo, jogou cem mar<=rviJl~oio ~a.~ ~cs effdto. \'cnc~o os Cafidhuic.s, que cra invefticos cc~ d;{l~~h~-s mt~fn!oS que julgava kFl~ltados , fe afonll"~rra dcfcr- nos. te, cue der o is de rcf.Hiren1 alguns menos occupzccs co recey~o, forao todcs C:e~r.aratados; e na dando a ira lugar miiericordia, negcirao os noflos fold~ccs Cjlittel a todos os ir.imiros c;ue fTccntrava. J\1archara cem efte furor crrois de 1Ejs lor1S de conf.iuo , e obricrao ao Eara de 1\lolit:fllen a Ff~u Gliadiana com r.oyeLT roras, Rc~ira-_fe -l ,.. d fi . -' o Earao , . e tres 1 (rsos' qu_e rol~, 2J~nlar ~os que rgwo ~ e cem c pafTa tanto deiacordo ie arro,arao cs ( alell~a11os ao no, cue Gu~diana. muitos levou a corrente: Erao tres horas da tarde cu21~do fe acabou a batalha. Mandou J\lathias de Albequerque focar a recolher, formou cs Teros, fez ajvntar os feridos, accommcc~cll-cs ncs carros , e eftcve forrr.a~o na camranha at cerr~r a noite ; porc:ue lhe r.ao ficafle circunfrancia al~un1a de viuoriofo. Em cuat:to dt:rou arataJha, fe h~\ria aiuntaco t"!o cofcue .e Xevora a mavor parte da nofa Cava11aria, que fe tinha retirado , e havendo entre os Off.ciaes votos CjUe tornliem a b11fcar o inimigo , antes de tomaren1 refo!uao , ouvira6 difr arar a nofa artilher1a quar.(o a rEcliferrr.os, e infelizrr.entc infcrra que era falva cem Gue os CafreJl~anos celebravao a vitoria. Obrigados defra furrcfao, detiverao o primeiro irr.ruHo, e n1a1~cra 0ito Alferes areconhecer a campanha da batalha ; e como efres chegando ao Exercito vira o confee:tlida a vil o ria , nao tornrao a voltar, e as Troras tardaTicc-li-e o avifo, fe retirarao para Campo J\'!ayor. J\Iathias de Albrcyercr:e tanto cue cerrou a noite, ie ps em marcl-'a, e mar.ccu (1 iante).ao Jvleftre de Camro Joa de ScJ(ar11 a C( mo fcr 1 cro a fegurar o perto de Xevora, onde JVlatbi~s c~e AH t~suerque chegou na madrugracla do dia ic6t.iute, e acl cu encorpo:
6i
61.
PORTUGAL REST.AUR.dDO,
corporada com Joa5 de S3ldanha a Cavallaria, que haAnno via voltado de C:1mpo Mayor. D~pois de algumas horas I 64 f de dilaa , tnarchou o Exercito para e11a ~ ~aa .' Ievan.. Perda dos do IU:;!nos 900. foldados entre tnortos, e pnloneuos. Os Portuguc- tnortos de 1nayor pol:o , e qualidade fara os Mefrres de zcs. C:tmpo D. Nu:1o ~"'\1afcar~nhas, e Ayres de Saldanha, os Morren quaes pelejara6 largo epao cotn valor i11figne, e acos Mcflres o ~as dig11as d~ et.~rna lll~inori.l : J oa de Saldanha da de Ca n- Glina Ca:Jitao de Ca vallos , eftimado em todo o Exerpo Ayres . I ' d 1 1 . d d . d:: Salda- c! to p~ o gran' e v a or '.,e 1erotcas ~ar~es . e ue era _onha' D. tado : Bartholon1ell de Saldanha ' Caplta de lnfantana, '\ NunoMaf- Rodrigo Starch, Capitao de Cavallos Holandez, e os Sar.. carcnhas, gentos n1res Jeronytno Ferrete, e Belchior do Crato, e outros ... f._.~ Fidal"' 5 Oito C apttaes d e I ILantana, e outros ()'1}i ctaes. O s pn 00 . fio:1dros qu~ l~v ra6, logo que fe com~~ou a batalna, Fda.Ii?os fora o Mefrr..! de Campo Euftaquio Fique, os Capi1 1 c Omn "1 ciaes pri- ta~s u.e C ~va ll os F ~crnao rcretra, e o <~. onae r .. .ranct co fiondros. Fiafco G ~no vez, Mano~l de Saldaaha , Jorge de lvlt<lJo, e D. Fr~u1cifco d:! Alm"ld:l Capit ~s de Infaataria; i\ uno da Cu:1ha, e frl~h.:iko Corie1 d:.1 Silva , (;Ur:! ft~rvi.11 de Soldados, co:n mJitas f~ridas, e o. Di~fiJ d.~ Jvienezes Capita6 d~ c~lvalloc; : o qual antes d .! fe C~H11~..!:lr a batalha , r~c ~h~!') hu~n 1 b:l !la ~an hu1na perna .c;_ue, eilcobrio aos f.!us foldados , e i:1vdHJ lo:~!) tJ. .-~~orotamc.l te a') Tro~J~ls ini:nt.}lS , qa~ ro~n~J.~ 1.Jo com alguns 1oldaJos as qu ~achou dia:lt-~, v~yo a cahir co1n i ._1;.:-J f~riJas m~rta~s na r'~taguarda de todas, e hc~rHlo nq c:~rap~nha toda a noit~ entre os mortos, foy o dLl f~guint~ ddpido peJos Paizanos de Lobo!l , e reconhecendo quE' efrava vivo, o Jevra e1n hutn carro com cx..:d1iv:1 mo1eitia a Badajoz , onde o curra co1n ta pouc ctJic..bdo , que depois de hum anno que efr:~ve na caL~a Ja c;dade de C~UiUOlla, veyo a tnorr~r e111 fu:1 cafa das f.'rilbS quereceb~a na batalha. 0.:: mais prifion~iros padecrao ern Granada os excefios mais efcandalofos, que em teinpo algum Pt"rd.:t dos i e experitnent~irao entre Catholicos , prevalecendo o Caflelha- adio contra a piedade, e comn1iferaao, de que fempre nos. e ar- fora6 dotados os Caftelhanos. Perdra6 elles na batalha masqte os n.1.e ft l\ll 'd r, a;.:h:ra. res d e Catnpo DJ oze e Pu1 . gar, DI"ranctu.:o .
J
.J
de
63
, t.....-
de Lnna, Corregecor de Badajoz, D. Liogo Gira1cir;.o }rlandez, e loa Rcdrirt:es de liveira I ortvrtwz: r.ve lJ .:no r
~
... .... .. ~
Capn2cs d~ Cavallos, quarenta e cmro ct' lr:I~,r:t~:na: 1.~-44 outros nwitos Ofliciacs' e mais de tres lTtil 1c 1 c~;;(_J{l~. ra mayor a perda, ;--I~cf:a Cava1Jaria ycJLir~ j batana, como 110 bcfql1e tt. ve ceterminac:o. RecolLcc. ]\:T athits ~ All US_ucrque 45CO. liD'~.s dcs c~h:lhr.l~OS n~ortcs' e dos qee as Jarr,ra c.uanco fut.ra. EH: a foy a prin1eira batalha que der o is a A(dzmaca os r ortuguezes canl1 fara aos Cah.lhanos: e coefideradas as notaYe1s circvnftandas de11a , merece fer celebrada ror ln ma C2S n~ais irf:gr.cs ticcens_ ' (_. ue tem acontecil1o no n1urco. lcrc1t:c rol cas vezrs ie trm vifto fi~ar ver:ccc1 or, l.xercito, {~UC 110 f rir:cirio da latalJ1a foy ta cc~rr,ratedo ; e J-e cErto C.LLe l"Elll CS I!Ofcs fol{~acos folitcrQo dar-lhe priPcirio, 1Kn1 os Caftelhancs acal--la , con1o der eis ccr.fef t 1~ o JVT arq11~z de 1crrecufa. De tcdcs cs Sllc a [' anhh~.o i e n fere n"1 tantas acocns heroicas . Ct~e ].c in;r( f: \TJ o rarticl Jari72-h~s, e b~fra O filccd~o p~i-a elegi o d~~ c:ua!uer (~os veecedores. Chego ti Chega a_ a nova da viloria a Lisl::ca, e n-an~cu EJRt:y folenjni-llRc~ a z-la cem f}at-:Jes ftfl~:~; e rcrrtinco as noticias r:d~s ~~d~ri:, N~oens, coPrrr. mayor rerut~a 2s 1i~as Arroas. O qe man)\larquez de 1 orrecuia n~ ccni(guio n.ayor a11ivio , na da ccledei~raca sue h'eeceo O rxercito Cl'P ~c.Yernc:.ya, quebrar com _ _. . - ,d. . dc.n nao. {-e h a ver ac 1ad.o na 1- ~ta 11~a,e cn1 ac .1v1r! b.ar o f uturo, flr<!c onoens colheo o fnu~to das experincias mi~itares, que nn t~ntcs pubicas. annos de g,~crra havia grangelC~O. } Fflicou-fe CClll grande attenao a levantar Itif<~ntaria para tornar a formar os Teros , e a ccrr.rrar cavalJcs rara n.rror.tar as 1 rcras. Ruma , e outra cli1it=enc1a confq~~uio lreveniente , acudindo com granc1e rrc-mptic2o a rrmrdi;;r o damnc F"decido.Vendc-fe o J\'1an;vez cem roder tlfrante r.-:r2 rrccu- Faz Flrar alg,uma fattsf~c2 '2JUI1fC'l' 5CCO. !Lfantcs, e I rco. Ca- c .. a llrrl.cr~t}" a. Yallos, e entregat-:(k-os ao Eat80 de ]\1 clingucn, o n~ar.- thiaf ~e rlou que foir~ a cueimar 2s A!das de Santo .Aleixo, .c C,2- Albuquerfra , vifinh2s Pr:'a dE' .1\Ioura. O Monteiro n~r, c:ue cue elo r J3. e frava em 01IverJ., trve ~:VI. o c1 e cu e o lf1Jfl11f,O 1Jlll1- T1tuJode 1 Conde de tava foder: deo conta a MatLias de Altuquerq_rc,a quem Alegrete.
ie
rc-
L-
lV
E1Rey
6.,_
ElRey p~la vLturi~Lal.:anJda havia feito merc do Titu.. Anno lo de Conde de Alegrete. Havia elle de Can1po Mayor 1644 pafado a Elvas: tanto que recebeo efra noticia, deipe. dio logo a D. Franciico de Soufa, ja naquelle t~n1po Co:tde do Prado , e a Diogo Gomes de Figueiredo co1n os 1eus Teros, e dtus Tropas, a guarnecer Moura, fa.. zeado priin~iro avifo a D. Henrique I-Ienriquez, que gov.~rnJva aquella Pra.1,do pod~r que o inimigo ajuntava, p:.ua que eftivdl~m prev~niJas todas aquellas que receb~ifetn eit1 no tida. Qtando ellJ. chegou a Santo Aleixo, ja o inimigo vinha perto da Alda, e na tivera os n1oradores mais tcn1po para fe preveniren1, que o que baftou para guarne~er :.1 fraca trincheira, que a cer.cava, e hum pequeno, e 1nal Jef~rrdido r~du.:l:o que rod~ava a Igreja. Achav..16-ie na Alda 2oo. homens, que podiao tornar arm:1s , gov~rnados pelo Capitao Martim Carraf... co; e nao eftclvao as AIJ.1s guarnecidas de Infantaria paga, porque o Conde de Alegrete havia mandado defpovo-las, e palar a gente a Moura, orden1 que elles na quizerao executar, fiados na refi11encia que haviao feito ao inimigo. C!1egou o Barao de .1\iolinguen a Santo Aleixo a r t. de Agofto ao romp~r da 1nanha : tnandou logo avanar a trincheira , rebatrao os defenfores o prin1eiro impulio cufta de muitas vidas dos Caft~Ihanos, 1nas arrirna'1do-1he efcadas por varias partes, foy entrada, e o Capitao fe recolheo m1l ft:rido com 6o. homens ao reduto da Igr~ja. Avanou-o logo o inimigo ; porm foy com tanto valor defendido , que fazendo os Cafl:elhanos, para chegar co1n menos perigo , barbara efcudo das mulhert~s que achrao na Alda, ligadas por eftreitos paren.. tefcos cotn todos os que defendiao o redul:o, elles com defufada conftancia atiravao fem riedade nem reparo,paf fa:1do-lhes as b:1las, que en1pr~gavJo nas tnulheres, pri m~iro os proprios coraoens que os peitos dos inin1igos. Experin1:~ntanJo os Cafl:elhanos que lhe nao aproveitava, efr1 in1pia aftucia, arrimrao por tres partes tnantas ao. redn :lo, mas ern quanto picava6 a parede , as pedr~1s ~as fepulturas, que de citna lanavao os defenfores, lhes fer-. via d~ inftrum~nto para a 111orte, bufcando eftas os vivos
PORTUGAL RES'TAUl?..ADO,
r~
fcpultados. \enclo os de Santo Alctxo que n~o rodtao dL- Annq fender o redu a-o , fe recol hrao Igreja , tlonue cerr~~das I..J-4 as portas fizera nova refiftencia : romper;.!-nas os Cai1:c- - lhanos COOl hun1 petardo, e fubira OS p.)UCOS raiZi!10S, que eftavao dentro, torre dos tnos, c teo da Igreja; Entrou nclla o Bara6, e pafando ~ Capella mr a glJardar o Sacrario' lhe valeo efra devota attena: rorg'lJC os foJdados, que andaya roubando o fato que efrava na Igreja, fen1 reparan:n1 em alguns barriz d~ poh:ora que havia nclla , dera caufa a prender o fogo etn tocos, c~- Ganh 3 ,; hio o tel:o, e perecerao juntamente os Caftclhanos que Eara_ Sfe achavao debaixo, e o:(\ Port11guezes que efravao em to A_J~ixo cima. Li\Tou Deos a piedade do Barao na abobeda da Ca- de1 .. da ros ~ . d h . d b ~ . h _, \a oro 1 a pelJa mayor, hcan o-! e para men1ona o enehc1o ua rdificnpequena ferida na cabea. Confrou que os Cafrelhan~s cia, e a~ perdrao 7co. homens, e que os n1oradores de Santo Alei- f;\fa. xo 111:orrrao quafi todos. Defta Alda paTou o Bara a C,afJ.ra: porm nao tendo efres moradores tanto vaJor como os de Santo Aleixo, fe rendra, promettendo-lhes os Cailelhanos quartel que depois lhes negrao , n1atanJo muitos, e roubando todos; con1 que lhes fora menos caro perderen1 a vida com n1ais lonra. O Barao de J\1o1inguen, mandando recolher as 1-ropas , que havia de-i: pedido a correr os campos de l'vioura , e Serpa , fe reti rou a Badajoz. O Conde de Alegrete, logo que defpedio o Conde do Prado para 1\loura,aiuntou com toda a brevi- ! dade a guarniao das Praas vifi11has, e paTou orden1 a toda a gente da Provincia rara que fe foflem encorr.,orar ~om elle a :JV1oura. J\'I~rchou para aquella fraa a l.tifcar o inimigo ; no caminho recebco avifo de que era retiraco, .: e voltou para ElYas, e logo ordenou ao-:1\Ionteiro mr ~ que com a Caval!aria, e Infantaria de Olivena fofTe a queimar Salva!eao , lugar grande , cinco lego~1s defra Quci~'a o . Praa. Afiim o executou, e no rnefrh<? tempo mandou o M~::t_ciw.~ Conde de Alef!rete a D. Joao. de Souia irma6 do Conde n:~r ~al~ do Prado, e a Diogo Go1nes. (1e fi;2:ueiredo, an1bos fd- \.lHw. tos Mefrres de Campo depois da batalha de Ivlontijo, com os f-.!us Teros, a queimar a Villa de S. Vicentl!, fi tua-
~"H:tras
dt:EI<.: CS
65
E~
oa
PORTUGAL RESTAURADO,
da entre Valena de Alcantara, e Albuquerque, levando Anno juntatnente 150. Cavallos. Chegrao Vi lia , que era .I 644. grande , e rica , ach r ao os n1orauores com as anuas nas 111aos : porn1 nao lhes valendo a refifi:encia , foy a Villa Ganl~a-fe entrada, e faqueada. Retirrao-fe carreando grande prc: s. V~een- za daquella camranha. Veyo bufc-los ao cannho o Gote. vernaJor de Albuquerque com 400. Cavallos , e hun1 Tero de Infantaria : invefi:io-os pela retaguarda , onde n1archava D. Joa de Soufa; porm elle rebateo tao valorofanlente aquella rcfoluao, que f~z retitar os Cai".. telhanos, levando alguns f~ridos , e rerolheo-fe a nofl g~nte a Al~grete fatisfeita con1 os deii1ojos do iHin1igo do trabalho da jornada. Paflrao alguns dias em que na houve 111ais occafioens que algumas entradas pequenas ~e hutna , e outra parte. Em h uma que os Cafrelhanos fizerao pela parte de Catnpo Mayor com 6o. Cavallos, procedeo valorofamente o Capitao Nlanoel da Gan1ma: . porque os invefrio com 10.. da fua Con1panhia, e os obrigou a fe retirarem , recolhendo-fe com alguns prifioneiros , e duas blas em hum brao. Soube nefre tempo o (~onde de Alegrete que fe alojava em 'Talavera , duas legoas acima de Badajoz, tres Companhias de Cavallos, as quaes cofrun1ava Jhir com pouca cautella a qualquer rebate , na confiana de terem o foccorro pouco difi:ante. Ordenou o Conde ao Monteiro mr , que fahifle de Olivena a annar a efi:as Tropas com 6oo9 Cavallos, e dous Teros de Infantaria governados pelo Mefi:re de Campo Sahe de I-'rancitco de Mello. Sahio de Olivena o Monteiro n1r, Olin:;1~ e avanou o Capitao D. Francifco de Azevedo com 100. 0 Mo~tci- Cava11os con1 ordem , que fe embofcafie no lugar mais ~a~~\) vifinho a ~falavcra, que lhe fofie poffivd, e que fahindo Fr;mcifc~ as Tropas pruvocadas de algumas prezas, que jlUlto da ci .Azeve- Praa ha viao de fazer poucos Cavallos, peleja_ile com ~o arr~ar ellas , e que desbaratando-as, fe podia retirar iem peri: :; rr.;~ag gv dl Cavailaria de Badajoz, porque na ribeira de Val.,;ra. a.a. verde o fi~ava aguardando. Marchou D. FrancifCo , e avancando o Thenente Franciico Liotte con11o. Cavallos a pegr em algum gado que andava na campanha, fahira adef~nd-lo as tres Tropas co1n 150., e o Thenente cem
mu_i...
muita dcfh~z:1 os veyo metter na embof~acL1. InvefLo D. Francifco con1 tanta re1olt:a6 os Cafrdl~anos, cue Anno voltrao as cofias : fegt1 i o-os at Talavera, e totnoc-lfK!s 1 644 I 10. Cava li os, entrando nos prifioneiros os 1-henentcs, e Alferez das Con1panhias. Brevemente chegou a Bad2_joz Dcs~arata a noticia defie fuccefio: mandou logo o Marquez de 1 o r- I?. rranr ur _1 rectlla ta 1 o Barao ue M o1tnguen con1 6oo. C aYa11 os, e crlco as Tr(Y.)as ord~nou-lhe que marchalfe direi to ril:eira de Valvenlc.. c porto certo que havia de bufcar as Tropas que haviao ido a Talavera. 1\iarchou o B::uao com toda a diligencia, m.as primeiro chegou D. Francifco a ie encorporar com o 1\Io:,teiro mr. Foy recebido com grande arplauo, e o contentamento embara0u defrte a pn1denda, que 1endo conveniente p~-1Tare1n logo o rio as Tropas, t; Ter_: os, para ficare1n hvres de novo cn1penho, te dettverao com infelice ecuriofidacle em exatninar as ruinas de Vaiverde, e derao com eil:a dilaa tempo ao Barao de Mo- Cfleoa o linguen a chegar vifra dellas. Tocra as da vangu_arda Bara de vivamente arma, e o primeiro rebate introduzia defr- Molint e con fiu1ao, que h avenuo pa11auo a n"b etra o 'I'ero de :. T com r _-1 Jr _1 auen p"s a Francifco de Mello , e parte do de Enfraquio Pique , as d~ B~d\~ Tropas, que efiava todas por paffar o rio, fizera o alto juc. com as caras nclle , c deixrao cont a frente aos inin1igos tres Companhias de paizanos mont~u]osem egoas que vinhao Je retaguarda. E~ces, tantu que virao que os Cafielhanos chegava perto, fen1 haver refpeito que os dctvciTe, pal:ra a ribeira, e fugir3 para Olivenca. Con:Jnunicou a tua defordem ta] embaraco n?~ outras 1'ropas, ~ne efpa!hando-fe entre todas l1uma voz que dizia, que fe retiraiTem a bon1 patTo , lhe obeclec~ra con1 tanta prefTa., que na? valendo o refpeito do General, nen1 ~:N~ ~a dos ffictaes, e Fidalgos, que quizera dct-1 os, rc- vallaril. dea iolta can1inhra para OJivenca. Naotardou o Bara <.~e ~lolinguen em ie valer defrc Jefatino ; carregou funoiam.er:te: porm detido de algumas cargas 9ue deo a Infa~tana que efiava no porto, fobreveyo a notte, qt~~ fervto de total ren1edio aos que fugirno: porque os Caftelhanos ainda que paffra a 6beira (fi out:o lHgar, receando os accidentcs, que colun,a crigin"r o efcuro, E ii . ecorn
.J .J
(,7
68
PORTUGAL RESTAURADO,
..
,- . .e COITI atnemoria frefca do fl1ccdlo de J\lontijo, nao fe- . 1\.nno guira muito tetnpo o alcance. Fizera prilioneiros )O. 1644. ioldado~ de CavalJo, ficra n1ortos outro"s tantos, e ha-: v~ndo-1~ recolhido a hum n1oinho o Sargento mr Joao ~ aYares con1 tres Capit:les de Infantaria, os rendra ien1 Iiles f1zer datnno. Os prifioneiros, e os Capitaes , que hada tomado D. Francifco de Azevedo, tinhao pafiado para Olivena antes que o inimigo chegafle. Ficou fer~do o Vifconde D. Diogo de I .in1a, qne pekjou va1oroarnente, e Eftevao da Cunha, quando refifi:ia cotn as mais pe.Toas de qualidade, e Officiaes, que detiverao com o Nonteiro mr o primeiro impeto dos Cafi:elhands. Nao foy a perda n1uito confideravel, n12s a deiorden1 fez efra occafia muito defairoi , fendo grande o excefio que h~ via do no1To poder ao dos Cafi:elhanos. Pafl.do e{:.te 1.:-ceiio , te\"e o Conde de Alegrete noticia que o .i\IarGuez de 1'orrecufa intentava ganhar a ponte de Olivena, julgando por tnuito prejudicial a co1nn1unicaa deita Praa co1n as n1ais de.fta parte do Guadiana , e era e.fte Jitcurio ta6 acertado , como depois de perdida Olivena experin1entmos. O Conde de Alegrete determi... nou evitar efl:e dan1no, e mandou para a r-rorre da ponte de Olivena ao Mefl:re de Can1po D. Antonio Ortiz com 200. tnofquetciros, para dar calor a dous Fortins que n1andou levantar; hutn defi:a , outro daquella parte do Guadiana. Foy dar principio a efi:a obra o General da Artilhcria 1). Joa6 da Cofra , e levo :I comfigo o Padre Joao de Coiinander , que defenhou o Fortim da ourra parte ~o do. e lhe deo principio. Porm efi:ando a obra ja qua... f1 lcva_ntad~, fahio o ininligo de Badajoz con1 2000. Infantes , e I 500. Cavallos, e como o Fortin1 nao eilava e!n ei:ado de ter guarniao que o oefende.fe ' o arraz~ rao os Caitelhanos , fe1n que D. Antonio t?rtiz pudefle imped-1o , porque ti:1ha orden1 para na fahir _9e noite por algu1n a(cidcnte. O Conde de AJep-rcte refoJuto a Fortifica- lograr ~o intento pro}iofto , fez prever1ir materiaes , e ~ea /;Yi~te tna~lJou 6?0. Inf,lntes a D. Antonio Ortiz, dando_, crdern HlJ~a. a? 1\1uate1ro n1r para que ll~e deiTe calor com a Cav.alla~ H<.l. o1u Ceita~ pr\!venoens ie acabou a obra. Em
En1 quanto durava os fu~cefl'os reretiJos , c outros de tnenos importanda , preparava o 1\larquez cle l\. nno Torrecufa todas as for.1s da Eilren1adura, a qu~ unia no- I 643~ vos foccorros que E!Rey Catholico lhe n1andavo.1, por lhe hav~r vivamente propofto a grande utilidade quero- Prc,oodia_coni~guir a fua Coroa, fonnando-ie hu_~n_fl:an_de E~- tac,r;1 ~;~ erctto para entrar en1 Portugal ; porq\Je nao i o ien~ factl nos. ganhar con1 elle lnuua Praa importante, que leval~ traz 1i a n1ayor parte tb Provincia de Aletntejo , fena que i~-:ria infallivel pafl:1r~n1 ...fe para efi:e Exercito todos os_ Portuguezes tnal i~uisfdtos do novo governo , e que io i c detinha en1 Portugal , por lhe faltaren1_ tneyos para poderem affifi:ir etn feu fervio: e que a efta i e ajuntavao outra~ muitas c,>nfequencias politicas, que defobriria o temro, depois de entrado o Exercito nos Lugar5 de Portugal. Tratou o J\1arquez, para fazer virifimil efi:a ida , de publicar contra a ordem comn1a da guerra , na io o Ex... ercito que forn1ava , mas outro n1uito mayor que enca~ia. Tendo. o Conde de Alegrete efie avifo , deo conta a ElRey ~ e promptamente fe difpuzerao todas as preven- r __ oens, de que dependia a defenfa da Provincia de Alemte- c;~~;l~ndos jo. Tivera o ordem os Governadores das Annas de todas Portu"! ~s Provindas d0 Reino, para teren1 preycni-dos grandes guczcs. ioccorrns; fizera-fe levas ~e Cavallaria, e Infantaria, e partio de Li~ boa a tnayor parte da 1\obreza, na que.. ~endo exceptuar-fe nem aquelles a quem a idade difren.. 1ava o dckano de fuas cafas. A a8:ividaclc, c diligenda deJRey conieguio acharem-fe en1 Alemtejo no principio do Outono protnptos todos os n1eyos da clefeni~1. Entrou o Inverno fem haver da parte de Cafl:ella mais que a!ga.~ apparencias de fahir o Exercito. Supps defl:a dilaa o Conde de Alegrete que haviao faltado ao Iviarquez ele Torrecufa os f<!CCO!ros-que efperava' e que nao feria roffi\rd _refolver-1e a iahir em campanha no rigor do Invern_o , i ujeit~ildo-fe a 1~adecer as incommodid_adcs qve expe runent:1vao os Exercitas, que cegamente i e arroj~o a na.. vegar na terra depois de cahir dos Ceos a rr.ultil~aO. das ago1s. Afi~.!ntando o Conde de Alerrrete por infa1Hvd e1: ta ida, lken~iyu as Tropas .. e dividio as.guarnicoeqs ) E iii . ~ flOll~)
69
70
PORTUGAL RE)"'T/JURADO ,
pouco antes dos ul ti mos dias de N ovetnbro. Differio o nno arr~pendimento ta6 poucas horas defra execua , qne a t6 ..J.f 28. do m~z referido pafiou o Marquez de Torrecufa a ponte do Guadiana en1 Badajoz con1 o Exrcito de Cafi:elExcrcito la , que fe compunha de doze n1il Infantes, e 26oo. Cadc Calel vallos: a Infantaria dividida em nove 1'eros, jete de b. Heij1anho~s, hun1 de Italianos, outro de lrlaadezes : a Cava1bria repartida en_1 )6. Eiquadroes: dous 1nil galtado-res! r::>. peas de artilheria , dous n1orteiros, o trern necd11rio, e as bagagens convcnieiates. ]\larchou o dia feguinte eH:~ Exercito com a frente etn CatnpoMayor,fe.z alto junto. ao rio C1ya , alojamento e1n que fe deteve aquel]e, e o ieguinte dia, confeguindo na dilaao reduzir o feu Exercito a toda a regularidade, e e1nbaraar as refolu6es do Conde de Alegrete cotn a intdreza da fua detcrnlinaao , detendo as guarnioes de todas as Praas at ver qual era elegida para ier fitiadp. Na podia o Conde penetrar efte defignio, porque o Marquez deTorrecufa at efre tcmpo na6 tinha totnado a ultin1a refolua da em preza, a ql!e fe havia de arrojar. 1\'l.andou antes de fahir e1n canlpaAfta reconhecer Olivena: portn nao lhe parecendo dcfetnpenho capaz da palavra que havia dado 3: ElRey Catholico de confeguir grandes progrefios, pafiou cotn o Exercito defi:a parte do Guadiana, ficando f a duvida entre Campo Mayor,. e Elvas, porque o rigor do Inverno prohibia marchas mais dilatadas. Depois de grandes debates que houve no Conf~lho, deliberou o _J'viarquez fitiar Elvas levado nao f da reputaao que eiperava conJeguir, ganhando a Praa de Arn1as de feus iningos, onde affi tl:ia todos os Cabos do Exercito , e a m~yor parte da Nobreza de Portugal, fena das n1uitas coniequl'ncias que levava comfigo o fel ice fim defia em preza; rois arruinando-fe efta muralha, ficava aberta, e fcn1 defenf quafi toda a Provincia de Alen1tejo, principaliegurana da J\'1onarchia Portugueza. Tomada efid reioluao, conChega a tinuou o Marquez a marcha, e chegou a Elvas o pt ifhas o tneiro de Dezembro, dia infaufi:o para a Naao Cafidh~1\hrqucz c .1 h fi de Torrc:-na , 1enuo o mef.mo em que quatro annos antes avia 1ufa. do EIRey D. Joao aclan1ado Rey de Portugal. A Ciade
de
7!{
de Elvas na fica de Badajoz mayor difiancia que a cle tres lcgoas : divide as duas Cid:.Hles o rio Guadiana , qu~ Anno nafce da La~oa _Ruidera no Reino de Cr~nada_, guatro l644 lc"goas de J\1.ontlel , e con1 grande maravilha _i c icpu1ta rcrto do lugar de Argan1ancilha, e corrt:ndo i~te legoas St~a d:r ( 1egundo Alfeo) pelo centro da terra, 1e n1<.llllfefra ot!- cnp<oau. tra vez junto a Dotuniel , entra a regar <1s terras de Portugal, quando chega a banhar as nn:ralhas de Badajoz, corta a Provina de Alen1tejo, e perde o nome no nw.r Oc~ano ,. entre as Villas de Cafiromarln1 no Reino do Algarve, e a de Aya-J\Ilontedo Reino de Andaluzia. Hurna f~rtiliHima campina coberta de fores odoriferas, e abunllante de fazonados fruL'los ie efiende entre as duas Cidades : a de ElYas efi fituada en1 tuma emincnci, fuave pela parte que olha a Badajoz , pela oppofta qt1e regao as agoas do pequeno rio Ceto, he quafi inacceffiveT: paffao de )OO. as hortas , e pon1ares , que rode ao e.fta Cidade, alimentados os fruB:os dellas de excellentes fontes. Todo o mais fitio pouco menos de hu1na lego a he coberto de oliveiras. Conduzem magnificas, e clltofos arcos do lugar da Amoreira, huma legoa de Elvas, quantidade de agoa, de que ie alin1entao nlil fogos , todos recolhidos n<? an1bito das muralhas. (h! ando o J\1arquez de ~orrecufa chegou a ella~' nao havia mais c;ue princi.. p1~s da Fortificaao moderna, huma rlas n1elhores que. hoJe celebra Ellropa : f o Forte de Santa Luzia ( de que jj dinos noticia) efrava em defenfa' rortn nao aca-. bauo. <2.!,:ando chegarmos ao fegundo fitio defia rn:J, ~~ foy de mayores confeouencias, mofirarcmos a frn1a da l'orL1fk~!:9.0. Achav~-fe o Conde de Alerrretc com do_us rni} Infantes , no tempo que o inimigo L-~herou a a\ Ifl:ar Elvas , dos T'eros de Luiz da Silva , Jcvo de Sa!danha, e . .Diogo Go~es de figueiredo , que di fria o con1 elk. l;epols de ie aquartel~re1n os Cfielhancs, entrou ei_? Elvas neJa parte do Mo11:eiro de S. francii:. co, que hca na eftrada de Efirems em hum a (. minenc!a pouco difrante, o 1-enente de Mefire de Camro General Joao Leite de Oliveira, conduzir.do 400. mofoueteiros' ~om grande rif~o, e louvavel valor. Ao 1\1onteiro mr, E iv que
1
72 .
J!ORTUGAL RESTAURADO,
que efrava dentro da Praa, n1andou o Conde fahir com t.Ann'o a Cavallari;,1, e mulas do tretn, ficando f na Cidade os 1644. Capitaens D. Francifco de Azevedo, e Henrique de Lan\orl com as fuas Tropas. Levava o General da Cavallarh ordem de encorpora1 em Villa Viofa os foccorros que EIRey mandaff~, para que formado o Exercito fe empregaffe quando parecefie mais conveniente. A defen_fa de mayor itnportancia que fegurava Elvas, erao as 1nuitas pe1"oas da primeira qualidade do R:eino que fe achava6 fi ti adas. O Conde de Alegrete perfuadido das animois inl:ancias do Conde Can1ar-~iro mr, lhe forn1ou hum corpo de )oo. Infantes, com o qual defcjava final arfe, como fempre executou nas occafioens de tnayor rifco. Sobravao em Elvas mantin1entos, e na faltavao munioens : a artilheria eftava n1uito bem n1ontada , ,e o trem 'bundava de artificio~ de fogo , e inl:n1n1entos de defenfa. O Conde de Alegrete, antes que o inimigo chega fie a ganhar pol:os fobre a Praa, tnandou ao Mefrre de Campo Lniz da Silva, que avanando ao Sargento mr ]a de Amorim cotn 300. tnofqueteiros at as, ultin1as tapadas dos Olivaes, lhe deiTe calor com o refio o Tero n1enos defviado da Praa. Era o intento offender as primeiras. rTropas dos Cal:lhanos que viefiem avanadas: por1n. elle~ defvanecrao a en1preza, que pudera- fer arrifcada, Rcconhe- na o marchando por aquella parte, que era a que olha ce{) o ini- ao Forte de Santa Luzia, e viera o bufcar hum fi tio vifinho migo a da tnurL1lha chamada o Cazarao, que naque1le tempo na a Praa. eirava fortificado , que fica entre a porta de S. Vicente, e a de OH vena , olhando a Campo Mayor. A porta da Efquina entregou o Conde de Alegrete ao ]\'lefrre de Can1.. po .foti de Saldanha, a de Olivena a Diogo Gomes, a de S. Vicente a Luiz da Silva. Guarnecia cada lunn delles a muralha do feu difrric1o; e a gente que fobrava, tinha fina lados os pol:os a que havia de acudir. O Mar_q1JeZ de 'Torrecuf mandou fazer alto ao Exercito, def ... -Yiado do perigo &1 artilheria , e con1 hun1 grande Corpo de Cava11aria rocleon, e reconheceo a Praa 11<"!.0 fem dan:.no , porque a artilheria lhe 1natou alguns foldados. A trcs de Dez~1nbro intentou ganhar o outeiro do Cazara, por
cr
73
fer o fitio m.-tis vifinho Praa, e ien1 tnais defenfa naquelle tempo que a de hum debil, e antigo muro. Luiz Anno -da Silva havia mandado occupar o alto do Cazarao com 1644. -atgun1as mangas de mofqueteiros. Vierao efl:as carregadas tios Cafi:dhanos , foccorrco,as o Sargento n1r Bento Ma- Ataca o del ; mas con1o o poder do inimigo era muito fuperior, Cazara. vinha largando o pofi:o: porn1 Luiz da Silva n1andando foccorr~tt pdo Sargento n1r Diogo Sanches dei Poo, valorofo Cafl:elhano, com trezentos mofqueteiros, tornrao a deC1lojLtr ao iningo, finalando-fe muitos Officiaes, e toldados con1 acoens men1oraveis. O Marquez de 'I'orrecufa , fun~iando na c<?nferv:::ao daguelle pofl:o todo o bon1 fuccclo daquella em preza, reforou os corpos de lnfJntaria, e ao calor de 400. Cavallos tornou a mandar <]Ue fe occupafie. Havia-fe retirado por orden1 de Luiz da Silva a noffa Infantaria, confiderando o rifco a que eilava expofl:a; e nao tendo os Cafl:elhan?s oppofiao, occuprao aquelle pofi:o. Porm os nofios foldados impacientes defl:e f ucceflo , ton1<ra6 a avan-los , e tres vezes :os deiloirao. Na ultima lhes acudio a Cavallaria, a que fe opps o Capita D. Francifco de Azevedo com 8o. Cavallos, e pelejou ta valorofamente, que obrigou as Tropas inimigas a fe retirarem. Fez o nteiino a fua '"Ir1fantaria, que a nofa defalojou ; c mandando Luiz da Sil-va tocar a recolher, fe retirra todos , trazendo D. Frandfco de Azevedo duas grandes, e gloriois feridas : alguns foldados noffos ~ntira o n1efmo damno. Os Cafl:elhanos tiverao confideravel perda nao io na contenda, mas da artilheria do Caftelio, que toda fem cefir jogava contra elles, e de quanti~ade de barriz de FOlYora feus, em que por defcuido fe pegou fogo. Auella noite fe fortificra os Cafl:elhanos no Cazara. Amanhcceo, e mandando o Conde de A1egretc reforar a guarnia d~qt~ella parte, fahio Luiz da Si1va a att~car as trincheiras do .d 1 (.-. ~azarao , e reparttn o a~ tnangas ,.e rr:.o.c~lkteJ r os em n1uito boa frma, entregou a D. Fernando de .1\1enezes hnm Troo de Infantaria para C.ar c~ lo ;is !'ocas~~ fogo, -affim ror t~r a[fi:ido femp;e nos h1~aTC'S ma:~ ~lTlCa~OS, como por haver_ aprendido na guerra de Itaha as n1elllorcs,
( .... .J
74
PORTUGAL RESTAURADO,
res, e tnais certas idas nlilitares. I-Ienrique de Lamorl Anno dava calor con1 cen1 Cavallos nofi Infantaria. Tanto J644. que efi:a gente m:1rchou contra a trincheira, fahio a CavalJaria ininga con1 intento de cort-la : opps-fe-lhe Lamorl, e ajudado da artilheria do Caftello , que fazia conideravel damno nos Caftelhanos, os fez retirar, obri.. gados juntan1ente das cargas das bocas de fogo. Mandou o Conde de Alegrete recolher Luiz da Silva , nao que.. rendo que os Caftelhanos con1 novos foccorros tomafiem n1ayor refoluao, e puzefTem em contingencia o fuccef.. fo. Ficrao alguns foldados tnortos , e Ldnlorl ferido em hum brao. O dia feguinte vendo o Conde de Alegre.. te que o Marquez de Torrecui applicava todo o cuida.. do a fortificar o Cafarao, e julgando por arrifcados, e infrul:uofos os aTaltos a peito decoberto , tnan~lou ca.. minha r com hum aproche para aquella parte, trabalho a que deo principio Cofinander affiftido de D. Fe_rnando de ]\1enezes. En1 adiantar huma , e outra obra fe gaihita os dotlS dias feguintes fen11nais contenda que a das armas de fogo. Ao fexto dia do fitio amanheceo hun1 reduto leva11tado contra o Forte de Santa Luzia com feis meyos canhoens , que corne.irao a jogar com pouco effeito, por fer a dil:1ncia gr:1nde, e n1ayor darnno recebia o redul:o da artilheria do Forte, porque lhe ficava fuperior. Hou.. ve alguns votos que perfuadira ao Conde de_Alegrete a que retirafe a gente do Forte,. e que o 1a:gafie ao inin1i:go : porm ellc reconhecendo a tmportancta daqnel1e poi.. to~ fe refolveo a en1penhar a ua pefioa en1 fuftent-Jo. DifTuadra-no as infhtncias de todos os que fe achevao fi.. Rcfohe tuados clefte valorofo intento, e tnandou elle ao Meftre l'l'lathiabs de C:_UTI~10 Diogo Gotnes qu-:- m~rchafTe COlll o feu rrero, de AI uJr 1 d p d 1 1 qur.rquc e tom8ue a O.Ja.mento JUnto o orte, e que nos ous :at. os fuflentar delle 1evantafie du1.s mey2s 1uas, etn que pudefle JOgar o Fone a artilheria, e que comrnunicaf~ con1 hum a Jinha o Ford~ s. Lu- te com a porta de Oliv~nca. Comea(b com grande fer.. ala. vor por Diogo Gomf's eft.~ qbra , o aUcviou do trabalho della o 1\'iarquez d.~ Torrecufa : rorque ~ iete de Dezetn.. bro tarde cotneou a retirar a arti1hf'da , e o dia feguinte , en1 que fe celebra a f;;:fra da Conceiao de N .Senhora, . de
7S
dedllrada por EIR.ey D.Joao naquelle n1efmo dia Padroeira , e Prot~cro:a de Portugal , retirou o Exrcito, e valen- Anno' do-fe uo efcuro da noite antecedente, encobrindo o rui do I 644 da n1archa corn repeti,las cargas, quando an1anheceo ef:. tava todo o Exer~ito fra clos 01iVi.lCS, levando de van- Rctira-fe guarda a artilheria , e bagagens. 'Tomou o J\11 arquez de oMa;qucz ""' 1 'I 1..orr~Cl!Jr a eua r i.o 1uao aconielh_a J o c e to dos os Cabos, def.'l crrce Offid~les do Exercito, c da grande oifficuldadt! da en1- cu preza; porque ~le1n do valor, e difciplina que re~onhech na guarniao da Pra1, confi:ava-lhedo grande foccor .. ro qu~ EJRey D. J oao lhe prevenia, e o feu Exercito nao era tao nume~ofo que puddTe cerrar o corda fen11nuito perigo , por ier muito dilatada a circunvalaao daquella Praa , embara.1ndo-o juntamente o risor do Inverno, que naquelles dias fetn piedade fe havia manifefi~do. 9 Conde de Alegrete, ordenando prhneiro que fe deicobriifetn todos os olivaes, fahio da Praca con1 a guarnia formada, mandou difparar repetidas vezes a artilheria, e IJlofquetaria, e ouvindo os Cafielhanos efi:as alegres dcrnonfi:raoens de vit1oria, fe recolhra a Badajoz, e o Conde de Alegrete com folen1ne apparato man~<:U enterrar muitos corpos , que na campanha deixra itm fepultura. E1Rey tanto que lhe chegou a nova de que Ell vas efrava fitiada, non1eou por J\lefrre de Cmnpo General do Exercito, que Jogo mandou prevenir, ajoanne d 1\1en des d e \l' ar Man J~ JConcel los, que por h1a o r dem afl:ll. na- R cy aFl u.Lta prequelle tempo en1 Olivena; e ordenou que todos os foc \cnr o corros das Provindas , e as levas que de novo fe levant- foccorro vao, fe a}u1ta:fTem em Vi11a-Vicofa orden1 de J.oanne ordcm de 1!.1 d o ["' ' . . {" 1oanne Jl en es. uenera1 d a c avallana de1eJou tntro d uztr-J.e Mcndci. em Elvas cotn algumas Tropas , efperando accrefcentar com ellas o damno iOS C2ftdhanos : porm o Conde de Alegrete o nao quiz permittir , receando os damnos qu~ os lugares ab~rtos rodiao receber, de ou e os livraria a aifil:encia da nofa CavalJaria em Villa "\/iofa. P~etirados os Cafielhanos , e defvaneciclas iS idas do Marqt1 eZ de Torrecufa, fe fufpenrao os foccorros. e as levas que rnarchava para o novo Exercito. Acnartelr2c-fe asTro ... pas da Provincia, e rccoll1era-fe p~ra Lisboa os Fidalgos,
fl_
L
76
PORTUGAL RESTAURADO,
gos , que valorouuente havia afllfi:ido defeni. dlr Et.. Rey , dando com efre gloriofo fucceffo fhn naquelle anno guerra da Provinda de Alen1tejo.
t
HIS~.
77
'
HISTORIA
DE
PORTUGAL
RESTAURADO.
LIVRO VIII.
SU MM A R I O.
PORTUGAL RES'IARUADO, P"ieira 1"eflattraao daquella P1"o'Vincia. 1\nno Rd/itue-ft Ta11gere obediellcia de/Rey : Succeffos 1643 daquella Praa, e de .J1azagao. Perde-.fe e1n Cei:la a Fortaleza de Ncgu11zho. Alteraoens tle Maco. Succede 110 governo da India D. Filippe Ma[:. care1zhas. Paj] de E11tre Douro e Minho ago'Verna1 Ale1ntejo o Co11de de Cafle//o-Melhor. lttte11ta ' i11terp,e11der Badqjoz , e difvanece-ft. Refolve El-Rey pajfar _[egu11da vez a Ale111tejo. Sahe e1n catnpa11ha oilfarquez de Leganez: ga11ha oForte, e po11te de 0/ivella. Leva11ta o Forte de Tele11a, e tetira:fe .{e11z oppofia do Exercito , que ej/t'Ve alojado e11tre os olivae.r. Manda EIRey aquartel-lo, e recolhe-{e a l.Jishoa. P"arios e11contros das Pro'Vincias de E11tre Douro e Mi11ho, Traz os Mo11tes, e Beira. Noticia das e111haixadas. CotJt1ua e1n Perna1nhuco :Joa Fer11a11des f/ieira o i11te11to da liberdade daquelles po'Vos: nju11tage1Jte. Procttrao os Holandezes desharat-lo 110 jitio das Tahocas, o11de .fe alojou : ro111pe-os co11Jfe/ice j!tcceffo. Chega da Bahia A11dr Vida/, desharatao anzhos ftgtntda vez fJS Hola1Jdezes. Continua a gue~ra C011l1lOta'Veis progre({os. Succej]os de 'Iange1"e, e Mazagao. E11tra eJJJ Goa D. Filippe Ma{care11has de Cei/ao, o11de 1eceheo a 11ova de for Fice-Rey daqtJelle EJtatlo. , ...
-78
11a1~(les
Succcffos dc Entre D~uro c Mmho.
cOntinuava o Conde d:! Caftello-Melhor o governo da Proyincia de Entre !)ouro e J\'linho, e juntamente o trabalho da Fortificaa de Salvaterra. Na dava o rig0r do Inven1o lugar ao Conde de ennobrecer com novas emprezas a gloria das que havia confeguido naquella guerra : porn1 por, nao ter as annas ociots , mandou por Duquizn armar a 40. Cavallos , que lhe inquietavao os gaftado-
rcs,
79
res , que mandava cortar etacas em htuna quinta vifinha. Derrotou-os Duquizn, e cativou entre outros pri- Anno 1ionciros ao Capitao Luiz da Vide de Andrade I>ortu- I 644. guez con1 duas feridas. Tanto que o tempo deo lugar, n1andou o Conde ao Capitao D. Joa de Soufa , a Antonio de SouLl de 1\lenezes Governador de Melgao , e ao Capita Antonio Alvaro, que cntrafiem e1n Galliza com mil Infantes pagos, e da Ordenana, pela parte de Fiaes, 1ituada na Raya Seca. Derao elles a orden1 exect~ao, queimirao quatro lugares, e tendo entrado o de Monte Redondo j reedificado , os inveftio o inin1igo com lnayor poder. RefiiHra valorofan1ente, fazendo retirar os Gallcgos , e atnda que varias vezes os avanra no caminho , ie r~colhra tem damno. Poucos dias depois defte . fuccefo, mandou o Conde a -Ruy Pereira Sotto Mayor, Capita n1r de Catninha , com 200. homens em bar- Ganha cosa attacar hun1 redul:o, que o ininli go havia fabrica- Ruy P~ do na barra de Catninha , e qu~ Q anno antecedente havia rcir" _hum 1ido invefi:ido fem effeito. Attacou-o R uy Pereira ncfta rcduao. occafiao com n1elhor f uccefo , porque o ganho~ , e ps por terra fem oppofia. O Conde de Cafl:ello-iv1e1hor, nao querendo paffar o tenlpo com defcano ' nenl os dias fem lanar linha , ( con1 a differena que vay do vivo ao pintado) pafiou de Salvarerra a Villa-Nova da Cerveira, com intento de n1andar invefi:ir a Villa da Barca de Gayao, que lhe fica defronte, povoada por 250. moradores, e guarnecida con1 200. foldaJos. Era rodeada de trin-cheiras , que defendia quatro peas de artilheria : a paffagem do rio eftava tambetn fortificada. O Conde entregou ao ~1efi:re de Campo Diogo de Mello Ferreira 500. Infantes , com os quaes paffou da outra parte do rio em ba~cos , que el:ava prev~nido~ para efte _effeito. Cheg-. f?~ ros r ao ao ron1per da n1anhaa, e 1endo fenttJo o rumor dos~ 111 a da barcos da vigilancia das fentinellas, acudira os Ca1legos arca. a guarnecer as trincheiras do rio-~ rorm tanto que fora inveftidos! as detmparrao, e lev;ir3: terror para fazerem o mehno as que rodeava a Villa. . Achando-as ta mal defendidas, as entrrao os no1Tos io1d3dos: faquearao a Villa , e puzerao-lhe o fogo. Mandou-lhes o Conde r e-
8o
PORTUGAL RESTAURADO,
repetidas ordens para que i e retirafien1 it~n1 dilaao,. re.; Anno ceando que o Ivlarquez de Tavora Governador das Armas 1644. de Galliza acudiTe de T':uy, aonde afEftia, quedifl:ava fo dua~ lego as da Barca, com Iuun grande Tro de Cavallaria , e a Infantaria cotn que fe achava. A1Iim fuccedeo: por~m quando chegou o foccorro, j o dan1no era :~m re.. n1e~ho , por haver Diogo de Me1lo con1 toda a gente , e def pojo pafTado o rio .. Vingou-{e o 1\-larquez de Tavora en1 D. Diogo Bermudes que prendeo, Cabo da gente que defendia as trincheiras do rio, e etn hum Ajudante que enforcou, merecido cafi:igo do n1al que procedra. Seguio-fe a efi:a entrada outra, que fez o 'fhenente de .Ivlei~ tre de Can1pc General francifco de Frana, em que quei n1ou Panguezes, e Freixo , lugares grandes , e interio.. Fntrada res. O Marquez de.Tavora , procurando a fatisfaao dos Gal- defres datnnos , detenninou .qtit!lnar. as povoaoens de lego&. Lanhellas, Ceias, e Gandaren1 , fituadas na ribeira do .1\linho entre Villa Nova, e Caminha, iem tnais defenfa que hun1a fraca trincheira, e fem mais guarnia que a dos moradores , governados por Antonio de Azevedo Capita da Ordenana. O inin1igo, para divertir o nofTo foccorro , armou quantiJade de barcos en1 Tuy , na Guarda, e en1 Forcadella :. os de ruy puzerao os Gallegos defronte de Val~n:a, os de Furcadella de Vil.la-Nova, e os da Guarda entrra con1 a n1ar pela barra .de Cannha; e pondo a proa. no Caes, determinra queiInar alguns barcos que efl:ava6 _iunto a eH e: poim offen diJos. de algt~n1as hlas de arti1heria , ~frirao da empr:z.a. _Os que avifhra .as -outr..1s barras, na .fizerao ma1s que.difparar~ a-J~tnnas '1oqudra9 -que tnazia, e com efta apparenda defcobrirc1 o fe11 intc>nto ao Conde de_ Cafrel~ lo-Mlhor ; ; rrque conhecendo que efre ameao tnfinua. v a outro progrefio, n1andou Duquizn com 90 .. Cavallo~, ... e o1~dendu-lhe que tn~~n:ha!f~ pela ribeira do~ 1~1h? ab~lxo ,. e faccorrcfe,qualqucr dos Jugares que o u1tm1go tn- vefi:ifie. ,..N efi:e; tem~p: havia iahido dn Jgar. da Tan1u..: getn D. Luiz OdrifJo Sa!~entQ h1r do 1'cro d D. Antonio Saavedra con1 n1.il Infntes ekoJhidos, que embarcou cm icte barcaas:, e outros 1"!1Uitos parcos, e com
~:
~~
grande refolu~? ps a proa E~n Lanhellas .. ~s ~oradores, vendo a v11Inhana do pengo._, detetnunarao entre- Ann. gar as. vidas., ou fegurar a defenia~ Con1. cfl:e intento, 1644- tanto que os prin1eiros Gallegos falt<.ra cm terra; os inveilira con1 tanto valor, que ainda que klf,O pcrdra ~5. homens, fen1 (.k.Lfrir da en1preza avar..iarC~ icgunda vez cC'nl todos os ql1e l1avia deien~t~arc~co, -~ ajt:dado~ das bdcas de fogo da trin~hdra de Lattlellas cs obrigra s cutiladas a yoltaretn as cofias .. Seguirao-nos cpn1 tatito ardor, que na fe rnitigando no rio, En1 G_ue fc mettra; fizera encalhar clous barcos, e ainda que algl1ns quanco pcgra nelles perdra as n1aos_, as dos cutros os fatisfizerao ; e querendo os Gallcgos ioccorrcr os r arccs, o nao confeguira pelo grande.damno que recel;r3: das b1as ,~ .que fe difparava de Lanhellas. R~tirarac-ie con~ .rcrda Retira(como fe affinnou) de mais de 6co. homens : fic_rv. 50 .. fc ~om prifioneiros, entre e11es l1t~m Sarge~to rr.r, e GJlatro per a. Capitaens de Infantaria. Depois de fe retirar o inin1igo, chegou Duquizn, ~ a.iua dilaa fez aos ~aizanos mais. honrada a defeni. O Conde, rafido eft~ r:ctfTo, rr:an- Varios dou queimar alguns lugares de Galliza relo Capit~oAnto- fucu.Hos. nio de Abreu , que afllfl:ia em J\tle1gc.o : ueitllGU a Vil"' ~ la de S. Joa dos Creiros, e outr~s povc2oer.~ : e ainda ~ que o inimigo junto ti grofio p.odc.r,fe retirou f(-m damno.. -:':-r:.;-;; O .1\Iarauez de Tavora pertendeo p:anhar o Cafl:,.:llo .~e n r.-J r..~ Caftro Laboreiro; juntou 4co: Infantes, 1co; CtiV31.. -~ ~ ..... I los , e mandou attacar o Cafl:e11o. Acrava~fe dentro L o.,:_. vernan~o-o Pedro de Faria COfll l ) .foldacos raros: l.ggregara6-1e a el:~s 106. Paizanos, e tendo anticirada noticia de que;o-inimigo n1archava: para aquelJa paite, fe delilerara. a-defender oCaftel~o , anim~c~cs 0o _froxin o .fucceiTo de Lanhellas. Chegra .s Gallegos, e invtfii ra por varias partes o Ca.fl:eo, mas experimentando a refo. luao com que era defendido; fe retirarao, dixando algu~s fi!Ortos, e levando outros feridos. Ncfte _ tem.po uetermtnou o Bata" de Sab ( que havia chegalo :pcr1\'Iefrre de Campo General do Reyno de GaJiiza) fabricar hu~ qt~artel para feis Companhias de Infantaria, e hurna de ~avallos no lugar de Pefquejras, com tena de hn... -I:r 1 ~ feili~
'
8t
81..
PORTUGAL .RESTAURADO,
- de t7. de M1yo , e encoatt\11do a Trop:1 inimiga , que fic1va frl do QU1rt~l que f~ f1bricaVJ. , 'la inv~.ftio , e derrotou:'O.; J,Ifantes com e.ft~ rec~y0 ie r~tirrao , e ta lto- gu~ a!n1nh~~eo, entrou Diogo de M-~llo o lugat fe.n achar refifl:_~'lcia: d~)f.!z todas as trincheiras, que eft t v.1o ~e va 1t:1das , e retirou-i e para Sal vaterra , trazen. clo ..t1gu!1S folJ:tdo:s d:~ cav.1llo f~ridos. N1o cefTava as . armas d~ hum:1, e outra parte de ontinuar el:a fnna' de --~,::!_.'gu~rra. S.:>ube o Co;ld~ que o initn'igo havia 'plantado hur (- ma p~l de artilh~ria em o lugar de S. Bartholomeu , guarriecido co:n duas Comp~u1hias de Infantaria do Tero de O. Luiz de Viv~ros inna- do Conde d;.! Fuen Saldanha , que ~!lava com o refto do Tero aquartelado nos lu<o:l;;- gares vifi1hos ... Recebia de!.l:a pe~a grande datnno os ._r ' b~rcos que paf:1vao para Cami!1ha , e por efte refpeito h .. ordenou o Conde ao Thenente de Mefi:re de Catnpo Ge~a~oX~s ner1l Francifco de Frana B:1rbofa que pafafe com ~oo. hum lu- Infa~ltes a qumar o Lugar, e ganhar a pea de artilhe~ -gar com ria. H uma, e outra ordetn executou valoroimente, e humape fern en1bar~o da oppofia que na retirada intentou fa.. ~~~ zer-lhe O. Luiz de Viveras, tornou a pafar o rio, tra: zendo a pea de artilheria, e os defpojos do lugar. Paffados alguns dias, derrotou o Capita Antonio de Abreu duas Companhias de Infantaria pag~s, que fe,alojava nos-lUO'ares de Gorga; qu~ ps o fogo. Igual -iuccefo teve ; Sargento mr Luiz de Oliveiros Farnel com outras duas Companhias de Inf..tntaria , que fe alojava nas ruinas do lugar de Linhares. O 1\'iarquez de Tavora procurava nao pcrd~r occafia de nos tnolefrar com igual damno~ :Mandou fabricar no lugar de Atamuje quantidade de barcos gtanJel), det~rmina;1do confeguir com elles em prezas de importa~1cia. Taato que o Conde de Caftel... lo Melhor tev..; efta noticia , maildou a Francifco de - .l-r Fran..
Frana com 5~0. ln~lntes,, c a Rcdrifo, I c:eira Sotto . J\layor AJcayde n1r, e Covernador de C~nu~ha, con1 AnnO 400., e onlenou-_ll:es _ql;le tro~xdlen1. ou qllt:~n1~fi~m to~~s I 6441 os barcos que o Illlll1IfP fabnc~va.l1n~arcarao-ie, e dtvididos inveira os dous lados da ronte de A taniuje: che- Queima grao ~n1los ~o n1eJ~~~o tu::ro, e tzeta_c-ie ie~hre~ de d~:G~:35 barcos GUe c.fiav~o no no , e ~cs n~a1s Slle i e facnca- g.os. Yao en1 terra rt.z~ra o fcf_O. Anin-:~clcs dcfre l:cni h:c(:eiio, exed.cllCO a ordtnl C}Ue lt:\"<l\'~, <:.tte era retirarent-fe, conkguida a tfllFrt:za dos larcos ,~ rr.arcbrao a quenar a1guns !Ligares daquelle dihitto. Cerao cGnt e1-:. te exceflo tcn1ro a _D. Luiz de Viv~ros para lmir tecla a gente do fcu 1 cro dos lut;ares viLrJ~os, e ajPntar ~rcs :Batalhoens de Cavallaria , e ccnl_cfie r ode r Vl:}O btdcar a n.ofia gente. 1 anto c.lue franciko de I rana, e Rodrigo Pereira reconl~ecrao o perigo a que efiava exroftos, tormra a Ir:fantaria, e Yicrao dnr.a:dar os ban.cs. ,., .'") Nao lhes de~. o inii~igo lrgar a fe embarcar<:nJ, iLvef~ tio-os valprofarr.ent~ ;. e foy ce qualidade o emretaho ~ -~ ..., ,u G_UC d_UTOU ~resJ~ora~ O conf.ilo , felejar,d.c-fe CC_fll. jf Ual .... a ardo.r de hutna-, ._e ()Utr~ rar.te. 1\ lHe ttn:ro havia a t;oi:.fa gente com gl~~nde de.fireza perdido terra ror ranl ~r a agoa , e coniegl~ind~'"ro ,.te err11!arc()u a van~y~nda.: Cref ceo ._ r~r.igo ',os que fi~vqQ_ ~ re~arl~arc~a ' n.~. defcn. dendo-1~-.l.~m gr~nde v~lor,- fore. c-s.t-lt:G':q~ ~~ t.: ;l.t~ t:m- barcrq. c~ma -agoa rela cinta, 2jDdcc s ( a:e ~~~ l't t2ria dos b~rcos, o Capitao de Avent1:rciros AtltOLio t~c G!:~i..., rs J\1aiCarenhas, que nefta , e nas mais occafioC'Is fefinalou com particularidace, Fedro de Eetan(or, ]o.o da Cunha 7 e os Capitaes Pedro Rolrigues de ~.ov1 ,_e Rodrigo ~ereira que vierao feridos , _fkra rr ortos 1;. Retira-ro foldados, affogaraO-fe oito c-m hum balco c~ e fe volto1~:, com aJg;u e retirarao-fe 30. feridos: rorn1 tro~x~r~6 cs 35. [arco--. ~a perua. do inimigo, e os defro_ios dos lUf.l.res que \t:<.irrlra. Sentio L mujto o Conde de Cafif:llo Mdhcr ~fi.a lkfor-- .: lr . i dem ' ~ defejando emend-la cem uell'or fncccCo ~ _lnan-l ....... . :11 dou .. Lopo. Pereira de Lima Governa<.1or, d() ~aJv~tt.rraJ com 500. Infantes, e ao Thenente I.an v2Jcrofo I'rancez ~on1 6o. Cavallos , que fe foffem embofcar junto a l:rma
I
.83
~-
~l.i.l
quinta, _meya lego a de Sal va~~rra, onde o ini1nigo cofi:uAnno mava ~dt3ntar as Tropas da fua guarda. Fora6 ientidos; ~644 e nao ah!rao ?sGallegos. La nu, ven?o ~ jrnad~ infru.l:uofa, ie ad tantou tanto da Infantana , 1 qHe dei coberto" c ~~i:> J 'dos lu~ar~s vifinhos do inhnigo , f1hirJ ddles alguns Jl Cavallos! q-:J~ fez retirar co1n facilidade. Encorporou-ie com :1 r~1iantaria; e querendo Lo~~o Pereira marchar para Salvat~rra, reconh~ceo que o ining lhe havia cortado o pafb.c~in mil In[lntes. Porque o t~mpo que fe dC"t'eve na !em l:Jo~ cada-~~ teve o in~migo par unir as guarnioens de Forne11os, N_o~a Senhora da L~.:tz , e ol't .Js qua~~teis vifiahos, e nao 1 i e ajuntr<l nlil Infant.:-s, e alguns Ca.. v 1llos que viera com elles , mas e1n foccorro defl:~s vinhao mu.chando 6J,o: -l1~fJntes. vendo L:opo Pereira o perigo a que fe expunha; fe o~ dous Troos o attacaffem ao -'mef1no tempo, invefrio con1 o pri.meiro que lhe havia Rompem totn:Jdo o pafo, e ajudado de Lanu levando todos os foios notfos dados as efpadas na mao, fem valer ao inimigo a Tantaos Galle- ~m do pder, forao rotos os mil Infantes, perdendo a ~os. - V: ida 90'. ~-'e Lopo Pereira fe recolheo a Salvaterra , tra.. zend9 dou~ Capitae~s , -ehum Sargento pf"ioiei:ros ; e f dez fi.!ridos dos feus foldados. 'Eftimou o Conde efretlcteffo , como merecia valor com que fe confeguio.~ Sinalou-ie :nelle, como em outras occafio':!ns o havia fei.. to~ 'Diogo de Brito Coutinho 1-.rinchante delRey. j r~ .. I b~fejand_o'o Marquez'de Tavora livrar os~Iuga-: res de Galliza da opprefao que padeci ao com as continuas entradas do prefidio de Salvaterra, mandou 1evantar dous redu~l:os na Chaa de Salgoza meya lgoa diftante. Refoluto o CoRde de Caftello-Melhor a defvanecer ef... -i-~:-~,. te embarao:~ ordenou ao Meftre de Campo O rogo d~. .J::_: !~ Mello Pereira"~ que com ;oo. Infantes; e' 8. Cavallos c ~ 1 ' inarchaf~ a interprend~r efies redu.:los. Executou elle a ordem cotn tanta fel icida~e , que levando a vanguarda .. Ganha~ os Capitaens A!l.tonio de Ql1eir;, e Ro4ri~o d~ Mor~ huns re- Coutinho~ ao romper da tnanhaa fora o attacados ;eren..: -~os.. didos os redri..9::u,~, ficando mortos'. e prifit~eiros'todos. os Officiaes, e Soldados que os guarnecia o. O tneiino fvc.. efl;o tiverao quatr~ Compa~h\as de Infantaria, que vi:.. v ~> I. .. rao
84
PORTUGAL RESTA'JRADO,
com rouca rd1fiei1da. Seguio-ie a _tfre ft1cctflo n.andar o Anno Conde de Cail:ello lYlclbor ao J11dn1o l\h~he de C~mfo 1G44 Diogo de 1\ldlo com 7co. Infantes a quun~ar cs lugares que royoaYa a margun do Rio IYiinl~o rda farte co V alie de Ribartune, c1ue cra muitos, e ricos. L rc~canclo O perigo da retiraJa , 1 Or eftan. ID a]ojrccs cr ~CiLd]e dill:rio os .1\lt.::trcs de Canpo lJ. Gal-rid ~e QLdrs, 1). B~nito <.1~ Araldrez, e D. lranciico cc \ allacarcs com OS fet!S rJ' er~OS, fltandcu fabricar na \' illa de \ a}Jc: dates hun1a grar~cc barca' porque o rio roi aqutlla r arte corre ta akntiJ~;do , Guc m:. r0r:ia l.lJJ c r c inimigo que ror dia fe rctir~:Jle a ncf1a gente. E xecutcl1 Lk,fo de 1v1ello a em preza com grande da~no d2ctUt::llt L~i.bi:o, e ein quanto os tres .1\leilres de c~mro Lf..dl~illCS CClll 2oco. Infantes o aguardav. na cil:r~da de Salvaterra , onde i(:m duvida fuppunhti encontr-lo t:a rctircl2, raf fou ellt! a Valladares, na barca. que efia.va rrcvr.ni(la, ajudado de h uma marorna ' tecla a gente ; c d{ (j~.1<.:m Dlis oppofia que a de alguns raizar.os, nf.fti(1 a com muito valor pelo Capita Antonio de Abreu , 1ndo o t,J.. timo G.Ue fe eml~arcoU CClli J-.rn a bHa fGr l.t..ma rcrna. Eraja entrado o lnyerno , e tEre o c (cr.ce cc ( afiello ~lelhor noticia que o inimigo juntava gente contra a Irovincia de Traz os J\Iontes, e c.Luerendo foccorr-la, fOr lhe conftar que efiava ccn1 f0l1CO roder, m~ncCtl OS Capitaes de Cavallos Diogo de Brito Coutinl:o, e Antonio dt! Qpeh s J\Iafcarenhas, que marchafen1 corn as fuas Com ranhias a foccorrcr ha ves , e que no. cannho fizefTem dilig~ncia por queiinar Calvos de Rendi , Lugar ~o Reyno de Galliza avaliado ror muito rico. r ra nccefiario s Tropas caminharem fi.::te legoas ror ck'ntro de Galliza : por1n facilitar1do o col:un1e de vencer todas as difficuldades, entrra por Galliza, ranhr2 o h:gar, puzera-lhe _o fogo , e paifrao a ~-raz os l\1 ontes ; e def vanecendo-ie a entrada do ininligo , voltrQo rara a vincia de Entre Douro e J\linho. I\ao fora Efie anno as etnprezas das Provindas rle 1'raz os 1\lontes,e Beira ta ocontinuas,com.o havia f uc ~-
rro-
F iii
. cedido
,J
cedido tios antecedentes. Sufrentava .l). Joa d.! Soufa a Anno guerra e,n Tra~ os lvlontes , trabalhando por conr'=rvar -1641- o~ tnorador~s co_m pouco dam~1p, e proponJo o iningo Succclfos em algu~1s bolatlns que f~ ~~~.fie a gu~rra fen1 roubos ne1n rlc TrJz :lc-eaJios, D. Jo1. co~11 ord~m delR~y ( have~1do--I:1e da.. os Mo::1- do colt.l de11 pr.1tica) deo principio a fe ohfervar eta tes. ac~rtaJa C-:l:lv~nienci:l de hun1a , c outra parte : por1n o inimigo alt~rou lo~~o tudo , o qu~ e.ir1 va tratado , queimrldo al~uns lugares da Raya , c ch~gou a Cavallaria at~ o lugar de S.1nto Eft~vd htuna lcgoa de Chaves. E:ltre elle, e o de Fayo~ns corr~ hua emin,~ncia , na qual mandou D. Joa6 d~ Soui fabri~ar hum reduto , pert~n.. d~ndo i~gurar aquella f~rti1ifiinLl campina-, de que Chaves f~ alim ~ntl: pornl !11 te~ldo o redu ..:to artilheria que defendeffe o lugar de S1nto Efr:~vao, que lhe ficava vifinho, o faqueou o i:litni,~o feat achar r-~fifrencia. D. Joao d~ Soufa par~l tomar L1tisf:lilJ defr~ dam~lO ' Inandou feu filho o Meftr~ de Can1po D. Manocl de Soufa cotn ))o. Infantes, e 30. Cav:1llos quein1ar o lgar de Mayaldes, e outros feis, que lhe ficavao vifinhos. rez e1le a jornada, e executou a ordem fem oppofiao. 'I'eve o mefn1o fucceiTo en1 outr:.1. entrJ.da que fez, en1 que <)liermou cinco lugares. : ,r J.Jr s;1 I i Succelfos Na Provinda da Beira fuccedrao de huma ; 'e da Beira. outr.l parte algumas entradas de pouca importancia. D. Alvaro d~ Abranches, que a governava, cqnfider~ndo arrifcada a Praa de Salvaterra, pela pouca defenia da muralha antiga, ie rcfolveo a fortific<i-la. Intentou inimigo varias vez~s impedir efra obra: portn fetnpre com n1io iucceffo. No mdino tempo vi~ra 2000. Intntes, e 400. Cavallos _a interprender o Rofn1an!nhal: porm achu1Jo valoroia refi.frencia , e retinrao levando alguns foldados feridos. U. Alvaro de :Abrandi~s mandou os Capites Bra?; de Alnar~l Pitnentel ; e Chrifrovao da Fonfec~l arn1ar a hm'l Companhia que defcubria a atnpanh:1 em Ciudad Rodrigo : dt!rrotarao-~1q , e degolrao alguns moradores. N ao dilatra os Caftdhanos a vingana : corrrao os campos tle Idanha , e querendo defenJ-lo os n1q~radores, deJoUrao 6o. Etn Almeida cahi\A
86
PORTUGAL RESTA'JRADO,
rn~
P.ARTE~I:
87
rao 40. Cava li os no fios en1l~u1na embofc~da , de que na e:apou foldado algum , que na fofi~ morto , ou prifi<?- Anno neiro. D. Ah~aro ~e Abranches, deiejcn:.do. re~cllirenia 1644 deftes m~"ios iuccelos , mandou ao lvltftrc ce Camro D. S:1ncho 1\'lanoel con1 Eco. Infantes, e 1co. Cavallos entrar em Cafl:clla pela parte que confina co1:1 a Ccraarca de Cail:dlo Branco. fez a IT;archa relo lugar de Ccnefl:oza, entrou , c lJ.Uein1ou a \ illa de Pcrozin1, c.L11e era grande, e t-~n1 foYcada, e acabo~1 de clefl:ruir Penna" Parda, que outra vez havia iido 1aqueada. 1 Morrra nefl:a entrada I 50. Caftelhanos da Serra de Gatta, que intentra fazer oprcJ1a a algumas partidas noflas. As 1'ropas inin1igas aguard?va J? Sancl~o fm hum fi tio eilreito , entendendo que ie hav1a de reurar fel a mefma parte por onde havia entra~ o: portn I? Sar.cho tendo efta noticia , mudou a marcha, e no caroinho de1:olou alguns paizar.os que vinl;a6 encorrorar-fe com a gente paga, que o aguardava. Livre dtfte damno fe retirou D. Sa!lcho, trazendo os foldados itisfeitos do cd}:ojo dos lugares queimados. No rrincipio defi:e mno partia de Lisco~ para O MarFrana D. Alv~~:o_ Pires .d~ Caftro C~mde de Monfant<?, (~'L.~~ e ~larquez de Caic2es. I Itlllo que ElRcy lhe dco flll ia- I:n~kixa tisfaa defrajornaca.Foy ECfl1G~CO ror Lrr.bdxaccr (X- der de traordinario Rainha Regente D. Anna de J'.t.fb ia, a F1an~a. lhe dar o rezan1e da morte l~elRey fct~ matil~o Lr:iz XIIL Sahio o Marquez rel!_ barra a I 1. de revert::iro ' E levou por Secretario da En1baixr.da o Coutor Manoel da :Nobrega L)ezernbargador do Porto. A"omranrcu-o D~Diogo 1--ernandes de Ahneida , Fcrnao 1'd1E-s de Menez(:s, D. Garcia de Cail:ro , e D. Joao de Caftro feu .filho natural , que .fizera a Embaixada n1ais Jt1zida. O Marcuez, ~ndo comrofio de rrrande efpirito, e de muit; generofida~ie , c_ ifps eft~ jorn:~ca com tanto luzirrxr.to , que detXOll em Franca clebre a fua merr1oria. Chel!cu a Ar.. rochella, e foy ~ecebido com muita folemnidadL)e. Partio logo para Pariz, veyo bufc-lo huma legoa da Corte o CC?nde da Vidigueira En1baixador ordinario nella. Teve Cbcga audiencia da Rainha a lO. de Abril. o dia antecedenteFari.z,te.m . F 1V man.. aud1'n~1a.
=
88
PORTUGAL RESTAURADO;
tnandou entrar em Pariz , a fua roupa acornpanhada de Anuo toda a famlia com tanta ordem , e magnificencia , que ~.644 engrandeceo a Naao , e autho_rizou a embaixada. Foy co:1duzido do .l\1arichal de B':!ri, e do Conde de Brulon Coadufror dos Etnbai'<adores. O Marquez foy com o Marichal em hunu carroa, e o Conde da Vidigueira com o Conde de Brulon em outra, e toda a r.1ais difpo .. iia daqu :;lia entrada conreipondeo iole1nnidade da vefpera. Acabada a funa , affifi:io o Marquez dous mezes em P:uiz ., fuft~ntando a authoridade da cafa, e grandeza do trato iem ddigualJ.ade. Deo Rainha, e a ElRey prefent~ d~ curio!idad~, e valor, e com varias Da.. m:1s teve aco':!.lS de muita difcriao, e galantaria. No 11,1ez de Junho ! ~..I.~tpedio da Corte , e palo u a Nantes , a agu,udar e1nbarcaa para Portugal. El:ando ncfra Cidade, teve noticLl que chegava a ella a Rainha de Inglaterra Henreeta Mana , filha de Henrique IV. Rey de Frana, e n1ulher do infeliz Rey de Inglaterra Carlos I. Efta va na Cidade de Exeter con1 tenao de pafar a Frana a r~mediar con1 huns b:1nhos huma grande indii: ~ pofiao que padecia. Os Parbn1entarios de Inglaterra, aborredos da verJadcira F Catholica que a Rainha fervorofamente profeTava, mandrao o Conde de Effex com hun1 Exercito a fitiar a Cidade. Teve a Rainha ela noticia poucos dias depois de parir hum filho , e com grande fegr.;!do, e diligencia pafou para a qiuade de Orsfod , onde fe embarcou , e efcapando de iete fragatas , que a fegu'ira , ie fal vou etn Brefi: , porto de Bretanha. Hofpeda Chegou a Nantes; fahio a receb-la o .1\Iarquez tres leoMarquez goas da Cidade , c havendo tido pcrmiTa dos Magifrraa Rainha dos, fez aderecar com tnuita grand-:.:!za as cafas en1 que ~c~~~~~ a Rainha havia~dea~tl:ir, e con1 grand~ afeyo , e abunCT~~ndcza. dancLl de rcg:-ilos hoip'?dou tola a fua fanlia. Fez o dia n1ais alegre chegar nelle nova Rainha delRey ieu marido haver v~ncido hurna batalha aos Parlan1entarios , em que m:.1tou 6ooo., e f~z 4000. priiioneiros. O 1\'larquez' uepois de acomp:lnhar a Rainha ' lhe Inanou hum 1nagnifico prefente. Partio-ie ella o dia it~guinte,. juftifiando ao M;.uquez com muit~s palavras o feu agra. decimento
ii)
ccitnento. l'afl~u.!os alguns ~iias cherou a Kant_cs o J\1ar-, quez C:eRoylhac, que a Ratn.ha de frar:a hav1a r:cmea- .Anno do EtrtbaixadordeFortvgal. tmbarcou-Je, n-:as for<.'C os 1644 ventos ta o contrarias , que arribou a Brc.H ccn1 ccu~ r: a- 1 :.. vios que levava n1uito maltratados. 1eve e.fl:a noticia 0 .1\Iarquez de Cafcat:s, mandou-lhe offerecer ln:n: navio Holandez' etn cue t:fiava rara fe emJ.""~arcar. Acceltou o Chegaa d~ Roylhac a offurta , e lmidcs os dcl s In1raix<.=!ccrcs fe Lisboa o , _, , - em b arcara o rara portu ga I , e c]1egarao b reven1en t e a L"ls- .Marqucz,e 0 de R o _ boa. Fora ncfre anno dos negocios de mayor con.tdera-Ihac ~:n! ao, que ~ C:on~e da Vidigueira trato~ ~111 Frar._a, cs baixa~or, que to~ra. a Dteta ~1e .l\lun.fl:er, qee Ja it:b.fl:an~wmos, de Fraa.. por na furt1rcn1 effelto aJgum : e l:avendo os Ca.fl:elhanos divul~ado cn1 Pariz, que g:anhra a batalha de Montijo, imprinli o o Conde da Vidigueira a yerdadeira Rela6 da Vidoria, que as Armas clelRc:y D. Joa gloriofamente confegurao, e ccsfcz cem a luz da verdade as f ombras com sue os Cafrel11anos perteecia Efcurec-1a. ~oy efra diligencia de grar~ce lltilidade : rors ue fe inteirra as Naoens eHrangeiras, 2ff rn _das vaJorof~s acoens dos Portuguezes, como do deiconcerto do adio dos Cafrelhanos. A Roma pafiou NicoJo Jvlonteiro, Mi- Paffa a nifi-ro ce toda a fatisfal: kvaYa rcderes {10 I ilaJo R~m.a, NICO ;:'.0 1 llCO ul:rr.mo p 011t1"fi,ce OS Monteiro E CC.. fiIa i l." para repref-entar ao . clatnnos, c;uc p2dccia toda a Rdit:.i~o de Fortugal cotn a falta de Frelados ' e infin1C20 ddRty rara ;(flma Effi c~ue os havia de acceitar, fe fe lhe conc( eTtrn , c.ue era ~ccomn1cc.ar-ie a tu.do aqtrillc que o fun:mo Pontifice reiolvele, ialvaEJo i cs ar.tigos privilegies dos R{.ys de Portugal ' de q_ue cm coPfciencia nau rodia ccd( r' confnne s mayores ot=inioers dos n1c-tyorcs letrados dtfie H.eyno. Era fallecit!o 219. le Jull c "Crt-2no YIII. a qt;cm fuccedco Innccencio X. rorf.m CC111 a nn:,~ara C'o governo da Izrcja na me1horrti os nq:::ccios de rorturra1.. Em ln2,la::c:rra continuava a CGlrmifao 1iJrentar a a1_liana l~aql}el!e Reyno ccn1 e.fl:a Coroa, o Doutor Ante ... 1110 d!.! Sottia de J\t;cedo ' e nao fe offtTCC('O accidente que~ alterafl~. Po~ rml=,aixador <1e. . llo~arca l:avia EJREy 1nanuado a lrancth.o de Soufa Coutinho, qce o I~ avia .fido
~9
ce
90
PORTUGAL RESTAURADO,
fi do en1 Suecia : e co1no era invencivel a atnbica dos Anno Holandezes , e as foras defra Coroa fe nao pcdia na1~4+ quelle tempo medir com as daquelles El:ados , dips Pruden- Francifco de Soufa cotn ad1niravel politica, atalhar ma-cia em yorcs datnnos daquelles , que as conquiil:as defre Reyno , Holanda at o principio da fua conltniffa6, haviao padecido. Eco.. d~. Fr~n- n1o nefre tetnpo come-ra os moradores ele Pernmnbuco ~~~~ e a facudir o intoleravel jugo dos I-Iolandezes, teve l'ranCoutinho cifco de Soui tuais largo campo para exercitar a fua def.. tr ~za, atalhando por tnuitas v~zes os foccorros, que a Companhia Occidental prevenia para foccorrer Pernam.. buco, e focegar os levantados. ToJas cftas idas politicas fomentava EIRey com grande applicaa6, e n1aravilhofam~nte regulava as diipofioens rnais convenientes. Accrecentava-lhe o cuidado fer-lhe precifo proceder contra al_guns dos feus VafTallos : porn1 dando ouvidos a calutnnias, muitas vezes fe arrependia de proceder acceleradamente, tnandando prender por crime ta oabonnavel cotno o de leza Magefrade a alguns, que depois tnanda~ va foltar averiguada a fua innocencia. Entrra el:e anno nefte numero o Marquez de Montalva, e o Doutor Duarte Alvares de Ahren D~zetnhargador dos Aggravos da Cafa da Supplicaa, e na prevalecendo breven1ente a prova da fua jufrificaa acab r a as prizoens, fe be1n o Mu-quez com mayor trabalho ; porque limando as etllun1n1as defra, e r~frituiJo aos f~US poitOS , veyo a lllOrMorre o rer inf:liz1nente em outra , fendo verdadeiro exetnplar ~tlarquez da infrabilidade da fortuna. A Marqueza de Montalva, entendeo, da ruina lle eU taelMa~n- caufa total, COITIO f~mpre fc h v o na .., 1 prizat"5. c n1Jndo, n1andou EIRey recol er no Co~1 vento o e CapuaM~rque- chas .i ~Saca vem. O amor de ft:us filhos, q1re el:ava etn za fc rc- Cal:~lla, parece que a obrirrava a an1ar pouco o focego de co!he no f r b " Mofl:ciro ua Cala. de SacaAcclamado ElRey D.Joao, e havendo fuccedido vem. entre o Marquez de Montalva6, e o Conde Je Nai~o, o que fica referido , tnand:-ira6 os Governadores que iuccederao ~o Marquez de Montalva6 por Etnbaixador aoConclc Je Nata o a Pedro Correa tla Gama ThenPnte de Meftr~ J.~ c~unpo General, affifrido do Padre Francifco de Vi-
Vilhena da Comranhia deji.SU~, '1ue .f.avia f{~O ca"Lia da injuHa priza do J\larquez. l-~cdro Correa al~ntou tre- Anno goa con1 os I--Io1andczn;, _e retirou alg,nns foldadcs. . qu_e, 1644 andav 8 na c:11npanha de Pernatncuco a ordcn1 do Carltao Paulo da Cunha, fzcndo muito confider3Yel darr1no aos I-Iolandczes. Ccrois ele ajt!itada ~ treg~a, convidou 0 Conde de 1\~!fo, a ccmfrtn1 '111 h; a caia', a todos os Officiaes qe {e achav2 daquclla rartc. Entrava nelles 0 Capita.Paulo da Cunha, pra{i ico, e valorofo foldado. Havi o Conde de Naio pron1ettido rela fua cabea quinhentos florins , c Paulo da Cunha pela do Conde deus mil cru7.ados. Difle-lhe o Conde no banquete, que fe eipantav~ m t~ito ct:fie i cu excf.fio? Rdf'ondeo-lhe, que n1ais raza dequdxa rcdiaelleter: rcrc.uepara hvmioldado pobre nao era fOffivel que Y<Jh:f!.e mais a cabea de hum Prindpe que dol!S 11' il cn:7a1cs ; e_ rara hum Frincipe rod~roio comprar a cal:-ea de hrn1 ioldaco honrado era pequeno preo o de quinhentos fcrins.Voltarac-fe rara a Bahia Pedro Corr.-a, e os n::ais que efiava em l)ernambuco , chegou a governar aquelle Efl-a{~O Antonio Telles da Silva, como 1a difl"eiTos. Os Holancezes depois :~ tregoa fizcrao hun1a fortakza fm Sep-eripe delRey, e tomrao aJgum~s car[iveh~s nof's, alter~r.do o Toma tftado. Q~:eixou-fe Ar.tonio 'Telles defra defh:ualdade, osHolan~ tnanrlou a l). Antonio Filirpe Cem2rao, va1orofo Br~fi- dezcsal. ( . ] 1 ..J 'I. gun:as ca 11a110 que Ja pe tiS 1 ::ICOC11S J av:a mEITCll O O ltt:Jo ra\"das, e ~laS de Governador dos ioldados cla fua naca6, e o Hal:-ito ce falta ao Chrifro) que fc alojDfre na catrpanJ a de Segcrire com tratado. h-uma Trop~; de Indios , e: cue contint1afie a guerra na rnefma frn1a que antes da trcgoa fe executaya: Crefcia por inftantes as exorbitancias dos Holandezcs, ~ff m no n1ar como em terra: porque no n1ar nG rf'rdc~v::1 a alguma preza ' e na terra ufava ce cxcyi~tas ir:c't.hias para roubar os mora{~ ores de PcrnamlT:co; c ue obri!Ta{1os da ultima neceffidade, fe bavia conicrvac~ na Jimlta:::;_ de tuas ca1~1s, refpeitando a fabrica das ft~as fazcnJ~~." () onde de NaC~o exceffivamente applicado ao feu int(:reffe, ajudando-te de Gafpar D1as Ferreira morado r cn1 Pernatnbuco, qnc con1 pouca attenao Catl:olica arrojava ct:ga-
91
ie
92
POl~TUGAL
RESTAURADO,
;:unbia politica, era o rnayor 111in1igo dcs Anno c:1bedaes daquelles moradores. Fizera clles por varias I 644 vezes queixa aos Efrados de Holanda, de que reil:ltou co:trtuem a juriCliao, e ditninuirem o ordenado ao Conde d~ NaC!J, e ell~ efrimulado defra queixa fe partio para Holanda no anno d::! I64) Os n1oradores de Pernam... buco entendendo que podia melhorar do achaque, o aggravara cotn o re1nedio , porque com a partida do Con. d~ (ainda que ambiciofo dos cabeda~s , affeioado aos r~r~nta Portuguezes) crecra de qualidade nos Holandezes as la~;dez~~ exhorbi5ancias '. q.ue na~ perJ~ando a genero algun1 de extorf1o, arguta aos Intferavets tnoradores culpas fantaHcas provadas com teilin1unhas falfas , e convencidos lhes tiravao as mulheres, os privava das vidas, e conl:ituia f~nhores das fazendas. Hum delles chamado J oa Blar , con1 pretexto do focego , foy o mayor tyranno : porque paifando cotn )OO. foldados ao Sert~, he impoffi vel referir a quantidade d~ tnaldades que executou. Porm poden1 efi:as culpas ter u titulo de felices: porque fora caufa da gloriofa refraural lle Pernambuc~. Vendo pois os Portuguezes que nao era r:medio da 1ua defgraa , accomn1odarem-fe a viver deba1xo .do tyranno jugo de Holanda: porque o~ bens da yida fe e~f tinguia , e os efcrupulos da a]ma, entre os erros da falfa doutrina de Calvino , fe augmeHtavao ; deliberra antes de acabare1n todos as vidas com infamia , intentarern co::1ferv-las, ou ao tnenos perd-las com _gloria. Foy o priineiro que fe animou a efi:a generofa reioluao Noticia Joa Fernandes Vieira, que fahindo da Ilha da Madeira, rle Joa patri:l fua, com poucos cabedaes , os havia augmentado Fernan- defrte etn Pernarnbuco , que era avaliado por hum dos dcs Vieira mais ricos hotnens daquelle difrrL:lo. I-Iavia cafado com hun1a filha de Francifco Berenguer, tambetn natur..1l da Ilha da Iviadeira, e que contava de muitos feculos nobre defcendencia. Unira-fe ambos, e cotnera a fulminar algmnas tnaquinas, que fora desbaratadas com a falta de :~gredo ; e retirando-fe elles do perigo, obrigra aos de htun Confelho de Holandezes , chamado Supremo, ( em quern os Eftados transfer:ira o dominio de Portugal)
c~gan1~nte
ie
93
bnco) a cl~rcm conta a Antonio 1 elle~, <.~e s_u~ of' coL~S er!o 11erturhadores do focq:o (1a treroa, n.n;o i c e1ks tll- Anno ~un1 dia a ho\1Vera6 obfervado. Con~o Antonio 1 dks 1644 tinha ~rdem exprcfla de1Rey rara coni erYir, t:nl c:yar:o lhe fofle r.oflivel, ~uni~ o co~n os Ho1ance2'es, dn~a c"ttt:: na6 irrnorava os fets exct:flos, pP1os conferv<1r fcccFaoos, ~andou ao Arrecife ao Mefrre (te C2mro Ar.dr Vida] de _Kegreiros, pratico, e valorofo fokh'do. Chcf cu ao Arrecife, e ql1ando os Holan(lezes deviao (rara confeguir o fitn perte!1did~) diffimul~r as fuas exorlit~ncias com os que buicavao rara mediadores ca concordla' foy o I\1efrre de Catnpo o prirr;cito cortra Ct!n1 nefie te1nro fulmin,ao os feus excef!os. Vendo elle qtle os 1initivos rrejudicaY~o enfermid2de, julf:U qe oremedia cella confiftia nos cauterios. Ccr.corrco com Joa J'ernandes Vieira no intento de folicitar a licerdade, ainl1a que duvidofo d0s mcyos de fe confegt'ir. Yoltou breven1ente para a Eahia, na6 colhendo tnais frul:o da fua 1i jornada , que a inform2ao que levava a Antonio Te11es 1 ... do falfo trato dos Holandezes , e ela tyrannia que r~detiao os infe1ices Inoradores caql~e11a Provncia. J oa Fernandes Vieira , e Franciico Berenguer, ]Javendo re-tirado para o interior do mato as arm~s, tnunicocns, e bafl:imentos que lhe5 foy pcffivel 'cv11ocando-as ~m rarte fegura' .e tendo ganhado ror rarciaes da fua refoluca muitos do~ n1oradores d~c;uel1e di.flr11.o ' cr;q::.cll fes:!_un ... ela vez ao Arrecife o Meftre de Camro Andr Vich11 de Negreiros no mez de Sete1nbro defre anno que efcrevemos de 1644 a tratar alguns 11f gocios rrtict!lares: deolhe conta J oao Fernandes Vjeira ( qt1e fe llavia cHfmuladamente congraado com os Holandezes) do etado da fua refoluao , 1 fundando as cfperar:as de confeguir a empreza , ~11im no defcuido dos Ho1ance7es, cemo no poucos folda(~os, que naquelle tempo tinhao em Per.. nambuco,havendo-fe embarcado os me1l1c.rcs ccm o Conde de K aio o anno antecedente.Julp-ou AndrVidaJ a cmpreza, ainda que neceffaria , muito diffcil, cct~(deran do as muitas circunfrancias que faziao aos Holandczes en1 Pernambuco nao f pcderofos, mas forn1idaveis:
~
.-, .
J?O~
9-4-
PORTUGAL REST.fJRADO,
purn1 como a refolua era preclla, calou os inconye.; Anno ni~ntes, que podia ruurchar as efperanas que J n.:!.. 164-j. v~rd~c~ao entre a tonnenta en1 que Pernmut>uco lutua.. ~' v a. Eicreveo Joao Fernandes Vieira por Andr Vida! a Antonio Telles a refoluao que havia ton1ado, e deda~ rou-lh~ por ext.~nfo todas as ca ufas della, pedi o-lhe foc~ orr~ , e p!otefi:ou-lhe, fe lho negafe, todos os datnnos que 1obrevielem. Affinrao a carta as pefloas principaes co!lf~d;;!radas na emprer.la , e voltou Andr Vidal.para a Bahia com novos aggravos dos Holandezcs do SuprEmo Confelho : porn1 prin1eiro que partife reconheceo tOe das as fortificaoens que lhe foy poffivel. Partio Andr V~~al : efcrev~o Joao Fernandes Vieira a D._ Antol}-io F1hppe Catnarao , que eftava alojado com os ieus Indtos em Segeripe rlelRey , e pedio-lhe que o foccorrdle : a que eU~ fe offereceo, approvando-lhe muito a refolua que tomava. A n1efn1a diligencia fez Joao Fern3_ndes N ohCla .. _, . rle Henri.. con1 H ennque n 1az negro d e tao 111fi1gne va I01. , que dequcD.iaz. pois d:! lu ver executado acoens n1emoraveis !la guerra antecedente, dando-lhe on1 huma bla de moiquete n~ n1a efquerda , pedi o que lha co rtarenl logo ,: cotno fi.:, zerao' dizendo' que mais queria arrifcar-fe a tnorrer deprefa, que a convalefcer de vagar, havendo t~ntas. em... prezas a que acudir. De que ie infere , que na foy a mao de Scevola mais lu~ido tia para o fogo , que a de Henrique Diaz para oca uterio. Era Goven1ador. qe todos os negros, e n1ulatos , a que fe pennittia afientar praa. Havia entreelles Officiaes, e Soldados de grandiffin1o valor. Tanto que recebeo a carta, refpondeo a Joa Fer.. nandes que logo n1archava a 1occorr-1o , e que lhe da v~ fua palavra de nao pr nos peitos o Habito de Chrifro, de que EIRey lhe havia feito n1erc, fetn ie reftaurar_ Pernambuco. Antonio Telles, tanto que recebeo a cart_l de Joao Fernandes Vieira , lhe re1netteo tres Capitaes con1 fefi't:;nta foldados, declarando que lhos mandava pa--. ra fe defender dos Holand~zes, por quanto ron1per a guerra era contra a ordem que ElRey lhe havia mandado. Depois de haver difpofto Joa Fernandes com grau.. de defpeza, c fumma 1nduftria tudo o que lhe pareceo conve
.. PARTE _I. ?II~RO F_III. 9; conveniente para (cniq2un a getlE:r.o1a 2c::to l~e fn~ rrcrH~ia, rrevaricr~_ Sel:-afi:i~o t~e Carva_l~o '.e Ante- .. Anno nio d~ OlivEira, ue icndo vn_tclos po~ anttgos tet~t:Er.~s 1644 com os I!olandezes, lhes deicornrao todas as dtiroi~o~ns dos _confn.kra(~?s-: T ratra6 el}cs c! e fe a_c,at:tdar s.. cont E fi:~ a v ti o ; n,as d,Jl!mulando haY(-lo receQJ<. o, forao r rendendo CClll OUtrOS rretextos_ alguns COSfiOrrr'Cres. Avifa~os os maisr com (fta reioh.:ao, tratr~. de -. ,.1 . prevenir o FErigo ' rllJCando o intenor dos n1atos rcr grado, e unidos com Joao Fernandes Vieira ccn~erao a tratar de dtfencer as vidas , e li certar a patria com acoens ta valorofas , como en feu lugar daremos no...: tida. P Refervey para efie temro o principio das noti- Succeffos cias t 1os 1ucceflos de 1'angere, e 1\Iazagao , ror fer e.fie de Africa~ o rrimdro anno' Em que as Aunas elos Tangerinos fe exercitrao , derois de fu l-ordinadas a efra Coroa, e exinlidas co governo de CafrelJa. E fendo efra materia de hu_ma mei~a fubftancia' me rareceo na ferarar os fuccefos de Mazagao dos fuccflos de Tangere. No fim do anno antecedente de 1643. entendendo os n1oracores de Tangere, que nao era jufro vivere1n feparados da obe d iencia do ieu Rey natural , conformes nf'fra 0rinia fub!rao ao Pao, depuzera do governo ao Conde de Sarzerlas, e o tivera o reclufo com guardas em ]~urnas caas da Cidade. O Conde, que era cotnrofio de todas as virtudes que podem ennobrecer rtm Vara excel1ente, havia vacilado , defde o dia que teve noticia da Acclamaao at a hora g_ue O depuzerao, no c2minho que rcderia achar para fe eximir fem cuebra da fua opinia da homenagem que havia dado a E1Rey de Cafiella da Praa de Tangere. E como o coraao eftava no feu Rey, e na f ua Patria, defejava ' ainda que o nao defcocria ' o fucceffo que experimentou ; jufrificando-fe efre feu affeto na rouca repugnancia com que fe entrerou rriza com toda a fua familia: e reconheceo ElRey o feu an1mo com tao pouca duvida, que pafando brevemente a Lisboa, o recebeo I com publicas demonfiraoens de alegria, f-lo Prefideni te da Ca1nara, e occupou-o nos mayores lugares do Rey.J
Ja-
p~
96
PORTUGAL RESTAURADO,
no , como vere1nos. Os moradores de 1'angere e1egra Anno por Governadores att! ordem delRey ao Alcaide mr An~64-4 dr Diaz d::iFranca, ao Juiz dos Orf)s Balthazar Martins de Lordelo , ao Capita Francii"co Lopes ~a vares, Confirma e ao Efcrivao do Almoxarifado Francifco Banha de Si.. Andr queira. Fizera termo , afiinando-fe as principaes pefoas Diaz no da Cidade , e acclamra ElRey com grandes demonftragovcrno o~ns de contentatnento. Recebeo ElRey efta nova, .codeTanmo m-~recia a qualidade della, e confirmou a nomeaa gere. do Alcaide mr, reconhecido do feu zelo, e afteioado ao feu v:1lor. Na f de que Tangere fe coniervava na obediencia delRey de Ca.ftclla, haviao os Miniilros da-quella Coroa rem~ttido a eil:a Cidade quantidade de roupas , e outros foccorros de que neceffitava. Chegando efta noticia ao Governador. fahio porta da ribeira a receber o foccorro, que os Caftelhanos lhe entregra , fem ainda terem noticia de que Tangere fe havia reduzido obediencia delRey. O Governador logo que fegurou as en1barcaoens , obrigou aos Caftelhanos a acclatnarem ElRey D. J oa, o que elles , adtniraJos de ta novo fuc:cefo, nao duvidrao. Deo .Andr Diaz conta a ElRey; que e.ftimou efte fuccefo, pelo muito que fe 1Creditava: a fidelidade dos Tangerinos ; e ordenou-lhe, que dfe pafaporte aos Cafi:elhanos. Sentra elles muito o fucce{:.. fo d~ Tangere, e procurrao tornar a reduzir eftaCidade fua obedt~ncia. Foy D. Lopo da Cunha o principal inftrumento defta negociaa : pafiou a Ceuta, e procurou ajuntar quantidade de gente. Feito eft~ esforo , teve in.. telligencia com osMouros para lhe fegurarem a pafTagem por terra de Ceuta a/Tangere, e que ajudando-o com gente lhes deixaria livre o defpojo da Cidade, con1 tanto que ella ficaffe prefidiada pelos Caftelhanos, e ao mef~ mo tempo que o Exercito cntrafTe por terra, havia de ata-car hutna Annada a Cidade por mar. ToJas- eftas difpoA .. fio~ns fe entendeo que era cotnmunicadas com algumas n~rC::~gd; pefoas da Cidade, que eftavao difpoftas a cooperar n_a Andr entrega della. Deicohrio efte intento Jeronyn1o de FrelDiaz da tas de Siqueira, peloa principal de ~rangere: deo conta Franc~\ e ao Gov~rnador, e foy ta oqualificado em todos o zelo , outros. ._: ~ 1 e atnor
97
e amor cla Patria , que havendo indcios q11e cor.denava a htnn filho do Governador, o prendeo , e remetteo a Anno E1Rey a Lishoa, e a feu exemplo fez o n1efn1o a outro 164-4 filho feu o Capita6 Frandfco Lopes Tavares , c Jcronymo de Freitas a feu irmao. E1Rer lhes rennmen.~u h:rgatnente ena fidelidade' e lhes tornou- a remetter os l:rezos, fazendo a fua fineza prizao , e iegurana dos teus deli&os. D. Lopo da Cunha_, coniland_o-lhe d_e ~ue efrava em I'angere deicoberto o teu defignto , deflfbo da ei~lpreza , e feparou a t;ente que havia un1do para a coneguir. O Governador , depois de livrar a Cidade da indufttia dos Caftelhan~s, tratou de iegur-la do formidavel poder dos Mouros vifinhos. Sahinclo hum dia com todos os Cavalleiros ao campo ( que erao duzentos, quando chegavao a n1ayor numero ) e uindo das catltlas qt1e lhe enfinava a tua grandeexperienda, mant~ou defcobrir a ferra por dous A talhadores ; e dando-lhe noticia de que haviao achado o rafto dos .1\Iouros, occupou o rofro da Atalainha, a ten1po que os Mouros, fem ferem viftos, fe haviao n1ettido com quinhentos Cavallos em hun1a ribeira, coberta das noffas ientinellas, a que em Tangere , confervando o idioma antigo , chamao Atalayas. Tendo occupado o fi tio que defejava, corrrao CidaGe com intento de cortarem o Adail (que he o Cal--:o rrincipal daquella Cavallaria) que e.fi:ava com a mayor parte dos Ca valleiros mais avanada. Acndio-lhe o Governador com o re.fi:o da gente, durou o conflitto largo efpao, e depois de perdidos oito Cavalleiros, e mortos alguns 1vlouros , fe retirrao elles, e o Governador para aCidade , fentido de nao confeguir n1ayor progreflo. Efrava nefi:~ tempo feparado o commercio dos Mouros, rorque havia notkia de padecerem o contagio da Pefre : porm na bafrou toda efta feparaao, para evitar que o A !caide mr tiveTe avifo de que os J\1ouros intentoxa empreza grande contra Tangere. J\1as foy e.fi:a noticia ta confufa , que fervio de lhe accrefcentar o cuidado , fetn averiguar a parte a que devia applicar o remedio. Augmentando-!he o defve 1o acharem-e na a1p:ibeira de hu1n ltiouro morto de hun1a bla , em h uma das hortas que re-
d~6
93
PORTUGAL RESTARUADO,
deao a Cidade, lifi:as de todos os Ahnocadens , que ref.A.nnn pondem no barbaro exercido militar dos Mouros a CaI 644 l~~ta~s de Cavallos , e da gente _.de t?das_ as Aldas , na 1<? v~fiuha.~, ma_s das q~1e ficavao ~ats dtft~1nt~, que podra _fdz~r Exerctto mtuto numeroio. No 1neimo tempo, vafia:ldo huin barco de "fangere pela praya de hetna dei:.. t_as Aldas , vira os pefcadores que hum J\louro lhes af'!" ienava que chegafiem a terra : recera faz-lo, temendo algu!ll engaBO, e O J\fouro nao lhe fendo fOffivel expliC:lr-ie por outros tcrn1os, lhes fez repetiamente final, que abriiTen1 os olhos. O Governador fazendo prudente re.flexa en1 todas e~~as cin:unftancias , na perdoava a trabalho algmn , affin1 nas fahidas do campo para fe executarem com toda a cautla , cotno na ronda de noite na Cidade. O cuidad0 , e continuo exercido lhe caufra hum a grave doena, que o reduzio ao ultimo per iodo ~a vida. A. fua doena facilitou o defcuido , e por coniequencia aos Mouros a en1.preza que intentava. Unirafe, e a noite de r6. de Novetnbro defl:e anno fe ajuntrao en1 exce1Iivo numero na ferra vifinha Cidade, governados pelo Xarife Maximuda , a que a.ffiftia gente de Tetua6, e os Almocadens, Moob, e Bene~xe. ForE1ava-~e o corpo da gente de Cavallaria ; e Infantaria, -confufa n1as nun1erofa, fen1 ordem, e com grande valor . No quarto de Alva arrim1ra com fi lendo tnuralha~ e pondo duas efcadas no baluarte do c~ranguejo ' junto _ por_ta d~ o:>uraa, fendo . .o primeiro J'Jlooh, fubira etn ier Jf::'ntldos, e entrrao ieffenta dentro do ba!uarte. Dera vifta de h uma fentinella, antes que ella te precatail~ do d::unno que a ameaava , e querendo colh-Ja ~-is 1nos para que morrefTe fem rumor , tocou arma , _e invefrio Francifco Soares, qu~ affim fe chamava? iol~a clo , com o defigual numero de Mouros que u accrnettta, e gritando ao mefmo te1npo vivmnente, Arma, deo 1uv.:ar a que hum artilhe:ro difparafie huma pea, que foy ~total ren1edio da Cidade, d-~pois do favor Divino; porque acorda:-tdo todos os q tinSa6 proxitno o ultitno fomllO, viera bufcando os pofros antidpadamente fina1ados. l:.nu-...:ta~.~.to os IYlouros occurt.a huma ~forre, e fora ' bai-
ie
baixando ao corpo da guarda , e quafi ch,~grao a p:anhar a porta dos Annaz~ns, infallivel caminho de conft.-..guir Anno a emprcza , que intentav~"!.o. EnJ~r;:~.ou-os o Alf(.xes 1644-e Pedro de Can1pos unido com alguns ioldados, e n1orado res: porm, como o numero era inferior aos 1\iouros, fic_rao nefre pritneiro encontro a n1ayor parte n1ortos, e f~ridos. O Adail Rui Diaz da Franca reconhecendo que no l.:;aft~llo eb.va a origem do perigo, e que por aquella Socco~re parte fora o afilto, bufcou a porta para acudir con1 o rt- ~ Ad~ medio , aflifrido de toda a guarnia? n1as achando-a cer- 0'"utafi~~~ rada , confr~e o eftylo que fc obiervava, c~refceo em lo. todos a confuia, e o receyo , e he certo que fe fora mayor a di1aa, feria infallive] a rui na. A~brio-fe nefie tempo a porta, e o Adail defiro, e va1oro1o , antes que corneale a batalh",_, appellidou a vitl:oria. Inv{:frir8.6 todos COIU os Mouros , e rompendo as armas muitos daquelles barbaras peitos , fra levando-os mais pela rua acin1a , e ajudados por alguns dos n1oradores que viera acudindo do pofro das Cu rujas , apertra ta vivamente cotn os ~louros, 9ue fem dar tempo a que acabafern de quebrar as rortas ua Cidade, muitos que andavao nefre exercicio, q~erendo dar lugar a que os de fra pudefiem chegar atoccorrer os que eftavao dentro, os obrigrao a fe lanaren1 pela n1efma n1ura!ha porque havia o fu bido , fendo o falto na n1enos perigofo que a contenda. Da queda_, e dos golpes ficra muitos .1\tlouros iem vida : e Desbaiata accrdcentou o eftrago vir rompendo a n1anha , porque os IHoucotn a luz teve emprego a artiJheria , e os_ mofquetes : ros. mas efre ev-itra deprefa os l'viouros retiranco-fe. roy o feu erro nao tereln padencia os rrin1eiros que cntr.r..) no baluarte para aguardar a que fubife mayor nun1ero , e nao tr~zerem infi:rumentos' que facilitaD'em com mais prdTa ron1perem-fe as port1s. Mr1s fe Deos lhes petmittira a arte. como lhes con(:ede a n"!ultidao, difEcil.fi>ra a t.:oafervaJo da Chrifranclade. O Governi.dor, querendo tirar for1s do perigo, intentou JevaGtar-fe; _por(r!1 preval:cenco contra o valor a debi!!d:a:~e da h~rga thJea~l , cahta defmayaL!o , e o torPra a 1ar;3r na c1r.1a a tempo que a notici~ da vitoria lhe fervio de ren1edio. P~ttriG 1 buira..:
99
-. 1oo
_
buira-~a
PORTUGAL RESTAURADO,
os v~ncedores a N. Senhora da Conceiao, a
Anno quem fe encomendira ; e alguns levados da f~, affir- . I6.ff nlf!V~. qu~ a vtra~ p~lejar. em eu.favor. (hta~orze per-
derao as vtdas, ficarao muttos fendas, o Adatl pelejou com grande valor, os mais o imitrao. Francifco Soares, que efrava de fentinella , veyo a tnorrer das feridas que recebeo , e dev~ vi ver por gloria pelo final ado valor com que pelejou , dando tempo a que os mais da Praa fe prevenifem. Retuatou-fe elle anno fem outro fuccefo digno de metnoria. A Praa de Mazaga governava no anno de 40. Martim Correa da Silva , con1o havemos referido , quan- .. do dctnos noticia da pouca duvida que teve em acclamar EIRey, logo que lhe chegou avifo de Lisboa , de que Portugal fe havia felicemente refi:ituido a feu Jegitin1o Senhor. Entre as feftas com que celebrou a acclamaa dclRey, foy a de mayor applaufo correr o .i\.lcayde de Azamor os Cavalleiros daquella Praa at s portas deiIa con1 4000. Cavallos , e iuftentar Martim Correa a efcaramua junto da Praa com tao bom fucceffo, que durando das fete horas da manhaa at as quatro da tarde , n1elhorando fempre de pofto, matrao 1.3. Mouros cuf_:. ta das vidas de quatro Cavalleiros. Recolhido o Alcatde deAzamor, com a noticia da acdamaao delRey, mandou tambem celebr-] a com artilheria, e outras feftas.? Entrou o anno de 41. tornra os Mouros a armar s Atalayas que defcobria o Campo. Sahirao a el1as, o primeiro que fe avanou , antes de fer foccorriJo o matra : porm engrofando o poder de huma , e outra p_artc, durou o confiil:o mais de duas horas, e nelle ie finalou Henrique Correa da Silva , filho mais velho de_ l\1artim Correa. Ficrao alguns Mouros mortos, fizera-ie outros prifioneiros. Nefre anno, e no de 42. houve outras occa.. fioens de n1enos in1portancia. Succedeo a JVIartim Correa Ruy de Moura i'elles: chegou a Mazaga a 6. de Outubro de 164~., e fendo recebido de Martim Correa co1n muita urbanidade, na quiz acceitar o governo os dias que Martiin Correa f deteve na Praa. Logo que dco principio ao governo della ~o mandou vifitar o Alcaide de Aza... ! ! n1or
ICI
mcr ror hum Alt"dqueqt!c, eJl:ylo ufal~o cem toccs ~us .AnteceHores, como t3mbctn avifi:~1ren1 a Praca, cotn o .Anno Ulayor poder sue llK'S he roffivel juntar. A 1~- cle Nov~'ll"" .. 1644 bro entrr~16 os .J\-Jouros no camro, e fahira cs Ca\a!leiros, durou a contenda todo o dia, e cem o pe!e5:..16 debaixo da arti1heria da Praca, recerra della os 1\Iot:ros grande d~tnno. Retir~ira-fe, e R.uy de .1\!our:;, qucrePclo ter ol.. .- gados os ,-ifinhos mais poderofos, n1.:ndou hum grande r-efente a EIRey de J"Iarrocos pelo Adatl FranctiCo Tdles de Loureiro, que tan1bt:n1leva,a prei~ates de n1enos porte aos Alcaides de ]\Iarrocos. O de Aza.. mor, a que chamavao Alefretn, fentido de que Ruy de J\Ioura na tivefTe com elle a mefma conrefi-:ondencia, dcte\~e o Adail , quando Yoltava para J\lazaga , e lhe na deo licena para i:1hir de Azamor, fena dtpois de muitos dias de mo trato ; e como era tao roderoi(J, que tinha tua obediencia mais de trinta mi1 CavalJos, fez a Ruy ce J\1oura ta afpera r-uerra, que quafi o feu triennio fe pafiou 03 Praa cot~ grande aperto. E crefceo tanto nos Mouros a crueldade, que colhendo hum dia fra da Praa hum menino de fete annos, o fizeia vira ddJa en1 ta pequenos pedaos, que fendo mui tos, na hotlYC algun1 a que nao coubefTe parte da barl'ara preza. I:n1 to.. do o tempo que durvu o governo de R.uy de 1\loura, n3 houve em iVIazaga fuccelo digno de 111emoria. ()s int~reles da guerra cla India nao deixava aos Succefl_os Ho1andezes, ue affifria naquelle Efrado , accotnmoar- da IndlJ. fe s capitulaoens da tregoa celebrada en1 Holanlla : e ainda g~1e lhe hayia chegado reretidas ordens dos E.fi:ados , u1av2 de pretextos fantafricos para fazcren1 novas r;.~plicas; e con1o para fe deddiretn, era necc!~uio todo o t~mpo que cofi:nma gafrar tao dilatada viagem , comeou e!h~ anno eJn mctyore~ rreparaoens de guerra que todos os antecel~entes. A rp3.recra6 na Cofia e CeiJ~o r.-t. rod~ro~ os ~13\"!0s, e como com a ~ente que trazia , enr:rcflava d~~rte o prefdio Ga T\,,ta 1cza de Gie, que fe con[clcrava aqvcHa etnprez:J nnpcffivel, c .rrifcada rouca gen te que <l ftiaY~- fo. rcfolveo .Ai1tonio da J\l0t-1 Galyai\,<j_ue a goy ..:nlava' ~ fe re:ir~:: rara CG1t!l1:bo. D. lil irre l\ra1: G iii cilr~-
ro2
~arenhas ;tendo
PORTUGAL RESTAURADO,
noticia que os I-Io1andez-:?s marchava6pa.:.
Anno ra aquella Praa, avirem com brevid.1c a eu irmao D.Art:.. 1644. tonio, (que a11iil:ia con1 outro Corpo de gente ctn Iv'Ianicra~
var) que con1 toda a diligencia viefiecnc'orporar com elle; e chegando pritn~iro que o~ Holandezes, lhe deo or.;. dcn1 para que unido cotn Antonio da Motta, fortificafen1 en1 hmna pequena Ilha frontdra a N~~gun1bo, e iem n1udarem de fi tio, aguardaiTen1 que elle chcgafie cotn outras Cotnpanhias Portuguez:1s, e I 5co. Cana rins que fica,;. va ajuntando. Neil:e tcn1po tldrr,1 os f-IoJandezes em ter.. ra, e unidos con1 a guarniao de Gle n1archrao para o fitio em que a noJTa gente eftava, executando exceffivas crueldades em todos os lugares por onde pafava. Efta notici.:t efl:in1ulou defrte o anitno de Antonio da Motta, Rcfolu- que perfuadio a O. Antonio Mafcarenhas que, fen1 aguara~ t~te- darelll a que D. Filippe chcgafle, ihiHctn com a pouca ~~~~~nfo gente que_ tinhao a cail:igar os infu1tos dos Holandezes. rla Motta. Contradifierao alguns Capites efta opinia , moftrando a defigualdade do poder, e a defobediencia da ordetn que tinhao, n1as prevalecendo o prirhciro intento, fetn mais caufa que huma paixa defordenada ' fahirao aquella~ poucas Conlf'anhi:.ls a hufcar os Holandezes, e a poucos lances experirnentrao que nas emprezas 111ilitares he n1uitas vezes ta perigofa a temeridade como a cobardia." Forao facihnentc rotos, e nao lhes dando lugar o grande numero dos Holandezes a fe tornarem a encorporar, ainda que efpalhados fe defendrao largo efpao, e fe viera alguns de11es retirando a bufcar o an1paro da Fortar. 1eza de l~egwnbo. Deo caui efia determinaao ultin1a p d cr c:-.e 1 ~orta 1eza para por defor- fie 1" .t de: pv~que ~.bertas as portas ca F m Ictu::l . clcm~tFor- os recolherem, t1vcrao opportuna occafiao os Ho!ande-: t~leza de zes de entraretn por e11as, e fendo tanto mayor o nu~cgum mero a ganhrao c11fra das vidas de quafi todos os da o. camp:1nha, e os da Fortaleza. Morrrao nefia occafiao tnais de :;oo. foldaJos Portuguezes, todos de valor infigne , fendo huma .das perdas de rnayor importancia a n1orte de Antonio da Motta Galvao, por haver granpeado con1 fuas acoens merecida cfl:im~l::t de todo o Oriente. En1 igual gro foy ieutiJa a perda de de D. Antonio
ie
ie
Mafca-
l~ ARTE
I. L II'"RO 17111.
r ;=3
J\lafe<.u-enhas, Ferna de J\Iendoa Furtado, Jcronymo .dd Silva, Francifco de 1\lendoa irn1a6 do Coi1de de Val- Anno de-Reys, Frandfco de Sottfa, e outros Capit3es, e ()f- 1644fi~iaes. Ch~gou eft1 nova a D. Filipp~ J\1akarenhas vindo cm marcha para a llhQ, aonllc fupr'nnha que h~n~ia cic achar a t~u irma, c a Antonio da ]\'lota: rctirou-ie para Col u1nbo cotn a pen<1 , e confu fc.16 que peJ ia aqueEe infortunio. 1 ratou cont todo o cuidado de fortificar Coluiubo , e f~z avilo promptatnente ao Vicc-Rey , que uefpedio logo enl ioccorro de Ceila I2. navio~ orden1 Soccorrc de Bernardo 1\loniz de .1\lenczes con1 200. Infantes Por- o Vicetuguezes, e alguns naturaes da terra, cinco rnil Xera- R~y Cci: r. fi ns parl 1e e1npregaren1 en1 mant1mentos, e outros ctn- l"o co nlil para pagatnento dos toldados , e 85co. ~:ara pro"" viincnto da Arn1ada. Pouco ten1po dep0is deite ioccorro, _defpeJio o Vice-Rey outro, quafi da 1nefma importan~ cia en1 oito navios, que fora6 orden1 de Francifco Preira da Cunha : e foy muito util a breyidade defl:es foccorros pelo rifco que fetn elles podia correr Cei1a. ~epartio D. Filippe a gente, e deo todas as orden~ necei: iarias para os naturaes li vraretn do fufl:o, e do perig. Nao foy o cuidado de Ceilao f o que apertou o ViceRey: porque no meilno tempo ihio em campanha o ltnamo Rey da Arabia con1 Exercito tao copiofo, que nao era po1Iivel nun1cr~i-lo. Aviilou a Fortalezas de .iY!aiCate, e recolhendo-fe a ella todos os Portuguezea a que tocava Sitio de defende-la, tzendo o n1efmo os qtlc all:friao en1 todas MafCat<;. as que lhe era6 adjacentes, deo efl:a prudenda anin1o ao I mamo para inveH:ir a Fortaleza do Soar, e achando-a fera a prevcnao necefi'aria , a entrou, e levou cativos )7 foidados. Retirou-te o In!amo, e recebendo o Vice-Rey ef.. te aviio, lhe chegou juntamente outro das alteraoens oa China, que os Tartaros reduzira6 3 ultima n1ifcria. N<? ten1po en1 que governava D. Sebafl:iao Lobo da ~ilvetra fe faziao as viagens de 1\'lanilha por conta da Fa- Altcrazenda Real, e j a Cidade tinha em J\anilha tres Procu- octH de J 1 "I. l d do comtner- M.!..:~o. . r~ dores, para tratar ue a gun1as utl iua es clo , quando chegou a :Vl;1i1ilha a notida da acclamaa6. Corrrao pelas ruas os poucos ~r ortu_gucz.es que L G iv acha1
ie
ie
104
PORTUGAL RESTAURADO,
achavao, na reparando no perigo, a que os exp~1nha o Anno feu ahToroo. o Governador ror atalhar efia dciordent -1644. n1andou lanar hum bando, pondo pena de vida 2 qvem f.1!Ja!fe na Pefloa de1Rey D. Joa : e chamou os P acuradores rle Jvlaco, que era Jacinto Gutterres de Brito, Mathias Ferreira de Proena, e Manoel de Mattos de Siqueira, e lhes intimou que deflem obeuiencia, con1o }lrocuradores CC 1\'lacio' a EIRey D. rilippe. Conftderando elles o perigo a que fe expunha, e aetSrottuguezes qu~ vivia na CiJadc em groiTos cabedaes, aJTinra ln1rn auto, e1n que 1\1aco fe fujeitava a EIRey de 1-Iet.:. panha. O Governador fiado nefl:a diligencia , deo liberd3dc aos Portuguezes, para que com as ws fazendas fe paf1fem a .1\laco , e nomeou por Governador defta Cidade a D. Joa Claudio, que tnofrrou ao Governador o perigo a que o expunha ; e pafiou con1 hun1 navio, e cincoenta Cafielhanos a tomar pofTe do governo : partirao com elle dous na vi os com os Portuguezes , e chegando 1ncya Iegoa da Cidade, fe adiantra os tres Procuradores , c dera6 conta ao Governador de Maco, D. Sehatl:ia6 Lobo da Silveira, da raza com que ailinrao o auto de obediencia, e que ien1pre era Vailllos de1Rey I! ]o1. Vendo D. Joa Ckmdio que os Portuguezes i e tinha apartado delle, mandou pedir hun1 feguro a l). Sebaftiao, que lho tnandou , obrigando-fe a lhe nao f~1zer o n1enor dan1no ; e deo logo conta ao Vice-Rey da Inclia, permitt1ndo aos Cafrelhanos, que anJafen1livres pda Cidade. D. Sebafria6 teve algumas defconfianas com D.Joa Claudio fobre a frma dos tratamentos, e inilancia de alguns rortuguezes' a qucn1 tinha ficado algutna fazenda etn JVanilha, mandou embargar vinte nlil _pJtacas , que os Cafrelhanos trazia , e as depofitou no Collegio da Co1npanhia; e intentou prender a D. Joa Claudio cotn o pretexto de que queria fugir. Oprs-fe o Senado da Camera a efia injufria, e quiz que i e obf~r v::tre o feguro, mas D. Sehafria marchou con1 a Infantar!J, e hwna p~a de artilheria, e comeou a bater as ca1S , em que efrava os Cafrelhanos; rendra-fe elles logo, protdt1ndo, que f qucria vas as vidas: conedeo-
ro;
tedeo-lhas o Governador, c confifcando-lhes as fazendas os remett~o a Manilha, e a quatro dos principaes a Goa, Anno tlonde o Vkc-Rey D. Filippe Mafcarenhas lhes fez toda 1644 a boa pafag~n1, eil:ranhando a D. s~bafi:iao o feu pro.. -ccdimento. :t\a foy efra a altcruao que houve no tempo ,.lo fcu governo , porque por favorecer D. Sebaftia a htnna d~ dnas parcialid~1des, que intentava fazer Eicriva da Can1ara, mandou dii}..,a-rar a artilheria das Fortalez~t~, e depois de muita confu13 , e alguma ruina, foy prcdfo que fahilcm os Padres da Con1panhia com o Santiffimo Sacran1ento , para o applacaretn ; e cites forao os 1ccei1os da Cidade de :1\'laco , que ainda no extremo do domi~1io de Portugal , fe confervou fempre co!n a n1ayor fidelidade, e refi frio em outra occafia ao~ interefies que os Cafi:elhanos offerecia aos icus tnoradores, n1andando por intelligencia de hun1 Gallego , que havia vivido .naquella Cidade , hu~n navio com cartas aos principaes da terra, que todos i cm as abrirem entregrao ao Governador, falvando-fe o navio do perigo que o ameaava con1 mUJ prompta diligencia. Lar~r2.-fe fra os Cafrelhan cs authores daquella perturbaao , e ficou a Cidade de todo pacifica con1 chegar a ella Luiz de Carvalho, que vinha fi..1cceder a D. Sebafria Lobo da Silveira. Ao mefmo tempo que chegou ao Vice-Rey a nova do focego de 1\'laco , entrrao pela l:arra de Goa o Galea S.]oa chamado Perola, de que era Capita Antonio Cabral, S. Pedro governado ror Antonio Rodrigues Chamia , o Pataxo N. s~nhora da Oliveira , e Santo Antonio entregue a Pedro d~ Len1os , e o Galea Candelaria em que hia Luiz Velho, Cabo defres navios , C:tie fahio de Lisboa a 22. de Abril , c chegra a Goa a 5.-de Outubro , perdendo-ie na viagem na Ilha do fogo a na~ - 1 \ .et a Santo A ntonro , d e que era C ap1tao Amauor L ouza- Che'Taod ~ 0 do , que tan1bem fabio . . de Lisboa na(iue11a conierya. ~c~~~s a L~iz Velho entrer,ou as vias ao Vicc-Rey , e abertas, Goa. acno_u_ que Ell~ey nomeava por Succefor do governo a 1). Fthppe .i\1.a1carenhas, oue aff:ilia em Ceila. Fez-H--c ~- c 0 ~de avifo , e no fin1 do anno .:,eyo a ter fim o feu governo, ,. ce-Rey .1 _, c. CJ!l s_ue proceueo ~9m ajU ft'fi caao que temos re1.erido, e entra em 1 Lisboa. fazendo
io
Io6
PORTUGAL RESTAURADO,
D.
Anno l111ppe, entrou a ialvamento na barra de Lisboa. Neire .1 644 mefmo anno n1andou ElRey ror Embaixador ao Ilnperador do Japa a Gonalo de Siqueira, perfuadido rle Antonio Fblho Ferreira, e Gon1lo Ferraz, pefloas principaes da Cidade de 1\'Iaco, qu~ havia chegado a Lis~ boa a uar obediencia a EIRey em. nome daquelJa Cidade, e a pedir-lhe quizeife intentar abrir-fe conunercio entre .i\'laco, e o Japa, por fer cftcl a mayor utilidade. d!quelle povo. Deo-lhe EIRey dous navios, e nomeou por . Capita n1r de hum a Antonio Fialho Ferreira , e por -Ahnirante Goncalo Ferraz, os n1efinos ouc havia chegado de 1\'l.aG-o , e en1barcou-e o Embaixa'dor Goncalo de Siqueira con1 o Capitao 1nr. Part~ra de Lisboa~ 29. de Janeiro , intentando paffar China icn1 tocar a India; navegaao que at aquelle tempo na havia intentado. Goncalo Tanto que avibrao o Cabo da Boa Eiperaoa , fizerap <icSiquci- na voJta de SueH:e at altura de 40. gros; tnas pacle~en ra Embai- do varias tormentas , fe dilatra muitos dias, e com iado; do ventos contraries, e falta de mantimentos te achra r.a apao. -altura de nove gros, quinhentas lcg<?a~ do EJrreito de .Sund. Vendo-fe a gente dos navios deieiperada do retne-dio, refolvra, para falvar as vidas, entrar no prinlei: ro porto que topafien1. O Piloto pouco a~ vertido cortou pelo 1neyo da linha Equinoccial, rle que ie originra nos navios grandes enfennidacles. Depois de varias fortunas, fora dar antes da Cofia de Samtra em h uma Ilha chamada de Bar , onde hofpedando-os .alguns negros , ostrat;;ira depois con1o initnigos, e difficultofamente efcap~. ra de fi1as 1naos. Vierao a portar en1 Bita, porto on. dE> aflifHa os Inglezes que os foccorrera6, e lhes dcra Piloto que os levou a ]acatar, em que a1Iifria os Ho1andezes que os hospeJrao muito humanamente, e concertados os n~vios p:1ffra a Goa : o que puderao ter confeguido em menos ten1po, e con1 n1enos trabalho , fc na quizera penetrar mares na_? conhecidos, anda natural dos PortLuruezes, intentar ietnpre ganhar fama vencendo difficuldados. l)e Goa paffrao China. e en1 Maco fe preparou Gonalo_ de Siquerra para a enlbaixad,a do J~..
3
ie
ie
pao,
107
.pao." Fez fua vL.1(Tc1n, e chegou a Entulho , que he huma Ilha pequena ,n fi tu ada na bahia da Cidade Nanguaza- .,., <]Ue. Logo que d~o fundo, lh~ tir r ao ~leme, e v1as r. . 1 da no, e o fizera etperar 40. d1as por refpofra do In1pe-rador, que o tnandou partir, fem querer acceitar a Etn- Na0_ f~y -baixada, perfu3.dido das negociaoens dos HoJandezes, e ~dmu~ eftitnulado das malicias dos Idohras , que havia desba- a 1;;oou ~ ratado a Chrifi:andade , s_ue o cfpirito, e diligencia dos -Religiofos d3 Con1panhia de J efus- tinha o erigido naquelle ln1perio : voltou Gonalo de Siqueira para Maco, padecendo o trabalho fen1 confeguir o intento a que E1Rey o mand,ira. Entrou o anno de 1645., e havendo-fe retirado a Badajoz o .i\1arquez de 1,orrecufa nos ultimas de De- Anno zetnbro do am1o antecedente, e tenco rlivicido o Conde S de Alegrete as Tropas da Provinda de Alemtejo fe1as 16 4 guarnicoens a que efrava applicadas , e defpedido os s rr; 1occon?os das outras Provindas que haviao acudido ao d~~c~le: J!tio de Elvas, alcanou licena cleJRey para paffar a Lis- tcjo. boa a facilitar alguns negocios ,_ afiitn communs , como particulares. ricou governando aquella Provinda Joanne Mendes de VafConceiJos com o pcfto de Meil:re de Campo General , que E1Rey lhe havia refrituido para a unia do Exercito que fe preparou cotn o intento do 1occorro de Elvas. Logo que Joanne JVlendes comeou a governar, tratou con1 tudo o cuidado de adiantar as Fortificaoens ; e para que negocio ta hnportante tivefle a expedia que convinha, 1nanclou a Lisboa a Joa6 Paf.. cafio de Cofinander reprefentar viv~n1ente a ElRez efia n1ateria. Refultou d:.1 fua diligencia dar-lhe FJRey huma patente de Coronel , furerintendencia nos Engenheiros, c ordem para tirar dos lt~g~rcs da frovincia que lhe pare-ceife os Officiaes, e Gafr~dores de que r.ece.ffit~_dle. E pa-ra que os effeitos arplicados s Fortificaes foieni mais pro1nptos , mandou EJRey 011e fe entregaffetn orden1 ~e Joanne 1\lend~s. de Ruy Correa Luca'"s ~ h~nente General de Artilh~ ria em Lt~t.oa , e de Coftnander, dando roderes' a e~a i unta p~.ra dii1---or tudo que convi~iTe s Fortifica.;s, ubc:dinando-a ao Governcor das Annas: e re-
Anno Fortificac;oen~ ~as Pr~1as de Alen1tc:jo. Pafado algutn 1645. tempo, ie dei unto eil:a Junta, e correo a uperintendencia
--;i ~c ~
das Fortificaoens pela peffoa que exercitava o pofl:o rle -General da Artilheria daquellc Exercito. 1,anto que cojj' ~~ _ n1eou a applacar o Inverno, fe continurao em Alen1te.. . .;.. . . jo, fen1 aca6 digna de tnemoria , nos primeiros mer.t.;es as hofi:ilidades de htnna, e outra parte. Ajuftou-fe o troco de alguns dos OfE-ciaes que fic-irao priiioneiros na ba: talha de Montijo. Foy huns dos que vierao de Badajoz Bernardino de Siqueira Ajudante de 'I'henente de Meftre de Catnpo General; e por fer efpeculativo , e intelligente deo n.otida a Joan.ne M.endes de que o .1\1arquez de T'o:-recuia applicara I con1 grande diligencia as levas, e Inais prc!venoens para a .campanha futura, porm que hayia tido afperas controve'rfias com o Bara de Mo1inguen G.!n~ral da Cavallaria, e que por efl:e, e outros r~fpeito3 lhe tiravao -o poil:o, e o tnandava governar a Provincia de Guept1fcua , e que te affinnava lhe fuccedia o 1\iarquez de Leganez. Efias noticias remetteo Joanne Mendes a ElRey , que nno dilatou repetidas ordens para : novas levas , remontJS , e outras prevenes neceE.:lrias, e n1andou a Alemtejo dinheiro para te pagarem as Tropas I!oLlndezas , porque alguns oldados dellas fe havia? paldo a Cafi:e11a pela dilaao do foccorro ; e a efte reipeito lhes mudou joanne Mendes o quartel de Campo Mayor para Eftrcms , Praa , por n1ais interior , menos_ arrifcaua a efi:a tentaao. R.eprefentou-fe tambetn a ElRcy o grande prcjuizo que fe feguia de paTarem os folda .. dos a fervi r de huas Provindas a outras fem licena dos feus fuperiores. Para obviar efre damno , n1andou ElRey lanar hurn bando com pena de vida, em qne ordenav.a cue" todos os foldados aufent-?S das fuas Companhias te r~lolhefTem a ellas, tornando a dar alta naqnellas em que prin1eiro houveflem ad2rando r_raa; e ficou remed inda eta confut:1o em utilidade de todas as I'rovincia.~. Orce.. nou juntame1te que ne:1lwm Otrciai,0,uc ferv=fe nas frf'_n .. teir:ls de C:1t""~it~ de Cava1lo~ r;1ra cima~ ptHkfle r~hr Cort~ fem lic~Gca fua: e coraefi:a orJcn1 ficou rer-r;rni3 '
da
ro9
do o excefo que havia nefte particular. Difpoftas todas eftas ntaterias , comQ a Primavera vinha entrando, e os Anno avifos de que o inimigo adiantava muito as fuas preven- I64S oens hiao crcfcendo , mandou ElRey ao Conde de Alegrete que fe recolheTe a exercitar o feu Pofto ~ porm elle ' fentido da pouca attena que fe havia arplicado ao feu grande mereciinento, fez a EIRey huma propofta, aflim obre varias faltas do Exercito, como fobre algumas melhoras da ilta caia. Nem a hun1a, nem a outra pertenao deferia EIRey, de que refultou largar o Pofto , e non1ear ElRey en1 feu lugar ao Conde de Caftello-Me- o Conde lhor, perfuadido dos bons fucciTos que havia alcanado de Cafielno governo da Provinda de Entre Douro e Minho. foy lo-Melhor efte vlcio da pouca perfiftencia que os Cabos tiverao nos ~o,~rna Poftos que occnprao , hum dos tnais prejudiciaes que A~:na:s de padeceo a noTa guerra ; refultando da mudana delles Alcmtemuito perigofas coniequencias ~ porque cono hum dos io. principaes fundamentos para hun1 General acertar no governo do Exercito que lhe entregao, confifte no verdadeiro conhechnento dos Officiaes , e Soldados que lhe obedecem, para os empregar confrme a fua capacidade, e juntamente a inteira informaao de todos os fitios da Provinda em que affifte , e as feguras intelligencias que entre os inimigos con~gue, e eftas di{pofioens fe na alcanao em poucos annos de governo , todas as :vezes <]_Ue os Principes tira con1 leve caufa hum Cabo de hum Exercito, fazem de hum bom General hum tno Cortezao pelas fufpeitas que concebem do feu aggravo , e conftituem em feu lugar hum General infufficiente pela falta de experiencia com que entra no feu gove'rno. Verdadeiro teftimunho defte diicurfo foy a mudar.a propof. - I ta: porque tirando EIRey ao Conde de Alegrete de Alemtejo, perdeo aquella Provina hum pratico, evalorofo Capitao, e elegendo em feu lugar ao Conde de Caftellol\'Ielhor experin1entou Entre Douro e Minho com grave damno a falta da tua affiftencia, e em Alemteio na tiverao tao felice execra as tuas difpofioens como em Entre Douro , e Minho. Chamou E1Rey rara efia nova occu raao ao Conde dcCaftello-Melhor a Lisboa no principio
rro
. cipio d 1\iaro, e palou a Alemtejo en1 Abril ieguint~ Anno No tempo que fe dilatou em Li~bpa, ordenou ElRey a 1645. Joanne Mendes de Vafconfellos, que reforn1afie algun1as Cotnpanhias dos Officiaes que efl:avao prifioneiros em Cafrella , e que os Cavallos de que fe compunhao as Con1... panhias tivefietn nutneros d ifferentes, pondo-fe a marca de hum na do General, e feguindo-fe os numeres nas mais que houveffe por f ua ordetn. Cotn efra arte fe evitrao 1nuitos inconvenientes, de que fe feguia ferem os Cavallos mais para a defpeza que para o fervio. No nlefmo tempo confl:ando-lhe a EIRey que a Praa de VillaNova del Frefno nao era de utilidade alguma : e que a Infant~ria, que fucceffivamente lhe entrava de guarniao, fe diminuia tnuito , tnandou orden1 para que ie defmantelafe , retirando-fe primeiro a artilheria , e o n1ais que eftava nella. Intentou-fe executar o que ElRey detern11lVa ; por1n di1atou-fe a execuao at o anno feguinte, en1 que teve effdto. Fora nomeados para novas levas de Infantaria, e Cavallaria os J\'Iefhes de Campo. Francifco de )vlello, c Martim Ferreira = o primeiro foy s Co marcas de .Coilnbra, e Efgueira, o fegundo a Bja, e Catnpo de Ourique. Chegou o Conde d~~ Cafi:ello-Melhor a Elvas; e poucos dias depois pa!Tot~ Toanne l'Y1endes a Lisboa. O Conde continuou na fnn~ Jas ordens delR.ey a.reformaao do Exercito, c as prevenoe!1s para a campanha futura , que infalliveltnente fe efrerava cotn a noticia de Entra cm haver chegado a Badajoz o l'V!;nquez de Leganez, pro.. Badajoz o rnettendo ao f~u gover:.1o gr~nd ~s progrefios, a informa~arqu,z ::lo que tinha da gn~rra d~ Potug:1l, e as experienctas ue . "d J nezLeua- a d qu1n . . as emtao vt Ja+-~Cias occ:J fi tJ 1nens, como no decur.,. fo da fua vida, em po 1:os ta fuperiores lhe havia 0ccorrido. Porao chega:1Jo a Alem ..cjo as levas da Cavallaria, e Infantaria, e porque co:1~LJu a E1Rey que nuiitos Offici:.tes refor111ados ~ aut~ntava, porque nao podiao continuar o exercicio J.1 gu~,ra com os foldos de foi .. dados razos, paffcn1 orden1 .rar:1 . C:l!~ .iP lhes rarafe a quarta par!e dos foldos dos ulthnos pofl-ns c;ue hav!3o occupado, ~ cotn efr:: ren:tedio tornrao todos a aclarar
..J
PORTUGAL RESTAURADO,
,.1
praa.
III
pNta. Achou o Conde de Caftello Melhor grande differena entre o The;v~ntc Gen~ral da ~avaliaria D. Rodrigo Anno de Cail:r<?, e os J\lefrr~s de Cap1po iobre as precedencias, 1645. quando te enco:1trava cotn 1 roo de Exerctto fen1 CaPo fuprior. Avifou a EIRey, e foy a refolua que quan- Refolvcdo fe achafi~n1 ju ntus os Officiaes del:es dous pol:os , fe fe a prcfcp ref~rificm pela antir:uh.hd~ das patentes. Foy efl:a de- rpcnflcla em b 0 OS tern1ina(;a6 muito conveniente, porque o vtou as de or- iguaes pedens que cohunao acontecer. Eftas , e outras difpofioes la ~nti fimilhantcs fe encaminh:r;10 com tanto acerto no Exer~ uldade cito de A.l~n1tejo, que veyo a confeguir efl:a efcla mili- te~t~:. tar i~r hutna das tnelhores do n1undo. Pouco ten1po depois de chegar a Elvas o Conde de Cal:ello-JVlelhor, corrrao os Caftelhanos Campo Mayor com 500. Cavallos : retirava-fe com grande preza , e fendo feguidos dos Capites de Cavallos 1\'lanoel da Gamtna Lobo , e D. Carlos Jorda, quando os Cafl:elhanos paiTava Xevora, os carregrao com :)OO. Cavallos, tomra-lhes 8o. , e tirralhes a preza. O Conde de Cafl:ello-Melhor intentou lograr em Badajoz melhor fuccefo : mandou a D. Rodrigo Tira-fe de Caftro arn1ar s Tropas daquella Praa con1 8oo. C aval- em Camlos, e thio de noite con1 1500. Infantes a fegurar-1he hum P0 M:yor dos portos de Caya, que fica vifinhos a Badajoz. Ama- ~~:~~~s nheceo, viera as Tropas da Guarda defcobrir a cam-nos. panha , fora carregadas de 200. Cava11os noffos at a ponte de Badajoz , perdra os Cafl:elhanos alguns , e com receyo de tnayor poder na fahira da Praa as 'Tropas daquella guarnia. Reti-- ou-f-e o Conde iem outro effeito. Pafi".lJos alguns dias, tornra os Caflelhanos a entrar por entre Campo .JVlayor, e Elvas co111 700. Cavallos , e corrrao os campos de B~.rbacena , e Santa Olaya , 1uga res difl:antes duas legoas de Elvas., e Can1po J\1ayor. A~udio ao rebate a Cavallaria defl:1s cuas Praas , e ao tempo que ch~ou a unir-{ e, fe rt:tirava os Cafre1han'?s con1 huma grande preza: ferura6 as nofas -Tropas a iua marcha, akanra-nos junto da Co~icei- Suc~ede o ra, e levando duzentcs C::tvalJos menos' rcrque de mct~lO _na _, , -' 500. con L Lavao, os 1nvefi:, ... e o b ngarao a l~argar a r.-re- Codlceltrao, ra. za, e 6.:>. C;.1vallos. O Conde de Cafrello-Mell:or clefcjando
1
L) 0 {"
do fempre accrefcentar a ua opiniao con1 acoens fingu~ lares , depois de examinar as foras de Alemtejo, o poder do initnigo , o efl:ado das Fortificaoens de Badajoz , a gente paga que a guarnecia , e fuppondo todas as di1:. pofioens ajufi:adas ao {eu defignio, deternnou ganhar Badajoz por.interpreza; e como efi:a materia era tao perigoia , que entend-Ia u initnigo antes de executada , era o mefmo que fr o Conde Author da fua ruina, deliberou fundar toda a maquina no feguro alicerfe do gredo : porm ainda que a fabricou no fi tio mais falido clos grandes negocias , como nao ha fegurana contra a maiicia dos ho1nens, efl:a prudente attenao lhedesba-ratou ( co1no fe entendeo) a grande em preza que hayia fabricado ; porque alguns dos Officiaes , que haviao de execut-Ia, invejofos de que o Conde a nao communicafe m~is que com o Mefl:re de Can1po Joo de Saldanha de Sou ia, de que f a fiou, a defvanecrao, podendo fa.. ciln1ente logr-la. Refoluto o Conde a efi:e intento, deo conta a ElRey quafi ao mefmo ten1po da execuao, receando-fe jufl:amente at dos Miniftros a que ElRey podia comn1u nkar efl:a materia. Ordenou que toda a gente de . . Campo J\1ayor , e Oh vena, fahindo co1n o mayor fi tendo que fofTe poffivel , fe encorporaffe con1 el1c a 17. de Agofto s oito horas da noite na ponte de Olivena. Nef.. te dia fahio de Elvas com todas as prevenes neceflrias para confeguir a interpreza. Entregou ao ]\lefl:re de Campo J oao de Saldanha hum petardo , outro ao Mefi:re de Can1po Andr de Albuquerque, a Luiz da Silva as efca2s que fe haviJo de arrin1ar tnuralha : palou Guadiana, e achou a Infantaria de Campo Mayor, e Olivena prompta hora defi:inada. Unida efra gente fazia o numero ~e 5500. Infantes , e 1100. Cavatlos. Levava oito 11eas de artitheria, que fendo inuteis par~ confeguir a interpreza, forao inftrutnentos do n1o iucce:o della: porque tanto que comerao a marchar, quebrando aos carros de humas as rodas, e de outras os eixos ( fegundo fe entendeo, mais por malicia, que por defcuido) foy de qualid~1de a di1aa6 de fe concertarem , que amanheceo antes de chegar o Conde a 1""'elena. E reconheceu~ do
rrl
PORTUGAL RESTAURADO,
te- \
....
.Oo que faltaya mais de huma 1eg~a por andar_, fez alto.: voltou para Elvas gravemente ientido, mais da cauta, .J\nno rlo mo iucceffo, que ainda de ver defv~n~cicla a empre- _ 1645. za ;. porque as confequenci_as da primei:a perda d~fl:r~! ia Dcfv~mc a eiperana de refraurar a icgunda; f'OlS OS que forao CL'.- cc-fc a inpazes de desbaratar ere intento , o ficavao de defhuir tcrp_reza qualquer Olltro que o Conde fabricafe. Defpedio da Pon- ~c nada-te de Olivenca a D. Rodrigo de Cafrro con1 a Caval1aria Joz. a correr os c;mpos dt! Xet~ez, de que conduzi o a OlivenJ. huma -grof1 preza. Os Cal:clhanos reconhecrao de forte o perigo a que efiiverao expofios, a1fun pela pou<:a guarnia que havia em Badajoz , como por na o terent noticia da m3rcha do Exercito , que ficara todos os annos celebrando e1n acao de gras com huma folemne Procifao o perigo de que Deos livTou aquelJ~ Cidade. Deo conta o Conde a ~lRey do n1o fticcefo do ieu in tento, e pafados dous d1as, defpachou outro correyo pela pofia , perfuad~ndo a E!Rey por voto de Cofmander, que lhe permittifie interprender o Forte de S. Chrifrovao , :fitu;1do junto a Badajoz defra parte do Guadiana. Esforava as ii1as razoens , dizendo , que a interprcza do Forte era fadl de confeguir, e ganhado elle, faciliffimo de confervar : porque os foldados que o guarneciao erao muito poucos ' e fazendo ao lnefmo tempo di ver.. fa pela par te da Cidade , com o receyo do rerigo pafado, acudiria toda a guarni~o s muralh2s della; e que co!lfeguida a em preza do Forte, aqrartelando-fe junto delle 7000. Infantes, e 1200. Cavallos que havia en1 .Alem-Tejo, ficava incontrafravel: e que unindo--fe a cfie poder os foccorros de todas as P.rovincias, e a mais gente as levas que fe preparava, feria impoffivel de!xar de fe ganhar Badajoz, de que refultaria a ElRey a mayor egurana do feu Reyno, o mayor credito d~s ft~as Armas, e a melhor fatistao de Frana , que infrant~mente apertava fe fizefe a Cafiella a guerra mats viva cue fofe poffivel. O voto do Conde, e rarccer de Ccfm~nrler mandou ElRey propor no Conff'll!o de Cuerr d, en1 que af:i_ftia o Mefrre de Campo General Joannc J\lendes ~e Vaiconcellos, que ainda eftava en1 Lisboa. Fuy o
113
ku
~ 14
PORTUGAL RESTAURADO,
ieu parecer, o do Conde de Alegrete, e D. Joao da CofAnno ta, fujeitos de que fe fazia naquelle tempo 1nerecida ef.. 164s timaao, que a interpreza de S. Chrifiovao poderia fer facil, porm que a em preza de Badajoz era difficulto, porque o rigor do tempo havia de ier poderofo inimigo , e que as noffas prevenoens nao e1lavao tanto adiante que ie pudefle fazer dellas inteira confiana : Qye os Cafi:elhanos ie acl1avao muito fuperiores em Cavallaria , e que eftc ob.ftaculo podia difficultar deforte os combois de que continuamente neceflitava o Exercito, que era efle damno quafi irremediavel ; e que fuppofros eftes inconvenientes, feria fem frul:o a interpreza de S. Chri-, tovao: e que ne.fte ientido, o que f conyinha era adiantaretn-fe com todo o calor as prevenoens da campanha futura , e que tanto que entrafTe a Primavera, para fatisfaao de Frana fe fizeffem continuas entradas por toda~ as Provindas ; porque deviamos contemporizar com <JS Principes alliados, fem arrifcar a noffa confervaao. Seguira os mais Confelheiros eile parecer: approvou-o ElRey ; fez-fe avifo ao Conde de Cafi:ello Melhor : po rm ep_e na fe fatisfazendo ~efra refolu<ia 'e levado. do de1ejo que ardia no feu atumo de conieguu grandes entprezas, ordenou a Cofmander que foffe a Lisboa repreentar peffoalmente a ElRey a importancia da em preza de Badajoz, e a facilidade con1 que fe podia confe-: guir. Mandou ElRey ajuntar os Confelheiros de Guerra, e deo ordem a Cofmander , que lhes propuzeffe todas as razoens que lhe havia referido, refolvendo juntamente que os Confelheiros votafiem diante de Cofmander , que em ta fubida efrimaao efi:ava a fua capacidade. Junto o Confelho , props Cofmander largamente o feu parecer : porm nenhum dos Confelheiros mudou de opiniao, e todos fe referirao ao que havia votado no Confelho antecedente fobre efl:a materia; e Joanne Mendes accreicentou em hum largo papel as razoens que te lhe offereciao para fe nao intentar Badajoz, principalmente cotneando o fi tio peJo Forte de S. Chriftovao. Erao ellas ta falidas, e o papel tao bem fundado, que fe pafira os olhos por elle, quando depois ( con:o veremo~) ' ~ i e-
PARTE I. LIPRO Jl'JJI. tt5' feguio o mefmo que nefta occafia contradifle, rudra facilmente convcncer-fe a fi mefmo , e evitar os gravi11:- Anno mos damnos que acontecr3. E na fe duvide da vercla- 1645 de .folida de todas efl:as materias: rorque efcrevo cem todos os originaes diante, affitn dos votos afiinados da propria ma dos Confelheiros, como das refoluoens firmadas por ElRey._ onformou-fc EIRey com o racerer do Confelho, e obrigado de alguns achaques que padecia, paiTou a tomar os oanhos das Caldas da Rainha ' I4. legoas de Lisboa, e fauuavel ren1edio para differentes enfennidades: ficou entregue o governo Rainha, que nao ignorava os preceitos efendaes Je exercit-lo. Coi: mander voltou a A1ein-1."'ejo con1 o Mefrre de Campo General Joanne Mendes de Vafconcellos, e breven1ente crefcra de qualidade ag noticias das preparaoens que o Marquez de Leganez fazia para fahir em Campanha,que fe trocra as idas de conquil:adores em prevenoens para na fermo's conquil:ados. O Conde de Caftello Me lhor , tendo ratificao por varias partes efte avifo , fez toda a diligencia por unir poder que bafrafle para a oppo :fiao dos Cafrelhanos , e achou na Provinda ta" pouca gente, e tanta falta de outros infrrum~ntos, que veyo a conhe"cer a difficuldade de fitiar Badajoz , como antes I pertendia. As noticias das prevenoens dcs Caftelhanos --~ mandou o Conde a Lisboa, e a Rainha as remetteo logo s Caldas a ElRey com huma apertada confulta do Confelho de Guerra da~ prevencoens que era neceffarias para refifrir ao Exercito dos C~frelhanos. Paffou ElRey ordem para fe executar tudo o que parecia ?O Confelbo, e nomeou por Mefrre de Campo General da Corte junto Nomra -' EIR l'Y o a r. p~rr ao M arquez d e M onta1vao, que pouco tem- .M~rcue:r: 1Ua c;Hoa po antes com o verdadeiro tefrimunho da fua fidelidade de r/enhavia lin1ado os ferros, em que o tinl1a pofro a calumnia taha&Mcde inconfidente. E der o is mandou E1Rey levantar T ro- llrc de pas em L~boa, porque lhe veyo avifo de que era chega- ~~~Jr~1 da a Cadtz a frota de Indias , e que os Cafrelhanos feda Certe~ achava com hurpa Armada muito poderofa, circunfrlncias todas de tantas confequencias, CjUe accrefcent2vao juftatnente o cuidado delRev , e de feus Minifrros. Para H ade4
r
trt6, PORTUGAL RESTAWRADO, a d:.~f~nfa de Sctuval nome~:m E)R.ey o Conde do Prado Anno co1-n t1tulo de Goven~a_dor das Arn1as ; e para que as exe1 ~45 cuocus foi1en1 n1ais etfe.1i vas , pairou ElRey das Caldas
a Lisboa no fim do r..1ez de Seten1bro. N efl:es n1efmos dias ~manhc~eo fobre Ougueiia hurn Troo do Exercito l!os CJ.fre1hanos. :Havia-lhe entrado poucas horas antes ioccorro de Campo Nlayor, ren1ettido por Audr de AI. .. buouerque, que governava aquella Pra~a. Efra noticia R c:taraob~ (.., fr......,ll f fc 05 Caf- 9 ngou aos . . . a e 1anos a e retirarem, e na ua retatdhanos1 g~1ar~a d~goi<irao as ~ropas de Catnp~ Mayo: ~um_a de Ou-.. Con1paulua de Infantana, que por deicu1do havta de1 gue~la xado os Cafrelhanos de guarnica de h uns n1oinhos. Ef-. t~~~: e te leve accidente de fe.. retirar~m os Cafrelhanos da in- Compa.. terpreza de Ouguella , fez esfriar as prevenoens que nhia. ElRey com grande calor adiantava: porque o feu animo o inclina v~ a nao baldar as defpezas, e algumas- vezes lhe foy t~uto prejudicial efra poli!ica. Porm chegando da prizao de!I3adajoz a Elv?s Ferna Sa~ches, Thcnente cl.a Companhia_ de D. Vafco Coutin;bo~,~ e. iegurando que. breve1nente iahiria o Marquez_ de Leganez com grande Exercito , tornou ElRey a applicar.- os foccorros pe Aletn-1~ejo, e a prevenir a defenia de Lisboa. E para que lJS foccorros marchalen1 mais prompt;.1n1ente para Aletn-_ ~:tfaa~- 'I\:~jo , pa1fou ElRey a Aldea GalJega , de que refilltou 1crJ-Te~ partir para Elvas a tuayor parte da Nobreza do Reyno. Foy hum dos oue 1narchou a fervi r nefra campanl1a D. Fernando de M~nezes, a quem EIRey havia feito merc do ~1 itulo de Conde da Ericeira, na o lhe divertindo a jornada o efi:ar concertado para cafr no Pao con1 Don Leonor Filippa. de Noronha, filha de rernao ti e Saldanha de Soufa , e de Dona Joanna de N ornha, nem deixar e1n fua cafa no ulthno parociiino , de c;ne acabou :a vida , feu irmao D. Diogo de lvlenezes , que havendo cl~egado da priza da Cidade de Cren:ona., em sue }?1l~C ceo excefEvo trabalho, affim pelo arerto, e eflreiteza corn que foy tratado, con~o peJas f.:r1(1::s c Pe recetco na hata111 a de Montijo' c~ne nao farr2o CD1 ClfreJla' nem tiyerao ren1edio en1 Portugal ; acabando ndle t::';() fngular yaJor, e ta<$ exelJeptes virtudes, que me dilatr~l ll\ r .. r mayor
do
't17
nao obrifra a recear a calum14ia de alguns, que condenao, cubrindo-Anno: fe ~a cap~ da arparencia ' fcm fondarcn1 o _centro d~ ra- I64S za. Patlou tan1ben1 nefie tem r o a Alen~-1 qo D. Joao de Menezes , que havia fugido de Caftdla , e fervido em }'Jandes con1 grande o r tnia. De tod?S as partes chegta foccorros a l.lvas, !"raa cm que i e 2juntava fOr o r.. -' dem dclRey o Exercito. :t\cfie temro !hio cm can1panha o Marquez de Leganez con1 Ilcco. lnfantes , )CCO. Exercit Cavallos , dez ptas dt: artill:cria , tn.m , e 1--agagcns ~e Cafiel_. la oo'"erne(:efi- . anas. A 15. dc O Utl1 b.r o mar chou de E .1 'auaJOZ, e n d 1 0 fez alto vifra da Ponte de Olivena, e lorte dt: Santo r.r~ar~~:.r_ Antonio, que lhe ficava vifinho. Sen1 t!ilaa c0ntt.ou de Legaa bater o Forte; e o p~queno Caftdlo da ronte; e co-nez. mo hum, e outro era de ti fzcil cons_ui fia , i e lhe renrlrao palados dous dias. 1 ratou logo o M arquez de os <?anhao rlefmantelar, e .nnando a n1ayor parte c' os ar,Ls da ~une ,de . 1!11CU '_1ven- conte e Clhenc.a" r onte, lntentou d"tr 1tar .a comn1umcao. ~e (j]" a. Efra refo1ua ceo tnohvo a que entenclt.le o Conde rle Caftello Melhor que os Cafte1hanos fttiava Olivena, e tratou de 1occorr-1a cem a mais gent~?, e munioens, qe lhe foy pofiivel. Em quae.to os Caftdbanos i e detivera o no quartel d3 I'onte, era mui to arrifcada a n1archa de Eftrc~ns a _E-lvas ; porque en1 todas as f~is Iegoas, que l1a de d1francta de htJma a outra f'taa , ie offerectnl fitics capazes de encol-rir muitas 1-ropas. Efta difficuldaue fe devia vencer ccn1 a cautda de defcobriren1 os vai.. les differentes partidas , e coroaren1 os montes tentinl. las, a que deffem calor aJgun1as Tropas: pcrm faltantlo-fe a todas efras efTenciaes diligencias, fahirao de E.. trems 400. Infantes da Con1arca de Evora , governados pelo Sargento n1r Joa da Fonieca Barreto, e chegando venda da Alcaravia, duas legoas difrante de Eftrefl1S, avifr,ra 6oo. Cavallos Caftelhanos, qt:e havia n1archado a noite antecedente co1n intento de correr aquella eftrada. Era o Sargento mr ta rouco cofh:maclo a fimilhantes conflilos , que tanto que deo vifl:a dos Caftelhanos , fe perturbou deorte , que podendo occU par huma tapada com parapei!~ ta levantado, CJ.Ue P,uH l1l dra -
118 PORTUGAL RESTAURADO, dra livr-lo do perigo, fe a guarnecra , n;;1 fo deixou r Anna Je occup-la, mas f m fazer alguma refiil:encia entre1~45' gou aos golpes das efpadas do~ Caftclhanos quaii todos os Rompem toldados que L~vava fua orde1n. E ainda o fcu defatino os Caile- coop-~rou en1 mayores, e n1ais infdices circunftancias: lhanos porq~e fe houv-~ra guarnecido a tapada , pouco efpao :oot. ln- que ie def~ndera, bafi.ira para chegar a tn1po D. Rodri. . rr -41n es, go d e C aft !"O, que d e El vas h avia paua d o a v1la- v I IO fa , duas legoas de Alcaravia , con1 700. Cavallos ; que . unidos ::1.0s 400. Infantes pudrao cafl:igar a ten1eridade dos Cafi:dha.1os penetra~ern com tao pouco poder os nofos lugares. Retirarao-fe elles itisfeitos de confeo-uir l1u1na das m'lyores vantajns ,. que na ~campanha logrJ"!' rao nefra guerra. E COlllO a infelicidade he grande n1efl:ra a cautla, m1ndou o Conde de Cafte11o J\Ielhor ter grande vh?;ilancia naquella efrrada , e ElRey fentido def te fuccefio ordenou ao Mefl:re de Carnpo General, que ... ~ pafafe a Eftren1s a receber, e exercitar as levas novas, e a remett-las a Elvas conl fegurana. Pairou eUe logo a Efi:rems, e dentro de poucos dias chegou quella EIRey de Praa ElRey das Ilhas de Maldiva, Senhor de grande ri.. Maldiva queza, e muitos Vafallos no Efrado da India , que ha.. ~~~~c7t: via ~afad? ~ Lisboa ~ pedir foccorro a E!Rey contra de Portu- hum trma feu , que vtolentan1ente lhe havta occupado gal. o Reyno, e chegando no tempo defta campanha, fe achou obrigado a ailifl:ir no Exercito. Joanne J\'lendes o tratou co1n grande refpeito, e ordenou que fe obfervai:. fen1 com elle todas as cerernonias que na guerra fe cofru-. mao fazer aos Cabos .mayores, advertencia que EIRey lhe agradeceo n1uito. O Conde de Caftello 1vlelhor ha... via n~ft~ t~:np<:l puxado pelas guarnioens das Praas; que n~o rec~avao f~r invaddas por ficarem cobertas com e nofo Exercito , que ja fe compunha das Tropas de Alem-Tejo, levas, e foccorros das Provindas, e aquartelou-fe dentro dos: o li vae~ de -Elvas , que dera nome campanha defre anno. Portn con1o o Exercito era p~que no, e o receyo de 1nuitas Praas igual, nao achava o inimigo mayor oppofiao , que a de lhe tocarem ;trtna por
Cai-
PARTE I. LIPRO 'PIII. II9 Cafrto con1 nl Cavallos, e 5co. 1\Iofqueteiros a dar ca. lor a huma das partidas , a G_ue tocou cfra diligencia , Anno foy carregada por alglimas Tror~s do inimigo, qr.e en- 1645 trando na <:n."'o1cac~a ccn1 rot~ca cautla, pcrdeo noventa Cavallos. Hun1a de fias rartidas pafrou akrn cle Badajoz' e fez rrifionciro o Conue de Izinguen' GUe vinl~a Priza rlo a iervir no Exercito com o PoHo de T heneete General cll C?nc!e de . 0 C aya II ana~ 1-.oy rcmettl"d O a L"lS b,oa , e 1~ngo t eiDfO lb"e Izmaucn. llurou a prizao na Torre de Belern. O Marquez de Lcganez , en1 quanto fe dilatou nn 1nin_ar os arcos da Pol1te, mandou nl Cavallos a Villa-Viota, que degolra alguns paizanos, e roul_,ra os n:ontes C.os lugan. s viEn.hos , e iem outro effeito digno de n1en1oria i e retirou para Telena a cinco de N ove~1bro, na o levanco bafran, te 1 tisfaa clos cabedaes dit pendidos naquellc Exerci--L to, porque a en1preza da Ponte, e Forte era ta facil, que com as guarnioens das Praas fe Ft1dera excct,tar , tanto que as agoas do Inverno Jifficultafem a paf!agem do Guadiana; e o prejuzo, que recebe~os na difr,cvldacle da communicaa de Olivena, rcmcdiou-fe com quatro barcas que ie puzera etn Geromeuha; e o teinpo mofl:rou derois que na foy a falta da Fonte n clufa de fe-perder Oliver.a. Fez alto o l'rlaruez de Leganez com o exercito em,Telena , e rarecend-Jbe <}Ue .era <eonveniente. na ter dcfoccvraco. aqutlle fi tio , fez levntar nelle hum. Forte ~ue rs Enl dtfcnia trr. ozc Le,anta;; dias. No ultimo mandou '1ousmi1 Infantes~ e mil Caval- 1c o f,.rte los a defn1antelar a Atalaya da 1 'errinha, I r; ma lego a c1if- de Tt.ltna tante de 'I'elena, outra de Elvas. Lfrava nt:11a ~e J twrniao hum Alferes com quinze iolde.dos, e tinh~~6 d~:t-;.tro quantidade de granadas : com elli.ls , e com os mof<-1uetcs. fe defendera muitas horas, e derois do Alferes feddo .. Rendefe r aAtalc.ya e par t e d os 10Jd ados mortos, 1- rene1,.. o os. mms. a raru- b Tcrrie era d? de os llao mataren1 ' rodendo jufl:emente tirar-ll:es a~_nha. e reVIdas o Marquez de Leganez ,~por haverem pdejado .uraff .o vifta de hum Exercito' aguardando. rara .fe re..t~dcn:n~ N~a!'iC~-a que lhes afefrafiem duas peas de artiJheria. Gc:>rn :f:fra. ._<Jo -r1~nf pequena faca fe retirra os Cafielhanos a .Badi.ljoz. jr _.J Nefl:e tempo havia crefddo o nofo Exercito, e eftavao ':I
.J
Hiy
as
ii
a~
PORTUGAL RESTAURADO,
_ carruage?1s pron1ptas , e todas as mais prevenoen~ Anno dti po!tas para poder marchar: porm a uni ao entre o 1645 Co!lde d:~ Cafrdlo Melhor, e Joanne Mendes nao era muita, e as idJ'ls diverfas de hum, e outro fomentava nao fo os folJ-::tdos perfuadidos das fuas dependencias: 1nas os co~tezos obr!gados da pernicioi3 inclinaao de incitar co~ltrov~rfias. Deftas diffenoens fe orifjinou du- vidar Jo;:tnne Mendes entrar no Confelho co~ os Titu~ los, eiltendendo que lhes devia preceder, prerogativa que eUes lhe nao queriao permittir; e nem o Conde de Cafr~llo lVlelhor fe refolvia a deliberar efta duvida, porque entre as muitas virtudes que lograva, carecia da ac1iDefuni~ vidade neceiTaria nos Cabos fupremos, porque levado dos not- da urbaa1dade do animo, defcjava deixar a todos fatisfeifosCabos tos. Conhecido efi:~ natural da arrogancia dos fo1dados, fe licenciara defort~, que comtnettra no tetnpo que o Conde efteve etnAlem-Tejo graviffimos infultos.J oanne Mendes tomando por pretexto ir receber as levas , que chegav~o, conforme a ordem que titlha delRey, paffou de Elvas a Eftrems ; e o Conde de Cafl:ello Melhor tornou por expedi~nte dar conta a ElRey do poder com que fe achava , e pedir-lh~ refoluao da en1preza que havia de intentar, para dei empenho do que os Caftelhanos ha viao obrado, e para fe tirar mayor fruB:o das defpezas . que tinhao fdto , que def~nd~r a Provinda. Offere.r''' ceo-fe ao Conde de Cafl:dlo Melhor para ir fazer efi:a propofl:a a EIR~y o Conde Camareiro mr, que {e achava ( como em todas as antecedentes) nefi:a campanha. Acceitou-lhe a offerta , perfuadido a que ElRey fe ajufl:aria ao par~r do Camareiro mr, que era , que o Exercito fe empregafe em alguma grande facao , defejo . :.'-' ; qu.e o Conde de Cal:ello J\Ielhor fummamente abraava .. j ) _ Partio de Elvas pela pofta o Camareiro m6r, chegou a ,. Monte-mr o Novo , Villa a que ETRey f e havia adiantaM.nd:i 'do, e propondo efi:a materia no Confelho de Guerra, ElRey a- forao na confulta os pareceres muito diff~rentes, e EIRey loj~r oEx- confidetando a defunia o dos Cabos , e o rigor do tempo, ~rctto_, e naO. quiz que o Exercito fe empenhafe em em preza al.. c retua a d"lVlw1O , e pauOU d e M ante m or ,.n .r ' ~_isboa~ gun1a. M and o~ a 8e-
fe
121 a Setuval a ordenJr a fortific~a OtG_UelJa rr~a' deteve-te poucos dias, c entrou cm Li~ coa a 18. de Scttt11bro. Anno Nefte tcn1po h~via _o Jvlarque_z de Leganez, derois cle 1645 chegar com o ~.xerctto a B1d~JOZ ' n1andaco l~1:~n 1 rco de Cavallarta, e Infan~ar~a a 1nte1~prcnder ll(Tt-rr.enha, na confiana do deictoco (os ioldacos dac;uclla !;Uarni~ao, vcPrlo retiraclo o 1ctl Exercito, e ta v.itnl:o o noffo ~ rorm acl;ando os Caftelhanos c.i.ue invtfir~o a Praca crande Yi!!ilancia nos folclados, e moracores deila' te retirtaO ,Ldeixand0 alfl111S n-crtOS' e lt:YlrCO ()UlfOS feridos. O Conde de Caftello IvlelYor Lfriinu12~O co rleiejo Glle tinha de confeguir algl!ma er:1rre7a, mandou ao Meftre de Camro D. Sancho Mat~oel ( c:ue havia ror ordem delRey trocado o Tero c1a Ikira ccn1 Diogo Comes de Figueiredo en1 Akn1-1 ejo) interprender Alcantara com dous mil lt,fantes, e algt:n~as '1rcras a que fe llaviao rle unir outras da Eeira: rcu~m tcn1anco linp.ua, e fabendo cue o inimigo c fiava avif~clo , IJ3 deixou de chegar Villa , n1 as fero a1gu m effcito , rorque para conuift-la era necETario mayor fora. O meimo fuc- ceilo teve e:m Valeea, que t['m~tm ~iz interprender. E.il:es intentos de hum a , e outra arte i em execuao forao o remate da campanha , e dei[edicos os foccorros , e aquarteladas as guarnioens , fe dividrao os Exercites. O Conde de Cdl:ello Melhor, que governava a Provinda ce Entre Douro e Minho no princirio dffie anno que continuamos, tendo noticia que EJR ey determinava mand-lo governar as Armas de Alem-Tejo, na quiz intentar en1 Entre Douro e Minho em preza algt1ma, por nao deixar nas ma os da fortuna ' que com tanto itnrerio dominiva as acoens_ militares' a contingencia do ultimo fucceffo = porque fendo infeliz podia deshlfl-rar <>S. muit<-?_s que havia ~onieguido com grande opinilo; e a fer proipera, hum iucceflo mais lhe na melhorava a reputaao pela ter fegura. Chegou-lhe cm Maro a orcem para paffar a Alem-Tejo, tnandando-ll1e EJRey que entregafe a Provinda ao lvleftre de Carr.po Dioro de Mello Pereira , por ter moftrado em muitas accoens valor, e prudencia. Do feu Ttro fez ElRey merc a Francifco.
tz2 PORTUGAL RESTA"JRADO, cifco de Frana Barbot"-1 l'h~il~nte de Mefrre de Campo Ann G:!neral, e Diogo d\! 1\tldlo com o exercido de Gover~ I 64-5 tl_,a1or d<lS A.rm1s fi\:3U COi.ll.!ndo o foldo de 1\'lefl:re de Succelfos Can1po. Logo que totnou. po:ffe do governo , mandou de Entre f1zer algumas entradas en1 Ga}liza , ainda que de pouca D~mro e ilnportaacia, todas con1 mo iuccefo. A efre rei peito lhe Mmho 'er- o r denou ElR~y que as iu f~p~ndefl'e. O -me 1-mo fizerao ~ ~ que ,, 0 na Jio~o 08 Gall~gos: porque iuppofi:o quefe achava6 com mayor de~ello poder, eftava6 ca~lidos das muitas hofrilidades dos an~ Pereua. nos antecedentes, e o deiejo do focego precedia ao datn ... no que podia occaion:1r aos noios Lugares. Diogo de Mdlo Pereira tendo negocios da fua Religia a que acu~ dir , pedio licena a ElRey para pafar a Malta : concedeo-lha, e 1nandou de Lisboa ao Mefi:re de Campo; Francifco de Frana cotn hun1a carta para Diogo de Mello, e incluf ord~n1 para lhe entregar. o governo. Partio Francifco de Frana de Lisboa, e porque na era amigo de Diogo de M~llo , paffou a Monao fem lhe fallar, e mandando abrir na Cmnara daq uella Villa a carta que levava delRey, ie metteo de po:ffe do governo , dando-lhe principio cotn algumas exorbitancias. Tanto que Diogo de Mdlo teve noticia do que Francifco de Frana havia obrado , e dos excefos que continuava , deo conta a El.. Rey, queixando-te de Francifco de Frana. ElRey, que nao cofrumava foffrer defordens, efcreveo hunla carta a Francifco de Frana, reprehendendo-o afperamente ;e ordenou a Diogo de Mello que contiiluafie o governo , at que chegafe quella Provincia Governador das Armas,e logo notneou para efl:~ occupaa ao Conde d:1 Sarzed~s , etn quem concorria o todas as qualiJades dignas de.fte lugar, e de outros mayores. Acceitou elle o Pofto, e eftando prevenido para partir a exercit-lo , foube que Na acei- ElRey queria fazer com a f ua Pe:ffoa huma efcufada preta o Con~ vena o , que e~-a mofrrar-lhe defejava que elle paflaffe a de de Sar- Entre Douro e Minho fem a fua fanlilia , e que efra ficaf~edasn~o fe em Lisboa. Tanto que o Conde de Sarzedas teve notid~~ntre cia del:e intento de1Rey , ]evado da generof, e jufta Douro e ddconfianca, defifl:io do governo de Entre Douro e MiMinho. nho. Conl{~cendo EIRey a juftificada raza da iua quei, xa,
. P .ART~,J. LIPRO _Jrlll. '(' ~23 xa, dceJOll pt-riu ~e:1-lo a qt:e accutafie o govcn~0 ccn1 ~s condioens C~llt quizcffe: porm nau fc,y i"'<'fllvc] Ytll- Anno c-lo , rct~t:~ _o achaquelda ddc?nfiana l:os ya~a11.os 1,R4S honral'Os d1fl1etlmentc fede ren:fdla-!o J;'C'lkr l:Os lnncipes. l)Lrou e~a contrC?vcrfia de Jur.ho at 1\ oYui".Pr~, tempo em que ElRey deiengan.ado de yet:cer a confiarei a do" Conde de Sarzedas, r.omt~ou cn1 ie11 h'f!ai." a D.Joao da Ccfra ' rornl nem efra elei'ao teve effeito ' CGll10 adiante yercn~os. fm quanto durrao efras duvidas' nao fuccedeo cn1 Entrt! Douro e 1Ylinho .aca digna de me.. mo ria. 1 .,~ ., I\ o mefmo focego pafou cfre anno a Provinda de Traz os .1\lontes. Continuava o govern~ de1la D. Jc"a de Soufa , e conhecendo quanto. convinha o allivio dcs Povos para toleranmas deifCZas,e fe acccmmodarem os damncs da guena, 1rodercu as entrC.CS, fOr nao incitatt os Caftelhancs a Yit~r-anca. Lor:rcu quafi totahr.ente o intento' rorque._ o iri"irni~o 1l.frendco o d?ll1110 que coftumava fzer .CS IlOLOS h:garES, fHa que OS feus nao exrerin:entaiTen1 o crfrigo c.lue. ccftrmaYa6 padecer: e confrrnes as idas de huma, e outra parte, pafTou todo o anno de I645.i(m contenca, nem J-:cfl:ilidade. D.Alvato de Abranches, C;l'e deiximos poyernando a Provncia da Eeira ' defejarido por !tt r~fes rarticuJatTS largar aquc1la difrercia, o conkgtdo ; e 1"( n:t:cu E1Rt:)r t:m O Conde fpu hH2ar a D. Fernanco J\laicarenhas .Conde de Senn1, de Serem TituJo de que rouco tC111fO antes I~avia tcn~aclo pofle. ~ovdrna Recebeo o patente a 16. de fEvereiro, e cheganco D. AI- A~~a~s da varo a Lh.coa. rartio o Cende rara a Eeira no princirio Eeira. de Marco. Acl-.otl Qovernar;co a Provircia ao Mefire de Campo l). Sancho ),Jano.el ; e logo no rnez de Abril fc .. guinte iccedeo a troca c..ue fez do 1 ero col).l Diogo Gon1es de Figucirec1 o, qt'e a felicitou a reJpeito de antigas derendencias GUe tir-l:a co .1\'larciuez de .1\'lontalvao; e do Conde .de Sen:m. Lego cu e o Cone e tcn:cu role do governo , reforrr.ou aJpuns Cfficiafs indigr.cs e pro.; veo os feus pofios Em So1dados rcntmerit('S. Yifitarao1 110 os Caftelban_os, corret:do os h1gares de Yi11a 1'orpim c e Malpartida: iahra '~c Aln1eida cen1. Cavallos, ue
J
.'.,
'
go:
t24. PORTUGAL- RESTAURADO, go \fernava o Capita Ruy 1 'a vares de Brito, refolveo:; Anno ~ a lhe tirar a preza gu.e levava ; inveftio-os , e depois I 6-fS de larga contenda , ie retirra os Caftelhanos , deixando a preza , e alguns Ca~allos. Fico': morto o Capita Ruy Tavares, e alguns ioldados fendos: deo ElRey a Con1panhia a feu filho Gafpar de 1'avora. O inimigo confiJ~rando o damno que poderia receber os nof!os 1u gares, fe fabricaffem hum Forte e1n o fi tio de Caftel~ jo , por ficar entre Ciudad Rodrigo , e Val de la mula , intentou efta obra: porn1 o Conde Marichal, prevenindo o damno que podia r~fultar quella Provinda, ajun.. tou getlte e1n Almeida, e obrigou aos Caftelhanos a def.. ifl:iretn da empreza comeada. Poucos dias depois, teve avifo que os Caftelhanos, ajudados das T'ropas da Efrre.. mA.dura, fitiavao Salvaterra, e comeava a bater a muralha. Achava-fe o Conde na Cidad.~ da Guarda, e logo que recebeo efta noticia, paffou a Penamacor , e ajun.. tou algun1a Inftnt..1ria, e 150. Cavallos, que governava Rozan Commifario Geral , e fazendo pouca diJaa foy alojar Idanha, fi do em qu-~ ficava mais prompto para foccorrer Salvaterr:.:t, e. ne!l:~ quartel fe foy ajuntando toda a p_:~nte da PrcnTi 1cia da Guarda. Havia d~fpachado hum cC:rreyo a ElR~y, em que lhe- pedia ioccorro, e c:otn a rnefin1 dilig~~1da ord _-nou ElRey c;ue rnar(:hatre ) r de Alem-Tejo o Meftre de Can1po Gafpar Pinheiro Lobo con1 o feu Tero, e duzentos Cavallos. E avifou J::JR.ey ao Conde deCaftello Me1hor, que tendo noticia de qe os Caft~lhanos retnettia da Eftremadura mais 1ropas a u:.: Salvaterra, a efre refpeito fo.fe engroiando as da Bei:a cotn mayores foccorros; e que conl:ando que o Iv1~arQt~ez de Leganez paffava ao fi tio de Salvat~rra, <:lle tizefie a meftna jornada com toda a gente que lhe fobrafre das guarnioens das Praas. O Conde de Cafi:l;!1lo .1\1~1~or, tanto que recebeo efta ordem, n1andou n1archar Ga1 rar Pinheiro com o ieu Tero, e 100. Cavallos, e preveniofe para executar tudo o tnais; que ElRey lhe mandava: Levanta- por1n antes de Gaipar Pinheiro fe encorporar com o fe o fitio Conde de Serem, levantou o inimigo o firuo d e Sa1vater de Salva ra , e en1pregou as Tropas em varias entradas, de que terra. ..c.. Li reful~
LIT-~RO Plll. I2S refultou ccn11(~eravel carr:eo aos moradores daql1ella Provincia. Defejou o Condt! que Gafpar Pinheiro fede- Anno tivefie nella' para i~ roder orror ao ininligo com foras I 64S iguaes : porln E1Rey, tanto que lhe confl:ou que os Cafl:elhanos havia leyantado o fitio de Salvaterra, nl~ndou retirar a Gah,ar Pinheiro para Alcm-'Tejo, por crt::fcerem as noticias, de que o J\1arquez de Leganez Jahia em can1panha. O Conde de _Seren1 fez cotn toda a brevidade reparar as muralhas de Sa}vaterra , e guarnecco-:a de gcntt!., mantimentos , e n1Un1oens bafl:antes para i e livrar do proximo receyo. Os Cafrelhanos, co1no havia engrolado por aquella pmte o poder , repetra as entradas , e cotn 1nais frequencia pela Idanha: perdrao em hun1a dellas quarenta Cavallos. Para n1elhor defenfa daquella ca1npanha, reparou., e guarneceo o Conde de Serem os lugares de Alcanfores , e Zebreira, que eftavao defpovoados. Refultou defta prevenao grande utilidade aos lav.radores ~ e lugares abertos daquelle difl:rifto : porm onlenando-lhe ElRey _que foccorreTe com as Tropas , e Infantaria , que pudefie efcuir, a Provincia de Alem-Tejo, e naolhe permittindo que marchafe com efie foccorro como elle pertendeo, ficou com grande dei:. igualdade. defendendo aqudla Provinda-, por faltaren1 della 200. Cavallos, e 500. Infantes, que pafTarao a AlemTejo aordem do CommifTario Geral Joao Raozan. Ei~ te Troo de Caval1aria, e Infantaria teve por Cabo naqueiJa campanha ao ]\Jefl:re de Can1po Diogo Gomes de Figueiredo. Para remediar a falta defl:a gente guarneceo o Conde de Sere1n os lugares mais imrortantes con1 a Infantaria da Ordenana, e fez retirar aos lavradores pa-: ra o centro da Provinda. Com efra diligencia, e continuo cuid3do , com que o Conde fc applicou a fe defen.. der, nao forao muito confideraYeis os damnos, que nefl:e ten1po padeceo a Provincia da Beira. , , c ;. Ao mefmo temro que EJReydava calor guerra, foment:Jva as negociaocns fra do Reyno. Servia- Acoen., lhe de grande embarao continuar na Corte a affiftenda do Marco Embaixador de Frana o .1\Iarquez de Roylhac: por- ouez de n U' d r. 1 b" Ro,lha~ '":lu~' cm e .1er vano, eve, e am 1c1oio , ~irclmftan..., . " ~o~ xt~:n das
, PARTE I.
r_16 P'O~~UGAL RESTAURADO, . ctas que o faztao pouco plaufivel, na f confundia o~ Anno negu~ios do (eu Reyno, tena que por qualquer io.teref1645 fe deicompunha, e embaraava as ma terias mais importantes de Portugal. E chegou a tanto excefTo a fua inconftancia , que props ao Duque de Guiza a interpreza de Moambique, reprefentando-lhe os intereffes do refgate do ouro, e pedio-lhe que alcanafle da Rainha Regente meyos para elle fer executor defta extravagancia. Era a propofta ta fubtil , e eU e ta o facil, que fe defprezou em Frana como merecia , affim por efte refpeito , como pela verdade com que aquella Coroa tratou ietnpre as conveniencias de Portugal. N a podendo o Embaixador conieguir efi:e defordenado intento , fuccedeo que~ chegra a Lisboa ieis Holandezes da Bahia com a noti cia de fe have.ren1 levaRtado os moradores de Pernambuco , e affinnavao que Antonio Telles daSilva fomenta~ va eft~ impulfo.Peterminou ElRey occultar os feis H~. landezes' porque nao foffem enganofamente occafiaode. algum defabrimento cont os Eftados de Holanda. Preve-. nira elles efte intento, e r.:!tirarao-fe a cafa do Embaixador de Frana. Foy bufc-los o Conful de Holanda, para fe informar do EftaJo das revoluoens de, Pernambuco , e fazendo o exame na pr.~fena do Marquez de Roylhac, elle lhe eftranhou muito na acabarem os Efl:ados de lanar fra os Portuguezes de todas as cot}quiftas do feu Dominio ; e aconfelhou-lhes que em fattsfaao dos aggravos que recebia o no Brafil ! i ttte~prend~ffem a Villa de Setuval , que lhes feria mu1to ut1l pelo tntereffe do fal, e muito facil pela pouca prevenao que os Portuguezes tinhao para remediar efte accidente. Conftou a ElRey tudo o que o Marquez fu_lminava : por~ ~tt:n dendo reciproca conrefpondencta de Frana, e a ltgetra condia do Embaixador, diffitnu1ou culpas ta repetidas , como contra elle conftava , porque a nao fer obri {!ado deftes forofos refpeitos, juftamente , e fero ofQualida- fenfa da Coroa de Frana, pudra caftig-las : pois a des que munidade dos Embaixadores na deve efi-ender-fe a rnats de~btc_r que a na {e offender a fua innocencia; porque fe houvra ~:do~c$~- privilegio. que izentra de ,afl:igo a fua ntalicia ~.fora o ;,.ti. ' mefmo
in:-
~~i'
geiros com imperio mais~ abfolut~ qt!e a fua grandeza , Aruto e com brao m~is pofiieroio que a i_ua Joberania. A_izen 164) a dos En1batxadores he defendtda com authondade dos feus Principes , que fe transforma<> nelles, quando os elegem par'a as en1baixadas , para que os negocies, que com elles fe aflentarem , fej~o inviolavelmente guardados , e para que as naoens cJlrangtiras os refpeitem , e venerem como as tuas r!oprias peffoas. Nefia confideraa elegem fer.1pre os Prindpes rara as embaixadas os Vafallos de virtudes mais excellentes, ror fe nao arrif.. care1n ao defar de mandarem a Reynos efl:ranhos os feus retratos com manchas deformes; e da mena forte que ofrumao a romper as eftatuas, e pinturas, que lhes nao fahem parecidas, devem fepultar os Embaixadores que lhes qao fahrao ajufiados s leys da raza, aos verdadeiros diB-ames da politica, e aos infalliveis axiomas da honra. E nao f he jufio que feja executores defre caftigo, mas he neccffario que fe nao offendao, de que provada a culpa a padea os Embaixadores das maos dos Prindpes a que offendra: porque fe nefra parte fedeixarem vencer da arparencia da reputaa , ficaro expoftos a experimentarem cada dia profanado o decoro , e offendida a Magefrade. Confi:ando Rainha de Frana o indigno procedimento do Marquez de Roylhac, o man- . dou brevemente recolher a Pariz , e fora poucas as oc cupaoens que derois cle.fta conieguio. O Conde da Vil digueira continuava em Frar.a a fua funao com excellente procedimento , e 1ogra:va a e.ftimaao dos Miniftros daque1la Corte. Sufrentava a uni2o defra , e daquelIa Coroa, a pezar dos vaticinios, que havia pronofticado , que o animo da Rainha , inclinado aos interefes da fua naao,havia de prejudicar tnuito aos negoci-os de Portugal. Achando-fe ht1m dia o Conde em ht~ma conferencia com o Cardeal J\'1aflarino ~ lhe dife o Cardeal, que o Nuncio Apofi:oli~q ~he havia communicado que entendra d_os Miniftros de Cafrel1a, que fe E1Rey-D. Joa quizeile largar a yenena de Portugal, q11e fJRey ~e Caftella o deixana governar o Reyno de Sidlia cem 1 itu lo de
118
PORTUGAL RSTAURADO,
..
de Rey. Ret1)ondeo-lhe o Conde, que eftas fubtilezas doi' Anno Cafrdhanos ,r como merecia mais o non1e de fabulas, , 1645 que -de politicas,~ f deviao fervi! para entreter o difcurRcfpofia fo s horas ociofas : que ElRey i eu Senhor eil'lerava deda Con f~:!nder o feu Reyno na f de que o favor divino affift rl~ da_Yi- fetnpre parte tnais juftificada; e que nao tnendigava (h auetra ...1 c ~ aot.>Car- a111eyos donuntos ' quan'\.tO 1 dara de ieus etclarectdos 1er ' rle l Maf- A vs tantos Vafallos , e R-eynos , que tendo prinCipio na f~rino. parte e1n que nafce o Sol , tetminav-a na em que n1or- re. Dividio-fe a praHca, ficando o Cardeal com util ida da firmeza dos anin1os dos Portuguezes , e da fegurana 1 que pronofticava para a duraao defra Monarchia. Os negocias de Rotna caminhavao infelizmente, e quanto n1ais corria o tetnpo a favor dos Caftelhanos, tanto tnais caducavao as refoluoens, que podia fer uteis a Portugal. O Embaixador de Cafrella , que affiftia naquella Corte, na fe fatisfazia f con1 efta vantajem; e entendendo que as efpadas Caftelhanas poderia ( cortando os peitos Portuguezes ) confeguir em Rotna, p3!' mais livres , o que na-a~canavao na fronteira dePortugal por menos atHvas , fem mais caufa que ell:;1 paixa6 defordenada, fahindo da Igre_ia de N ofa :Afraltac; Senhora do Populo Nicolo Monteiro Prior de Sodofeiohs Cafie- ta, que affil:ia -etn Roma aos negocios da Portugal, e l anos t.. d d 1 ...., D d p em Roma ttaVen o entra o em I'ium:a Carroa omtngo a a1xao, Nicolo o inveftio huma Tropa de Caftd~anos, e Napolitano~ ,' ~outeiro e dando huma caro-a de piftolas ' lhe matrao hum dos Cavallos da Carro~. Lanou-fe della o Pdr , e hum pagem feu ja ta mal ferido , que cahio n1orto. Vendo o ~ocheiro o perigo do Prior, _nao f o defendeo com ~ efpada. -namao' ienao que conhecendo que nao bafiava para o livrr da morte , deliberou fazer-lhe efcudo da' propria pefl!.J~ , e rec~bendo nella todos os golpes que os contra rios tira v ao , cufta de n1uitas. feridas deo tempo ao Prior a fe recolher etn huma cafa~, livre do. perigo.,, e?-1 queper~pe~a', :a na fer refguar4ido de ~uxili~,rupe-. nor. 'Acudtrao alo-uns Portuguezes, e Itahanos a caf~ em que Nicolo Moliteiro ie havia recolhido, levra, no ao feu .apoiento ~e alguns lhe aconfelhrao que fe .: fahif.J
, P ART E.-~L Ll:.l~ ~q 'f:JIJ.:. \ . 1;.9 f..1hiTe de Rotna :_ o que .f'11e- i~a qutz fa~~~- , ch7.ent19 , GUC ajul:i_d~docSLunnio Pontj.h~c. era tao:.tgu~J_~ s_u'.!.~ A. n1~0
n1o.fecotnp1.1nha de!~mtur1l fevero ~ c i1)dinado ju.;lia,_ Yendo ind1gnamette profanado o r~- peito dcY1do ~ .Ja
Jegurava do
fef1;W1~t\o ~nq)ntrp.
() St_!mn1o
I)nntp1q~; .c;-:
.\64S:
Supr~n1a digniLbcJe, tnandou que en1 termo de trcs ~-~c- i\1an~a o 1 r as 1:1hii1c de Rotna o Conde de Siruela Embaixa'-lor ck1- 1~ 011r o ~uficc . d . _. a1 R ey Catboltco ; e nao revor:ou a etermtna~tO ~ por Embai~atnais infi:1ncias que 1he fizera o t)S Cardeaes cl~ tacao de dnr de He1}1~nha : e o Prncipe LudoYifio orde-nou ju_n_tamcntc, Cailclla. que 1~ pzefTen1 editaes en1 que dava por banidos todos os aggre11orcs' e pron1ettia grandes remios aos que apreicntafietn as iuas cabeas. I'orn1 efie favor do Sum.. n1o Pontirice na o fe etendia a. ~nais que p(-rtcnder que Je confervafic o ieu refpeito : porque tratando-feno tnefmo tempo etu Confifrorio Ja non1eaao dos rrelados das Ig~ejas de Portugal, que tanto neceJ1ltava6 d~ Pa11ores_, retolv~o .. que a notneaa fofie de n1otu l"'rorrio- e i Refoh-c: G difpentar!a .em e]eger. os fujeitos que ElRey apoat~""!.Te 1 Pa~Jacon - .... . I ceder os e.J a n~~fn1a forte as penfoens, .cue fe puz-:-len1 nas gr~- Bif os de j~s, i e dariao s pefloas que 'E1Rey quizefie, n1as i em mo~u pro... ie expreilar que fe concedia() fua intana. A inftruc- prio. ao de Nicofo JV1onteiro na6 lhe dava .lugar a adraittir ~ e!l:a propol:1 : J?orque EIRe): aconfelhado dos n2ayo1:7s ~~~it~e Letrados do R.e1110 , e de mutto's de Sorbona , nao po~ha tem. en1 confciencia acceitar Bulias , em aue nao vieffe notnea~o c?tno Rey d~ Portugal: n1as er tanto o feu zelo Catnoltco, qt!e chegava a confenti"r etn que o Para , quando ?eclar~fle que infl:ancia iua cqncedia os Bii pos , diff~fle que lem prejuizo de tercei~o ; Jiorquc d~fta frte fatlsfaZla o Summo Pontifice o efcrupulo, que ton1ava por fundan1en~o para negar as Bulias_ co~1o EIRey as pedia, que era dtzer, que. etn quanto ie na ajuftafie raz ' ou tregoa entre Ca~eiJa, e Portugal , nao podia conceder. ~ceves co_m claufuJas em prejuizo delRey de.Catella ultimo. pofluidor _do Reino de Portugal. Kico1c:o JVIonteirq vendo o mo fuccef.o o~quelles negados' e llavendo tiJ:_: ~he ~i ordem delRey para fo]icitar o patrccin~o elo UCjliC de cu~;~~~l~ Parma, e pro(:urar. a~co_nrfpond.encia, que erajuito tET tci.o. I cem
com El~e~, en1 raza6 uo parentefco que havia entre o~ Anno do:Js, iah19 ~,~ Ron1a con1 efre intento , e chegando a I 645. Mo~.l.:na_, foube que o Duque era partido a Veneza. Pornl pafiou deprefia a Parma, por ter noticia que nao eftava feguro dos Cafrelhanos em J'vldena Avifou aVeneza ao~Dt:que de Parma da comn1ifio qu~ trazia: porm o Duql!C ie efcufou da vifita, e entendeo-fe que fora por na prejudicar ao direito, que pertendi~ ter Coroa de P_ortugal. Voltou.Nicolo Monteiro a Rcnna, e logo que ct1~gou, foube que os Cafrdhanos haviao n1andado vir de N apoies hum homen1 facinorofo , cham~ado Julio Paza1la , com gente para o prenderem , e levarem a I\apo-, les. Tal era o po,_er dos Cafi:e1hanos em Roma , que emendavao hum ex~efio con1 outro cxceflo. Communicou o Prior de Sodofeita efra ma teria a Monfieur de GramonYile Etnbaixador de Frana, que com grande attena6 lhe procurou protnptanlentc todos os meyos de fegurana, c defeni. Confeguio a audienda do Summo Ponti..: fil:e, e depois de hutua conferencia muito larga, nao alcanou outra reioluao, mais que di~er-lhe o Summo J>ontifice, que quando as duas Coroas i e ajul:afiem, tonlariao frn1a as duvidas, q fe offereciao nos negocias de Portugal. ~~ntonio de Souia de J\lacedo continuava a affifrencia de Inglaterra com igual conrefpondenda , ainda - {_111~ a controverfia que havia entre ElRey, e o Parla~ mento., cada dia fe augmentava; e perturbava todas as materias publicas, e partkuJares. Os negocias de Holanda era o os que davao mayl,r cuicado a EIRey, porq_ue a ~ni~ defi:e Re_1_1o con1 aquella R.epublica era preciia , e rengofa. Prec1fa : por na dividir as foras que contendia co1n o fonnidav~el poder de Cafi:ell:1; Perigoi: porque os H(_)Jandezes u!ava6 da capa da anlzade para cobrir as deicrdcns da ua o.unbicao, e n1ais conieguilo na paz di.ilimulada , do que pude;aB conqui!l:ar na guerra ab~tta. Entre ~fr<1s di~cul dades :Hutuava na Haya Franciico de Sou1a Coutrnho com grande prudcncia, e havendo ajul:ado as differenas da Inllia, comecou a contender con1 os embaraos do Brafil. P...e..;ebeo va:i:ios avifos ddRey da alteraa dos moradores
130
PORTUGAL RESTAURADO,
31
dores de Pernambuco , e os mehnos che!!ra aos Eftados. l1i.!rao no principio pouco cuida~o : porrn f~a11dt~ Anno co de Seui ponderando os poucos cabedaes da Compa- 1645 nhi3 Occidental, e quanto nos convinha ferii" aos l-Iolat1dezes pelos tndinos f1os, ( con1 a differt::na de quererCin elle~ conquifrar o a_lheyo, e ns refraurar_o ~""r?prio) ao mein1o te1npo d ifiuadio" aos Efrados Ja 1ufpe1ta que co: .meava6 a conceber, de que por rd~m de1Rey fomenta\Ta Antonio T'elles da Silva Governador do. Brafil o levantan1ento Je Pernan1buco, e peri.Iadia a EIRey a que COll1 tod o calor applicafTe a guerra uiHitnulada cm todas as Conquifr3s, em que era6 contendores os Holandezes, e aientafle os animos bellicofos dos moradores de Pernainbuco. Foy. efi:a defrreza tao ut_il , con1o aJiante iremos r~ferindo , por mais que ElRey por guardar a paz fe efcufava , de adnttir fi1nilhantes propoftas. -rDeixn1os no fim do anno i)ntecedente a Joao Fernandes Vieira-retirado aos tnatos de Pernambuco, prev~nindo-fe rara que com a cl1egada de D.Antonio 1 ilippe Camarao, e I-Ienrique Diaz, e con1 os foccorros que da Bahia aguardava, rudeile romper a guerra aos Holandezes. Verdadeiramente pequeno cabedal para en1preza tao difficil : porque determit)ava refiaurar Pernambuco , que o poder de Cafrel1a, e Portugal unidos na _pudera6 defender, netn recuperar das mos dos Holandezes, io com os pou~os fn:Oradores que fc lhes quizera aggregar, fem arulhena, iem armas , fem munioens, e com poucos I?antin1entos, na contingencia ddRey -ie dar por n1al iervido da fua ref~lu36, obrig~do do empenho em que o embaraava na difEct1ldade de i ufrentar a guerra a duas .. Naoens tao formidayeis como a Caftelhana , e Hol.:-llldeza. P~rn1 anin~aJo das exorbitancia~ dos Hol~ndez,.-s? ;~~~~~~:o e com ~e_ verdatie1 r a de que De?s hav1a de cail:1gar t~ y icira rgraves 1n1u1tos , abraou valoroiamente o intento de e1n- per a gucrprend~r a refrauracao- de Pernambl1CO e eleaeo ror auf- radia de picio feljc~ o dia d~ Santo Antonio, -ra;a dar princif1iO ao tonw no,San_to A~:1 _. rompimento a guerra. Forao avlia.los os co St1premo fu Prole- Confelho , que t.;overnava6 1~0 .A. rrecife, defia fua deter- dor. I ii nnaao,
132
t
PORTUGAL RESTAURADO,
minao, e anticiparem-fe a dividir em 'I'ropas todos os Anno foldados daquelle prefidio ,r'com ordem que de improvi1645 fo prende~en~ a Joao Fernaades Vieira~ e todos os mais daquelle difrntl:o que fofe poffivel. Nao teve effeito efta diligencia, porque Joao Fernandes Vieira, e os que o acon1panhavao, efravao prevenidos, e con1 fcntinellas avanadas- em lugares cornp"etentes, que o avifra6:a tempo que puderao retirar-fe para o interior do n1ato , e chegando o avifo ert1 occafia que efravao celebrando a fefta de Santo Antonio em hun1a Igreja deH:a invocaao, vira6 varios finaes, que, podendo ler acafo, tiverao por rnilagrofos , e animra-fe con1 efres vaticnlios a proieguir a guerra que i.ntentavao contra os Hereges. Os Holandezes fizerao outra furtida, e prendendo alguns dos tnoradores, os cafrigra afperiffimamente. Feita a execucao , rnandra os do Confelho pr editaes ; em que Editacs pet~doava a touos os delinquentes, refervando os Authoct_ra Joa res da conjuraa6, e punha o talha de mil :florins a quem ~eman- lhesprefentafe a cabe~a de Joao Fernandes Vieira. Na es. tardou elle em tomar fatisfaao do aggravo : porque n1andou fixar outro edital em varias partes , em que proUfa do mettia oito n1il cruzados pefoa que lhe trouxefe qualmefino quer das cabeas dos que governa v ao no Supremo Conofiylo. felho.0 Efcreve a todos hun1a carta, em que largamenl:e' tefet:ia as grandes tyrannias que haviao uido naquel- la Provtncia , e fegurava as efperanas de as cahgar con1o n1ereciao. O prneiro lugar que fe @eclarou contra os Holandezes, foy o de Pojuca no interior do ffii;1to. Confederra-fe todos os moradores delle, e matando ba noite alguns ioidados H-olandezes que o guarnecia, fe fortifi.crao o melhor que lhes. foy poffi vel , tratando de entregar primeiro as vidas que as liberdades .. Os do Confelho efcrevra6 a Antonio Telles, queL~ando-fe defta refoluao ; e ao n1efmo ten1po tornra a intentar prender Joao Fernandes Vieir~ ...~I'eve elle avifo , e efc~ pou mudando de fitio ; e havendo-fe-lhe aggregado ~ais gente, prefez O llUtnero de 900. hotnens, e_ dctenn lflOU com ellcs pelejar n~ prin1eira occa~::~ (}lle. ~e ~he off~re ceffe. Algun~, hti.vendo..fe-lhes abatido o.prnne1ro fervor, z, r1 H .1 rcean-
radeciJ, q11izer~16 amotin~ir-1~. Vendo Joa rernJndrs .~..\ n1ro Vieira aue cfl:a Podia fera fua ultima ruina, a(udio a ~t~- r645. lhar a dtord('n~, antes que tiYdTe principio, convocou OS gue julgava ror ~abcas de tumulto, c a efies ~ e aos Oraa~ n1a1s fez huma dilatada Or~C<;"!., em que lhes n1ohcu clF'e Jo~du _, " . H ana cs ,, as extorsocs, agg.raYOS, e tyrannta~, com. qc~ ~S _ O- Vieira ra , Llnde7es os h~1v1:1 tratado , e a glorta qtle podw.o e1 pe- ra face" rar de conieguir aqvella etnpreza , a rouca e i perana ~ar os~de outro ren1edio , a grande parte que a elle lhe cabia 1111~105 m" c . l 1 1 , na 1azend a que de 1-prezava por . mtcntar a 1" berc.auc (.a qUlctos. 1 ,, Patria ; e ultimamente que aque1lcs que, nao fazen" do cafo da honra, quizehem deix-lo, podi~ defde ,, logo pafar..,.fe aos Ho1andezes. 1. ivcrao tanta fora ei:. tas razoens , que fizera mudar de cpinia tocos os que vaci1ava, e promettra uniformemente de rlerra mar at a ultima gctta de fanoue no intento da lil'erdade pertendida. Accrefcentou-l~eg o animo a notida infallivel de qtle dentro em roucos dias teria ror cornp~nheiros a Henrique Diaz, e Camarao com os negros, e Indios que govcrnava. Eftando nefte ~lvoroo , chegou ajoao Fernandes Vieira avio co Arrecife, aonde confervava imrortantes intcJJip-encie:1s , CJ.l1e Henrique Hus , Cal-o da Infantaria I-Iolandeza , n1archava com novos ioccorros a bufc-lo rara o rrencer. Retiroufe para hun1 f:tio , a que deo nome de Braga hum natural daquella Cidade, que nelle vivia: aq1artdcu-fe etn hum monte chamado das Tacccas, e fegurou o quartel ccn1 alguns reparos, ajudado do Sargento mr Ar:tonio Diaz Cardofo , pratico , e v-alorofo foldado. Chegou Sahem oc; Henrique Hus co1n 1500. Holandeze~ ao alojan1ento HoLndeque Joa Fernandes Vieira havia deixado , e achando Zl:s contra balcl~do o feu ?efig.nio, Ih7 foy ieguindo ~pi fia, e fez ~~~~c~~~= alto JUnto ao no 1 apucura. Dera as fcnttn~llas' sue eira. Joa Fernandes Vieira tinha avanado , aviio cl.o fitio e~ que o inimigo efrava , e mandou elle com toda abreVIdade adiantar c Capitao Domingos Fagundes con140. folrlados. e deo-lhe ordem que por entre<' mato entretiveffe o ininugo ' procurando quanto lb.e fofie roilivel I iii tra-
,r PART'E I. Lir'RO
T~JJI.
13~
134
PORTUGAl..,
REST..~1URADO,
t-razer aos Holandezes a hun1 !itio en1 que havia difpoAnno to quatro etnbofcadas. Domingos Fagundes ~~hou ain1645. da os Holand~zes da outra parte do rio , e deiorte lhes pleiteou a pail1gen1 do Yo , que a confeguirao cufra de muito ingue. PafaJo o rio , forn1ou HeErique I-Ius a gente, que levava, en1 hum pequeno ca1npn que havia antes do Inonte, en1 que joa Fernandes Vieira efi:ava formado. Marchou loQo com nulita refoluca a attacar o n1onte , e tanto que c~nH:ou a fubir a eH~ , padeceo o clmnno das en1bofcadas que eilavao difpofras , fitio a qu_e Donlingos Fagundes o veyo en~a1ninhando. Retirra-ie os Holandezes achando-ie peyor tratados do que efpera:vao. Joao Fernandes Vieira detenninou inveft-los na deforJenl da primeira retirada : porn1 foy con1 prudencia advertido, que na confervaa da fnna em que eftav-a confitia a fegurana da vitoria. Deteve o impulfo, e foy foccorrendo todos os lugares perigofos. 1:'ornra os Holandezes a invefi:-los, e defalojra algumas mangas que efravao mais avanadas. Con1 efi:e effeito viera ganhando terra dentro do Tabocal, que era n1uito difficil de ro1nper pelos agudos, e duros efpinhos que produzen1 as canas, que derao efre non1e quelle fitio. ~ endo os Holandezes a difficuldade que achava e1n pafiar adiante, affim pela afpereza do canlinho, como peJo valor dos defeniores do alojan1ento, lanrao algas Inangas encobertas com ordem que attacaTem a nofa retaguarda ; mas achrao el:a defl:reza premeditada, e forao con1 grande perda rebatidas.Durava o confl.itto mais do que foffria ~s poucas muniocns com que os Portuguezes pelejava, fendo f 100. as armas de fogo que tinhao. Efi:a defconfiana obrigou a alguns a duvidarem do fuccefo, e a tratarem de falvar as vidas : por1n conlo haviao implorado o favor Divino, e a contenda era contra os Hereges, a mefma defordem produzia a 1n~ynr utilidade. Porque encontrando os que ft1giao algumas n1angas Holandezas, que vinha encobertas penetrando o mato, foy defrte o receyo , que os ~oJanJezes ti ve- ra do encontro , entendendo que era it>ntidos , que frginJo dos que fugia, lhes dera an.in1o para os i~gu i.1. rem
til')
7
.J,
PARTE I.
Lll~ RO
PIII.
135
rem ; e dcpoi <;de m0rtos mu 1tos dos que alcanra , voltra a encorpor,u-fe com os que pelejava~ no tnonte. ()s Anno f-Jolandezes nao definayrao com as defgr~ac; cxperi- I 645. n1entadas, e pondo o ultimo esforo, inYefira furiofamente por todas as partes que lhes foy roJTivel: mas fe!ldo rechaados com igual valor, voltrao as cofias ; e ic- Retiraguiildo-os a nofla gente, fora o totalmente desbaratados, ;e ~s Hp:. e a na 1erem amparados da noite, que fobreYeyo, na den-b~~~~~ rnderao efcapar alg1ms as vidas que mereciao igual caf- do:.' tigo. J\Ias na fora n1uitos os que_voltra ao Arrecife. Foy e.fte fuc~efo por todas as circunftancias de grandes confeguencias : porque os Ho1andezes era I 5co. , e haviao-fe-lhe ag-grega do 8oo. Indios, chamadus Pi tugares, todos de.ftros~ bem armados, e a11iil:idos de Officiaes muito praticos. Achava-fe Joa Fernandes Vieira com r2co. homens, fem mais arn1as de fogo que 2co. com poucas munioens, e menos difciplina. Depois de cinco horas de porfiado combate, ficou vitoriofo, perdendo f oito homens, en1 que entrrao o Capita Joao Paes Cabral, o Alferes Joao de 1\latos, e o Capitao Mathias Ricardo. Ficrao )1. feridos, e todos os mais muito gJoriofos. Joa Fernandes Vieira , de~ois de ag_radecer geralmente o v~lor dos que ie achrao no confltto , deo corn genero1o coraao liberdade a cincoenta efcravos ieus, que o havia ajudado con1 bom procedimento. As armas dos rendidos foy pela falta deli as o deipojo n1ais ell:imado, e todas e.ftas circunftancias accrefcentra a refolr2o da em preza. Henrique Hus, con1 os que mais efcapra, fe retirou pelos lugares de S. Loureno, e dos AroJ-"'Ucos, e aos n1oradores que nelles fe confervava, fiados no falvo conduto do Surremo Coniell1o, roubra, e atorn1en..; Vint)'atrao corn generos exquifitos de cn1eldade. Jo2 Fernan- fe n~s ir. des Vieira defpedio foccorro a alguns lugares, e cotn o noc~m~s refto da gente marchou para o fitio de Gorj3h, ~1onde ~s-.1-~u!.m chegrao~D . .Antonio Filippe Camara, e He-nrique Diaz, e'"c:.. que forao recebidos com geral contentamento. _-\j~rftirao todos -marchar para a Villa de Santo .Antonio UP Cabo, co1n intento de interrrencer hum reduto qt:e nc-:Jh1 h~via com guarnia Holand'.:!Z:.l. F'ora fenti~1os antes de I iv eh&
136
PORTUGAI_J RES'IjJURADO,
chegaret}1_, e os f!olandczcs rr:ceando o. affalto fugrao Anno pn:ra a Fortaleza de ~<:iZ2.r~t-:l, que lhes ~ficava vifinha. :r6-~j.. Setn refi f~encia entrou a nof[a gente na Villa, e Redul:o, c na me! ma n1anha chegou quelle lugar o 1\tlefrre de C:.unpo Andr Vidal e Negrchos con1 a Infantaria que ~:1tonio 1'~11es havia pro1nettido aos Holand~zes para Chega Lh:ego dos Portuguezes de Pernan1buco. '"J'anto que AnAndrVi- dr Vida I ie aviftou co1n J oa Fernandes Vieira , lhe difdal com 1C que VL1 1 prene-1 d a parte oe .:-1.llton1o T e 11 es Gor. 1a 1~ 1 A foccorro o da Eahia. V~l'i1Jdor daquel1e E_frado , c focegar os n1oradores daqudla ProviilCLl, para que viv-dl~nl em paz con1 os Ho]a;ll!ezes , en1 o1unto ElRey lhes na ordenava o contraL Razcens rio. Rdpond~o-1he Joa F~rnandcs Vieira com grande de Joat:i CO!lhlncia, que tan1bcn1 ellc , e todos os que o acon:pa!cr~~~~- nhavJ vi.1ha pr~nd-!o etn os ieus traos, para que os es ra. ajudafle a ie defenderem das tyrannias daqudl~s Hue.. jes, -~ a fa!r~m do cativeiro n1ais a1i~eo, que at aquel~ le tempo ie h a via padecido no 111 undo , e que na ft! de ter efre o Inayor fervio, que podia fazer Deos , e a E!Rey, lhe protel:ava que o ajudafe a confeguir a etnpreza que hJvia ~1te~tado; e que fe acafo, o '}Ue ellc nao cuidava, totnale d1fferent~ refoluao , efta v a deliberado a pelejar com toJo o 1nundo pela defenfa da f, pelo fervio ~e1Rey, e peJa liberdade da Patria. Refpondeo-lhe An-. dr \'idal que elle eftava informado das exorbitancias, e inriJelidade dos HolantiCL"CS' que fofletn alcjar-fe rara ~p;n_ar~1n !"efolua do que n1~is conviele 2.0 efrado e1n .ue ieachavao aque1Ies negodos. . ; 1\'!archra todos para o fitio de 1\Iorihueca, '-]llC fica para a rarte do Arrecife. Pouco efpao depois dt~ ~h~garem , veyo avifo a Joa Fernandes Viei~a, que o.s I-lolandzes andavao faqueanuo a Varzea, 1It!o em qu~. ~frava a znayor parte da fua fanlia, e fazend , e 1e"'iava prezas a1gtimas mu!heres prindpaes , em que entrava D. Antonia Bezerra, fegunda 1nulher de fcu fo .. gro T'rancifco Bereuguer. Logo que Joao Fernandes teve e! t-e av1fo, penetrado de jufi:o furor, e abrazado _clc g:eneroia coi~ra, dif:'e aos qtle lhe aillil:iao : V2n~os, fe~
137
com a noffa oniTa as heroicas acoens de nofos Antepafados. Abrajra todos o n1eno rarecer, e fem que Anno pudefie det-los a prudenda de .A.ndr Vidal, tnarch- 1645' rao a bufcar os Holandezes. Vendo elle que na podia impedir efi:a refolua , fonnou os 1eus foidaJos, e fe- Marcha? guio a Joa Fern3IH.les Vieira con1 intento de retnediar, os nofios 1 r. como l1e c 1r pohtvel , os exce fi'os que acontece fi em. contra os tone HolandeMarchrao todos ~om exceffivo trahalho, ror efi:artoda zes. a campanha coberta de agoa: fi.zera6 alto ~ meya noite, e havendo defcancado ponco tempo, lhe parcceo a Joa Fernandes, que S~nto Anton1 o ror fonho~ o ex~ortava a acudir pela honra de Deos. Levado deHe tmpulio, que o fucceffo f.~z parecer Divino , fe levantou , e con1 gran.. de di I igencia fez pegr aos foldados nas armas , e brevemente chegou ao rio Capivarive. Na marcha os Capi.. tat!s que l1ia avanados, encontrra alguns Holande.. zes, e Indios que andava roubando h uns engenhos, e depois Je ~v-~riguarctn que Henrique Hus efi:ava aloja.. d-.J ~111 huma c~tJ. fort;.:, que ficava pouco diilante, lhes na0 perdo:ra6 as vid3s , n1erecedoras- defi:e caftigo pe.. lus infultos que havia commetticlo. Hia rompendo a n1a:1ha, e parecendo rliilicil vadear o rio, venceo Joa6 J'ernand-~s Vieira a clifficuiJad~ , fendo o primeiro que paflou da outra parte com a agoa ror cima dos peitos~ Efi:e exemplo imtra os mais , e ligados huns a outros, para refifi:irem todos fora cla corrente , cotn as armas, e munioens na cabea fi1perrao a agoa, e confervrao para a contenda que arpeteciao ardentes os n1ateriaes do fogo de que neceJlitava, e enxugando depre.fia a agoa dos vefi:idos o que levava nos peitos , que o ~mor das muH1eres prifioneiras affoprava , e o valor di1pofto a libert-las accenrlia , marchra diligentes a buica~ os HoJandezes. Segurava-fe Hennque Hus com duas ientineUas = colhera-nas os que hia ayanados, e ainda que huma dcllas teve 1ugar de tocar arma., ouvlndo-a Henrique Hus , que el:av ..1 comenc.~o ( exercido nefta naao irracional por muito continuo) fe1n prevenir que podia as fentinellas ficar mortas, nen1 m!nc.~ar averiguar a caufa o rebate, fiado f no engano d.: lhe na6 tra-
138
PORTUGAL RESTAURADO,
trazerem avifo, continuou o banquete, e com el:e defAnno cuido deo tempo a Joao Fernandes Vieira para chegar 1~45. quelle fi tio iem fer fentido. J?era> os Holand~zes vifl:a da noffa gente, e conhecendo tmmtnente o pengo , pe~ grao fem ordem nas armas : mas cotno erao exercitados, e defrros , fe formrao deprefa fra da cafa em que efl:avao, de que fe valrao para lhes fegurar a retaguarda. O Sargento mr Antonio Diaz Cardofo ps em ordem os 1oldados , exhortou-os, e repartia os pofros com as advertencias neceflarias em fimllhantes confiil:os; e rara que o foccorro, que podia vir do Arrecife, lhe nao prejndicafe, entregou cem mofqueteiros ao Capitao Domingos Fagundes , com ordem que occupafle aquella efl:rada, affim para efl:e fin1, como para evitar a retirada dos Holandezes que fugifem, em cafo que foffem desbaratados. Camara, e Henrique Diaz puzera tambem em ordem a fna gente, e todos ao mefmo- tempo attacra aos Holandezes: e rccebrao elles a primeira carga com grande efl:rago , e chegando nefre tempo Andr Vidal , fe achra obrigados os Holandezes a fe recolherem cafa forte~ G.-tnhrao os nofos huma Hennida que efrava vifinha, e com repetidas cargas (que pafava facilmente as pare des ' por fer debil a nlateria de que erao fabricadas) fizera granrle damno aos Holandezes. Tomra elles por efcudo as mulheres que levavao prifioneiras, e pondo-as s janellas , cefTou a bateria, temendo os que tirava mais os golpes das que receava ferir, que as proprias feridas. Nefra fufpenio mandou Andr Vidal hum tanlbor, e logo o Alferes Joao Baptifia que levava huma bandeira branca, com ordem que dificfie a Henrique Hus que fe rendefe , e que tudo fe accomodaria a feu contentamento, porque elle havia chegado da Bahia con1 ordem doGovernador daquelle Efrado para focegar os lnoradores daquella Provinda. Refrondrao os Holand~zes com huma carga, de qne n1orreo o Alferes qne levava o recado, e matra o caYa11o a Andr ViLlaJ. Efre defconcerto accendeo L~ e novo os animas dos foldados , continura furiomente as cargas, e avanando a quanti~ dace de lenha, que cfrava junta -para a fabrica daquelle l:..nge-
~PARTE
I. LIVRO JTIJI.
. 139
Engenho , defprezando o perigo das b~ilas que os ~Holantiezes tiravao, n1ettra6 a lenha debaixo da cafa forte do Anno Engenho, e puferao-lh~ o f~go. ~cn~o os Ho.landezes. 1645. que os atneaava a ultima.rutna, ia~tndo Hennque ~us a janella, pedio quartel., concedeo-1e-1h_e: pot:q~Ie _a H"a Rend~-fe' dos Portuguezes na pafa da contutnac1a dos tmm tgos. Hennque . r 1. r urao 1 m Sa 1 . ""' os Offi~ ct<.lCS con1 as armas, e 10ld ac.o S 1em e11 as; e Hus5 , c os fi1d o trat d ores a 1eu 1egttlmo S e- o a1 que os lnd tos, por haverem feauia. nhor, for ao degolados : mas era6 tao valorofos , que t> n1uitos dclles venderao caras as vidas. Joao Fernandes Yi~ira lembrou a H~nrique Hus a~guns amea5os que lhe havia f~ito antes d~fi:a ultima detgraa : ref pondeo-lhe que deiTe graas ~ fua boa fortuna. Andr Vidal, que era prudente, e fabia ufa r das occafioens con1 prevena dos futuros , e procurava com toda a defrreza que EIRey tiveiie o interefie, e a culpa fofe dos conjurados , diante de Henrique Hus efrranhou a Joao fernandcs Vieira o procedimento que havia tido , e an1eaou-o com o cafrigo que Antonio Telles por ordem de1Rey lhe havia de dar. Rei pondeo Joa Fernandes , ql!e todos os tormentos que padecefe por n1andado do ieu Rey , e do ft~u General , foffreria voluntariamente , com tanto que fofiem arrezoados. Morrra6 nefta occafiao feis foldados nofos , e ficra trinta e cinco feridos , e1n que entrou o Capita Domingos Fagundes , e Henrique Diaz. Os ren... didos fe remettrao ao Arrecife. Andr Vidal, confrme a ordem que trazia de Antonio Telles, deternlinou ccommodar aquellas alteraoens , e comeando a dar principio a diligencias adequadas a efre fim , lhe chegou avifo de como os Holandezes do Arrecife havia6 n1anda~o queimar as embarcaoens em que viera do Brafil , e Queima ttnha deixado no porto de Tamandar, quebrando a f os Holan publica, e o encontro ajuftado com Antonio Tel!es. Foy dezes as efi:a nova traicao noyo eftimulo, e efficaz fundamanto embarcar . , . oens cm para 1e conttnuar a glonoia em preza de Pern2mbuco : Tarr.an .. porque n1uitas vezes nos negocios do mundo fa tnais dan:. ~odero~os os males que a raza. Anto1io Te1les , em r.~ .. t1sfaa da promefa que haYia fc;to lf'~ Ho1andezt:>s, de focegar o rumor de Pernambuco, e caftigar os cu1pacos, man..
-r-J.o
PORTUGAL RESTAURADO,
mandou quella Provincia os Mefires de Campo Andr Anno Vidal de Negreiros, e Martim Soares J\1oreno. Vierao I64S em companhia deSalvador CorreadeS, que navegava para efl:e Reino con1boyando a frota. Surgia no Arrecife, e com efl:a f accao deo trrande fobrefalto aos Holandezes , e alento a~s moradores. l)efvaneceo a efpe.. rana deftes, e o temor daquelles hun1 avifo aue Salva~or Correa fez aos do Corifelho, ern que lhe; fegurava focego, e an1i1de, e lhes dava parte de co1no os dous Mefrres de Campo havia6 defen1barcado etn Tan1andar. Em quanto Salvador Correa efieve furto no Arrecife, tivera os I-Iolandezes cotn elle, e com os naturaes toda a boa correfponJencia: tanto que deo v1a, arn1~ira .nove navios, e mandrao invefl:ir oito que efrava no porto de Tatnandar. Era Cabo delles Jeronymo Serra cle Paiva avaliado juftamente por valorofo, e pratico: achava-ie f com 200. foldados, e a gente do mar; mas entendendo que para caH:igo de traidores pequeno inftrumento bafl:a , e preparou para a defenfa. Durou muitas horas o confiiao , no firn deli as cedendo o menor numero mayor for:1 nos queimra os Holandezes dous navios' levrao o que fervia de Capitania' e hum rataXOl outro ie fez vla, efcapou pelejando, e foy car a nova Bahia. Os 1nais varrao em terra : Jeronpno Serra o Jicou prifioneiro cotn tnuitas feridas ' depois de comrrar a honra dellas cufl:a de muito fangue (_~os l-lolandezes. Perdera-fe cem homens, os mais fahira a terra, e ! falvrao no mato. O navio, que chegou Bahia, deo noticia a Antonio 'I'eJles defre infelicc fucceflo, e vendo eiJe que a diflimulaao multiplicava o damno, e o deferedito , determinou bufcar cantinho de retnediar tamanhos P n1ales. Sem penetrarem o brio da :t'~aa co_m que cont~ndiao, augn1entrao os do Supren1o_ ConfeJho as ordens, para fe executarem nos n1oradores de todo aquelle difrriU:o n1ayores crueldades das que at aquelle tempo ]1avia padecido. Aos de Siranhaem rnanclrao tornar too; das ~s armas que fe lhe achaflet"I?- : obedecra6 a1gu_ns, porin os mais as to1nra para i e defenderem, peri uadidos
,.
141
didos de Hypolito de Verofa , e chegando promptarnente a ajud-los os Capitaes Paulo da Cunha Souto-Ma- Anno yor, e Chriftova d\! Barros, occupra a Villa, e fiti- 1645. ra a Fortaleza, que os Holandezes entregrao com pouca refifrencia, entendendo que na podiao fer foccorridos, con1 condia6, que e lhes dere liberdade para po -derem recolher-fe ao Arrecife, o que fe !hes perniittio. Foy efte fuccefio logo que os Ivleftres de Campo defem.. barcrao : Andr Vidal adiantou-i e, e foy-fe encorporar com Joa Fernandes Vieira em Santo Antonio, Iv1artim Soares ]\loreno tnarchou rara o Pontal de N azareth , e Cabo de Santo .Agoil:inho. Havendo acabado Joao Fernandes Vieira, e Andr Vidal a en1preza acin1a referida, lhes chegou, como fica apontado, a nova do fuccefo de Tamandar. Incitando-te todos de arrezoada colera,achou Joa Fernandes Vieira occafia propria de dizer a Andr Vidal, que era tempo de acabar de conhecer a cavilaao, e defordenado proce-dimento dos Holandezes , e que os defconcertos prefentes podia te.fi:imunhar as n1aldades pa_fadas, e in1inuar as futuras : e que affim obrigado daquelle damno , e de.fi:e receyo , de novo protefraya difpender os cabedaes , e o fingue na em preza comeada. Andr Vidal , recvnhecendo a certeza defta propofiao , confirmou com grande fervor efte juran1ento , e o mefmo fizera otodos os mais que fe achra prefentcs. N efta concord~ta os achou hum Embaixador que os do Supremo Conielho mandra a Andr Vidal, eftranhanuo-Ihe PropoP.i fer o finl com que havia chegado que1Ia Provincia ' ror dos Hoi!o: orden1 de Antonio T'elles, focegar os n1ovimentos de11a, dezes ~--. e experimentar-fe haverem-lhe occafionado mayores ei:. ~;drt:' 11 candalos, dando calor s em prezas n1ais nportantcs. Pe- a dia-lhe juntamente quizeffe ren1etter-lhe Henrique Hus, e os tres Ofliciaes, que efravao prHione1ros, que entregaria o e1n fe~1 lugar _a Jennymo Serr2 de Paiva,que ic achava no Arrectfe. Re1fond~o-lhe Andr Vida!, C!.ue a 1nayor deftreza dos offenfores era anticiparem-fe a moitrar-fe aggrava- Refpofla dos: Q!1e deviao lembrar-fe na f das mortes. roubs, e d,-~dAin~rd Il1JU1"1 s tyrannan1ente executa d as_ nos 1ug;;rps Sagra dos, e ta. 11101adores daquella Provncia, ienao do intento cavil?io
142
PORTUGALREST.AURADO,
fo co1n que perfuadrao a Antonio Telles mandafe a .. Anno quel1~ Infant~lria a Pernambuco, para executarem nos naI645 vi~s furtos er:n Tan1andar a traiao que j havia? confeguu.!o, com 1ntento de que a fcilta de etnbarcaes foffe cauia de que todos os que con1o amigos vinhao a ajudr los, per~cefTetn como inimigos: e que com efi:as experiencias, perfuad~do da defenfa natural, protefi:ava de procurar ~ mayor _iatisfaao a tao repetidos aggravos: e que en1 caio que o i eu Rey cafrigaie efi:a refoluao,teria a tnorte por gloriofa, acabando a vida en1 offen de aleivofos Hereges: que en1 quanto rt>il:ituia6 dos prifioneiros, na o podia deferir-lhes pelos hav~r retnettido Bahia. Dei:. pedido o Embaixador, tratou Andr Viclal , fetu atten.. der a algmna outra confideraao, de continuar a guerra. Nefi:c tetnpo havia chelrado ao Pontal de Nazareth Martim Soares Moreno com o feu Tero , e achando que os n1oradores aTediava ao largo a Fortaleza, que os Holandezes com grofTa guarnia occupava6 , tendo noticia das injurias que havia6 padecido , faciln1ente fe perSitio da fuadio a aco1npanh-los. Refi:ringio 1nais o fi tio da ForFortaleza taleza, que era das n1elhores que os Holandezes tinha ;~ Pon- em Pernambuco, e n1andou ao Capitao Paulo da Cunha, a que fofT~ dizer a Theodofio Efi:rate Governal.lor da Fortaleza , que fe refo1vefTe a entregar-ie, pois nao eperava foccorro, e na6 quizefe experifnentar os ultimos cfl:ra... gos da guerra. Theodofio Efi:rate (que havia conununicado na Bahia a Antonio Telles, indo por En1b~ixador entre outros que mandra os do Supremo Conielho de Pernambuco, que era Catholico Ron1ano, e defejava Iivrar-ie da irnpiedade da fua Naao) refpondeo en1 publico a Paulo da Cunha com arrogancia nlilitar , que para fe defender na necc11itava de foccorro : porn1 en1 egredo Jhe ddTe, que mandai1c J'vLutin1 Soares chan1ar a Andr Vidal, e qu~ tanto que elle chcg~fie, voltaile Paulo da Cunha co1n iegunda embaixada, e que promettia traar a frma mais fegura de entreg~r a Fortaleza. Defpedio-ie Paulo da Cunha com efra rd pofta , e Martim Soares fez promptan1~nte avifo a Andr Vidal. No tnr.fmo inftante em que lh~ chegou, confiderando a importancia da enipreza,
143
preza, nao dilatou a jornada. Ficou Joao Fernandes Vieira lan~1ndo hun1 tributo em todos os que o feguia , q11e Anno voluntariament~ a ceei t~ira, refpeitando generofamente 1 6-fS. a utilidade con1ma. E he notavel prova da fidelidade, e confi:ancia Portngueza , fuftentar-fe efra guerra os nnlitos annos que durou , f;~n1 clifpendio algum da fazenda Real. Chegou Andr Vidal a encorporar-fe cotn J\iartim Soares, e Jogo fizera o avifo a Theodofio Eftrate : portn como nao r..?parra em que havia de fer Paulo da Cunha o 1nediador do ajuibnnento , refpondeo !'heodofio Eflrate a qu~tn lhe levou o recado, que negados de tanta importancia fe nao tratava fenao com Officiaes de guerra, que voltare Paulo da Ctmha para haver de refponder propofla que fe lhe fizeie. Affin1 fe executou. Entrou Paulo da Cunha na Fortaleza , prors publicamente a 'Iheodofio Eftrate a difficuldade que tinha para fe defender , e que a!Iim devia acceitar varias conveniencias, que para fe render fe lhe apontava. Replicou elle a efra pra:tica publica, e hufcando lugar para fallar a Pa_ulo da Cunha en1 fegredo , lhe difie, que convinha ao _ feu credito felicitar os meyos de na parecer cuJpado : que logo atacarem os J\1eftres de Camro hum Forte fituado iobre a barra , que elle havia deftituido de todo o genero de clefcnfa: que ganhando o Forte, lhe rrohibii: iem totnar agoa de hun1a fonte que corria entre o Forte, e a Fortale-za : e que logo vendo-te fen1 agoa, e fem caminho para fer foccorrido, entregaria a Fortaleza fem defcredito. Voltou Paulo da Cunha, e referindo efra difpofia aos Mefl:res de Campo , fe executou fem dilaa, e fe coneguio faciln1ente. T'ornou Paulo da Cunha Fortaleza acompanhCtdo do Capita Joa Gomes de Mei1o, e do Auditor Francifco EraYo da Silveira, e todos intimrao a rrr.eodcfio Efrrate , fe fe nCto rendel'e, a ultima ruina. Havia elle reduzido con1 a defei~1eraa do foccorro a alguns Soldados, e OfEci~.teS fra or~inia, ~ntr;,ga depois de engenhofas controverfias ' dando ref~ns ' en- t~l;za.or tregou a Fortaleza, q'Je p-uarnecia 270. toldados. Foy a capitu!aa fahirem livres con1 a fuCt roupa, e rCtgarfe...Ihes todo o foldo, ue a Companbia geral de 1-Iolanda
d.1 -Ihe~ devia. Importou dl:e pagamento nove nl-cru Anno zado5, que Joao Fernandes Vidra ren1etteo Io~o a An16+5- d!_- Vidal. o~ Holandezes r~e~~di~os ' h~Il1S paiirao a .JerVlr nel1e R.eu1o , outros ficarao contun.laado naquella J;,U$tTa contra os feus naturaes. No dia que fe entregou a Fortaleza, chegou barra hun1 barco do Arrecife com foccorro de gent2, e mantitnentos ; e fazendo-k-lhe entender a ue a Fortaleza na6 efrava entregue, ficou rendido. Achlara-fe nelJa dez peas de hronz~ , nutas arn1as, e nnrnioens , que fora6 de b ande utilidade. Andr Vidal depois de fe deter na Fortaleza ci1-;.co dias, deixando nclla ao J\1e~re de Ca1npo Martin1 Soares , voltou para a Var.. zea ~ feencorporar con1 Joao Fernandes Vieira, levando con1figo ~ Theodofio Eitrate, e aos Ofi!ciaes que quize.. ra6 ficar iervindo naquella guerra. Lorro que chegou Andr Vidal, depois de darem todos a Deos foletn1'ien1ente as graas dos felices icceflc>s que haviao confeguido , fe convocou lnnn Confelho , em que ailifiirao todos os Officiaes, e pefioas particulares de 1nayor authoridade: e ~epois de ponderado o efrado daqudles negocio~ , e de :te ventilar largan1ente a frn1a em que a guerra fe havia de continuar, aflentrao, que dividindo-fe eln va-rios alo .. jatnentos, afTediafiem o Arrecife, e Cidade Jvlaurica, tendo por infallivel , que fe confeguiflem tirar aos 1-Iolandezes as utilidades da campanha, poderia6 lograr o intento de os Jancar fra de Pernan1buco. reo-fe 3execuD_irpofi- a6 efta idea, repartira6-fe os pofios : e os alojamentos, oLs Acon- que ficrao mais vifinhos, fora6 o de D. Antonio Filippe tra o r- C r y_-I . recife. an1ara- com os 1eus ln'-1tos , e o d e r: cnnque D" com _ taz os negros que governava , huns , e outros na6 f valoro-__. i"os , tuas deftros, e fcient~s e~n tudos os exe:rcicios militares, effeitos que coftun1a produzir a capJcidadc, einduftria dos Capites. A Henriqe DL:z fervia de fofTo o rio Capivaribe, e de atalaya huma torre de hl!.rnas cafas edificadas na Jnarrreln delle. Affifi:ia na torre continuas ~-:fentinellas, e nos portos do rio n1ang2.s de 111ofqneteiros fcgurL1s com trincheiras, e efi:acadas. Os Capitaens , que as goY~n~1Ya6, eftava promptos aos avifos das ientinellas Ja 1~orte, c com varias iortidas afialtavao todos os
144
PORTUGAL RESTAURADO,
~; P.ARTE I. LIPRO PIII. -145 cs que fahiao da Cidade. O Incifl:o excrcicio tinl~ ao os n1ais Capites repartidos pdos aloJamentos, G_ue Je lhes Anno havia !inalado. Andt Vidal , e Joao Fernandes Vieira 164) viiitavao todos os poil:os , e anitnayao os foldad<?s ao predfo foffrilnento de hun1 largo afi(:dio~ Alguns ioldados n1ontados a cavallo governava ra11lcBranda Soares, e repartia-os em ientindlas pelo difiri.lo da n1arinha. Chegou a ella huma en1ban.:aa governada por htJm Piloto Portuguez , que a fez varar en1 terra : ah1Jtarao-na osnoffos ioldados, fizera prifioneiros os Holancezcs que a guarnecia , e entre ellcs deus Judcos nafcicos, e bautizado~ em Lisboa, e averiguando ...jc-1hcs a traiao contra a F Catholica, e fidelidade Portugueza, forao conde.. -nados n1orte, e con1 feliz in1piraa re-duzidos a confeTarem a verdadeira Ley de Chrifto Senhor Koflo. Andr Vidal, -e Joa Fe~nandes Vieira accmpanhacos de 1.'heodofio Efuate, deiejando tirar aos Holandezes tocos os meyos de e valerem das commodidades da camranra' efcolhendo os melhores foldados atacr~o o I"orte ele San... ta Cruz, fituado entre o Arrecife, e a Villa de Oliiida, Rmdc-f? d e area , que d"lVl e li C mar ~s ago2~ <J f01tc " "d ..J ft . em 1 ~un1a re. 1nga ,k Saota rlo no Bebenve. Antes do aflalto , fe rt:nceo o Caco do Cn:z. s: -Forte, obrigado das perfuaioens de 1 heoccfio Efrr2te, - .'! e ficou fervindo a EJRey com f{Jfenta foldacos. Guarneceo o Forte a Infantaria rortugueza. Acl,ara-fe nellt. fds peas de artilheria , quantidade de armas, e nmnioe-ns, e foy depois de grande t:tilida(~C rara jC con1ecllir cfla finalada em preza. Seguio-fe a efte fuccrf: o outi~o na menos feliz, rendendo-ie a Forta1eza do 1-'orto Calvo ao valor, e induftria de Chriftova Lins Capita mr daquelle diftritl:o. Era de pouca idade, mas I~ avia 1!ercado ovalor de feus Avs, nobres Flor-entins ; e determinan,~o fe- guir o exemplo dos feus naturacs' .com roucas erreas, e menos dikiplina , aconfdhaco de 1eu rl jo Vafco J\tiarinh~ Falca ,_Ieyantou toda a gente c:ue lhe foy pofEvel , e reiol~eo fit1~r aquella Fortaleza. Foy tanto a temro . ,.. r efia deh~eraao, que achou a Fortaleza quafi exhaufra.: . _jt-i;~t de mantu~.entos '. que os_Holande~es que a r:uan1~cia .~.r."; ~guardavao f'~r ln!lantcs~ Kdo.Arredfe. Na d1ligencta qe
f
..
Iru:
::14(
POR1-UCAL RESTAURADO,
prohibir que os recebeifen1, ps Chril:ova Lins a rnaAnno yor vigilancia, e confeguio o fcu cuidado o effeito que -x_64S defe_java: porque tendo avio das fentindlas que occupa-vao o Porto das Padras 'que havia entrado nelle htU11 bar.. co do Arrecife can----sado de mantitnentos ,- e vinha navegando pelo rio ~d'lso~ha, que naquella parte dt;;f .etnboca -, tnarc1lOU a 1nveh-!o , e eacontrando-o em hun1 -fitiv tao e~teito, que afah-lo , entr-lo, e.rend-lo tu .do fe coafeguio no mefmo tempo. Degolou os HoJande -zes, e triunfou dos animas dos foldalos da Fortaleza, qu::! livrava nefi:e foccorro toda a fila confiana. Vendo o GovernaJor della que cotn a falta dos mantin1entos era -irhpoffivel conf~rvar-fe, tratou de fe render ; porm tnan-dou pedir a Chriftovao Lins , que lhe permittifie capitu-larcotn Capitao pago. Nao duvidon,ell~ de acccitar efta propofi:a , attendendo- con1 generofo ani~o mais utilidad~ publica; que ao cJ.pricho particular , cegueira que (em varias occafioes tem prejudicado muito Naao Por~tugueza. Fez efte avifo a Joa Fernandes. Vieira, que C. .):d J~ .lhe mandou :o Capita Loureno Carneiro. Dera--fe re.1"\..en e-te c d 1 Cl i Fortale- 1ens , e entregou a Fortaleza o Governa o r dei a 1a11 2~ ~o Por- Florim ~com I ;o. foldados que a guarneciao , com artito Calvo. lheria , armas , e m unioens. r ~ _. ' , rr l Em quanto iuccedra os cafos referidos , nao efi:iverao ociofos os moradores do Rio de S.Francii~o,dif tante 6o.legoas do Arrecife. Avifados da prin1eira reiolua de Joao Fernandes Vieira, e de que a tyrannia dos -Holandezes fe eftendia ao feu difrri-.:l:o , por_haver noti -cia que tinhao paffado apertadas ordens, para ferem pre. zas as pefo:1s mais nobres que habitava _aquelles lugares,. --fe refolvrao a fe_g;urar na~ acoens do teu valor a fortti. na da fua liberdade ..A. ndr da Rocha de Antas, e Valeil r thn da Rocha fora oos primeiros que ac~ndrao os animos . dos tnais, propondo-lhes o perigo l~e todos.l!nirao-ie, e . valendo-fede algutnas annas que a 1ua:indufrna havia enLevan coberto s diligenci~s , e- rigor~fas l~ys dos Holan:~ezes_, ta-fe os . foy a primeira ~ca, que tnantfefro-u o feu defigmo, hdo Rio?; bertar~m hurn n1orador que os :H?landezes -n1andr_a ~~:ran, ..-pr~nd..!r por hu1n Sargento.,_ e dez toldados, que no 111~ . ,_ t t ...... tento
1
:~
t47
teilto de defend-lo rcrdra tlldOS as yidas. Crcgcu E:a noticia ao Governador da 1-ortalcza, Cjl1e os Holanc(.zes Anno haviao fabricado na n1argen1 (.\;Rio de S.I rancifc-o,gyar- 164S nc~ida naquelle te1nro con1 350. lold~dos : acudio o Cc''ernador pro1nptan1cnte ao ddafgl aYo, Jar.ou fra d rortaleza hum CapitaiS com 6o. Lt n:cns., (( 111 OlC( 01 LC "ingafle :nas Yidas dos tr1oradores que cncor:trafTc,as mo r- tcs do Sargento , e ioldados. Igual infeliCidade experi... J ~- J.rr I I1lel1taraO. OS que yjn}:a ror CXCCUtores ~O Cf.ti[O : -!L '1 1' porque, fem efcapar algun1 , fora nl_ortc.s todos. ~ t~n:a, ,~ e outra refoluao n1oi1rou aos Polltlf_l:tzt.s in 1 c1~=,-d o n!m~d i o ror n1eyo de concordia ; e rccranco c.s iC.ccorros do Arrecife, que it:m cu. vida havi~o de enfrcfar o pre.fidio da Fortaleza, recorrrao ; Bahia, mcJ1rando a Antonio Telles os aggravos, e tyran_nias que l~avia rarlectdo , pedindo-lhe ue cs foccornJ1e, e prote.fraEco-lhe o infallivel perigo que os an1eaava. Cl:efOU o avifo Bahia , e Antonio 1'elles achando pretexto decoro i o para tomar iatisfaaodas infoJencias dos HohmcE.zcs, lia de... fenfa natural, e forof , mandou orcem ao Capita ~i- co1o Aranha , Que a11iftia em P-io Real ror Cal o ce tres Con1panhias, que n1archafie com ellas a defen(cr os fljo.-. radores do Rio de S. I rancifco (~os excc-fcE dos Ho1anl1C- Sa0 foc:' zes. Executou elle a ordcn1 cc1n n:uita diligtrcia, e (.k- r,o:~:c.c..s,e~ rois de vencer varias difl'culdaces que encor1trcu J'O c~.: 1 '~~~~~1~~ 3 ; minho, fazendo-o quafi intratavel a afrfrt:za t 1o lnvE.r no, chegou ao Rio de S. Franciico, e uninco-fe cc1n cs d; moradores, que celebrarao a fua chegada cem te( as as. o-t;, rlen1onll:raoens de alegria , corr:tou a at=ertar c Ctio da Fortaleza, impedindo que eetr~kn1 relo ric ah::t:l'~ l-arcos que intent?rao intrccvzir-fe nella ; e exre;il11entando todos os fucceflos profperos , efrreitou o t:ecinto de qualidade, que na porliao os Holandezes 1~hir fra das Fortificaoens. .fem experimentarEm o ultimo rerigo. <;:hegou avifo ao :\rrecife do aperto em GUe cfla,-a o~ fi, ttados, e defpedtra hum navio , e (luas barcras a fcc c~rr-los. Entr~ra as trs cmbarcaoens r da l oc~ elo Rto de~- Frane1fco, al:>undantiffn1o ( C ~rc:rs, "r_c~t f
1
la>
go1s a [rz.!r :lo~~s as do n1ar falgado , fi~an.Jo em duvida Anno i~ eil::! :!ffdto h e propriedade da agoa, ie virtude da terI6.fS ra. Ni~olJ Arln.ha pr~vt!nido, e diligente te opps ao navio , e bar~os co1n algumas lanchas que arn1ou , e os HoLln-i~zes r~c~a~1do que fofiem de fo:To voltrao as v1a.'j. par~l o Arrecife, e os fitiados defefperando de outro foccorro, e faltando-lhes totahnente os marithuentos,renRende-fe drao a Fortaleza, attribuiildo a f dos moradores efte a Fortale- fucc:~ifo a alguns finaes. myl:-.~riofos que authenticra. ::_f~arra- Sahira os rendidos, e fic.ira na Fortaleza dez peas de artilheria de bronze, muitas annas, e munioens , que p~la f~lta dellas era o defpojo 1nais .eftimado. Arr~zou Ntcolao Aranha a Fortale-za, para ttrar aos Holanoezes a eperana de a recuperarern, e deixando os habitadores daquelle di!l:rEl::o em li~~tdade, c foceg0 , n1archou. com os feus foldados, e com os paizanos que o quizera, . feguir, a fe encorporar com Joa Fernandes Vieira, Andr Vidal, e Martitn Soares que continuavao o fitio do Arrecife. Dos foldados Holandezes rendidos , que trou xe NkoUo Aranha , dos que viera do Porto Calvo , e de outros que haviao fido priioneiros, forn1ou hum Ter. Tfi he~do- o Theodofio El:rate, e elegendo Officiaes da n1efma na 10 Ea ra _, r. fi: 1 r. tr f" ' te frma ao, o 1U entou a gum tempo, e a 1Ua peuoa ervto ate h~t~m Tc:r- o fim da guerra fem foldo , e com grande acceitaa. O o ~os Tero era pago dos cabedaoo dos moradores , contribui~ l'endados .. do todos voluntariamente com as fazendas , c com as Vl~~;!a~o das para o fim pertendiJo de confeguirem a liberdade, e 4ores. fervi rem a ElRey D. J oa , am;tdo por f dos ValaJlos. que lhe obedecia nas mais re1notas partes. Vendo pois os tres Cabos defi:a facao, que lhes crefcia o poder, e o valor dos foldados animados dos bons fuccelos , determin.rao augment.-los , folicitando novas emprezas. Ajufi:ra interprender o Forte das Cinco pontas, hum tiro de mofquete da Cidade Maurica , levantado na Barreta, nome que lhe dava o fitio que occupava fohre o mar. Era a emprza de 1nais reputaao que utilidade, pela difficuldade de confervar o Forte, en1 cafo que fe confeguiife, por ficar rodeado de todas as Fortificaoens ~~inimigo~ Desf~:4 ete e1nbarao h~ mulato Portu-. j. 't guez,
L
I.:J-8
PORTUGAL RESTAURADO,
~~ P.AR'JE. I. LIT'RO f/111.. ~ 149 guerz ~ que fugio para o Arrecife, derois de e~ar(m os ioldad os prevenidos para o afalto. C uarn< 'era os H o- Ann(!) landezes o rorte, e os nofios Ca~os aconfelhdos da pru- 164) dencia de T"heodofio Efrrate' ie retirra rara {)S afojaInentos; de qt1e ja havia o fahido. O n1_efi:no.] hecdoiio Eftrate, que desfez efu em preza, aconiell1ou octra ITiais util , GUe defvaneceo a dei(>I dem ; e tn1bia , depois de a conieguir o valor. f'oy de ranxcr que fe interrrencEf.e a Ilha dt! Itan1arac, unico provimento dos Holandezes, ,u.--~ a11im de bafrin1entos , com_o de agoa. A prrovra todos efta opiniao, e depois de iegurarem os alojamentos, de que ficou por Cabo Henrique Diaz, efcolhendo 8oo. homens , marchrao a executar a etnrreza premeditada. Chegra a Iguarau , e acl1ra prevenidas rodas as landtas , e canoas necefiarias rara paflarem a Itamarac. Embarcara-1e, e encontrara no meyo co rio hun1 pata.. cho Holandez com quatro reas de arti]heria , e numerofa guarnia , rorque os Holandezes do Arrecife avi- . fados de hutna efpia, n1anclra com grande ciligetJcia Intenta"' foccorrer a ltamarac' reio muito sue lhes importava a tomari~- coniervaa daquelle fOfio. Jnyefira as ~anchas O r a- rnarac~, e tacho , que refiil:indo o prin1eiro aflalto, foy entrado no hganhao d 1 _, O tempo tacho. um pa j~gun o , c m.orto~ toGos os que o guan1ec1ao. qu:! durou o con1bate, tivera os -de Itarrarac para ie preveniretn : mas nao e1nbaraando efia difficuldade arefolua dos nofios Cabos, tirara as quatro peas do patacho , puzera-Ihe o fogo, e continuara a viagem. Chegra a ltamarac , falt3ra6 em terra, e correnGo itnpetuoimente povoaa, ganhra a trinchei_ra , e invei: tira o Forte con1 tanto ardor, que montra hum baluarte. Pedi rao os I-lolandezes quartel , cefTou o combate, e os foldados entendendo que na nece.fi:tava c'e mayor feguran::t, Iargra a en1preza, e corrra a fa- -o o-:,,... A quear as cafas da povoaao. Vendo os Holandezes e.fia _,, : ;'~!.~ Jefcndem , e incitados dos Brafil ianos que receava o o caf11 :w:r tigo da fua traia6' fahira tocos ce irr.rrovifo' e foy a 'l:lh fortida ta0 fu1i0fa ' que CifEcultofamente lhe !t:fifiiraQ I os Cabos, e O.fEciacs, e alf;t:ns fold[:dos que ie al:fl:ive1 ra da ambia do ddf'ojo. Lfres; c os n1ais s.ue yiera lU.~ : K iii acu
..
r_>
iso
PORTUGAL-RESTAURADO,
acudindo , obrigra aos Holandezes a fe recolherem ao Anno Forte; e chegano avifo que do Arrecif~ : havia clef, 1645 pedido fegundo foccorro aos de Itarriarac, reco!hraoo~ R.ctira- feridos, e deixando oitenta mortos fe rctirara com dilifeda c~- gencia. Durou fete horas o conflitto, ficou ferido D.Anprez.a os_ tonio Fi1ippc Camarao, Afcenfv da Silva, e o Capita ~;:~~s to Diogo de Barros, que morreo das feridas. 1~heodofio 4cforcle~. Eftrate caftigou feveramente a defor.denl cos foJdados Ho1andezes : ccn1 os fortuguezes fe diJiln1ulou ; rorque na guerra voluntaria em que na ha affiftencia, nem difpendio dos Prindpes , deven1 fer tnenos rigorofos os preceitos nlilitares. Tornara os no.fTos Cabos no alojamen.to a occupar os feus pofros , c julgando que era conventente terem para qualquer fucceflo algum receptacuJo, levantra hum Forte em huma eminencia , que donnava a Varzea , huma Jep-oa difrante do Arrecife. Com grande brevidade dera fim obra , que defcJ!hou 'Theodofio El:rate : plantara o-lhe oito peas de ar, ttlheria das que havia ganhado aos Holandezes, guarne~era-no, e com efra prevena para qualquer infortunio Infundirao novo alento nos foldados, que com tantas diff. culd_ades continura efta em preza. Os Holande~es achan:: ' do-i e con11nenos poder do que lhes era r_:ecdfano para ~ tacaren1 os no.ffos alojan1eatos , bufcavao todos os cmntnhos de desbaratar a unia o dos 1itiadores. O intento que julgrao mais util foy efpalhar alguns efcritos , etn que promettiao perda o , e vanta iens aos Holandezes que ierviao no Tero de Theodofio Efrrate , fe lavallem as I!J~nchas das culpas pafladas con1 alguma acao ~fi} b_,ene:ticJo dos Eftados de Holanda. Alguns prevancarao, e comerao occultamcnte a fulminar en1prezas com os do .A .. Arrecife em damno dos nofios foldados. Continuava eltacao os sr. Jfolandc- l es o fi , eft rettan,l o , quanto 111es era p011i v e1 , as cotn1t10 :zes o alo- modiuades que os fitiados pertendiao tirar da campanha. ~mcnto. Os I-!o~andezes quizerao ver )e podi~ arruina~ por pare Hle)~n- tes o poder dos fitiadores , e atacrao hurPa no1te o a1o'lt:Ie Jaz , . d I -r D. ,. 11 c fc retira Ja_m_ento e -.le~nque taz: porem os negros c~uc-e11avao com per VIgilantes nao f fe JefenJra, mas ufando Je frUdente fia. ~~ft~\!za, patfrao alguns a aguardar os I-lolandezes na retiJ
retirada junto das portas do Arrecife , e coneguira re- Anno colherem-fe poucos dos que fahira fortiJa. Acabada et:. 1645 ta occafia , houve noticia que os fitiados con1 a falta de agoa que paJeciao, a tirava de noite do rio Beberive pela eitrada da c_arrdra dos_Mazombos. Arwra a efta fahida os Capitaens Franciico R2mos, Joa Barbofa, e ... ' Manocl Soares Barbo! a ; e embarcando-!e por veredas oecultas, atacra . os foldados que con1boyava os que Ievava a agoa, e depois de larga refifrencia, os derrot.. ra, trazendo muitos prifioneiros, em que entrava negros que- fervia de premio aos Officiaes, e Soldados. lgualiccefio teve o Capitao Paulo da Cunha com os que i.hia a fazer lenha , e com tnayor dan1no derrotou dous Corpos de Infantaria. As dpigencias dos 1:-Iolandezes fi tiados cotn os que fervia no 1'ero de 'rheodofio Efl:rate, Traia fora de tanta utilidade, que ganhra os animos de al- tosdHoguns Ofiiciaes, a que ieguia 3co. to! dados, e todos ha- an c:zes. via dao paJayra aos do Supremo Conidho, que fazendo-te da Praa hu ma fortida em dia finalado , tanto que os nofios fo1clados con1earen1 a pelejar, voltariao contra elles os Holandezes do Terco de 1'hcodofo Eftrate, julgando ' que defre nao efper~do accidente poderia Jucceder a total rui na dos fitiadore~. N a tinl;a os ncfTos Cabos noticia alguma defre contrato: porm como era rrudentes' e advertidos ' trazia contil1l1a vigiJancia nella gente, e :iljudava-os com incorrupta fidelidade o icu AleH:re de Catnro. Augmentava-~ cada dia a defconfiana , reconhecendo-te o rouco vigor con1 ql'e os HoJandezes peL-java nas occafioens que ie offerccia. 1razia eiTes cintas brancas nos chapeos , que parecendo aos noffos fo]dados gala' era rara os fitiacos diviza, GUCreT'do efcufar-lhes o rerigo das b1as ' e veyo a fucceder defre concerto, que os que errava o o alvo acertava c a ponta... ria. Os nofos-foldados, tnais ror imit~a, ue ror. in f. du.ftri3:, tomra~ aque1Ja moda., e ruzer2 nos ch2reos as 1neimas divitas, novidace qt1e conftmdio m11ito os Holandezes da Fraca: mas avifados de c:ue era accic~ente, e nao indufrria 'co~tinurao o prhneil intente. ~ .l ira a nove ce. Novembro do Arrecife cem )C c. l-~c1ar.~t.7( s, e K iv '~L.n~
ISI
'1.
quantidade de Indios, e peJa parte da Fortaleza dos Affogados , fe vierao emboicar iombra das cafas de hum 1645 ~ngenho. Sent_io Henrique Diaz o rumor da Infantaria, -e Ataca os dtfrmu!ando i em tocar ~uma , entendendo que era menolfos nos gent~, ie embofcou com os feus foldados aguardanquartdtJ. -do aos Hobndez~s na volta que haviao de fazer Praa : porm co!n diligencia avifou aos Governadores da parte a que cannhava o rutnor dos inimigos , e do intento -com que deixra de tocar arma. Ao ron1per da n1anha mandou o Capita Pedro Cavlcante, a quen1 tocava a guarda , bater as efi:radas : cortou o inimigo a partida , mas efcapando hum fo1dado,que tocou arma, ac~dira ao rebate os Capitaens Pedro Cavalcante, e ]oa Lopes Villa franca, que detiverao o pritneiro impulfo do inimigo. - Soccorreo-os o Capita Paulo da Cunha, e todos fufi:ent.1 rao o pofto at chegarem os Governadores, a que feguia dous mil Portuguezes, os )OO. I-Iolandezes ganhados pelos fitiados, e outros ioldados Francezes, e Inglezes. De.. terminra os Holandezes lograr nefra occaflao o concer. to ajufrado : porm Theodofio Efi:rate , havendo tido algumas inferencias que lhe parecra dignas de cautla , lhes deo com permiffa dos Governadores a vanguarda b:um pouco avanados do mayor Corpo, e refervara-ie algumas mangas de mofqueteiros em oppofiao de qualquer defignio que os Holandezes tiveffem em noffo prej_uizo. Os fitiados vendo que na fortia algum effeito_da iua determinafa , por na fazerem movitnento os ioldados de Theodofio Efi:rate, fe arrependera do empe.. nho em que havia entrado : porm que~endo vender caras as vidas, con1era6 a fazer vatoroia refifrencia. Forao foccorridos das guarnioens dos Fortes vifinhos, .que tiverao cortado ao Capita Paulo da Cunha: acudi olhe o Sargento tnr Antonio Diaz Cardofo , e chegando ltctira- gente de todas as partes, apertr..1o deiorte co1n os H o.. fc: ~tn landezes, que rotos os obrigrao a ie retir3renl ao amf:~J:n~e- paro daFortalezad~sAffogados.Seguindo-os a nof:1 genaci. t-2 fem fazer cato do damno que recebiao da artilheria da Fortaleza, 1nandou An~r Vidal tocar a retirar para efcufr eil:e p~rigo .. Os I--Iolandezes logo que i"e vira deft en1baraQ
IS""
PORTT1GAL -RESTAURADO,
4-nno
embaraados, n"~an.:lirau para o Arrecife. Forn1 fugu~do de hnm perigo cahirao e1n outro may~.r: po~que Hen- Anno rique Diaz, que aguar~ava efia occa1Ia_o ' fahto da em-. 1 64) bofcada , e com rependas cargas mult.lphcou deforte o damno ao inimigo , qlJe os ~nortos , e feridos pafirao de 3co., nao perdendo I:Ienriqu_e Dia~ n:ais_ q.ue ~is folda dos, e recolhendo tnnta feudos. Os Off.ctaes Ho1andezes do Tero cle 1"heodofio Ehate, vendo que crefcia. as fufpeitas do ieu deftgnio , determinra dous Capitaes livrar as vidas do perigo que as ameaava. Recebra o pagan1ento, que f!Ontualmente fe lhes fazia todos os tnezes, e dizendo aos .Governadores detcrminava n1ofirar o fcu agradecimento cn1 hun1a notavel fa(a que haviao rremeditado' aknsra? licen~ p_ara. a ~xecutarefl! ' _e 2guardando que batxafle a m2.:e, _tubtrao os dous Capttes com 1 )o.ioldados, que en1boicra junto do rio Beberive, e1n hum fit1o chamado o Enraco de Santiago, clizendo que infalliveln1ente havia o de cortar a gente que da I' raa vinha tomar agoa do rio. quella parte, por na terem outra por onde paflar. Porm logo que ie vira feguros dos noflos alojan1entos, n1archrao para o Arrecife, tocando as caixas, e fo~a recebidos com grande alegria dos fitiados. Eil~ fucceflo deo grande cuidado aos GovernaJores, mas ref.>lvendo fahirem ror huma vez do perigo ta inanifefio, chamrao 1 l:eoco.fio Efirate, e havendo elle juftificado a fua innoccncia, fe deo ordem para que toda a Infantaria Portugueza Fegafe nas armas, e derois de examina.dos os quartcis dos Holandezes, em que fe achra evidentes (naes da commurcaao que tinha com os 1it1ados, deun1ra a todos os que haviao Defco.: ficado , e os ren1ettrao Eahia em d ifferentes 1'ropas, fi-brc-~e a 1 ..J r. canco uni canlet;.tc i-crvm d o Th enL' 0110 Enrate',e o r.f>ll Sa r- conJuraH 1 ca dos gento m~r Francifco. d~.Latour_ }\a:cez. Os '1lle p;;f.-ara llolandeao ArreCife' padcccrao no rnnopto grande tm~arac, ZLS. c fe l d h , fr a - rcn cttcm Or1gdlllGU1_o1 e ~~1~:.1 a~cui~ L~"18 ~ia ll(}Jladr~:rte: rorq.ve ~-fl.:-t_n- E:.:hia. d Jn ,o- e :..1r.2.r J 11111 e cnto a rorta a .. crtaleza dC:i~l:' _!cplcos, em <j_l!e fe advertia aos do Confelho, c!uc na Induflr!a 1 fiaff~m dos que haviao feg~(tO, porque h ia of a rer1ua- dos na:Lvs dir aos l!o Arrecife a Cll~e c~ian1par;;..Cem a Fraa; ainda
ISl
...
ie
(j_ ~\.!
que a eit~ efcrito ie'nao deo: credito, f..!z prevenir aos Anno do Confelho, mandando efpiar as acoens,e prat1icas dos 1(}4S que fe havia patTado quella Praa. E confrando-1he que dons foldados tinhao encarecido o bom tratan1ento que todos os- Holandezes rccebra entre os Portugu ~zes, os mandrao prencler, e enforcar logo. Prendra tambem os ous Capitaens, e efl:anuo arrilcados a igual cal:igo, chegou noticia da expulfao dos Holandezes do Exercito , que acreditou os Capitaens com os feus naturaes. Fora foltos, e os do Confelho inandrao fufpender as fortidas _, e acabra de juftificar com efl:a nova ordem, que as fahidas ant~cedeates eta f na confiana de fe rebelIaretn os que ferviao no~'Tero de Theodofio Eftrate. D(!tembaraada das fahidas dos Holandezes, continuava a nofTa gente o fitio com m~nos trabalho, crefcendo cada dia o z~lo, e a refoluca , affitn dos tres Cabos, como dos Officiaes, e Soldados. Padecia-te grande falta de munioens, a que acuJio Antonio Telles da Silva com hmna caravla qu~ as conduzia, c chegou a falvamento ao porto da Barra gra:1dc. A' compet~nda andava todos Oi v~dorofos moradores de Pernambuco eftudando Aca va- aco~as 1nen1oraveis. Arrojra-fe dous a darem fogo a ~~~~~~- dou.s g!a!_l.d~s navios , ~1e fu~giao no porto d? ~rrcci_fe. tuauezes. Na dtft~no a execuao do mtento. Preventrao arttfi... ::, cios, entrra em huma jangada no rio Beberive de noitt) falt~ira em terra , tom.irao a jangada aos hombros, pa1fr~lo huma reftinga de ara, chcgrao ao mar, e l3.na~ ra-na nelle junto do Arrecife , arrimra-ie aos navios, .att~::uao-lhe o fogo, qu~ levava prevenido; a~deo hum! e por falta d~ v~nto fe !lao conununicon aos mais que eita-va no porto. Acudirao os Ho1 a.1dezes o Arrecife; valeraO-fe os do1..1s valorofos n1anc.:!bos da co:1fui dos barcQs, tori.tra a faltar e!n terra, e a tom:u aiua jan~ gada ~ cofras; etn qu~ paiT1ra i~gunda vez o rio Beberive ~ porm Joao Tav:u-~s Iviuribec1 , que era o que havia dado fogo a hum n_avio ,: na logro L! a ~c'l. tem deicoato, porqu~ hum_l icntinella nofTa , ientmdo o ru~ n1or da jai1gada, tocou arma, e lhe acertou com huma bla cn1 hu111.l p~r.ll. Sarou da f>.!riJa, .por n1~rccer a empreza
1;'4
PORTC/GAL RESTAURADO,
pre7.a que havia executado vida mais dilatada. Ao trabalho continuo dos fitiadores fuccedrao doenas contagio- Anno fas, de que muitos morri:rao. Acudia a todos corn gran- 1645 de fervor, e difpendio J oao Fernandes Yieira. Ceffra as doenas , e receando os Goverr.ad0res os foccorros, que por horas os do Arrecife aguardavao_ de Holanda ; dfpedira duas l"aravlas a Li~boa cotn avifo a E1Rey do aperto etn que ficavao, e tratrao de reparar ;::.s Fortalezas de N azareth co Pontal , e a da boca da Barra , elevantra hum reduto no porto de 1'amander , para que fervific de defenfa s emcarcaoens q11e vieiletn ce Lisboa , e da l3ahia. (h1ando era 1nayor o fervor de te accrefl"~ntar etn todas as rutes o trabalho,. chegou ordenl da Bahia rara que os tnoradores de Pernan1bul"o manei ai:. fem dar fogo a todos os feus canaviaes, entendendo-te que con1 eha execuao ie tirava6 de todo as efperanas da utilidade deita guerra aos da Companhia de Holanda, e f}(:aria OS moradores 1nais uefernbara~dOS rara a COll.tinuarem. ~ao approvon Joao Fernandes Vieira efra opinia, entendendo que tnal poderia durar aquella ernprez, fe faltafiem aos n1oradores cabeuaes para a fufrenta. rem , nao concorrendo ,.ElRey _com? i~- experimentava com outros alguns. Porem por i e na diicuriar que o af- ~u~~~a feioava a efre parecer, ier elle o mais prejudicado, mau- n~~~escr dou uar fogo aos feus canaviaes, em que teve perda con- Vieira os fideravel , e com efte exen1plo reolicou con1 n1ais confian-- feus canaa a Antonio Telles, que-1ouy;ndo a Jua generofidade ' iaes com 1 ouvavel con1o n1erec1a, te a..:commodou con1 o if'U Yoto , como exemplo era raz~o , e fic~ra os Irordores Le Pernan:buco li vres do damno qt:e os ameaava, e com n1ais animo rara continuaren1 o Prande intento cve havia coinecado. '-" =Dom Gafrao Cot~tinl~o fPcccueo no Caverno ele Succelfos Tangere 20 Alcaide n-.r Andr~ eiaz (~a Franca, oue d(Oi- de Tanxmos contiBU2ndo ef1:a OCCtiracao. Os l""'Ol1S ft~cce.fros,c-ue t cre. que ""' , , r E"o' crna D . C afr ao to_n_1tgt;to na g.ntrra oe r r.tte 1 curo e ]\'. b.G:d~ 11nlto, O .hahthtra para e.fie, e. Dl<?Yores 'n1frer-os. Cl.ti l~egou a~ angcre no mez (~e Abril dehe anno SI'e ton- d10. tinu~rr1os , e como levava gente., ~inheiro , m..uuiofIis, e mau.A
'5S
156
PORTUGAL REST.AURADO,
e mantimentos, e lograva tnerecida opinia_o-Qe valorofo; At).no foy recebido com grande applau{o. A noit que defen1-. I 64S barcou, tOIUOU logo noticia do poder dos J'v{ouros, e . :qu~rendo valer..ie do feu d~1cuido , determi~ou o dia feguinte alargar o campo , e em cafo que os Atalhadores examinafetn que el:ava fcguro , intentava pafir adian~ te, e buicar occa!i.1 de f.-tz~r f~liz o principio do feu gov~rno. Sahirao os Atalhadores de noite , que he o coi:. tumado exercido dos que tem efte nome , e dera o calnpo por eguro. Amanheceo , n1ontou D. Gafi:a com. o AdJil, e os Cavalleiros, que na paffavao de 150. Ayan-:ra-fe os batedores, a que charnao Atalayas, dandolhes calor huma partida , de que era Cabo Lopo Fernan... des Lope~. Aos que tetn, efi:a occupaao, _fe dava nome naquella guerra Je Cabos das Col:as. Cotneando os Ata.. layas a d~fcobrir o campo, ihira os Mouros da Caladiaha , pouco difrant~ da- Praa : carregrao elles O$ Atalayas, foccorreo-os Lopo Fernandes, e 1uftentou com muito valor o impeto dos Mouros at chegar o AJail, a que feguia o General com todos os Cavalleiros. Voltou Lopo F~rna:tdes, e voltra os Mouros as cofias: o primeiio que Lopo Fernandes encontrou , foy o Aln)oca( dem Abram Moob, de quem havia fido efcr~vo , ~ que tinha adiantado deforte a fua opinia cotn o teu valor, que era o feu nome o n1ais conheciJo , e o mais receado daqu?lle tempo. li1ve!l:io co:n elle Lopo Fernandes iem. recear huma efpingarda que o Mouro lhe tinha Morte de apontado, em que era defrriffitno;paflou-lhe o peito com Moab. a lana que levava na n1a, cahio o lv!ouro: perguntoulh~_ fe era Moab, con1 t~r1a6 de lhe dar a ~ida pelo haver tratado bem no cativdro, refpo!1deo-l~1e que na, Desbarata ac~bou d: mat-lo , e con1 a 111or~e do. ~u Cabo.' perd-. _ n.Gatla rao o a ntmo os IV1ouros que era o n1U1tos~ S:~guto-os D. os Mou-: Gal:ao, matou-lhes 29., de que tocra cinco a Lopo Ferr1os ,e faz nand-~s: ficirao quatro Cavalleiros feridos. l). G.-:.la lUtna d za. pre- ven~ o o t~mpo opportuno. entrou a1 gun1as Jegoa~ pe1a terra dentro , fez hum a grofla preza, e para a JehualdaJ~ com que naquella parte fc pelejava fe retirou com grand~ gloria. Porm foy efra a prin1dra v~z ern GUe glo:
157
rade-
.. cendo nacvelle trmpo os J\louros o contagto da rtfte, Anno os vcfrido~ l~os n;ortcs, de que ie valrao os vives, cc- I 645 n 1 ec~ha a atF-1a (fl11 angere con1 ta lafiimofo eftra- Atca-fc a go: que l'D11cis mczt's, que durou , paflara~.cs mortes rc~e ~o ,; de 17?0' q~e hc .grande nrmero rar~ P<?VO tao pc~_ucno. ddroJO~ ..J Actu.ho D. Gafi:a conl grande ctudaco a rrevenao defre rlan1n e i0ccorreo ElRey aquella fraa com nnlita diligencia', afi1n1 de gente como de_re~~dios, e mantimentos, cotn ~ue efra advedidade ie iuipendeo totalmente. :1\lazaga governava Ruy de Moura Telles, como l1aven1os refendo , e pelo arerto a que o reduzi o o Alcaide rle Azamor, na houve naquella Praa fuccefo digno de n1en1oria. D. Filipre Mafcarenhas preparou-fe para fahir de Ceila, cotno acin\a referimos, com a noticia de fucceder Succdfo no Governo da lndia ao Conde de Aveiras. Sahio da Ba-dalndia. hia de Colun1bo nos prhneiros de Janeiro defre anno que continuatnos, buicando o Cabo de Comorim: achou o vento ta contrario , e a corrente das agoastao furiofa, que faltanllp aos navios da Armada a tora, e aos Pilo.. tos , e Marinheiros a indufrria, com miferavel eftrago deo cofia na Ilha do Calaretim , e Manara: Salvou-ie a gente, e D. Filirpe partio rara Jafanapatao, e aguardou outra Armada que veyo de Goa a condllz-lo q,uella Cidade. Entrou nella no mez de Dezen1 ~ro , foy recebioo com muito applaufo, e entre elle, e o Conde de_Avei- Clle6'a a ras houve hoa conrefpondencia at o Conde fe embarcar Goaz,oVi--: rara efre Reyno : fucceffo poucas vezes experimentado ce-R_~r naouella parte en1 fimilhantes occafioens. O pouco que MD.Ffclhppe havia que efcrever nefte anno , referimos no antecedente nhas. ~ ror tocar ao Conde de Aveiras, e pouca ma teria nos daro hiil::oria os fuccefios da lndia os annos ue durou a Tregoa com os Holande~s. De Lisboa rartrao efre anno para~ Indiafeis embarcaoens, o p:a!ea Santo Antonio da Et perana, de que era Capita Joao da Cofia, a fragata K. Senhora dos Remedios governada peJo Caritao 1\lanoel Luiz Apollinario, Santa Catharina, N. Senhora dos Remedios , N. Senhora ~a Efhella , ~ ~! Senha ra
I
a~~
rs-8
PORTUGAIJ. RESTAURADO;
ra de Guadalupe com Mefrres Capites ; e da India che-. Anno -gou.o Galea6 S. Loureno, por Capita6 delle Joz Pin~ 164S. to Pereira. Os feis navios chegrao a Goa a flvatnento, que foy grande remedia do aperto em que fe achava aquelle. Eftado. - . " No fim defl:e anno chamou ElRey a Cortes , e . como o que refultou dellas fe ajuftou no anno fegtiinte,. por nao interromper a orde1n da hitoria, referiremos em ieu _lugar efta noticia.
ii
1:
f.
[
'"''
HIS~
1 S9
'
'
DE
\
\ t
PQRTUGAC
-Y~~
RESTA URAno.
.~ ~L
I V R O IX.
r '](
SU
'?' _ -
~[MA
R I O.
QJTERJ..VA aProviucia de A(e111-Tejo ~~ ~' .~lt~ :Joa1111e ilfe11dc__s de V17flo1JCe/los.l)ij2 ;.11 ~t~~~ poe111 afitq defc!:(t!. l{'ttcrc!jos do }ett ~;-~(~"!~~ go'i)frilo. Elege-jeo Cc7ide t /1/egrct~ ~~~~ij G'Vernador dos /lr11.as. Ct.11ha (l Codiceira. J tt1Jt n-.fe o r~rtrcit o , __ ataca o Forte de 'll:le~Ja, e 1c11de-o. l11tc11ta reti1ar-.fe : ataca o i11i1JJigo o 11o_ffo E~e1cito 110 pfljfage1JJ do Guadiana: pa}jn o tio co111 olgtt111n perda. l11te11ta o Conde de Alegrete. outros pro<~rcjjos, 1!1!_{i! e,.;ecuta pela definJia dos Cabos do E:.:crcito. J.11c11~tia
~~;
. I6~
PORTUGAL "RESTAURADO,
* o
Succeffos
da a i1z~~rpreJ~derVale11a por D.Rodrigo de Caflro: Anno. abr.e brechas: il}jalta-a, eretira-je. Di'Vide o Co11de 1 6-1-6 'de'A!egrete o Exercito : paj] a Lisboa , e acaba a ! 'Vida. Succelfos do J.lfillho , e Traz os l'riotztes. Entra_ ~ a governar ej1a Provincia .{egu1zda 'Vez Rodrigo de ;,Figueiredo. Goveri~l a Beira fJ Co1zde de Sere11z. In~ terprende1n os Caflelhanos AbJJeida : retira-fe cont .perda. Sitiao Salvatei'Ta co1n o 1nej111o fitccej[o. Pa[Ja D. :Joa de Me11ezes a Frana C9111 hzuna ejqua- , dr a : tljttda a ganhar aos Francezes Porto Lo11go11. r. Noticia das diligeJzcias dos E1nbai"-"adores. L!Jama EIRey aCortes,d-:ft 11zelhorfr11za s co11tribtties. ~ontinua-fo a guerra de Per1Jallzbttco co111 gra11des progreffos. Acode .'Joao Fer11andes Vieira co111 os ftlls cabedaes s faltas do Exercito. Conjurao-ft co11tra elle : fereiiJ-IJO , e perdoa ge11ero}a111etJte aos culpados. Chega ao Arrecife gra1zde foccorro de Holanda, govertzado por Segij1nu11do. Succef!os das Praas de Africa, e noticia do Eflado da l1zdia.
~lemCONDE de Caftello Melhor, que governava as Armas na Provinda de Alem-Tejo, logo qu entrou o anno de 1646. comeou a tratar con1 grande cuidado das fortificaoens das Pra~ mais in1portan,tes , preferindo no trabalho a de 01~ vena, por infinuar a ruina da Ponte , effeito da cam panha antecedente , que o empenho da fun:ra feria atacar Olivena. Efta ida advertio juntamente a fortifi:!.. caa rle Geromenha, pofto de muito grande inlportaQcia, por dependerem da fua confervaa muitos lugars de hutna, e outra parte do Guadiana. Nefte exercido, e na recondua dos Teros, e remontas da Cavallaria fe empregou o Conde de Cafi:ello Melhor at os ultimas de Fevereiro , tempo em que pafou a Lisboa com licena delRey, que folicitou provocado de varios accident,es que o Inolefrava: porque lem de fentir muito paflar ~ ~ quct...
cJo.
161
qnella Pr~vinci;:l con1 orlk~tn dc1Rey o ~Joutor 1erfc da Silva J\'lai~arenhas a deYai!ar do procedimento ae tollos Anno os Cabos ' e Otli~ia.:s do Excr~1to ' na rcdia to!erar a I 6--t-6. fin~eridade do 1~2u anin1o a dcilr~za <.lc icl!S inimigos, fuppondo por Yl:ro11meis ~irLun.l:Jih:h~s ~li_~ era o .T\lei~rc de Campo General Jo<llll-:e }.fendes de \"a1con~c1los Ca- Go,crna ho deil:a parcialidade; e que ll:J.OO COlTI a authoridaoe do Joannc f\. - h . Mndcs a tl eza o 10 1av1a grangca.- n - ia Pouo, tena com a lu - b"1 - d. engen 1 1,r. d"L . . ' '-il'f\"lllC !! do grande teqtllto, e 13 ta taCllmente pern1a Ir as n~ s opinio~ns. Etn aufe:1cia do ConJe de Cafre11o-J\ldhor, que na V<)!tou ao Goyerno das An11as da ProvinciLll~~ Alemtejo, bc~u jo.1nne 1\1endes governando, e como _c1 .. frava todo o ieu cuidi:1do c1n dar a entender cue na iua fencia n1ilitar confifria a confcrvaca do Reiro , tnYfreril>Lunente lliihibuia noYas orden~, e difrof:oens no Ex-:rcito, que como yozes de Oracu1o erao venerad2.~, e applaudidas, aflin1 por ferern ben1 ponde1;ad3s , con1o pelo muito que naquelle ten1po fe carecia d~ inteira noticia dos preceitos militares. Joanne J\Iemks , logo que comeou a governar, deo conta a ElRey da gt:ande din1inui:1 a que efrava reduzido aquelle Exercito , e quanto conyinha na fe perder ten1po nas prcvenoens para augm~ntar os Teros , e Tropas. Refultou d..:fra di1 1 . 1. 1genc1a 1nandar ElR ey ao C on de ce Cantan he d 1evan- fc.e,a;; que . 1e fazem ta r na Provinda da Beira I 500. Infant-=s, ao Conde C a- no Reino; mareiro 1nr na de Entre. Douro e J\linho 2500., on A!emtejo 1000. ao Porteiro mr Luiz de J\1e1lo, naCoInarca da Efh~1nadura a Thom de Soufa 6co., e no Reino do A1garv~ 4co. ao Cot'!de de Vai de Reis, e h:x,ira -todos 2s lifras dos foldados aufentes para os reconcuzirn1, e Officiaes dos Teros de Alemt~jo para qu~ ajudaffcnl , e concuzifien1 novas levas. A efre mefmo r~dfo fe adiantra outras prevenoens , mandando EJRey prohibir a Joanne .1\Iendes conceder licena aos Offdaes, e Soldados para fahirern daquella Provinda. E ordt:noll-}he, por fat1sfazer algun1as propofioeds dos Procuradorr-~ das Cort~s , que no anno antecedente fe ha" a rrinc:piado en1 Lisboa, como l1avernos referido , que ceife a huns artilheria para os ~us lugares, a outros n1ais nurr1e-
roi
12?
PORTUGAL RESTAURADO,
Anno cta que procuravao a fua incotnmodidade , antepunhao I6..j.6. a de~ni do R.cino a qualquer n1olcfria. E E1Rey, conhecendo efte zelo, caminhaYa pela fineza de ieus Vafillos CGfi! acertada politica, dii"penfando-lhes co1no merc o n1etn1o qu~ como fervio pudera comprar-lhes, fe os Portuguezes ie va!rao de exetnplos dos fubditos de outros Principes, que difficiln1entc fc deixao reduzir a acceitaren1 guarnic;ocns , e a!oj;;n:entos. J'v1as viver~o fempre tao ajuft~1dos com a Iey da raza, que netn entre os foldados, e paizanos fuccedeo differenca confideravel , nen1 os fvldados por falta de pagamento~ -fouberao o non1e a n1otins, o mais prejudicial contagio dos Exerci tos. O rigor do Inverno havia divertido as entradas das Partidas, e Tropas d_e h uma, e outra parte, continuo exercido da Provincla de Alerntejo, e deixando no mez de Maro tratar-fe a campanha, e vadearen1-fe os rios, veyo o inimigo ar.. ~1;1r s Tropas da Ronda, que coi1umavao todos os dias iahir da ~raa de Elvas. A' Cavallaria, que fe alojava em Badajoz, ie unira o algumas Companhias dos quarteis vifinhos, e juntos mil Cavallos fe embofcrao no rio Caya na parte en1 que entra no Guadiana. Foy fentido o rumor ch~s T'ropas das vigias que de noite ficavao obre os por.. tos dos rios ; viera o cotn diligencia dar parte a Joanr:e ~endes. Logo que atnanheceo, mandou fahir o Con1n1ii-:. fario Geral da Cavallaria D. Joao de AttaiJe con1 400. Caval19s que atfii.1o en1 Elvas. j\Iarchou elle, e empe.. nhou-ie con1 tao pouca cautla, que chegando Atalaya Recontro da Terrinha, deo ten1po ao inimigo a fahir da etnboca~a, ddaATtalay~ e a fe ayanar deforte, que quando D. Joa fe uiz retia crn. c . rr } rha. rar, 10y preclo fer con1 tanta pr~ua , que 1-e l1e d eo nome menos decorofo. M ifrur~.ra-ie os prin1eiros foldados Cafl:clhanos com os ultimos de D.Joao, fizerao 4o.rri.. fioneiros, ferirao fete ; os n1ais , valendo-fe da boa diligencia , fe falvrao em Elvas. Senti o Joanne Menccs G oyern a a t t - A ~, con1o o Cavallari~ an o a pouc? pru d ene1a d e D . Joao d e .L: ttau1 . D. Rodri- receyo dos toldados ; e pedindo remed1o ~ ElRey para go dcCaf- atalhar eil:e dan1110 , refolveo ElRey que ie pafa11e pa~ro. tente de Governador da Cavallaria a D. Rodrigo de Caftro
16 ... )
tro, com o meii.110 foldo dt' oitenta nl reis cada tnez qne kvava o Jvlonteiro ]\lr General della, que fe hayia Anno dt'fobrigado daquelle Pofio a rd peito da fua muit3 idade: 1646. e foy juntamente provido no Pofro de 1'henentc G~neral da Cavallaria D. Joa .J\lakarenhas , hoje ConJe doSa- n ..Ioa bugal que tinha chc<Tado de Cafrclla por FrancL1 e fcr- 1\lakarc ' t:., _. , ~ ' d D nhasThcVtdo en1 Flandes de C;Ipttao Je Cavallos a ordcn1 e ncntc Gc .. Fil ippe da Silva General da CavalJaria daquelles Paizcs, ncral. irma6 iegundo do 1\:larquez de Gouve:1; aprendendo na f na can1panha, tnas_ na familiaridade da fua cafa os me1ho!'es preceitos da tua doutrina n1ilitar, avaliados n~.quelle tempo no manejo da Cavallaria pelos n1ais infallivds: 1:\ o tnefmo tetnpo nomeou EIRey por Caritao Gen~ral da Artilheria de Alemtejo ao J\'1efrre de Can1p0 Andr de .A.lbuqucrque, que governava Cmnpo Mayor, por Andr de efl:ar vago el:e Pofl:o , pelo haver deixado D. Joa da Albuqucr-. Cofra no anno de 1644. homiziando-fe, a refpeito de hu- que u~ rna pendencia, que teve em Elvas com o Conde Camarei- ~crrt~lh!:. ro .l\'lor , por h uma leve defconfiana , de que o Conde ria. fahio con1 hia grande ferida recebida , e dada com igual valor. A eleia de Andr de Albuquerque, ainda que foy muito acertada, por fer digno o feu procedilnento de grandes occupaoens , occafionou arrezoada queixa nos j\lefrres de Campo Luiz da Silva, Joa de Saldanha, e D. Sancho _Manoel por ferem n1ais antigos. Fez ElRey toda a diligencia pelos focegar : porm Joa de Saldanha veyo por efl:a caufa a largar o Pofi:o , e os dou~ na fe de:ra~ por h1tisfeitos fem mayores occupaoes, a que pafi- rao dentro de pouco tempo. Os Caftelhanos depois do fuccPfo de Elvas, determ1nrao queimar as barcas de Geromenha , querendo hnpedir facilitar~tn a comn1unicaca de O!ivena. Na chegra a confegu1-1o , pelas def~nJeren1 os fJdac'os , e moradores daquella Praa. Tivera n1eJhor fuccefTo em hum comboy que totnrao antt:s de chegar a Olivena, levando?.). Cavallos que o fer..ur:?va. N'o n1ein0 tempo havia entrado toda a fua Cavallaria, e f~ZfT do En~.rada,e alto, junto da Serra do Bifpo, duas Iegoas de F 'v as, t"~;1:1~~; para a parte de Efi:renlOZ' C.Ofil a lnayor parte cas 1'ro- nos. L ii p ..1.s, .
16.4
p2s, divjdindo tiS outras pelos termos de Monforte, Vci~ Anno ros , e Fronteira , defrruirao aquella catnpanha , e re16-~6. co!hcrao-1:~ con1 todo o gado, e roupa Jus lavradoreg. l oa_nne l'rlendes ac~an~lo--it~ en1 Elvas ~nf~rior no poder ialuo c0111 a guarntca da Praca a te{bnmnhar o dan1no CJllC os l:lvrador~s fic;va pade:endo. Os Caflelhanos dePL)is de fe recoJheren1 a Badajoz , confrando-lhes por ver.. dadeiras noticias a debilidade das noffas 1 'ropas , dee- j,ava V;_ilcr-ie da ocrafia , e a efi:e fitn fe prevenra6: Con11:ou a Joanne Mendes qt~e fabricava efl::e intento, deo conta a ElR_ey, e }-"'edio-lhe qne ie na dilataflen1 cs_ foccorros daquella Provincb. ElRey deiejou 1nandar gt~~lda _vez a governar as Annas de Alemtejo a Mnrtim A~fonio de 1\lello, que fe achava em Lisboa com pceco dckjo d~ voltar ao Governo do Algarve. Diirs-fe J\!artinl Affonfo a obedecer-lhe, e ror efl::e reipeito nomeou EJRey por Goyernador do Alp:an:e fegunca \TZ ao Conde de Obido~, fetn fi1zer cafo de dar n1otivo con1 efl:a variedal~e, a que o---'---n1undo lhe condenale ~u a pritneira, ... ou a icguncb troca que fez defl:cs dous iujeitos nel:es n1efmos Pofl-os : porque os Princip ?s, como pertenden1 ier arbitras da fortuna dos hon1ens , aprendem da fanliaridade com que a trata6, a liberdade do feu poder. O Conde de Obidos raflou ao Algarve, e Martim Affonfo na Torna 0 governou efre anno as Armas en1 Alemtejo, porque ElConde de R ll . d. - Obidos 1 cy 1e negou vanas conventencJas que pe ta en1 1atts:~o Gorcr- fv~ao defta jornada. E ten1endo E1Rey o danu1o querono do~'\,_ dia receber a Provinda de 1\len1tejo, mandou applicar ~pr.c. com grande calor as levas de Infantaria, e Cava11aria, e ordenou a j oanne Mendes que a todo o rifco defendei-_ fe ?S lugares abertos, receando que os p~izanos vendo:ie ta r --lX~tidamente tnaltratados , tom afiem algtmla reioluao difficil de remediar depois de declarada. Portn os Cailell1anos nao f fe abfl::iverao do damno que ameaav:_1o, n1as confiou por huma carta do Barao de Molinguen, efcri,_~l a ElRcy deCa.frella, qt;e a diminuia das rropas daquella Provinda era de qualidade que fe achava ~on1 grande receyo das noffas prevenoens. E como era 1gual o te1nor de hun1a, e Qut.ra parte , ua forao os pro-
PORTUGAL RESTAURADO,
ie-
grcfos
t6)
gtefos confiderav~is., S as 1~ropa~ da guarniao de Campo n1ayor padecerao naquelles dtas o damno de perde- Anno rem 6o. Cavallos, que lhes tomou o Barao de Molinguen, 1646. fahindo ellas a hum rebate con1 pouca cautla. ElRey dcfejava tnuito adiantar aquelle anno os progreffos das iuas Armas, aflin1 ror iatisfazer s infrancias de Frana, que vivamente apertavao por hum a di vet{ao de taPta importanda , que neceilariamente dcbilitafl'e o roder de Catalunha , ~orno por ad1antar as pertenoens de 1\'lunfret que padecia6 pouca reputaao. A efre refpeito elegeo o Conde por Governador das Annas da Provinda de Alemtejo ao de Alegre Conde de Alegrete, de quem jufratnente fiava os mayo- te ~u,cr tt!S acertos: acccitou elle a occupaao , ainda que lhe Ja.. ~ador sda va grande cuidado ter por Mefrre de Campo General a nua~ Joanne ~1endes de Vafconce11os, detcobertamente con-. trario aos teus deftgnios' e orrofi:o aos feus intere1Tes. Joanne 1\'lencles, antes que o Con<;)e chegaffe, ajuntou tres nul Infantes, e 8oo._Cava11os, e rafou a Arronches com tena de arrazar o Caftello da Codiceira, que :1\fartim Affonfo de J\1ello por falta de infirun1entos nao ha.. via ganhado , quando foy quelle lugar. De Arronches man\.!ou Joanne l\l~ndes adiantar ao General da Artl!heria Andr de .Albuquerque com mil ltJfantes, e 300. Ca vallos. Chegou elle ao Cafrello, deo ordem que fe arri- Ganha-re; mafie hum petardo rorta, na o qu izerao os Caftelhanos e arruinaaguardar o effcito delle, rendra-fe dous Capitaes de In- fc 11 o Saf c . _, oanne M en- te o 4,;ci~ f anta na com cem I nta;.ltes que o gu1rnec1ao. J Cad 1 '"a des depois de rendido o CattelJo , chegou a elle -, e pare- ra. cendo a todos osffidaes, que chamou ao Confelho, que na convinha prefidi-lo' ror nao efpalhar tanto as guarnioel~S, nem O fitio ier de grande importancia rara a defenta dos lugares abertos daquelle difirh:to pela vifi nhan~ d.e Arronches, e Portalegre qtle os cobria o, tnan.. .r dou mtna-lo, e rebatendo as rr..inas, ficou ruina aquelle ; edificio. O mefmo fe executou com as cafas do lugar que efrav_a 1evantadas , tendo-te refpeito f Igreja, que fi. i:OU tem damno. Levantou-fe nefta occafia6 huma duvida entre D. Rodrigo deCafrro, e D. Joao Mafcarenhas fobre o lugar eu1 que havia de n1archar a Companl1ia de D. L. ili Ro ....
4 '
--
Rodri50, q w~r~ilUJ ell~ que fvif~ no corno direito da Anno vanguarda, como era efrylo , em quanto as Companhias 1646. da gu;}rd.1 do Generalna6 occupava aquelle lugar: mas accrefcentava D. Rodrigo, que o feu Then.:!nte diante da Tropa havia rle preferir aos Capitaes pagos. Dizia D. Joa , com rn ilitar experiench , que no lugar da CompaDuvida nhia na duvidava; porm que era neceifario encorpordosCabos la corn outra de Capitao , que en1 aggravo dos outros fe puzeiTe diante delta. Incitados da queftao largra os Jaria. dous algumas palavras , e por atalhar obras mandou Joanne Mendes preilder a D. Joa6 Mafcar~nhas , que aiada que na duvida era o mais arrezoado , no excefio das palavras contra o feu Cabo havia fido o mais crinlinofo. Foy folto antes da Campanha por ordem delRey, depois de fe ajufrarem as amizades , e lhe mandou que tornafie a exercitar o ieu Pofto, que elle largou quando o prendrao. Retirou-fe Joanne Mendes a Elvas, e den-tro de poucos dias marchou O. Rodrigo con1 500. Cavailos, e outros tantos Infantes a queimar o lugar de Santa Martha 9.legoas de Olivena. Aflim o executou, e deiXlndo aquella campanha deftruida , deo volta a Elvas fen1 dar vit1 dos Caftelhanos. Outros fucceifos de menos importancia houve de hu1.na, e outra parte, e Joanne Mendes por ordetn delRey fufp~:ndeo as entradas, a refpeito de achar na Carnpanha futura defcanarla aCa'Vallaria. Chegava-fe o tempo de fahir a elJa, e antes que o Coade de Alegrete parti1fe de Lisboa , mandou EJRey propor no Contelho de Guerra a empreza que fe devia intentar, advertindo que havia de confrar o Exercito de doze mil Infantes, e 1000. Cavallos com todas as pre-venons neceflarias para a expugnaao de qualquer Pra.. a. Forao varios os pareceres dos Confelheiros : porque T t dos os muito orgulhofos queriao que {e fitiaffe Badajoz, e c~r~~hci- ao menos Albuquerque, ou Xerez ; os mais pond:~rados ros de votra que fe intentaffe Alcantara , tnais .fi:tcil, e nao Guc:rra. menos util , pela feparaao que fe co!lfe(~uia dos dous partido.~ dos Cafrelhanos que o Tejo divide , e cotn-munka Alcantara, e pela uniao que grangeavao a$ nofi~ duas Provindas de Alemtejo , e Beira , ganharla efl:a L Praa1
I65
P:JR.TUGAL RESTAURADO;
:ar:o:::l-
-167
da vez entregue da rrovincia de Entre Vou to e Minho, Anno votava c ue por aquella parte ~ cmpenbafle t<?CO oro- 1646. 1 der em datuno de Galliza : porc1uc a defpeza ieria n1ui to menor, e que a utilidade era certa , e incomparavel. u Conde ue Alegrete inclinava-fe Empn:za de Bada.. joz, formando ElRey n1ayor Exercito do que pron1ettia; e e1n cafo que na rudefle augmcntar-fe, ieguia o parecer do Conce de Caitello-!vlelhor. Vendo EIRey tanta diverfidade de opinioens, fe rciolveo en1 fe nao refolver a feguir qualquer dellas, l~um dos mais prejudiciaes erros dos Prlncipes : porque a experienda tem por Inui.. tas vezes n1oihado , que en1 materias grandes , e pareceres diverfos he mais util ieguir o peyur , que na ~ceei.. tar algum ; porque o mal i e fe opera , tem remedto, e fe fufpendem , como na toma frma , os negocios eftao incapazes de execua. Obrem os Principes , e na paretn 'por nao ierem condenados como as Eftatu~~ de Me cu no, que paradas, e mudas nas efiradas dos Gen~ ti9s, pertendia enfinar os cannhantes. _ Ordenou ElRey ao Conde de Alegrete, que parti.Ife para Alemtejo, c que exan1in~ndo as prevenes dos Caftelha nos obrafie con1 o Exerctto as facoens que fof.. fem mais uteis , e menos arrifcadas , ida melhor para propor, que para executar. Partio o Conde con1 efperana de patente de Capitao General, e com promeffa, como e1le entendeo , de que fe havia de retirar para a Corte o Meftre de Campo General JoanneMendes de Vafconcellos. Tanto que chegou a Elvas, infrou por huma, e outra Capitulaao : refpondeo-lhe EIRey, que em quanto patente de Capita General, confideraria com mais vagar aquella n1at~ria, e que tirar o Pofio a Joanne Mendes no principio da Campanha, era defi:ruir-lhe a opiniao ; e que como fe nao len1brava de haver feito efl:a promefla , Pr;:1ent~ lhe ordenava, e pedia cedefe a paixa particular utili- d~~~~i~a ti ade publka. E accrefcentava da propria letra grandes encomios do tnerecimento do Conde ; advertindo-lhe que confiderafTe que era o tempo tao entrado, qqualquer du.. ~ida que propuzeiTe uefra mat~ria , feria defcompor toda
ie
1!
afa~
t6S
PORTUGAL RESTAURADO,
a fa'.Jrica queefrJ\Ta prevenida:Rendeo-fe o Conde a efi:c .Anno preceito, eJoanne Mendes, a quen1 na foy occulta, coI 646. 1110 era raza , efta repugnancia do Conde de Alegrete; ele6enJo catninho tnais politico ' e muito proprio rara' grangear a vontade delRey, efcreveo de EH:remoz hua carta ao Conde de Alegrete con1pofi:a de offrtas do~ feu animo , e proteftos da iua an1izade. A copia defta car ta retnetteo a ElRey , e na que lhe efcrevia infinuava ter noticia do que ElRey havia paffado com o Conde de Alegrete ; e que nao bafi:ava efi:e aggravo a lhe perturbar o anitno do bem publico , e ervio delRey, que antepunha a todos os outros accidentes. ElRey ie dco por ta obrigado defi:a artificiofa fineza de J oannc Mendes, q U:'! lhe efcreveo hun1a _carta de muito encarecidos agradecimentos. Ajufl:ada efi:a amizade por fora, (de que raras vezes reiulta verdadeira 11nia) paffou Joanne i'vlendes a Elvas, e conferindo o Conde de Alegrete com ellc. com D. Rodrigo de Cal:ro Governador da Cavallaria, Andr de Albuquerque General da Artilheria, o Coronel Cofl11ander, e D. Joao a Cofi:a, que havia pafado a fervir quella Campanha fem Pofto, a em preza que havia de Votos intentar o Exercito; foy de parecer o Conde de Alegrete, ~~sCah~s D. Joa da Cofta ' e Cofnlander, que fe interp!endeiTe citoExer o Forte de S. Chnl:ovao, e que em fe confegutr fe co-' lheria o fru.:lo de fe examinar o poder dos Caftelhanos : porque fendo tao debil, como fe fuppunha, nao feria diffic~l continuar-fe o fi tio de Badajoz : e que en; cafo que o Exercito de Cafi:ella fofte mayor do que fe 1maginava, com airofo principio fe poderia pafar etnpreza de Al~uquerque, Pra~a que protnettia fclice remate quella Campanha , por ferem debeis as defenfas, e grandes as confequencias de fe confervar, ern cafo que fe ganhaffe. Joanne Mendes, D. Rodrigo de Caftro, e Andr de Al. -~ . ) buquerque diziao, que julgavao p0r nulito mais conve. .~.; niente attacar prhneiro o Forte de Telena: porque na defenfa daquelle Pofto fe examinava a menos cufto o poder dos Caftelhanos; c que para ganhar o Forte de S.. Chrifi:ovao , era conventente fegurar primeiro aqueUe p~fo dq GuaJiana. Hun1a, e O\ltra opiniaq. era de gran ... ~! - - . \: wi de
4
"',.."PARTE l LJT?.RO
J.}(. '.
169
ile rifco , e rouca utilidade : porque o Forte cle S. Chriftovao .era tao diilicu1tofo de confcguir , como derois Anno anolrou a e:xp~ric!lcia ', quanJo_ efr:1 repetida tenta_sa .1646. ,_ veyo a_fer.conient~d_a. E en1 caio qt~e nefra.o.ccafiaofe) ganhafle \ ne~l~ facllttaya a,empreza (i~ BadaJOZ' ror fe J i11terpor (,uadtana entre o lorte , e a Ctdade; nem fegutava ganhar-i~ Albuquerque, por fer grande a diftanCia, e ficar'"intala a Praa de Badajoz, de que havia de fahir:. os foccorros para Albuquerque. Da .me fina iorte era inutil a effit"'reza do rorte de Telena: porque' ainda que i e ga--r nhafie , i~ portava pouco para a conquifra de S. Chriflo. ~u va , por ier o p_orto do Guadiana, q_ue cobri~, difrar;te, c pouco nccd1ano ; e para fcr T'e1ena conqutfra umca, era pouco util, e facil de reedificar. lv1as a principal caui de fe na uniren1 os rareceres, parece CjUe era na ef-..: taren1 entre fi muito conformes os anin1os dos que vota,a. O mayor prejuizo que padecen1 as en1prezas gran eles: porque he muito difficulto fo acharemie animos di\erfos por paixocns pa ticulares , que fe ajunezn a con-. correr para o acerto do fim publico . O Condede Alegre- te. , vendo dou s pareceres con1 votos iguaes, elegeo o t meyo de recorrer a EJRey rara C1Ue clecidife efl:a quefrao. Deo-lhe conta, e Coftnaner fez o niefmo, declarandolhe com zelo, e fielidaC.e , qt1e a diverfd~de dos rare- 1 ceres nafcia da pouca urtiao dos animos~r ElRey refoJveo que juntos os C,bos, e Offiiaes nlaYores do Exerdt0:,-t ex:unin~Lcas as foras dos Caficlhanos ; ie aflcntafe, e feii~ c guiffe o que parece!Te tnais conveniente, querendo que. - J:.L.:t os Cabos, e Officiaes mayores , ohrando.por eleiao rro.. { .. : ~ .. t 1 P!-ia ,~; na.u~fcanakm na clefcnl pa de ferem m.an~acos. ~',~;;;~~;,}; Conlci1:a orden1 c-hamou o Conde de Alegrete a Confe~ .dl lho, e prevalecendo a opiniao cle fe attacar o Forte de '1 elena, u~1idJs as guarnioens , hayendo chegado a ma~ yor parte.dos foccorros das Provincias , a gente das novas levas, e as carruagens-, r~fTou o Conde de;J\lep:rcte Guadiana a I 5.de Setembt~o com 7.1oc~ Infantes-repartidos em~ dez Teros, de que erao 7\lcfl:res de Cmnr.o Francifco Sa_he em '~e Mello de ~~rres, Francifco l3arret?, D_. Ma_n~el ~Iaf,;;Fo1,ha tarenhas, D. Sancho 1\1anocl, I\'l;utiUl Ferr~ara da Ca.. Exercito~
I ... : r)
J... ~1
n1ara,
t 7J PJRTU:;Ar.J RESTAURADO, m tra, Diogo GJ1.n ~s de Figueir;;!J:J, O. FLlildfco de Caf.. Anno tello-Brati.:o, Belchior de Lemos, D.J oa d.:! Portuga!, que 1646.:govfillV.l o Ter:J dejoa6 de Saldanha.por hav~r .ticado do~.lte, c r6:>::>. C1vallos, de qu(! era Govcrn1dor D. l\..o.. drigo de Cafrro,e The.1ente GeneralD. Jo ao !vlafcarenhas. Paffado o rio fe1n oppoila .dos Cail:.!lhanos , na differindo a exccua6 do intento, atacou a Infantaria o Forte Ataca o de Tele na. Fizera~- te platafornl.lS, e c~me.ra6-fe a pro Forte de Telena. ch~s , e vendo os. Cal:elhanos preparar eicadas , e prevenir mantas, depois de perfil:ir.!m tres dias, rendra o Forte, que fe rende:. falvas as vidas de 250. Infantes que o guarnecia. E fendo a rcfolua do Cond~ de A.legret~ d~nantel-lo, deo ordem ao G~neral da Artilheria ( qu..:! havia affiL1ido ao ataque do Forte com muito valor) que mandaffe fazer-lhe fornilhos, e atacados, fe lhes deffe fogo com dilig~n cia. Co:n~ou-fe efta o~ra , e nao eftando ainda todas as minas acabadas de atacar, appareceo o ininligo con1 29. Tropas de Cavallaria , e algutnls m1:1g;.1s de mofqueteiros. O dia a~1t~~-:dent:e havia chamado o Conde de Al~grete a Confelho, e fem hav~r diff.;!rena nos votos fe af.~ntou que o Exercito torn:afe a pafar Guadiana: porq:Ie era impoffivel e1npr.;!nder o Forte de S. Chrillovao' teado o inimigo em BadJjoz 'cOnl os foccorros que lhe haviao chegado, o Exercito fuperior ao nofo. 'I~o Inada eft 1 reioluao, fe ps o Exercito em marcha , e tendo pafado Guadiana no porto das Mefiras tres TerRetira-re os, e p3.rt..! das bag ..1,~e1s, curegou o Bara6 de n1olinoExerci- gue;l, ou-~ m1ndava o Ex:~.rcito d~ Cafrella em aufencia ! 0 :at~ca 0 do Marquez de Le<'"anez que havia paffado a governar .. 0 ammtuo a .... T r0pas n~uas 9-ue__, eft a_vao avan' .rr - Retaguar- C:1t1lunh.1 , algumas da.J ~adas, obfervando a iua detern11naao~ Fora eftas logo ioccorridL1s de todas as m.lis, e ajudadas da artilheria, e de algmn:1s tnangas de mofqueteiros , apertra deirte com as Tropas ir.migas , qu as obrigrd6 a voltar as coftas feguiado-as. valoroi3mente D. Joa Mafcarenhas qu~ as ~overnava por efrar O. Rodri5o de Caftro co1n huma f\!:;r~: porn1 mo~.L~r.ln.jo-fe , le veyo a achar no fegu.1do co~flLl:o. R~colh~raa-fe os Caftelhanos ao bof.. qu~ da Cc>~hoela, tneya l.:!goJ. de T el~na, fi tio e1n que eftava
tava formado o tt.fio '~o ft:u l-_xtrdt0. Jicrao na C2mranha .90 Ca_!elhanos rr~ortos !. e vi_:ra, alguns rrifcnei- Anno ros. Stna1ar~o-fe nefra occafiao Joao :r-, vr.Es da Cunha, e 1646. Thom de Soufa, aml-os folcaccs vcluntarics. Retira<los os C~.ilelbar.os, fe recoll~ra as 11ofas Troras, e e1n Guanto d~uou o con~ilo, eft~ve o. Con~e ~e-~kgrete e os mms Cat-os d1ante co Exeroto dJtnlumdo as ordcn~ conveni(ntes. Ao temro que as Troras cl:efra6, .Appare.; appareceo o Exe1cito co inimigo'. fahindo da Corchoe1a ce. o Ex~ formado com 75co. Infantes repartidos t:m dez Tercs, e ~r~,t~a do ""' _,. ' r r m1m1b~ 35CO Cavallos ClVlulCOS Em 41 eJsua cl roens' e JEte cas de artilheria. O Conde d_e Alegrete , tanto G_l1e reco-~heceo que o inimigo o butcava , mat~dcu puxar pelos Teros , que havia paiTado o rio , e intentou formar-fe ao calor do Forte que c;.ueria g11arr.ecer, e r Jantar nelle artilheria, e cem dla vantajem efrerar a l-atalha, fe o inimigo fe reic1Yd1e a ~tact-Ja. fcy Ce COntrario rare- sJCI cer Joanne J\1endes , e Andr de Altus11erque, e com- 11 protefros , e vel,emencia rerfuadira ao Conde de Alegrete, que marchafe com o Exercito ao rorto , que era fitio muito defenfavel' e qt1e da outra r arte do rio pedia aguardar a refolua dos Cafrelhanos com rnayor fef,U rana. Cedeo o Conde de Alegrete a efra opinia centra o feu parecer, e contra o que convinha : rorque lem das v~ntajens, que coniegria en1 fcrm2r o Exercito junto do Forte , efraya 0s Caftelhanos ta vHinhos, que medidas as dift1ncias, con-_o tra ra'ZctO , rrimeiro cu e o noilo Exercito chegaffe ao rio , hlsi~.o cs C.flelhanos de atacar a batalha com a vantaiem de acharem nofo Exercito em marcha , e ror efte. ret}.eito (como uccedeo) mu1tip1icarem-fe os ccrac.ens cus c;ue invefiia, e diminuiren1-fe nos ou e fe retiravao : forcme o commum dos folrlados raras ~ezes tem cifcurfo utiJ fcm objedo facil. E affim fe experimentou ncfra cccafia , rorcue ainda que o fim dos Cahos fofe melhorar de pofro , t~nto que os foldados vcltra as coitas ao inin1igo cu e yj.. q gorotmente marchava, enten(enco ~ ue era rece,ro, e na arte, muitos de11es 1-frefTan~o o -flfo fem rdcm raffrao o rio. O Conde de Alegrete marchou a bufe ar o porto,
lii
rc-
172
PORTUGAL RESTAURADO,.
porf?o , deixando to.da a Cavalbria tormada na retaguar.: Anlin -da do E?<ercit parc.1 refil:ir s prin1eiras 'I'ropas dos Caf: . I oa~-6. telh..inos,, que i e h~1via avan~-1do a en~reter a nafTa tnar- ha , ate chegar a iua Infantana. Forao el:as om perda por vezes rebatidas. Neil:e tempo havia o Conde chega.. -do ao porto , e querendo fazer rol:o aos Cafrelhanos que .viahao cotn toJo o Exercito perto da noifa retaguarda, -~,-, 1 , n.to achou para formar mais que tres ,.reros, que era ~-~~ dos !VIel:res de Campo D. Sancho Manoel, Francifco de , ~Iello, e Diogo Gomes de Figucired o. Forn1rao-fe el:es valoroimente com as cofias no porto , e cobr.ra os ta.. dos , e vanguarda de ca valios de friza ligeira , e defenfa.. .vel fabrica , que j1 por muito comma na6 neceffita de ~ explicaa. Ao calor dete reparo multiplicra as cargas as bocas do fogo, e rebatrao o inimigo que os at.1cava Ataca 0 .com itnpeto, e vaio:. Na foy grande o aperto en1 quaninimiaoa-to. a .oofa Cavallana ful:entou o pofi:o en1 que efrava. retag:ar- -fonnad. : porem depois que a mayor pa1~te das Tropas, da. ~ced~:1,do a honra ao receyo, voltrao indignamente as coil:as , e fen1 r~i_:peito dos Cabos , e Officiaes pdffrao o rio, ,humas pelo porto, outras pelo pgo;. fuy mayoro rifco ,do~ ~reros : porque ?s Caftelhanos tanto que recor~hecetao a confufao , e ddordem do nofo Exercito , fem ,perder tempo atacra co1n todo o poder que trazia. Porm os Cabos, O.fficiaes, fidalgos particulares, e al.. :guns ioldados de opinia detivera de{rte o prim:!iro impulfo dos Catelhanos , que Andr de Albuquerque tev~ tempo para fazer voar duas mitlas que arruinrao os dons lados principaes do Forte, e Joanne Mendes, pe Jeja:1do muitas vezes corpo a corpo co1n os inimigos, fez pafar pelo porto os Teros: porm alguns oldados mais d~preffi1 do que convinha fe IJ.nra6 ao rio , e os CafleJhanos" con1 mais prude~1da da que deviao, deix~ira de aper.t~los. O Conde de Alegrete havia acudido a todas _as partes com gran:de diligencia , e valor ; e logo qu_e o Pafi'a o Exercito acabou de paffar o rio, o forn1ou fobre o meimo no'!o Ex.porto das !vi ':!fi:rl~, e do 1n.~yo dia.at a noite jogou a ar.. 0 e~cltoG ,tilh;:!ri.l , e n1u!quetaria de ambos os Exercitas , en1pre... no ,-ua- . d diana. gando-i;: n1uitas blas nos ioldados e h uma, e outra parte
gundo conliL1o , en1 que entrjra0 tres Sarf!entos 1\l res, Anno ~1ete Capitaens \.k Cavallos: dos noTs morrcra c,.?n- 1646. to e vint~, e retirra6-fe oitenta feridos. Foy hun1 ~los 111ortos o Capita de Cavallos i\1anod da Gamn1a, fenti'-lo geralmente , por ier dotallO de gr;1nde YaJ.or, e de outras n1uitas p::!rtes. J\lorreo t~unben1 Jorge de J\Iello dentro de poucos dias por Jhe ]eyar hlima hila ue [llti11,eria a perna direita. Era filho fegundo do 1\1ontciro 1\Ir, e haYia hegado l'OliCO tempo antes oa dtreita priZc' de Granada , tendo n1o.fhado em tod<:1s as accens verL~adeiros finaes de gra\.\e n1~recin1ento. D. Joa J\1afcarenh.::., Thenente General da Ca\ .lllaria, vendo ~~n~ na rociJ. Jeter as Tropas da outra parte do rio , fe apeou do C2yallo, e tomou hum,1 pica no Tero de Dior-o Gomes, accao de ou~ lhe refultou rrr.1tEie ]onvur. o C:Jn~ta c~e C.1~-a11os Gil Vaz Lobo ful1:entou a w 'Trora ivre (o lirrrobrio d~lS 011lS' e com grande ya!or ri?.fTou GP3(.: !~ila na ret;H?l~ctrda cos tres Tercos. Na fe 8cLou nt:ita oc~..:;;-.fiJ D.Joa d<:1 Co11a i-.or fi~aren1 L!v:as impec:ido ck i (,a. graye enf.~rmiJade. P'roced.~o ndla com acoens ~~~t:ito particular:s D. Henrique Comrton1 Elllo do Embaixa,!Gr ~elRcy d~ Ing1Llterra ~ que afl!ftia em Lis~o2. Logr0t: ... fe nefiJ acca6 a vantaietn de ie aL,car, e r~nJer o l ortc d~ 'I'el~na ,"' (a qu':! chan1aV:16 S. Joa cL Leganez , cnl obf~quio Jo J\1arquez que o havi.l fabricado o anno ar.teccdente) viftc1 de hum Lxercito furerior ao r:of!o, carr~gar-lhe as primeiras Tropas que atticrao, ol--riP.a;."'l d(~-as a vo!Lu ~tn as coftas, fufrentarem tres Teros i1tra porto , e paf;:n~nl-no fen1 damno cotfideravd , f~n(.o c?mbatidos de tao def~gual poder, ficar formado o Exercito '.depois de paffar a R iheira, na m~rgem deiJa, 1em lhe divertir a confrancia a fu ia clas muit2s hlas de mti ... lheria que cahira6 fobre elJe. E n~rece i afal!ivel , QliC (e o procedin1ento da nofa Cav:alJaria na ofora ta c dcfirl[!l, e fe o Exerl:ito L~ fonnra no caJor do forte guarnPcic1 o, como o Conde de A1er:rete intentlYa , ~1e FUdt.:r2mrs ontar tan1bcrn efra entre as outras l:atalhas 'IUe derois
7
P ~1RTE I. l~JTTRQ IX. 173 te: Confron perdtrem os Catl:elh<.lns duzt?ntos nefl:e 1e-
vencemos.
...
Aquel-.
174
PORTUGAL RESTAURADO,
Aquclla noite Yeyo o Conde de Alegrete alojar o Exercito aos Olivaes de Elvas co1n a frente en1 Gadiana, e os Caftelhanos fe fora o aquartelar junto a h uma Atalaya, pouco diftante de Badajoz, deixando em Telena algumas Tropas, e hum T'roo de Infantaria reparando as ruinas do Forte. O Conde de Alegrete n1andou pafiar mofi:ra ao Exercito, e ach~u que confiava de 5400. Infantes, e r 2oo. Cavallos, cardando efi:a diminuiao os mortos, feridos, e au~ntes. Deo conta a EIRey do pouco poder con1 que fe achava , e do muito que havia crefcido o Exercito dos Cafi:elhanos, que in1poffibi1itava as facoens antecedenten1ente propofi:as de S. Chrifi:ovao, ou Albuquerque; e que nefra confideraao era de parecer que o Exercito ie aquartela.fie na Ponte de Olivena para a reedificar, fendo poffivel, e fabricar hum Porte Real que a defendefe : e que poil:a eil:a obra em def~ni, a ficafe Joanne Mendes continuando com dous 111illnfan tes, e 8oe>. Cavallos , e que elle com tres mil Infa!ltes, e 400. CavaDos marcharia a interprender Alcantara, ajudado do Conde de Serem, Governador das Arn1as da Frovinda da Beira. Approvou ElRey eita opjnia. mas, agra~ decendo ao Conde o intento da jorPacla lhe oroenou que fendo poflivd executar-te, rnandaff.~ por Caho da empre za a Andr de Albuquerqn . ~, ou a D, Sancho Nianoel. Nao teve effeito e!l:a ida, porque chegou noticia ao C:onde de Alegrete que o inimigo fe preparava para interprender huma das Praas viinha.~ , e que reedificava com Conde de Alegre-grande diligencia o Forte de Telena. te, receando os intentos dos Cafre1hanos, mandou rara Olivenca ao :!Vleftre de Campo D. Anton1o Ortiz cotn o fen 'I'e;o, e para Can1ro Mayor a J\tl:u-ti1n Ferreira. O Barao de J\-1olinguen levantou o (!uartel de Vai de figuei... ra, (fitio etn que efrava aquarteJado) e paifou a ronte de Badajoz; e a novidade de fe ver o Exer6to alojado da parte de Portugal, fez refrrrr o prefidio ele Campo Mayor: portn o fim dos Cafi:e!!lanos era aquartelaren1-fe entre Badajoz, ~ o Forte Je S. Chrifrova6, por ~eren1 mais feeuros os ioJdados, cm e en1 grande numero fe Jhes aufentava. Socegado o re~eyo dcfre movitnento, paffo\1.
't 't
-o
PARTE I. IIPRO IX
175
fou o Conde de Alegrete COlll o Excn.:ito ronte de Olivenca co1n tena6 de a reedificar, como ElRev lhe havia . Anno ord~nado : porn1. achando-a ta o ~rruinada,. que era hn- 1646. poffivel repaci-la ien1 gr~tnde deipeza, e dtlatado tenlpo, p.1fou a Geromenha a ajufrar a Fortificaa6 daquella Praa , e tornou a aquartelar o Exercito nos o1 ivaes que J1avia deixal.lo. Kefre tempo mettco o inimigo duas partidas, huma entre Niza, e 1\lontalvao , outra ror Cai-_ tello de Yide : ficir<.li1 d2 huma , e outra nas nos dos paiz::tnos _dncocn~a Cavallcs. Tornou u Conde cle Alegrete a inl:ar a ElRey pela etnpreza de Akantara: refpondeo-lhe ne chamafTe a Condho , e que fcguifc o (jlle concordafTe a n1ayor parte dos votos; e que havenco grande vari:.:dade nos pareceres, ren1etteife ao Confell1o de Guerra os votos por eiCrito. Havia o Conde de Alegrete antecedente1nente rerrei~nta9o a ElRey, que fe na6 havia de confeguir faca q11e i e confultafle, porue conhecia dos anin1os de alguns dos Confelheiros que intentava6 defacredit-1o : porn1 na querendo revlicar ordem delRey , chamou a Confelho , e derois d proror o que ElR.ey lhe ordenava, foy de rarccer D. R.o;rigo de Caftro, D. Joa6 de Portugal, Belchior deLeD10S, e Cofmander , que fe pdfife Guadiana , e fe ganhaffe outra yez o Forte de Telena : porque em fe confeguir efta aca6, como fe devia efperar, logravao erande credito as Armas delRey , n1oftrando ao mune; c.ue V d . _, . c ~ o tos os C aft eI]1an~s nao po d.1a d e1endrE'r con1 1 1un1 E xerctto Caboi. os hum Forte v1finho da fua Praa de Armas, que cotn tanto empenho, d..:pois de o haverem reftituido , reedific- ra6; e que fe os Cafrelhanos fe refolvdfem a pelejar, C}Ue por muitas inferencias i(~ podia efperar a felicidade da vic1oria, emendando-fe os erros que fe haviao com.. mettido na o cc. fi ao antecedente. A efte parecer fe accommodou o Conde de:Alegrete, accrefcentando que o F<?rte, depois de ganhado , fe arruinafTe deiorte sue o inimigo conhecendo o muito que lhe cufi:ava conferY-~o, o nao tornafe a levantar. Joanne 1\tlendes , Andr de A Jb~Jquerque ' e todos os. tnis fe oppuzerao a efra {" rin i~o, QIZendo que llaO podia haver mayorirnrrudencia, f'PP !r bufcar
Anno erctto J(_l Imn11go _excedia nunto ao n?Lo no Corre da I6A..6. CJvallan:1, e que para paifarmos Guadtana co1n o t:e1n I iT" ' e bag:1r-;en~, et~a neceliano d_ous d"tas, tempo ~1afran~e para _o ll1HTI1go e aqt:artela~ JUnto do Forte , uccEEfo que fana a etnpreza n1Utto arnfcada ; e que marchar en1 carretas, feria p_rivarmo-nos da n1elhor fortificaa6 do Exercito. E accreicenton joanne lvietH.lt;:s com razoens apaixonadas , que efra nova etnpreza deiacreditava totaln1ente a occafia pafada, e offendia a opinia do Conde de Alegrete : porque fe elle queria ganhar o Forte para o confervar, n1oftrava_ que havia errado en1 na6 feguir antes efl:a ida, como e lhe hJvia propofto ; e i eera para o arrazar, porque o nao ex~cutra quando fora fenhor deJJe. ~Ie na confideraa do efi:ado ~os negocios prefentes , era d~ parecer , que o Exercito i e alojafe no outeiro de S. Pedro junto da muralha cie Elvas, e que defla forte fe daria occafiao a que os Cafrdhanos defunifie1n o Exercito, e pocL~riamos ter lugar de interprender algun1as das fr::tas remotas de Badajoz. Efra opinia6 feguia6 os mais dos Confelheiros, e o Conde de Alegrete ientio d(3iorte as r::rzoens de Joanne Mendes, que e:creveo a EJRey. pcdi.1do-lhe que logo que o Exercito fe aqua_rtelafe fofre Sua Magefrade fervido de n1andar tirar clevafia do qu_e haVia fuc~edido o tempo que efteve etn Campanha, apon, tando muitas tefl:imunha~, que ouvra o excefo con1. Juflifica- qu~ J oanne lviendes o perfuad ira a defamparar o Forte de f.; .cnm Te1eaa, tendo elle 1 artilheria no alto delle, o Tero 1 1,-{f\r O d d J ] etra .c 0,1 d- dC de Duuo Gomes forma o , levanta a Jllma tnnc fi 1C b h Alei:>rt:t(;. peJa frente, e lados, guarn~cend? cav~lhn os de n~a a parte que faltava por abnr a tnnche1ra ; e que depots cu e fe accomn1odou a ie retirar, h~1via n1andado abrir, ~atacar tninas en1 differentes partes do Forte, e que as que na obrrao fora por fe haver la1:gado a9uelJe pofro contra o feu parecer , hav~ndo ref~ndo vanas vezes a Joann~ Mendes , e Andr de Alhuquer~ue, quando lhe j~rotefrra que retiri.lifem , que fe o inimigo. na vi... nha , que naquelle rofro efi:ava6 hem ; e cu e fe vinha, nelle efl:avao 1nelhor. Porm que ainda na fora do ~on~ fllto
176 PORTUGAL RESTAURADO bn~c:u fcn~ t~ti1_idade hurr~ rifco _manifefto~: porqu~ 0 Ex~
ie
7 P LRT E I. LI 1 RO IX ~\
-1i7
fitf.O fizera V021" as minas Cjl!e baftrao r~ua errubnrenl hun1 baluarte~ e duas l.urtinas, que f-lcr26 ta anui na- Anno das, q~1e o i.1:imigo ~rabalh~u~do cotn dous nj} hcmens 1646.. enl mtutos LllS ~ na as ace~rara de levantar. E que ror condufa o t-:1npo havia tnofirado a Sua J\1agei1arle a raza, que ell(! havia tido na repugnancia de it~ acconunodar a fervir con1 Joa.ane Mendes. J Sentio lRey muito eftas differenas, vendo o Difcordi prcjuizo que dellas refultava a ieu fervio, e conhecent~o dos Caa dith(:uldade de 1~ coniegll ir em preza alguma efiando bos, ruina - - ~ . tao J c1Uiuuos os ant~no_s dos C.a bos , que a 1 '"' d.e dos Extr 1av1~o cito:i. ' executar. Por efre rei petto tnandou que o Exere1to i e aquartelafie junto a Elvas. Obedeceo o Conde de Alegrete, .e nefies dias it~ pafiarlo a efta parte alguns foldados dos Cafielhanos que diferao , Glle o Barao de i\Iolinguen partia para J\1adrid , por nao q11erer e~ar s ord~ns do Conde de Fuen Saldanha, que vinha 1ueceder no governo ao Marquez de Leganez; e que o Prin- M<?rt~ do cipe de Cail:dla era morto co1n univerfal fentimento de ~n~~~fie1 todos os Vafillos daquella .1\Ionarchia ; que do Exercito" la~ a e~ havia ihido o General da Artilheria con\ mil Infantes, e mil Cavallos a interprender Salvaterra. Logo que chegou efra. noticia, a retnetteo o Conde de Alegrete :il.O Conde de S ~r~m , e defpedio a D. Sancho .1Ylanoel , e D. 1\'Ianoel 1\lafcarenhas com os feus 1 eros, e A ffonfo Furtado de Mendoa co1n a gente da Beira, que havia trazido a Alemtcjo ~ prefa7.enrlo h uns, e outros foidados Infantes o numero de ietecentos, e ~oo. CavaiJos que os comboyav_a, onJenando-lheg que com toda a diligencia_ n1archai1e,n a foccorrer Salvaterra. E chegandolhe avi to do Co:1dede Seren1 que o inimigo ficava fobre aquella Praa, d~fpedio a D. R.odrigo de Cafiro. com os Teros d~ Diogo Gomes de Figueiredo, D. Joa de Portugal, qne ficou doente, FranciiCo Barreto, e D. Francifco de Cifr~l~o-I3ranco, e 100. Cavallos ; ordenando-' lhe .que n1ard1aie a Portalegre, e que fe acaio tivefle aviio do Conde rl~ s~retn de que era neceffario fte ioc~orro Praa de Salvaterra , patTafle a foccorr-la; e que ie en1 Portalegre nao reebcfle avifo algum do Conde de
1
s~
178
S,;retn , marcha11e a iat~rpr~nder Valena , rara que leAnno vava toda as preyenoans nect>ffarias ordem de Cof.1646. n1ander. Da jornada de D. Sar.cho Manoel, e dos mais que n1archra6 com elle para a Beira , daremos noticia adiante quando tratannos dos fucceffos daquella Provincia. _D. Rodrigo entrou em Portalegre, e n~16 achando aviio do Conde cle Serem, paffou a Valena, e chegou quella Praa antes (!e amanhecer. 1'Y1archava de vanguarda o Mefire de Campo Franciico Barreto co1n 8co. Infantes divididos en1 tres Corpos , e o Capitao Lan Francez com hl1n1 petardo. 1'ocou ao Sargento mr Joa de Anlorinl avanar rorta de S. Francifco conl 100. 111ofqueteitos. Cofmander , e Tin1blemans con1 outro petardo , efcadas, e n1ais petrechos neceiTarios , avan~rao a n1u ralha pela parte en1 que havia hum Convento de Religiofas, e conftava por intelligencias que eitava hum portilho tapado de pedra, e barro. O Sc1rgento mr Bernardino de Siqueira con1 duzentas bocas de fogo, e outro petardo marchou a atacar o Forte de Santiago. Todos inveftira tres horas antes de mnanhecer, e D. Rodrigo t!cou em h uma eminencia pouco mais de tiro de 'Ataque mofquete da Praa. Francifco Barreto chegou debaixo de Valc:n- da ITIUralha , parecendo-lhe que nao era fentido , pora. que ua Praa fe nao havia feito o menor rumor: achou os Caftdhanos ta prevenidos (por haverem tido avifo anticipado) que antes de fe arrimar o petardo , recebeJ l1uma carga, de que lhe acertrao duas blas h uma no cavallo, outra no colete : mas permittio Deos livr-lo para tirar a Provinda de Peman1bu(:o das maos dos Her.::ges. Teve peyor fucceffo joa de Amorim , que o ferirao co!l! outras duas blas , e a Bernardino de Siqueira acertra com hutna viga das que lanavao da muralha , que_ o m1ltratou muito. Deo outra no pct:.1rJo <iUe Jevava iua ordern, que o defconcertou: o qt~e hla entregue a Lan, f~ na arrimou, por cahir ferido de lmm:1 'b3Ja que lhe Jeo por h uma perna. S o. de ~I'imbJen1a:1s fez grande eff~ito. no portilho tapado de pedra, e ba:-ro, porque derruf-ou hum grande lano de muralha. Porm como ferirao Joa de Amorim, dilatara-fe tanto os ioldados s_ue hiao ftu.
1 ;..
PORTUGAL RESTAURADO,
orceln
,\
PARTE I. LIVRO IX \
17"9
ordem a inveil:ir a brecha , que perdra a emrreza' por<}Ue Coiinanoer, ~ntes de i e arrin1ar o petardo, havia fu- Anno oido por huma eicada ao alto da n1uralha, e reconhecen- 1 646. do que toda a gente da Praa efrava r~rartida relas portas, por efre rei peito incitava valoroiamente aos ~olda .dos, que invefHffem a brecha antes que os Cafrelhanos acudilern a defend-la. E e o execute:ira, fem duvida <:onieguiriao a empreza : mas quando fe refo1vi:ra a avanar, foy a tempo que a achra ta hetn guarneci da, que duas vezes fora re~atidos. Francifco Barreto, vendo que a fua gente, e a de Bernardino de Siqueira nao podia ter en1prego algum ' por nao haverem obrado os pt:tardos , .acudio brecha, e esforou com grande valor o aTalto, que por inilantes era mais impc1livel, por acudiren1 os defnfore~ con1 grande diligencia a repar-Ia: D. Rodrigo de Cafrro, cotn a noticia defre fuccefo, man-dou de foccorro ao Mefrre de Campo Diogo Gomes com -o teu Tero : porem quando chegou brecha, eftava ~ atrayeffada com taho~s , e vigas , e jogava della hum a . pea de artilheria, 3ffiil:ida da mayor parte da g~!tirnia dcr Pr.1a, que acudia ao perigo n1ais immincnte. Vendo D. Rodrigo a cm preza impoflivel de ~onfeguir, mandou aos i\lefrres de Campo que fe retirafTem. Sahira os Cai: tel hanos , e atacira a rc-:taguarda dos que fe retirava. RefifHra -{1 e1:~ impuUo com 1nuito valor os Capitaens Francifco de Brito Freire, Sancho Diaz de Saldanha, e Chriftova Pantoja. Retirou-fe D. Rodrigo para Cafrello de Vide, deixando fetenta e dncu mortos, etn que entr-Rctira.re ra o Capitao j0z de Saldanha, moo de grandes efpe- o. Roranas, os C3pitaes .l'tlanoel Soares, e Domingos de Sou- drigo de.. i. Retidra-fe oit~nta e cinco feridos , hum delles Pero Ca~ro c:o Jaques d~ J\'1agalhaen.s, que haviagov-~rnado Oliven!\ o per a._ t~~po que durou a Catnpanha , e aflil:io nefta occafia f;!m Pofto, o Sargento mr Joa de Amorin1, os Capit-1-~ns Francifco de Brito, e Joa Batbofa de Almeida, ]<ranciko SarnPnto, e Lan. A notkia defi:e fuccefo mandou logo D. Rourigo ao Co:1de de Alegrete, que ainda perfiftia na Catnpanha com intento de embaraar os fpccorros que os Cafrelhanos poderia mandar a SalvaM terra
\tSo
PORTUGAL RESTAURADO,
.. terra, e de cobrir as Praas que: poJia recear ler iriter_Anno prendidas. Ordenou juntarnente cme ie recolheflem t~ .1646. -dos os gados da Provincia pela terr~ dentro. O Conde de -Fuen Saldanha , tanto qt1e teve noticia do occorro que havia pa.fido Beira, e da gente que e11ava en1 Cdl:ello de Vide-, levantou o F.xercito de Calella do forte de S. Chriil:ovao, paffou a Fonte de Badajoz cotn tres rr1il Infantes, e 500. Cavallos. Chegou ao Porto do A rieiro junto a Geromenha depois de amanhecer; e como foy .n1ais tarde do que lhe convinha, fez alto, e nao continuou a marcha- para Vil la,.. Vio ia , que era o intento de{: ta jornada. Voltou a Badajoz , e con1o era entrado o .n1ez de Novembro, aquartelou o Exercito. O Conde de Alegrete Jogo que lhe chegou el:a noticia, cefpedio- as carruagens, licenciou os foccorros, e dividia as guarnioens; e vendo acabada a Campanha, pedio licena a ElRey para fe recolher a iua caC1. Concedeo-lha , c nao Mcortde ddo logrou tnuito tempo o defcanfo della, acabando a vida on e . "d .c "d _e, aggravatta ue repeti"d as , -' AJeorete e .oppnn11 o de h uma entermt a d 1 fcu~lo ' iernrazoens ,- ultimo periodo de nntos homem; grandes ;io. do Mundo. Mereceo o Conde a opiniao que conicguio : porque era valorofo fen1 jal:ancia, entendido fetn dcfvanecimento , Iibt:ral por natureza, domefrico ror col:ume, e prudente por experiencia. Logrou no Braf1l, e em Portugal as valorofas acoens, que temes referico com rnenos encarecimento do que n1erecra. Joanne Mendes de Vafconcellos ficou governando as Armas de ~1:, Alen1t~jo , e logo que parti o o Conde de Alegrete , tratou cotn grande diligencia das fortificaoens das Pra~s, e o r.-co~lduc.oens dos Teros.- Nefre tempo havia voltado !-econtro D. San-cho Manoel da Provincia da Beira, e achando-ie uc D.San em I) ort.1I egre , entrou o cho Matn1m1p:o por aque11 a parte com nod. 8o. C1va!los. R.etirava-fe con1 huma grofa preza , fabio D. Sancho de Portalegre, alcanou os 8o. Cava11os ,. tirou-lhe- preza, e fez quafi todos prifoneiros. f:<Jle foy o u 1 timo fu:eflo del:e anno, e efta fov a ulthna Can1panha at a n1orte deJRey D. Joa : r(lrc;ue veyo d!e aperfuadir-fe, que era mais util para a defenfa do Rei-no tratar das fortiiica<soel~ das Praas, e juntar cabedal
11 J, i.
p~-
para ~ difrendcr 9-uando os Cafre~?a.nos fiz_efenl fUerra, que fonuar Exerutos, de que nao tirava tntereie con- Anno itderavel , expondo-ie voh_mtarian1ente _ao pcriFo de per- 1646. der huma batalha, e arriicar por coniequcnoa todo o De'termiReino. Eila politica delRcy foy majs condenaGa em na JI:lf:Rhc_y . d . d nao a 1r quanto elle vtveo_, qu~ epo1~ a 1ua m?rt~ : porque na- Exercito. qudle tempo de1ejavao os antmos belhcoios ~ugmentar c fortifi.a opiaia con1 as a(oens nlitare~, e eile deiejo de glo- car ~Pra ria os periuadia a abonlinar a falta da guerra ; porn1 os ~aa. que depois julgJrao fetn dependencia propria efre int~rei:.. ie con1nnm1 , cntendra que Elltey conJ~dcrra con1 difcurto prudente o que convinha fua confervaa : e n1of trou depois o effeito, que na tivermnos hcmbros para fuil-entar tanto pezo como toleramos, fena6 houveralllos a<.~ qui rido foras corn o largo defcanio de dez annos (que tantos corrra da can1panha de 1~e1ena at amorte delRey , ten1po e1n que comeou a ultin1a , e 111ayor .guerra ) para a il.dl:entar doze annos que durou tao vigorofa, e fanguinolenta, como efpero que refira a fegunda parte defra Hifroria. Os dez annos, que faltao para clar fim a efta primeira, nao contm muitas acoens militares , nem Na Provincia de Alemtcjo , nem nas outras do Reino : porm na ihiremos da orcem propofta , dando , na fnna que at aqui temos feguido , conta de to.. .. , das ellas, e a g!-lerra diits conquiftas muito digna de eter na n1cmoria, ierv1r de alumpto curiofidade Qcs ;Lei~ tores. Continuava o governo d Entre Douro e Mi- Succeffo5 nho o Mehe de Catnpo Diogo de Mello Pereira; e at de ~<~ntrc o mez de i\i:1yo , ten1po em que ufou da lic~na que El- D~~~~~ R.ey lhe hav1a dado para pti1Tar a Malta, nao houveem- .M preza digna de memoria: porque os povos' que crao os que fazia o a guerra , entendiao que lhes refultava ma- r: r 1 r yor conYeniencia do foccgo. J\1andou EIRey entregar a Pro_vincia ao Meftre d~ Campo Francifco de Frat-..a B2rI boia, e logo que tomou poffe do governo, veyo o ini r'\ m!go a armar a huma partida , que coftumava defco.. brir todos os dias a campanha de Salvaterra. 1-eve avifo Francifco de Frana, ihio com a guarniao da I"ra1.
~
18-1
...
invefrio
-i81
PORTUGAL RESTAURADO;
;f!.o
invefrio os Cafrelhanos , e alcanou ta bon1 fnccefl"o . . 'Anno que 1e retirrao con1 grande perda. --r ornou a continuar~ 16-46. focego , e no principio do Outono partia o Conde de Cair.u telio~Mc;lhor de Lisboa a gove~nar fegund~ .':ez aqdla .ri.J P_rovtncta. Ant~s de chegar a Coimbra teve avlfo de Francifco de Frana, de que o Marquez de 1'avora havia fahido en1 camranha cotn dez mil Infantes, e 6co. Cavallos, -- ! .~: e que comeava a fabricar hum Forte junto a Salvaterra em o fitio da Lagea de Freixedo. AprefTou o Conde a jornada , mas achou a Provincia ta o ddHtuida de gente, que nao pode itnpedir a ohra do Forte, que fcrvio de grande freyo a Salvaterra. Foy o Conde recebido em Entre Douro e Minho com geral fatisfaa de todos aquelles povos, merecida do acerto , e bom fucceflo do feu governo antecedente: tratou logo de adiantar as Fortificaes elas yraas principaes , e formou algumas Companhias de Caval!os de gente da ()rdenana ; e os n1ezes que durou efte anno, gaftou em compor a Provinda, fem alterar o focego em que eftava, por fe nao arrifcar a algun1 . -perigo, que pela fJlta de meyos julgava impo1liyel orernedio;11 .us r .~uccdfos A Provincia de Traz os Mont.~s paflou efl:e anele Traz no com trabalho , e perigo : porque os l;OVOS 111o1eftaos Mon dos de acudirem continuamente s fronteu~s, pedira o a tet. EIRey nas ultin1as Cortes que os defobrigare defta oppreTao; e que conformes os Procuradores d~ toda a rrovi ncia offereciao o dinheiro neceflario para i~ pagarLin os foldados de que neceffitaTe a fua defeni. Cont:e.deo~lhes EIRey efte requerimento : porm efpalhou-fe pnmc1ro ~ conceffa, do que fe Ievantaffen1 as novas levas; e coni ... tand a D. J0:10 de Soufa ; que o inimigo ajunta~a gente _ em Monte-Rey, cha1nou as ()rdenanas, ~ ~a~ achou Entrada qnetn acudiTe a foccorrer Chaves. Entrou o tmmtgo com dos ~alie- fete Tr.opas ! e alguma Infantaria por Oit~iro Secco, gos fim defrruhto mu1tos lugares, e roubou toda aqttella c.lnlpanha. E fe>y 1nayor o efrrago ,: porque D. Joao de .soufa cfrava em Villa-Re;_~l impedido de huma enfern11dade. Tornjrao os GJllegos aentrar pela parte de Bragana , e na achanJo naquella Raya a peza que rro~uravao, na
1)
( :
'
.'
.L
.... ,
je--
dera quartel au~.paiza\lOS que ~n(uutrat~:o.Governava Brao-ana Antonio l~~ Almeid.a.Carvalhacs, n1andou 400. tAnno ]101~e,1s ao Iug~r deConlba <.~~Halle, para onde o inhni- 1646. go can1inha~Ta : ~br;gv~u-o efre 1o~(OITu a ddi!Hr L~a ~n111reza , e a ie retirar. E con1o os l,allegos eiltravao icn1 oppoti.ao, poucos dias depois vi~ra ao territorio de Barrofo , e queimrao dous lugares. <l.!:!ando ie retirava co1n' a pr~za, !hira 400. hotnens da Ordenana a tirar-lha, con1o 011 tras vezc~ ha via feito : arn1ra6 os Gallcgos a d1:a refolua , cahira os paizanos na ernboi~ada , e fara facihnente desbaratados. Depois del:as ennaJas r~pc:tio o initnigo outras de n1enos in1portancia, e todas lograva' por nao achar oppofia6: porque os foldados pagos na6 crefda , e as OrJenanas do Serta6, ufa;.1do do privilegio con~edido em Cortes, deixava padc~er os lugar~s d~ Raya. ElRey obrigado Jas infiancia~ de D. Joa de Souia, e dos 111uitos achaqt~es que o impoifibilirava_ a continuar o governo daquella Provin.teia, non1eou fegu nJa vez por Governador das Arn1as della a Rodrigo de Figueiredo de Alarcao. Di1atou-fe elle alguns Rctirawfo n1ezes en1 Lisboa , chegou a '"rraz Qs ]\'lontes en1 Se- D.Joade ten1bro, e procurou quanto lhe foy poffivel remediar os Soufa,tor.. rleiconcertos daqudla :Provncia. Na confiana.dadefo-r ~a aoRgo: ..l c o uen1 t.:in que efi ava, 1-e esHnou o po d er d o . .- . : JUn ~crno de tn1m1go . driO'o tra-fe os Mdl:res de Can1po D. f"rancifco de Cafiro que Figueire~ affifl:ia na Puebla de Siabra , e D. Francii co Gel dres Cor- do._ regedor , e Governador de C,an1ora , e com 6oo. ln~ fantes , 400. Cavallos , c tres pt:as de artilheria entr- : ui, r rao p.Jp terreno da Villa de Oiteiro , poco diilante de ~,...te Brat;aua , e a~Tolando fetn piedade tudo o que encon.. ' 1 "'' trava iem defenfa, recebrao o tnayor damno os luga- ., 1 L'~ 1es do rio Frio, e PatT, e paflrao VilJa de Oitciro, ;t que tan1bem diftruira , achando-a deif'ovoada , porque os n1oraores ie recolhra6 ao CaftelJo que fica feparado etn h1gar tnuito defenfavel. Rodrigo de: f-igueiredo com as Frimeiras noticias de que o inin1igo jt1r1tava g~~te , J?affo u a Bragana , e na o fodendo refu ltar ~a d1hgenc1a que fez , pela contumacia os povos , 11111r mais que 700i Infantes , e 1 I o. Cavallos , fahio de Bragan M ~ ~
r'PAR'I'E L
LI1~RO I~Y.'
18~
184
PORTUGAL-RESTAURADO;
.a, e adiantando-fe con1 duas Tropas o Commiffario Geral Achin de Tamericurt Francez, que iervio muitos an.1 ~46. nos nefre Reino om n1erecida opinia de valorofo , fu:. t~ntou htnna ef(aratnua algumas hora:s junto ao Ca.fi:el. lo de Outeiro , de qye ~s 1'ropas ini1nigas recebra damno. Os GaJlegos paffra de Outeiro a queimar os lugares abertos : fizerao alto duas legoas de Bragana , e o dia feguinte intentraO. pa:tTar o rio Sabor pela ponte de Perada, e Porto das Aras. Opps-fe-Ihc Rodrigo de Fi gueiredo , e impcdio-Ihe efte intento, que pudera fer 111uito prejudicial fe o confcguira : porm pela outra parte do rio havia tantos lugares grandes, arrifcados a iere1n defi:ruidos, que Rodrigo de Figueiredo, fem reparar no pouco poder com que i e achava,detenninou defend-los na confiana de achar proipera a fortuna , que muitas vezes fe pen1 da parte dos temerarios. Chamou o Commiflado Geral , entregou-lhe cem Cavallos, e )Oo. Infantes, eordenou-:-lhe que aquella t~oite inve.fi:ifle o alojamento dos inimigos , e a todo o rilco executaffe o mayor damno que lhe foiTe poflivel; e que ie aca1o fe perdeiTe, que deiculpado _ficava , deixando por fua conta o etnpenho, e nao o iuccefo. A~cdtou o C0mrtfario os cem Cavallos divididos ern duas T'ropas , e deixou os 300. Infantes, dizendo que por 1nelhor que foile o fuccefo, na podia6 retirar-fe fem perigo infallivel. Hun1a ~~ das '"Tropas era do Comifario , e a outra de Manoel de Miranda Henriques. A' meya noite chegou o Comn1ifltompe fario ao quart~.l dos Gallegos fem fer fentido: rompeo Tameri- huma Tropa, g_ue eftava de guarda , e pene_trou.o quarcurt 0 tel tao valorofamente, que n1atando , e fenndo os que &:r~!llc-fepultados no fomno na6 receava o o dan1no que recebaos. rao' e os que perturbados do t~nlor na6 reparava o perigo que experimBntava. Chegou tenda do Mel:re de Campo D. Francifco Geldres , e depois de ron1perem as noffs Tropas pelas vidas dos capites D. C.ulos Alt~ mirano, e D. f'ranciko Picao, entrrao na ten~.la doMeitre de Camno , e o deixra com hurna efl:ocada pela garg:=tnta., epenetrando com o mefmo furor todo o qua:t~l , fic::>u CiU todo.; os lugares delll! rubricado o feu va-
_Anno
c: '
lor
t8s
1or com O fangue d(;S initltigos; e inn mais rerda, que ieis foldados rnottos, e outros tantos feridos, voltira Anno glorioin1ente a fc encorporar com Rodrigo de Figueire- 1646. do. O Con1miflario Geral f~z nefra occafia tudo o que era obrigado , affi rn ao valor pefoal , como ao cuidado de confervar os foldados unidos. Manoel de Miranda o acompanhou valorofaJnente, e o mefn1o fez Bernardo Pereira de Berredo, e outra~ peffoas particulares. Efta rc ~oluao, o datnno que o inin1igo rece:beo , e a ferida de D. Francifco Ce1dres livrra os lugares da Raya daquetla Provinda oo perigo que os an1e~~ava: porque o ininiigo 1e retirou o dia ieguintc, e Rodrigo de Figueiredo mandou foccorrer a Cidade de Miranda , que os Gallegos batiao con1 algumas peas de artilheria , que jogavao de l1uma p1atafornla que Ievant~ha da outra parte do rio Douro. Porm ainda que fazia algum damno s cais da Cidade , nao i podia ten1er por aquella parte o perigo, porque o rio, ainda que efi:reito, era impofltvel de vadear. Rodrigo de Figueiredo , corno o inimigo Jefunio o 1'roo do Exer~ito , fez algumas entradas , que defcontra os damnos recebidos nos noflos lugares, e todas as fatisfaoens da guerra vinha o a cahir fobre os pobres lavradores, e n1iferaveis paizanos. O Conde de Serem continuava o governo da su rr u -l . . ~ rrovtncta lia Betra com gran d e acce1t2:a. ae to d a elJ a, dacceuos Beira. porm con1 ex~eflivo trabalho, por fe lhe negarem os n1eyus de. a defender : porque naqueJle tempo , como ElRey reiol veo fazer a guerra en1 Alt:n1tejo, touos os cabcdaes para ~queUa em preza , que foy 111elhor di~pofi:a que lograda, fahirdo uas confignaoes arplic::tdas a todas as Provincias. 'I'ratou o Conde 1\1aridial de adiant8r a fortificaao de AJmdda, e a de a redPzir a menor recinto daqnelle que eftendia o frimeiro detenho , mandou levantar hun1 Forte na Vennioza, GUe fervio de grande d(;fenf a CClfie1Jo Rodrigo, e fez derrubar l'um arco da Ponte de S. Felices , para evitar as continuas entradas Cj_Ue o llllllltgo fazia ror aquella p2rte. Vendo os Ca!lclhos que Almeida era feguraroa de toe" a a Frovinqa da Beira, intentr'": ganh-la antes que a fortificaao a diffi. ,ultife
186
cuJtaL~.
cinco .IJ.l int:mtes, e 400. Cavallos, e Anno a vinte e hurri Je J:1nei r o inveil:irao aquella Praa. GoI6-f.6. vet~nava-a filipl1e Bandeira de Me11o, e Pedro Gillcs de S.Paulo, eng~nheiro Prancez, que affifi:ia s fortificacoens. Tiv~rao a~lfo lla tnarcha dos Caftdhanos antes Ll~ chegar-~m Pr.1a , prevenirao-{e para a defenfa della com tanto fiJ:~ndo , que quan_do os Cafi:~lhanos avanrao, entenJ..;ndo que nao erao ientiJos , r~cebrao ta repeti- . Retira- das cargas , tant.ls granadas , e o~tros inftn1n1entos defi:e felohs Caf- genero, que fora obrigados a te retiraretn com grande te inter- per da. O mei-mo f ucceao teve o C apttao A ntonto Soares n-'" . ""' . da anos l-'reza de da Coil:a, que governava o Forte da Zibrdra: atacraoAlmeida. no os Caftelhanos, e rebateo-os perdendo muitos delles _ as vidas. Voltrao a Ciudad-Rodrigo ,._e breven1ente fe Succedc 0 unira algumas Tropas da El:ren1adura s daquelle parmefmo ._ 1arao no Forte t"d o : marc1 ' ""' to d as , d et~nn1nand o entrar em P t "'ortu-da Zibrei- gal ; portn chegando Sarfa, e contandolhes que o ra. Conde d~ S~rem juntava gent~, ror haver tido aviio an-ticipado del::e moviinento, fe retirra, e vuJtir<.1 para Badajoz as Tropas da Efrr~tnaJura. O Conde de Scren1 trat1va f da (_k~f~rrC1 da Provincia, allim por lhe fd.ltar g~nt~, e dinheiro , como pelas differ~n1s que teve con1 o l'veil:re de Campo D<lVid Caley, e con1 Joa de Rozan Cotnnlifario Geral da Cavallaria, porque fazendo ellcs grandes exorbitancias , e defordens, depois de n1uitos dias de prizao , os r~metteo a Lisboa , e brevemente fora6 foltos, e cotn pou~o exatne abfolutos das culpas pai: fadas. No n1efino t~mpo adoecerao gravemente o Mel::re de Campo Perna o Telles _Cota o, e Pedro Mauricio DuquiCn, que governava as Tropas. Os Call~Ilunos juntrao na Sarfa 6oo. Cavallos dasrrropls de Alemtejo, tnarchail,lo algmn::ts de Badajoz para efl:.! fim , que fe unirao s daquelle partido, e cotn du~s Companhias de Drages, e 2JO. Infantes marchra para o s~lbugal. Corrra todo o coJtorno, porm na achra crn que fazer datnno, po'qne o _Co~1de rle Seretn , qu~ aiiftia en1 Cafrlhranco, avilJo de algum:1s efpias que trazia entre os C1ftdhano;, h 1vi 1 n1a:1dado prevenir todos Ol) lugares daquella parte. Do Sabugal paffrao os Cafi:elhanos a invefrir a
_ Jl. ~ -
Juntjra:l
P(?RTUGAI4 RESTA-URADO,
Al
Aldea de Qradraflaes: porn1 def~ndida relos paizanos, na pudcra entr~-la, e fe retirra l~va!lt~o alguns fJ- Anno clados fer~dos. Teve nefre te~1po p;u15tp1o a. . Gimpanl:a 1646. de .AJemte 1o, e no fim della tntcntarao os Cafrelhancs ganhar Saivatcrra, como acima referimos. PafTou de Badajoz ror Cabo Jo foccorro D. SaiJ.d1o de 1vionroy a 22. de. Outubro : chcgrao a Salvaterra, (unida a gente dos dous partidos) e entrando a Villa com rouca refifrencia, Sitio de L.tira o CafielJo. Governava Salvaterra o Capitao Si- Sah-atermao Fernandes de Faria : pcrd_ida a Villa, fe reco1heo ra. ao Cafrdlo , que efh fundado 1obre o rio Elges em hum J'enhafco por dous lados inacceffivcl : fica dua:s legoas de S.:gura lugar noflo, e todo o can1inho he occupado de Jnun bofque que fe continua at Segura, guarnecendo a n1argem do rio, facilitando htnn, e oetra vantajcn1 intro(~uzir-fe por aquclla parte foccorro em Sal vaterra. -Paflados qu['.tro dias, en1 que os C~dlelhanos experin1cn-tra6 que as l'aterias na erao de algt!ITI effeito , por fer a muralh~1 forte, e o qualibre das peas pequeno, dcter1inra6 dar hr;m aTalto ao Cafiello, e prevenidos todcs os infrn1n1entos lhe arrim3ra ao an1anhecer efc~das, e 111~ntas.: rcrn1_ach~rao tao v~]orof rcfifi:e_ncia, que fo- Retira1\10 obngados a fe retirarem, detxando lCG-. iold2dos n1or-re os Caf tos , e levando outros tantos feridos. A c-ta cefgraca telhanos. fucccdco a noticia de havere1n chef,a<.~o feira C"s~Te~ros , e 1 ropas, q11e marchrao de Alen1tejo ao fo(corro de Sah&.1terr:t, e GUe o Conde de Seren1 , junta toda a gen!e da 1-'toYincia, dctern1inava rr O ultimo ce1renho nu ioccorro daqt~dla Praa. E na querendo experinlcntar o iucce1o d fra ddiher3a, fe retirJrDo , h~~ vendo trazido para (Onieguir a cmrrcza cinro mi1lnfar;tes, e ntil Caval1os, t~e que 1cvi.ra n:uitcs merc s. () Conde de Seren1 cl~egou a Salvaterra, e dercis Ge ~er:1r::n o~ ~amnos que os afi:e1h3nos havia fdto , dcfpcJio os 1oc(orros, e ceflra as hoHJidades de lt;n~a, e ( lltra parte. . Reconhecenco EJRey a in~..~ufh;a, c rcder de feus inimigos, na 1-ercoc:va a (;ilit;ci~ci:~ lgrma, ci ue lhe r'-rectf:e c~:inha,'a o fln da iLa CCJli'-lY2.. Lttcrn..
187
terminara os Francezcs fiti ..u Porto Longon a Uh~:rde Anno Elba, e n1andou a Rainha Regente pedir a EIRey foccor 1646. ro de alguns navios, que fe ea~orporafiem com a fua Artnada. Pafou elle ordem para fe prevenirem ieis , e ha Nomea caravla, e nomeou por General a D. Joao de Menezes, El~ey D. e por Ahnirante a Cofrne elo Couto. Sahira en1 AgofJoao de t o, cIlegara o a T 01011 a ctnco de Setem l: , _, . Menezes 1ro: ~0111 tres na porGcne- vios em que fizerao preza ( hutn A1nburguez, e rlous ral da Ar- Francezes ) que fe julgou por boa ' por levarem fazen.. madda qude das de contrabdndo, coatinur.1 a viagem , e encorpo:rnan a e d A d F toccorro ra os com a rma a de ~rana, que governava o .1\tlan.. ao Porto chal de Plecy s fomanas com o JV1arichal de Milhar, Longon. mudando ..fe fucceffivamente no governo da Arn1ada, e Ex~rcito, ihio D. Joao de Menezes em terra a reco~ nhecer a Praa : acotnpanhou-o o .1\tlarichal de Milhar, que govert1ava aquella ietnana, e foy exernplo celebre, que dera o aos foldados de hum a , e outra N aa, marcharem a e!l:a perigofa diligencia en1 cadeiras aos hontbros de hon1ens , por fe acharem ambos impedidos do Ganhafe achaque da gotta. Depois de tres n1ezes de fitio fe rena Pras-a deo a Praca, e no ultin1o afTalto affifrira foldados Por.. com aJU- tuguezes , " em que entrou s da do nofuna o c orrea da S'l v a , 1 1 10Je 10 foccor- Conde da Caftanheira, e executra todos acoens muito ro. valorofas. Na Armada fe havia o en1barcado 1 s-oo.hotnes, e fora tao betn afliftidos dos resfrefcos de Frana , que Volta o voltra a Portugal fem dinnuiao. No principio cleil:e <;~nde ~a anno conf~guio o Conde da Vidigueira licena deiRey ''~1 guct para voltar a fua caf:1. Par tio de Pariz a fete de Fevereiro, e deixou naquell Corte n1ereciJa itisfaao do feu procedimento. Cherrou a Lisboa , e ficou a1fiftindo etn Pari7, oSecretario da embaixada Antonio Moniz de Carvalho com titulo de Refidente. Coatinuava o Congrefio de Ivluail:cr, e a Rainha de Frana querendo que tlRey fouheiTe a regularidade da f com que trJtava os intereff.:!s de Portu.~11 , tnandou ao Cardeal.i\l"li1r~:lo , primeiro Mi.1ifl:ro d ..tque1Ja Coroa, qu~ con1munk;j_fle a AntoP n nio 1V1orliz de Carvalho a conferenci.1, qu~ haviao tido r:b;eoaas os Plenipotenciarios de Fran1, e Cafl:~na, fo~r~ os nepaz geral. gocios de Portugal. Continha as propotas delRey de
..J
o
I83
PORTU:;~4L
'
RESTAURADO;
b:ix:d;-
Caf.
189
.c:.lfrella , protefrar Rainha de Frana, que a paz geral . da Chrifrat~daJe dcrendia do feu alvedrio, e;ue a.Lm Anno lhe pedi.1 1e lembraiTe do parentefco que tinha, e da 1 6 6. 4 -patria em que n~1fcra. Q!.le a Rainha J!landra refpondcr, .que as n1aterbs publicas na devia o i u jeitar-fe a derenencias particulares. Qpe fe ElRey Catholico feu inra qucrie que fe confeguif!e em beneficio da Chrifi:andade a paz univerfai de Europa, que permittifle paffarem-fe Salvos Condudos aos Embaixadores deiRey de Portugal rara rcdcrc1n aJifi:ir naquelle Congren:-o : porqne fe a paz d~ Chrii1andade havia de fer uniyerial' COlllO rodia fer jufio que etn Portugal ficaffe continuando a guerra? E que para efi:e n1ciino fim devia dar lil--ercladc ao Infante D. Duatte prezo no Cail-ello de 1\lila. Ql1e o Conde de Penharanda Eml:aixaclor de Cafiella fe mofrnra offendido de nor.1earen1 os .1\Icdiadores Rey de Portugal, que na foffe lJRcy O. rilipre, a que fe opruzera Joao Contar n:~ J\Iediador de Vene?za, dizendo que a obrigaao dos 1Yle...iiadores era referirem finaltnente as propofi:as de huns Princi}-'cs a outros. Q,;_ EIRey cle Po1tug~1l, como alJia.. _-e do de Frana , o norneny~ ac~uella Coroa Rey abfoluto , e independente ; e que na6 queria ajufi:amento alfum com a divifao de Portugal. Qye os Cafrell:anos tornrao a infi:ar, que fbia claramente que ncs Capitulas ajufi:arlos entre PortUQal ' e Franca fe nao celebrra allianca alguma. Qpe a fi:a prorof; fe lhe rcfro_ndra' su"e era imrcffivel terem noticia dos Caritulcs iecretos, cofiume ardina rio nos tratados dos Princires: e que lem dcfte argumento' sue concluia, arrefente refoluao' que Frm~.:l tcmaya, desfazia toda a duvida. E ue na6 que- Fineza da renao os Cafl:elhanos ceder a efi:a pro}"ofra , nem dar li- R:linha berdade ao Infc.r..te' man(1ra a Rainha Regente que ra- Ref.cnte raffe a negcci::J . .Antonio .1\loniz de ClrVti1ho dco c!cFrana. F. ainha' e ao c~rclca1 ~s gracas defi:e r~neficio em nome o .r 11. nl!rece d e! P. . ey, que as repetia logo que recet:'('O e1Le avi1o. L~- r IRcv de vando Antonio Ivloniz ao Cardeal as cartas ddRty, ,lif!e Cafklta o Cardeai' cue era ueforte a d!gpaldade do rro\.:e('i- aos Hontento dos t\:fh.:lhanf's , cue cffe~denco EIRev de c~f-l:mdezcs 1 1 1 1 L' . ttL. o T 1tu~o Cj_Le t1n ~a ue Cat.llo1lCO , o f+. reoa 2c-~ .r.i <'- :-s ndfas ""~ Cenqui;_ lanc cz . . s tas.
L, ..
190
PORTUGAL
RE)TAURAD~,
landezes as Cong_uifras que dominava Portugal , fe o aju..; Anno daff.~tn a reil:aurar efi:e Reino; pois naoera j ufro que por I 646. iat~rdi.~s humanos fe deixafe eftender o Calvinifmo nos Imperios da Chril:andade. ElRey confiderando a utilidade qu:~ havia refultad.o a feu fervio da a11i1.l:encia do Torna o Conde da Vidigueira na Corte de Pariz , o tornou a mauConde a .. dar o anno que chegou a Lisboa a eil:a cumtniffa com !~~i~1~0 novo Titulo de Marquez de Niza, e o lugar d~ Conde Mar- felh~iro de Eftado. Chegou a Arrochela a )I. de Dezemq~cz de bro, e paffou logo a Pariz a continuar os importantes N&za. negocios que fe tratava entre as duas Coroas. Ni,to1o Monteiro, qu~ afliftia e1n Ro1nJ , alcanou licena delRey para voltar a eft.~ Reino ; e foy nomeado, para continu.1r os n~gocios da Cu ria, o Padre Nuno da Cunha Religioio da Companhia deJESS, cvmpofro de muitas virtudes, e letras, dignas de grande eftilnaa. Che gou a Roma no anno de i647, e efte que ei~revemos et: ti verao fufpenfas todas as negocia6cs. 'I N . Os negocios de Holanda todos fe achava em deefi~~~~:- grande confufa: porque os t-Iolandezes cofrumados a da. confeguir os feus interelfes debaixo de pretextos diffimrlados an'"es das alterLtes de Pernatn~uco, fentia muito entenderen1 queFrancifco de Soui Coutinho ufava efta mefn1a arte, e que pcrtendia ganhar tempo para que os moradores de Pernambuco ajudados dos foldados da Bahia adiantafiem os feus progt;effos. FranciiCo de Souf fabia com grande pruden2ia valer-fe das occafioens mais opportunas ; porem v.::rdaddrament~ rroteftava aos Efiados , que EIRey na cooperava nos intentos de Pernambuco. Mas os I-Iolandezes p.::rfuadidos a que era indufi:ria el:a declaraa, e lev~ldos do gc:1io natnral, ao 1nefmo t~mpo fomentayao novas em r rezas cm todas as Conquif.l:as, c foccorria os Efr.1dos a Companhia Occidental , en1preftando-Ih~ fetenta nlil forins , dJr:do-lh:! tres nlil Infantes, e no1neando A..!1dreon per Cr.bo de Guerra de Pernambuco. E nao 1io'-le1Jo os da Companhia confeguir licena para fe fazer preza en1 todcs os na\Tios Portuguezes, que en('ontraTem as fuas cmharcaoens, a alcan"ra f para recolher.;~n cs navios m~rcantls,
tomar por rcrdi(_:os. E cerno as confciencias era rouco Anno ajufradas , cor,tentara6-e con1 efia permifiao , ufando 1646. dclla rara roubaren.1 todos OS na~ios 9ue puderao aJcar.ar, ai1~da que c~nfb1~~ que na era de_ ~ernatnbuco. E r-=prknta~K~o f r anoico de Soufa efl:a ddnculoade acs Efrados, nJo pode confegtiir f..1zer-fe outra declar2ao. Dilatou-ie o foccorro de Pernambuco, rrohibindo a navcgaa o rigor do Inverno , e Francifco de SouCl prccurando audiencia, pedio aos Efrados quizeffcm confei:tir proporem-!e meyos de comrofia, e acCC:~n1odarr.e1:to. 1eve reif'ofra do Se('retario Mons , de como pelas dcdar;.1OCS ' sue havia feito Sua lvL,:gefraJe ' nao cooperava nas alteraes de Pernambuco , que nao podia h..ver ajuframento, aonde nao havia contenda: e que logo c~fi"aria todas as dul~idas chegando a Pernan1buco a Arn~da que ei1ava prevenida. Eta arroganda dos Holandezes nafcia, tanto do conhecitncnto co aperto em que efrava Portugal , quanto do bon1 fetnbJante que moi1rava o '"[ratado deMunficr, que tinhao com os Cai1elhanos , havendo confeguido non1ear ElRey Catholico as Provincias unidas por Provincias livres, e facilitarem-[e outras duvidas, iendo a runa de Portugal para atnbas as partes a melhor tnedianeira. Porque Caitella cvm a unia tle Holanda fuppunha que era facil a conquifia de Portup:al, e Holanda con1 a paz de Caftella julp-ava que erafinfallivel fazer-te fcnhora do dilatado Imrerio que os Fortgu~zes dominava na A1nerica, na Afia, e na Africa. E Deos, que julga .iuframente, livrou os Portuguczes deft~s cor..certos injuftos. O Fmhai"'Cador de Frana Iv~oniieur de Thiolharia com a noticia defias negodr.oes protefiou aos El:ados, que a havia penetrado. Negn.1 ellt:s cita propo!a6; e infiou o Fn1l:aixaJor que iahifc o Ex~rcito em Camp!nha. Fuzfra6 diftculdade, ci~er.t~o, que na tinha dinheiro, nem gente. A tudo fatisfez o Duque! dt Orleans premrt~mcnte , mandando-!l:es h te nl hon1ens, e tri~1ta mil florins, demais diPl~e!ro com cu e Franca cofrumava foccorrer os El:Ct.ccs todcs os anno; para fuil:entarem a t,rerra cor~tra Laftell...:. Lfra
ce Pern':lmbuco os poderem
191
co
lllll-
192
politica dos HolanJezcs prejudicava mu1Anno to aos intereT~s de Portugal : porln Francifco de Sout 16:-1-6. con1 ioffritnento, e indufl:ria foy preval.~cendo contra a cautla, e exorbitancia dos Holan.Jezes; juntando a e: tas duas qualidades larga defpeza com os 1\'1 in~itros mais importantes , que facilmente, e com pouco ecrupulo fe deixava iobornar. dfos As alter~?ens de ~nglaterra entre.. ElRey, e o ~uc~n<l _Parlamento crefctao de quahdaue, que nao dava lugar t;rra. :>a a eiltender hum, e outro partido mais que uo intento de pr~valecer com a ruina do contrario , e fem alteraao dos capitulas da paz fe continuava a boa conrefpondencia co1n ~ortugal. Porm ElRey ve11do crefcer o poder, ~ as deiordens do Parlamento, e que fem attena ou reipeito al_'!,Unl quebrava6 a imnuudade dos Embaixadores , abrindo os maos de cartas, em que f ufpeitava que podia haver ma teria tocante aos feus i11t~refies, conlo fuccedeo ao En1baixador de Veneza, e fe quiz ufar co1n Antonio de SouC1 de Macedo , de que el!e com n1uita induirria foube livra~-fe, mandou r~tir-lo , depoi.; de hav~r feito por fua via Jargos ioccorros a ElRey d:.! dinheiro; e annas con1 tanto defintcrefTe, que na qui~ adnttir a pratica do caimento do Prit1Lipe Carlos filho mais velho delRey de Inglaterra con1 a Infante D. Joanna, affim pelos embaraos daquelle Reino, como porque citava deftinado efi:e cafamento para a Infanta D. Catharina, hoje Rainha de Gram.-Bertanha. No mez de Dcz~1nbro do anno a'.ltec~dente, coChama mo fica referido , chamou EJRey a Cortes p:1ra dar me }]Rey a lhor fnna ao governo do Reino, que l'adecia varios. Cortes. deionc~rtos, originados da dilaa6 da gu?rra, que cvftuma encontrar a direca6 mais po~1derada, e acabando~fc as ceremonias cofrumadas, fora6 eleitos Procurado- res de Lishoa D. Francifco de Faro, o Doutor Gregori:J Mai~;1renhas Homem , D~femhargador dos Aggravos da Cafa Ja Supp1icaJ. Divididos os 1'r~s Ebtdos H:ce-~ AfTcnto dendo varias confultas, aTent:ra que o numt;!ro de gen _ tias Cor- te paga, que havta de guarnecer JS front.ras, fofi'cnt t~s. dezaieis n1il Infantes, e qu~tro 01~1 Ci.lvallos, e qu(_! pa-
ti1uJ1n~a d~
ra
193
ra o pagan1ento detcs ioldados , e n1ais defpeza (b f-lh.Tra , e obrigava a ~ontribuir con1 dous nlilhoens cento A nno e cinconta 1nil c,uzados, os q uaes havi~1 de iahir, lnun 1646 nlilh.1 e fet~ccntos mil crozados, da Decima, e Jos ufuaes, exceptuanJo Pa6, yinho, C::une, Az~ite, Calado , e pannos baixos, por !.~rem os cn1 qEc os pobres , c 111i1~raveis do H.cyno ficariao n1ais carregados: e que os Flirmaquatrocen~os e cincnent~l n1 il cruzados , que falta vau p~- da.s c~n: ra a fatisf1a6 da quantia referida, 1~ tiraria do Real Ja tnblH<.'f.:" agoa de Lisboa, i~u tern1o, e todo o Reyno, do Direito novo da Chancellaria, e Caixas de aucar, bens confifcados , e de aui~ntes , to :~ ,~ as iobras do rendin1ento da C.d de Br~lgana, e Jo que parccefie neccflario accrcfcentar-fe de trihuto s Ilhas dos Aore~, comeando a contribuia Jefte anno de 1646. Con1 declaraao , que as- Deci1nas ferialanadas n1uito igual, e ajufradamente, ~tn excepa de pefio:t alguma; e que con1 as Religioens , e n1ais Comrnunidadcs fe na faria em tempo algum avena, ou concerto, para deixaren1 de contribuir na frrna que os n1ais E.t1dos : porque fendo a cauia, e neceffidade jufta, e comma a todas as pcffoas que vivia no Reyno, o devia tamben1 fer a contribuia. ~ porque nefra frma o Reyno dava tudo o que lhe era poifi vel para as defpezas da guerra , fe lhe na pediria contribuioens extraordinarias de graa; f fendo nece11arias para as occurrencias da guerra e lhe pagarid por feu jufl:o preo trigo, cevada , palha, carros, e trabalhadores: e que pelas Ordenanas na puxaria6 os Go\ernadores das Armas , fena para def~nfa d2S Provindas. E a eftas fe feguira ~utras m.:s ~ifpofioens, 'que prohibia algu1nas extodoens, e ddordens, que nas Provindas havia introduzido a liberdade da guerra. Q!1c o 'Tribunal da Junta dos 'Tres Efrados fe eilabeleceria de novo, El~gcm-fc para que por elle correfle toda a adminiftraca Jo dinhei- ~l;:fl!us ro dos povos. Para :Nlinifl:ros defta Junta t~o1neou o Ei:. d:::; ;.;!1t:S tado da Nobreza a Scbafriao CeC1r de Menezes Bifp:> Ula'-os. eleito do Porto, e a D. Alvaro de Abranches do Cot~ lho de Guerra: o Eftado dos Povos a Thorn de So .Veador da Cafa delRey, e Ruy Correa Lucas Thenent~ N G..:-
PORTUGAL RESTAURADO, 194 General da Artilheria do Reyno : o Efrado Ecclefiafi:ico a Anno Pantaleao Rodrigues Pach~co Bifpo eleito de Elvas, e 1646 a D. Pedro de Menezes B1ipo eleito de Miranda. Ficrao ajufiados outros negocios de nulita importancia muito iatisfaa delRev , e dos Povos. Coroou todas efras r~foluo2ns o pitdoio , e devoto zelo cotn que EIRey decl;;1rou nefcas Cortes, que ton1ava por Padroeira, e J.:?ef~nfor:t dos Reynos, e Senhorios de Portugal a Immaculada Conceiao da Virgem Nlaria Senhora Nofa, fen ... do digno de reparo a ob~rvaa6 que depois ie fez , que no n1en1o dia en1 que ElRey paftou efte Decreto havia: finnado outro fimilh3nte ElR~ D. Affonfo Henriques, en1 que tomava por Protetlora do Reyno a Nofa Senhora do Claraval, con1o fe declara nas palavras do Decreto feguinte. , D. Jo ao por graa de Dcos Rey de Portugal , , e dos Algarves , d'aquem , e d'alem mat, eni Africa , , Snhor de Guin, e .da Conquifra, Navegaao, e , Co1nmercio de Ethiopia , Arabia , Pedia, e da ln" dia l:.xc. Fao iber aos que efra minha Provifao vi.. , rem , que fendo hora refrituido por merc n1uito par" ticular de Deos No fio Senhor Coroa defres n1eus Rey" nos, e s~nhorios de Portugal, confiuerando que o ,~ Senhor Rcy D. A ffonfo Henriques n1eu Progenitor. e ,~ prhneiro Rey defi:~. Reyno, fendo acclan1ado , e levan" tado por Rey, en1 rcconhecin1ento de ta6 grande nler,. c , d. coni~ntimento de feus VaiTallos , tomou por , cfpecial Advogada fua a Virgem May de Deos Senho,. ra N ofl , e debaixo de fua i agrada proteca, e am" paro lhe offereceo a todos feus Succefores, Reynos, e , VaL'lllos com particular tributo en1 fina} de feudo , e ,: vafillaf!errl. Defejando eu in1itar feu ianto zelo, e , ; a finguJar piedade dos Senhores Reys n1eus Predeceflo" re.s, reconhecendo ainda en1 mim avantajadas, e con:!' tinuas merc~, e benefilios da liberal, e poderof tna , d~ Deos ~Jofio Senhor, por intercefa da Virgen1 Nof,, f~l Scnl:ora da Conceia6: Efrando hora junto en1 Cor, t_~s com os tres Efrados do Rcyno , lhes fiz proror a , obr~gaao que tinharnos ck renoyar, e continuar e.fta , pro ..
;-; pron1efla, e venerar co1~1 n1uito particular affeB-o , e , folemnidade a fefia de iua Immaculada Conceiao. E Anno ,, ne11as con1 parecer de todos ailentan1os de tomar por I 646 , Padroeira de nofos Reynos , e Senhorios a Santi1Iima ,, Virg~n1 N" ofa Senhora da Conceiao na frn1a dos ,, Breves do Santo Padre Urbano OitaYo, obrigando-me a , haver confirmaao da Santa S Apofrolica, e lhe offe" reo de novo cm meu nome, e do Princi pe D. Theodo.. , fio meu obre todos 3mado , e prezado filho, e todos ,, n1eus Ddcendentes Succefores , Reynos, e Vaflllos ,.d fua Santa Cafa da Conceiao fita en1 Villa-Vioi, ,, por kr a primeira que houve em Hepanha defia invo" cacdo, cincocnta cruzados de ouro en1 cada hun1 anno , , en1 iinal de tributo , e vaflllagen1. E da n1ena n:anei" ra prometten1os, e juramos co1n o F'rincipe, e Eftados , de confdfar, e defender fetnprc ( at ar a vida fendo ,, neceilrio) que a Virgetn .1\1aria May de Deos foy con'' cebida iem pcccado original, tendo refreito a que a ,, Santa J\Iadre Igreja de Roma , a que1n fomos obriga'' qos feguir , e obedecer, celebra con1 particular OfEcio, , e 1 eila, iua S3ntiffima, e In1maculada Ccnceia6 ; ,, falvando por1n efte jur~unento no caio em que a mef'' ma Santa Igreja refolva o contrario. Efperando com ,, grand~ confiana na infinita nfericordia de Deos N oflo ,, Senhor, qt:e por n1eyo defi:a Senhora, Padroeira, e , rroteB:ora de nolos Reynos, e Senhorios, de quen1 ror , honra r.or.a nos confelmos, e reconhecemos Vafil" los, e tributarios, nos ampare, e defenda de nof1os ini.. ,, migas COln grandes accrekent:unentos ueftes Reynos , p:ua gloria de Chrifro nofio Deos , e exaltaa de nofla , Santa F Catholica Ron1ana, Converfa6 das gentes, e ,, Reduca dos Herege~ E fe alguma refloa intentar ,, coufa alguma contra efta n9fia promefa, jt;ra~1ento, , e vafTallagetn , por efie 1Tiein1o feito , fendo \ aflallo o ,, havemos por nao natural ' e queremos ue feja logo J' lanado fra do Reyno ; e fe for Rey , o que De<?s na ,, permitta , -haja a fua, e nofi n1aldiao, e naie con" te entre no fios Defccndentes, efperando que pelo n1ef, mo Deos , q!.te nos deo o Reyno , e fubio Dignidade N ii , Real
PARTE l Ll17 RO IX
195'
196
PORTUGAL RESTAURADO,
, Real, feja della abatido , e defpojado. E para que em Anno , todC?_ o te1npo haja certeza deila noffa eleia, pro16-t-6 , n1e1a , e juran1ento, firmada, e eil:abelecida e1n Cortes, ,, f!landtno~ fazer dclla tres Autos publicas, hum .. que , fer.i levado Corte de Roma, para fe expedir a confir" n1aao da Santa S A pofto1ica, e Olltros dous, que jun" tos <l dita confinnaa, c efta minha Provifa , fe guar" den1 no Cartorio da Cafa de N. Senhora da Conceia , de \'illa-Viot, e na nola Torre do To1nho. Dada , neta noila Cidade de Lisboa aos vinte e c~inco dias do , 1nez de Jvlar9. Balthazar Rodrigues Coelho a fez, , Anno do Nacimento de N. Senhor JE.SU Clnifto de , mil e :~iscentos quarenta e ft:~is. Pedro Vieira da , Silva a fez efcrever. EJRey. E firme1nente fe pde entender " que efta devota acao delRey foy a 1nayor fegur~:n1a das vk1orias, que depois fe confeguira. Snc~cri~s Deixn1os Pernambuco o anno antecedente com do Er<Liu. tao pro f peros J.ilCcei1' - r OS, que C0111 gran de rerl!gnancla I argo o fio a eil:a guerra, quando a ley da hiftoria n1e ob' iga a referi-12. anno por anno ein teu lugar. Celebrou a noP.a gente ~ prhneiro dia defte anno que continuan1os con1 l1uma ialya de artilheria, difparaJa do Forte Bom JESUS,. e conduzida da Fortaleza do Porto Calvo, que fe I1avia ganhado aos I:Iolandezes. Forao os cos da artilht:ria o prin1eiro avilo que elles tivera no .i\.rrecife da fa .. hrica do Forte, de que na ficrao rouco confufos , reconhecendo o alento que tomavao os fitiadores na confiana daquellc receptaculo. Governava as Armas Holandezas Jorge Gafinan em lugar de Henrique f-Ius: era Ge.. ncral da Armada Jans Cornelirente Lic1hart, e no Suprenlo Confelho cdlifriao Joao Bolefl:rater, e I-Ienrique Code: fervia de Secretario de E.frado Joa BaiLeque. }-ocJos Jivrvno o ancrto prefente, que padecia, na eip~ran... ~1 futura d~ foccorro que aguardava de Hobnda. Os fitiadores tmnben1 ioffria grandes incomnlodidades:Forque os n1antitnentos cra6 poucos, e a roupa menos. Efta f..1ltL1 fe retnedion cotn duas caravlas , que d'legra da liahia C<lrr.. ~gad~s de n~rn~ocns, e veftidos comprados
!
.J.
COlll
\'"l
-~PARTE
I.
LIT~Ro
I.LY.
197
com oscabedaes de Joao Fernandes Vieira. Surgirao no Pontal de Nazareth, e partirao do Arrayal a conduzir as Anno munioens, e roupas Joao Fernandes Vieira , e Andr 1 646 .. Vidal, e ficou entregu~ o governo ao 1\lcii:re de Campo Marthu Soares 1\lloreno. 'fiverao os Holandezes noticia da auiencia dos dous Cahos,e querendo valer-ie deita occaiiao, intenbrao fabricar hum Forte entre as Fortalezas das cinco Pont.1s, e Affogados, para deien1baraar a efl:rada dos afaltos de Henrique Diaz, que ped~Hindo em continuavigilancia, na dava lugar a que os foldados do rreiiJio das Fortalezas fe conununicaflem.~Nao quiz Henrique Diaz.que lograilem os HolanJezes o feu defignio, e t.:!ndo elles dado principio obra con1 toda a guarnia da Praa, os invdl:io d~ improvifo, havendo nwrchado occuho pdo centro de hum tnato vifinho, e os obrigou ale r ~tir.uetn com grande perda para as Fortalezas. O eft; oallo da artilheria , que as Fortalezas difparavao, avijuu a J o~ f'ernandes Vieira , e Andr Vidal , e brevel:l~nt~ paEra o caminto de Nazareth ao Arrayal, aont'!..! d.:Laiic.rao com a notida do bon1 fuccefio. Os l-Iotl~iJ~zes, ~ v.:nL~O que Henrique Diaz lhes embaraava de dLl o tr.Jbalho do Forte , o levantra de noite con1 tanto til~ncio ' c:ue nao fora fenticlos d~s fentindlas ' rorquz os Hohlnde?;~s induftriofamente na ceE~ra de dii:. parar a ai-ti!herLl das Fortalezas todo o tempo qu~ duru a ot-ra. Ficou o Forte fdbricado hutn tiro de moiue- Lc\anta te da l ort~1lcza das cinco I'ontas; e para que ficaffe raais os Hulanf :'guro d ..! a.guma tnterp:eza, 1a1 - d o A rrectte, e d~zcs hu 1 .- 11rao nu\oforJ ortaJ~z:ts todas as guarmoens a cortar o mato , que fi- te. c~v.1 111ais vitinho ao Forte. Tocra as 1entine11as artna' ~ll.udio l-l~nricue Diaz COlTI os reus foldados ao rebat~, e icgurando-o efp.:fil.1ra do mato, pratico nas ye:eclas tn'l!s O:ultas de11e, con1 repetidas cargas itnred!o aos Holandezes o traball o em que andava. Chegou o eilro1do ddlas aos alojan1cntos, marchou Jca rernandes Vieira, e o Sdr.:;ento mr Antonio Diaz Cardofo cotn a gente que ad1;.h~::o mais promrta: chegra ao lugar do co:1fiid:o a t~mro, que erao ta roucas as nnmioens que tiaha os iolJados de Henr.J.U~ Diaz, s_ue a fe 11-.es N i di-
198
PORTUGAL REST.AURADO,
Anno dilatar o ioccorro, pudrao padecer grande ruina. Os 1646 HoJandezes, vendo que por inftantes ie accreicentava a no1Ta gente, voltrao as cofras , deixando regada a cainpanha con1 o feu ingue. Morrrao tres foldados de Henrique Diaz , e ficrao quatro feridos, e levemente o Capita Sebafriao Ferreira. Crefcia deiorte a falta de mantinlent~s nas Praas do inimigo , que obrigados della, fe paflava6 muitos Holandezes aos noflos alojamentos. l)e alguns delles ie ioube o hotn fucceflo que D. Antonio Fiiippe Ca1nara6 havia alcanado poucos~ dias antes na Capitana do Rio Grande , para onde havia marchado com o fim de caftigar as iniolencii:ls dos Indios r itagures e Tapuyas. Confirmou efra noticia o Capita joa de. 1\Jagalhes, que veyo da Paraba por ordem de D. An- tonio Fiiippe a trazer efta nova , e a pedir foccorro de g~ntc, e munioens. Logo que D. Antonio chegou ao ~10 GranJe, quei1nou algun1as Aldas dos Indios, que ie haviao levantado: os que fugra dellas dera parte aos Holandezes dos prefidios das Fortalezas do Rio Grande . e Paraiba, e promptmnente n1archra a bufcar a nofl gente 500. ioldados da f ua Naa, 8oo. Pitagures excellentes mofqueteiros, e 100. Tapuyas, que ufavao Preven- de arcos, e frechas. Teve efta noticia D. Antonio Filipcs de pe, e prevenio-fe con1 ordem militar no fi tio de Canhahii ~-~~:~-em huma campina, que era forofa eftrada dos Ho1an~~0ca1~~: dezes. Segurava dous rios os lados defte valle, entre ra. hum , e outro levantou D. Antonio na frente h uma groffa trincheira co1n foflo , e eftacada, que guarneceo com a mayor parte dos feus {oldados : e como o Rio Grande, que cobria hum lado , era invadeavel , guarneceo os poftos do outro rio, que lhe ficava oppofto , com 150. 1"'a.. puyas ; e com 450. entre Portuguezes , e Pitagures deftros, e val<;>rofos, aguardou o afllto dos Holandezes. Guarnecida a trincheira , anitnados os foldados, e diftribuid;.~s as ordens, tocrao arma as fentinellas que efravao Ataque dos H o. avanadas. Brevementechegra os Holandezes a aviftar landezcs. a trinLheira, e cotn muita refolua a avanra. Forao v~rias vezes rebatidos, e o n1efino fuccefio tiver~ os que lufcrao os portos do rio para o pa.fire1n. Du~ou
J
1nt11tas
199
muitas horas a contenda , e faltando na mayor fora della polvora a alguns clos io1dauos que pelej~Ya, a pe~ira~ , .Anno appellidando os nomes de Santo Anton1o, e S. Joao, ie- 1646 guindo a bem ponderada ordem que D. Antonio Filirpe lhes havia dado, para que os cos da fua falta nas vezes de que na tinha polvora, nao anin1aflem aos uutnigos. Fora foccorridos protnptamente, e vendo os . Holandezes a refift~ncia iniuperavel, fe retirra, dei- Retuaxando 8o. mortos na campanha, e levando muitos feri- d~m per dos. Fez o mefmo D. Antonio Filippe para a Paraba, e defpedio o Capita Joa de Magalhaens ao Arrayal a dar noticia defre fucceffo , e a pedir foccorro como fica referido. Confultou-fe efta materia entre os noffos Cabos, e affentou-ie que marchaffe com o foccorro o Meftre de Campo Andr Vid;d. Fez elle a jornada com quatro Companhias do Tero de Joa Fernandes Vieira, e duas de Henrique Diaz. Joa Fernandes Vieira, na querendo que o initnigo conhece.fTe a falta da gente que havia n1archado , mandava tocar arma repetidas vezes por todas as fuas FQrtalezas. Tocou h uma noite el:a diligencia a Henrique Diaz, e chegando os feus foldados ao redul:o novamente levantado, depois de darem algumas cargas, reconhecrao que os Holandezes, que o pr~fi diavao , o havia d~famparado , entrra nelle, e defmantelando a parte que lhes foy poffivel, fe recolhrao aos quarteis. Tornra6 os I-Iolanc~ezes a reedific-lo, e guarnecera-no com 1nayor numero de foldados. Henrique Diaz , que havia tomado efta en1preza por ia conta, pedio licena a Joa Fernan~es Vieira para atacar fpgunda vez o reduB:o f6 com os ieus foldados : porque nao queria que os brancos attribuifetn ao feu va1or, ccmo coftumava, a gloria d~ todos os bons fucc-1To~. Confeguida a licena, mandou pafiar o rio ao Sargento mr Paulo Diaz S. Fetice com quatro companh:as , e fi':ou HenriqueDiaz dando orJ~rn aos i~)ccorros que julgai:. ie necefarios para fe confeguir a cm preza. P::1ra n1ayor fegurana ddla mandou Joa6 Fernandes Yieir:.:-. tocar Yivamente arma en1 varias part;~, para G_Ue a confu1 _( 1 ~N 1v v e .. l.fle
2oJ
PORTUGAL RESTAURADO,
Anno nhias rafiu o rio para atalhar qualquer accidente que 1646 fobreviefie. Tanto que o filenco da noite (que os expugnadores parece que fazia omais ekura) deo lugar a que i~ puzefe1n en1 n1archa por entre o mato , foy o Sarg_ento mr com pouco rumor chegando ao forte: rorm fcnticlo de duas fentinellas , qt_te os liolandezes tinha? avanado, tocra arn1a, e os negros animoios , e deitr Js, na at;llardarao ot:tro f:nal , invefiir.1 as ientinel!as c;ue logo n1atra6, e com o mefmo impulfo atac~ra o Forte, cortira rarte das eil:acas que o roccava c o tn n;a:hados que !evavao prevenidos, entrrao relo rc'r il~o _que Ezera6, d-gohirao 15. Hclancezes ( 1 e citfc:ndla a eftacacla' e C0111 igual n:Joh'CO inv(fii: ao o forGanh_a }i cnnque tin1. , e iem valer a refiften~ia elos liol~ndezes, c, v e o r,uar.- . .J , .:. "J -, Diaz , 0 , 11 11cctao , o gan 1arao ; e 1o a quatro pcn1oarao as Vl as, os feus ne- pafianJo de cincoenta os que havia n1orto. l kot! f~ri ~ro~ o no- do o Sargento mr, e trcs Caritaens, wonra oito lo.Fone. foldJdos, e ficira6 24- feridos. A tecla.. r_'tirrao aos hombros, igualando ao valor a piedade. Kefte tempo defeIntcnta:5 j~ado ods Ho1_andez~ ~eftau rar rart~ dos camncsC~dxpde os Holan- nmenta os , tntentara gan 1ar por lilterpreza a 1 <c\ e dezcs in- da Paraba, e encommendrao efta cm preza ao Governatcrpren- dor do Forte do Cabedelo ajudado d~ huma Armada, der a Pafi r R" G ran d.~ . Frerarou a raiba; c fe que pa avba COlll lOCcorro a<? 10 rctira. gente, en1 arcou-a em quantidade de lanc 1as , navegou de noite o rio; e cotno toda a confiana confifria em na ier fentido , ouvindo tocar arma antes ue lanar a gente en1 terra, fez voltar as proas para a fua l'ortakza. Chegou nefrc tempo Paraba o ]',ieftre de Can1po Ap.dr Vidal de Negreiros, e encorporado comD. A1.to::io Filipre, tratra de tomar fat!sfaa defr~ ~ntento do~ Holandezes, antes que e1les ttveffem noticia de Andre Vidal fe~ chegado quella Cidade. Informado do~ praticas refolvrao marchar pelo Sertadefviados do For!ede Santo Antonio quatro legoas difiante da Cidade, e voltaiido fobre elles por can1inhos Olcultos, fe embofcra junto a h uma Hermida de Kc fT~ Senhora da Gui.l, ve Ecava vifinha ao forte, e n1andra6 o Cafitao Antonio
I
.J ] , """'
Ro~
20I
Rodrigues ViJal , com 40. n1oradores rraticos no terreno, que ie defcobriffe para obrigctr aos Holandezes a sue i~l- Anno J1itlen1 da Fortaleza na confiana de entenderen1 que n3 164-6. l1avia n1ayor nun1cro. Succcdeo a en1preza con1o fe dif:.. ps : porque logo que os !-lo1::mdezes vira os 40: foldados, entendendo que deioH~enadatnente vinha a roubar, iahirao do Forte de Santo Antonio, c do de Cal""erlelo 210. foldados entre I-Iolandezes, e Ind i os , e carregando furioi8mcnte a noffa partida, na advertira a dei:. tr~z3 con1 que na r 'tirada lhes infinuavao o lugar (!o perigo. Cheg.ira os I-Iolandezes rrnneiro_ emrofCada que os lndius' e il anlbia6 de quererem uf urrar toda a glotia ~lo fuccefio , foy l.af1:1gaJ ..l corn a fua total t:ltina. (~ ~~~,r:r~~~ fl1e1mo danlnO pc-1deceo a m~lJ01. parte dos Indtos, 11~0 ~-"o~}! o. ekapanuo os (jlle fe lar:ra mar, que ficava vifinho : Jandz~:;. prque os L1dios do l'cro dr:- I>. Antonio rjJjppeos f::guirao, e lhes dcix<rao por epu1tura o m~.~fino n1ar que buk,irao por re1neio. Entre os mortos fe achou 1m ma ladia que era conhectda ror feiticeira, guc fe nome:.1va ror Ona, e 1\_;re, fenhora dos dcmo:~-ios, e inimiga mortal dos rortugcezes. fefrejclr<:I muito os Inc1ios Ca... tholicos a fua n~crte, deicjaJa a refrcito das fuas gran... des 1naldades. J\1orrco Bt:fra OCCi:lfiao O S~rgento fl1l' Francifco Cardofo do Tero de Martin1 Soares Moreno. 7 ' oltou Andr Vidal para Cidade, e brevnnentc dei:. pcdio para o Rio Grande a D. Antonio Filirpe co1n a gente Portugueza , que havia trazido , e con1 os feus lndios' e Andr Vidal voltou para rernan1buco f C0111 a Companhia de Antonio Gonalves Tica. Netes dtas fahira o!tenta lioJandczes na Ilha Succcdco de Itatnarac com intt>nto de colher mandioca : de:m- mdi110 harc:lra e1n 'I'ciucupapo. Teve avifo L_enob;o Acbio1 i ~ 111 _Ita: Capita m~- .da gente 1nillciana daquelJe difrrilo, jun- maiaca. tou trin~a n1oradores, iivefi:io os Bo~andezes, depolou grande parte dos que f:.1ltra em terra, os 111is fe reti ... rrao f~m h~var o n1antimento qne procur;::yao. Como a .l1ta de bafrimentos GUC os I-Io!anch~7CS rd~cia6 era gran~c, r:forra O poder, e com )CO" fo 1 c~CCS ela fua naa, e grand~ nun1ero de lndios deh.n1barcra em hu-
-o
llla
202
PORTUGAL RESTAURADO,
n1a Ilheta chamada Tapefoca, naolonge das Roas de Anno Tejucupapo. Teve avifo Agofi:inho Nunes Sargento 1 64 6 mr da Ordenana , mandou tocar arma , acudira6 dous Capitaes, e duzentos homens, marchra com diligen Derrota cia, en1bofcara-fe em hum fi tio, que o inimigo necefiZcnobio riamente havia de bufcar , e confeguirao o intento com Achioli tao bom fuccefo , que invefi:indo aos Holandezes os der- . ourtora T pa de rotrao , ficando mortos, e feridos entre Holandezes , e . h /r. Holande- Indtos perto de duzentos. Con. ecendp-1e no Arrectfe a 2t:s. difficuldade defta em preza, e multipli~ando-ie a neceffidade dos mantimentos,embarcou o Gen ral da Arm2da Jans Cornelizent Litl:hart toda a gente da uella guan1ia6 ; e demandando a meftna Ilheta, com tanta diligencia faltou em terra, e carregou as lanchas da mandioca, que efi:ava cortada nas roas, Que havendo Andr Vidal chegado a Goya na de volta da Paral.ba , e marchando con1 grande diligencia a buicar os Holandezes, lhe na foy poffivel encontr-los em terra. Continuou a fua jornada , e chegando aosalojatnentos,achou que o afediofe havia efireitado deforte, que era grande a fome que padeciao os fitiados.Havia acudido os do Supremo Confelho a efi:e dno com os remedias poffiveis, e confiando-lhes que os Judeos tinhao fido grande parte do aperto que fe padecia , por have.. rem recolhido todos os mantimentos para os venderem pelo mais alto preo, mandrao correr todas as cafas, tirrao dellas os mantimentos que fe acharao, depofitraO-nos em armazens publicas , e obrigrao aos J udeos a compraren1 os mantimentos que lhes era neceflarios paAltera-fc ra feu fuftento , pelos n1efn1os preos porque os lla0 p~v~ via vendido. Na pode a fua coftun1ada an1biao toleh~~a1~0~1- rar efi:a ju!l:a fentena, intentra _mnotinar o Povo: aJudeos. cudira os foldados do prefidio , e com a morte de fete Remcdea cabe::ts rla ediao, teve focego o rumor. Nao era meJoa F-.:r- nora falta de baftnnentos que fe padecia entre a noffa n~n~es gente, nem menos confideravel o damno, que ror efi:e Vf: !IClradas f.2f~v:'itO fe CXperitnentava, porque OS foldadOS Orrig~UOS a tas o d c d r _, 1 . rr d f Exercito.c ... a 10me etatnparavao os a 0_1a111entos, pauan o- e os Jevanta mais delles Bahia. Hum, e outro prejuizo remediou mais hum J oa Fernandes Vieira : porque para a recondua dos Forte. foi-
PARTE I. LIPRO IX
203
foldados efcreveo a Antonio 1'cl1es da Silva as confequencias defta defordetn , e reconhecendo-a ren1etteo Anno logo a Pernan1buco todos os foldados , e efcravos, que 164 6 conftou haveretn fugido : os que fe haviao aufentado para o reconcavo foy reconduzir Joa Fernandes Vieira, e na n1efn1a jornada juntou quantidade de n1antimentos que fez conduzir ao Exercito; e levantando hun1 Forte na barra de Tamandar, que deixou prefidiado , e guarnecido, voltou para o Exercito con1 n1erecido applaufo da fua vigilancia, e aHv~dade. O aperto que padeciao os Holandezes do Arrecife alleviavao os feus Cabos con1 a efperana dos foccorros que efperavao de Holanda. So.. bre efra nova certa fundrao huma noticia fali , finginrlo duas cartas de que difiera haverem recebido a copia , huma deiRey para FranciiCo de Soui Coutinho, en1 que lhe rdenav_a fignificaffe aos Eftados con1o fe dera por n1uito n1al iervido da foblevaao dos moradores de Per- Artificio nambuco, e n1andava ao Governador do Brafil que os dos Ho. cafrigaffe ieveramente , e n1ettere de rofle aos Holan-Iande_zcs c. I . JT. r. ma 11ucd ezes de to dos os lugares que 1e l1es ttve11em unupado :cedido. outra dos Eftados para ElRey, que continha arrogancia, e an1eaos. Chegou efta noticia aos alojamentos , e jun.. tamente de que os Holandezes pertendendo ganhar ten1po, que he o melhor tnedico das doenas perigofas do mundo, haviao efpalhado , que todos os fitiados que fugiao para o Exercito erao horrendo mantin1ento naneceffidade dos Indios. Achou-ie obrigado Henrique Diaz a m_ofrrar aos fitiadores que fe havi~1 penetra~o efte engano, eicreveo huma carta aos do Supren1o Conielho por excdlente e.l:ylo, e conieguio nao tornaren1 a repetir efras artificiofas diligencias, e continuarao os fitiados a fe paflarem ao Exercito. Trouxerao alguns delles arrimeira noticia de que D. Antonio Filippe Can1arao , com a gente que levara do Arrecife, havia entrado na Capitania do rio Grande, e que na o deixara na can1pan ha fi tio povoado de inimigos a que nao puzeffe fogo ' falvando as vidas f os que pudPrao recolher-fe Fort~kza; eco.. n1o nao havia outro en1prego, voltou rara a Fara1Pa, e n1andou para o Exercito quantidade de gado, t:ln que h::tvia
204
PORTUGAL RESTAURADQ,
v1a feito preza , que ren1~diou a continua falta que fe Anno padecia de mantiinentos. Os Ho1andezes, que fentiao ef.. - 1646. t~ darnno co~~ 1nenos remedia, fe refolvera a procurlo a todo o nico, embarcando em lanchas 6oo. homens, 400. Holandezes , e 200. Indios, ordem do General da Annada . .1\tioftrou elle que o intento era defembarcar em hum porto de Maria Farinha. Acudio ao rebate a gente daquelle difrri~1o, e os Holandezes Jogo que cerrou a noite,_ navegrao con1 toda a diligencia , e ao amanhecer deicmbarcra6 no porto de Tejucupapo. Fora defcobertos de duas fentinellas , c ccmo todos os de Per... n2mbuco eftav\.!o com o continuo e'Ccrcicio _ia praticas na~ defrrczas militares, ajuftra os dous foJdadcs entre fi , que ietn tocar arma hun1 de11es fofTe dar avio PovoJca de S. Loureno que ficava viiinha; e outro ficai1e ohfervando a tnarcha do inirni~o. Era s~ugento mr da Ordc... nana daqw:!lle difl:rL~1o Ago.ftiaho Nunes, que, tanto que lhe chegou o avifo, juntou cctn homens ord,~nl dos Capita~ns AI varo de Azev~do , Agotitlho Lcit~:o , e Paulo ~1cixeira, e recolheo-os en1 l'Util r\?du-.:to n1al formodo, que tinha a rnelhor def:!nC1 etn htHnJ efracada forte. Dentro della recolheu toda a gente, e mantimPntos que lhe permittio a hrcvidaJc, c con1 toJa a lliljgenda defnedio avifo aos Governadores que fic~va doze lcgo:Is daquelle fitio. Dos cetn hotn~ns efcolheo trinta ordetn de Manoel Fernandes,~ ordenou-Ih.:s que ror entre o mato co!n as efDingardas fizdT(:.ffi ao inimigo o damno c;ue 1hPs foff~ po:ffivel. Guarneceo os pofros, animou os io1dados, repartia as munioens, e fez lan<lr hando, em que rrohibio com ren1. de vida que nenhutna mt1lhe! 1evantaffe cbtnores, ou rno!lraTe tetnor do perigo. N~J.. te tempo marchavJ os Holandez~s a toda a diligencia, c os tri:1ta folJauos L~r-uros na efjJdT"ura do 1n:1to, ern qn~ todos era pratico~ , foubcrJ.o valer-ie tatu bem das occafiocns qu~ efpeculav:16, que antes dos HoL.:mdezes chegarem a ~tacar o redutto, lhe havia n1orto cincoen.At,car")o5 ta hornens. Lo~o que d.era yifr'l del1e, o invel:ra com hol.tnde- gr~n(._le r~IO 1uao: porem nao ac h arao n1enor te fiftenda. r _, " -' _, 1 - T . ~~~:ap~.u- Continura o afalto, e havendo aberto hun1 portilho, por
'-OS
por onde C0111E'~ira ~entrar, nao havendo fo]dados C]lle o defendei1en1, por ieren1 roucos, e pelejaren1 en1 dif- Anno ferentes_ partes , as mulheres ren1cdirao valorofan1ente 1646 efie pengo, porque con1 dardos, e outras armas os tornrao a lanar fra. Q!;ando era mayor a fora do conf1ilo, fahira do n1ato os trinta toldados, e repetr::t tao viva1nente as cargas , qt~e os H olandezes entendendo que havia cheQado n1ayor foccorro, largrao a en1preza , e COlTI gr::md~ prefia fe rttirra rara as lar~chas, deixando Rctimietenta n:ortOS , e levando grande 1111111ero ce feridos. fc com "] ' - . R etna-J os os H o1an dezes , c 1egarao vanos fcoccorros , perda. que a roderf111 marchar com mayor diligencia, fora infallivel na voltar algum dos inimigos ao Arrecife. Andr Vidal recebeo a nov~ _do 1cc:.flo en1 Iguaral , aonde fez alto; e tenJo avifo que o init_nigo fazia iegunda entrada, 1narchou a aguard-lo, e confeguira o ieu intento, fe hum cirtlf[ia I'rancez , que errando o can1inho deo nas nla(s (:os H.otl.Jl(~ezes, os nao avifra do perigo . aGUe hi,\ cxrol:os. Voltou Alh~r Vidal para os a1ojal 1 . . 1}1entos, e ac i cu o l xeroto novamente prcv1co de todo o gcnero de n1~.ntimentos , cffdto que refultou da diligencia de Joa rcrnandes Vieira, G_Ue :gunda vez correo O r~concaVO , e tirou ce tO(~OS OS fllOradores tudo aquillo de que neceffit.1va o Exercito. Reconduzia juntan1ente todos cs toldados cue andava a11kntcs, e ficrao com efte foccorrc todos n{uito animat~cs. Du11inuio eftc alento chegaren1 da Bahia os Padres Mar:oel da Co.fi-a, e Joa Fernandes , Religiofos da Ccn1panhia de JESUS , con1 orde1n de1Rey rcn1ettidaa Antonio Tellcs da Silva, ~and:~~l:. para que os Mefl:res de C..'1n1po Andr Vida! , e J\1artin1 ra?o:~~ Soares fe retiraflem rara a Bahia ccn1 tocos os foJdadcs nres de pagos , que 2ndava naquella guerr~. Foy gr:;-nde a con- Can p,o.c futa que caufou en1 toe' os efra nau efperada ncwitbde ~ fold:~aos porn1 difcurfan(_lc-fe que fe EJR~y_eftivera inteiratnente pagos. informado do eL1do daquella guer; a, na6 erc1 po1fivt:l . n1andar ordem tar.to contra o icu fc-rvio, fe refolvra6 . Joao Fern~~ndes Vieira, e Andr Vidal a replic~wen1 3 c r- ~ephca., ~ _. . , dem , e t 1creverao a A nton1a T e Jl es, 1110ft ranac-Il.l~ as a ordem. .. forofas razoens da il1a deicbe~incia, e o Mcftre de
1 1
J
Cam-
2o6
PORTUGAL RESTAURADO,
Campo lvartim Soares Moreno obrigado de alguns achaAnno ques :! parti o para a Bahia. _ 1646 R~folutos Joa Fern_andes Vi~ira, e Andr Vi dal em conttnuaretn a guerra ien1 fe detxaretn vencer das difficuldades intrinfeca~, e externas,que a dilaa da guer-ra por infrantes fazia mayores , tratra de melhorar com o valor dos ieus braos os accidentes que pertendia dei:. truir a fua generofa refolua. Tiverao avifo que os Ho.. landezes occupavao tres Portos , que baixando a mar, davao lugar a gue os que aliftiao na Ilha de Itamarac, fe communicafrein cotn os da terra firme. Cada hum def.. tes fitios occupara con1 hum navio bem guarnecido, e artilhado, entendendo que feguratnente podia o confeguir Dc_fcrip o fitn pertendirlo de reduzir a Ilha de Itamarac fua obe.. it'>ddat diencia. Fica efta Ilha em fete gros, e dous Teros da 1~:ra~a.talinha Equinocial para o Sul: rodea a Ilha hum brao do tnar, hutn tiro de mofquete de largo : frma-lhe duas barras, huma pela parte que entra , que he a principal, outra pela que fahe , aquella capaz de navios de 100. to.. neladas, efta f de barcos. Vendo os dons Governadores, que era precifo atall1ar o intento dos Holandezes, efco-lhra 500. Infantes, e marchrao com duas peas de ar.. tilheria, e os mais petrechos que lhe parecra necefa.. rios, e etn hu1na noite efcura, e chuvofa chegra ao Porto dos Marcos, que ficava eminente ao primeiro navio dos Holandezes. Cobertos com o mato fabricra nelle hutn 1 platafonna , para jogarem nella as duas peas de artilheria. En1barcara6-e alguns foldados em lanchas: ao amanhecer comeou a artilheria a jbgar , invefl:ira com o navio , forao os prilneiros que chegarao a elle dous botes, de que era6 Cabos o __._L\.lferes reformado Affonfo cle Albuquerque, e o Sargento refonnado Franciico Martins Cachada. 'Teve o Alferes mo fuccefo , porque hu .. ma bla dos Holandezes lhe metteo a pique o bote, oSargento com infigne valor abordou o navio a ta6 bon1 telnGanh:t- po que achou grande parte da guarnia morta, e ferida ~~~;eJ;,a- fas. h las dfia ardtilhefl:ria, que coTo jdogava d~ ta o p~rto Holandc:- .11vta occa tona o e e damno. Entra o o navio , e eica~ zcs. pando delle io oito Holandezes que fe ilvrao a nado, com
~07
com grande diligencia fe en1barcra os do?s ~oven:adores etn o b::ttel que era grande , e navegara a bufcar o Anno outro navio ancorado en1 o fitio de Taparica, feguindo 164 6 a tneiina ordem que haYiao guardado_ na primeira enlpreza, deixando ardendo depois de dei pojado o navio rendido. O efrrondo, o efpe5l:aculo, e o temor aconielhrao aos Holandezes do fegundo navio , que na6 aguardaffem o afialto : recolherao-fe a terra antes de chegar a nofla gente, e deixrao ateado o fogo no navio , nao quelendo que os noflos foldados fe aproveitaffetn do ~u defpojo. Os Holandezes do terceiro fizerao a n1efma diligenaa; porm nao confeguirao que o navio ardefie, porque l:hegando a noffa gente, fe apagou o fogo. Salvou-fe tudo o que havia dentro nelle, e retirarao-fe os noffos foldados , deixando confun1ido o navio do tnei110 fogo de que o haviaolivrado, porque a an1bia6 dos homens nao dura muito em utilizar o que determina de{:.. truir. Os Holandezes fugidos para a Ilha derao ror toda ella rebate com tanto medo , que ateando-fe o temor em os que guarneciao alguns fortins, levantados em varias pofi:os , os defamparrao , re~olhendo-fe ao que tinhao na barra, a que chan1avao de Oranje. Deo efra noti~ia hum artilheiro que fugia para a noffa gente : fora os F o_rtes entrados , e como t?dos fe na o podiao f!Uarnecer; i e arrazrao, e levantou-te hum com grande diliget:- Levanta.: cia no Porto dos J\iarcos, qEe facilitava a cornn1unicz1.- fe hum ao da Ilha cotn a terra finne. Affifi:io obra o Sargento ~orte ~o n1r Antonio Diaz Cardofo , e deixando guarnecido o ~~;r~~s~s Forte com 200. Infantes, e 18. peas de artilheria, que ie achrao nos fortins do inimigo , ie retirou con1 os Governadores para os alojan1entos.. Era de qualidade o aperto que padeciao os Ho}andezes fitiados no Arrecife, que c:uafi efravao reduzidos 1 ultima defdpen~ca, c:dTin1 por falta de gente, cc- Cheg.a r. ~l aos Ho " nlo de mantimentos: porem nao 1endo c1 1egatJO o termo 1 ndezes prefcrito de fe livrar Pern2mbuco 1as herefias de Calyi- t~es tuno, e Luthero , derao fundo no porto tres na,ios de H c- d()s_c?m landa con1 gente, municoens , e baftin1en.tcs , e nova notcda de ~ fi " uran c erta de i e carem aprefi:ando duas poderofas Annadas , Armada. corA -'
Anno panha de Pernan1buco , e outra conguiftar a Bahia. 'I'iI 646 verao logo os Governadores efl:e avifo, e na f na6 defniayara da em preza co1n a noticL1 do novo foccorro, ~ Prepara- na que lhes fcrvio e.fi:a nova de adiantar as prevenoens. ~a do:; Fortificara os q1..1artds , provra -as Fortalezas , _pagano~os . rao aos no Porto Nazareth tres Go\erna- navtos , foLiados, e. arm:r~l6 os uetr.pOJOSde os que h av1a~ . _.. .1 . d dores. que preparar]o c0111 rendido em ltan1arac, c en1 todas as acoens derao affumpto fama para eternizar as f uas n1emorias : porque raras vezes tem acontecido fon1entar-fe hum .fi tio ta dilatado com tao poucos n1eyos de fe confeguir, que he necefT:uio explic-los com diffin1ulaa, por na arrifcar o credito da verdade defra hifror ia , que Jeternlino eter.. nizar. Qpafi no n1efmo ten1po que o foccorro dos HQoo landezes , entrou no Porto de Tatnandar h uma fragata do Reyno, e no Pontal de Nazareth duas caravlas com Soccorro Infantaria, n1unioens, e armas. Foy geral o contenta~~.Rey- mento com que foy recebido efte pequeno foccorro, que fe accrefcentou cotn a noticia de haverem pelejado com bom fuccefTo con1 duas nos Holandezas. Efi:e novo alento foy occafia de fe applicaren1 com mais vigilancia as attenoens de todos os foldados , e trabalhava deforte , que na6lograva6 os Holandezes aca alguma, por n1ais que a prcmeditaTe a prudencia, e intentaffe fegur-la o fegredo. O Governador da Fortaleza dos Aff?gados fahio della com duas lanchas carregadas de mantimentos, e guarnecidas com trinta mofqueteiros : cahio nas tnos do C:tpita Francifco Lopes Efi:rdla, e dos foldados de Henrique Diaz. Por1n eftes encontros ao paflo que dimi nuia6 as foras do initnigo, debilit::va6 as noflas : porque como era muito continuas , na. podia lograr-fe fetn fe difpender ingue, e gafrarem-fe n1unioens. Re.. parara efre damno com militar experiencia Joa Fernan.. des Vieira, e Andr Vidal, levantando hum redufro, em cada hum dos alojamentos, rodeado con1 fofio , e eftacada, para que corri efra fegurana ficafTe fen1pre ao arbitrio uos feus foldados a eleia6 de peleJar. E para que nao fuccedef.te acharem-ie om inferior numero ao dos u-
2o8
PORTUGAL RESTAURADO,
canl-
migos;
migos, dera ordem , para que em partes di verfas, e -contpetentes efiive1Ten1 Companhias promptas, para que Anno fe na int~rpuzefie ten1po t;n_trc o rebat~, e o foccorro. ,1646. O .acerto das acoens, e fel1c1dade dos iucceff0s adiantra deforte a opinia de Joao Fernandes Vieira, qu.! na podendo toler-la a ambia de alguns qu con1 inveja o feguiao, deternnra tirar-lhe a vida , ?Valiando por mais util 'e~trega~ aPatr~a 6 n1alda~e _de teus inimi.. Conju~ gos que determtnava deftru1-la, que a VIrtude do feu a de natural, que pertendia libert-la. Era a conjuraao entre Joa Fe~ d~anove 'hqu_elles em que c?~ mayor at!e~ao o~ bene- ~ai~~~~~ fictos de Joa Fernandes Vtetra fe hav1ao empregado. N ao foy o trato ta oocculto , que nao ti vefe elJe por varias vezes noticias infalliveis do feu perigo: apontara(). -lhe os nomes dos conJurados, a parte em que o efpera vao para lhe darem a morte ' e os inftrumentos que prevenia() para a exe.:utare1n. Fiado na igualdade do eu animo, e no virtuofo o~. .jeao das fuas acoens, defprezou todos os aviios. Ultin1an1ente pertendeo Andr Vidal abrir os olhos ao feu deicuido, moftraT1do-lhe evidente-., mente o rifco certo da fua vida : refpondeo-lhe que fe admirava muito de que c~ubele tambem na fua pruden cia o engano defi:as illuioens fantafticas. E fem terem fo;a tao vigorois advertcncias, para lhe introduzirem no animo a menor cautla, fahindo do ieu Engenho o primeiro de Junho, deixando-fe levar dos cuidados da fua obrigaao ' que nao devem ter ociofo o efpi rito dos que governa, fe adiantou da Companhia da fua guar da, e tendo caminh_ado f hum tiro de pea do lugar de que partira, lhe iah!ra de hum denfo anaveal tres 1\iamalucos, que pondo ao rofl:o outras tantasefpingar1 das, e bufcando a mira por alvo o feu peito, as dif~ parrao ao tnefmo tempo. Ruma f tomou fogo , que Hc ferido com duas blas lhe pafou de parte a parte o hombro di- de huma reito. Na lhe fervio de embarao a ferida , para deixar bla. de procurar a vingana, arrojou o cavallo ctra os aggreffores , porm achou-{e embaraado com os vallados que cercavao o canaveal , que o cava11o nao pode vencer. Chamados dos cos do tiro chegra diligentes os feus Ql:
';J
_.,r PARTE L
LJPRO IX.
~09
_,
. 2.10
PORTUGAL. RESTAURADO,
ioldados ~ e v~ndo derratnado o fangue do Capita que An_no veneravao , penetrra furiofos o canaveal , e brevemen" 1646. te defcobtjra o ~l.amaluco author da feri_da: _achara)he nas ma os a ei ptnganla, co1n que hav1a atirado , e por ella foy conhecido hun1 dos conjurados , por lha h:.. ver dado J oa Fernandes Vieira no principio da guerra. Os dous, que errara o tiro , thirao com tanta diligencia , pela outra parte do canavcal, que nao fora achados. A_primeira noticia defi:e fuccefo caufou nos quarteis tanta perturbaa, que pudera augmentar.fe a ruina; fe a . ferida nao dera lugar a Joa Fernandes Vieira a que 'l peffoahnente focegafe o rumor~ Tratou-fecom tanta:attc~~o do rerned.io della , que brevemente fe _refi:ituio Joa Fernandes Vieira primeira faude, e rara jfrificar que fora valor, e na imprudencia, o defprezo dos avifos que teve do perigo da fua vida, elegeo tao generofo caminho por recompena do eu aggr~ v o , que i e fatisfez Perdoa com chamar os conjurados, e n~ofi:rar-lhes de refio a rof+ gcnerofa to o erro da fua aleivofia, o delirio da fua dete:mina~o me~ te ao e a inrrratida do feu procedimento re .. onhecendo que COOJUra h O fl: -' ' dos. e mayor ca tgo para a naao Portugueza a affronta que a morte. Bem necrfario foy melhorar joa Fernandes Vieira , para ajudar com o feu zelo , e expcriencia aos feus naturaes a refiftir o novo poder que chegou ao Arre cife, taformidavel, que deixou fatisfeit..as as efpera~ as dos 1itiados. --... f! ,. . ~ Deo fundo naque11a barra Segiiinundo Vanei:. C~ga chop General de huma grofla Armada , em que vinh2? aos Hol~-etnbarcados quatro mil Infantes, que conduzia J~cob Ei.. dezes gr- tacour ; hum , e outro Cabo de valor , exreriencia, e de co~ a~on hec1 os naque ]] a guerra, por h averem aw 1 o ne11 a d -lr.ft"d ro focc orpc:ffoa de ps annos da primeira Conquifta; e porefl:e refpeito efcc;.... Segifm~- lhiqos e1n Holanda para efta em preza , entendendo que 1 do.. 'era igualmente capazes de reduzir cotn o entendimen~ .. . .to , e com as mos a contumacia dos fi tiadores. Logo Gllt! def mbarcra6 , fizera o exame de todos os fuccdTos ant~:~. ced~ntt>s, e com arrogancia arguir2 a froxida do~ fiti~~ clo.~ , diz~ndo, que aquelles 91eiinos homt'n~, ue ellcs coLhe~rao na guerra pafiada, Up era rodivel G_ue foffetn ~ -.. ~apa~
<~
:111
capazes de confeguir tantas vilorias, fem haver concorrido para a Jua felicidade o pouco animo cos vencidos. Anno . R.emettrao os fitiados s experiencias futuras ()credito 1646- do f~u procedin1ento, dizendo que deprcTa conhcceria t os novan1ente chegados, que fe antes contendrao com gente bizonha , agora hav1a_,de. pele.~ ar com Joldados ., deftro~, e valoroios, que nao to cra capazes de contervar o proprio, .fena tambcn1 de conquiftar o alheyo., oJ!dl~r; Na dift~rio n1uito a conferencia da cxect;ao: rorque con1 todo o calor te anitura os foccorricos, e os que os foccorrra a negociar com a fora, e con1 a arte o fim daquella en1preza. A noticia defies novos contendors p~ em 1.rrand~ cuidado os noflos Cabos : porm como: l1aviao cultivado o animo, para receber em fobrefalto efies , e outros tnayores accidentes , tratra mais de ronJ~rar a oppofi;:-. , que de tem-Ia ; e C001 prudente ReforalS di{(urto derao ordem que fe recolheflem aos quatte!s os Go,er os toldados das guarnioens da Paraba, Coyana, e ou- nadorc.; '" . . os quartras partes 1nenos Importantes, e JUntan1ente os mora- teis. rlores dcHes difrridos , para que unidas as foras , e (~efamparada a Can1panha , nem os Holandezes achaiienl o poder dividido, nem as terras cultivadas.- Executou-fe pontualmente efta ordem, e ficra os alojan1en tos n1ais feguros, por tnelhor guar_neddos. A cinco de Agol:o fez Segifmundo a primeira iortida, fahio elo Arrecife con1 1100. Infantes com determinaa de levar Ataca se:; ~ur intcrpreza a Villa de Olinda: Mar~hou por aquella gifmun bngua de area que a natureza dtfpeniou para a comrnu- do Olin.~ ni~a~o por entr~ o rio, e o mar. Fortificava-fe efte pai:.. da. s.~ru fo com hum a trincheira, que defendia o apitao Anto'ui.[ nio da Rocha Damas : acudi o elle promptamente a defend-Ia, eaggr~gando-fe-lhe o Capitao Braz de B.~rrcs, que governava Olinda, e os Capitaes Joao Soares de Albuquerque, e S.!bafi:ia6 Ferreira com I8o. foldados' nao fe ... ~.~ fatisfazendo f cotn a gloria de defender aquel1e Pofio, paiT.rao o rio p:..~la parte do Buraco Pequ'::!no ,' e fem reparar na Je!igu.1ldade do poder, iuvefi:irao com tanta ord~m , e tanto valor os Holandezes, que os obrigra a voltar as ,ofras, e a buf,ar o amparo do Forte do Pcrre
ciJl)h ,
r
O ii
xis~
21z PORTUGAL RESTAURDO, xis~ Tornou-fe a forn1ar Segifmundo, e iegunda vez in...
Rc:_tira-fc da na ma6~ depois de haveren1 empregado a prin1eira car- _; fendo de ga, e deforte acert3ra os golpes, que ferido SE>gifmt.
za. _Q.Je~ia Segifmundo vin~ar a ferid_a; ~ efcurecer ~ opprobno duas vezes p~dcctdo , con1 terceira refo1uao de morrer ou vence'r: porm reconhecendo qtte de todcs os guarteis vinha acudindo gente ao rehate-, iendo o primeuo que chegou Joao Fernandes Vieira' 111Udou de ir:.tento, e recolheo-fe ao Arrecife.' Logrrao os Capitac~, que fe haviao achado nefta em preza, merecido appLufo do bem que havia o procedido neUa. Pairados poucosdias, mandou Segifmundo tentar fegunda vez a intcrpreza daVilla de Olinda : porm achando os que a atacrao igual . . ;..~' refifrencia, fe tornra a retirar com grande damno. A ... noite feg~1inte a efra, fahira da Fottaleza clos Affogados mil Infantes com ordem de invefrirem o qt!artel , pela parte chamada do Aguiar. Embofcrao-fc fem rumor; porm antes de fe defcobrirem forao vil:os das fentinellas que fahirao a reconhecer o campo. Tocra arn1a, acudra ao rebate os Capitaes Antonio Borges o Cl1oa , e Ftancifco de Abreu com as fuas Cotnpanhias, e tom ta .. ... boa ordem fuftentra o combate~, que 'derao tempo a -~:uJ.;.I (_}Ue chegalfe por h uma. parte D. Antonio Filippe Cam2.~ --~~'-.J . ra, pela retaguarda os Capitaes Cofn1e do Rego de Ea!:Ataca o11ros, e Francifco Berenguer de Vilhena, e Jogo Jo26 FerHoiandc- nandesVieira! e todos a hun1 tempo fizera largar o cam;:;~~ufcr- po aos Holandezes. RetiraraO.fe para o amparo da Fortaretirac leza dos Affogados, porm naolhes valendo a defenfa_da o mefmo artil'heria, forao valorofamente invefiidos, e rotos com !u~,dfo. tanto eftrago, g_ue alguns que entend ra~ efcapar Jan-: ando-fe ao fofo, fe affogira nellc por fer largo, e d~ grande a_ltura. Foy ta pouco o dan:no que recebeo _a n~1,: fa gente, que fe podia contar por m_ilagrofo efre iuccef.. fo, pelejando primeiro com numero ta defiguJI, e d~.... to is defcobertosaos golpe~ d~ n1uitas blas de a1ti!heria,
alfaltos.
~(''~d "
que
que contra ella difparo~ a Fortaleza. ~onvalefcido Scgiimundo da ferida, buicou novo canunho de refraurar o damno radecido : fahio do Arrecife COlU quatro mil Holandez~s, e quantidade grand~ de Indios , pafou o vo dos Affogados , e fel alto en1 hum fiti0 do Pa,;o de Fran-ciico Barreiros, nome que coftun1ao dar os de Pernamboco fs cafas cm que recolhem o aucar. Trabalhou Segifmu do por levantar l1um Forte nefre fitio, e embof.. cou dous mil homens , e quantidade de Indios , com ordem que aguardafTcn1 os que acudificm ao rebate do alojamento da Barreta, meya Iegoa difrante daquelle dillritlo , e que depois de os desbaratarem , ganhaflem , e fortificaTenl aquelle pofi:o. O Capita Francifco Lopes, que o guarneda, to mande melho_r acord?, na quiz iahir dei]e, determinando dcfe!lrler-ie debatxo do reparo da fua trincheira com fdTenta foldados, e alguns tnoradores que o acompanhava. Amanheceo , e na tendo n1ais noticia <1o inimigo , que o rumor que as fE~ntinellas perdidas ha'7iao ouvido de noite, mancou defcobrir a Campanha ror hum Cabo com trinta foldados, e juntamente fez avifo aos quarteis pedindo ioccorro. Chegarao-lhe 400. Infantes, e ao mefmo tempo o~ foldados, que havia fahido a defcobrir a Campanha, fem noticia alguma dos inimi gos. Com eft1 fegurana fe tornra a voltar para cs '-JUarteis os 400. Infantes, e pouco tempo depois deferetir~rem apparecr2o os Holand~_zes. N2o deimayou Francifco Lopes, ainda que fe arrependeo de haver detredido ta depr~fi o foccorro. Avar:rao os Holandezes efte pofto, porm achando valoroi refiftencia, nao quizerao repetir os aflltcs' por nao darem lugar a que chegafe a gente dos quarteis. Ao mefmo tEmpo entrrao no Engenho de S. Bartholome11, e prendr~o Ferna do ValJe, de quem era o Engenho, e Franci1co Bezerra sue nefta m occafia acertou de fer feu hofpede. Te11do not'c a os no:os t;overnadores do rofro que os Ho1andeZPS } a ia fortifi _ado , relolvrao arrazar c aloj.uuento da la reta por inutil , e arrifcado , e ord:~nra ao Ca nita 1 rancifco Lopes, que retirafe a gu 1rn: 'O rara a fralca dos mont~s Cararapcs , e que neft~ fitio fc fortificatlp, O iii t-..ndo
p .ARTE I.
l~ll/RO
IX
:2 I
0"/t; -
. ~.
21.4-
PORTUGAL
RE~TAURADO~
qualqu.~r
.t
movimento que os com todo o cuidado bufc~-tv.l c lminho de n1dhorar o i eu partido, L1hio do Arr~cif.! com a mayor parte da guarnia, e marchou a Ltquear ~ povoaa da Janga?a, quatro l~goas dift~nt~ do Arrectf~ , pela meya no1te. Tev~ avtto o Captta Francifco Lopes defr~ movimento, e cfquecido da orJem que 1~ lhe havia d1do, na6 fez avifo aos Governador~~. como devia , de qu~ refultou entrarem os HoLmdezes a povoaa , faque-la , e queim-la com grande eftrago dos mor.1dores que havia nella. Acudio Francifco Lopes ao rbate, ~ algu~a. gente_ dos quarteis, porm t~o. ta~ d.;!, que nao dera vdl:a mats que da ret~lguarda do tntml go. Andou mais diligente D. Antonio FiJippe Can1ar.1, e confeguio alcanar os Holandezes , e obrig-los a fe retirarem Fortaleza da Barreta; e vendo Segifmundo do alto della a muita gente que vinha chegando dos quarteis, cel.:brou cotn demonfl:raoens publicas o grande p~rigo de que havi:1 efcapado. Trazia elle ordem de Holanda para intentar a interpr~za da Cidad~ da Bahia. A efte fim adiantava com grande calor, e fegredo as prevenoens da Arm:1 da, e para divertir os penf.un:.!ntos alh~yos do intento defta prep.traa6, mandou ao Sargento mr Andrezon, com lium1 efqu:1dra dos mayores navios , a levantar Levanta hu1n Forte na Barra de S. Francifco , e fendo, como outro er~1 , pr~ciz1 efta obra , ficava util diffimu1al da Forte. emprez:1 d.1 B~1hia. Para confeguir a jon1ada com menos cuL:iajo dos fitiados determinou levantar hum Forte entre a Villa de Iguara, e a Ilha de ltamJrac, fi tio mui to conveni~nte p:1ra evitar os noflos progrefos, efegu rar as entr.. d :s dos feus foldados. Sahio de noite do Arreife , e m1rchou com tanto filencio que quando o fen tira o Capita Francifco Barreiros, e outros que acudirao ao rebate, foy a tempo que os Holandezes eftavao cobertos de terra que havia levantado , ajudada da f..uci:- na, e faccos qu..! levavao prevenidos. Inte9trao os noi{~ Capitaens invellir os Holandez~ com pouca ordem,
I6f6 i:lintigos
--
. -
ma;
PJ';"RTE I.
l.IT~RO
IX..
2rs
mas como eLl td.t> dcfigual o partido, retirraii-fe com algl:ffiLl rerJa, e ps Segiiinundo em defenLt, fcm ou- Anno tro embarao , o Forte que havia con:e~Jo. Deo gran- 1646 de cuiJaJu acs nofTos Ca'bos cil:a nova obra, e queren~o que ror a][J"lllTI caminho os Holandezes a avaliaflem ror infruduofa'--', fahio dcs quarteis o Mefrre deC:. . mpo Andr \'il~al com mil Infantes, e foy correr a c:ampanha d.a Paraiba ccn1 intento de a ce.l:ruir, e recolher os g.dos ne ne11a trazial: os Holandeee.s. Alojavi-ie 3co. lndios entre as frrtalezas que os inin1ig<?s tinha naquelJe diftrilo, guardava~' o gaco, e as Juas famlias; e determinando AnJr Vidal invefri-Ios, antes de fer fentido, ror lhes na dar l1lgar a ie retirarem com os gados ao abrigo das rGrtaJezas, CUVil~ra OS Capitaens dorerigo da cmrrcza' e o tc:mro que (.!l!rou a contenda, tivera cs Indics de fe retirare~~ cem as familias, e gacos para junto das Fortalezas ; e hG~ndo caldada a jornada ' foy grande o en~~do de Ant1r Vidal , rarecendc-ll~e q11e efra negligencia teria julgac.!a por menoscabo da fua aHvidade. Havia ndl:c ten1ro fu1pendido Segitinundo a contit~uaa das fortidas, attendendo f pr:vcna dos na. vi os da Armada rara a en-; r reza da Bahta, de que daremos conta a feu tempo por fucceder nos ultimos de De2en.bro efta tua di1[ofiao. E como os nofos Governadores a na haviao penetrado , andaYa com toda a vigilanda fegurando os lugares que julgava mais arrifcacos' e fomentando quanto lhes era rofrvel engroffar o Exercito afiim de gente, corno de n1unioens, e bafri .. mentos. Deixamos governando a Cidade de Tangere a Succcffi D. Gafia Coutinho livre do contagio da pefte que haYia de Afri:. padecido , e da mefina forte tinha cefrado na Earbara, <iando 1~gar a que fe correffe o campo com menos receyo.. Sahio D. Gafta da Cidade no principio defte anno com a noticia de eil:arem embofcados nos pomares Mouros de p: 1nandou inveffi-los , retirara ..fe , matarao alguns os nofos Cavallt:iros , tcrnarat-lhcs hnma ban~dra. E v-endo D. Gafrao que na o haYia no campo Cavallaria, fiUe os foccorrdie ,_ mandou a mdina noite o Adail, ~ue O iv te
Anno nheceo, e corr~ndo por hmn difl:ricro, a que chamao ai 164-6 Lombas altas, achou tanto gado, que e veyo retirando com huma grola preza. Acudira de Angera alguns Mouros, que inveftindo varias vezes a retaguarda da nora gente , lhe dilatava a I?ar:_cha. Lopo Fernandes Lopes,q ne na era cofrumado a ioftrer moleil:ia dos Mouros, pedio ao Ada ii alguns Cavallos para armar aos que os ieguiao, entendendo !eria facil desbarat-los , na 1Hppofia de trazerem cantados os cavallos da larga jorna:da que havia feito , e parecendo-lhe que o Adail i e ajuitava com efia propofi:a, inve1l:io com os ~louros acontpanhado f de outro Cavalleiro chamado Joa Diaz Ro.. drigues. Bail:ra os dous para obrigarem os Mouro~ a voltar~m as coftas: e vendo que o Adail os nao foccor... ria~ f-~ retirirao , trazendo Lopo Ferna~l(les hum bra~o parado cotn huma bjla: porn1 confdTava que era menor a moleftia da ferida , que a pena d~ na6 lograr a oc~ cafi-16, por lhe negar o Adail o foccorro que lhe havia pedido. Retirou-fe o Adail, e poucos diJs depois deter minou D. Gal:J occupar a Serra com guarda dia, q_ue fe feft~java muito naqudla Praa, por fero em que te va.. liao cotn tniis Iargu~za da commodidade do campo. Sahi~ rao de noite os Atalhadores COlllO he cofrume' e queren~ do po~oar o fi tio do Salto, lhe fahirao quatro Mouros, e ao m~tmo ternpo )O. a outros dous Atalhadores que efta.. vao no pofto do Outeiro: ficou hum cativo , os tres per drao os cavaiJos , e fe falvJrao na Serra. Porm fern e:nhargo de ta:1tas d ifficuJJades , e do perigo que podia C')rrer toJa a gente da Praa, occupando a Serra fe1n eftar def~oberta, entrou nella D. Gafta6, e recolhendo-fe Praa tudo o de que neceflitava6 os n1oradores, teve avifo que da s~rra Clhia6 alguns l\1:ouros de p cOnl in.. tento de cativaretn os que fe defunifctn do corpo principal. Ma,1dou D. Gafl:::t6 inveili-los, e duvidando obed~ cer-lhe alguns dos Cavalleiros, foy o pritneiro quefe arrojo'-! aos .1\'Iouros Lopo Fernandes Lopes ta mal convaleicL!o chrs ff.riJ~s., qu~ lhe haviao Jado na occafiao an tecede 1te, que ainda as trazia abertas: inveillo valorofanlente
216
PORTUGAL RESTJJRADO,
P .hR'TE I. LIJrRO._IX \
ir7
famente com os .l\'louros, e atravefln~o con1 a lan:::t o Almocadem que os govt:rn.lva, ao mefmo tempo lhe dif- Anno parou huma efpingarda, e acer~andc:lhe as blas ~mo 1646 mefmo brao eiquerdo que trazta fendo, lho fizerao em pedaos. Livrou:o D. Gail:ao do ultimo. perigo, fendo o primeiro qu~ o ioccorreo, e que valoroian1ente avanou aos 1\'louros com tanta refolua, que os fez voltar as cofr s, e feguindo-os at o mais efpefTo do Inato, nlortos h uns , e feridos outros, fe retirou con1 rifco n1anifeilo , porque acudindo quantidade de Mouros tirava por entre o mato i em damno, pelos defen~er de ferem a var.ados a afpereza do fi tio. Querendo D_. Gafta fer o ultimo que fe retirafle, fazenJo-fe voluntariamente alvo dos ti-ros ti.lO difrinfro que levava na cabea hum chapeo branco con1 hum fintilho de dian1antes, e nos hombros hum capote de efcarlata , o nao ~onientio Francifco Tavares de Araujo, occupando a iua retaguarda; e ordenando-lhe D. Gafra6 que fe retiraffe, o na quiz fazer:. dizendo que irnportava menos a vida de hum Cavalleiro que a de hutn Gen~ra1. Rec<?lheo-fe D. G~fl:ao com dous G.1.vJlleiros feridos, e foy-ie apear a caia de Lopo Fer... nandcs Lopes: affitio-lhe cura da f~rida, e recolheofe com j ufro fentimento de ver que era fora cortarem o brao a hum dos mais valorofos Cavalleiros daquelle tempo. Continura alguntas occafioens de menos in1portancia , e em hum a dellas ficou capti vo Sebafrbo Gom~s n1tural de Al~mquer. Logo que o fizerao prifioneiro lh~ perguntrao fe era bom ier Mouro: obrigado do fobrefaJto, e l~vado da ignorancia, refpondeo que fim, a que fe feguio poren1-lhe hum barrete vermelho IU cabe ~a, que era o final que cofi:umava ufar com os que in.. fdicemente trocavao a verdadeira F de JESU Chrifro, pela enganofa J~y de Mafoma. De!l:a forte o levr;.l diante de Mahom~t Bembucar , e perguntando-lhe elle fe queria fer Mouro, refpon~..!eo confi:antemente, que nunca lhe entrra no animo ( Catholico , e va1orofo ) ta indigna de terminaao : que pela F de Chrifi:o eftava prompto para dar a vida entre os tormentos mais aperos. Indignado o Mouro o mandou atar a hum po, e acanay~
2-lB
PORTUGAL RESTAURADO,
V..;!ar pelos rapazes : durou o tormento dilatado ten1ro; e Anno nelle invocando osSantifiilnos Nomes de JESUS, e Ma1646 ria, acabou gloriofamente a vida, para vivr et~rnamente gozando a coroa de Martyr na Bemaventurana, como piaMorre pc-mente fe pde entender. Era de 11. annos , chama va-ie 1eu la F~ ~e- pay Affonfo Gomes, e an1bos naturaes da Villa de Alem. ~fha~ quer. No fim defi:e anno entrou a governar Mazaga D. orne Joa Luiz de Vafconcel1os, e acabou o governo de Ruy de Moura Telles, como tetnos referido. O Lftado da I ndia governava D. Filippe MafSucccff'os carenhas, e como fe havia ajufi:ado a tregoa con1 os H oda lndia. landezes, confonne as Capitulaoegs de 'Irifl:a de Mendo"l , depois de haverem interefTado tudo o que pudrao confeguir debaixo do pretexto de fimulada dilaa' nao houve aca militar digna de memoria. Padeceo io a lndia a defgraa de que eftando na barra de Goa entre as Fortalezas Murmugao, e Aguada tres Armad~ ancoradas, que fe havia recolhido no fin1 de Abril, que naquelles Antpodas he o principio do inverno, havendo a.fiifiido o vera do anno antecedente , huma no mar do Norte, outra no do Sul, e Cabo de Camorim , a terceira no do Canar com o effeito ordinario de conduzir as Cafilas, entre efras Armadas eftava ancorada huma no carav1a, em que hia embarcado Antonio Vaz Pinto por General para a China, que cofrumava affiftir na CiJade de Maco. Haviao as Armadas de ir comboy-lo at ra das Ilhas de Maldiva , a re1peito <los Paras dos CoP. a rios Ma1avares, que coftumao naquelle tempo recolher-te aos feus poftos de Bargar, Montungue, e Cunh::tle; e fem haver alteraa nos mares, nem annuncio detorn1entat ficando o General, e toda a gente das Armadas embarcada para haver de dar vla , ao romper da manhaa f elevantou de repente hum vento Sul ta furiofo, que de 45. n~vios de remo , de que_conftava as tres Armadas , na Naufra.. efcapou navio, ne1n peftoa alguma: e o General da Chigio e~ na querendo, por fe livrar do perigo do vento dentro na 4ued fca barra, bufcar o 1nar por remedio, fazendo-fe vela achou r:m~da nelle. a fepultura com todos os mais fo]Jados que hia ,Ja ~ndia! embarcados em fua ~ompanhia. Foy efta defgra<sa com r a-
raza fentilla de todo o ~.ilado d_alndia, a1fm peJa laftima do fucceflo, como peJas con1cquencias delJe. Efte an- Anno no rartirao para a India o galea S.l.ourer.o , e nelle 16 6 4 Luiz de J\1iranda Henriques por ~apita n r, a no Nofl Senhora da Atalaya , Capita Antonio de C amara de Noronha, as caravlas Nofra Senhora de Nazareth, e Santa 1:'hereza.
PARTE I. LI PRO IX
2.19
HIS
....... .. ,
, .....
I
~
\
\
' 1
Anno
~ \..
~\
1 (\
f\.'\'l~l~I:_1Jt .. "-
l "
.) .
. '
.. ~ .
r!
1"
4 '.'
1647
'
D E .u l. '\
P'bRTUGAL E S 1, A U R'A
-~_:.R no~~l .~
\ '
,. L I V R O X.
\
.~-~\ . A.\,
Ale'lntejo JVJartinz Affotif de JJ1el-' lo:.: tetira:fe. .:JoaiJJJe Me11des para Lzshoa. Fazen1 os CajlelhatJos pri!!!~~!Jf jio11eiro o Et1get1heiro CofillatJder , e ~ . njuj/{J-je n.fervir. ElRey de Cnfle/la'!' Suc_cejj.s Etttre Douro e Minho, e Traz os ~1on- tei. 'Divide EII-ley a Pro'vittcia da Beira etn doui Partidos. E'11tregn htntl a D. ]~odrigo de Cf'jlro ,~ outro a D. Stincho .Jfc1:oel. rarios f11C01Jt1'(}S de 1 ~nJOS
de
21'-
PORTUGAL RESTAURADO,
anzbos os Partidos. Declara E/Rey o Prit1cipe D. Anno Theodqfio Dtlfjtte de Braga1lfa ;;e J>ri1Jcipe dq Braji/ I647 Deflohre-.fe hu11ta COI!{ptrafa coJJtra a vidtl dei Rey, e cajliga-ft. ~ Dilige11cias que {e fazetn e111 RotJzafl11J execua. Detertnitta os Ej/ados de Holan- ~ da foccorrer Pernambuco : diverte ofoccorro o Et!J- . haixador Fratzcifto deS(Jufa Couti11ho. PaJ! Segif-,: muttdo do .Arrecife Bahia :,fortifica-fi em Tapari- ca. Pa_/fil aojoccorro da Bahia Antonio Telles de lJfcnezes com hu111a .Ar11zada. Profperos {ucceffo.r de Per11a11Jbuco. GrJ1Jti11ua-.{e ojitio do Arrecife. Re tira-fe Segi{11tU11do da Bahia. Chega o Conde-de Pil/a-Pottca com a A1mada .depois de 1etirado.r os Holalldezes: to111a polfe d gover11o. Succeffos das PrafaS de Africa, e noticia Jo Efladod l1ulia .. Perjitadidos de Cojma1Jde1 11terpre1zdeu1 os Cnjlelha11os _ Olivena : e1ztra hu111 ha/uarte. /Jtje11de 'f:alorofa,Jente a Praa D. yoa de Me11ezes .: retira-Je o Marqttez de Lega11ez qtte govertzava o Exercito. SucceJ!os das ProvitJcias de E11tre Douro e .Afi11ho, Traz os .Afo11tes, e Beira. Nafle ol11fa11te /). Pedro. -Noticias das e11zbaixadas. 1lfa11d ElRey go: 'Vernar o Exercito de PerltamhtiCO aF~tztlC~{co Barreto. Prendetn-no o.r Holandezes , e livra:fe da priza : Ga1zha a hatalha doLr Gttrarapes; Sa_/vador Corra vay gove11zar ao Rio de :JtiiJeiro: ~(1!t'tnta re./laurar o Reino de 411goln ; .e co1lflgueo com. gra11de valor. Succe!fos das Pras d Africa, noticias da l11dia. 'rarios etJC01Jtros daLr Provi11cias de Alemtejo, E1ztre Douro e. L11i1lho, e Traz os Mo1z teLr, que gover11ava o Co11de de .rltoug!lin,e dos Pa_r_ti-. dos da Beira. E!Rey ca.f ao Pri11cip D. The~. ~~o. Priz~, e 11Jorte t!,e!Rey de lJJglaterra. . <\ .. ~ \ \.}L . . . JA PRO:
:A
.r-,. .~,-,( t.f ll~J'I~),.( :,) PROVINCIA Je Alcrritejo , que c:on1 a aufe:-n- Anno -l da . do Conde de Alegrete ficou e1:trcgue ao 1647 JYleftre -de Can1p0 Gene:-al Joanne J\lendl: s ce Sl!ccdfos -Va1concel1os .,. te achava tao defrituida de Intr.taria, e de. Alem Cava11aria; e efre Corro tau ditnintlido de reput'ao, t'J 0 que foy necd1ario a Joanne .1\lend(s applitar-fe con1 grande cuidado a.tratar to da def~nfa da I rovi.r.da , vee do-je com o poder quebrantado rara -de animar Conquifta das I) raas de Cail:e!Ia~ E ndl:e .fentido ava.. liando ror muito importante o fitio de Ouguda, deo ord(m a que te fortificaiTe, e al"~pEcou juntan1ente com grande calor a fortificaa de C""'amro J\1ayor, porque ~n1 a fegurana defta Praa , era inutil o tt~abalho que fe empregafle em Ouguela; E afliffi .. neftas, corho nas mais Praas luzio muito a boa diligencia de Joanne -:rvlendEs, ., rorque .EIRey lhe mandou affifrir com fomma con11deravel de dinheiro. E para g,ue c~ effE:itos applicadcs , '- , :J para efr\! fim fe nao -divertifiem' deo a fl.lperintenden~ - f.-i, ln cia delles: a Martim Affonfo de Mello do feu rConfc.. ! -.)r l :J lho. de Guerra-, e avifou Joanne.l'vleniks que a :Mar. - ~ .i1 ~ tim Affonfo fe dfle conta de tudo o que tocafe a efra .')li." .~;_p expedia. E na era efte o melhor carrdnho de 1~ a per fei<iart~ as fortificaoe11~ das Pra~ ~ po!q.ue a<~onr~f pondenCta dos dous fe tratava com tdeas murto- c~tverbs, ainda-q1.1e o zelo do ervio ddRey fazia cE-.er a tod2s 4\S paixoens patticular~. Ajufrou no mefmo tempo EJR(y h uma contenda , que i e k. vantou entre o Cenetal da Artilheria Andr deAlbuquerqce ,e o Engenheiro ~r Cof mander, fobre a jurifdica dos rofios' no que tocava s fortific~.oens. Sahio Cofinar dt-r com a iiera que pertendia , e pagou depois mal a ElRey todos os favores ,. que lhe f(.z o tonpo que o fervio. Li1j:;ofta efra ma teria , vendo Joanne Mendes a rouca CavaHaria daqudla Prc.. - .J vincia, e a mui~ a que era -n~c.fatia para a fegurar das --::r continuas parridds qne os Cafl:.":lhancs m ttia,- chcgan~o at os lugares m~is -interiors , prejudicando contint:arnente acs n1iferaYeis pa:zanos, formou algemas Ccn.panhias d~ _Cav..illos da Ord..!rlana_.. ~om Officiaes e~c. . ~
_ J ' >
223
os
<t"
- -
ll:. i~{ s
ll4
PORTUGAL_ .RESTA.U=RADO,
lhidos pelos Governadores das Armas , obriganJo-fe EtAnno Rey a dar mantin1entos aos cavallos , c aos foldadQs f 16-f-7 p~ ~e n1unia6. :1,oda3 efras be1n _fundadas orde~~ d~i~ _ .;..... tnbu1a Joanne M~ndes, quandp ,Elltey nmeou:ieglis-Nomca da vez por Governador das Armas do Exer<;itode AleinElRey tejo a Martim Affonfo de Me1lo. Co1n efi:a notidapouco ~~,d~~a agradavel para J oanne Mendes pedi o licena a EIRey paA~mas ra paffar Corte. Concedeo-lha, e ficou governando a Marti~ Provincia o General da: Artilheria Andr de- Albuquerque. !ff'~n~f Nom~ou EIRey juntamenre Thenente General da Caval~etr~fc laria da Aletntejo a D.Francifco de Azevedo, em lugar de Corte D. Jo~16 Mafcarenhas, que na tornou a exercitar aquelJoanne le Pofi:o ; e Commiffario Geral, por -morte de Alexandre Mendes. Vanarte , a Achim Jde Tamericurt , ~que e~ercitava o pl~mo Pofto na Provtncia de Traz os Montes. Logo que Andr de Albuquerque tomou pofe do governo, marGoverna chou o inimigo com toda a Cavallaria, cf.ez alto c9m a cntrGetan- mayor parte della-- entre Elvas, e Geroinenha, as mais tooda ene- T,rqpas entrarao d" -.d.d as ate Borha, e L and roa1 :. reco, _, tVl 1 , ral Artilheria l~1era-fe com grande prtlza ~e 15. Cavallos de algumas At1dr de partidas pequenas que encontrrao~ Andr de :Albuquer:~~~~e. que cotn o primeiro rebate fahio de-Elvas_ com 9~ 1~1 q fntes, e. -~oo. Cavallos , governados_ pelo. Com~iano Geral P.Joa6 de Ataide: .fez qlto huma.-legoa da Praa, r~conhecendo a defigualdade do poder,. fe b;eti-rou ~ Elvas,.- Fez;_o mefmo. o inimigo com a preza ta Badajoz. An dr de Albuquerque defejando a fatisfaa defi:e:enfado, ordenou - Henrique de Latnorl , que com as Tropas de Campo Mayor, e algun1as de Elvas, fofea~mar sque fe aquartelavao em Albuquerque. Executou-ie a -orc;Iem ~err~ta co1n ta bon1 fuccefo , que trazendo-as h uma partida nof de~;;J~;- fa ao lugar da embofcada , as derrotrao totalmente , to J asTro mando-lhes 110. Cavallos , ajudando a conieguir cfte' fuc ~:tsdeAl ceifo a difpofiao dos Capites de Cavallos Joaoda Situquerva de Soufa, e Henrique de Figueiredo; ;Voltou Jonne 'lue. Mendes a Elvas, e dentrode pduoos dias entrou o injmi go com algumas Tropas deBadajoz pela parte-deOii ven1: quando fe retirvao com a preza que haviao f:.ito , fahirao de OlivenCia os Capites Luiz Gomes de Fi:. ..... i r . gueiredo,
PARTE I. LIPRO X. ~"5' gueiredo, e Antonio Jaques de Paiva con1 100. Caval]os, e invefrira con1 tanto valor a retaguarda das Tro- Anno pas inimigas, que rhe tirrali a preza , ficandc-lhes feffen.. I 647 ta prifioneiros. Chegou ncfte tempo a Elvas .i\1artitn Affonfo Entra de Mello : fov recebido de toda a Provi nc ia ccn1 grande M~ti':l 1 J r l"d Auonlo con_tcnt~111ent~, por ~ 1av~ren1 pcr1 uaut To os J.-~CiYUh que cm El"as na iua duecca confifha a iua clefenL1. ~a 1ndma occa 1ia6 d~o EU:(ey o 'T'erco, que havia fido de Fra.ncifco de ' .1\lello ( qne ror qucix; da r~lta de premio retirou a fua caia) a D. Diogo de Litna Vifcondc Je Vllla-Nova de Cerveir:1, c a ~Ianoel de 1\1ello entrq~0u o governo ua Praa de 1\loura , forn1ando-lhe lnnn1cro (de que juatamente era .1\'Ieitrc de Campo) de varias Companhias faltas que guarnecia Serpa , Nondar, C,afra, e Santo Aleixo. Joanne J\tlendes, corno fe na accomrnodava a fervir con1 ~iartim Affonfo de Mello, alcanou licena para voltar a Lisboa. Governava as Armas de Cafrella o Bara de .Nlolinguen General da Cavallaria, en1 aufencia do Conde de Fuen Saldanha que pafTou Corte, e na voltou ao Exercito. Juntou o Bara as Tropas dos quarteis viinhos , e con1 1200. Cavallos veyo armar Cavallaria de Elvas, fuppondo achar f a guarnia ordinaria da Praa : por1n fuccedeo , quando ie tocou arq1a , haveren1 entrado en1 Elvas a pafTar moftra as rropas ce Camro Mayor, e Olivena. Salura ao rebate 8oo. Cavallos, e tres Teros de Infantaria: mandou J\tlartim Affonfo de Mello a Andr de Albuquerque que march::dTe cem as Tropas , e deo-lhe ror ordem que invefrifie os Cafrelha~ nos , fe os achafTe defra parte dos rios Guadiana , ou Caya , fuppondo que como os Cafrell1anos na rodiao prevenir o acddente de achar em Elvas as Tropas de Can1ro l\1a.. yor, e Olivena, nao devia6 traztr roder com sue na pudeTemos pelejar. .1\tlandou Anclr de Albuuer-ce ao )mmiiTario Geral D. Joa de .Att;.:lice avanado com quatro 'I'ropas , e deo-lhe ordeni que fe achaflc o inimigo defra parte de suaJ quer ccs rics o inve if..e' que elle fem falta o foccorreria. Chegou a ord~m a D. Joa .a ta bom tempo que achou o il~hnigo i cem r arte das P :Tropas
ie
'Tropas defra d-.! Caya. D. Joa a na executou , dizendo Anno que entendra que a orden1 que Andr de Albuquerque 16. 1-7 lhe mandra, f?ra de que avanafe as r-fropas inimigas, Dcford fe todas efrivefiem defra parte do rio : como fe na fora &lasTro- f!lais facil tomar a parte~ GUe o todo. Vendo efia oinifp.as,decaf- ia6 Antonio Jaques de Paiva , puxou pela fua Con1pat10'o os ir ir Otndacs n h" 1a, e pa11a1~ d o pe1as tres que ] evava o CommtHano ln. vefrio valoroiamente co1n os Caftelhanos: porm como . o poder era tao pequeno , carregado das Tropas da vanguarda inimiga, fe veyo retirando s tres, que nao havendo imitado o exemplo de invefiir , feguira efre. Voltrao as cofras, fizera_ o meii11o as que efiava com Andr de Albuquerque , iem elle poder det-las , e fug1ra todos com tanto defacordo , que o inimigo que os carregava com todo o poder, por haver pa1Tado o rio o Barao de Molinguen, logrra a faca fem controverfia, a nao fa.. zer alto vifia da no fia Infantaria , que efiava forma~a junto Atlaya da rerrinha: porque con1 a fufpenia dos Cafrelhanos fe detiverao os no1fos foldados, e teve tempo Andr de Albuquerque de os tornar a formar, e de os unir Infantaria. Nao quizera os Cafrelhanos bufcar juntos. os que na fegurao desbaratados: retirra6-fe levando 40. Cavallos, e a nofTa gente fe recolheo a Elvas.Pagra6 os culpados o defacordo con1 que procedra6, porque J\Iartin1 Affonfo, quee1n grande utilidade do . fctrvio de1Rey na o cofi:un1ava perdoar fin1ilhantes deli- tios , prendeo D. J oa6 de Attaide , remetteo-o a Lisboa,e tirou o~ Pofros a outros Officiaes , tendo apertadas ordens delRey para proceder cotn todo o rigor contra os culpados. Chegou a meiina a Jorge da Silva Mafcarenhas, que ainda eil:ava en1 Alem-Tejo. Ufou defta occa.fia .J\1arti m Affonfo para reduzir a Cavallaria a melhor frma: lanou fra della os Officiaes, e foldados inuteis, e com p-la com outros melhores, e deo execuao a pratica que Joanne Mendes havia con1eado da Arca, e Contr3to : porque governando Joanne j\{endes teve rrincipio efl:a-utiliffin1~ di~pofiao' e veyo a Jograr-fe ~nl tunro d:! M.utin1 Aftonio de i\1e1Jo cm grande credtto de an!cos. ~idos int:rcles q~1e refultra ao fervio,clel-
216
PORTUGAL RESTAURADO;
Rey,
anno na. Frov1ncu. d~ Al~m-!eJo,forao de t~o pouca~, c_on- J-;c prezo fequcnctas, que nao fao dtgnas de merriona. Deo io JUf- <;otir.an~ to cuidado a infelicidade de levar huma partida dos Caf- oc:r. telhanos prifioneiro ao Coronel Engenheiro n1r J.eao fafchafio Cofmander. Yinha de E!l:rems para Elvas , entendendo que efrava feguro, defpedio o comboy antes de entrar nos olivaes, e a poucos paCos que ltavia caminhado, encontrou h uma partida de Cafi:dhanos, que o fez prifioneiro. Defpedio logo o Conde de S. Loureno l1um corr~yo pda pofi:1 a dar conta a ElRey, que fentido defi:e iilcceffo , cotno era jufi:o, lhe ordenou offerecefie aos Cafi:elhanos o Conde de Singuen em troco de Cofmander, e procurou por todas as vias mofuar a Cofmander o muito que efi:itnava a fua peffoa, e o fenthnento que lhe ficava da fua priza. Porm nem efi:as, nem outr..lS diligencias prevalecra contra a induftria dos Cafr~;. lhanos : porque conhecendo quanto lhes impor._tava reduzir iua devoa o grande eipirito de Cofmander, te .. do envolto nas nofias politicas, fenhor ahfoluto dos fegredos das no.ls Praas , do gcnio dos Minifi:ros , e da iufficiencia dos Cabos , applicrao as diligencias n1ais exquifit.~s, e os meyos mais extraordinarios, cotn o fim de lograrem a ben1 fundada ida de o reduzirem a Jf~r pardal dos feus intereffes. Vacilou muito tempo Cofmander entre os bene~cios de Portugal , e as pron1effas de Cafi:ella. Contra a iua confiancia applicirao os Cafi:elhancs novos arbtrios, crefdao as adivas, o~ reglos , e as affitencias; e na perdorao ao fuave encanto da illicita converfaao , e indufi:rio!s perfuafoens de algum3s Damas da Corte (para onde logo o paffra6) entendendo Clie no coraao em que entra o atnor , que he c~go , rerd~ o vigor o entendimento, que he Argos. Por(m ainda que fotTem grandes as conveniencias' na rocia ft:r licito efte artificio ~0111 hum Religioio. A todos efres combates refiftio Coimander, e veYo a render-fc por c.1n1inho extraordinario, quando menos o imaginava. Affiftia-lhe, para o P ii fegG:
Rey, e defenfa do Reyno. Das co!1dioens defi:e contrato Jemos noticia antes de entrar a eicrevcr os fucceffos da Anno guerra. Tod~s ~s mais occaii~ens qt~~ iucc_~drao uefie 1647
PARTE I. LIVRO X.
227
fegurar', hutn Sargento com huma Eiquadra de foldados: A nno porfiando hum dia iobre o direito , e defeni de Portu1647 gal, tratou Coii:~an~~r tao afperatnente ao Sargento, que fe achou elle obngado a tomar fatisfaca6 , .e dand""' Jht.! na c:1bea com o terro da alabarda, lhe fez huma grande ferida. Os Cafi:elhanos efrin1.ira6 o cilfrigo da conttunacia, que confiderava em Cofinancer, por defco. brirem novos meyos de fe vc1lerem da fua afiucia. JVlultiriicra os reglos, e as afliftencias dos n1ayores Minif. tros, e pefloas principaes da Corte, e vierao com efi:e :Ajufia-fe ultin1o esforo a confeguir o !U defejo. Sarou Coilr!ana krvi-r der da ferida , e adoeceo lla infidelidade ; redtizio-fe a j~tJla~e fervit~ EIRey de Cafi:~lla' e ~reyenlel~te ~ COIUO veremos' experunentou o cafi:1go da iua n1grattdao. f.uccdTos O Conde de Cafrello Melhor continuava o gocDc Entrl! verno da Provinda Entre Douro e Minho, attenden- , ouro e d , JT .... 1\linho. o a con erva-Ia com a n1enor oppre11ao d os povos que lhe era pofiivel ; e co1no todo o diipendio da guerra fahia dos ieus cabeclaes, e todas as em prezas fe confegura cufra do feu fangue , na o queria opprim'i-los na conquifta, parecendo-lhe neceflrio referv-los para a defenfa. ~as dfejando que as Armas na6eftivefien1 de todo ociojas , detenninou interprender hum Forte, que os Gallegos havia levantado pouco difiante de Salvaterra , cha.. l11i.h.lo de Freixendo. Deo conta a EIRey defl:a refolua : ~pprovou-lha, advertindo-lhe que tentafle primeiro o ef-: tJdo das fortificaoens da Cidade de T'uy : porque feria n1~is util , c de n1ayor reputaao efra, que aquella em. preza. Mas nem hun1a, nen1 outra fe executou, na t}LJerenJ.o ElRey na contingencia clo fucceflo :: entrafe cn1 ta grande empenho. Nefre tempo tendo o Conde de Cafre11o J\1elhor noticia que o Conde de Santo Efrevao Governador das Armas de Galliza fah ia de Tuy a vifitar osFort~~s de Filhaboa, e Freixendo co1n 1500. Infantes, e 4co. Cavj11o~, mandou ihir de Sa!vaterra ao J\1eilre de C~n1TO Francifco de Frana Barboia con1 400. Infantes, c qt:e occupafe hum poHo junto do rio Minho, chatnat~o das J'vlal~it.1s, difi:ante de Salvaterra hum tiro de mof ~.'-~te, ta defenfavel, que na defigualdade de hun1 ; e _. outro
zzS
-PORTUGAL RESTAURADO,
ue
'PARTE l Ll~. .RO X . 219 outro rorler .fi1cilitava nofE1 gent~ o bon1 fuccefro. E
ordenou ao Ajudante da Cavailaria Labarta que con1 vinte L:avallos inveftifie as fcntincllas do initnigo, c que fe acaio fofie carregado de mayor poder, je retirafie ao abrigo da Infantaria, para que o inimigo , das h3la~ que ella lhe atirafie, rccebeTe algum damno. Executou Labarta a ordem, e conrefpondeo o effeito difpoia: porque logo que Labarta inveftio as fentinellas , o c.J.rregarao cinco Batalhoens ajuda"los de algumas n1an_gas de -mofqueteiros. Havia fahido com Frar~ciko de Frana cem f?ld~dos. ~o1_andezes , ,eft~s cegos do temo; , _,logo que vtrao o Intmtgo, voltar;_1 as coftas: feguuao efte exen1plo alguns ioldados Portuguezes, retirara6-fe a Salvaterra , e Francifco de Frana com os que lhe ficrao repetia as cargas deforte que os Gallegos, depois de porfiada diligencia, ie retirara com algum damno , ajudando a Francifco de Frana a Tropa do Capita D1ogo de Brito, que fuftentou muitas horas a efcaran1ua. I-Iavia nefte tempo paf.Tado em hum barco a Galliza o Capita Gomes Correa Pereira com a fua Con1panhia de _In... fntaria a armar a alguns Gallegos que cofiutnava deict.:r ao rio : deo vill:a das Tropas iningas , e elegeo para ie defender hum litio pouco feguro.Mandou-lhe ordeinFrancifco de Frana que fe quizefe encorporar com elle : na quiz obedecer, e retirou-fe a ta n1o tempo , que poucos Cavallos do inimigo bafirao para o derrotar , ~ lhe tirar a vida. EIRey na approvou ao Conde de Caitello Melhor o empenho em que ps eil:a Infantaria , havendo tido anticipada noticia do poder que trazia os Gallegos: pormelledefculpava-fe com a f9rtaleza do fitio que mandou occupar; e dizia que era credito das Armas defte Reyno aguardar iempre ao iniinigo fra das Praas, para que nunca pareceiTemos conquifrados. Mas efta doutrina he melhor para repetida , que par~ executada: porque os accidentes militares na devem iujeitar1e a mais leys que s da raza, tocando regul-los aos Cabos que governao, que devem applicar toda a pruclencia a faber ufar das occafioens que a fortuna lhes offerece. p iii A Pro-
230
e outra parte e havia a~raado como intercre comn1um. Alguns encontros que fuccedrao fora de ta pouca iln~;/vton- por~~lnci~ ' que nao Inercc~nl lugar na J:Htoria. Ro~rigo de Ftgueiredo attendeo com grande cuhlal~O forttficaa1 de Chav~s, e levantou na Provincia alguns C:1vallos, que voluntari.lmente davao os n1or~1dores mais ricos , de que fonuon duas T'ropas da 01denana. Intentou o inin1igo fazer hu1n Forte em Villarelho , ultitno lugar noi:. fo, que fica vifinho a Chaves: opps-ie Ruy de Figueiredo a efra determinaao , e a diverti o facilmente. No fim defre anno alcanou licena deiRey para pafir a Lisboa: concedeo-lha, ordenando-lhe que deixafie entre:- ue a Provinda a Francifco de Satnpayo, Governador das ViJ.l las, e lugares da 1'orre de J\loncorvo, c muito nlerecedor de granlles en1pregos. Deixou tan1ben1 exercitando o pofro de Cor:-unifiario Geral da Cavallaria a Henrique de Lamorl que fervia de Capitao de Cavallos na Provncia de AJen1-'I"ejo, em lugar de Achiln Tameiicurt que havia pado quella Provinda com_on1eilno pofrodeComn1ilrio Geral. O (~nde de Serem, denois do inimigo fe reti.. Succdfos rr. e da Dcira. rar c Salvaterra da Beira, applicou todo of.cuidado a 1ep gurar aquel1a Praa pedio a EIRey 500. In antes da ro Yincia de Alen1-Tejo para reparo das n1uralhas, e outras obras convenientes. Logo fe lhe ren1ettra6, e infrancia do Conde n1andou EIRey repartir pelos moradores da ViJJa quantidade de pa6, para que pudefietn cultivar as tcrn~s; e refazeren1-fe do damno que haviao padecido. Nefla difpofiao, e em outras n1uito convenientes defen!a d2qllel1a Provincia fe exercitou o Conde de Sert::.tn os pr.imciros n1eze~ defte anno, e ameaado de perigoi('S accidentes, oue puzerao en1 contingencia (com a prizao cJe feu Pay) ~ reputaa da fua cafa , pedio-licena a ElH.cy p2ra I~u-gar o Pofro, e fe recolher ~ C~nte. _C~m.ce- deo-Iha EIR.ey, ordenando-lhe que pnmetro l!LVH.idfe a~uci1a T'rovinci~ e1n duas partes: porque hav1a d~ter
lllUla-
. A Pr~~inci~ de Traz os Montes, que governava Anno Rodngo ?e I ..tgue~redo de Alarcao,teve roncas occafioens 1647. em que ie alterafie o focego que. iguahnente de hun1a,
PORTUGAL RESTAURADO,
minado que hon\~efe t~elJa dous .Govern~do,res dasArn1?s, fupponllo que reiultana defi:a ieparaao fic.ar a Provm- Anno cia n1elhor defendida, na confideraa de fer tnufto di- 1 647 latalla. Para o governo das Armas das Comarcas da Guarda. Pinhel, Latnego, e Ei~neira nomeou EJRey a D. Rodrigo de Caiho , que ultimarnente havia occupado o Pofro de Governador da Cavallaria do Exercito de AlemT'eio : e ao 1\leftre de Catnpo D. Sancho Manoel fez Go- Dh.ide Yernador das Armas das Comarcas de Cafrel-branco' Vi- ~~R~y a. feu, e Coin1bra, ficando orden1 de D. Rodrigo a Praa da ~:~r~ a do Sabugal, que era da Con1arca de Cafi:el-branco : por- entre p. que a Raya fe na6 podia dividir em outra frma. Defiinou Rd odngf , -' -' Ca Lro, EIR ey p~ra a guarmao d as IJ raas, que tocavao a D . R o- e cD. San.. drigo, I 400. Infantes pagos, e 300. Cavallos: e para cho MaJ as que pertencia o a O. Sanc~o 100. Cavallos, e 1 roo. ln- nod. fantes. Efras guarnioens i e multiplicra depois que a guerra foy tnayor: nefre tempo em que apertava pouco, tratava EIRey coQ"l gran,le prudencia de na6 fazer tnayor deipeza que aquella que lhe rarecia precifatnente neceflri~ ; confiderando juntamente que as Ordenanas fempre efrava pron1ptas par~ acudirem s occafioens que fe offerecia. Feita efi:a repartia, partio o Conde de Serem para Lisboa, e chegou Beira D. Sancho Manoel primeiro que O. Rodrigo de Cailro. E ns continuaremos a hifroria, dando conta dos fuccefos deftes dous partidos, fazendo feparaa entre hun1 , e outro , e feguindo na frma propofta Provincia de Traz os Montes, o que tocou a D. Rodrigo , ficando ultimo o governo de D.Sancho Manoel. Chegou D. Rodrigo fua Provincia, e co.m grande adividade difps tudo o que julgou conveniente para a defenfa della. Obrigou todos os moradores de cabedal a que tivefiem cavallos, que reduzio a Companhias da Ordenana, como nas outras Provncias com ordem delRey ie havia executado. Os Cafi:elhanos , querendo experimentar a fora das difpofioens de D .Rodrigo de Callro , entrrao con1 algumas Tropas pela parte de Alfayates : opps-iO.lhe D. Rodrigo , e obrigou as Tropas a fe retirarem, deixando alguns cavallos. Sc:m
1
PARTE I. Llf!"RO
~Y.
231
P iv
inter~
232
PORTUGAL RESTAURADO,
Anno
I
647
Intenta.
D.Ro;nlcgos,e rctira.
~co JcG~t
fe
interpor dila3, defejando tnoftrar aos Cafrelhanos o acerto das fnas idas , deliberou ganhar o Forte de Galle gos , quatro legoas difrante de A.Jn1eida, e n1enos Je duas de Cindad Rodrigo : juntou 6co. Infantes pagos, 2500. da Ordenana, 160. Cava1los , e trcs peas grofas de artilheria. A 2). de Agofto i:1hio de Almeida, e foy alojar a Vai dG la n1ula. Havia n1andado duas partidas examinar fe era fentido en1 Ciudad Rodrigo ou no Forte de Gallegos ; recolherao-fe iegurando na haver moviInento algun1 que in1pedifie a jornada , e que f na efrrada da Vniofa , lugar noiTo , fe a<.:hara pifia que parecia de 400. Cavallos. 1). Rodrigo con(derando que era inlpoflivel alcan-los, e na confiana de deixar as Praas guarnecidas, e recolhidos os gados, continuou a nlarcha , e chegou ao Forte ao dia ieguinte s tres horas da~ t~rJe . .Adiantou-e a reconhec-lo, e vendo que era nnlito capaz de fe defend~r , mandou con1 diligencia levantar hun1a platafnna 400. paflos da muralha : porn1 experhnentando que ficava difrante, tanto que cerrou a noite a znan.Jou fabricar vifinha efracada, que rodeava o Forte. Amanheceo fortificado, e jogando hum n1orteiTo C0111 pOUCO dmnno dos defenfores ror rebentarem DO ar as mais das bombas. Comeou a iogar a artilheria , 1nas experimentando D. Rodrigo que a brecha nao poderia efrar capaz de afalto com a brevidade que elle pertenia, por fera n1uralha terraplenada, e chegando-lhe aviio que o inimigo entrra com 700. Cavallos, e mil Infantes pelo termo de Cafrello Rodrigo , e que ton,an~o.lingua_, e confrando-lhe que o Forte de G':lle;gos eitav:a iltlado , ie tornara a retirar , e puxava a_ C1ut:ad Rodngo todas as guarnioens das Praas, para ioccorrer o Fort_e , trmdou acertadan1ente cle opinia , e chan1~ndo a Conie1ho props , que elle julgava por fem duvtda , que a guarnia de S. Felices havia de acudir a Ciudad R('drigo, porque era a n1ais numerofa , e a de tnelhor qua.. lidade; e que nefi:a confideraa6 podiao t~rar da difficuldade da empreza do Forte de Gallegos o tnterefe de ganhar S~ Fel ices, muito n1ais importante para a opiniao, c n1uito n~ai~ ntiJ. rara os foldados. Approvrafi todC?s efte
PARTE I. l.IPRO X.
233
te difcurfo: tnanclou D. Rodrigo desfazer as platL1forn!as, c retirar a artill~eria; e deixando ro~eado o }'orte de ien- Anno tinellas de Cavallo para que na ~ndeilen1 ~vi1~ a Ciu- 1647 Jad Rodriao, mandou para Aln1etda a artilhena, por lhe nao it~1?nccefi~uia, con1boyada com dous 1ero-s da Ordenana , de qu~ era o J\1efl:res de Can1ro Braz Garcia :J\1aicarel1has , e Luiz de Brito Saraiva, e marchou para S. Felices con1 I 200. Infantes, e I 20 .. Cavallos. Fez alto pouco efpao en1 Villar de Serro , t:: continuando a 111ar~ cha lhe tr ouxerao prifioneiros tres ioldados de CaYallo' os quaes confe11ara que marchavao con1 nl Infantes que pafiava de S. Felices par~ Ciudad Rodrigo , e que haveria duas horas que atraveTrao aquella eftrada. Q!1e 11a tarde antecedente havia6 tambEnl marchado de S. Fel ices para Ciudad Rodrigo 700. Cavallos, cm que entrava otres 'Tropas de Badajoz ; que na Praa ficra ~oo. Infantes pagos fra os paizanos, que feriao mais de 8oo. Com efta noticia apr~fiou D. Rodrigo a marcha, e chegou a S. Felices ., q.1..1ando ron1pia a manha , hnn1a partida que levav:1 avenada : fez prifioneiros alguns paizanos que juftificarao a confifio das primeiras lnguas, ~<:creicen:ando que d~ntro da Praa efi:ava D. Antonio liafi~, que gove~nasa as Annas daqudl~ par~ido, e que l~avta chegado aquella Praa a prevenir o foccorro do forte de Gailegos. Fez D. F.odrigo grande diligenci~ por na o dilatar o aralto : porn na haYcndo chegado aretaguarda da Infantaria , foy precifo deter-ie at s nove horas, e veyo a uar ternpo a D. Antonio Iifle para fe t"~revenir, ainda que con1 grande receyo pelL1 muita gente que lhe faltava. Separou D. Rodrigo 400. Infantes em '}Uatro Corpos, e ordenou aos Capites que inveiHffm por outras tantas partes para obrigar aos C..afrdhanos a que fe ividi1Ten1 , e e!le com a Cavallaria , e o refio da Infantaria marchou a bu fc2r a rorta. A vanara os Capites tom tanta rfoJuao., que entrra a trincheira , e o Capitao Jorge de Abreu ganhando a porta a abrio.Man- Ganh.a-fe do~ D. ~'"-odri~o entrar r?r e11a ao Capita de Cavallos ~;lu~.!~: ~.F:_anctico Nap~r., que aeo grande ~alor_ aos que pele- dcS Fdi~ javao dentro da VIha. foy logo em Jeu iegvuento, e ces. aca-
de ~e~barat~r os ~a_frelhanos que corn porfiada de .. Anno f~nia refii!ta?. Rcurara-ie algt!:~s para o Caitello que fi.. I6f7 cava quah ieparado da Vllla, iendo hum delles D. An.. tonio IfaiTe. Saquera a Villa o_s noTos oldados, que depois de recolhere1n grande dei pojo , puzera forro a mil e duzentos fogos, de que a Vi1la conftava ..A.ch~a ie mortos 150. Cafrelhanos, e alguns fe queimra nas cafas que pertendrao defender: no affalto n1orrera dez foi dados, em que entrou o Capita Joa Antonio ; ficra 17. feridos, entre elles o Capita Pedro da Cofl:a. Si nalou-fe nefra occafia o Thenente de Mefrre de Campo General Diogo Sanches del Poo, Cafl:elhano de naa, e cafado en1 Portugal , D. Pedro , e D. Diogo de Almeida , e Sima Correa da Silv3 , hoje Conde da Cafranheira ; e os n1ais Officiaes , e Soldados procedra corn muito valor. D. Rodrigo ie retirou fem embarao por ficar S. Felices ieis legoas de Ciudad Rodrigo , parte en1 que efrava junto todo o poder dos Cafrelhanos, e confeguio grande credito nefra em preza , pelo acerto com que a foube difpor. Pouco tetnpo depois defre fucceiTo, 111andou D.Rodrigo o Thenente Antonio Ferreira com o iOutro~ tenta Cavallos embofcar-fe entre Ciudad Rodrigo , e o fucc;los Forte de Gallegos : na foy fentido, derrotou hum comprotpero~t. boy de Infantaria, fez prifioneiro hum Sargento mr, e tomou trinta cavallos. Com igual fortuna , e mayor effeito armou o Commifario Geral da Cavallaria Rozan a algumas Tropas do inimigo junto a Grinaldo : tomou fetenta cavallos fem damno algum , e obrigou os mais a fe retiraretn , falvando as vidas nos lugares vifinho.!. Animado D. Rodrigo defres fuccefos, ajuntou 8oo. Inf~tes, e r ;o. Cavallos , entrou nos lugares _junto a Ciudad Rodrigo, quein1ou alguns abertos, e defrruio toda aquella can1panha , fetn a~har quem lhe fizeiTe refitencia. De pois de recolhido a Almeida, teve D. Rodrigo avifo de que aufentando-ie D. Antonio IfaTe,ficra governa rido as Armas dos Cafrelhanos o Mefrre de Catnpo D. Francifco de Hererra , foldado de grande opinia. Para refifrir a fuas primeiras difpofioens fe preveni0 D. Rodrigo, e refultou da ua vigilanda derrotarem as nofas Tropas hum a
aca~ou
23..J.
PORTUGAL RESTAURADO,
235
]uuna groila parttda do inim!go junto a Valdclan1ula, faAnno zendo prifioneiros todos os ioldados que vinha nella. Qpaii ao mefino ten1po que D. Rodrigo de I 647 Caftro, chegou D. Sancho Manoel a governar o ieu par- Fntra D. tido. A noticia que havia adquirido na guerra de FI andes, Sancho Italia, e Aletnanha, e o conhecin1ento que tinha dos na ru_a . lugares daquclla Provinda o habilitava para aguella oc- Pronne~a cupaa6, e lh~ pronofl:icava a felicidade do feu governo. Poucos dias depois de haver chegado, teve avifo que o initnigo havia entrado com cen1 Cavallos pelos lugares fronteiros a C,afra , e que fe retirava con1 huma grofa preza. Deii1eJio com brevidade ao Capitd Gai:. rar de Tavora con1 cem Cavallos, e outros tantos mofqueteiros : marchou elle com ta boa diligencia , que alcanou os Cafl:elhanos antes de ihirenl de Portugal. lnvefrio-os , e derrotou-os ; parte deixou mortos , os n1ais ficra prifioneiros:retirou-fe tornando a recuperar apre- o Capiza. O cuidado de D. Sancho deteve alguns rnezes as en- ta Gaftradas dos Caftelhanos, e a pouca gente,com que fe acha- P,a~ d~~~-a va , lhe detinha o deiejo de entrar em Caftella. Tendo b~r:ta ha noticia de que o inimigo juntava gente,e convocava Tro- Tropa pas de Alem-1.~ejo, fuppondo que poderia intentar a en1- fts Cafic-: 1 } 1 reza de Salvaterra, fe metteo naquelJa Praa, e tratou anos. con1 grande cuidado de a fortificar , e bafrecer. Reiult?u defta diligencia defvanecer-fe a determinaa dos Caftelhanos , e ficou aquelle Partido por aJgun1 tempo focegado. ElRey , fabendo regular as difrofioens re1os Declara tempos, declarou cite anno Principe do Efrado do Brafil a FPI~c~ 0 . . . . .c ~ rmclpe 1eu filh o o p nn~Il~e D . TJ1eo(]o fi10, e 10y feparan do o D. Thcorendi~lento da Caia de Bragana para alimentos da Cafa cofio Dudo ~nncipe. Q!.1ando ton1ou efra refolua , foy o pri- que de n1e1ro que deo not1cia della ao Principe, D. Manoe] da :Hrpa~an~a, . r .l C un ]1a A rceb11po \le I~IS b oa , e C8pel1a mr ; difle-J J c rmope 1e, do liral. ufando da fraze con1n1ria de fero Brafil outro ]Vundo det:. coberto, que lhe dava o paraben1 de o ver Principe do outro J\1und!J. E como o Arcebifpo era vel11o, an1arello, e ~a~ro , re1fonJeo-lhe o Prncipe c_om a agude7a~, e dif:_ cnao, de que era dotado , que i hun1 en1balienwdo lhe
236
. PORT!/"q(IL RESTAURADO,
lhe podta traz;;:r 1Hnilt1ante nova. 1\Ias con1 tudo lha Anno agradecco por e1ylo tnais ferio , com a veneraao com 1647 que col:umava tratar os Prelad<:s da Igreja.Por1n ao paffo que. ~JRey ~rata v~ (~a defenia , e-ren1e~io do feu Rey.. no , d11 runha os Mtniil:ros de Cail:ella a iua runa , na perdoando a diligencia alguma , ainda que fofe merece... clorado mayor vituperio. E a nao ferem as virtudes dei.. Rey dignas do auxi~io divino, confeguiriao efre anno o 1nais abonlinavel infulto a que podia chegar a malicia hutnana. Fug_io para J\1adrid Domingos Leite, natural de Offi ~isboa , e_icriva da Correia do Civel da Corte; e na feD~~~~-- iendo de humilde nafCimento, era de ta prejudicial ani- -, gos Leite mo , que tendo intervenao para fe offerecer aos Inayoa matar res Minil:ros delRey de Cal:ella, depois de varias proEJR~y. poftas, aju11:ou cotn elles que elle fe obrigava a matar ElRey D. Joao na parte en1 que elle menos i.e receava, e em que com mais confiana podia efrar fem receyo do perigo. Recebendo por el:a ta perniciofa off~rta o Habito de Chri.fi:o , outras mercs , e groffos cabedaes , partio de Madrid acompanhado de Manoel Roque , no mez de Ma yo chegou a Lisboa, alugou humas cais na rua dos Torneiras, e delJas foy infenfi.velmente alugando todas as que fe continuava at huma pequena praa, que fica nas cofras da Igreja de S. Nicolo. Feita efta diligencia , e preparadas varias efcopetas carregadas com blas ervadas de venenos tao efficazes , como depois fe experimentrao nos que f achrao na~ tnefmas cafas que havia alugado ; efras n1oradas de cafas communicou humas com . 1 outras, e difpo.fi:a toda e.fi:a maliciofa maquina aguardou ! i _ dia de Corpo de Deos ( que cahio efre anno a vinte de J unho) em que EIRey col:um~aya co1n devoto ~elo acom panhar a Prociffao do Santifluno Sacramento ; Intentando ao tempo que EIRey cotn toda a Nobreza chegaffe ao meyo da rua dos Torneiras, hutna das 1nais eftreitas de L1s.boa, empregar qualquer das efcopetas ; e fe acafo lhe errafe fogo , outra da~ que havia preparado. E para que o effeito do golpe fofie fetn duvida, havia feito n~ pare. de frefl:as com pontarias oppofias para fegurar o ttro, ou pela frente, ou pelas efpaldas delRey. Atalhou toda efta deter..
PARTE I. LI1r RO X
237
iteterminaa a divina lrov!Jencia' que nao_ quiz permittir que EIR~y encontrL1fi~ a n1orte no camtnho n1ais Anno proprio da eterna vida, confiderado na affiitencia de Chri- 1647 il:o Sacratnen ta do : porque Cotningos Lei te~ apparecen- Perturbado EIRey ta perto da rontL1fia, que fora iem cluvida a fe 11:\ cxcexecua do golpe , ie lhe reprefentou na pefloa dcJRey cua r_or ( co1no depois coafefiou) hutna tao foberana l\1agefrade, f~,or d&-: . . . _, que d e1a1Ul11 b ra d O d a ] UZ que Jmagtnaya, renleo ._~ ronta- vmo. ria , e continuan~lo con1 a mehna diligencia pela iegunda freit1, tornou a expcrin1entar o meimo effeito. Paflou EIRy livre de taomanifefro rerigo, e Donngos Leite cerradas as portas de todas as caias que haYia alugado, foy bufcar ao .1\Iofteiro de N ofla Senhora da Graa a J\1a- noel Roque, que o e11,erava montado en1 hun1 cavallo , corn outro de redea. Caminhou para J\Iadrid , aonde for- Torn_a ando varias defculpas, e admittindo-lhas cs 1\1inifrros de DomL.m~t J "igos ei c C aft e11 a, como arn cavab. l"'oucos ca be daes en1 i-egundo a Madrid. intento em que ef}.--erava confeguir ta relevantes con. feqnencias, tornrao a mandar Domingos Leite con1 ordem mais cerraca de na faltar ao que havia rro~mettido. Partio de J\Iadrid para Lisboa, e no caminho d~icobrio a Manoe] Roque o feu intento, j:1 confiado na iua amizade: porque na prin1eira jornada lhe havia dito, con1o elle deps, qu~ a determinaa com que vinba a Lisboa, era de matar iua n1ulher, ue lhe na n1erecia levl.ntarlhe efre teiHmunho. Porm os 1nalfeitores iempre cofruma diffimular os ieus delidos con1 outros rnayores. J'vlanoel Roque conhecendo -com melhor difcurfo a indigna execuao a que canlinhava , e a}"'artado de Dorrtingos Leite cotn o pret~xto de alugar cais , ie adiantou da r o. voa de D. 1V1artinho ' tres lerroas de Lisboa. Lor:o que D eKoc:re.. r L entrou nefta Cidade deo conta ElRey, que rrompta-:- re a co~mente tnandou alguns 1\tlioifrros de jt1fiia 3 orden1 de jura~a:J. Luiz da Silva 1'elles, de quetn EJF. ey _it!l"h1menre fou 1 materia tao imrortante. Chegou elle eH2Jajen1 ela Fo- voa, aonde Domingos Leite efrava, e entran<?o ndla f com valorofa ref?luu o prendeo, e fazelk~o-fc-lhe perguntas deps o ieu delito , e exan1inad~s as cabs (~lle l1avia alugado fe acharilo nellas as efcorctas, t: vai~s- (!e
L-' '--'
r;.:!-
:238
PORTUGAL RESTAURADO,
peonha. Foy fentenciado a enforca r , cortanclo-lhe pri.. ~ Anno tn,~iro as maos no pelourinho, e o feu corpo dividido em 1647 quc1rtos ficou n1uitos dias por tefrimunho da fua infa- Cafiig:t- n1ia, e do labo em que cahir.. os authores de lia , rrin1 fc Docipaes infrrumentos das de(graas da Mon:1rchia de Hefr~~~~s panhJ : poi~ fa fempre coniequencia da runa Jos Rey.. nos os inte1Itos injufros dos Prncipes, e de feus 1\'linif: Aca~) de tros. EIRey mandou em todo o Reyno render as ~racas de ~raas. beneficio tao fin~1lado , e a R,nha , com devoto zel~ lnfinaqo do feu agradecimento , deo ordem a que fc Jevantafle, no lugar e1n que Domingos Leite havia intentado executar o feu p~rverfo ddignio , hum Convento dedicado ao Sar.tiffimo Sacramento , e o nmndou occupar por Religiofos Carmelitas Defc:tlos, que hoje fe v acabado com fumma perfeia, e no retabolo da Capella mur a infignia do Santiffimo Sacran1ento acompanhada delRey, e da Nobreza na fnna em que cofrun1a ir na Pro-cifiao do Corpo de Deos. EIRey tornou a mandar cfi:e anno por En1baixador de Frana ao Marquez de Niza, con1o havemos ref~rido, e entregou trezentos mil cruzados fua ordem em pimenta , e outros generos, alcatifas , e outras cou is preciofas da lndia , para difi:ribuir cotno lhe parecei:. fem mais conveniente : e juntamente lhe deo ordem para offerecer ao Cardeal MaiTarino o Arcebifpado de Evora, e outros bens Ecclefiafricos , ou para elle , ou para f eu irmao o Arcebifpo de Ayx: porque EIRey con1 a fumma prudencia, de que era dotado , ponderava os intcrefTes Trata-re que refultavao. a fua Coroa da uniao de Frana. Levou o ocalm- Marquez orden1 para tratar com o Cardeal o cafamen~i~~~- to do Principe con1 a filha mais velha do Duque de OrD. T~~~- leaes. O Cardeal approvou efi:e intento, e affim o mandofio cil dou fegurar a ElRey por Francifco Lanier , affifi:ente em a filha do Lisboa aos neaocios de Frana , portn fem mais podeDuque de n 1 R eyno po d' Orlc;ics. res que tratar dos ioccorros que aqt~el, ~ ta dar a EIRey: poque querendo obnga-lo o Con~e de Odetnira Vdor da Fazenda da repartiao da Incha, e do Confelho de Efrado, a quem EIRey remetteo Fran... cifco Lanier para a conf~rencia dos negocies de Frana, a tra-
da liga formal, ou teguran.1 de que FJRey entr,u-ia na raz ou trcgoa de Munfi:~r , fempr~ fe apartou Anno defta pr~l:ica,dizendo que fenao eftenuiao a tanto os feus 1647 1,oderes. O Ivlarquez de Niza comtnunicou ao Cardeal, que E1Rey efrava deliberado a comprar aos Holandezes todas 1s Praas, que! occupava no Brafil. Approvou o Carde. 1l deiorte efta detern1inaao , que fegurou ao Marquez que te a ElRey lhe faltafe dinheiro para o effeito defia compr~l, a Rainha de Fransa havia de vender as fuas joyas para o ajudar a confegtu-la. Havia levado tarobem o Marquez ordem delRey para fomentar a revoluao de N" apoies : porm os Cafi:elhanos entendendo que o Principe de Galiano podia fer Author deite defignio, o atalhrao , prendendo o Principe no Caftello de K apoIes. EJRey na podendo vencer no Congreffo de .1\lunfi:er a paz, ou a tregoa de Cafi:ella, defejava a alliana de Fran~: por~m os_ France~es , fen1 fe ~oncluir _o Congreflo , !;c;~:~~: cllatavao a dehberaa defte negoc1o, e Lanter, a quem o para na Cardeal havi~1 commettido os poderes defte ajufran1ento , ~oncluir a como e r L1 refi:ril:os a condioes certas , com defrr;,za di- hga~ ]atava toda a conclufa qne era conveniente a ElRey. E como os pretextos era poucos, chegou a valer-ie o Cardeal at de h_um muito remoto: porque obrigando ElRey aos Religioios de S. Domingos a jurarem a 1m maculada Conceia da Virgem Puriil-;ma , mandou o Carceal ei:. tranhar-lhe efra novidade. Porm antepondo EJRey a devoa de NoTa Senhora a tocas as politicas humanas, na6 alterou o que havia determinado. O Cardeal fe mofirou fcntido, den1onfrraa6 de que E1Rey fez pouco caio. O l\Jarquez de Niza, entendendo que a politica dos Franc~zes era fazerem paz com Cafi:ei1a, e nl~ndaretn quantidade de TropJs a Portngat, para a1leviar Frana do pczo do~ foldados, e rrejud~r a Cafi:ella ~por parte n1ais fenfittv_a, mofiraya ao Cardeal que ElRey na J1avia d~ accettar tantas TrO}"'as, con1o os Eclandezes bayia ~e1to: porque os Povos_ de Portugal na6 podia confcnttr n:~;ror oppref:ao no ioccorro, que na r,uerra. O Cardeal dcfeJava por feus intereies que continudTe em franca. a gucrr.:1 de Cafrell~, n1a.s ciiifin1ulava-o ccn1.grrtnde.aire:, por
~tratar
PARTE I. L!PRO X.
239
:240
p0rque qnafi todos ieus inin1igos de~jav,J a paz, fendo Anno os prindpae~ o Conde de Briana Secretario de Eflado , e 1647 J\Ionfiur de Avaux Vedar da Fazenda, que tinhao grande parte no governo, e nefl:a mat~ria era5 muito poderoios, p8rque a teguicl a Rainha Regente. Dizia o Cardeal, qu~ os Francezes corn errada politica nab cofrumava olhar mais que para o tempo prdente, e aue efl:a C0!1dia6 hereditaria os perfuadia a defefejar a pz de Cailella, je1n reparar nos inconve!!ientes que, depois de conciuida, fe Il~e havia~ de feguir, fendo o n1ayor de todos defmnparar-i:~ a conierv\a de Portugal , etn que Cafte11a con1 1nenos cu l:o Je Frana tinha o n1ayor inirnigo. A Rainha COlll O defejo ua paz, quando e chegava a efie ponto , dizia ' que ella nao podia palr pe1o efcrupulo de que Frana defendefi'e lnuna cauia injufl:a, porque o Reyno de Portugal ( co1no e1le qu:::ria uppor) pertencia a feu Irma ElRey de Cafrella. Eib. duvida desfez o Cardeal, tnofrrando cotn a verdade daran1ente Raitiha, que ElR.ey feu Irn1a6 forL1 poflitiJor intruio do Reyno de Porhl gal, e o Priacipe Je Cond~ com o grand~ tl..~iejo que tinha de que durafie a guerra en1 Frana favorecia com grande etnpenho os interefies deH~ Reyno.E quando em M unfter fe chegava c1. tratar deftas n1ateri.1s com o Embaixador de Caftella , que era o Conde de Penharanda, lhe promettia os Franc~zes que fe ajufl:aTem tregoas cotn Portugal por P ropo na . . de Frana tnnta annos, Iargarl'l o Oucad o d e L arena ao D uque, na Dieta a que eftava defpojado delle por ElRey de Frana; eco favor def- 1110 os feus delifros fora en1 b~neficio delRey de CafrelteRernola, havia ton1ado a iua protecao. A Rainha Re~ente de Frana, e ElRey pafra 1 a Corte a Amiens. Segu_io-os o 1\'larquez de Niza, e tend:o o Marquez h uma conferencia com o Card~al, lhe fegurou que Frana chegra a r. prometter aos Caftelhanos CJJ.!ebr1r a paz que tinha com o Turco etn grande damno de Caftella , porque viefe na tregoa cotn Portugal , e que nem efra offerta baftra para os perfuadir. E comrnunicando o Marquez ao C:udeal a duvida que ElRey tinha en1 entr':gar Pernambuco aos Holandez~s, foy rle par~cer que fe 1he.s conce~efe. por na arrifcar todo o Reyno, dizendo, que para ie edtficar
hUlU
PORTf!GAL RESTAURADO,
~PARTE
l.~IFRO ~-.
241
Porn1 Deos (excedendo a fua l'rovidencia a tol~os os jui- Anno zoshumanos) difps eita n1ateria con1 mayor rniferico~- 1647 dia. O Cardeal con1o governava o Reino de Frana j para os i~us interefies ;-faltava ordinariamente f, e palavra, que dava aos .1\'linifl:ros dos Princires. lt)teirado .EIR.ey ueite proceJimen~o, nao quiz mand_ar iegut~do anno Arn1ada a Frana , iem que primeiro 1~ a_jufrafle a liga ; e o 1\larqucz de Niza dcfengana(.!o de qt:e fortu:gal nao havia J~ entrar na paz, nen1 na tregoa de J\'lunit~r, e que fen1 a ultima delihcr~a do Congreilo , franca nao queria con(eder a liga , pcdio ao Cardeal, no P n .. 1 . - L r, ropo a i:lenttuo de que p ortugal havia de fi car iuhcntand o 10 a do Marguerra de CafrelJa , e I-IoJanda, tres milhes cn1 dinhei- qucz de ro cada anno , quatro nlil Cavallos , dez mil Infantes, Niza ':? . -' . e qtnnze navtos . .L"""l. Ratn l1a 1h e n1and ou o f"C 1.erecer, pe1o brc o aoc- orro Mar~_chal de Vil1a Roy, tres mil Infantes, c nl Caval:- c los pagos con1 dinheiro de Frana, en1 cafo que fe aju1tatre a paz de Cafrella. Replicou o Marquez : difie-lhe o .1\larichal' que C01110 fe nao 1tisfazia' pcdiTe ao Car ~eal audiencia. Affim o executou, e confeguindo-a, l~1e iegurou o Cardeal a fua boa vontade , e por exprefla~ pabyras Jhe di1Te, que era n~ceiTario entenderem os Caitelhilos que os Portuguezes na ultin1a defefperaao havia de metter os Mouros em Hefpanha , e o meno diabo : e que ie na offcndeffe o J\'Iarquez deil:a propofia, porque era infinitos os exemplos que a juil:ificava, por fer licito aos Prncipes ufaretn para fua defeni de qualquer apparencia das mais arrojadas refoluo_ens. O Marquez lhe refpondeo , que EIRey fundava a 1ua confiana no favor Divino, e que o feu intento Lra efrender a F, na extingui-la. 1\Ias como too as efras conferencias era fen1 conclufao , determinou ElRey, por atalhar todos os MandaElfubterfugios do Cardeal, n1andar a Frana tres navios de Rc~ tre~t c _, . _, Frana.e l gu_erra, {eqne 1.0y por C a b o J oao d e S" tquetra VaraJaO, navtos a a ie en~orporarem com a Armada daqueUa Coroa. E para 0 Padre que os negodos pudeffen1 tomar n1elhor frma, depois At~t~~mio de varias conferencias que houve entre os mayores Mi- Vcua~ 1 nitros, mandou a Frana o Padre Antonio Vieira da CGm.. ,~ Q - panhia
1.4'-
_ PORTUGAL lREST.AURADO,
panhia de JESUS, iuje~to em quem concorria todas as Anno par~es necefiarias para ier conta~o pelo n1ay~r Prgador _ 1647 do L~u temro : porm como o i~u juizo era iuperior., e na igual aos negodos, nnti~as vezes fe lhe defvanec.t.l por quer~r trat-los mais iubtilment\! do que os compr.~h ndia6 os Princip~s, e ~li:1iftros, coin qu. m comnumicou muitos de grande itnportancia. Chee:ou a Pariz a tempo que a Rainha de Frana havia mand~do patTar a Napo1es o Duque de Guiza com luuna poderofa Armada, de que refultou tomaretn n1elhor cor os negocios de l'or- . tug.ll en1 Munfrer. Porm fervia Je grande e1nbarao pa M ra fe ufa r dos accickntes favoraveis , a controveria , que R;~d:~!: havia ent~c ~uiz Pereira de Cafir?, e Frar:~ifco dt: Anrar-us Mi- drade Lettao, que nefre tempo tinha creictdo deorte, nifiws de que o Marquez de Niza aconfelhou a EIRey, que os Munfier. mandafe retirar para fuas cafas a defcanar do muito que havia o trabalhado hum contra o outro, e que fiLafie Chriftovao Soares de Abreu a11il:indo i aos negocies do Congrefo, por fe nao haver ajufrJdo o intento que EjRe.y teve de tnandar por Plenipotenciario a Munfrer D. Luiz de Portugal, Neto do Prior do Crato D. Antonio , que affilia en1 Holanda. As revoluoens de Napoles obrigrao aos Francezes, e Ca.l:elhanos a accrefcentar os l:.xercitos. Governava o de Franca o Marichal de Gafio:l, o de Cafr-~lla em Flandes o Archiduque Leopoldo. E~n Catalunha nao forao favoraveis os fucceffos a Frana: porque o Principe de Cond, havendo fitiado fegunda vez Lerida, lha defendeo con1 o mefmo valor que da prinleira Grego: iode Brito valorofo Portuguez, de que lhe reSitio de fultou immortal gloria. Efia confufao, e variedade de Lerida. fuccefos faziao ao Marqu.::z de Niza cref(er humas vezes, diminuir outras nas efperanclS da liga: porm entendendo que fe difficultava, defejava ver-fc alleviado daD. Fclix quelle trabalho , o que EIRey lhe na quiz permittir. Pereira Mas o l'flarquez na faltando em circunfiancia alguma do morre de. que tocava fua obrigaa, fem perdoar ao dii~1enJio gola~o dos cabedaes propdos, mandou a Anvers ai!frir com di-, 1 -:~r fc~ nh ~iro feu mulher; _e filhos de O. Felix Perdra , Portu~ey. guez, que os Caftelhanos haviao degolado em Brucellas, :. i. ~ ~ por
r
PARTE 1. LIT-"RO X ,, .
~43
por averigt1aren1 que perfuadia aps f"ortUf,lieZeS qr:e ierviao URcy de Cafl:ella en1 Flandes , que fe paflailf:1n a l ... nrl.o Portugal, e por lhe baveren1 achado etn fua ~afa , quan- 1 47 do o prencra, hum retrato celRey D. Jca; e entregou a vida com ta Yalorcfa confiancia, que dife quando lhe quizerao cortar a cabea, qt1e elle n~: rr.orria ror traidor, porque nunca havia tido por feu Rey a I:JRey de Cal:ella , pois Jo o era ElRey D. Joao o Q!tarro de Portugal; e que eJperava na mUericcrdia Divina que havia de ver o mundo em ElRey D. Joa, e na fua Deicendencia efi:abeleciuo hum dilatado Itnperio. Etn Roma negociava o Padre Nuno da Cunha com grande zelo , e trabalho a reduca dos Cardeae~ contrarios a efte Reino , e a benevolencia do Sumn1o Ponti.fice. Porm todas as diligencias era baldadas, por!' que era mayor a negociaao dos Cafrelhanos. Refolveoie a dar hum papel na mao do Sutnn1o Pontifice , que El.Rey lhe havia mandado para efre effeito, em q~e fe con.. . tinha as razoens ieguintes : , Qpe Deos N oiTo Senhor ,, h~via reftituido ElRey pofTe do Reino de Portugal, Memorial ,-chamando-o na f o direito da herana do Infante dQ Padre ,, D. Duarte icu Vifav, fenao tamben1 as leys do Reino, Ncun~ da _, . . l . ( un a ~' etn que nao entrara com VIO enc1a, como em outro ao Pon'' ten1po iuccedera a Filippe fegundo , fem attender ao tificc:. , que lhe efcrevera o Summo Pontifice Grarorio XIII . .) ,, mas chamado pelos Tres Efrados do Reino~ que tirrao ,, da pole a Filippe IV. Rey de Caftella por efie ref,, peito, e juntamente por quebrar o juramento com que ,, protnetteo guardar os foros , e privilegios de Portugal. , E que fem embargo de achar o Reino , quando entrra , na pofie. delle, detarmado, e pobre, por haverem os , Cafielhanos levado tudo o que era de valor, e efrima... , a, havia refifi:ido a traies 1nuitas vezes intentadas , contra a fua Pefioa, e aos Exerci tos que procurra a , invafa do Reino, ficando fempre as fuas armas vitl:o ,, riofas iem dependencia de foccorro de algum Frincipe , efirangeiro. Que defra experiencia podia Sua Santidade , colligir a enganofa fegurana, com que os Cafi:elhanos ,, promettia a Conquifta de Portugal , fe a paz unh;er-
..
~~i
,, fal
~44
PORTUGAL RESTAUR-ADO,
, iat fe celebraffe fe1n cfte Reino entrar nella. Porm Anno , que os Cal:elhanos tinha por mais util, e por mais de1647 , corofo fazer a paz con1 os Holandezes Hereges,_ e feus ,, Yafillos , que co1u Portugal livre; e Catho1ico. .h , que para fe juftiricar con1 Sua Santidade, declarava, , que em cato que EIRey Catholico na quizc11e ad1nit,, ti r es juftos n1eyos de accomrnodamento, que elle e:. , tava pro1npto para haver de acceit~r , que ton1ava a ,, Deos por tefl:imunha, de que en1 caio que lhe na baf" ~afie1n os foccorros de Frana, con1 que!ll p~o~efava , tnfeparavel amizade, que era fora vi?Jer-ie para iua de" fenf~ das annas uos Suecos, e Inglezes, com profun,, do ientimcnto de ver ao mei-ino tempo arder Heipanha , em guerra, e em herefia, quando f defejava enlpre, gar o valor de feus VafiHos, e dif)-..,ender os ieus the, fouros contra hereges, e iufieis, et pi rito herdado de -~... ,, feus gloriofos Antecefores. Que como filho obediente , da Igreja, logo que fora acclatnado R~y Je Portugal, ,, mandra o Bifpo de Lamego do feu Conidho de Efra,, uo a dar obediencia ao Sununo Pontifice Urbano VIII., , e que depois de hum anno de affiftencia em Roma nem , huma audiencia pudera coni'"cguir. Qpe mandando de, pois o Eftado Ecclefiafrico de Portugal com beneplacito , feu o Prior de Sodofeita Nicolo Monteiro Bifpo eleito ~' de Portalegre , a tratar do proviment0 dos Bifpaclor, ,, que a hum, e outro intentrao os Caftelhanos tirar de ,, dia a vida nas ruas principaes de Roma , fen1 tt~nder ,, veneraao, e reipeito, que fe devia guardar na preien, a doSum1no Pontifice. E que determinando m.1ndar o , Marquez de Niza por Embaixador a Sua Santidade, por ,, fenao arrifcar a fegunda de(e;raa mandra pedir a Sua ,, Santidade licena para o podr fazer por Gremon Ville ;, Embaixador de Frana , que Sua Santidade o na per" mittira, fenco que elJe na per tendia mais favor, que , dar obediencia como Principe Catho1ico ao Vigario de ,, Chrifto. Q!.1e fem embargo de todas eilas experiencids, , refritu1ra a Authoridacle S Aooftolica, e a !us Minii: , tros a jurifdica6, que totaln;ente ie lhes havia tirado ,, por ordem delRt!y de-Caftella, ~epois de prezo o Bif-
. .
_Jl
" ro
dar itisfaJo do crin1c que nao mandra f~zt:r; c orde~ Anno nra que ie obtervafien1 as cenfuras que antes fora dei: 164 7 prt:zadas, e que os .iVlinifrros Reaes fe fujeitaficm ao A.uditor do \'ice-Colleitor, e lhe pedifen1 abfolvia; e antes defia diligencia na permittira que lhe fallafiem, nem que exerdtaiTen1 os ieus officios, e havia delibe. ado que fe reil:ituiilcn1 ao Colleitor, em cafo qtle tornai: fe-, os bens Ecdefiaiticos, que os Cafi:elhanos ufurpjrao s Igrejas, e as efcrituras, e papeis, que ton1ra ao Colleitor : e que n1andra ceflar .as demandas obre ete particular, e que ~ pag.1fi'e ~ S Apofroli.ca o que da eiinl.a da Bulla da Cruzada efiava applicado fabrica de S. Pedro de Ron1a, que de muitos annos antes fe nao pagava. E que nenhun1a defias fineza~ era poderofa a obrigar a S Apoftolica a conceder Bit pos s Igrejas de Portugal, que era f o que con1 anda , e cuidado deie~ java. Q1te a SEa Santidade havia Chrifio noflo Senhor ,, entregue a cura das Aln1as; e que todo o defeito, e datn,, no que padecdTem as do teu Reino por falta de Paftor, ,, - cahia iobre a confciencia de Sua Santidade : e que eil:e ,, prejuizo dasAJmas por falta de Pail:ores fe eftendia com ,, 1amentavel Tuina ao Jarguiflin1o Dominio da Coroa de ,, Portugal na Afia , na Africa , e na An1erica , deixando,, ie em n1tlitas partes de adminiftrar os Sacran1entos por ,, falta de Parochos. Q1e os Sun1mos Pontfices cofmm,, ra iernpre decidir os negocios de mayor importancia ,, etn Confiil:orio publico , ou particular., e que na ha,, vendo n1ateria de mayor pezo., nem de confequencias ,, mais revelantes, por ier utilidade tua, fe nao tratava. E ,, que na fahia a caufa a que pudele attribuir efl:a de,, ~onl:raao: porque entendia que nao poderia haver ,, Cardeal al~un1, que aconfelhafie a Sua Santidade fer ,, melhor deixar perder tantas Almas fem Pafror, que per,, n1ittir-lho por nomeaao fua concedida aos Reis feus ,, Anteceffores. Frinciplmente havendo determinado o ,, Concilio T ridentino , que para o provimento dos-Bifpa,, dos precedefTe a nomeaao dos Reis, ou dos Pofiuidores - ,, dos Reinos. Q!1e EIRey de Cafiella, come> Catholico, fe Qi , na ,, ,, ,, ,, ,, ,, ,, ,., ,, ,, ,., ,, ,, ,, ,, ,,
245
~46 PORTUGAL RESTAURADO, ,, nao poderia queixar de que Sua Santidade execut3fe a Anno , detern1inaa6 do Concilio. Q9e Sua Santidade na cofI_647, tun1ava ferJuiz noslitigiosdosReinos, equcFilippe , Seg~n~o fora o primeiro que praticra, e ieguira efra , opuua, quando tomra a injufi:a pofe de Portugal. , E que os Summos Pontifices Predeceffores de Su1 Santi" dade na6 coftun1avao attender Inais que ao b.;n1 das Al'' n1as; parecendo-lhes iufro, como Vigarios de Chrifco ,, na terra, ier l)ays conin1uns de todos os Catholicos. E , que Sua Santidade feguia con1 elle ta diverfo cami" nho , que nen1 como Rey , nem como filho o tratava; ,, e que podendo fegurar que nem com o penunento ha'' via delinquido contra a S Apofl:olica , ufava com elle , aquella 1nefma a pereza , que pudra uir cotn hum ,, Principe infiel, ou herege. E que Je lhe n1ultipJicava '" o fentimento depois de conhecer o zelo , e experien'' cia com que Sua Santidade adn1inifrrava a jutia no ,, feu felice Pontificado. Qye f o Efl:ado temporal da ,, Igreja tinha em ltalia dependencia delRey de Cafl:e1la, ,, que o Efpiritual nao era menos obrigado ~i Monarch~a ,, Portugueza, por exceder a todas no zelo do augmen,, to da F Catholica , levando-a con1 grande difpendio, ,, e trabalho s mais remotas partes do tnundo, e na vene,, raa, e obediencia da Igreja. Q.1e o Papa Clemcilte ,, VII. perdra o Reino de Inglaterra por lhe parecer pn-'' cifo accommodar-fe ao d\aan1e do In1perad-or Cr1rlos , V., e que pafado pouco ten1po o meflno Imperador fi,, zera pazes com Henrique VIII. Rey de Inglaterra , e ,, fem ttencao ao favor antecedente do Ponti1ice, ddx;, ra perder ~aquelle Reino a F Catholica , e na trateira ,, de que fe rcftituifl"em Igreja os bens Ecdefial:kos,que , os hereges lhe havia uiurpado. Q.!.1e o Papa Clemente , VIII. recebra no gremio da Igreja a I-Ienrique IV. Rey .,, de Frana , e lhe chamra Rey de Navarra , iem atten, der s diligencias, e contradioens de FiJippe II. , e de ,, feus Miniftros. ~~e era certo que elle nao havia de ne,- gar a obedienda SApoftolica, nem ao ~un1mo P_on" tifice, nem confentir herezia , nen1 f..:ifma nos feus ,, Reinos, como a na ad1nitra6 os Reys Portuguezes . : (( i j , fet:s
l '
~~ fetlS
'L"
~47
,, , ,, , " , , ,
' depois de con1Lltar, ccmo lhe era rn:cif~n1Ente nt:cei- Anno iario, os 1\'lir.iib-os Eccldiaftico~, e Sect1larcs nas ma- 1647 t~rias pertencentts lgrej;,1, ie urigindTe da liberdade nlitar , commercio , e trato com hereges, e infieis algum fucce11o n1eno~ decente! e vtil Igreja ( o que Deos na permittifle) que eiperava que ca cahifc a culpa fot~rc ~ fua conictencia; pois na era eJl a caut de nau haYCT B1f'OS 'nEm de faltar NuPcio .A pufrolko, " e 1\1 inifiros Eccld2afiicos ' llC rudefletn n..i1Hr aos , n1ales -GUe fobrevicfit..-m. Q!1e na extrema neceffidade " lhe feguraVtlO grandes Letrados' que iegnramente ,, dia obrar como te nG houvefie acceflo , e recurfo Se , A poi1ol ica , e ue faltando-lhe efl:e , como ven. li?.deira" tnente fuccedia, tocava nefte cafo aos Cabidos, ror ,, non1e~a tl1a, eleger Bifpos, con~o antjgarnente fe fa" zia en1 Hefpanha, e ainda fe obfervava em a1gumas .n ,, panes. J:te Sua Santidade fe na roderia defcoritentar , ddta refolC30, quando, conhecen<.~0 que elJe roderia , ufa r de todos efres remedios, na tratava de deferir , -s fuas j ufras pertenoens. E que fe ror ~ltima reiO" lua Sva Santidade antepuzeiTe os ir~.tereiles de Cafl:el" L1 fua jufr~a, qu~ <1-~ternnava jnftificar-fe com tod~s , os l)rinci~1es ChriHios, para que cm nenhum tempo ie , lhe puzefTe a culpa de qualquer dan1no que fuccedcTe. ~,odas as razoens referidas penetrrao fumman1ente o anilno do Pontifice, e com mayor vigor a ultin1a conclu1a- do rarel :. porque na6 achava facil refpofia propofiao de fer licito aos Catidos elegerem Prelados nomeados por EJRey, faltando, como faltava, recurio S Apoftolica. 1\las ddl:e embarao o livrou o Tribuna] clo Santo Officio defi:e Reino : porque efreculando cotn fe pura o mais int' mo da.'' ma terias EcdefiafHcds, na6 pennittio que efia opinia fe puzefle em pratica ; e conil:ou que dilera o Sun'mo Pontifice, chegando-lhe efi:a noticia, que a Inquifia de Portugal o l ivrra de hum grande cuidado, atalha_a~o h~1n1a propofisa q_u~ eJle nao efiav~ refoluto ~~obu;_ a dectdtr. ElRey era ta Reh~toio , e Cathohco , qut- tho'ica entendendo que e.fie fOdia fe~ O caminho de (OnfegPira delRey.
ro-
Qiv
per~
2-4-8
,
PORTUGAL RESTAURADO,
pertenao dos Bif pos que tanto deiejava , ced~o do inAnno t~nto, f por faber que o na approvava a lnquifi, l647 havendo tnuitos Letrados dentro , e fra do Reino, que fe animava6 a fufrent-la. E na bafrrao todas efias de.n1onfi:raes Catholicas para confeguir e1n tres Pontifica. dos , que alcanou etn fua via , el:a pertenao. Continuava Franciko de Solda Coutinho a embaixada de Holanda com tntto grande, mas util trabalho: porque verdadeirameute f fua prudencia, vigilanda , e negociaao eveo efre anno ElRey a coniervaao de Pernan1buco. Porque os Efrados de Holanda exafperados con1 os tnos fucceilos de Pernan1buco, e foberbos com a paz ajuil:ada com ElRey de Cafrella, deliberrao foccorrer com os mayores c:.1 bedaes a Companhia Occidental. Preparra hun1a An11ada Je jo. navios cotn gente, nlunioens , e bafiimentos ,.e declarra a Francifco de SouDetermi- fa que efrava deliberados a ron1per a guerra a Fortugal ~ os em toJos os ieus Senhorios : porque aiin1 cotno e~lcs efze~JaEd_e- tava6 obrigados pelo tratado feito com EIRey ao 1occotcorrer0~- reren1 , quando nece1Tita:fe das fuas Armas, da mefi11a Brafil. forte devi EIRey efcufar-Ihes ta6 repetidas occafies de queixas. Vendo Francifco de Soufa os embara_os que havia para vencer ta operigofas difficuluades, iabendo que .ElRey na tinha n1eyos para refi fi: ir a fora de ta perigo":' fos inimigos , netn vontade de entregar Pernambuco; fen1 embargo de lho aconfelharen1 muitos , e grat~ck=s l'vlini.fi:ros , fundados na raza de que n1u i tas vezes i e _entrega hum brao aos in.fi:rumentos da Cir!Jrgia , por fe confervar o corpo dependente daqueiJa ddunia. Por1n efte parecer , ainda que E1Rey o na oiegu ia , n.1 o condenaya , e Francifco de Soufa era o que vinha a padecer toda el:a irrefo1 ua : porque os Holandczes defl:ros nas fu htilezas politicas pedia ta protnpta conclui~, _que lhes na prejndicafie a dilaao , confumindo is eiperanas fem effeito o te1npo , e a mona, que lhes era neceftaria para -partlr a Armada. Vendo-fe Franifco de Soufa n1e;o' ~ tido en1 tao grande aperto, deliberou prefentar hum tnet-f "l morial aos Efrados, en1 que dizia que ell~ tinha ordem ~ dclRey para tratar da re1tituiao de P\.!rnambuco , e que .J ailnn
PARTE I. LI JT RO X..
249
aflin1 lhes pedia quizef!t tn \.)Uvi-1o a tempo que pudd1em evitar a defpeza, que faz i ao com tao poderofa Annada, Anno '-]uando fetn ella podia confcguir o memo para que a 1647 apreilavao. N ao defcrira os 1\tlinifiro.s dos Efiados a efie n1elnorial' dizenco sue era i(} a hll1 de dilatar os ;{~"'refio~ lla Arrr1acla. fedi o Francifco de Soufa promptamcnte , e co1n grande efficacia C0mmilarios para refolver efia Inateria; forao-l1Je concedidos: e vendo que a Armada partia fem duvida, vaJenJo-fe de algu1nas firn1as em brauco, que tinha delRey , pro1uetteo aos EUados a reil:ituiao rle }1cfll~llHbUCO, e COlTI grane brevidade ueo conta a ElRey do que havia~executado fem fua orden1, pedind~lhe em prentio dos ieus fervios, que logo o 1nandafie prender, e fe fofle nC?cerario lhe cortafte a cabea para fatisfaao dos r._fra~os : rorque fo ddla. (~rte 1~ poderia Induflria reparar o jufio ient1n1ento con1 que ficlnao, vendo que- gcnerofa brada a F,alavra ue lhes h~via dado. Refultou defra ar- d~. Fran rojaJa deliberaa dilatar-1e a Annada de Julho at De- ~te~ de zenll:ro. Nt.fre ten1ro vendo os Holandezes que Pernan1h cu a. buco fe nao retituia, tnandra fahir a Armada : porm con1o era na fora das tormentas llo Inverno, tres vezes que a Armada intentou a viagcn1 arribou , e na ultin1a fe recolhco aos Portos de Zelanda , e ficrao livres os de Pcrnan1buco do !lrande perigo que os ameaava. E1Rey ecreveo aos Efiados grandes defculpas fundadas na def obediencia dos moradores de Pernan1buco , fazendo-lhes prefentar as apertadas ordens que lhes mandra , e que elle nao podia fazer mais, que n1andJr-Ihes intimar efle preceito, e na6 lhes retnetter foccorro algun1 de Lisboa. Q!.Je fe a!guns fo]dados da Bahia os acompanhavao, era por fe na poder evitar ra1Tarem pelo Cert3o a affifliren1 naquella guerra. E que nefre fentido fe dava por muito fatis~~ito, e tinha por nmito jufia a guerra que os Eftados lhe fazia ; portn que. na era rlzao que por efta caufa a rompeflen1 em outrJ parte, quando elle nau havia faltado na conrefpondencia de l1om arrigo etn tcdas aquellas acoens cue efiiverao ful-orJinadas ao feu roder. Efra carta de1Rey rrn1ediou rr.11ito a pcmtfla arti.hciol de r randfco d~ Soufa, ficando toda a culr'a lanada icbre
~;o
fobre a confl:ancb dos t;ov ~rladores da guerra de Per..Anno namhuco : e ainda que fcntidos, e queixoos, 'adn1irra6 164-7 os T--Iolandezes a grande prudencia de Franci1co de Soufa ... ElR ~y, poft0 que a na agradeceo, eil:itnou tnuito d fua refolu] pela utilidade que retultou a teu fervic: n1as deixou de gratific-la, por na6 dar exemplo a olltios de prom~tter em t~u nome o que na podia 1atisfazer; tendo a ~1alavra, nao f nos Reys, fena nos particulares, lao indiffoluvel' que nao deve cortar a efpada nem deiatar a indufrria. A Cornpanhia Occidenta-l tinha de cabedal ceuto e 1ef1enta toneis de florins , que f da nofia m-oeda cinco n1ilhoens e meyo: porm os intc:retTes erao roncos em quanto durava a guerra ; e el:e era o fundamento que ElRey tinha para o que deixava ol?rar, e para entender que os Ho1a!1dezes queriao algutn ajufran1ento con1 elPropocm le por via de compr~. Os meros para ie coufeguir ei1:e ncfc mcyos 0 P"ocio anontou a ElRey Gatpar Diaz f'erreira a1ldl:~nte de fe a}ulr . tarcom os en1 Pernatnbuco em hum dilatado papel. Ivlandou EJRey Holande- examin..-lo pelo Conde de-Alegrete, .1\'Iarquez de lvonzes a com talv.1 , e o l)outor Francifco de Carvalho Con:~lhciro ppra dasd da Fazenda. Approvra tratar-feda cotnpra pelos meyos raas o . c .tr. . Brafil. mats l. 1uaves que 10 fi~e pOJIIVe1 , apo ltand o os d"uettos d o fal, e varios tributos no l3rafil ,~~ .Ango1a. Ospap .. i-., qu~ continha e_fl:as propofioens, mandon ElB..ey ver rt.lo Padre Antonio Vieira ,' que reduzia com grande eleg?ncia Parecer toda efl:a n1~teria a cinco pontos. O primeiro, con1o te ha do Padre via de i atroduzir a pratica da compra. O fegundo , que ~~:i~~-io PraJs havian1os de receber dos Holanclezes, em que fr.a. ma," e que preo lhes haviamos de dar por ellas. Terceiro, de que effeitos fe havia de tirar efte dinheiro. QJJarto,cotn que fi;lna fe havia de fegurarem quanto correfie111 OS rraZOS. Q_1into, que compofiao havia de haver nas U_U':ll~a~ dos hon1ens de Pernambuco. A todos efl:es pontos iatt~fez com muito prudentes~ e ben1 confideradas razoens, q:te co mo nao chegrao a effe~to , na he necefl~ni exprimi-las! As guerras civis de Inglaterra nao davaolugar a fe alteraren1 as negociaoens externas, e affim -continuava a conrefponpencia entre efta , e aque1Ia Coroa , f.1 zendo ElR.ey apertadas dilig..;ncias por fufrentar no Tluono
PARTE I. LIVRO X.
251
no a ElRey J~ Inglat~rra , in(lignan1ente opprimido da maldade dos icus Vafi~~ll~s. E como as perturbaes ca- Anno da dia er~ n1ayores, i_uipendeo ElRe~ mandar Minifrro 1647 q uella Coroa , e em Ltsboa era Embatxador de1Rey de Inala terra D. Henrique Coton. Em Suecia affifi:i~l J oa 0 de Guimaraes ~ e props ajuil:ar a liga entre efre , e aqnelle Reino com novos captulos: e toy efl:a indufl:ria grande torcedor para os Francezes attenderen1 com mayor cuidado aos negocios de l~ortugaJ. D~ixmos os Governadores da guerra de Pernam Succerr?s buco contendendo com us Holandczes do Arrecife, que do Brahl. pel~java com mayor defaffogo depois de lhes haver chegc.Hlo o toccorro, que condu~io ~egiimundo. No principio defl:e anno, intentou Andre V1dal, contra o parecer de Joao Fernandes Vieira, ganhar o Forte da Barreta: efcolheo a nlelhor gente' levou duas reas de artilheria, levantou terra , pertendeo defembocar o fo1To ; porm achando quantidade de agoa no aproche que determinava abrir, e dilatando-fe n1ais do que era necefario para conieguir o feu intento, tiverao os Holandezes tempo de introduzir foccorro no Forte, e recebendo Andr Vidal efi:a noticia, fe retirou deixando nove foldados mortos, e trazendo 14 feridos. Nefl:e tempo havia Segifmundo a("abadode prevenir a Annada com que intentava ganhar a Bahia. Sahio do Arrecife nos ultimas dias de Janeiro, n1andando pr a proa no rio de S.Frandfco , para diilimular melhor o intento da viagem da Bahia. Aportou na Barra daqrrelle rio, forneceo a Armada do que lhe era necefario, e ettcorporada cotn a efquadra do Sargento mr Andrefon, que havia mandado adiantar com o intento que acima referimos, fe fez vla, e brevemente chegou barra da Bahia. Porm receando a en1preza da Cidade, furgio na Ilha de Taparica , que 1he fica de- Entra a front~ ,. tres legoas difl:ante, e com grande diligencia le- Armada vantou hum Forte, e quatro Reduttos em outras tants HolanBde. "fi eminenciaS Vlln h as ao f orte; e a A rma d a f e eten d eo za na ahia forucom t~l ordem, que toda a pray daquelle difl:ritto fica- fi~a-fe~nt va detcoherta aos golpes rla artilheria dos navios. Anto- 'I apanni~ 'Tellt:s da Silva, achanJo-e opprimido com aquella ca. na
na itnaginada vHinhana- de inimigo ta poderofo, forAnno tificou con1 toda a diligencia a pafagem de 1~aparica paI6-J.7 ra a Cidade' parecendo-lhe que defl:a forte ficaria nao f defendido , n1as que obrigaria os Holandezes a largarem aquelle polo, reconhecendo a pouca utilidade que tinh:16 em conf~rv-lo. Durou poucos dias ne!l:a acertada det~r minaa , e n1olei1ado das entradas que os Holandezes fa .. zb por terra , e do effeito co1n que embaraavao entrarenl por 1nar em barcaes , e mantitnentos na ahia, determinou defaloj-los do poflo que havia6 occupado. Chamou aConfelho osfficiaes 1nayores,e propondo-lhes a fua refo_lua6, fora de contrario parecer os J\1efrres de Campo Francifco Rebello, Joa de Araujo, 'I'heodofio Efl:rate, e o Sargento mr Afcenfo da Siiva, dizendo: que a Infantaria para o affalto era pouca ; que os Hohmdezes eftava fortificados em tal frma, que na podia recear efcalada -; e que para fi tia r o Forte co1n orden1 , c difpofia nlitar, havia poucos intl:ru1nentos. Nao fe deixou perfuadir Antonio Telles defte acertado parecer, e nloftrando que fora inutil o tetnpo que gafrra em Jhes pedir confelho , eftando reioluto a ua querer fegui-lo , lhes ordenou que ao ron1per da manha feguinte atacaffem o MdaAn- Forte. Marchra todos co1n 1200. Infantes , e fendo tonioTel- fentidos muito tempo antes de chegaren1 achrao os Roles atacar landezes ta bem prevenidos, que recebra ao 1nefn1o o Forte d . r .1 A d contra ao ten1po as cargas a artl 111ena, e motquetena ua rma a, pinia dos Redutos, e Forte. Contrailou o valor todos eftes hn~efires po1Iiveis, mas na o pode vencer a difficuldade de tirar ei:. e Cam- tacas, e pafiar fofios a peito defcoberto , fem infrruinenpo. tos, nen11nais artificio , que o perigo infallivel fem efperana alguma do bom fuccefio. Durou entre os nofos f oldados a conftancia , fem embargo de veren1 mortos , e feridos 1nais de quinhentos, at~ que acertou hun1a b:il a em Francifco RebeiJo que os governava. Cahio _mort<?, e vendo os maisOfficiaes o defatino em que perfiftia, fe Retira retirrao co1n a perda referida. Ficou n1orto o Capita fe com Antonio Gonalves Tia , e veyo ferido o Sargento grande mr Afcen{o da Silva , e outros muitos Officiaes. Antoperda. nio Telles vendo o mo iuccefo defra en1preza , que pudera
2 5 2-
PARTE I. LJfTRO X.
2)3
dera anteyer a menos enfio , deipal:hou avifo _a_ E.1Rcy . do jul:o cu_ida~o en1 que fic~va, e das conifcquencias que Anno fe podia _iegutr de p~1~hrem os Holandezcs no pt-,fi:o 16~.7 de !'apanca que havtao occupatlo. Logo que chegou avifo a Lisboa, pafTou EIRey pron1ptam_ente orden1 pa- MandaEJ.. ra ie foc(:orrer a Bahia. Apparelhrao-1e doze navio~, Rey foc.. . a en1barcou-1 A ntonto '"I'e II cs de M enezes C on.Je dc v11 1a- corrc:r por. e . Ba1 ua Pouca General da Annada ; levou por e_u Almu-ante Lutz Antomo da Silva Telles com patente de Mefrre d~ Campo Gene.. Tdles de ral, depois de fahir a gente e1n terra , e {eu innao mais Menezes. velho D. l"'ernando '"feJles de Faro com o Pofio de 1\'leib e de Can1po , e D. Luiz Je Almeida, depois Conde de AYintes, COlll O 111eftno roflu, que nefh1 occafiao, COlllO em todas, procedeo con1 n1uito valor. E deftes doze navios, depois de acabada a em preza da llahia, i~ haviao de apartar cinco 3 ordem de Salvador Correa de S eBenavides, que na9ue1Je ~en1po .1~io nomeado <:?overnador do Rio deja:.1c1ro, e Captta General do Retno de Angola. Le- o vava orden1 para foccorrer aquelle Reino, cavilofanlente ufurpado pelos Holandezes , tlepois de desbaratado Pedro Cefar de !vlenezcs debaixo da confiana da fua 2mizade. Navegou a Arn1ada apercebida de tlldo o que era neceffario para confeguir tao difficil em preza, e primeiro que ella partiffe, tiverao os Holandezes noticia em Holanda, e Pernan1buco, do fim para que .te apparelhava. Os do Supremo Conielho do Arrecife, receando que a voz da Annada navegar Bahia foiTe fuppofl:a ; e verdadeiro o intento de ir dar fundo naquelle porto ( diverf1 tao util na certeza da pouca gente que Segitinundo havia deixado naquella Praa , que confeguindo-ie efra f em preza, ie acabava de todo a guerra da America) fizera apertados avifos a Segifmundo , pedindo-lhe, que defmantelando os Fortes que havia levantado , e retirafle a foccorrer Jquella Praa , pois conhecia que, perdida e1la , ficava infruduofa a nova Conquifta a que dava principio com tao infuperaveis difficu1dades. Davao-lhe juntamente conta do continuo cuidado, e grande aperto em que os tinha pofto os fitidores : porque logo que tivera nu.. tida da jornada que Segifmundo havia fdto para a 1 ahja1
2s4
PORTUG-AL
RE~TAURA_DQ,
hia , tratrao com grande vigilancia de uiar do tempo; Anno em qu~ as foras dos titiados eil:ava. tao diminudas. SouI~-f-7 bera os Governadores que os Holandezes, que habitav~ as Fortalezas da campanha do Rio Grd:lde, ft! aprovei ... tlVJ.,) de11a fem receyo algum , reedificando engenhos-, pLmtando can1veaes, recolh~ndo mandioca, e legmnes, o ~ e multiplicando a criaa6 dos gados , tudo en1 grande utilitade dos fitiados do Arrecife. A atalhar eite datnno fhio dos quarteis o Sargento mr Antonio Dia:z Cardoio Desbar.ata com 300. Infantes do l.'ero dejoao Fernandes Vieira: ~~to~o chegou .quelle diftrilo , e dcftru indo quafi totahnente c~f~ o~r- tudo o que os Holandezes haviao fabricado daquella banHolande .. da , fe retirou com 200. prifioneiros , e h uma grande pre zc~ no za. Reconhecendo-fe a utilidade deila jornada, e que po!:"loGran dia fer mais proveitofa, fe o poder foffe mayor, mare. chou o Mefrre de Campo Andr Vidal con1 8co. Infantes para o Cear Meritn, lugar fituado ao Norte do Rio Obra 0 Grande , e correndo toda aquella campanha , a deixou rnefmo desbaratada , depois de 1nortos fetenta I--Iolandezes. ReAndrVi- tirou-fe com muitos prifioneiros, eefcra~l<)S, e tanto ga~a\r~o do , que fatisfez a falta que nos quarteis ft:~ padecia. Em c a. quanto Andr Vidal efteve fra dos quart2.is , fizera os fitiarlos algumas fahidas ,. todas com mo fucceffo. E querendo Joa Fernandes Vieira reprin1ir efta oufadia, deo ord~m para. que le todosos quarteis fahiffem varios Capites a horas repartidas por turnos , e que inceffantemente efrivefietn os fitiados com as am1as nas mos, e junt~unente fahiffem de dia c1n differentes partidas , e _?atei: fem as eftradas com tanta vigilancia , que na pudeflem ~s fitiados tirar da Ca1npanha utilidadl! algum:.:t. Executou-ie efr.l b~m fundada ordem com tanto cuidado' que reduzio os fitiados a grande aperto, que ie augmentava con1 o temor da vinda da Armada. Chegou aos qnarteis o Mef.. tre de Campo Andr Vidal , e dando-lhe conta Joao Fer nandes Vieira de tudo o que havia icedido na ftLt auiencia, ~lhe con1n1unicou h uma ida com que anda:va de levant.tr hun1 Forte, em oppofiao de outro que os Holand~z:s haviao fabricado em defenf. da Cidad ~ Mauri'a , chan1ado da AfTcca, em h uma lingua de ara que a natur'
C PARTE I. LI1~RO
natureza deixou -dei coberta entre as agoas do mar, e a corrente do rio Bcberive. Approvou Andr Vida] eite in- Anno tento, _e com grande fcgredo, e diligencia el~gra fi tio 1647 conveniente entre o arvoredo da 111argen1 do no,_ e n1an- Lc,-anta dando continuar o dei:11ocego dos fitbdos, ostiverao ta os nolfos divertidos, que con1eando-fc o Forte nos primeiros de htum For. . . . -' r . contra Ou tu h r o, na o t1 v~ra. noticia d elle i-enao en1 H~ts de N o- a e Cidade yembro, dia em que a artilheria comeou a jogar contra Maurica.. a Cidade J\tia urica ~ Arrecife, e Barra; que todas eil:as partes defcobria , e prejudicava o novo Forte. Sahiao os noffos foldados de!l:a fortificaao, a que dera nome da Bata ria, com mais confiana, e a eil:e pafTo fe augmentava a confufa6, e receyo dos Holandezes entre os a1.Tat... tos que fe dava en1 toJos os poil:os eY.:teriores. Foy de ~ mayor effeito o do pao do Conde de Nafau , fituado na Alfalt~oa entrada da Cidade Maurica. 1-inha duas Cotnpanhias de ta~~de guarda, que na6 pudra refiil:ir _furia dos foldados: Nafau. degolra a n1ayor parte dellas, e 1aqueado o pao, fe voltra para os quarteis fem perda algua. Nefre tempo chegou Segifn1undo com toda a fro~a; havendo lar Retira-re gado o Forte , e os Redutl:os de Ta panca antes de che- Seo-ifmu.. gar a noiTa Armad , na querendo experimentar os effei- de/' da Ea. 1 tos da fua refolua. Animou os fitiados, e prometteo-J1P volta a r c _, d os d amnos pa d ec1 d os, que ex~cutou tao bu,o. _, a ernam1hes Iatl~Iaao mal, como veremos nos fucceffos do anno feguinte. ,1 O Conde de Villa-Pouca chegou Bahia oito dias depois dos H61andezes haverem deimantelado a for- Chega tificaa6 de Taparka : porm na defamparou aqueJles Bahia o n1ares, e torn:1ndo a dar vifta da Bahia com oito navios, ~~fdc de mandou o Conde de Villa-Pouca levar as ancoras aos da P~uafua Arn1:)da, que efrava6 mais lefres. Foy o prin1eiro ca. que fahio Frey Pedro Carneiro Cava1leiro da Ordem de 1\'lalta, Capitao de Mar e Guerra da no Rofario. A com- .. panhava-o D. Affonfo de Noronha filho fegundo do Con... de de Linha.res, que havia paTado de CafreJ.l a eil:e Reino , achando-te com feu pay en1 Madrid no ten1ro da Acclamaa, de n1uito pouca idade,. illufirando nlle todas as boas partt!S que a i ua grande qual idade requeria. A feu exemplo fe hu.viao en1barcado muitos foldados de valor. Lo-
-x. '(""
2SS
de
256
PORTUGAL RESTAU1?..5DO,
Logo que o navio fahio fra d1 barra , o atracra duas Anno fragatas I-Iolaadezas, e depois de dilatada contend.a, it~ 1647 ateou o fogo na po1vora da no Roirio, e perece0 ~1n Queima- r~medio. Levou a pique huma das fragatas co1n que effe a 11 ~ 0 tava atracada; na outra i~ pegou o fogo, e confumio dcRofano 1 1 11 .1 , L d mor orte tu o o que 1av1a ne a, que ueo a coiLa o caico, 1em 1 ~~ de D. fe poder tirar de1le utilid:lde alguma. Os navios S. BarAffonfo tholom~u, e S. Pedro de Amburgo, de que- era Capide Noro- taens Francifco Branda, e Luiz Ribeiro-, feguira a Fr. nha,eFi- P ed ro C arnetro. F ranctlco B ran d ao apttao oe S . 13 art llo--: ~ _,C __. tros oudalgos. lomeu, logo que ihio da barra, -rendeo hu1n patacho Holandez. Socconcra-no os outros navios , atracra Fran~ifco Branda, e depois do pelejJr tnuitas horas vaRendc-~e loroiamente o- matjra ; e entrado- .o nayio, depois de nos Ho la- 1nonos 1nuitos foldados,- o rendra. Luiz Ribeiro na dczes 8 . h 1. fi i~ . . , I . d Bartholo- c egou. a pe eJar,. e _,cou_ UJelto a ca um rua_ os que CO!lmeu. _ denra a fna omtifao, tem lhe valer. a dciculp<.t de ier o navio muito zorreiro. Os mais navios na fahira, na fe1n culpa do defcuido dos Offidaes. O Conde de VillaTmm , Pouca tonlou pofe do governo, e Antonio Telles di:1 Silpofe do_ va ficou aifHndo na Bahia todo o tempo que o Conde Governo d - ft 1- do Conde gov;,_rnou: e parecen o prevenao e ~ ua. ~1nora para de Villa- augmento dos feus cabedaes ,veyo a ter .fehctdade, coPouc~:. n10 veremos: que affitn fe coftuma enganar na inconi! tancia do mundo o lin1id.do iuiz0 dos homens. Os dnco n~vios d~fi:inados para o foccorro de Angola defpedio ; _ An.tonio -Telles nos ultimos de Dezmbro , com ordem de ie encorporarem com Salvador Correa no Rio de Janeiro , conforme que tinha deiRey. O fuccefo , que ti,, .. , vera, referir~n1os cn1 feu 1ugar. D~ Gafta Coutinho, que continuava ogover:no de .J~an~ere, tr aball1ava quanto lhe era poffi vel por Succefos moflrar ao~~ Mouros o grande valor de que era dotado. de Africa. -Achava-fe na cama no principio defte anno com h uma grade ferida na cabea, que lhe fez huma ta boa cahida do te(l:o de h uma caia. Sahio ao can1po o Adail, e ante~ de o aabar de defcobrir, carregra os Mour.os as Atalayas com 900. Cavallos, e no pritneiro impulfo matra Balthazar Fernandes Ponce , e levrao cativos Domingos
11
N -...:.
mais Cavall~tros, e con1eou~ a 1ufrentar ,a, eicaran1ua: Anno _ . com,grande V?lor. r>. Gafl:a_, nao podendo tolerarna ca 1647 ma as vozes da contenda, ie levantou , e tnontando a cavallo fhio ao campo , e infundindo novo valor nos que pdejavao , fez retirar os Mouros , e ficou fenhor do Can1po. Porm o trabalho , e as anuas lhe aggravrao ,u deiorte a f~rida .da cabea, que chegou aos ultimos termos da vida, dignan1ente empregada em guerra ta virtuol. Efrando ainda mal convaletcido, appareceo defront~ da Bahia de Tangere hum a grande Armada de Cai:. Chega a tella, que governava D. Joa de Aufl:ria, que confrava Armada de 4.,. navios, e grande numero de embarcaoens peque te: C.j,flcl: nas. Levanto~-le D. Gafta , fe~ _preparar a a5tilheria , e ;c::C, :~c rccolheo debatxo della tres navtos que efl:avao ancorados retira. no porto : mandou formar os Cavalleiros na praya , e entre elles alguns mofqueteiros. Veyo-fe chegando a Armada , ~ando n1ofrras de querer lanar gente cn1 terra; jogou muitas horas a arti1heria de huma, e outra parte; e vendo os Caftelhanos a boa difpofiao com que aCida-- de detern1inava defender-te, fe retirra fem outro effei-to. Pouco tempo depois defce fucce1To, teve D. Gaftao noticia que alguns Mouros havia entrado no nofu cantpo : mandou ihir o Ada il dando-lhe ordem que os carre gale at hu1n outeiro vifinho da Praa ; e para que na iuccedefie a1guma deforden1, fe n1andou levar ao c:1m~,o em huma cadeira. Q11ando o Adail chegava ao poo do Gilete, deo vifia dos Mouros ta pouco difi:antes, que invefiindo-o~ , fez hun1 prifioneiro ? e cahindo outro morto , os feguio, excedendo a ordem ,-que levava do General. Recolhrao-ie os Mouros at Benemagds aonde ficava feguros. O Adail, parecendo-lhe occafia opportuna , ien1 fazer avifo ao General, rafiou a Ribeira que divide o can1po de Tangere da Barbaria, e entrou duas legoas pela terra dentro fem mais effeito que perder alguns cavallo~ do grande calor, e trabalho que tivera. Os Mouros voltra outra vez ao campo de Tangere , e vendo no outeiro alguns Cavalleiros, os invefl:ra, e matraologo Antao de Lordelo juiz dos Orfos, c Luiz
iS7
Rebel-
2sS
_
PORTUGAL RESTAURADO,
Rebello de Moraes Procurador da Citlade : levrao pri , Anno fioneiro hum Cavalleiro. Retirados os Mouros, chegou 1647 o Adail, e D. Gafl:ao depis de o reprehender afperamen-~ Cafliga te , o teve f ufpenfo do exercido do feu pofto , que lhe J).G~fla tornou a reftituir, paffacla a jufl:a paixa6 que teve da fua 0 tdf.H defordem. Havia D. Gaftao comprado hum .J\t1ouro cha..; ~~f~r-ua tnado Afus, que lhe d_ava avifos das partes ode podia dcm. fazer algumas prezas, e das entradas que os Mouros determinava fazer no campo de Tangere. Defcobrio o Governador de Tetua efi:e concerto, prendeo o Mouro, e querendo caftig-lo lhe perdoou , por lhe prometter (fiado no credito que tinha conieguido com D. Gafia 6) que lhe entregaria todos os Cavalleiros de ~'angere: Pa~ receo-lhe ao Governador verdadeira efra fua offerta, e mandou-lhe que viefe dar da parte a D. Gafra , que em Tangere Velho eftavao dezafete Cavallos ; para que enganados com efta noticia, cahifiem em huma embofcada de 900. Cavallos, e quantidade de Infantaria , que introduzio fem fer fentido em pofl:o conveniente. Veyo Afus a Tangere, e mudando por auxilio particular a refolua, deo parte a D. Gafl:ao de tudo o que lhe havia fuccedido, e lhe declarou que queria fer Chrifta ; e como era dia de Santo Agofrinh.o , tomou o nome do Santo , e o arpellido de Coutinho por fer feu padrinho D. Gafta, que o f~z Almocadem , e fervio com grande valor , e fidelidade todo o tempo que lhe durou a vida. O Governador , de Tetua defenganado de que Afus na voltava , fe retirou arrependido de fe haver fiado delle. O mais tempo defte anno na houve em Tangere ac~a digna de memoria. i Etnbarcado Ruy de Moura Telles para Lisbo~; como hav.:!mos referido, comeou a governar a Praa de Govem~ Mazagao D. Joa Luiz de Vafconcellos, e advertido da. ~az_;;a~ experiencia pafada ps grande cuidado em grangear o L~iz d; animo de Alefrem Alcaide de Azamor, para que com Vafcon- m~nos defc~nfiana da que teve com Ruy de l'v1oura lhe 'eUos. de.ffe mais lugar de fahir ao campo, quafi unico retnedio\ dos moradores daquella Praa. Mandou a Alefrem hum_ grande prefente-, outro a EIRey de Marrocos, e por ~m.. ;
--
ba1xa-
"'-\~PARTEL LIPRO 2.59 baixado r Nlanoel Alvares Romeiro , hutn dos prindpaes Cav;.lll~iros de J\'lazagao. O Alcaide de Azamor fem em- Anno bargo d ..1 an1izade contrahida co1n D. Joa, correo at a 1647 Praa cotn tres mil Cavallos: fez D. Joao varonil refifl:encia , pelejando das nove horas da manha at as tres da tarde: e fendo precifo retirar-fe, o executou com tan. to focego, que ervio de exen1plo aos feus Cavalleiros. O Naique de Nladur tinha na India com D. Fi- Succeffot lippe ~laicarenhas boa conrefpondencia, a1Iim por utili- da India~ dade fua, como porque D. Filippe ufva do feu poder em varias occafioens n~ceffarias 1 boa direcao do {eu govertlo. Contra efte Naique fe levantou hu1n Vaflallo feu, a que vulgannente chamao o Rey do hlarav, a quem os n1turaes nomeao Tever, cujo domicilio he toda a ( Ilh:1 de Remanancor, fitio conhecillo de toda a Gentilidade do Oriente; por haver nelle hum celebre Pagode , ou Ido lo- -de Ratn, venerado co1n romagens continuas de , ?. todos os iclolatras. Era o Tever feudatario do Naique de. ~ 1 ~-'.b Madur. Fiado no 1itio defenfavel por natureza, negou 4> tributo que cofl:umava pagar ao Naique, na oquerendO reJuzir-fe a varias inftandas. Formou o Naique hum Exercito, ue que era General hum Bratnane, chamado Ayen, marchou cem e1Je, e reconhecendo a difficuldade da paffagen1 da terra firme para a Iiha, a .quem divide o Canal de Santa Cruz, ainda que efl:reito muito perigofo pela furia dos ventos, e correntes, mandou pedir a D. Filippe Mafcarenhas em nome do Naique o quizefe ajudar naquella em preza, de que fe offereceo a pagar os cufros nos dias da pefcaria do aJ jofar, que por antigo c0ntrat~..), celebrado entre o~ Portuguezes , e o N ai que, lhe '::ocava a elle. Partio a Armada, chegou Ilha, e v~nJo o T~ver que havia lan1do gente em terra, e que ao metmo tempo paffava da terra firme Ilha o G~ neral Ayen por h uma ponte que com grande trabalho havia fabricaJo fobre o Canal, determinou falvar a vida, vendo que lhe nao valia a oppofiao que havia feito ;rec<?lhendo-fe dentro do Pagode; e querendo que lhe tervtffe de fagrado o ido lo profano, o nao refpeitou o Ayen ~o1n fer Bratnane, .que coftumao a fer os mais religiofos
x:'-
R. ii
da~
.26o
PORTUGAL.REST.AURAD_O ,_
daquella Gentilidade, ajudado das inftanci~s dos Portu' guez~ , que fazia verdadeiro deiprezo daquella falfa, e abominavel eitatua. Reconhecendo o Tever efra reioluao, fe entregou a partido, e levando-o prezo diante do N ~li que , lhe refl:itu.io o feu governo cotn iegur ana de fidelidade, e de mayor tributo. A armada ferecoUieo com juitt fatisfaa do feu trabalho. Partra efie anno para a India as nos Candel~ria, Capita Donlingos Antunes; Santo Antonio da Eiperana, Capitao Balthaz ir de Aln1eida ; e as nos Santo Milagre, Capita JV1iguel Jorge Grego ; e Bo1n JESUS, Capita Mathias Figu~ira, que i"e perdra ambas na altura de Moanlbique. Anno O cuidado com que o Conde de S. Loureno felicitava a melhora das Tropas da Provinda de Aletnte6 8 1 4 jo, multiplicava deforte as utilidades do fervio dei,.,. succenos ReyI , que as Armas , e a fua diligencia refplandedao ia d 11 M ande Alem-tgua mente nas emprezas , e nos ucceuos e as. teJo. dou no principio defte anno armar con1 algumas Troras a huma que os Caftelhanos alojava em Valena. Cahio ella na e1nbofcada , e de fefenta foldados de que fc compunha , voltrao poucos ao feu quartel .. Chegou nefte tempo a Badajoz D ..Diogo Mexia Marquez de Leganez, eleito por EIRey D. Filippe, para emendar no fegunJo Toma ao governo da Eftremadura o pouco que havia confeguido ~ovAerno no primeiro. Acompanha va-ie de toda a fua familia, deILias r ma& . term1nan do liifpor mutto de a ffientoa Conqut ft a d~ p ortu0 Marqucz de gal. Conre{pondra as prevenoens aos merecimentos Le~anc:z. do Cabo, e os Cafi:elhanos publicrao por todo o mundo a nofa ruina = como fe j tivera colhido o frul:o de ei~ peranas ta pouco cultivadas, que por naeftarem nem ainda verdes, nao mereciao efre titulo. Ao paflo defras noticias difpunha o Conde de S. Loureno a nol defenfa , e prevenia a igualdade do animo dc1Rey com todos os avios que lhe chegava ; de que rdultava multiplicarem-fe as levas de Cavallaria, e In[tntaria, e encaininharem-fe util1nente todas as prevenoens. OMeftre de" Campo General Joanne 1\lendes de Vafconcellos , que .eftava alojado em Elvas, pafiou a afiiilir em Eftremoz, - . ' . a dar
PARTE I. LIPRO X
~61
a ela r orden1 diviiao das levas, e diftribuiao das munioens, que chega v ao qudla Praa en1 grande quanti- AnQ.O dade: porque do cuidado cn1 que entrrao os .1\-liniftros 1648 da Corte con1 a nova Eleiao do 1\Iarquez de Legan~Z , ft! co1nps 0 provin1ento das Praas da Provinda deAlenltcjo , e a difrribui<;ao das ordens , e Pofros, de que muito fe ne..:eiitava. Non1eou ElRey para Governador da l'rL1a de Oliv~na a D. Joa de Menezes do feu Confe- Difpofi lho de Guerra , e nefi:a Praa , e nas mais da Provinda fe '. 0 ~ns pa adiantrao as fortificaoens, n1udando-fe as guardas ao ra -.~am-. fegredo de muitas, com re~eyo da chave meitra dellas, pan que Cofinander havia entregue aos Cafrelhanos juntamente com a iiddidade. Para Capitao General da Cavallaria de Alc1ntejo , elegeo EIRey a D. Jo ao M afcarenhas, e ao Pofro de Thenente General da Cavallaria pafTou .Nlanod de .1\lello, que exercitava o de .1\leftre de Campo.Mas efi:a n1udana durou poucos dias tornando a continuar o ieu Pofro con1 o governo de Moura. Mandou ElRey dividir a Cavallaria em Tropas de Couraas, e Arcabuzeiros: formrafe algt1mas de Dragoens, que durra pouco, avaliando-ie o ieu exercido em Alemtejo por inutil, por haver naquella Provincia poucos montes, e menos rios, e na ca1npanha rafa fer n1ais arrifcadQ que neceiTario o exercido dos Dragoens. Em quanto fe adiantava6 as prevenoens de h uma , e outra parte, mandou o Marquez de Leganez onze Tropas, que fe cornpunha de 6oo. Cavallos' rela parte de Albuquerque' COlll o fim de faquearein a campanha,quc corre daquelle difirilo at 1\Iarvao, e comprehende Arronches , Portalegre, Caftello de Vid.e , e outros _Lugares._ 'I'eve o Conde de S. Loureno anticipado aviio dcfra marcha, e promptamente ordenO'!i ao Commifiario Geral da Cavallaria Achim de Tamericurt, que con1 dez Tropas de Elvas, e Campo Mayor, que montavao pouco mais de quatrocentos Cavallos, feguire a n1archa dos Caftelhanos , e pelejafe Desbaracotn e1les en1 qualqBer fi tio em qt1e os encontraffe. Execu- t~ Tame.. tou T'a1nericurt el:e preceito com tanto valor, e felici- Turt as dade, que alcanando os Cafielhanos no Termo de Porta- derot~r-. legre com huma grofia preza que h a via feito , os invef- tcll~ R i tio
262
PORTUGAL RESTAURADo;
tio com as dez Tropas, e na lhes dando lugar a Jarg1 reAnno fifrenda, os desbaratou, e feguindo-os at cerrar a noite, 1648 f~z duzentos prifioneiros , etn que entrava muitos Officiaes , fra os que ficrao n1ortos na camf'anha. Nao pafrao de vinte os foldados n1ortos das noils 1.~ropas , e outros tantos f~ridos. Procedeo com particularidade D. Pedro de Alencafrre, e Joao da Silva de Soufa, que tatubem ficrao feridos. O enfado defre tccefo ap plicou 1nais o animo do 1\'Iarquez de Leganez, e deliberou dar execuao a empreza que trazia premeditada , e que a authoridade do parecer de Coilnander lhe havia facilitado. Poucos dias a~1tes tinha efre chegad~ a Badajoz con1 grandes beneficias,, e mayores promeflas delRey Catholico, a quem hayia iegurado dar principio Conquifta de Portugal com a Interpreza de Olivena, que a tua induftria fuppunha irremediavelmente conquifrada. I) ara confeguir eil:e intento difi1s o Marquez de Leganez todas as prevenoens que lhe parecrao convenientes, e a vinte de Junho amanheceo fobre Olivena cotn Jnun Exercito Cj_Ue fe compu05 nha de oito tnil Infantes, e tres rnil Cavallos, attenden~0~ ~~~~-- do todos com obediencia , e veneraao s ordens de Coi:. vena. mander, idolo a que detenninava dedicar a gloria daquella em preza. Dividia elle a gente, e repartidos os poftos, mandando que avanafem por quatro partes , e deftinou para fi hutna porta na eftrada coberta, por onde Jhia os foldados a trabalhar. A vancrao os Cafrelhanos valorofmente, anin1ados das prom~fTas do Marquez de Leganez , e do natural valor de que he compofta aquelJa naa, tantas vezes fonnidavel a todo o n1undo. Antes de feren1 fentidos ,. montrao dous baluartes , e neite tempo tocra arma as fentinell.1s. Acudira os foldados dos corpos da guarda vifinhos, e alguns 1norauores, qu~ fuftentrao cotn tanto valor o prin1eiro itnpeto dos Caitdhanos, que der3o lugar a podere1n acudir aos poftos a fcc:;~l5:t que eftava6 defrinados, tods os mais de que fecompu.;;~oJ~ae nha a guarniao da Praa. D. Joao de Mene.zcs- logo de Menc- que ouvia o run1or .ie levantou da cama , e ton1ando 1tes. luuna efpada, e hun1a rod~Ila, e a primeira roupa que en.~ contrcu,
Atfiafl
c;ontrou ; fahio rua, e achou pelejando roucos foldados Anno feus con1 muitos Caftelhanos. Animou elJe os defenfo- 1648
res com tanto valor, e efficacia, que chegando naquelle tempo mayor nun1ero , apertra deforte com os Cafl:elhanos , que os obrigra a voltar as cofias com tal def.. acordo , que na atinando com o .g~res em que havia deixado as efcadas fe precipitrac(dos ::. Juartes , bufcando cegan1ente a morte de que fugia~.' Mas como nao era f ites os que efravao dentro da Pra , crefda per inftantes o perigo, e de tal frte que j a artilheria, que ef tava nos baluartes, havia os Caftelhanos voltado em al gutnas partes contra a Praa , e era muitos os mortos, e feridos. E havendo tres golpes aberto outras tantas bocas no peito de D. Joao de Menezes, com rrivilegio da fama , para que publicafrem igualmente o feu valor , o feu juizo, e a fua tCiencia, lhe na fervio de embarao o muito iangue que der~amava , forque a hum mefmo tempo o achava os feus toldados pelejando, e difrribuindo as ordens convenientes em todos os lugares aonde era mayor o confliClo. Durou o perigo at que rompeo a ma nhaa. Nel:e tempo chegando Cofmander a executar a ida de quebrar a peque11a porta da eftrada coberta, etn que fundava a mayor fegurana da etnpreza, obfervou da murall1a hutn paizano a fua diligencia, e paffando do difcurfo brevemente execua, empregou em Cofman- Morre de der tao felicemente huma bla , que cahio do cavaJio, Cofman~ fen1lhe dar lugar a morte ao arrependimento do feu erro: der. cal:igaado-o ajul:iJ Divina na primeira acao de ingra~ to que executou contra Portugal , por haver offendido a f publica, e os beneficios particulares. Morto Cofman der, con1o era o efpirito daquella etnpreza, cefra totalmente todos os movitnentos do Corpo do Exercito; e na VJlendo ao Marquez de Leganez defmontar a Cavai... laril para dar calor ao afalto, veyo a cefar de todo o vigor dos que fubia com precipicio dos que baixavao; Retira-re e qu.!reado o Marquez que parecefe. ordem o que reco- o Mard nheda temor , mandou tocar a recolher. RetirraO-fe to" qLue: necz _, d c~a _ dos os que puderao cobrir o receyo com a ma1 car:1 a com gr obedienci , e ficando a Praa coberta de iangue, o foffo de perda. R iv de
. l\ PARTE I. LIPRO X
'-63
de mortos, e a campanha de f~ridos , fe recolheo o MarAnno quez de Leganez a Badajoz, abatidas as efperanas da 1648 Conquifra de Portugal. Foy tao igual o valor dos dt. fenfo~ res de O li vena , que nem pde a hifroria encar~c-los todos com a difrinao que merecem~ nem particularizar huns' em offenderJ~ utros : os mortos nao paffra6 d~ cento , os ferido .for;ip mais. A muitos fatisfez EJRey a .fineza com que procedrao, e a D. Joao de Menezes efcreveo a carta feguinte, que me pareceo trasladar para c d 1 louvor delRey, e credito de D. Joao. , D. Joao de .l\tleR:rt~ ~-, nezes amigo. Eu ElRey vos envio muito faudar. O Joa~ de , Conde de S. Loureno, Governador da Arn1as defie ExMenc:~:c:s. ,, ercito, dando-me conta do bom ucceffo com que fere'' ~haou o inimigo , intentando ganhar effa Praa por ,, Intrepreza, tne diz juntamente que recebefres tres feri,, das naquella occafia6 por fatisfazerdes melhor s obri'' gaoens de quem fois , e do que deveis grande , e par" ticuJar confiana, que para as mayores, e mais arri1:. ,, cadas occafioens de meu fervio .fiz , e fao de voflo ,, zelo, e valor. E ainda que podeis ter grande gloria de ,, g ue as tres feridas , que .recebeftes , fora na defenfa da ,, Praa , que eftava vo1fa conta , com tanto credito , e: ,, reputaa de minhas Armas, e do nome Portuguez, ,, me parece dizer-vos, que fora muito mayor o conten'' tatncnto que tive defte felice fucceffo fe o nao diminui,, ra a pena das vo1fas feridas , de que fico com grande ,, cuidado. Mas efpero com o favor de Deos que haveis , de cobrar brevemente a faude que vos defejo. Para a{:. ,, fifl:ir vo1fa cura, parte logo o mayor Cirurgiao que , fe achou nefta Corte : e com tudo o mais que vos for ,, neceffario fe vos acudir fem falta alguma, porque , igualmente clefejo a vida de hum Va1fallo como vs., ,, que a confervaa deiTa Praa, e ainda de todo o Rei, no. E podeis eftar certo que fempre terey particular , lembrana rlos vofos merecimentos para vos fazer a , merc que nefl:a , e em outras occafioens me tendes ,, merecido. Efcrita em Lisboa a 1~. de junho de 1648. A eftas palavras com que EIRey cofl:umava louvar feus Va1Tallos, ajuntava muito !inaladas mercs: e com etas
pru
164
PORTUGAL RESTAURADO,
26;
prudentes attenoecs acabou de fazer invendvel a N2a6 Portu('luer.la. Derois dtfie iuccefio, intentrao os Cafre- Anno lhano~ outras em r rezas , todas com infelicidade , e rece- 1648 bra confiut!ravel perua e1n hun1 grande comboy que lhes tomra junto a Albuquerque as 'Tropas de Ca.mro Mayor. Vendo o Conlle de S. Loureno que os Cai1dhanos andava deinimados, determinou rrovocar ao Marquez de Leganez a ton1ar a fatisfaa clas offenfas recebidas, e experimentar fe podia tirar do feu arrojamento mayor utilidade. Convocou 1500. Cavallos governados por D. Joa Maicarenhas General da Cavallaria, que j exerci- Entra tava o noyo Fo fio, e dous m"il Infantes ordem de An- Conde de r de Albuquerque; e com efta gente entrou em Caftel- ~~ Lc:~r.. la. Chegra as partidas avanadas at Talavera, duas Caficlla. lt:goas lem de Badajoz p~r Guadiana acima. Fizera grande preza, e retirra6-1e vii1a de Badajoz. Porm vendo que o damno recebido nao efiimulava ao Marquez de Legancz a reftaur-lo, fe retirou o Conde de S. Louteno com a gloria do intento, e com a pena de o na haver executado. As agoas do Inverno mitigrao de todo o fogo da guerra. O Conde de S. Loureno pedi o licen~a a EIRey para pafar a Lisboa a tratar de alguns interefles da fua cai. Nao pode confegui-la, fuavifando EIRey a pena de lha negar com a honra de lhe efcrever quanto importava a ieu fervio a fua affifienda naquella Fronteira. Continuon o Conde com efia ordem o i eu governo fem a affiftencia de Joanne Mendes de Vaiconcellos: porque derois de havt:r repartido em Efiremoz as levas de CavaJlaria , e Infantaria, havia voltado a Elvas, e fuccedendo entr.:! elle , e o Conue repetidas differenas , F omentadas por aJguns Ofticiaes, que, attendendo n1ais conven!encia particular que ao interefle publico , fundava a 1i.la fortuna na mudana dos Cabos mayores. Sahio Joanne J\1endes de Elvas fem confentirnento do Conde, patTou a Lisboa, e logo que ElRey foube o que havia fuccedido, o m~ndou prender na Torre Velha, redufao .... en1 que efr-'"ve at o tempo que adiante referiremos, juJ- ~nfao de gando-o ElRey por mais culpado que ao Conde de S. r:;:~2;s. Loureno, affin1 por varias informaoens que mandou tirar,
2-66
rar, como por fazer inferencia da fua iemraza nas duvi.. Anno das que havia tido com os Condes de Alegrete, e Cafl:el1648 lo-Melhor: porque quem fe arroja a contender cotn mui.. ' tos' nao pde ju1lificar-1e com todos. Na Provinda de Entre Douro e Minho nao houve eft~ anno acao digna de memoria. Afiifria nella o Conde de Caftello-Melhor com tanto defejo de a conferSucceffos var fem datnno, que qualquer intento do inimigo defdo Mi- baratava a fua prevenao, e tendo por mais util a con;. ~o e fervaao que a Conquifta, deixava lograr aos Povos con1 M:ztc~s defcanfo os frutl:os que cultivavao. Rodrigo de Figueiredo , que continuava o governo das Armas da Prov1ncia de Traz os Montes , pai:. fou a Lisboa no principio defte anno , eficou governan.. do a Provincia Franci ico de Sam payo , Governador da Comarca da Torre de Moncorvo , at o tnez de Mayo, tempo em que voltou Rodrigo de Figueiredo a continuar o ieu governo. Trouxe ordem dclRey para lcvantdr mil foldados, que havia6 de paffar a reencher os Teros de Aletntejo.:_ Trabalhando nefra diligencia teve noticia qt~e os Gallegos determinava interprenJer l\1onte Alegre. Prevenio-fe com tanto cuidado , que ficou baldada a defpeza que para efre fim havia f~ito. Tinha pedido foccor~ roa Entre Douro e Minho : mandou-lhe o Conde de Caitello-Melhor os Capitaens de Cavallos Diogo de Brito Cou tinha , e Antonio de (h1eirs Mafcarenhas cotn as filas Coinpanhias. Entdrao por Galliza , e fem receber da1nno algum chegra a Traz us Montes : quando voltira foy pela mefma eftrada, e fem achar refifi:encia, puzerao fogo a alguns lugares abertos. D. Rodrigo de Cail:ro Governador do Partido de Almeida teve no principio defl:e anno ha grave enfermirr dade. Conc~deo-lhe ElRey 1 icena para fe ir curar a Mon Succcuoi t~mor o novo , e fi cou toe1 a p rovtncta entregue a D . , do Partia do de AI- S.1ncho Manoel. Voltou brevetnente D. Rodrigo, eco.. mcida. mo entr~ elle, e D. Sancho na houve reciproca conrei: pondencia , queixou~fe a ElRey de achar diminuidas as Tropas do feu Partido , e damnificados os Lugares abertos com algutnas entradas que o in.imigo havia fdto. Po-
rm
167
rm o damno era tau pouco, que pudera diffimnlar-1e, fc na cahira no anitno de D. Rodrigo fogofo , e apaixo- Anno naJo. Logo que chegou a Almeida, tirou aos CJil::clha- 1648 nos huma grande preza que levavao daquelle contorno, e tomou-lhes alguns cavallos. l'eve ordem delRey p:1ra levantar 1500. Infantes dos lugares <.:o feu dihitto: remetteo..as a Alen1tejo, para onde forao deftinaJos , con1 muita brevidade ; e no tneft.no tempo, e com igual diligencia mandou a Alemtejo outros I 5co. homens das Colnarcas de Efgueira, c Coimbra o Conde de Ericeira D. l'ernando de l'vlenezes, a quem EIRey encmendou efta commitfa. Voltou D. Rodrigo a Aln1eida,. e conftandolhe que o initnigo juntava gente ern Ciudad Rodrigo, mandou ao Thenente Manoel de Alm~ida com 40. Cavailos tomar lingua quella Praa, .1ccedeo-lhe derrotar hua Tropa que cofrumava t~lhir de guarJa ; e confiando dos prifioneiros, gue fe havia defvanecido o intento dos Ca{:. telh.1.nos , palou D. Rodrigo at o fim defte anno iem outro movimento , que lhe perturbafie o iocego, com que queria confervar a Provinca, en1 quanto fe na tornava aencorporar nella os foccorros, que havia remettido a ' Ale1ntej o. Deo principio efre anno D. Sancho Manoel ao s ffi governo dofeu Partido, juntando a Cavallaria, e lnfan- d~c~ ~~ t.tria , e mar(hando a emhofcar-fe junto Villa de Cilhei- do de a~~ ros. Havendo entrado no lugar da cn1bofcada derao vifra bacoa. de alguns pa.fageiros: 111andou D. Sancho reconhec-los Eelo Thenente Domingos Martins, puzera-fe etn defenfa , n1atrao o 1'hei1ente, e retirrao-ie para a Villa. Ddii:. tio D. Sancho da em preza , vendo que era fentido , e tendo noticia por algumas inteJligenctas que Alcantara eftava com-pouca gttarnia, pedio licena a ElRey para interprender aquella Praa. Concedeo--lho, porque no n1e1:. mo tempo recebeo hum a carta, que fe tomou etn Alen1tejo a hum correyo Cafrelhano , de D. Sima de Cafrafiizes Govern1dor ({e Alcantara para o J\1arquez deLeganez, e~? q~e lhe pedi_a foccorro , encarecendo-lhe a pouca guarni~~o que ~av1a n~quelJa Fraa. Juntou D. Sancho toda a gent~ do feu Partido , e parte da Cavallaria, e Infantaria
268
PORTUGAL RESTAURADO,
ta ria de D. Rodrigo_ de Cafrro, e rn:uchou para Alcanta..; Anno ra: porrn na conrei pondendo o fuccefTo ao intento, foy 1648 featido antes de chegar, e achou ta6 poderoi refiil:encia, Intenta que ie retirou fem tnais effeito que deixar arruinada hutna I~.Sancho .parte da grand~ ponte, qne naquella Villa eft levantaa m~r~~ da fobre o Tejo, e communica as duas Provincias de A~:nta~a. e lentejo , e Beira. Retirado D. Sancho , deo ord~m a fe fc retira. levantaretn 1500. Infant~s , que marchra6 a Alemtejo ; e tendo noticia que o Bara6 d~ J\1o1inguen pafiava a Alcantara , e fazia algumas prevenoens , acudi o com grande diligencia a fegurar todas as Praas que avaliava por mais arrifcadas ; e crefcendo as prevenoens en1 Ciudad Rodrigo, fe ps en1 marcha para foccorrer D. Rodrigo de Caftro : e tendo avifo que o n1ovimento dos Caildhanos fe havia defvanecido , marchou com duzentos Cavallos, e outros tantos Mofqueteiros ao Porto de Santa Maria , e logo que o occupou , defpedio o Commifario Geral Bartholotneu de Vafconcellos, que havia fuccedido a Pedro Mauricio Duquifn, e pafiou com o mefmo Pofi:o Provinda de Alentejo, com 150. Cavallos -aos Lugares da Caladinha, e Gixo nos campos de Coria, com ordem que pegafe em toda a preza que lhe fofe po11ivel, e que ao romper da manhaa eiHvefe encorporado com elle. Sentirao alguns paizanos o rumor da Cavallaria, tocra6 arma, e baixra6 da Serra de Gata 400. Mofqueteiros, e 40. Cavallos, e viera6 bufcar o Poi"to, que D. Sancho havia occupado. Intentrao defalojj-lo atacando-lhe os dous coftados, e a retaguarda : porm os nofos foldados pelejarao com tanto valor, affifi:idos de D. Sancho, do l\1el:rt: de Campo Joa Fii.llho, e do8 mais Officiaes, que d~pois de larga contenda forao os Cail3hanos de~barata dos , ficando n1ortos , e prifioneiros a mayor parte dos Infantes. O Commifar~o fe encorporou com D. Sancho com huma grofa preza, e todos fe retir~ra6 a Penamacor. D. Sancho paflou a Lisboa a bufcar: a i lia fa1nilia : ficou governando o ieu Partido o Mefrre Je Campo Joao Fialho, e elL~ voltou a Penamacor nos ultimos dias dePce anno que efcreve1nos. A igualdade do animo delRey, o teu zdo, e pieda-
piedade Cath?l.ka pagava a Providencia Divin~ co111: multiplicadas fdtc1dades : nefre anno a 16. de Abnl nafceo o Anno Inf. mte p. Pedro, hoje _Princire Regente clefte Reino, 1648 (por dei prezar mayor T1tulo) etn quem ~natureza ~f!1- Nafcimlnp regou todos OS dotes que ~ofruma rerartlr em b-;;neficlG to du D . fante dos que Intenta favorecer' e a quem o Ceo reiervou ra- p d . ra daufula, e ren1edio da gloria de Portugal. Bautizou-o e co. l1. M.anoel Ja Cunha Bifpo de l.!vas, Arcebipo eleito de Lisboa , e Capella mr : foy ieu Padrinho o Principe D. T heoclofio, fu~ 1\'ladrinha a Infanta Dona Joanna, c celebrado o f~u natchnento por muitos dias com magni-. ficas , e lufiroi~ls fefl:as. A guerra de Europa cotn as revolues de Frana , e Napoles crdcia com grandes progrefTos, hora a favor de Hefpanha, hora em utiHdade de Frana. e deftes accident,.:.s ufava con~ grande prudencia o .i\tlarquez de Kiza etn beneficio da iua Fatri;.t. Form a pot1ca firmeza da.s promefi~1s do Cardeal l'vl afEuino nao o deixava ~ gurar nas efperanas da liga, que era o fim pertendido deJRey. O Cardeal , entendendo qu~ o CongrefTo de .J\lunfter fe feparava , mofrrou que fe ajufraria a liga: por1n haveno o P .;.dre Antonio Yieira feito ao Can.leal mais largas promefas das que o Marquez entendia que (:onvinhao , introdnzio no animo do Cardeal mayores foras para nao conceder a liga , fem ElRey lhe entregar em cauao duas Praas maritimas , que tivefen1 portos capazes de ancorar Armadas grandes. E eftendia-fe a tanto os poderes do P2dre .Antonio Vieira, e eftava ta introduzido o receyo em alguns Miniftros ddRev, que foy necefTario ao J\Iarqu~z de Niza com memoravel conftancia refifrtr com tanta vehen1encia a algumas prom..:ffas exorbitantes, que o Padre .Antonio Vi~ira deternlinaYa fazer ao Cardeal , que lhe dife, que antes havia de dei. xar cortar ~ ma os , que firm-1as. E elegendo caminho Confifcia 1nenos perigofo , offereceo ao Cardeal a Cidade de 1an- do Margere pela conclufao da liga. l'orm como as idas do Car- q~ez de -1 - - 11. neaocios uea l erao tao 1nconnantes , quandO e ft as propo filOellS ie l'lza nos entendia qtie efiavaomais feguras, fedefvanecia. Re- dc::.Fran~olheo.fe nefte tempo a Pariz o Duque de Longa Vil la~~.
269
Pie-
do Congreff<;> de Munl::t.~r , por i ehave~ AnnQ q11afi ieparado a refpeito de ter ajufrado a paz entre 1 6.f8 EIRey de Cailella, e os E fiados d~ Holanda, que fe fir..rnou a 30. dejar1eiro. Efre fuccefo tornou a introJuzir Dcsfazfe no 1V1arquez a confian~a da liga , parecendo-lhe que Poro CC?n- tugal feria olhado do Cardeal com mayor atten~a a re{:.. bMaretlo de peito da dilaa da guerra de Fran~a. E tendo noticia que il un 1 ,Ler. N I /1.. fi . d 1 d D uque de que l etn apo cs euavao p~1 Ionetros. o~ evanta os o rcfi..Ita a de Tnrfis , e feu fobnnho o Pnnctpe de Avelo , confepaz de guio offerec-los Frana a Cafi:ella a troco do Infante D. C~e~la. Duarte. ~las era de balde todas eftas negociaoens, 0 ~ 3 an- porque a infelicidade do Infante na deixava attender aos Caftdhanos mais que fua rui na. O Cardeal mudou de ti ova pro.. propofia, e mandou promettcr ao iVlarquez pelo Conde pofia do de Briana Secretario de Eftado feis mil Infantes de foccor Cardeal. ro , durando a guerra , con1 condia que EIRey deffe a Frana todos os annos cento e feffenta mil cruzados , e que a efre refpeito ceJeria da pertena das Praas marititnas. o .J\1arquez nao quiz acceitar a propofra ~e entre~ gar dinheiro , fem fe firmar a liga: e vendo tanta varie~ dacle em todos os negocias, pedio a ElRey com grande infrancia licen~a para fe voltar a iua cafa. E para conclui~ - efl:e intento, que muito defejava, e dar conta a EIRey do el::ado Jos negocros de Frana, mandou a Lisboa o Refidente Antonio Moniz de Carvalho, e ficou-~m feu lugar Chriftova Soar~s de Abreu, que para efi:e -effeito Impugna plffou a Pariz de OG1ebruc, aonde a1Iiftia. O Marquez oMarquez por i11fl:antes lhe crefda o defejo de fe partir de Frana: a entrc:<J'a " EIR ey,con 1 d . 1 r. ffi:IL d~ s Jo~) pore;n 1~c~i1 o quanto convtn la a 1Ua a llLen-d~F~z aos da n:1qudle Reiao, lhe ordenou que o na fizdl'e. Obe-Holande deceo dle , ainda que corn grande violencia. E vendo que zcs. o ajul:amento da liga efl:ava difficil de confeguir, acon.. R felho:..t a ElRey con1 prudentes razoens que acceitaffe os ra~cu~:- foc_c:Jrros, que Fran~ lhe off~recia ; e impugnou com Cafielha- grande vigor entregar-te aos Holandezes a Fortaleza de S. nosNapo Joa da Foz no Porto, en1 caua d1 paz. Nefte tempo les,e prcn tonra os Caftdh:mos a r~cuperar Napoles, pda im~ dem oDu . .1 que de pru d cnc!a d o l) uque ue r-, qu~ a gover!1av~. p oy e11e '-!utza G..tiu. prezo , e 111andado para Gaeta ; ncando ba!.dauas todas as
Pl~njpotenciario
z7o
PORTUGAL RESTAUR-ADO,
ie
.J
ma-
, ' PARTE I. LJ1? RO ~7~" maquinas dos Francezes, e n1ais p. rigofa a clefenfa de PortugaL Cem efte fucccfo foy neceflario Rainha R c- Anno gente r.::forar os Exerci tos, e achando-fe de.ftituida de 1648 cabedaes, e pouca difpofiao nos povos para novos tributos, mandou o Duque de Orlees Camera dos Contos de Panz , e violenta1nente imps ~odos os tributos c;ue lhe parecrao nece~arios._ Alterou-ie o povo deforte, que foy invefiida a caia do ienhor de Meri executor dos tri- AJrc=ra butos. Entendendo a Rainha qt1e podia atalhar efte dam- es de no con1 feveridade, ordenou que o Parlamento de Pariz Frana. fofi~ ao Pao aF' , com advertencia que fizeffen1 a jorn~da de dous a dous. Logo que efiivera6juntos, deo a to os h uma afperi1Tima re+""~rehent, e querendo refpondera ella o l refi dente do rarJamento, o mandou fahir do Paco, fem querer ouvi-lo." Avalira efta demonfrracao os do Pa rlan1ento ror ta grande affronta , que fem !'r~ buo cornera a altt:rar o povo. Fcrtendeo a Rainha arrependida atalhar con1 tennos fuaves efte movimento: por1n efi:ava os animos ta e~{afrerados , que na lhe valeo nem derogar muitas ordens rigorofas que havia pafiado, nem a mecliaa do Duque de Orlees, e cada dia crefcia com mais fora a petturbaa. O Marquez de Niza , conhecendo que defre novo accidente fe pouia feguir a paz d~ Cafi:ella, e Frana, avifou a E1Rey que era Prudente~ neceffario com todo o cuidado tratar da fortificaa das aci'"crten: Praas do Reino: porque da guerra civl1 de r rana, que cia do juftamente fe podia recear, era a confequencia a raz Marqucz. de Cafiella com aquella Coroa. As alteraoens de Frar~a }'erturbra todos os negocios politicas. Partio-fe de rariz para Holanda mal fatisfeito o Principe de Gales, hoje Rey de Inglaterra. Temperou os movimentos ce Pariz a fortuna do Prncipe de Cond: porque a 19. de A[oflo ganhou ao Archiduque Leopoldo a batalha de Lands. Batalha Derrotou-lhe toda a Infantaria, fez pri.oneiros r 5CG. Ca- de Lands vallos, e feis n1il Infantes, tomou quarenta peas de [.r- vt:n cipd~ .lh . . "fi . pc1 rm o t ~ ena, e to da a b agagem. E ntre os pn Ion_,etros de CJU<l- cipe de . hdade, e e-randes Pofios, fov hum o Barao de Bec J\ld~ Cond. tre de Campo General de CafreJla; e o Archiduqtle av'.liou por grande fortuna falvar-fe,enl Dorlans. O Marqut z
ce
d~'Nizanao pen.a occafiJ de fe valer defi:es tnovimen~. Anno.. tos,_:. teve ajufi:ada a lig;:t por dous nlilhoens e mcyo, paI_6-j.8 gos etn doze annos. Porm ElRey dila~ou ta~ to-~ refpon- ' . . der-lhe, que quando lhe chegou a reio1uao, Ja na foy ad1nittida, por attender a Rainha mais s conveniendas da paz , que s difpofi_o~ns da guerra. E at os foccorros, que havia pro1netudo ao Marquez, lhe negou , t<r mando por pretexto na lhe entregar l:JRey hum Francez que tinha prezo, pdo colh.~r convencido em muitas mald-1des , e intentos contra a vida delRey de Frana, Rainha, e Cardeal. Parece que cail:igou Deos eil:a inconftancia da Rainha ,\porque crekrao deforte as revolues Sa~e a de Pariz , que foy precizo ihir a Corte daquella Cidade ~a~~ha de para S. Germain. Fez o Marquez de Niza a metina jort;~~;juef- nada, e intentando o Parlamento que o Cardeal partife tando-tc para Italia, a R.ainha o na confentio. E quer~ndo temv com o Par- perar efl:a repugnancia , alleviou o Reino de tribt~ tos, que lamento. import.rla trinta milhoens de livras ; e ficando i outros trinta, fe avaliava por n1uito pouco cabedal, para fuf.. tntar a guerra de Flandes, Catalunha, e Italia. Acommodrao-fe com el:a refoluao as duvidas do Parlamento: voltou Ellley a Pariz com grande alegria do povo. O Car... deal , levantandcrfe entre elle, e o Duque de Orlees nova difcordia , reccorreo ao l'Ylarquez de N iza , porque neceflitava muito de dinheiro, e fegurandcrlhe o ajuifatnen- to dos foccorros de Frana, dando ElRey o tempo que duraffem cento e fetenta mil cruzados cada anno. Fez o Marquez a ElRey avifo, permittio-lhe licena para voltar a fua cafa. Porm mudando ElRey de refoluao, tornou a mand-lo deter. O Marquez exafperado efcreveo a E1Rey que ie partia no mcz de Fevereiro do anno feguin~ te , co1no executou , jufl:amente tnolel1do do grande Sahe 0 trabalho que havia padecido !In ajufr1meato algum, peMarqu~ la variedade que houve naquelle te1npo dos fuccefios de \ de: Pariz. Frana. r-O Padre Nuno da Cunha continuava a affifrencia Succdfos dos nef_ocios de Roma, ajudado da indufi:ria, e aHvidade de iloma. de Fr. Nlanoel Pacheco Religiofo da Ordem de S. Al.roftlnho: por1n a difpofi~ao dos anilnos dos Minillros do
2~1r
PORTUGAL R68-TJJRADO,
Swnmo
PARTE L LIPRO X
i73
Summo Pontfice fe deixava tao difficilmentc penetrar da ju1Ha defte Reyno , que de todos os accidentes ufavao Anno em feu damno. Cheg,rao a Ron1a dous Capuchos, hun1 1648 Caftelhano cham:Hlo Fr. Angelo de Valena, e outro de I ta lia, cujo non1e era Fr. Joao f'rancifco Rotnano: viera ocftes dovs Relig1ofos do Reyno de Congo com titulo de Etnbaixadores delRey daqnelle Reyno , que os nlandou a daretn obcdiencia ao Sun1n1o Pontfice, e pedialhe quizeTe conceder-lhe Bifpos, e Miffionarios, para que de tollo fe na oextinguiffe o verdadeiro conhechnento da F CathoJica entre aquella gentilidade. O Sun1mo Pontifice fez grande eftimaao defia embaixada, e achou nos parciaes de Cafl:ella engenho acceitaa deila ida , ..-ror fer e.fte o caminho nlais proprio de fe derogaretn os privilegias deiRey de Portugal nas fuas Conquifras. ror os Capuchos recebidos do Sumn1o Pontfice em fllhlica audiencia como Etnl"'aixadores, e depois de ouvidas as fuas propoil:as, refolveo com o parecer da Congre- Ncrrea ~,: gaao de Pn""~paganda f"ide, que fe non1eafle :t:um Arce- Para Elf biipo , e dous Bifpos , e trinta Iv\ i/[onarios Caftelha- t~t..~~ nos, e Italianos ; e que entre os Prelados , e Religiofos ~ fe repartife htuna larga ajuda de cufto , e que fo1Ten1 embarcar a qualquer dos portos de Cafrella c.ue el_egeflem : porque conforme a ordem delRey de C2ftella , ue Fr. Angelo ja trazia prevenida, achariao en1barcr.a proml1ta com todas as comtnodidadesque era precifas para ta . larga viagem. rps-fe o Padre Nuno da Cunha a efra re- Oppoem.: folua,J?oftrando que o Reyno ce Congo fora a rrin1ei- ~l~,~~~e ra conqutfra dos Reys de Portugal, continua0a tao feliz.. Cunl.a f mente em utilicade da exteni da F Cat\1o1ica, ccrr.0 c:ffcitoaos jt1fi:ificava os maravilhofos progrefios confeguidos pelos ~if.una Portuguezes em fervio da Igreja na Africa , na Azia , e nos. na Amrica, n1erecendo pdo zelo, e ciiirendio cem cue trabalhrao na vinha do Senhor , os rrivilegios , e i1~n~ns concedidas pelos St?rr:mcs 1 cnt!f:ccs c:;11e fuccecrao na Cadeira de S. Pedro de mais ce duze11tcs am~os quc1la rarte; e que na6 rodia haver rzzao,quc annullaffe tantos Breves , ta ojvfr.mcnte concedidos. N ~o rrevalei:. 'rao e.fias razo(;lis. E 'on1o na foy f o.ttvel dercgar-fe S efta
ia
~74 PORTUGAL RESTAURADO, efra refoluao, pal~u~do tanto adante, que at fe no.. Ann::> tnera<> muitos Bii!1os para a Intlia, fez o Padre Nuno !6f8 ~a.Cunha prc1np!amente avifo a ElRcy, que c~n1 efta no~ t1c1a fe lhe accrefcentou o fentimento do 1no iuccefo das pertcno~ns que tinha em Roma, que co1n tanto foffrin1ento continuava defde a fua feliz Acclamaa. Del!berou mandJ.r a Roma o Doutor lv1anoel r\lvares Carrilho, MandaEl- para que fe conhecef~ que na faltava com todas aquelRey aRo~ las diligencias, que poJL-16 j uftific-lo p:or filho obediente ma Ma- d_a I greJ t. P artto M ano~1 r~ vares conlill_Hruc~o d e con "1 ll. _, JJocl AI. ,arcs c:u- tmuar em H. oma os requt~nmentos pela duecao do Padre rrilhoo I~ uno da Cunha, valendo-fe das n1efmas razoens que o Padre Nuno d:t Cunlta havh1 reprefentado a Sua Santidae, que ja fica oreferidas ; e accrefcentando a igualdade 1 ~ropofla e reve~encia com que EIRey procedia em todas as mate... ?-:<: faz lo rias Ecclefiafticas , comprovando efia propofia6 con1 vaapao rios exernplos, e n1ofiraHdo os graviilimos damnos que por infrantes fe n1ultiplicava com a falta de Bifpos,. affim em Portugal , como em todas as Conquiftas. E fendo 11u1n dos principaes faltar no Reyno N uncio , pela confufa em que ie achava os feitos , e defpachos Ja LegaciaJ! c perturbaa das terceiras Inftancias, e rr1aterias graciofas, pertendefle que Sua Santidade concedef1e a jurili~ ao necefi~uia a hum dos Prdacos defte Reyno com titulo de Vi1itadQr : , porque defl:a iorte podia ceffar de algunl modo os iuconvenientes que fe expe~t:imentava \ e atalhar-fe o repetido efcanda1o que davao aos Seculares as contendas que quafi todos os Rdigiofos dos Conventos deH:e Reyno tinhao fobre a el~ja dos feus Prelados ... E :!obre tudo levava recomendado a expedia das Bulias dos Hifpos, em c1ue confifiia o fundamento de todas. as duvidas, e o defen1barao de todos os accidentes. Forque len1 das difficuldades , que antecedentemente fe havia experilnentado, nao era nefte tempo a menor ~~char-fe :=t Coroa de.Fr.ana com a mefma pertenao para o provimento dos Biipadns de Catalunha. Porque a_inda que. as '!.:agoda:')et:t.s-o~Embaixador .de Frana a rcj peito ~ePo~... \ 1 f5al :pa,r"~cij tnais face is~ por fer interefle pro r no,. fJ..r:tV'a zn:s duviJofa _a delibera.1 do Sun1mo Pontifice, _e
com
PARTE I. LIP'.Ll(O X . 27) cotn rnelhor cor para a nao querer ton1ar nefl:a tnateria , podendo refponder a Frana, que nao era pciiiYel defirir- Anno lhe, ern quanto a tnayor parte do frincip1do de C:ltalt~- I 648 nha eftiv~ffe obediend.l ddRcy Cathoii(o; e a. rurtt:gal , que fem JcCrir a Frana, 1:a rct~ ~ ..1 celiberar t~ in1rortante n,~god~1. Q11e etn quacto ac-s Eiij~os, c ~-~;t:.. fion1rius dec!:.n..ld'">s oarJ o R~.~ino J,:! Angola,dca rc.prefcntar a Sua Santidade, que nJ ddcobrin:.ento dos Reynas de Am!;o1a pe!o.~ Port'-10-uezcs , h"ivendo celebrado os Rcys d~!Ies co1n os da Co~oa dePortugal contrato de uni1 c innand::tdc, e recebido por fua intervenao a agoa do }l.tutiiino, durando ei\:.1 conreiponjttci;1 at que poucos annos antes da i\ cclamaaci JeiRey, por algumas deicon1i3nas e:1tre ElRey de Congo, e os Governadores de Angola, ie feparou el:e Rey dos Conunercios dos Portuguezes, e en1 odio feu hav!a ch;unado aos Ho1andczes, e os tinha ajuGado a ganhar, e fufrentar a Cidade deLoanda en1 graviffimo prejuizo da Religiao Catholica. E que fendo 1-.tUnl:l das Caf,ituJaoes daquella unia affifiir na Corte de Congo o Biipo de Angola, e os Coaegos na S fabricada -'cufi~t dos l)ottuguezes, e o Bifro, e Concgos nomeados pelos Reys de Portugal , fen1 alteraa6 at aquelle te1npo, f~1zendo Portug~l no feu fufrento larguifilma defpeza, na parecia taza que Sua Santidade privafie a El... Rey de poile ta bem merecida , nomeando l)telados , e '1Hfionarios de outras naoens, que na era pofiivel fubfifl:irem :porque na era facil a outra naa algurna, 1na~s que a Portugal, ufl:entar hum Exercito en1 campanha para reprinr a ouf..<tdia co1n que os Gentios orcHnaria~ mente quebrantava os foros Ecclefiaftico~. E que era ~erto, que fe ElR.ey de Congo fe apartaiie tota~n1ente da unia de Portugal, que fem duvida lhe havia de fazer jun~a guerra' de que fe vinha a origin3:r na6 roder tet effetto a nomeacao dos Bifpos,e del:ruir-fe a propag2a da F, refultando todos eftes embaraos , e nov;dadcs t;Ul interefle dos Holandezes, que ufava de tecla a cavila- ao para fe fazerem fenhores do :Rcyno de Angola, de que era certo havia de refu1tar , extinguir-ie de toco na... quella part~ a Religia Catholica F_cnlar.a, e eilerdc-t-fe S a falia
a tlfa doutrina J.~ C~lvino. Com eil:a inihU(d chegou Anno 1\'lano::l.Alvares Carnlho a Roma, e achando os mein1os ! J 6-4-8. in1poffiveis, que havia encontrado todos os J\linifrros que E'R~y ti.1ha remettiJo co1n fimilhantes commifoe11~, . v~yo i a di vertir-fe a jornada dos Biipos ~ e .1\'liflionarios S!1f"pcn- COi"!"l a 1h)~i~Ll da re1taura.1,j da Cidade ce Loan~a, c tode-~ c: ' t.ll .!X{ LliaJ dos Hol..l~1d~ze~ , executada ei1e anno por no 1 ,l " , C " ~a..> dos . '-':.l vd. 1 -'or ~::>rr~-~ u~ ~a,_ co~110 _en1 !eu 1uga~ reienren1os. L:tpu:. de I ranctico de Souia Louttnho ~J.hava en. Ho_l,on.,o. I~mJ~1 con1 ~;rand~ tr.1bal~1o : porque os H.olandezes vendo truib"ad.~s dS eipcranas de t.car Pernambuco fua obcL:ncia , e inutil a ddpeza que haviao ft!ito na Arn1ad.t tio an110 antecedente , nao da va cr~dito a pr.opo11a algunla ~e l'rancifco de Souia. 1 orem elle COlll muita indufrria, e larga defpeza fufi:enton a paz de Holan~a etn Europa, util , e neceffaria a Portugal por todos os reipeitos pol iticos. No Congrefi3 d\:! J\iunfrer , que ainda durava, aflillia com pouco effeito o Doutor Luiz Fereira de C.afrro. Em Suecia joao de Guhnarcs, que iuitentava a. bo.1 conreipondencia que iempr~ cvntinuou eil:a com aquella Coroa. O mefmo fe obfervava en1 a de Inglaterra co1n a ~:fiiil:encia de Antonio de Soui de Macedo, attento , co1no era jufro , aos progreffos das Armas daquel1~ R~ yno, que por infi:.1ntes ie dedaravao n1ai~ contra fJRey a favor cos rarlanlentarios. Na fe ddcuidaV:l Soccorre tiR_.y D. Joa c1n fon1entar, con1o era jufro, o part:do :u~cy D. de1Rcy d~ Ing1atcrra pelos n1eyos c.ue lhe era r<?lfve~.: {~~7a~c~-c porqu~.enc?rn~1ea~'ou ao 1\'Ia:qu~z de -~iza , . e a F ran~Jf ,a~ co lie Soui:1 Coutinho que fizd1em diitg_encta para que hcgafien1 ;:is n1aos dt.IRey de Inglat~rra iomn1as con.Ld_~ raveis de dinh..:iro, o que elles por n1uita~ vezes conieguira por iaterv~na de Antonio de Souia de J\tlacedo: e da m':.!fn1a irte quantidade de arn1as, de que Ell~ey difle que n~ceffitav2:. Porm _nem eile, ne~1 o~ttr'?s.fo~ coi-ros forao poderofos para hvrar aquel!c 1nfe1Jz Pnnclda ultinla ' e n1ayor dcfgraa que oblervou em algum outro tempo o incon!tant thcatr<? do mundo. Su.xdfo 3 Em quanto 11a Europa iuccedra ~ cafo~ referla rahl. ridos, continu'"lva na AmJica os valorofos ioldados de PerL}("L0 I "'
:l76
PORTUGAL RESTAURADO,
re
Pernambuco o memoravel fi tio do Arrecif~, tnultiplicando-fe nell~s com os Jias o anitno a ~onftancia, e a tcien- .A.nno da militar que fo fe allquirc com o exerdcio da gt1erra. 1642 No rrincipio cl.c Janeiro' dcll:~ anno que Cf'Htinuatnos, chegou noti~ aos {~overnadorcs de que a J\rmad:1, de que era General Antonio Tclles, havia an~<>r:Ido na Ba hia, fen1 detenninaau de anilnar a glorioia cm preza da refrauraca do .\rrecife. Efi:e detengano , que pudera fer defmav~ aos fitiadorcs, lhes fervio de novo incentivo: porque tirando m~yores el:imulos d~ infe~icidade, come.ira a gloriar-te, d\! que Deos na quena repartir o triunfo daquella em preza n1ais que con1 elles, que cufra Jl de tanto iangue, e de tanto trabalho lhe havia6 lbdo "'principio. E para mofrrarem aos Holandezes que executavao o mefn1o que entendiao, mandra6 a Henrique piaz com o feu 1'ero, e algu1nas Companhias do Tero de D. Antonio Filippe CamLwa ao Rio Grande ; e foy tal o fegredo, e velocidade co1n que n1archou , que primeiro que o rumor, fentirao as feridas os moradores daquelle diftricl:o. Foy granJe o efi:rago, e o incendio, e alguns dos que efcapra, fe recolhra6 ao fi tio das Gurairas , que os Holandezes haviao fortificado, e guarne cido, fuppondo que era incontrafi:avel por eftar rodeado de huma grande Iaga. Qyanto 1nayor parecia a difficuidade da etnpreza, tanto mayor foy o defejo em Henrique Diaz de a confeguir. E como os feus foldados examinava a fua vontade para a executar, contraftando os n1a.. yores perigos , pafira a la~a om a agoa pelos peitos prima noite, rompra a eftacada ; e fem valer a oppofiao dos inimigos , entrrao as trincheiras , e degolra todos os Holandezes do prefidio ( efcapando io o Gover- Ganh_a na~or' ~cinco} ioldaddos em .h uma cadnoa )de naoj_perdo- ~~;J:r~~uc rao a peuoa a guru a as muitas que e to os os exos , e fl'rtd caidades fe havia recolhido quelle ftio. N a te deteYe c_ccns co nell~ Henrique Diaz, marchou para o Engenho de Cu- Ric,Grannhau , que tomava o nome do fitio em que efrava fa- de com b . d o. O ccupa~ao-n? os H o Iandezes, e h av1~o-!e 10r~ priza dos _, . _, r c n-orte , e .nca ttficado nelle. Q!11z o feu Cabo defendcr-fe, nao tlvera holand~ os foldados tanta [(;iolua .: entregr~.o-fe a Henrique us. . - ~ i . D ~iZ
2i7
Diaz_, fal~as as vidas. Mandou elle arrafar as trincheirai;,. . Anno e rettrou-ie para os quarteis com muitos prifionetros , e I~.f~. defpojos. Alguns n1ezes antes, confiderando EIRey o duviJofo en1penho em que efl:ava , en1baraado co1n a guerra de Pernarnbuco, conhe,endo quanto por huma part-e lhe iinportava na romper com os IIolandezes em ~uropa, e ponderando por outra os intereffes que fe lhe ieguiria de os lanar da Amrica, refolveo mandara Pernan1buco com o pofto rle Mefrre de Campo General a MandaF~- Francifco Barreto de Menezes, que na guerra de AlemRcy Fra- T eJO hav1a occupado os pl!-OS de Captta de Cava11os, e . . ll . . """ cifco Barrcto por Mel:re de Campo com merecida opinia6 de valorofo , Mefin; de prudente, e pratico no exercido tnilitar. Embarcou-fe em gallJpol Lisboa em hum de dous navios pequenos co1n trezentos docr~~~fiL foldados governados por Filippe Bandeira de Mello;Thenente de Mefrre de Campo General, e com quantidade de tnunioens, e arn1as, navegou at a altura da Para:ba, aonde o aguardava huma efquadra Holandeza. Francifco Barreto , ainda que conheceo a defigualdade do partido , fe difps para a def!nfa : porm na podendo prevale~e p~z~ ccr contra tantos initnigos, foy rendido, ferido, e prifio- Ia~dcz~s. neiro , depois de tnortos parte dos toldados que o acompanhava. Levara-no os Holandezes para o Arrecife, e as duas embarcaoens ~ e pondo grande cuidado, e vigilancia na fegurana da fua pefoa, na pudera confeguir det-lo todo 9 tempo que lhe~ era }~recifo, para na padeceretn o rlarru1o que lhes cauiou o i eu valor, e afua indufiria. Porque depois de haver tentado varias vezes, ictn effeito, fugir da prizao en1 que efteve nove mezea, veyo a alcancar liberdade por intdvena d.e hum moo H.olandez ch~n1ado Francifco de Br, filho do Cfiicial a que o entrcgra os do Supremo Confelho. Facilitoulhe a 1hida da priza, e do Arrecife, e affeioado cortezia , e bom termo de Francifco Barreto , deixou por feu refpeito a cafa de icus pays. Mas como nao fabia I;ivra~fc .. o can1inho do Arrecife para os quarteis, foy grande a 1 l a pnzao difficuldade com qu~ confeguirao chegar a e11es, romc e:ntra A treze de Janei nos quar- p~ndo ror 11L.tcS, pantanos, e riOS. tci:. ro ~ptrou Fran,ifco Barrc~o nos qwarteis; foy recebido
1
l73
-poRTUGAL. RESTAURADO,
cov.n
PARTE I. LIVRO
}l.
"r
com grande alvoroo, e querendo moftrar o feu agrat!e,. cimento, ps todo o cuidaJo em r~n1unera_r a fineza do Anilo feu condutlor. Porque nos animas gcneroios cofrun1J<.i 1648. fer mais f!ezados os benefic!os que os a~gravos ; porque os benefictos ncn1 fempre ie podem fat1rfazer, e os aggraves fempre fe podem perdoar. ~ Logo que Francifco Barreto chegou aos alojamentos , fe divulgou a infallivel noticia de que os Holandezes aguardava por inftantes no Arrecife hum'-~ grofa Arn1ada, que havia fahido de Holanda a focconer os fitiados .. Francifco Barreto, Joao Fernandes Vieira, e Andr Vidal unidos a caminhar ao fim da liberdade per~ tendida, depondo todos os outros refpeitos, e interefles, funJamento infallivel para fe confeguiretn acoens grandes, e generofas, tratrao de procurar todos os caminhos de refiftir a poder ta formidavel. Mandarao Bahia o Capita Paulo da Cunha a felicitar com Antonio Telles de Menezes, Conde de ViU a-Pouca, foccorro de gente.; e )nunioens : efcrevera-Jhe, reprefentando-lhe as razoens que os fazia rlependentes defre foccorro. Chegou Paulo da Cunha Bahia, e nao pode confeguir do Conde de Villa-Poucca mais que algun1as efperanas dilatadas, que mais ferviao de defconfiana que de remedio, e o pofto de Sarge~1to mr do Tero de Andr Vidal , com que voltou a Pernambuco ; aonde havia chegado a Armada de Holanda, con1 44- navios , en1 que fe embarcara Chega a nove nlil Inantes , fra a gente do mar , prevenidos de Sr~a1a grande quantidade de munioens, e bafrimentos, e tudo 0~ a ~c~~ o mais que era necefario para confeguir ta ardua , e ta numbuco! importante cmpreza. Era General defta Armada Van.. goch. Poucos dias depois de fahir elos rortos de I-Iolan.. da, pad;~ceo lluma grande tormenta , em que rerdeo alguns navios. Com os n1ais chegou ao Arrecife a 17. de Maro, e conforn1e a orcetn que levava cos Elados, entregou a Infantaria a Segifrhundo, e occupou o lugar rle Prefidente do Supremo Confelho. Os noflcs Caverna.. rlores con1 o...parecer de francifco Earreto (que atauel.. Je tempo naooccupava o rofro de Meflre deCr>.n;po General,. que dentro de poucos dias exercitou con1 orcem Siv do
2i9
t.
28o
PORTUGAL RESTAURADO,
do C?nde de Villa-Pouca , que em virtude da que havia Anno recebtdo d~lRey , mandou declarar aos Governadores , 1648 que ~rancifco Barreto nao havia cem a prizao perdido a pren:1nenc~a do l?C?.fto) vendo ~s inimigos tao vifinhos, e o pengo_ tao mantfefi:o , fizera recolher toda a gente que gu~rnec1a os po.ftos menos importantes. J'v1andra6 alguns Officiaes com grade diligencia reconduao dos fol ados aufentes,que con1 n1uita brevidade trouxera s fua~Com panhias. Da Paraba fe retirou D. Antonio Filippe Camarao , da Varzea Henrique Di3z. E com toda efta prevena nao coE.ftava o Corpo capaz de pelejar mais que de 22co. homens divididos nos quatro 1eros de Joa Fernandes Vieira , Andr Vidal , 1). Antonio filippe Camara , e Henrique Diaz. Segifmundo na confiana d~ fditaes grande poder com que fe achava, ps t>ditaes no Arre~~sd~~~~- dfe ,- e fez efpalhar papeis pela can1panha. en1 qt~e pro__niettia grandes premies a todos os ioldados , e eicravos "que fe r~111fem ao feu l:.xercito' conce_{endo o meimo aos moradores, dando-os por livres de teclas as culpas commettidas contra os Efi:ados. Na furtio effeito algum defta diligencia : antes refponcera aos pareis cen1_tanta arrogancia, e deiprezo dos Holandezes, ~ue Sei=,iim t:!ldo jupps cue da Bahia havia chegado a lrancifco Barreto ( que j~ occupava o poil:o de 1\left:e de Camro General) novo foccorro. E havendo exerc1tado a f1.:a lllfanExrcito taria, e ajuftado todas as prevenoens neceiTadas, 1hi~ cc Scgil: en1 campanha a 18. de Abril con1 75co. Infantes, qutrnundo. nhentos hotnens do mar' trezentos lndios ' e 1 arryas' cinco peas de -Jrtilheria, n1uitas mDnioens, e ma~1ti . n1cntos, que conduzi ao quantidade e efcravcs. J.)ividia.. a Infantaria em feis Regimentos , lem do que eftaya ~i orden1 de Segifn1undo. Eraoieus Coroneis f.rirk, Vande:l(len Vander, Van5ha1s, Hauthain, Carrintier, e Aus, que ficou no Arrecife com mil Infantes , rara ue cepoi~ tie faqueada a Varzea, ie encorporafe cotn o Exercito .Segiiinundo marchou para a parte da Barreta, que gl.arnciao ccn1 toldados 9rdem do Capita" BarthoJomeu _Eoarc.:;. Canha, que com pouco exame, e mcncs advertc,nd' iahio camranha com oitenta foldados. Logo sue
ie.
O~
PARTE l LIP'RO X. ~8t o11Vlo tocar arn1a pdcjou valoroian1ente com algumas rartidas de Holandezes que vinha avanadas : rcrm Anno ,-encido de mayor poJer, n1ortos q11afi todos os foldados 164 8 que levava, __ficou prif:oneir<?? e o feu Alferez rendco Ganha a icnl crrofao a Barreta a Segtimundo. Barre,a. _. I rancif~o 13arreto , tanto que recebeo avifo de " qt1e os Holandezes fahiao do Arrecife, chamou a Con1e1ho cs j\h:ftr~s de Ctimpo Joa f"ernandes Vieira, Ancr Vida] , e os T henentes de Mefrre de Campo General I ilirpe Bandeira de Mel1o, ( ja livre ua prizao dos Holancezcs ) Antonio de Frei tas da Silva , e os Sargentos li mores, e Capites de Infantaria. E depois dedifcurfar o muito poder dos Holandezes , a pouca gente que tinhamos rara o contrafrar , o jul:o cuidado de arrifcar a hum f ronto todo o remedio daquella Provinda ; por outra rarte a defconfiana de fe confeguir algum foccorro ' o l"ifco de COI!<)_llifrarem os Holanclezes rouco a pouco os Jljuitos poftos que t:frava guarnecidos com pouca gente; Je vfyo a concordar que o caminho mais util, e mais gene roto era o cle pelejar com os Ho1andezes : porque ga- Refblve nh,ida a batalha , ficaYao fcn1 numero as confequendas da Francifco \'idcda, c rcr._iJa, f as vidas ferht defpojo dos inimi- Barreto f"f'S; ror<. ue iacrifi(andc-as em fervico de Deos' e etn co~ ocs . ~ r t ~ - I .c: l ~ ] . r, ma1s a.< ~Ltt.li :1_ ~a atna_ '. ,rcan.a tmmorta a g ona , a que 10 bosap~ generllH~ntc a~ ptrava. Animados com efta galharda lcju. refolua , c exhortar1do a todcs Francifco Barreto con1 rrudentes, e valorcfas razoens, fe puzt:rao t:m marcha, efperando que o valor dos feus braos iurpriffe a def.. igualdade do poder dos Holanclezes, com q11em determinava o pelejar. No f'orte do Arrayal, ficcu o Capitao - l Manoel Ribeiro, no da Bataria Diogo Efteves Pinhei.. ~~ ro .. Ficou tam_bem guarnecid~ a Vi11a de 01inda , . os mais alojamentos ie clei~mparra. Marchou o ExercitO rara o~ montes Gararapes , nome que na lingua dos Gentios quer dizer eftrepito de goJpe , originancc-je do ruido que r' fazem as ~goas {lO Inverno relas conca,idaces dacuelle fi tio. Fica tres q_l~artos de kgca arartac1 0 CC mar 'J. duas do Forte da Barreta, onde c:s IIoJandezcs efiave 21cia-<1os, e diftava tres dos quarttis que a nc1fa gente cccu - .. r~a!
.
-.~
,gl,
pava. Para a parte do mar 1e eftende h uma campina raz~, Anno porm quafi toda intratavel, a refpeito das agoas que a .1 6 8 cobriao, e i ao p dos tnontes corre huma faixa de terra 4 firme com cem paffos de diftancia na largura , ficando nos dous lados, em hum a povoaa:o de lvloribequa , e1n ou~ tro hvma laga. Nefl:e fi tio, pafldos os montes', ie formou Francitco Barreto , eftendendo a gente tudo o que lhe foy poffivel, com intento de deixar aos Holandezes menos campo em que pudeffem pelejar: e nefta frma Aloja-fc ficou alojado na tarae de r8. de Abril. rranto que cerrou nos Gara a noite , mandou o Sargento mr Antonio Diaz Cardofo rapes. con110. foldados a obfervar OS movin1ntos do inimigo, valendo-fe para a brevidade dos avifos de alguns Cava11os de duas Tropas que governava o Capitao Antonio da Silva. Nao fizerao os Holandezes aquella noite movimento algum. Na manha feguinte , que era Domingo d Pafcoella, apparecrao formados no alto dos montes, e em toda a marcha veyo na vanguarda fazendo varias fortidas por entre os matos, o Sargento mr Antonio Diaz Cardofo com os vinte Soldados, e quarenta Indios que fe lhe aggregra. Segifmundo vendo a refoluao com que a noffa gente aguardava a batalha, ainda que reco~ nheceo o pouco numero della , receou o muito valor e que fe revefria , tantas vezes experimentado : porn1 en . . tendendo juil:amente , que no botn fuccefio daquellc dia fe rematava todo o trabalho da guerra de Pernambuco , animou aos feus foldados com a certeza da vil:oria , e iRefolve com as efperanas do premio; e dividida a Infantaria em scgifm nove efquadroens, marchou a bufcar Francifco Barre do atacar to' que nao havia efl:ado ociofo' porque logo que os batalha. Holandezes apparecrao no alto dos montes, dividi o os feus foldarlos em tres corpos. Ficou na vanguarda o Meftre de Campo Andr Vidal, mandou atacar os dous lados pelos Mefrres de Can1po )o ao Fernandes Vieira , Difpofi- D. Antonio Filippe Camarao, e Henrique Diaz, e dei.. c;a dos xou quinhentos hotnens de referva com as duas Tropas de nolfos. Anto,o da Stlva para acudir com elles parte que neceffitaffe de ioccorro. Depois de formada a gente , com alegrt! f~tnblante exhortou a todos a que moftrafetn na.. !r-. quelle
PORTUGAL !?..EST.AURADO,
1,.
..
P.(IRTE I. IJI'PRO X
:!8;
quellc 'dta con1 flnaladas accens o grande valor de que era dotados , e a diffcrena que fJziL~o os Portup-uezes Anno nobres, Vafallos de hum Rey poderofo, aos Ho1ande- 164 8 zes, hunldes fubditos de huma Republica fediciofa ; Exh 0 t pedindo-lhes que ie -Iembrafl'<:n1 dos aggravos que os haviao obrigado a icudir o pczado jugo cle Holanda, e os Barreto os Jufhofos iuccefios cotn que haviao iufrentado por efpao Soldados, de quatro annos_a gloria_ daquella e_n1preza-, que no fuccefio daquelle dta ie havta deeterntzar, ou efcurecer. Nefi:e tempo efravao os Holandezes ta vi.fi.. nhos, que em outra dilaa todos osfficiaes, e Solda- Ataca-re dos ardentes, e valorofos caminhra a bufc-los. Andr a Batalha. Vidal foy o primeiro que omeou a pelejar : todos recebra a primeira carga , e invefrindo pela frente , e pelos lados com as efpadas na tna, foy tal o effeito que prorluzio efi:e impulfo, que totalmente desbaratara os efquadroens dos Holandezes da vanguarda , matando , e ferindo grande numero delles. Havia Segifmundo deixado dous efquadroens de referva , e na chegando a efres o damno dos da vanguarda , todos os que fugia o bufcava efre reparo para fe tornarem a refazer. Chcganco a elles o Tero de Henrique Diaz corn pouca ordem, o car;.. regraocom tanto impeto, que vendo :Francifco Barre~ to o rifco em que e.ftava de ier desbaratado, o n1andou foccorrer com os 5oo.Infantes que havia deixado de referva. Os Capitaens pouco confiderados achando can1inho _ mais breve de chegar aos Holandezes nao tratara de encorporar com Henrique Diaz , que fabia melhor manrlar, que elles obedecer. E refultou defta defordem tanta confuiao, que ps en1 contingencia a viloria. Porque Henrique Diaz, na podendo fuftentar o poder dos inimigos , fe veyo retirando, e cahindo para a parte em que a noffa gente na confiana da vidoria efrava defordenada. Seguira muitos o exemplo dos foldados de Henrique Diaz , e cobrra os Ho1andezes tanto animo , que tornra a ganhar a artilheria , e n1unioens , que ja havia perdido. Francifco Barreto a'tudio valorofamente aremediar efre damno, porque occupando a paffagem de hum regato , obrigou os foldados que fugiao, a fazerem alto;
Fnm :itco
ie
'-"84
PORTUGAL RESTAURADO,
alto ; e tornando-os a forn1ar ajudado de Andr Vida1, e fAnno Joa Fernandes Vieira , inveftira fegu nda vez aos Ho1648 landezes, levando Andr Vidal a vanguarda. Porm ainda que os ron1peo com tnorte de muitos OfEdaes , e Soldados , tornra elles com 1nais acordo a fonnar-1t~; e rcfazendo-fe com grande fciencia de h uma, e outra parte varias corpos, durou o confiil:o mais de quatro .h.or<.lS, ohrando os Mefrres de Campo, os Officiaes, e SoiJados maravilhofas acoens. Ultiman1entecedra os Holande~etir~- zes, e retirara-fe a hun1a eminencia, deixando a can1pal:ndeze~ nha coberta de mortos, e feridos: Francifco Barreto om mui- fez alto no lugar da contenda, julgando por arrifcado &a perda. apertar mais com os foldados, na confideraa do muito que havia trabalhado, e de na terem defcanado, nem comido por efpao de 24. horas. Recolhera-i{;! 33 bandeiras, em que entrava o Efi:andarte com as Armas de ~crJ?ojos Holanda, e retirara-fe muitas arn1as , e outros defpojos, ri: vu~to que fatisfizera o trabalho dos foldados. Tanto que cer. rou a noite, fe retirara os Holandezes para o Arrecife , ficando na campanha mais de mil mortos , em que entrara o tres Coroneis. Ficou hum prifioneiro, e efcapra 1 dous, que fara Vandanden Vander, e Brink , dezoito Capitaens , nove Thenentes , e dezeieis Alferez. Retirara-fe )23. feridos, entrando nelles o Gener..ll Segifmundo, e outros muitos Officiaes. Ganhmos h uma pea de artilheria de bronze , perden1os oitenta foldados , en.. trando nelles quarenta que morrrao no alojamento da Barreta , e ficra 400. feridos. Porm foy de qualidade a vigilancia , e o cuidado de fe lhe applicarem os remedias neceffarios , que quafi todos convalefcera depreffa. Nos mortos entrra o Capita Joa Rodrigues, e o Alferez Manoel Francifco de Lemos. O procedin1ento dos ~ator_~e Officiaes, e Soldados foy tao igual, que todos forao diE~~~e~~~~ gnos d~ particular louvor. And~ Vidal f uft~ntou a ma.. dos mais yor parte do recontro com valor u1figne, Joa Fernandes Cabos. Vieir..l procedeo com grande acordo, e bizarda, e da mefn1a forte Henrique Diaz, e D. Antonio Filipre Camarao. Francifco Barreto moftrou em todo o confii!o tanto valor, a:.:Cividade , e prudenda, que ficra todos
. 00
PARTE I. I.JTTRQ X.
os feus foldados dignamente
18s
1648.
caJo; e da mcinLl iorte a VIlla rle hnda. Ltttnntnou rrancifco Barreto rt:fi:aur;i-1a , e na noite ier,uinte ordenou a Henrique Diaz, que con1 o 1et: 'Tero , alr,trmas' Companhias de D. Antonio Filippe C<.-t111ara, e a Conlranhia de Antonio da Rocha Damas <lo ,.1 ero d~ Joa6 1-ernand\.!s Vieira, guiando eita gente o Capita6 Braz l:e Barros, que por haver governado antes ca bata1l1a a Yilla de Olinda, efl::ava pratico nas entradas delJa , c 1:e R~flau- f. 1 , . l".IT" ao amanrecer tnvei1uen1 a \'"l] a, o (j_ ue iZt:l ao con: ratosno'1 fos a v Htanto valor, que obrig,r2 a 6oc.lio1andezes,qlle a f.lf- Ja cc onecia, a de1ampar-1a, deixando mc.rtos 160., e lc vaEdo lu:da. rr.uitos feridos. Recuperrao-1e cin~o rtas de artilheria, ue ie na pucra retirar, qvan~o fc retirou a guarnia6 da Villa ' relo rcuco telllfO que hctiVC rara a r re"'\;ena da batalha. ficou ferido o Car:ta Mattheus ragundes , e cinco iok~ados. I raiiciko Parn to mancou rc- R . r. . l ..J etJra-Je ttrar osdqu;;_ 1 . . . _ga n1 d o a \'"11 a llt: 01"u:l.a, e '}ES f a- a artilhe-. 1av1ao ~a 1 zer ore lh.. lO ' e tnnc 1 1elras' rarcct:-r:(c-J 1 a conierya- ria. c der.. ~e ao defl::e refio pouco convenieiJ.te. Os 11lais alojamcn- IDiillt_datos rrevenio , e ps em dt::fcnfa , cerno rec1ia a imJ"'Of- fc a to!ti.. taOcla da en rre~a que deternun_ava COlltUH 2f , e a FrJlJCa ficalao . ~ente com Cl e ie achava. Se~ifmundo manr~ou J~t'fl1 bo- Pede Seiatim a, I'1 a~c51co _Barreto , r~dinrlo-lhe qlte fe ajt:fl::aiTe c gifn un troco ue rn! cnctros GUe ie fizeiTenl de hun)a ' e outra ~o tro~o parte, tom c f.m de recuperar os q11e havia fco prezos fi~:~~~;~~ r.a hatalh~. Na a._!mit6o FrancHco Barreto efta pro rei:. qte fclhe ta , e rcnlt:ttt o tod<)s os prif:oneiros ~ Bahia: cntranc!o nega. c ie nellt?s o Coroad K":Vcr, e outros Offciaf's. r_cn d_tcm ~ . O en f:aco , r aputo., . em que fe adlaY~ cs f- l Balua; tkldos do ..A rrecifc, a1Jeviou Clll parte hun1a efc lacra de navios, ~tre i e haviao {'eJgarrao da Arnada ~f'm a torniCnta que teye , c vanc~o fabio de IIo12nda, r. c t an2l de Inglatt:rfa. Cs Gff.,iacs, s_ue vitra de nc\o, ((.,1~'-Ju:;:;.r~
1
Cl11
l)ORTfJG AL RESTAURADO,
..1zoens demafiad.1s o pouco valor dos que fe h.-tvia _.1do na occafiao dos Gua r~~ rapes. Te\e d}a noticia Se.. ~11 munJo, c querer:.do valer-te deita connanJ p3ra con:~ ..tSc guir algum bom 'iicceffo, e qu~ndo na6 il:ccedefle, cafri1 d 1 1 ... 1 t .mando gar ao me:1os ~l V3.1LJ te tos- que n;~Vt2o cn-~g:lctO ; l..ecatac.Jr lhes orJ~nl P~lra. at~lCll'cin hum:t no~to;.~ o ~1ojamento d~ l~c:uiquc Henriqu.~ Dbz . .1\larch~ir:::t a e!t1 cmprcza, fuccedco1 .. I<~Z C0.11 11 f 1" .] f, 1 no\o 1-;._~,_ 11es t lO til ~ IZilE!!1te , que cm .ls vezes o r;.; o rec.1aa corro. dos cotn perda ~1~ algui1S Oificiaes, e Soldados. Retir..i .. Rctir:\1-;.: ra.~)-1~ , e nl.rLlou-~ hcs a..1 v~rtir Se!i iinundo, qu~ argurr . o co:n p!!r- 111CiltdtL~a1 c1~S acoens dos Eegros O VJ.lor Jos br3.l1COS, dJ.. p:11 :1 na f:lllaren1 co1n tanta cuzadiL1 no procedimento dos que lhes havict aHiH:ido 11::1s occafioens anteceden.co tes. Perdeo I-!enrque Diaz fete foldados, e retirou vinte c ciaco f...~ridos. E como ..I~tl:~ alojamento reccbh os .I-Io-landezes , cotno 1nais vi linho , 111ayor preju izo., tnan... dou Segil!uundo tornar a ataca-lo con1 dous nil Infan~ Terna~ tes. Etnpregra toda a rcfoluao em conieguir a empre03 Hulan~ za, porm com n1ayor datnno forao rebatidos. E o me[dczcs com .IT'. . ..... rnayor 1110 1ucce110 t1verJ:J outras nnutas vezes que repet1rao outora, tem tros muitos affaltos. Era grande a falta que nos quartcis o mcf~o fe padeci-.1 de gent~ ~ e mantimentos, e por eh~ refpeito fuccc1Iu. fuy recebido com grande alvoroo o Mefhe de C.1mpo Francifco de Fgueiroa , que chegou da Bahia co1n tre. zentos Infantes, e quantidade de gado : porm c!imi nuio efi:e contentan1ento a 111orte do Governador dos ln;. ~~~~:t~~~ di.os D. Antvnio Filippe Camarao, que acabou de el!~e~~ nio Filip- m1dade, e. nelle hum,folda~o de grande valor! e :tpnt pc Cama- to verdadeiramente Cathohco, com tanta expertencta da.ra. quella guerra' que difficulto{amentc poderia haver outro mais pratico , nem de acoens 111ais finaladas. Segifmun.;. do Vanefcop vendo que nas emprezas da terra nao acha... va favoravel fortuna, e juntan1ente por alleviar o~ foldados do aperto que padeciao, embarcou cotn elles etn lguns navios da Armada. Navegou para a coita rla Bahia, faltou em terra em varios lugares, e retirou-fe para o Ar.. recife co1n grande defpojo , e abundancia de mantimentos. Francifco Barreto, ja pratico na doutrina daquella guer.. ra, fe foy difpondo para a continuar; o que executou
ie
nos
P./lRTE I. LIPRO X
2.87
mora~
288
PORTUGAL RES"TATJRDO,
donativo, promettendo affifi:ir com o n1ais que faltafe. Anno Salvador Correa, vendo tao b01n principio naquella emI 6-t-8 prczJ , animou-te a fr~tar feis navios , de que era CapiPrc,cn- t~es Joa6 Scrmenho, J\L-moel Lopes Anginho , Gatrar ~-cs p:tra Robin, Antonio Vaz de Cliveira, Fran~ifco Fernandes o intento. Furna, e Clen1ente Martins, e a co1nprar qn::ttro pata.. chos fu~ cufi:a. Alifrou 900. Inf~1tes divididos en1 2!. Co1npanhias : reparti o pelos navios 6-Jo. homens do mar: n1etteo-lhes quantidade de muniocns, e ~is n1ezes de rnantitnentos : tnanou dar crena aos navios, e partio par~l Angola a 12. de .1\layo com q11 inze embarcacoens, e no n1efmo dia de1pachou para efi:e Reino a frota:; com 25. navios. Seguio a viagen1 cotn tempcs ta rigorofos, que nao pudrao os patachos acompanh-lo, tomou terra em ~ 8. gros, de1les voltou correndo a cofr~ com boa viagen1 iempre com as chalupas em terra, utanJo d algun1as commodidade~, afiim de agoa, como de caa, e peixe. Chegou a Olncotnbo , e paffou de noite por Benguella, porque os Holandezes nao tivelem noticia da Armada: na enfeada deQ!}combo defembarcou, e reconheceo o fi tio, em que o feu regitnento lhe ordenava fizeffe a forChega a tificaa6. Paffados cinco dias, chegou quella enfeada a ~u~~"l~~: Ahniranta , e dons patachos , que fe haviao defgarrado, dor Cor- ancorou con1 os mais navios em hum rio que corre pelo rca. meyo da enfeada , e no n1eyo delle eft fi tu ada a Aldea do Sova Qyicombo , que fignifica o mefmo que fenhor aquella terra. O dia eguinte ao que chegou a Almiranta, fe con~ou a revolver o mar dentro da enfeada com tanta furia , que pareceo a todo~ fobrenatural : entrou a noite , e nao havendo vento algun1 , e eft~utdo a Lua ela... ra, fe ouvio pedir da A1miranta ioccorro , e no mefn1o infrante fe foy a pique, fem fe ver algum final Jella at Perdc-f<:: a o amanhecer, que na praya e achou hun1 peda_so ~lo ~af: Almiranta tello de proa, e 27. homens, tnas delles ie ialvarao fo denuqnq dous' e perderao-fe ~6o. nao fe achando ongetn alguma Forto.~ .. 1 - para fucceder tao lal:imofo efpel:aculo : porque no tnefmo tetnpo defre fucceffo efravao algumas chaiuras fra a enfeada pefcando , nen1 fentirao vento, nen1 inquietaao algum1. !Yias viera todos a reconhecer que
efr:
~Y'. lE9 efl:e hum dos juizos que a Di:dna Providencia na deixa penetrar fragilidade hun1ana. S_"dvador Corrl.!a na lhe Anno quebr..tntou o animo efi:e infelice accidente: chatnou a 1648 Conf<:lho, e props, que ainda que EJRey lhe n1andaya no feu regimento confervar a paz, parece que era na ~onfideraa dos Holandezes viverem fem cleifocego ~OJ.lt~ntes con1 o que havia ganhado. Portn que depois de haver chegado quelle porto , lhe confiava por varias notidas , que os I-Iolandezes fazia guerra aos Portuguc- Refoluzes que fe havia retirado pela terra dentro , e que ncfl:e a . Cafenti~o r,arec~a juft9 ~oc~orr-lf?s, e !l~ deixar que: pe- t~~~~~f~ recefien1 as maos de llUmtgos ta ambtctofos, que dei pre- ~e Saha~ zava a ley natural, e a fe publica, na guardando pala- dor Corvra , fociedade , nem conrefpondencia. A pprovra todoE> rca e dos 1 o l?ayec~r de Salvador Correa, e unidos en; huma f? vo_z ;{r~n ~~ gntara : ,, Ou ganhar Angola, ou ao Ceo, det ..uret'' gando a herezia que ha fete annos fen1ea os Holande" zes nc:fr~s lugares de verdadeira Chriftandade. 1\landou Salvador Correa embarcar a gente, fezfe a Armada vela ; chegou barra de Loanda , e na o ~onfentio que outro navio levantaffe bandeira de Almiranta' para dar a entender que aguardava mais navios. Efl:a voz fez efFalhar , e outras que catninhava6 ao mef:. rn~ fim , moftrando a experiencia qt1e todas fora ~1teis, 11orque os Holandezes i e enganra6 con1 ellas para ie en tregare1n. Logo que chegou , mandou tomar lingua : trouxerao-lhe hun1 negro vafla11o delRey de Congo , e exa.minado confeiTou , que os Holandczes andava em campanha com trezentos Jgfantes da f ua naa , e tres tnil negros vaffallos delRey de Congo , e outrcs Sovas que dominavaci o diftricl:o de felcnta Jegoas, que correm daquella Cidade at M.afangano, lugar en1 que os Portuguezes a11iil:iao deforte orprimidos ' que na ieria po.ffivd ter cotn elles communicaa a1gun1a. Vendo Salvador Correa com efl:as noticias jufl:ificad~s as antecedentes, mandou a terra a Joa A.ntonio Correa Carita de Frorcfl a 1 J: r de I n1antana , e 1eu Secretano , com o r d en1 que d rr .tre <.la dor Sa ,au~e11 Cor fua parte ao Govenudor da C!dade ' G_Ue Sua Magefrade rea aoGo0 havia mandado a levantar hum Forte na enieada de QJ.d- nm~dor. ri' combo,
PARTE I. cLJ1"'RO
cc~n1bo, trinta l~goas dif::ante daquella (..j~ade, e outras .Anno tnnta~ ~e Bengt!ella, fi tio at aquelle tcn1po feparado do 1-t8 DonHnlo dos fJl:ados de Hohtnda , para que os Portugut:z~s, t:uc eitVa r~tir~:Jos pelo Cena, 1epudefiem corn 11!l!.llicm~ com os qne chegaiien1 de rortugal ' [em a1ter~ .1s das pazes que EIR.ey Jl"".c 1nandava guardar inviolavelnlente, na fuppofia J.e que elles as confervavao; porem cp.1c- acha:aJo ehl iJa totahuentc encontrada, havendo faltJdo os i\'linifrros dos Efttdos a todas as capithllaes 2}uftadas, co1n tanto exceffo, que o i eu .Exercito andava em campanha fujeitando os Sovas" ql!e feguia a voz de Portugal, e opprlminc..lo os rouco.s Purtuguezes que havia e1n .1\tlafang:no, e nas Fortalezas de Comba1nbe ,'e AmbaC['. , con1 tanta cxorLitancia que qu~1fi todo~ havia extintlo a vio1encia das fuas armns ; por cites jufros refpeitos fe :t:.:hava obrigado a interprt't.lr o feu regitnento, rompendo 3 guerra , aind~1 qee pela deiobedi::-ncia arrifcafre a rua calJC_(;a: e que have.ildo ton1ado efia reiclua, na podia achar o-:cafi'-1 1~~ais opportun~. q~e~q~~lla, ein que lhe c_cnfrava que a Ctdade efi:ava tao de(bttuna de gente, que Jeria impofiivel defender-fe: e que por efcuir mort~s , e incendios, lhes pedia quizeffem logo entregar-fe, que lhes fegurava todos os partidos convenientes. 1"'onlou efra re~olu.l tanto de fobrefalto aos Miaiilros dos Eftados,que fe1n exame nem outra diligencia recorrra f ao remedio dt.~ pedir a Salvador Corr~'; ~i to dias de dilaa para nelles refolverem o que deVlao fazer .. Enteadeo Salvador Correa que efta demora era induftria para cortfegu!renl chegar-lhes a gente que andava em campanha, ref_pon... deo-lhes , que f dous dias lhes dava de prafo para it! entregarem ,. ou padecere1n o rigor das armas. Acceitra efl:a condia6, e recolhrao nos dous dias a gente que pudera juntar na Fortaleza do ~lorro de S. Miguel, que :nhorca a Cidade , e o Forte de ~~ofia Senhora da Gui q~c eH: na marinha, capazes etas forti.ficaoens de alo ... jirenl cinco mil homs por fet a rortaleza do MorrvlllUitu c!ibtad ..l. Na ultin1a hora do termo concertado tornou a manddr Salvador Correa o feu Secretario co1n orden1, que f.;; os l-1olandezes fe re.illleiiein, 'onfervaffe na, ha1 lupa.
~90
PORTU-GAL .RLSTAURADO,
"
~91 levava, e c:t:~ fe JeterntinJtr.~m d..:fender-fe, a ahate, e arvorc1fie outra verme Anno 1hJ. E por na6 p::-rJcr tempo, em quanto fov o Secreta- 1648 rio pre\'enio a I11fantaria, que confi:ava de 650. fold~,dos, e 150. tna1inheiros! armou-a, e deo ~ toc,os vefridos novos, que generoC'lmente levava prevenidos p 'Ta aquelle dia , ente~1dendo que os Ceneraes lograo a for.. tuna de ferem verdadeiros alquimifra._, fe fahcn1 deCobrit o thefi>uro de gra:1g~ar os animos rlos foldados que go ... verna. Os I-lolandezes, cobrando mais alento com os rlous dias de prevenao , refpondrao , que elles efi:avao Ultima refoJutos a fe defenderem , 0 e a caHgar .a ouzadia com t;fp~fla ..J 'Jl.l 1 ~() '.)()\f(L 1 qu~ Sa1vac_or orrea uetermmava conqu1ua- os. ecre nad<lr. ta no , obi ~rvando a ordem que levava, tanto que fe en1barcou, com efta refpofta, abateo a bandeira branca, e arvorou a encarnada. Salvador Correa, que e1tav~ obfervando efte final, deixando nos navios I 8o. hornens, e muitos corpos fantal:icos com chapeos as partes r-nl que melhor podia fer vifl:os para mofrrar mayor poder, mandou difparar huma pea, final para c1ue ascha1upas feguifem a em que e11e fe embarcava ; e executan\.~O todos pontualmente a fua ordem, defernbarcrao mrya Salt em legea da Cidade, e nao achando oppofia, depois de fc tu ia falce1ebrar devotamente o Sacrificio da l\lifTa , montou s~1i- ~~~.~~.. . va dor C orrea em )1un1 cavai1 que 1evava prevenulo, e "'<>rra. o marchou diante dos eus iuldados a ganhar hum .1\iofrdro , que havia fido dos Padres Terceiros de S. Franciico, que fica em huma eminencia, que domina a marinha , e tegurava a agoa "'de Mayanga, para remedio do excc11ivo calor daquel1e fit!o. C, Holandezes com alguns negros mofrrrao querer-ie oppor a efra reo!ua = porm com pouca perfiftencia voltra as cofras, e Salvador Correa, ainda que o calor era infopportayel, por fera marcha dilatada, e chegar quelle pofro hun1a hora depois do meyo dia, nao querendo perder occafia tao orportuna, Ganha a foy feguindo os Holandezes, e entrando pela rua princ~ Cidalle e pai , que defemboca na Praca , em que efr o CoiJegio oF..:cura 0 ~ p d " 'vrtc e uos a res da Companhia, chegou a ella, e ganhando o SantoAncorpo da guarda' e a cafa dos Governadores, recebendo cooio. I T avilo
os
292
PORTUGAL RESTAURADtJ,
avifo que os Holandezes haviao largado o Forte de Santo Anno Antonio , o n1andou occupar, c achou elle oito peas I 64-8 de artilhcria, e:n1 que havia i o duas encravadas. Corn as fcis, e quatro ml~yos canhoens, que tna~:on deferr.barCtt~ , formou aque!1a noite duas baterias na lf:reja Matriz, fi tio que fica paralleJo fortaleza do .l\1.orro de S. Miguel, ~i vidindo as iuas elninencias hunla qt~ebrada 'accotnodada pelos n1oradores para ierventia da pr:.1ya. Logo que .1 , .1 .1 a n!a,1.1~...cco, C_?mea~ao a Jogar as uuas oatenas com auEate a H1tra_.-~o dos Holandezes, por vere1n en1 poucas horas Fortaleza conieguidas 1nuit~1s operacoens , de que argu1nentra do Morro d d " , '11 c com pou- que era gran e o po er: poren1 a art1 1ena nao 1<1Z1a co d1C:ito. grande damno na muralha ca fortaleza' por ier de terra, c faxina a que olhava para aquella parte .. Nao ficou Salvador Correa itisfeito defta experiencia, e menos de htnn aviio que reccbeo de que os H olandezcs havia o desbaratado os Portuguezes de J\'la 1~1ngano na campanha; e que os da Praa dcfefpt:rados do remedio cfrava refolutos a fe entregaren1 ao teu alvedrio. Vendo Salvador Correa reduzido ulthna extre~1idade todo o Don1inio de Angola , deterniinou arrojarie a hu1na aca6 prudente, e valorofa con1 apparencias de terneraria. Mandou preparar a gente , e invefi:ir ao amanh~cer a Fortaleza do Morro de"S.JVliguel, e forte de N?fl Senhora da Guia, que com linhas de cotnlnunicaao fe lhe unia : porque ainda que reconhecia a difficulda.;, de da en:preza pela capacidade das fortificaoens , e por efraren1 guarnecidas com rnil e duzentos Holandezes,Francezes, e Alen1aes, e outros tantos negros ]\'lixiloand3s 111oradores da Ilha de Loanda, dous tiros de nlofqueteda Cidt1cle , confiderou que era 111ais facil penler-ie no intento de ta genero en1preza, que retirar-fe depois de exceder o regin1~nto delRey, dei:xnndo perdido totahnente o Rei_no de Angola. E pond.o em Deos verdadeira co;lfian.Affalta-fc _a , ie d.eo o afalto por ,hfferentes partes ~o amannecer. ~ Portal~ r()rm COI110 OS c~efenfores cra tantOS, as fortifica~-oens 2a, e rcu. """ d ""' d ra -!C 01 ta o capazes, e os expugna ores tao poucos, a1n a que Jloffos c pek_irio valorufan1ente, forao rebatidos, deixando mor-perda. tos r6). ioldados, e retirando 16o. feridos, em que en. tr~
.J
('
PARTE I. LI PRO
trou J\I anoel Pacheco de Mello , e outros Officiaes. Salvador Correa , ainda que de anitno intrepido ~ e refoluto, Anilo venJo eil:.! n1o fuccetlo mandou tocar a recolher com in- 1648 tento de dar fegundo afalto : porm os Holandezes obrigados da j ufi:ia Di vi na , entendendo que as catxas faz i ao final de iegunda invefl:ida, ten1 n1ai caufa que haverem perdido algun1a gente no al:1lto , arvorra huma band~ira branca , e mandrao hum trombeta a pedir feguro , para viretn dous Carita~s a ajufrar as capitulaoes da entrega da Fortaleza, e do Forte de N. Senhora da Guia ataca.llo a ella. Sufpendeo-fe o fegundo afilto: fahirao os c~ipites; mandou Salvador Corrca outros dous para a Forta!eza com orden1 que declarafietn aos Holan dezes ' que ie dentro de quatro hor ..ls e nao ajufrafetn as capitulaoens , continuaria a guerra , proteftando n<lo perJoar a vida aos que te obl:inaffem em continuar a defenfa. Servio el:a apparente arrogancia (pois era fundada t em quinhentos homens cantados do exceffivo trabalho que havia padecido, porque os mais era6 mortos, e el:avao feridos) de introduzir novo temor aos Holandezes, e rendidos ft:~m confideraa6 a efi:e receyo , mandrao hum dos Eleitores com as capitulaoens feguinte.s! <.llte elles fahiriao co::n bandeiras rendidas , e bla em bo- Capitula..: ca, e quatro peas de artilheria, com as Armas da Com- es cora panhia Occidental. (hh! poderia6 diipor dos bens que ti- G:~d~:~so-: nha6 em feu poder, e de an1etade das munivens. G.!.1e cntrega fe lhes daria6 etnbarcaoens fufficientes, e mantin1entos. as Forta-: para a fua paTagem dos que tinha6 nos feus Armazens. ~zas ~e Q!Ie fe foltariao os prifioneiros de huma, e outra parte. ngo a. Qye nao faria molel:ia, nem fe diriao palavras injurio-~ fas s peffoas que houveffem feguido a fua parcialida~ de, em particular aos Mixiloandas moradores na Ilha de Loanda. Q!.1e os Holandezes, que andavao em campanha, querendo gozar dJ~ capitulaoens, o poderia6 fa.. zer ~entro do tempo que i e lhes finalaTe , e que para efi:e effelto os.mandariao notificar. Approvou Salvdor Correa efl:cs captulos, e accrefcentou que te entendiao dentro_d: q_u~t~o horas; e que fuccedendo o contrario, fi.. canao iuJeitos, afun os Holandez~s, como os Reys, e T i Prin-
x \
~291
ie
294
POR'TUGAIJ RESTAURADO;
Prncipes alliados com elles, ao rigor das annas, e qne Anno na roderia ufar dtllas en1 toda a Cot1 , e Ilhas de 1648 Africa Aufi:ral , ainda. que lhe chegafletn novos foc(orros . .Todas efr3s condies accei tra os Ho1andezes , e abrin Os Hol:l- do as portls fhira da Fortal:!za nlil e cem Infantes IIo~ezcs ~a- bnJez'2!s , Francezes, e Alemaes, e quafi outros tantos F~~ale~s negros, pai.-ira pela noffa Infantaria que el:ava en1 ala. zas , e en- .AJ1nirados do pouco ntunero del1a , e com inutil arrepentra a nof- din1ento de fe haverem rendido, e embarcra em tres fa ~uarni- navios, que Salvador Correa lhes havia 1nanJado apref~ao. ta r fetn artilheria, todos os Holandezes, excepto alguns O.fficiaes mayores que aguardra6 a refolua dos que andava en1 campanna. hegou dentro de cinco dias, porque o avifo de que a Cidade efrava entregue, os colheo em aprefada marcha para lhe introJuzir ioccorro com 250. Holandezes, e 2000. negros governados pela Rainha Ginga, c outros Vafallos delRey de Congo. Na Acceita quizera os Holandezes romper a capitulaa, por tnais os Holan- que os alentra a Rainha Ginga, e os Officiacs Vafallos c:lezes da delRey de Congo : fujeitra-ie s condioens ajuil:adas campai --..d d - d 1 nha as ca- ':om os (a Ct a e, e ieparando-ie el es os negros, q11e p~tula-~ ie refolvra a na acceitar as capitula~oens, os defan-~ocs; , parra com palavras affrontois. Marchra elles p2ra a enfeaJa de Caffandam , que fica fi1zendo a barra con1 a ponta da Ilha, porto que Salvador Correa lhe~ finalou, por haverem defembarcado nclle os Holandezes, quando ton1ra Aagola, querendo que fahiflc daquelle Reino a herezia pelos mefmos pafios por onde havia entrad? a inficionlo. Achrao as chalupas preparadas, que ~s tntroduzirao nos tres navios, em que os mais efiava~ embarcados, ..fizera6-fe vla, e Salvador Correa n:.1 qucr.endo perder hun1 infi:ante de tempo, por fe na6 fiar, como Capitao experimentado,- da inconfl:ancia dos f ucc~ifos humanos , mandou preparar dons navios, que for ao render a ,Praa de Benguella , tambem guarneci a pelos Ho1andezes. Entregra-fe iem refiftencia, e logo !'ende- fce que Sal vatlor Correa recebeo eH:a noticia, havendo che- 1 neng:.~e 1 a ' _, ""' _, _Jl. fem rdif- gado os Portuguezes que eftavao pelo Certao, que bLuLatcncia... v~o para. guarnecer a Cidade, mandou preparar tres _na..... _ l
11
Vlq~~
PARTE I.
LIVRO~X.
i5'9
vios, e dous pata~hos con1 a n1ayor rarte da Infantaria que ha\Tia trazido, e orde1n que pafE1~em ;i Ilha de S. Anno ~ hJm~ a ajudar os n1oradores Jella a dei alojar os Holan .. 164& dezes, qu~ h1via occupado a Cidade con1 os enganos que t;;!tllOS ref~rido. Porm na foy necdfarL.l efi:a uiligen..:ia, porque os Holandezes, .ql!e fah~ra. r.endid<?s d~ Angola, pa[tndo por S. Tho1nt! hzera avlio aos da Ctdadt! lla ddgrJa que havia padecido, e bafi:ou efta notida par;l largarem aquelld llha cotn tanta brevidade, Deixa s: qu~ deixra6 na Cidade toda a artilheri ..1, e a mayor par- Thoru. te dJs mu_nioens. Os moradores vendo eil:a na inlagi!1ada fdidJaJe , fe fizera o fenhores de tudo. o que os Hol.lndezi.!S havia largado , e tnandra avifo a Salvador Correa, agradecendo-lhe a fortuna que lograva por fcu refpeito. Com efta noticia mandou Salvador Correa os navios, que e1l:ava preparados para S. Thotn, a Benguella a Velh:.:t , difi:ante daquella Cidade trinta legoas para a parte do Sul , a Loango , e a Pinda, efi:a fefienta legoas ao No rte , aqudla 1nais de cento , a deilojar os Holandezes que afliftiao em feitorLlS tratando de feus intereffes, e veyo a coneguir em dous m-~zes lanar os Holai1dezes de toda a Cofia Auftral de Africa , fm mais poder qu~ novec~ntos homens com que i.hio do Rio de Janeiro. Mas o que na acaba o <:oraao de hum homem generofo, parece que nao quer Deos conced-lo aos que emprenJern acoens gr .1ndes com menos animo , e n1ais Louv~r . poder. E tnuitas vezes tem mofrrado a experiencb, que ~e~;~~~~ bafrando hun1 f homem para conquifi:ar todo mundo, dor Cor~ nao puderao muitos defender h uma Cidade. rea de S. Livr~ S.:lv:1dor Correa do cuid~1do dos Holandezes , tratou de caligar os dclidos delRey de Congo , da Rainha Ginga , e dos Sovas feus alliados. E como a g.2nte que tinha, era tao pouca, fe valeo de alguns Francezes que perfuadio a que ddxaffem o fervio de HolandJ..Cotn efi:cs , os Pottuguezes que anavao pelo Certa , e quanti~ade de negros Vafallos delRey de Congo, que tinha a 1ua Cort~ no difrrilo da Fortaleza de Ambaca , Gonde chama as Pedras, fi tio que era julgado por inexpugnavel at o anno de 1671. em que o contraftou o valor de
T iv
fran-
:196
PORTUGAL RESTAURADO,
F'rancifco de T'avora Governador do Reino de Angola.EiAnno te Rey de Congo, e o Jaga de All)baca todos os fete an1648 !los que os ljol?ndezes a1Tdl:ira6 em Angola coniC;-vra lvtarcha Incorru pta fidehdade com os Portuguezes. Forn1ado eft~ :BarthdJo- Exerdto, o entregou Salvador Correa orden1 de Bar~~~con~ tholon1eu de Vafconcellos, valorofo,. e pratico naquella cellos a guerra , e que governava antes de chegar Salvador Corcafii~ar . rea a gente do Certa por con1mum conientitnento de to()s Prmci- dos os tnoradores. Marchou Bartholomeu de Vafconcel:~~s. !os, e _facilm.ente fu jei ton E1R ey de Congo, e os n1ais Inobedtentes. Porm con1o lJRey de Congo, era o que tinha mayor culpa, foy condenado na Illta de Loand<i, que entref!OU para fe encorrorar Coroa de Portugal, e em outr<?s tributos dos generos cie mayor valor do e!l Re~no. Ei-capuu io do cafrigo a Rainha Ginga , por Je auentar 300. legoas com o feu Exercito para dentro do Certa. He digna de n1emoria a extravagancia da fua vida. Noti~ia Havia [ldo filha de l1um Rey poderofo de Angola;~ quen1 ~i~!~~ha. foy co~tada a ~abea_ no tempo qu~ governava r~rna de Soufa, por vanos dehlos commettldos contra a Coroa de Portugal. Efiin1ulada Jefl:e aggravo; havendo. 1ido primeiro bautizada, ie fez falteadora. , feguindo-a alguns VafliJos, e criados de feu pay. Inventou , para engroffar o ieu poder, a arte de affaltar as Aldeas , e lavradores, e_ depois de degolar os velhos , cativava:os mo_os d_e ~oa d1fpofia, e os obrigava a ferem fequazes dos ieu~ ~niul: tos; e da mefma forte adquiria as 1noas de dezaie1s ate . vinte annos, com ordem inviolavel que aquelJas a que fuccedeTe e~ar proximas a ter fucce1Ta6, fahilem do alojamento, e Jogo que nafcia a creatura, havi~ cachorros enfinad9s a detpeda-la, e con1-la, trocand<>-:ie con1 ba:bara gentilidade a ordem da natureza , fervtndo a~ mumal irracional o racional de alimento. Affim a Ratnha,como os mais que a acompanhava, ufando ainda de mayor fereza, fe fufi:entava de carne l1umana;. e er~ tan: to o refpeito que todos os negros daquelle Reino nnha Rainha, que fendo vencida em alguns encontros, na' havia ne~ro alcrum dos vencedores ta oufado, que na deixafle ~1tes ll1e tirafetn a viJa , que levantar para ella
ne-
os
P .ARTE I. LJJTRQ X.
~i
297
os olhos. E para tnayo~- den1onlraao defra reverencia, todos en1 fua prefena i e lanavao de bruos. Era fttmn1a- Anno n1ente val~rofa , ar:d~v~ em traje de homem, e nefie 1648 1nefmo habtto lhe afLfha trezentas negras, e outro~ tantos negros con1 vefriJo~ tnulhers. Neftes feifccntos da fua familia era o n1ayor delito a ienfualidade, e con1 extravagante delirio os expunha ordina~ ia mente ao perigo de deiobedeceretn ao feu preceito; e ie acafo achava ai ... guns delinquentes, todos era degolados: derois d_e perlnanecer tnu i tos annos ncfra abonnavel vida, conieguio por ilnpulfo fupcrior acab-la com nota veis demonilr'--.... e8 de arrepe11din1ento no gremio da Igreja. Bartholotneu de Vafconcellos fez grande diligencia por desbaratar efre abonnavel Exercito , e na pode confeguir mais que n1andar a Rainha Ginga En1baixador a Salvador Correa, l'edindo-lhe paz, c comn1er_cio, qtie elle acceitou , obriga- Pede a do dos emba~aos em que ie acha,-a. Reculheo-je Bartho- Rainha lomeu de Vai~oncellos , deixando cafl:igados os inimigos, paz. e os amigos ia tis feitos, e achou que Salvador Correa, igualando :o animo Catholico, e politico ao valor militar, havia reedificado Conventos , e Igrejas, fabricado Armazens, e quarteis, feito cinco gakotas para conduzirem 111antin1entos pt:!lo rio de Coanca, e tres barcos para trazere1n agoa Cidade, que carec;ia muito della. E com eftas, e outras obras dignas de grande louvor, derois ce rec11perar aquelle Reino o con:~rvou o tempo do feu ~oven1o com ta acertadas difpofi~oens, que fervio efia ()ireca de fe perpetuar na obediencia defta Coroa con1 o focego , e utilidades que hoje gofa. D. Gafra Coutinho continuava com bom fuccef- Succeffos fos o governo da Cidade de Tangere. No rrincipio defte de Afric:a. anno, mandando defcobrir o pofio do Facho Velho com cincoenta Cavall~iros , a q11e elle feguio con1 os mais, que paflavao (~e duzentos, 1hira , a correr os cincoenta, 8oo. Cavallos lvlouros, que efrava embofcados cn1 o f.tio da Atalainha, e outros tantos Infantes da Serra. Reco!heo D. Gaftao os cincoenta Cavalleiros fem rerda, e iufrentou o pofro. Portn como os Mouros era m11itos, depois de unidos todos , ,hegrao at j1:1nto da Cidade
~-
'OUl
;9S
PORTUGAL RESTJJRADO,
com O. Gatao, qa-:! fe veyo r~tirando: nus torn1n:lo a Anno i~ fvnnar no Rebdlim ao calor ua Inf:tntaria , foy grande 1~4-8 a p:!rJ . t qu~ recebra6 os M~uros da noiqueteria. Acha-. r ..l5 d~zoito mortos na campanha , fra oatros muitos que levrao feridos. Ficou da nofa parte f ferido Dio go Banha. Os Mouros fe r~tirra6, tornou-os a feguir o Gem~ral com refolu. 1 louyavel, at os obrigar aie reco .. . lher~m Serra. Outras eicaramuas teve D. Gaila com bom fuccelo. Em h uma efl:eve o Adail cortado da Cavallaria, e Infantaria , portn rompendo con1 valor por entre os Mouros, fe ilvou fe1n damno. O pouco poder cotn que fe refiftia naquella Cidade a tanto numero de Mouros, na dava lugar a n1ayores progreffos. Nefi:e :tnno mandou D. FilippeMafcarenhas na Succe~os India hia Armada Cofi:a de Coromandel, de que era Ge.da ln~a. neral D. Alvaro de Attaide, a foccorrer a povoaao dt!_ .. Negapata, que teve feu principio de alguns Portuguezes, que levados dos intereles da mercancia habitavao aquelle rorto' a que fe fora ajuntando alguns fold~tdos v~lhos , canados da guerra de Ceila6. Confiderando eites a pouca fegurana com que viviao entre os Gentios, e advertidos juntamente de algas vifitas, que fem neceffidade lhes fazia o Naique de Tanjaor, de quem era aquelle diftril:o, deter1nin.ra fortificar-fe , valendo-fe dos tnateriaes de hum P:1gode pouco difrante daquella povoaa, ch.unado dos Chins. Opps-fe a efl:a determinaao o Naique. CompuzeraO-na primeiro os Portuguezes, cm quanto f~ dilatava hum avifo que fizerao a D. Filippe da pouca fe_surana com que affiftia naquelle porto. Chegou D. Alvaro a elle, e botando a gente em terra, affiftio na povoaa em quanto fe contituava hu1n folo, qne fortificava aquell~ pofto da parte do Sul, def~ndido de hum brclO de mar p~la parte do Norte. Tendo o Naique efra noticia,juntou hum grande Exerto de feus VaTallos a que chama Bad ~gas, e mandou impedir a obra da Fortaleza. Teve D ... Alvaro anticipado avifo, e porque era arrifcado alojar-ic o EKerdto na multida de Pagodes que ha naquella parte, fahia O. Alvaro com )OO! Infantes a efperar o Exerci to fra dell'!s.N ao du vidra os G\!ntios atacar a batalha,durou muitas
4
e:
PARTE I.
LIT~RO
X.
199
muitas horas com grande calor. f"ez o con.fJlo n1a is fan. guino1ento ganharem os :Bagadas o Eilandarte, em que J1ia Anno pintada_ a Imagem ...de ~~l1_!"i~? cr~cificado.Re~aurou-a com 1648 valoroio zelo o Capttao S1ma Gotnes da Stlva , natura] Acc;a vade Palma de cima, tcrn1o dcfra Cidade de Li~ boa , e ron- Joro~a ? do-a em faJvo com dezoito feridas, imrr:ortalizou a fua C _aptt:o 5 mao c ,1 . optntao , e mereceo o 1avor o . , 1aranuo dcpots d as Gomes lVtno feridas. Os Portuguezes animados com eite exemplo , da Silva~ romprao os Bagadas, ficando grande multidao mort( s v~nce o. na campanha, e perdendo 1). Alvaro 15o.ioldado~, reti-1~,-~do de rou-fe rortalcza, e depois de acabada, voltou para Goa. JJa:~d:~s Crefceo nefi:e anno a differena entre 1). Fi1ippe 1\lafca- Diffcrcnrenhas, e D. Rraz de Cafi:ro, e outros Fidalgos daquelle ~f- de D. Efrado, os quaes tendo por natureza nao viverem com ~ ;rre muito focego, ~ 1hes accrefcentou a efre natural a pouca nJ;a~,a~e. urbanidade com que D. FiJippe os tratava, faltando-lhes Eraz de com aquella cortezia de que devcn1 ufa r os que gover- Calro. na, para ferem 1nais refpeitados, e melhor obedecidos. Efrimulados defre defprezo , tomrao defufada, e hnprudente vingana ; forn1anco huma eftatua com infignias vituperiofas, que amanheceo etn Goa nas Portas de ~iandovim defronte da cafa clo Vice-Rey. Enfadado juframente o Vice-Rey clefre defconcerto , e deicato , procurou averiguar os authores delle. Prendeo parte dos delinqt1entes, que mandou prezos a efte Reino, em que entrou Francifco de Soufa Chichorro, que n1orreo depois , voltanJo do governo de Angola. D. Braz de Caf. tro , vendo ta proximo o perigo, fe aufentou para a terra firme , aonde andou tcdo o ternro qt1e durou o go.. verno de D. Filippe .1\Iafcarenhas. At o t1ltimo anno do feu governo' que foy o de 1651. nao houve acao cigna de memoria. Nefre anno de r648. partrao para a India o Galea S. Roqu~, Capitao Antonio da Cofra de Lemos ; e Santa Catharina , Capitao Antonio Pereira , que arrie ou Bahia. Deixmos o Conde de S. Lourenco continuando Anno o govern~ ~as Arm~s da Provinda de ~l~~tejo con1 ao~ r- 1649 to ' e fehodade. Confiou-Jhe no prtnCiflO cefte !ilno 'fuccdlos que havia entrado en1 Badajcz algumas Comranhi1s de de_ Alem Cavai- t~Jo.
.J
31'
Cav_dlos efl:rangeiros : 1n3.ndou lanar varios papeis ef AnnQ critos em differentes linguas nos alojan1entos, ent que 1649 lhe conftou que eftavao aquarteladas, qu~ continha largas pro1neffas a qualque~Official, ou Soldado, que pafia{:. ie a efl::! Reino co1n o ieu cavallo , promettendo-ie que fe pagaria por teu j ul:o preo. Foy efta diligencia de grande effeito, porque dentro de pouco tempo fic~ra as 'I'ropas eftrangeiras tnuito ditninuidas: porque obicrvando-fe pontualmente com os prifioneiros foi dados , que fe pafTrao , as promefas indu idas nos papeis , e confeguindo o Conde de S. Loureno que chegafe1n s maos dos que ficava, as cartas dos que pritneiro fugra , e1n que lhes dava parte do born tratamento que ecebra, viera o quafi todos a procurar igual utilidade. Os Cafi:elhanos mandrao neil:e tempo hum bolatitn , pedindo que fe 5olta-fe~ defie liberdade aos Officiaes at o Pol:o de Capita de lnos _Prifio- fatltaria , e aos foldados prifioneiros de lnuna, e outra ncaros. parte. Acceitou-fe efta propofta, e teve effeito em utilidade de ambas. Entrou o mez de Abril, e con1eou a Primavera a facilitar as etnprezas. Tivera o as dos Cailelhanos iufelice principio : porque chegando avifo ao Conde de S. Loureno por huma intelligencia, que o Ba.. ra de J\tlolinguen, que exercitava o Pofi:o de Mefrre de Campo General, e General da Cavaltaria do Exercito de Caft.~lla, ~onvocava a Badajoz as Tropas _divididas pelos q uarte1s, mandou recolher os gados , iuppondo que en1 datnno dos lavradores fe fazia efte movimento : e ordenou aos Cotntniffarios Geraes Tamericurt, e Duquif:. n, que marchafien1 a aiiil:ir em Villa-Viofa com doze Companhias de Cavallos , confiderando que efta Praa ficava em fi tio rliipoilo , para fe acndir della a qualquer das partes por onde o inimigo entraffe. Logo que o Conde de S. Loureno defpedio os Comruifarios , mandou varLls partidas fobre Badajoz, e breve1n~nte voltou huma dellas com avifo qu~ os Cafi:dhanos fahiao daquella ri' Prda cotn muitas Trooas, e que cminlt:1vao pela eftrada de Albuquerque fem interpor dilaa. Mandou o Conde montar quatro 'I'ropa.~ , que ei1avao etn Elvas, (e efcreveo a Tamericurt que vidfe encorporar-fe co1n ella~
,~
PARTE I. LI J7RO X . .
301
lc.ts entre as Vil las de Fronteira , e Cabea de Vide, fitio que iitprs que os Cafrelhanos haviao.de bufCar , pe- Anno la quantic..lade de gados que and~1Ya nelle. J\'hwchou I 649 Tamericurt, logo que rccebco efta ordem, con1 as doze 'I'ro}., ..ls, e encorporado cetn as quatro , fez alto entre F"rontei ra , e CaQea de Vide. Poucas horas depois de ' l~aver chegado, foube que os Cai1:elhanos vinba reba- 1 nhando o gado de Fronteira co1n 6oo. CavalJos. Refoluto a pelejar con1 c11es, tnarchou para aqndla parte, fem rerarar n..t Jefigna1d:Ide do numero ; porque as nofas Jezai~is ~rropas n~ Ievava mais que 400. Cavallos. Pouco havia caminhado quando deo vifi:a dos Cafl:elhanos, e conhecendo em tods os Officiaes, e Soldados igual defe.. jo de pel~jar, aconfe1hatlo do confentimento con1n1um, c1ue cofiun1a fer o con!CJheiro nmis util das emprezas gra.nd~s, iem mais dilaa6 que a<juella. que .lhe foy ne- Rompe ceffana para compor as Tropas, 1nveho ta valorofa- TameriJllente s dos Cafi:elhanos , que em hreve efpaco as der- curta Ca1 =rotou tota.mente, fi c'ln d~ mortos _cento e v~nte, _e do- vallaria ... dcCafielbrado ntunero de pnfionetros , e fendos. Rettrou-ie Ta- la. mericurt cmn A.OO. cavaUos. Perdcra as vidas nefi:a oc.. cafi.a vinte fol.dados, etn que entrou o Capitao Francifco ~atuche: viera alguns feridos. Sinalrao-fe nella Tan1en~urt, e Duquifn, os Cpitaes de Cavallos Diniz de J\lel!o ~e Cafiro , e Joa6 de Oliveira Delgado , Ferna de Meiqutta, e os n1ais Offi..::iaes. O Bara de lv1olinguen havia feito alto junto de Arronches con1 vinte e quatro Tropas,- aguardando as que tinha n1andaclo rebanhar o gad? Os_ que efcapra da rota, lhe dera avifo della. Retuou-fe a Badajoz, e brevetnente largou o pofro. Sue- O 'Bara. cedeo-lhe no de 1\iefi:re de Campo General D. Francifco de Mohn= TutavilJa Duque de S. German Napolitano, e no de Ge- =~r: p~f: ner~l da Cavallaria D. Alvaro de Viveiros, que havia to , a qLE fah!do rendido do Cafi:ello da Ilba Terceira. O Conde fuccede de S. Loureno tinha mandado entrar em Caftella JS T ro- I? F~an ras de Campo J\Iayor, e Olivena, quando foube que ~~~~~:.u~ todas as do inhnigo marchavao para Arronches. Achrao efi:as Tropas alguns lugares abertos fern defenfa, fizerao confidera vel damno. De o o Conde 'onta a El.Rey defics _,: fu..
~o:r, _ PO~TUGA~ RESTAURADO, fucceffos, e u1ando da liberdade que com grande zdo Anno profdTava, lhe pedio patente de 1-henente General da 1649 Cavallaria para Tamericurt, que logo 1he concedeo, e I~fiancia par~ Duquifn hu_ma Comenda : e que declarava, que hvre ddd ped1a huma das mats pequenas que eftivelfem vagas, po~.. ~o~o~r~ que as grandes bem fabia elle que as levava os Cortezaos, ~ a favor e que na era coftume darem-fe aos foldados , en m~ni fef:. dos folda- to prejuizo da defenfa do Rei no. Deo efre fuccefo gtande dos. alento s nofas Tropas , affim por ficarem rne:nor re -montadas , como porque comera os f oldados a reco.. nhecer que vencia o valor , na o numero ( axioma que iem prefumpao lhes podia fegurar as vilorias. ) Rcpre.. lentou juntamente o Conde de S. Loureno a ElRey, quanto importava accrefcentar-fe o numero da CavaUaria: porque avantajem , que os Caftelhanos nos Ievava nefte Corpo, era muito prejudicial confervaao daquella ..,.. . Provinda. Reconhecendo EIR~y o acerto defta adver tencia, e achando con1 os largos difpendios os cabedaes . muito diminuidos, nao querendo apertar as fazendas de feus Va:fTallos, porque as guardava para a ultima a~re midade, ( prevenao de Principe prudentiffimo ) mandou vender quatro mil cruzados de juro ; e do dinheiro , que refultou, fe comprrao quantidade de cavallos, que au' -,.;-' gmentrao o numero aos das Tropas. E para que ellas .. ~"" ie nao diminuifem em utilidade dos Capites , ordenou ElRey que na o entrafem partidas pequenas em Caftella, ,#>e as grolfas nao fofiem a em preza alguma fem ordem ex-. preffa dos Governadores das Armas. Tendo o Conde de S. Loureno augmentando as Tropas, e conduzido os Teros, e havendo o Marquez de ~eganez mandado a:-; ruinar tres Atalayas, que guardavao a campanha de Oh~ venca, determinou tomar fatisfaao defi:e pequeno darn .. no ; , e mandando ajuntar toda a Cavallaria, e os Teros de Olivena , Elvas , e Campo Mayor, oo entregon ao r'. General da Artilheria .A.ndr de Albuquerqlle, e lhe man---.. dou interprender a Praa de Albuquerque , de que teve origem feu Appellido. Marchou eiJe a executar efta ordem , e fem refiftencia entrou no Arrabalde : porm achandQ grande oppofiao na Villa ,- e Ca!l:ellos , ie reti.,.
_
IOU
rou depois de n1an~.lar pr fogo s caito1s do Arral:-a!d~, trazendo os foJdados fatisfeitos dos dfpojcs. O Conde Anno ~c S. Loureno fez reedificar as Atal~yas, que o ia.imig~ 1649 J1avia d~rrun.:alo na c;Jnlpanha de Oh \'ena. A1ftha nd- Saquc:a-fe ta Praa Andr de Albuquerque , e defejando derrotar o arrabalJIUma rropa, que 1~hia de BadaJ oz a defcobrir a catnpa- bde de Aluquc:rt~ha par..1 aqudla parte, ma!1dou con1 efre intento oCa- que. fita Joa llon1e1n C:trrlo1o com ce1n Ca~allos. .1\'Iarl:~1Qu cllt! em tal> fil.O di.1, que acertou a fcr lnnn, em 9-ue o Ivl~rquc~ de_ Leg~ncz com toda a fua ~an1iliaJahia a caa. \'u1h~i deicobnndo a can1panha qtnnze CavalL" Jos ao aman.hc(:r, e davao-lhe calor fete Con1panb.ias. Se1n dar vifra dellas, invefrio Joa Home1u os quinze Cavallos, os quaes corno trazia tao vifinho o occorro, nao duvi~1ra pelejar. Acudira brevemente as ,_rropas Desbara~ Cafrelhanas , derrotra Joa Homem, tomara-lhe 6o. tal> ost.aCa\al!os , e- fizera-no priiioneiro. Foy tratado co1n tanta t1cTihanos ~ Nl . as copa' \;rbantua d e, qu.! a 1 arqueza d c L eganez, que tam b em de Joa l1avia.._ ih:do caa, o leYou para Badajoz na fua carro- Homem a. Sentido o Conde cle S. Lourenodefrefuccefo, tnan- Card<Jfo;. dou ai..mar a feis Tropas, que efrava de quartel em pr~ lavera. Foy o Thenente General da Cavallaria Tamericurt por Cabo de novecentos Cavallos a eita em preza, ., e mandou pegar em algum gado que andava na carrtpa- ~-;~ .. '1 uha. Ao amanhecer difparara-fe em T alavera algumas peas de artilheria , que era o final concertado para acuriirezn ao rebate as Tropas de BadaJoz~ Viera el]as com muita br~vidade, e encorporadas con1 as de Talavera, fdhirao a recuperar a preza, fuppondo menos poder cl9 <)Ue acllra. Na6 duvidou T'americurt pefejar.cotn todas, Satisfaz. i tl urou ]~o efpao a oppofia dos Cal:eihanos : porm Tatmen.s: _, cur a .rorao to~a mente desbarata dos, r. tem etnbargo de alguma da queperti~onfufa que houve entre as noffas Tropas, que ps o ''ernos w fucceffo em contingencia. Perdra os Ca11elhanos 2 50 . outra ma~ _, 1em damno no.llo , porque fi1carao rnortos ,,or do rr , _. C ava11 os, nao r : . . qaarenta foldados , em que entrou o Con1mil'ario Geral mlmgo .. ~uiz Gomes de Figueiredo , que dignamente havia conJcguido a opinia de valorofo. Trocou-fe ern luto a alegria delle fuccefo , chegando Qidem clelRey ao Conde
303
de
304
PORTUGAL RESTAURADO,
de S. Loureno , para que mand.afe fazer demonibae.s Anno rle tril:eza pela morte do Infante D. Duarte , que lafti 1649 mofan1ente acabou no Caftello de Mila , como j rcfechega a rimos. Efta ordem paffou a todas as fronteiras, e era ElEhas a Rey tao attento s commodidades dos foldados , que nova dda mandou de Lisboa repartir por todos os Ofiiciaes os lutos morte r L Infame o d e que 1e vellira_o : e affi1n1. em _ ts b o a ~ corno em tod os . - n. Duar- os lugares pnnctpaes do Retno fe fizera grandes demonf&e. traes de intimento. Rernatra-fe os filcceffos da Provincia de Alen1tejo efl:e anno com cincoenta Cavallos que ~orna. o Thene~te General Tamericurt tomou s Tropas de BaTamen- dajoz, iahindo a comboyar os paizanos que vindimava ~;~ad:; a1gutnas vi11:has daquelle difl:ritto, e parte delles, e das " carruagens fervira de defpojo aos nofi'os foldados. Alguns dias ficou'Tamericurt com 26. Tropas na campanha, affiftindo fabrica de hum a Ata1aya , que levantou com o feu Tero oMeftre de Campo Conalo Vaz Coutinho ( qu_e havia fuccedido a] oa de Saldanha ) em o fi tio da _ Enxara defta parte de Caya ; menos de huma legua de h .J Badajoz. "' O Conde de Cafrello-Melhor~ que continuava. Snc~efos.o governo da Provinda de Entre Douro e Minho, man .. ~ Entre dou ElRey chamar Corte pelo haver nomeado para o M~~~~~~ ge-v-erno do E~ado do~Braf:l: Ficou a Provinda-entregue 1 overna o ao Mcil:re de Campo f rancdco Peres da Silva, em quanto VafcC?~de na chegou o Vifconde D. Diogo de Lin1a , que El- ~ v '1a Rey nomeou por Governador das Armas delJ a,. aff m por o\'a. haver occupado em Alerntejo o Pofto de Meftre de Campo com procedimento digno da fua qualidade, com? por ? ier em Entre Douro e J\1.inho fenhor de muitos Vaf.allos. l Chegou quella .Provinda, e achoH ta pouco viva a guerra, que qua.fi parecia qt~~ na havia d1fferena en tre as duas naces. Teve avlio cue o Conde de Santo bfreva junta v~ gente em Tuy; ~querendo n1ofl:rar o pouco que receava aquellas prevenoes, unio ~ous mil Infantes, e duzentos Cavallos, e com efra p:cnte faqueou o Lugar de Bandeja, depois de alguma refiftencia que oS mcradores fizera. Acudirao os Callegos a foccorrer ~ J~I gar, e tendo noticia que efrava deftruido_, marchra tobre
PARTE l Ll'JTRO-x.
bre Lindofo. Poren1 ach~ra-no ta ben1 guarnecido, que fe retirara con1 algutn damno. Multiplicou-fe no diitri- Anno l:o de Caho Lab?reiro: porque 5u~re~1do rcba~har o !?a- 1649 do que nelle havta , lhe na detxara conieguu efi:e lntento os nofos ioldados. Tornou a continuar o focego d~ hun1a , e outTa !Xlrte, e fendo neccfirio ao Viconde paf.. ir a Lisboa , lhe concedeo EJRey licena , e ficou a Provinda entregue a D. Franci1co de Azevedo, que havia en1 Alm-1'ejo occupado o pofi:o de Thenente General da Cavallaria. Exercitou o Governo, at que o Viiconde voltou , por hum a carta delRey, en1 que lhe concedia todos~ os privilegies de Governador das Armas. Na alterou ~ iocego em que achou aquella Provncia, porque o i eu anin1o, ainda que valorofo, era prudente, e moderado. Rodrigo de Figueiredo,que governava a Provinda de Traz cs 1\Iontes, fez rleixaJo della no principio Succeffos deft~ anno por algun1as razoens particulares. Entregou-a de _Jra~ EIRey a D.jeronyrrto de Attaide Conde de Atouguia, em ~:s q~: quem concorria todas as virtudes gue cofi:uma ennobre- go,erna o cer os Varoens mais finalados. Paflou a Traz os Ivlontes Conde de con1 toda a fua familia, e chegando a Chaves comeou Atouguia prudentetnente~ a difpor tudo o que julgou mais conve.. niente defen.1a daquella Provincia. Achou (]Ue eil:ava n1uito deil:ituida de gente paga: procurou emendar efi:a falta con1 Auxiliares, e Ordt:nanas. J\'las por mayor que feja o cuidado, nunca de ioccorros fimilhantes fe tira a iegurana conveniente ; por ferem f os toldados ragos a alma racional do corpo formidavel d::1 guerra. Andando o Conde de Atouguia ajufi:ando efi:as prevenoens, lhe chegou avifo de 1\liranda de que o inimigo jun_t;;tva gente de C,an1ora, e mais lugares vifinhos, e que i e faziao prevcnoens ta confideraveis, que infinuavao in tentar-fe grande ernrreza. Achava-fe Bragana COlll 250. Infantes pagos, J\liranda corn htnna Companhia, e a impor~ancia de!l:as duas Cidades era ce qualidade, que pedia fl:1Uito prompto remedio. O Conde de Atouguia, fiando i do 1eu cuidado efi:a prevencao, pa1Tou com diligencia a Bragan<sa: n1archou logo~ a Miranda, e com
305'
muita
J06
POR1-UGAL RESTAURADO,
1
muita pre:fa guarneceo as Juas Cidades ue gente que con. Anno vocou para e.fl:e effdto , acudindo-lhe mais faciln1ente 1649. que a feus AntecefTores, por fer naque1la Provinda fenhor de nnlitos Vafallos. Cheg2ndo ao inimi,.o efta no-. tida, fe dividio a_gente que efiava junta, e i1cou a Provncia livre do perigo que a atneaava. Na atd~ncia do Conde de Atou guia governava a Praa de Chaves o Conlmifario Geral da Cavaliaria Henrique de Latnor1. Deixou-lhe o Conde, quando fe partio, orden1 exprela que coniervale o focego de todos aquelles Lugares abertos vifinhos a Chaves, e na fizefie operaa alguma mais qu~ a que bafi:afie para defender aquelle difl:rido, en1 caio que o inimi2o entrafie nelle. Por1n o Comnliffario pouco h~1~1brado ._da obrigaa de guardar cfre preceito, havendo iahido a htun rebate, e voltado dc!l'..! com a Infantaria nuiito n1ol~fiada, deliberou faquear o lugar de Uhnbra,huma legocl de Monte-R~y.Sahio de Chaves com 22.0. Infantes, e noventa Cavallos, entrou o Lugar, iqueou-o , e ps-lhe o fogo. Retirou algun1 gado, e os Jefpojos do 1ugar,epodendo voltar ietn perigo algun1,deo voluntati.unentc tempo aos Gallegos para juntan.!nl 1500. Inf.1ntes, e 350. Cavallos; e ihindo. de Monte-Rey a Rompem bufc-lo , o achara como deiejava formado na Veiga os Galle cros La Junto ao no T a maga. C o mo a vanta_Jem e;a ta o excei.~10rl fiva, na duvidra os Gallegos invefrir a noffa gente, e por dcf- fe1n muita reft~nda a derrotrao. Retirou-ie Lamorl ordem. com n1uitas feridas~ fic:ra 1nortos 140. Infantes , -os mais fora priioneiros, n1uitos dell~s feridos: dos noventa Cavallos elcaprao poucos. Chegou aChavas efra noticia, e na havendo na Praa Official algi capaz de a poder governar, acudio a remediar o perigo que a ameaava Vdor Geral Joa Rodrigues de Oliveira: e confiandolhe que Joanne Mendes de Vafconcellos affifiia en: h uma quinta , cinco le~oas de Chaves , lhe fez aviio do rifco em que aquella Praa ficava. Acudio elle fen1 dila-: ~=~~=s a6, traz-!ndo comfigo toda a gent~ qu~ pode juntar nos ioccorre lugares mais vifinhos, com que a Praa ficou fegura. E Chave&. he fem duvida., que ie os Gallegos, ufanJo da boa occafia que .tiv~ra.O, ..tuarchara a bufc-la depois de Latnor~ t~~I_ .:L . l
. PARTE I.
Lll~Ro
X.
~-
307
l derrotado, nab rudera eef~. ndt:r-te' rcr n~.o haver nelIa gente, nen1 Uft.cial algum ue l'tH.letlc rdifiir. Achou .Anno efra notkia ao Conde de Atot1guia em_Bragana, paflou 1649 con1 breviJae a Chaves, igualn1ente ientido da rerda da geate, e da deiorediencia do Commihuio. Agradeceo como er juil:o a foanne. Mendes de Vakoncellos a diligencia coin que a~udio iegurana de Chaves; accrefcentou o nutnero da Infantaria com novas levas, e as 1ropas .. n1andanJo comprar quantidade de Cavallos. Henrique de LamorJ n1orreo das ftridas : elegeo e1n ieu lugar r.IRev ao Capita de Cavallos Domingos da Ponte ~alle~o; e tendo o Conde de Atou guia feguratlo a Provinda, defpedio alguns toccorros dos que lhe havia chegado -das que ficava vilinhas, e mandou fazer varias entradas com bom fcceflo dt;pois de fe lh~ defvneccr a interpreza da Puebla de Senabria, qt~e teve confcguida, e fedi vertio pelo 1nuito tempo que en1 Lisboa fe dilatou a ordem que o Conde eii-..,erava para a executar. D. Rodrigo de Cafl:ro voltou ao feu Partido , de Succe!ros -que haYia eftado auientepela fua enfermidade; e poucos ~a Beir~ dias depois de haver chegado a Ahneid3. , paflou ;i C ida- d~ P~~t;; de d~l Guarda cotn intento de dar confiana aos Caftelha- Rodrigo: nos a i~girem algt!mas partidas, que mandou entra1Ten1 pelos ieus Lugares Jem receyo da iua affi.ftencia naquella parte. Voltou brevemente occulto a Almeida , e fabendo qt1e os Cafrelhanos havia corrido as partidas q1.1e entrra, mandou ao Capita D. FrancifcD Narer que marchafle con1 cem Cava11os a i e etnrofcar no Perto do Aude do rio Agueda , du3s legoas de Ciudad Rodrigo, e que n1andafe hutn~l partida pc!!ar na preza que acha1Te junto daquelJa Cidade, e que ainda que os feguiflem as quatro Tropas, que havia n..:lJa de guarnia, pelejaffe C?lll ellas , rorque fendo tl larga a G. ira , conieguirla a ,antajcnl de inveH:ir defcanado aos que o~ bufcaffenl fen1 alento nen1 frma. Marchou D. rrancifco com efta ordem, e conreil..,on-deo o fuccero ao intento! porque lana!1clo dez Cava11os , que fe avanmo 3t junto da muralha Je Gudad Rodrigo, os iegrra tres 1 ropas, de que era Cabo o Mefrre de Campo D.rranci.o deHerV ii rera.
3o8
PORTUGAL RESTAURADO,
rera. Havia D. Francifco Na per occupado huin alto com Anno alguns Cavallos para obfervar a rt!ioluao dos CaftelhaI6..f.9 nos, e reronhecendo que ieguiao a partida, baixou do monte a buicar a mais gente que eftava no valle. Obfervra os Cafrdhanos efra diligencia de D. Francifco, e deo-lhes mayor confiana, entendendo que os Cavallos do monte erao a referva da partida ~ue havia entrado, e que fugiao, reconhecendo que vinha carregada co1n D. Fran- m:tyor poder do que imaginava. Nefte tempo havia D. cif'co Na- Francico f.Jrmado tres 1'ropas, e chegando os Caftelhaper ~e~ro- nos pouca difl:ancia do pofro em que eftava, fe1n dar ta as I .c rr pas de ro- tempo a que 1e compuze11em, os tnvefi" 10, e derrotou. CiudaJ Ficr:l trinta mortos, em que entrou o Capitao de Ca:Rodrigo. vallo~ D. Jeronymo Alema, dos mais fe retirra poucos; cuftando f efte fucceflo algumas feridas que recebra tres iolJados. D. Rodrigo de Cafrro acudio co1n a Infantaria que havia prevenido , tnas a tempo que ja o inin1igo efrava desbaratado, e todos fe retirra para AI.. meida. Os Caftelhanos bufcra na crueldade f2tisfaa defta perda: porque colhendo partidas fuas alguns paiIdmpieda zanos noffos , os matra fetn lhe refl::ire1n , e lhes pue dos c 11.. :1. Cafidha- zerao crue1 mente o ~ogo, ervtndo eHe e1-peC.tacu1o mats nos. de incitar os animos daquelles de que haviao recebido a offeni, que dereprim1-los. Sentio-fe D. Rodrigo por hun1 bolatin1 defi:e excefo , e vendo que continuava , refolveo fer author do remedi o. Pedio a D. Sancho J\1anoel cincoenta Cavallos , e cento e cincoenta Infantes, e accrefcentando-os C:tvallaria , e Infantaria do feu partido, marchou de Alfayates co1n 6oo. Infantes, e duzentos Cavallos a queimar o lugar de Sabugo , oito leg0as de Alfayates, e duas de Ciudad Rodrigo. Foy fentido J logo que pafou o rio Agueda , das fentinellas que os Caitelha nos tinhao . :1tinuamente nos portos. Alguns OrliD. Rodri- ciaes ac.:~nfdhrao a I? Ro~iri_go que fe retirafT~ '_.na c.?ngo ganha, fidera.1o da mar(:ha ier ta e> d1latad1, q_ue podta~ os C~{ c queima telh1nos ajuntar tLlnta gente , que a retirada fofie lllUlto Sfcabu~o,c: difficultofa. Nl quiz O. Rodrigo por ta leve accident' reura . evifia do d etxlr o emp~n 1 com'2a(lo, continuou a marc} , ch e10 1a inimigo. gou a S:1bugo, entrou o lugar, iquearao-ao os iold:.tdos, e ru.J
- 1? AR'! E I. LIP RO X
.,
309
epuzerao fogo a trezentas cafas, de que confiava. D. . Rodrigo fez alto algu1nas horas, ~ vinclo-ie retirando Anno. C?ID grande preza.' e dei FO jo , O bu 1 c~ao OS ~afi:clha~10S. I 64~ FornlOU D. Rodngo a gente con1 reiolua de relejar; receara6-na os C1fi:dhanos , retira~ao-fe , e chegando-lhes mayor ~?od~r to:nra a voltar. Uiou D._Rodrigo da grinletra d1fpofia de aguardar formado o tntento dos Caftelhanos: torara elles a voltar as cofi:as, e recolheraofe ao Lugar de Borda, e D. Rodrigo pafTou o rio Ague~ da fcm embarao. Poucos dias depois defi:e fuccefio , ajufi:ou D.. Rodrigo coRl D. San~ho .1\lanoel uniren1-fe os . dous partidos, e entraren1 en1 Cafrella. Affin1 o fizerao UnefeD~ po: Ciu~a~ Rodrigo : queimr36 muit?s lugares abertos , ~;~ct~ r\.!ttrarab-ie com grande preza , e depots de D. Sancho fe Rodri~g recolher para a fua Provinda , vierao os Cafi:elhanos cor- e faze~1 rer Almeida. Opps-ie-lhe D. Rodrigo, e retirara-fe fem grande al2;um cffeito. O J\tlarquez de Tavora, que governava perda. as Armas de CiuJad Rodrigo ., determinou varias vezes aug1n~ntar o poder, e fahir em can1panha = porm todas fe defvanccra, confi:ando-1he efraretn os noflos lugares pr-cvr:::1iJos. O partido \.le D. Sancho ~\l~noel fe confervou cfrc anno i~n1 hofrilidaJes, defejando com prudn\ cia canfervar os lt1gares abertos. Deo ElRey prii1cipio a efre anno co1n pbufiYel refolua a todos teus Vafi'al!os: porque reconhecendo no Principe D. 'l'heodofio annos capazes de n1ayores exercidos , e mais prudencia que annos, lhe deo cafa , ic- Poem ~~ rarada do Paco, en1 hun1 quarto fi tu ado na Ribeira das Repy ~at~ 1'1. ~ ' , '1'1.. ao nnctJ.\aOS, que r ~ comn1Un1cou com o d a G aIe. J.,omeou por pe Dom te 1eus Gcntis-I-Iomens da Camara a Henrique de Soui Con- Thcod~ de de nliran(Ll , hoje J\1arquez de Arronches , a Ferna fio. Tclles da Sih?a Conde ce Villar JVlayor, a Nuno de i\Iendoa Conde de Val de Reys, e a u. Gregorio de Caf tello Branco Conde de Vi1Ja Nova. Pouco te1npo der-ois entran a fePr o Prin(tpe com efi:e mefino exercicio D. Luiz de Portugal Conde (~e Vi1niof0, Joa :Kunes da Cu.. nha, D. ,.fhom~z de r---oronha Conde de .Arcos, e 1). Joa6 Lobo d~-. Silve1ra Conde de Oriola, e Bara de .AJ-. vito. A 1nais fam.Uia ficou fcparada da que fervia a ElRey, . V i
J
T
310
PORTUGAL RESTAURADO,
Rey, fen1 differena nas occu paoeas, ne1n no nun1ero. E Anno co1no a grandez~ deJRey teve igualdade, co1neou (pela 1649 inv~terada defordem do tnun:!o) a ter emulaao, oppondo-ie os anin1os de hum a fan1ilia aos ditlmnes da outra: porm a prudencia delRey , e a obediencia do Principe tnitigava o ardor do eipirito dos feus criados. Separol.L ElRey para o fuH:ento da Cafa do Principe todo o rendiInento do Ducado de Bragana, e deo-Jhe outras confignaoens, que excedia6 o computo que era necefiario. O Principe, logo que teve mais largo campo, comeou a tnofrrar com n1ayores vantajens a 1ingu1aridade das fuas 'rirtudes virtudes, e nor infiantes ie augmentava en1 feus Va11aldo Prinrdpe. los o amor, e en1 i~us inimigos o receyo. A1lifria em todos os Confelhos, ouvia a todos os rertendentes, e pezava deforte os negocios, e os requerin1~nto~, que nem havia ac~a deicertada , nem parte queixof~. Continuava o Marquez de Niza os negccios de Frana, e con1era con1 o novo anno novas revoltas ~o Parlamento de Pa.riz : e achando alguns Principcs, Hjal iatisfeitos do governo da Rainha, e da valia do Cardeal Malarino, difpofioens nos aniinos dos popular..:s, por Altera tnelhorar os feus intereres os accendrao deiort~ que fobcoens de lev~ndo-fe coin defordenada fu ria , obrigr~ a l:JR.ey a Frana. falur cotn toda a Corte de Pariz, cedendo a iua grandeza ~os defconcertos de hum povo tnal aconfelhado. Retiroufe EJRey a S. Germaen, e publicou o Parlan1ento hum _t\refro contra o procedimento do Cardeal. Juntar~o~fe 1 ropas de ambas as partes, governava as delRey o Ynncipe de Co11d, o de Contias do Parlamento. O Marquez de Niza feguio a Corte, e os mais Embaixadores cotn Diligen- Permil do Parlan1ento. Fallou o Marquez Rainha, cias do fez-lhe gr.1ndes offertas da parte delRey, que dla agrdMarquez deceo como pedia O aperto em que fe achava, e nao fez cie Niza. menor eil:i1naa6 de lhe iegu r ar o J\iarq uez que EIRey havia entregue a Lanier, o Frc1ncez prezo ein L i.boa P'::las culpas acima referidas. Props elle ~Rainha q:1e 1e. ajufra1Te o tratado dos foccorros, e a liberdade do lnfante. Segurou-lhe que breve1nente lhe defiriria ao requeriin~nto dos ~occorros, e que na liberdale do Inf~1nt.:, djufrJnd~
PARTE I. Lll"RO X
311
fe a paz , nao haveri ..l duvida alguma. l)a audiencia da . Rainha palou o .Nlarquez do Cardeal : fez-lhe as n1ef- Annn mas offertas, reiponGeo-lhe con1 grandes agradecimentos. 1649 Poren1 chegando ao ajufl:an1ento do tratado dos foccorros fe mofl:rou ta alheyo da conclufa, que entendeo evidentctnente o lVlarquez , que as den1onfrraoens do Parlamento o havia perfuaJido a deej ..u a paz de Cafl:dla, e a largar as conveniencias de Portugal. Brevemente reconheceo a c~rteza deil:a ida, publicando-1e cotnmunicaao entre o Cardeal , e o Conde de Penharanda , que de Plenipotenci;.lfio do Congreffo de M unfrer havia paiTado ao governo de Flandes. Porn1 os Cal:elhanos, na confiana da guerra civil, que fuppunhao infallivel entre os Francezes , propuzera ta exorbitantes condioens de paz, e uara6 de termos ta indignos , tnar-tdando ao 111eiino ten1po tratar o Conde de Penharanda co1n o Cardeal , e o Archiduque Leopoldo con1 o ParJan1ent0, que os m~yos por onde intent:ra fon1entar a guerra, fervra para a Prejuzo conclufao Ja paz erv~re ElRey , e o Parlamento : porque que refulabrindo os olhos os intere1Tados de hun1 , e outro parti- ~ aosCa, ""' ,. . uelhano~ - . dQ , 1e aJU fi: arao to dos na o b ~otencia de IR ey , para to d os d s ailiie opporem ao inin1igo commum. O i\larquez, parecen- g~ncias do-Jhe que era propria occafia aquella de confeguir o caviloli. tratado do~ foccorros , fali ou a Rainha , ao Cardeal, ao Duque de Orleaes, e Principe de Concl. Valeo-fe tan1bem da intervena do Conde de Briana Secretario de Efi:aclo , f~n1pre aLLiic1o aos interefies de Portugal. ]\ias fen1 lhe bafrarem tod~ eil:as diligencias, nem a fegurana de eftar prorn pto o primeiro pagan1ento dos cento e feflenta mil cruzados, que efi:ava ajutado que EIRey diTe em cada hun1 a!lno pelos foccorros de 6ooo. Infantes , e1cco. Cava11os que os Franl:ezes haviao offerecido , fereJolvrao a alterar el:e concerto, e o J\Iarquez a fahir-ie da Corte, defpedindo-ie primeiro da Rainha, e mais Mi-_ nillros, referindo-lhes~ n~~s audiencias ; que Il:e dera, a jul:~:t qu.~ixa com que partia. Porm interio mente efri-' mou, com raza, desfazer-ie naquc11e tOTlfO o tratado:' porque os animas de mt1itos Prncipes cflava6 ta exaf-~ perados com o governo abfoluto do Cardeal , que come-~ Viv ra
312
PORTUGAL RESTAURADO,
.rao de novo a alterarfe , proteftando na o fe fujeitar Anno obediencia delRey fen1 o Cardeal fahir daquelle Reyno. E 1649. na certeza de continuar a guerra civil, erao pouco firmes as protneffas ddRey , fa1tando-1he meyos para 1~1tisfaze1as, por fe achar em tempo que derendia de foccorros alheyos, por lhe feren1 necefirias todas as fuas Tropas para fe defender de feus inin1igos. Deixou o :Nlarquez a1fi~l:iado aos negocias de Frana Chr~ftovao Soares de Chega a AlJ:eu com titulo de Refidente : chegou a Lisboa com feLi:.boa o ,- c 1. d d IR - Marquez, . lZ vtag~m.: ~oy receot o e cy ~on1 pouca ~ccetta_ao, fi.:a por par haver iahtdo de Frana fem ultuna detcrn11naa f ua. Prc!iden: Di'1tou dar-lh~ audi~ncia ~ porn1 reconhecendo o fundate C~ri1- I.U-~:lto d lS fuas razoens , e a qualidade de feus fervios , tova.J lh J Soares de . :1 cOih:e ~o, e o occupou, como merecia, nos mayo Abreu. res lugares. : Etn Roma continuavao as pertenoens delRey Succelfos com o Summo Ponti.fice o Padre Nuno da Cunha, o de Roma. Doutor J\1anoel Alvares Carri1ho, e Fr. ~1anoel Pacheco. Porn1 el:avao os animos dos .1Vlini1l:ros do Sumn1o Ponti fice tao alheyos de fe perfuadiren1 da _jufi:ia delRey~, que 4. nem pud~rao prevalecer as exa1:as diligencias que 1e fizera6 com Dona Olympia, cunhada do Stunn1o Pontfice, .J:avendo mofrrado a experiencia que fetnpre tL.!ha bom iucceffo os negocies politicas , que corriao por iua conta. E EIRey fendo perfuadido co1n vanas opinioes de g~an.. des letrados de toda Europa, que na falta de nxurio S . A.poftolica , podia ui:.u- dos meyos que acima fica apontados , nunca acceitou outro caminho tna:.s que o de ufar de fupr!icas, e humildes rendinu~ntos Igreja , de quen1 era infeparavelfilho. 5ucceffos Com grande trabalho continuava Frandfco de ~o: Soufa Coutinho a affil:~ncia de Holandl: porque tod~ a an a.J injufra ira dos HolanJez~s fc Jefaffogava em mo1e.ftia fua ; tratan.lo-o co1n pouco refpeito, c affirmando os ZeJandezes que f~ o colheff::fil, quan~lo vo!tafl: para Portugal, o havia de lanar ao mar, porqt;e na era jufro que houv-fe no mundo n1emoria de hotnem ta engano- fo. Temperava el1e todas efi:as demafias com grande Jeftreza , e d~iorte confundia as refolu~o~ns qu.;! lhe rre.. judica-
te
PARTE I. LII-RO X.
313
-judkavao, que muitas vezes ioava a feu favor entre os J'linifrros dos outros Principes. 'I'anto cofruma valer Anno a hun1 ~rincipe a__il.JfEcienci~, ~.zelo de }1uJ?_ bon1 Varal- 1649 lo. Na era efl:a io a contradtao que FranCiico de Sol!fa radecia' porque lhe daya fllarol: cuidado a r_,ouca_acccitaa con1 que EIRey, e ieus 1\'ltntil:ros efravao do i eu bom procedin1ento: porque como as fuas diligencias, pelagravidaJe das matcrias que tratava' na rodia ter effeito protl}pto, e as def p~zas et:a precifo que fofem largas, nao i e contrapezava os c1nJados preientes com asei pranJs das utilicades futuras; e deforte creicia etn ElRey, e feus !'vlini.frros o en1barao, GUe por muitas V(zes efteve rcfoluto largar-ie l'erntimbuco aos Holandezes , pond~ram.io-fe que na6 podia Portugaliirfrentar a ~uerra contra dous inin1igos ta6 poderoics , como os Cafrelhanos, e os Holandezes: e com cfra comtnifla pafTou a Holanda o Faclre Antonio \'ieira. Porm o Ceo olhando, como fua, para efia caufa, deo mais favorav~l fcntena por eftc Reyno. Os Ho1andezes vendo que f'rancifco de Soufa na chegava a concluio alguma, e tratava de bufcar pretextos para ganhar tempo, o mandra Llcfpedir, dizendo , que elles havia por todos os caminho~ rrocuraJo a conervaa6 da tregoa celebrada con1 1'ritao de ]\lendoa em r 2. de Junho de r64r. , e que exrerimentando tantas vezes a pouca f com que era tratal~os, i~ reiolvia a itisfazer com as armas os aggr5tvos recebidos. N ao fe alterou Franciico de Soufa com cita reio1uJ6 : refpondeo, que fe partiria tanto que Ih~ chegaffe orJen1 do feu Principe. E mofrrou claramente aos Efrados, que fendo elles cs offeniores, fedava por offendi(!os, 1o porqut.! detcrminava dar cor a mayores exce.fl"os. J\tiofirou-lhes tudo o que havia executado em uamno dcH:a Coroa depois da trec:oa ajufl:ad~~, e que era ta injuftas as fpas G_ueixas, quenao pafi ..1va de que ElRey lhes na fujeit.ffe os moradores de Fernambti~O, qu~ ellcs cem todo O ieu poder nao FOdia extinguir. o~ Lit::!dos occorrr2. os da Corepanhia Occiner:ttl com duz~ntos mil forins, que empregacos em rr.vr..io~ns , e mantinleutos remettra ao Arrecife, e afientra
3r4
r._hJ
PORTUGAL RESTAURADO,
armar doze navios con1 2800. folJadcs. que mandrao a affiftir na Coita do Brafil, e em Zc1Jnda, e l\1i_: elbuigh r~ preparra vinte e cinco com ordem que ie empregailem em fazer a Portugal todas as lioitilidades pofPrepara1iveis. Fr.1ncifco de Soui havendo tido orJen1 delReyes de guerra para fe partir- de Holancla tanto que chegaEe D Jo~ de dos Ho- Jvlenezes , que lhe h1via nomc::1do por illcceflor, teve landezcs. novo avifo dos Efrados que ped ife nova carta de crena , par~ t~atarem. com elle in~portc:r~tes r:1at~ria~ que de I_l~Vo havta fobrevtndo. Fez Francdco de Souia efi-e avlio a EIRey, que mandando ver no Conell1o de tfi:ado efia propofta, foy refoluto que D. Joa de lvienezes partiie com brevidade , efperando-fe d=1 ftn negociaa6 rnayores progreffos. Porm atalhou a morte a fua jornada , e acabou nelle hum vara6 merecedor de muito dilatada memoria, e Francifco de Soufa ficou continuando a fua commiffa6 at o anno feguinte, affifrido algutn ten1po do P. Antonio Vieira, que na pode confeguir a jornada de Munfl:er com D. Luiz de Portuga~, con1o EIRey havia deterMorte de Ininado, pela feparaao daquelle Congrefio, entendendo D. Joao ElRey que a authoridade da pefioa de D~ Luiz de Portude Menegal, conhecido no mundo por terceiro Neto delRey D. zes. Manoel, poderia remediar a falta de authoridade, e eftimaa con1 que affiil:ia no Congrefio os ieus Plenipotenciarios. As guerras civis de Ingl~terra cr~fcrao com tanto exceflo, e a defordenada fnria dos Parlamentarios ie augn1entou con1 tanta detnafi<?., que orden~u ElRey D. Joa a Antonio de Soufa de l't1acedo que ie retirafie da Corte de Londres, per ll;.l qt1erer que 1\-Iinil:ro feu foi:. fe te{tilnunha do mavor Jel il:o , e da mais execranc~ a culpa (_tlle inventou (recorrendo ror todos os feculos) a n1a1icia humana: porque o infeliz Rey Carlos Primeiro , depois de experimentar varias fortunas, f~>y Yendido por 4coU libras efrerlinas aos Parla1uentari()s de I-:onJres pelos Ekocezes , que o havia6 amparado, e rafl_ldo de Priza Efcocia ao Caftello de I-Imnbiy, cincoenta legoas de d:l~Zev de Ingla- Londres, com guardas do Parlamento, a quen1 diH'e, quanJo ton1rao entrega da fua peifol, que de n1elhor tcrrl. vonta-
PARTE I. LIT~RO X. 315' vontade hia com os que o hav i .o comprado, do que t.caria com os que o tinha vendido, tendo juHan1entc Anno pdo mayor o danll10 que fe padece debaixo do roder 1649 dos amt.iciofos. E tirado de Hombiy por ord~m de farflix' o tyranno mais roderofo' e tnais alentado que o per1~guia ; porque cioio do_ ~arlamento, n1a~1dou romper as guarJ~1s que feg11raYa EIRey, c conduz1-lo a !nan grand~ Exercito que governaya, unido a.Cro1nuel caviIofo, e deil:ro, artfice nos primeiros annos de obras nlecanicas, ndl:es de emrrezas fediciois , e m.alevolas: e dercis d~ haverem feito guerra con1 el:a refo1ua l.o farl.:mento, c alcanado ddle tudo o que pert~nJra, fendo a liberdade que promettia a EJRey torceder Jos int~re11~s d~ an1bos, f.1zendo-e abfolutos fenhores da vontd(:e do Parlan1cnto , por haveren1 entrado ietn refi{:. tencia con1 o Ex~rcito dentro en1 Londres. E u1ando da reroa delRey com tanta indt:cencia , e cavilaa, que ]~a vendo elle rect.:bido hum aviio fecreto de que o queriao n~atar, entendendo alguns que fora artificio de Cromue1 , lhe foy precifo fugir dL1 priza.J, f com hum confidente, para a Ilha de Vight, gover~ada pelo Coronel Ramon, que o recebeo con1 generoia Edelidade, e pedindo-lho o P~ula1n~nto, o na qeiz entregar, parecendo-lhe junt.lment~ que o Exercito de Farfaix fincerarnente o cef .. nJb. ElRcy poJendo nefra occafia fahir-fe daquelle Reyno , o n:1G c1uiz fazer, afiin1 ror fe perfuadir que as fuas defgr~n.s pod ~ri16 ter mudana, como por na dar arn1as a i~us ipimigos, fabendo que havia huma ley antiqui1lima, que de.sherdaya os Reys de Inp-Jatf rra, que contr ~1 vont.tde dos povc-s fahifTem t~ra elos limites do fet:B.eino. A ~fl:a llha 1nand~~r;:.6 os d Farlamento prdent:1r a EIRey coEdies da paz irnpo.lf:' eis de c.oncecer : refutou-as; e como efl:e era o intento, maLd~,ra imrrimir Jn.m ma~l!fel:o inLme contra a fua refloa. lrritou-ie o ReyEo, e arrependera-fe os Efcocezes de o }-_a verem vendi co, accutados Ja fua propria malcade: junt:irao hun1 Exercito : ~ntref;araO-no ao Duque Familton : entrou cn1 InglaterLi: orps-ie-lhe Cromuel: deo-lhe h~talha: Y\.11eo...o , e f ..Io rrifioneiro. Dt.Jen1bara~~o Farfaix ddla
OfFGfi-
316
PORTUGAL RESTAURADO,
oppofiao mandou prender ElRey Ilha em que affiilia :Anno conieguio-o , e foy conduzido a Vindor. Nefta confu-~ 1 649 f de negoci os abrogou a fi todo o poder ; anin1ada de-Parfaix, aCamara baixa de Londres, con1pofra da gentemais vil de todo o Reyno. Elegrao por Prefiuente hutn _ advogado reo de atrozes delil:os, chamado Br<.ldavu, e por fifcal outro de fin1ilhante nafcitne~to , e cofrumes por notne Cook. Refolveo efte Conciliablo citar EIRey con1o reo, determinaao detcfrada at dos Presbyterianos, ini~igos mortaes delRey. _ Por~m con1padecendo-fe todos da iua defgraa , nenhun1ie reiol veo a defend-lo : e prevalecendo ultimamente a maldade contra a juftia , e a ambia, e tyrannia contra o decoro Real , e JVIagefrade fagrada, appareceo EIRey em p diante defre abominavel ajuntamento ; e recuzando cotn razoens infalliveis , e- animo confrante rcfponder a cargos dados por Juizes incompetentes , fendo Rey fuccd1ivo, e ienhor abfoluto, foy recolhido priza : e trazido quatro vezes ao mefn1o Ado, perfifiio com animo igual , e gencrofo em na6 reconhecer por !'ribunal gente vil, e icdiciofa. E na6 achando em hum Reyno ta bellicofo Vaffallo algun1 que fe atreveffe a defender a fua caufa, foy condenado i morte , e dizia a featena: Porque Carlos Stuardo accu1do peJo povo de tyrannia, ho1nicidio, e m admini fi: a<.1, con1o traidor , he reo de contu macia , e reo Sentcnca tambemo defl:e~ delicros que, fe lhe in1poen1, ~~ia o dito capital Carlos ~tuardo condenado a n1orte , e lhe ieJa co.rta... contra El- da , e feparada a cabe1 do corpo. PronundaJa e.fi:a Rey Car- inaudita fentena , feHcnta e ~te Juizes fe levanta1 los ra en1 p, en1 final de a aprrovarem, os mais Juizes em que o 1~:ufix entrava, priineiro 1nohil de ta:1tas maldades , 1e retirara aCjuelle dia, na fe atrevendo. a ver -a G1ra ao delido, de que havia fido cauia. Le- vara ElRey pa,a a prizJo eican1edLlo , e ultraj.luo. d:1 viJ!e'La de feus Vaft11os , e fo lhe pennittir~16 a afiiltencia do Biij1o de Londres , que lhe Lrvio de ineti1 conlpan]'.ia, exhortan\.~o-o a morrer conf findo os erros da Igreja Anglic:~na. A noite antt:s da ii1a morte lhe d~ra liceca para ver i~us 1-ilhos o Uuque
Je
...
PARTE I. LJJ?RO X
317
e Glofchefier , e a Princeza Ifabel , an1bos de pouca idade : e foy efia piedade huma das n1ayores tyrannias Anno
que ufarao com elle, nao podendo haver golpe mais 1649 fenfitivo , que deixar a vida vifi:a das prendas que fe amao. Na n1anhaa qu~ ie contavao dez de 1-evereiro, veyo bufcar E1Rey, a S. )acof!le onde efra-v:a p~ezo, hu1n Regitnento de Infa!1tana. Entrou na pnz!l o Coronel Tominfon, e dliTe-lhc que era hora de te executar a fentena. Levantou-fe fem perturbaao ..a1gutna , e n:fpondeo-lhe : Vamos em 11ome do Ser;bor 1Ji01Ate do mzmAO do , e ti r;; ida do Ceo , que puJra alcanar , confrn1e a fua pacienda, fe ie retratara dos erros que feguia. _Marchou no meyo do Regimento , e chegou ao Cadafalio , que efi:ava levantado e1n a Praa Bahlica Eranca~vifinha ao.Senado. Depois de h uma larga Oraa, em que mofAO trou a fua inno~.:encia, e a tyrannia , e ambia dos authoAO res da fua deigraa , a fez mayor, proteilando que morria nos heretkos erros co1n que fora criado. Pedi o tempo ao verdugo (que in1paciente procurava o fatal golpe) para rezar algumas oraoens, que lhe na fervirao mais que de dilatar a vida aquelle inftante, e fegurou que Executaac:.lbadas ellas, faria final ao verdugo para a execuao. fe a fenAfiim o fez, e foy-lhe cortada a cabea mais infeliz , que tena. fufientou no mundo Coroa. Acha va-ie nefte tempo en1 Holanda o Principe de Gales, hoje Carlos Segtmdo, co- Coroa-fe roou-ie na Aya no apofento en1 sue dT.fiia. 1 cdos os~ 1yan J\linifiros dos Princi pes que efi:avao naq uella ViJia , fe a ~~e :nl~ feparara defte ato, f Frandfco de Soufa Ccutinlo fit: o nofco~n louv~r~rel refoh~a~ fe achou prefente nel.Je co!ll toda ~~-~ma iua. fa1ntha, de que ElRey fe rnoftrou ~a obngado, faJ~~~~~r que ddte , <2.!-Je a Coroa de Inglaterra n~i conhecera n2 os mais. ,, fua defgra.a beneficias iguaes aos da C oro a de rortu. ,, gal. Augmentou o feu agradecimento acharem na cf .. 0 de Frandfco de Soufa abrib. o, e iegtu~ma dotis Gentis- Acc;~od,a1 or1a .e . d . _ H omens Jeus, os quaes , na o ten o mars eicolta ou e a cc C.ms lnoutros dous, entrarao cem v~1lor intrcpido en1 l:irra d- ~lczes. e talagem,a ~ue havia chee-ado ror Enviado co Parl?.n-.t Ilt< (1o no~o de lngt!terra Cook ' c.:l~C hayia f:do fifcal no rrocef o cd- ~-a~l~~ll~ . , , .. -l "' R ey oefiunto, e efr an do a rr.e1a roL.eac.o c, e an11gos , ' c: o;; ~cr t:m ihar.
0
Cll~-
cnados , o mat.uao as puntHlaJas , e ia.lurao a rua fem re.. Anno c~ber dan1no:recolh~~rao-e a ca deFrancifco deSoufa;ef... 164.9 co'ldco-os deforte ,_que~ pezar d~ exq~ifitas diligencias que os Holandez~s tizera, os pafiou a Frana, antepondo a raza ~e favor~cer t~o 1~obre~ arrojatnento , ao" perigo que corna a fua Caia, ie ie deicobrife que er:l receptaulo dos delinquentes. Etn Suecia afiil:ia Joao de Guin1araens,e experi.. ~onflan- m~ntava ta igu.al conrefpondencia na Rainha , e e1n feus ela d.t M'mt il. . Lros,que nao qutzerao ce1e b t"<.lr a paz do I mpeno aJU. . R inh deaSue~ia fl:ad .t etn Munfter, ieln nom~:u expreifan~ente a EIRey D. em te no- Joa6,como Rt:!y de Portugal, i~ndo preciia efta declaraao mcar El- p~tra i e concluirmn hu ns dos artigos das Capitulaoens, e Rev . . - 1 Joa:> D~ 5 iaitJ.n do _os I tnpe;na~s ( periua d' dos ~os C al:ell .1anos ! ffi 11 artigos que a 1\atah 1 ~udaiTe ~~ efl:ylo, n.\6 altera_ra os Sl!ecos d.t paz elh1 reiolu1 com fe tncorrupta a conreipondencta de com 0 Portugal. Exemplo qu.:! poucas vezs.acontece nos Princi.. Impcrio. pe~, por n1ais Catholicos, mais ohrigaJos a eft:as leys, e o Author d~ tods as do n1undo cofl:uma pagr-fe tanto das virtudes rnoraes, que fe dev ~ efperar que obrigado defta, e das acoens, que a Rainha tao heroicamente continua na aflifrcnch da Corte de Roma , torne aqudl naa a fe reduzir ao verdadeiro rebanho do greno da Igreja.
.J _,
. 3 ~s
PO~~U,GA~ RESTAf!~~po_,
HIS-
HISTORIA
DE
Anno
1649
PORTUGAL
RESTAURADO.
LIVRO XI.
S U M 1\i A R I O.
...
A2no
1
PORTUGAL REST.AlJRAno, 31o 4fi-~ica, e Ale11z-Tejo. Paffa IJ. Joao da Cofia por
liiijlre de Campo GetJertll do Exercito de Alem-T ljo. -l-9 blarcha co111 hu111Tero de Cavallaria,e l11j11taria. A:.;jfa-Je 11asDos Her111anas co111 as'Iiopas deCaflella: retira-{e}e111 querer pe!ljar. Succejjos da.s Pro'Vincias de Entre /)ouro e Minho, e Traz os .tdoutes. No Partrdo de D. Sa1zcho derrota :Joao Fialho os Cajielha1tos.Tor111e11ta da Ar111ada de AntoJiio 'Ielles C0111 grande perda.E11tra os PriJJcipes Palati11os e11t Lisboa.Chega barra a Ar111ada de Inglaterra: pre'Vi1le ElR~y .Ar11tada e111 focco1To dos P1i11~ipes: fahe a pelejar. Retira-je a do ParlaJ1Jeltto : depois de 'Varios fuccefTos to111a 15. n/zvios dafrta do Brajil. Succe!fos das E1nbaixadas.Recontros enJ Per11r11nbu co. Noticia das Praas de Africa, e da l1ulia. Progreffos de A!e1n-Tljo.l1zterpreza de Salvaterra.Paffa a Elvas o Pri11cipe D. Theodo(io encoberto : e1nbaraa E/Rey, e.feus Mitzi{Jros aqttella a/ft/lencia, e ohriga ao Prittcipe a voltar aLisboa.Varias e1ltradas das Provncias de Entre Douro e Minho,e Traz os Mo11tes, e dos Partidos da Beira.Noticia das diligencias dos E1nbaixadot"es. Succe.l{os de .Pernantbuco, Pra.as de Ajrica, e ltJdia. No111ea E!Rey o Prncipe D.TheodOjioporCpitaGeneral do Reino. E11co11tros felices e11J.A!e11J-'Itjo. SttcceJ!os de E'11tre Dottro e Minho , e Traz os 1lfo11tes,que gover11a :Jo allne A1eJJdes de l'"aftoncellos.Noticia das E11Jbaixada.r.Contituta~fe ofitio do Arrec~(e. Encoutros das Pra_r;as de 4frica. Morre D. Filippe Llfa_fcare11has vinda da ln dia, e o (onde de Aveiras i11do goverllla.P~!fa o Co11de de Obidos por Pice-]{f!'J' quelle Eftndo. f,lcita IJ. Braz de Cqflro o povo de Goa: P1"ende o CfJJtde de Obidos, e tonJa o Governo. Chega o (o11de de Sarzedas por Yice-Rey: prende~D.Braz, e
-rc1JJet-
retJJetteo-o a Lisboa. Roti.-fctn os Hcltn.dczes a t1egoa: ga11ha c1u L'eila n 1- c1talezn tie C'alli1tl1. A- Anno 1JJoti1Ja-je o po"Lo de (o/c.tJtlo: deJittJJ do~~~'l.l1.1JfJ a 1649 .Aln11oel ft.Jajca1e1ihas Hcn.-ttJJ: elegt11J G(J'i.t1'1Jodores. Desbatot a Gajpor figtteira de Se1pa os h'ola1ldezes ro1npe11do lhes htt11l aloja11~ento.
. 321
havemos referido , contencendo as Monarchias fobre a jurifdica de poucos lugares, fem attena alguma ao rifco de tantas vidas , ao valor de tantas honras, e deihuia de tantas fazendas , que excedia o preo dos mayores Ilnperis conquifrados; podendo o~ Prncipes unidos facrificar feus Vaffallos mais virtuoi'amente , empregando-os na guerra contra os infieis, que fabendo valer-ie deila defunia, fe fazem pouco, e rouco fenhores da Chrifrandade, fendo ordinariamente as caufas das guerras dos Principes Lhri.H2cs ta leves , que depois Je canados, e defiruidcs , vem a ajufrar pazes, rtfrituindo-fe huns aos outros as Frilas que conquil:;ira; e ~e grande defgraa que tantus J\1cf tres _da poFtica na iaiba rreyenir efre damno. ]\l2S a c~11:1ia verdadeira he, que nunca os Princircs confeguen1 ter J\linil:ros que os firva con1 pura attena ao bem commum , col:umando governar os Reines i ror interefTes particulares; livrando-fe defra calFmnia os que .filzero guerra defe.nfiva, obrigados da ambia dos conquifradores. Em quanto J10is contendiao as Armas de Euro- Succefos pa' nao efrava ocio1os os foldados da America cm Per- da bc:lC<l. nambuco. Havia chegado Segifmundo, como diffemos, ao Arrecife, e alentado deforte os animos dos fitiados, que comera a maquinar novas e1nprezas. Francifco Barreto, ainda que com pouco poder, tambetn fe alimentava de grandes efperanas; porque da Bahia fe lhe pro- For~aMfe mettiaioccorros, e de Lisboa havia recebido avifo de ter cmJL 1 ~hoa . . 1-. ElR ey aJU l:ado com os homens d e negocio a C cmpa11Lla a unta do Com Geral imitaao da de Holanda, que hoje fe conferva mcn;io! X com
321,
PORTUG/JL RESTAURADO,
com o titulo da Junta do Connne.rcio. Nefta fe ajuutra 1 Anno gro.fos cabedaes, e con~edendo-lhes EJRey grandes privi.1649 legios, comprra6 , e fabricrao navios, fizera huma Arm1da, on.lenando ElRey con1 ley irrevogavel, oue ne;1hnm1 embarca.16 paffaii~ ao BrafiJ, nctn viefie dO Brafil p::tra efl:~ Rdno, fenao em frota cornboyaJ:l pela Ann 1d1 da Comp:1nhia ; refultanlo dcil:~ arbitdo grandes ntili:.iaJ~s. E tiro11-fe aos Holandezes o continuo intereffe que tinha6 nas caravlas , e navios pequenos , que ordii11riam~nte tomava6 na carreira do Brafil. Em qua~l to eftas. utilidades fe dilatava6, prevenia Francifco Barreto tudo o que julgava necefario para confeguir a gran -de empr2za a que caminhava. Animava os fitiados oCoronel Brink, foldado de reputaa ' e que governav1 a gente de guerra, em aufencia , ou itnpoffibilidade de Se~ giti:nunclo. Fugira dos noffos quarteis alguns Italianos, e fegur.ira6 a gr.1nJe falta de gente , n1antimentos, e pa-gas que havia nelles. Efra noticia deo m"lyor vigor aos penfarnentos do Coronel Brink, e tnais foras s infran- . cias para ie lhe conceder penniffi1 de fahir can1panha a coafeguir a faca6 que intentava. Alcanou licena, deo . .fe ord~m para que fe recolhefiem todos os navios,que andava6 a corfo, augmentou-fe a gente com a que andava embarca ia. Teve grande cuilado Brink em exercit-Ia, e arrr1ou as vanguardas d~ partazanas , e chuos , dizendo que era de[:nfa infallivd contra a vigorofa operaa das efpadas Portuguezas, que os oldados Holandezes com Inuita raz1o receava6. Chegou a noticia defras prePreven- venoens a Francifco Barreto , e bufcando pri_meiro com <:fens_ de rogativas , jejuns, e confifoens de todos os ioldados na :~~e~~c~ 1\litericordi~ de Deos o mais certo foccorro, difps qu~ a noticia fe reconduztffenl os foldados aufentes. Mandou reparar da:; que a rui na de algumas trincheiras, paffou ordem ao Governafazia os dJr de Murib~qua , para que fortific;;tfe a ponte de S.BarHolande- tholotneu, que o iniinigo podia bufcar, fe acafo intentaf:t~s. fe pafir o rio; e a todos os moradores que fe al~java5 fra das trincheiras, cultivando as can1panhas, ie dco ordem que acudifetn aos quatteis, que lhe ficaffetn n1ais wifinhos, no tneno infi:ante qu~ ouvifen1 tocar arma.
1
A x8.
31~
con1 cinco 1nil Infantes, it~teccntos gafladorcs, c feis pe- AnnO as de artilheria , que conduzi-ao~ t_rczentos llcn~ens do I 649 mar. Formou efta gente em doze Eiquadroens, c levava Sahc a d .. Joltos trezentos Indios , e duas Con;.panhias de negros, panha o 1 J .c , 1 e co1n gra!1Ge i~ego , e boa 10~ma nwrc I1ou na vo l ta ua Coronc Ennk. Barreta. 1 ranciico llarreto hav1a mandado Cltle todas as noites ficaflen1 fobre a IJraa algumas partids : ouviraOo run1or no Arrecife da gente que ie prerarava rara fahir, dera avifo a Francifco Barreto, mandou elle ajuntar a gente de todos os alojamentos, e pelas dez horas lhe efcreveo Francifco Barreiros Governador de lvltaibeua, que os Holandezes iem fazer alto na Barreta , man.hava pelo cannho dus Gararapes. Chan1ou J'rancifco Barreto a Conielho, e propondo o empenho etn qt~e efrava, fe reiolveo fem controverfia, que Jeguiffem os Ho1anclezes, Rcfoh-~ e peleja1Te1n com elles; porque na verdadeira doutrina mi- Franci;co . .c 1en1pre na o e1ct1Jar as occaJ.roens Barreto a - r ~r. 11tar d os fi 1 . CJ.t -r pc.; 1 1t1ac. or~s 10ra l1 d o confht1o; c que no eiLado em que fe achva, i e devia obfervar por mais forofas razoens , fendo in~ ro11ivel defenderem-ie ieparados, de pode1 tao nl1mero1o de inimigos : que' eftando unidos ' rarecia ttrr.cridade a pofia que detern1inavao fazer-lhes ; porn1 que aqudla guerra tinha os fundamentos ta fo1idos, que con1era, e continuava com o objeto em agradar a Deos, defrrulndo a herezia , e que efta f devia fer :~gurana inf2l1ivd da vk.l:oria. Anin1ados defte difcurio i e puzcra ern mar- Nuwero.e d?a cm dous n1il e feifcentos homens Portt;guezcs, ln- difpofidios, e J\1inas. Levava a vane-uarda o lvlefhe de Can1po <;a dos Francifco de Figueiroa com trezentos Infantes do feu Portu ..,ero: 1-egtua-1-e os M eures d e C ampo A nd re. vtua 1 com guezcs. ... n -1 l. outros trezentos , e D. Diogo Pinheiro Camara com trezentos e vinte Indios do feu 1,ero , e Hfnrique Diaz com igual numero. Fazia a retaguarda o JVIeftre de Campo Joa Fernandes Vieira com tnil e trezentos e cincoenta homens. As duas 1'ropas,que governava o Capitao de Cavallos Antonio da Silva, na tinhaolugar certo, defti... nando-as Francifco Barreto para acudirem ao mayor c_onflito. Os alojamentos ficra guarnecidos na melhor frma que foy pofiivel. X Ye:
or-
32.4
PORTUGAL RESTAURADO,
Pelas quatro horas da tarJe ch.!gou Francifco Anno Barreto a hum dos tnontes Gmarapes , ch.tmado o '"rireiI6f9 ro, notne que lhe da6 h umas arvores que nd1e 1~ criao. Havi1 o i.1i1nigo a efi:a hora occupauo outros n1ontes vilinhos a ~fl:~, e ~uJrneci.Jo os valles que ficav.\6 n1ais perto do boqueir.16, em que na batalha paiTada havia fido a mayor contenda. Obfervada a difpofia dos Ho1andezes , co:1f~rindo FLl'lci1c0 Barreto com os MeHres de C:lm,..,o a fnna em que havia de dar a batalha , pareceo aos M..!frres de Catnpo Andr ViJal, e Francifco de Figueiroa, que ufando-te do prim~iro ardor dos foluados, fe inve!Hfem logo os inimigos. Foy Joa Fernandes Vieira de contrario p:arecer, dizendo que os foldados canados da marcha, ainJa que tivefetn efpirito, na tinha6 fora ; e que era necefario que os Cabos attendefem igu.1hn~nte a hum1, e outra operaa6; que fe devia faz.~r alto, defcan1r aquella noite, aguardar os moradores de todo aquelle difrril:o ' que nao havia chegado, e que o Sol do feguinte dia lhes daria luz para fe deterlninarctn na frn1a etn que havia de bufcr osHolandezes: e que fe elles nao variaf~n1 a en1 que eftava6, elle feria de parecer que pela retaguarda fe atacafe a batalh_a. Approvou Francifco Barreto efr1 opiaiao, e os m~\is a L:Apro"a.-f~ gur.16 por bem fundada. Continuando o intento propoiorn~ao to, marchrao para o Engenho Novo, e entre efre, e F~rn~d~ outro , que chamao dos Gararapes, ficra alojados. J\1anVJeira. dou Francifco Barreto f~gurar todos os pafos, que os Holandezes poJiao bufcar para invefrir a noffa gente de noite, e ordenou aos C::tpitaens Francifco Barreiros, e !ilippe Ferreira , que com as fuas Companhias tocafletn toda a noit~ arma aos Holan:iezes por varias part~s, para que o defafoc~go os tiv~fe d~bilitados o dia feguinte. Naquella noite fe unira nofia g~nte muitos tnoradores , que efi:avao efpalhados pela campanha , alguns clelles montados , e todos com armas. Atnanheceo , e apparecrao os Holandezes forn11.dos no tnet1.no ~tio em que ficirao o dia antececleate. R~folveo Franciico Bar-' ret~ cfperar qu':! elles fe abahf~1n para os invdl:tr , ~ orJenou ao Capitao Antonio Roirigues Fran~a , qt!e eftlvefle
ie
I'.l!'RTE 1. LlP"KO XT. ~!5' t1vc!e avanado con1 duzentas boc2s de fogo ; obfet vando o n1ovin1cnto que fizcfem os HolanJezes t e que A11nrt naii perdd1e as occafloens que achafe rle lhe$ fazer dan!- !649 no. Ate a hun1a hora depois do meyo dia na fizerao os 1-IolanJ~zcs mudana algutna do pofro etn que cfl:ava. Nele temro comt:rao a ddoccupar o alto dos reonr~s, e Antonio Rodrigues Frana, entendendo ue fe retir~va rara a Barreta, avifou a J<'rancifco Barreto. Efia noti cia recebra os foldados com ardor , e alvoroo , e r a recendo-lhes que na dilaa de pelejar perdiao o triunfo da vk1oria , com reretidas vozes pedir ao a batall1 a. ~~ran ~ifcn B~l1Teto,querendo cotn grande prvdencia valer-ie daqudle f~rvor, n1andou tocar a invefrir. Havia hrrr. tiro de tnofquete de difrancia entre htinl, e outro rocEr, e obfervando Francifco Barreto os poftos que occupava os Holandezes , ordenou ao Mefrre de Campo Andr Vidai, que ~on1 o feu Tero, e algumas Companhias de Joa Fernandes Vieira marchafe por huma meya ladeira a occupar o alto della. Dava-lhe calor o Mefire de Cam J10 Francifco' de Figueiroa con1 o feu Tero , e o Sar gento mr Antonio Diaz Cardofo com trezentos Infan tes. O ]\1:elre de Campo Joa Fernandes Vieira con1 oitocento~ homens, feguido de D. Diogo Finheiro Camara, e Henrique Diaz, avanou pelo razo clo bcqueira; e o Mefire de Campo General l'rancifco Barreto , lfl!fiicio de algumas Ccmranhias pagas, e dos mPraccres da campanha , tOfllOU lugar em todos OS pof:os f'Crig<JOS, e co!11eguio o intento, remediando ao mt11To tetrro com At:>ca-fe . graill~e valor, e indt1flria acddentes rr:llito civertos. As "b., ..\oh.l liua~ 1ropas, que governava Antonio da Silva, mant~ou rle loccorro a Ancr Vidal, porque na meya ladeira, antes de occurar o alto , lhe orruzera os Holandezes. Qpizera elles ganhar outra vez os montes, que haviao deixado , mas na lhes dEo ten:ro o valor com que fara tebatidos. Joao Fernandes Vieira foy dos prirneiros que comera a pelejar : pertendeo ganhar o bcqueira , e achou que efrava guarnecido com fete Efqnadroens , e rluas peas de artilheria. N a o obrigou a brande orrofia a largar o intento , antes valorofo , e refoluto ,. def
ie
X ili
pr~
prezando o _perigo , e ajudado de algumas Companhias~ Anno que occultas havia mandado atacar os inilnigos pela reta~ 1649 guarda ' depois de alguma orrofia<l ' e de perder o cavalJo, e n1ontar em outro, os ro1npeo, e lhes ganhou ~s duas peas de artilheria. Na eftava nefre t~mpoocio fo o .1\Iel:re de Can1po Andr Vidal : porque achando na mey.1 ladeira valoroi r~fifti.!ncia dos iningos, lhe foy necdTario valer-fe de todo o feu valor, e do foccorro rle Anto:lio Diaz Cardofo, e Antonio da Silva com as duas Tropas, hum pela vanguarda, outro pelo lado efquerdo, e do Meftr~ de Campo Francifco de 1.:-igueiroa pela r~etaguarda, para desbaratar os Holandezes, que valoro:famente refifl:iao. Porm cedendo refolua dos nofos Officiaes , e Soldados , e ao valor con1 que Francifco Barreto etn todas as partes dava a todos exemplo ; voltra6 as cofias com grandiffin1o efrrago. A efi:a hora }~a vie! j ganhado Jo~lO Fernandes Vieira o boqueira, e iubia a hum monte que lhe ficava vifinho, em que efi:ava forn1:1do hum Regin1ento , que defendia quatro reas de artilheria, c tegurava as bagagens ; pofia a que ie havia_ 1etirado o Coronel Brink. Vendo Andr Vidal, que fe.-. guia o alcance dos Holandezes, que naquella parte era mayor o perigo, marchou a foccorrer Joa Fernandes Vieira: porm antes que pudeffe fubir ao monte, ie lhe opps no valle hu1n Regimento Holandez , que desbaratou depoi'S de larga oppofiao. Vencido efl:e perigo, entrou em outro mayor : porque os Holandezes , que fe l1avia retirado, tornrao a refazer-ie, e con1 hutn grofo etquadrao invefiira Andr Vidal, e pudera6 ~esbarat lo, a nao fer foccorrido dos Capitaens Francitco Beren- J guer , Antonio Borges Uchoa, Mattheus Fagundes , e Efi:evao Fernandes, que chegrao a tao bom tempo, que o ajudra a rebater efi:e primeiro ilnpeto. Portn cheganilo o .1\lefi:re de Can1po 1-rancifco de l::igu.eiroa, que pelejou em todo o con:flitlo valorofan1ente , com a tnayor prte do feu Tero, fara por aquella totahnente defbaratados. J oao Fernandes Vieira achando no n1onte va-i ~~;~~c;Y lorofa refifi:encia, reve ta bom fuccefo, que tirou huliink. n1a bla a vida-_ ao Cor>nel Brink , e edelldo a efre gol -'
j
325
PORTUGAL RESTAURADO,
re
327
A nn-3 mortos, q.ue lhes co.1c~deo. Coruo os Holandezes expe16-J.) riin~nt:a p~rdas ta confid::!rav~is, e Francifco Barreto
nJ
g2B_
49 f~n1 iucc.~der d~ hwn.l a outra parte aca digna de m~n1oria. En14. d-~ Nov.~mbro dcfl:e mefn1o ai1no partio de Lisbo ..l para a B1llia a primeira frota da Companhia G'~r::1l do Camn1ercio do Brafil. Fov por General del1a o Parra _na Con.J..! de CJfl:dlo-Melhor, que ElRey nomeou por Go~ rnllleua v~r:la(1 . . fuLa o or d aque11 e Ell. d o : por ieu A1mtrante Pedro Ja"'ua - Cu1_1d~ de c~ues de Magalhes, para voltar com a frota ao Reino. ~a~tdto -....... h~gou altura de Pernambuco , dco grande cuidado aos l\.edlOr a t{ I d , . -' rr , z;u,ernar _o an ez~s, d e qu~ 1-e 1"1vmrao, ven~o que pa11ava a Ba-:> bratiJ. J11a, aonde chegou a falvan1ento. Os Holandezes tivera6 grande fentimento de iber a nova frma qu ~ ElRey havia dado ao Cotnmercio do Brafil , peJa utilidade que perdia nas muitas embarcaoes que todos os annos to mava. 8u~cdro!t No governo da Cidade de Tangere deix~imos a dere ran.. D Gauao Coutln1 , e contu1uou aque1 e no l-,re excrctll. ""' . 10 . ..1 . 1 .. ... cio de fazer guerra aos Mouros- com nn1ita ac~eita~16 de todos os Cayalleiros. N'o principio de Maro de 49 i~ .. hio ao can1po ; e depois de entender que el:avaoieguros os pofi:os, comeando os moradores a l:on1cr as uti1ida""! des da campanha de que viviao , corrra os .i\1.ouros do fitio da Boca do Fro!lteiro : e foy ta;1tO de improyifo, que o~ C3valleiros, e todos os que tr.lbalhavao, i e rccolhraq corn grande defordem. I H tentou D. Gaftao firzer rofto aos Movros: mas achou ta poucos Cava!leiros que o acon11"'~anhafTem , que lh~ foy necefiario retirar-te cun1 muita prefa. Foy a confuia6 mayor que o clamno. 1'rnara6-fe a ajuntar os Cavalleiros perto da Praa, retirarao-fe os J\louros , e D. Gala rcp ehcndeo em pu hlico, como merecia , afperam~nte aquella deforden1~ Pouco tempo depois , corrrao os Mouros da meflna parte: mas com peyor fuccefio, porque os Cavalleiros, advertidos da reprehento do General, pelejra valorofamente, ajudados da Infantaria, de que c~ Mour06 rc,ebrao confi-
deravcl
.~,.,.
P1RTE I. LIPRO
XI.-~
-329
.cleravel pen.t:. O ultitno fuccdio, que D. Gal:J6' teve em . .1 angere , foy cm dnl.o de junho; rcrque fah~~''1 o a0 Anno campo rda porta Ja 1 raia, onlenou ~~o Ad~~~ r;ne ap- .~.0+9 f3rCC\IL~O OS J\'louros, t:ll1 (lll_alqu~r rart~ \~e_fcf:~, OS Jnv:fbffe, que e1le o toccorrena. Ddcohnrao-ie ieflenta - Cllfra da vida do Atalaya que os avifrou : av~rou o Adai1 , c depois de algun1a refificncia , os df~sbJrdtou : matou nmitos , trouxe outrcs prifioneiros , ctrflando as vi.das de dot1s CavaiJeiros ch~tnaL:os Gonalo Barreto, e Domingos Dias. Sahire16 nefl:e t~tnpo (a ferra feis .1\Iouros . .l a cavalio, voltou fobre elles o Adail , e fadlment~ lhe ]ar!!ra o campo. Retirou-h~ D. Gafta, e ac~'l'ou o fen Fim de governo a 10. ce 1'~ OYeinbr~ dcfte an.no. Procedeo nelJe ~~~~~r. a.;on1 o va:or que fi~l ref~ndo; na Ctd~de fez ~~guma~ ta.eprin. obras utets = refo mou as muralhas, abno o fofio, e ai .. cip1o ~m jentou naoue1J ..1 (.A"~ade a Redemt'ca do~ Cativos , que d Tangere ~ntes fe continpava na Cidade de Ceuta. Foy o primeLo- a ~edp Redemrtor o f:.tdre Frey :Henrique Coutinho Religiofo ~aat~,~~s da Ordem da Santiffima Trindade , qt~e com louvavel ze.. ~~. lo refgatou m.uitos Cativos. Sun:edeo a D.Gafrao D. Luiz Lobo da Silveira BGra de Alvito: (..he[ou a Tangere a Succede inte de NoYembro ; e por efhw D. G~-tfrao doente, Jhe no gon:r..: entregou o ~OYer:1o na cama , e m~ndcu receber ao Ba-no~ do E~- '"' , . rao e A,. 1:ao com grandL's f~fias, c rep-~los. Porem nao achand<? \ito, . ncll~ a conrei11ondencia sn~ lhe merecia, mal convalei .J.~. ddo , e cotn tempo ai}:1ero fe cm barcou para Lisboa, aonde chegou a iah amento. Comt.:cou o Bar ao a exercitar o f.:!n goYerno, c defe_jando d2r-ll:~ principio com bom fuc ceffo, 1n::mdou o Adail Rny Diaz da I'ranca cor.1 140. Ca vaHos aos Campos da Benai1ll , aonde tomou quantida~~ de g2do grofo , e algu1nas egoas. No n1efn:o dia viera o os Tvlouros a arn1ar ao Xarfe com cincoenta Cavallns, e ckkobrinl1u-fe antes de fc recolher o AdaiJ ,. cauiar~lo grande confufa na C~l!Jde; portn apparecendo ao 111e~mo o tcmro, rctir.irao os Mouros, e cl1e fe recolheo com a preza. Foy a fervi r com o Barao feu filho D. FrJncifco Lof.o da Silveira, e levou cm fua ccn:ranhia ao Doutor Alberto F:1es com orl.'em de vilitar as frontei ;a~ de Afii~a, c fyndic;ar ccs cu e a~ tinl1a govt:rnado.
J.
I ,
7 \ 7
ie
--
. -
Deu--
....
dentro de poucos dias teve com o Barao tal controverfia ; Anno que fe achou obrigado a ! recolher a Lisboa com pouc 1649 effeito da ua jornada. Os fucceffos de Mazaga do tempo de D. Joa Luiz de Vafconcellos havemos referido. Nefte anno nao houve algum outro digno de memoria mais que a fila morte, que fuccedeo no mez de J\iayo, podendo contMorte ~e la por 1nuito felice, acabando a vida en1 gloriofa guerra !?e{?:.~ contra. i~eis, e havendo mer~cido d~gno louvor no vaconellos Ior, e JUftta com que procedera. De1xou nomeados pa. ra Governadores daq11ella Praa, at ordem de1Rey, a Gonalo Barreto, que fervia de Adail , a Antonio Diniz Barbofa, e ao Capita J Gafpar Rodrigues , pefToas autho.. rizadas da n1eftna Praa. Durr..1 no governo quatro mezes, e chegando avifo a EIRey, notneou Nuno da Cunha da Cofta natural da tneina Praa , que tomou poffe della por carta delRey at nomeaao do Governador , que fuccedeo no anno feguinte. O mefmo aconteceo no Eftado da Iadia; porque os Holandezes continuava o focego fem alterar a tregoa, e D. Filippe M:1fcarenhas fuil:entou amigavel con... refpondencia com os Reys vifinhos at o fitn do feu go.. verno, quefoy no anno de 1651. tAnno O Conde de S. Loureno continuava o governo rla~ Armas da Provincia de Alemtejo. Alcanou licena 1 6~o delRey no principio defte anno para ir a Lisboa, e ficou.~ ~~'~le: governando em ua autencia o General da ArtilheriaAntejo. dr de Albuquerque. Tratou com grande cuidado das fortificaoens das Praas, que he o principal objetlo d~s que fazem guerra defenfiva. Andando nefra occupaao, teve noticia que os Caftelhanos fazia confideraveis prevenoens para a campanha futura. Fez promrto avifo a EIRey, de que refultou acudir com grande fervor a re parar o rifco em que eftava a Provinda de Alemtejo. Paffou apertadas ordens a todo o Reino, afiim _pa~a fe fazerem novas levas, como para que das Provtnctas fe remetteffem de Alemtejo os m1yores foccorros que fofle poffivel. Mandou ao Conue de S. Loureno que voltaffe a exercitar a fua occupaao , e deo a Andr de Albuqucrr . que
330
PORTUGAL RESTAURADO,
patente de Gt:neral de:1 Cavallaria , I cfro de c;ut: ! .havia ei(uf~lllo D.jo:1 nLticare~has Conde do SahugaJ, Anno 1~or t~ achar impediJo ("0111 fotoios en1baraos C. a !a ca- 1650 ia. Nomeou LlRey juntamente por l_;t;neral da Artilheria 1\'omca a Rollrigo de J\tliranJa Henriques, que havia fdo Co-l:JRcy vernador de Olivena. Ch~go~ a I:Jvas ? Conde de S. !r~t~~u~: Lourcno , e tendo verdacletr~ 1nforn1aa de que as pre- que Ge- vcn~s dos Ca11:elhanos era n1enore~ do que haviab af- neral da firn1ado as notiias antecedentes, 111andou o Commifa- <_=a,allario Geral l)uouitn arn1ar s 1-ropas , que aiJ!fi:iao no~~~~ c: Rdo. ~ . D 1 :,o e quart:!l da Farra, co1n as de Oh vena. enotou elle 111- Miranda 1na, de que ton1ou alguns cavallos. Nefie tetnpo nomeou da ArtiElRey para 1\lefi:re de C:unpo General do Exercito de lheria. .. Alt?~11tej? a D J~a da C?fr~ , que havia fi do Ge1:er.al da ~!~:o Arulhena da n1eh11a Frovtnc'a, em quem concorna tan- Mcfir de tas virtudes, como temos referido com menos enL:areci- Cam;o mente do que me:ecrao. I-Ia via ElRey primeiro refolu- Gt.:ncraL to que elle governaile a Provincia da Leira ; porm focegadas algutnas duvidas, que forao caufa deil:a pronloa, e ficando os dous partidos da Beira outra vez entre.. gues a D. Rodrigo de Cafiro, e D. Sancho Manoel, paf.. 1ou D.joao da Cofi:a a Alen1tejo nos prin1eiros dias de j\J ayo , havelu.1o-fe tamben1 efcufado da occuraa do Pofro de General da Cavallaria, para que E1Rey o nomeou_, pelo embarao qu_e lhe fazia o achaque da gotta, ue te lhe augmentou. deiorte , que ~eyo a tirar-lhe~ vida , merecedora de dtlatada duraa. Levou D. Joao da Cofia en1 fua con1panhia a D. Luiz de Menezes Author tlelra hilloria. H3via ihido do quarto da Rainra a fervi r o I>rincipe D. 'I heodofio , e tendo feu irmao o Conde da Ericei: a refoluto n1and-lo fervi r frov1ncia de 1~raz os I 1\tontes com o Conde de Atouguia feu primo con1-ir-ma, ficou em ~isboa impeido cle alguns achaques. In1-- paciente do defcanfo detenninou paffar India com Joa tla Silva Tello Conde de Av eiras-, a fegunda vez que foy ~ ~;overnar aquelle Eil:ado. Na quiz conient~!o feu irma6 J"'Or varios interefes da fua cafa, e baldados. eftes in;..! tntos, veyo a conieguir na doutrina de D. Joao da Coft. a mayor felicidade. Apartou-J.e 'om grande diffi,ulclade d-a-
331
!a
affi'
-~31, - PORTlJGAL RESTAURADO; a11iftenda do Principe, por haver criado grandes raize&' Anno no affel:o a communicaa de noveannos, tao continua, 1650 e venturof, que n'--n1 pde encarecer-te, nem a tnagoa faudoi deixa rhetorica para exprimir-te. Logo que che-. r gou a Elvas, afentou praa na Companhia do Mcfire de Can1po Antonio de Meiio de Cafho, que era da guarni-ao daque1Ja Praa. D. Joao da Cofra cotneou a exercitar o feu Pofl:o co1n tanta fdencia , e a8:ividade, que 1 desbaratrao os feus ven.bdeiros axion1as alguns dogmas, que fa1fas, e fantafiicas doutrinas havia deixado naquel:1e Exercito. Nefie tempo chegrao a Lisboa os Princi- . pes Roberto, e Mauricio, filhos do Conde Palatino, fu gindo de Inglaterra da tyrannia de Cromuel, e occnpou . a barra a Armada do Parlamento, intentando que lhes '.-na o valefe o fgrado dos nofos portos. E refolvendo El.. Rey heroicamente defend-los, mandou ao Conrle de S. Loureno que ren1ettefle a Lisboa os Teros de Antonio de Mello de Cafiro , 1\'lanoel de Me1lo, e Martim Fert-eira da Camara com 200. Cavallos ordem do CotnmifJ~rio Geral Duquifn. Suppcirao os Teros Auxiliares das Com:.ucas do Campo de Ourique , e Bja _a ~al~a . defra gente : e os Cafielhanos tendo noticia que i e dtmtnuia a guarniao das Praas , armra s Tropas de Oli- vena com toda a fua Cavallaria. Entrou de noite nos olives vifinhos Praa fen1 fer fentida, e fahindo a defcobr1-1os pela n1anhaa a Companhia do Carita Joa H o-; mem Cardofo (que j efiava livre da priza d~ Badajoz) :te achou cortado de muitas Tropas. Nao deimayou elle com aquelle accidente nao imaginado, fez cerrar bem a Tropa,e unindo-ie-lhe o Capita Guilherme Lamair FranIV Iorofa cez , que marchava de retem, romprao juntos valorofa .-e:irada mente pelos Batalhoens inimigos, e voltrao para a Prade Joa a, fetn receberen1 algtnn damno. Retirra-fe os Cafie~o:tfi1 lhanos para Badajoz. Paffados poucos dias n1andou o Con0 - ar o. de de S. Loureno a T americurt a annar da outra parte do Guadiana s Tropas daquelJa Praa con1 8oo. Cavallos. Sahirao as Tropas da ronda ordinaria de Badajoz, carregou-as Gil Vaz Lobo (que fervia voluntario) com cinco~nta Cavallos, de que ioy por Cabo, at as portas_ da
-~
Pra
P_ARTE . I. __ LIJ~Ro ~I. 333 Frac::t , a que i e r~colberao: tcn1ot; vmte, e todos fe ntid;ao fcn1 outro effeito. 1'americurt no dia fePt:!nte A nno derrotou du2s Companhias de CavalJos, que pd1a~;~ i e 1 6so J~adajoz para Albtllj_l!CrGt:e. Na entrada co Inverno tornou Conde de S. Loureno a alcanar licena para vir \"olta Corte, e ficou governando a lrcvincia cle AlrtT.tejo o Corte J\1efrre de Camro General D. joa da Cofia. Poucos di?s Mfi!u~ depois de dar prir~cipio ao feu governo, ioube por intel- ~0 ,~~n~ ~ ligen~ias , que ha~ta grangcado , que os Cafiel~.~anos jm1- Pro,inc~a tavao a1glltnas 'I rop~s, e qu~ efias an1c~av;-:.o a c~mp_~.- D. Joao nha de t;ailello de VtJe, e Iortalegre. Logo que recc- da Cufia. beo eil:e a'iifo , manccu tnard"ar de Elvvs o Capita c!e Cavallos Lopo de Siqueira , e deo-lhe orcem , que exanlinafle o tnovimento , que havia en1 todos os lugares de Cafie11a v~finhos a Cafrello de Vid~, e a fortalegre. Depoi~ de partiJo de Elvas I ~opo de Sist:eira , chegou avi1o no mcfn1o dia a D. Joa da Coil:a c1o 1\Iefrre de C:1mpo Gabriel d~ C1frro Barbofa Governador de Cafl:ello de Vide , de que os Cafrelhano~ entrava pelo Porto dos Cavalleiros do rio Se\r co1n ln[mtaria , e Cavallaria ; e que , egundo o can1inho qu~ levaya , parecia que marchava<i para a Povoa. Se1n d1laa ordenou D. J oa da Cofia ao General da Caval1aria Andr de Albuquerque, que com o refio das T ror as de Elvas , e com as de C1mpo Mayor marchafe a Portalegre a impedir os progrcfios GUe os Cafl:dhados intentaTem, e em feu feguimento ao J\lcfrre de Can1ro Gonalo Vaz Coutinho com o feu Tero, para fe encorr,orar com Gabriel de Caflro, e ambos con1 o Gent::rd da Cava1Jaria. N'efie ternro oLvio Lopo de Siqueira (que havia chegado a Arrond1es) huma pea de artilheria, e averiguando que fe difparra em Cal:e11o de Vide, encorrorou com as Trop3s que levava a de D. Fernando da Silva, q11e tflava de quartel em .1\lonforte, e marchou rara Portalegre, aonde achou a vifo de Gabriel de Cafl ro que os Cailelhanos ar.dava rebanhando o gado do Crato , e Alpalha , que marchai: fe na volta de Cafrcllo de Vide, e que meya legoa daque11a Praa o aguardava com o feu Tero , e a 1'ropa de Duarte Loco da Garnma. A.a:n1 o exeutou, e encorpora-
334
porados antes de cerrar a noite , ie etnbofcra etn o fi- Anno tio de Melriilo, faz-~ndo toda a diligencia por nao ierem 1650 ientidos dos Cafrell~anos. Mandou Lopo de Siqueira (Ioga que teve avifo das fentinellas que os Caflclhanos chegava) dous Alferez cotn quarenta Cavallos , con1 orde1n que carregatfern os bat~dores dos Caftelhanos , e que tendo feguidos das n1ais Tropas, os foccorreria fen1 falta. A vanra elles valorofatn~nte , e mandou o ComIniffario Geral D. Joa6 Jacotne Iv1a1lacan, que governava as Tropas Cailelhanas, que fiz~1l~1n todos alto, na que- rendo permittir , com receyo da embofcada , que feguiffetn os quarenta Cavallos. Obfervou Lopo de Siqueira eila dipofia , fahio da embofcada : e feguido das mais Tropas inve.ftio valoroitnente com os Caitelhanos. Antepuzerao elles o receyo opinia, e fem reparar quan to excedia as fuas Tropas em numero s Portuguezas, por ferem quatorze , e as nofas fete , voltrao as cofias. Seguira-lhe o alcance os nofos foldados at cerrar a noiDesbarata te; fizera 124. prifioneiros, fic.1ra6 muitos mortos, e L?po. de tomrao 140. cavallos. Foy hum dos prifioneiros o Capi... s,~e,ra ta de Caval1os D. Fernando de Godoy, e entre os 1nais rl~ c:~i~ alguns Ajudantes:- Thenentes, e Alf~rez, MafTacan ef. la. capou feguido de poucos CJ.vallos. Dos nofos foldados morrrao oito, ficou pafTado por hutna perna o Capita de Cavallos Diniz de Mello de Ca.ftro , e levetnente ferido Lopo de Siqueira. rodos os qu~ ie achrao nefra occafiao procedrao fem differena no valor, e clifciplina militar. A preza que o inimigo levava, que era groffiffi1111, fe recuperou , e r~ftituio aos lavradores que a havia perdido. Com efre luil:ro1o fuccefo deo D.Joao da Cofia principio ao feu governo ; e defejando aug1nentar o terror nos inimigos , que fe defvanece quando fe gafra inutilmente o tempo em fe celebrarem as fortunas confe Sahe o guidas, marchou com dons mil Infantes, e tnil e oito.. Mdhe de centos Cavallos, quatro pe.ls de artilheria, e deixando gam..Po1 Campo M:1yor na retaguarda , fez alto cinco legoas dabu~~;~a oa quella Pra1 entre duas colinas chamadas Dos Hermanas, ini.nigo. que ficava6 quafi en1 igual dil:ancia de Badajoz, e Albuquerque. Havia deipedido diante o 'Thenente General dJ
P ./1RT'E L LI Ir RO XI.
335
da Cava11:.ria 'T~111Lrh:urt com 6co. Caval1os a f::tstt [,r os ]urrares de Arroyo, e hlalpartida, dando-lhe 0rdem, Anno que k retirafe tao de vagar com a preza , que os Cal:c- 1650 lhanos tivefr~nl temro de ajuntar as fuas Tropas. A11itn o confcguio; rorque quando o rhenente General chegava a fe encorporar com eHe (que era ao amanhecer, trazendo dos dous lugares ht1n1a groTa preza, apparecrao trinta e dous Batalhoens dos CaHelhanos, governaos relo General d~1 Cav~IJaria D. Alvaro de Viveros, e 8co. Iafantes tirados dL1 guarnia de Albusuerque. Logo que fe deo vifra dos Cafrelhanos, formou D. Jo~ da Ccfia a gente que lc,ava com grande dcfrreza , e i~mtna atiividade, e exhortar(1o-a galhardClmente a peleJar, n1ard1ou a bui~ar os Cailelhanos , que coro<::vao lnms montes, cifrantes hum tiro de fllOiUete do itio fm que eftava. forn1 D. Alvaro Je Yiveros. ainda que trazia apertada Retira-fe orden1 de pelejar , fendo nelle o tetnor preceito mais D. ~~varo poderoio , voltou as coitas, e retirou-fe a Albuquerque. de' nel'oy ieguido d~s ndTas Tropas con1 rouco effeito , e D. ros. J oa da CoHa i e rc~olheo a thyas cctn a gloria do intento: e o rigor do lnvcri10 lhe divcrtio continuar outros 1nayores. A Provinda de Entte Douro e i\linho nao deo ef- succeffos te anno materia hiftoria. Voltou o Vifconde a gover- de Entre n-la de Lisb0--1 , aonde o deixamos, e attendendo con- Douro c fervaa dos povos , e regularidade do governo da Pro- Minho. vincia , ioube que o Conde de Santo Efreva determinava entrar poderofamente na Provinda de Traz os Mon.. tes. For divertir efie intento, juntou o Vifconde a1gu .. ma gente, arruinou h uma Atalaya , e fez cara a atacar o Forte d~ Filhaboa. Voltou o Conde de Santo Efrevao a reedificar a Atalaya , e divertio-fe da de1iberaaC: de entrar em Traz os .1\lontes. Depois defte fucceTo , recuzando o Confelho de Grou pagar a EIRey o tributo, que cfl:e, e outros lugares de GalJiza contribuiao por aquel1a parte, o mandou o Vifconde queimar : e com efre exenlplo continurao os mais ~m alteraa na paga do tributo. Naqu~Jla Provincia fe pafTou o r~fro defre anno com jgualiocego dt: huma, e outra parte.
PO-~..'l.TUGAL REST.AU RADO, As occ.1fi~s, que o ConJe de Atou guia teve em Anno 1~ra7. os 1\'l.ont~s, nao ford.6 tambetn muito coafideraveis: 1650 porqu a Cav::1lllria era ta pouca, que lhe na deixava Succdfos uC1r do alentado eil1irito de que era co1npofl:o. I-Iavia de Traz mandado par~-t Miranda 6o.Cavallos ord~1n do 1 henente Montei. Joa Pinto: teve elle avifo que lunna 1'ropa de 1elenta Cal:dhanos entrra no lugar de Paradel1a , marchou com trinta a cortar-lhe o pafio. Avifrou-os em Cafrella junto ao lugar dos Fornilhos : invefi:io-os, e desbaratou-os. Ficou prifioneiro o Capita da 1'ropa O. Pedro de Benavides, o ieu Alferez, e os 1nais dos foldados: parte delles ficra Inortos na campanha. E tornando a recupera~ a preza, [e retirou para Miranda. Os GaiJegos engrof... ra:S os feus prefidios com levas novas, e unio-Je a efl:a gente a da fronteira de Entre Douro e Minho. O Conde de Atou guia infonnado defras prev.:!noens fe preparou para a defenfa com grande aaividade. Fez avi1o a ~lRey que ordenou a todas as Provindas vifinhas, que o ioccorreifetn com a 1nayor brevidade que fofe pofiivel. Acudirao os ioccorros iem dilaao , e chegra prin1eiro que o Conde de SLlnto Efi:eva fahife em campanha. SaSahe cm hio elle de Monte-Rey com hum Exercito poderofo: campandha porm confrando-lhe das prevenoens do Conde de Atoude c~~nt~ guia, queimou na Torre de Arvededo dous lugares que Efieva fiavia6 outra vez fido defi:ruidos, e tornou-fe a retirar comtfe?H fem f.lzer outro damno. Depois de desfeito o Exercito ' coe eto. fahira6 de Monte-Rey 300. Cavallos, e 700. Infantes a correr a veiga, que banhada das agoas do rio Tamaga com deleitofa fertilidade contina at Chaves. Tocra arma as fentinellas da campanha, e o Conde de Atouguia, Sahe o que coftumava fero primeiro que fahia aos rebates, mooConde ~c tou a cavalJo, e feguido de I 8o., e de 200. Infantes mar.;. Atotugma chou con1 a brevidade que era necefaria para ll;I defcon ra o c, T . . T . . . inimiao, compor a ~on11a. opou as pnmetras ropas tnuntgas, q_ue r; re- inveil:io-as com grande valor, e derrotou-as facilmente; tarad com as mais fe retirra6 defordenadas para Monte-Rey: ficper a. rao n1ortos, e prifioneiros alguns Officias, e Soldados. Retirou-fe o Conde de Atouguia com feis feridos, en1 que entrou o Capitao de Cavallos Antonio de Ahneida Carvalhaes, que procedeo com muito valor. 1).
3 36
"
~O
.~
;337
partido da Beira que , governava, fc occl!lrou no principio defre anno.na affif- .Anno t~ncia de gro1Tas levas de Infantaria, que ren1etteo a Alen1- 1 50 Tejo para fuppriren1 a falta aue fazia naquella Provinda Succdros .a gente que havia pafTado a tis boa en1 oppofiLlo da Ar- da Beira. -rnada de Inglaterra. Re..:qlheo-fe D. Rodr~go para Aln1eida, e ajuntando logo que chegou duzentos- e trinta Ca-vallos, e duzentos Infantes, fez iem oppofia na canlpanha de Ciud.td Rodrigo huma grofTa preza .. Q.1ando voltou para Almeida, apparecra os Cat..:lhanos com aJgul!las rropas que D. Rodrigo rebateo , e fez rethar. Pa1:. 43ra alguns dias que os Ca:l:elhanos na-6 vierao tomar .J.jngua, ... e fazendo D. Rodrigo reraro nefia iip':?nio por ier eil:a diligencia 1nuito continua, confiando-lhe-que a tomra em Vai de ]a mula., ordenou s Praas mais vi.finhas que o dia ieguinte ao an1anhecer difparaffe cada huma dcll.as tres peas de artilheria. Porque , entendend ,.que as diipofioens antecedentes caminhava6 a fazerem ~os Caftelhanos algun1a entrada, guiz prevenir os lugares abertos com efi:e avifo. Foy o difcurfo ta util, que mar-chando os Cafi:elhanos cont mil Infantes, e quatrocen.tos Cavallos , ouvl.ra o efl:rondo da artilheria hun1a le.goa deMiucella , lugar aberto, e f defendido de hum Fequeno reduto, que prefidiavc1o cem moradores de que -o lugar conf.l:ava. O avifo da attilheria os obrigou a pegar nas armas , e guarnecer o reduto , e alguns a defen.der a entrada do lugar. Sufrentrao eftes o pofro largo efpao, e vendo que o na podia defender; fe retirra Retira.fe .para o reduto, em que tivera omelhor iucce1To: porque 115 Caildc . .D n . tanos d uran do c C011HICt.O Oito h oras , os C afrelh anos de i-enga:- Miucellae nados de poder confeguir a em preza , ie retirrao , dei- com per~ xando alguns. m.ortos, e levando n1uitos feridos-. Com da. - ; melhor fuccefo fizera depois defra outra entrada ror entre Efcalhao, e Matta de Lobos; porque depois de def- ~a~a 1"? truida a campanha, rccolhendo-fe co1n huma groffa pre- 0~ c~fi~o ~a, fahindo D. Rodrigo a querer tirar-lha, o Ha pode con- Corte, fcguir. Pedi o elle no fim defi:e anno licena a ElRey para governa poder pa~ar a Lisboa a curar-ie de algumas enfern;idades, ~-::~cho .que padecia. Akanou'!!'a ,. e ficou em f1;1a aufenc1a o par~ Provinda~
0
~- .
: .
tido
tido , que go~t""nava , entregue a D. Sancho Manoel. Anno D. Sancho, em quanto fuccedeo o que referimos, traI6so balhava com grande cuidado por moleftar os lug~ es dos Cafl:elhanos. Fabricou huma Atalaya , para mayor fegu .. rana dos moradores dos campos da ldanha: fez logo htuna grande preza, fem ll1a poderctn defender asTropas inimigas , q.ue o intentra = paflou a Viieu , a defpedir hun1a leva de gente para o Efrado da India, defra invencivel, e maravilhofa naa, que en1 tao pouco efpa- . t;o de terra produz hon1ens, que nao f a defendem dos I poderofos vifinhos que a rodeao , e que tantas vezes em va intentrao conquift-la , fenao que dividem a contender com varias , e bellicofas naes na Afia , na Africa, e na Amrica, bafi:ando ordinarian1ente a noticia de que pelejrao, para a certeza de que vPucrao. . Affiftindo D. Sancho em Viteu , vierao os Caftelhanos com trezentos Cavallos correr a campanha de Pe.. namacor. Sahio defta Praa o Meftre de Can1po Joao Fialho com o feu Tero , e o Capita de Cavallos Manoel Furtado com a fua Tropa. Adiantou-fe efte da Infantaria intetnpeftivamente ; inveil:ira6-no os Cafielhanos , ma tara O-no logo , e ao Ajudante da Cavallaria Francifco de Figueiredo. Acudio Joa Fialho, retirrao-fe os Caftelhano~ , e fara os dous mortos geralmente fentidos , por haverent fervido com grande valor, e fatisf.1a6. Tomou a D. Sanchu com melhor fuccefo; porque mandou ao Meftre de Campo joao Fialho com quinhentos Infant~ pagos , e Auxiliares , e duzentos Cavallos a correr a campanha de Moraleja. Foy fentido quando entrava ~ fahira6 os Cafteilianos a bufC~-Io, e pelejou com tanto valor~ e aceno, que os derrotou , depois de monos cenDcr~E>t~ to, em que entrou o Meftre de Campo D. Sancho de ~:o:Ja- lvlonroy ~ que JSOVernava as A !IDas do pa.rtido contrario,. Cafic:lha- e outros Offictaes.: Recolheo-te com muitos cava11os , e ~.. grande reputaao, fem perder mais que dous fo!dacoQs: EIRcy lhe mandou d.:tr por efta occafiao htlm efcudo de vantajem , e fez a mefma merc aos Capitaens de Cavailos Gafpar de Tavora de Brito, Joao de Almeida Lou! Ieno,. e .ao Sargento m~r AntQnio Soares da Cofia .. E
338
PORTUGAL RESTAURADO,
ie
)C PARTE I. LIPRO 'XI. ~ 339 fendo tao pouca a defpeza , com grande acerto cofi:uma ufar ~ Prin1 es defte~ efcudos para defenfa dos feus Rei- Anno nos. m . afrdhanos fiz ~rao huma entrada depois defte 1650 fuccelfo com quatorze Tropas~ mas retirrao-fe fetn algum effeito, pela vigilancia cotn que D. Sancho fe acautelava. Porm efi:as Tropas unir36-fe a outras de Alem-Tejo, e juntos mil Cavallos corrrao at Cafrdlo Branco, e defi:ruirao todo aquelle contorno. Fizera alto na Moraleja , e como efi:e Lugar ficava igualmente difrante do~ dous partidos, fez D. Sancho avifo a D. Rodrigo de Cafrro (que convalefcido dos feus achaques havia voltado de Lisboa para Almeida) do perigo que ameaava a qualquer dos dous partidos. Veyo D. Rodrigo avifl:ar-fe com elle, e depois de conferirem o que era mais conve- u fi niente para igual defent, aflentrao que D. Rodrigo osnd~~; com a gente do feu partido alojafe no Sabugal, fi tio don- Generacc de mais facilmente podia acudir a D. Sancho , e receber o da _Be~ra,e feu foccorro, fendo-lhe necelfario. Chegou D. Rodr"~o reurao-fe . J: C os Cafieao Sabuga1 , e no d1a ~egutnte teve av1 1o que os a e- lhanos. lhanos marchavao pela parte de cima daquelle Lugar. Mandou prornptamente efta noticia a D. Sancho: e logo que lhe chegou , fe ps em marcha , e em poucas horas ie alojou no Lugar do Souto, cinco legoas diftante. Conftou aos Cafrelhanos defi:a diligencia, e ajuftarnento dos dous Generaes, e confiderando o perigo a que fe expunha, fe depois de unidos os.alcanalfem, largara a preza , e fe retirra com grande prefa. D. Sancho por nao baldar o trabalho continuou a tnarcha at Alcantara com 400 Infantes, e 15'0. Cavallo~ : fez pafar quatro Tropas o Tejo por hum porto de que os Cafi:elhanos fe na receavao por fer muito vifinho de Alcantar, e ficou-o fegurando com o refio da gente. D. Simao de Caftanhias Governador de Alcantara , na vendo a Infantaria, fahio a cortar as Tropas, de que era Cabo Gaipar de Tavora, com 300. Infantes, e trinta Cavallos. Gafpar de Tavora fem aguardar o foccorro da Infantaria, invef- Gafparde tio com os Cafrelhanos , e totalmente os desbaratou ; de- dTavora c trrota go1ou mu1tos In1antcs, e trouxe 31guns cavall os, e as humaa Tropas conduzirao a preza que achrao na camranha, Tropas. Y com
340: PORTUGAL "RE~T/IURADO, . C:om qe D. Sancho ie retirou em encontrar .outra oppol Anno fia. Pafidos alguns dias teve avifo que 1Vfaffacan, Gox6so vernador da Cavallaria dos Caftclhanos fronteiros queJ1-e partido, tnarchava com algutnas 1ropas na volta de Valena ;-mandou entra]; cinco ~ governadas pelos Capi~ tajoao de Almeida, a correr o dii1ril:o da Ca1adilha ; que fe une aos campos de Coria , e depois de fazer groffa_ o Capi- preza, entrou no Lugar de Huelga , e rendendo-fe~lhe os ta.Joa moradores que fe haviao recolhido ahu1na torre, quei~ de Almci' da o-anl a mou o L ugar, e con1 a preza veyo b U1car a D . S anc I10 .,. Hu~Jga~ que o aguardava co1n a Infantaria no porto de Sili1eiros! Retirou-e , e paliados poucos dias annou s Tropas da' C;!ra con1 boa difpofiao; porm na lhe refultou 1nais eft""eito , que corr-las at a Prac;a; e to1nar-lhes na reta-guarda alguns cavallos. . ' ~ .r J , Cotn infeliz principio entrou a navegaa oefre anno; porque voltando do Brafil para efre Reyno Anto... ' nio T elles de Menezes , Conde de Villa-Pouca , com os nayios da Armada, que havia,. pela occafia referida, pafiado quelle Efrado , deixando entregue o governo de~1e ao Conde de Caftello Melhor , navegando para efre T ,_ _ Reyno na tne{ma n1ona. Pedro Jaques de lvlagalhes Geta ~~~~ neral da frta da Companhia coin dezoito na vi os de gi1er~ rn.ada de ra , e oitenta mercants , ie levantou hun1a tormenta na~ ;'~tonio altura das Ilhas, e con1 tanta furia cotnbateo o yento os) 1 elles de . " . Menczc~. navtos d a .t) n11a d a, que unm d o-1-- contra e11es to d.os os e Ie-- C:: ment<Os , defappareceo o galea Santa 1v1arganda, que governava o Capita Chamifla, fem- ie faber a altura em Perdc-fc Q CfUC ~~ Inerdra ,_ COlTI defctedito dos- Matheniaticos.. ror-"' a I , 8 t1a~~:~ga~- que parece que hmna f_ conftelaa. nau pdeCf111~Uzif.' rida. tantas creaturas a hutn n1efmo naufragtu, e ven1 a ier f ~nfaUive~s os-juizs Divinos. S. Pantalea, gove!.nado por S:!c~ccleo l). Fen1ando l,elles~ Mcftre de Campo -cla Armada, Je ~:e~~~~t~ percleona Ilha ,de S. ~1~guel. Af~og~u-ie_a n1ayor parte dak.1. e a gent~, pcrdenno-fe lUUttos Officlacs .. e ioldado~, '<{Ue pe-- S. P.edio lo fc-:.1 merecilnento fora- granlle fortuna- fulvaren1-e , e~cAm-. falvou-fe;D. Fernando Tellcs-, que, pelo defconcerto-das_: urgo. _ an:~oens que executou-, fora gran9e felicidade perder-fe~- . .- _- _P.orn1 os difcurfos- humanos na 1~6. c~lJ'iazes)de acerta_r..oa -; ycrda..
~ ~
verdade del::as diipofioens Divinas. Deo tan1bem cofta na tnefn1a Ilha S. Pedro de Atnburgo , de que era Ca- Anno pita Francifco de Sj Coutinho: falvou-fea mayor parte 1650 a gente, achando conuniferaao na terra, tantas vezes ingrata implacavel anda com que a folicitao os navegantes. O na vi o N oifa Senhora da Conceia, de que era Capita .Alvaro de Carvalho, e 'em que vil1ha em. _ barcado Antonio Telles da Silva, defarvorou das Ilhas Pcrac~te . o na\"IO para a terra, e correndo com a tormenta {e veyo perder na Cncci.Cft:t de Buarcos; (~ndo a prevena de Antonio Telles a6 ct!l e a fegurana com que havia difpo!l:o pafiar :J. efl:e Reyno que morr~ neil:e navio, que julgava pelo melhor da Anuada, aguar- co~ O.~ fl. ma11 an. d anJo largo tempo por eua mona, a que o conduzto toioTel morte, que pudra efcufar , fe ! na detivera r.. o Bra- les da Silfil. Mas C01110 as difpofioens dos hotnens nao podetn u. encatninhar-fe com melhor acerto, e o fuccefo depende da vontade de Deos , nao fe deve condenar em Antonio Telles a defgraa como defacerto ;-e he jufto fentir-fe acabar tao deprefTa quem merecia pelas ias virtudes vida mais dilatada. O Conde de Villa-Pouca con1 os tnais navios, e Pedro Jaques com torlos os que trazia fua o r- Chega Ja dem, chegra a Lisboa a falvamento, e comeou a in- fal~me tereffar a Junta da Companhia do Con1mercio a refulta :1~ 0 ~~f: dos grandes cabedaes que havia difpendido, e a animar-les deMcfe o Eftado do Brafil com a efperana de confeguir por ci:. nezcs. te canlinho a fua liberdade. Sentio fJRey a defgraa f uecedida, e divertio-o fena mayor pena, mayor embarao ; porque entrra no porto de Lisboa o Principe Roberto Entra oii General deiRey da Gr Bretanha, e feu irma Mauricio, Prncipes filhos do Conde Palatino , perfeguidos dos Parlamenta- Palat_inos rios depois do infeliz fuccefo delRey defunto. Nao crnLJsboa bailou toda a politica de alguns Miniil:ros delRey para lhe defviar o anirno da jufta commiferaa, e amparo de.l:es pereguidos Principes, prevalecendo a genero1idaJe Real contra o temor das numerofas Armadas do Parlamento. Permittio ElRey aos Principes o amparo do porto de Lisboa; porm na deliberou EIRey que pudeffem vender as fazendas detres navios mercants do Parlamento, em que havia.feito preza. E durando a controY i verfta
341
342: PORTUG.AL~RESTAURADO, Veriadohre eite pontl) at vintcdeJ.,Iarco ( na haYendo Anno ~do po~~el- a~s ~ri~1cipes :~~comnioda r nefre teri1po os 1650 1eus nav~os para ialur de Lrsboa, di!icrencia que EIRev por atalha_r o_ ~~penho qu~ lhe_1obrev~yo , con1 prudn~ t~. ponc~eraa<? apphcava) a VInte de Ivlaro appareceo en1 C.a1caeac p. '.Arn1da de Inglaterra .com c:uinze navios, de que era General Blac , pratico , e valorofo ,foldado. Chega Creceo co1n efra novidade c1n ElRey, e fets Miniitros Elac com a Confuf2., na Nobreza o defejo generofo de amnarar os a Armacl.a I) . . r: d. !' de rn"lannCipes, no povo, 1e1n 11_cu r1o, o receyo dos Parla~ lcrra.::. 111entarios, corno mais pQderoios. Chamou EJRey a Lisb~a .ptolnptamente os TerS; e Tropas de Alem-'Tejo, qt!e h2.ven1os no1neado ; n1andou prevenir todos os Lugares maritimos, nomearido para o governo de l'eniche ao Conde da Ericeira , para o de Setu vai o Conde do Prado, e a Cafcaes paffou cotn a mayor parte da Nobreza o Conde de Cantanhede. Vacillava os difcurfos dos Minii:. tros, e na fe-refolviao a 4eterminar negocio de tao re-' levantes confequencias; porque por huma parte era offender a f publica, e a hofpitalidade deimparar os Principes, depois de admittidos, e ieguros na protecao deJRe::y; e por outra fe devia attentar ao rifco infallive1 de . :. { quebr_ar com os r~rlamentarios , contendendo en1 Europa con1 as foras de Caftella , e na Amrica cotn as de Holanda. Qpando efra duvida parecia que eftava mais difficil Je decidir , an1anheeo s fotnbras cos difcurfos dos MinHrros a luz -do Sol da razao do Principe D. Theodofio ; porat1e dilatando os ravos da fua outrina, en1 breve curfo h~ via paffado- do O;iente ao Zenith, admirado de Jeus Pavs , venerado de feus Vaflllos, e efrimarlo das Naco~ns mais remotas. E.rao as fnas excellentes razoens refpeitadas como vozes de Oraculo' e aiiifiindo CClll E1Rey' e a Rainha em hun1 Confelho de Efiado pleno, referio eitas. eloquentes , e bem fundadas razoens. V~to _do ~,-Perfuado-tne que julgaria fuperflua qualquer Va-PnncJre .... -J, il: --' __. Jr. D. Thc:o ,, rao pru_u~:~nte e~ a e~:{J:ottaao a I1un1 R ey p~u dcntLI.!!lllO, ' dofio. , e a fim1Ihantes JVhntil:ros e1n hum negoc1o man1fefro. , OxaJ fora iperflua! l\L1s crefceo tanto o Machave1if:-' !l).d, que f os. ieus iequazes ufurpa o titulo de pru~ _r_ , I , deutes
3
-L'
. () -'PARTE I. IJI'f!'"RO
~\-I. 'C\.
343
, dentes .. P.ortn deixando cfl:a n1.1teria ; 1 traternos .do IW" gocio que fe propoen1. Floreei a h a pouc0 tempo o Sce- Anno ,_ ptro Anglicano dcb.xo do nperio de Carlo:. I.:_dig:J.itli- 1650 ., mo Rey da Gra Bretanha , quanJo por varias cauis da , antiga Rdigia ., e de nuH.iar jufiamcnte o governo, ~c ,, levantou a furio{ difcordb do.s. Parlan1entarios. Dc>r , pois de diYerfos.. e duvidofos fucceiTo~ foy prezo o , Rey legitimo peios fubd~tos;:rebcldes, e no principio , do ..lnno patTaJo cotn horrivel defatino, extraordinario ,; furor , vipcrina raiva , nunca vitl crueldade .. em Lon" dres_, em hun1 theatro. publico_, feuLloQ authores Far" faix, .e CrQtauel, (oh cruel, e iRaudito.:>midade! ) o , Rey lla Gra nr~to.nha pagou com a cabea as ~"'ena~, que " os perfiJos YaiTallos Inerccia' f com razau de ier pro'!' ,, prio a hum Rey ta grande entregar a vida pelos deli" t1os de feus fubditos .. Condu idos efl:es iuccefTos, todos ,_,os Prinaipes do.n1undo_ reconhecra ~Carlos II.- por le" gitimo fucceiTor , e Rey de Inglaterra.,.. o qual-mandou , lo~o. a efl:a Corte hum Enviado : chmado Lisla, que ,, offereceo cartas de Crena do ieu Rey, nas quaes lhe ,; dava authoridade para tratar com ElRey de Portugal as , propofioens feitas em feu.nome pelo Principe Roberto ,; fU fobrinho. Confultado- .efre negodo , delibercu El'' Rey meu fenhor refponder a Lisla com a fignificaao da ,, amizade atTentada com todSosingle~es ,-e que havia , de admittir_ livren1ente nos feus portos as nos daquel, la naao, iem difrina algt1n1a; e que poderia ven" der as prezas, e refazer-fede-qualquer cl.mnno, comdc" claraao, que as queehtrafieln nos portos, ou foflem , delRey, ou dos que fcguiao a caula do Parlamento, , lhes na feria licito fahirem del1es antes de paiTare1n tres , dias. Com el:e concerto entr3rao no porto dcfl:a Cidade , os_Principes Robe!to General de1Rey da Gr Bretanha, , e i eu irmao IVIauricio; trazendo em ua companla tres , navios tnercantis, tomados aos Parlamentarios, inten,, tando vend-los para ii.lfrentar os que os Jeguia. Occa,,..fionou el:e negocio grandes confufoens, pelo receyo ,. prevenido do Parlamento, e durrao efias duvidas at ,_o mez de Fever~iro paiTado. Nefre ten1po efrando Y i v , apref..
344
PORTUGAL""RESTAURADO,
, apreftados S Principes para navegar, appareceo a vinAnno , te de Maro em Catcaes a Armada Parlamentaria , que . 1650 , confiava de quinze navios ; e Blac feu General decla, rou por cartas que era o ieu intento pelejar detro do , porto de Lisboa com os Prindpes Roberto , e Mauri" cio. Vifta maduramente efra propofta nos mais iecre,, tos Confelhos delRey meu fenhor , fe detern1inou por , votos de todos , que primeiro fe irnpeddre com fuavi,., dade aos Parlan1entarios tao temerario intento; porm ,., que perfifi:indo nelle, con1 fogo , e ferro, fe lhEs refit: , ti fie a entrada da barra. Efte he o fafro , Prudentes. , A tt~na, e perfeverana no deliberado, foliei tos da , ~ofia rropria utilidade. At onde chegar a voz da nof;, fa tnaldade , fe 1e permittir a entrada da barra en1 fom , de guerra contra eites Principes? En1 que parte fe por , em fi lendo ? Na verdade aonde chegarem as aces dos , ParJamentarios , ahi foar a infami.'l dos Portuguezes. "Q9e dira as ,naoens efirangeiras , ~-quando fe lhes pro" puzer fitni1hante cafo? Aonde e.fl:, Lufitanos, a: , honra antiga, e o valor de vofos progenitores.? Por , temor quereis admittir a injuftia dentro de voilos limi" tes , e prezais-vos de exceder a todos em fer .magnani'' mos.?']a perdeis a antiga generofidade de voffos avs?~ , Ja Yos falta o brio , e ja fe auienta de vs a fidelidade? ,~ Nao vos envergonhais de entregar nas m5.os acrilegas ,, dos rebeldes, dentro de hum rio fechado, huns Princi,, pes recebidos como an1igos? He poflivel, que fendo os ,, pritneir0s na generofidade , e fortaleza , queirais fer os ,, prin1e!ros, ~defde o principio do n1undo, que degene... ,,. reis com tao intoleravel permiffao r Pergunto: que juf,,. tas~ e inignadas pa1avras lanarieis contra aq1.1elles,que ,~ kffeis nas hiftor}agantigas, que forao con1pr~hendiuos. ,. en1 ta grande n1:.dade ? Contra ys tncfmos dais fen,.,. t~!.1a condenatoria, na6 attenda1do jufiia. Por Di-. , -re~ta lK,tural, egentilko ie prohihe, que dentr0 dos! , port~Js ie intente pelej~r ; e- pelo divi!1o fomos obri,.,gados a dpfenler os hoipedes. Venladetran1ente enten- ,,.do , que aquelle que fe atrever a 1entir o ~ontrario, :,,. deye .fer o1~1. razr julgado por impio. M~,havelifta. c - ., t"f ~ ~~ , Co-
i6 rebeldes, e por . , hum va tcinor determin1is rdi.fi:ir verdade conheci- Anno , da, p~ccando ~o1~tra. o Efpirito Santo, cui1"'a de ql!e 1650 , nefte 1eculo nao iercts perdoados , e no outro recebe" reis cal:igos eternos ? A fflig is-vos com o temor do po-,, der dos Parlamenta rios, que manha ~ ha de defva , neccr, e gran';;eais por inimigc s ElH.ey da Gr Breta" nha , os Rey~ de Frana , Dinamarcd , e Suecia , e p" de fer que provoqueis contra vs as Arm3s de Holanda. ,, Certo que ereis dignos de vos_ reputarem por dou dos, , ie tal executardes : pois nao ter poffivel acharem-ie ,, outros, que figao igual deitino. A prova Jcfta vera,, de he evidente. Os Francezes tem denunciado guerra ,, aos Parlan1entarios : EIRey de Dinamarca he primo fe;, guno delRey da Gr Bretat~ha : ajuda-o a Rainha de , Suecia con1 dinheiro, e armas ; e he voz publica que ;, detern11na cafar con1 o Principe J\laurkio : os Holande" zes tiverao muito tempo en1 fua companhia ElRey de , Inglaterra , e he notorio o ~fircito parentefco que tem , co1n o Principe de Oranje: clama o pov_o que fe defen ,; dao os Prncipes que efrao debaixo da iombra das azas ,; do nofio Rey Sereniffirno ; e que ; nao bafrarem os , termos fuaves, fe Jefendao con1 ferro, e fogo. Qyan" do ouvi!les que os Principes ie detinhao contra vonta, d~e do povo, o quizeftes feguir; no negocio prefente , Iiao fazeis cafo do feu voto, rara moftrardes com evi'' dencia que obrais com paixao = fdzendo efra opinia in, fallivel com a indigna re1rofta <:Ue dftes ao Enviado , delRey de Inglaterra, que veyo tratar da raz ; e que,, rendo admittir contra a fua Arn1ada,recolhida nos nofTos , portos , a dos Parlan1entarios. Q!1ereis que vcs dig~ o , que he ifio? He arrojar-vos a ht1n1 precipcio~ por vos. , livrardes de hum touro que vos invefre.:r\ a tendes 'ltle , tetner os abomina veis Par]amenta-rios, porque vemos. ,, l!lani feftos todos os finaes, qu~ ameaa a fua runa; ,, tendo o primeiro o terrivel influxo das E11 relias., e ,., aquelle Cometa infauflo, que appareceo em J~ondres, , que- affitn como profirou a grandeza de C_arJos I. , e ore" duzio a hum func.fl:o theatlo,. cortsda., e-<.lividida a~1,. bca 7
345
beqa , tam bem fLgnit1cou que o Parlan1ento t::m. ella mo r rer hrevem~nte: econftar,1-aqnalqucr Ail:rologo tne-diocreJnente douto, que com a certeza que pde haver nos difcurfos hun1anos quafi no anno de 165I.fer diminu ido o t1oder do Parlatnento, e at o de 1655. entrar en1 Londres triunfante Carlos II. E tudo ifro, que affir.. , 1110 , confta con1 evidencia aos que tetn obfervado o naf"cimento delRey, e da nova Republica, e revoluao dos , annos do n1undo. O fegundo final foy hum grande terre" n1oto, de que fe originou hun1a terrivel tcmpefrade no , mar de Holanda contra a Armada dos Parlamentarios, ,, que levou muitos navios a pique .. e a p~fte, que cofru" n1a fuccedcr aos terremotos, af.fligio em Irlanda de tal , frte o Exercito de Cromuel, que nao pode cntintJ.ar , a expedia , que intentava. Platao obierva a raz~.. dos _ : ,, numeros feptenario , e novenario , cujo quadrado t , 49, ~ nefte anno comeou a tyrannia Anglicana: mui.. "tiplicando-:-fe fete por nve' fica 6)., e defre numero , tirndo-fc o quadrado de fete fica 14! Bufque-fe a r~iz , defre quadrado, achar-fe-ha menor de quatro, .Ta.ntos , parece que durar efta Republica. Deixo as inteftinas , caufas da fua rui na , por ~rc1n a todos notorias : referi:- . ,, rey f .as palavras de hum politico accotn111odadas ao ,, gove~no nlix~o, qual he agora~o de ~nglaterra. O Efta.. , do Intxto ( dtz elle ) perturpa ie na for temper~p- lJ<? , n1odo que conve1n , como perturba a harn1onia da M u" fica algumas vozes diflonantes, fe quizerem, e pude" rem mais que os- outros, aquelles que na o convem , fe , forem exceffivas as caui~1s que devia fer moderadas, , fe elevadas as que devia fer iguaes. Confideray, vos , peo, que vozes ha m;1is diflonantes , que a.s dos Par" lamentarias. Sendo infieis, pedetn aos Inglezes jura" mento de fidelidade: manda oao Sun1mo Pontfice huma , ridicula en1baixada , . pedindo-lhe que ordene aos Hiber,; nios fe unao'conl elles, e que lhes concederoliberda4er ,.,. de confciencia. Pertendcn1 do Sereniffimo Rey de l'or~ , tugdl , contra o Direito divino , natural , e das gentes,, ,, livre entrada nefi:e porto, con1o inin1igos, contra os , Principes Roperto, e Mauricio, danqo-lhe titulo de obra : r 1_ i u , juf-
346
PORTUGAL RT;ST.AURADO,
347
vergonhol:t de fi~ dizer, quando mais de 1 ;, fe executar. Elas tres vozes di1onantes contn1 no Anno ,, 1~ritono. O que in~ica que pouco n1~~is dtn:ar de t_res an,, nos a vida defra dei ordenada Repu bltca. E ne.il:e feritido ,, Yus adn1odto na tnaculeis a honra dos Portuguezes ,, ategora inviolada ; porque efra penniffa pronofl:ica ,, a voht ruina. Para que na fucceda, peo que fe con,, fundao os Confelhos de Achitophel. 1'udo experimen- ,, tay,. n1as elegey i o que for hon1. Prepon~eray as ,, cautas, attendey as occafioens, procuray a juha. Vs , a adnlittis , efi:ando pela parte dos Principes , e-deJRey ,-,'de Inglaterra, fe na o efrais de todo fetn juizo. E ie na o , podeis favorecer a cauC1 1nais jufta, ao n1enos nao a "dei2mpareis; para que fe nao diga que intentais otfen,, d-la. Chriil:o inculpavel perguntava : Qpe dizem de , n1im os homens? E vs, que nefl:e fato :~guis o catni" nho da n1aldade, na quereis coniderar, que dira os , homens; na vos atemorizem as invenoens dos Parla" menta rios : fe fe forem logo , fucceder-nos-ha ben1 ; ie ,, quizerem pennanec~r, eu vos feguro que o n1ar, e o ,; vento os lancem dos no fios. portos ; porque a raza ha , de pelejar, pelo que fe tem deliberado , e re1a , e pru,; 4ente1nente fe confidera tudo aquillo que com a jufria , ie confirma. O contrario f fe fufrenta pelo impio Ma- L , chavelifrno. Ql1ando alguen1 diz que obra com reta ,. razao toJ.as as couias, e na fuccedem c0nforn1e j ra- '' 1 ' ,, za, n2o fe ha de pafTar adiante, mas perfeverar no , que ao principio ie decretou. O meimo admoeita hun1 m , prudentiffimo Capita , dizendo que em quanto houI , ver a rnefma razJ., ha de perfeverar immutavel , cm "l , quanto duraren1 as n1efinas caufas ; porque he fentena , de hu1na penna excellente , que o ibio deve confiderar ,,.huma, e outra parte da fortunJ.; e que fa incertos os ( ._;~ ,, fuccefios, pofro que fejao certos os confeihos. Com e!:.' , tes fund~u!lentos direy o que finto. Com nli_I ohfequios ,. ,, e termos fuaves fe devetn abrandar os animas dos Parla" mentarios , para que defifrao do intento cot:neado , , propofios conforme o Direito commum , os concertos. , cell!brados ha pouco ten1po entre as duas Coroas :: por" que
ie
leso
, que ainda que elles fe confritua6 fucce.Tores do Reyno Anno , de Inglaterra, n1 nos toe~ dedJir efta 1nateria entre. I 6so. , os Parlamentarios, e ElRey; e affim fica f li.cito guar" dannos os concertos feitos com an1bos. Se com tudo , , pertenderem entrar no porto contra nofa vontade , em , nenhu1n caio devemos deixar-nos opprimir das fuas ar" mas, antes rebat-las; porque fempre foy jufto impu" gnar a fora com a fora, e depois nos fica tempo para ,. n1anifeftar o excefio dos Cabos da fua Armada. E fendo , conl:rangidos defenfa natura), efpero infallivel a vi, toria. Ifto he o que julgo mais conveniente, e nunca , me deixar;;!y vencer de ms opinioens; porque f qnel ,, las que forem boas me faberey fujeitar. Phocion, fuc" cedendo felizmente hun1 negocio contra o que elle ha-. , via perfuadido, perfeverou ta conftante no feu pare.. , cer, que dife en1 huma elegante Oraa, que ale- , gtava muito; porm que o ieu confelho fora mais ben1. , fundado , e mais prudente. E ju1g;.lndo o pare~.:er con-. , trario por mais feliz, avaliou o feu voto por mais fa .. , bio. As mefmas pizadas figo ; porque quando ie na : ,, conformem todos con1 a minha opiniao , fuccedendo , profperamente a contraria, efpero ier como Phocion, ,,julgando fempre o meu voto pelo mais bem pondeTudo foi, rado. t efcrito. Efta oraao, e outros papeis elegantiffimos ;_" p~lo Prm- que eu tenho em meu poder da propria letra do Prncipe,~ fi~~u~ta- P~rfuadira o animo delRey protecL1o dos Principes tin~. cm Pala tinos. E depois de differentes propoftas conl o Geneque fe ral Blac, perfiilindo elle na detenninaa6 de na valer mo~ra fi aos Prncipes o fagrado do porto de Lisboa , 1nandou ;r;;:~c~~ ElRey apparelhar 11Uina Annada de treze navios, de que fez General a Antonio de Siqueira Varaja, antigo, e ~:gu~ E~~ valorofo_fol~ado ' e elegeo por i~u Aln1irante .a D. Pedro recir de Ahnelda UIJ.la fegundo do Conde de Avintes'- que Prin.:ipe. havia chegado da India por (;:lpitao mr das nos. Hia c aprdla- por Capitaens de Mar, e Guerra, de Santa Cruz, Joa fc d.'A..r- S;1ramenho; de S. Pedro, e S. Joa, Joa de Figueiredo ma a. Napoles; de NoTa Senhora da Natividade, D. Frandico de Soufa;- de Nofa Senhora da Efrrella, Jorge de,
34S
PORTUGAL RESTAURADO,
ie
do
'.1
Mef-
349
Gago da Camara ;- de S. Loureno-, 1\1anoe1 .Pacht;co de Anno Meiio; de S. Franico:, Sim.16 Corre~ da!~ ~ibra; de S. 1650 Jorge' ~lano~l Lour...~no ; -~e s . ~~:l~- _Bauttfca. Tvlano:l ')bra I ftJvares Galvao; da CanJ,elana, Ftd~l:llco Je}3nt~) F~er- .;.,, 111 t re; e de N ~ lSenhora d;,~ Efperana, ~ancho D1az ue ~al- c,., :J~ tlanha. ACapitania er.a ~antoAntot~~? de 1\laz.a.e:a, a o:.. ',rr~=> Alnliranta Noi1a Senhora d ..1 Luz. 1 l cdas as nuus pre !f. n:. 1 venoens conrefrondra a? <:mpenho ctefra en1pre~a. Os .i Prindpes Roberto, e Ivlauncto, ~Jegres .con1 ei~e iocco~ro, dadas todas as ordens neceilanas ,. e guarnecidos muitos dos feus navios com a Infantaria que havia chegado de Atem-Tejo, ihirao as duas Eiquadras a bufcar a Arma~ -~~. -~'"' da do Parlamento a vinte de JulLo, con1 ordem que na - !.. ' ralatrem Jem dos Cabos; porque pelejando entre el- . ks. poderiao confegui~ I!-1ayores vantajens. Os ~at~ ..1men- ~1~~-r~~~ ta nos~~ tanto que vtra tahn a Armada , levantarao as an- colhe-fe a coias ; e ie fizerao ao mar ; e fem outro progre11o to r-= Armada . nou a recolher Armada. E havendo algumas pefoas.quego.
ie
~ella aquell1S q~1e cofcuma fun~ar_as _,eiperansa~ .da ~e~~~~~o it1a n1elhora nJ defgraa alhea, attnbuuao ao dekutdo ,:de Silltu:ie on1ifl de Antonio de Siqueira , recolher-fe a Armada ra. kn1 peleJar , que pudera confeguir ( con1o clizia) co1n muitas vanta_jens. Dando E1Rey ..:recito a efta rnui~n1uraao , de~s Antonio de Siqueira do governo da Armada, ( aggravo de que elle fe fatisfez com a fineza de feT torfh.'lr a einbatcar por foldado de Francifco de Brito Frei- 1 1 ~~0: ~ re) e elegeo em feu lugar a Jorge 2e MeHo, que con-,crnad~ fervava o titulo de General das Gals. Ficou por feu AJ .. _por Jorge mirante l). Pedro de Almeida. Dentro de poucos dias fi- de Mcllo. zerao as duas Armadas feguncla ihida, na com melhor Dcarotaft_Ic~eiTo ; porque ainda qHe os Parlamentarios ~ que ha-- fc a nolfa V}ao da~io fundo ontra vez na boca da barra, fe fizerao.Annada ldgo ao mar' te" .levantou hum teinnoral .ta rijo' que com a A t e 1 Jhou to d a a no fi a 11..rmada , de que afgutiS navios fo- tormcnta.pa ~6 dar ao Algarve, c p~rlecra- os rnais~deiles {!.randes. ~1orre. D. c . Francrfco lilcomm od.;d aues ~pe ) a_. 1a1 _ d e. prevencoens ,. e ~mantt- llC , .ou f:a "' -l . c] ta " mentC's com que f a h trao. o no. Correndo tormenta encon- ptrde-fc trou D. Fraqciico. de Souf~ parte da Armada .do Earlamen..~> leu na~ : nj!... to : \'io.
~
l;:
to ; porn1, na reparando na grande defigualda~e d<?. poAnno der ... pelejou ta valorofamente , que o navio fe nao renr6so deo em quanto elle teve vida, que acabou com a rnayor [4 d parte dos que o acompanhavao. Teve melhor fucceflo ~~~m~~~ Manoel Pacheco de Me1lo; porque achando-fe na boca da Pacheco barra entre a Armada do Parlamento , teve tanto acordo, c~m ,alor, que ligado o navio ponta de h uma e{ pia, m_andou a ou .. e ~nduf- tra para terra , e defta forte pele_iou largo ef pao com a tna "lh . r. . artt ena , 1em os Par]amentanos 1-e atreverem a atrac-lo,. com o temor de que ufndo da prevenao , que elles vi.. r-a que havia feito, obrigaria fem falta a darem cofia os que o atracafiem. Socegada a tonnenta ., e dividida a Toma Armada , dera os Parlamentarios vifta da frota do Bra... os Pari~- fil , de que levrao quinze navios ; e comeando o Invermc:ntar~os no a entrar com grande rigor, largra os noffos mares, 1 5. navios d fc h , _, r. ] . d p. . r. " _. da frta. e e em araarao a 1a u a aos "nnctpes, gue 1egull"ao a Sahem os fua derrota, partindo com o devido reconnecin1ento dos Prncipes. grandes beneficias que recebra nefl:e Reyno : pois deps EIRey , ( iRftancia do Principe D. 'J'heodotio) f por foccorr-los, muitos, e relevantes interefes politicas. . ~ ~ Os negocias de Frana na tivera efte anno mu~ . dana. Affiftia naquella Corte , depois de fe aufentar deila o Marquez de Niza, Chrilova Soares de Abreu, como fica ref~rido, eas alteraoens daquelle Reyno, que occafionou o demafiado poder do Cardeal Maffarino, na , davao lugar a mais negociaao, que a de fuftentar-fe a ~ amizade contrahida, e ajuftada por tantas confequencias , . relevantes. As diligencias de Roma havia lido por todo$ os caminhos ta infeJices, que defenganado E1Rey de que era impoffivel confe~uir o re~urfo que clefejava, fe difps a obedecer ao Summo Pontifice, como fempre havia executado; em todas aquellas materias, que nao oftendia os privilegias da Coroa, que em confcieuda ef-. tava obrigado a defender , confrme os pareceres dos ma:-. yorc:s Letrados de toda Europa, e a ufa r de todas as inf-tancias que etn Roma lhe podia fer permittirlas : porm abfteve-: das negodaoens, que entendeo podia mo.. t leftar
J
35'o
PORTUGAL
REST~{(JRADO,
3SI
1~0
Ieftar ao Summo Pontitice. E como nefta materia nao .ho1:1ve mudana, poucas vezes teremos occafia de tratar Anno Francifco de Soufa Coutinho, por lhe nau l1avcr chegado ainda fuccefior, continuava em Holanda o~ mais importantes negodos ' que neil:e tempo tocava cnroa de Portug..ll. Os Holandezes , fentidos dos ieus artificios , bufcavao os caminhos mais cxtraordinarios para decifrar as iuas propofioens, a que difficilmente ie atreviao Intema6 a dar credtto. Para f-a htrem defr a d da, gan1 ' -' 1 .UVl 1arao 1un1 os Holandcze:t cocCapitao de Ca vallos Francez por fer caiado com hun1a romper 0 Zelandeza, e o perfuadra a que intentafie corromper a Secretario fidelidade de hum Secretario de Fr~ncifco de Soufa , tam- d~ Fedobem F!ancez, promettendo-lhe grand~ fatisfaao, fe aca- s 0 ~~a. c fo conieguifle entregar-lhe o Secretario as cartas que ElRey lhlefcrevia , para que examinadas , e tornadas a pr no mefmo lugar, pudefiem averiguar os termos a que podia chegar com as propofi:as de Francif~o de Soufa acredulidade dos Efl:ados. Tomou o 1:rancez por fua conta a diligencia , obrigado das promeflas que lhe fizerao : bu:. cou o Secretario de Francifco de Soui, offereceo-Ihe, confnne a comrnifao que trazia , larguiffima recompenfa. Diffe-lhe que lhe daria moldes para falfificar as chaves, e que a importancia da materia era a melhor fiana do fegredo, com que nunca podia perigar a fua reputaa<>. Refpondeo o Secretario , que o negocio que lhe propunha era ta6 grave , que era necefirio tempo pra confiderar nelle ; que brevemente lhe daria a refpofta. Logo que o defpedi o , procedendo como devia, deo conta a Francifco de Soufa: e vendo e11e aberto o caminho, Dcfcob affun de totnar jufi:a fatisfaao do engano que os Eftados ~ s~c~ctalh e quenao 1azer , cotno d e u1ar d e novos artt cios para tento m -' c c. fi no fi impedir os foccorros do Brafil , deo ordem ao feu S~re- deli:~u a tario (depois de lhe agradecer, e remunerar a confran- Embaixa.: cia da f ua f) para que reflpondefe ao Capita , que 0 d~r. cm r:. r. ut111dade h avta tentad0 7 que peflUad" d0 daS ~UaS razOeflS, dando- dQS nca~ 1 lhe chaves por moldes (que Jhe entregou) fe obrigava (;ios. D a lhe d_ar todas as cartas que EIRey eicrevia a Frandico de Souia. Contente dcft~ refpofta fe partio o Capitao ,. e o ten11
tem p que fe gaftou etn ie forjarem .. as chal~S,. n!,:Anno . pregou Francifeo de Soui em lanar fobre finaes:em brarii 6so c? , que tinh~ de!Rey, as order~s que -~oia fer Jl!ais a_1uftadas aos teus Intentos, e ma.ts forotas para periua.. di r aos Holandezes a darem credito s f uas propofioens. ;Viera o as chaves, entregara-fe as cartas; e foy ta' util efte na imaginado accidente, que fez fufrender hun1a Armada , que efrava prevenida para o foccorro de Per;.,.: _.. natnbuco.. 1q _ _ ;. b u a Francifco de Soufa nao attendia f aos cuidados ) r.u que tocava a fua commifa: porque confeguindo ver._ dadeiras intellit?encias de varias negociaoens., que os Cafielhanos faz12. contra efte Reyno em todas as partes I de Europa' alcanou que a Armada dos Par]amentario~, queefi:eve fobre a barra de Lisboa, fora fomentada pel:I diligencia dos C..'-lfrelhanos; e que para iegurar a empre.za, haviao dado a entender aos Inglezes ,- que .huma Armada que prevenira6 , e depois (tt!ou. Porto Longon-, era contra Portugal. Ao continuo trabalho~ que Francif~o .de Souf<1 padecia em Holanda, fobreveyo hum accidente, que lhe ps em contingencia a vida, e a de toda a fua fa-Inilia. E1ando huma 1nanha em fua . cafa com o Refiden- . te de Frana, fuccedeo que parando .fua potta _hum cocheiro Holandez , que havia fido feu criado, lhe apontou por zombaria hum mochila Portuguez huma efpingarda, perguntando fe queria que lhe atirafTe. Refpondeo-lhe o cocheiro que fim, entendendo que efl:1va def~ Amotina- carregada.. Dif-parou-a o mochila , ignorando que tinha fe o povo hun1a carga_ de tnuniao, ferio. o cocheiro na cabe~a-, e c:onbtra. 0 rofi:o, e ao eftrondo fe a;u ntou tanta gente,- GUe ;, fem Em r. c ' 11." dor. a1xa- mais ~au1a que v_erem' as- _tenoas, tnvt;uua. a ca 1-a d ~ Franctfco de Soufa. Refifi:to -elle , e os feus cnados o pn..;. ,.__ me iro im_peto , e n1andou cerra r as portas. Crefcco a gen-= ._ te, e na fora do con1bate foy foccorrido do. Capita da '' >-t Guarda do Principe de Oranj.e coiu: hu1na Companhia, _:e querendo focegar os amotiliados con1 palavras, crefceo o perigo; _porque o fizera retirar s pedradas da janella, e c~merao a bater con1 tanta furia as rortas con1 hum 1nal:r.o , que. 1;-econheceodo Francifco de Soufa que Jla~ -J,.J .... 0 .. ~ era
. ."O
n
J
;35'2-
PORTUGAL R.EST./JURADO;
'I
-35'3
erao capazes de rehltir , mandou abr-las. Sahio contra a furia do povo o Thenente da Guarda com alguns folda~ Anno dos, fez retirar o tun1u lto , e recolheo-fe com algas feri- 1650 rlas. ~-anto que cerrou a noi te , tornou o povo com mayor furia : porm havendo-i e reforado a guarda de c~fa oo Embaixador, e fahindo a rebater o afTalto dos amotinados, os maltratira deiorte, que matando huns, e ferindo outros, os obrigra6 a defifrir de todo da em preza. Os Minifrros dos Eftados mandra6 acon1elhar a Francifco de Soufa, que ihi-fle alguns dias da Corte para divertir o defafocego do povo : porm elle refpondeo , que o fucceffo pafado nao fora accidente de qualidade' que o fizefie retirar de fua cafa. Poucos dias aJufl:io nella, porque a fete de Setembro chegou. a Haya Ant~nio de Souia de Macedo , que EIRey havta mandado fucceder-lhe com titulo de Embaixador ()rdinario. J'randfco de Soufa Pafi"a Fr:pafou brevemente embaixada de Frana , como vere- citeo de n1os, e os Efrados tivera o duvida em receber Antonio de SoE ubfa i~o~ , r. r 11. d ,. rnaa 1 :::ia Lha , 1em moHrar o r em para conc1u1r os UJtunos capt- dor a Fr-. tulos da paz, a1Tentada, cotno diziao, com Frandfco de tla. fica Soufa ; e depois de varias quefroens, foy admittido. Pou- cm Hol:.. cos dias depois de chegar quella Corte, morreo nella o ~~o A;etoPrincipe de Oranje de bexigas. -Soufa de Em Londres nao havia Miniftro delR.ey depois Macedo~ cle fe retirar daquella Corte Antonio de Soufa de !\lacedo : e affin1 tornaren1os a bufcar na America os fitiadores co .A.rredfe. Com o felice fuccefo da fegunda viloria , ga Succefos nhada nos J\lontes Gararapes aos Holandezes , deixmos do J3rafil! em Pernambuco o Mefrre de Can1po General Francifco Barreto. Sentido S~gifn1undo de tantos cafos adverfos, :1~licitava tooos os caminhos de refraurar a perdida opiJ ua: e entendendo que a vigilancia dos fitiaclores efl:aria IUenos a.l:iva., na confiana do pouco roder dos Ltiadosl Sortida ordenou que fahiHe hum groTo de Infantaria a atacar o rlos Hoaloj_amento do .1\'lendoa, que governava o Capita6 An- landezes tonto Borges Uchoa. Antes de amanhecer chegreo os ~ucfc re. ,. , ur a.o com l-I o I ~n.d eze~ ao a1OJam~nto; poren1 ac h ar~. tao ~. f'C ~~ 1eren- ferda. te vtgilancla da que iuppunf1ao, que en~optrrao antes de Z
4
..J
3S~ PORTUGAL RESTAURADO, de chegar s trincheiras o Capitao Antonio Borues com a Anno fua C?mpanhia .'_e outras q?e i~Jhe aggreg~a6;. porque x6so prevenido do .1v1to de duas ientt;lellas, que unha iobre a Prac:t, fahio fra das trincheiras a aguardar os Holandez~s., R ~ceb~o-os com tao r~petidas carg:1s , que facihnente -os ojrigou a voltarem as coit.1s , deixando na cmlpanha fet~ tnortos, e levando. quantidade de feridos. Outras fcthiJds fi~erao os Hol.1adez_es de menos importancia,de:!). de Agofto, etn que efta iuccedeo, at fete de Outu ~1ro, d b ein que Segifmundo tnandou fahir toda a ln.. fa:1taria da Pra1 co:n intento de ganhar o aloja1nento, a que dav:1 nome de Aguiar o Capitao Manoel de Aguiar, que o gov~rnav~, fituado defronte da Fortaleza dos Af fogados : e na o podendo confegui-lo , roa-lhe o mato, que fe interpunha na diftancia que havia de huma, e outra fortificaao, para ficar defembaraada a vila, e po-Jer laborar a artilheria da Fortaleza .contra o alojan1ento, de qw~ 9s fitiados recebia n1uito damno pelas continuas emhofcadas que fazia o Capita Manoel de Aguiar. Fora oos Holandezes fentidos das ientinellas , recebeo-os o Capita fra do alojan1ento, e fez nelles tanto efrrago, qu~ voltr:to as cofi:as, e fe recolhra Fortaleza dos ~'> Affogados arrependidos do intento. Sufpendrao alguns J sl.J . ) dias as fahidas : a 1). de Dezembro unira o a tnayor parte das guarni.es, e fe embofcrao de noite ern hun1 tnato junto s falinas de Francifco do Rego. Entendrao que na haviao fido fentidos ; porm fuccedeo pelo contrario porque tendo avifo os Capitaes Antonio Ferreira .1\Iachado, e Apollinario Gomes Barreto, com a gente das filas guarnioes inveillra os Holandezes, que efravao na embofcada, e ainda que achrao valorofa rcfifrencia,. a fup~rra , depois de durar o conftit1o largo efpao, :fegui:1do~os at as fuas fortificaoens. Morreo nefta occafiao o C.1pita6 Apollinario Gon1es, ficirao alguns foidados feridos ; os Ho1anJezes Jevrao muitos 111ais, e d-~ixrao na campanha qu1ntidaJe de mortos. Faltava aos fitiados o foccorro de Holanda, que_ havia temp~ ef- peravao, porque a in.Juftria de Franciico de Souia, e os poucos ab~Jaes da Companhia Ocidental havia tuf.- pendiJo
"J
t P./iRTE I. L11~RO XL 35's rendido as re1oluo~ns de_ ~olanda! ~01110 fc~ refE~i( O. Era tatnbon de gr.1nde pr~Jl:tzo :::os 1ataclos a nova forma Anno que I:lRey havia dado ao Ct:mtnercio cotn a Comranhia 1650 (10 Brah.l : rorque conlo todos os navios lnercants navegava6 em frota, havh1o os HolanJczcs p(r..:lido as utilidades, que tiravao das muitas prezas que fa~ia antes defta benl ordenada diircfia ..Achava-fe Segin1undo embar~lado , nao 1o deftes inconvenientes, iena tamben1 da citt:.culdade de fe valer dos frutos da can1ranha ' pela continua yigilancia de Francifco Barreto, que lhe atalhava toco~ os caminhos que pertcndia feguir para lo grar o intento rropofl:o. Reconhecendo que era pela parte da terra infrutl:uoia toda a diligencia, cml-arcou uinhentos Infantes , con1 ordnn ue fahilen1 en1 terra no Rio de S. rrancifco , e conduziften1 a ~r.ayor rre~a que lhes fofle roffivel. Derao vela nus u1timos (lias defre anno. 1 eve Francifco Barreto noticia do intento, e do numero da gente, e com toda a diligencia ordenou ao Sargento mor Antonio Diaz Cardofo, qt!e marcha1Te cctn cuinhentos Infantes a impectir cfia rcfo1ua. Chegou lle a ten1po , que os Holandezfs informados da fua jornada fe havia6 retirado fem preza a1gutna.~-, O mefino tez Antonio Diaz ; e I rancifco Barreto , vencendo grandes diff{(uldades cotn gcneroia confi:ancia , ontinuou o ~flC. cio. ' Deixmos goYernanco a Cidace cle Tanr.ere aoRceon~ B:1ra6 de Alvito. E como a confervaa daquelJa CidaJe tr~s de contdl:ia nos interefles que fe tirava da can1panha, rnan- 'l ang,rc. cou aos Ahnocadens eipia~ a Mefquit~, parte em t!e os 1\louros com n1ayor ddcuido trazia quantidade de ga,~os. f"eira efta obiervaao, fe armra feis barcos com ieflenta hom~ns, taltra fnl terra, fizera grofla preza, recolhra-fe rela rraya, aonde os fahio a receber o Adail con1 a CavaJJaria, e chegando at a Boca de Aln1argem, 11a foy vifto dos .l\1ouros que andava no can1po -em grande numero, con1 GUe toda a preza chegou Praa .~ ;~. Seguira-te a efta outras entradas, de que efiimulados os Mouros entrra con1 grande poder no campo de Tangere : corrra-no depois dos noffos Cavallciros o darem
>J
z ii
. t.
ror
e querendo o Adail recolher a gente que efAnno tava div:iJida, o executou com grande trabalho. A conI6So fufa accreiCentou o receyo, e ieguidos os Cavalleiros dos Mouros, pafrao da Tranqueira Nova T'ranqueira da Fome, e f.rz:endo o Adail valoroi refiitencia , lhe ps hum Mouro a lana nos peitos, e na podendo pafir-lhe o colet~ o derrubou do cavallo. Intentou cortar-lhe a cabea, e o executra, conforme o temor dos C:1valleiros, fe lhe nao acudira Joa Feanandes Caravela, e a feu exemplo alguns que o acompanhrao. Livrra o Adail das maos dos Mouros, e os fizerao retirar. Pafados al ... guns dias, tomando-ie Iingua na Mefquita , conilou ao Bara que nos \ugares de Greguiz, e Cacidnude trazia os Mour~s quantidade de gado. Mandou ao Adail Ruy Diaz de Franca com cento e cincoenta Cavalleiros, de qu~ feu filho D. Francifco Lobo levava a vanguarda , a qlJe naquella guerra, fegundo o idioma antigo , chama dianteira. Entrou o Adail, e achou os Mouros ta dei:. cuidados nos Aduares, que cativou alguns , e fe retitou c.om huma grofa preza. Tambem deixmos governando a Praa de MaSacce!fo!J: '!iaga a Nuno da Cunha, e como era pratico naquelle de .. Maza- terreno , confiando-lhe que os Mouros padecia o grande gao. falta de mantimentos , fez hum a entrada com todos os Ca.. valleiros , e chegando a alguns Auares fem fer ientido, matou mais de trezentos Mouros, e trouxe cativos quarenta e fete. E foy de qualidade o afiombro, que ~s Mouros ti "erao, vendo-fe repentinamente affaltados, que conftou quehumf dosCavalleiros, queforao com Nunoda Cunha, matira dezafete. 1\ecolheo-fe com preza muito confideravel , e dentro de poucos dias chegou quella Praa D. Francifco de Noronha com feu filho D. Marcos. n ... Fran- Qyiz D. Francifco que D. Marcos tivefe a primeira douc:ifco de trina em os Aduares dos Mouros ; mandou-o com fefenNoronha ta Cavallos; e como os Mouros padecia ainda a falta de ~;:r::... mantimentos , os achou tao defanimados , que depois do! ao o. mortos quantidade delles, e outros prifioneiros , fe recolheo com huma groffa preza, matando D. Marcos hum Mouro , e cativando outro , procedendo na entrada con1
~por feguro,
356
PORTUGAL RESTAURADO,
valor, e prudenda~
Dn-
Durava na lndia o governo de D. Filirpe 11aicarenhas, e como era eHe anno o ultimo da tregoa dos Anno Holanllezes, con-.t:ra a 1rcil:rar o defejo que tinha de 1650 romrer a guerra, e ueterminrao occupar antes da tregoa Succell_os acabada o l<cino de Jafanar,atao, pela parte do_Sul con- da lndla. tr<.lcoil:a da Ilha de Leila .1\landou D. Filippe toccorrlo co1n huma Arn1ada, det:e era Cnpitao mr D. Rodrigo de Monianto, ti!ho natural do i\larquez de Cafcaes. Deivaneceo-ie a noticia da guerra de Holanda, e retiroute D. RoJrigo 1en1 n1ais fucceflo que h uma pendencia que teve coll? o leu Almirante Agofrinho }eneira , e CGlll rouca caufa lhe deo algumas cutiladas, de que o Allnirante ficou aleij2co, fendo ioldado de valor, mas de fortuna inf~Jke , pelo ccil:ume de ie apartar do merecimento.' Partira cfi:e anno rara a India o (;aleao S. Joao Evange- lift1, Caritao Joa cn Cofia. (I oy ncJie emcarcado o o Conde Cond~ de Aveiras , kP:unda vez ele1to YiceRey cl.cuel- de An:iras Ie l:::Jl:ado' fcln embargo dos fl1Uitos anncs' c acraut:s ~~y a ln que pad~cia : fez-lhe L!Rcy varias n-:ercis, e entre dfas o \!~,[.C:.ey 1 itulo de Marquez, chegando ao Lfiado, sue nao logrou por morrer na viagem.) O Galea. S. Jorge, Carita ntor Luiz Velho ; o Galea S. Francifco, C ar it2 Lt:iz Corte Re:ll; N. Senhora de Nazareth, Carit~ Antonio Ban-eto F'erdra; e as Caravlas N. Senhora de :t\azareth,. Capita Antonio de Lemos ; e S. l ranciico, Capitao o Padre 1\lanoc:l da Fonfeca da Cofia. Entrou o anno de 1651., e governaYa as Armas Anno n. a Provin~ia de Alemtej? D .. Joa da Cofia , r?rque ? 16 1 . Conde de~-I Loureno dt\ erttdo cotn as occup~es poh- su~cc5,r . _. A , d 10S ttcas nao vo tou a governar as rmas ate o anno e I 6 57., de Alcm~q'!afi to~lo efre teml?o efreve agt1ella Provinc!a entregt!e tejo .<~ue a d1recao de D.Joa da Cofia, que confegu1o en1 toco g?'crna 0 ~ te'?po ~lo feu goYerno floreceren1 en~ A1{trtE;jo cm fel ~~:~~r~oc.e lntetro Vtgor o Yalor' e a jufria : e h:rr{ r o ~te pelo G~n~ .J te~1ro adiante fe !ogrrao as tnayorcs facocns nlilitares, L>. Joa5 a iua doutrina, e diipofia foy a bafe Gt:c as frgtrou. cla Cofia! Entrou a governar o anno antecedente O ue ccntir~t~aInos , C0111 OS bons fuccefTos que- lef(rill1CS : fCr(nl a falta de nlantimentos originada da row;a <.!ili!;el~{ ia ''os Z_i Alcn7
3S7
358
PORTUGAL "RESTAURADO,
A11entifras, era de qualidade que para fe futentarem as Anno Companhias de Cavallos, foy precifo retirare1n-fe alguas 1651 de Elv:1s, e Campo Mayor para lugares int~riores da Provinda. Akanra6 efra noticia os Cafi:elhanos, e animados da pouca oppofia6 que ~0!1fiderava, fahira de Badajoz corn r lO'J. Caval1os, e 6:>o. Infantes, e L~vira Preza "dos de Vi11a boitn huma grofa preza, na fendo po.flivel imCaflelha peJir-fe-Ihe pela viinhana de Badaj0~~, a que Jogo ferenas em 1 ~ Villa co Ih" JO. E ra arL:entlul~-n~ o e f p~nto d~ D ~Joa' da C.o i ta, ~r - ~ .. boim. e nao focegava iei.n a iatisfaa dos 111a1s leves acctdentes que o tnolefrava. Fez tnelhorar a falta d~ n1antitnento~, e tenJo noticia que na VilJa de SJl vaterra, fituada lnun:1 Iegoa da CiJade de Xer~z, e feis Je Olivena , eftav.I alvjado o C.>~nmifi:trio Geral Joa de Roza1es cotn algun1Js 1'ropas, ord,~nou ao General da Cavallaria An.. dr de Albuquerque, que com mil C:lVi.l11os, e oitocentos Infantes, qu:! ie retir rao dos 1'eros de O li vena, mar~ chafe a ganhlr s~llvaterra ' e que puzefie grande cuidado em que na ihifTem daq uella Villa as 'fropas que nella fe alojava. Em Olivena ajuntou . -\ndr de Al~uquerqut! . as Companhias defi:inadas para a em preza, e continuou com tanto fegredo a marcha at Salvaterra, que antes de fer ieatido dos Cafi:elhanos, havia o as nofias Tropas oc~ cu pado os pofi:os conv~nientes , que hnpoffibilitava poGanha deretn fahir da Villa as Tropas CaH:elhanas. C01n pouca ~rbdr de refifi:encia entrou nella a Infantaria, e com a mefn1a facique~~~~: lidade gan??u o Cafi:ello, que fe l~vantava etn hum fi~io terra. pouco dei.vtado. Foy grande o dei pojo, porque a Vtlla confrava d~ quatroc~ntos fogos. O Cotnmi1Iario Geral efi:a v a aufente , e ficirao f rendidos C;;! tU foldados n1on tados de duas Cotnpanhias de Cavai! os com dous 'fheaentes que as ~overnava6. Cufl:ou a empreza a vida a trcs foldados noTos. :Retirou-fe AnJr de A.lbuquer.:tue a ()liven:l , e algumas Tropas dos Caft~lhanos qu~ a~uclrao ao rebate, nao dera6 vifi:a mais que doincen.Jio de SJ.lvaterra. Foy e!l:a a primeira empreza en1 que fe achou D. Luiz de 1\1enezes, e recolheo-it! leven1ente off~ndido en1 hum brao, effdto de algu1na refiil:enci.1 que ao en trar das cafas da Villa fiz!ra os Ca.frelhanos; c obrigado
3S9
do do efcrupulo a n:oder.ao que Jt:ve profefar quEm fe acha forado a d crt:Vt?r t:ntre as r.coen~ con- n~as fuc- Anno cefios proprios, lh~ F~HCC~O 3GYlrtir Slie a O[l if~2 da 165 I lfroria o empenhra 111tntas vezes a dterar as leys da n1odeil:ia, refrindo as acoens cn1 que teve r arte, como ie l em graves Authores antigos, e modernos. -Poucos dias derois de chegar a Elvas o General da Cavallaria , o tornou a n1anclar D. J020 da Cofra cem as 'I'ropas de Elvas, e C.mpo .i\1ayor a annar a Cavallaria de que conilava o prefidio de Eaclajoz. Cofiumava ef. te 1 roo no princirio da l r:n1avera h1ficntar-fe da forragenl do Rincao, fi tio muito fertil entre cs rios Caya, e ~uadiana. Sahio de Elvas Andr de AJbuqtrerque, e fez alto junto ao Forte de S. Chrifiovao, encoberto com hvm n1onte, chamad9 a Caia delRcy; e D. Joao da Cofra, que fahio de Elvas ao 1nehno tempo , ficou junto ao rio Caya, huma legoa de Badajoz; e havia tjufrado con1 Andr de Albuquerque, GUe logo que as 1 ropas fe apartai:. fem daquella Praa , lhe faria final para que fahire a cort-las entre a Cidade, e Caya : rorque Gu~diana fe n~ vadeava con1 as n1uitas agoas rlo Inverno. Os Cal:elhar:os cafualmente deixira de fahir aquelle dia forrar;Em, c0m que fe livrrao do perigo que os ameaava. E cll~irao nelle vinte e cinco Cavallos, e algum gado, ue l).joao da Coita tnandou rel:ituir aos Conventos de Badaioz, de quem confiou q11c era. Retirou-te D. Joa (_~a CoH:a, e mandou orden1 a J\I~moel de Saldanha rara ~uma r s 1 rapas da guarnia de Albuquerque. Exect~tona, e rcmpeo-as; ror1n em fi tio ta<? eiheito , e vifinho a Albuquerque , que lhe fiGira f vinte e cinco cavallos, e entre os ioldauos prifioneiros o Caritac D. rrancifco CaraTas. Continuava a falta de mantimentos, e ror efte refpeito fe achaYa incapaz de trabalho a mayor f2rte da cavallaria. ltnpaciente 11. Joao da Cofra defte forofo embarao aosfeus difip:nios, bufcou can1inho de confeguir con1 pouco empenho a utilidade de occafionar grande prejuizo s Troras inimigas. Confiou-lhe que os Caftelhanos haviao n1andado dar verde a quatrocentos cavailos aos prados de Medelhim, dezafeis legoas de Camro
z~ M~
M1yor; d.!o ord.:!tn ao C1pita6 .\11nod deS.IIdclnha, que Anno rn tndaf[~ m1tar efl:~s cavallos. Fiou elle do feu Thenente I6)I Fratlcifco Lobo a difficuljad~ del.l:J. ernprez1: cfcolheo o Th~:_l:!:lt;! Jez C1 v Jllo~, e duas vez :!S que i at~nt~u a jor naJa, o obrigr,to a retirar-ie p1rtiJas do i:1imi:-ro que encontrou. Nao defi!l:io da empr~za, e na t~rcei~a jornada lo5rou o fim pert:!n.Jido. GuarJav~t os cav1llos cio prado hu.na partida de quinze; romp~o-a o Thene:tte, e gafrando a m1yor p~trt:! do dia em m1t1r os cavaJlos que andaFra,circo v_:t5 prezos , fe retirou , debnnJ ~ m~rtos quafi todos. Lobo _na- ~o c1:nit1h0 encontrou hua p.1rtil1 d~ dezafete foLiado~, ta nlJitOS f, r. f" l d J" _, cavallo.; qu~ .-!Z prtttO:letros; c na a ta e remo ata p~r erao granCaflc:lhl- de au1m~nto as Tropas C1fi:~lhanas. Supprirao-11:1. brevenos. 1n~.1t':! corn grof1s levas , e accr~fc:!ntra6 deiorte os apr:!l.Js, e difpofio:!:ls, lan1ndo voz que o noiTo Exercito fahia em C-lffip1.11h1, qu~ ps ~tt1 noticirt em grande cuidado a D. Joao da Cofra ; porque a nofa Infantaria era pouca , os cavallos com a ftlta de mantimentos efrava inuteis, as fortificao~ns das Praas principaes pouco capaZ::!S, e totaltnente falt:1s as Praas de baftimeiltos, que as obrig1va a in[liv~l perigo ern qualquer fitio que _ pad:;:!ceff~m, por mais brev-~ que foife. D. Joao da Cata fez a ElRey apertados avifos do eft1do em que fe achava aquella Provinda, e ponderada a importancia defra Inateria, por ordem delRey, pelos Confclheiros de Efrado, e Guerra , achanda-fe hum dia juntos, fiz~ra h uma elegante confulta a ElRey, de que refultou tn1.nJar a Alemtejo quantidade de dinheiro, e prevenirem-fe foccorros tao conideraveis. que fe deivanecra os aprefros dos c~l:dhanos, fundados na politica de entenderem juframente que ns intenta riamos alguma diverfao que em-. Sitio de baraafe o fitio de Barcelona , a que dava principio D. Barcdo- J oa de Aufi:ria filho illegithno de Filippe IV. , e que ren- oa. deo pouco tempo depois em grande dan1no da noia confervaao, fendo a perfift~ncia da guerra de Catalunha huma das mayores feguranas de Portugal, e que com pouco fundamento deixamos de fomentar. Mas como Deos difpunha as nofas vilorias por caminhos mais gloriofos, divertia os meyos da arte, para que f refplande-
36'J
PORTUGAL RESTAURADCJ,
ccceffem nos forn:gttczcs as virtvdt.s h:rcdas da nltr- Anno reza. Anin1ad~s cem os r:ovcs 10cccncs 2s frcr;tdr~s C'e 1651 Alcmtejo ~ cfrecula\a D. Joa da C c fra cem f,rande vi~ilanda todos os moyimentos ccs Cafrt:1har.cs, rara rropor~ionar co~for~1~ ~s n<;tidas as gu2rni_oens ~::ts l'raas. Reiultou deha dilu::encia tomarem 1T.t1ltS ( av2l1os as partidas que contint1arr.~nte afi~fiiao fobre as fr:as de Cafrella. Hu~11a , '_lll~ ial:io ~e .J\.lcura ce trint~ CaYalJos , teve maJs glono1o que fehce iucctiT0. EFa Caro ddles o Alfcrez EHev~ Ja Rocha, e achancc-ie certado C.e fet~ Eatalhoens, fe retirou a hun1a cafa, que encontrou no camro arruinad.1 con1 a falta de habitadores. Sitiara o- .Aca nna os Cafrelhancs, offerendo-lhe quartel , que nao quiz ~~~fa co acceitar , avanrac-no , e reb~teo-os : ruzera-lhe varias I fi~;~~ Yezes foro cafa , de todas o ex6ngujo ; e ultimamen- d<~Rocha; te levra os CafteJh~u1os os cavallos que ficrao defn1ontados em htan1 r atio ca caia, c o Alferez, e foldados com duus n1or~os, ~alguns feril1 os fe retirra a Moura. Entre efres , e outros encontros de rouca confioe raa o deo fim o Outono, e quando comeava a entrar o. Inverno , em hLnl clos primeiros dias de Novembro amanheceo Provinda de Alemtejo o Sol mais util, e refplandecente que pudra fertiliz-la , fe a inveja , e arnbia de lifongeircs J=Oliticos, en1 todos os feculos pcderofa defrruiao das Jtfonarchias, nao confCf,llra ef(urec-Jo. Entrou em Elvas o efclarecido Prncipe D. 1'heodofio fem r t m~is. companhia que a de D. Luiz de Portugal" Conde do P~i~:ip~ V1m1ofo, e Joa Kuncs da Cunha feus Gentis hon1ens D. Theo.. da Ca!nara. Deliberou-fe o Prncipe a efra jornada, f dofio em acon!elhado do ieu valor; porque vendo que entrava em Ehas. dez~:nto annos, e que havia confeguido no breve periodo da fua florecente idade as melhores fciencias, e a mavor eJoquencia das Iinguas mais efi:imadas , GUiz que o rt:fpeitaiTe 1\'Iarte armado na campanha, como fabio o venerava Apoli o na Corte, e que as vic1orias, que efperava confeguzr dos Cafrelhanos, foflem as azas com ~ue voa1Te a fama a immortaliz-lo entre as N aoens mais remotas. ~lguns mezes antes h~ via o Principe intentado fazer efra JOrnada ' de qt~e teve avifo D. Joao da Cofia' e rara que ha..
36r
362.
- havia f~ito grand,~s, e occultas prevenoens; porm di~ Anno latou-a co1n o t~mor de que EIRey prev-enido de alguma 165 I noticia a defvan~c-~ff~. Chcg~u a exe~uti-la...o iegundo ~ia de Nove1nbro. Tomou }Ja Nunes da Cunha por tua conta a prevena da jonL1da , fem receyo da indignaa deiRey, dequ~n1 era muito favorecido. O Conde do Vinliofo, ainda q~~ o Principe lhe havia a nticipadamente con11nunicado o i eu intento , acotnpanhou-o com o traje de Corteza, por mofrr.1r a EIRey que cooperava na deliberaa do Princip:! , ma1s cotno criado, que cotno Confelheiro. Sahio o Principe do lE!U quarto, fituado fobre o Tejo , pairou a Aldea Gallega , e tendo Joao Nunes Ja Cunha cavallos pr~venidos, tnarchou con1 diligencia, e antes de chegar V~nda do Duque, achou o Gen~ral da Cavallaria co1n dez Cavallos na Venda, e a rrf>pa de Frma c Diogo de Men:ioa, que bafl:ava para :~gurana daquelque_he re-le tranfito , naquelle tempo pouco arriicado. De Efi:recpe~d? 0 moz a Elvas aguardra o Priacipe quinze 'Tropas, e na n.1c1pe F d C -. T d I c fL em Alem- onte os ,apatetros tres eros e tllantana, VHLa em tejo. que fe lhe conheceo ge:-terofo alvoroo. Entrando na Cidad~ lhe off~receo as ch:1ves Andr de Albuquerque , e o levou Je redea debaixo de hum pallio, D. Joa da Cofra fazendo o Officio de Alcaide mr , em lugar do Conde de S. Loureno. Foy univerfal o contentamento dos foldados, porque na havia algum ta humilde, que fe na imaginafT~ author dehuma viloria. Sinalava-le com raza entre todos D. Joa da Cofta , confiJerando-fe 1\Ieftre de Campo General do fen Prncipe, e de tal Prin':ipe, fialldo juframente das fuas virtud~s , que havia deiaber defempenhar as fuas obrigaoes. Nao era O. Luiz de Me ... nez~s o que menos applaudi:l a f ua fortuna, vendo que com ~ava a principiar o exercido da guerra, com quem havia aprendido os primeiros rudimentos da doutrina politica, e a quetn na affifr~ncia infeparavel de oito annos devra, os mayores favores. O dia ieguinte noite em que cr:. o Prindp~ fahio da Corte, amanheceo nella grandemenF netos fi d ER . . d r. da jorna- te con uio; porque chegan o a 1 ey a nottcta _a 1Ua ela do jornada; fentio a aufencia como Pay, e.publicou-ie que Prmcipe. a temra con1o Rey. Chan1ou a Confelho de Efrado, fo_:
PORTUGAL REST.A_URADO;
r ao
rao varias as ic~s dos Conielheiros , e os mais dell~s 1UI'.d.ira6 o i~u voto no intercfie que lhes refultava em fe cf- Anno tender~ ou dinlinui: a juri1~ica6 _do ~rin~ipe; porm a I6S 1 co~1duiao foy que EIRey cicrevefle a ieu fill~o, n1ofrrando-Jhe a tjueixa com que ficava de lhena haver ..:omniunicarlo o ieu intento , para lhe 1nandar prevenir mais decoroi aflitrena par;.t a jornada. O Conde de J\-liranda, e o Conde de Arcos jc~Lira ao rri~1cipe em beneplacito delRey, e todos os mais de que ie con1punha 1. ja fa- nlilia. l) 111e1ino executou a mayor parte Ja :r.: obreza. () Conli~ de. S. Luurcn,;o, qne ainda confervava o titulo de t;o\ ernador das Arn1as de Al~mtejo, por nao ter fucccf.. for, iat~ntou feguir o }Jrincipe, querendo en1 occaiiao ta lL.zil~a tornar a continuar o exer~icio de feu pofi:o. Nao lho pennittio E!Rey. Ent~ndeo-ie, que levado da p~.uticuhu aff~ia que tinha grande rrudencia ' e zelo Je D. Joa da Cofia, e que _na quiz c;_ue entre o Frincipe, c D.joa fe interpuzetle outro poder. Com o novo exercido cotne:ira a refph1necer as virtudes do Principe, e n1oitrando a jufiia guiada peJos cann}"!OS da rrudencia, igualava o arJor de foidaJo ao prin1or politico. Na achando occafia de mayor etnprego, ordenou a Andr de Albuquerque marchafem com a Cavallaria a armar s Tropas de Bdrlajoz. l:.xecutou elle a ordem , e conjeguio corr-las at as portas da rra~a. Retirou-fe defta oc- Morte do _cafi::to ta mal ferido o Carita de Cavallos Lopo de Si- Capitaii queira , que breyemente 2cabcu em Elvas a vida. O Prin- de CaYal cipe, inforn1ado do valor con1 qt:e havia procedido em va-l~s Lop<:> c ~ uc:.::,Jque nas o~ca fi1oens, o h onrou com tantos 1.avores, que f-e nao ra. tivera roder para lhe refi:aerar a vida' tivera virtude de lhe immortalizar a opinia, de que os Principes com ac~oens iimilhantes coHuma fer os mais proprios Chroniitas. PaTou o Principe a v~r Villa-Viofa , e voltou brevemente a Elvas; e o n1efrno tempo, sue 'gafrou nefi:es exerccios , difpenJeo en1 perfuadir a EIRey quizefl"e mandar-lhe dinheiro para fatisfazer as muitas pa!;as que fe deviao aos foldados ; porque parecia acao indecente baldarem-fe ao Exercito as cfperanas ben1 fundadas, que llavia concebi'"lo, de fer aquella occafia n1ais propria de fahir
7
363
36-1-
iahir da el:reitez1 ,, em que at aquell..:~ tempo palava. Anno J\'lanJOU ElRcy Antonio c~bide' Secretario da Cai~ de 165 I Bragana, e criad.o de que muito fiava, a a.ffif1ir ao Principe, ou a exJminar ( conform~ Je entendeo) os intentos a que can1inhava6 as fuas ace~. Levava quantidad:! de dinh~iro , pornl COlTI orJetn iecreta que O nao en tregaffe ao Principe, fena6 etn caio que elle rcfolutamente deliberatfe a nao voltar Corte. Antonio Cabide, qu~ defejava n1uito confervar em fi os cabedaes detlley, obfervou a ordem ainda n1ais apertadamente do que 1::.1R~y lha havia dado; porque vendo que o Principe carecia at do cabedal que era neceil~uio para fufrentar o efpl~.lJor, e magnificencia de fua caf, na houve ren1e di o par.1 ceder s repetidas inftancias que o Principe lhe mandou fazer; e co:1feguio voltar para Lisboa quafi com todos os cabedaes que havi~ L~vado. De Villa.. Vioi remetteo o Priacipe a ElRey dous porcos montezes que matou nJ. 'Tapada; parecendo-lhe efta propria offerta para lifon~ear o feu genio , inclinado caa das feras n1ais robu.ftas, e com efpecialidaje s da T'apada de Villa-Viofa. Refpondeo ElRey a el:a offerta, que iem a fua companhia nada lhe era agr.adavel, e que o dei afiava para a guerra dos porcos de Sc1lvaterra; que era jufro faz-la nos boi:. ques, em quanto era razao fufpender-fe nas fronteiras. Vendo o Principe que lhe nao era po11ivel vencer a deliberaao delRey por nenhum caminho , e que prevalecia os que emulos da fua grandeza achavao dif pofia na vontade de feu Pay, para encontrar o feu defignio , na podendo perftndi-lo nem cotn diligencias, nem com razoens carinhofatnente uifpcndidas em muito eloquentes cartas, determinou voltar a Lisboa com intento de fdcilitar peToalmente os embaraos, que a indufrria dos Minil.tros delRey (incentivo dos ieus ciu1nes) havia le:. Volta_ o vanta.io. Com efra ida paruo o Principe de Elvas os ulP~I.blclpe a timos dias de Dezembro con1 ta efficaz deliberaa de L1s oa. vo l tar b revemente a continuar o exercu.:.to d a guerra, que n1e diTe, fallando-me na ultima deipedida nefl:a , e c1n outras ntuito imrort:-tntes ma terias, que a garganta (em que ps a 1ua6) tivefe cortada, e na6 voltafia a Elvas .an-
PORTUGAL RESTJJRADO,
ie
p.ARTE~~L-LIVRO
XI.
36S
antes de entrar a Ql:arein1a. Porn1 co1no he tal a fragilidade do~ homens, que ncn1 foffrem os v~ cios, nen1 t:n- .A.nno lera as virtudes, atnando f as acoens que rcfult:t em I 651 int~refies rrorrios ' ainda que pelas confeguir cortem pelas utilidad~s commuas' iuccedeo que prevaJecendo contra as generofas_ idas do Principe as diligencias do~ que fe oppuzera 1ua grandeza , veyo a largar com a vtda o empenho de voltar a ~lemtej_o, como en1 fen_ lugar cot? implacavel n1agoa n1a1s p3rttcularmente refenremos. ftcou D. Joa da Cofra continuando o governo da Provinda de Al.emtejo; e foy o Principe ta o fatisfeito das fuas virtudes, que na perdoava para encarel,-las aos mayores encotnios. J\1as na durou muito efre favor; porque co1110 as redes, e enredadores das Cortes cofrutna fer tantos., que nem os filhos efi:ao ieguros das idas dos pays, ainda que feja Principes, e Reys, pojs a arte n1aliciot in-ftituo no mundo a amhia do irnperio mais poclerofa e1ue a n8tureza; na fora poucos aque11es, que, fendo de condia fin1ilhante ., levantrao ta o injufta cizan i entre o Ptinci pe, e D. Joa da Cofia, que defl:e principio ie comet:ao a tecer os grandes. infortunios q,ue experinlentou , atnda que com algum 111tervallo, ate o fim da vida. A Provinda rle Entre Douro e Minho parece que Succelros fe poupava para fuftentar a grande guerra que tolerou os de Fntrc u1timos annos della. Continuava o feu governo o Vifcon- D~uro c de de V iii a Nova , coniervando os povos com a pruden. Mmhoo da que lhe infinuava o grande entendimento de que era dotado , cultivado muitos annos na Univerfidade de Coimbra com a fciencia Theologica, em que fe formou Doutor. Confrou-lhe que os Gallegos aquartelava() as fuas Tropas nos lugares da Portla , e Vieira , nas occafies em que fe unia os foldados daquelle difrritl:o com os de Monte-Rey ; e querendo tirar-lhes efl:a cumrnodidade, mandou queimar eftes lugares pelo 1-henente de Meil:re de Luiz de Campo General Luiz de Oliveiras Fatnel com oitocentos Oliveiros Infantes , e fetenta Cavallos. Confeguio o intento fem queimaalrelifiencia alguma, e retirando-ie com grande prez:t; per- guns~ga tendra os Gallegos tirar-lha.Fez alto con1 intento de pe- G:uiza~ lejar;
,.;.
..-:: .
~-
;~~- ~~it-
366
l~jar;
PORTUGAL R'LSTAURADO,
porm os Gallegos na quer~ndo teutar a fortntl~t,' ~Anno o rleix.ra retirar i~~n en1baiao. Ndt~ ten1po fe havia I 65 I L~vantado os Fort:~s de Santiago de Aytona , r ilhaboa:.e Fiolhedo. Perfilad1ra os Gallegos aos mor ..1dores cios Ju.. g:1r~s abertos daquelle difi:ri-2o, que torna fiem a povolos; (por haverem quafi todos fido deftruilos, depois que o Conde de Cafrello-1vlelhor tomou Salvaterra) rorque o an1paro dos Fortes os fegu:a va de todo o perigo. Dando os paizanos credito s p~rfuascs dos ioldados , que nefl:1 vifinhana fundava o 1eu intere11e, tornira a h.l .. bitar alguns deftes lugares, e entre dlcs o de Gandarella, que era o de mayor povoaa. Pareceo-lhe ao V1fconde precifo defvanecer efie intento, mandou queimar (.;anJ-... tdia pe1os Capites de Infantaria Nlanoel de l3arbeitos, e Vicente de Baitos. Executra el1es a orcem ~tn oppo~ fi.1o, c os Gallegos dos outros lugares com efte avi1~ os defpovorao. Tornra os Soldados dos Fortes a pert uadi-los, e roderao con1 huma trincheira os lugares de 1 'ororeos , Porto Pedrofo , Linhares , e Outeirinho. Yarccendo-lhes efra bafi:ante defenfa, 1e deixrao enganar. Desbara ~ou-lhes o Vifconde a tegunda confiana : n1andou inve.ftir efres lugares, fora entrados, e totalmente def.. truidos : cotn que os foldados d0s Fortes na pudera :. confeguir a utilidade da vifinhana dos paizanos. >1 O Conde de Atouguia paflou efte anno na Pro~uc~tfos vinda de Traz os l\1:ontes com grande focego; porque 0 ~ M~~~- os Caftelhanos, empenhados na guerra de Catalunha, tcs, e Bei- fazia toda a diligencia por nao provocar as no fias armas, ra. de~jando efCuir neceffitarem de novos t(>e~urros_ para oppofia das nolas em prezas. Fora rouco (Onhderaveis as de D. Rodrigo de Caftro no f~u rart1do da Beira. Entr~:ra os Cilelhanos nos ~ampos de Cafte11o Rodrigo, e levando huma grofla rreza , lha tirou Pedro de Mello, que havia chegado a exercitar o Pofto de Meihe de Camd po, com o feu T'ero ,! e quatro 1'ropas, e obrigou os Cafr~lhanos a que ie retiraflein , to1nando-lhes alguns cavallos. O n1eiino fucceiTo tivera humas 'rropar., que entrrao pelo termo do Sabugal , derrotando-as em htun pafo efireito, quando retirava o, os paizanos do lugar
ie
de
PARTE I. LII'RO XI. 367 de Q,!'':tJrr.!faes. Lhegou nefte tempo por Governador das
.Armas Cafl:clhanas a Ciudau Rodrigo o J\Iarquez de 1 a- Anno vor~., e ccnfrando a D. Rodrigo deCaiho que fazia no- 1651_ vas }.-;vas , Ja GuarJa, onde efrjva , paflou a Almeida , a fe r ror ao~ priinc:iros intentos do ]\larquez de 1 aYora, infa1li\yeis fempre en1 Generaes que entra~ de novo a governar as Arnl:lS de huma Provinda ' ceejando qtle os foiJadcs das fuas llifFcfioens augn1entem o feu rrefrimo. Porn1 na fuccedeo affim nefra occafia ; porque durou poucos iills o 1Y1arquez de Tavora nefre govern_o, e fi~ou ent~~gue delle o JV!efrre de Campo D. Francifco de Cabo. D. Rodr;go , folicitanllo novas em prezas entre a utilid~1dc das pilhagens, ajuntu quatrocentos Cavallos, ajuJJ.los de alguns do r.artid~ de D. Sancho J\lanoel, e unindo-lhes ~entoe vint n1oiqueteiros, n1archou a quein1ar o lugar de Bo~acara, tres legoas 1em de Ciudad Rodrigo, e lUandou partidas roubar OS catTfOS do difrrito de Sa1amaiKa. Recolhra-te C0111 groJfiilinla rreza' e D. Rodrigo, depois de queimai Bocacara , marchou a bufcaro rio Agueda com pouca prefla, ror dar lugar a que os Cafrelhanos intentafiem tirar-lhe a }-""reza. Conrefpondeo o effeito determinaa6, e aprareceo D. Francik...o de Cafrro formado con1 algumas 1'roras, e Infantari -~a fralda de humi ferra' unico raflo que os nofios foldados :havia6 ue hufcar. Formou-fe D. Rodrigo, e marchou contra os Cafrelhanos: tnas elles coroanclo com diligencia o alto da ferra, dcixra livre o can1inho, que D. Rodrigo Jeguio at Almeida fem otaro embarao. Era entrado o n1ez de Xovcmbro, ten1ro em qve o Principe D. Theo.. oofio paflou a Alemtejo, e publicando D. Rodrigo de Caftro que queria mofrrar aos Cafielhanos o novo ef pirito, que infunira em todos os io1dados a galharda refoluca do Prindpe, ajuntou mil e duzentos Ii-lf::mtes orden1 ~do .Ulefl:re de Campo Iedro de J\'lello, e trezentos Cf!vallos, de que era Cabo o Con:mirario GELll da Cavalla!ia Joao de Mello Feyo , e marchou a ~ueimar a Vi11a cle Boda6, que conil:ava de feiice11tos vifinhos, rodeada de h uma trincheira, e defendida de hun1 Forte, que efl:ava aperf~ioado , e co1n dous torreoes que defcortinav~ a Vil1a.
368 PORTUGAL RESTAURADO~ Villa. Chegou D. Rodrigo a ella antes de amanhecer; e Anno em quanto tres Caftelhanos, que ferviao nas noffas rro165 I pas , eutrctinhao as fentinellas do Forte, dizendo-lhes que defe1n p1rte ao Governador, de que vinha alojar naquelGanhaD. la Praa a Cavallaria de Ciudad Rodrigo para entrar tllm Rodrigo Portugal, arrilnou porta do Forte o Sargento mr Frand\~rtro ciico Soares hum petardo com tao bom effeito, que deo Cafte~~ e lugar Infantaria, que levava prevenida para o afilto, de Boda. a entrar no Forte corn puuca rehft~ncia. Foy degolaJo o Governador, e guar~nta foldados que ie puzera ~m de. fenfa : entrou-ie a Vllla , faqueou-f~, e queimou-ic. Retirra-fe os foldados com grande defpojo , paflarao por Ciudad Rodrigo vifra das Tropas, e Infantaria inimiga, que nem provocada com fe renc].er a D. Rodrigo aguarniao de huma Atalaya vifinha da Cidade, fe refolvra a pelejar. . Tanto que o Inverno deo lugar a fe poder m~r char pelas campanhas, mandou D.Sancho Manoel o Capita de Cavallos D. Joao Flux co1n duzentos aos campos de Entrada! Coria. Correo-os , e faqueou-os livremente , e fentindo cmCaftel- nao poder provocar os Caftelhanos a que fahifem a ti ~a ~- rar-lhe a pr~za, que nelles fez ;"fe recolheo com o allivio s:~~b~. de a pr em ilvo, de que muito fe uiva na guerra daquelle tempo. Recolhido D. Joa Flux, mandou D. Sancho fahir de Almeida (que efl:ava fua ordem em au~n cia de O. Rodrigo de Cafrro) ao Sargento mr Francifco So:1res Hotnem com cem Infantes, e cincoeata Cavallos, a armar ahumaCompanhiadelnfantaria com que os Caf.. telhanos guarneciao o lugar de Freixeneda. Sahio ella ao rebate cotno fe pertendia ; foy invefi:ida , e derrotada, ficando mortos, e feridos q uafi todos os foldados de que ie compunha. Animado o Sargento mr do bom fucceffo, corr\!o a campanha , e fe retirou cotn h uma groffa preza. Satisfizerao os Cafi:elhanos deprefa efte datnno na mnbi~o do Sargento rnr Antonio Soares da C~ita, que governava a Praa de Salvaterra ; porque deiejando fazer huina pr~za, vicio que os Cabos indigname~te havia introduzido no valor dos foldados, tnandou ietn ordem de D. San~ho ao Capita de lnfaataria Sin1a Heitor fa-
Po;
zer
P .ARTE I.
l.~IVRO
XI.
369
zer a preza con1 a fua Companhia. Foy ientido, e akan.ado de algumas 1~ropas Cafl:elhanas,. que oderrotra Anno com pou_c~ re1ifl:encia. For~lo prifioneiros o <~a~1ita~, os 165 r mais Ofhctaes, e quarentJ. foldados ; alguns hcara mor- Dcrrot:l tos na campanha. J\lanJ.ou D. San~ho prender Antoaio o.; C;tfieSoares : e iatentanJo pouco depois intcrprcnder a Praa lhanos ... da C,arca, nedio a ElRey que lhe d.le licena para o hul11~ c..)oo . r i -.J ioltar, ~dtzen d o que fi aV.:l c o ieu va1 q~e e_iUCl~uai1"e n_a- panhta .or por ddorqu~lla em preza o erro paffado. N a qu1z ElRcy permtt- dc;rJ. ti-lo, e.ef~r~veo a D. Sancho , gue na podia haver utilidade alguma, que recotnpenfaffe o dan1no que refultaria a feu fervio , etn ficar ien1 cafrigo a dcfobedi~ncia , e amhiao d\! Antonio Soares. As em prezas de htnna , e ou- Solt:t_~re tra parte haviao povoado as cadas de prifioneiros: ajuf- os ~rlftde tOU-fe darem-lhes liberdade COID interefle de atnbas, tO- ~~~~ , c dos depois J.~ fo!tos tornrao con1 n1ayor odio a folicitar outra parnovas contendas. D. Sancho tendo noticia que o Conde de te. Torrefana, Governador do partido de Alcantara, unia as Tropas daquelle diftrit1o com as de Ciudad RCYJrigo, e havia aquartelado duas na Moral~ja , 1nandou recolher os gados., e ordenou ao J\1el:re de Campo J0:16 Fialho , que con1 trezentos e cincoenta Infantes, e trezentos Cavallos , de que era Cabo o Capita Joao de Ahneida de Sovreiro, entrafle na can1panha ele Ciudad Rodrig~), e fizefe ne!la o n1ayor d:tmno que fofe _poffivel , para divertir o intento dos Cail:elhanos. Fez-ie a entrada, r2~a nhou-fe o g:.1do . e retirando-ie Joa6 Fialho com a preza , lhe fdhira3 os Cafi:elhanos co1n a Cavallaria d\! CiuJad Rodr~go a procurar tirar-lha na pa.lgen1 do rio Agneda. Sen1 tiguardar a Infantaria , avanou Jo ao de Almeida f con1 as 'l"'ropas, ac1cou a eicaramua coril alguns batedores qu~ andavao largos das fuas Tropas, carregou-os e faltanJo-lhes o foccorro, voltirao as coftas, havendo feito o n1efmo as Tropas cotn tanta brevidade, que ainda que forao feguidas at Ciudad Ro(:rigo, perdra poucos cavallos, retirou-ie Joa f"ialho com a preza, e as 'Tropas de Akantara fe feparra6. Os Caftelhancs, fentidos dos damnos que padeciao, fu1minra6 indigna vingana. Havia e1u Penatnacor hun1 Capita d~ Cavallos, chamaAa do
do Joao Cordeiro, qu~ !inha moHr~o en1 varias empte~ Anno zas g_rande valor, ~ fehctdade. H~vta travado conrefpoRI6j I denc1a com hum C~ilelhano da C,ara por ordem de D. Sancho Nlanoel , e promettendo-lhe a interpreza dEfta .:P:aa, i~ difpunha D. Sancho para a execut~r. Arrepen.. , dtdo o Caitelhano, deo parte aos feus Offictaes : deraolhe e1les orden1 que procura1Te matar Joa Cordeiro, e offereceo-fe para o executar hurna noite, comboyado de algun1as 1~ropas. Chegou a Penan1acor , e entrando por hu~1 fi tio que Joa Cordeiro lhe havia fina1ado, lhe fez aviio , e levando-o para o lugar por onde havia entrado, . divertindo-o t:om lhe cotnmunicar a fingida entrega da Trato do: C,ara, Jlte difparou huma piftola nos peitos, de rfue lobrc de hu . A o fi1nal d a ptuo l a avanara. as r0pas ll. , Caficlb _ go ca!110 morto. no. ~/ ininligas, e entre a confui, e eHrondo ih io o C,arenho de Penamacor fem perigo , e os Caftelhauos fe retirra com grande demonfrraa de alegria , como fe hou-:vera6 l.X>nfeguido alguma licita vitloria, e nao tiverao offendido com o falfo trato a opinia das armas do eu Prncipe, e provocando o valor dos noffos foldados a ton1aren1 mayor, e mais jufta fatisfaa defta vilez~ Sentio-atnuito D. Sancho , que fe achava em Penamacor, pedio licena a E1Rey para na conceder quartel aos Cafte.. lhanos que ie rendeflen1 : porm EIRey, am.ando as vidas dos feus VafTallos que podiao padecer igual damno , a na oquiz pern1ittir ; adverttindo a D. Sancho , que quando i'e lhe offerecefe occafia finlilhante , fe pr~venife con1tnayor cautla, porque efra defattenao fora a caufa da deforden1 il.Jccedida. D. Sancho Manoe1 defejando fati~fazer a fllOrte do Capita Joao Cordeiro ' ajuntou fetecentos Infantes~ e trezentos Cavallos, e entrou em n r Caftella pela parte de Salvaterra. Corrra as rartidas os r,ftlra-u.! } } p 1fi d D. San- lugares de Cac 1ornl1as , e e cuea , Itto a~)I~ e ate "ho com aque1le ten1po nao havia chegado. Recolhera-ie com J:Juma r~- grande preza, e D. Sancho, que os aguardava, fe retirou za c Ma- por junto da C,ara com tanto vagar, que deo lugar a: lcan fc- ]\ r. c . c 1 da caval1 ana_, a q11e cnega[.- . Ra'anc- _Ja1a~an , on1n11uano era vc a p.c!.:- 1e C,ara Ja Moraleja aonde efrava aloJado. Mohou iar, dle c ue defejava pelejar: n1as vendo qtJe D. Sancho ~a1
i)' .
370
PORTUGAL RESTAURADO,
\ -
z1a
3ir
de recolher ci~guns Ca\rallos, retirou os bat~dores, c D. Sancho i e recolhco .A.nno a Penamacor, aonde achou hum Cafrclhan? f.~gido 165 r lugar de Roblel.ia, por hutna. 1norte qt~e ha\ta h..1to. ELl caiado, e defejando conduzir a fan11ha , e n1o\el, props a D. Sancho o i!lterefle de fe quei1nar o l~tgar. 1~ fiafle da tua condua6, e iegt!rou-lhe que tira ri? deU e confideravel defpojo. Confrou ier verdade a cauia con1 que fe havia pafTado a Portugal, e D. Sancho com etla noticia encommcndou a en1preza ao Capitao de Cavali os Joa de A.hneiJa Je Loureiro, que a confeguio con1 ftci!idade. Q11ehnou o lugar, que era de trezentos vifi_nho:;, e retirou a ttnilia , e movei do Cafi:elhano. O 1neftno jo:: de Almeida com a fua Tropa , e a de Manoel Freire de Andrade, der~otou huma dos Caftelhanos que com vinte e cinco Infantes levava algum gado do termo do Sabugal. Os Cafrelhanos , defejando contrapezar os dan1nos recebidos, ajuntrao quatrocentos Cavallos, e fizerao h uma grofa preza na campanha de PeHamacor. Sahio D. Sancho ao rebate com cento e quarenta Cavallos, e trezentos Infantes, deo vifta dos Cafrelhanos junto de Idanha a Velha : era perto da noite, e naolhe dando lugar a que Tira D. marchafem peJo receyo da confuio, pela manha de- Sancho pois de hmna bem travada efcaramua, em que fe perdera alguns cavallos de huina' e outra parte' fe retirra, deixando a preza, que havia feito. Pouco ten1po depois, fizer~ os Cafrelhanos outra entrada com oitocento~ Cavallos nos campos de Caftello branco: fora fentidos quando paflra6 o T'ejo algutnas Tropas qne vier ao de Badajoz, recolhera6-fe os gados, fahio D. Sancho ao rebate co1n trezentos Infantes , e cento e cincoen t~ Cavallos, c depois de quehnar hum lug!r pequeno, i e retirra fem outro cffeito. Depois de Francifco de Soufa Coutinho cabar a embaixada de Holanda , e lhe fucceder Antonio de Sou ia de Macedo_, como havemos referido, lhe ordenou EIRey ~h~~a a.. que pafafle a Franca, por neceffitarern as materias con- .~ 1 z ~ra trrlhidas com aquell~ Coroa da affiil:encia de Miniil:ro ta -~~o~~a e capaz como era Francifco de Soufa Coutinho. Parti o de Coutinho Aa ii Brilha
?o
ie
hum:tcn:lli:no::
372
PORTUGAL RESTAURADO,
Brilha o prhneiro de Janeiro, e ainda oue arribou duas Anno vezes, chegou a dezefete a Pariz. re,;e logo audiencia 165 I do C1_rdeal MaTarino , o qual fendo mayor o aperto em que ie achava, orirrinado da oppofica ane fazia fua valia os Principes d-~ Sangue, fora inai; vehen1entes as queix::1s que lhe f.-2z, de que EIRey nao continuava cotn o fl- ~ vigor cue podia a pverra de Cafi:dla, eJuntan1et:te as. tn c~ncias de fe lhe acdir com a mayor quantidade de dinherro que fofe poHivel, pe. tendendQ n1ofirar, que efta era a principal caufa dos n1<1os fucccffos que na campanha a!1tecedente havia6 tido as armas de Frana, Italia, e 1 ~; ~i~~~~~a~ Catalunha. Francifco de Sou! com ben1 ponderadas ra.. do c.,r- zocns , e que-era grande meftre , lhe fez largas offertas : ~.!caL forem nao chegou cotn o Cardeal a ajuftan1ento algum, porque o poder de feus inimigos, mllito a pezar da RaiSal:e.o -, . nha R ege!1te ' o obrigou a- ihir de rariz , e raflar a AleCardeal r --' , de Pam;._ Inan h a a i o] i citar 10ccorros., que d epots vterao a f'e r o feu . total remedio. Efras revolucoens nao erao em utilidade 11ofia ; porque a guerra civil dividia as foras de Frana-, e a efra feparaa- erao fuperiores as Armas de Caftella. E como em damno de Portugal caminhava todas as negociaoens ao intento da paz ~ a guerra civil era a mais propria medianeira para fe ajufi:ar. 1 Negocias Os negocias de Roma , na era poderofo o tenldeRoma. po para os fazer tnudar de condia, ne1n os acciclentes aconte-ci ao a ieu favor ; porque affifrindo naquel1a Cu ria o Cardeal de Efte, e dilatando-fe nelJa mais do que o Pon-tifice entendia aue era 1ufto, lhe ordenou hun1 ~dia que fe partifi'e para a fua IgreJa,_ r0rque lhe fazia grande efcrupu~o o tetnpo que havia efrado fra della. O Cardeal, que era moo , e refoluto , lhe re1pondco ,. que o e1cru-. puJo de Sua Santidade era n1uito jufrificado :- porm ouea1liln como o tinha da confervaao de huma f .IgreJa , nat"j devia faltar-lhe para o rep~uo d~~ tantas , como em . rortugaJ efcavao feril Biii1()S ; e que afllm lhe protefrava InflancJas diante de Deos, e da p~rte delRey de Franca, de quem do c~r- tlll h conlmtHao para o 1azer, qutze fl e dar 1 . ~a . rr _, c . ~ do;~J de ogo n f pos 1 Efk. s Igrejas de Portugal. O Pontifice ficou ta6 embm;aado, que, fen1 lhe refponder , lhe voltou as ,ofras, dizenJo-~
J. )
Ete
7 ~ PARTE l LI1 RO XI_. ' 373 Ett tirarey o Capei/o a efle moo. A que reipo~1deo ~ Car~ deal: Eu porcy out1''o de ferro. Recolheo-fe a tua .c:da, en- Anno ch~o-a ~ g~llte ari?ada, p1an_tou nas jane11~as pcc;as. de 165 r arttlhena. AJufrou-ic efre movunento; rort:nl nau tlvcrao meihor recurio as pertenoens de Portugal. . crlt11 .A.ntonio de Soui de J\-1acedo, quefuccedco naNegocios embaix~da de Holalld:.l_ a Franci~co _de soufa Coutin1:e, ~~ Holan.. pelo~ teus u1eitnos paflos foy enGmunhan~o 2s negoc1a- oens com as ProJincias unidas. Os mos iucceflos, que as tuas armas experitnentava etn Pernambt!co, fi?.zia crefcer o ientimento dos Efr1dos. Em hun1 Congrelo fez bun1a larga Ora~o o Prefidente de Zelanda , chamado l Vet, en1 que periuadio a guerra contr~ Portugal fetn fe adnlittir novo 1. 'ratado. Segura o mein1o parecer as Pro. f' 1 vindas de Utrech, Vuricel , e Friza, accrefcentando, que fe mandaffe Jhir daquella Corte Antonio de Soui. Foy de contrario parecer a Provincia de Holanda, c redu... ;: zindo ao feu voto as tres Provindas nomeadas, fe ajui: tou que ao Embaixador fe dfie prazo limit:1do para o ajuftamento da paz ; e que fe dentro nelle fe na conclui!: fe na frma que os EftLtdos pertendiao , fe declarafie a Portugal a guerra. Eftas interlocutorias era em grande beneficio noflo ; porque , na fnua daquelle governo , co.. mo era necefirio para ie ajuftar qualquer materia grande concordarem muitos votos, e parte delles interefldos nas mercancias de Portugal , ordinariatnente fe defvanecia a refolua, que ie fuppunha mais firme, e inditToluvel. Antonio de Soufa vendo moderados os impulfos de H~ Antonio landa , fe applicou s negociaoens de Inglaterra ; por- ?e Soufa que at aquelle'ten1po, depois da morte delRey , nao ha-mtrod~z via chegado quella Corte Miniftro aJgum deite Reyno. ~~~~~~:~ Efcreveo Antonio de Soufa a alguns mercadores que t:-Inglaterra nha parte no gov~rno do Padan1ento , com quetn havia tido amizade no ten1po que havia affiftido em Londres., que elle queria ier inftrumento de fe accommodarem as duvidas que fe offereciao entre Portugal, e o Parlamento. t-e Admittra os Inglezes a pratica : pedirao a Antonio de Soufa carta de Crena delRey, remetteo-1ha, l1avenrlo-a lan~ado fobre huma de algumas firmas que levava em Aai bran)
374
Anno raada con1 as diligencias dos Cail:elhanos , foy neceffaI 65 1 rio esforar-ie mais o no fio partido, e paflou a Londres
D. Manoel Pereira irma fegundo de Gonalo V2.z Coutinho, en1 quem concorriao partes dignas da fua qualida..; '- "} - de, ainda que as embaraava alguma extravagancia, que o fazia mais eil:itnado para Corteza que para J\.liniftro. Andava fora do Reino obrigado de alguns iuccefos que a jufi:ia delRey na tolerava: chegou a Londres, e achando que os Inglezes queria vender as caixas de aucar:. que navia tomado na barra de Lisboa da frota do Brafil .. o anno anteced~nte , embaraou efra reiolua , e fuil:en~a? d_e tou a pratica da concordia at chegar quella Corte ]oaO. ra:~~~n- de Guimaraens , que EIRey havia mandado a ella por En viaJo de viado. Foy nella admittido, e teve principio o tratado lnglatcNa de accommodamento. ~ ffi . Com admiravel conl:ancia continuava Francifco &:~Ucce o5 d p b c. rr. r do .Brafil Barreto a guerra e ernam uco , e ao me1mo pau o que 1e augn1entava a refoluao de lhe ver o remate , ~ ditninuia nos Holandezes o vigor ; e deforte fe deixava conhecer a debilidade dos eus animos nas occafions qne fe of. ferecia, que chegou a ponderar Frandfco Barreto, que podia fer indufl:ria , para que os noffos foldados na confiana , e defprezo do ieu pouco valor fe arrojafl"tm com pouca prevenao a algia temeridade. Eftas tdas de hurna, e outra parte fazia as. occafioens pouco confideraveisa N"o principio de ~1aro n1andu Franciico Barreto aJa. come Bezerra Sargento n1r do Tero de Francifco de Figueiro<.l, que fe embofcafe com trezentos Infantes efcolhidos entre as Fortalezas das cinco Pontas, Affogados~ e Barreta, em. hum fi tio, que era paflagen1 foroia por onde as F('rtalezas {e cotnmunicavao con1 o Arrecife. Depois de an1anhecer, vi0 o Sa1;gento mr que fahia do Ar.. 1ecife hum barco-con1 a proa na Ilha do Cheira dinheiro. Animrao-fe doze foldados com defufa do valor entpreza A cca. de ganhar o barco .., :lat.anrlo-fe a nado con1 as efpadas na d('~io hoca& Approvou o Sargento mr o intento, e ainda que de d~n:c duvidou da execua , lhes deo licena , vendlJ a glori tolckdo!. ~1ue ganhayao nos meyos 9 e~nprender o que parecia im, .....~.:. lll . roffivel
PORTUGAL REST.AURADO,
.,7-4
era errado efte difcurfo ; porque Janando-fe ago:1, e Anno nadando os braos n1ais que o_s remos do Barco, ch~girao 165 r a elle, e depois d~ mortos tds Holantlezes o r~ndra, ---::~:::'' o trazendo outros tantos prifionein::.~s, e a mulher do Go- .;!> ecb vernador da Fortal~za da Ban~ta. Ql~iz ellc act!uir-lhe '")~~-1 com ioccorro, tnas reconhecendo a etnbofcada , antes d~ entrar no perigo ddla fe to~nou a retira!, e o Sargento ;, mr. recolhidos con1 tnerectdo applardo os do7.e iolddos do barco, voltou para os quarteis {em outro ~ffeito. PaTados alguns dias, thira trezentos Holandezes da At::.ca os Fortaleza dos Affogados ; atacra6 vigoroimente o alo- Holhndejamento do Mcndoa : fora~ rebati~os , ~ ~ei~ando ieis :,~no~fi,. mortos , e levando alguns fendos , ie rettrara. Confiou ra rebaa Francifco Barreto que no R.io Grande tinha oos HoJan- tidos. dezes quantidade de canaviaes , e roas , de que hrevevemente eiperavao tirar o fru~lo;ordenou ao Capita Joa Barbot Pinto que marchatfe com trezentos Infantes a deftruir eftes canaviaes. Executou elle a ordem com nluito bom fucceTo ; porque depois de deftruida , e queimada toda aquella camp~nha_, con~a~d9-lhe_que GUantidade~~1~ :~~: d_e Hola~?ezes , ~ Indtos i~ ha~ta reco11udo a huma _for- toqueitdicaa Ja deftrutda, que ttnhao reforn1ado nas Guaratras, ma cs camarchou a atac-la. Porm os Holandezes, fern querer de- naviaes._~ fender-ie , fe entregra, e Joao Barbot fe retirou para ~nde ~u o~ quarteis com oitenta prifioneiros, e quantidade de ga- Hcl~~'ld~~ do. Segiftnundo defejava com algutn progreflo anitnar os zes. it~ados, e vendo que nao podia confegu1-lo por outro canunho, detern1inou con1 a mayor -parte do feu poder roar o mato , que encobria o alojatnento do Aguiar da Fortaleza dos Affogados , para que, defcoberto della , pudeffe o damno da artilheria defa1ojar os noflos folcac1os daquclle iitio. Reconhecendo o Capita Manoel de Aguiar, que o govern2va, efl:a determinaa, convocando todos F~zem c-; os Officiaes, e Soldados dos alojamentos vifinhos, hio Holandedo qu:u-tel, e inveftio ta valorofamente aos Holandezes, zes huma que os rornpeo , e os fez retirar com tanta perda , que c;oru-d defca pafrao ieis mezes , fen1 que fe refolvefiem a intentar ~i~: ~;: outra ihida. Francifc0-Barreto, fegurando-lhe efras cir- perda. Aa iv cu nfi:an-
376
PORTUGAL REST.AURADO;
e:unfl:ancias o feliz fuccefio daquella empreza ,' fazia Anno apertadas diligencias com E1Rey , corn o Conde de ~f I 65 I.; tello JV1e1hor ,i que continuava o governo do Brafil , e Diligcn-. con1 os moradores de Pernan1buco, para que na dtbilidacias d_e de das .foras dos Holandezes fe augmenta1fem de qualiFranclfco daJe as nofis, que confeguiflemos fer duas veze~ podeBarreta 1 l l d fi" ., . para fer ro1~S,. lu_ma. . pe o a~gmento o !_10 o Exercito, outra pefoccorri- la dtmll1U1ao dos fittados : na fendo jufro darmos tempo 4ilo. a que os Eftados livres dos embaraos de Eurora, intentaflen1 defrruir na A1nrica ta uteis deipezas, e tao glo- (; ;. riofos trahalhos. ~~~c...~~los Governava Tangere, como ja referimos, o Ba.. gere. an- ra de Alvito, e iuccedendo padecerem naufragio a1guns J!aYios, que de ~~sboa, e das Ilh.,.s carregados de trigo_paf .. Java &:iqudla Ctdade, foy deforte o aperto a que 1e reduzira o os n1oradores deli a , por falta de mantin1entos , que chegrao a ter por fuftento as hervas do campo. Acudio o Bara generounente a efra falta , e com larga def: peza da fua fazenda fufrentou os enfermos , e quantidade de meninos , que por falta de mantimento pereceria ,.,;, fen1 o feu foccorro. Como efre prejuizo chega v? tambem ' aos cavallos, e na bafl:ava f a herva nara os i ufl:entar , n: .t era rntiito difficil fahi r-e ao campo fen1 grande perigo. 0bric:ados da ultin1a necdl!dade falra a elle, e defcoorindo hun1 Atalaya aSilada das Figueilas, a inveftirao os Mour t r ro~, e dando-lhe cotn hun1a bla, corrra a cativ-la. Foy foccorrida de trinta Cavalleiros, e livre das n1os dos Mouros cufra de muitas lanadas. No fin1 rlefie anno fa,hindo o Bara a ganhar o fi tio dos Pomares, corrra da .Atalainha cincoenta Cayallos, e na achando oppofia, ........ entrrao pc1a 1~rincheira Nova, e chegra at a da Fon1e, ~1ond n1atra6 hum criado de hum Cavalleiro. O .Ada i], '1llerendo remediar o in1pu1il dus J'v! (:Urf.ts, acom..., panhado rle L1:1gt!ns Cavalleiros , os invefrio , e os fez re- tjrar, deixanJo qt1:1tro mortos,. e htnn Guia, que fe.. ~,n . 1 gyem, e dcfenJem at o nltimo da vida, e con1 o nome .;r. ot de Gui~t expJ ir ao as nofls bandeiras. Sc~uio o Adail os Jl :>t lP ",.. ' A 1 b d ' . - d . d w ... , :a;-ri J'iOUf.C?S ate a oftc a a, partedem G~eliavtao c1xa oi!,a . h~~(. iua t1erva. Con ava c..e gran e. pooer, voltou a nona
. I
'>\:
.;H
.J
gente :t
f_ '~pARTE- 1~ LIPRO- XI.., 377 gent, c reco!hi~a 1--~inchei~a foy a contenda ~u~to travada. Morrera tres Ca vallcnos, e dous I-Ierbolancs Anno de cafa do General ; ficra outros feridos. Os Mouros 1651 recebrao grande perda, e puderao padcc~-la con1 n1enos damno nofro, fe o~ Cavalldros na fahira6 campanha livre. Sinalou-fe nefta occafiao o Ouvidor Franciko da Fonfeca, a que1n matrao o cava)1o ' porq~e os livro~ das leys tan1bem muitas vezes enfl~1a a peleJar. O Bara manJou todos os foccorrcs conveniente~, e hum Mouro chamado Gaylan, que era Cabo da en1rreza, lhe mandou dizer que a vil:oria fora fua, e que efperava conieguir outras mayores. i\'las efia arrogancia na pode desluzir a occafiao. O Governo de .J\Iazagao continuava D. Francif- Succcfros co de Noronha fempre con1 feliz fuccefio, a1Ilfrido de de Mazaieu filho D. Marcos , que muitas vezes no campo foy ex- ga. en1plo aos Cavalleiros para o naolargarem fero reputaa. T-eve boa conrefpondencia com ElRey de Marrocos, a quent mandou hum grande prefente por Antonio Furta.. do criado de iua caa , que foy delRey recebido com nuJi.. tas demonfrraoens de contentan1ento , fatisfazendo com largueza o prefente que recebeo. Durou o governo de D. Franciico at o anno de 54, e como na houve no decur.. fo defte tempo acao digna de memoria , nos na fica lu.. gar de tocar nefres annos efta materia. -, _ D. Filippe Mafcarenhas , que governava o Efta- Succcffos rlo- a India , foy efte o ultimo anno do fell governo , e da ln dia. fora o poucos os f uccefos de ue ie rofla dar noticia. S a teve de que havia occupado o Morro cle Chaul os Chanderros, homens de baixa esfra, que fe fuftenta co1n os roubos que fazem nas terras do Idalca, com quem confina. Fez o Vke-Rey promptan1ente a vi i o a D. Alvaro de Attaide, que ie acha,,.a (lll Baaim, e on.le- nou-lhe que com a gente daquella rraa ' e a mais que pudcfie ajuntar, marchafie a lanar fra os Chanderros do l\iorro de Chaul. Executou D. Alvaro a ordem , e os Chanoerros! tendo notkia que elle marcllaya para aqud.. la parte ~ deioccupra o 1\'lorro. Foy efre anno porca.. pitao mr lndia em o Galeao S. Thon1 L1.z de J\:1en~ doa
I
378
PORTUGAL RESTlTRADO,
doa Furtado ; o Galeao Santo Antonio de JVlazaga , de r'' \ que foy por Capitao Joao de Salazar de Vafconcellos, e o Patacho N.Senhora do Soccorro, de que foy Meftre Capitao Joao Vicente Cafado , e entrou en1 Lisboa o Galea S. Filippe feito na India, de que era Capitao Gafpar Sine.l ' . . .rr lf . Anno O Principe voltou de Elvas a Lisboa no fim do . I 652 anno antecedente a el:e, cujos fuccefios comemos a e i: DiliO'cn- crever , obrigado das razoens que fie ao referidas. Empecias do nhou toda a fua eloquencia em perfuadir a ElRey feu ~~!~~~r~ Pay, quanto convinha- contervaa do Rcyno pernlittirnar a A- lhe que voltafie a affiftir na Provinda de Alem-rejo,ou na lem-Tejo Praa de Elvas, ou em Evora, ou na parte que pareceffe mais conveniente. Apontava para confeguir o feu intento com verdadeiro difcurfo os progreffos que os Cafrelhanos confeguia na guerra de Italia, o remate que pro.. nofticava a commoa de Catalunha , c que o focego deftes dous embaraos era certo vaticnio do perigo de Portugal, parecendo infallivel, que EIRey de Cail:ella havia de applicar todas as Tropas, que efcuiva nas outras fronteiras, guerra defte Reyno, em. que tinha os olhos, como tnai.q nociva, e de mayor reputaao: e que. o verdadeiro caminho de divertir os progreffos dos Caftelhanos, era a fua affiftencia em AJen1-Tejo ,.para que as pefoas, e os cabedaes de todos feus Valllos, nao podendo efcufar-fe a efte exemplo , fervifiem de conftante muralha s forofas invafoes dos inin1igos. Eilas', e outras finceras , e virtuohls propofioens dipendia o Principe fem utilidaJe; porque o animo deJRey f~rtificado com erradas politicas de alguns Minifrros, nao fc deixou penetrar. E p~ra que 1(~ julgafe prudencia ,o feu Nomea cinme, declarou ao Principe por Governador, e Capita ElRcy 0 General das Armas de todo o Reyno, de que lhe mandou ~r~~f:~; pafiar patente, ficando todos os pofros miJitares, e conGcncral fnlt::~.s, que tocavao gu~rra, ii1bordinadas ao feu poder. do Reino. Efl:e remedio exterior accrefcentou o damno intrinfeco. Mas os ioldados, que nao penetrava idas politicas, ce.. lebrrao con1 exceffivas demonl:racoens a fortuna clo General que confegul.rao. Remetteo Prncipe a patente a
D.
I PARTE 1. LIPRO XI.-~, 379 D. Jo:.t da Col:a, para que a Jnandare regifrar na Vedo.-
ria Ger..1l do Exercito, e o tneilno ie executou nas mais Anno Provindas do Rcyno. D. Joa da Cofra com o novo Gene- 165 2 ral cobrou novo efpirito , e ainda que o atormentava tnui- Succeffi to a repetia da molefl:ia do achaque da gotta, parecia- de AJca:~ lhe que o valor dos braos bafrava para fupprir a falta Tejo. dos ps. Varias vezes manJou armar s 'I'ropas de Badajoz , e outras Praas : mas nao reiultou dos primeiros in. tentos mais effeitos, que remontarem-r~ as nofias Tropas . com tnuitos cavallos do~ Cafrelhanos. Mandrao elles Dd ubqurzn _, cs . cem a tomar 1 tngua a 01'tvena, perd.erao-i~e qua fi to dos cem arata 1 Capor indufl:ria do Commifirio Geral Duquizn. Os Ca.fre- vallos. lhanos, ainda que haviao baldado muitos -intentos, na deixavao de procurar novas em prezas. Fizerao com ai- LcvaOi Jmas 1~ropas hia grande preza nos cau1pos de 'Telena. CafleH"Klr . nos 1 lllma eve av11o o Thenente General Tamencurt, marchou preza de elle, e Duqu izn com as 1:'ropas de Oli ve~a : mas os Tclena. Caftelhanos, -levando horas de vantajem , 1e recolhra com a preza a Barca-Rota. Ficava diante da Praa hum grande campo, que defcorttnava a artilheria, e mofque-taria della , rodeava-o hum a trincheira con1 porta que o cerrava. Pareceo aos Cafl:elhanos efre fitio 1eguro para deixar nelle a preza que havia o feito. N a conrefpondeo T . o fucceffo confiana ; porque Tan1erictnt _chegou a Bar- cu:~~;~ ca-Rota, e deiprezando o perigo com o deiejo da vingan- preza d~ a a, fez defmontar algun1as Tropas , e abrindo os Ofti- Barca Rodaes , e Soldados a porta do campo , tirra a preza com t\. pouca offenfa das blas, por haveretn excc11tado efte intento ao romper da manha~. Sahira os Cafl:elhanos ao rebate , e tornra logo a recolher-fe , deixando quarenta Rompem caval!os. Retirou-1e Tamericurt a Olivena, e reftituio as, nofas a preza aos lavradores, que a efl:imra con1o quem a l1a..: r;p~sai ~ia Eer'ldo fem ei~erana de refraur-la. ~a foy menos J;z c~~ atro1 o o fuccelfo, que as n1efmas Tropas ttvera poucos pri2a do dias depois defie ; porque' armando s que affi1Hao en1 ThenenBadjz , as carregrao co1n tanto vigor, qc ficou pri- te1~~~~ fioneiro o Thenente General ;Ja Cavallaria D. Francifco ;~.e ~u:_r Hibarra , outros Capites, e Officiaes, e cento e vinte uos Officava! los , fem recebermos mais dan1no- que retirarem-fe ciacs. alguns
alguns foldados f~ridos. As muitas vi.rtudes de D. Joa Anno da Cofta , e os bons iitccefos que confeguia , ateava .o 1652 fogo Ja inveja de feus inimigos; e communicando-ie os da Corte com os do Exercito, fulmina vau por todos os caminhos a fua ruina. Porm elle fundando no uefprezo dos en1ulos a itisfaao dos aggravos~, e tendo por unico objel:o a reputaa das Armas, e contervaa do Reyno, (:ada dia com n1ayores vantajens augrnentava a gloria. Ruma das ordens que o Principe diftribuio s Provincias do Replo , depois de corr~r por fua conta o governo das Annas , foy que fe na fizefiem entradas en1 Cafrellt~conve- la , nem fe pudeffe trazer gado , nem queituar Aldas : ntentes " A uxt1. . tares 1.e nao convocauem para eft e fi m , e. r 1r da ordem ~e os do Prin- que fe tratafe cotn todo o cuidado das fortificaes das c1pe para Praas. Efra ordem podia fer n1ais propria para as outras ceffarem Provindas, que para a de Alenl-1,eJO, por fer differente a as entradas.. frma da guerra , e o terreno ; porm para todas trazia grandes inconvenientes : porque os bons fuccefios que fe alcanava nas fronteiras, refultavao dos Lugares que fe queimava , e prezas que fe faziao , e os Caftelhanos na fe abfiinha de roubar aos nofios 1avradores, ainda que. ns perdoaffemos aos feus, e fem contrapezar efte dam" no, era perigofo, e difficil de confcrvar a Cavallaria, af. fim porque os foccorros nao era baitantes para fazer perfiftir os foldados , cotno porque as retnontas na era fufficientes para fe confervaretn as Tropas, fendo tantos os cavallos que i.e tomava aos Cail::elhanos, que havendo f hun1 anno, e dez mezes que D. Joao da Cofta governava .o Exercito de Alem-Tejo, tinhao perdido os CafteIhanos no decurfo defl:e tempo 1400. cavallos, e ns pou!-.r cos mais de cento; e depois, nos annos que durou o gover- '' no de D.Joa, foy muito mayq\- o damno que os Caftelhanos padecera; porque a prudencia defre Fabio Por-: .... _ tugucz na deixava lugar fortuna para lhe divertir as . difpofioeflS. Sent~o elle deforte o pretexto que lhe pro-:hihia as entrada..~ em Caftella, e lhe mandava que tiveffe _.) .J cuidado com s f~rtificao~ens a que tanto fe havia appli:l. cado! mtlllando-ie pela fua induftria a frma da receita, e dei peza co1n tanta utililade do dinheiro applicado s
..J
I
3So
PORTUGAL RESTAURADO,
~~
PARTE I. LIPRO XL
38r
fortificaoens, que ja os baluartes de quafi todas as Praas era firn1es efcndos daouella Provincia, e jufia def- Ann<k_ confiana dos C::tih:Ihanos. Havendo recebido D. Jo~. a 165:z, ' carta do Prindpe, que continha efias novas ditj.:of:oens, e al:crefcentando-Ihe o fentimenro tnandar-lhe que ie regift:lfle na V~doria Geral do Exercito, refponJco prompta- Razoens -111ente, n1ohando cem elegantes razoens qHanto preju- de D.Joadkava coniervaa defi:e Rcyno fufpender~tn-fe as en- d.t C~fia. traJas em Cafi:ella,e jufiificando com toda a clareza o pon-~~~"lcx~ co intercle que tirava '~ellas_, nn admittindo octro a1- cutar :~ or, gum ntais que aquelle, sue te chamava joya, que EiRey dt:~ de fe havia difpen1do aos Generaes. Mofrrava tnmben1 o que n~u faze~.. c ~ _ 1 ll3Vta o b d a tua d"l" .ra ,o 1 1genna nas 10rt111Caoens u.as F rc. prezas. raas; e ultiman1ente, como o ieu animo era 1!1-ande, e fogof~, ena pertendia do feu Frincire rr..ais ~que o louvor do ieu zelo, ( unico objel-o dos Yarocns virtuofos) attribuia a novidade que fe ufa v a con1 elle indul:ria de feus inin1igos , cs qBaes dizia haverem confcguido artificio. famente com o Frincipe cfte medo de dei compor o teu -rrocedimento :- pois fiando-lhe o Principe o governo da-quella Provinda, lhe tirava os :neyos de conieguir progrdTos fimilhantes aos que at aquelle tempo havia alcanado , e Utros 111ay0res que fabricava ; e que rara ']lle conftafTe aos teculcs futt1ros a defconfiana que Sna Alteza havia concebido do feu procedimento, lhe mandava que regifraffe a carta , que continh2 eftas or~]ens, na Vdoria Geral: c que conhecendo que n.:-' convinha fua l1onra fervi r com eite ddl:redito, pedia a Sua Alteza foffe ~rvid? de lhe perrnittir licena para fe recolher ao fo.. cego de iua cafa. O rrincipe, como na o obrava acca aT~ R . evoga 1 guma por re1 petto p~rttcu l~r, con h ecen d o o zeJo , "e c., e f.- Pi"incipeo 1nterefe ~e Jo~o da Cofta, mandou revogar a or-a or~cm. uem que te lne havta paffado , e efcreveo-lhe huma carta c f.1 u~faz ta ornada de lc11vores, que o ~eixrao fatisfeito da fua da GueJJxa .. . h 1 .c e 0 . oao que1xa , e novamente emren auo en1 amar,. e Jervtr o da Cofia . l'rincipe. ElRey, a quem erao prefentes todas efras materias, e eHimava, c0mo era jnfro ,- as virtudes, e fide- F-lo Fl-1id3de de D. Joao da Cofta, o premi cu con: o titulo de Rd edy Con--. ,_--.. , Q 11 ,. . c '-Vllde de~.-~otire ,. de que eue, por i er efr a n1erce. Jmrne- rc. c:Sou-. dia ta,
_p.
(.
38z PORTUGA~ RESTAURADO, diata queixa ref~rida, ie deo por mais obrigado. -""' Anno Apertava-fe o fi tio de Barcelona, que D. J oa 1652 de Aul:ria e!l:reitava con1 tnais indufl:rioi confl:ancia que poder , e os FranceF:es opprinlidos das guerras civis na foccorriao , fendo que por todas as razoens politicas lhes convinha ful:entar aquella Praa feparada do governo de I Cafi:ella. Formrao novas Tropas, reenchra de Infan- taria os Tercos com numerofas levas em todas as fronteiras de Portugal, e efras diligencias que nos puderao fervir de avifo para nos ani1narmos ConquiHa, tendo certas Errada noticias do perigo de Barcelona , nos accrefcentra o ~of~ica receyo , e nao fervirao mais que de adiantarmos algun1as r~~- preveno~ns para a defeni das fronteiras, cotno fe os corrcrBar Caftelhanos as houveram de conquifl:ar em tempo que to .. celona. da a fua f~licid.1de era o nofo iocego. Originava-te efta . defattenao de na o ter o Prncipe ( que era de parecer contrario) mais poder , que o de afiinar conultas, e paflar -patentes, que fervia iode lhe accrefcentar o trabalho ; porque as deliberaoens da guerra pendiao da vontade delRey, entranhado na refoluao de pafar dias, e ganhar tempo.. por lhe haver n1ofl:rado a experiencia de doze annos, que por el:e canlnho fe podia confervar , como fe as regras do mundo corirao fempre direitas pelmef1na linha, a que as encanlinha quem pertende govern-las n1edida dos feus intereles , e na o fe experimentrao ordinariamentz tao cnadcs os pontos rla fantafia' que he neceT3.rio pedir foccorro ao Sol para etnenda dos f e us defacertos. Accrefcentava a confufao, e o e1ubarao em materias ta importantes , ter principio em o Principe a larga enfermidade, que veyo a tirar-lhe a vida , e ao mundo a honra de o dilatar em fi n1ais feculos. O Conde de Soure, uao tendo poder para confegnir os progrdfos que defejava, valia-fe da prudenda , e da indul:ria, em que fempre achava venturoos effeitos. Convocou as Tropas dos quarteis mais vifinhos com tanta di1fimulaao, que nao chegou efi:a noticia aos Cafl:elhanos.Ajuntarao-fe r 500 Cavallos, e dividira-nos entre fi Tamericurt, e Duquizn; Eorque o General da CavalJaria Andr de .A1buquet~ que ie achava naquelle tempo em Lisboa. Paffrao os dous
1
n:
dous Cabos Guadiana, e fic~ra6 en1bofcados dentro no .A..Jcomocal vifinho a Bacbjoz. An1anheceo, e ihindo da- Anno queJia Praa hia efquadr de Cav,~IJo~ a dei~obri~ a cam- r6sz panha (como era coihun~) a co_rrerao alguns nof1os. Foy 1occorrida das Conlp:tnhtJS da iua guarda, e teve ten1po Recontro de acudir ao rebate D. Alvaro de Viveres con1 todas as da nofl Tropas de Badajoz. Metteo-as en1 batalha, e foy-ie alar- Ca,<lllaria 1 gando, com pengo, ua p raa, ( que era O Intento fer- com a do Badaj tendido) porm ainda em menos difrancia da que era ne~z. cefaria. uqu izn, que e~ava n1ais viiinho , parecendolhe o tempo conveniente, iem deixar que os Cafrelhanos fe a1argafrem mais de Badajoz, avanou c>nl valor, e fem orden1. Comps o General as Tropas, fez alto, e aguardou o choque; e coino as noflas inveiHra desfilaelas, fuftentou-o com mt;ito valor. Recebeo na primeira invefi:ida Duquizn tres feridas, cahio morto c Capitao Morre S~ de Cava1los Sancho Diaz de Saldanha, e alguns !oldados; ~ho ~i.az as mais Tropas faltando-lhes Cabo 7 e difpofia, avan- 11~~-a oara com pouco vigor 7 e retirara6-fe com m~.ta rre~a. \ 1endo Tamericurt efta dcfordem, cdrregou unpetuoiamente com os feus Batalhoens: mas levando-os menos compaffados do que convinha, fizera os da vanguarda pouco effeito: porm os da retaguarda, que era de D .. Joa da Silva, D. Pedro de Alencafl:re, Duarte Fernandes Lobo , e Fernan de Mefquita, invefrra juntos ta Desbara... valoroirnente com os Caftelhanos , CJUe depois de lhe ~a. ~]ffa haverem refiftido largo efpao , tnortos huns , feridos ou- ri:~ad: tros, os desbaratra. As T'ropas do Trco de Duquizn, Cafidla~. e alguma de Tarr..ericurt , cegas do exceffivo p que fe levantou, e perturbados com a defordem, fe retirrao a Olivena , fuppondo que deixavao todas as mais perdidas. Tamericurt formou as que lhe ficma, fez retirar os feridos , recolheo os prifioneiros , em que entrava o Capta de Cavallos D. Guilherme 1'utavi11a, obrinho do Duque de S. Gcrman Meftre de Campo General que governava as Armas de Cafiella,. e outros officiaes, fi~ando muitos mortos na campanha , e retirandc-fe ferido o General da Cavallaria, e outras peffoas de importancia . :Recolhrao as no fias T rapas mais de duzentos cavalJos :: ficou
PARTE I. LIP'.RO XL
383
3~4 PORTUG ..4L RESTAURADO, ficou ferido D. Pedro de AJenc. .1flre, Diniz de Mello de Anno Caftro-~ e D. Jo~ da Silva cmn h un-ia perigofa etocaja 165 2 pelo pefcoo: havia pouco telnpo que occupava o pofto -de C1pita de Cavallos, e en1 varias occafioens tinha 1nofrrado grande valor, e fununa prudencb, que depois exercitou talarga1nente, como veremos. As fuas tnui.. tas virtudes inclin~i:ra deforte o anin1o de D. Luiz de Menezes fua mnizade, que negando-lhe ElRey huma Companhia de Infantaria, etn que o conf ultou D. joa6 da Cofta, parecendo-lhe que era de poth:os annos , pedi o a D. Joa da Silva nombran1ento Je Sargento fup~a da fua Cotnpanhia, queexerdtou muitos mezes, depois rle haver_fido Cabo de Efquadra, exemplo que na dei~gradou aos foldados ~e nel:e tempo, em que D. Joa da Silva foy f~rido, era ja D. Luiz Capita6 d,l n1efma Con1panhia, e foy a pri~neira patente que firmou o Principe D. T'heodoJio., honrando-o com lhe repetir muitas vezes cfie favor. O Conde de Soure era ta applicado orden1 ' e difciplina militar, que lhe diminuio n1uito o contentamento .o botn fuccelo da c~lvallaria o deicordo das Tropas que fora parar a Olivena ; e a1lim como engrandeceo com 1nuitos louvores os que procedra com valor, affimtambcm prendeo, e reprehendeo fevera1nente os que fe dcfvira da occafia. E porque o Principe, em razao da ua doena, na exercitava aiada a fua occupJ.a, fez diftinfran1ente aviio a E1Rey do merecimento de h uns, e culpas de outros, com C!_Ue iguahnente confeguio no feu governo a affeiao, e refpeito, 1,los em que o credito _ pos Gener..les cofluma fufi:entar-f~. O Duque de S. Gennan G;inha a1Jcviou a perda das Tropas con1 a nova Je fe entregar Baros Cafle- celona a IJ. Joa de Auft-ria, e en1 Italia Cazal de Tvlonfer~:~~iona rJto ao Marquez de Carafena , hum a, c outra felicidade e Cazal. de grandes coniequencias par=-\ a 1\lon:-trchia de Cafi:ella, - e de grande perigo para a coaferv.1a de Portugal. Porrn _a Providencia divina fempre foy difrondo os Cafl:eSuccdl"os lhanos a que nao tivefem deiculpa_ com que difli1nular as de Entre noTas vitorias. Douro e .Sem .alterar o focego , continuava o Vifconde Minho. de Villa-N ova o governo das Anuas da Pro v incla de En-
tre
.l
tre Douro e l\1 inho , e na o houve nella ffie anno mais encontro , que avanar iem ord~n1 o Capita La~arta va- Anno loroio francez com poucos Cavallos alguns dos Cafte- 165~ lhanos, que efl:ava junto do Forte de Santiago de Aytona , viiinno a Sal Yaterra. Cu.lou-lhe a deiordem a vida, retirando-ie feridos a maJor parte dos ioldados c.iue o i 1 acompanhava. O Conde de Atouguia havia confervado na Pro- Succdfos vincia de r-r raz os Nlontes , inftancia cios Gallegos , mui- de ~raz tos mezes a conrefrondencia de fe na fazerem pilhagens,~~. on nem datnno algum aos Lugares abertos de }~urna , e outra parte; porn1 os Gallegos, que artifido1amente fizera efl:a propofra cotn ordem de J\ladrid, en1 quanto durava o en1barao da guerra de Catalunha, tanto que ti.. verao noticia que Barcdona fe na podia defender, fem novo avifo quebrrao o concerto , e entrrao com as fuas :l'ropas nos lugares de Barrf)fo, de que 1evra htnna grofia preza. Logo que o Conde de Atou guia recebeo ei:. te avifo , marchou- a Vinhaes , Villa ce que era Senl:or, com outros , e muitos Lugares naquella Provincia , por antiga merc feita fua Cafa pelos Rey~ ce fie Rein'(). De Vjnhaes mandou entrar cen1 Cavallos ccn1 outros tantos Infantes em ~1efquita, e Frieira ; fizera grande damno, e trouxerao mayor preza .da que os Calkgos havia Ieva<lo; e pafindo .nefte tempo por Fmbaixador de lnglaterr~ o Conde de Penaguia Camareiro Irtr clciRey , elegeo EIRey para ficar fervindo o feu officio ao Londe de Atou guia cunhado do Camareiro mr. P~rtio elle a exercitar efl:a occupaao , e ficou a Provinda entregue ao Meilre de Canlpo Antonio Jaqt1S de Paiva, que a ..J .tvanne f.O ~~cede 1 vernou poucos n1ezes , nomean do E]R-ey por '-=Qvcrnal. or MeDces das Annas della a joanne J\'Iences de \'akoncdlcs ' CU{; ao Conde havia fido 1\lefl:re de Campo General da Prcvincia "~-e de. J\touAlerntejo. Form em todo o decurio defre anr.o te na gUia no c. -' go\UllO. o f 1ereceo occa f~1ao ,ugna de men1ona. Ko partido de Aln1eida iolicitava D. Rodrigo tle Cal:ro continuamente occafioens de prejt:Licar aos Cah.:.- Suc<'CfTo~ c puu . . . ,1 lhanos. A JUntou no pnnc1p1o ~e ile nno 9co. ln1antes , e do de Al do 300. Cavallos, e deixando a Infantaria , c.J_ue goven~a\'a mdda. , Bb o 1\le1~
~
385
o Mdl:r~ de Campo Pedro de Jvlello, em hu1na ponte do Anno rio Agueda, paffou a queitnar com a Cavallaria a Villa de 1652 1\1artiago, que confiava de 300. vifinhos. Executou-o fem contradia, e r~tirou-fe com h uma grofl preza. ()Jlando voltav1 apparecra tres Tropas dos Cal:elhanos; cor.. reoas at CiuJad Rodrigo, tomou-lhes alrruns cavallos, e u n retirou[;! a A.l!n~Lla. Palados poucos dias marchou para a Cidade da Guarda a arn:tar quellas meftnas Tropas que havia corriJo; mas na iahii.1do ellas a hutna partida que lhes lanou, e averiguando que as avifra hun1a das fen .. ti1ellas qu~ tinh1 iobre os portos, a mandou cafrigar, co11e> nl:!r~cia a gravidade do (eu delil:o. Tornou a voltar para Altneid:1, e achou que nos dias que fe deteve na Guarda havia der1otado Frandfco 1\'Iarti1s de Amaral Capitao de h uma Cotnpanhia de Cavallos da Ordenana, ajuntaildofe-lhes alguns pagos, hu ma Tropa do inimigo, que havia entrado a correr a ca:npanha. Com os Cavallos pagos f.e havia achado o Alferez Manoel Lopes , que poucos dias depois derrotou com trinta outra mais numerofa Tropa dos Cafrelhanos. Defejando elles fatisfazer-fe; entrra com quatro Tropas no campo da Vitniofa. Governava Almeida o Commiffario Geral da Cavallaria Joa de Mdlo Feyo em aufencia de D. Rodrigo , que havia voltado Guarda : fahio ao rebate com a guarnia da Praa, tirou a preza aos Cafrelhanos, e tomou-lhes alguns cavallos, com que derao fim por efre anno os encontros daquelle partido. Ben1 conheo que etl:es fuccefios de tao pouca confideraao ferviro de fa(l:io a quen1ler el:a hiftoria : porrn nem eu pofo deixar de refer!.Jos pela obri... gaao que obfervo de dar conta t-odos os annos de todas as Provincias, nem me parece que podem fer cont:1dos com mayor brevidade. As hitorias v~rdadeiras nao fe inventao, contao-fe: deve dizer-fe o que foy, na o que defejamos que feja. Se eu confeguir dar fim a efi:a primeira parte , na fet?;unda achar o Leitor em cinco batalhas , SucceWo~ e outros grandes fucceiTos largo campo em que en1pregar o JY.lrtt a fua curiofidade. :dl~~~~: ~-Sancho Manoel no feu partido fazia grande co. diligencia p-or nao poupar os Cafrelhanos. Soube que ef-
386
PORTUGAI.J RESTAURADO,
tava
387
tava hum a Tropa aquartelada no Lugar de Lobeiros, cont intento de in1pedir as entradas que faz~ ao por aqta:l1a r ar- Anno te o~ fol~ados da Ordenana de Pen~-Carda' e sue lh~s I6Slr .bavta t1rado duas prezas , mandou .rmar a Efia dt:termtnaa pdo A1ferez Don1ingos Homem , d~ Tropa de Gatpar de 'Tavora, co1n quarenta Cavallcs dcolhidcs de todas. Lanou elle diante quatro dos tndmos rilhantes, <jUe hav!a illlo corridos pel~ rropa ; p~gra e!ll algu!ll Domin.; gado , 1eguio-os a Tropa , iegurando-fe , por ier o fitto ~o:; Ho- . aipero, con1 hutua Companhia de Infantaria, qce de- rnemhder.. . , "fl: .. Tropa, e tenntnou occupar h uma tapa d a a VI a d o Ale 1erez. N ac rota uma lhe deo elle lugar, invefi:io-a : ajuntou-te-lhe a'] rora, haCem derrotou ambas , degolou os Infantes , fez prifioneiros panhia . dous Capitaes de Cavallos, hum da 'I'ropa , outro que ~os canco acompanhou por eftar feu hoi}Jede, e a mayor parte anos~ dos toldados della.Teve grande defconto a cftiinaa que D. Sancho fez defi:e fuccelo, (antiga propriedade dos contentan.entos do numdo , ) porque tendo noticia , pelas in telligencias que coniervava entre os Cafre1hanos, de que elles detenninava entrar nos lugares abertos daquella parte com groflo poder, pafiou a Segura com 350. Infantes, e 1.00. Cavatlos, intentando entrar em CafielJa ao mefmo tempo que os C~elhanos ent1~..~fiem cm Portur_al, parJ. que a arn1a que ie tocale nos ieus h1gan:s c~ nl rigafie a deixar os nofos; fiando-ie en1 St!e era a c~ii~c.nda tao larga' que primeiro a noffa gente ie roder!a retjrar em lugar ieguro, que os inimigos encor~tr-1a. rcrm ef. tes juizos na ie podem fazer certos pdos acdder.tes qEe coil:uma ter contra fi ; e quando fe contende con1 mayor poder, he necerario oue nas diverfoens haia nuata cautela' e que os rlikurio~ com que ie difpzerem ' fe arar ten1 totalmente da ambia. Lof;O que D. Sand~o cher-ou a Segura, onl~nou ao Capita Gaii'~r de 1-avora que com 140. Cavallos marchafe a correr a camranha de Sa cravitn, e que fazendo a preza ~t1e lhe fofle fCfl~ye],. fe fofe encorporar com o ~1eihe de Cmnpo Joa Fialho, que co1n a Infantaria, e feffenta Cavallos o eftaria agu~:tr dando em hum fi tio chamado o Salto, que ficava no rio lagao, em que Jo ao FJalbo havia de tei feito huma -ron. B te
38S
PORTUGAL RESTAURADO;
. te para pafar a C1vallaria. Executou Gafpar de Tavora Anno. a ordem, e retirou-fe ta-6 breve1nente con1 huma grande 165~ prez.=t, que ao m~yo dia eftava encorporado com Joa Fialho, o qual hJ.via rendido huma Atalaya dos CaftelllJnos. fabriclda naquell.:! fitio. Os Cafi:elhanos, parece que-avttalos da maicha de D. Sancho, havendo j entra. do em Portugal, voltrao outra vez, e caminhra para rimc. a fua Praa de C,ara , por onde forofamente havia de t .. pafar a nofa gente. Joao Fialho quando n1enos o imagiu rr nava fe achou invefi:ido de 6oo. Cavallos, e outros tanur! .c _: . [; tos lntantes ; mas na perdeo con1 o perigo o acordo: porque cobrin.Jo os duzentos Cavallos con1 os Infantes, e i ,.lfir deix1nJo. na reta~uarda tres mangas de mofqueteiros, que governava o feu Sargento mr Antonio Soares , fe veyo v.,_., retirando mais de huma legoa, fern os Cafi:elhanos fe atrev~r.!m -a pel~jar. Porm mudando de intento , por acha.. ~111 fitio accommodado, fe a.diantra, e formrao, ef~ p<!l"ltLio que Jo.l Fi.:J:lho por nao ter outro camtnho por Itecon"tro onde- p:1fiar, fJ!le obrigado a iHvefti-los. Nao duvidou eld~ Jt>t5 .. le deit~ refolu, porque fe arrojou com tanto valor aos ~~a~o fie~ 6oo. Infantes que totahnente os desbaratou; mas de1uninlhano:. de do~1e-lhe da Infaataria com o impulfo os duzentos Cavalqu~ teve lOi!) carregados das Tropas. Cal:elha1as., ainda que fedemL fuc fendr-ao algum efpao, con1o o numero era ta inferior, ~el 0~ fora desbaratados. Seguirao-nos os Cafrelhanos, e Joao Fialho tornando. a refazer a Infantaria, ganhou hum fi.. tio tn1is accommodado para fe defender. As Tropas Caftelhanas , que feguiao as nofas , deixra o alcance deilas , obrigados do cuidado da fua Infantaria que ficava rota , e voltra a bufcar Joao Fialho , que achrao, ainda que m.elhorado de pofi:o , fen n1unioens , nem retnedio~ e reconhecendo a ultima extremidade, fe rendeo aos partidos que fe lhe offerecrao._ Fiera prifioneiros todos os O.fficiaes da Cavallaria, e Infantaria, e entre elles Joao Rodrigues Cabral herdeiro da Cafa. de Behnonte, que fervia fem pofi:o com muit~ reputaao. Salvra4e 140. Cavai.. los, os mais , e quafi: todos os, foldados Infantes fora mortos, e prifioneiros. A Infantaria dos Caftelhanos, co-, mp ~oy rota, . tev.e.tambe1n grande perda:,. queie 9-efcon-:~,.
j_ .[
tO\l
tou con1 a fEJicidade do fuccefio. D. Sand:o, yenC.c-fe dt:i:. tituido da mayor parte da guarniao raga das JaS rr~as, Anno fe retirou Idanha Nova, puxou r~las Ordenan~:s, pa 165 2 ra ~uarnia das Praas, e pedio 1occorro :::o Prir~cii~, que. . lho mandou dar protnptamentc da 1-ru\~incia ~e Al~mtejo. ()s Caftelhanos have~c? at:tes tlcHe it1ccc~.o cap.itUlado con1 D. San(ho a re:fhtuta de todos os pnfiorteuos do huma , e outra parte .. incluindo o Po.fi:o de :J\lefire de <:ampo, alter3ra efte concerto con1 pretextos f.1nta.fi:icos. Qt!ebra Remettra Joa Fialho a Badajoz , e durop-lte a rriz~, os Cafie"fi at qne en1 Alen1teJO 1"e fi zer~ pn Ioneuos ta~ tos ua: ajufies. os 'H-- lhanos ciae~ Cafielhanos, que os obngou a tornaretn a tnfiar pelo ajuftamento antecedente. D. Sancho, que defejava defempenhar-fe deita defgrae1 , depois de compor os 1'eros, e Tropas , e lhe chegaren1 oitenta Cayallos de Alemtejo, cominunicou con1 D. Rodrigo de Caho , que unida a gente das duas Provincias, deixando as Praas bem guarnecidas, n1archafion a interprender a Cidade de Coria , que Intenta D. ficava oito legoas dos ultimos lugares da Raya. Concot- ~ancho a IL len- mterpcza d de Coria. d ou D. R o ngo con1 eue tn!ento , e com mil e qu1n 1 tos Infantes, e fetccentos Cavallos, petardos, e outros infirumentos, march~irao a execut-lo. Como a diHancia era ta larga , por mayor que foy a diligencia , na pudrao avifiar a Cidade, fena depois de amanhecer. Havia chegado aquella noite a ella o Cornmifirio Geral Mafacan co1n quatro Tropas : porque havia fentido a n1archa na Moraleja, aonde efiava alojado , e entendendo que o defignio da jornada era fazer preza, determinava, Fondof;! diante, romper as partidas que fe alargafem do Groi: fo. Obrigado defra determinaa , illio da Cidade, e defviou-fe tanto della, que quando ( conhecendo o defignio) quiz foccorr-la, o na pode confeguir , por lhe cortar o paTo a nofa Cavallaria , afl~fiida de D. Rodrigo <le Caftro , que por diverti r o intento de .1\fafacan , recebeo da muralha hum~1 cerrada carga de mofouetaria. Dividio-fe a noTa Infantaria em duas partes ; gvernava hun1 Troo o Meftre de Camro Pedro de :l'vJello, outro Antonio Soart!s da Cofia Sargento mr de Antonio Fialho; atacra a muralha por duas rartes, na valendo aos CaiB i telhanos
0 0 L
3s9
39::>
PORTUGAL RESTA.URADO;
tt.!lhanos a gra.1de refifteuda que fizera; entrr<.l no Ar Anno rabalde, tnas reco.1hecendo qu::! para forar a muralh:~. da 1652. Cidale era n~cefrario tnayor poder, depois do Arrabalde iaqueado , e qu~hna:lo, fe retirra6 fem perder a orden1. Retira-fe Fk.rao tnortos dez foldados, e retirraofe dezafeis ferifa-:pe:"ido do~, etn que entr..irao os C:.~.pitaes de Infantaria Paulo de Arrabal At1JraJe Freire , Alvaro S.traiva Ja Gamma, o Capita e. r~form::tdo M wcos da Fonfeca , e o Ajudante Rafael de Siqtieira.Aloj.ira6-fe os dous Gov~rnador~s das Annas junto ao rio Arrego , huma legoa de Coria ; o dia feguinre ie dividir ao, e chegira iem embarao s fuas Provindas. As revoluoens d~ Frana occafionadas da oppoPaffa Fr- fi.1o que os Principes do Sa11gue fazia valia do Car cilco de d;;!:tl M1fiari no , alterrao d~iorte todas as difpoiioens S<;mfa a politicas Jaquella M-.Jnarchia ' que julgou o Embaixador Ltsboa. Fraacifco de Soui C3uti.1ho , eri.l necefl.rio pafi.r a Lisboa a communicar a ElRey os muitos, e diverfos accident~s , qu-~ faziao duvidofa a amizade Je f'rana a tod~s as luzes preciza para a confervaa de Portugal. Concedeo-lhe ElRey licena para fazer efta jornada, e ficou affiftiado em Pariz o Doutor Feliciano Dourado Secretario da embaixada. Logo que partio Francifco de Sout, cref crao de qualidade as controvedias d.! Pariz, que intentando os Duques de Orleans, e de Beaufort na caia do AlteraParlamento, que os Miniftros delle ic uniHem para a exe;; de clufao do Cardeal , pedira oelles para fe refol ver oito dias Frat1a. de prazo, iem admittiren1 em outra f.<nla a propofia dos Duques. Enfadados elles de nao -confeguir~m o 1eu intento, fahirao do Parlamento, dizendo ao Povo, que bufcarem os meyos que lhes parecefem rara ob_rigar os do Parlamento unia pert~ndida. O Povo, que i dcfeja a revotu~a para conieguir Jatrocinios, e vinganas, fen do o do Reino de Frana hum dos mais ardentes por natu reza, invefi:io a cafa do Parlamento, e achando-a cerra rla, ajunt:irao lenha , e lhe puzerao fogo. Os do Parlamento , vendo-fe nefl:a extretnidade, Llnra6 por hun1a janella bandeira branca; apagou-te o fogo derois de muitas n1ortes. Vendo a Rainha que era necefario mttigar ilnpulfo ta poderoio , obrigou ao Cardeal a que pafa.fe
a Ale
P.AR'IE I. Ll~RO ~YI. 391 a Alemanha, o q1:e elle exccttou Jogo , e ..~c sue lhe rcfultou mayor feikidadc. Porln1 flfanclo a m~yores inten- Anno tos a an1bia6 dos Frincipes, fe reiolvco ElRcy (a qcen1 1652 ja O'..!io da raza hia n1ofirando os ie1.s intcrtfics) a 1t.ir do Pao con1 grande accmranhamcnto, e entrando no Parlamento, tentado na cadeira da Jri1ia, deo ordens nulito convenientes confervaca do fcu -Reino. Feliciano Dourado uiva nefle ta grnde en1renho de todos os rneyos poffiveis ror concordar os anin1os alterados, conhecendo que a gterra civil de Frana era en1 total bcncfcio dos intereires de Cafiella, e por confeouencia manifeilo rifco da cont(_ rvaao de I'crtugal. Nefre tonro fe havia ajuntado em r-ariz bua Conrregaa cos Rifp0s de I'ran:l a tratar graviilin1os negocias Ecclefi1fticos. Tendo Ell{.ey D. joa efl:a notida , na o qtiz perder occafiao de juf.. tiricar com o Pontihce o damno que pt:ldecia as Igrej2s de l'ortligal, a it.'a juflia na fn11a Cll1 que Jhe procurava O remedio, e a fua obediencia nas rE'petidas vezes qre h::-.via folicitado que adm1ttie os ftnbaixadores, qre fo .. rao a dar-lha. Fez rropor na Ccngregaao os meyos' qtlC poderia ter para facilitar os embaraos que en1 Ron1a fe lhe offc:recia , fon1entados pela indufiria dos Caftdhanos, para ~-o_1fegulr o fim pertencido de conceder o Sun:D10 Pontifice s Igrejas de Portugal os muitos Prelados qne nellas fa1tava6. Perfuadidos os Prelados, que fe actava na Congregaao , de ta jtdlo rcq1 erimento, n1andra a Roma a Chrifrovao Bi1ro Belemitano a efies, e outros importantes negocias , que fubftanciados continhao as razoens feguintes: , O anno paffado, achando-f~ juntos em Pariz :rmaen; ,, os Bifpos de Frana, efcreYrao a Vofia Santidade fobre cia ~m , certos negocias graviffimos. E como nao recebeflm ret:. Roma dos rr: Prelados , poft a aI guma : ~-r os , que por betn d e nouas IgreJas v te- dcFran~a .L, ,, n1os ao Congreflo, na o enviamos j cartas a V. Santi ,, dade, fena ao Biff'o Bekm itano , o qual pt o r or li'' vre1nente a V. Santidade, cerno feftor ~os mais r~fio" re.~ , a qnem toca o cu ida do de todas as Igrejas, no tos ,, grandes inccmmodos, e perigos. Efte be, Beati.fi:rno , l'adre, aq_uelle que, ou ror feu grande talento , e muiBb iv ,. ta
ta piedad~, ou pela grande exp~ri~nda que tem de negodos, e grande opiniao en1 que he eilimado entre Ns, na poder deixar d~ ier muito accdto a V. SantiJade. Efperan1os tnais confiadan1ente, que alcanar con1 facilidade o filn dos nofTos defejos ; porque eil:es na6 f reipeita nofla efrin1aao , e bem eil1iritual , fena o t~1mbem a farna, e dignidade da S Apoil:olica. E na verdad~ Ns def~jamos ardentiffimamente renovar a antiga conrefpondencia da Igreja Gallicana con1 a R omana, Iv1y, e 1\lel:ra das rnais, a qual conrefpondencia fe criava, na com continuas cartas com que noffos Predecefores, nas duvidas que ! lhes oft~reciao, recor.. ria Santa S Apoftolica, mas com muitas embaixa das dos melinos. E nenhu1na coui , :Beati1Iin1o radret nos poder fucceder n1ais util , nem 1nais agradavel, que unir-nos com n111y apertado vinculo de continua c6tnunicaa6 'e confultar m:lis livrelnente a v. s~lntida de' e ouvir muitas vezes que nos refponde' e feguir o caminho que nos moilrar; porque nos achamos em tainfeliciffitno tempo, en1 que a authoridade da Igreja he accommettida com tantas, e ta esforadas maquinas, que temos grande nece.ilidade do firmamento Apoftolico. E fenos he concedido fallar ingenuamente, tambem a mena Authoridade Apoftolica fe na pde efiar fegu r a em noffas ma os , ao menos poder fer defendida por ellas; porque na verdade nefte particular nunca faltaremos a nofa obrigaao, e nenhuma coufa em tempo algum ier para nos prin1eira que a dignidade da Santa S Apofi:oliea, e o refpeito de V. Santidade. 'Todo o ref~_rido propor. mais commodamente a V. Santidade no fio Inna o Bifpo de B:~lem. Efp~ratnos que alcan, u tallu~ar p:1ra cotn V. Santidade, qual requere a , Authoridaue Epifcopal , a Dignidade da Igreja Gallica" na, e a importancia- dos ncgocios de que ha de tratar. , No nterim peditnos com grande aff~do longa vida pa" r:1 V. Santidade em utilidade da Igrej~. Pariz nas Calen.. , das de Fevereiro de r652. E awnava-fe os Arcebiipos, e Bifpos Congregados en1 Pariz. Dizia a carta que o Biii1o :En1baixador levava a favor t;. t:
391.
PORTUGAL RESTA'JRADO,
391
favor da pcrtena de Fortugal. ,, Outra vez recorrEm " a Vofia Sant~d;Jde os bi1 fOS da Igreja de rrar:a' FEX- Anno , gv!1ta~os relo Serenifiin1o Rey de f c~tugal fvbr~ o qu 1 ~52 , deve fazer, para que entre i cus Vaflal1o~ i e n2o rerca , de todo a R.eligia~ Chrifra , achando-fe as lgrejas de Carta dos , todo o feu Reino vi uvas de Pafiores, querendo que em Bi!pos de ' raza da conrdi1ondencia que fempre houve no Efrado Fprantsti~ce . r on 1 ao ,' Ecclefiahco de lunn , e outro Rctno, lhe declaremos fobre os ,, no11o fentin1ento acerca defie particular. Efie he , Bea- negocios ,, tiJlimo Padre, o eftado da ~greja de Portugal, o qual de Pottu~ 1 " llt.:lll fde fer 111ais damnoio ao povo' nem nlais reri-ga! ,, gofo Religia, ncn1 mais a prorofito para exercitar , contra V. Sar.tidade a inveja cos tnos. 1\a ignoran1os ,, que Y. SantiJade, cotr.o aqt1elle que goza de fa.gaci11i-. ,, mo, e experin1entadiJiln1o talento , antevi o efres peri, gos , e retetn a reipeito da Igreja de Portugal a11in1o de ,, verdadeiro Pay, rofto que razoens de grande confide.. ,, raa clefvUra atgora a V.Santidade de alk viar,e con... , .-iola r ta mifcravel viu dez. Por1n Ns , que na pode'' mos deixar de nos commover com os grandes dan1nos, ,, e immen1a oor de nofia lrma cariffima , n~s perfuadi.. ,~ mos que he obrigaa nofa importunar fegunda vez a ,, .V. Santidade, infranclo con1 muito ~ayor vehemencia, ,, para que finalmente fe chegue ao ceiejado fim de orde-:,, na r Biipos para Portugal. Na envian1os j pois a Vofa , Santidade cartas, fena ao Bifpo Bdemitano , o qual ,, por feu grande engenho, e piedade, e pela cfl:in1aa ,, que tem entre Ns, nao roder deixar de fer muito ac , ceito a V. Santidade. Ouvi , Senhor, a Igreja de Frana, , que Yos roga que, acudindo aos perigos da de Portugal, s~,;~ ... ,, queirais ta1nben1 attender Dignidade da S Apoftolica, < ' ,, e atalhar hum fcifma , que he o n1ayor de todos os ma.. ,, les. Apartay os lobos, que fem c~1.fiigo algum eftraga , o rebanh~ Portuguez, em quanto falt:1 os PafL(Jrcs que ,, vigiem a iaude de fuas ovdh_as. Aquelle foy na verdade ,, fempre o primeiro cuidado oos Summcs OlitificfS ' o ,, crear novos Bifpos, que preparaflem o povl) fra Deos, ,, ou ~dar, quanto tnais breven1ente lhe f( fe rcfi:ve1 ' ef,, poios s Igrejas vi uvas, rara que a ReHgia nao fade:.
,, _cefe
39~ PORTUGAL RESTAURADO, ,, cefTe detrimento com occafia de fa1ta delles. Porque fe Anno , ( co:no ~iz Cipriano) a ?rige~ das herezias he chegar J6SZ ''- o Btfpo ~ que he hum fo, a ier defprezado de alauns , fuhditos, f:cilmente po~er V. ~~n_tidade antever q~a1n 1. - , grdnde p:!rtgo de hereztas, e ictima ameaa o Reino . ,, de Portugal' em oqual' de tantos' nao ha lTI~is que ,, 1., , hum to Bifpo velho, e achacado. A 's razoens delRey . J. , de Heipanha fe pde refponder com hum a f palavra: . '.J0 c-. ,, porque, que ha de V. Santidade fazer, fe e11e para fern... ,(,(1 ,,t ,, pr~ oppuzer inconvenientes nomeaa dos Bifpos, ' , fenao que cobre por armas o que avalia por feu , e que , ElR-:!y de Portugal defenda com as n1eil11as o P'-eino, ,, que por beneficia d~ refii_tuiao alcanou. Vs, que pe'' lo Prirkipe dos Prelados i o is confi:ittdo Summo I'onti'' fice da Igreja , ufay do Officio de tal, e conftitui Pai:.. ,, tores s Ovelhas Portuguezas, para que reduza o ao re" banho as que andao defviadas delle, e as livren1 das gar" gantas dos lobos., que bra~nindo fobre ellas as rrocura ,, tragar. Portn para que na o fejan1os mais n1olefi:os a V. , . Santidade, rem.ettemos o mais ao Bifpo BelemitartP, , que em nofo nome tratar com V. Santidade efi:enego-" cio. Efperamos que elle alcanar diante de V. Santida,, de o 1ugar devido Grandeza Epifcopal, Au thorida, de daquelles que o mandao, e ao reipeito que ~s me1:. , mos tem Santa S Apoftolica. Entretanto deiejmos , a V. Sa:ttidade longa vida por bem, e utilidade daigre" ja. Pariz no anno de 16;2. O Bifpo Belemitano antes que partife para Roma, efcreveo a E1Rey hun1a carta do theor feguinte :- ~arta do ,, O El:.1do Ecdeiiafi:ico de Frana, achando-fe em Con:Bi:po Se ;, greflo Geral em Pariz, e fendo perguntando pelo EmbaiJemitano ,, xador de V.Magefi:ade fobre o Efrado da Igreja de Fora EJ.IR.ey ,, tugaT, condoendo-fede feu defamparo, tatou com arD .oao. , dente zel o, e procurou meyos co1n gue pu drr d ar ene_aJU ,, a f ua Irma cariffima que lhe pedia foccorro. Eicreveo ,, ao Sumrno Pontifice , fez muitos officios com feu N un'' cio', e fendo agora finalmente perguntado egunda vez ,, em nome de V. Real Magel:ade, refolveo enviar hum ,. Bifpo. a Roma, o qual em nome do Clero de Frana tra, , 1 te
;; te prefentCinente con1iua Santidade cite tao gr~nd~ nt:" gocio con1 aquell ..1 !cv~rt..nda , prudenda , e zt:lo qu~ .Annti ,, convn1 , e cuidadofa , e diligentcnlente lhe f ..1a as h:. 16) Z, , tancias nctftarias, ate que pro~eja as Igr.::jas dd1e Rei,., r.o. E acordou o Eitado dcs Biiros cleger-1ne rara efl:a . ,, fun~ , e rr fobre lllCUS humbr('S, pLfiO que fracos, ,, o.pezo de toda efra ncgociaao. r:u r(liS' Serenifl"mo ,, Rey, que tou aquelle que rnuito t~:rnro la choro o ,; deia1nraro de t;.lntas Igtcjas, e cs danu:cs qce celle f~ ,, rdem ieguir s almas, acceitey com flJ.nde gofio o , que, para betn defte negocio, me era n.andaco, con1o ,, que111 a~hando-ie o anno Filrado cn1 Rcn1a, na(; receou , rcpre:ntar a Sua Santidl.de ln~ ma , e rraiitas vezes ef.. ,, tes rrejuizos das aln~.qs. E ~ i corr. o impulfo caca:.. ,, ridadeChrifi:aa fuy ta oi o licito do que convinha s Igre'' j~lS de Portugal, con1 quanto mais esforo, arpta qPc ,, iou mandado a ifl:o mc:fmo, profeguirey em.'freza ~ ,, tanta huportancia. Tenho por certo que he efcufaco cn~ ,, carecer mais efra verd~de. Prefente he ao FmbaixJdor ,, de \'. Nlagefrade qnant<?- enl Pariz trabdlhey ror Vt:llct-r ,. as difficuldades que fe offerecra, c quan1 f:.ncerr.nEn .. , te 1ne houve neil:~s particulares com toda a v~rl~lde.lii '' go em roucas palavras, '!ue p:uarcarey cn1 1t1co a ia .. ,~ violavel f, que devo a V.~L1geftadc, e.qlenarer.Joa... ,, rey a cl!idado algum, ou trabalho , at qrc n: ini:a t'IU ,, baixaJa obre o deicjaco effe~to., e e .fca notoria a ,, nnha fidelidade na to com raJasras 'fen~o tJn1b(f:l 1 ,, com obr2s. Parti de 1 ariz a 6. ddl:e mez , raras t~e com ,, mais brevidade roffa LXecutlr os manca(:(;S de v. Ma,, gefrade , que em l\on1a efrero receber. Sou com tL~llo ,, confrrangiJo, para evitar os emb~raos com qPe 0s Hef,, panhoes poderia procurar lnpcdir meu caminho, a f~ ,, zer mais larga jornada' pafindo com a brcvidacc ,, .fivel as altiffimas montanhas dos Grifoens, efperando ,, ferem Roma pelo fim da Q!lare1ma. O Autror de todos ,, os bens, em cuja ma efr o direito de tocsns Reinos, ,, fe.ia fervido de favorecer aos defejos de V.Real Mage!:. ,, tade ' rara que o frulo que efpera de nlinl:a cliJigen ,, da poffa eu co1n o favor, e virtude do meimo pt!blkar,
PARTE
LI PRO XI.
39)
ror"'
--
, para
396
, para gloria fua, coil11aa6 de V. .i\(!ag~l:ade , paz de Anno ,, to.1o o ReL1o de Portugal, e bem efpiritual das almas. 1652 , Efcrita &c. a 2S. de Fevereiro de 1652. . Conieguida efta negociaa, e parecendo-lhe a ElRey que havi1'akanado muy efficaz meyo de perfuadir o animo do Pontifice, lhe mol:rou a experiencia que na era chegado o tempo,que a vontade Divina havia rleftinado para conceder a Portugal efi:a felicidade, e viera o a ficar os negocias de Roma na mena fufpenfa em que de antes efrava6. Em Holanda a11ifria o Doutor Antonio Rapofo, t:egocios, pr~tico , e intelligente nas idas daquella N aao , e foy ~c Holaa- eletto delRey por efi:e refpeito , depois de haver concea. dido Iicenca ao Embaixador Antonio de Soufa de J\laccdo, por jufras cauis que apontou, para fe retirar a L is.. boa. Nefi:e tempo havil o Parlamento delag!aterra dedarado guerra a Holanda , por differena que tivera o as . duas Republicas fobre utilidades de n1ercancii.l-;- e em todos os encontros que haviaotido por mar as duas Na6e~, tinhao fahido os Inglezes com tanta vant~jem, que ie achava Holanda com menos cincoenta navios. Efte acci...dente foy en1 grande utilidade da conquilla de Pernambuco ; porque os Efi:ados opprhnidos com a guerra vifinha , e poderofa , fe defcuidra dos foccorros , de que neceflitava o Brafil; e chegando a Holanda tres Commi_ffarios do Arrecife a pedir foccorro , o nao pudera o conieguir , por mais. apertadas dili~enciL1s que fizerao , e Antonio R-apofo com muita indufi:ria divertia quanto lhe era pofiivel pafarem foccorros ao Brafil, e fomentava a uuraao da dicordia entre os Efrados , e os Inglezes por todos os meyos, a que podia chegar o fua intelligencia. f,. Coafiderando ElRey que a guerra de Inglaterra, e Holanda era h uns dos caminhos mais proprios para alcanar a amizade dos Inglezes, embaraada peJa proteca dos Principes ; e que juntamente podia fer hum dos motivos mais uteis para conieguir o intento de ganhar Pernambuco , determinou eleger por Embaixador de Inglaterra hum tal fu jeito , que pudeTe feguramente fiar do feu tale.Llto a conclufao de ta importantes negocies.
POJ.~TUG AL
REST.AU RADO,
. -
D~
Depo1s de Y~trias rroro(o~ns' veyo a 110mear ror Ltnbaixador Extraurdinario de Inglaterra a Joao Rodriguez Anno rle ~ Cond_e de P~nagd~' feu c_amareiro !11r' ~e 'lue I 6sz flZla merecida ebma~, por f~ a_Juntar na iua pcfloa 111- Non ca figne valor, muito juizo, e grande f.delidadc. Deo-H:c llRey o ror Secretario da embaixada ao Doutor JeronYmo ca SiJ. (_ct;nde . A 1 [ i upp.lc!{;, roann~nr arcJ va d e . t1.zeve do, D ezem b arga d or (a c a1a l.a s t em ouen1 concorri ao todas as partes neccflarias rara a cc-I n:ba1xa cupaa que fe ll1e entregou. Levou com figo o Con(~e i eu ~orce ln Innao Pantaleao ds S de Menezes , e outras peoas ar- ~,la1.ura. ticulares; acompanhou-fe de numerofa familia, conrei:. pondendo a eil:e luzimento o adorno da Cafa , c; ue fcy hum dos mais luftrofos qtle at aquelle temro havia fahi.. elo defre Reino. N" omeou-o EIRey do feu Conielho de -Efi:ado , e qualquer merc fora p~quena a refpeito da fi.. neza que fazia ein deixar o en lugar , em que com grandes vantajens havia grangeado o favor de1Rey, que na querendo que elle nefra rnateria leva1Te o menor e1crupu .. lo, nomeou en1 {p.q aufencia por feu Camareiro mr, como j referimos , ao Conde de Atouguia feu cunhado-. Partio o Conde de Lisboa, chegou a Londres, depois de vencidas algun1as difficuldades ~ foy iolemnemente recebido , e comeou a difpor os nego cios a que era mandado-. Continuava o Meftre de Cmnpo General Fran- succelros cifco Barreto com generofa confrancia o fi tio do Arreei- do Erafil~ fe , e fem alterar a frma trabalhava por reduzir a contumacia dos fitiados, fundada nas efperanas que tinhao nos foccorros de Holanda , que os accidentes , que concorria para a fua ruina , desbaratava o Os primeiros mezes def.. . te anno nao houve empreza de huma ' e outra rarte di.. gna de memoria. No mez de Mayo determinou Francif.. co Barreto , por na ter ociofos os foldados , intentar a empreza de trazer a guamiao das Fortalezas dos Affogados , e Barreta a h uma e1nbofcada de 400. Infantes, go:vernados pe1o Sargento mr Antonio Diaz Cardofo. Marchou o Sargento mr , e havendo confeguido occupar e~ coberto o pofto que fe lhetinha:finalado, lanou algas mangas a correr a eftrada , com o fim de provocarem aos das Fortalezas a fahirem dellas. Succedeo-lhe como havh diro~
397
ciipofi:o; poreln toy mayor o llULUero dos Ho1artdezes Anno que ihira das Fortalezas, do que fe tinha imaginado. 165z Soccorreo o S~rgento n1r as mangas, e travou-ie a contenda com tanto valor de ambas as partes, que durou mais Recontro de hum a hora fem fe conherer vantajem en1 alguma dei com os Ias: cederao ultimamente os Holandezes, e deixando a Holandc- campanha coberta de mortos, e feridos, fe retirrapa ~cs. ra as Fortalezas. Depois defte fucceffo , teve noticia Fran.. ciico Barreto , de que os Holandezes havia ajuntado no Rio Grande quantidade de po Brafil, que intentava re1n~tter a Holanda.Para os deienganar de que na haviao de confeguir nem efta pequena utilidade, n1andou ao Rio Grande ao Mefi:re de Campo Andr Vida! com )OO.lnfanQueima tesa queimar efie, e os mais generos, que naquella camAndr Vi- panha lhe fofe poili vel. Marchou Andr Vidal , e exedal acam- cutou ele intento com tao bom fuccefo, que depois de p_an~~ no nuein1ar o po Brafil, e todos os mais generos ute1s, que no U"ran- ::'1. de aosHo- havia naquella carnpanha, 1e rettrou para os quartets com landezes. grande preza, e quantidade de prifioneirus. Os Holandezes trazia o naquelles tnares 50. na vi os de '-4 at ~o. pe.. as; por1n tao mal apparelhados com a falta dos foccorros de Holanda, e com os poucos interefles que tiravao das prezas , depois da nova ordem , que reduzio os noflos , navios mercantis a n1archaren1 na frota, que por infi:antes diminuiao o numero, e a fora. E conheceo-fe n1ai~ claramente a fua debilidade; porque chegando a frota ao lnte!"ta .. Cabo de Santo Agofi:inho , e intentando pelejar com elpeAlc:Jar cdo la , achrao tao galharda refifrencia , que fe retirra a rma a da frota, e com damno confideravel : e a frota fez fua viagem, e com fc retira. 71. navios entrou em Lisboa a 2). de Outuhro. Em Tangere deixmos governando o Barao de Su~ceffos . Alvito com grande falta ~e bafi:imentos. Entrou efre ande l'an- no fem haver confegnido ioccorro~ de Lisboa, e chegangcrc. do e1l:a noticia a Ceuta, qtle governava naquelle tetnpo D. Joao Soares , e parecendo-lhe que utndo da occafia da neceffidade, poderia achar mais fequazes no feu delill:o., arntou dous bargantins, e huma barca con1 orde1n que fofTem bahia de, rangere' e que ficando os bargantins fra, entrafie dentro a bar~a, e introduzire o Cabo
39_8
ae
I
ta
de~
PARTE I. LI'PRO ~YI. 3~9 llella na Cidade cartas para o Bara , e outras pefoas principaes. Cheg3ra6 os bargantins a Tangere, entrou na ca- Anno h ia a barca , ren1etteo o Cabo as cartas ao l3ara6, e aber- 165 2 tas, vio que ctin~1a grJnde lafri111:a do aperto en1 que ei:.. ta v a aq':Jella Pra! , largas promeflas de foccnrros. E' mer- C:!rtas de cs, fe fe redu~ifTe obediencia delRey de Cal:ella ; e ~- JoaJ que na querendo o Bara acceitar ta util rarti~o, Il~e 1 :a;;~~z~; concederia livre pafiagen1 para Portugal. O Bara, logo Tangere que recebeo as. cartas, nao podendo perfuadir aos da bar- a_obedien ca a que chegaffem a terra , mandou armar outra , em que ~a ft ~fJ ie en1barcra alguns CaYalleiros valorofos com armas de a ' a. fogo , e levra ordem para que ao tempo que os da ba:.. ca de Ceuta cheg:1ffen1 a receber a carta, que aguardavao, Tomaodj ~ n.. li , or os tnvent fi en1. A. f1n1 {uccedeo, d"!i-pararao as arn1as, ma- porEara c C.o tra tres, os mais Ievra rrifioneiros a Tangere. Sen- a barca tidos os Cal:elhanos do mo fuccefio del:a em preza, man- doa,ifo. dra ,1 bahia de T'angere tres navios, com orden1 que .. impediiTen1 qua~quer embarcaa que intentafe foccorrer Mancda~ 1 "d _ a C1 ade. 0 B ara, f'revenindo o damno que pauta f ucce- os allC: lhanos forler , mandou ao Algarye o Alferez Thom Tavares , bre Taocom ordem que detiveffe as caravlas que de Lisb<:>a hou- ger~ trc1 veffem chegado que11e Reino, at iegundo av1fo feu. nauos Em breves hora~ pafTou o A1ferez de Tangere ao Algarve, e achou que eftava para dar vla cinco caravlas , que ElRey mandava de foccorro a Tangere; deo-lhes or<lem que fe detiveiTem .. voltou com efra noticia, e os Caftelhanos vendo que era impoffivel reduzir a conftancia , e fidelidade do Bara, e dos Tangerinas, fe recolhra a RctiraCeuta, e dera lugar a que as caravlas chegaffem a foc- fe os Caf correr Tangere. Depo!s defte fucceffo, teve o Bara no- telhanos ~ IL t. tcta, qu<; a1 guns M ouros, que euavao cativos naqueli a e cn tra cm TaoPraa, havia confeguido inteHigencia com os da cam- gne foc ranha, e eftavao concertados para no Domingo tnais pro- corro . :ximo, ao n1eyo dia fe Janaren1 pela muralha da Villa Velha por cordas que tinh::J prevenidas, e que os de fra 1 os aguardaiTem em hum rofl:o encoberto, junto a hum 1 rlos vallos, etn que el:ava lEm chafariz chamado do Almirante. Acautelado o l3ara com efra noticia , mandou vefiir tres _foldados no 1neno traje em que andava os
..J
.J
Mo.u-
400
Ivlouros, e pondo-lhes apparentes prizes s que os l\Iou; Anno ros trazia o, os mandou hora concertada lanar pelam u.. 165z r'-llha, na frma do avifo que os Mouros da Praa haviao fdto, e afieftada toda a artilheria, e guarnecida a mura.. lha co1n os Infantes encobertos , aguardou que os Mou.. ros ie defcobrilfem a foccorrer os que fuppunhao fugidos da Pra1. Tev~ efta difpofia ta6 botu fuccefo, que avanando os Mouros co1n grande furia , e fem algutn refguardo a libertar os que fe havia lanado pela n1ura.. lha, cahirao fobre elles tantas ballas de artilheria, e mof queteria , que ficra6 na campanha muito_s mortos , e moribundos. Retirados os Mouros, defejando tomar fatisfaao defte datnno , fe embofcrao dous mil na Villa velha. Teve o Barao avifo , fez jogar a artilheria contra aquella parte , recebra damno os Mouros, retirra-ie, e tornra a voltar contra a Cidade corn mayor poder. Detivera-ie dous dias-em arrazar os vallos, e defi:ruir al gumas hortas, dando, e recebendo muitas cargas; no cabo delles, ie recolhrao os Mouros fem outro effeito : e fendo tempo de fen1ear os carnpos, fe refolvrao a fa.. zer lavouras entre a ribeira , e a Praa , intento que at' aquelle teLnpo nao haviao pofi:o por obra. Animava-os Gaylan , a que muitos obedeciao por fer pratico , e valorofo. O Barao, nao achando outro caminho de atalhar efte . damao , logo que as femcnteiras eftivera6 capazes de fe fegarem, lhes mandou pr fogo: atalhou-o Gayl1n com dous mil Cavallos , e carregando os nolos Cavalleiros at a muralha , recebeo della grande perda. Na perdoavao t t .~ os Mouros a diligencia alguma , e por todos os caminhos 1 0~ :o~~os procuravao prejudicar aos da Praa. Chegra dous hia cativar noite porta, e dizendo que traziao hum n~gocio de A~t?nio importancia que communicar com o Barao, mandou elle Dn~z e abrir a porta pelo Sargento n1r Francifco Soares com al~~~taard: guns foldados, em que entrava Antonio Diniz, que ferCidade q via de lingua. Sahindo efre foldad o pelo pofi:igo fe abra oSargen- ra alguns Mouros com elle, pertendendo lev-lo cativo: tFo m_~r foccorreo-o o Sargento mr com tanto valor, que obrirancuco M .c Soare~ gou aos 1 ouros a que o larganen1, e 1ez rettrar a1 guns irnilede. ~01n muitas f~ridas , fero lhes valerem os n1uito.s_ que os aluar
PORTUGAL RESTAURADO;
~YI.-
. ..
4':jt
:agtiardaYa, int~ntando por efre caminho introduztr-1~~ na .Cidade. O Bara fez nl~l\: ao s~u-gento mr dt! trinta Anuo mil reis de tena, e fendo efte anno o ultin1o do ieu go- 1 651. verno , pedio a ElRey licena para fc retirar a fua caia, porque lh~ 1m pedia ihir ao campo o achaquP da g.ott_a: n1as na coni~guio partir para Lisboa, ?na no anno ieguinte , como v~remos. Ha\'ia acabado D.Filippe :l\i:afcarenhas o gov~rno Succe~os da lndia , e a1canado licena delRey para te partir para da lnd,,t. . eft~ Reyno , o que cxecuto11 com infeliz fuccdl.o , por- Morte de que acabou a vida n viagem, deixando os grotTos cabe- o.Filipdaes, que havia adquirido na India, a fua iobrinha Do- pc Mat:_ na Elen:l da Silveira ,- com quetn efr.1va concertado para car<:~.~as._ cafar, e inntuido hum tnorgado no filho iegnndo da ca.. i de ieu irma mais velho o Conde da 1'orre, que hoje logra D. Joa Mafcarerrhas 1\Iarquez de Fronteira, e en1 que. ha de fucceder D. Franciico, Conde de Coculirn ieu filho iegundo.- Nomeou ElRey por fuccefior de D. Filippe fegundavezao Conde de Aveiras, que carregado de Morte do annos , e achaques fe embarcou para a India , e acabou a Co~de de . "1" Yl da na Cofta d e Afinca no Cabo d e Cl11 Imane , e c1 legan- A,.c,ras. do efta nova a-Goa, abertas as vias, ~ achou que iilcce- Gmerna. dia no governoda India o Arcebifpo Prin1az D. Fr. Fran- dores da cifco dos Martyres, Frandfco de J\lello de Cafrro, e An- India. tonio de Soufa :Coutinho~ Logo que tomra poffe do governo preparra6 huma Armada de duas fragatas, e vinte navios de ren1o , de que foy por General Antonio de Soufa Coutinho, hum dos tres Governadores. Era Capita de h uma das fragatas Luiz Affonfo Coutinho, da outra Antonio Barteto, e Capita mr dos navios de retno . ~ D. Francifco de Soufa~ Fez-fe a Arn1ada. vla com inten- Intcnt~ Antomo to de recurerar a Fort.1Ieza de Mafcate: chegou a ella, e de Sout entrradentro da bahia as duas fragatas, a que !gul.rao Maf,atc. alguns- 'navios de remo: porm obrigados do damno que lhes occa.fionou a artilheria da Fortaleza , fahira para ra, e fora ancorar ao rio Lafette, que ficava cem legoas de Mafcate. Pafados alguns dias, el:ando fobre ferro, DeAsbaradta f' b a rmn a os veyo bu1car huma poderofa Armada dos Ara es, de dos Ar"' que era General hun1 Mouro chatnado Ali. Prevenio-fe bes.
to-
Cc
An
I
40"
PORTUGAL RESTAURADO;
Antonio de Soufa con1 ta boa diipofia para a batalha ; .\.nno que, depois de durar n1uitas horas. con1e:!uio a vitl:oria I 52 con: morte de mais de 5000. inim!gos. Per~rac-e alguns . na v tos de retuo , e entre elles, mats valoroio que GatholiA ntomo . - . ~..... ,. Lobo co , i"e refco ]veo o C ap1tao A ntonto L o bo d a uamma a por 'Jlk.ma o fogo ao payol da polvora , com qt1e o ieu navio , e os teu nado das ininligos todos voJrao a immortalizar para o mundo ~tro~a~m- a gloria de Antonio Lobo. Com efia viloria voltou Ano3 os . r h r inimi,.os. tonto de Sou1a para Goa, aonde ac ou D. Va1co J'vlafca0 1de renhas Conde de Oh idos , que EJRey havia nomeado Vide Obi- cc-Rey com a noticia da morte do Conde de Aveiras... dos vice:- Dentro de poucos dias ie comera a alterar os animos ~~~ada da tnayor parte dos 1'res Eftados daquella Cidade, en1 tal AI fnna , que veyo a ier Antonio de Soufa ]uun dos n1enos co!~::~m reiolutos , lembrado n1ais das fuas obrigaes que de al-Goa ,on. gun1as queixas que tinha do Conde porque formando vao Vi pretextos fantafiicos, viera bufc-lo a iua cafa Nicolo. '-.Ky.. de .1\1oura de Brito natural da India , e Antonio Barreto Pereira, que havia ido por Aln1irante o anno anteceden-te, e o quizera perfuadir a que acceitatTe o governo da-. quelle Eil:ado. Rejeitou eile a offerta , dizendo; que na D queria ouvir ftoilhante propofiao; c na podendo cond; 13 feguir foceg-!o~ , pafirao.~ bur~ar D. Braz de Cafh~, e~ c~aflro ufurpa () quem concorna todas as ddpooens para hum a fed1ao~ go,erno,e que acceitou logo a offerta. Unidos os parciaes, m~nda ~~~ prc: rao prender o wnde ao Co1k.:.gio dos Reys, aonde eftava, 'l.i;r 0 o- por Luiz Mrgulha Eorges Jtliz dos Cavalleiros; e o . Condl~,que nao havia dado n1ais caufa a ta indigna oblevaa, qtJe querer curar com remedios b1andos achaques D.M:mod que pedi:16 mcrlkarnentos rigorofos, fe fu jeitoli fen1 re.Mafcarc ifrenda prizao, parecendo-lhe que fazia acao mais util n h ~s lhe 1.ude publica em foffrer oopprobrio,que em contradizeo 11 crtcc r. rcflitui- a 1 : e l eva do d eft e dJ.o ltCllfiO na qutz accettar o o f'~ 1.ereci Jtguc: :mento GUC ll1e fez D. Manoel Mafcarenhas irn1a terceiro 11aacc~i do Conde de Palma, Capitao mr da Annaca do Norte,. ta pdo 10 que havia fi do na Provinda de Alem-1~e;o Meftre d~ Cm- "aod~ p filado.. po de luun Tero de Infantar!a , e Governador de raa de Cafreno de Vide, tJUe lhe fegurou , GUe .com quatro,centos hon1ens que tiuha iua orden1.,, o.tnetteria de.po~ ie
c:.
403
fedo governo. Prezo o Conde, e occupando o feu lugar D. Braz de Caftro com indignas acclamaoens, logo no Ann. principio co feu governo mofrrou Deos (e~ comearen: 1651. nelle os mayores trabalhos da India) os cahgos que co{tuma dar aos animas ambiciofos; porque os Holandezes, ~ntes de acabada atregoa, rompra a guer.ra de ~~~?r prejuizo que p:tdeceo aquelle Eftado , depoiS de iuJeh.O ao domnio de Portugal. \ Refolutos Holandezes a quebrantar a tregoa, RompelT. fe embarcou Joa Manfucar com dez navios fua ordem ods Holanc , . - l ezes a Ja h10 J e Jacatara, e entrou no porto de T utoconnl, 1a- ueuoa ..... tou em terra , e roubou todo o dinheiro que achou , que => eflava em depofito para fe comprar tudo o procedido da pefcaria do aljofar. No mefmo tempo tomrao no mar de Malaca hum navio de Diogo de Amaral de Cafi:ello Branco, que pa1Tava de Cochim China. D. Braz de Caftro vendo eftas demonfi:raoens fe comeou a prevenir para a defenfa. Era a Ilha de Ceila a parte que dava ma ... _ yor cuidado, affitn por fer a mais importante, e a n1ais \I til , como pela vifinhana dos Holandezes , e as muitas r i~ } I J demdriftraoens que jufl:ificava fer efta Conquifl:a a fua mayor ainbia. Governava naquelle tempo Ceila Ma- -.;L .!~;,~t noel Mafcarenhas Homen1 ; e tendo avifo de que os H~ landezes fe preparava para a guerra, mandou quatro Comp~nhias para o porto de Calatur , por fer o pofto principal em que confifl:ia a defenia de Columbo. Porm na tendo effeito efra refolua , fe feguio o damno irre~ paravel de ganharem os Holandczes a Fortaleza de Cala- Gan~a~~ t~r, pela acharem iem defeni: e defte 111o fucceflo re- ~~~a;~~1ultou outro prejudicial effeito; rorque recolhendo-fe taleza de Cidade todos os que andava na campanha oom o receyo Calatur. do~ Holandezes, crefceo a difficuldade de fe defender ~olumbo, por ferem ta poucos os mantimentos, cue oom menos numero de hofpedes fe receava extinguir;1n- .,~....111~fe em breves dias. Affiftia em Manicravar Lopo Barriga: "' genro de Manoel Mafcarenhas, por Capita n~r do Caro- ~- ~ .. ~ po' e tinha naquelle fi tio o mayor poder; rorque nelle n ~l reprimia a-s invafoens delRey de Candia. Dill:ava nove :. ,).o~ Jegoas de Colun1bo , e chegando noticia de que os Ho:.-: b. ... ._ Cc ii landezes
os
404
e toldados de ta preJUdtctal deiorden1, reiolverao IQS2 todos nau obedecer ordenl que .1'v1anoel JVlafcarenhasInanJ~u a Lopo Barriga de fe retirar para Columbo ; e; .. com efta detenuinaa entrara o na barraca de I.opo Bar..os- . riga, e lhedi.ffcrao.que ieu fogro, e elle entendia pou-... co das operaqcns militares , e encontrava com tantos An~oti- erros a-conferv,:;,a do Eftado da lndia, e f"ervio delRey , .. ~alu-d fc: os que por contentimento cotnti1uli1 lhe advertia Je retiraf10 ados ~ . c~ntra e para Cal um bo , porque ~ft avao d etern:tn~d os a e1 eger.. Lop_9Bar- quem os governaiTe cotn tnats acerto. Qptz-fe orpor a efriga~ ta determinaa Luiz Alvares fobrinho "le Lopo Barriga t. e o Capita Anto.io de Madureira ; porn1 na podendo refiil:ir ao impeto dos an1otinados, fora mortos, e oCapita mr mandado para Columbo. Sahira os an1otina- , dos de Mariicravar , e tendo noti-da E1Rey de Candia. da deiordem rccedida , mandou marchar para aquellai parte quantidade de gente, e props aos Capites qu~ lhes faria .largas pagas -fe quizeffen1 pafir-fe a feu fervi- Continua o~ Foy a refpofra com as annas na rna; e depois de peo mmim lejarem muitas horas., fe retirrao para o Arrabalde de. ium ~o Columbo. Manoel JVlafcarenhas tendo noticia de.fte.fucm o. ce1To , recolheo ria Cidade toda a Infantaria dos outros alojamentos , e fe .prevenio para- fe defender dos amotina-. dos. Chegra elles em dous Batalhoens vifta da Cidade 1 . e J\Ianoel Mafcarenhas, que eftava refoluto a trat-los co-. rno inimigos, lhes mandou difparar tres peas de artilhe- . .uc\lria. Difpuzerao..fe elles para-a vingana, havendo-fe-lhe '~, aggregado duas Companhias de Infantaria, que fugira da Cidade ; porm os Religiofos, e moradores della , co., . nhecendo que todos os paffos, que fe dava nefta difcor- dia , caminhavao ultima ruina, detemnaraO. cortar antes pela authoridade do Gene.ral , que pelas vidas dos folJtetira-fc dados, e trazendo .por verdadeiro Mediador o Santiffimo. Manoel Sactamento em procil , abri1~ao a porta da Cidade,-qu~. Mha:care- ti cava fronteira porta em que fe haviaformado os amo-. n ' e1c " ... . l l\,1 ~e a_:; povo t1!1ados, e 9s reco111erao . . { e~tro del] a. JY anoeI M a1care. . 0 Governa-. nnas, .vendo ~fia refoltl~ao, .1e rettrou a hm Convento., ~ores. e s T res ~ftdos .da Cidade elegraQ por Governadores: !:-~~h ..ti;l ii .. J . Gaf~
Anno taes,
PORTUGAL RESTAURADO,
,r \. P ARTE L
IJI1'RO X L
4os
"Gafo?.r de Araujo Pereira, D. Frar1ciico Rolim , e Frandfco Je Barr0s da Silva , e nomejrao por Capitao rnr Anno do Campo Gafpar Figueira de Serpa pratico, e valorofo 1652. toldado. Logo que o elegrao, t.:ve avifo de que h tuna efquadra de Holande~es , a que .fe haviao uni\io nutitos dos naturaes da Ilha,- andava iaqueando os Jugares do ctifuito de Nigumbo, e cortan'"lo canella, que cond_uzia s fuas Fortalezas. Marchou pron1ptamcnte a buic-lo_s Gafpar Figu~ira ; porn1 eHes, tendo anticipado avio , ie retir.irao ie1n mais perda que de quatro toldados, e algu.. n1~s bagagens. Gafpar Figueira depois Je reduzir ,i obediencia delRey alguns dos lugares levantados, fe recolheo para Co!mnbo. Chegou neftc tempo avifo aos Governadores de que pela parte d~ Cala tu r, en1 o pofi:o de Angratot~, haviao os Holandezes fabricado hutna trincheira para dare1n principio a mayor fortificaa, reconhecendo aquelle pofto por muito capaz para dominarem os lugares Yifinhos a Columbo, e correrem livren1entc at as portas de Maf1ane , que to as que olhao para aquella parte. Recon 1ecendo os Governadores o grande prejuizo , que fe podia feguir, fe efre pofi:o ie fortificaffe, efcolhrao quinhentos Infantes , e os mandrao ordem de Gafpar Figueira para atacar a trincheira que .efi:::!va comeada. Con1 o refto da gente ficou guarnecida a Cidade, e occupados fra della os pofios convenientes. Marchou Gafpar Figueira , e dividindo a Infantaria em . dous Corpos , entregou hum delles a Antonio Me_ndes Aranha , e brevemente chegou ao alojamento dos Holandezes. Era neceffario vadear primeiro hum rio , o que confeguio fem di1ficuldade ; fegurou os caminhos por onde os Holandezes poderiao f er 1occorridos , e fazendo levantar terra, chegou com trincheira aberta tao perto da fortificaao , que fazendo levantar huma plataforma , planto~ nella huma pea de. artilheria; e fendo o fi tio tao Ganha conventente, que deicorttnava todo o alojan1ento dos Gafpar Holandezes, lhes fez tanto damno, que no fim de dez Figueira dias , depois de varios , e valoroios combates , fe rende- 0 aloJa..~ . dos Horao os H o1an dezes , f-aIvas as VJ.das. f" , _, pn 10neuos mento tcarao "fi cento e dez, quarenta Jos, e trezentos Chingals, em landezcs. ' Cci que
406 _
PORT-GAL RESTAURADO,
que h! executra? grandes ca!tigos, por ieren1 a mayor Anno parte .delles Valallos delRey. Rctirou-fc o Capita n1r 1652 para Columho, c no n1efmo tempo cleile uccdlo havia alcanado outro de na menos confequencias Joa Bot~ do (a que chamaval)izava, por fer Cabo de hun1 Corpo d~ Infantaria, feguindo os tern1os con1 que fe explicaya os naturaes da l1ha. ) Aflifria elle pela terra dentro co1n _hun1a Comranhia de Infantaria , e alguns negros. ElRey de Candia vendo que os Holandezes rompia a guerra-, e confiderando-os mais poderofos, detern1inou ter parte na vit1oria. Para efre effeito n1andou por Dizava Jnun r~arente ~u cotn tres mil hotnens a bufcar Joa BoD r.~ d tado. Chegra de noite ao fi tio em que eftava alojado, fc cJ<~~~.t e ao ro1nper da manha o inveftira con1 tanto vigor, que Eotado lhes cubira pouco trabalho a vil-oria, por ferem f triode r:tmitos ta os Portugue7.es que atacra, (fugindo a Joao Botado fhmga. os negros que levava) a na lerem ta va1oro1os efres folP~~~~~ dados. Porque feguindo o exemplo do feu Capita, e Portuguc- matando e1Je com as proprias mos o Dizava contrari0 , zes. obrigra com acoens- maravilhofas aos inimigos a voltarem as cnfras, e fendo efrreitos os paffos da retirada, fora tantos os tnort<\~, que os que vira oa campanha depois da vitl-oria , nao crera que fofle tao pouco o numero dos vencedores. Retirou-fe Joa Botado a Colun1bo con1 os poncos que efcapara mal feridos ; mas fendo ben1 curados fe lhes dilatrao as Yiclas para iguaes empregos , _de Gue a feu tempo daremos noticia , por scontecerem eftes fuccefTos nos ultimosclias delle anno. As ncios que.nellc l"'afTrao India f0ra N. Senhora da Graa, S. Joa :t'erola ,_ Santiago, e S. Filippe, de que era Capitaes AIvaro de NoYaes, e Antonio de Abreu de Freitas, e a Ca1 rav1a 1\ Senhora de 1~ azareth Capi ta Lollreno Bote-11o; c entrrao etn Lisboa os Galees ~anta Elena, e S. T"ral)cifco.
~u'
f I
,,
r:
H ISTO-
-:.
\~
(\
t\ .
\ '
l... ~\\\\':}.)
...
. 40l.
~..:\-
:"..''-
:a
.\
.
\
HISTOR-IA~. .
\
DE
(\
P..ORTUGAL
. RESTA uRAD.
..
~.
LlrVRO XII.
J .... '.J~
~
J
JP
'
r;,__:,_
j ....
n-
.~
U M M A R I 0.'
.j
J~--
. ARIOS enco11tros de At'e"z-Tejo. PaflrJl~ra~:~ fa o Co11de de Soure a Lishoa ,- e_ volta 1 a Elvas. Derrota os Ca(lelha11os fe1"1la1z de Me{quita, e Audr de AI~~-!!~ huquerque e1n Arro11ches as Tropas , Cajlelha1zas c0111 feliz fiJcc~f!o. Bre'Ve 1Joticia das 111ais Pro'Vincias. Dilatada doe11a do Pri11cipe D. 'Iheodofto de tjtte perde a 'Vida.Jura1nento do Pritzcipe D. AjJo11_{o, e .AJit11tQ das Cortes e'IIZ Cc iv qt!e
408 PORTUGAL RESTAURADO, ljlle Je celebrou. Morte da ltif1lta D. :Joa.'J11a. NoA~n ticindos en1haixadas. Prizao, e1JJo1'tede D. PotJtal s~ lea de Sd. Cbega Pedro .7n1Jttes C01Jt ajrta -11 Per; 'llaJJJbttC(}. Prepnra:fe Fra,Iciji:o Bar1eto co111 o ttltimo t: 'e:rf.ro COJltra o Arrecife. Noticia das Praas de ./1. jr1ca, e da l11rlia. GaJJha e111 Ale1n-Tejo A11tlr de .AI! l;;u;tterqlle algtt1ls luga1e~r de Cajle/Ja. Sucede o nJef. tJJo 110 partido de D.Rodrigo.Co1Jt1JtJo-ft ojitiodoAi:-. . tecife; re11de-[e C01Jl todas aLr 111ais ProfOS do B1a;;t. E1iC01Jttos das Praas de Africa.Stlcceffos de Ctila. Breve 11oticia dos_(itcceffrJJ da guerra das Pro-vi11cias ' .! , do Reyno .. Sitio de Coltnnho ; odmira-vel deje11{a da. [ que/la Praa. Pertle:fe co1n todas a.r 111ais da Ilha de Ceila.Gover11a o Provi11cia de Ale11J-'Iejo FrotJcifto de JJ1ello. Noticia dosfucceffos de todas as P1'"ovinc-_ias do Rey11o,t das Co11quijJo . . Ullif!IOS OCfOe1JS tfe/Rey 11a d()e1lfO de que tnotre; difpl!JioetJs dojeu teftatJJf.nta , eftu Elogia .. '\.. ~1
C""'RPO da hiftoria , que incfue em fi todas as prerogativas de radonal , vive co1no os mais corpos humanos fujeito _jurifdiao dotemp~. Temos p~flado onze livros, em que vimos as difpofioens da puerida, a diverfidade dos fuccefos da 1nocidada Agora he. precifo que cheguemos aos trabalhos da velhi~. Tres annos, e nove n1ez-es que comprehenrlem; as notk~as de11e livro t~ltimo da prirneira parte defta hit: toria , a que determinanaos dar firo com a n1orte delRey D. Joao,. ga~ou elle e1n ~ontinuos achaques, originados, tanto da pouca attenao co1n que tratava de confervar huir.a fat:~de t~t robufta , que promettia quafi i!1finit~ dura ca .. como do j"ufto fentirnento cue lhe cauicu a unem j.efl:iva mrtedo. Principe l). Theodotio., que nefie tiii, G.Ue E'Ontinnamos,. chorou Portup;al ,. e todo o mundo ' C:omo a n1ais I:lmentave] tragedia. Porm nao era t""Oderofos os achaques~ nem ~ cefgraas para divertir a El~., . ~ .. - - R ey
~.
.. :'\
409
Rey rla direcao do governo; porque nen1 no R'."'ino, que .lograva Ba Europa!' faltava foldados, nem nas !'raas, Anno que po!f~Iia t}a Africa , Cavalleiros, ncn1 nas Pro~inci~s 1 6s 3 da Atnenca ioccorros, nem nos Reynos da .Afia Exercitos, nem cahedaes aos J\linifrros que alllfria nas Cortes de Europa. t~a Provinda de Al~n1-1.,ejo, que governava o Succefros Conde de So~1re, f...: conhecia por inilantes as n1elhoras, de ~lcm_aJfinl na doutrina politica, cotno no exercicio 1nilitar i Tel0 porque as fuas muitas virtudes fertilizava todos os anitnos en1 que cahia. N a era a guerra muito vigorofa ; porque E_lRey havia aflentaJo ' co1n~ ultima. detenninaa, que o melhor n1eyo de ie conierv;u- reinando, era .augn1entar os erarios, fortificar as Praas, f1bricar na-vios, e deixar que as foras de Cafte11a ie enfraquecefTetn deforte cotn as guerras de ltalia , e Frana, que por hum, .e outro ref peito chega1Te tarde a Portugal o perigo. Por eita caufa na havia etn Alen1-~l'ejo mais poder,que aguarnia ordinaria; porm com ella trabalhava o Conde de Soure de prejudicar aos Caftelhanos , quanto lhe era poffivel. Efrava de quartel no lugar da Nave hurna Com.. panhia de Cavallos ; derrotou-a Nicolo Diaz, Thenente Rota d~ da Cotnpanhia de D. Fernando Henriques , e fez prifio- dua~~o neiro o feu Capita chamado D. Patricia. O mefn1o fuc- ~~nc~:~l ceffo teve outra Tropa, que efi:ava alojada em Valena de los CafAlcantara , qlle derrotou o Meftre de Campo Diogo San- tdhanos. ches, e os Capites de Cavallos D. Fernando da Silva, e Duarte Loho da Gamn1a. Em !\loura, qregovernava o Mefl:rc de Catnpo Manoel de Mello, fuccedeo quafi no mefmo tempo h uma entrada que mandou fazer por Diniz n . d de :1\ilello de Cal:ro com a lua Companhia, e feis Tropas M~;~ e mais fua orden1. Conduzirao hun~a grofla preza, e per- derrota os tendendo tirar-lha os moradores de Cutnbres, e outros lu- Caficlhagares, os derrotou Diniz de Mello, e entrou no lugar de ~~:~e~:~ Canhabrales, que faqueou, e queimou. nhabrala. . O onde de Soure ~avia ~onfeguido licena para paffar a Ltsboa , que pedto obngado do fentimento de . lhe tirar o Principe da gl1arnia de Elvas o Tero do Mefl:re de Can1po Diogo Gon1es de J"igueiredo , ccn1 o pretexto de affi.~ir_ fortificacs_a da Cidade de Ev ora, ien... do
4ro
POR7.[TGAL RESTAURADO,
do a canfa principal vencerem as diligencias de Diogo GoAnno mes ( q~w havia enfinado o Prindpe a juga~ a efpada) 165 3 apartar-fe por efi:~ ~:aminho da affifl:enda do Conde deSaure, con1 quen1 por antig3s diff~rem~as vivia encontrado ; . e achando os emulas do Cond~, que erao muitos, occaDI~ren- fiao de o deigoh1ren1 , dra titulo de defobediencia jul:a replica que o Conde fez ao Prind_pe, para que o S~Llre c Tero nao fa~if~ de Elvas,reprefc~tand?-~h~ q~Ie_as guarDJOgo das, e guarntao das rnuralhi.ls nao podta iubilhr fem o ~~~;~ei- Tero , por ier o trabalho grande, e a gente pouca. Poredo. rm depois de varias contendas , 1narchou ao mefmo temVem o po para Evora, e o Conde para Lisboa; e veyo a partir Conde a efia di fferena o poder , e tyrannia da n1orte , que arreLisboa baton o excellente Principe O. Theodotio dos braos de ~~~:.a feu~ Pay~, e dos olhos de feus Vaflllos com tao maravi... lhoias ctrcunl:ancias, como largamente em feu lugar referiremos. Logo que o Principe acabou a vida, mandou EIRey ao Conde de Soure exercitar o feu Pofro: e ordem Diogo para fe recolher a Elvas o Tero de Diogo Gon1es de FiGomes e . d d IJ fi . 1~ c. d . ffcu filho guetre o , e que e e por e a cau .a 1.ez etxaao, e eu larga o filho Diogo Gomes de Figueiredo do pol:o de Sargento potlo. mr que exercitava. En1 quanto o Conde de Soure affil:io':'. , em Ltsboa, governou a Provinda de Alem-Tejo o General da Artilheria Francifco de MeU o, por affi.fl:ir ne.fl:e tempo_ tamben1 etn Lisboa o General da Cavallaria Andr deAlbuquergue. Nos mezes que durou o feu governo, na houve iucceflos de importancia. Chegou a Elvas o Conde de Sou r~ , e Andr de Albuquerque, e quaft nos n1efmos i'- dias corrrao os Cal:elhanos aquella campanha, e leva.. rao del1a aJgum gado. Nao foy poffivel a Andr de Albuquerque nen1 peleJar, nem tirar a preza aos Cafl:elhanos , pela d figua1dade das Tropas : e recolhendo-te da campa.. ~~dvert- nha, lhe diffe o Conde de Soure en1 publico, com mais: ~J d coler~ que raza6 , que era necefario, para nao degenes~~rc :ue rar dos antigos Portuguezes, feguir-fe o exemplo de peGcnero:.l lejar poucos contra muitos, para fe con(eguirem iguaes dl ~aval- vitorias qucllas que em todos os feculos havia el:a Na--: lana. ao alca!"lado. Nao refpoi1deo Anqr de Albuquerque, mas coniervou eftas palavras no ar1no valoroio de que
b;iulede
..J
ca
te
era
-41 l
airofo fuccelo. O dia feguinte entrada que os Cairelha- Anuo nos fizerao em E~va~' perdr~ a olnpanhia de c~nrai- I 6s 3 los, de que. era. Capt ta D. l!togo -~oJfin1_,. qu~ _lhe de~- Derrota rotot~ Duqutzn~, ~cando o Cap1t~o, e mats U!hctaes pn-Duquizn fioneuos. Duqutzne n1ofrrava rep.:tldamente o icu valor, e ha Trozelo. Poucos dias depois de derrotar efta Cotnpanhia , pa. lhe chegou avifo por hun1 foldado Portuguez, que fugi o das T'ropas Caftclhanas, de que o Thenente General Hib_u-ra (que ja eftava livre da prizao, por fe haver ajuftado troco geral de prifioneiros) n1archava a intcrprender a Praca de Akonchel ; etnpreza fo1nentada por IVIanoel d'l Cunha, Portuguez , que fervia de Capitao de Cavallos em Badajoz. Tanto que Duquizn teve efra noticia , ioccorreo ta promptaJuente Alconchel, que corJ~ando a H i barra a fua diligencia , fe retirou fen1 intentar a en1preZl. Recolheo-ie Hibarra a Badajoz , e dentro de poucos dias fahio daquelk Praa o Duque de S. German Meftre de Campo General , que governava as Arn1as de Cafrella, com dous n1il e quinhentos Cava1los, e mil Infantes, c ficou alojado fobre o rio Caya , hun1a leuoa diftante de Badajoz, em as Ladeiras de D. Vafco. Fabricou nelle huma Atalaya para egurana de vinte e cinco Cava11os que ficarao guarnecendo aquelle pofto , t1til para refguanlo rlos lavradores, e gados, que anclavao entre Caya , e Guadiana. O Conde de Soure, tanto que recebeo cfra noticia, deo conta a ElRey , e teve orden1 para deixar fabricar a Atalaya en1 oppofiao , que era o que convinha , e 1 o que havia acontecido em muitas que tinhan1os levantarlo. Entrou o niez de Novembro, e efrando ainda a carn- panha livre do cn1barao das agoas do Inverno, fe ajufrrao, em dcfgraa dos Cafrelhanos, as idas dos Generaes de huma , e outra parte. Ordenou o Conde de Soure a Andr de Albuquerque , que com as Tropas de Elvas, Can1po Mayor, e Olivena fahife a armar s Tropas da guarnia de Badajoz; e ao mefmo ten1po mandou ao Capitao de Cavallos Fernan de Mefquita, que com cinco Companhi:ls pagas , e as Tropas de pilhantes marchafiea correr d~s 'I'ropas que fe aquartelava em Valena , e S. Vi-
412.
fORTUGAL RESTAURADO,
abrirem as portas de Bad;.~oz, por fe evitar o petigo de fe rotnper o fegredo da jornai' a) obfervou que ihia da- Anno quella Praa n1uito mayor nun1ero de CavalJaria, da que 1653 fuppunha, e que cmninhava para a parte de Campo ]VIa_ _., yor. Segui o-lhe a n1archa cotn toda a brevidade, e fez aviao Cond~ de Soure daqueiJe fuccefio , de quem receeo outro do encontro de l:;ernan de J\'lefquita ; e em refpofta da noticia que lhe retnetteo , lhe mandou apertada crde1n que pe!ejafie con1 os Cafrelhanos, mandando-lhe -. . todos os C..'lvall0s que lhe foy poffivel ajuntar em Elvas. Na era neceflarios a Andr de Albuquerque muitos.e~ I titnulos para pelejar : porque lem do grande ya!ur, de que.era dotado, trazia na metnoria as palavras que o Con .. de de Soure lhe havia dito poucos dias antes. Chegou a -~ ... Catnpo 1\lavor, defcanou pouco tempo os cavallos, ps.. fe em.marcna ao amanhecer, e achando a pifta das '"rropas Caftelhanas , a foy feguindo con1 toda a diligencia , e das partidas que levava avanadas recebeo no caminho V:.lrios (aviios, de .que os Cafielhans rnarchavao pouco ' diftantes. Chegando junto de Arronches, mandou tirar da- Andr de= quella Praa .cetn Mofqueteiros ordem dos Capitaes AlbuBaltazar Pereira de Cail:ello Branco,' e Joa6 da Ponte, ~~;rd~~ e encorporados- ps em marcha as Tropas, de que fez onze.=Batalhoens, levando- feis de vanguarda <:om cincoen-'chescem ta Mofqueteiros .etn cada hum dos lados' cincO- de refer- M_ofquer .. . C teuos, e va , e em to das _,e contavao t:tovecentos e ctncoenta a- difpocm vali os. Governava o General . os da vanguarda , affifiid a frma . dos Comrnifiarios Geraes Duquizn ~ e Rocier : manda.. ,de peleJar va a retaguarda o Thenente General da Cava11aria 'T atne-' .lJ ricurt ;e nefra frrna em hum fitio pouco difrante de Ar-' ronches apprecra os Cafielhanosformados com quin-, 1 .tl,. ~ ze Batalhes , em que havia , 'cotno depois confiou , mil . . .. e trezentos Cavarias~ Sete Batalhes da vanguarda go ... Di[pofi.; verna!a o Conde-dta Amarante, '!'henente Get;eral da Ca- t~fi~7~a "f'allana: ao Thenente General Htbarra obedecta a referva, nos. e dous Batalhes tirados da Ordenana :fianqueava6 os dous lados- direito, e eiquerdo: e fe acafo ufra6 delles,:j confr!D~ a _difpofia, tiver:ao n1elh_?r fucccffo. Logo que avlfl:ara as noffas T ropas,forrorao as fuas entre duas .I~ fan-.
413
to
")
.lU
1.
.. Arron- .
fanjas ~ que lhe feguravao ~lados, e com a frente erh: .Anno hum pequeno ribeiro. Era todo o fi tio muito accommo: 1653 dado para receber a inveftida das nolias Tropas; e pude-. . rao lograr o n1ilitar intento, fe a prudenda de Andr de Albuquerque n1o prevenira o damno que as ameaava: porque vendo a vantJjem que os Cafrelhanos tinhao no h. fi tio que occupava, fez alto ; e em quanto os batedo--. ~nd~~ade res de hun1a, e outra parte atacavao a primeira efcaramuAlhuquer- a , mandou adiantar os cem _.1\iofqueteiros, e maltrataque os ra deforte com repetidas cargas as Tropas Cafte]hanas, Ca~fielha- que as obrigarao a largar o pofto vantajofo em que efta- no:) a pe_, c d r. . r. . _, lcjar fra v ao 10rma as , e a 1erem as pnmeuas que 1e arroJarao a co fitio inveftir. Foy grande o feu impulfo, porm mayor a Rof-- nntajofo fa confrancia ; porque depois de durar largo efpao a contenda , cedeo a vanguarda dos Cafi:elhanos, e voltando as cofias , carregados dos noffos foldados ,- os foccorreo a fua re{erV'a. Era o partido muito fuperior , e opprimidas as noras Tropas da vantajem, voltrao com excellente ordem , e fahindo pelos claros da reter v-a tornrao a- formar-fe na fua retaguarda.O Thenentc General'I'americurt ~o~a rlhos que com impaciencia confta nte aguardava efl:a occafia -,. Cauc:1 -' r. nos. a- atacou os C ft e111anos ta o va1 'a oro1amente co~ o.s Ba~a-lhoens da referva, que os obrigou 2 cederem a vtlona. Forao os primeiros que deimpararao a campanha os dous. - ;:'" Batalhoens, que fra da frn1a flanqueavao.os lados_:; fegu!rao os n1ais efre exemplo , e quafi todos ficrao no alcance prifioneiros. Andr de Albuquerque com mil:ta~ difpofia6 havia introduzido a pelejar as Tropas da van- .Andr de guarda , tnas r~cebendo h uma ferida no rofto. e huma efAlbutocada pelo lado- _efquerdo, cahio tnatando-lhe o cavai- ~~~r!~~ lo , e atropellado de todos os que peleja vao, Padeceo _ta ferido. grave perigo, que fendo julgado por morto, foy dei pojado de hum trotnbeta da tua Comranh ia, fem fer conhe- .. ddo; porm acudindo-lhe -alguns Officiaes o levaraoiem .. acordo a Arronches; e tornando em feu juizo, com os remedios, foy a primeira palavra que pronunciou perguntar fe vencera, credito grande do generofo , e invencivel coraa que o animava. Ficrao no lugar do encontro duzentos Caftelhanos mortos , fra outros que fe achara
414
PORTUGAL RESTAURADO,
- :;
em
't
4rs
em varios lugares: entre elles o Conde de Amarante 1 he. nente General da CavalJaria , que governava aquellas Anno Tropas , os Capites de Cavallos D. ~uilhern1c Totavil- 1 6s la, fobrinho do Duque~e.S. Gern1an, D. Sancho ~eres de_Morre 3 0 Villa Maff..1res, D. Joao Sarmento, e outros 1nuttos Of-condedc ficiaes. Os feridos que ficarao e1n Arronches pafTrao de Amaran400, en1 que entrav ao os Capitaes de Cavallos D. Tho- te, e 0 rihio Pacheco, 11. Chrifrovao de O bando, D. Luiz_ de ~~=cs, eO bando, trezeThenentes, dezefete Alferez, equanttda-soJdados de de reformados. Os cavallos com que fe re1nontrao as de Cafnoflas T'ropas pafTrao de fetecentos. .li perda que tive- tcll~. n1os. c~nfro~ de vinte e n_ove mo~~os , . etn que entrou o :~fi~~~i: Captt..t de Cavallos Hennque de Ftguetredo, que haven- ros~ do pelejado com grande valor nefra' e em outras muitas Morre o occafioens, allim na Provinda de Traz os 1\lontes, como Capita na de Aletn-Tejo, acabou com muitas feridas. Recolherac--de Cavalfe a Arronches cento e treze foldados feridos ; entre el- 1?5 H~ les o ~omtnHTario Ger~l Rocier, e o Capi~ao de Cavallos ~~~eir:. FrjnctcoPacheco Matcarenhas. O procedtmento dos Of- do._,,. ficiaes, e Soldados , que fe achara nefra occafiao , foy tao igual , que fer offender a todos , particularizar qualquer delles. Em Andr de Albuquerque fe reconhecrao todas as circunfrancias de valorofo,. e experimentado Capita, devendo-ie s fuas difpofioens as confequencias defte fuccefo ' que fora muito grandes ; porque nao f fe logrou nelle a gloria de fe confeguir, e o intere1fe da grande remonta que entrou nas 1,ropas com diminuiao das Cailelhanas, fenao que igualando o valor fdencia, ficou a CavalJaria de Alem-1 'ejo refrituida do credito, que em algumas occafioens dos annos antecedentes havia perdido, e foy efre effeito fatisfaa da diligencia com que o Conde deSaure tinha folicitano melhorar-fe a difcip1ina. Logo que recebeo a noticia defte fucceffo remetteo a Arronches lVledicos , e Cirurgioes, e todos os medicamen- Acoded~e tos necefiarios, para ferem curados com o rnayor cuidado, ~~~;n~e a.ffi1n os feridos Portugueze.s, corno os CafteJhanos. E de Soure fuccedeo que curando os Cirurgies aos Cafte1hanos com aos ferio experimentado , e util rerr.cclio do olco de ot: ro , rara dos cdom cc . r. .c gran e CUJO eue1to j 1e pre~tJ.o eft are!ll. as ~en dai (l~' bertas ao cuidado. JCO ar,
ffii.
416 _PORTUGAL RESTAC!RADO, ar, vendo os O.fficiaes que andavao faos o efpel:aculo. Anno ( a feu parcc!r ) dos_ corpos defpdos ao frio do Inverno , -1.~53 fe q~eixra com grande ex~e~o ~a impiedade c~nn que ")I' . erao tratados em terra de C..unfraos. Por fe lhes ttrar efte .: horror 6s levra a qu~ viiem Andr de Albuquerque, e -aos mais Portuguezes que eitava na mefma frma , por -, haveren1 neceffitado as iuas feridas de oleo de ouro. Con~- n vencklos cotn efta experiencia trocrap o pezar em agra.. . decimento, e pedindo depois, quando fe partirao para - Caftella; alguns delles o oleo de ouro, fe Jhes concedeo, ~- . ~-. pa!a que curados das feridas que recebeffem da3 noffas maos, mais deprefia tornaffem a da.r novas occafioens ...... u:,a.. aos noflos trinfos:L"ogo que as feridas dera lugar a ~ Andr de Albu'luerque, e aos mais feridos , paflarao a EI.., vas , e com efte fucceffo ti vera6 firn efre anno os da Pror , i 'rf f vincia de Alem-rejo. . Noticia.. Th O Vifconde de Villa Nova pafou efre anno na d~s ~ro- ,Provinda de Entre Douro e 1\'linho fem occafiao que deiTe ~metas._, materia hiftoria, tendo por conveniente o focego para a cultura dos campos,e os Gallegos,aconfelhados dos dam:. nos padecidos, .feguirao igual politica. . , ;~J O mefmo eftylo obfervou Joanne Mendes de Vafconcellos na Provincia de Traz os Montes. Os Cafte1hanos depots de reftaurada Barcelona accrefcentra as Tropas por aquella fronteira, e fizer ao varies tnovimen tos, que puzerao a Joanne Medes em grarie cuidado-:~ mas todos fe defvanecera6 , e nem as entradas de huma ; 11em de. outra parte perturbrao o focego dos lavradores. D. Rodrigo de Cafi:ro, que governava hum dos partidos da Beira, ajuntou gente para foccorrer Joanne . .1\'lendes . tornou a aquartela-la por fe defvanecerem os intentos doS. Cafrelhanos-, e corri a1gttn1as: prezas de pouca ilnportan. cia .:pafou todo efte anno. D. Sancho J\1anoel. padecia. 'lt- >grande Incbnunodidade con1 a falta do .1\iefire de Campo : : <~ nh Joa6Fialho;rOfficiaes, e Soldados que eftavao pdfionei, ;"?, _rosein Barlaj"oz. Tinha-fe valido o Duque de S. German . li..~-" de pretextos apparentes para lhes nao dar liberdade.; fal. ~~ ~ tando~ao que D. Sancho havia ajufiado com o Conde de .' ,, .. Tronian Governador do partido de Alcautara, que t:ra i rei:.
.
6 .,
417
refrituirem-fe todos os pri.fionciros, indlliuo o ft fio de . Mefrre de Campo ; e o mdmo ajufian1ento tinha ceie- Anno brado -o Conde de S. Loureno ~oro o 1\larq~ez de Lega- 1653 nez, quando concorrra no governo das Annas. l.ra a efcuia do Duque de S. German dizer, ue o ajLfiamento feito pdo Conde de 1'ron1an , na tinha fora ror na o . preceder o confentimento do Marquez de Lcgm:z, a .. quem era fubonlinado , e dillimulava a raZf! de que o -concerto cel~brado entre o Conde de S. Loureno , e o Marquez de Leganez desfazia efta apparente prupo.fic:;; pois inch.:ia o partido dt! Alcantara, que cfliva ira ordenl. 1 odas eftds duvidas fe fadlitra depoi~ c1o fuccef Renova fo de Arronches, em raza dos muitos ptifioneiros ':_t!t: os C"tieticarao em Elvas, e tomando-fe ao prhneiro ajlrfiatLt.ntc 1~'" 1~ 0 ~ 0 ' viera por efre caminho a ter liberdade os O fi: ciaes, e Sol- aJIJhc:;. dados do partido de D. Sancho. Advertido 1). Sancho das muitas entradas que os Caftelhanos fazia entre Monfanto, e Pena Garcia, fabricou nt.fte diftriB:o huma Atalaya; e para ter tempo de confeguir eila obra fem en1"barao, mandou armar s 1~ropas que ie alojavao na 1\'lotaleja. Nao confeguio romp-Ias: porm o rePate C.11.rru1ou o intento da Atalaya , e na ti verso cs Cafrelhanos noti~ia della , fenao depoi~ de fabricada. foy de grande Ptilidarle aos moradores daquella cantranha : retircu-1e 1.\Sancho , e alcanando li~eca Ct 1Rt y para paflar ( orte, ficou governando o ictJ parti~o I\ uno <.~a Cunha de Ataide , que occupava o Pofro de 'I"henente General da Cavallaril. Os mezes que durou o feu governo paiiou Jcu. . ac a digna de memoria. . Lograva EIRey felicemente em todas as fr0vincias do Reino os fuccefios referidos, e as matc.rias 1 oliticas pda mayor parte conrefpondiao no effeito ao trr rertendido da confervaa co Reino; rormccrno ;.is fl_.rtunas da vida io ta pouco dura veis. que u::;11do ft. 1up..poem mais firmes, caduca o mais deprefia. N cfie t,_,nio, em que ElRey entendia que tinha logrado o mert'ticlo .ln!tto da generofa em preza que abrara, expcr!G1ditou o golpe mais fenfitivo que havia tolerado no decurio ca fua vida, nem podia experimcutar toGos os annos lJl~\!
'
Dd
"
~~~
lhe duraffe: porque o Prindpe D. rrheodofio (a quen1 Anno dignJ.ment~ amava mais que a fua propria vida) haven1653 do paJ~ciJo a larga enfermidade de .que t~mos "-bdo noti- ' c~a' e nao ch~gando' depois de paflaJa a prhncira for .. Agrava-fe a della, a Io..grar intdra faude, por lhe occafionar contiad doe?a_ nu os lch1ques hun1 grande,ehllicidio ,que cahinJo-lhe no o Pnnc1 _, d "" J d pe,cfe p~tto nao pu erqoexttngutr rep.~ttu?s r~n1e 10s, ~nt~s ie mda mu- entendeo que alguns lhe aprefTrao a tnorte ; ( pnnc1pal.. ~ar de fi. 111~ate os que o Principe elegeo por filofofia prcpria) por., !o. que fucc;!Jendo ferem detnafiadam~nte calidos , era to~ talm~nte encoatrados ao feu achaque. Vlldo os 1\1edicos qu~ fe aggravava cada dia mais aenfenuidade; porque jJ o peito offendido comeava a a~rojar fangue pela boca, rec~itrao ao Principe na mudanda de fitio a unao dos retnedios. Elegeo-fe htuna quinta em Palhava, que em po~1ca di(ancia da Corte hoje logra l:Oin nobre fabri-. ca, deviJa fua difpofiao, D. Luiz da Silvra Co.lde de Sarzehs: porm ainda que o fitio era muito fauio,. co 1110 efrava o mal mais poderofo, nao conhecendo o Prin., cipe melhoria alguma voltou para Lisboa; e brevemen. te paffou a affil:ir em h uma quinta de Paulo de Carvalho, que no lugar d~ Alcantara fe communica con1 a delRey, que tamb~1n pafiou a habitar a fua, por fer o tempo da Pafcoa , em que cofrun1ava fazer efl:a jornada. Entrou o tnez de Mayo, e deforte fe foy autrn1entando a enfermidade do Prncipe, que totalm~nte defconfirao os Medicas dasefp~ran'ls ua iua vidJ. Nao foy necefado ao Principe o derradeir0 de[engano, porque tanto de antema fe havia prevenido para aquella ultima hora, em que abreve carreira da vida, ou para o triunfo da gloria cternJ. pra , ou p.ua o pr~cipido da pena immortal corre ; que ainda antes que o difcurfo pudefe 'forn1ar as diiHnes m::tis verd 1d~iras , havia procurado voar o efpir.ito a a1Ii~ ti.r na prl;!fen1 Divina, e depois que o ufo da razao che ~;.ou aperf.~ioar-fe , nao houve acao naquelle R.egio, e. devoto animo , que nao foffe encaminhada ( con1o fe pJe prerumir) para agrJ.dar ao mefmo Senhor, a qne~n devia tao incon1paraveis beneficias. Jvlultiplicava-ie por iluttantes a enf~rmidadc, e conhccenlo o Prindpe. qu~
418
PORTUG/lL I?.eSTA'Jll.ADO,
era o,
erao d:egados os ultirr.osraf:os da ita v~ca 'reforou viV3mentc contra os combates da rr.orte as arn as clefet~fiv~s Ann() d~l alma. Mandou que nos Convet"itcs , l'rt.'f:lifZias, e I 65 3 Oratorios, en1 que ail!fiia o rovo redinco a Dtos cotn ~iligc:i fervoro tas lagritnas lhe dilataife a vida, uc ie j-t~lgava c:as, fie de. . . pe_la. un tca ei.perana do R etno ; r mu d ~.. fl c d_c rcg~t1va~.. ...on ra1C ocns pc:e te tntercedeiTe com Deos lhe concedeL.e dtcc:z~s au.xt-Ia fude lios para alcanar a falvaa6 da iua alma. De todo je en- d? Printregou ao leito a tres de .l\Iayo , ieis dias deixou que os Clpc. Medicas apural"e1n os remeditJs para a faude do corpo ; a nove recebeo os Sacran1entos, e ate qu it1ze, cm que acabou, gai1ou em continues, e fervoroos exercidos eipirituaes , nao havendo quafi infrante algum , en1 que nao A~os Ca.; eilivefic em a moro i os colloquios com Deos crucificado, tholi~os. e co1n fua J\1ay Santiilima. Obrigados a1gcns Rcligiofos do Prmcadas .lagrin1as lailimoi~ d: Jeus Pars, o perfuadira~ a qr;e pe. ~ pcdtfie a Deos lhe Jefiev1da para i e empregar en1 i eu fan- o.) v to iervio. Reipondeo: , Q!1e tal na faria; porque ef- Ultima.s .. , tava de todo o coraao refignado na vontade Divina , e razes aos ,, f defejava ver-fe na gloria. E voltando para os Reys Reys fcus ie.us Pays, lhes dife : ,, Qye fe nao entrifiecefietn, por- Pays. ,, que etb.va con1 grande confiana etn Deos, entendeu'' do que a fila n1orte convinha para a fua falvaao, e , que lhes pron1ettia fer feu interceflor quando fe vi fie na ,, l'atria Celefiial.Notou-fe que todas as vezes que o Confefor lhe fallava na morte fe alegrava com exc(fo , e quando lhe tratava da formatura rle Deos fe tranfportava , e abfirahia totalmente os fentidos. Na ultima hora mand<?u : , Q!1e fe pedifTe ao Reino perdao dos defeitos ,, ~o i eu gover!1o , e pedi o a EJRey que paga1le logo. os , iervios dos feus criados,Iembrando-lhe juntamente qtle ,, mandaHe. Prgadores Evangelic_os s Con~uiHas da Co" roa; encmendou-lhe que o defempenhafie de hun1 vo, t~ que havia feito Rainha Santa Ifabel, quando paf. , i ou por Efrremoz, de lhe levantar hum Temp1o no lu" gar em que falleceo. DiiTe-lhe hum Religiofo quebre-. ven1ente havia de fazer a infallivel jornada dos mcrtaes. Reipondeo rindo : , Nunca entendi que tar.to fc dilata1le. E abraado com huma Imagem de Chrifio na Cruz, rc.. Dd ii petind~
419
petindo fervorola1n~.1te ; Pr~be nlibi cor t:mm, & ega Anno tradl) tibt cfJr ;ne~em : Sicut dejidt?J"at cer'Vus ad j o11te.r cqtt{t165'3 r:tm, it'l de.fiJ!r.et anima rnea ad te Deus. ELvc.tdo Lnt M~n~ do profunJ . cont~mplai rendeo o f~rvorofo efpirito nas .t PrmCLpe. mos do feu Redemptor a quinze de Mayo, dia em que , efperavJ a morte, como .havia ref~rido nulito tempo ano: tes. O f~i1tin1:!1to dos Reys feus Pays fubio ao excefio a 'll que podi.J chegar a caufa del!e, as lagrimas de fens Vaf.. f.'lllos corria con1 a abunJanda que coftun1ao lanar os 1nais la!HmaJos coraoes = porque vendo-fe os Reys fem hum filho , por todas as virtudes n1ereceJor do Ceo , e da efrima:.lO do mundo, e os Vaffallos fem hu1n Princi... .r. pe, por todas as qualidades digno de mayor In1perio , na ro deviao perdoar s detnon!traoens mais exceffivas de fenti.. mento. Fora as inclinaoens do Prirrcipe D. Theodofio aquellas; que fao necefarias para formar hum Prncipe perfeito. Logo que teve juizo de razao fundou o editido da fua vida obre a feguta bafe do temor de Deos, e oito annos que continuamente lhe affift1, dos fete at os quinze da f ua idade , admirey nelle em fumm:o gro os doens de piedade generofa , mod-~fria foberana. ad:miravel jui-zo, e infigne valor. Cultivava eftas virtudes com prudeate arte feu Mefrre D. Pedro Poeros: de poucos annos o inclinou a dar efmlas com ta'1to fervor , que difrribuia com os pobres todo o cabedal que alcanava. Antes de ter fete rezava de memoria o Offido de N. Senhora t exercicio em que o acompanhey todo o tempo, em que lhe affil:i. Ouvia Mi fia com tanta devoao t que derramava ordinariamente copiofas lagrimas o tempo que durava. Deforte fe offendia de gualquer palavra obfcena , que J~ mais tornou a converfar voluntariamente com aque1la peffoa a que ouvio t~rmos immodeftos. Era de qualidade o refpeito, e veneraao com que tratava aos Reys feus Pays , que ordiaariamente facrificava ofeu entenditnento fua obedienda. De poucos annos: fo.ube, e fallou perfeitamente a lingua Latina : teve noticia da Grega, e da Hebraica :- entendia a Franceza,. e Italiana ; a Caftel '
41/)
POR.T_UGAL RESTAURADO;
PARTE I. LI1}"RO
~YII.
41r
antes de (kzafete annos foy admiravel1-Leo1ogC'. Eircculou os tern1os da .1\ledicina, do 1 ircito Canol~;_co, e Anno Civil.. Aprencl~o o que _lhe era n~ceflar_i~l ra~a a a(~mini~.. .lO.).) tra 1 do governo do Retno ; porem a h.t~nna a c ue ma1s fe applicou foy JVlathematica' etn GPC teve ror 1\'leHre ao Padre Joao Ciermans, vulgarmente cl!ai11<1C~o Co~inan.. der, que cofiumava dizer que uar.do cntrra a lte d:w liao, achra nelle n1ais meftre de que ar-render, ue clifcipulo que enfinar. Foy muito dt:firo no jogar das- armas, e n1anejo dos caYallos; as fortificaoens deliniava perfeitatnente. Nas artes mecankas e1a tao rratico , que obrava relogi-os, e torneava hovados. Aprcndeo a pintar, e por fua indufiria fe fabricayao folh~s de efpada, e oG.. ~ras invtivas que filofofava o feu grande cngenl:o. foy iununan1ente applicado lia das hifrorias hun1anas, e nas facras era ta o erudito, que apontava nellas os h:gares mais felet1os, e colhia o frulo da mais alta doutrin-a. Nos livros que enfinao a arte de P'"einar efcolhia a rolitica Chrifraa , e abominava todos aquelles que a encontrav ao. Deixou compofios alguns livros de fumll}.a erudia, e outros diicurfos ce grande eloquencia. Efiinlava COln fumma attenao aos varoens doutos em qualquer fact:!dad~ , ou arte liberal. Aos foldados de conhecico v c1tor favorecia con1 animo ta generofo, que coitPmava di7..-:r~ que era o feu mayor fentin1ento ver algum foltlatio Lei._._ rnerito fem igual premio ao que tnerecia. J:.ra anlLlntiJ~ .. mo da Nobreza , clt: mentiffimo con1 o rcv<' , e ;.:112 \a tanto o de Lisboa , que poucos dias antes de n1orrer, ch~rnou ao Juiz deli e, e lhe diTe : , Dizey ao n1eu l cvo, ,, que fe Deos me der vida, toda hey de gafiar en1 iua de'' fenfa; e que fe fur fervido levar-me para 11, com n1a~s , efficaz diligencia lhe afi;fiirey na r,loria. E l!:.t!it3s vezes cofiumava repetir:, Qpe fe na houveffe de ver feus , Vaflallos livres das oppreToens que padecia, que na ,, queria fer Rey de Portugal. De trez~ annos con:e0u a all1ftir nos Conielhos de ~fiado; e deiorte erao elevados os feus clifcurfos, que ie obfervava as fuas opinioens como vozes de Oraculo. O governo das Annas , c ue ElRey ieu Pay lhe entregou , adminiftrou com a rrudencia, _qu~ D iii
1
42z
PORTUGAL RESTAURADO,
que havemos referido, o dia que tomou poffe ddle fez Anno a feguint~ Oraa6 , que todos os dias recitava de joelhos 1651 diante da Image1n de Chrifto cucificado. D{Jmine , qui poteflates , 6" reg1za toti tet;m"U1n Ora~'> . Q,"bi di{p~1zjas , pr._ei.r exercitib:ts, & Dei Sabaotb nomido Prmc 1-,te digtzaris , Tu. de tua inmze11(a bonitate mihi, etJi vili.ffi pe. 111.e creattWt.!! tu ..e, Regnum ~.(lud Lujitmutm tue11durn dedifti,. quod & ad nzaiorenz laude1n tuamfufcepi, & pro charitate, qua tua gratiafi,..etzts inte11do, nil aliud volo , qtta1n ~od ttto [a11l~/]imo 1zomiui gloriofi tts & decentius fuerit. Vizde, pote11t~flime Deus, qui onmia diJigenti Te in, bom-1nz c~/Jura prmn:fifli, qtti Salonnni regerzdi Jcientianz dedifli, Davidi, 1.9" 'Jo./!te nzilita1'emjrtitudiuem induifli. Te precor per U;zige1zitum Filium tuttin Dominunt nzeum 'JESUM Chriflttnz , ut du;1z hoccemet nume1"e fungi velis- , .fie for~enz & fa!Jientent 11lf! geranz, ut plurimas inde Tibi rife~ ranz gratias , quod de nze 1 .fpm~deo , ftmper jalurus. A1ne11. Com el:~ exercido come.ava o dia, c muita~: horas delle gafi:ava en1 profunda contemplaa6 , perfua~ dii1do a todas as pdioas com guem familiarmente tratava, a qu~ confid~rlf~m que coufa era D~os, e a que repartifetn as fuas infinitas perfeioens pelos graos de areado mar, e multiplicando-as ao galarim tudo quanto podia f~bir o difcurfo humano, chegando ao ultimo po~to, di:-zta : , Qyem haver que pofa comprehender efte 1mpot.. , fivel? Por ventura vir6 todas efi:as perf~ioens a fazer ,, hum limitado rafcunho das que ha em Deos ? Nao por ,, certo; pois logo fe Deos he tao infinitamente perfeito, , om que perfeiao deve fer amado do~ homens, e com , que defv do bufe ado ? As palavras, que ordinariamente repetia , era6 : , ~1e grande Deos temos, que in1menfa ,, formofura he a fua! Todas as vezes que dava horas o relogio fazia hum al:o fervorofo de Contriao : confeffava-ie qu~fi todos os dias; commungava todos os Domin.. gos, e nas feftas mayores doanno. Nos tres annos ultimas da fua vida fez treze confifuens geraes. Continuou a pe-nite~lcia defde os primeiros annos com ta admiravel i~ puho, qu~ os exercidos da fua recreaao era trJtar-!e
co-
413
como heremita, os mezes que aJliHa na qr:inta, e cal:. tigar os affectos hun1aros con1 didplinas, e jejuP~. Hu Anno 1na Jas n1ayor~s dt:rr.c.I~ihc.es, ,-cm ue I"fos c~t:iz n:of.. 1653 trar que havia deJati~fazer as yirtt{s co I-rindre cem {) pren?io da g1ori~ eterna, foy qt1~ adoecee(o t:os ui timos dlas da tua Vlda o P~.dre fr. J'vligla.J ce S. Jeronyrno Cam1elita Defcalo Varao de ingular v h h1de, e com quem o Principe cofiumay.a cciT~Inunicar o ieu t:fpirito, o n1andou vifitar pelo Conde de Miranda, feu Centil H o .. mem da Camara, e achando que efrava ro ultin1o rarocitmo , derois de agracecer a merc que o I>rincipe Jhe fizera , difle ao Conde : QJ1e podia fe;;u'"fr {! ~i!a A ltcza rJ..lle dc:p1e.O Je bar;.;ic. de 7.:tr. E brcvemo1te fuccedeo: porque Fr. J'vliguel acabou a 19. de Abril, e o Prir.cire a GUinze do Jeguinte nieZ de 1\layo, acs dezar.ove ar I~ os da fua idade, tres mezes, e Jete dias, efrir3r.co nelle o melhor ce:mrofio de virtudes que prodLzra os fectlos prefentes. Fcy o Principe D. 'I heodofio ce e fratura pro- Suadifpo.; rorcionada 'e de galharda rrefena 'o rofro grave' 1:-ran- Cja, e en co , e corado , olhos, e cabel1os negros, o corpo rotuf- terro. to-, antes que os achaques o dtbilitdlttn. Foy a fepultar Capella mr do Convento Real de BeJen1 com magnifico apparato , e ta copiofas lagrimas de te do o conctlrfo que affifiio, que nao ha memoria nas hifioria~ de ma.. yor , nem de mais jufto fentimento na morte do 1eu Principe. A nova defia infelicidade recebi eu D. Luiz de Menezes na Praa de lVloura n1uitos dias derois de fuccedida, prevenao de alguns amigos, querendo dilatar efie combate vida, ameaada naquel1e tempo com o perigo de tres grandes feridas que havia recebido em h uma pendencia ; e efta amigavel attenao parece que dilatou mais annos a vida, por fer neceffario grande vigor para refifiir tao ienfitivo golpe, pois na rde explicar o encarecimento o muito que deve s memorias defi:e, fobre todos, virtuofo, e excellente Principe. Logo que o l'rincipe morreo charrou E1Rey a Chama Cortes, para fer nellas jurado por fucceiTor defies Rei- IlRey a r1os feu filho o Princire D.Affonfo.Fora eleitos por I\ro- Cortes. ~uradores de Cortes defra Cidade 1\lartirn Affcnfo de Dd iv Mello
414
PORTUGAL RESTAURADO,
Mello Conde de S. Loureno, e o Deiembargador Jorge Anno de Araujo Eftao, por Secretario da Nobreza Sebail:ia 165 3 C~far de Men~zes, Bifpo eleito de Cohnbra. Depois de jurado o Principe D. Affo:1fo cotn as ceremonias coftumaJuramto das, feparados os Eftados , Ecdefiaftico, Nobreza, e Fo d~ ~i~~: v_o nos_ Conventos de S. Domingos, S. Roque, e~- Franfoaf~. ctco , i e ailentou, preced~ndo grandes conf~renc1as, que para a &~fpeza da guerra fe contribuife por todos os EftaAffento dos com a dedma direita dos bens Ecclefialicos, e Secu.. das Cor- lares; que em cafo que os Caftelhanos fitiaiie1n alguma tc:s. Praa. principal accrefcentariao a quarta parte mais da importan~ia defte tributo : e que fe os Caftelhanos fe esforcafTem a entrar nefte Reino com Exercitas , e A nuadas "poderofas ; nel:~ caio, por it~ evitar a ultitna rui na, offerecia5 a Sua Mc1gefrade todos os hens que poftuia, antepo:1do generofamente a faude publica aos intereffes. particulJ.res. Antes de fe acabarem as Cortes padeceo ElMorte da. Rey novo go1 pe na morte da Infanta D8na Joanna fua fi .. ~fjnta lha mais velha, que depois de dilatada enf~rmidade aca~- oan- bou a vida a 17. de Novembro,. defenganando a mortalidade, de qt1e na era ifenao da natureza a grande formofura que lograva. Conheceo a tnorte, e entre_;ou-iclhe , como ~e na deixra t1nta grandeza. Eft iepultada no Cruzeiro do Convento deBelem. Co~1tinuava a a11iftencia de Frana Feliciano DouSuccerros rado , e como na havia voltadO de Lisboa o EtnbaixadcFra!la. dor Francifco de Soufa Coutinho, na tivera os negodos entre aqu~lt1, e efra Coroa mudana alguma. Era con1 mais poder que em outro a1gum te1npo Arbitro de toJos os d~ Frana o Cardeal M alarino, depois de haver felicem~nte triunfado da oppofiao deieus inim1gos; e - com t1nto exceiTo fe achava valido da fortuna, ta6 cega para os infdices, como para os venturofos, que aRainha, que havia fido a mais n1penhada na fua grandeza, (:Om.x~ou a recear deforte a aff~ia que feu filho lhe havia cobr.1do, que faltando- ElRey alguns dias na a11iftet~ cia qu~ cottum:lV.1 fazer-lhe,. fabendo que efrava etn cata do CarJ:!al, o foy bufcar, e diante do mefmo Cardeal lhe dille., que era fucc:!ffo muito. e.xtraordinario fer-lhe necef...
fad~
425
far!o rara o YCf redir licena ao Careca]. E cfi:e era o n1efmo Julio ~I::dTarino, sue pouco tcr:nro antes ho.:via Anno ihico <.:e I-'rana, U1C11d_iganco ffifie~~JaS a]]-ey~s, C~Ue 1653 a outro n1.enos venturojo parece forao 1mrdive1s: tacs coH:un1ao fer os defconcertos do Inunco cem tanta ancia bufcaco dos rnefn:os a que tyranniza as hlas deforcei!S. [ ()s n~gocios de R?rna, con1o ~!Rey _conhe~~<? Pcrfevera que nao mudava de condtao com as dthgenClas do Eti- IIR~y ... nas ~n~a r o Bekmitano, perdeo quafi a efr"erat~a ~e conepuir .o c1as 1.1c~a . rffi fi . h juUifica~o intento , que com ta e .cazes 111 anelas avia ratem cf iolicitado de akancar Fafiores rara as Igrejas ' VUYas reran;as tantos annos dos ehofos de GUe ft1mtn_amente nccd1ita- dedfdto. va ; rorm na bafravao todos os ceienganos para El11. . ey rerder o fio da la pertena ' querend~ mofrrar a fervorofa obediencia, e fubtniTa con1 que reipeitava.os disfayorcs do Pontifice. ' 1 O Doutor Antonio Rapofo affifria em Holanda Succeffoscom muita utilidade do iervio delRey, entretinha os ag-de Hcian: gravos dos Ho1andezes. Porm era a mais roderofa nego- da. ciaao para divertir os foccorros do Arrecife a guerra, que os Holandezes tinha con1 Inglaterra , en1 que experitnentavao ta infelice 1ucceflo , que encontrandc-fe Eatalha no Canal as duas Armadas de huma, e outra Republica , naval en.: depois de pelejarem muitas b.ora~ perdrao os Hol~ndezes os lnvinte e fete navios. Defi:e accidente fe valia em Inglater- ~~~~de~ ra o Conde Camareiro rrr, e negociava cem grande in- zc:ll. dufrria a eonfirThaa6 da paz perturbada com o generofo patrocinio, que ElR(-y, infrancia co Frincire D. 'I heodofio, como fica referido, deo aos Principcs Roberto, e 1\Iauricio. Na lhe era facil ccnfeg11ir efte inter,to; porque o natural de Cromuel ~ defvanecido com o grande poder que a tyrannia lhe tinha faciJitac~o, defviado dos caminhos da raza , f approvava o que julgava conveniente para eftabelecer o ieu governo cufta das honras, vi?as, e fazen~as do~ Inglezes inclinados a f:guir orar two delRey. Efra dei ordem, dos affelos de Cromuel experimentou o Conde por hum infdice accidente Glle nao rucra6 reme~iar todos os privi1egios da fua occura~o. Ruma tarde iahio a pafear D. Fautale.:o de S irma do.
trf
Con
4~6
PORTUGAL RESTAURADO,
Coade (que como refrin1os o havia acompanhado nefl:a Anno. jornaJa) corn Guilherme ~udovico pefloa principal daI 65 3 quella Corte , que prof~flav~ efl:reita amizade l:OIU D. - Pant1leao , e com outras pefloas da fanlia do En1baixador. Logo que cerrou ~noite entrrao ern Niuchens, ou Bolfa Nova , fi tio aonde cofrutna a Nobreza daquella Corte divertir-fe algumas horas da noite. Pouco havia caminhado,quando em hum dos pafeyos encontrra hutn n1o~o , chatnado Thoms Au , innao do Co_nde de Cur , que pafiou por entr~ elles com tao pouca cortezia, qua :te achou obrigado Guilherme Ludovico a lhe advertir, que fe devia mais refpeito afln a elle, como a D. PantaPdcncia- leao irmao do Etnbaixador de Portugal. Refpondeo T hode o~ an- 1ns Au tao dei concertadas palavras em FrancZ contra a ~a~eao de peffoa de D. Pantaleao, que entendidas por elle o invefiio 1 g~;~~a: com as tnos por nao trazere1n eipadas, e acudindo algas pefoas da fanlia do Etnbaixa.ior recebeo T'hotns Au duas feridas de armas curtas. Recolheo-fe D. Pantaleao a caia do Conde, e havendo quen1 defie noticia de que o Inglez contava a pendencia a favor da fua opinia, na querendo o Conde que ficafe e1n duv-ida entre os Ingle-zes o fuccefTo antecedente , cofl:un1ando efi:iruar n1ais as ac~oens militares que as politicas , ordenou a feu irma-,. que a noite feguint~ voltafTe Bolfa armado , e afliiHdo da fua famlia, e da meftna pefloa do Conde em habito 11 di11in1ulado, determinando que nomefmo lugar publico, em que havia fuccedido a pendencia, rnanifefiaHe D.Pan-taleao as circunfi:ancias della. Entrou D. Pantaleao na Bolfa, e antes que tiveife lugar de confeguir o intento , que levava, o invefi:ra alguns parentes de Thotns Au, q~e o eil:ava e1perando para tomarem fatisfaa do iuccefi~ rafiado. Na recufou D. Pantalea o encontro, e como ie Renova- achava allifriuo do valor do Conde, de feus .camaradas, fe a pen-e familia, facilmente rebatra todo o poder dos contradcncia. rios , e depois de mortos dous , e feridos muitos , lhes 1argra6 o campo, e acudind0 o En1baixador de Holanda ficou a p.:!ndencia. de todo focegada , e tornando o Cond~, e D. P antal~a a bufcar as carrocas as na achrao, r0r haver ~nl fugido ao primeiro ruinor da penden~ia.
1
Foy
4'.,
Foy precifo recolherern-ie ar rara fpa caia com trX m:o fucceo , que encontrados de hun1 Corro de Cava11ana, A r. no que Cromue~ con1 a noticia da pende~1cia hL1v!a n1a!1l~a'-k' 165 3 iegurar o fitlO da BoJfa ' e re(onhectllos do Cabo ,_leve L rmao de prezo D. Pantalcao, e al!!umas pefoas da familia co Con- D. hmtade. Deo conta a Cromuel , que ordenou o levafle cad (a ki1. publica. Havia o Cabo entregue em confiana a D. Pantaleao ao En1baixador ; porm obrigado da reiolua de Cron1uel, e o Conde da fua palavra , executou a ordem, e levou D. Pantaleao cada. Na manl1aa. fegt:inte fahio o Conde a fallar a Cromuel affil:ido de todos os Embaixadores, fem fe exc\.!ptuar D. Affonfo de Cardenas Embaixador rlelRey de Cafi:ella, rarecendo-lhe que preferia a razao cornmia controverfia particular. Expuzerao todos Innancia a Cron1nel a in1munidade dos Embaixadores violada no aCrernud prefente caio, e o direito das g2ntes corrotnpido ; o mais C:c:o Con~e _, i c .. 1'T". rr p -' amarei1 que pu derao con_eguir, 10y, paHaue D. antheao para a ro [l1r. e torre de Lomlres , que era a prizao mais decente. A pou- mais Emcos dias de affinencia ne11a achra no generofo efpirito de baixadoMadama Mom fadl caminho a ila liberdade, fe na fora n:s. mais poderoi a fua defgraa. Refolveo-fe efia Dama com valorofa comnieraao a entrar no Cafrello acompanhada da fua familia a vifitar D.Pantaleao, uiando do honefl:o privilegio que temr'para efl:as funcoens as Damas daquella Corte. Como nao era poffivel p;evenir a fufpeita o efpirito da flla reiluao , facilmente permittrao as ~uardas que entrale. Deteve-fe ella at cerrar a noite, e fazendo retirar todos os que affifl:iao na cafa, dife a D. Panta1eao: , , ~1e obrigada do feu valor, da f ua qualida'' de, e da juftia con1 que padecia o imminentc perigo Cpeten '' da morte , havia deliberado dar~lhe liberdade, fem at- ua gencr r. h - . tofa entre ,, t end~r ao n1co a que 1e expun a pela conieguu, que o .M:tdama ,, camtnho era trocarem os vefi:idos; porque elle adorna ... Mom,e D. ,, do de todos os que e11a levava, e com o rofto coberto t:t.talea~ ,, como ella havia entrado acompanhado da iua meima fa" milia , nao era pcfiivel c:ue as guardas o conheceften,, ,, nen1lhe embaraafTem a lil::erdade. Derois de hum lar .. go, e cortez agr2decimento refifiio D. Panta!eao rr1wdra offerta, dizendo : , Ql1e ieria comprar a liber-dade a
n1lto
428
PORTUGAL RESTAURADO;
,, n1uito cufro , n1oftrando ao Inundo que lhe pagava ta Ann ,, 11111 a fin-~za que p~rt~ndia uir por elle, que o defejo 165 3 ,, de fe ver livre o obrigafre a deix:t-la na priza arrifcada. ,, Q!:t~ neft~ fentido efcolhendo antes a morte que o dei:. , credito , lhe p:.xfia q uizefe ddx-lo na priza , que fa'' hinJo della prot~il:ava deJic~u eternamente a vida a feu , fervio. Refpondeo-lhe .~l\1~dama JViotn : , {h1e na era , tempo de difcurios largos, que ella pelas leys de ln'' glaterra na eftava fujeita a gra~1de ca1tigo por aquella , culpa, e que tinha parentes, c i~gurana, -que podiao , livr-lo de qualquer efcrupulo. Com efta certeza trocou D. Pant1lea6 brevemente a traje, e como era n1uito gentil homem nao ficou con1 o veftido de mulher ta mal adeSabe da reado , que pudere fer facilmente conheciJo. Sahio com priza a f.unilia, e tochas de Majan1a Mom, entrou na tua carrnuda_ndo ror.t, achou o Conde teu innao, que efrava prevenido o traje. "5 r . . r co1n avt10 anttctpad o d e ft a D ama. L evou-o a caa d e Fia-_fe 0 hum Medico, que havia comprado para o t,er encoberto, Conde em qua-nto lhe prevenia navio para pafar a Frana. O Embaixa: Medico, como fe havia deixado comprar, foy facil em ::d1:oh~ yen?er_,: deo part~ a r~Hnuel , foy levado D. Pai~talea? 0 entre-q a pnzao de que havta i aludo, ficando e1n todo efte iucceiga. fo io em JVIadama Mom a g!gri~ de em prender , e confe.. guir o que havia intentado. ,.Salp.io ella do Caftello, e foy de toda a Corte applaudid~, e eftitnada a fua refolua. Nove mezes efi:eve D. Pantalea no Caftello fen1 valerem ao Conde Embaixador as grandes diligencias que fez pela fua liberdade; no fim delles deliberou a tyrannia de Cro.. znuel (depois de haver pron1ettido , que o havia de retnetter ao feu Principe com o procefio da fua culpa, para o Scntcea fentenciar) ier elle o author da ientena , e de repente a Cro,nucl f~z lanar , par .l ter execuao de~ltro de tres dias : Acudio morte o Coade , e os Embaixadores com exat1as diligencias, p~a?ta- por1n todas [em ren1edio. Notificada a ientena a D. Paneao. talea tomou elle os tres dias que lhe dava para prepara-10 da altna, e foube defrte refignar-fe na vontade de l)eos, e con1 tantos atos de entregar a vida entre hereges, na pela culpa, mas con1 anitno de fer pela F, que juilamente ie inferio lograria o pretniu da fua refignaa-. Cort-:
1
'"n1l.t:r.1 thcat1G }l bJico , e no n.etmo ~ia degoh1rao .-1 Lon-ris A u, CiUC h:. via fco at:tl:or da Anno pencenda, ~ntendt't~do-1~ sueC~cmud degclra a L.Par.- 1653 ta1eao ror ttrar a Vld~. a ll~(fllJS Au ' que com honrada Ex~cua porfia ferruia o rartido delRcy. Sentio o Conde En1baixa- datcmcnt:, . l c a cm D. dor, cem O extrcrr.o C}Ue era _Jt: fi O , efl: a eranue lfut::l lCI"d ~- J-lantalea, de e tratou logo de abbrevtar os negoctos da fua embat- ,; r.l homs xada deteiando iahir de ht~tna Corte, e das n1os de hun1 Au . ' "J ""' 1 Reura-fe tyranno, ei? qt.e Ila\' ta_ac I1ad o tao u~1u f-ad a InJ~iha. Conde 0 Detxmos continuando o fi tio do Arrecife o Mef- Embaixa.. tre de Camro Gener..1l }'rancirco Barreto com ta louva- dor da vel c~nfi:anda, que f a vi~o-~ia que ~o.ntegui~ podia fer ~~~~~fros pre1n 1o dos tra~alho~ 9-u~ io~heo, al_lc-vtados coa aJlifien- de :Brafil. cia dos anitnos tnvcnctvets c os_ Oft.Gaes , c Soldados que 0 acotnpanhava. A falta de toccorros din1inua a gente , e confumia os cattdaes; porm a tefolca6 uniforn1e de vencer ou morrer fal-ilitava os mayores impoJliveis. Na6 era menor o aperto dos fitiados: porque a Companhia , que fotnenta v a a guerra , con1 a falta dos interetTes da cainp'lnha , fe achava quafi exllatdl:a , e os do Supremo Conte lho i1npacientes, j chegava6 a appellar pararenledios defefperados. H uma das icas que lhes occorreo foy, perfuadir a Segifrnundo que interprendetTe a Fortaleza do Arrayal. Lonl~~cenclo Sepifmundo a difficuldade deft a em preza, determinou difll.tadi-1os : mas exrerimen.. tando qe erao baldadas as fuas razoe11s, lhes declarou que fem fe ganhar rrimeiro o .Alojamento do Aguiar, na era poffivel int~ntar-fe o defign1o prorofro ; porque como cortava o camtnho, que foradamente havia de fazer pe la Fortaleza dos Affogados, haven~o-de fer fem duvida ientidos muito tempo antes da execrao, infallivebnente ficaria baldada co1n o rifco manifefio de todos os que fe arrojatTem a quer-la confe2uir. Os do Confelho , .como intentava6 chegar ao fim lcm difpt1tar os n1eyos, fe- ~ i gu1ra6 a opiniao de Segifmtmdo acreditada com as-expe--,. riencia do feu procedin1ento , f." lhe dcrai1 ordem rara que fahiffe a onze de Maro da Fortaleza dos Affogados com a mayor parte da guarn1a daqne11es pre.fidios ,. ar~lheria ,_ e quantidad~ de E;,afradores ,. e que em quant~ duraii
Cortra--l~~e
429
43~
dur~!fe
PORTUGAL REST.AUR:ADO,
o confiicro roaffen1 o tnato, que en1baraava jO.. Anno g;1r a artilheri1 da Fort.1Jeza. contra os nofos quartei.~. 165., Go\r~rnava o Capita Affonio de Albuquerque o Aloja.-. . ;:, - n1ento do Aguiar, deicobrio os Holandezes pelas i ete hoAt~~~ s~- ras c) a tnanh~a : e parecendo-lhe menor aca aguardar o giinundo afialto coberto CO!TI as trincheiras, fahio tora dellas fe .. 0 d quar~cl guilo dos foldados que governava, e de outros que dos o A o-Ular, . _,A . . "fi h d, . b rctir~-fc loJatnentos Vl tn os acu 1rao ao re 1te , e com tanto va com per-lor invel:io os Efquadro~s Holandez~s , que en1 breve efda.. pao os fez voltar as col:.1s com grande perda, fendo ma.' yor oel:rago que fe fez nos gail::1.Jores, que ien1 dcfen~ fa p1decra6 o cal:igo da oufadia. Na havia penetrado Francifco Barreto o intetno com que os Holandezes fe en1penhavao em ganhar o Alojamento do Aguiar; porm aconfelhado da i'ua porfia reforou com cinco Companhias aquelle pofl:o , e deo-lhe por Cabo ao Capitao Paulo Teixeira. Os Holandezes ignorantes defra prevenao, paffado algum tempo turnrao a bufcar eil:e quartel, fazendo huma emboicada em fitio tao vifinho a elle, que pudefTe cortar facilmente todos os que fahifem a pelejar. Paulo Teixeira prevenido d~~algum1s f~ntinellas perdidas fahio do quartel, invefl::io os que el:avao na embofcada, derrotou-os, e os que fugira puzerao tanto terror nos que marchava para at<lcar o Alojan1ento, que todos fe recolhra Fortaleza dos Affogados. Corridos de ta pouca conl:ancia voltrao s tres horas da tarde a atacar o mefmo pofi:o juramentados a apurar o ultimo esforo; porm.achando em Paulo ~r eixeira igual alento , e difpo.. lia5, depois de durar tnuitas horas o confli~l:o, fora6 com grande perda desb~uatados. Efras experiencias que cada dia achava o mais cufrofas, e a falta de mantimentos, que por inl:antes conhecia o mais prejudicial, obrigou aos Hoh-tndezs a fufpenderem as fortidas ; empregando a Procura5 tnayor parte dos prefiu.ios na em preza de conduzir n1an os Holan- tin1entos do Rio de S. Francifco. Etnbarcra6 a gente delclezes_tir~r les em algumas fragatas, e chegando ao Rio de S. FranmandumR~- ciico faltra em terra, e unidos aos foldaJos da For taletos u. lO i- l _, 11 d"l: . :1.. l , ... d de s. Fr- za,- que ut ~ntavao naque e 1 rt(.LO , 111arc larao a ar ,;ifco. ex~cua o int~nto que leyavao. A1Iillia no RiO de S. ~- ,J . Fran-
1 r "1 _, ""'~H F ranc11co ror o r d Llll ue l rann co E c to o C aptt~'.o 1rancifco B<wrdros con1 cen1 Infantes , e algu1:s negros , Anno com or'-1en1 Je in1redir que aproveitafi"cn1 ccs man- 165.., tin1cntos daGuella cc.mranha. ;-J eve not:ia cc c.i.ue os H o- (. :> ]dndezes deitnlbarcava, e ainda que lhe confrou que tr".zia n1ayor poder do que elle tinha para fe lhes oppor, fe refolveo a bu1C-los , e encontranco-os em hutn fitiQ~ chamado Santa lfabel, os inveftio co1n grande refolua; _Os H ol portn acertando-lhe hPma l_,]a pelos peitos cahio morte, eczes fa ~os Jeus fo1dados , variando o cofrume de defmayarem ~~:bar~ta con1 a falta do Cabo , e indtados con1 o defcjo da vingan- Caph~~ a , invefiirao os Holandezes con1 tanto valor, que bre- Frmcifco vemente os derrotilra com grande efrrago , e retirando- Barreires - c r. , _, que mor i . para a F orta Ieza os que pu derao 1.a 1 c var-.re_, 1e_,t ornarao re ,cn,~na e1nbarcar nas fragatas n1enos cos que v1erao, e vol- do.. tra6 ao Arrecife iem levar os mantitnentos aue intent- rao. Haviao os do Surren1o Confelho eleito hr1m dos que affii1iao nelle, chamado Vangog, para ir a Holanda a dar conta aos Eftados do arerto en1 que fe via o. Fez dle a i ua jornada; porn1 fendo na occafiao em que os Holandezes fora o vencidos dos Inglezes no Canal de Inglaterra, nao confeguio mais que humas efperanas de foccorro ta dilatadas, que parecendo aos fitiados impoffiveis de i:onfei!uir, lhe fervra f de ultimo defenrrano. "' .._, N ao era o efl:as noticias occultas Francifco Barreto , e defejando na perder occafia ta opportuna , que t]Uafi promettia o pertendido fim da queiJa em preza, ex cogitou o caminho mais util de a poder confeguir, porm Hao quiz tomar refo]uao alguma fem O parecer dos tres c~b .::~~~ J\'1efrres de Campo , experirner.tando, c;ue da uniao, e 1,.es "~ conformidade cem ue fe havia confervado cem elles ' 1 j lhe haviao refultado os melhores fuccef:cs. Actava-fe no Pontal de Nazareth, e hun1 dia montando a cavallo ccn1 os tres lVIeflre~ de Campo, os levou larro efrao daquel- Proroila le fitio , por te apartar do perigo da curiofidade dos que d.t: Frcif.., lhe 2llifria, e cheganuo a huma H ermida da invocaa co Barrede S. Gonalo, entrra todos quatro nella, e Franciko ~? fiaos - . IC:6 Barreto con1UD1COU aos M cfi res d e c amro : " f)' ter.oc de Caro.-~e ,, notiia do af~Ito tn1 que os Holar.C.ez~s co Arn.::dfe fe po._ ,., acha-
431
ie
J,Yl(
431
PORTUGAL RESTAURADO,
, , acha vao, por f1!ta de g~nte, e de ma:ltilnt!ntos, e at Anno , pou~cts ef~,~rl!l~ls com que eftava de ferem 1occorriI6S 3 , d:s dos fl:adJs d:..! HolaLlda, por _ie achart!an oppri ,, nu ...-los com a gu~rra de I.1glaterr..t, Julgava por ena r:.~.. ,, z16 fer aquelle o tempo mais proprio de applicar quel, la ta6 ardua, e trabalhofa etnpreza o ultimo esforo. , Q1';! fe chegava o t~mpo d:! appar~cer n1quell~s mares - H l'' a ftota da Companhia Geral do Com~rcio , de que era ,, G~tleral Pedro Jaques de Magalh~s, que em igual gro ,, lograva as duas mayores prerogativas de valor, e for, tun1: que determinava propor-lhe quizefle furgir no , porto do Arrecife, e que efperava cotn efte foccorro ,e . ,, com a impoffibilidade, e dei~fperLta dos Hol,utdezes , render aquella Praa, e as m1is Fortalezas daquella ,, Provinda obediencia delRey. O Meftre de Campo : Francifco de Figueiroa, julgado e!t~ negocio por duvido- io deconfeguir, props iaconvenientes, que q4afi o faziao impoffivd. Andr ViJal foy de contrarict opiniao, di zendo, que f o dilatar-fe a execu16 de tao generofo intento poJia fer prej udidal. Joao Perna 'ldes Vidra deftro, e prudente, e que j havia communicJ.do com Francifco Barreto efl:e mefmo negocio, e~ps larg1mente todas as razoes que moftravao ter efl:a diligencia a mais util, de que fe podia ufa r na occafiao que a fortuna lhes offercda da grande debilidade das foras dos fitiados, e fe offereceo Francifco a Francifco Barreto para anticipar todas as prevenoens, Bar_reto que era neceT~rio efiarent difpoftas com cautla, antes dehbera que a Annada chegaffe a dar fundo no porto do Arrecife. com 0 pa Al 1 _, . . rec~r dos egre F ranc1 co Bar~eto de ~char d ?~s ~otos _ta o pnncl maisaper- paes que concordavao com a iua optnta, r~iolveo pro taro !itio. curar toJos os caminhos de execut-la. A quatro u~ Outubro havh ihido de Lisboa o comboy da frota da Companhia Geral, de que era General Pedro Jaques de Magalh2s, e Almirante Francifco de ~hega a Brito Freire.: Em Cabo Verde recolhrao os navios mervifodcPc- cantis dos portos de Entre Douro e 1\'Iinho, que os efpe~r~!;~~~ ravao naquelle portob, e com toda a fro~a enco~p;>rada naco Barret-o vegou par.1 Pernam uco , e mandou dtante. av11o a Frauda fror.a. ciio Barreto que tivefe promptos os navios dos ports do
.. t:adores rrep~irados para a comtnutaa dos generos, rcr- Anno que detern1inava pa~l~u por aq~dla altura 1'n1 nella fazer 1653 detena. A iete de Dezembro ic recebE.o em Pernambuco efre aviio, e caufan<.~o en1 todcs os intereflados na rnerc:'ncia alvoroo, occaor.ou em J'randfco Barreto, e nos Meftres de Campo mayor ~1egria relo intento 1:cntac~o. . de fe fazeren1 MercaJores de nvyor credito, e ffi'.lLr.r J.;.'~.r~ce negocio. Aprareceo a frota treze cias c(-p<;is .(' av~~-o. ~ fwt_a. e Mandou Segii.'_T\Un<.:o reconi:tc~-1~ por_J:l~In~ __f'' cyena ~:,~~~f GUadra prevet.Ilia para ~fi:e fin1. poren~ JJ.~ve.fi~da c?s nc.- Gl'icr'~ ios navios de l!Ut:rra ie fez ao 11:11"{20. fn~nofcP farn~to HoJan .. mandou logo ~~t ht Rl b~rco e1qt.i~~do l:l.r o p~ralcm ~1a .za. chegc1ca ao General, e Aln1irantc, em quanto dle C!' na li"l 'bufcar, o qut! logo faria. Pedro Jaques, e frar.cicode Brito, por ekufartm rr.ayor dib;.1o, .fc rrcttcr~ t:os bateis dQs iuas r.os, e ialtdt c; o f'fl1 te1 r~ ~a t.arra do ltio Do~e, aond~ os vey b~fcar. l'r.:tnc~~<.:(J !3arreto ccn! cs tv~n~ tres Mefrres e Lamro. L epot.j das pnmu r::s cernr,cnms , n"ts c 111 e de grandes obteu i os , GUe como a mi f,CS , e dcrf:r.dcn- terra. c te_s rendra os da tena aos que defenlbarcar:?.o' rror~ 'ur-fclt~'-' J'rancifco Barreto a l)edro Jaque~, depois de Ibe d~r con ~ Yl' ;e fr - UC\ C O ta dos fucce fi OS l!ac~uelJa guerra, e C.O e a~o Em Ve ie brar. achava 0s Ho1andt..zt.:s, a grande convenicnda c1t.e rciultaria ao fervio dclRey, e a glorio ac:1 t:e ccr.fcguir~a , fe 1.e reiolvdle ajud-lo a acabar de ven'-t:.r a lcn_tumacia, con1 que os Holandezes haviao dcf~ndico aqt!clla Praa em notavel prejuizo da Religiao Cathol ica, e das honras, Vidas. e fazendas dos lUOrtii<.~OrCS caueiJa: Frovinda. Pedro Jaques ainda que o feu animo o levava a efta deliberaa, com tudo ligado aos preceitcs do Regimento delRey, e ponderando a contingenda caquelle iuccelo, e que em cato que fe tnalogr~Jre, fcavao correndo por iua conta todas as perdas, e d.::mnos, que .lccedeffenl na frota, que era infalliveis paflada a n:onao t:tavegar. Dilatou a refpofia de ta o importante n' godo para hunla conferencia de todas as refioas rrir:.ciraes da: Frota, e do ~xercito, que ajufi:rao fe tizefle na Villa de Olinda , para onde logo man;hrao, e 'Oll.i.O ifto iuc-:
433
E}-
ia
ve
..
Ee
~~deo.
434
ced~o
PORtUGAL RESTAURADO,
nos ultimes dias de Dezembro , e na devemos Anno apartar-nos da ordem da hifroria, nem privar ao anno fe165.3 guint~ de 54 da gloria de fe confeguir nelle efra fina.. lada empreza , deixaren:os para feu lugar o ultin1o iucce.ffo della. Succeffos No governo da Cidade de Tangere fuccedeo ao de Tan .. Barao de Alvito D. Rodrigo de Alencafhe. No tnez deJa... tacD _neiro defr~ anno chegou a ella, e nos primeiros exercicios da fua occupaa6 tnofi:rou que a fua muita prudencia Jefm~atia o receyo, que a gente daquella Praa havia ~oncebido da fua pouca idade. O prin1eiro dia que iahio ao campo corrra.J os Mouros a gente que andava nelle ~ fez-lhes rofi:o o Adail R.uy Diaz da Franca, e feguio-os mais tempo do que convinha iegurana dos Cavalleiros. Efi:ranhou-lhe D. Rodrigo efre exce.ffo, fem en1bargo da defculpa, de que a occafiao fora de repente, e tnais largo o privilegio do primeiro dia em que fahia ao cam... po. H:-tvia nefte tempo entre os. Mouros fome , e guerra , inimigos muito a favor da confer.vaao de rrangere. o va}or deGaylan lhe havia grangeado tanto poder, quereceofo o Governador de TetuaO. fazia diligencia pelo deftruir. Ddl:a guerra, e d~ fome refultava acudir quantidade de Mouros a trazer avifos importantes a D. Rodrigo. Entre as noticias que teve foy huml , que para a parte de GibL1lxaro havia muitas Alxaymas , que hc o mefrno que tendJS de Aldeas portateis; porque a gente de que ie compoeln e !tas Aldeas , conforme as efi:aoens , e os pofros , fe rnudao para os fi tios que lhes parecem ntais ferteis. Para i c~rtificar da verdade defi:e avifo mandou tomar Hngua pelo Almocadem Manoel Duarte com feis Cavallos :. fez elle hum tnoo prifioneiro que affirmou o mefmo que as efpias-haviaO.defcoberto .. Com efi:a certeza determinou D. R o lrigo definlir as Alxaymas, e fer dle o Cabo que governa fie os Cavalleiros, deixa_ndo governando a Cidade :ao AlcaiJe mr Andr Diaz.da, Franca:porn1 como os an.. nos lhe na haviaenfraquecid'ovalor, na foy poffivel reduzi-lo D .. Rodrigo a que ficaffe na Cidade,fahinrlo elle .campanha. Obrigado dela refolua refolveo D .. Rodrigo manar o Adail s Alxaymas c.wn noventa e dous Cavai. leiros:
43S
I6j l nra ao Capitao mr Gafpar Figueira de Serpa, fofie pe' - los lugar~s da Ilha a conquift-los, por efrarem levantados a mayor parte delles, e a confeguir por e.fte caminho os m::1ntitnentos neceffarios. A gent~ delRey defamparou ' as AlJas pela part~ que chalillavao Debaixo, e levantando huma grofa trincheira em hum fitio forte, determinrlo impedir que Gafpar Figueira paffafle s terras de dml. Cotn efta noticia caminhou Gafpar Figueira para aqudla parte de Vedvola, e amanhecendo iobre a trindieirLt a invefrio com muita refolua ; porm como era gr.rtde a multida dos inin1igos, foy a nofa gente rechaa la. A~limados os delRey faltra fra da trincheira p~ ra ajudar a confut6 dos foldados, e acabar de defl:rui-los,. na fuJ deforl~. Defvanec~Ihes Gafpar Figueira efl:e intentQ ; porq uc animando os feus foldados vifta de Chrifto crucificado, voltr1o con1 tanto hnpeto fobre os Chin Gafpar ~:ds, que na f desbaratra os que fahirao, fenao que Figttdra ga"lhaas i~gni:1Jo o impulfo montrao a trincheira, e derrotra trinchei- gra1J~ numero Je Chi 1gals, cuftando a refiilencia as viras dos das n1ayor parte delles. Efte f u~cefo facilitou a obedien. Chinga- da de muitos levant1Jos; retirou-fe Cidade a canella ~~s! delRey; cohraraO-fc todas as penfes que t! lhe deviao , e rec~lheo-f.! gra,1de qua~uidade de n1antimentos, armas , e bagagens de grande utilidade. Poucos dias depois defte fnccefTo fahirao dez Companhias a interprender huma Alda das fronteiras de Candia , em que confl:ou haver gran. de quantidade de mantimentos. F orao fentidos , e pertenderao os foi dados delRey impedir-lhe a marcha nospaffos efi:reitos, por onde caminhava<> ; e como ja efl:avao deftros em atirar com os mofquetes , foy o aperto de qualiJade na entrada de h uma ferr:t.que durou o confiil:o das oito da nlln_ha. at as quatro da tarde,. por contenderem as dez Companhias cotn mais de dez mil Olingals. Largrao ell~s o pofto com grande perda , e os no fi os foidados f e retirrao com o mantitnento que pertendia ao Ganhat. fi!iodeAra~l~or, aonde viera? to~as as Aldas ~ircun :_cr~pQ ,-ifwhas .iu;e1tarfe a Gafpar Figueu:a de Serpa. A onze
.... de
os grandes trabalhos a que efl:avao expof.. A.nno. tos, e havendo na Cidade falta de mantimentos, orde.
continuaff~1n
.. 36
PORTUGAL REST.AURADO,
de Mayo d1~ou a Columbo Francifco de Mello de Caftro con1 oito navios, e cento e cincoenta Infantes. ( Ha- Anno via D. Braz feito eleiao da tua peroa para General de 1653 Ceilao , por concorrerem nelle as partes neceffarias para Cheaa a huma occupaao de tanto empenho )Levava para Capi-Col~mbo tao mr do catnpo a D. Alvaro de Ataide, e chegou efre foccorro a tao botn tempo , que o dia de antes havia6 da- [~rc~rd~ do vla nove navios de guerra Holaqdezes, e a Cidade ~dlo. por difcordia, e falta de mantimentos padecia aperto con.. fideravel. Entrou nella Francifco de l\1ello, e depois de focegar as difenoens mandou D. Alvaro de Ataide para o alojamento de Arando r a tomar pofe da fua occupaa de Capitao mr do campo, que lhe entregou Gafpar Figueira de Serpa, retirando-te para Co1umbo. O ten1po que D. Alvaro de Ataide efreve no campo foy de muito focego , e na podendo a fua idade , e acha~es com aquelle exerdcio, occupou Francifco de Mello .~i eu fobrinho Antonio de Mello de Cafrro no pofro de Capita mr do campo. ElRey de Candia, provocado dos damnos que havia recebido, deternlinou lanar Antonio de Mello do alojamento em que efrava: ajuntou quarenta mil homens, e marchou com elles a alojar-fe entre Columbo , e o 4tio em que eftava Antonio de Me11o, para que elle ie na pudefe retirar fetn pele_jar com o feu Exercito. ~..eve 'Antonio de Mello efra noticia, e paifou hum rio cat1dolofo f primeiro qu~ a gente delRey = alojou-fe junto do feu Exercito , e perfiftio nefi:e pofro alguns dias , fem mais effei- Retira-re to que confumir os mantimentos que levava, e ni.tirar-fe Antonio para Columbo com pouca reputaao. JFraneifco -de MeU o dde Mdlo ' f IT' 1 Ga1-par citoExerF. o V~n do e fi: e mao ucceuo , e que o povo acc mnava delFtgueira de Serpa para a fatisfaa de.fi:e aggravo ; Jhe Rey de entregou duzentos e cincoenta Portuguezes, e dous mil Candia. Chingals, e o mandou a fazer guerra a ElRey de Canrlia. Executou Gafpar Figueira efl:a orden~ c~m ta6feliz fu,ceffo, que trazendo ElRey ta confideravel Exercito 0 pelejou com elle, e o derrotou tantas vezes , que o obri- ~afp~r gou a fe retirar Cidade de Candia , junto da qual fe alo- ob~~=~~ jou , e perfifl:io muito tempo con1 feliz fucceflo, tendo n~tir~r : lem de muito valor tanta induftria, que ganhando algu- ElRcy. Ee iii " ~ mas
PARTE I. 'Lll!RO
XII.~, ~
437
oFcne-
438
PORtrUGAL . RESTAUltADO;
tuas p~foa~ ~as que fat?iliarme1_1te aJlitiao a EIRey, lh ~\nno fez ta o fuf pettofos muitos de ieus Vaffallos, que o obri1653 gou a degolar- os feus mayores validos. Nefre ten1po que. . rendo Francifco de Mello fazer guerra aos Holandezes ' antes de lhes chegar mayor foccotTo; ordenou ao Capita rnr Joao Botado de Seixas que fofle por hutna parte con1 nove Companhias, e o Capitao mr Antonio Mendes . Aranha rnarchafTe por outra parte com feis, e que an~bos fe etnbofcafem o 1nais perto que fofe poffivel da Fortaleza de Negun1bo, a examinar ie podiao ganh-la, colhendo os f!olandezes en1 algum deicuido. Marchou Joa6 Botado pelo caminho da praya, Antonio ]\lendes pela terra dentro : ~embofcarao-fe iem ferem fentidos ; poot. rm como os Holandezes viviao em continua vigilancia, na fortio defre trabalho mais effeito que defrruirem alguns paln1ares, e retirf:1ren1-fepara Colun1bo. Francifco de Mello acdia d>1n todo o cuidado a remediar os muitos inconvenientes que por horas fe n1ultiplicra naquella infe~iz guerra ; porm como o poder dos Holandezes era muito- iuperior, _ EIRey de Candia grande inimigo, e poucos os foccorros de Goa, todas as diligencias fe baldav~9 _Na havia nefte tempo paffado D. Braz de Caftro com h1enos cidado , porque os Holandezes confedera.. Intentai} dos Clll hum Capita do Hidalcao r,. para que fitiafe Goa os Holan- por terra , protnettendo-111e , que ganha da a cd ade 1enao r . dezcs fi1 tiar Goa ieus os defpojos, viera com huma Armada a occupar a com os. b~p-1.=. porm f~tando a gente de Hidaica fe tornra a Mouros_ -retit:;if: Nefre annopafiarao India a no SantHiitno Safem ~ . - , to. effet crflmento d a T nnd a de , C apttao mor L utz de J\lf ,l ~enuoa Furtado ; e o Galea S. Joz, Almirante Francifco MaJ d~ad~ de Sa. A ~ayeta N. Senh?~a ~a !enha de Frana 1 qlle vtnha a Indta , de que era Lapttao Loureno Bote_ lho, tomra. os }iolat~dezes na altura de Pernambuco. ..t\.nno 1 .~ ~.~. .~ ~:D~r,is d? ~fuccefo de Arronches, que ~oy o uiJ6S 4 _tin1:co an~ antecedente, m~ndou o onde de Soure ao .- p 1~henente Gene!"al da Cavallana Tamencurt, pelo emha5 d~c~~;~~ rao d~s feridas de Andr de Albuqtterque, com ~s 1~ropas Tejo. , de Elvas, Campo Mayor, e Olivena, as mais dos quar. -.~ii vitinhos' e parte co~ 40'l:IS Teros de Infantaria da guar..
J
Olivena , ordem de Manoel de Saldanha Meftre de Campo de hum delles , a queimar dous luga- Anno res vilinhos Cidade de Xerez, chamados os V alies de 1654 Mata-.1\'loros, e Santa Anna. Ajuntarao-fe as Tropas em Olivena , fahirao daquella Praa pela manhaa , fizera ai to em Al conchel , gafl:rao toda a noite na n1archa , e ao amanhecer chegrao aos V alies, a que fe haviao re colhido todos os Paizanos da campanha, e por el:a cauia Ganl1a fe defendera6 algumas horas , ultin1amente forao entra- Tan-cric dos, e faqueados: Retirara:-fe as Tropas a Oliven_a, e ~;:i~:de voltrao para o~ ieus quartets, e ficou prezo D. Luiz de MataMo Menezes etn Oh vena por ordem do Conde de Soure, por ros. e S haver fahido de Elvas a efra occafia fem fua licena, fen- taAnn~ do Capitao de Infantaria , e ficando a fua Con1panhia de guarda a huma das por.tas de Elvas : durou-lhe vint~ dias 0 cafl:igo , e efta auftendade do Conde de Soure fazta andar o Exercito ta6 regulado, que parece pronol:icava as vilorias que depois confeguio. Pairados poucos dias e lo.grou outro fucce~o de mayor ~mrortancia. Era a Villa de Oliva grande, e nca, defendia-te com hum Cafl:ello antigo , mas ben1 obrado , ficava pouco diftante da Cidade de Xerez, e com efte receptaculo corria os Cafl:elhanos a noffa campanha fem embarao. Detenninou o Con de de Soure livrar aos lavradores defl:a oppreifa, e pret fidiando Oliva occafionar aos Cafl:elhanos mayor prejui.1 zo. Deo execuao efte intento o General da Cavallaria ~- Andr de Albuqerque, fem embargo de andar ainda mal convalefcido das feridas que recebeo na occafiao de Arronches. Sahio de Elvas com as 1~ropas daquella Fr2~. , e as mais dos quarteis vifinhos, e o Tero do .1\lehe de Campo Jo~o Leite de Oliveira: pafou a Olivena, e en / corporou-ie com elle o Mel:re de Campo Manoel de Saldanha com o feu Tero, e as Tropas daque11a Praa. Antes de chegar a Oliva o efperava o Mefire de Can1po 1\'Ia~oel de Mello com o feu Tero, e as Tropas do feu partido_. Com_ efl:e Troo, que confiava de dous nlil Infantes , e m1l e qutnhentos Cavallos, chegou a Oliva pela madruga~a , entrou facilmente a Villa , mas nao teve execuao a etnpreza do Cafrello; porque rebentara dous peEeiv tardos
~u~rnia de
439
440
PORTUGAL RESTAURADO,
tardos, que fe arr"mara s portas delles. Todos os Cafl:e .Anno lhanos que erao capazes de tolnar. at"mas fe recolhera I 6s 4 dentro do Caftelho. Aquartelara-1e os 1'eros junto da muralha , ficando Manoel de Mello mais vi1inho a ella: arrimarao-fe-lhe algumas mantas, e na podendo arruinIas os inl:rumentos que os fitiados lhes lanrao, em vin. te e quatro horas fe atacara duas minas, que reconhecidas pelos fitiados pedira tregoas para tratarem de e entregar. Durava o combate em quanto fe nao ajuftra as Ganha duvidas, que de huma , e de outra parte fe offerecera. Andr de Ultimamente fe fufpendera as armas, mandara-fe reAlbufens, e no cabo de tres dias fe entregou o Cafrello mer~~~~~e c, deixando-{ e livre a roupa, que as familias pudeffem levar comfigo. O dei pojo foy muito grande, porque naquelle lugar fe haviao recolhido muitos moradores de outros , que fe dava por feguros nelle. Cufi:ou a em preza a vida de quarenta e dous toldados, a mayor parte delles do Tero de Manoel de Mello, a quem ~oube, .<:orno o perigo, a gloria: ficarao feridos Manoel Nunes Leitao, e Luiz de Efpinola Capites do mefmo Tero. Andr de Albuquerque com grande valor , e fdencia diif>s. o ataque: deteve-fe dous dias em reparar a ruina do Caftello , que conftava de Barbaca, cobellos, e torre de homenaDdxa 0 ~em .. Accrefcento11-fe-lhe lnuna eftacada,. c algumas deCaficllo guarneci- . enfas : deixou-o Andr de Albuquerque guarnecido , voldo. tou a Elva~, e ficara as guarnioens nas Praas de que as havia tirado. Retirado Andr de Albuquerque, alcan~ou o Conde de- Soure licena-para pafTar Corte, e ficou Pr<>-.----vincia ent~egt1e a Andr de AJbuquerq11e. 9 primeiro fuccefo que te ronfeguio tocou a Pedro Ceiar de Mene~es, que p()ucos dias antes havia entrado no pofi:o de Capita de Cvallos,. fendo pailadas no n1efmo dia a fua patente, e a de D. Luiz de Menezes, ficando efi:e de guarnicao na .Manda~l Pra-a de Elvas, aquelle na de Campo Mayor. 1\1 aichou R;~ fi~~- com cen1 C..'lvallos a armar a hum.a 'Tropa- que ell:ava de ~~tra~ra:s quartel em '!ontijo : derrotou-a' efcapando poucos ca. ~m Caf- telhanos dos quefh]ra ao rebate.Chegou nefie tempo oftclla.. dem delRey a And1 de Albuquerque, para fe na fazeretn
J
e~~
etn Caftella fem licena fua , com pena de caio rnayor, e f concedia permiffa, para que etn cafo que Anno entrafiem os C.1ftelhanos en1 Portugal, fe pudeffem ajun- 1654 ta r as Tropas para lhes tirar a preza, e que s partidas que foffem totnar lingua fe prohibifie poderetn trazer gado, ou preza alguma, mais que cavallos, que ferviflem na guerra. Obedece o Andr de Albuquerque a efie preceito ; porm repreientou a ElRey os graves damn<?s que haviao de refultar a teu fervio , fe efta deliberaa fe na fufpenrletTe, ufndo quafi das 1netinas razoens gue o Conde de Soure havia offerecido ao Principe D. Tlieodofio, quando mandou a todas as fronteiras do Reino outra orden1 firnilhante a efra. No Confelho de Guerra vio a carta de Andr rle Albuquerque, e confultando-a a EIRey, fe ajuftra com elle os Confelheiros com acertadas ponderaoens. N a quiz ElRey admittir efras advertencias, periuadido erradamente de que a difpota mais conveniente a feu fervio era o focego das Tropas, e feguin<lo efre difcurfo , pailou fegunt.la ordem para que fe executaffe a prilneira. Chegou a Badajoz efra noticia, e corno a utilidade era toda dos Cafi:elhanos , veyo a Elvas hutn Conego de Badajoz, cha1nado D.Joa Solano, com pretexto de lhe haver huma partida tomado hum cavallo, que por ajuftamento de h uma, e outra parte fe cofi:umava reftituir aos Ecclefiafticos. Prors o Conego a Andr rle Albuquerque da parte do Bifpo de Badajoz, que tenrlo noticia da ordem que elle havia pafado para fe na fazerem entradas em Cafrcll, deiejava que efra ley foffe commia a ambos os Reinos , entenccndo qtle era jul:o ferem os lavradores ifentos dos eftragos da guerra; e que o Duque de S. German lhe havia fegurado, nao encontraria as condioens que fe encaminhaffen1 a efl:e accommo~ damento. Refpondeo-lhe Andr de Albuquerque, que a noticia de fe haver paffado a ordem que referia era certa , que ao n1ais que prorunha na podia rdponder por ier mat_.ria que pedia madura ccnfideraa. Yoltou o Conego a Badajoz, e tornou brevemente c?m 1~\.un boklti!n do Du- ~~~r~~~ que ~e S. German , cm que offere~ta toda a ier:t~ranca tellanos. neceflria en1 ~aio que fe ajuQa1Te, qne de hun'a, .__c outra ' 1 par-
~ntradas
441
ie
parte na o pucL~fiem ier offendidos mais que os foldados .Anno que ie en.contrafem , nem fazer-fe tnais preza que em caJ6S4 vallos, armas, 12 munioens. Deo Andr de Albuquerque conta a ElRey, e tornou a repetir-lhe as muitas, e forofas razoens que fe lhe offerecia para fe na celebrar efi:e contrato, affim pela utilidade das nofias Tropas, que (_}Uafi todas {e con1punha de tantos cavallos Cafrelhanos , que era frafe entre elles dizerem, quando lhes chegava remonta, que vinha para Portugal ; cotno pelo exercicio dos foldados , que fe fazia deftros nas occafioens , e fe alitnentava das prezas, cofi:umando fupprir-lhes a falta das pagas: e que contra tao certa experiencia na podia haver argumento forofo; e gue ultimamenre a grand~ diligencia que os Ca.frdhanos faziao por ie confeguir ette ajuftatjlento , era o mais certo teftilnunho de fera uti~~~:g~s !idade fua, e o damno nofo. Ampliarao-fc no Confelho ordctis de Guerra efi:as razoens de Andr de Albuquerque com das en~ra- outras nao n1enos convenientes. Convenceo-fe EIRey da das. fora dellas, n1andou revogar as ordens que havia pafiado , e continuou-ie a guerra fen1 n1udana no exerccio. Os Cafi:elhanos , querendo n1oftrar que todo o interefie era nofo , no ajufi:amento que propunhao, fizera huma preza nos campos de Monfars. Sahio ao rebate o Capi ta de Cavallos Diniz de Ivlello de Caftro, que eftava ., t de quartel naquella Praa, e JoJo Ferreira da Cunha que .f'..econ ro 1Tift. d 1\tr E .. "d . ~ t.. _. a Cavai- a 1 ta na e HlOUrao. ncontrarao a~ parti as que VIHuao laria,fica avanadas com quarenta Cavallos: invefrira6-nos, e rom prifio~e~- perao-nos, porm foccorridos de oito Companhias os qua~os~i~12 renta Cavallos, desbarat3ra facilmente os dous Capitaes-. 0 .: ~oa~ Levara-nos prifioneiros, e trinta e quatro foldados : alFerrcira canara touos logo liberdade, na ie havendo quebran<ia Cunha tado a capitulaao f~ita depois do fuccefio de Arronches. Diniz de Mello logo que chegou de Caftella pairou ao pofi:o. de Mefi:re de Campo do Tero de Gonalo Vaz Coutt?ho, que elle largou a refpeito dos ach~ques que padecta em Elvas , que era o feu quartel, e iem outro Succeffos fuccefo fe rematou efre anno &~re Douro e Sem alterar o focego dos annos antecedentes conMinho. tinuava o Vifconde de Villa Nova o governo das Armas
,J
442,
PORTUGAL.,.RESTAURADO,
da
da Provinda d~ Entre Douro e Minho. Divertio efra dii:. pofiao hu1n Cofiario Inglez chamado D. Joao Co1arte, Anno , que ~ofru~ava re(:ol~cr as pn.:.zas , qu~ f~~ia , nas Ri~ts de 165 4 Galhza. DI11irnulara os GaUegos a ho1pel.1agen1, ate que achando occafiao ie pagarao ddb, e uintio do fabuiofo proverbio , de que he tnerecin1ento furtar a_,os ~a~roens_, fe levJntarao con1 o n1dhor das prezas. O Cofia no eih- Batem os; mulada del:~ agfrr~lVO bateo a Ria de Vigo con1 a ~rtilhe- In?lezt: ria de fete fragatas. Entenderao os Gallegos que fe havia VIgo. ajul:ado cotn o Vifconde , e que efra demonfrraao era arte ~ara q!.Ie,divertindo-fe elles em fe opporem ao Inglez, tiyeiTe o Vifconde occafia de lograr algutna em preza premeditada. Obrigados defra ida ajuntrao toda a gente paga , e em grande numero a nlilidana , e alojarao-fe na ca1npanha de Salvaterra. Entendeo o Viiconde o feu re... ceyo , e querendo faz-lo ,~erofimil , e uir defra utilidade, fabio cle Salvaterra com quinhentos Infantes, outros tantos gaftadores , e oitenta Cavallos, e arrazou hutna dila taua trincheira , que os Gallegos ha viao levantado ent~e os Fortes de Aytona, e Fioll1edo, de que lhes re!""ultava grande conveniencia , alim para a defenfa dos ieus lavradores, como para o abrigo das fuas partidas. Na fizer ao os Gallegos mayor oppofia6 que difpararem a artilheria, e mofqueteria dos Fortes, de que f ficou ferido Bartholomeu Pereira Capitao de Auxiliares. Reco- P ffi , lheo-fe o Vifconde por fe haver retirado D. Joao Colarte, c~r:ea 0 e pafiaJo algum tempo confeguio licena delRey para fa- Vifcondc, 2er jornada Corte: ficou a Provinda entregue a D. Fran- deixa_ a cifco de _Az_evedo com a mefma ~uthoridade do. governo ~~o~-~~ que hav1a ttdo , quando en1 fimllhante occafia a ficou Francifgovernando. co dt: AEm Traz os Montes pafTou Joanne Mendes ce zevcdQ.. Vafconcellos efie anno cem iJ!ual focego ao que houve em Entre Douro e J\Iinho , e E1Rey com repetidas ordens lhe encon1mendava que o na alteraile , o que obrigou a Joanne JVlendes a procurar' e confeguir que ror aquella fronteira i e na fizeiTem hofrilidades. Os Caftdhancs oppofros ao rartido da Beir, que govErnava D. Rodrigo de Caiho, defejrao ajufr~r as mefmas conveniendas qu~ fe pra-
441
praticavao em 'l'raz os Montes. Para ete fim mandra a Anno Ahneida o Ajudante da Cavallaria D. Pedro de Arce, a 1654 pr~por a D. Rodrigo que feriajul:o, que os lavradores na padecefem os aggravos da guerra, e que para fica.. rern feguros os de hurna, e outra parte, ie devla concordarefta tnateria por bolatins. Refpondeo D.Rodrigo, que el-1le nao duvidara de adnttir efta pratica' fe fe na letnbra.. Naad- ra de que havendo no anno de 1650. celebrado na frma mitte_D. propofta o mefmo ajuftantento, o quebrrao os CafteRodng{: lhanos fen1 tnais caufa, que terem dividido o poder da :/J~;o- iua Provinda , por haverem mandado alguma~ Tropas Caficlha- de foccorro a Alem-Te_jo,e que fede preente quizefiem os nos. Caftelhanos que ceflaffem as extoroens dos lugares abertos, que havia de fer a fegurana firmada pelo Marquez de Tavora , (que naquelle tempo governava as Armas oppoftas a D.Rodrigo) e por elle ; porque de outra forte ficava ao arbitrio de ambos arruinarem os lugares aber.. tos, quando eftiveffem mais defcuidados .. Retpondeo o Ajudante que aquella propofta nao era praticavel; por.. que a nao permittia nem a qualidade da guerra, nem a Em pena igualdade dos poftos. D. Rodrigo , a quem ba.ftavao me.. da rua ar nos incentivos para desharatar o foffrimento , defpedio o rog~ncia Ajudante com as demonftraoens que 1nerecia afua arroqucavm~1 gancia, e marchou logo com a Infantaria, e Cavallaria tres 1 - que ma1s b revemente po de a1untar, e .1em contrad" _, r. las.. tao queimou as Villas de Sanzelhe , Barroco pardo , e Vil.. veftre. Vendo os Cal:elhanos que a vaidade das razoens era infrul:uofa fetn execuao, tornarao a 1nandar a ~1meida fegunda en1baixada, por hum Capella do Bi1po de Ciudad Rodngo, com orden1 que, para facilitar a duvi.. da de D. Rodrigo de Caftro, eftava pron1pto o Marquez de Ta v ora para dar palavra a hum Oflicial Portuguez, o qual D. Rodrigo efcolhefle, dando-a D. Rodrigo a outro Caftelha~o, que elle lhe remetteria, de que fe nao faria damno nos lugares abertos de huma, e outra parte, fem preceder anticipado avifo. Acceitou D.Rodrigo o concerto mais facihnente do que f~ podia fuppor; porque o primeiro reparo que o Marquez de ravora fez, de nao ~e paiTarem efcritos pela qualidade da guerra , e defigualda-
444-
PORTUGAL RESTAURADO,
de
445
(!e dOS rnflos, parC(C l:t1e llab dava ltrgar a OUtra foULd de ajutmlento.l't:di< D. Rodrigo .trinta dic:s de r ra7.o r a- } nno ra dar conta a l:JRey ; concedera-llOS cs L.afiel11anc s, e 1 Lj 4 antes de fe acabarem , co1n nova or(~em de 1vh:drid , P.l.rlara de rarccer, e fizera outro avifo s11e Jc pL7t.f e cuidado nos gados, e 1ug_ares abertcs ; rorqt~e a pllena havia de continuar fcm i e alterar a frma antececer.tc. Nefie tempo querendo E1Rey dar fatisfaao aos FOYCS ca igualdade com que adminifir;.1va jufiia, ien atter:a aos 1\."andaFIpoderofos, mandou tirar devafla dos procedimcntcs de R? d~ D. Rodrigo de Ca~ro, e.do~ Officiaes .' e Soldados do (eu i;.~~d~.. partido, por Chrdtova Ptnto de Patva Deen~bargaGor ~o de dos Aggravos da Cafa da Supplicaao, com ordem que Caftro. logo que entra fie nos prin1eiros lugares daquel!e partido, fahHTe D. Rodrigo.Affim fe executou, e ficcu goYernanco em feu lugar o Mefrre de Camro Joao de ~le1lo Feyo , que continuou o governo tem aca digna de memoria. Ao partko de Caftello Branco, que em aufencia de D. Sancho governava o Thenente General da Cava11aria Nuno da Cunha de Ataide,tnandou EIRey devaflar dos Fa2-li a procedimentos dos Cabos, Officiaes, e Soldados ao Dei- :ff_fma embargador Joa de Brito Caldeira_. O tefi!po qu~ durou c:i~~c; a devaffa na entrou D. Sancho no feu partido , Nuno da partido Cunha o confervou adiantando as fortificaoens , admi- de CafieJ. niftrando ju.ftia,e fomentando,como era vontade delRey, loliran'o~ o focego dos pov~ , fem fazer entradas em Caftella , e experimentou igual conrefpondencia , pelo intereffe que refultava aos Caftelhanos defia fufpenfao de armas. Na6 perdoavao os Cafielhanos a diligencia a1gu- . tna , que lhes parecefe util para confeguir o defafocego de1Rey , intentando por todos os caminhos n1ett-lo e1n rlefconfiana com feus Vaffallcs, para que duvidofo dos que devia fiar-fe, embaraados os difcurfos, e corruptos os Confelhos, forem todas as refoluoens en1 prejuizo da confervaao da 1\'lonarchia. Introduzio-fe (ID rrt~ito Nercci:t occuitas negociaoens Antonio de Ancrace ce ()li v a r. a- ;~ws ~e. tural de Lisl>oa, que r avia fco Religiofo de S. f'rancifco ~n~fmo . . I" uc i\11 d a P rov1ncta d OS A.1garves, e bU1can~o varies rretextcs, draci~. fe fabio da Relisiao,e cn:pret,ou en1 outro~ ex~rddcs n1u i. to
L]
44-6
PORTUGAL RESTAURADO,
to diverfos; e como era de efpirito inquieto, an1biciofo; A.nno e reioluto, props a ElRcy varibs arbitrios, e coneguio 1654 parar a Cafrdla fem offender efi:a deliberaao a natural fui peita , de que os homens de fimilhantes inclinaoens , e coilumes ordinariam~nte eng-111.16 a ambas as partes. Nao refultra da~ ftbulofs propofioens de Antonio de Andrade effdtos alguns qu.! folem convenientes, e viera io a cahir em datnno de Sebaftia Cef~u de Menezes , e de ieu irmao Fr. Diogo Ceiar Religiofo de S. Francifco da Provinda dos Algarves ; porque entelldendo EIRey d1s informaoens do Antonio de Andrade , que os dous irmos fe conrefpondiao com os Minifrros deiRey de Cai:. tella, determinou prend-los. E para que efl:e intento tivefe execuao, n1andou chamar D. Rodrigo de I\1enezes. que fervia de Regedor da Jufl:ia , e juntamente Sebafria Manda Ccfar; e fazendo entrar D. Rodrigo na cafa em que affifE!Rey pe tia , lhe deo ordem para que prendefie Sebafl:ia Cefar ) o Reo-e. . dorD Ro- em h un1 d os apo 1~entos tntenores d o p ao. p erten d eo D drio-o-de Rodrigo efcufar-fe com o parentefco, appellido , e amizalvle~ezcs de, n:1 lhe admittio EIRey a defculpa , mandou que enl?rebndft~r trafie Sebaftiao Ceiar, e recolhendo-fe a outro apoiento, ~e a 1 ao antes d e II e entrar , o d e1xou entregue a D . R o d ngo, que_ . . Cefar. com grande fentimento o levou para a cafa 'lo Forte, que He prezo ElRey lhe havia defl:inado. No mefmo dia foy prezo Fr. Fr.Diogo Diogo Cefar, e trazido do feu Convento para o Forte, Cc:far. e a ambos durou a prizao dilatado tempo, que depois cu.. rou com a dilaao todos os males. Voltou efre anno a Frana o Embaixador Francifco de Soufa Coutinho, e continuou naquella a1Iiftencia fem accidente digno de metnoria. Em Roma tambem na houve novidade. Em Holanda , onde affifric1 Antonio Rapofo , com a noticia do a perto do Arreei fi;;! ie preparra alguns n.1vios para occorrer aquella Pra.l, e as mais de que erao fenhores os Holandezes em Pernambuco ; portn como os Efi:ados fufl:entava a guerra contra os Inglez:!s' e nao ajufrarao a paz' 1ena6 depois de perdido o Arrecife, e a Companhia Occidental na6 tinha cabedae3 para contim11r tao Luga dcfr~za, deivanec~rao-fe as prevenoens dos foccorros~ c tudo concorrco para a rei:. taura~ao de Pernambuco. O CoaJ
O Conde Lamaretro n1r, que de1x~rnos no anno antecedente co1n o jufl:o ientitnento da n1crte de feu Anno ir~1a [). Pantalea de S3, na lh~ permittindo o valor~to 1 6s ammo , de que era dotado , ver Cron1uel o author da iua uffen{, entre a difticuldade dos meyos de itisfaz-la ( Iey cu e a maldade dos hotnens introduzio contra os preceitos divinos) detcnninou abbrevtar os negocios, que o levara quella Corte, e firmada a paz volton para efi:e F~ey-: no nos ultimos mezes defl:e anno. Na<l ficou nacuella Corte Ivlini11ro algutn ; ror efre reJ1-~eito logo que lhe-gou a Lis~oa tnandou EIRey a Francifco Ferreira RehelIo por Enviado a Inglaterra, e levou a confinnaa da paz , que o nperto do tempo fez toleravel , fendo depois as conicquendas ta graves, que ainda fe experimentaeln dan1110 dcl:a Jvlonarchia. Deix!nos na Villa rle OlinJa , no fim do anno Succelfo~ antecedente, o Meilrc de Campo General Francifco Bar- do Brafil. reto, e o General da Armada da Companhia do Co1nmercio Fedro Jaques de J\1agalh2es , reiolutos a etnpenhar todo o poder com que fe achava6, para con:~guir a empreza gloriofa de lanar de todo Pernambuco as ultimasraizes de hofpedes ta prejudiciaes, como havia fido os Holand~zes naquella Provinda , e e1n todo aquelle Efta-. ~o. Chan1ra a Confelho ao Almirante da Armada Frandfco de Brito Freire , aos tres Mefl:res de Campo J oa Fernandes Vieira, Andr ViJal, e Francifco de Figueiroa, e a todos os Officiaes, a quem o largo exercido militar tinha feito mais praticos , e mais intelligentes. Pro- Propofla. ps Francifco Barreto nefie Confelho o eftado daquella d~ Franguerra: difle que na duvidava da fortaleza da Praa que cafco Bar ..1 ""' c . d rcto ao pertenl!tao expugnar, nem o es1oro, e expenenc1a os Confelho oefenfores della , exercitados nas guerras de Eurora , e dosCabos na menos praticas nas da Arr.rica; rorm que os granrles trabalhos, padecidos naquella Conquifl:a , na podia achar occafia mais opportuna que aquella, que a Providencia Divina de preiente lhes havia facilitado ; porcue os fitiJdos co1n a defefperaa dos foccorros de Holanda,. emb:uaada com a guerra dos Inglezes, parece que na6 lttendia mais que a bufcar pretexto decorofo , ~rara fe livra-
447
.r
44-S
PORTUGAL. RESTAURADO,
livrarem das exc~11i vas moleftias padecidas por efpao de Anno nove annos, e que ell~, como quem tnelhor conhecia as 1654 diffic~ltofas circunftancias daquelle fitio, na6 podia du vidar, que defvaneciJ.1 a occa!ia prefente, tarde te poderia akan-ar outra fimilhante; pois nas pefoas dos Cabos , Officiaes , e Sol1ados , que com ta va1orofo a nimo fe off~recia aos perigos daquella aca, pela parte qu!:! haviao de ter na gloria confegtiida , fe iegurava a cert~z,t d~ a ver lograda. Etas razoens de Franc.ijco Barl"eto fora ta'J poderoL1s, que fizera eiquecer a todos os que affiftiaJ no Coatelho Ja pouca gente, e poucos infl:rum~ntos com que fe arrojava a ta6 diffidl etnpreza , e todos confonnes 1~ offerecera5 a na perdoar a diligencia alguma , por c~ni~guir ta generofo intento. E difcurfando-fe l.1rga~nent~ fobre a frma , e parte por onJe ie Refolu havia de atacar a Praa, refolvra, que o primeiro ata a:5 do que fe devia fazer ao Forte das Salina3, que chlm.:tva ~felho. a cafa do Rego , a1Iim porque o inimigo e tenlia menos daquelle fi tio, como por ier aquelle Forte muito inlportante para a paf~gem do rio &berive, e ficarexpofto s fua~ baterias o Forte do Perrexil, que iegurava o Buraco de Santiago , e o do Brum , em que (e confeguia hum alojam':;!nto de grande utilidade. E lt:m deftas razoens , como o Forte das Salinas era pequeno , e mal guarnecido, defejava os Cabos que os foldados, at aquelle tempo pouco exercitados em abrir trincheiras , e atacar fortifi.._ caoens , ceva1Tem o feu valor em empreza facil de COR iegui.r. Recolh~'C).{e Armada Pedro Jaques de Magalhes, e Francifco de Brito ficou em terra governando a gente da A:nada, quefe retirou della, ditpendendo em o feu iuft.!ilto grofio cabedal. Foy Pedro Jaques con1 refolu .a:j d~ cerrar de tal forte a barra do Arrecif\!, que nem i::lhir, nem entrar por ella pudef':;! embarcaa alguma, e com tanto calor fe adiantara as prevenoens para o fi tio , .~ fi- que a cinco de Janeiro ficou cerrado novo cordao, que 0 1 a\P]0 fl- con1 menor recinto eftreitava o fitio do Arredf~. Ficrao tio do os alojatnentos cobertos de arvoredo, par.\ impedir as Arrecife. pontarias da artilheria dos Holandezes. Vifinho ao Forte das Salinas fe alojou o Meftre de Campo Andr Vidal, en1
449
e na mefma diftancia do Forte de Altanar ficrao alojados os Mcfrres de Campo Joao Fernandes Vieira, e Henri- Anno que Diaz.Fabricou-ie h uma plataforma contra o Forte das 1 6 54 Salinas de nove peas de artilheria , em que entrava ocinco meyos canhoens , hu1na pea de vinte libras , hun1a de dezoito, e h uma de quatorze. Nao haviao os Holandezes at aqueUe tempo entendido o fim de tantas prepa... r~oens, e f imaginavao que a caufa de fe dilatar a Armada devia ier o afiai to de algum Forte, e por efl:e ref~ peito tinha en1 todos a mayor vigilancia que lhes era pofiivel. ficra deienganados defra imaginaao com a con.. fifao de dous foldadcs que fizerao prifioneiros, que d~ clararao fer a determinaa de F'rancifco Bar~eto raflr do ~ffedio expugnaa daquella Praa. Verificou a confij_: ja dos foldados verem os Holandezes que Pedro Jaques, por fe chegar a mona,defpedia para a Bahia, e Rio de Janeiro os navios mercantis, e ficava com dezeiete furto naquella barra. Efl:as demonfiraoens obr~gara aos fitiados a tratar com mayor attenao da defenia do Arr('cife , turronclo que na podia fer pequeno o foccorro _ue viera na Armada , pois animara a } ranciicc Barreto a to-. mar tao arrojada retolua. FranciiCo Barreto , conbecendo que a diligencia , e brevidade era os can1inhcs n1ais feguros de confeguir aquella em preza , na deixava rat:. far inftante' que nao emrrega1.Te en1 utilidade do f.m pertendido. Depois de ajufl:adas as prevenoens neccffarias reconheceo a onze de janeiro os poftos, por onde havia de atacar o Forte das Salinas, chamadodo Rego, acom.. panhado dos tres Mefl:res de Campo , e do Engenheiro Pedro Garfin ; e havendo guarnecido com mil foldados os pofios do Po amarello , Villa de Olinda, Arrayal da Bar-reta, e Forte dos Affogados, marchou com Gous n!il e quinhentos Infantes para o (tio das Salina~ , <"m ue efrava o Forte do Rego que pertendia atacar. Ria de vanguarda o J\Iefl:re de Campo Joao Fernandes Vieira com o leu Tero, e Jeguido de Andr Vidal. Com grande diligencia levantrao duas baterias-, hum a de fete peas , outra de cinco, 0itocentcs rs diftante do Forte, e for_tificando-as com huma groffa trincheira, alojra a Inf:1n. Ff taria
pofl:os que julga r ao n1ais convenientes para conAntto tintnr os aproches, forrifica:1do-as com n11yor deil:r~~J. 1654 dJ qu~ f.~ podia efperar do .pouco exercido que at 2.quc!le t~mpo lnvia6 tido dc:tquelLt fnna de guerra. D~o principio aos aproches o Sargento mr f\.nto.:lio Jlce>~n~ B~z~rr.1 corn trezentas. Infant~s d~ todos O$ Tera), e ficou aquella noite alojado menos de tiro de arc:1bJl~ Jo Fo.rt~ do Reg0 , e occupou pofro tao ~onYc niente, que n~o podiao os Holand,~zes do Arrecif~ ioccorr~r o Fort.~, fe:n prlm::!iro os ron1p~rem. Ao a111anhecer d~ 1tii 1~:! d ~ Jan.!iro con1~ou a jogar a nofa artilheria, e tn.)fq~I~t~ria contra o Forte, e foy refpondi:.lo con1 nlultiiJlic.Ido efl:rondo da artilhena dos Fortes do Brum, do Mar, d~ A.ltan1r, do Forte Velho , e Port,ls do Axreci~ fe. Jog.irao as- bJt:!rias de hum1 , e outr,1 p~rte at as treshoras da tar-de, e: os Hola11dezes, ao calor das muitas blas que atirava a a-rtilheria de todos os pofros ref~ridos, Intenta() intentrao tn~tter foccorro no Forte atacado. Sahirao do os Hol~n- Arredf~ , e embarcrao em tr~s lanchas os foldados de dezes toell fi~, fc p correr 0 qu~ e as eraCJ capazes; p.1 ara o no- que: eparava o arForte. t.e- da Pra;I. Saltlra. em t~rra vinte cotu outros tantos barris Je polvora; porm vifros pelos foldados que eftav ao nos aproches , fahirao delles com. as efpadas na mao. defprezanJo as nulitas bilas que defcobertos os offendiao ~ e obrigrL1o aos Holandezes a largarem as munioens que traziao, e n1atando h uns , e ferindo outros, fe retirrao ~~~~i,;_ os mais ligeiro.~ outra v~z s lanchas._ Ficou ferido o Carat ad.os. Pitao Sebafl:iao Ferreira, e nao houve naquelle dia outra perda, di[p.uando os Holandez~ fobre os aproches mais de feifcentas bilas de artlheria. Aquella noite entrou de guarda aos aproches o lVIefi:re de C~mpo Andr Vidal, e o C1pitao que: governava o_ Forte, Hugo Naqu~r, vendo Entr~a- tn:lis certo o perigo que o ioccorro, tratou de i~ render .. fe o Forte C1pitulou fahir a fua gente armada, e conc-~deo-le-Ihe pai: d.o Rego. fage:n fegura para Portugal: fahio h uma hora antes de an11nh~cer co1n fetenta foldados , em que entrava hum Ajudante, hum Alfcrez , e dous Sargentos. Cuftou ganhar o Forte a vida a cinco foldados, e ficraJ quinze feridos, p~quena perda p~ua as grandes c.oniequencias que rei~lt~-trL.tll01
_J
450
PlJRTUGAL RESTA'"RADO,
ARTE I. LIPl~O XII. 45 r refultaVa de :f.e ganhar j rorG_Ue flca\'a O co Perrexil1Lffi Ut!enLl' ror n~o ier f<Jfl.vel cobrir-ie dcs [Olrcs l~a arti- An.qolheria a que citava expofio, e o do Buraco de Santiago 1654. pouco fcguro' af1in1 ror dle' como ror outros inconve-nient~s. Mandou Francifco Barreto t:uarnecer o rorte con1 duas Companhias de Intantaria ~e como os Holandt.:zes do Arr~cife nao ha,,ia tido noticia da entrega do lorte por i~r Je noite~ annou con1 nlitar induftria ao ioccorro que havia de rrocurar introduzir ndle. 1\landou que continuae1n as baterias como fe na <:fiivera rendicio: poicnl hun1 Capita que vinha d~ PrL<a para o Forte, 1narchou com tanta c~utla , que adiantou t~OliS foidados a reconhec-lo , e exmninando o enga~o a ue efia.. va exrofros, fizt:ra final ao Capita' que ie retirou on mais re;da que a de ictc ioldados feridos. l:.ntrefue o l'crte,lllarch?~I aquelle pequeno Exercito rara tao gralll eS .... emp1ezas a 1:tuar o de Altanar, que ficava na camr'anha Stao a iem emmtneiKia que o d omtna fi.e, e d uzentas b r- en1 Fort~leza ""'ra<5as de Altaroda havia os Holandezes cortado tocas as arvorE"s s_ue nar. " podia cobrir os que intentaffen1 atacar o Forte. l'vlarchou de vangt!arda]oa Fernandes Vieira, e ao calor ce duzentos eipingardeiros confegcio cem incrivel diligencia que quantidade de gafiadores al~riilem hum fcfo llllJi..: to profundo. que con1cando na n~argen1 do ro Etl-;erive que corria por hum lado do forte interpofio ao Arrecife' acabava menos de tiro Je arc~1.buz na rarte orrcfra en1 outro fimilhante fi tio, e na mefrna eoite ror hrs;.:;a efi:rada coberta comn1unicra6 o fofo com o mato, 21r1:. tindo a todo efre trabalho Jca Fetnandes Vieira, Anc'r Vidal , e Pedro Garfin con1 generofa emuka. A manl~eceo, e os Holandezes, ven<~o os aloj2mcntcs m3i~ ,-1fnhos do que imaginava, fati~fizera a colera da r.<.(~ <.j 1igencia con1 inceffantes cargas c~_; artilhe ria, que de varios poftos fe difparra contra os aprochcs, e com n:ay~r effeito do Forte de Santo Antonio, Arr('cife, e Cata da Boa vifia. O j"eftre de Campo General pedrou aneJla r.-:a.. : nhaa o feu quartel para hu1na c~mpina tao vifinh~ aos Jl aproches, que quafi continuamente aiE.fiia con1 os to! dados ao trabalho, e ao perigo, e deo feliz principi<? a ei:
1
.I
. ?
Ffii
ta
ta empreza com a notkia de que os Holandezes havia o Anno defoccnpado tres Fortes, n do Buraco de Santiago, e uous 165 4 fitu~dos na B.ureta , de.ixando nelles oito peas de artiDerampa-lhena, e algumas mun1oens. ra osHoS~giftnundo conftderanjo que na fubfiancia do Jandezcs Forte atacado confifrh huma das mayores feguranas do tres For- Arreei fi;!, achando favoravel o vento , e a tnar, introtEes. r duzio no Forte quatro barcas com Infantaria , e munintra IOC .r r - corro no oens, 10ccorro que 1e 111e nao pode unpe d"tr por d e fcemForte. boc::tr o rio na porta do Forte. Etn anoitecendo mandou o Meftre de C:1mpo General dar principio a h uma bateria que fe levantou quatrocentos ps diftante do Forte de Altanar : jog~1ra6 nella quatro peas que igualmente laborava o contra as def~nfas do Forte , e barcos do foccorro que intentavao introduzir-fe nelle. Os Holandezes, vendo oue a artilheria comeava a arruinar as defenfas , engroi:. rao o terra pleno, e refonnrao os parapeitos, e fazeno jogar a fua artilheria , e mofqueteria contra os aproches, e platafrma , recebrao alguns foldados nofios perigofas fccidas, n1as fora6 tao poucos que parecia cffeito milagrofo. O Mefrre de Catnpo General continuando o intento de que na boa diligencia confifria toda a felicidade daquella en1prez:t, deo ordem a que caminhafem dous aproches , hum contra a porta do Forte, outro contra o fofio, para que igualmente fe pudefiem in1pedir os foccorros do Forte, e aflalt-Io havendo brecha capaz, ou min-lo como prometia Dumon Francez.Capita denlineiro~. Affiftia5 com grande valor a todo efi:e trabalho os Mefi:res de C1.mpo Joao Fernandes Vieira, Andr Vidal, e Henrique Diaz, e foy tao util a fua aaividade, que na manhaa de dezenove , achando-fe os fitiados com duas brechas, h uma na face de hum meyo baluarte, outra na cortin:t cmn as eftacadas p~rti!das, e aproches vifinhos, vi fi: t de tL-..~s lanchas que vinha o foccorr-los levantrao bandeira branca. Cefrao as baterias, mandrao enl. r.!. fens cotn titulo d~ Capitao hum Ajudante chamado VaEntrt$\ nhag;etn, e recebrao ao Capitao Alexandre de MourJ, fe o Forte C apttul ~ua-o i :1. trem cotn arm1s, e b agagens, pa fi'agem h" de Alta- - . oa.:. li vr~ para Portugal, e entregrao o For te com artilheria ,
.J
4Slr
PORTUGAL RESTAURADO,
emu~
45'J
e munioens. Sahirau rlelle hum SargLnto mr qut;; o goYernava, tres Ajudantes, dous A}ferez, o Engenhei- Anno ro do ~rrecife, e oitenta e cinc? ioldados , de~ Indio~ I6S4 fOr na terem quartel pafiarao o no a nado, efe falvarao no Arrecife. Acharao-fe mortos no Forte trinta Ho1andezes, e vinte feridos. Cufiou a conquifia delle a Yida do Alf~.-rez jacon1e Rodrigues, que o era do Capita Manoel Lopes , morrra mais quatro foldados , e ficra dezefeis feridos. O Forte era con1pofio de quatro meyos baluartes con1 todas as deft!nias neceflarias; achara-fe nel... le nove pt:as de artilheria ce bronze , e h urna de ferro , e ficava expofra ~ fuas l-aterias a Praa de Arredfe, e o Forte das tres Pontas , que os Holanoezt:s hav ia reparado da rui na occafionada ~:o r peto das afOas c.lue oro.dea. Francifco Barr~to logo que ganhou o forte de AItanar ~anc!ou abrir torneiras para bater o das tres lontas, ainda que na era o feu ddignio continvar a em preza I or aque11a parte. De n1uitas jogava os 1--loJandezes a artill~eria contra o rorte ; pLrtn os fo1daJos anin1ados com o pouco da1nno qu~ recebia o, ror valorofos, e pouco off_ ndiJos deiprezava as blas. Antes ue o 1\1eftre de D f: _ Campo Ceneral acabafie de reiolver a parte ror onde fe pa~a~~ havia de continuar os ataques, lhe chegou aviio de t~e Jiolande.; os Holandezes' com mais prefla do que e rodia hnagi- zesoi.JtrOS nar , haviao defoccupado o Forte cos Affog~dos , e dua~ pofios. cafas fortes' que tan1bem guarnecia entre efie orte , e o das cinco F'ont;ls. Deo ordetn ao Sargento n r Antonio lJiaz Cardofo, que com trezentos toldados mi.1rchaffe a cortar o pafio aos Holandezes que fe retirava do Forte; rorm elles, applicando o receyo a diligencia, 1ec olhrao Praa primeiro que e11e chegafe. :r\t.fl:e temr o havia Segifmundo mandado occu par as ru 'nas de I-; t;m Forte Jefmante1ado , chamado Milhou, duzentas raas . difl:ante Jo d:.:ts cinco Pontas para a parte da Ilha Cl1eira dinheiro, e paflagem da Baneta. Deo efl:a refclu2o cuidado a Franciico Barreto; porque nefie pofio detf.'rminava alojar o Exercito para atacar o Forte das cinco Pontas , que avaliava pelo mais importante para confegtlir a empreza do Arrecife, e ja cem efte aefignio havia come..
ie
Ffiii
~ad~
Anno
'165 f
,
aJo lentatn~Llte a bater o Forte uas tres Po~1tas , para que os Holandezes empenhados na fua defeni i~ di ver.. tiffem de occupar efl:e pofl:o. Logo que recebeo efl:e avifo, que o achou em Conielho com todos os l\1el:res de Campo, (porque ja Francifco de Figueiroa affifl:ia com o feu Tero mal convalefcido de ]uunas cezoens, tendo chegado o dia que fe rendeo o Forte de Altanar) e o Engenheiro Pedro Garfin , marchra todos a reconhecer o pofto, e refolvera6 que antes que os Holandezes tiveffem mais horas 7 para lhe adiantar as defenis, os invetiffe a todo o rifco o Mefi:re de Campo Andr Vidal com mil Infantes. O Forte velho do Milhou confiava de quatro baluartes, e hu1n foffo, que na prean1ar fe enchia de agoa; tinha dentro hun1<l praa capaz de alojar oitocentos hom~ns, e dell~ f~ poJia bater COlll effeito l"Onfidera vel, affi~ a Praa , co1no a porta do A-rrecife , e da mei:. ma forte ficava emminente ao- Forte das cinco Pontas, que havendo-lhe dado efl:e nome outros tantos baluartes~ de que primeiro fe co~punha, fe coniervava fo com tres,. cortan-:io os Holand.;!zes os dous por lhe parecere1n pouco uecefirios. A frn1a en1 que elles detern1inava defender o Forte do Milhou , era levantando, hum redul:o no meyo , formando-o de tabo'ldo cheyo deara a prova de mofquete , para que defcortinand o efi:e pofi:o aos mais l1aluartes ,. fi-caffe mais facil reduzi-los a melhor defeni. Porm cotn menos cuidado do que pedia tao importante lll:tteria deixra f no reJu-.:l:o huma Companhia de Infantaria, e avanJdos em dous pofi:os fra delle , em hum dez Holandezes, en1 outro dez Indios , e com efta pouca prevena os achou o Mefrre de Campo Anur Vical ; porque logo que anoiteceo marchou COlTI o Sargento mr .Antonio Diaz CJrdofo, e os nl Infantes que levava fua ordem, e entrL1ndo na campina d Taborda, aonde efl:.1va o Forte do 1\iilhou , formou a Infantaria claridade do fo?;o d~ h uma ca(1. forte da Ilha do Cheira dinheiro, que os Holandezes naquella mefma hora havia defoccu- pado , e pegado o fogo a tudo o que- podia fer materia do incendio..Aguardou Andr Vid'al hora e meya qu~ vaZJie a m2.r.; porque o camiuho ,, que defoccu pava a agoa.,.
4S4
PORTUGAL RESTAURADO,
agoa; ela f o que tinha rara raflr 20 ~fla]to co fel te. Vencida efia difficuldade, fuperou t~n:em a ce ITerchar Anno ror junto do I-"orte d~s cinco Pontas' ror entender que IS4 ror aquella parte lhe- ficaria a em preza n~ais facil, e invefrinao o J'orte pelas ei[aldas , p.fto de que os defenfores menos fe receava, na f de efrarern ccrertos ror ella co1n o Forte das cinco Pontas. Os dez Holandezes, que efiava fra do Forte , fora os primeiros que fenti.. ra Andr Vidal, e com brevidade fe recolhra para o Forte das cinco Pontas, os lndios com peyor fuccefio rara o de .1\lilhou. Andr Vidal entrou it:m orpofia no Forte, e valorofamente avanou o redutto, defenderaofe os Holandezes largo efpao, ajudacc~ de duas peas de artilhcria carregadas de l'1as de rr.oiquete, c;ue do Forte das cinco Pontas jogavao contra os noflos foldados. Porm elles, que havia atropellado mayores impoffiveis, deiprezando efre perigo , invefrira o Forte, e romrenllo com machados os tabooes de que era formado, ie ces.. lizou a ara que lhe iervia de terra pleno , e dando lugar a brecha execua6 do impulfo dos fo1dados, entrani Ganha o no redutto , e depois de n1o1tos cinco Ho1andezes, e al- ~~~e do 1 guns Indios, ie rendco o Capitao Brinc (filho co CorC'r.Jel, ou. que perdeo a fegunda batalha dos Gararares ) com trinta e fete ioldados da fua naa ! e fete Indios. M orreo r. o .MmTe r; afialto o Capitao Joa Bmbota Finto , ue foy geralmEn- Joa Ear te fentido pelo valor, e induftria de que era dotado: n1or- bo:o Pm~ rra mais dous foldados , ficra vinte e quatro feridos , to. em que entrra os Capitaes D. Pedro de Soufa, e Gregcrio de Caldas , e o Alferez reformado Antonio de Barros Rego ; ao Mefl:re de Campo Andr Viclal ceo Lr ma bla em huma perna fem damno confideravel. As horas qte lhe ficara o da noite gafrou em fortificar o alojamento, gue havia ganhado, e em levantar h urna efpalda c;ue defen defle os foldarlos das baterias do Forte das cinco Pontas. Amanheceo, e fabio do Forte Antonio Meridi:s v~ Jcrofo Indio , que fervia aos Holandezes, com aJE,uns foldado$ que o ieguirao, entendendo achar fl.m prevena cs que trabalhava; porm foy rebatido , e voltou para o Forte ~om dn'o foldados menos. Com maycr rcdex intentcu
45"5'
ffiT -
oGe~
retirou para o Arrec1f~. Logo que-anoiteceo fe avanou o aproche duzentos paffos, e fe fortificou com hum alo... ja1n~nt0 capaz de cem mofqueteiros. Am1~1he.::eo, e comeando a jogar as baterias do Ataca-~eo inilni~o, entendendo Francico Barreto que o Forte das ~~~~ as cinco Pontas lhe havia de cufi:ar mayor trabalho , deo or-_ J>ontas. den para fe con.:luzir a nofa artilheria para o Forte de Milhou, e para fe adiantarem os aproches. Porm os J:Io-_ landezes, que confideravao dilatadas efperanas do i oecorro de Holanda , defeja v ao fal v ar as vidas , e as fazen- das fem as expor aos contingentes perigos da guerra. Po~ efl:e refpeito mandrao os Governadores do Arrecife ao_ Capitao Vou ter Vanloo Governador , ou Con1endor ( como elles chama) do Forte das cinco Pontas com huma carta para o Meftre de Catnpo General Francifco Barreto'!. ~m que lhe pediao ouvife ao Capitao Vanloo, e quizeiie deferir ao negocio que da fua parte lhe hia propor. Julgou Frandfco B~1rreto conveniente ouvir efl:a propof.;. ta: deo lic~nJ. a Vanloo para que lhe fallafe: aguar dou-o na campina do 'Taborda. Dile-lhe, que os do SuProiJoRa premo Confelho lhe pejia6 que nomeaffe tres pefToas pado s~r~: ra que pudefem tratar, com outras tantas que elles remet felho e':n teriao, materias de muita in1portancia , que apontaffe 9ue te a- dia, e lugar para a conferencia , e que o tempo que ella Jufl.a a durale hou vefe cefao de armas de huma , e outra parc~mfcren-- te. Refpondeo Francifco Barreto que elle efl:ava prome&a.. r. ~ pto para executar o que 1he ped" .... , qu:! no d"ta 1egu1ntao te, que fe contavao vinte e quatro de Janeiro,poderia6 vir as pefoas nomeadas pelo Sti,premo Confelho com toda a fegurana para fe dar principio conferencia , e que a cefTao de armas fe obfervaria em quanto ella duraffe da ViHtfde 01inda at o Forte das cinco Pont!s, e exceptuou a barra, por ter noticia que Segifinun,.lo havia mandado orden1 ao Coronel Autin, para que com a gente da Paraiba , aonde affiftia , fizefe por fe introduzir no Arretife t todo rif~o. Partio Vanl~o 'om e.fta refpofra, deo conta
Anno g1"1do ao Fort~ das ciaco Pontas, e reconhecendo a boa 1654 di(.Johl do noffo alojamento mudou de parecer , e fe
4S6
o
~l~r"ll s~-~it!nu;tdo
PORTUGAL RESTAURADO,
fazer hunla fortiJa; potm che-
457
ccnta Franci1i.:o Barreto a Pedro Jaques ria propofia6 rlos Holandezes, ~1Jvertindo-lhe mandaTe ter particular cu i- Anno cl~do, e1n que no.l refultafle effeito da delibcraao do Cc- 1654 ronel Autin entrar no A r recife. ()dia 1eguinte, cotro (:f- .Ai~.:nta~ tava aiufrado, 1~ aiuntra na can1rina do 1 aborda ror fc os C(parte de Francifco. Barreto o Capita6 ~e Cavallcs refor- rn1tfatios. mado Affonfo de Albuquerque, o,Capita ~1al!oel Gon{1lves Conea Sec;retario do Exercito, e Fr.:tnciico Alvares Moreira, Ouvidor, e Auditor Geral daquella Provinda. Da parte dos Holandczes viera6 Gisbert V\ ith prinleiro Coni"<dheiro do governo politico do Arrecife, Vo~ter Vanlo Comendor do Forte das cinco Fontas, c llreft Prefidente dos Efcabinos, e Direlor das fra!!at,1S l'echilingas. Depois de paffadas as primeiras ceremonias , cifl'e Gisbert VVith , por it~r mais pratico na 1ingu~ PortuguEza , que elles vinha da parte do Supreno Conielho a atalhar os defcontos que a guerra cofruma trazer comfigo , que ao Supremo Lonfelho havia chegado not~cia, que os Efr~dos Geraes havia6 mandado htun l'v1inifrro a ajuftar com ElRey D. Joao conveniencia~ de grande utilidade para Fer.. Offi ~ nambuco:porm que ainda que pareciajufto aguardar are- cerne:.. fol~a de materia tao importante, que por 111otivos mui- Hobndc to iuperiores dependia mais dos Princires, que dos Vaffal- zes acn. los, como o Mefrre d.e Campo General Francifco Barreto ~:f~~: fe achava com oExeretto formado fobre aquelJa Praa para buco. a ganhar, attendendo elles aos forofos efrragos da guerra, e querendo evitar mortes, e calamidades, fe refolvia a entregar a Praa, ajufrando-fe primeiro as Capitulaoes que foifem convenientes a ambas as partes. Com grande alegria ouvirao os Deputados Portuguezes efra prorofia?, tomando-os tanto de fobrefalto. que a recebrao !los antmos como nova de grande prejtuzo : purcue mtutas vezes faz nos coraoens o mefn1o effeito o pezar, e o alvoroo. Pedira que logo tivefle execDa6 aquella propofra ; porque f rara efre effeito trazia6 orcem do l\1eftre de Campo General. Refpondera6 os 1-Iolandezes, que par~ chegar ultima conduao de negocio de tant3 1mportancia , era necelrias muitas l:oras de cuicaco, e pedira dous dias de prazo. Os noiios Derutaccs ccnhc-cenC:o
45S
PORTUGAL RESTAURADO,
cendo que o receyo havia triunfado no anin1o dos fitia.; Anno dos, cotn refolua direrao, que ou logo havi1 de ter 165 priacipio a pratica das C:.:1pitulaoens, ou fem dilaa al4 gum:l continuarem os progrefTos das armas. Vendo os Holan.iez~s cerrados todos os outros catninhos, pedirao li. cen:1 "Tith, e Br-~ft para irem d;u conta ao Supremo Confelho deft.1 r~folua, e ficou o Capita Vanloo com os n0fTos Deputados aguardando no mefmo itio a refpof.. ta. At~tes de pafiar hum a hora lhes chegou aviio que os Captulos fe ticava6 f..1zendo , e pelas tres da tarde volt.. ra os dous com dous Notarias praticas na lingua Pottu.. gueza par a traduca do que fe ajuftaffe. Deo-fe parte ao Mel:re de C1mpo G~neral , e depois de ventiladas algutnas propofio~ns difficultois, deixando autentico o ultimo ajuftamento do que pertendL1, pelas dea horas da noite fe recolhra6 os Deputados Holandezes para o Arrecife. Logo que fe partira chamou Francifco Barreto a Confelho os Meftres de Campo , e os Officiaes Mayores do Exercito, e com elles os dous Prelados das Religioens da Companhia de JESUS , e S. Francifco , porque as propofioens dos Holandezes continha6 algumas ma.. terias para a confciencia efcrupulofas, e na mefma noite ficara refpondiJas todas as capitulaoens dos Holande.. zes, h umas concedidas , outras negadas, conforme a qualidade dellas. Gaftara-fe as poucas horas que ficara da noite etn geral alvoroo de todo o Exercito, confiderando quafi chegado o tetnpo por tantos annos, e com tantos trabalhos folicitado. Amanheceo , e Francifco Barreto , que qualquer inftlnte lhe parecia larga dilaa, mandou os 1nefn1os tres Deputados da Conferencia ao Arrecife com as Capitulaoens que havia concedido aos Holandezes. Voltrao elles com h uma carta de Segifn1undo para Frandfco Barreto , etn que cortezmente pedia lh_e concedeffe licena, para mandar hum 1"henente Coronel a tratar com outro Official noffo, qual elle efcolhefie, as materias militares. Refpondeo-lhe Francifco Barreto com igual cortezia , e nomeou para a conferencia o Mel:re de Cam .. po Andr Vidal , em quem concorria todas as quali.. dades para efre, e m:.:1yores en1pregos. Veyo do Arreci-
fe
459
fehum Thenente Luror~el, chaniado Valdre, cornos tres J)eputados, achara6 Andr Vidal, e os nof1cs Deputados Anno no mefn1o fi tio das confLrencias 3nt~cecentes: gafl:ra 1654 tres dias em ajufrar as cLlpitul?oens, no cabo dellt..s e concluira cotn as condioens feguintes ~ Q!Je o J\1~frre de Campo General Francifco Bar- Condireta , em notne delRey D. Joa ieu Senhor, efquecido de ~':H;:ns d~ todos os damnos pairados , ajufrava paz firme, e valiofa aJudfiame.. JT 11. to a com o Supren1o Conie1]10 d os H o1an d ezcs que awula na ueuao enPraa do Arrecif~ ; e concedia a todos os Holandezes ai- o fifrentes naqu~lla rrovinda todos os -bens movds que poiuiffem. QlLe lhes daria as em barca~ens para pafi.re1n a Holanda das Holandezas qu_e ei1ava no rorto com alouma artilheria de ferro ~"'ara iua def~n:t. f1,pe os I{olandezes que quizd1enl ficar naquella Provinda feria6 trata- dos con1o os Portuguezcs, e no tocante Religiao vivi-. riao como os que affifi:ia- em Portugal. Que o Forte das cinco Pontas, Cafa '"'a Boa Yifra , Kate da \'illa :l\1 aurca, o das tres Pontas, o Brutn com feu reduto, o Cailello de S. Jorge, o do Mar con1 as.n1as Cai~=ts fortes, fe en... tregaria com a artilheria, e n1unioens que nelles fe achalem. E que logo que nefres fQrtes entrafle a guarnia Portugueza, fe introduziria a guarnia neceffaria na Praa do Arrecife, e Cidade Maurica, -e nella poderia ficar por tempo de tres mezes os Holandezes que quizefiem , fem arma alguma para fua defenfa ; e que para a decifa de feus pleitos, fe lhe concedla Minil:ros de jui:.. tia , que os fentenci.:dlem pelas leys de Portugal. Qpe os navios que viefen1 de Holanda fem noticia da paz no tenno de quatro mezes, ou os que andaflcm na Cofta ru.. defTem entrar naquelles pe-rtos fen1 0ffenfa algt1ma , e que fe acafo antes da noticia defras capitu1aoens ie houvefe celebrado a1gunt ajul:amento entre EJRey D. Joa6, e os El:ados Geraes , fe havia ror invlidas , e de nenhum vigor, e na poderia alterar em caio algum a menor circunftancia deite Tratado. Fora6 as condioens ajuftad!S con1 Segiinnndo : CondiQye os Officiaes, e 1o1dados de todos os prdidios fahiriac oens mi~om armas, e que derois de rafiarfm pelo Exercito, as htares.
entre;.
~6:J
~Anno quanJo
en:r~.~:uiao
PORTUGAL RESTAURADO,
nos Armaz-ens para fe lhes tornare1n a dar
165 4 rLts os Officia~s de Sargento para cima. Qye ie daria re.. fens, para i~ entregarem Jogo todas as Praas , e Fortalezas do Rio Grande, Paraiba, ltamar;.1c , Siar;i, e Ilha de Fernan de Noronha, cozn toda a artilheria, e n1uni oens que tiveilem. exc~pto vinte peas de bronze de quatro at dezoito libras,que fe concediao a SegHinundo ; e que affim a elle, como aos mais Oliciaes de ~uerra , ie lhes concedia to :los os bens mov~is, e de raiz , que juf.. tatnente lhes pertenceffem. Que aos Indios, Mulato~, 1Vlamalucos, e Negros fe lhes concedia perda, 1nas que hiffem fem armas, e que todos os moradores a1flitentes nos luzares fra daquelle tlifrriB:o gozaria das oondies acitna declaradas. Continhao as Capitulaoens outras ma.. terias menos importantes : firmara-ie de hum , e outra parte a vinte e feis de janeiro. O dia fegunte amanheceo ta6 alegre a todos os Officiaes, e Soldados daquelle l:'.xercito , como merecia a ve~1turofa gloria que haviao alcana .lo. Marchra os Mefrres de Campo a guarnecer os Artilheria poft~s n1ais importantes, e achra na Praa , e Fortes c muni- ce11to e vinte e tres peas de artilheria de bronze , cento ~oen~ que e fetenta de f~rro , munioens , e mantimentos para mais ~~a~r~- de hum anno, e grand:! qual1tidade de outros inftrumencifc. tos, e n1aff.:tm~ para o apparelho dos navios. Tomava6 anna~ r 10:). foldados Holandezes, fra )OO. que e havia6 patfado ao Exercito naquelles u1timos dias , ~oo. Indios, e Negros, lem de perto de mil que fe havia pafido ao Si,tr, e grande num~ro de tnoradores. Entrou na Praa EFntra .,. Fratlcifco Barr~to, e triunfando dos Holandezes , os venranchco ] 'd Barreto c~o tam ben1 em cortezta, na 1avenJ o acao e ur b anl1 raa. d:1l ~ que na o ex~rcitafie con1 todos os Officiaes , e Soldana 1 dos daquella Naa. A noite que fe entregou o Arrecife fugia etn h uma jangada em traje lle n1arinheiro hun11 11enent\! Coronel, cham.:1do Nielas, e fem fll3 cauf3 que a d~ querer tirar da confufao algum interefe' paflou Ilha de Itamarac::i .. e publicou que haviao as nolas Arma~ -;anhadt> os Fortes do Arrecife , e que fem dil:ina dt! i~xo, ou idade, degolava tudo o que colhia. Perfuadidos
ia-
461
idos alguns moradores defra noticia ie (ffibarcra con1 elle em duas fragatas, e o fizera drpofitario dos teus ca- Anno bedaes ' que era o que ret~tendia. f'ez-fe vla l~al:a a Pa- I 65 4 rab:1_ aon~e chegou~ ~ cipalhand? a n1efma _not1~1a, _lhe D_cfan,pa dera os toldados tao tntetro credtto, que ic1n te C1X2.- r~.ra Gs rem vencer das perfuafoens do Coronel At1tin que o~ r o- Holande. , -' l, vernaT"a, o o b ngarao a i~e etn b arcar em 11Uma nao daLI n- us lta- e maracri dia que havia arribado qu.elle porto, e deixou o Forte a Paraiba. entregue a cincoenta Portuguezes que efrava prifioneiros, por haverem tambem arrihado em ht1n1a naveta nofla, que h ia para a In(.lia, encommendando-lhe que na deixafleo1 entrar na Fortaleza Holandez algt:m , e en1 hun1 infrante ficra os efcravos fenhores dos que os donlinavao , fendo os proprios donos os qt1e lhes entregra as liberdades (exemplo atgora nunca vifro nas hifrorias.) Havia marchado a tomar p~fie uo Rio <:_;~ande, ~ara~a , ~~a~~ e Itamarac o Meftre de Catnpo Franclico cle Ftguetroa ro Francom 85o. Infantes: chegou a Itamarac, tomou pofi'e ca cifco de Fortaleza, que lhe entregou o 1.~henente Coronel I.:ubrech. Figueiroa Eftavao nella 350. foldados, e duzentos moradores, os ~o~apof 5 Indios todos fe tinhao retirado para o Serta. Na Parat a , rraRio Grande, e em todas as mais Fortalezas dos HoJandt:-as. zes nao houve difficulclade , nem foy neceflario mais dilig~ncia que a de lhes man~ar guarniac;p orque com a noticia clo Thenente Coronel Nielas todos os Holandezes dos prefidios fe embarcarnpara Holanda.Efia noticia acabou de coroar a gloria de Frand1co Barreto (porque fero obftaculo algum ficava toda aquella Provinda , e todo o Eftado do Brafillivre clas poderofas 1112os dos HolandEzes, que por efpao d? trinta annos , tomando o principio no rle 1614.em que crao Bahi~~tyrannatnente o dominr~) <t dos 1nais Officiaes, e Soldados que en1 ta gloriofa empreza.~ acon1panh3ra, fendo jufro igualar a todos nova- Elogio lor rnthtar. Porm no valor politico , na indufrria, re- dos Ca foluao, zelo, e m\e:nanimidade deve fer particulariza- bos defla .1 - . . T , uo Joao. p ernandes ,.,. '" pe ] as accoens aCima decara<Jas, cmpreza. tetra <]Ue o confriturao pedra fundan{ental defre nobre edificio. Andrt! \'idal foy tambcm digr1o de grar.de 1ot:Yor, ror iufrentar valorof~mente a guerra , a que Jo ao Fernan-
;ai:
ues
46z
d~s
PORTUGAL RESTAURADO ,1
Vieira de:J principio, acompanhado do J\leftr~ de So::H~s Jvlor~no , que na teve n1ais falta 16.)-} qu-.! d~ixr ~~uella guerra ant~s ~e .lhe ver o tirn, e de.. p()is d:l 1\r~frre d~ Catnpo Fran~iico d~ Figueiroa , e de I-Ienrique Diaz, que con1 glorioio retnate, querendo deixar n1:1is clara metnoria que a cor, havia lido hun1 dos princip1es infrnun~ntos de fe ganhar o Forte de Altanar, e de todos os n1ais l1l1idaes, e Soldados , que p~ra deicreV:!r as fuas aco~as era necefirio eicrever particular volum~ , fendo alm~1 do corpo defl:a e1npreza o valor, a conil:ancia, e a indufhi..l de Francico Barreto, que de pois de venc~r tantas, e ta infup~ravs ditliculdades , como have1n3s efcrito, veyo a triunfar na Atnrica das fonniJaveis annas Holandezas, que tantas vezes haviao refiftido a todo o poder de Hefpanha , devendo o feliz .fitn d.dl:a generofa aca6 a Pedro Jaques _de Magalhes ; porque fora quali impoffivd confegu:..Ia, ie Pedro Jaques, vencendo infuperaveis inconvenientes, 1e na r~iolvera a cerrar a b.1rra do Arrecif~, o que coni~guio co1n ta util diligencia, que na toy poffivel aos Holandezes introduzirem na Pra~a foccorro algum, porque as nos de guerra prolongadas, e furtas totnavao a Barreta, e Barra do Arrecife. Junto marinha frLlnquea va6 o n1ar alguns barcos, e em reci:Ato mais largo eilava as caravlas , e patachos ligeiros ; e o efpao que b:lvia at o furgdouro dos navios mayores occupavao em continuo ntovimento cinco fumacas com artilheria, e gente efcolhida , e ao tnar andavao tan1bem algun1as em barcaoens ligeiras, pa... ra darem a vifo de todos os acddentes que fobreviefietn. O medo, Hum a das caus principaes de entregarem os e malicia Holandezes o Arr~cif~ com ta6 pouca refi.fi:encia, foy o clo 5 Jhu-. tmnulto , e o tnedo dos judeos , que aflifi:iao naquella d eos "' p 1 mas; porque hum d~s raa ~tn m1yor num~ro qu~ o d e ctnco m1 a1 motivos introJuzindo-f~ nos anin1os daquella Naao, eternamente mais dfi- vil , e rn~Jroi , o r~c~yo da morte , e perda dos cabedaes., cazes dde que coftutna fer nos Judeos a me!hor vida , comecrao fce ren er .. Pernan- a perturbar con1 detcon~erta ..ias vozes os anunos dos .1\11buco. nifl:ros do Supren1o Confdho , e a publicar tlfan1ente que Segiliuu1~do., os Offici~es, e Soldados deternnavao_ an..
PARTE 1 l.~JVRO XII. 463 antes de cntregdrLill a I r;.:a , r0ul ar-lhes as fazencas a titulo de cdic1ofo[. lHa confui~, a rouca efrcrar.ca (~os Anno . foccorros de Holanda! c a falta de fo1dados rara a~ruar- 1~54 nia de tantas fortibc:Joens, fOr ie havernn f~f:aco l11uito~ rara o Exerdto ' p::diwdidos das prcmEfias c_;ue l_;rancifco Barrtto lhes mandou EtZCf Cll1 reretii os rnreir, que it~ bnir:it s rortas ca Praa, fora d1imu1os forofos que obrigra aos Holandezes a ceder da 1a contumacia, na oicndo rcJerofas ~s nntitas razoens re cffereceo coutra eila opinia o General Segifnn1nc~o Yanfcop. E a rciolua de cntregarcnl as Ilhas, e Fortakzns iilbordinadas ao A rrccife, foy ror entenderem (cem o era certo) qn~ pcrd i~~a ac.iu~lla fra.a, de que fe animavac, era imrofl:vel a iua confcrv~.ca. Succ:deo a refburaca6 ile Pern~mbuco oito dias cepo~is de haver tomado rcre~na Bahia do governo do l::.fiado do Br..lfil 1). Jeronymo cc O Conde Ataid~ Conde de Atcvg11ia, cue flrccedeo ao Conde c,e de.Atou. . . ft 1, - ec . . ,crnador Ca. e II o-1N1 e_nor, e con1 c;:fl. grane1 ~ortvna d c o pnnci. p1o gllla GoLa ao fen felice governo , cternan1entc decanta(. o das vozes, do ErafiJ. e applaufos de toda aquella parte da America. Franfco Barreto mandou a ElRey a nova lkfle fucceflo pelo Me1:. tre de Can1po Andr Vidal , para que fofle o primeiro q1~e ganhafe ta bem n1erecid:Js alviaras. Teve na viagnn Chl'ga ta bom fuccefio que havendo chegado a Cafcaes outra AndrVi- . d r nova aElr embarcaao prunetro que a f ua, em que p e r o Jaqces J?.- dai com a. zia a EIRey o mefn1o avifo , fOr ligeiro accidente fede;.. Rcy da ~ teve as horas que bafrrao rara Andr Vidal entrar reJa tornada barra , e defembarcando fem di1aao chegou a ear a nova de a ElRey dia de S. Joz, que era o en1-que ElRey cele- ~~n~iau~~ brava o feu Nacimento. Foy juframente geral o contenta-- fcu Naftnento de toda a Corte, e Reino , e E1Rey pren1iou com cimento. largas mercs, affim a Francifco Barreto, con1o acs mais, Faz IIque tiver6 parte em fuccefio tao gJoriofo, e a Joao Fer- ~ey mcrnandes Vjeira nomeou Confelheiro de Guerra , e lhe dco ~:b~~~ a futura iuccefla do governo de Angola. D. Rodrigo de Alenc~ftre continuava felicenx-nte Suecelfos o f!OYeino de Tangere. ]\iandou no principio defl:e 2.nno de Tan- .J .1 . , o A.cJl com cento e ctnccenta C av3 ]J os a E Cl~anw!!Tas, gere . em que teve notida a11:dava tL:a grande preza : rccc:c~ie
Pbr-
464
PORTUGAL RESTAURADO,
fe com ella :!Ill prejuizo , e Gaylan quer...:!ndo tomar fatisAnno faa defta perda ajuntou dous 1nil Cavallos. Correo o Ij-J. campo de Tangere; porm achou tanta refifrencia que fc retirou , deixando na camp~nha quantidade de Mouros, e c~vallos ~nor~os. Pa~a~a-fe alguns ~nezes c_rn que D. RoJngo na qutz pennttttr aos Cavalle1ros mats operaao que a fegurana da catnpa~ha; porque conhecendo que o poder de Gaylan era muito tnayor , na queria arriicar fem fim a Cavallaria da Praa. Os Cavalleiros , nao tendo capacidade para efrimar a prudencia do feu General, a murmurra cotno cobardia. ~'eve D. Rodrigo e.fta noticia, e recatando-a, aguardou _a primeira occaiia que foy em dezefeis de Dezembro : iahio ao campo , corr~ rao os Mouros com cinco~nta Cavallos do fitio da Boca do Fronteiro. Efpalharao-fe os Cavalleiros, que era o intento dos Mouros, e D. Rodrigo mandou dizer ao Adail Andr Diaz da Franca , que por n1orte de Ruy Diaz da Franca havia fuccedido naquelle pofto, que elle deternlinava rebater os Mouros. O Alcaide tnr, e outros Cavalleiros prudentes advert:ra ao General , que a frma em que os Mouros haviao avanado, ntoftrava que lhes ficava referva. Porm elle , que havia trocado a prudencia etn defconfi.1na , quanto n1ayor lhe enfinuava o perigo , tanto mais appetecia 1 buic-lo: fez final de inveftir ,_ guirao-no todos os Cavalleiros. Os Mouros confiderando - lograr o feu intento ie for ao retirando at a enlboiCada ' que havia ficado na Atalainha ~ brevemente forao foccorridos, e era ta grande o numero, que foy necefl'ario a D. R Rodrigo grande diligencia para iena perder: portn mec e:~!ro tendo-fe entre os Mouros com grande valor , appellidou ~ouros muitas vezes aos que ibia que haviao tn urmurado da iua em que . prudenci;:t , mas elles , que era melhores para arguir que D. ~'"oin- para pelejar, ja nefte tempo eftavao na Praa. D. Rodrife~c~ftr; go pelejando fe recolheo aos valos, que achou fcm guarmofira o niao de Infantaria por culpa do Sargento n1r Francifco fc:u ,,alor, de Lacerda, nao baftando as infl:ancias de Lopo Fernan~~~r~ 0 des Lopes para o obrigarem a fahir da Praa,defculpando... dr''.'>i~zn- fe que na tinha orden1 , como ie todos os i ucceflos milidaFranca. tar..!s pud..!LlO eftar prev-enidos con1 diJi"~ofio~ns antecedentes.
e-
,
dentes. Ko n1ayor cordHtlo cahio o .A'-~ail morto e h ti ma b:ila ' rerda de grande confidera20' fOr j(r n:co ccn1- .Anno poHo e nn!it~s \:tuccs, e de f,rande Ya1or. l). RoGrigo I6S-t1ufrentou a tnnchc1ra da A torada a rezar de tcda a reio ..
46s
ltta. dos l\lonros. ~ctirat:ao-ie elks ~on1 aJgu_n1a perda, ficra mortos trt:s Cavalle1ros, e fendos.Joa Carvalho Correa, e FrancifCo Corrca .. Retirou-fe D. Rodrigo, e nomeou para o pol:o de Auail a Diogo Correa Aln1ocaden1 delRey. Depois_ defie iuc~eflo apparecendo no n1ar hu1na carav1a, que 1~ julgou ier tcmada reJos Mouros, a {Tlanllou D. Rodrigo reconhecer por ln11na fetia Franceza que t:irava naqu_e~le rorto, en1 c_:ue f:-embar~ou o Sargento n1r Franctko dtLacerda cc1n tnnta moiqueteiros. Os ~louros da caravda, na querendo aguardar pela fetia, va!.":ira e1n terra na praya de Glladaliao: entrou r:cfla gente na caravla, achra tres :1\'louros que na p11dera falvar-fe com os 1nais que faltra em terra ; tirra da caravla quantidade de arn1as, e munioens, e deixraO... na carregada de azeites , e. outros generos que levava de Lisboa para o Brafi.l. .. . No El:ado da India nao era tao fdices cs uc- succdTos cefos das nofias arn1a~ con:o na Eu r ora, na An1rica, e da lnda~ em Africa : porque parece qlle era cs pecca(~Os mayores, e ta6 envelhecidos que merecia o cafiigadcs. Ccnt i L traya D. B raz de Caftro o ieu governo , ror na c have-r che&a'-~O Vice-Rcy que lhe tomaf1e conta das h~as excrbitar.ci;- s; e como att~ndia fegurar.a particular, r~a lof raYc:o o expediente necefiario os cuidados r ublicos, e cs I-Iol.;ndezes livres de todo do pequeno embarao ~a tregoa, pro~uraYa por todos OS caminhos melhorar O feu rarticlo, A' guerra de Cd1ao applicava o m::tycr esforo, confi<!erando juftamente no dominio daquclla Ilha a mayor utilidade. Francifco de Me11o General della tratava de a defender atropellando grandes inconvenientes. 1\o principio defre anno ordenou ao Capitao mr Antonio Mendes Aranha, que com quatrocentos Infantes fm dez Ccn: ranhjas, e alguns Chingals rnarchafe para o difirio co J\:lono, e que procurafie paffar a Cala tu r, parte cm que feria pot:.. fivel pelejar com os Holandezes , que era. o que todos deGg
iejaya,
46.)
PDRTU[;AL RESTAURADO,
Holandez~es
fej1va, e de que os
fugia6, contiderando
165-1- m1is facil de nos dehuir. Ficou Joa Hutado com nove
Co:npanhiJs alojado para a part~
d~ Nigumbo
I
1
za,
467
za ; que vinha d~ Gle , que facilmente dc~l:-~ratcu. l cntinuou a jornada, porm com pouco Lffeito : rorque os Ar.no Chinga1s' meuroios ccs cafii[OS qt!e cs Holandczrs ce- 1654 pois lhes dava 'retirrao os mantimentos rara o interior do ma to. Vinte e dous dias gafrou Antonio JVlendes nef.. ta diligencia co1n ta exceffivo trabalho dos fo1dadcs , e con1 tanta falta de lUantimentos, fOr nao acharem mais que alguns palmitos' e frutas do mato ' ue apenas rodia iufi:entar as munioens que levavao s cofias. Na era occulto aos Holandezes a debilidade da r:offa gente, e entendendo que era opportuna occafiao para desbaratla, antes que Antonio Mendes paflaiie o rio , cctno determinava, para com menos riico fazer avifo a Coluin bo dos apertados termcs, a que a f ua gente eftava recluzida. A vinte e feis de .J\'Iaro occupra e caminho ror Occura onde Antonio Mendes forofan1ente havia de paffar, e o~ Holan.. formraO-i~_em o fitio de Tec~na.Recebeo A~t<?nio Men- c~~~: des efte avdo ' e julgando o ieu valor ror felicidade con- ~ntonio traftar os perigos pdas pontas das a1rn2s, tendo-os fOr Mendes mais faceis que vencer a difficuluade ca falta de rnanti- ror trazer mentos , marchou com grande diligencia feguinco-o ua- ~gb~~e tro<.:entos foldados , quafi rendicos aos traball,cs \Ue ha- d~. ua~ vemos declarado. No fitio de 1 eDuna achou os Holancleze~ formados com fetecentos Infantes da iua K~ao, grande numero de Chingals, e l~urna pea de artilhcria, 1egura a frente com hum grande pantno , pafagEm ~ue facili~ava huma ponte que elles guarnecia. Avantajem que i confeguio Antonio Mendes foy ficarem os Holandezes formados em hum a eminencia , e por efra ra7~ expofi:o~ aos golpes das armas de fop:o C. os nolos ioldadcs, que ie form3ra em fi tio mais coberto. Comeou a contenda pelas nove horas da manha, e intentando alguns Officiaes de huma , e outra parte arrojar-fe ronte, e pantno para fatisfazerem de mais perto o ardor com que eftavao de pelejar, o na confentio Antonio 1viendes, conhecendo que na vantajem (~O fi tio , as armas de fogo lhe fegurava a r viloria. Conrefrondeo o tffeito a efte Ob n~ao . ~ -' b em tundado diicurfo; porque os Holandezes, nao FO- a qucb fe dendo tolerar o grande damno que reccbia das blas, rctin:m. Gg ii :volt~
>I
volt.it-J1 as colr1s, e Antonio . M~.1d~sl fe detev~ em fe-: Anno gui-lls ., r~cea~id? que fofje arte_paraq obrigarem aTafiar . I7S4 a poat~, e a ca!uretn na emboicada lle n1avor nu1nero de ge~1t~. Tirou-o dcfra duvida hutn Chingat{ que fugio aos l-Ioland..!z~s .., e fegurou que elles fugiao de n1~do, e naO. d~ indu!l:riJ. Com efi:a noticia paffou A:1tonio lV1enJ~s a. ponte pelas tre~horas da tarde ; por~n nacf lbe foy poffi.. .vel., cotno dclejava, o alcance dos HJlaridezcs~ Porque lem dos-I-Ioland-~zes lhe cortarern o pafio, arruinando . h uma ponte de madeira , que forcofatnente havia de pai:. far, efi:Jva6 os foldados deforte "rendidos ao grande trabalho qu~ havia{) padecido.;. e pouco n1anti1nento de que fe h~1via6 alimentado, que: lhes. r1a.6 foy poilis~l paHaretn adiante; porn1 fe1n em ~argo Jei1a difficuldade pcrdra5. , os Holandezes grande num~ro de foL.lados dJ. fa N!~J~,. ' e Chingals, e ficrao na C:1mpanh.1 rnuitas armas, eJ~i pojos: tnorrrao na contenda tres. Capitaes nofioo, .hum Alf~rez , e quatro foldados ~ e ficrao dezoito feri:dos. .. Antoni0 1\lendes paifou o rio para procurar n1antin1cnto :?. i em Coln1~o, e fazer curar os feridos. No can1.inho rece-. beo avifo deFrancifco: de Mello, que haviachegado . barra cinco galees de foccorro de Goa,que iervio.de tanto alento aos foldados, que fe efqu~crao de todas as mo.. leHas que havia padecido. Portn durou pouco eite contentamento; porque a infdicidade defi:e foccorro acabou rle desbar~ltar todas as efperanas do foccorro de Ceila. Era C.tpita5 mr delles Antonio Barreto Pereira , e Almi... rante Agofi:inho Freire Guerra. Chegrao defronte de Gle; forao invefl:idos de tres navios Holandezes, atraco a hum a Capitania, outro a Almiranta, e~ando qu~fi rendidos rec~beo Antonio Barreto., e Agofbnho .Freue tantas f.~ridas, que foy precizo retiraren1-nos para f~ haveren1 d~ curar. Con1 a fua falta mudou o fucceiTo de con dia, e cotneando a haver duvida fobre qual dos Capi-:ta~s. (que era Urbano Fialho, D~ Antoriio Sotomayor; e Fraacifco Machado') havia de governar, fe dividirao , e rleixaaJo livres os navios Holandezes chegrao a Colum bo , ficando algus foldados prifioneiros nos navios Holan dezcs. Antonio Barreto logo que faltou. em terra morreo
463.
PORTUGAL R"CSTAURADO,
d~
P.ARTE I. LIVRO
.~-YII.
469
das feridas , e as que rcct:beo o Alnrantc furao ta perigoias , que lhe na dera lugar a deter os tres Capites, Anno nem a ajuilar a cont~nda que entre fi tir!hao , fobre qual I 654 havia de governar. Defunidos te fiz~ra vla , nao deixando em Colun1bo mais ioccorro que algutn arroz. De- Efi~ito prefi experimentra o pr~juizo dos teus deiconcertos; prCJudip orque D. Antonio Sotoma}""Or, fe anartou d~s C!1Uatro , e .d-:-Ia; d_a., c t e1Ulllao, encontranJo onze nios tner~antis Holandezas provocando dcfconfio receyo a t~n1eridadc, porque lhe na queirnafem os ados ColHolandezes- o na\"io lhe lanou primeiro fogo. Frandfco ta~?s d~ Machado con1 o f~u navio, e dous de que ic introduzia 11 Ia. Cabo, encontrou as me finas onze nos, e na fe atrevendo a pelejar con1 elias, fez dar cofia os tres navios na praya de Saliete. O ter~eiro navio de que era Capitao Urbano Fialho padeceo com as n1efinas onze nos igual deigraa ; porque encontrando-fe da rnei~a forte com ellas pelejou largo efpao , e os foldados defconfiando do fucceffo prenderao o Capita, e o Meftre, na querendo que os Holandezes fe fizeffen1 fenhores do navio, lhe dco hum furo com que ie foy a pique, e a gente fe fal vou em Cananor . .A.ntonio J\Iendes fez alto no fitio de Vidiagama pouco diil:ante da Cidade; mandou para ella os feridos, e recebeo refrefco , que refrituio aos foi dados os e pi- Dcfampa..; r.itos de que efrava quafi desfallecidos. Pafados tres dias ra osHo defi:a affittencia teve avifo Antonio 1\Iendes, de que os l~nfezcs, HolanJezes com a noticia de que entrroflva o prefidio de q~e ~~~~1 ~ Goa com a gente do Reino, fendo nefte tempo mais de pa Antotres mil os foi dados que havia na lndia , l1avia defmpa- nio Mcn~ rado a Fortaleza de Calatur para engrofarem os prefi- des. dios de Gle, Nigun1bo, e Paliacate, porque avaliando eftes poftos pdos de mayor importanci:1 para a conquifi:a daquella Ilha, queriao antes conervar poucos, que'arrifcar 1nu i tos. Marchou Antonio 1\'Iendes com toda a diligencia , e ao carn inho o veyo a receber quantidade de gente de todos os lugares , que coftumava obedecer a quetn dominava Calatur. Chegou FortalezCJ, que achou defoccupaJa dos Holandezes com algumas n1unioens, e mantimentos , tnas fen1 artilheria. Defpedio coxn toda a Gg iii dili..
r-
470
PORTUGAL RESTAURADO.,
diligencia dnzenJos hon1~ns aoccupar o porto de AlicalS Anno tres lego as de Gl e, por ier a porta de hun1 rio caudalo1 65 4 fo , que facilita v~ aos Holandeze_s a entrada das nofls . povoaoens.. N a vateo a Antonto J\1endes o valor, e Tira-fc o prudencia con1 que governava en1 tempo de tanto trabagovcrn.o a lho, e aperto , que era neceflari<> dobrar-ie o agradeci~Iltodmo inento aos que te rdolvia a tomar por ia conta as ac.anen cs 'I' I d ~ . . ~] b por benc- oen~ nu Ita_res =. p01~que preva ~ce,n ~ cm '-AI um o a 111rncrito, c duftna de feus lllU111go.s O obngarao a entrar em tanta fe cnt_rega defconfiana que fe retirou para C<?lum.bo, e fe entregou :ad GAalra.r o goyerno c~aque1Jas 1 ropas a Gaipar de Araujo Pereira, e rau)o, f: l _. d . d _. l . que 0 na a uen~ _a tavao to as as vu~u es .q~Ie era? <?uvave~s em rncr.ecia. AntoniO Nlendes, havendo ldO o 1eu pnncipal o.bj.etto attcnder com pouca confcien.cia aos intereffes da mercan.cia, .que na lhe refpondendo .como folicitava a fu.a ambia, :afpirava a itisfaz-la com o l"Oder do governo da campanha. Marchou para Calatur, e achou noticia .que .. os Holandezes arrependidos de haverem largad<> aquella 1ntcntao l.... 1 ~ .1 1 1 1 .c ft ()s Holan- --orta eza, Intentava ue a OJar a Ihantana que e ava dezes re- no porto de Alica, unko caminho de poder recuperar a ctJpcrar Fortaleza. Brevemente aprarecra da outra parte do rio Calatur.. con1 quinhentos Infantes da fua Naa, n1uita gente da terra, e tres peas de artilheria., e con1o o rio corria ainda profundo, e eftreito, levantrao ha trincheira .com h uma plataforma, em que as taes pea-s con1erao a jogar contra a noffa fortificaao, que defendia f com hun1a pea' e a rnofqueteria de huma.' e outr~ rarte quafi continuan1ente pelejava. Durou quinze dias efta f_rma de cornbate , e nos primeiros de Agofro teve aviio o Capita n1r, de que .os H.olandezes haviao Pt:rfuadido aos Chingals, que com algumas .Con1ranhias i uas fizeffem guerra no interior .das nofb-s povoaoens, rara qt1e dividida a nofia Infataria lhes ficafie mais facil a paflagem cio rio.. Confeguira efre intento , e tendo oCapita mr efta noticia, mando-u para Pitica1gor, e paflo D:um~orla ieis Compan11ias orden1 de FranCifco Antunes ; e como cl:e era fo o intento .dos Holandezes breven1ente ie reco1hrao ., deixando defem:bara~adas as .noflas ;pov.oalie~ Vendo os que ueteunnava palliu .() l"O logrado O p1imei;.
ie
1"()
ro intento , parao ao principal de nos deiloji..~u c~lq~dle porto. Fingirao hu1na noite que fe retiravao e appa- Anno recendo ao a1n~nhecer o ieu quartel d~fo~~upado, rnan- 175'-f dou Gafpar d~ Arau_io Pereira, 1nenos alluto nas artes militares que nas da mercancia , paTar aoutra banda do riu a Infantaria em algun1~s jangadas. Os HoJande~es ditfinlulando m~nos tetnpo do que 1hes era necdTario,iahira() da embofcaJa, na havendo faltado etn terra mais que vinte e cinco foldado~ con1 o Alf~rez Vicente da Cofra Freire. N::!o perdeo elle , e os que o acomranhava6 o acordo _com o perigo; porque com tanto valor pelejou largo eipao, que cufra de muitas vidas dos ininligos,mortos nove toldados, feridos qu~tro, e o Alferz que ficra prifioneiros, os mais fe falvra6 a nado, tornra pa~a terra. os que navegava nas jangadas ! e recolh_:ra-fe ao Forte de .Alicao. Continura as baterias poreipao de cinco ,nezes, e ncfi:~ tempo chegra aos Holan.. dezes varios foccorr0s com 'lue engrofTrao o roder, ao mefmo pafo que o nofo fe din1inuia. Os Officiaes , e Soldados confiderando a importancia daquelle rofro, e a pouca capacidJde de Gafrar de ..Arau_io Pereira , redira com grande infi:ancia a reftituiao de Antonio Mendes Aranha, a quem cedeo facilmente D. Alvaro de.A.taide nomeado por Capitao mr : porque an1ava 1nenos os pe- Torna. rigos que .A.ntonio Nlendes. Partio Antonio J\1endes de AntoniO C o1um bo, chegou a AI . _. a t~n1po que os H o lan J ;.~-z;e_s .Mendes tcao tarde ao pod~rofos com os foccorros havta f'or outro lugar fac1h- :u follo~ tado a pafagem do rio. Confiderando con1 eft!s dous accidentes defvanecida a im portancia daquelle porto , determinou retirar-te, e querendo dar efre intento execua6 :1 dezafeis de Dezetnbro, veyo a ter no mefino dia, en1 que os Holandezes, havendo pafiado o rio , detcrminava6 atacar aquella fortifi~aa. Antonio Mendes, tendo poucas horas antes anticipada noticia, fe rs em marcha : m.ts como era necefTario conduzir a pea de artilheria que com trabalho 1evavao os fo1dados, primeiro chegrao os HC!land-~zes que e11e pudeffe con~guir a retirada. Nao ie detalentou com efi:e fuccdTo, rorgue efrava coftu1nado a vencer impoffiveis : feparou quatro Companhias, que Gg iv dei
't
~-z
472
PORTUGAL RESTAURADO,
deixou na retaguarda, e n1archou cmn toda a diligencia Anno a ganhar a praya , conhecendo que fe os Holandezes con1654 feguiffen1 occupar prin1eiro efre pofro , lhe ficava impof. .fi vel , por na haver outro caminho, a retirada de Calatu r a Colun1bo. Tanto que chegou praya com a .peca de artilheria, puxou cotn toda a diligencia pelas qutro Companhias que havia deixado na retaguarda: porm j nefi:e ten1po havia chegado os HoJandezes ao fi tio em que e1Ies efrava, e havia comeado a pelejar com as Con1panhias da f~ vanguarda. Vierao as noflas continuando a marcha com tao boa ordem, que chegra a encorporar-fe con1 Antonio .1\iendes, que havia feito alto em hum fitio que lhe fegurava a retirada, fe o na defalo_iaffem delle, chamado Calvamondr, guarnecendo a parte. que lhe ficava vifinha a hum mato, que os Holandezes quizera ron1per : mas forao rebatidos com a morte de alguns Officiaes, e Soldados. Os Holandezes , que vinha refolutos a na perder occafiao tao opportuna , forlnrao os feus efquadroens com tres peas de artilheria, e depois de difpararen1 muitas blas, inveftl.ra com grande refolu.a a pouca gente que e lhe oppunha . .Lt\.ntonio Mendes animou com muito valor os Officiaes, e Soldados que o acotnpanhava. Para lhes influir o tnayor ei:. pirito lhes difTe, que a todos armava Cavalleiros, para que con1 efre novo titulo fizefen1 naquella occafiao mayores n1aravilhas das que at aquelle tempo haviao executado. Conrefpondra os foldados s efperanas doCa\-alorot" pit~' e durando a contenda da manha at as tres horas ~cfi.fl~da_ da tarde , nunca os Holandezes pt:derao ganhar nofla fo~!: gente hum fo pafo do fi tio que havia occu pado 1\efre &s. tempo, favorecidos da caufa Divina que defendiao, acertou hum dos tiros .. da pea con1 que atiravao, entre as lnu.Ard~ a nioens dos Holandezes, e accendeo a polvora com tal pohlo~a,~ effeito, que mortos mais de cincoenta do feu in1pulfo, aos ...oJ:t 1 , _, . {1, Anton1o 1\il en d es, co. ~czcs,e fc vo tarao os ma1s 2.:~ co... _as ; poretn rctira. 1110 .o fi tio era 1nuit0 coberto, com o receyo de embofcada os na6 quiz feguir. Retirou-fe rora Calatur, deixanJo na campanha mais de duzentos Holantlezes mortos~ e perde11do entre n1-ortos, e feridos d.ncoenta e dons t()Ida~
r::
dos,
473
dos, alojou-ie junto da Fortaleza. Fez avifo ao General que lhe re!netteo alguma gente, e munies : portn tudo em pouca quantidade , por haver mandado a tnayor ~T parte cotn Gafpar Figueira de Serpa , a refifi:ir ao grande poder con1 que ElRey de Candia tinha entrado pelas nofis povoaoens. Partirao efte anno de Lisboa para a ln dia as nos N. Senhora da Graca, Capita mr D. Fernando 1\lanoel; S.1'hom, Capitao Carlos de Araujo de Vai: concellos, e Sar.-~a Eiena, Capita Manoel de Pina da Cunha , que fe perJeo na barra de Goa. A guerta por todas as partes en1 Portugal era ta o Anno pouco vi gorof , qne f obrigado da ordem da hifi:oria I6S S vou referindo os breves encontros que nefres annos acontecra: porque parece que os animos de h uma, e outra Succe!fos parte , prunofiicando os ucceflos futuros, fe preparava de Alempara tolerar os exceffivos trabalhos que os arneaavao. tejo. O General da Cavallaria Andr de Albuquerque, que em aufencia do Conde de Soure governava as Armas do Exercito de Alerntejo, logc:> que ceifou o vigor do Inverno mandou feiTenta Cavallos ordem dos Thenentes de Fran Cifco Pacheco :J\1aiCarenhas, e joa Ferreira da Cunha. Armra a h uma Tropa que efl:ava alojada en1 Encinafola. A noite que marchrao a efta ernpreza encontrrao con1 o Capita de Cavallos D. Francif~o de Gufma, que cotn igual intento vinha arn1ar Tropa que affiftia de quartel em Moura. Invefl:ra-fe ao mefrno temro Portuguezes, e Cafi:elhanos, e breventente foy D. Francifco de~baratad? : perdeo parte dos Cavallos que trazia, e achando o eicuro por foccorro efcapou do perigo com alguns fol~ados que o aompanhrao. Pouco ternro derois defte ftlccefo marchou o Thenente General Duqu ifn com as Tropas de 01 i vena : mandou avanar com fefenta Cavallos o Capitao D. Luiz da Cofra , fahira de 'Talavera cinco Tropas, e trazendo trinta Cavallos defcobrindo a campanha , D. Luiz os invefrio , e derrotDu , fem as Trop?.s o,s foccor:~~m com receyo de mayor defgra.a. Rettrou-ie Duqudne, e n(1l:e tempo pafou C..;orte An~r u,e Al~uquerq~e, e ficou governand<? aquella Provincta Franc1fco de .n1e1lo G~neral da Arulhcria-. 1\iandou v a-
varias vez~s fazer entradas en1 Cafi:ella, rcfultou delfas Anno trazeretn fe grofas prezas , e fem mais fuccefio digno de 1655 n1en1oria paffou efre anuo. . _ O Vifconde de Villa-Nova por lhe nao ferpoffiEntrega vel largar algumas convenienci1s da fua cat, na6 voltou ElRey a ao governo das Armas da Provncia de Entre Douro e Mi~-~b::~- nho.Succedeo-lhe D.Alvaro de Abranches da Catnara, enc~es o O'o- tregando-lhe ElRey juntamente o governo da Relaa6, e "erno da Cidade do Porto; e con1o os exercidos era6 ta6 incomRddaa pativeis, e com obje3:os differentes, mal fe pdem proo Porto d . fr . d EIR ey neJ.4~ e das Ar- uztr e 1.1.~ttos proporctona os, expenmentou masdeEn-ta nova eleiao infelice fuccelfo como adiante veremos. tre J?ouro e nefr~ anno nao houve no governo de D. Alvaro aca cMmho. de que dar noticia. 'H Joanne Mendes de Vafconcellos havia os annos R .. antecedentes con{ervado a Provinda de 1'raz os Montes c:~v~~: no focego que ElRey pertendia. Porm conhecendo Eltradas- Rey , que o damno da cefTa6 de armas era da f ua Coroa, refolveo, que em todas as Provindas fe continuafie a guerra, pera que;os povos dos Reinos de Caftella conhecefem , pelos males que experimentafem, quanto lhes convinha a felicidade da paz. Continurao-fe as entradas, e os C1l:elhanos folicitando os interefies dellas entrra cotn CavallarLti, e Infantaria no 1ugar de Paradella , que ficava na Raya do Termo de Miranda, e levra6 todo o gado que pafi:ava naquelle diilriB:o. Teve avifo o Meftre de Campo Antonio Jaques de Paiva, que aflifriae1n Mi.. randa, n1andou fahir ao rebate a Cotnpanhia d<' Capita de C~ vali os Ferna6 Pinto Bacellar , e a de Popoliniere. Fez F ernao Pi:1to ta o boa Jil igencia , que na o f obrigou aos Caftelhanos a largaretn a preza , mas rebanhou do lugar de Samil outra confiderave1. Affifria nete tempo Joanne Mendes em Bra_~ana, e querendo confeguir nleAntonio lhor fucceTo, mandou ao M~tre de Campo Antonio JaJaques ques com duzentos e cincoeata C1vallos , e duzentos In..ucim:~ a fantes arm1r ~uarnia, qne afliftia- no lugar de CarvaVilla de lales , com ordem que na6 t ~ndo execuao fie intento , r-ravora e outros~~- fizefem o damno que 1hes fofe poffivel. Entrou Antonio gares. Jaques, e na podendo provocar os da guarnia de Car- : vajales
474-
POilTUGAL RESTAURADO,
fe
vaja1es a que i~1hi1lem , paTou a diante, queimou a Villa d~ Ta v ora, de que era Marquez o Goyernador das A r- Anno n1:1s daquell~ frot~teira , e dez~no'."e lugares circunvi- 165 S inhos, e rettrou-fe fetn .contrad1a com grande .pre_za, e dei~1n.ios. Os Caftclhanos pouco tempo cerois dt.fte 1uccef1o p~.tra o rio N~gro con1 quinhentcs Infantes, e encorporados cotn c~nto e cincoenta Cavallos, que eftava alojados en1 Carvajales, entrra pela parte de !fanes a rebanhar o gado, que efl:ava na a1rereza dos n1ontes que por aquelJa parte rega o rio Douro. Teve efta no ti.. -cia o 1\lefire de Can1ro Antonio Jaques, e fem dilaa ihio a bufcar os Cafl:elhanos .com duzentos Infantes, e as .duas 1roras de Ferna rinto., e I'oro1 i~liere ; encontrouos conou?;indo buma gro-ffa preza ' e iem reparar f~:a ~def.. i_gualdade do roder ( .{jue igualou 2.iifl:ido .de valor:- e reiolua.o) invefrio os Cafte1hanos; e ainda que achou por R 0 grande .efpao galharda -refifl:encia., confegtno .desb3'fat- ()s 6ille. los com tanto deftrco , que os -quinhentos Infantes fic-lhanos . e rao huns mortes., .OlJtros prifioneiros' e as Tropas fora lhes tu:a a feguidas das nofias de Brandilhaes at Fuenfria., a.ondefe pr.cz.a. retirra poucos Cavallos deli as. Os Officiaes ., e Soldados pri1ionei.ros remetteo a Joa.nne .1\'lendes ao Porto:: Antonio Jaques cobrada a preza fe retirou a Miranda, remunerado no applaufo dos povos .o com fuc.ceilo .que havia confeguido...o 1v1arquez de Tavora., que affiftia em Ciudad Rodrigo, e D. Vicente Gonzaga, .que governava -o Reino de Galliza , p-reparra Troras, e amearao toela aquella fronteira, que c.onfinava .com a jurifdia de .ambos. P-revenio-ie Joanne Mendes com efra noticia, -e poocurou foccorros .das Provindas v"inhas ~ porm os Gallegos, que coftun1ava experimentar mayores danlnos .rlos-q.ue fazia ., tornrao a propor -novas pratica-s de cef:.. fa de .armas' -o-ffer_ecendo' Cjlle qualquer accomodamen- .. to que fe ajuftafle feria firmado porD. V"icente:Gonzaga. N~~ peErl: J ll. . r .mne-e , . A.ccettou _ -oanne M en d es .eua pratica -.com pra1.o d e vinte "Rcy que dtas , .que tomava para dar conta a EIRey :: affim o exe- k .admi_ta .cutou ~ e a refpofta .que teve foy eftranhar-1he ElReyrn-ui.:;a .Br?pof~r to <l pr-ocedime~o q.~e :h:rv!a tido nefia anate~ia ., 1;11_!- ~a.fl!:~ brand-o-lhe :a reful~ao .c;..uetl~a tomado de na.admJthr :n~
47S
.1in--
4i6
PORTUGAL RESTAURADO,
1imilhante3 propofioens , advertido da cavilaao dos Anno Catelhanos etn varias occafioens experimentada. Ainda 1655" que Joanne Mendes con1 a ordetn delRey feparou a pratica de concordia , _nao continuou D. Vicente Gonzaga a reiolua de entrar em Portugal, e co1n a noticia certa de fe fepararem as Tropas que havia ajuntado, defpedio Joanne Mendes os foccorros das outras Provindas. Joa de Mello Feyo, que governava o partido deD. Rodrigo deCafrro, nao guerendo que poraquella parte efi:iveffem as anuas ociofas, ajufl:ou com Nuno da Cunha mandar-lhe cento e cincoenta Caval1os, divididos em quatro Tropas, Ordem do Capita Gafpar de T'avora, as quaes unidas a feis do feu partido , governadas pelo Capita de Cavallos Bartholomeu de Azevedo Coutinho , e hum. Tero de Infantaria, marchou joao de Mel lo a Villa Velha, nove legoas da Raya para a par.. te de Ciudad Rodrigo. Foy feotido quando entrava, e tiverao os Cafrelhanos tempo de ajuntarem as g'uarni~ de Infantaria, e Cavallaria daquelle -difi:ri.l:o , e de occuparem q fitio da Mata de Villar de la Yegua lnuna legoa do rio _._t\.gueda. Recebeo Joa de Me11o efi:a noticia , e fem alterar a refoluao que levava continuou a n1archa, e depois de fazer em Villa Velha hutna grofa preza, caminhou com ella , e chegando a Villa delRey o aviftrao os batedores dos CJfrelhanos, e fern poderem confeguir ton1ar lingua , mudra de pofro , e paL1ra a fe forn1ar e1n.hum valle, que ~ca do rio Agueda para a parte de S. Fe1ices. Fizera6 hmna f linha de trezentos Cavallos que levava, e guarnecra os claros con1 trezentos Infantes. Chegou Joao de J\1ello a avifl:_~!os! e pa~e- cendo-lhe perigo:1 a refolua ; porque o ddcurio da dttferena do poder nao fizeffe nos foldados algtun receyo dilatando-e , ordenou a Gafpar de Tavora que com tres "" t Companhias formadas en1 hum f Batalha fole o pri.r'"ccon ro 11.. de Joadc_metro que tnveut fi' com os C.a fr ..:111anos. A vanou e11e e Mello c fem di1aa, porm recebendo cerrada carga , de qu~ paos Cafi~- deceo grande datnno, querenclo os Caftelhanos accreicen~an__osci'-Is t-lo , o invefrra con1 todos os Batalhoens de Cavallab~:.~ad~s~ ria. E vendo Jo ao de Mdlo , e Bartholo1neu _de Azevedo que
, ""Y.
PARTE I. LI lT RO .}{JJ. -~
que em
1nang~s
de tr..c,qLcteiros (~os al:clh~1nc~s, dcfanin1ac~as <.ia ft:a CaYa!!at i;;~ as l~er.oh!r~; i cm rd:frcnda ah.!.t1ma, e con1 o Jncfn~o an.~or in~~eHira os Batall:oens, e dLtl'_ois de larga contet~da (.JS ccsl:~lra~raf), e obrigat~co-os a voltar as cofh1s os fegtlira att.: S. Feliccs. Retirra-fe CC111 cnn feridos, dcixanJ alt,lH1S 1110rtos, 011 SUe entrra .J\1a110el de 1\lel1o de Q~ad ros, o Capita6 f'rancifco Bartoa de Aln1ei~a, e o 1 Lenente 1\ligl1cl da Fcnieca. llcou f~rido Joa de 1\ldlo Feyo' que havia reiejado C0111 l11U ito valor , affi.tido com igu~l protedin1ento de l3artholomeu de Azevedo, do Capita Shna de Oliveira da Gatnma, e de 'Trifrao da Ctmha , c;lle 1E.rvia . de Thencnte da Tropa do Thenente General d Cava1Jaria Nuno cla Ct:nha , e dereis occupou outros pofios rnayores com igual tnerecimentc. Os Cafrdhan.Gs perdra n1nitos Ofliciaes de reputaa ; ficou n1orto D. Joz do frac1o Governarlor da Glva!Iaria, os Capit2es de Cavallos D. Thon1ts rle .i\Iatos , e D. Pedro de Arfi , Andr Alonfo, e D. Joao de Ayta: vierao muitos OfEciaes prifioneiros, ~ efcapara poucos foldados- de Cavallo. A preza fe conduzi o a Almeida, e as Tropas de Penamacor ie tornra a reco~ lher ao feu partido. . Poucos dias depois defie fuccefo intentrao cs Cafrelhanos interprender o Cafl:ello de Salvaterra , que governava o Sargento mr Antonio Soares da Cofl:a, e aquelle partido o Thenente General N" uno da Cunha etn auiencia de D. Sancho Mancel. Conrefrondia-fe Antonio Soares na f da liberdade 'da Aduana, e privilegio mil i ... tar que difoen~a fra das occafioer.s efl:es cortezes efl:ylos, com U. Affonio de Sande, em quem concorria qualidade , c valor. Crefceo a farr.iliaridade deforte, que deo confiana a D. Affonfo para propor a Antonio Soares lar- Offerta -gas conveniencias , fe entreg:.1fe a ElRey de Caftella dosCafle aquella Praa. r.Iofl:rou Antonio Soares, que na odefpre- lhanos_ a zava .aquelJa pratica , e para animar a diffirnulaao pedio ~ntomo fegurana das mercs. !~a tardouhun1 alvar delH.ey de oarcs . Cafrella,.
n~6 d~ixarun de~b~rat~1r Gafrur c Tayora ccii1ifii~ a ;;.l coniuv~a, o iol"conri?o ccp1 tol'1s as '".fropas; e ft~\:cCdendo ;run ~S fl inwiras GUC Lll(Cl1tr;"2 :C'S
~i 7
Anno
1t5s
47S
PORTUGAI.J RESTAURADO,"
C1f1:ella., e huma carta de D. Luiz de Haro conllarguiffi.Anno mas promefas , fe tivefe effeito efi:e defignio. Deo a enI6SS tender Antonio So.ues qu..! fe deixava enganar, e mais atnbidofo da glorLt, que de intereffe, recolheo os papeis, edifps a fatis[tao defta off~nfa, que padecia a iua fidelidade. Com efra demonfi:raari fe tacilitrao os receyos, e reparos de O. Affoafo, e enganado do credito que grangeava em co!lfeguir ~q~ella emprez~ , aj?fi:ou con1 Antonio Soares 1ntroduzu-ie no Caftello de Salvaterra com trinta Oflicia~, e peffo;1s particuL1res, en1 diffin1ulado habito de mercadores, deixando as TropJs, e Infanta.. ria do partido d;!. Alcantara , en1bofcadas para o foccorrerem , em pouca diftaacia daqueUa Praa. S ignalou-fe o dia, e preparou-fe o facrificio Je horrendas victimas , pertendendo Antonio Soares com2rar com innocente angue de hom~ns valorofos o credito da fua fidelidade, que a menos cufto pudera n1anifeftar , repuliando a primeira offerta de D. Affonfo. Chegou elle infaufta1nente a Salvaterra , abrio-fe o pofi:igo do Caftello , fignal que f aguardava , por eftar anticipadamente concertado , e o primeiro que entrou pelo poftigo, que era o que fe contava por r11ais felice, na fuppofiao de lograr a em preza , foy o primeiro que padeceo o fupplicio , tendo hum mao com que lhe derao n'l cabea, rigorofo iaftrumento da iua morte. Seguira-fe os mais , fendo f hum o que entrava; porque a eftreiteza do poil:igo nao difpenfava lugar mais dilatado, e todos com a metma tyrannia acabra as vidas, merecedoras de mayor duraa pelo valor com que fe expuzerao a confeguir aquella empreza. Ficou f vivo O. Affonfo de Sande para padecer mais cufi:oio tormento ; porque depois de Antonio Soares haver dado conta a EIRey de todo efte efpet1aculo, e referido que deix.1va vivo D. Affonfo de Sande, fe refol veo a mandlo ligar na boca de huma pea de artilheria, e mandandolhe dar fogo , foy o miferavel corpo de D. Affonfo o primeiro emprego da ira da polvora, e do irnpulfo da bla, que o dividrao em tao difrintl-as partes que veyo a ter por urna o tnefmo ar, que cofi:uma extinguir as cinzas. Ava1iou-fe comntummente efta ac<ia ( fe pde ter efte tttulo
tulo tao grand~ tyrancia) cem a aromin~no que merccra as circunftandas cdla; porque a ~gcaldace clo ani- Anno n1o, e a lihlfa do trato (1t'Ye ier t~ diirenf2vel er~tre os 1655 uaturaes, C0ll10 entre cs inimigos. Podem os homens rrol:llrar corromper os cor~ces C. os contrarias RLrublica, pelo que intt:re1Ta na fra nna ; n1as na deven1 cm caio aJgum 1nofl:rar-fe corrompidos , por na deixarem o n1e11or infl:ante efcrurulofa a fua fidelidade. E a ignorante fatisfaa dos que cahem neil:c erro , h e o feu rnayor c:?fiigo : rorque entendenco ue os nao ccr.cena o jrizo dos initnigos, no mcfmo ponto etn que pertendem en_gan-1os , o~ confiituem juizes da fua culpa , e quando a tentena que dao he juHa , foa aos deflntereflados ta o bem na boca dos amigos , como na LOS contraries. Efte foy o remate da guerra defie anno, e rarece que pronofiicou a infelicidade do futt:ro , em que per~eo Portugal no mayor Rey a melhor fegurana. Frandfco de Sou ia Coutinho afiifi:ia em Pariz , e Succcffos ainda GUe lhe cuftava_. menos en1barao efia commill dcFran~ '}Ue a de Holanda , nao Jeixava de padecer grande trabalho, quando sueri~ chegar conduio das nlaterias m~!is .importantes; porque cerno os anin1os dos Miniftros., e Nobreza de Frana andavao tao encontrados, nao queriao fujeitar-fe a tratado algum , ue os ligQffe a na pocerem ufar das conjel:uras que o ten1po lhes offereceffe. Manc::lon o Cardeal Maffarino a Lisboa por Enviado o CavalJeiro de Sant : foy a prorofra que fez a ElRey, ee Frana firmaria a liga offeniva, e defenfiva, corno ElRf-y Pr~cftas pertendia , obrigando-fe ElRey a fazer guerra viva a Caf [:~~as a . tella , e dando-lhe dinheiro para o gafio daqueHa C~rora- lo nha. Accrefce ntando a efia propcfia varias c:, t:eixas , ljad~ do pouco que Portugal attendia aos interefles de J r~ra, e das n1uitas occafioens em que fe havia quebrado a Cap;tulaa ajuftada entre as duas Coroas no anno de 1641. Nomeou ElRey o Bifpo Capella rrr, e 20 MaH:t ez de Niza para conferiren1 com o Enviado; e derois c.' e var:as conferencias, querendo chegar-fe conch.;_iao, rufcou o Enviado varios pretext_os para o ultimo ajuftn:ento, e veyo a rnanifefi:ar-fe a iufFeita, ~ue !e havia (Onccbidc,
479
rt?k
4
havi 1 oric;inalo Ja cavilaa~ con1 que os Cail:dhanos pu. blicira, que ElR:::y na queria ajuit~r-ie na paz que lhe off~~ecia, -engana .to Ja in...iufhia: ~ i~us Minifh-os , que ,_ por int-~reffes proprios q uet~ia fuil:cntdr a g1le1:r1. E1Rey m.ulifcl:ou claram~nte a ftllldaJ~ d:.:it~l calumnta, e n1an .. MandaEI- dou a Franca Fr. Domingos do Roi3rio Religioi(.l da OrReyaFr- detn de S. Domingos, Irlandez de Na:1, avaliado por a_ Fr. Do- fujeito de virtude , e letias, que depois fov eleito Bifpo mm~os 11 ~ _, do Roi--d e (-,oun b ra. Chegou a IJ anz , e 1n11t ancl o pe1a cone1u 1ao .. ~io. d:1 liga, lhe foy reii1ondido , que trataffe Portugal da paz d~ CJ.l:dla, fetn cuidar na liga de Frana. ElRey , eftimulado da q_ueixa defra reipofb.1, ordenou aos feus Minii-_ tros que reiponddfem aos de Fro1na, que determinava confervar na m.emoria para ieu tetnpo eila reiolua ; porque fe na achava ta de11ituido de foras' que com a opulencia de Portugal, de novo augm~ntada con1 a reftauraa de Pernan1buco , fe na pudefe defender das annas de feus inimigos. Os negocias "de Roma por na mudarem de coildia na dera m.ateria para fe tratarem r( 1 com individua] noticia eile anno. Em Holanda affifria Antonio Rapofo, e com m.uit trabalho tolerava a impaciencia dos Holandezes na perda de Pernatnbilco , principalm.ente os interefados na Companhia Occidental. E fendo a mais empenhada a i Provincia de Zelanda , armou trinta navios em damno do '.; Comercio defte Reino ; porm recolhendo-fe fem preza a~gutna, lhes accrefcentou a defpeza, e a ira, mas a Di . v~na... que experimentr~ no cafrigo da pefi:e que pad~ cerao , de que morreo grande numero de peffoas , os o roccor- obrigou a fufpendereni. a deliberaa" de fe vingarem em ~n~: ~~:.P?r_;ugal dos damnos padcidos no-Brafil. A Holanda hapcdido . Vtao chegado duzentos e fetenta Portuguezes , que os pelapefie. Holandezes havia feito prifioneiros na India, e fizera de defpeza a EIRey por mao de Antonio Rapofo 175U . -cruzados; porque EJRey na cofi:mnava perdoar a dif-pen~io algum pela liberdade de.!us Vaffallos.
_ , bido, de qu~ ll~ nJ vier.-t a Portugal mait que a averi.. Anno truw hutna i nc~rta noticia .que r~ ti~1ha ti i vulgado , de o . . . . fl . 1655 que ElR.-~y trat1va d e 1-e aJl~:Jl: ar cotn ,~a_c~ii.a, o que ie
43o
PORTUGAL RESTAURL"1DO,
A ln-
PARTE I. LIT~ RO XII. 481 A Inglaterra n1andou l:JRey .ror ~nvia~o Frar-cifco Ferreira Kebello com as pazes finnatas, ue 3jt fiou Anno o Cow.le c~unareir~ _nlr ; porm ll~Vendo kV2GO a1g~- 1 ()55 mas tnlendas nos ca}"'Itulcs, tornou Cronn~el a remettelas a ElRey ror Enviado particular, que n1anl~Oll f a tfl:e negocio ; e o aperto daquelle tempo obrigou a I:JRey a conrinn-las itisfaa dos Inglezes, com tanto prejuzo, que ainda hoje ie exp.erimenta. O Eitado do Brahl governava o Conde de Atou- Governo guia com tanto acerto , e dcfinterefe, c;ue conhecida- do Brafil m~~te fe via foreccr por ini~~ntes , depoi_s dos ~riunfos ~~ 'f~~~ mthtares , com o governo po~lt~co , e_ h e axioma fem con- guia~ tradia, que na hc necefiano mats a Portugal, para fer hum dos ricos, e opulentos Reinos do mundo, que 2Charen1-fe homens que' como o Conde de Atou guia, vao aos governos Ultramarinos a tratar do bem publico , e na das conveniencias particulares, que cofl:umao fer ini!nigas mortaes do genero hun1ano. Em Pcrnan1buco j(~ lc- Entra erri grava o merecido defcanfo derois de ta largo trabalho. Lisboa a. A frota da Junta do Cmerc~o fahio de Lisboa, e voltou i~:fit.do a efte porto com profper a vtagem. Foy efre o ultin1o anno do governo de D. Rodrigo Sucedi'os <le Alencaitre na Praa de Tangere, e cefe_iando nao ma- de Tan-: lograr com algu1n mo fuccelo os que tinl~a tido fdices, gere. tratava de fazer algun1as entradas de f'OUCO em~~enho. Os Mouros vendo eila fua refoluao, e que na rodia fatisfazer-fe, armando nas fuas proprias terras, fe ajunt1 ra Gaylan, e _Sid Algazuani Bembucar, inT~l.? cl~ 012tro _g~~~:e defl:e nome ' ienhor da mayor rarte daquelle oirnlo 'e car ,em entrra no campo de Tangere fem ferem fentidos cem fobreT~-: rlez nlil homens de p, e de cavai] o. Sahio D. Rodrigo ao gere~ campo, os prhneiros que fora a defcobnr, dera vifta dos ..1\louros que os corrra, e faltou f o efcuta Joa . Vieira. Q!liz D. Rodrigo foccorr-los ; porm reconhecendo o grande roder dos Mouros, fe recolheo Porta da T raia por onde havia fahido. Marchrao elles atjunto da Cidade , e fem fazer cafo do damno que recebia da n1o~queteria, e artilheria, perfifl:rao tres dias yilla della, fe1n outro effeito, que difpararem continuaHh
n1,nte
481
n1ent~
as efcop,;t ts , inutil bat~ria s n1ural has da Cidade . .A.nno Gafrad.t a polvvra, e rnantiine.1~os fe recolherJ, na ft16SS z.~ndo mais \.la1nno que a algumas ho.rtas, que eftava fra da Cida~le. O cf~uta, que fe julgava perdido, appareceo depois ddles retirados : porque teve conl:1ncia para perifl:ir tJJos os tres dias debaix:o de hun1 peaedo , que os Mouros occupava6, nao com~ndo , nem bebendo em todos ell~s, tenJo por mais barato el:e breve cativeiro, que o a qn~ fe e:<pm1ha, fendo fentido dos JVlouros. Pafidos alguns diG.s, e:ttrou no porto de 'Tangere h uma fetia com baadeira G~:1ovcza: porm teaclo D. Rodrigo notici:l que era d:! C:t1dlLHlos a tomou por perdida, e o rneno fucceJ:!o cotn outr1 de G1lliza, refulta.1do-!he da ca~!!a de aml-ns grande utilidade. E havendo chegado quella Praa R.c(~ate o R.~de1nptor Fr. Henriqn-~ Coutinho, deo ordem]). H. odo Red- drigo para raffar ao rcfgal:~ de Tetua. Deo liberdade a pHtor _Fr. ce.lto e cinco::!:lta cativos , e D Rodrigo gafrou os tnezes ennque r. I rr .. Coutique 1e l1e d"tlatU r. tllC~~uor em r~parar o ca~s, e a.l guuho. JTIJ.s rui nas da Pra.1, e em o.Hra.s obras n1erec;:!doras de grande cfl:ima~16, como o fara to.ias as acoens do ieu governo. D. Francifco d~ Noro~1ha, que deixmos governanJo a Praa de Mazaga , alcanou licena delRey para voltar a Lisboa por haver affiftido no exercido do feu }'ofi: o perto de q Jatro a11 nos com t1nta itisfaa de todos os c~valldros daquella Praa' que lUO houve algu!n que ficalfJ qu ~i {oio do feu pr0ce.Jimento. E porque EIRey lhe nao h1vi1 nonteado fucce.ffor , ordenou que tornafTe Nu !lo da Cunha a governar aquella Praa. Partido D. Francifco de 1\i1zagao, continuou Nuno da Cunha aguelle governo algum t~m?o, e acabando nelle a vida de h uma enfer,nidade,nomeou EIRey para o governo daquella Praa S ed a Alexandre de Soufa Freire, en1 quen1, concorria todos A~~~5.d~e os r~quiitos n ..xeiTarios para. efta o~cnpaa. Chegou a de Soufa ella, e com'J os Mouros coJl:umao experhnentar a difa.f?.Frdn- pofi16 dos novos fionteiros, fahindo ao campo cm vinte ~~~onhea e dous d~ M 1ro , lhe_ clrreg;ira6 as Atalayas com mais em Maza- Je tres nul Cavallos: toccorreo-as Alexandre de Soufa, ga~ e h1vendo-fe e1np~nha.d0 deforte , que os Mouros perten-
PORTUGAL RESTAURADO,
draS
drao cortar-ll:e o raflo para a retiraca <.~a Fn:a. Ad ,.t:t tido <.!os Cavalltiros c.Lue fe retiwfle, \'alorof.nlentc flZ Anno cara acs .1\lourcs , e invefiindcos cem a lm:a na n- a, 165 5 1egt1ido ds Cavalle~ros, 1he ~atr. o ca\ allc. I .ivre daquelle embarao, tucu r da eiraca 'e cem f_ranJe reio- rckjac lua pelejou a f, at que os Cavalleiros cem o imrul- mMouros fo do ieu r'E-rigo fizerao retirar os 1\!ouros do }':?fo qt~e 1 'ar-iccn. J -1 m.e . h av1a. tem aCto , fi can\._;o muitos mortos r.a Gar.ran 1'a , e go. FC n1ontando em outro cavalJo Alexar.dre de Souia foy applaudido gerahucnte de todos ccn1 o encarecin:er.to c.l ue havia ffi__~,:cido o ku Yalor. Accrrranhot;-o ft u hn1a Bernardino de Tav ora, que o itnitcu <.om tnta ifralcace, que en1 defenia fua pelejou lar[ O tfp~O, e cem as frOprias 1naos mato li l~OllS 1\'lolircs. Recolhco-fe Alcxar.(~re Je Soufa , e na<i teve efr~ anr.o rr.ais occafi;. C.e cc11tinuar a boa fortuna do princirio do i eu governo. NonKou ElRey efie anno por Vice-F ey (~a In- Succeff~s dia ao. Cond~ de S~arzedas, eleia que pror.ofiicava o ~~\.-!~~~a. remedto daquel1e El:c"LGO' ror concorrer{m r.a f oa do o Concey Conde todas as virtudes' e qualidades' <;re r l"C1 (ra rt- de barz~. fuicitar as nu~ mo rias 1ncrtas dos anti~os Ykl-R cys , a das. quem dignam\2nte a fama fez inunortaJmente cekcrc~ no mundo. Chegou a Goa com feJice navegaa , e rara fl1Ufirar , C01110 era jufio, a igualdade da fua jLfiia, r ren. deo D. Draz de Caftro , e a todos cs :uazes cue I-.avia frend~D. concorr1do na tyrannia l~O ftu goven,o 'c rri7:? <.'c CLn- CraftiO.e cle de Obil~os' os rtll:Etteo rrezcs a efre Reino' rara que foilem fentenccacos, conforme as fuas ct1lp2s nicreda' o que na fucceclco {fll gravifl:mo rrejtizo <.la confervaa daquc.11e Efrado. Ccmcou o Conde a c;_uerer pr em ordt'tTI os n1uitos dekoncertos a re ad~~ya devia acudir , n'1 encontrando muitos meyos proporcionados para os emendar. O negocio ~ue lhe davajth?mente mayor cuidado era o aperto Enl 1. e ~ ach~vn a I 1 Ja e Ceila, e obrigado das muitas circunfl:ancias <;t!e acrrcita vao cfra noticia, COffiEOU a fazer Var8S preVClieS ra.. ra mandar a Ceqa hum grande foccorro , que fe defvanecrao con1 a iua n1orte, de que parece : originou a ultima defgraa ~ue padecemos nas_uella Ilha, que he
1
483
r{
Hh ii
pred:
484
I6j) cado o coacluiremos ne~e anno, fuppofl:o fer a cntre!!a de Columbo no feguinte de 1656. .., No principio dei1e anno fez GafparFirueira de Succc~o~ S~rpa, de cujo valor j fizetnos memoria , tf apera de Ccllao. guerra a E!Rcy de Candia , que o r~duzio :.10 foc~F-O , de que o tiflha divertido as negociacoens dos Hobndezes. P7rfi!l:~a ~ntonio Mendes Aranha no a1ojamen~o qu'! havta fetto JUnto da Fortalez;t de C:1latur. Deiejavao os Holandezes refl:aur-la , e para efl:e fin1 nland,ira:S ."tlguns navios, que lan:ra gente e1n terra perto d.1 Fortal~za : catninhra para o alojamento d~ Anto:li0 :v~tldes, e parecendo-lhe a elle aquelle pofi:o pouco feguro, d\!pois de o defender algumas horas , feretiro~ p,1ra a Fortaleza. PerfiiHra fobre ella os I-Io .. landez:!s dez dias , e conh~cendo que para contral:ar Sitia.:> os 3 valor dos deenfores era neceEuio tnayor pod~r, iHoJande- bendo juntamente que havia entrado na Fortaleza :zte:; ~Cala; cinco Companhias de foccorro, levantra o .fi tio, e fe ur~. e 1e , retira. en1b arcarao nos nav1os. que os aguardavao. D . Braz de Cafl:ro , que ainda nefre tetnpo governava a Jn.. dia , h~via maniado a Antonio de Soufa Coutinho a fucc~der no Gov ~r ao de Ceyla6 a Francifco de Mello de Caftro. Partio de Goa com t;is galeotas , e dous pa.. taxos, em q1..1e levava qua 11tidaJe de dinheiro , muni.. oens , e 1n1ntim~nto~. O defacerto dos Pilotos o le.. 'VOU a aviftar a Fortaleza de Gle. Os Holandezes re... conhece~1do as embarcaoens por noiTas , e deiprezan:- , do-as por pequenas , fahira6 con1 dous navios a _buf.. c-las. Antonio de Soufa que era coi1umado a deipreQ_uer pe- zar m1yores perigos , pafiou ordem que o feguiferu leJa~ Adn- 1os C1nit1:!ns d1s en1harca-:>~ns qu~ levava , e tocan~~n~~a ee do clarins, e caixas ps a proa aos !1avi<:s inim~~o~ qt~e pela fra- o bufcavao, os C1pi_taens m:~nos a ntmoios o nao iegulquez~ ~os ra. D23 elle a prhneira car~a, e vendo-fe ~efatnparado, 3 1 t'' fe fez na volt::t do mar, e ajudando.fe de velas, e remos ;ra~ai.~: apartou en1 Jafan::tpata quarenta legoas de Columbo; !c:n'~!: das mais embarcJ~oens da fua conierva dexa. duas cofl:a.,..
-J -J
PORTUGAL RESTAURADO,
f ies
dua~
~ p A~TE I. LIPRO XII. 48) em Coll}n1bo , e~ hun1a foy a Jafanapata com Antonto de Souta. A deigraa defre ioccorro au- Anno gn1entou o animo aos Holandezes, e desfalleceo as efpe- I6SS ranas dos nofios toldados , lamentando todos o infelice efl:ado a que fe havia reduzido os Portuguezcs defenfores da India , procedidos dos valorof0s conquiftadores que havia fiJo terror da Africa, e aTombro do mundo , e todos con1 inf:dlivel difcurfo aTentava, que na e havia diminudo nos Portuguezes o valor herdado de tantos feculos , .que era itnpoflivel extinguir-fe, e verificado em muito continuas etnprezas, em que o esforo pefoal de cada toldado era hum vivo exemplar s Naoens n1ais remotas: porm que a caufa da adverfidade, que fe experimentava em varias occafioens , era procedida da relaxaa dos col:umes, que havia totalmente el:ragado a obediencia , voto , que iuccedendo quebrar-fe na eftreita religiao dos ioldados , na ha apofrafia a q~e na fiquem ~xpofros. Antonio de Soufa vendo dilatar-te poder chegar a Colurnbo , por fer pafada a mona de navegar para aque1Ie porto, fez avifo por terra ao General Francifco de Mello, pedindo-lhe q u izeffe mandar ao porto de Pu te Jao , quinze legoas de Columbo , ao Capita mr Antonio Mendes Aranha com algumas Cotnpanhias que o comboyafiem. l"ranctfco de Mello fez logo aviio a Antonio Mendes que el:ava em Cala tu r: acceitou elle com grande gofi:o a em preza , ainda que era difficultofa , por lhe fer precizo paTar mui tos rios , e rotnper a afpereza de mui tas ferras vil:a da Fortaleza de Nigumoo, e por muitos lugares delRey de Candia. Efcolheo fetenta i o ldados , chegou a Columbo , e feguindo-o voluntarios mu 1tos dos Portuguezes cafados naquella Cidade , parti o della nos primeiros de Julho. Em oito dias chegou a Putela, aonde affifi:ia f hum Portuguez, e hutn Padre da Companhia de JESUS, fez aviio a Antonio deSoufa da fua chegada. Havia elle prevenido com grande trabalho vinte e tres navios de remo , que fez carregar com man tirnentos, e roupas, e prompto efi:e foccorro partio para Puleta, aonde chegou a cinco de Agofi:o acompanhado de Antonio de Amaral Genera1 de Jafanapata, de duzen-I
uas
entrar~o
Hh i
tos
486
PORTUGAL RESTAURADO,
tos Portuguezea , rnil negros a que chamava de guerra, Anno e trinta mil Xerafins , e outras prevenoens, de que pre1755 cizamente neceflitava Columbo. Dous dias fedeteveem Chega_ ~utela6, e defpedido Antonio de Amaral co1n a gente da ~ntom? fua Fortaleza, partia Antonio de Soufa para Columbo :c~~~~~~~ chegou quella Cidade dezanove dias depois da fua partifoc.::o~ro a da. Foy recebido nella com grande magnificencia , e apColum- rL.1 ufo , por fero pritneiro General que havia confeguido boo entrar no !U governo rompendo aquelle ferta , e vencendo ta grandes trabalhos ,. e difficuldades. Cedeo-lhe ~rancifco de Mello voluntariamente o governo , porque ie achava muito opprimido dos cuidados da contingencia daquella guerra. O primeiro fucceflo do governo de Antonio de Souf:'1 foy receber avifo de huns Capites da gente preta de Nigun1bo, a que chamava A raches, de que efiava conjurados com outros Officiaes, e Soldados para haverem de paflr a Colu1nbo. Reiolvendo-fe Antonio de Soufa a mandar bufc-los , encn1~ndou efra em preza a Antonio 1\iendes Aranha, advertindo-o da vigilancia, e cautla ~om que devia proceder, por na haver caua que :!guraffe o avifo dos Araches. Partio Antonio Mendes , e amanheceo embofcado junto da Fortaleza de Nigurnbo. 'I'eve avifo por huma ientinella que os Araches fahia -: defcobrio-fe da embofcada para os receber a tempo que havendo fido fentidos , fahiao os Holandezes a bufc-los. O tetnor lhes fez apreflar a marcha dcforte , que antes de padecerem prejuizo algum, fe encorporra com Antonio Jvlendes. Recebeo elle o impeto dos Holandezes, e ajudado valorofamente dos que fugira, pelejou largo efpaco, e obrigando aos Holandezes a fe retiraren1 com algu1~ dan1no ~ ie reco1heo a Columbo com os que fug1ra " que por todos era cincocnta. Fora muito bem recebidos de Antonio de Spufa por ferem valorofos, e pra-. t~,;:os nas difpofioens dos Hol~ndezes. Con1o as prevenoens- pedia toda a brevidade , partio logo Antonio de Soufa :1. vi"fitar a Fortaleza de Calatur acon1panhado de .Antonio lvfendes ,. e achando haver na Fortaleza grande :f:llta de fo\:.tificaoens ,_. c manti1nentos ,. lhe applcou o remedio
487
remeclio poffiveL Voltou para Colmnbo, e dentro de poucos dias cheg<irao, ordem de Nicolo de Moura, de Jafa- Anno napata os vintl.! e tres navios a tJo bom tempo, que na 1 6~ S rnefina tarde occuprao es Holandezes a barra com doze Occ~pa navios de guerra, cotn que tinha fahido de Beta via Gerar- osHola~ do Huld (que havia iuccedido a Joao Manfucar) defron- fcz~s A._.. te da Fortaleza de 'Iitueicry, totnjrao em hum barco ~~~d: a ~u1n Portuguez, que lhes dco no tida de tod_os os fuccei: barra de i os de Columbo. Derao fundo no porto da iua Fortaleza Columbo de Nigumbo dez navios , porque os dous ficra guar dando a col:a , e delles defembarcrao onze Con1parihias, dez de ildados, e huma de n1arinheiros. O General ajudado da guarniao de Kigutnbo , e da gente preta de que fe fervia, que era em grande quantidade; e ordenando que marchalem de vanguarda duas Companhias con1 a gente preta a ganhar o pafl'o de Betal , por ier muito itnportante para o ieu intento , partio a dar-lhes calor com o refi:C> da Infantaria. Foy tanta a quantidade de agoa que choveo, que nalhe fendo poffivel executar efi:e intento, fe tornou a retirar para Nigutnbo, e dentro de poucos dias tornou a embarcar toda a gente, a que fe unira o dous navios n1ais que viera o de Gle.Nefi:e tempo havia chegado a Columbo tres galeotas, que Sima Gomes da Silva Capitao de Coalim mandou de foccorro ~ carregadas de mantimentos. Pro1nptamente ordenou Antonio de Sout que fe introduzifem em Calatur os que erao neceffarios para bafl:ecer aquella Fortaleza ; porm as grandes chuvas haviao deforte multiplicado as agoas dos rios, que nau foy pufiivel entrarem em Calature todos os bafl:imentos qne erao necei.:Uios, de que depois injufiamenre fizerao culpa a Antonio de Soufa , como fe e1Ie eil:ivera obrigado a ven... cera oppofiao do tempo. Chegou nefl:e ten1po a Colum- Entra noe bo hum grande foccorro de Tutucori, que confiava devo foccor.. vinte e tres embarcacoens carregadas de n)unicoens , e rocmComantimentos: na f~ltou dellas mais que hum~ galeota lumboe de Cochim que arribou a lVIanar, livre dos Holandezes, por~~e a crefcida corrent~ das ag_oas os, na? dei~a~.,.a 1hir de :t\tgumbo , e pela n1eima cauia ialvara os Cahas hum pataxo que defgarrou , trazendo-o toa para ColumHh iv bo,
ie
.f8.8"
PORTUGAL RESTAURADO,
bo,. diligencia que Antonio de Soufa lhe mandou paP'ar Anno con1 duzentos Xerafins. Recolhido;efte foccorro, appa~eI6S S ceo vifra de Columbo a Armada I-Iolandeza, .e dt:ixando fobre aquella barra feis navios, paffra os mais a Cala tu r ; e confiderando Antonio de Soufa quanto lhe era 11eceffario procurar todos os nteyos de f~ defender rlo grade poder que o ameaava , 1nandou retirar para Columbo das frontei~as de Candia, aonde ailifria, ao Capitao mr do campo Gaipar Figueira de Serpa com toda a gente queeftava fua ordem' por lhe nao ier polfivel rebater' dividido , dous. inin1igos tao poderofos, corno os Holandezes; e ElRey de Candia .. A vinte e tres de Setembro chegrao os Holandezes. a Calatur .. Sahio a Infantaria em terra-em a Serrinha de Macune: Un4>-fe ao General o Governador de Gle com toda a guarnia daquella Fortaleza. Com grande diligencia levantrao trincheiras , e fizera bateIrias , ainda que com pouco numero de peas , porque era o f tres, e hum morteiro. Chegou efte avifo a Antonio de Soufa Coutinho , e com grande diligencia mandou foccorrer a Fortaleza pela gente da Armada , e tres Companhias que pertendao ao meiino prefidio. Sahio efta gente de Columbo,anoiteceo-lhes no Morro,aonde fizera alto , e intentando Manoel Gil embarcar no porto de Pa nitur com doze i0lclados. em hum a pequena en1barcaao, a que chatna cataponel, antes de chegarem outra par- te do rio , recebrao algumas cargas dos Holandezes, (_lu e efiavao oppoftos a efi:e intento; e ficando alguns mortos ,. e outros fe11idos , os que efcaprao puzera tao grand\! terror nos foldados que fica vali no porto, que todos fem aguardar outra refolua fugira para Colurnbo. Efla defordem foy a primeira caua das deigraas de Ceilao. Havia chegado a Columbo Gafpar Figueira de Serpa, tratou-fe con1 todo o calor do foccorro de Calatur, ainda que com pouca efperana de fe coniegu ir ,. por terem os Ho1andezes forti.f.cado o paflo uo rio de Panitur ,. que era o c~minno mais. facil para fe- confegu ir o foccorro da- quella Fortaleza. Ajudou a cfra refolua a entrada no porto de Columbo de quatro galeotas que vinhao de Goa, de que os navios Holandezcs na dera vifta pelos encohrir
489
brir hurna nevoa. Trazia tnunioens , mantimentos., e duzentos homens que havia chegado do Reino: porm Anno como a mayor parte de1les era d~gradados P?r grave~ dt- I6SS liaos , hutna das principaes catlfas da defrnua do Efia do da ln dia, vierao a ter mais uteis conquifl:a dos Ho1andezes que nola defenfn. Con1 efie foccorro prefez Gafpar Figueira feiscentos Infantes, ~alguns Chingals, e marchou a dezafeis de ()utubro a ioccorrer Calatur. N eil:e ten1po havia os Holandezes fufpendido as bate.. rias que jogava contra a Fortaleza, por terem infallivel noticta, que na Fortaleza fe padecia tanta falta de mantimentos, que era i.mpoffivel deixar de fe render, fe na foiTe iccorrida. Com efie aviio applicarao todo o cuidado , e diligencia en1 fortificar os paros, por onde podia introduzir-fe gente na Praa. Aguardou A~tonio Mendes o foccorru que fe lhe havia promettido at chegar ultima mieria , nao perdoando para o fufiento dos foldados aos animaes mais immundos. Depois de chegar ultin1a extren1idade , e na fe rendendo o feu invencivel valor com a debilidade das foras corporaes , props aos Officiaes, e Soldados, que feria mais util fazer h uma fortida etn que rotnpendo pelos Holandezes fe pudeff(n1 falvar nos matos vifinhos. A difficuldade da em preza, e o pouco vigor a que o muito trabalho, e falta de mantimento havia reduzido aos fitiados os impo.ffibilitou a confentir na propofia de Antonio Mendes, e todos, com os coraoens tao feridos cornos os peitos, concordra em que fe entregaffe a Fortaleza aos Holandezes. Fizerao fin~ con1 os tan1bores da fua re~cluao : alegres adrnittlrao os Ho1andezes a propofra , iahio a tratar das capitula- Capitula oens o Capitao Marcel1o Fialho Ferreira, e vencidas al- es cona urnas duvidas, que de huma,e outra parte fe propuzera, que fc en . Fo~tal e aJU fr ou. n. ah1r os fi1t1ados com arn1as , e ban det- treaa a "-.!Ie Iuem ras ; que os cazados pafafem a Colutnbo , os foldados a de Portugal, ~ OfF.ciaes a qualquer dos noffos portos a turc. Co_fi:a da ~ndta que os HC?la_,ndezes elegeflem : que as reli qutas, e tmagens pafanao com toda a yeneraa , e a roupa que os foldados levaflem feria refervada de todo 0 prejuizo. Na Fortaleza fkrao cinco peas de artilheria,
caf::
quan
490
PORTUGAL RESTAURADO,
quantidade de munioens, e alguns Caftes cativos= fahi.. Anno rao della os fi tia dos a quinze de Outubro , fora remet1655 tidos a Gle , nao fe~ fufpeita_ de haverem ti~o rifco de fere1n degolados , de que ie affirmava os h vrra o Capitao Joa Fias e.ntigo naquella guena , e que havia tido grande comtnunicaa com os Portugue. zes. 1: Gafpar Figueira de Serpa, que havia ficado alojado no Morro com intento de foccorrer Calatur, na fabendo que havia rendido , mandou ao Capita Domin... gos Sarn1ento co1n feis Compa,nhias a impedir que os Ho-landezes pafafiem o rio para a parte de Columbo ; como lhe affinnou que intentavao hum Chingal que trazia en.. tre elles: marchr<:16 com diligencia, e achanbo mayor poder do que confi.deravao , forao rebatidos. Chegou ef.. ta noticia a Gaipar Figueira , marchou a foccorr-los , e havendo caminhado pouco efpao , deo vifra ao amanhecer dos Holandezes qu '"~ marchavao a bufc-lo com tres batalhoens que conftava de 1600. Holandezes, e 400. Bandenezes, e grande numero de Chingals. Era fo quinhen.. tos Portuguezes os que feguia en1 hum Batalha a Gaf~ par Figueira: porm elle, que era ftitnmamente valorofo, e cofrumado a vencer, na reparando na defigualdade do numero, marchou a pelejar -com animofa confiana de ai.. canar a vitl:oria. Chegando a q nerer atacar os efquadres contrarias, do centro dei!es ( abrindo-fe a vanguarDesbara- da ) ~ difparra tres peas de artilheria , carregades de fa~Ho- blas miudas, en1pregadas cotn tanto effeito, que a maG~f~~ yor parte dos Soldad0s , e Officiaes da vanguarda de Ca:.. Figueira.~ par Figueira cahirao mortos, e feridos. Na~ defmayou el.. Ie com efra infelicidade , tornou a unir o Eiq uadra : porm o tempo, que gail:ou em fonnar os foldadus tivera os Holandezes para carregarem fegunda vez as peas de artilheria. Difparra-nas cotn igual effeito, e foy _de qualidade o eil:rago que a noffa gente recebeo, que i em valer a Gafpar Figueira a grande diligencia que fez pelos tornar a unir, a mayor parte dos que efcapra voltra as cofras, e os que acertra a efrrada de Columbo parra nas portas de Mapane, que fkava para aquella par~ te!.
ie
pitaes Sebafiia Pereira, e Joz Antunes, que f efcapra de onze que levava,. ainda que coin algumas feridas ta leves, que lhes dera o lugar a poderem marchar, e dos Caritaes refonnados .1\lanoel Fernandes de .1\Iiranda , e Manoel de Santiago Garcia , retirou os feridos que lhe foy poffivel, pelejando valoroimente na retaguarda at as portas de J\1apane. Os Holandezes voltra fobre os que ie recolhra ao mato , e na perdoando a extorfa; ou crueldade, pa1Trao efpada os vivos, e acabrao de matar os n1oribundos, fendo Joao f"Ias author fanguinolento defia tragedia, por fer mortal inimigo da N aao Portugueza , e nafcer a piedade ui ada com os rendidos de Calatur de indufrria , para chegar mais facilmente ao fim pet tendido da nofa del:ruia. Forao os que experimentra mayor damno os que novamente havia chegado do Reino , padecendo ordinariamente na guerra os menos anin1ofos os mayores efiragos: Forque defarnparando as fileiras , e defunindo-fe dos corpos forn1ados , corno pattes corruptas , e deinimadas delles, padecen1 fem refifiencia a ultima extremidade. Ficou Joa Fias ferido em h uma fonte , e perdra os Holand~zes quan~id~de_ de gente. Entre os mortos defra occafia foy a mats tenttda a de Francifco Antunes, por fer n1nito pratico em todo o ferta daquella Ilha , e por haver logrado effi varias occafioens acoens maravilhofas. Ao primeiro rebate que fe deo em CoJumbo acudi o Antonio de Soufa Coutinho, e Francifco de .1V1ello porta de Ma pane, e reconhecida a perda , e o efirago da gente de Gafpar Figueira, foy deforte o terror de todos os da Cidade, que a j ulgrao entregue aos Holandezes,e acud!ra a reparar o damno que a ameaava na f os foldados , mas tan1bem os Religioios ,. decrepitas, e enfermos. Retirara-fe os Holandezes, foceg~ra~fe os da Cidade, e no dia em que fe perdeo Gafpar Ftgueua, que foy a dezafete de Outubro, at a quarta feira feguinte entrra nella foldados que na efpefura do mato eicapra das mos dos Holandezes. Antonio de Soufa , reconhe~endo o aperto eiO que fe achava ~ d=termlll()y
C' PARTE I. LIVRO ..~.YII. 491 te. Os que havia de prox~mo ch~ga~o do_Reino fugra6 pelos matos vifinhos , e Gat par Ftgueua aJudado dos Ca- Anno
I
65 S
:492
PORTUGAL RESTAURADO,
1ninou avifar ao Conde de Sarzedas novo Vice-Rey da Anno India, fiando juftamente do feu zelo, e at1ividade, na I6SS dilataria o foccorro quella Praa, fetn controverfia a mais importante do Eftado daindia. Offereceo-fe-lhe para efra commiffa o Padre Danliao Vieira da Companhia de JESUS , fciente na profifa da Theologia, pratico etn varias linguas , e ta o valorofo como veremos em varias occafloens em que fe achou nefte fi tio. N ao lhe acceitou Antonio de Soufa o offerecimento, e elegeo a Francifco Saraiva, natural, e cafado em Manar, que com mais protnefas que execuao acceitou fazer a jornada ; porque chegando a Macar, perfuadido do defcanfo de fua caf, na o paflou adiante , e mandou as cartas a Jafanapatao, advertindo que com toda a diligencia fe remettefem a Goa ao Conde Vice-Rey. Crefcia o aperto de Columbo, ailitn pela falta de mantimentos, como de remedios para os feridos, e enfermos, e fendo muitos os que havia nos hoipitaes padeciao lafrimofas incomodidades que mayor parte delles tirrao as vidas. Os Holandezes feguin. do a fortuna da vitl:oria , chegrao viita da Cidade , e com tanta refoluao avanrao alguns poftos exteriores della , que efii verao em riico de ferem prifioneiros Antonio de Soufa; e Francifco de Mello que fe achavao no fi.. tio de S. Sebaftiao, que determinavao fortificar, por fer aquella parte a que o inimigo porn1ayor commodidade havia de bufcar, como fuccedeo, para dar principio ao 5itio de fitio da Cidade. Retirra6-fe a ella os dous Generaes com Colum demafiada prefa, por fer aquelle pofro capaz de fedebo. fender com pouca gente. Ganhado elle , ie fizerao os Holandezes fenhores de toda a circunvalaao da Praa? que ficava fra dos golpes da artilheria. Antonio de Sou ia paffou com brevidade mofrra a toda a gente que havia na Cidade, reencheo como lhe foy poilivel as Con1panhias que forao desbaratados com Gafpar Figueira de Serpa, e elegeo novos Officiaes para todas as que os havia perdido. Mandou occu par dous pfl:os exteriores , ennentes Cidade, pelos Capites Manoel Caldeira, e Alvaro Rodrigues Borralho : guarneceo Manoel Caldeira a horta do Mota , e Alvaro Rodrigues a Hernuda de S. Thon1 , affil:idQ
fifriclo do Fal~re i.i..n i~o \ iora, Sl e truzi~ ccn,fgo tres foh~al~Os cem Y~ni~:s ~-.rn ~s (.\ fcfo, e c:t:ant1Gf!de (~f: 11.11- Anno nico ens, e ccn1 anin o iLtrerico era vr:Jcrcio dt ft nicr 165 5 d~s Ffros em que i e acl~aYa. Quatro cias ~ dcfet~(.: tl2 cfres J=fros, e nao .:nco fC1livd 1lifrent-los tnais tlm[ o, Difrofi Iecolheo o Ccncral a lnf2rJtur!u rara a Lica(:e. r.ra fl'~l~- c_nns da; de a dilif:encia com c t:e nella i e trabaH~ava , fcnd o c~ R e- h;nfa. Jigiofos uos ptimcircs c!t:e conccniao a c fia virtuofa cefe. .nfa : augment;ir~c-fe r.os b:th1 artes os tenarler!os, crgroi1~ira-1e os parapeitos, e tcl.~as. as mais difr~fcnis conrefpo.ndb grandeza ca ~ca a C1 Ue fe diirunL:".. Gafpar lisucirJ de Serra acudja cem p:rande diligencia a todas e fias orer~oens. !\ove dias gafi,~rao os H olandez~s en1 levantar rlataformas ' e r rerarar as baterias que 11aYiao Jc jogar contra a Fr2a. O.s que affifiiao nella }"'OUCO praticos nefras oifrofioens , efiL1Yao perfuaclidcs a que o~ HoJandezes nao trazi<1 a~tilhLria grofla para bater os baluartes, e que fem ella ietia f2cil a defenfa da Cidade. Porn1 r~a rnanha de vinte e oito de Outubro fe defenganra defra in1prudente efFerana, comeando a jogar doze peas de tres l-aterias, f.bricacl2s nos fitics Baterias Nofa Senhora de Guadalupe, S. rhom, e S. Sebafriao, dosHol~ fendo o calibre das menores blas de dezoito libras , as ou- dezei. tras de vinte e quatro , e trinta e dous. f'icavao cfras baterias duzentos pafTos difrantes da Praa: e ao dia feguinte 1evantra6 outra em ht1n1a eminencia, 1nenos de ccn1 pafTos do baluarte de S. Joao. Foy grande o efrrago que as blas da artilheria fizerao, na o f nos edificios da Cidade, fena tan1bem nos baluartes, fendo neccflario em breves dias reformar todos os parare1tos a que ellas chegavac. Antonio de Soufa Coutinho affiiHdo de Francifco de Mello , de J\lanoel Marques CaFitao mr da Pr2a , e de apar Figueira de Serpa , em continuo movimei1to , icll?ie render a fetenta annos de idade em que fe achava , ~:lEitia em todos os pcfios n~ais arrifcados, e em t0c'a~ zs lartes em que 1nais fe necefiitava da fua reffoa. I\.. ao era n1enor damno , que o dos Holandezes, o que fazia a r.m bia6 de muitos naturaes, qtie cofrumadcs a viver de onzenas, e latrodnics , nem o 11erigo in1minente que os anlea~va,
PARTE I.
L~ Ir RO
J.Yll.
493
49-1-iV.l, OS
fazta abfr~r da corrurao Jefi:es vicias ta l10C Anno vos, e abom in1v ~is aos foldados, que os contava por 165S tn"lyor~s inimigos 9ue os l-I~bndezes : porque paiira a t ln to excefo, que liltroduzirao na Praa. n1oeda de ouro ftH, e a de prata, que valia hunLl tanga , a fazia6 correr por quatro. A~Je~n d:!il:as incomodidades foy caut outrc acd~Jente de fe coniderar n1ais duvidofa a coniervaca da Pra1: porqu~ ao ft~gunJo dia d1s b~1terias, fugia para o inimigo hun1 Hobndez haandu Joa da Rofa , criado de S:u1ta J\'lan Engenheiro dJ. m~fma Naa6, que havi..1 afiiftido s for~ificaoens daquella Praa , com todas as plant1s della. As noticias que levou dera luz aos I-Iolandezes a que encaminhafl;!m as baterias aos baluartes S. JoaO., e Santo Efi:-.!V;I, de que era Capitaes Manoel Correa, e Louren:> Ferreira de Brito. Refazia elles com grande br~vidade o prejuizo que recebia nos baluartes, fazendo novos parapeitos de faxin1, barro, e pahneiras; e a mefn1a diligencia fe fazia em toda a circumvallaa da Praa. O baluarte que prim~iro paJec~o 1n:1yor rui na foy S. Fra'l.cifco Xavier, d-~ que era Capita 1\1anoel Caldeira Je Brito : affiHo ao repJro, por o r Jem do General, Manoel Rodrigues Franco, que o refunnou con1 tanto cui d1do , que ficou m 1is def~nfavel do que antes efi:ava. Com a ruina d~fbt pritn.!ira br~cha fizeLl os Hola:1Jezes a prim:!ira chatnlua: m Lld~u .A 1tonio J~ Soui faber o qu ~ pertendia , e recebeo h uma carta do General Gerardo :f?:ulJ, que contiaha arrogantes razo~ns, p~lra_qu: 1o &o fe lhe entregafe aqu~lla Praa, e ameaos fe 1e ~tffe nf~ a entrega della. Refpondeo-lhe Antonio cleSonia pelos m ~Cnos tennos, e irritados os fitiados , e expugnado.. t~~nta:l res, jo ~jra c?m m1.yor furia as bateri ts de hunu., e ouos Holan- tr .1 p wte , re~.:!Dendo da nofa os I-Iola:1d~z-:-s confideravel dezes ga- dam:1a. Ao rotnper da manha d~ doze de Nov~n1bro ennhar co:n tcira pelo porto tres 111Vios dos mais po..lerufos da Artres oFor- m1cIa H o Ian d eza, e navegan d o para a b a.11a co1n vozes, 1 vias nate de San- caixas , e tiros, emprendra ganhar o Forte de Santa ta Cruz. Cruz. El:a na6 huaginada rcfolna deixou confufos os fiti:1Jos: aniinou a toJos com grande valor o P~dre Danli"l:.S Vi";!ira; e foy o priineiro que entrou no Forte. Co1n
PORTUGAL REST.JJRADO;
ofeu
ofctleXfiT.flo ~-ll'rlt;.lo a l~ch:n1a <.~c11a nnlt(l~ CfFcia(s, e Soldacos, e f.-.zcJ.(~o jcp:tr a1fxn~as r(.a~ de artilhcria Ar. no contra a no Civitas, c,l c- vinha diante, cm rreye c-ii a- 1655 coa dc1arrarclhra, as <.-l1as ficra mais longe, mas trn~bcin padecr~ grande {1 ~11Hlo. Os da no Civit~s, que {:fcarra das l !as, ie nxttira (fi Lu ma lancha qee tr2!7.ia para fa1tarcn1 en1 terra, e fora deiembarcar defronte de S. r-1 hom.e. Ven('o Joa Fias, que efiava com ft-tecentos Infantes aprarelhado para ajudar quinhentos qPe J1ia nos tres navios fe confeguif1en1 ganhar Santa Cn1z, o mio icccfro del:a enlpreza' nao defmayou do intento cl c ue fe enc;;minh3va, e araltou furio1n1ente o foflo, obrir-~do os ic~lda.dos a cue n1arcraf1em a rrar:har a colnaa. o rrin;eiro im[eto. e retirrao rara <J\'lnrane aJguns o" ncf.os 1o1da.cos, rorm Gafrar figt1eira de Serra, c::ue a1f.lic1 na porta c:e S.]Cia que ficava d;.Hil!ella rarte' acurlio va1orofan~ente 8 (kfend-la.affifrido co Padre Antonio Nunes da Com~~anhi~ de JESUS, de Joao Cordeiro, e Manoel de Almeica , c,tle recebeo onze feridas nefia occa11a. Sufientou o ~ c:ue os Holandezes carr.inbavao, ea feu exen1plo acUdlraO ce outras rJ.rtes Ollt!"OS fold;:K10S valorofos, que Gbri!~ra aos Holandezes a ie retirarEm , deixando todo aque!Je dil:ril:o coberto de mortos. Cc- Rctiratno a diverfao para o afialto de Santa CnlZ eftava cifrof- Jfc ods Ho.l .c an per ta por tOl!a a C!rcllffiierenCia d a p raa , 1nveft"10 o Genera] comczes rle Holanda rela porta ca Rainba com oitocentos Infan- da. tcs efcolhirlos que trazia oefc.1das , e outros in.fi:rrmentcs :rorn~ a ue expt~gnaa ; era-lhes necd1rio raf'arem huma ronte, mycfiu. e na ienclo larga tTcel--ra grande damno dos 1:-aluartes S. Sebaftia, e Santo El:eva. AfEfria na porta da R ainha o Capita Alvaro Rodrir.:_ues Eorralho : gt~arnecco com dilit~encia },uma banqu~a, que de novo fe havia fabricado, e acabando os Holandczes de pafTar o rcrigo da ponte fe form.ra diante da porta , e como efiavao dekobertos recehra confidEravcl perua ua artilht:ria, e mofqueteria, que dos baluartes, e cortinas contra el~ Jes fe jogava. Tres vezEs fe retirou o General de Holanda, e outras tant~s tornou a invefrir, na ultima, (ando l:redito a hun:a noticia cle que no baluatte de S. Jo~:i t:f:. tava
J-l./}E~E
I. LIT.,PO
:X~ll.
4c5
rofro
496
PORTUGAI.J RESTAURADO;
ta v a arvorado o El:~1nJ:1.rte de I-Iolanda, con1 valorofa re-: Anno foJua chegou at s portas da CidaJe, aonde recebeo I6SS h.t bMa em h~o1-1 p~rna, e nos braos de algunsfliciaes, e poucos Solda~os que o feguira, fe retirou para o feu quartel. Ao mehno te1npo dos tres affaltos referidos , inv~Hra por hutna lagoa, que defembocava na Cidade, oito p:uos com duzentos e quarenta toldados: fahio areceb-los Domingos Coelho de Ayala Capi ta mr das 1nanchuas com algun1as que o iegu!ra, pelejou valoroi... 1nente; e vendo que os I--Iolandezes ilt'lvao en1 terra, fez a mefma diligencia, e occupou primeiro huma trincheira que defendeo com poucos oldados. Vendo os HoIandezes aquella refilencia , entr r ao na Cidade por hum a Entral> os guarita gue achra defoccu pJda : porm reconhecido o !(olan p~riga fe acuclio qu~lla parte, fendo os primeiros 1\iatJ:d~.a noel Rodr_igu~s Franco , e o Padre Franci~co Rebello PIhares, Vtgano da Vara, ern quen1 derao com duas h, las, e o Capitao Manoel Fernandes de Miranda , iem embargo de fe achar na can1a com t~ntas feri1as, que depois de pelejar largo efpao cahio dein1ayado de muito ingue que lhe fabio dellas. Os Ho1andezes vendo aquelle fi tio co111 pouca defenfa m.archra pela rua : porn1 deteve eft:l refoluao o Padre Dan1iao Vieira, que com a noticia deffe fucc~ffo chegou quclla parte con1 alguns foldados, e ufando das varias anuas de fogo que trazia fez grande dan1no aos Holandezes, principaln1ente con1 hun1 bacallllrte a que, por fer grJnd~ , e o ultin1o com que atirava, chatnava o feu r~fpeito; porque como as blas que Ievav:t erao tnuitas, e a rua efrreita , poucas houve que deixaffern de fe empregar, e tornando a carreg-lo fegunda vez o difp~UOU COlll O mcfino effeito, nao fen1 prejuZO feu por lhe fazer tao gr;1nde bateria que cahio no cha n1uito mal f~rido na mao direita. Tornou a levantJ.r-fe, e acudio-lhe Antonio de Mello de Cabo com a fua Corapanhia, e Ol! ~., rcba- tros n1uitos Officiaes, c Soldados: porq u~ nefi:e t.:!mpo 1e ttd;s de tinha oos Holandez~s retirado de todos os rol:os por onto as as p.lrtes cJ d ~ h.tviao avanado, e os que efravao na Cid~de defefipe__ _ na:1dc rados do foccurro fe rendrao , i~ndo fetenta i os que cipcrda. c:1p~irau, quafi todos tao tnal f...!ridos , que pow.:os deixrao
'497
Anno 1655
rel_o Pat~re l"'::n.i~o Vidra. P~rd~t~a os .Holantkzes ntilc ~fl?!to mai~ d~ n:,il h_cmcns;
dos httaJos er:tre mortos , e tc-nccs faltarao fo tnnta. O terror ue havia caldado o impt to ds prin1eiras horas co athtlto , fe Yoltou en1 alegria con1 o tdicc remate dtl1e, nao havendo faltado nos l-ioland\:..zes todas as ~coens valorofas qtl~ fOclia fer utei~ gloric1 Cll1fl"EZa que intentra. o dia h.gt:intc ' que ie contaY20 tres ce Novembro, fe enterrrao o~ mortos, e fe rctirra trinta f<.as ce artilheria, e quantidade de mantin;entos (~O navio Gt:e cs H o- Tira 09 landezcs perdr;,:., e tt!do rvio de f'Tanc utlit~adc ~os Pof~os a fitiados, e en1 todas efras operaoens teve grande part~ 0 ~nilhe- ~ ' 1arao e n1a t Pa drc D annao \1I~tra. 0 s H o ]annt:ZfS cannn 1 _, crn1 na emos.. hum aprochc ao baluarte e S. Joao, e h:v~_ntra hun1 r e- J~ na\ io dul:o menos de G_uarenta palos ddle, cm cu e riantra HoLda_ -1ete peas de artilheria; e receando-te o Genral de h v ma -cortina, que corria da CourtJa a S. Jo~~o, fez com grande dili<Tencia tcrrarlena-la. O n1ein;o ie exectltou fm outra, q;e ie efi:endia por mais de 400. braas co baluarte de S. J oao ao cle Santo r,frevao' ror havc:rcnl os HLJan~e ~es levantado otttra plataforma ~ontra ac:t:e1le r c Ho; c como era ta imrortante a defenia el1e' erao os rr:meil"OS, que acudi ao ao trab'_llho de fortif.car, o General , e :Francifco de Ivlcllo, e a ku exemplo os CfFcics, t: Soldados , refloas Ecclefiaiticas, e Secut.lres. Adidntava os Holandezcs cs arrocles, e batf'rias cem tanta rrcvid2de, que em o fi tio de Pe da Cruz efravao aJojados iorrc o foi: 1o: porque como a falta de experiencia dos fttiac~cs os nao havia enfinado a fazer iortidas, nem contra ~rrcchcs, na o ficavao difficeis todas eftas op~raoens , por c0r:fi.lir em iaber pleitear cs pofros exteriores toda a defenfa c2s fracas fitiadas. Nefte tempo entregou o Ger:cral alr.rnws .a.__;e.r.con fi' n .. ompanhtas vagas a fidalgos' e refloas particulare-s l~e aJl(,3 dos i e achava o no fi tio : acceitrao-r.as cc m condic~.o de n~. Fidalgos eirarem ordem do Caritao rr.r Gai~1ar Figuei;a dcSerr~, da 1nai~1 COlllO O feu Valor O nao tivt:-ra harilitaco a fcr cbcflcd- ~..~ prde rr r - " __, . tta cond O d as pe1<08S d e mayor t'SH:ra. C.011t'fl:lf20 ( fi a rcrtcr- JiZO a a, e Gafpar Figueira efiimulado dtfre agf;ravo larroil t'naa. Ii o Pof...
, L
L) _
ie
49g
PORTUGAL RESTAURADO,
Anno de Soufa de C.lfl:ro , dando exemplo a todos cotn o feu vao!Jedi~ncia: foy eldto em feu lug.1r Antonio de Me11o de Cal:ro , meaos exp~rimentado que Gaipar Figudra, m H muito Vi:llorofo. Co.no os Holaadezes efta.. v.16 ta6 vinhos ao baluart.! de S. Joa6 na fufpeita de pouere~n mi l:i-Io, n11adou o General fabricar-lhe hum cavalleiro, e ftz~r huma contramina: mas todas eftas obras erao imperfeitas, por na haver Engenheiro que asdefe.. nhaTe. Os Holan :lez~s , na o quer~ndo perdoar a moleftia al~u~na contra os fitiados , puzera em hum redut1o, que Sacriie efi:1V.1 defronte Jo b.1luarte d~ S:1nto Eil:eva, a ltnagem 1io dos do Apoftolo S. Thom, e com facrilegas mos apur.ra Hol~n de- naS 1nta Imagem todos os o pro brios, e depois de corta2cs a 1 .na- d lh d d crcrn de s. as as 1naos , nanZ;:!S, e ore as , era v a o o corpo e preThnm.e gos , e criva -:lo de blas , o mettra em hun1 n1orteiro,. "cneraa5 e danuo-lhe fogo cahio no fofo ao p do baluarte de Sanet~s1_Ca- to Efr~va). Concorrrao os ReHgiofos, Soldados, e Paitlo lCOS. zanos, a trocar em ven~raoens os defacatos d os h ereges, e levrao ( derramando n1uitas lagrimas) o Santo em pro~ cifa ao Collegio dos Padres da Comp.1nhia. O aperto dos fitiados crefcil por infrantes, dila~ tou-lhes a defeni fugir para a Praa hun1 Portuguez , que ~vifo im- an-lava entre os Hob:1d:!zes, cl1am1do Sitna Lopes de portante BJft0 ; porque fendo pratico , e intelligente deo verda~e thu:n deira noticia ao General, de que os Holandezes caminhaar aos vao com hum1 mina do P d~ Cruz, e que intentavao guez t1~tiadQS. pafar o fJffo por baixo da terra ao baluarte de S. Joa. Con1 efra noticia fe coi11eou h uma contramina, para defemboc:lr s dos Holandez~s. Tomou por fua conta efta obra DClmingos Co~lho de Ayala, e deo-!he por nome o Dique da rdifr~nda : fortificou-a com grJnde cuidado, e 11:1 noite de onz~ de janeiro romprao os Holandezes o ---~ foTo por duas partes, fa+rindo as bocas das minas 1nnna defronte do Dique, outra mais acima delle, e apparecrao em huma' e outra parte todos os infi:rumentos _necef.. fados p1ra refi!l:ir nofa oppofiao. Oppuzera-ie-lhes galhard.lmeate os C1pites D()mingos Coelho, e J\'Ja..
,J
I6SS 1or, e
cta
499
cia os pofros mais viiinl:os, invefl:ira as bocas das miuas, de que era o tantas as blas , granadas , e ar ti~ cios de fc- Anno go que iahia, que pudera fazer terror aeipiritos, que 165S na6 eil:ivera ta defoccupados do receyo. Durou a perigo contenda do quarto da prima at o qt~arto da alva, e rnultiplicando-fe os foccorros de huma ' e outra rarte, vit:ra por conclufa a ceder os Holandezes os pofros, e Ganha largra as minas com todas as arn1as, e infrrumentos os fit~ados que trouxera para as fortific~rem, na lhes fervindo na- as ml'nas! quella occafia mais que de iepultura aos rr.uitos corros, que nella ticra entet rados , na deixando de fazer guerra aos da Praa com a re1piraa nociya, que fhia das bocas das n1 inas. Cufrou eite encontro f a vida de dous foidados, e alguns feridos. Os Holand~zes, venco os mos Muda os fuccefios que experin1entava nos afialtos,fundra no ai~ Holandc: edio a~ efperanas da vil:oria, animando-os muito a zcs a ex.: g_ente, q_ue tortos os ~ias 1~ ra~ava da P_raa ~o feu E~r- ~~g~n~o c1to, obngada da ult1n1a rntiena a que ttnhao chegado cs dio. fitiados. Porque experimentando quafi extinlos os man- timentos faudaveis' havia paflado a fe alimentar cosnociyos, uindo para feu fuUentu dos animaes mais immundos , de que lhes refultira forofas , e agudas enfer.. midades, iendo f o pouco efpao que havia do principio da doena ao fim da vida, o alJivio t'e a(hava as muitas , e grandes molefrias GUe padecia. E nem o lafi-i.. mofo efpetl-aculo de expetimentarem vigorofltmente as tres mayores rerfet'"Uioens de pefre , fome , e guerra abrandava os animes dos ufurarios, e ambiciofos para dei.. xarem de perfeguir com avareza, e maliciofo engano aos qu~ nao havia chegado 3 ultima mi feria. O General por nao faltar a todos os termos da regularidade, e confrancia , mandou lanar pela rorta de 'J\tlapane trezentas pef- Lana o foas inuteis , confiderando-Ihes menor perigo entre os ini- General migos que na Cidade. Foy fentiua efra gente das fentinel- ~ra as las dos Holanclezes, e conhecendo elles a caufa, obrigra i~~:csis aos que i~hirao da Cidade a voltar para ella, dizendo-lhes !' que fofem acabar de gafiar os poucos mantimentos ue tinha os fitiados. O General neceffitado defra mefma ,aufa tornou a lan-los fra, e mais de ~"LlZEntcs lfc[.fli rao
ia
so:> PORTUGAL RESTAURADO, ra das m~s dos Holaniez~s, qu~ achra na afp~reza Anno do rnato o ieu remedio, havendo padecido a ultim1-defI 6S graa de terem i ~ual perigo entre os angos , e litnigos. 5 Chegra aos Holandezes novos foccorros, e com cllcs Rece~etn tortl.ra. a C0 1tinuar con1 n1ayor vigor os apro~hes, e bam Hola:1- terL1s. Cr ~fce:.1do o ap~rto, fe augtnentava nel!e o perigo deze~ no- dos val~rofos defcniores, e rec~ando qu2 o efeito das vos aoc . .rr . 1 $:Orros. mtnas 111cs e ft re1ta11.e o terreno, fi zcra. cava11 etros a agu;1s balu:wtes, e cortaduras em todos, fortificando-os com a indufi:ria, que lhes havia enfinado o perigo, e a . exp~riencia de cinco n1ezes , porque j nefte tempo era cntraJo o 1nez de l\'l1ro. Porm co1no as el1eranas do occorro fe hi.l qu:1 extinguiado , parcia6 j inuteis tolos os caminhos que fe bufcava para livr..u a Praa do ultimo perigo: mas nem efi:e defengano era bafi:ante, nem a falta de tolos os n1antimentos, que os hia reduzindo ultiJJla debilidade, para deixarem de acudir a 1nuitos lugares que arruinava as continua.s baterias dos Hulandc... zes. Co~tinuav~lo os foldados a fe paTaren1 ao Exerdto, obrigalos da nece1lidade que padeci.16. O General atalhou efi:e damno; porque confi:ando-lhe pda confiffao de hum de cinco, que efi:ava concertados para fugir, enforcou os quatro .. e premiou largamente ao que os defcobrio. Na noite de dezafete de 1\'laro eftivera6 ta6 vivas as baterias dos Hobndezes, que ei1tendra todos os da Praa que e~~ eft~ infallivd final de dar~n1 f~gundo affal~o ,_c foy tao grande o co~1tentamento de fupporem que e1ce !eria o caminho de ~ livrarem d~ tantos trabalhos , que 1nuitos enfermos fe levant~1ra6 , dizendo que quena ter parte na vidoria que efpcravao alcanar. Porem os Holandezes como fe nao viao apertados de iortidas da Praa, que h c hum dos remedias mais efficazes de que os fitiados dev ~m ufr contra os fitiadores, dcixavao correr o t~tnpo, entendendo qu~ con1 o ioffrimento haviao de acabar d~ apurar os p:>ucos baftim::!atos que havia na Praa. O G:!ner;.ll n11.ndou duas embarcao~ns a Goa a ma.. nifeftc1r o aperto em que fe achava6: por~rn ainda que chegra, con1o era j morto o Conde de Sarzedas, nao fervio efre avifo rnais , que de multiplicar a pena , por f~ lhe nao achar remedia. E1~
1
Elando os fitiados no aperto ref~rido, teYe ..a vifo.o General que con1 permii5 dos Holanuezcs eilavao Anno porta de J\Iapane dons Embaixadores de1R.ey de C:u"!.dia. 1655 Deo ordem que entrailem, e rcc~beado-os con1 as cere- Frma da tnoaias de largo t~mpo inveteradas, que era o , trazerdn dEmbdai xaa . . _, . ol:- .a c1 os E m b atx_a d ores com as cartas na ma o d e b a1xo c~ e l1ua .f., Rcy d~tna de pallto coberto de pannos brancos, a que! charnava, Candiav Talapet~ com doze tochas diant~. Aguardou-os o General na Igreja do Collegio da Companhia acompanhado de toJ~u as pdlo;1s principaes da Cidade: entr~gra6-lh~ as c~rtas .JdelRey , que fuhfi:anciadas ontinha : Qlte ien1 .dllaao algm11a entrcgafien1 aqudla Cidade nas fuas Imperia~s tnos, ror fere111 as defgra;lS que padeci ao cafl:igo da ingrLltida, con1 que havia Yiolado os beneficio~ que t~d~l a Na~lt) Portugueza tinha recebido da grandeza de ieus ltvs" e da fua ; portn que refoluto a ufar da Imperial clemencia, e benignidade , efquecido do3 aggravos pafiados, concedia aos Cidados, que tinha aldas, ampla licena para que vivefiem nellas, e aos que as na tiyefiem, lhes faxia n1erc de todas as que fofTem neceifarLls para feu fufi:ento. Vinha nefi:a carta affinad0 ElRey, e o General de Holanda, para jufiificarcm que efta inftancia era de confentimento de ambos. Lida a carta, Rdolu4 fem o General refponder aos Embaixadores, os mandou a do lanar fra da PrJa , e fobrando o valor aos que quafi ca- General. recia dos remedios humanos, clamra todos os que ouvira ler a carta , que voafem os dous Embaixadores nas bocas de dua~ pecas ; e entendra que o Ceo a pprovava a fua reioluao, "porque ao mefmo tempo fora6 n1uitos os trovoens , e rela1n pagos , e cahio quantidade de agoa, havendo muitos n1ezes que carecia della a terra. Crekia o aperto ; e os mortos era tantos, que faltando ~pulturas para os enterrarem, os levava ao campo, e abrindo-ie, pela pouca gente que affifiia a efie minifi:erio , as covas pouco fundas , os corpos corrompidos fazia mais nocivos os ares, cotn que at os meiinos que vivos fora defeniores da Praa, n1ortos fc conjurava contra ella. E ainda con1 acabaren1 tantos a vida, como a Cidade era muito populoi, chegra os fitiados a tanto extremo, li iii que
.J
'
5'0I
502
PORTUGAL RESTAURADO,
que na6 ficou na terra animal immunJo, nem nas arvores, Anno e ervas ~unago ou folha, de que na u1Jftem para feu fuf:. I 65 5 tento , p~evaiecendo o valor, e conH:ancia cor..tra o perigo dos abltos , e aperto do afiedio. Pailou ta adiante a i-alta d~ mantimentos, gue os Cafres dei"E:fperados da fo11le furtava o os n1eninos de pouca idade , e defpedaad<Js aqu~ne innocentes , e t~rnos corpos fuftentava con1 ell~s as tyrannas ,e barbaras vidas. Ao n1efmotempo cahiao os tra v-~zes dos baluartes com a contiDuaca Jas baterias. ()de Sa,nto Efteva padeceo o mayor da~1np; poren1 os Vi.Iloroios defenfon:s, inconfhata\'eis aos coinbates da na~ Conflan- tu reza, e da arte, audia6 s ruinas com cortaduras, s (;.b dos ~- nlinas con1 contraminas, e aos a fi altos com os peitos, e uados m _ 1 cu- \" tra as oraos d e que os H o 1andezcs rece b"wo tnexp1tcave1 d amyorcs c~- ~o .. Mas para que en1 nenhun1 lugar acha1re1n alli vi o, nem larniJa- fegurana , cahiao continuan1ente do ar bvn1bas, e pedras dcs~ Ianad_3s dos morteiros dos iningos, que a n1uitos dos. Rc:cchem de~t."nforcs faz!ai ern pc:da1os~ Chegra_ a~s Hol~ndezes vslloln- rnats treze nav1os ,que ferv1o de nova deieiperaao aos fidczcs. ~o- tiados , e con.1 a gente rlefras ernbarcaoens continurao vof0ccor- os aprochcs para o Forte deS.Joao, a que os fitiados proro: c apper- curava o refiftir? fazendo huma contramina para deienltao a la- b 11 . Ga. occlr outra ,. que por aque, a parte o v1n lIa f"a b1~1lninugo~ cando .. A e.h~ trabalho, que erl grande, e pengoo, affifba o Capita mr Antonio de :Nle!lo de Cafrro, o Sargento m.t' Antonio de Lea, e outro3 Officiaes, e Soldados; rorn como todas eiras obr2S erao fabricadas iem EngeJ~1eiro gue lhes .Jeffe frma , quafi todas fahi.ao nfruluojas, e fcrvia6 f dcaccrefcentar o trabalho aos fitiados, e tudo por infiantes concorria fua ultima defrruiao ,.. Cl ,, .. che?ar:do a fotne a ter ta6 defi.:>rdenada , que contou que 1c~ao_.. . "d ~ j . as m<"vs a as mavs con11n:1tH1tta ternen aete tnatavao, e comtao eus .. comer propt:ic,\1\ tiJhos. Os liolanJezes pelo contrario foccorrirc,~:; ~:ro- dos todos os dia:i de differer.tes p~rtes Bao tinhao mai$ r;.~~~ ti- pz;rda que a dos n1ortos' e feridt:Js 'que fe fuppria .\:otn a .,. .t n1uita. r:ente flUe lhes chegava. Fntrou no numero llos. AYJ.er.re ue. "' _ humalda mortos o leu G~neril Ger~1rco 1-Iuld, que acabou de h uma o Gcucra.l b:iia (]:.tt:: Jhe.dt..~ peJa cabea, e ficou governando o Exlio-Bdez.. ~rcito. etn !U lugar o Govcn:ador Je Gle, o qual enten.J
L'
..
dendo
PARTE I. LIP"RO XII. 5'0j oendo que poJeria ter fp;::rior que vi.?fTe da g:1tavi:1 a rot!bar-lhc a gloria daquella cn1prcza, n1ultip1il:oU dek>r~ Anno te as baterias , que a nntos baluartes abria hrcch::1s cap~-- 16,.. r :>v zes de fe afaltarem. Erao vinte de Abril , c creicia tanto o numero dos mortos , que j paflavao lle fete mii ; inas nao havL.t detgraa, n~m efpe-:l-Jcu1o que fizdTc mudar o invencivel animo de Antonio de Soui~1 Coutinho da conil:ancia con1 que determinava defender aquella Praa at a ultima e'{tremidade ~e quanto tna1s 1(:- apertava o ~ermo da entrega da Praa, pelo effeito das b~1terias, e deiei1gano do foccorro, tanto mayor era a diligencia com que :?s poucos Oincia:.-s, e SoldaJos, a que havia perJ?ado as doenas , e fi>rne, trabalhavao por acudir aos acCide~1tcs, e perigos que por inftantes fobrevinhao. Pern1ane~1a n_o ~adre Damiao Vieira o fervor ta igual como no pnt:<:tpto do fi tio , e ufando continuamente das armas refen .. <las , era occafiao da iepnltura de quafi. incrivel numero de HobnJezes. O primeiro de lVlayo fizcra6 elles hun1a <:hamada, e averiguada a caufa, recebeo o General h uma c~rta, en1 que o General do Exercito lhe pedia troco_ de priioneiros. Acceitou-fe a propofra , e nao havendo ekapado n1ais que oito dos fetenta Holandezes, que ficra Yivos dentro da Praca na occafia do afalto, fe trocra por outros tantos Portuguezes que o General nomeou, e era tal o aperto d~ Praa, que n1ais podia parecer efta el~ia6 caftigo, que pren1io. Os Holandezes haviao ~a.. hncado huma nova plataforma para bater em pouca chftancia o baluarte da Madre de Deos, de Santo El:eva., e S. Sebafi:iao. Dava grande cuidaJo aos fitiados efra viinhana: refolvra-fe valorofamente a atalh-lo o Padre Damiao Vieira, Simao Lopes de Bafto, Francifco Va-lente de Campos , Antonio Madeira , Manoel Pereira Matoto, Joao Pereira, Affonfo Correa, J\tlanocl Ferreira Gomes, 1\1anoel Nogueira, eThom Ferreira Leite. Ganha Aguanlra que o Sol fubife, para que allun1inando a to- poucos ~as as partes com igual luz pudefe haver n1ais certas tei:. dos fitiatlmunhas da fua refoluao. Armados, e unidos march- d~s a pla~ . -, rao para a b atena : entrara. d entro : d ego l, '"' os H o]an., tn10rma arao dos Holi dezes que a defendia , e ufando das defenfas que primei- dezes.
Ii iv ro
504
PORTUGAL-REST.ATJRADO,
ro encontrra, ie oppuzera ao foccorro que dos lngares Anno mais vi linhos acudia ao a.falto da bateria: diiparrao os 1655 bacan1artcs, e fizerafl retirar aos I-Iolandezcs: desfizera o toda aquel1a tnaquina : puzera fogo s paln1ciras com que efi:1va tecida, e atnparados da efpeffEra do fun1o fe .retir~ra fem dan1no algum.Depreffa tomra os Ho!ande-zes jatisfaa defta pequena perda ; porque na manhaa de fete de 1'v1ayo invefi:ira o baluarte cl.e S. Joa, por haveretn as baterias facilitado o caminho , e na achando nelle mais que o Capitao D. Diogo de Vafconcellos que o defendia, e dous ioidados de pouca idade, mat:ira a D.Diogo, e a hum dos foJdados, chamado Confiantino de Mene~:t~~~~d~s zes. Ganhado o bah~arte, e_ntrra os I-~ol~ndez~ n~ Forte zcs 0 ba- que de novo fe havta fabncado: voltara a art1lhena conluarte de tra a Cidade, e detenninando pafar pelas ruas a ganh-Ia. f. Jo~t6. recebr damno conficlera,yel da artilheria, e dos baluar.. ~ad rddJa tes vHinl:os. 1-.urn~ira a unir-ie, e querendo continuar o tCidad~ 3c tne1-mo Intento i-e J}1e opp11zera com tanto valor aJguni I OS grande Officiaes, e Soldados, que ficando a rua coberta de mor,-alor. tos os obrigra a f~ retirar para o Forte, fignalando-fe entr~ todos os defenfores o Capita n1r .Antonio de Mel]o de Caftro, e o Capit26 Manoe1 Marques; e vendo todos que os I-Iolandezes rctirava com receyo, de que dava maycres rnoflr2s a n1ultida e Chingals que os acompaehava, inve1tira o Forte, lancrao delle os Holande.. zcs, leyrao-nos at o baluarte v~lho, e obrigra a mayor i"'arte delJes a fe rrecipitaren1 dos parapeitos. Porm tendo foccorri&os fufrentra o baluarte, e durando a conteGcla at cerrar a noite, fora tanta~ as acoens va1orois que os fitiados exccutra , qne he diffidl referi-las pelo grande numero deiJas , e pela difficuldade que pde h~ ver a fe dar credito ao muito que excedra ao ieu n1ei:. Hlo valor efrl.!s I-Ieroes quafi n1oribundos. Perdra os HoJandez~:s mais de 400. foJdaos da fua naa, e grande nulnero ee Bandenezes: _da Praa na faltra muitos, mas entie os n1ortos ficou o Almirante Manoel de Abreu Godinho e 111til ferido o Capita da Cidade Manoel Marques. Elegeo em feu Ingar o General a Gafpar de Araujo, o qual ajuntando a 1nayo.r quantidade de gente que lhe foy poili-
ie
vei.
s ar1nas~ . Vendo o G~ncral que era necefl'ario ceder ao Anno tempo , con1 parecer dos mais que haviao votado na en:I6S5 trega da ~raa, tornou a mandar os Cotnmi11arlos con1 a relolual> de que a entregava, concedeiH.lo-lh~ os Holandezes iahirem os foldados com anuas , os Religi~tos, e paizanos livres, e as In1agens, Reliquias, e Ornamentos igrados h1talos. Na6 duvidrao defra pequena permifia, e entre lagrimas, e fufpiros das n1ulheres, e meAjufi.~-fe ninos, que havia efcapado , fahio o General a doze de ; ca~w- Mayo con1 noventa e quatro Officiaes , e Soldados pagos ; 0 rahc oG~- e cern homens caidos. Adrnirados os Ho!andezes de ver neral co,m ta pouco numero de defenfores applaudira6 com granta Pd~:des ~ncarecimentos o val~n dos Por~uguezes ,_ tendo quai cdos f~l d, por unpoflive1 poderem iahir de ta poucos ioldados ta nos , q a l . p -.. d mira aos tas acoens 1erotcas. Entrou na raa o Governa or de inimigos Gl e Joa FJa~ com toda a Infantaria, e depois de occua tua_ cf- pados os pfros que a feguravao , largrao a ma infotanc&a. lenda dos ioldados , e marinheiros , e forao ta exceffivos os facrilegios, e tau extraordinarias as extorfoens, r certeza de que era na f hereges os que enI n.o 1 n- que ne1n a p e . h d I . cias, e fa- trava na raa, mas ereges e 1uma naa, em que cr~kgios a Nobreza he fingularidade , foy bailante para que fe na: rlGs Ho1admirafiem os animas dos que yit-a a extraordinaria indczes. folencia cotn que ufrao os IIolandezes do iagrado , e do profano daquella Praa. Por fua deigraa achra ainda vivo a Sima Lopes do Bafio, que havendo fugido de Goa para Batavia por hum crin1e, paflou do Exercito pa ra a Praa, e em todo o decnrfo do fi tio executou aces fingulares. Antonio de Soufa Coutinho com pouca attena deixou de incluir a fua liberdade nas capitulaoens: pedira-lho, e entregou-o. Enforc.-ra-no logo, e dous Ho1andezes de ~inco que havia fugido para a Praa, e o Chatur A tache, que de Gle cotn os mais da tua naa, conlo referimos, pafiou a Columbo. Feito el:e cafi:igo, dera[) ordem para que todos ie etnbarcaflenl em differentes dias, co1n o fim de roubarem tudo o que havia naquel--.. . . la Cidade, e chegou a tanto excefio, que houve poucos Religiofos, Soldados, e Payzanos, que nJ. chegalem defpidos aos lug;ues en1 que os laara, padecendo as nlulheres efra mefma calarnidade. Efte
so6
PORTUGAL RESTAURADO,
que
E!l::~ paL~eC'~o
so;
ir!fallivdnlente ~ deve crer, que permittio Deos eH-e caf- 1655 tigo pelos vi dos, e inioleilCti.tS, de que naquelb Ilha llia- Juizo dc:t: r~l por muitos annos ~s l'ortug~1t:zes ha~itadores nellc~. t~ 1uccefPorn1 na fov poderoia eta dei graa a e1curecer a fama to. do~ gloriofos defenfores d~ Columbo , digna por todos os tituJos de memoria itnmortal: rorque na 110uveexperienci.:t cufro a que nao refilliiTr;:'tll aquelles valorofos peitos, ~t~ o alento ultimo da vida. A fome, extindos os mantin&entos , lhes facilito.u ufa rem fatoroiamente de qu~ntos animaes immundcs produz naquel1e clinta a natureza, e de cotnpraretn a pezo de ouro as folhas , e ~unago das ervas, e planros. A pefie tirou a vida a grande parte ddles, acabando h uns de repente, outros de defonnes, c exquifitas enfermidades. A guerra fufrentrao poucos dias n1enos de oito mezes, na havendo aca de valor que deixaf1em de executar, netn diligencia defenfavel a que nao acudiffem. Vrao bntidos, a arruinadcs os baluartes, pofras por terra as cortinas, chea a Praa de bon1bas, e minados os fofTos. Em todas as partes das ruinas fizera cortaduras, 2s bombas deprezava, chan1ando-lhe ruido fem effeito, as nlinas defembocrao ror Inttas vezes, pelejando debaixo da terra, e iuperando fempre o valor dos contrarios. Reifrirao dous affaltos con1 tanto ardor que lanrao de dentro da Praa os Hoiandezes precipitados das muralhas, feridos das efpadas, e defpedaados d3s blas, aiiifiindo a todos cs con:fli1os o General Antonio de Soui Coutinho Je fetenta 3nnos, Francifco de J\tlello de Ca{:. tro, os n1ai~ Officiaes, e Soldados que havemos referido, e tnuitos que deixamos de particularizar, por na fazer ef:. te fuccetTo !nllirnite, ficando-nos ncfia defgraa o allivio de poder mJftrar com verdad~ ao n1undo , que he de tal qualidade o valor dos Portuguezes, que at das infdicidades f:1hem gloriofos. rr 'I Havia chegado a Goa , con1o acima referimos, Morre do o Conde d~ Sarzedas , e d~ndo no principio do feu govcr- Conde de: no generoJas mofiras co ell procedimento, e connecen- Sanfi:da~.. do que na corerva~ao de Colun1o con1ifria a iub!iil:encia mai.s
soB
. PORTUGAL' RES'T..I!URADO,
'k
tnais ~gura do Eil:ado da India, tratou con1 todo o calor Anno de procurar todos os meyos ao foccorro de Ceila6. Porm 1655 h~1vendo dado principio a ajuntar dinheiro, gente, e na.. vios , atalhou a morte efi:a , por todos o rei peitos , u til refolu~. e acabou nelle por todos os titulos hun1 Vara excellente, de quen1 dignamente fe efperava a tndhora das infelicidades, e defconcertos do Efrado da India. Abertas as vias com as folemnidades coftumadas, fe achutL Succede que fuccedia no Governo Manoel JVIafcarenhas I-lomm, no ~overi que havia fido General de Ceila, e expulido daqudle ~arc:~~..e governo pelas caufas acima referidas. Obrigado dos da nhas. mores cotnmuns , preparou alguns navios de retno, e com pouca gente , e tnantimentos os entregou ao Capita mr Francif~o de Seyxas. Depois de navegar alguns dias, obrigado do receyo de hunt navio I-IoJandez.; fe r~colheo ao Intenta porto de Titu~oritn, e fen1 outro effeito fe retirou a Goa. ~~~~r~er N ao tornou Mano~l ~Ia~carenhas a intentar intr~d_uzir feni c.tfei- outro foccorro em Cetla' e radeceo por efie reipdtO a to. iufpeita conunia, de que eita omiffa fora vingana da affronta recebida em Columbo. Porm efi:a tnunnuraao nao he digna de credito ; porque fe na pde prefumir de hutn anin1o Catholico , que por hun1a paixa particular. fe arrojafe a incorrer na perda de tantas vidas, e de tan tas fazendas, e nas infelices confequencias, que depois refultra6 a toda a Coroa de Portugal da entrega de Ceila6 aos Holandezes. As nos, que efi:e anno pafra6 de Lisboa India , fora : Sacramento da Trindade , Capita mr Antonio de Souf a de Menezes ; Bom JESUS da Vid~gueira, Capitao Jeronymo Carvalho ; o GaJeao S. Francdco, Capita6 Balthazar de Paiva Branda, e a naveta ~anta Therefa , Capita Manoel de Caftro Favila. ~m . ctnco de 1\layo partia a caravla N. Senhora da Boa VIagetn, l\'1eftreCapita o Padre Manoel da Fonfeca. . A perda de C~ila6 foy nos primeiros tnezes def.. Anno te anno de 1656. ( ultitno da primeira parte defra hifro1656 ria) funefi:o C?meta, que ameaou a ~ortugal na ~o~te delRey 11. Joa a n1ayor defgraa. Por 1nfi:antes creic1ao a EIRey os achaques: portn na lhe in1pedia acudir igualmente a todas as obrigaoens do governo. do ieu Reino. . OGe..
509
O General da Artilheria F'ranci1co de ]\'lello contumava o _governo das ~rm:.1s _da lrovincia d~ Alemt~jo, e co~tlxcee- Anno cio que a incltnaa Gelltey per-;d1a para hvrar a 1q;1~r2n- 1656 a da guerra q11e o ~n1t:~~va na~ prevc~ocns do tLn-~r o han_~.:~fce em C'lle a na o padecw, Clldava 1o I- rancli co dt JVllllc t. 111 cc 1\,cJlo c . adiantar s 101 tJhcacens , ( 1denoa on que era n.l!HC guma a hm inda rratico) etn accrdcentar O Htlll, eras redut~s, e t.Xt:rci- de_ Alemdos c!os l'eros' e T roras. J\landou fazer a1gl!lT![lS Cl~- lCJO. tradas en1 Cafi:el1a n1ais uteis que gloriof1s , en1 l:t n,a dellas derrotou Manoel Luiz, Alfttez da Tropa de Diniz de 1\lel]q, a Companhia da Guarda do General da Cav[ll- Rota ~c laria de Cail:ella, que eilava de quartel em Lobon ; ma- ~l!d lr~: tou o Thenente dous Capitaens refon11ados, e alguns fol- ;t~la~ a: dados , os mais trouxe prifiondros. Viera os Caftelhanos tornar i~itisfaG. nas 'Tropas de Campo mayor, e pa... decta6 igual dan1no. l'mbo1cara-~ junto quella Praa algumas rfrop~lS, e entHH~do Jn:n1a partida a t0111ar lingua , a Yiera cc.rrenco at junto a Camro J\layor. Sahio a foccorr-la o 1: henente 1\icoJo Ciaz con1 os primeiros cem Cava11os qLe n1c11trao ao rebate : foy con1 tanta diJigencia, que derrotou cincoenca Cavallos q11e Ninha avanados, fem poderem icr 1c.cccrridos da referva, f.cou prifioneiro o Capita de Cavallos D.Joa ue Freitas, l:un1 Thenente , alguns reformacos, e os n1ais dos foldaccs. Ka fe imap:1n3va em Alemtejo em outra frma de g11erra, nem os Cafielhanos a arJxtcciao : porn1 cem amorte deJRey, que fuccedeo nos ultimes di3s defi:e anno , fe ~Jterra todas ~s difpcfccns, e fe n1rdarao todas ~~ 1deas, lle que re1ultou a pt:(rra fan!?vinolenta, de que eipero com o favor Divino dar noticia na fegunda parte dt:fta hifroria D. Alvaro de Abrancles r:overn3va do Forto a Provinda de Entre Douro, e i\Iiiiho, e como os Gallegos d~fejavao o focego que elle appetecia , na teve at a Inorte ddRey occafld di!Tna de fe referir. ~ Joanne Mendes.._ apertou con1 algumas enttacas os mor:1dores do:1 Raya inimiga , e tornra os Cabos daquella parte a tratar de concordia , ~pc.ntando as mefm2 s razoens que antecedente1nente tavia offcn:cidc. A n:orte
5'IO
~
PORTUGAL RESTAURADO,
te delRey atalhou todas eil:as praticas , e at eft-.! tempo Anno nao houve em traz os Montes occafiao digna de n1emo.. x6s6 ria. Joa de Mello Feyo governou com igual foce.. go o partido de Almeida , e da mefma forte Nuno da Cunha o de Penamacor: porque fuppofto que das deva1Tas que fe tirrao de D. Rodrigo de Caho , e de D. Sancho Manoel nao refultou culpa relevante; com tudo at a morte delRey nao voltra6 :s fuas Provindas a exercitar os feus Pftos. Nuno da Cunha alguns mezes antes que ElRey morreiTe paiTou a Lisboa , e ficou governando o partido de Penamacor o Meihe de Catnpo Joao Fialho , e poucos dias depois de entrar no governo teve noticia que os Cafi:elhanos com algumas Tropas havia6 feito huma grafia preza, e tnarchava com ella por huma efi:rada que Joa Fia- caminhava ao lugar de Vai verde : fahio com as Tropas, lho derro- e Infantaria da guarniao de Penamacor, encontrou os ta huma Caftelhanos junto a Valverde, houve poucadilaao enTropa. tre inveftl-los, e derrot-los; f~z prifioneiro o Cabo das Tropas D. Martin de Cabrera, e a mayor parte dos Offi ciaes , e Soldados que o acompanhava. Efte foy o ultimo fucceiTo dos que contm a primeira parte defi:a hifi:oria. O focego , que os Caftelhanos, e os Portuguezes appetecrao neftes ulti!nos annos, foy caufa de ferem as occaiioens de to .:las as Provindas tao pouco confideraveis, que era penofo ref~d-las na certeza de ferem pouco agrada veis aos L~itores. Efpero emendar efte accidente do tempo na fegunda parte defta hifi:oria ; porque trocandofe com a morte delRey totalm~nte as id1s dos Ca~l:elha nos , n_1o achar ) os Leitores paragrafo fen1 novtdade , folha ie1n acao, livro fen1 viB:oria . .Atli!l:ia e1n Pariz o Embaixador Francifco de Sou!. fa Coutinho, e com a fu::t grande prudencia fuft~ntava fem mudana a amigavel conrefpondencia, que iempre eta Coroa experin1entou na Coroa de Frana. Porm EIRey conh~cendo que os achaques por inft1ntes o debilitava o, e deiejando na6 acabar a vida fem ver admittiuo Emb1ixador feu do Smnmo rontifice, ordenou a Francifco de Soui que pafafie de Pariz a Ron1a, parecendo-lhe que . f
~JI
guir tao ardua er:nrr~za, e1Cr_eyeo-Il_1e, e rec~11er.dcu-lhe A~J10 con1 grande_ ~fl.caCia Ha dthg~nCia. Rcceb1da a oaktr, 1656 rartio franctico de ~ol!ia de Panz: cheg~u a Rema_, e 1~ .. vanclo todas as afliftenc1as de Frana , na pede coniegt11r Che~a fer at!mittido do fot1tifice cotno Embaixador. Pcrm c<.rr- Fra;ci~ pondo a fua t:1n1ilia (0fl1 a meima autboricade, e luzimen- deR~oufa to, c_.ue tinh~? nac_:uella ~uria os COs c11tros J:rincir~s, :a~~':d.~ 1 comecou a Ctiror cem. tao arertaG~S rrorofioens o inl mittido reque:imento , que entrou o Pontfice {ffi rnais rroftmda co~olrn confidera.o najufiia clelRey, do que at aquelle ten1ro: baixadoro mas na pernttio a vontade Divina ~ue rJRey conkguife en1 fua vida efra felicidade. ~ Em Holanda affiftia Antonio Rarofo com tanta fidelidade, que recebenc~ l~un:a carta do Archid11qu_e FicldidaLe o roido ' Cl1l que o rerh:acia quizefre fazer-lhe avi~ o de ~c An cos negccios defrc Rcit1o que corriao ror iua conta, ofie- tomo Ra-: recen~o-lhe ror l~C cent._hcio ]argl11l!n1a reccmfenfa , a polo. remetteo a EIRey ien1 rd roner ao Archiduque, fineza que ElRey lhe at;rade~c:o con1 as demonftraoens que mer-ecia. Os Holandczes com 2s reretidas noticias que recebiao dos boes h'cceffos de Cdlao , fe hiao efqueccndo da perda de Pernan1buco, e na erao ta mal admitticas as propcfioens de Antonio Rapofo, con1o nos annos antecedentes. Em Inglaterra affiftia Francifco Ferreira RebeiJo , e como haYia chegado a ratific~cao da paz itisfaao do Parl~mcnto , na havia 1nateria digna de mem.cria. O Governo do Br1fil continuaYa o Conde de Atou guia, e com tanto definterefe rrocedia, e era otantas as acoe~s ge_nerofas que executava , que co1n pcbli- ~on:ea COS aprlauios fatisfazi. tC<~CS CS moraccres caquEJJe l JR~y .. Efl:aJo os n1uitos ~eneficios de ctJe fe lhe confef!.Y~C: CGaptaol .. enera devedores. ce TfrcKomeou E1Rey no rr:ncirio ckfte anno Carita re D.F~r General de T anr..ere a D. Fernar:dc '~e l\1enezes Conde ,!a ~anco de Jvlenezes . . ] I .nce1ra , ;:c :ar: c1o na fua capae1dade, valor , e grar;ce Conde da. }1fUdencia, todas E qualid21CCS necef!aiias rara ~~tidk lucciia.: cmprc-
5'I! e.npr~go.
PO!l.TUGAIJ RES'[AURADO,
Partio
d:~
pri1n~iro, qu~
" rar
, p~rt!~n1ar cutd_a(o, que mol:r3ra ben1 o amor ue tinha ,, a ta leaes Vaflallos. Q.Ie pelo que lhe tocava e1 rerava Anno , que tliOfirafieJU as exreriencias, que ll:O havia CC fal- 1656 ,, tar ern Jhes fazer juha, e em os accmranhar nas oc" cafioens militares. Qye efperava o aconfel11afiem ndlas , com zelo , e atePao : rorque reconhecia ier differen.. ,, te a guerra de Africa em tudo <!a gnerra de EurC1ra; , porque 3S acoens era n1ais repentinas que rep:t~1ares, , os ini1nigos encobertos era praticos no poder da Pra.. , a, e os Cavallt:iros delJa nunca podia ter noticia dos , ir:.itnigos 'on1 que pelejava o, que te os rompia, con1 a , ligeireza fe falvava, e ie rndhorava, con1 a n1ulti... ,, da; e que ao contrario os Cavalleiros da Praa hcma ,, vez cortados nao lhes ficava novas foras a que recor~ , rcr, mais que ao valor, e obcdiencia que efperava achar ,, em todos, avaliando ror ta trrave culpa ieren1 ren1i1:. ,, fos, como demafiados na refolua. E que affin1 ordenti.. ,, va aos Atalayas deicobriiTem , e ~ffifiiffe1n nos fcus pf:. , tos com vigilancia: aos Almocadens VfiaHem , e def'' f~tn conta de qualquer erro , e aos Meirinhos nJo dila" -tafien1 os avifos de qualquer novidade : aos Cavalleiros , fe na detinandafen1 , obedecendo promptamente s or.. ,, dens do Adail. Remat3nco, sue haviao de achar nclle , ta igtal fayor, e premio os ben(n1e1itcs. como feve,, ridade, e cailigo cs ct1lpacos. Tocos os Caval1eiros fe fatisfizera n1uito defias adyerfcncias, e fe animrao a execut-las com pontualicade. 1 oP-..cu-fe o c;:mro , e os mais dias feguintes fm nYich~de algtma , conferinco fempre o Conde con1 D. Rodrifo de Alencafire tudo o que julgava necdTario para o bom governo da lraa, e r afiados alguns dias, que fe gafrra en1 defcarrcgar ~s caravlas, fe en1barcou D. Rodrir:o em huma, e corn as mais chegou a falvmnento a Lisb;a. A~uard~va o Con,~e que Ch~ga n; Gaylan, que governava na Farbana toocs ~qt1cJk~ Lu- Rodrigo gares mLlis vifinhos , cC1m a notkia da fua che[2d? (como a Lisboa. era cofium~) fizefTe oilentaao do feu poder, e defejava alentar com o primeiro !uccefo felice os Caval!eiros da Praa , e defanimar os inimigos : a melhor r revet1 era
~-
]! ARTE I.
Ll~RO XII.
SIJ
con1 as e[p:!ra:lB de gr.1.~1i~ pr~mio. A vinte tres de Aflllo M.tr~.:> lhe fi~~ra6 avifo que efi:1va os ]\louros no cam16)6 p3: n1o1tou o C.TLb com toJos os Cavali~irvs : fahio ;.-:.o Difpofi- camoo, e to:n1111o o fi tio d:> Pal~n 1r, rn:lnd8u !ancar abro~nd~o lho~' ~~los _cu11~~hos, pot o:1J~ ent~:tdia _que ?S '1Vlo~1r~s coura os havtao d~ L'lV~thr, e orden0u qu~ I18s tnnc~letras pnn~t Mouros. pa~s da Silv~irin'1a, e Chafariz, fe plantafren1 algumas pe ts ~i~ artilherL1lig~ira , c.1rregacias d~ b.la miuda, que efl:iv~ff.!:n ah1tiJ1s rna:1~as de mofqueteiros corn referva de algu:n ClVdlleiro~ Para os foccorrerein, e ao Adail orJ~'13U que C-Jfre~1:1do-a os Mouros; r~~,)~ 11:~f~ a Cavalhrili tr1.aqucir.1 j_t f0m~, pJr1 qu~livr.:!Jl~nt~jogai fe a 1rtilheria , e l1 fa ~1t1ric\ das tnuralhas , e a mais que eftava rCtJ"lftida p~los pfros ref.:ridos' e o c~:mde General fic::m no R~bellim com cinco.::nta Cavallciros para act;_dir ao 1 i~ lll:! p.1r~ceffe que era mais aecefaria a fna pe~ foa. Parec~ que aguardav:16 o:; Mouros qu~ fe ajuil:al_:fe~n efl:H pr~vcaJ~ns : porqu;! lo6o que eftiverao diipofl:as, h1v~ndo co1ueado a fazer erva alguns Cavalleiros que fahirJo com o Adail, corrrao os 1\1o:Iros da parte A~.tbinh.t c:->m quiah~:1to~ C1vallos os 1n:lis l~~lles ecopeteuo:.;, d1:1io-lhes calor Gaylafl co1n dou3 nul, e alguma g~~lte d~ p~. D~ra r-~ bate os A tala yas, montrao os Ca-. vaUeiro., que andJva na campa:.1ha, e occuprao os poftos que fe lhes haviao finalado. Os Mouros avanando fen1 atteaao, e co1n grane furia, os que vinha de vat~ guarJI,nlltratrao rnuito o~ Cav::tllos nos abrolhos que ie haviao f.!m~aio: defviarao-fe delles os que os feguia~ chegircl) prin1eirJ. tranqucira, que era a Nova, e achando n~Ua de i~Jufrria poucJ. refifi:~.1cia palara tanto adiant~, que for.1 c1npr~go rl~ to~Lt :1 n1otqu~teria, e artilheR econ t ro ri~, que e~1VJ p1r 1. e:1:~ fi.n p~~vcni~..la, r:e foy ta grand d b ,. {f: com os ~o amn~ que rece erao, que com a me1n1a pre_!a com Mouros q qu~ avanira6, fug1r ..t, 12,.:;uia.:io-os as b1as tudo a que fe retira p31~ chc_str a pont~ub, e elevaa. Forao os Cavalleidom per- ros o.::.:up.1~do os p1:os que elles largavao, e depois de a. hum::t leve efcal-cll11U:l fi.! retirjrar) os Mouros cmn muitos r~riJos, ddxando na catnpanha quantidade de mortos. Recolh~o-fe o ConJe, e os C.1 valleiros al~gres de tao bom
514
P:JRTUGAL RESTAURADO,
io
ca
.J
prin-
palados quatro cias tornct: ( ay1~n a arr"reccr naquelle can1po , e n.m1lku recado ao ( cr:de ft.~:inco- Anno lhe quizdre ~juitar os Cortes, qu~ era o eHylo qu~ te cof- 1656 ttm1ava obiervar ~0111 todos os (.;eneraes cpe vmh:t de Fcrma 110\YO. Admittio o Conde a rrorofra ' mane\ u g varnccer cos Cor.. as ll1Ura1has' e fegurar os rfios 'c C:tfcco rcrta do c~m- ~' 5 '!;~c0! ~, . l 1CZ CO po acomran h ad O d e tO d OS CS ~ava11 etrCS , C lf,UarcoU Cfl1 .M'-'lllOS. lluma C<ll mata, que mandeu adtrear, o Sc.ctltar!o de Guylan dun1ado Adul Caderieron, e alguns Almocadens qu~ o aLomranhava, para arifl:irc:n1 ao ~jt-.f!:amt.nto cos Lort~s , hav~ndo paflado no me:no tcn~ro cn1 rtfens, r-ara o poil onde efi.1va Gaylan, o Contador Duarte da Franca com igual numero de Cavalleiros. l ftaya o Cone e armado afientado em hum a cadeira, havia afientos pre,'cnidos para o Secretario, e Aln1ocadens. Ajufrr2.o-te os Ler:. tes: rirmou-os o Conde , fora a firmar a Gaylan com rt:m pr~fente,que o Cond~ lhe mancou. Lo~o st~e n 0~( tt( G os capitulas firmados, defpedio o Conde os Almocadcr:s , e Secretario , Jatisfeitos de varios prefentes ue lhes ft.z, e voltou o Contador, e Cava11eiros para a Praa. F it fuccefio deixou Gaylan menos refoluto, e rar.irao-Je n1ui~ tos dias em que Je recolbra para a Praa os int~refies do... :ampo fcm difEculdade. Entrou (J lTICZ de j'\J ayo ' arrareceo defronte de Tangere a Armada do Parlan1ento de Inr1aterra , qtte Arr~rece confiava d~ quarenta navios, de que era Cabes com igt1al cnl Tau1\1 1 '1 " R l U] , rerc a A r~ d P~. e r o J' arquez .ce_/~t o_::ta~ u , e o ~ertc: v ~~ : cr.tr2 -~-..,cla lu tao no porto, falva~ao a Ctuade: forao refrcnd1dos con1 ckza. igual cortezia, J\tlandrao hum Offidal a terra con1 ca1ta b - -" ao Conde' em que lhe rediao lict:ra rara fl'Zertm af<?~-da, e fe voltarem rara a Bahia c!e Cadiz , ue era a h! a derrota, por haver Cronmel, PrctcE!or da rcva Rcrul:lica de Inp)aterra, declarado guerra aos Cafrelranos. Recebeo ~o Conde a carta , concedco-1hes a Jiccr~a C: De redia, e permittio que alguns Officia~s entr~dTem na C!~ade: rm cotn tanta cautia, que nao rudeffe o defcu1oo fer defculpa de qualquer accidentc, que fobrevicHe, fendo jufto o receyo , tratando com l1t:ma Na.ac, q1'e havia fdo infiel ao feu proprio FrinciPe, com a aca mais l:orrer.ca
principio'~
515
ro-
Kk
~~
51~
qu~
a lrnir.ir.1 txios os fe.:ulos. A:.J dia f~guiate man ~~ou An,:> o Cv.l1! Tls G~n~ra~-, hum ~rannle r~fr~fc0, e confrnh{o J 6; 6 a G tyl:-t !l o oo :ter daq u ~11.1 At; 1111da. , recea :1d0-o ma nJon o o F.:re.:e feu s~cr ~ta!1o off~rec~r ao Conde todo o o.:corro que lhe ~:tyla;t p.ll"X:!fi'~ n~~~fJrio plra f~ livrar do receyo quelh~ d~viJ oocn:torrro ~ canfJr vifiahos ta poJerofos. Agradeceo-lhe o Co;ld.:! a C a n., c' J r Inglezes. oLt ~rtcl, avaha:1 o-~1 por IllliS p~ngo1a que qualquer outr.J p~ri~o. O') Inglezes com~irao a fahir praya f~rn recey.J do~ Mouros, e Gaybn ex.tmin111d3 efr.! defcuiJo os corr .!O hum dia, e os obrigou a fe embarcaretn , deixanAff'aJta5 do .ll~uns mortos, e outros feridos. Fez-fe a Arraad :l v o Mou- la na volta de Cadiz, e refultou da affifr~acia que fez na.. ros S n glez os ln- qu ~ ll ;;: porto grande preJULZ~.) aos C 3ll.!1,:lallOS : rorqt!e e perJra i nr.lto~ navios de importancia. D~f.::m 1 ""~ar.1 !do oCo 11~ do cuilado da Artnllt, tor:t~>u ~ a(1 1:~1ic.1r-i~ gu~rrd. do1 l'viJnros, e vc:1Jo qu~ ch:!~.lV.l o t;!:npJ d~ r, . ' ' co1l~i"..!m as iuas em~nt~lr_B, qu::! :11 c-J 1a-1:1~lllO $~r.1n t.e pod...!r d! G tyla.l haviao f.:tbri..:,.H.io nl_:ito p .:r'"ro J,\ '"pr~a~ e pare..::!ado-lhe .Je en1 lh;:!s tir1r a ~a!lJnda os divert:i1 de t-1\J p~.-.~ju:licial r:!folua, det;r ni h)U n11.a.Jilr pr o f..>go aos trigos maduros' e r;;!~COS. E (up?0i1:J qt~C alguns C1v ill::!ir0<) lhe Jiai.:ultr.lo cfta opi .1ia1, hav~~1da InanclaJo e'{ l!lllilar pot at1lhaJor-~s os fiti3.) J~ ll.!_la~nagds, e _d~C,1fra, ordeilOU atreze deJulho aoAdail, queconl ouz.!n.tos C.tvallos fe e1nbot~ . 1fr~ en1 hw:n pofro da i\lot;ta de L~a, equ~ 10 an111h-~~.!f lai.1liT.! d.uas plrtidas, l:ua orJ.!m d:l c~:lt.ld:Jr o~.ll"t~ dl Fr~t lC.J .. outr;.l de Jeronynlo de Freit t~. E ltr-Ju o Ad~l Cf)m ta bom fuccef... fo, C]U-:! depois d~ lTilt.uem OS C~lVallei.o<), e C.ltiyarent 1nnit0~ Mouros, e de pr fo~o ~~~ fe:n~!It.:!irds .. d:.! que relu ltou eH:~ader-fe por toJa ~qnella can1;1an~Ll hwn :1o-.:aQlte.i!l1a? V;!l i1c-~.1Jio, de que os 1\-!o~Iros rec~br,l mui~o .:.;r::I!H~C A~,JL'll cltm'lo, fe v~yo retiranJo co:n a preza. Junt!-~10-~e os mao O NI -\_ ~ "l . . 1" pesacam'JUro\, e antes d e panar o .cL.:U o no pert~nerJ.o tirar ra'lha,re-lh,t: at3cu-fe huma grofE1 elcar..vnua, e o Cn:1de Geti!aado-fe n-;!r~l t~ndo efta noticia 1e levantou da can1a, aor1 ... leefrava :Jt~rc:z: r!o~i':C havia dias, e n1andou qu:! en1 hU!Tla ca,l~ira O 1.! vatTe-n : porta do can1po, e orde:1oa ao Akaylie 1nr AnJ
PORTUGAL RESTJRADO;
o: %o:
ros-!
~~~ Di.tz
qu~-
carao
fi:
te ten1pu fe vira baixar con Cavallcs, que p2lanco a x6s6 1ibdra de .J\1agrJga fe viera o _encorporar ccn1 os que pelejava con1 o Adail. Avivou-ie c1n ambas as partes a contenda : porm chegando o Alcaide n1r defta parte do rio, o A.dail inveitio con1 os l\1ourcs, e cs fez tetirar, deixando n1orto o Almocadcn1 de Guardar s, e outros, que o acon1panhra6, e panou o rio com os cativos, c parte da preza. A outra parte haviao defviado alguns Cavalleiros do caminho , e obrigados do tnedo , ftnl haver Mouros ~ue os embaraa!Icnl, a largra ; e tenl!.o o Adail no tida defra deiorden1 dcternnou voltar a conduzir a preza perdida: portn advertico dos que o acon1ranhava, do.pcrigo a que ie expunha, tnudou de reiolua, e fe recolhco Cidade, cu fiando-lhe o fucceilo a n1orte de Antonio Domingues Atc1laya, c de hum Cavalkiro chan1ado Diogo Gomes, e outros feis feridos. A perda dos Mouros foy confideravel: porque os n1ortos, e feridos fora n1uitos, <>s cativos trinta, trcs guioes, e alguma preza, o incen<Jio do trigo chegou at Ribeira do Porto largo, duas legoas diftante da parte em que con1cou. Senticios os MouroS' defi:e m o fuccdTo entrrao n~uitas vezes no can1.. 'J'O de Tangere com rouco effeito. o Conde., querendo multiplicar-lhes as incomn~oclidacles, fabendo que na ferra .. r de Benamagrs havia quantidade de cu]me2S ' ce que os ' : t..Mouros col:uma6 tirar o :-tr nwJor reglo, lhes nan(1ou .;. ~- pr o fogo : ardeo a n1ayor parte dellas , e con1 a n1efn1a ~iligencia teve igual effeito o for,o,que o Generaln1andou J?r ferra : affin1 para que ficanco o fi tio mais dekcberto ie ufafe com n1enos cuidado d-s comrr.cdic3ces da c~m... panha, como para ficar mais facil o corte, e condLa da lenha de que fempre na Cidade havia grane e falt~. Gaylan efrimulado cleil:es n1ios fuccefios veyo muitas vezes armar os Cavalleiros, que fahia ao Campo: porn1 era tao fingular o cu i dado, e vigilancia do Conde General, que fempre erao os IYiouros fentidos antes da execuao do eu . intento. Entrou o mez de Setembro, tcmro tm GUC cof tumao celebrar a PafdJ.oa qve chamao clc Carndro; ror
1'
:arao na Praa, e cetn n1ofqueteiros 3 ordem co Sargento n1r Gafpar Leitao marchaHcn1 a foccorrcr o Adail. Nef- Ann(')
5'17
~(k_
qu~
sr R
PORTUGAL RESTAURADO,
que Mafotna, form1nclo de nulitas L:.!ys S-1atas hurna ley Anno inju a:a, tonou eil:a cere'UQIa da anti.~1 l ~y dos Ju ieos, 16j6 e erJ. o~rig-1da c~lda fatnilia a n1atar !nun cara.~iro.Com ef.. te motivo fe recolhrao tol:Js (!o Campo, e Gc1ybn difcurfando que o C.Jnd~ G~i1eral i~ havia de v.1l~r ddl:.1 oocafia para faz~r alguma entra(Ll, fe eml:lofcou cotn 900. Cavallos em o fi tio d~ B.trjac:1m1r, qu.! fica entre a Ri.. beira , e o Farrobo, com i~ntinellas e1n todos os pfi:os mais (up~riores, para q;1e com fo~'Js lh~ fizer.:!nl avifo da parte por oaJ~ eatraf~m os C1v..1lldros. Porm o Con 1~, na:l quereado ma~1dar f_tz~r catraia fem feguranl, ~.!o orJem a oito Ahnocadens, para que cada hull?c~.n i~u co.npaah~iro, di vi1idos por varias partes, entrai.. fcm na B1rbaria a to1n:1r noticia do qu~ paffava n.!l1a. Foy hum dos AlmocaJ~ns Agoftinho Coutiaho natural de Farrobo, que err1 varias oc~aioens havia proc~dido co111 gra!lce valor, depois de fe haver convertido F de Chril:o. F oy nefta. jornada o peyor li v r ado , porque encon~ranjo huma p~uttda de Mouros, depois de pelejar valoroiamenMorte do te, foy nt..>rto Ag')fi:iaho Coutinho, e ficou cativo MaAlrnoca- no~l B.>rs:!S. L~vra-ao a GJylan, e a cab~a de Agofi:i~ dem_ A- nho Coutiaho, de que f\!Z tanta efi:hna tJ.que com bar.. l:ofht~hho bara cruelJade a mandou ligar cabea de 1\tianoel Borou m ges, e deo ordem para que foffe levado efl:~ trifr~ efpe.. Tvrannia taculo a varias lugares , n1andando, que em quanto Ma... de. Gay- noel Borges n:ao foTe refgatado pldecefe o tormento de ~n~ trJz~r at.tda fua a cabea corrupta de .A.goftinho Coutinho. Tendo el:a noticia o Concle General mandou logo refgatar M1:1oel Borges, o que G1ylan nao podia duvi.. dar a refp~ito dos c0rtes qu~ fe havia o celebrado. Efta ~efgraa foy uttl : porque di vertia ao Cond~ General do 1nt~:1to qne tL1h~1 de m1ndJr entrar na Barbana, aonde o A.lail puJera pa Jecer rii'"co tnaaifd'b.> na deliheraa, e prev ~ao'.!ns de Gay lan , qu~ com q:Jo. Cavallos o aguardava em Barjacatnar.O:.ttros fucceffos de m~nos importancia acontecra nefre anno em 'Tangere: porm em todos w- experitnentou o Conde Gen~ral a felicidade que perten..,uccenos
ga,
de Maza ~
dia
Ma~
519
.aprendido i~ndo fronteiro en1l'angere, tcmav~ o can1- Anno po fen1 receber dan1no dos }\louros. ,Ju~~trao ell':s n1ay~r 1656 poder do que cuilumayao, e correrao alguns Cavalleti r os ate as trinchd ras: ioccorreo-os , e rckjanco-ie rrmitas horas' fe r~tirrao os Jvlouros COlll rerda' e a Bcrnardim deTavora, que havia pelejado ccn1 n1uito valor, lhe matra o cavallo. Poucos_ dias dcfois ddle fcn.Co appare..:eo hum navio de Sal i obre o porto, e andanGo neUe alguns dias- para impedir que cntr'.f:(m as caravt.:lds cem mantin1ento , em hum a , que efiava armada , n1andou Alexandre de Soufa e1nbarcar a .Ivlanoel de Azevedo Coutinho con1 cincocnta motqueteiros. Na quizerao os de Sal experin1entar a rcfolua de Manoel de Azevedo: pertendera retirar-i e ; portn achando o tempo contrario os obrigou .filanoel de Azevedo a darem cofia, e ficou .a barra livre daquelle embarao. , Os fucceffos da India havemos referido o anno antecedente no governo de Manoel .1\Iafcarenhas Hometn. As nos, que efl:e anno pafiarao quelle Efrado , forao : Bom JESUS do Carmo , Ca pit2.6 mr BarthoJon1eu de Vaiconcellos da Ct~nha; Kofia Senhora da 1\ativida-de , e Santo Antonio Capita Antonio Pereira. No efl:ado referido fe achave~ as tnaterias roliticas, e militares, que en1 Europa, A1Ja, Africa , e America ie govern\va debaixo da obediencia deJRcy D.Joa. A vinte e cinco de Outubro defie anno de 1656. qt:ando atuanheceo na luz defre dia a Portugal efcura fombra, etn que vio eclip1da toda a gloria at aquelle tcmro confeguida, padecia FJRey repetidos achaques, que fe l,avia anticipado aos annos da velhile, parecenco que a rrit"!cipal cauia de o maltratarem ta deprefla, era a dcfordem com que vivia, affitn nos mantitnentos de que ufava, co mo en1 outros internpefiivos exercidos que fazia. Ccftumava (como haven1os referido) ton1ar todas as fcniana~ hum dia para fahir a logr-lo na Tapada, que fe cGntinua;. va fua quinta de Alcantara , exferimentando ue defta recreaaolhe refultava mayor vigor no efpirito, rara fop}10rtar cs grandes uidados do Governo. No dia referido,
Kk iy
. que
, thio ElRey elo .Pao 'T r1pada : porm f~11tindo-fe tnolefi:ado de h uma dor eni hum a ilhar.. I 656- ga ,. tornou a voltJr antes do 1neyo dia. Acudrao os MeUI ti na dicos, e f~n~lo EIRey cofi:umado a inform-los :~more a ~o~~~a f1v.:>r da faul;!, na6 ddcobrind0 os pulfos o mal nte~ior, c .. cy. lh~ applicir~16 t~ves remedias. Pailou at o fab::ndo feguL1t~ com algu1s :.un~aos de accid~ntes de pedra, e got... t.l,. qu;! o~1rig.n.o aos Medicas a na6 ufa r de r~tnedios, m $ ~r1e aq !ll.::s q uc era prop-orcion;1dos para- eftes ac1ll':J'.l ~s. Pornl r<!CTlhec~ildo-fe evidentes finaes de que os m1les fe conjuravao contra a vida delRey com o mei:. mo furor, de que havia-> ufa do dons a11nos an-t~s eftando e.m Salvaterra, em que chegou de hum a fupprefl (que era o Tne:ino mJl que o ameaJva ) aos ultimas parocif.. mos, fe r~folvrao a fangr-Io nos braos. Senti o com ef~ ta d~car-~~1 pouca melhoria : mudrao as fangrias para os ps , 1n J!b-~-ra melhor effeito, de que foy ta geral o con~. t.~at~lm ~nto, que da grande trifteza, a que toJa a Corte eftav.-t reduzida, fe paffou a extraordinarias demonfiraoes de alegria, que- efl:a he a n1elhor fatisfaa que Deos cof tutn1r dar aos Pri11dpes, que imitaa fua trata de dar na balana da prudencia igual pezo brandura da Mifericordia que ao rigor da juftia. Na durou tnuitas horas eta felicLlade : porque tornou o tnal a embaraar deforte a evacua~o, que conhecendo EIRey o perigo em que cf... tava .,_ e entr:u1do PeJro Vieira da Silva a commun.icar-lhe al~'Ii.1S negocias pertencentes ao- governo do- Reyno , lhe diffe, que o de que primeiro queria tratar er~1 de fi1zer o feu tel:am~nto. Pertendeo o Secretario anitnj-lo , dizendo-lhe- que n1 efl:ava- o m:1l em termos de lhe fer neceffario tratar da tnorte : refpondeo-lhe que os ren1edios da alma n::to diminuiao os' alentos d,l vida, e que Deos era teftimunha de que elle lhe nao pedia mais que juizo para acertar no verdadeiro can1inho da falvaao da fua aln1a. Com lagrimas lhe obed.~ceo o Secretario e por inftantes per Jiao os Medicas a confiana dafua vida: porque netn d-~ huns ba:1hos co1n que n1elhorou da fuppreffa de Salvat~,.r1 reful tou effeito algum , que defe efperanas de tnelhoria, e multipli\;ando ..fe os reme~lios at o ietimo dia
AnnJ
't
da
rla doenca, j nac 1Lr' i~; c a l:JRl)' m~.u, Gl'e de 1lie an.refcentar ~ moleHia , rcrn1 (on1 ta inalter~ve1 foffrjn:cn- .Anno t(), e con~~nKia, i_u:t~o a <..fi ic~, e d<;re~ excfEY~s, 1656 que n~ ie lhe ouyta ralayra df:.t.n;a de c: l-et_xa' e todc;s c:cnflan' as que repetia era ce nfgn~~:o, e co11fc 1rradc.1de. A1If- cta <ld-' tia-lhe com grance ctlic3do c Ccnce Can.areiro n- r, c Rti ey.e r:~ 11 11 d. fi . . Jgnac;ao <]Uerendo obnr-1o a que co~~e1.e , :e 1 te ue ~dilatai- na ,onta-: ie ror fer dCfOS da meya ~10l~C, porc~11e qucn~ ccn~ungar <lc Dhi:: quinta feira , que era o dta iegtnnte. ferfuadtc-o o Con- na. de a que corr.tf1e, (iz~Jl.co-lhe '}l1C o_ h~vcr comido na tn1baracava o Viatico fendo-lhe nect.flano: reconhccenco ~ yer&:tde d(fia opinia , fendo grande o fal:io, fe fujeitou a comer, con.o o Ccnde lhe advettia. P fiou a noite fem algum iocecro, 2manlecco, e prC'rlJnco o Conde Camar~iro mr ~o Secretario de Eitado' e MedilOS o cefejo con1 ue F.JRey cfiaya (1e ccmtntmg2.r , affi.fih:do o Ccnfeilor de1Rey que era o Padre An~r Fernandes da Companhia de JESUS Bifpo eleito do Japa : fora varias as opinioens ; porque os Medicos na qtleri3 , reconhecentlo o perigo , chegar a den1onfrr2oens do ultimo defengan o , advertindo que a defco11fiana de poder n1ell;crar 1eria em EIRey novo achaque que lhe atneaafle a vida. Porm repetindo o Confeflor a grande re.fignaao co1n que ElRey eftava , e a f de que na efperava nem a faude da alma , netn a do corpo fenao das mos do Vercladeiro Me.. clico JESUS Chrifio; e accomodando-fe o Camareiro rrjr, e o Secretario a efta melhcr opiniao , fe deo rec;.~o para as cinco horas da tard~ vir o Viatico da Freguezia de S.J ulia. As horas que fe interp11zerao a efte catholico aclo, -gafl:ou ElRey e1n ajufrar o te.fiamento, que havia feito Ajufia EJ.; em Salvaterra com o Secretario de Efrado, emendando Rc:yo fcu o que lhe p8receo mais conveniente. Chegou a hora de tefiamcn receher o SantiEmo Sacran1ento, c;ue lhe n1iniftrou o Bif- to! . __ po Capella mr D. Manoel da C\mha , a.ffiftido da Rainha , Pr!n~ire, e Inf~1ntes , q11e pedia oa Deo~ con1 JagriInas copto!as na faude delRey o rfmedio do REino. Repe. tio E1Rey com o Care11a rr,r a Conf.flao, e Frotefiaa da t', con1 tantcs finaes de verdadeira cf'ntria, qPe parecia inliubitavellograr a afiifiencia do auxilio Divino , e deL,
51t
5''-Z
d~pois
PORTUGAL RESTAURADO;
de aiiirmar que em tl)(lo o decurlo da fua vida ti.; Anno vera a meaor duvicL1 en1 tuJo o que cr, eenfina a Santa 1656 I~r~ja Catholica, de que dava a D~os iafinitas graca.s, Rc..:cbe r~cebco o S_lntiflima ; e depois de hw.n grande cfpa~ de F.t.t~y o d~vot~1 Oraa cha~nau o Capellao n1r, e lhe dife , que Santaffi- e11 e e!n. .1 m or LaVa reil5:t~1 J o na vontau~ d e Deos, e lhe nao pe(.l" .. Ia . "~t\co. f!l:lis vi Ja , qu.! a qu.! fofe nec:!fLu-i~ para ilvaao da iua alma, e qu ~ na certez:t de que i e achava nos uitimos termos da vida, lhe pedia de-:larafie a todos feus Vai.: Declara- falos: , Q.1e em todo o teffii_)O do ieu ~Governo tivera a ca- , fem:1re tenca de obrar o a1 u~ lhe parecra mais conve.. tholica , delRey. ,, niente ao fervio de De os , e co,rervaao do i~u Rey" no. ~e nas ma terias Ecddiafl:ic]s procurra iempre fe" guir as opinioens das pefioas de letras de mayor virtu" de, e que para j uftifica.lo ddl::a V;;;!rdade deixa v a ~ntre " gue ao Capella6 mr toJos os papeis pertencentes a ef'' tas tnaterias. Apartou-fe o Bifpo, chamou ElRey aos Duques de Aveiro, e Cadaval, e abraando-os lhes deo do. cumentos, que depois fora6 n1elhor obfervados do fegundo que do primeiro. Pedio lhe trouxeflem o feu teil::amento, que qu;;!ria approv-lo.Feita efi:a diligencia,mandou entrar os Confelheiros de Efi:ado, Prefidentes dos Tribunaes, . e mais Minifi:ros , e depois de pedir a todos perda<) de algum efcandalo que tiveffem recebido teu , declarou : se (tunda , Q!.1e D~os lhe havia feito merc de lhe dar animo para dc~lara- , p~rdoa r ha off~nfa , que havia ti? o ~e alguns de ieus ao exem- ,, Vaffallos , por lhe conftar prefumtra que elle por ac plijr. ,, crefcentar thefouros, divertira os cabedaes da Coroa, , que ifl:o procedra da regularidade com que fempre a. ., , jufrra as defpezas pelas receitas; e que a morte que cof'' tutna defcobrir os fegredos da vida, faria manifefra efra , cert~z-1. Q.!.1e fobre tudo lhes encSmenda va n1uito a , unia, e obediench Rainha, que era os unicos n1e-:.. ,, yos da confervaao do Reyno. ToJos lhe beijrao a mao banha:1do-lha ern mares de lagrimas , e quando chegirao o Camareiro mr, Luiz de Mello, e Gai~1ar de Faria Secretario das mercs, agradeceo a cada hun1 en1 particular o b~m que haviao fervido. Recolheo-fe ElRey, e pafou a noite e1n continuas colloquios corn hutna lnla..J
gem
P.(IR'IE I. _LIP_RO ~X_II. 523 gen1 da Concuao , SlC tu.ha a cabce1ra, de GUfnl era devotifl:mo, ~ ufand~ do~ mt:it 0S rcmeclio_s, G~Ie.lhe ap- Anno 1 p]ic~.Yti, fl~llS f01" Cl.l}:r_tJO. ~e qtie d~\'13 IJeltar-ic a 1656 elles rara a conJervaao {13 YlCa, c;ue rCf efper~u:as UC a1can-1a, ofttrccia a n:ckiH~, que lhe dava, t'lll fatisfaao das cPlpJs cc que fc conft:flava de1insuente. Ao dia fe~tinte ch~mou EJRey pela. manhaa Diogo de Soufa , e jer-urou-lhe o.ue ltmbra{lon~ais do itu merecimento,e ccs Continu. fe~vios de r-eu r ay, e lrn:a' que de algumas qta:ixa~, at;.~e as cue tinha fu~s, deixava muito recmendado Rait~l~a as aco~scx.. tuas n1_elbor~s. Diogo de Soufa H:e b~ijou a ma fcn1 r o- :k:~c~ J der rei pondcr-Ihc: porque lhe fervua as lagrymas de rhetori(a. i\Iandou EIRcy logo entrar Ruy Loureno de 1.'avora, e pedio-lhc que tornafle a exercitar o Poilo de 1\lefrrc de C~mpo , s_ue havia deixal~O ror a,Jgu1nas leves oefconfianas: rron1etteo Ruy Lottreno obedecer-lhe, e cada htnna ddl:as prudentes, e virtuofas acoens, que fe communkaYa acs qtte aJlil:iao no Pac:>, e por elles aos da Cidade, era hun1 noYo efi:hnulo ao ientimento da perda que re(eil\"~10. Apertava COfl1 ElRey cefort:e o fal:io' que foy neceario vir a Rainha , Principe , e Infantes obrh.rarcm-no a que con1efle : obedeceo violentado aos rogos de ta amadas prendas' e tefl:in1l!nhando algias lagrill~as que lhe cahirao, os affetl:os de eipofo, e Pay. Deo ao Principe, e Infantes prudentes, e neceffarios docurr.en- Advc:rten; tos , para a frma em que havia de proceder depois da ci~s ~os fua morte, encomendando-lhes 1nuito a uniao, e confor- Pnnclpcs, midade, e fora tantas as vezes que lhes repeti o eila inf.. tancia, que pareceo vaticinio cos fucceflos futuros. Defcanou EIRey algum eirao , e na lhe cat1ando o efpirito de acudir a todas as obr1gaoens de Chrifra, e attenoens de Principe, depois de fazer varios atos de a1nor r de Deos , ordenou ao Secretario de Efiado efcrevefie aos 0 dcns Governadores das Armas encomendando-lhes a obedien~ J~:o~: da ao frincipe feu filho, depois da fua morte, e advertin- bos da do-os das prcveroens que deviao fazer rara refifrir qual- gru:rra. quer invafao que os Cafielhanos intentaffem: e mandou ao Conde de Soure, a Andr de Albrauerque, e aos mais Officiaes que ailifriao na Corte, partiftem logo ao exer~i:ClO
S!rf
cio dos feus Pfros , e chega nJo neil:-.;! ten1po o Conde de Anno Sou r~ acon1pa:1haado hua Inngetn de Noifa Senhora das
ch<.lll1Jndo-o EUtey llH! dtle, que 1~ D~os na fofie iervi- , do lev-lo aquella noit.!, lhe Elllaife pela ffidnhaa. Veyo , o Conde na n11nha ie5uinte, que era ibbado, fallou-lhc ElRey largo eiix1o , e advertio-o de todos os accidentes que ent~ndia que podia fucccder depois da fi1a morte, apont1ndo-lh~ prudentillirn~s IU;!yos pc.la os atalhar, e Je... pois de lhe fegurar a grande confia11a que ietnpre fizera do eu zelo, valor, e prudencia, lhl! ordenou partifle loOrdena go p;.ua Alemtejo. O Conde brotando-lhe pelos olhos enado sCoadc tr~ o pouco rumor da correllte das l.tgri1nas a coniotlanda e oure fl. 11. parta a A- d e1LlS vtrtu des, qUI.! JUtLainent..! EIR ey 1ile repetia, com !~mtcio. fiddillitnos protettos da fua obediencia, e do feu affe-' l:o, feparado delRey fem interpor dilaa6 partio para Alenltejo. ElRey v~ndo que lhe crefcL1 a f~bre, e qua1i totalmente ie defenfreava o itnpeto dos tn1les, tnandou que chatu.lfiem a R1inha, Pri_lci?~, e Inf;1ntes, e depois de abra~ar fuav~m~11te a todos, 1h~s dire, que def~jando feguir, e imitar a vLia, e tnorte do Verdadeiro M~ftre JESU.) Chrifl:o , lhes dizia o que eU e na Cruz encomtnen dra a fua My Santiffima, e a eu Difcipulo S. Jo1 , e continuou com efr1s p da vras : A' RaiTzb._'l encmendo cri~ Ad erten- a9 Principe como afilho de amb?s , efio delta o fard muito cocia; que nz? conve'nz; e a.? Principe mmtdo J'"efpeite fempre fita Af,y, ~IRcy faz e em tttd9 lhe dedique a obedieJZcia que lbe deve como (ezt fia Rapm~a, lb.?, e p~:;JnJ.o com hum a tUa) na do Principe, com outra eao3 c ,. ,.,b ~ipes. rm na do r n f :1nte D . Pedro, d"fie ao lntante : p edro, nao. JL e.J 1 o qt~e perdes : a amb:;s rec;nelldo que tra!"~is _{empt~e de for 11lttttfJ r:;?/o.fos da Religi:z Catbolica, nt!ttto obedte11t.~s 11 'ZJo,fa My , muito amigos , uuidos, e confornzes , porque efie be o mzit:o cambzho de vos co;zfervardes, e ao Rei11o etn pa~, zmi{lv, ejullia. A Rainha, ainda que era ornada;~ de ei~1irito varonil, na podendo deter o impulfo das la. grimas, p~dio a ElRey lhe deixafe levar fens filhos; porqu.:! receava que o fer1timento lhe aggravafle os males que lhe via padecer. ElRey o pennittio, e agradeceo 1\iar.. queza de Atou guia, .Aya dos Principes que os acon1panha...
ya,
iJ:ttl{/(;U o ~do t!o ct!lto Lh i11o, 'iifu s t!e Eccltfltfiias, e ,rjon;i6f!!vtle cnj!ttmes: j'C1~z:e cr;lifdrr,~1i{!o ~ue cc111 f! jua .fr./tt~ jJGdertl je1 11/fl'I,'(J" a JibtT'dt dl', j l ria frtcifo t;_t:e J rjjem tiltplic3t't,s rs [rt.";.:r;ioozi. 'l cccs fathJizer:o a tfra~
7
Va O atr.Or, e dt:El.la tClll _c.ue tr~t~.,-a fra tr!a-=!0, e ci.fTc-H'e: f)tr tfcn''i.:t_Oe rftufi!!o r Cm't'c le A- Anno t~uguia, ~ue eJla'l:a 11q Irc.jil , a fftJde ljtimr.t _ r.ru ~(z~ ,~a 15 56 feHj"re do]eu Jrocet!t1J:l1ito. Rtcolhco-te ha11Ja. e c:co E1Rey ordfll1 (iUC lhe_ yicf'e fal~~;r _o c~.bico -~a ~' e o Falia ao Senado da C2nlara. clcgou rnn CllO c ( alIco. r<.rre-Cabldo. 1~nt.;do n~s p~fioas co Dea .P:ndt 1-t!ltaro, c0 (l~-~~trc D. R.cdrigo da Cunha, e dos Conegos ~~uno da Cunl;a Dja, e D. Lniz da G3mma. Derois ddRcy lhes Encarecer o que os efiimava , e lhes agracecer as rof;atiYas ~ue haYia _feito, e !lldndado fazer reJa iua iaude, icES a:ct-
rn
ca
~'-S
rropoOCI1S Yirtuofas, C J1~lOlC8S COffi repetidas fTOmeif ..l.S d:t fca obcx~ienda. Sa!1io o Cabido, e entrou a fallar a ElH.er o Sn1a<.!o ca l ~atnara, d\! que era frefidente D. FaiJa ao Joa6 ~1e Sotd~ da SilY~~ra , ElRey esforando a voz, que Senado i~ tin!!a. n~ui:o d~bi~it~llla, ,, fie:nificou o grande ddejo, cla Cama~ ~ i. . . J ... fi . fi" d . ra, ,, qe ("fl1pre t.i'~.era cc al.m1111 rar Jl~ Ica. e e ue o ,, governo de Li~uoa fcle, c0n1o cabta t~,o Reino, o me ,, lhor regulado ' rara que dcfie e:xcmp1ar fahifienl teces ,, os effeitos, ("_jt~e 1(mrrc tral-alhra conleii'oncEflcnl s ,, Jifrcfioens. Q!ie era tC01fO G~ lhe ragar o rovo o ,, amor que fempre lhe tivera, e que na certeza de ue ,, havia de acabar a vida muito derrdfa, rogava a tcclos, ,, que na faltando ao arr3decimento que lhe deviao' nao ,, diminu!flenl o zelo de adtninifirar ju1:ia , nem o ~mo r , da con1ervaa6 do Reino. .Jle 1l1cs e1~tre~ava a Rainha' ,, P rincipe, e Infantes , rara ste o~ fervifT<7m , e r-ua n.1ai:. ,, en1 da inc.uftria , e poder de fe11s inimigos. O Prefidente de poucas palavras , e muitJS lagrimas formcu rum breve protefio de ol!edcccr tcco o [ovo, at o ultimo alento , ao rrecdto dcJRcy, e tcc1os os Gtle efiava prefentes com igua! dcmonfrra2o o confirmrao. !\ao fede~:. . cuidou ElRey de f~llar ao Juiz , e F.fcri v~o do Povo , e f~i~~ c~~ .; c~orando elles o ueh~n"!paro cnl que ficava ' os esforou, crha do dlZendo : ,, Qye clle tin.ha grande confi~na na .1\Hfericor- Povo,
,, dia
s26
PORTU(;AlJ
REST..~1URADO,
, dia de Deos , qiJe lh.! hayia d~ co~l~ed\:r a gloria eterna; Anno .,. e que nella efperava aka.1ar 111ais iegura proteca 1656 , deite Reino da que neita. vida Iogrra. Par~c~ que os n1ales por pcrmifTaa 9i v Lu_ da va tempo a Elltey de ex... Chama ex~rcitar a.1os virtuoios, ~ h~roicos. Deo orJetn que lhe E~~? os ch:trnJfi~tn aos Coad~s de Vimioio, S. joa, S. Lourenz~~;~- o, CIt~llo-~'\1dilor, e R.uy Fern:1ndes de Ahnada prezas f."l emorte pela p~nd~ncia i~1fcli~e Jojogo da pda, en1 quefoy mordeC_on_dc to D. Luiz d~ Portugal Colld~ J Vin1iofo, ~ f~rido o CondeVmiO- de de S. J:J.l feu cu:1h.1d~ ; e porque as partes .1ao havia i~z~:~~~~ c~Jido ao p::!rJa5 d-1 mort;:! do Cy1Je, eftava todos en1 gos._ varias prizo2ns. Chegra prei~na ddRey , n1enos o Conde de S. jo:1, qu! ie dilatou por eftar prezo na 1 orre VelhJ. EIRey io:jJ qu~ os vio os chan1ou junto ao leito em que efr1va d~itaJo, e com fem0laute ruais ier~no do que ie podia efperar da~ dores qu~ padecil, lhes difle: , <2.11e havia fentido muito o tempo que h:1vi16 fdltado ,, da fua prefena, e a c:-tufa del:a ieparaca : porm que , lld queria acabar a vida fe1n os ver , ,e os deixar ami , gos, que os havia Lnan-lado chamar para conieguir hum, , e outro effeito : e qu~ para que tomafem ndle exem" plo de quanto convinha perdoar agg~avos, proteftava ,; que morrLt em odio , nem querer fatisfaa alguma , de i~us inimigos, que por muitas vez~s, como t!ra n<?'' to rio , o hJ.viao mandado matar ; e que :lem dela obn" ga..16 CJtholica, os devia convencer quanto necehtava , o Reino com a fua falta da unia de todos feus Vaffallos , plra a d.:!f~nfJ. de feus filhos, eco 1ferv.1a da Coro:1 , em feus Defceudent~s. O Conde de Vimiofo, haven.. do herdado de feus Ant~p.1ffados o amor do feu Principe, di!Te a E1Rey.que perdoava a toJos os que haviao concorOd VC?:1 ~:: rido na n1or~~ de feu Irma. ElRey Ih~ 3gracleceo efra ge.. e t n10r d !1. d d e S . Joao _, fo d ex- n~rota emontLraao , e chcgan o o Cond~ cmplo aos nefl:~ t~mpo, ElRey lhe repetio tudo o que havia pafa~ mais pa.ra do con1 os tn1is que el:av1 prei~ntes, .e o Conde conhe0 perdao. ce;ldo que era naquella occafia:) o mayor vJ.lor ceder toR fi !l: dos os impulfos do feu alent~1do efpirito ao preceito dei~ t~~dc ~ey, lhe difTe : ,, Q1e na6 era elle o V 1ffallo , que deide S.Joa., xaff~ de obedecer a Sua Magel:ade para tao jufto , e ne" cefario
F;
d:
, do Reino. Continuou ElRcy ciz.er:l~o : , Vcu n:ldtas .Anno , gr3as a Dt>OS sue irnit~a? de Chr;_fto rcilo diz~r-vcs I6s6.J , na t.1tiina I~ ora : P!!cem rd-nit;tlO r;;fkts, jJliCC111 muni lc" -;,o/; , E'll VOS COU paz , eU VOS ~ClXO em faZ, CU YC'S roQ"o na6 Cil!eirais ir contra efta nunha yontace, r o is he :: .tad conye~iente para a voTa quieti:a , e co H eino. E ajuntando entre as fuas mos as ce todcs eles :Fidalgcs, TomaE11hcs mandou qt~e rerctti1cn1 diante da RD-inha, ue efr~.- ~~cy a to~ va .rr~L:nte, C1lh"! Clll n nenhllnl outro tt:rnpo ! lt:mbrarii mo;oas . A .tr. ~ _, t... s ratnats d3S ralXOE'nS r~llc1d3.S. 11;111 0 promettel"lO, e L1 ra firmeza ljande-lhe a ITii?. fe fahirao, cobertos os roftos de lagrirnes, co q rr~ e os coracoens de fentirnento l~e ver ou c1 ue perdia ta nlettera~ " 11. r. em pretc excellcnte Pnne1pe. 1\1ourou E.lRey co1n a1 cgres 1lnaes <;ada Rai quanto ficr.1 ltisfdto dcfra dilir::encia, e 111andou re nha. lhe dwrnaTem D. Rodrigo d~ .Nlet1ezes Regedor d3s juf.. tia~. Entrou a f~1llar-Jhe, e (.lerois de ll-e agradecer o Fa!Ja ao ~em ot:e exercitayJ. aquelh1 ocn:pJ.1, lhe encomen~ou ~egJdfl~ uiifefit~ da fua rarte [.05 Defcm'bargadores: , Q1e H:es c.::. u l ,, 1crnbrava c;_t!an to en1 toco o h.rnpo que rein~a, trat~i:"a ,; da ful. . ffi:encia da juG.ia, e ue affn1 I:hes encomenda.. ,, va, que na fa1ta1rem obfe~vaa de11a :porque, fen" do hun1 dos attributos Divinos, era hum dos princiraes ,, fundamentos {!il confervcao das Monarchias. D. Rodrigo , que dt:via a EJRey particular favor, nao roce n.:fponder-lhe mais que com !agr:mas. ElRey, parecendo-lhe que havia fat!sfeito a tudo o que convinha para o Co~er: no futuro do P~eino que deixava , fe entregou de toco a negodaao do Reino da Gloria, que pertendia. Mandou cham.:tr Fr. Domi1~!OS de Santo Tl:crnf.s, e Fr Mart~nho_ da Fonfe_ca lvlei~t~s cm Theologi_a da Ordt:m de S. c.~ama Dom1ngos , e ieus frc::!acores, e der 01s de lht::s cem me- Tht:olo nicar mat~rias fllll i to in'rortar:tes rara a fegural'a da fua g?s para confctencta, lhes dit1e: ,, Q!~e cem toda a verdade ~J!~t- aJufllr af. r. n , . . ,, 1nava , que amd:1 que 1emrre moHr~.wa grar. d e H1c1tn~- fua 'on cknda ,, ao ~ jul:ia c aos .i\! iniftros que a f_l~~rdnva , que ,, n2o 1e Iemhrava GUe exect;taiTe accG ~Ih!l ma r e irfiiJ 1 .n.. ,, a enter.:1ellO que a encor:traya ; rorm-que eue -zelo, ,, e ainda outras virtudes rLu~to n1er.orcs bcn1 fac ia qt!e , prc...
PARTE I.
LJ1"~"R0
XII.
517
ie
com as caas n1a1s brancas, ror efiarEm banh~das de gran- F 11 de abundancia de agoa que lhe ihia cos olhos, e com fer- cao:d:od= vorofo aftetto, e razoens finglas aprendidas em n1enos Abrantci! polida , e mais fincra i~ace lhe cifre: fie poffi'z:cl mete Rey , e 1llftt Scubor 11e tdes 7.:s de ta Jottcos m:1iOS , e (ltte fico ett de 11orz;e11ta! ElRey laEando-lhe os br;::os ao peicoo lhe dife : Vltt c0111 ~;rcmde de.{c1:o , pcrue ttos /ci:>;.o ptwcz aflijlires d Raiuba, e a n.au filhos. todos fallava EIRey cem efi:e deiengano na certt:za da fua n1orte, f i Rainha , por lhe evitar a tnagca, anin1ava com eiperanas de que podia ter vida, e ella fazenJo, co grand~ amor que tinha a _ElRey, eicudo contra os golpes do ddengano de que pod1a faltar-lhe, fluluava o con~a afflitto na refiitenda de chegar aos apertauos tenros da ultima dt:fpedida. IJR.ey chamou o Conftflor , e difie-lhe , que como ie hia chegando a hora da Rlorte , nao queria tratar nLis de negocio algun1 da vida. Ordenou ao Camarareiro mr que o n1udaile daquella catna, roruc cfrava pouco aceada com os ren1cdios, para cutra mais cem .. pofia, e1n que queria aguardar a_ !l!Orte: lffim fe executou. l:'ornou a chatnar o Confdior, recebco das iuas maos varias indulgencias' reretio' eouvio repetir devotas oraoens, peuio tnuitas vezes abfolvi3 de iiws lt:l.-pas , e deo finaes , para que entorpecida a falia, moftraria que pedia abfolvia at o ultimo alento da vida, que teve fin1 na manhaa de fegunda feira feis de 1.\ovcrr1bro, Morre'EI~ rematando em huma convuHao de nervos, e repetindo Rc;y. fervorofatnel1te o nome Santiffrr.o deJFSUS, e ela Virgenl In1maculada da Concea. Separra a Rain11 ~ de chegar quelle ulthno , e laftimofo tern:o, e ec1ipfado aqudle grande Planeta, lhe cerrou os oll--C's o Conl ~ Ca.. mareiro n1r 'e depois de o enco_t:~m:ndare~ a D~os todos _ .,. cs que efrava preientes, lhe beiJarao a mao. Sahto o Con- fefror da Rainha a dar-lhe a nova , e aLfiir-lhe nac:t!~~l1a 1 :: g;ande dor, que f!a6_admittia allivio, _e a ~-:efma dilif.en-.. -. -"la fez 'om o Prln,lpe, e lnfautes ieu ~.. ti!re o Btt_ro_
av a a mcrte. Antt:s cos t1lt1n1os parcCJJn.os cl:arr.ou ~o Conde de Abrantes D. MjgtJel de AJmdda rara te ceje- Anno dir ddle =_. cheg~u o veneravel yelho a 1:-eijar-Ihe a n1a I6s6
529
LI
~I'lt~
em hum lnbito dos Capuchos da rieda tn_anto ;,1il ~ta r da Ordem de J1~- SU Chri.. ufar.D ne- itJ, fi.:o.1 o corpo iobre o letto, e depois d~ ornada toca Rc ado. a cata co~n '1 111.1 ~nt c-~tlcta coaveruente, entrarao os Ofl~. ,. fi 11-ci 1~~ Ja caC1, e alguns Religio!s a deitar agoa benta a Demon- ElRey, beijar-lhe a ma, e ficar-lhe aflifti~1do. E logo que flranens 1 d ~m 1 ;lfrra~"lo das jan~llas do Pao cerradas, _e os finaes publicas d lS r.-~r;:j;Js, e Coaventos fizera puhlicl a iua tnorte' de fenti- foou ~n1 to ia a Cidad:!, m:1is que o clamor dos finos, o memo. ru'11 Jr la:n ntavel das hgrimas, e f ufpiros d~ to ~os ieus V11l1Ilos, a que chegava a notia da fua morte. l\7 a mef-Abre-re o tn l tu. .le re ajunt_ra no Pao os Confelhcirus J~ .EtJdO' tcll.t.nc::~- a!gu 1s Ti~ulo~, e 01ici.l~S da Cai, e em prei~na de to .. t~. = ._,as d.:>s a~1rio o S.!cr~t,uio J~ E!l:..1Jo o tefram~nto d :IR~y, e d~po: f~ ac 11CJU qu~ ddxav~l nom~ad~l a Rainha Dvn.l Luiz1.por '.:ocus. Tutora, e Curalora de feus filhos, R~g-~nte, e Gover-nadora d:> Rey.1o, e que depois de huma 1ingular jufrificaa) d~ toJ1s as aco~ns do f~u g_oven1o, ordenava que fe ncabaff:! a Cap :!lla Re1I na meima conformidade que a deixava tr.1aJa , qu~ fe profegui!fe, e aperfeioafe o Mofi:eiro de Santa Clara de Coimbra, que fe dividifiem varias tenas, que itnportavao fomtna confideravel porpeifoas que Jeixav.t apontadas, e que logo ferepartifem vinte mil cruzJlos d:;! eftnlas por Mofrdros pobres, que f~: pult,lrr:~.n o C~u corpo na Capelia n1r da Isreja de S. Vicent~ de fr.1 no lu~ar qu~ a Rainha elegefie, e fe inftituiT~m quatro Miffas: quotidianas, e que etn Lishoa , e toJo o Reyno fe difle!Iem com a breviJade po11ivel o ru.tm~ro d~ J\fiff.Is, qu~ J.~pJi~ d~ cem mil, a Rainha achai-:.
Paffa-fe noit~, Satados Tude.fioso
da GuarJa. O Canl:treiro tnr cerrou a porta da Ca.. Anno n1.wa ern que EJRey efl:ava, e afliftiJo dos n1oos da Guar.. I 656 da r0upa , co:ntJs o corpo d-~lRey de toJas dS iri.fit;ni.ts
el~ito
53~
PDRTUCAt RESTA'JRADO,
fe que en co1v~~ient~. Lido o tefram-~nto , e cerrada a pafi'no os O:lici1~s da Cafa o corpo delR.ey para a ~cl~; Slla d_""l~ 'fudefcos, que efr.1 va Inlgnificamente annada ,'
e ale thf..1l1, e no meyo deli a levantado hum throno, em que f~ p&.~ o corpo de!Rey em hum caixa6 Je brocado, e depois d.! acco~moju nelle o Camareiro tnr o corpo
PARTE 1. l~IPRO XII. 531 citava ]\Janoel de Soufa da Silva, com hrn1 ranno do mefi.110 brocado. An1anhecco, e etn hum altar, que fe Ann() levantou no toro da tla, que efrava debaixo de htJrn do- 1656 cel , celebrou o Carella_ n1_r .J'v!ifl~ de Pot~tifical, e em Ccrerno-outros que rodeava a cafa ie Gllerao quantidade de 1\lif- nias que fa, rev~zando-ie os Capell~ da Capdla en1 officiar em alli feul: voz baixa o Officio de defuntos, continuando nefre de- ra. voto exerdcio todo o temro, que o corro delRey efkve naquelle lugar, afTentacos no degro inferior de tres de que fe fonnava a ta rima. No dilatado corredor ue fahe do forte - fala dos 'l udefcos, que efrava atmada, e alcatifado , fe levantrao muitos altares, en1 que os F're1adns, e Frades autl~orizadcs de todas as Religioens c!ifiera 1\1 ifla. Na fala dos Tudefcos affifriao os 'I i tu los OfficiLles da caf, e n1ais N"obreza nos lugares que lhe tocava quando ElRer era vivo. Na6 pode a diligencia das guardas deter o concurfo do Povo , e rotas da torrente das lagrimas que derramava, entrou todo o que pode caber na fala a rogar a Deos pela alma de hum Rey que todos tivera por Pay. Pelas oito horas da noite de1cra6 fala dos 'I-udefcos o Principe D. Affonfo, e o Infante D. Pedro acompanhados de alguns titu1os, e Cfficiaes da cafa, no rneaos para efra funao' trazendo a frilda co caruz qve o Principe levava veftido Garcia de Mello Monteiro mr do Reyno , porque o Conde Camareiro mr affiflia ao corpo delRey, e a do capuz do Infante Ruy de l\1oura Telles do Confelho de Efrado, Vdor da Fazencla, e Efrribeiro n1r da Rainha. Chegra6 ao Tumu1o , fizerao oraa, e lanra6 agoa benta a ElRey feu Pay: fubio logo o Rerofteiro mr ao alto da ta rima, defcol rio o caixa, e chcgra6 a pegar nelle os Duc:ttes de A "eiro, e F6 rrna do ~ NI . .L-..Iza, os Con des de Od rmtra, cnteno. C a dava1 , o J arquez de 1\ Cantanhede, Vi11a Pouca de Af.t!iar, e Vi11ar JVIayor, D.joa de Soufa Prefidente do Senado da Camma, e \"'dor da cafa da Rainha, e Jorge de Me11o do Confelho de Guerra, levara6 o caixa6 at a liteira, que eftava no pateo da Carena cuftofamente adereada , e da JT!eiina forte o coche de rei},eito que a feguia. Rodeavao-na os moos ia Efl:ribeira, que era em grande nun1ero, com tc~bas
"T.
4
Llii
de
531,
PO'l..TUG.1.L RESTAURAD'J;
de cera amarlla, que larg ra aos J\1.oos da Camara tanAnno to qu~ e~1tr~u 111 lit:!irl o corpo ddRey. Acconlmo::Lr..-t 16;6 -:_1~lh o caixa.) os Oiich~s Ja cai a quetn tocava, co1n as m~CnJs c-~r..!'11.:>'1ias col:uinlda,s na via d~lRey; e o Princip~, e I,lfante, qne o acompJnhar..t at aquelle lugar, fena j apart:r 10 dcll~ em quanto a lit~ira fe na perdco de vifl:.1. C"Jtni 'l~lou o e:1terro con1 grande potnpa, e n1age1:. tade, hiaJ diante os Porteiros da Cana feguidos dos Cor rege iores do Crime da Corte, e em duas las toda a Nobrezt, e O:llciaes da cafa, entre elles os Capellaens dei.. R<.!y r..!zando em voz baixa, e e1to..1d~. To _los os referi-do~ hiao a cav1llo diante da liteira, que roJ~avao f~ffen ta m')os da ca~1U":l cam tochas, e f~guiaJ os Capita~ns da G:1arda Portugu;;!za, e Alemaa con1 todos os foldados dellas, :lffi~L1do comluz~s ac.:ez1s de h~11n1, e outra parte, do Pao at S. Vicent~ toias as ReligiJellS, e Clerigos da Cidade. No terrdro de S. Vic~nte efi:a va a Irmandaie da MHericordb, e aos Irmos della, tirado o cai :x.1o d1liteira p~los tn~ftnos que nella o havia6 introduzi do, f.! eltre~o:.I , e o l~vra co1n tola a Irmandade at o coro da IgrejJ, que fica detraz da Cap;:;lla mr, forllllnlo o r~tabolo en1 que e :t o Sacrario duas faces, huma qu~ olha para a Igreja outra para o coro, fabricado cotn magnifica architeaura fobre hum grande arco: efl:a decente, em 1gaifico lugar elegeo a Rainha para :!pultura do corpo delRey. Ab~rto o caixao pelo Secretario de, Efrado na affifr~ncia dos Officiaes da cai, fez hum al:o em que todqs os prefcntes fora t~frimunhas , e jurra. qu~ era aquelle o tneno corpo delRey, e que na frma que fahira do Pao o entregava ao Prior daqu~Ue Convento que efrlva pr~fente' que r~z hum termo :..e o haver recebido, e c~rrado o caixa foy tne ttido no tumulo a fervir f Je PO;.Ica p0r16 t.:!rra, aquelle nl.!ftna. Monarca que. com fob~rano poder havi1 pouco antes douunado nas quatro part~s ddla , e alcanando em todas prodigiofas vitorias. Elogio _ Foy ElRey D. Joao o IV. de mea efratura, tnuidclR.ey. to g-'!ntil-~lo;n ::!in antes das b~xiga~ , que lhe mudra o primeiro fe1nbla11te ; o cab~llo era louro, os olhos azues~ ai~
. . .J 3 > alegres, e agrc;davets, a b..u b a n,at~ cI a_1 a c.ue o cal Lllo, o corro grotlo' tuas ta rol-t.fro' G_UC je a ddcnkm ((111 Ann que O aliln~nt~\"a O11<1 Jd l 011~fll~t:l"3, rrc J}~l'tfa mtlitO 1656 111ayor dura~. A rcn:ra l~LS vthcos dch:LliTGYa d-cforte, que fazia galla Je trazer os menos alinl,ac' cs ' arpii.. cando gr2nde <.li1igencia _rorq ue iena alterafl"En1 os trajes, n~1n foh:n1 as outras l\2ocns , (cerno dizia) fcnl.oras das vontade~ de teus Vt:.fiallos, obriganl~o-os cada dia ccn1. invencoens novas a n1udarem de orinia. Na converfa~lo fZ)y tao diicrcto, que, nao fendo as palavras as mais polidas, ufava dellas con1 tal arte, galantaria, e ~U!l deza , que rarccia fazia efiuclo '~o que en1 outros pt!de'"la fer defeito. O entenditnento era proporcionada para os negocios grandes : porm algLnlas vezes querenco confeiuir o impoffivel de que todos applauclirem as fua.s refolu'oes, dilatava deliherlas t:m _prejuizo dos negccios. Compunha-fe de ta oinvencivel valor, que intentou , e confe... guio a mayor, e mais virtuoi cm preza, ue fe reconhe... CeO em mUitOS fecuJos , COlll pOUCOS meyos de a COllfe.. guir. J\ludando do exercido da caa rara o do co~rerno ~e hu:il Reyno cOinbatido das Naoens mais roderofes 'e das negociaoens n1ais difEceis do mundo ; foy yer.cc( or en1 Europa , defendeo-:~ em Africa , pdejou na Afia , triunfou na Amrica. An1ou a jufria_ deiorte, qt'e fe atreverao os delinquentes ao ct11par de ievero : n1as e1.11 muitas occafioens defmentio efra opinia com a l\lifer1cordia. Nunca pafiou de liberal o proctigo, e dlfra virtuc~e toma .. rao motivo os ambiciofos rara divu1garun ue fazia the.fouro ~os cabedaes, que devia difpender' rreft:nlra, _que deivaneceo o pouco dinheiro que deixou. Efl:imou a J\luilca , e amou a caca, e em hum, e outro exerdcio -foy excellente. Venerou deforte a Rcligiao, ue nao per.. doou , por efrabelecer a F, e juHificar a obeGiencia Igreja , s diligencias mais poderofas. N ao teye va1 ido que o governafle , mas deixava-fe governar dos J\1 inifl:ros, em que reconhecia mais virtuofa direca. Logrou com tantcl eminencia a prevenao dos futuros, que na houve invafao dos Cafl:dhanos , nem invenao dos Ho1an,~ezes , que lhe prejudicaTe, e fe em algumas occafioens rrev~Je-
~ ~
Ll iii
ct:rao
534
.
PORT-GAL /(.ESTAURADO,
cera6 os Etr1dos contr(1 as_fi.!as .A. rm1s, foy Illd;S culpa dos ...\nno qu~ gov~rnou, que do feu gov~rno. E t1nalmente proI 656 f~fou a ~ais h:roica virtude que foy antepor as l~ys di vinas aos 1nter~les humanos. Merc(s Creou ElRey de novo os Titulas de Principe do que EIRei Br:tfil, e Du1ue de Brag1na e1n feu filho n1ais vd ho o fez. Priacip:! D. rrheoJofio' e depois da Inorte do Principe , f~z J.-n16 a i~u filho fegunJo o Infante D. Pedro do titulo d~ Duqu~ Je B~ja, e do fenhorio daquella Cidade con1 toJ,ts as tuas doae>~as, e rendas. De Duque do Cadaval d~ q~ fr.!z tn~rc a Nuno Alvare:5 Perdra filho do Marqu~z Je Ferreira. A O. Alv.1ro Pires de Caftro Conde de Mo:1fJnto deo o Titulo de Marquez de Cafcaes; a D. Affoafo de Portug~:tl ConJe de Vhniofo de Ma-quez de Agni1r,:1 D. Vafco da G:1n1a Conde da ViJiguetra de 1\'Iarquez de Ni?.J. AD. FeL1ando Mafcarenhas filho do Marqu~z Je J\ioatalvaiJ fez c~nae de Ser~m; a Mathias de Albuquerque Co~de de Alegrete; a D.Joa da Cofta Conde de Sour~, a D. Luiz Lobo Barao de Alvito Conde de Oriola, a O. Antonio de Noronha C~alc de Villa Verde. A-D. Fr . tncifco j~ Soufa confirmou a m~rc de Coi4d:.:! do Prad'J, que feu tio O. Luiz J-~ Soui feu Antece.f.Tor no 1nefmo titulo tinha alcanado ddRey D. Filippe para elle o Iogr 1r por fua morte ; e pebs nL~nls razoens confirn1 '"llJ a D. F ~t.11~1l1 d:! M~n~?;~~ o itulo .ie Coade da Ericeira, m~r~ qne h.1via alcana,.!lo ern Caftella pelos fervios feitos no Eftado de Mila6 quella Coroa , e pelos de feu tio O. Diogo de Menezes Cond~ da Ericeira. A D. Fernando Mafcarenhas reftituio o Titulo deC onde da1~or re, que ElRey D. Fili ppe com pouca raza l~c havia ti~ rado. Fez doaao c.l Rainha fua 1~1ulher de nnHtos lugares que ficJrao por fucceffa a toJas as Rait'lhas que houver neft~ R~ytlO. LevaJo da grLlnde d~VOJ que tinha Bernardo ref.l:ituio aos Reli~iofos de Alcobaa a grande <~omn1~11d1 que fe lhes h:tvia tirado muitos annos antes. Fez outras grandes mercs de_Officios, Comendas, e tenas rle fun1ma in1portancia, mas em occafioeas tao opportunas, e cotn tanta regularidade, que defen1penhou a Coroa de con.!ider~veis quantias a que eftava obrigada.
as.
Foy
Foy .~afado hun1a io vez con1 a Rainl1a Dona Luiza de Gufi11a filha ~los Duques de Medina Si~~otiia i). Anno Manod de Guma, .c,. D<?,na Jo~nna _de _Sandoval , os fi- 1654 lhos que de ambos naicerao fora o Pnnctpe D.1 ht:odcfio f: 8 GUe n1orreo t.n1 Li~ coa cle clt.zenove annos; D. Manoel, e .;~:1 ~~ aDona Anna, que n1orrra6 tneninos en1 Villa-Vioa antes fuc~df~~ clelRey totnar roTc do Reyno ; D. AffLnfo que fucccdco no Reyno, deFofi:o da Coroa pelos 1'res Efracos delle, por fcr ill(araz do Governo, e de uccefiao; D. Pedro que llojc gorcrna , Dona Joanna que n1orreo en1 Lisboa de deze1eis_ annos, Dona Catharina Rainha de Inglatt.rra ror ~aiar com EIRey dLtquellc RLyno Carlos Segunco. r ra do n1atrin1onio Dona Maria recolhida no Mofi:eiro de Carmelitas Dci(alas, fi tu ado em Carnide pouco apartado de Lisboa. Nefta Cidac1~ falleceo ElRey i~gunua fdra feis de Noven1bro do anno de mil e ieisccntos e cincoenta e feis, tendo de idade cincoenta e deus annos, e fete mezes, repartidos: en1 vinte e icis annos que foy Ductue de Barcellos, uez Duque de Bragana , e dczeids menos hum 1nez Rey de Portugal.
53S
Lliv
IN-
-,
..
, .- 1',
iJi .f
;;J
(.)
537
D A S A C C, O EN S H E ll O I C AS ,
que fe contn1 nos feis livros del:a prin1eira parte 'forno fegundo.
INDICE
A
Cao valo~ofa de dous Po1tuguezes en1 Pernan~l:t:co , pagma I 54 Acao valorofa Je douslnglezes etn Holanda, pag. 317. Acao n1uito valorofa de doze foldadcs cn1 Pernatnl:::uco, pag. 374. Achiln de T~.uncricurt Comn:ilri o Ceral e1n T'raz os J\lontcs , rompe valorofan1ente hun1 quartel dos Gallegos, pL1g. 184. DDsbarata no '1 'ermo ee Portalegre as Tropas deCafiella, pag. 26I. Rmnpe _1unto i Vilb de Fronteira a Cavallaria de Caficlla, )O!. Desbarata as --rropas de Caftclla em Tala v era , 303. Toma cincoenta Cava11os ~s Tropas de Badajoz, )C4 Tira htH11a preza ~10S Cafrelhanos dando-a ror :t;ura cm Barca Rota , 379 Ron1pe as Tropas ce Badajoz rrifionat~do o ThEnente G~neral, e outros Ciliciaes, lbid.
Des.,.
538 '
de Cafi:ella Jevan.. vo a retaguarda Jo feu General , 41 + G111h1 os Valles d~ M1t-Moros, e Santa Anna , 439 l\ Africa : Succ~ios do anno de 1643. , )9. ~ I Succ~fos do anno de 164). governando Tangere D. Gaf~ ta o Coutinho , r 55. SuccefTos do anno de 1646., 2I). Succeflos do anno r647, 256. Succeflos do anno de 1648., 297: . :: . ---:- :.-SuccefTos do anno de 1649. governando Tangere o Barao de Alvito, 328. Succdfos do anno de r6)o., ))) Succefos do anno de r65r., 376. Succefos do anno de r652., 398. Succ~fos do anno de r65 ),governando Tangere D.Rodrigo de Alencafi:re, 434 Succ..!fios do anno de r65 4 , 463. SuccefTos do anno de r655., 481. Succeffos do anno de 1656., governando rangere D. Fer.nando de J\lenezes Conde da Ericeira, 51 r. Aleln-Tejo, prim~ira Provinda de Portugal: Succeffos do anno de r644. etn que foy a Batalha do Montijo, governindo as Armas Mathias de Albuquerque, )o. Succ2flos do anno de r6-f)., governando o Conde de Ca. ftello 1V1elhor , 107. Succeflos do anno de r646., r6o. Succ~ffos do anno de 1647, governando fegunda vez Martim Affonfo de Me1lo , 223. Succeios do anno de r648., 260. SucceTos do anno de 1649. , 299 Succefos elo anno de 165o., 330~ Succefios do anno de r6)1., governando as Arn1as D~ Jo::tda Cofra, )57 SucceTos do anno de I6)2. , 379 Succefls do anno de r65 ) , 409. Succefios do anno de r654., 43~L Succeflos do anuo de r655., 473 Succ~flos do anno de r656., governando as Arm1s Francii~o Je M~llo, G~neral da .~.\rtilh.;;ria , 509. Ale-
I N D I C E.
AlexanJre l 1.e Souia' Gov~rnador <.lc J\Iazagao, releja COlll os ]\1ourcs c0111 grande valor, 483. A1tcr~~6es d(\ lt1YO na rriza l:_c lrancifco Lucena, l). AJteL!oens l 1e 1-'r~n~a ror cauia de tributes, 171. Sahe Rainha Rq!ent~ da Corte , e torna a ella ~0tdh~n~ do-fe con1 o Pe:1rh1.n1er.to, 171. Alterao,.:n.s l:e lraLa S uc obrigao a .f.1hir EJRey da Cor. te, ) IO. _ A lter~.Cot:ns de f'rai~a, ror cauia dos Principes, 390. D.-Alv~uo de Abranche~ Governador da Provinda da Dcira , goY<.:rna ~egunca vez a l~rovinci~, intenta ganhar Alcantara. for tnterrreza, deivanece-ie, 7. Entra en1 AI vergaria, e retira-feda expt1gnaa do Caftello , 8. Alcana ](:ena rara largar o governo' I 1). D. Alv-aro l)ircs de Cafiro Conde de J\lonfanto raffa a Frana por Embaixador extraordinario con1 o titulo de 1\larquez de Cafcaes , entra em Pariz co1n grande luzitnento , e ten1 audiencia da RainhJ., 87. Hofpeda e1n Nantes com grandeza a Rainha de IngJa- terra , embarca-1e com o En1baixacor de Frana, e chega a Lisboa , 88. Andr de A11:-uquerque, nomea-o EIRey General da Ar tilheria , I 6 3. Ganha o Cafiello da Codiceira, e arruina-o, t6). Governa a Provinda de Alen1-Tejo, 124. Saquea o Arrabalde de Albuquerque, )O). Nomea-o ElRey General da Cavallaria, 331. Ganha Salvaterra, 358. ~ Difpofia con1 que pele_ja con1 a CavalJaria de Caftella; ron1pe-a , e fica mal ferido , 4 I 3. e feg. Ganha a Villa de Oliva, rende o Caflello , e guarnece-o, 440. Andr Yidal de Negreiros.l\1efire de Cc:mpo na Bahia crega a Pernatnbuco com foccorro para racificar os lev~m tados. I 36. Embaixada que os Holandezes lhe n1andao, e refFofta que elle lhes d , L.p. Desbarata os I-Iolandezes na Paraiba, 201!
_I N DI C E.
539
ce
Def-
s4o
e reco1he Exercito, 254 h . . 1. . LevL1 a va1guarda, e ~ o pnmetro que pe CJa na pnm".:!ira batalha dos Gararapes, 283. Valor com que peleja na iegunda batalha dos Gararap~s' ~ ~5
l)~frroe tod1 a catn[Janha do L...!ara M~nn1, f~ cotn tanto gado que itisfdz a falta do
I N D I ~- E.,
Q1 ~i ma aos Holandezes a Campanha do Rio Gr2nde,)98. Ganha o Forte do Milhou, 455' Cheo-a a Lisboa con1 a no v ..1 da rel:auraao de Pernatnbu.. co ~o dLl do nafcin1ento delRey , 463. A;1Jr Diaz da Franc~1 Alcaide mr d.! rangere acclama nel:..t Pra1 ElRey O. Joao , confinna-o ElRey no g{)ooo ver no della, e toLna o ioccorro que vinha dos Caftelha nos , 96. . . l\cao g~nerofa que elle, e outros executara em fervio deiRey, Ibid. e 97 .A.ngola Reyno na Cofta de Africa Auftral fuccefTos infeli ces do anno 1643 , 39 Prev~noens para a reitauraa de Angola , 288. . Ganha-fe a Cidade de S.Paulo,e entregarao-fe as fortifica oens , 291. , e feg. Antonio Telles de Menezes , pafa a governar a Bahia com huma Annada.defoccorro , 25) Recontro da noffa Arm::tda com a dos Holandezes, 256: Antonio Telles da Silva governando a Bllhia, n1anda ata caro Forte de Tapa rica, 252. Sul n1orte, para a qual concorrera notaveis circunftan das, 341. Antonio de Abreu Capitao em Entre Douro e Minho queima a Villa de S. Joao dos Crefpos, e outras povoacoens, .81. Q.1eima os lugares de Gorga, derrotando duas Co1npa... nhias, 82 . .Antonio de Qyeirs Capitao de Aventureiros em Entre Douro e Minho , queima o lugar de Calvos de Rendi ' 8). . . Antonio de Sou{a intenta rei1:aurar 1\Iafquate, 401. D~sbarata a Anna.i.a dos Arab~s, Ibid. An-
Antcniol:-iaz C'ardoio ~ar[-E.nto n1r en1 Pernamrt1co ~~f. barata os HoJar.de.ze~ 1.0 P.. io Grzr.de, 154. D.Antonio 1 iiirre Cam~uac Covernador '"~cs It~dios,Ya~c rofo Erdiliano,unt...~ie a Jca :f"crnandc~ Vkira rara are.!h:uraao de Pernam bu(o, 94 Q!J( im.a algt;nlas Ale' as no Rio Grande, e reffre ccn1 arte ' e valor ao brande roder GOS l-loh1ndt:zc.s , 198. Contina os rrogrefos do Rio Grande, e fcccorre o Exercito de quantidade de gado en1 que fez rreza , 20~. e icg. Sua n1ortc , 1.86. Antoeio Jaout~ Md1rc de Carnro em Traz os Montes queima a \'ilJa Je Tavora, e dezenove lugares circum... vifinhos, 474 R cn1pe os C?Hdhanos, e tira-lhes a r reza, 475 Antonio .1\lendes Aranha ganha em Ceilao lmm pofio aos I-Ioldndezes, 466. . . Obriga os I-Iolanrlezcs a que fc retirem , Intentando elles desLarati-lo, 467. 01 , u- ) r - Occura a Fortaleza de Calatur, 469: Torna ao governo de Cala tu r , depois que os Holandezes intcntrao recuperar a Fortaleza, 471. \ 7a1orofa refifrencia dos feus foldados, 472. Antonio J\1oniz Barreto, fua morte, 34 . Antonio Eoares da Cofia Sargento n1r de Salvaterra dei xa-fe perfuadir das offertas dos Cafrelhanos, 477 Toma indigna fatisfaa dos Cafi:elhanos, 1natando trinta com trato dobre, 478. Armada da Cofia no anGo-e-I~3, 18. Armada etn focccrro a Porto Longon, r88. Annaua cm foccorro da Bahia, 25 3 Armada de Holanda em foccorro dos Holandezes em Pernambuco, 279. Armada do Parlamento em Inglaterra occupa a barra de . Lisboa, intentando pelejar com os Principes Palatinos det!tro do rio , 341. Ret1ra-fe vendo a no fia Armada, 349 l'oma quinze r:.avios da Frota, 350. Appa-
I z..;: D I C E.
541
1 App1r~ce
S4,
I N D I C E.
em Tangere co!!l quarenta navios, )I). Atits J\tlouro que dava aviios a rangere converte-fe F,
2)8.)'
Ryr~s
B
Arao de Molinguen General da Cavallaria de Caftella governa o Exercito na batalha de Montijo, 55 Oraa6 que faz aos feus foldados ao tempo de atacar a batalha , 58. Retira-te desb1ratado , 6 I. G:r1ha a AIJa de Santo Aleixo depois de valorofa refif~ tencia, e C,afira, 6). Batalha de Montijo, 59 Batalha de Telena, 170. e feg. Batalha de Lands, 271. Batalha dos GararJpes etn Pernambuco , 1.83. Batalha na Intlia com o Nayque de Tanjoar, 198. Batalha fegunda dos G3raraps em Pernambuco, 32;. B1talha naval dos Inglezes, e Holandezes, 41.). Beira, quarta Provincia, de Portugal: Succefios do anno d ~ 164~. govern1ndo fegunda vez D. Alvaro de Abran ches, 7 Succefos do anno de 1644 , 86. Succefios do anno de 1645. governando o Conde de Se~ rem, 113. SuccefTos do anno de 1646., 185. Succeffos do anno de I647.Divide EIRey a Provinda em dous Partidos, 131. Succ~fos do Partido de D. Rodrigo de C1fi:ro, 232. Succeffos do Partido d~ D. Sancho Manoel, 135 . Succ~ffos do anno de r648.do Partido de D.Rodrigo, 166. SuccefTos do Partido de D. Sancho Manoel, 267. Succefios doannode r649.do P~rtido de D.Rodrigo, 307. Succefos do anno de 165o.do Partido de D.Rodrigo, 337 Succ~fos do Partido de D. Sancho , Ibid. Snccef--:
StcceiT0s C.o ar.nc de 165 I.t o l C~tttco de D.Rodngo,J6 7 . Succc f - do I' . .<~ l'l.: 1 \ ~anCJt-. o, :) 6o cs atttl , u. ' o. Succc.fos co 311110 (~C I652.eo J'[rti(~ Ct: .Rodr"f:C,)F.). Succdlos PartilJO de r. Sar.cJo ' )f6. Succeffos do anno de 1654-co I arti~~o dl D.P.cdrigc,4..;4. Sw.-cefios Partico de D. Su-d--o, 4~5 Succeftos do anno de 1655. do tanko c\. D.Eocrirc~4i6. Eifpo Edlemitano En. aixador da Igreja ce 1-'r~.r:a ~o : Fontifice a favor de Portugal, 393 Carta que efcreveo _a l:JRey D.Joa6, 394 K ao arroycita as i ll2S C.iligc:ncias' 4'-5. Boda \'illa acail:dlaua he p:anhada pelos Portuguezesd68. Er2.El Eil:ado Yafii1i n-:o Pa 1 n~rica : Ellcct.los da guerra con1 cs Holant:eze~ c' o Gnno de I6~) , 33 SucceEos do anno de 1644. , 90. Sl!cceflos do anno de 16-5, tl11 cue ccmfca a reil:aur2ca .L : d~ Pernambuco, 1) T. S!.!cc~!:"cs de ~nno de !646., 19' Suc.ilos do ~nno de 16-.-7, 1.51. Succeflos do anno i! e 164 8. en~ c~ue fe ganhou a r rim fira . batalha aos H o1ande7t!S , 277. _ Succefios do afino de I6.q.9. cn1 que ie ganhou a fegunda batalha, 321. SuccefTos do anno de 1650., 353 Succefios do anno de 1651., 374 SuccefTos do anno de 1651. , 397 Succeifot: do anno de 1653., 429. Succefos do anno de 1654. em ue fe acaba de reftaurar .Pernan1buco , 447. ~dn1iravel governo do Conde ce Atou guia, 48r. Bnnk Coronel Holancez em Pernarnl-uco faz grandes preparaoens no Arrecife para fahir em c~mpanha, 323. Ierde a batalha, e morre nella, 326, Buil:Jn1ante Commiflrio da Cavallaria de CL.ftella derrota Fernan de ~Iefuita, 412.
j
I J...""
lJ.
I C _E.
5'43
co co
:1
Campo
)44
l1V DI C E.
c
Ampo Mayor Praa de Alem-Tejo:Tira-fe nella ha preza aos Cal:elhanos , I r r. Perdem-e ieffent~l Cavallos d~l:a Praa em hum rebate; 165. To!nao as Tropas defta Pra<sa hum grande comboy aos Caft~lhanos , 16;. Ca.1habrales lugar queim:1do pelos Portuguezes, 409. Cardeal Mafiarino , pretextos para nao concluir a liga com Portugal, 1)9 Sua pouca firmeza , 169. Nova propoft:l do Cardeal , 170. Q!.1eixas do Cardeal , que o noifo Embaixador fatis[lz; )71. Alt~raoens de Frana por feu refpeito, 390. JuiLo de fua vida, 414. e feg. C1rdeal de Efte inl:ancias que faz ao Pontifice a fav-or de Portugal, -371. ' . Carlos I.Rey de Inglaterra prendem-nos os Parlamentarios de Londres depois Je vendido pelos Efcocezes, 314. Sentena capital contra EIRey , 316. Execua6 da fentena, :)I7 Carlos II. de Inglaterra acclama-fe na Haya affiilido do no fio Embaixador , Ibid. Carta do Bipo deBelem a EIRey D. Joao , 394 Carta dos Prebdos de Frana ao Summo Pontfice, 391. Cafi:elh.1nos, rotnpem quatrocentos Infantes, I I 8. T omao hum comboy de Oli vena , e vinte e cinco Ca vallos, 163. Recuperdo Napoles, e pread~m o Duque de Guiza, 170. lr.i.l piedade dos Caft~lhanos , jo8. Prejuizo que em Frana lhes reiulta de cavilofas diligen-
chs,
~~I.
Prez1 ..los Cafrdhanos em Villa-boim, 358. Leva hutnJ. pr\!Za de Telcna, que lha tira Tamericurt depois de a darem por fegura , )79_ Ganhao
Canhao Barcelona, e Cazal de Monferrato; 3~4Recontro com_ o Me:fl:re C.e Camro Joa Fialho, cm que tivera botn iucceilo , 388. Q.1ebrao os ajuitcs , 389. Dt.:rrotao Fernan de Meiquita, 411. R~novao os ajuftes depois de derretados por Andr de Albuquerque, 417. Prorofta dos Caftelhanos fobre fe fufpendere1n as entra das, 44r. Caftcllo da Codiceirahe ganhado, e arruinado pelos For tuguezes , 165. Catalunha : Sitio de Barceloua, 360. He ganhada pelos Caftelhanos, 384. Gavallaria Portugueza retira-ie da batalha de Montijo; dando-a por perc.ida, 59 Foge a no:fa Cavallaria de hum recontro emValverde,67. Retira-fe a noffa C avaliaria da Batalha de Telena com pouco credito, 171. Defordem da nofa Cavallaria em h rebate de Elvas, 116~ Desbarata a nofla Cavallaria s Tropas de Caftella no _termo de Portalegre, 16r. Derrota a no fia Cavallaria a de Cafiella junto fronteira, )OI. Desbarata a nofla Cavallaria s Tropas de Ca!l:ella em Talavera, )O). Desbarata a nofa Cavallaria s Tropas de Cafrella no .1\1elriflo , 334 Rompe a noiia Cavallaria as Tropas de Badajoz, 379 Desbarata a noffa Cavallaria a deCaftellajunto a Badajoz, 383. He rota a noffa Cavallaria depois de fazer grande damno de Cafiella, 411. Rompe a nofia Cavallaria a deCafiella com grande credi to, 414. Recontro da Cavallaria, em que ficao prifioneiros dous Capites noffos, 441. Ceilao ~ Rota do Exercito dos Holanclezes, 48. Rota dos Portuguezes, e perda ce Negcmbo, 101. Ganha os Holandezes a Fortaleza de Calatur, e
I N D 1 C E.
54S
Mm
~1r..c~
S46
am3ti:11o-f~ os fold.1Jos Portugu~z~s,4-e>3. e feg. G.1:1~1J1 O) noffos o a1ojatn~nto dos Holand;;z~s, e trinta P Jrtugu~z~s V..!~l(:.::!nl tres tnil Chingals, 405. Su(cefios prof?~ros etn C~ila no aa:1o de t6)) , 436. Succ2f')s VJrios do anno de 1654. e~11 qu~ iafelizmente . f~ per 1~ hu n grande foccon\:> p~la rlefconfi.lna dos
I N DI C E.
Cabos, 466.
Succ~flos do anno dP vS)) fitia r, e fe r~tiraa, 484.
os Holandezes Calatu-
Entrega-fe a Fortaleza, 489. com que os Portuguezes a defenJe.rn at ie rende:-, 492. Infolencias, e facril\~gios dos II olandezes, 506, Juizo d-~fre fuccdfo, 507. Chrifrina Raiah1 de Sueda, con1.1ncia com que infh1 que de amnee ElRey D. Jo.1 nos artigos da paz com o In1perio, 318. Co1i.:~ira lugar entre Albuquerque, e Arronches, tira-fe hutnl preza aos Cafl:dhanos junto ddle, r I r. Comp.:!tenda generof:1 en1 Inglaterra entre Madama Mom e D. Pcllltalea6 u~ Si, 427. Conle d-~ N afo, retira-fe para Holanda , 91. ConJ~ de 0~1idos, gov~rna o Algarve fegunda vez , 164 .. Chega por Vic:!-Rey IncHa, altera-fe em Goa contra elle, e pren .i em-no , 401. Conde de A yeiras , paifa India fegunda vez por Vicc-Rey 357 Sua tnorte , 401. Conde de Santo Efi:eva Governador das Arm'ls de Galhza, fahe em campanha com Exercito poderofo, mas com pouco effeito , ))6. Con1e de Atouguia governa as Armas na Provinda de Tra?; os Montes , )OS'. Faz retirar o iain1igo corn perda, 336. E1ege-o ElRey para fervi r o Officio deCan1areiro mr,)85 Governa o Brafil con1 felicidade, 463. Summo acerto , e definterefe de feu governo , 481. Congreifo, e Dieta uni veri:u de Munfter, ao qual man.. da
D.~s~nrata os :-Iobn1ezes os noffos folJados, 490 Sitio d.1 CidaJ~ de Colun1bo,e admira v~ I confra'1cia
da ElRey J\1 iniftros, 30. Propoft~1s iobre a paz geral , I 88. e feg. Propoil:a de Frana a favor defte Reyno, 240. 1v1and3. EIRcy D. Joa retirar os Minillros, 242. Dc~faz-fe o Congrefo , de que f rcfultou a paz de HotuHla, e Caldla, 270. Cort~ em Lisboa, afiento dellas , e frma das contribuioens, I92. e feg. . Cortes ~m Lisboa, e afento dellas, 413. e ieg.
I N DI C E.
S47
D
que @eclara Conceia de No , 94 D_ Ecreto delRey em fia Senhora Padroeira do Reyno a Deiuniao dos Cabos,
I
noio~
I 10.
Dieta de Munfi:er , veja-fe Congrefo de !vi unfier. Diligencias etn Roma dos Prelados de Frana a favor de Portugal, ~9r. D. Diogo de .1\l~nezes, fica prifioneiro na batalha de Mon tijo con1 muitas feridas, 62. 1\lorre em fua cafa das mefmas feridas, depois de l1aver chegado da priza da Cidade de Cren1ona , em que padeceo exceffivo trabalho, I r6. Diogo de .1\lello Pereira ganha a Villa da Barca de Gaya,79 Derrota huma Tropa, e ganha o lugar de Pei't_udras, 81. Ganha dous rcdul:os na Cha da Salgofa, 84. Qyeima Miuitos lugares do Valle de Ribarteme, 8). Governa a Provinda , e alcana licena delRcy para paffar a .1\lalta , I 2 '-. Diogo Gomes de Figueiredo Thenente de 1\Ieftre de C:lmpo Gener~ e1n Alem-Tejo queima o lugar de .1\-leinbrilhos , e iaquea Solorinho , 5!. G:1nha fendo Meil:re de Campo a Vil1a cle S.Yicer.t, {6. Troca o T ~ro pelo de D. Sancho na Beira , I 2 r. D. Diogo de Lin1a Viiconde de Villa Nova Governador das Armas de Entre Douro e ~linho faquea o lugar de Bandeja, j04. Manda quein1ar Portella, Vieira, e outros lugares, 36; . Mm ii ~Arra~
548
Arraza ha dilatada trinchcirLl qu~ osGaH~!7os Ievantrao para defenfa dos lavradores, e retira-ie X'corte' 44) Difcor.Jia dos Cabos he rui na dos E'{erdtos, 177 Difpo!i:l~ns para a c:1mp-1nha, 26r. De>;nin~os LL.!it-:! offet"t~c ~-f~ a ElR~y d~ C1a:dla para ma.. tw E 1Rey D. ]o1o, e pO.!'TI en1ex~cua6 a offerta. 2)6. Pertur~a.. fe n 1 '~X~cu:16 por favor divino, d.;!fcobre-ie, e he cail:i~~hio, 237. Do11i~1~os l-Io~nem, Alferez no Partido de D. Sancho, derrota os Cafl:el~1anos , 387. D. D~Iart..! Ltfa:lte de Portugal: Ch~ga a nova da fua nlort~ is fro ..tteiras de Portugal , 304.
I N DI C E.
Ffc!ito prejudi~ial da defnia, e defconfiana dos fid:llgos da Indta , 469. ElRey de Maldiva ferve a ElR~y D. Joa no Exercito de Alem-Tejo, 118. Elvas Cida-:ie da Provinda de Alemtejo:fua difcripao,7I. Emb.lixada dos Holandezes ao Vic~-Rey da India, 46. Embaixada dos Governadores da Bahia ao Conde de Nafo, 90. EmhJ.ixador Extraordinario a Frana, veja-ie D. Alvaro Pires de Cafrro. Embaixador ao ]1pao que nao he admittido ," ro6. Entrada dos Gallegos,de que fe retirao com perda,8o.e feg. Entradas dos Gallegos em Traz os Montes fetn oppofi... a, 182. Entradas en1 C:.1fl:~lla m1nl_1 ElRey fufpen1-L1s , 440. Revo;::t a ordem , 441.. Mand1 continui-las, 474 Entre Douro e Minho :!gunda Provinda de Portugal : Succefios do an~o de 1644. Succcffos do ::tnrl::> d-~ 164-5. governando Diogo de Mello Pereira, 112. Succe1T'1s do ~trr1o de r646. em que tor:ta ao governo o ConJe de C:1l:ello M~Ihor, r 81. e feg.
22~
Coa-
I N DI C E.
)4?
SuccefTos do anno de 1648. , 266. Succeffos do anno de 1649. governando o Vifconde de . . _ ~... Villa Nova, 304. Succefios do anno de 165o., 335' Succeios do anno de 1651., 36). J r Succefos do anno de 1651. , 384. .Succefios do anuo de I654, 441. Succeflos do anno de 1655. governando D. Alvaro de Abranches , 47 4 . , : ;. Efteva6 da Rocha Alferez: Acao valorofa q11e faz, 36r. Ex~rcito de Portugal no anno de I644 governado rorMa... thias de Albuquerque, queima Villar delRey, e outros lugares, e ganha a Villa de 1\lontijo, 5) 1 _ ) Fnna da n1arcllde: vifra do Exercito de Caftella, 56. J. Difpoficao para a batalha, e principio della, Ibid. > Refaz-te o Exercito depois de roto, reftaura ar artilheria~ e desbarata os Cafi:elhanos , 6o. e 61. u < Perda dos Portu guezes : Fidalgos , e Offidaes prifionei~ r os , 6 z. -= ~ _ -lf __ " Exercito de CaftelL1 governado pelo Barao de Molinguen,
'
Rompe o nofio Exercito, retira-fe a nofla Cavallaria, e perdem os Cafi:elhanos a vil:oria por defordern, 59.e 6o. Perda dos Caftelhanos, e arn1as que deixra, 62. e 63. Exercito de Cafi:dla governado pelo ~larquez de 1'orrecu.. fa fo bre Elvas , 70. Ataques do Cazarao , 7 ) Retira-fe o Exercito, 75 Exercito de Cafi:ella governado pelo Mar'!_uez de Leganez ganha o Forte, e ponte de Olivena, 117. j,' Rompem os Caftelhanos 400. Infantes no fios , 1 I 8. Perden1 noventa Cavallos em huma embofcada nofa, e . . _ retira-fe o Exercito, I 19. J Levanta-fe o Forte de Telena , (ende-fe a Atalaya da Terrinha, e retira-fe o Exercito a Badajoz, lbid. Exercito de Portugal no anno de 1646. gcvernado pelo Conde de Alegrete rende o Forte de Tefena , 169. e feg. Retira-fe o Exercito, ataca o inin1igo a retaguarda, e ap.. pare~e o Exrdto de Caftella, 170. e icg.
Mm~i J.?ar~
))
'.
ssa.
I N lJ_ I C E.
Pafa o noffo Exercito GuadLuu. , e fonna-ie fobre o Porto das M~has, 172. -: '( 1.11 R ~tir~-{e co:n v Jnt&:tj ~1n ,. 173; t, 11 :J:.u~ Ex~rcito du~ Hola:1leze~ e1n Pernarnbuco governado por Segiftnunlo , 28:J. q c _ .. ' J MaichJ. a bufcar o noifo l;.x.!rdto aos l'viontes Gararapes,
. 281. ,[
(I O
Ataca.. fe a batalha, e perde-a, 28 ) t-"7~ ri .. t<: Exercito dos Portuguezes ern Peraan1buco , governadof por Francifco Barreto, aloja-fe nos 1nontes Gararapes,. --,282.l' - (-iJ .;: . I Ai.l.J ' , pt ...... fI . (j (,;o"lf~su~ 3 vi.J:jriacom. n1uitos defpojos- ,. 2&4.~1.G~.Jr Ex~r.d~o"dos HoL1ndezes em Pernail.Juco governadop~lo Cor_oriel Brink, aloja..fe nos Montes. Gararapes ;l :f!3 _I. Perd:.!-f~ a b1talh om muitos mortos , e f~ridos , 3 27. Ex~rcito dos Portugezes en1 Pernambuco, governado por -- Francifco B~tr.ret<Y, econf.;!r~ncia dos :Cabos-, 323. .A.t1c1~f~ a batalha , _32). .~o -~o ~11h.t-~fe !{haLtlha cotll- pouc.l p~rda, e 1nultos. defpojos dos HoLtn~lcz~s, 3 27. . rd ; 11 HLJJ ' v. 11)' .
I
J
nc;,dJ
.(?\I~~~
.ffiF
lOil :.fJ ;
. .} . .{ .
.,~
,
.. ) :> - ., ~ ,
JJ 1
t'
.F
~ ~("l.nsiU
,-.. ~
t'< ~.J
r.
J.rl,l. J._f, ( ! r1T.:.. ~ n'l' .rlJJ~> ~f-. ,,.,. JX.f Fdices Villa no Partido contrario ao de Almeid1 he quehn1da pelos Portuguezes, 23~ e feg. I l~'ilippe IV. que fucceJ~o n-1 Corq_a de Portugal,' mandare-. .tirar. o Conde Duque da Corte,, 15. : 'J~ ~J -:~ ~ l"J"j ' Off~rece aos :Ho!an..lezes as Conquiftas de Portuga~; 189. e fe~.- ~~ ~t- !lCt l ,.. : ) ~o n 'I D. Filippe Mafcarenhas fu.:c~d~ rio governo da India ao Cond~ de Aveiras, 1 57 I; 1 Soccorr~ o NJyque de 1\'ladur com huma Anna1a, 25_9~ Diff~ren1s.con1 alguns fidalgos, .199~ ' '5 . J u l 'Stla morte, 40r. -~H .;:) nr r. cv 1 ~~;rc/l ~J- c b1 . { Filipp..! Banleira de J\Iello Governador de.Almeida defen.. _de a Praa de huml interpr~za com vigilancia , e va..
J~
lor,
z86~
.~.-,
r,_
"'
He
He rrezo dos Hol ..1ndezes em Pernambuco, 178. . ,. D Fernando de lvlenezes Conde da Ericeira levanta 1;oo. homens nas Comarcas ce.Egueira, e Coimbra, 267. Notnea~o EJRty Carita General de Tangere, 5 II. f Pra(lka que faz aos Cavalleiros, 512. ~r Diipofioens do Conde, e recontro feliz contra os Mou ros, 514. Frn1a dos cortes que fez os Mouros, 515. Manda quein1ar a Can1panha aos Mouros, e retira-e o .. Adail co1n hum a prezJ. depois de pelejar com os Mouros, 516. D. Fernando !vlakarenhas Conde de Seretn , governa a - Provinda da Beira , r 23. Faz tirar hun1a preza aos Cafielhanos, e impede-lhes a fabrica de htun Forte , I 14. Soccorre Alem-Tejo, e prerara-fe para a defenfa, Il). Retira-fe Corte, 23 r. Fidelidade de Antonio Rapofo em Holanda, ;r r. Fineza da Rainha Regente de Frana a favor defre.Reyno~ 189. . Frana. Negocias do anno de 1643, )I. Negocias do anno de 1644 fendo Embaixador extraordi nario o Marquez de Caicaes, 87. ' Negocios do anno de 1645. affifl:indo en1 Lisboa o J\1arquez de Roylhac Embaixador de Frana , e continuando em Pariz o Conde da Vidigueira, 125. ~egocios do anno de 1646., r87. e feg. Negocias do anno de 1647. fendo Etnbaixador, o Mar~ quez de Niza, 2)8. Negados do anno de 1648., 269. Negocias do anno de 1649. , 310. Negocias do anno de 165r.iendo Embaixador Frandfco de Soufa Coutinho, 371. J Negocias do anno de I6fi., 390. Negocio.s do anno de 165 ), 414. Nego~ios do anno de 1655, 479 j Franciico de J\1ello Monteiro mr queima Villa Nova de Barca Rota viita de quinhentos Cavallos Caftelhanos~
)1.
I N DI C E.
SSI
Mmiv
552
~~~itn:l Sahrll~ao,
1 N DI C E.
65.
D. Fra:t.:ifco de Saufa ganha a Villa de S. Vicenteo, e retira-fe com grande preza , 66. -r
Fratlcifco de Lucena s~cretario de Erl:l1o, co:ttinu-1-fe a d~vafa de fua c1ufa, 19. PafT1 p1r.1 o Lima.!iro , e altera-fe o povo contra elle, 2!. e feg. Inlicios que recrefcrao s fuas culpas, 24. ..; . [ s~~lt~nl de nlort:!' e execuij d~l]a' '-5 e feg: .L Fr.1 "ldfco d\! Ornella~ C1pita n1r da Villa da Praya na Ilh1. Terc~ira, fua prizao , 21. H~ folto fen1 nota de calumnia, e recolhe-fe 11ha , 26. Francifco de AnJrade Leita D~zembargador do~ Aggra.. vos , paffil ao Congreffo de M unfter , )O. J\1 1 'ld 1-o EIRey retirar , 241. Fra'ldfco de Soufa Coutinho, vay por Embaixador para Holanda, 3r. Prud :!ncia com que affifre aos negocios de Holanda , 90.' Contir.a con1 muita prudencia a fua uccupa~a, 130. Co:-ttinl val~ndo-fe nas occafioens d\! induihia, e d~fp~zJ. com os 1\liniftros 191. Trabalho util com que contina a Embaixada, 248. e feg. Indufi:rL1 generot de que ui con1 os f-Iolandezes, 249. Manda os Holandezes de(pedi-lo, n1oftra-lhes daramen~ te os feus exceilos ," 21 2. e ~g. Affift~ a C,woar C1rlos II. d~ Inglaterra, e falva dous Inglezes valorofos, que 1natra o Enviado do Parlamen-
. to , 3I ""r
.Vale-fede hum engano que os Holandezes lhe q ueria faz_~r, toma fatisfaao delle, e hnpede-fecom artificio o ioccorro do Brafil, 351. Am0ti.1J-fe o povo contra elle, 352. P:1fa por Ent')aixador a Frana, 35' Chega a PJriz, e fatlsfaz o Cardeal Malarino, 371. e feg; PafTa a R 'lma , e na6 he recebido do Pontifice como Embaixador, 51 r. Francifco de 1\f !Ho Governador de Olivena, governa a Provincia de Alem-Tejo, 509.
;Fran~iic'! d~ Fran~a ~~r bafa I\1e~re de Campo GeneralEem
11~
f'<H'fO e l'vlinrc ql1Linla ran6UCZCS' c Freixo luoares interiores de Galliza, 8o. Ganha ht!m h1g.ar com l:t nla pea de artilhcria , ~b. Ganha :35. [.~.rcos acs CaJkgos, queima-lhes alf,uns lugan:s , e retir~-ie "'on1 dg-t:ma perda , 83. Confegue hun1 bem fucceflo , governando a Provinda , 18 I. R~contro com os C~ftelhanos, 219. Frandfco Barreto Meftre de Camro em Alem-T('jo manda-o ElRey por Mefire de Campo General ao Brafil,2;-~:L Prenden1-DO os :Ho1c:nclE7es' e livra-~ da rriz~' Jlid. Chama a Con1dl~o, e rciolve rtlejar cem os Holandczes, 18r. -Aloja o Exercito nos .i\1 ontes Gararares ~ forma-o , e exhorta os toldados, 181. Ganha a batalha ccn1 grande valor , e bom procedinlento dt's mais Cabos , 284. Ganba fcgunda batalha aos Holandezes com n1ayores defpojos, 327. Diligencias que faz rara fer fcccorrido, e confeguir a emprcz:t de Pe1n~mtuco cem rr:ds rnvicc:('e, 'i(1 Manda queimar aos Ho1andezes a campanha do Rio Crande para que na tirafiem cella alguma utilidade,
Ent~e
I N D I C'' E.
5S3
398.
'
"Aperta cem o parecer dos Mefl:res de Campo o fitio do Arrecife , 4) 1. Refolve-fe em r reza do Arrecife cem o parecer dos C<.l bos ch~matlos a confelho , 448. Entra no Arrecife viloriofo , "i-6o. Manda tornar poffe cas mais Fraas de Pernambuco. 461. D. FrandfcoNaper Capita de Cavallos em 'I razos Montes derrota as Troras de Ciucad Rodrigo, 3c8. D. Francifco de Azevedo Capitao de Cavallos em Alem1 ejo desbarata as T ror as de T aJavera, 67. Francifco Lobo mata quantidade de Cavallos aos Cafte-
lbanos , 36o.
Ga!lc..
~S4
INDICE.
}{{:
~ j
rn
"
Allegos.Suasentradas com bom fuccefo, 5 Intenta, entrar o lugar de Lanhellas, e retirao-fe cotn perd.l , 8 I. Intenta ganhar o Cafl:ello de Cail:ro Laboreiro ,. retira().._ fecotn perda, Ibid. H . t Entradas dos Gallegos fem oppofia, r82. _,_ ... D. Gafpar de Gufm;t Cond~ Duque de Olivares. Sua rui.. na, e noticia de feus prim3iros principias , I I. Sua n1ort~ prodigioi , e juizo de fua vid.t, 17. e feg. Gafpar de Tavora derrota valorofamente duas 1'ropas Cafi:dhanas , 339 t D. G-.1fta6 Coutinho gover;1a Ta 11gere, desbarata os Mouros, e faz huma grande preza, r 55 e feg. Snccefos profperos contra os Mouros, 2I). e feg. Fim do feu gov~rno, e principio da Red~mpa de Cativos em Tanger~, 319. Geromenha interprendem-na os Cafl:elhanos com 1no fuccefo, 121. rGuerra do Duque de Parma com o Pontifice, 33
H H
Enrique Diaz, e fua noticia, 9~ Recontros com osHolandezes com bom fuccefo,I97 Ganha f com os feus 'negros hum novo Forte dos Holan-. dezes, 200. Ganha as fortificaoens do Rio Grande , 277 .A.taca os Holandezes duas vezes o feu aloiameBto com m..o fucc-~fo, 286. AjuJa cotn grande a-:1ivLlade a ganhar o Forte de Alta na r, 452. Seu elogio, 4~2. Hen,ique de Lan1orl derrota as Tropas de Albuquerque;
o
214
Paffa
I N DI C E.
555
PafTa'dc Capitao de Cavallos a Comn1ifario Geral, l.)O. Acao gloriofa que fez na batalha de JVIontijo, 6o. Saquea ~ e queima Yjmbra , e rompem-no os Cafidha flQS por ceiorde111 , 306. . :I Sua morte, )07 Holanda. Negados do anno de 164;. fenco Emcaix.dor Francifco de Soufa Coutinho, I 30, .Negocias do anno de 1646. 190. .r Negocies do anno de 1647., 148. Negocias do anno de 1649, )I 1. Negocias do anno de 1650., 315. Negados do anno de 1651. afli1Hndo Antoniu de Soufa Je Macedo, )7) .. Negocies do annu de I651.a1TifrindoAntonio Rapofo,)96 Negocies do anno de I6f~, 425. Negocias do anno de 1655., 480. Negocias do anno c!e 1656., 511. Holandezes to1na algumas caravla~ faltando ao tratado, e tyrannias que fc1zen1 em l)ernambuco, 91. e ieg. Vinga6-i~ nos innccentes,depois de cs haver desbaratado , Joa6 Fernandes Vieira, 1)5 Qpeitna as noTas cn1barcaoens, 139 Rouba todos os navios qne encontra, 191. Preparaoens de guerra, que fazem contra Portugal, 3r4~ RoJ.?-lPC!-11 a T regoa na India , 403. Palac"i-fe a Cafrdla alguns , ro8.
I I
_...,
Lha d~ S. _Thom~ ? retirao-fe della os I-Iolandezcs cem a pnmetra not1c1a da JJerda de Angola, 295. ~ Indi~1. Succe1fos do anno de T64), 43 .. Succefios do anno de 1644. , 101. ~ Succefios do anno de 1645 fendo Vice-Rey D. Filirpe Maicarenhas, 1 57 Succe1Tos do anno de 1646., 218. Suce!fos do anno de 1647., 259 . ... ' Succef-
do an!lO d~ r64S. , 298. S!lcceiTos do annl1 de I 650. , )57. Succdlos do anno de y(,51., )77 ~ Succdios do anno de 1652. govl!rnando varias Governadores, 401. r f I~ Succ:~fius do anno de 165') , 4)5'. '1 lSucceffos do anno de 1654., 46;. Succefios do :Jilno d~ 1655.cm que fe perdeo Ceaao, 483: In;laterra. Succ:!Hos do a:tno de 1646., 192. iJ(J .1 Succefos do anno d~ 1658. , 176. ,1: Succ~iTos do anno Je 1649. en1 que os Parlamentar ias de~ ~olira6 o feu R~y, 314. l. N~gocios doanno de 1651., )7) 1:., N ~gocios do an!1o de 1651. fendo Embaixador o Cama~ r~iro tnr, 396. Succefos do anao de r6)) em que Crotnuel degola o Inna do noiTo Em baixado r, 415'. Negocias do anno de I6))., 48r. Inglezes pieJade que ui.o com os Portuguezes doMara.. Batem a ria de vigo em Galliza , 443 Jolnll:! Mendes Mefl:re de Campo General em Alem-Tejo governa a Provincia em aufencia do Conde de Alegrete,
I07
~uccefTos
55 6
I N DI C E.
nhao, 34
'
Fazem..fe levas no Reyno por fua diligencia, governando a Provinda em aufencia do Conde de Caftello Me lhor, t6r. Ganha o Cafl:ello da Codiceira, que fe arruina, 16). Qveima o Lugar de Santa Martha, 166. Sua priza, 265. Soccor re Chaves , 306. D. Joa II. Duque de Bragana, e IV. Rey de Portugal pal f~gunda vez a Alem-Tejo , 116. Prudente refolua delRey , I 67. Chama a Cortes para dar melhor fnna ao governo do Reyno, 192. Decreto com que declara a Conceia Padroeira do Rey no, 194. Declara o Principe D. Theodofio Duque de Bragana, e_Prin-
I N DI C E.
e Prindpe do Eraiil, 2)5 Livra D.~os a l1R~y t'e Lum grande perigo, 237. Pvlemori.1.l que faz prefentar ao Sun1n1o Pontitice , 143 Catholi(a rdolt:.o dt.lRey , 147. Chama Cortes derois C. a n1orte do Principe D. Theodofio par:l jurar o Princi pe D. Affonfo , 423. N ao perm ittc que fe adrni ttao prorofias dos Cafrelhanos por cavilofos, 4-75. e feg. Ultima c~o~na delRey, e acoens exemplares no decur io deli a , 510. Su'"ltnorte, e enterro, 519. e feg. Seu Elogio , 531. J\1ercs que fez, 534 D.joao da CoHa ~crr.ea-o EJRey Mefire de Campo Ge.. neral d~rois de haver largado o Pofio de General da Artilheria , 3:) I . Governa a Provinda de Alem-Tejo, 333 Sahe a bufcar o inimit;o, GUe faz retirar, 334 Razoens que aronta ao Pri_ncipe D. Theodoiio para fe nao executar hun1a ordEin iua, 38r. , F-lo ElRey Conde de Soure, lbid. A~vertenda que faz em publico ao General da Cavallana, 410. Joa Rodrigues cle S: Nomea-o EIRey Embaixador de Inglaterra, )97 Retira-fe da Corte de Londres fentido da tyranna morte de feu irrna, 419. Joa Rodligucs de Vafconcel1os Conde de Caftello Melhor, govrna a Provinda de Alc:rn-Tejo, rc9. Intenta ganhar Badajoz ror interpreza, e defvar.ece-fe;
I I )
557.
Retira-fedo governo, I6o. Goyerna iegunda vez a Pro,incia ce Entre Doure e ]\fi.. nho, 182. PaTa na rrirneira frota da Junta do Ccrnrnercio a governar o Eftado do Brafil , 318. Joa de Almeid~ Capita de Ca,rallos na Beira~ ganha Huelga e rettra-ft! com groffa ft;eza, 340. Joao da Silva Tello Conde de Aveiras: .Elegeo ElRey
1
\..
r>
.
558
na batalha de 1\lonti.. jo , 61. l D. Joa Soares de Alarcao intenta goyernando Ceuta reduzir Tangere obedieacia delRey de Cafrclla, )99 Jo3j Barbofa Pinto r~adc! hum Forte dos .Holaadzes no Rio Grande, e q ueim 1-lhe os cana viJ~s , )75. Joa:i de Saldanha de Soufa, Mefrre de Campo no Exercito fobr~ Badajoz, larga o Pofro m1l iatisf~ito, I 63. J010 J~ Almeida de Lourdro qu;!ima o lugar dt! Kobleda,
)7 I.
I N DI C E.
morre na viage1n;
G1nh.a Pedralva, e deftroe muitos lugares e1n Galliza, )e feg. Satisfaoens que toma de algumas entradas do~ Galle.. do Governo, 183. _ Joa6 Pafchafio Cofmander Religio{o da Companhia de J::-fus, principia a fortifica.1.6 da Pont~ de Olivena,
R~tir~1-f~
gos, 5
68.
' Di-lhe ElRey patente de Coronel Engenheiro mr, 107. Pcrfuade a ElRey a etnprez:l de Badajoz, e vota os Con[~lheiros de guerra em fua preena, 114. Ataca Valena, e fo~~ valorofatnente a muralha, 178. Iz:!nao que ElRey lhe concede, 225. Prendem-no os Caftelhanos, e reduzem-no fua devoa1
217.
e feg.
Ataca Olivenca com hum Exercito de Cal:ella, 26z. Sua mOite , 26 3. Jo.1o Fernande Vieirle: Sua noticia, 9z. Refolve-fe a fer Author rla reftauraaJ de Pernatnbuco; el~sendo dia de Santo Antonio para ron1per a guerra,
I)I.
EJitaes dos I-Iolandez~s contra Joa Fernandes Vidra,que ufa do mefi.no efrylo coatra elJcs, r 32. So.:.!ga os fcus SolJadoJ inquietos, ccJin hnma dilatada oraa, I 33
l1V D I C E.
Desbarata os I-Iol ..ln,Jezcs, I )5. R~zaens qne diz a Ancr Vidal, yindo da 13ahia a fccc- g<i-Jo , I ;6. 1\larcha contra os Holandezes , I 37. Rende a HenriliUe l-Ius, e aos mais que o feguia, I 39 Poe1n fi tio :.to A r recife, I 44 Rende o forte l!e Santa Cruz, 145. Qpeima os fct:s canaviaes com louv;.;vel exemr1o, 155 Ren1edea as faltas de Exercito con1 grande adivi'-lane, e levanta hum Forte em Tamand;,u, 202. e ieg. Anima o Exerto com foccorro provendc-o de todo genero '-le n1anti1n~ntos, 1.c5. Conjur;_1ao contra a fva pefloa, he ferido de huma bla, perdoa gencro-unente aos conjurados , 209. e ieg. LeYanta hum forte contra a Cidade l'vlaurica, e afalta o Pa"J do Conde de :r\afau, 255. Voto pruJclte que d,.i para fc confeguir a vitoria na fegund ..l bat;.llh._l dos Gar:uapes, 324J\1archa de vangurd<l no Exercito a fitbr o Forte de Altanar, afl!fre ao tralx.lho de lnun profundo fofo , e de - varios aproches, at ! render o Forte, 451. Seu elogio, 4-6I. N omea-o ElRev Confelheiro de Guerra , e Governador de Angola, 463. D. Joao de :Nlenezes governa Olivena, 16I. Valorofa acao com que defende a Praa , 262. Carta de agradecin1ento que ElRey lhe eicreve, 164~ Sua morte , ) I 4 Joao Fialho 1\Ieftre de Campo na Beira derrota valorofamente os Cafrdhanos, 338. Recontro con1 os Cafi:elhanos, ern que teve rno {uccc.ffo,
5'59
388.
D. Jorge J\tlafcarenhas J\1:arguez de :J\Iontalvao, nomea...o ElRey Mefrre de Campo General da Corte , I I 5. Sua morte, 90.
Ju-
efficazes de ie r~i1Jer Pernc1tnbuco, 462. Junta dos Tres Et1Jos : Efi:ab~lece..fe de novo, e nomea.. fe Minifi:ros para ella, I93 , Junta do Cotnm~rcio em Lisboa, 32r. e feq.
56o
I N DI C E.
L
Opo Pereira rompe os Gall~gos cotn grande valor ,84". Lopo de Siqueira Capitao de Cavallos em Alem-l.'ej9 desbarata as l.'rop.ls de Ca.fi:ella, 334 Sua morte, e Exequias honorific.1s, {6). ) Lour~no da Coita l\1itnofo queima Moralejo, 9 D. Luiz de Menezes, Author de.fi:a Hiil:oria, pafa a AlemTejo, e afenta praa, 331. e feg. Luiz deliveiros queimam ui tos lugares em Galliza, )6).
M
Aco : Suas alteraoens, 103. Manoel de Mel1o: Nomea-o ElRey Mefrre de Campo , e Governador de Moura , 11). PaTa a Thenente General da Cavallaria , 16 r. .. Manoel Alvares Carrilho: Propo!l:a que faz ao Papa, 174. Faz ufpender a nomeaao dos Bifpos, e Miffionarios de Congo, 276. Maranha Ilha na Cofta do llrafil : Succefios do anno de I 643. em que os Holandezes iao lanados fra de todo e1Ie' 33 Marquez de Leganez governa etn Badajoz as Armas da quelle Partido, rro. Sah..! ~om o Ex~rcito em campanha, 117. Paf~1 a governar Catalunha, 170. '"rorna J. Badajoz ao Governo das Armas, 260. 1 AtJcl Olivena con1 Coilnander, e retira-f~ co1n grande 11erda, 261, Marquez de Torrecufa Governador das Armas em Badajoz
I N DI C E.
561
o1joz interprende Ouguella com mo fuccdTo, ;o. e ieg. Intenta ganhar a Pont~ de Olivena , 68. Chega con1 ~.xercito i obre Elvas, 70. Ata~a o Outeiro do Cazara com repetida contenda, e retira-1e, 73 .1\'Iarquez de koylhac Embaixador de Frana chega a Lis. l;loa, 89. Suas acoens indecorofas, I1). Retira-ie a Fr~na cum pouca acceitaao, I 17. Martim Affonio de J\;lello , nomea-o l:JRey iegunda vez GovcrnJdor das ArmJs de A1~n1-1.ejo, 114. Confegu~ d(sbaratarcn1-fe asTropas de Caftella,26r .efeg. Entra en1 Caftella com g1orio1o intento, 265. Induftria com q~1c faz paflar a eHe Reyno as Tropas eftrangeiras, que iervia eu1 Cafiella, 3co. Inil:ancia que con1liberdadc faz a EIRey a favor dos fol.. dados, :)01. Volta Corte, )~) Ma~hias de Albequerque: governa fq:unda vez Alem-Te.. jo, 50; Sahe com Exercito em campanha, 51. Queima. Villar celRey , e outros lugares, e entra cm Montijo, 53 Frma o Exercito, difroem-no p~ra a 1'2tall~a , e an!ma os foldados con1 hum a larga ora~, 56. e feg. Ganha a batalha depois de 1e ver GP2L rerdidu, 6o. c feg. Faz-lhe E]Rey merc do titulo de Conde dt! Alegn.. te, 63. e feg. . . Fortifica a Ponte de Olivenca, 68. Governa terceira vez a Pro~incia, 167. Intenta diveris cmpreze~s, I75 e feg. Recolhe-fe a iua caia, ~ot:ce n1orre, r 8o. Seu Elogio , lbid. Mays comem feus pr<?prios filhos no fitio de Colun1bo. em Ceila, 501. Jf'Iazaga: Succefios defia Praa, ioo. ~ l\'Iembrilho lugar nove Jeguas de Cafiello de Vide heqi::Eimado pelos Portuguezes , 51.
'~
.
Ve_ja-Je A fi'"ica.
~-1~
lrl~:
s63
I N DI C E.
Memorial delRey ao Pontifice, 143 Meyos que fe propoem de ajufrar com os Holandezes a compra das Pra c as do Brafil , l)G. Monomotapa Itnperador da Cafraril converte-fe F, 46. Monte-Redondo , he entrado terceira vez, q ueimando-fe . juntamente quatro lugares, 79 Montijo Villa de oitocentos fogos,he que:mada pelos Por~ tuguezes , 51. He ganhada fegunda vez, 53 Morte delRey de Frana, 32. Morte d.! Sebafl:iao Go1n~s pela F, 217. e feg. ~iorte da Infanta Dona Joanna , 414.
N
..L
..
Naufragio da Armada de Antonio Telles de Menezesd40~ N egapatao Cidade na India, e:1tr~16-na os HolanJez-~s, 44 Poem-lhe fitio o Nayque, fortifica-e a Cidade, e levanta-fe o fi tio , 45. NicoloMonteiro afaltac-no os Cafi:elhanosemRoma,I 18. Refolve-fe o Papa a conceder os Biipos de motu proprio, na os admitte , e parte a Parma, 119. Canfegue audiencia do SummoPontificeem effeito,r3o. Noticia da Rainha Ging1 , 196. D. Nuno Mafcarenhas, queim1 Metnbrilho, Sl.~ Morre na batalha de Montijo, 62.
o
Lhrena, fortifica-fe a Ponte, 68. Ataca os Caftelhanos a Praa, e retirac-fe con1 grande perda, 261. Opinio~ns fobre haver Annada em Portugal, 17.
D.Pan~
I N D ICE.
p
Pantalea de S , pendencia que tem em Inglaterra , 426. Renova-fe a pendencia , e prendem-no , lbitl. e 417. Sahc da prizao n1udando o traje : entrega-o hum .1\ledico dt! q'!Jen1 fe fiou , 418. H e fcntenciado morte,e executa-fe a fcntena,Ibit!.e 4' 9 Pedro Jaques de 1\lagalhaes fahe ferido do ataque deValena, 179. Chega co1n a Armada da freta a Pernambuco, 43~ Rcfolve-fc enlprEza do Arredfe, e frrna cctn que toma a barra cotn a Armada, 461. Pedro Mauricio Duquizn derrota, fendo Corr.rniflario Geral em Alen1-Tejo, h uma 1~ropa dos Cafi:elLanos, 411. Desbarata cem Cavallos aos Cafrelhanos, 379 Pernambuco : Os moradores de Siranhaem def~nden1 a ViUa, e ganhao a Fortaleza, 14r. Ganha-i:.! a Forta!eza do Pontal, I.-1-) Rendc-fe a Fortaleza do Porto Calvo , e levant;.-fe os moradores do Rio de S. Francifco contra os Hvlandezes, 146. Ataca-fe o Forte do Rego, e entrega-fe, 45c. Entrega-fe o Forte de Altanar, 4f!. Ganha-fe o Forte do Milhou, 455 Ataca-fe o Forte das cinco Pontas, 456. Offerecem osHolandezes a entrega de Pernamcuco,457 Porto Longon n:t Ilha de Elba, poern-lhe fi tio os :Francezcs ajudados de huma Armada noffa, 188. Ganhao a Praa com ajuda do nolo foccorro, Ibid. Portuguezes,admiravel refolua em defenfa dcReino,t~'! Trinta Portuguezes vencem tres mil Chingals, 406. Prevena prudente delRey, )O!. Principes Palatinos entrao em Lisboa , 341. Sahem de Lisboa, 350. Prizao, e confifa de D. Pedro Bonete, 19. Retira-fe , 15.
Nn
Fri~
5,64,I.N:D I C E.~ l!riz1.1 da Cot:l~ Je Izingu~i.l 'Thenente G~neral da Cavaila ria d~ Cafi:dla, r 19. Propof.l:..1 1os Ca1,!lh:rt:)s, 441. J>ropo~l.~ :lbr~ a p:1~ :;~r.1l, r83. efeg. Provid>:.!ilcidDivLta {empre difps aosCaftclhanos. para-qe co:n n~:1hun1.l d~clpa difiilnulaffern as no.ii'as vil:o~
rias-, 384.
2.6.
Econtro de Vai verde, 66. e feg: ~ da Atalaya d~1 Terrinha; 161. Iteco~1tro co!n os Cafrelhanos que ficao desbaratados; 476. ReJen1pa-j de-cativos qu-e fe principiou em Tangere, 329~ It~tira-1a v J.lorof de Manoel Peix:oto, ). R~tirad:1 v-1lorofa de Jo1o Hornern CarJofo-, 3~2. ltodrigo d~ Figueiredo torna a governar a. Provinda de ~ T'raz os 1\1o.nt~s ,. r8)~ Akan1 Iice:~a delRcy p:tr~-t palrar a Lisboa , 230,. D. R.odrigQ de Cafl:ro ataca Vat~na, 178... Gover~a na B-~ira o Partido de Almeida, 13r. Ql1eima a Villa de S. Fel ices, e confegue outros fuccefl. fos proli1eros ,. 2)3 e feg. Q:.1eima Sabugo lugar de ):>::>. vifinhos~ e retira-fe vifta do inimigo, )o~L " Unt:!-fe co~n D. San~ho M:1no~l ,_ queimao muitos luga-res, e retirao-fe-com grande-preza, 309. :Retira-fe c0m grofa p~~ZJ. da Campanha de Ciudad-RodriJ!,O , 3~7. Ql1eima Bocacara, 367. Ganha a Vilt1 ,. e Caftello de Bodao, 368. Na6 admitt~ htuna propol:a dos.Caftelhanos, 444~ Q!1eitna em pen1 da arrog:1ncb dos Cafrelhanos as Villa.S
t::'"
.
R~
I N D I C E. ~565 Rodrio-o de 1\Iir~n"'~: 1:\cn.a-u LJh.t:) General da Altilhc.tria, 331. Roma : :t<Egccics t1o anno ~e 164 5. r.litinco a elks Nico Li o Mo11teiro, I 1~L Nerocios do anno de 1647. affiHnclo o Padre }.;ui:o da CUi1ha , 24) Negados do anno de 1648. afiiflinco l'vlanocl Alvares Carrilho, 172. e feg~ Negocies do am:o de 1649, 311. Negocies uo anno de 1650., 350. Nego cios do anno de 1651., 371. Nef.cios (~O anno de 1652. for meyo dcs Prelados de " Frana, 391. Negocias do anno de 1653, 41.5. Negocies Clo anno Ge 1656. ferido Embaixador Francifco de Soui Coutinho, 510. Rota de h v ma Comp:mhia de Ciuclad Rodrigo, S6. Rota dos Holandezes em Ceilao., 48. Rota dos Portuguezes em Ceilao , ro). Rota de hun1as rlropas CafreJhanas , 409 . .Ruy Diaz lia lranca foccorre o Cafrello de Tangere, e dc. bar::tta os Mouros, 99 Ruy Pereira Scto Mayor Governador de Caminha, ganha hu1n Teduio , 79
7
de S rrororn1 acs rr.oradores o Rio .:) de Janeit o a CI!il1f(Za de A nr.o1a , refolve-je a dla, contribuem os nati!racs' e rrevenocns que faz rara o intento , ,_g 7 . . Chega a (hlicon1ho com a A rmaa , e refolve-fe nnrreza cem rdolva c~ti~olica' p-encrofa' 188. e feg. Chega con1 a Armada barra de Loanda, prorofia que manJa fazer 20s I-Iolandezes; 289. ! . Sahe em terra depo~s d ultin~a repofra dosHo1andezes,19t. Ganha a Cid~de,e occupa o forte de S.Antonio,lbid.e '-92 Bate a fortal..:za do .IYlo;ro, e manca invefti-la, i92. Capitulao~ns con1 c.Lue cs l-Iolandezes lhe entrega as
.For-
Fort.1lezas , 19 3. Louvor de Salvador Correa de s,i, 29) .. Manda caftigar os Principes negros, 296. Salvalea he queitnado pelos Portuguezes, 6'~ S::dvaterra,intenta os Catelhanos interprende-la; I77 . Entra6-na, fiti.:11 o Caftdlo , e retira6-fe con1 perda confideravel , r 87. D. Sancho 1\Ianoel queima a VilJa de Perofin1 , e dcftroe Penha-Parda , 87. Troca o feu Tero pelo de Diogo Gomes de Figueiredo em Ale1n-Tejo, r2r. Recontro com os Cafi~lhanos em Portalegre, I 8o. N omea-o ElRey Gov ~rnador do Partido de Penamacor ;
2JI. '
;66
1 N D ICE.
Intenta a intertJr .!Za de Akant1ra, 268. _ Recontro com os Caftelhanos no Porto de Santa Maria; Ibid. Tira h uma preza aos Caftelhanos , ~71. Intenta a interpreza da Cidade de Coria, 389. Sebafi:ia Cardofo foccorr~ com grand.:! valor o Cafiello de Segura , 10. s~giftnundo chega ao Arrecife cotn foccorro de Holanda, - 210. Ataques que fazVilla de Olinda com grande perda,111. Avana o alojamento da Barreta, e retira-fe, 213. Pafa B1hia com poderofa Armada, e fortifica-fe en1 Taparica, 251. Sahe em Pernambuco com Exercito em Campanha, 280. Ataca a batalha , e perde-a, 281. e feg. , Simao Gomes Capita na lndia,acao valorofa que faz,199 Sitio fegundo de Mafcate, 103. Sitio do Arr~cife, e difpofioeas delle, I44 . Difpofia con1 que fe aperta o fi tio para fe atacar a Pra-
a, 448.
Sitio de Porto Longon, 188. Sitio de Lerida em Catalunha, 142. Sitio de Barcelona, 360. Sitio lan1entavcl da CiJade de Columbo na Ilha de Ceila, 49%
Tan~
I N DI C E.
T
T
Angere : Acdan1ao os moradores a ElRey; e prendem o Governador , 95. e feg. Interprendem-na os Mouros , entrao na Cidade , e retiraO-ie com mo fu ccefTo , 98. e feg. Prende a pefte na Cidade cauiada do defpojo dos Mouros, I 57
. Ve_ja-fe .Africa , D. Theodofio Duque de Barcellos declara-o ElRey Duque de Bragana, e Prncipe do Brafil, :135. Virtudes do Principe, 310. Seu voto com nota veis razoens fobre fe ampararem os - Principes Palatinas, )42. Paffa a Alem-Tejo , frn1a de como h e recebido em El- Yas, )6I. Diligencias para tornar a Alen1-Tejo, 378. Nomea-o EIRey Capitao General do Reyno, lbid. Ordetn para fe na fazeren1 entradas em Cafi:ella , 380. Revoga a ordem por inconveniente, 381. " Ultima cloena do Principe , e fuas acoens nella, 418. Sua morte, 410. Seu Elogio, lbid. Oraao do Principe, 411. Sua difpofia6, e enterro, 413. Theodofio Efrrate Holandez entrega a Fortaleza o Pon tal, 143. Ajuda os Portuguezes em Pernambuco com h11m Tero dos Holandezes rendidos, 14~L Traz os 1\lontes terceira Provinda de Portugal : Succeios do anno de 1643. governando D. Joao de.Souia, 2. Succeffos do anno de I 644. , 86. Succdlos do anno de I646. tomando ao Governo Rodrigo c: e Figueiredo , I 81. Succeflos do anno de 1647., 130. Succe1Tos do ranno de 16.a.8., ~66. Succcfos do anao de i649 governando o Conde C.e Atou't
5'6g
I N D Ic E:_
Ato uguia , )05. Succeilos do atUl0 d~ 1650. ' 336. Succeii"os do a ano de 165 r. ~ ~66. Snc~~ffos do aa:1o d~ r65 !. , 385. Sacceifos do an~1o de165-5- gov~rn1t1,do Joanne M~ndes de Vafconcellos , 4-74~ Tn.to Jobre d~ hum ~:ltt~lhano, 370. Trato dobre de Aatonio So.u-~s em .SJ.lvaterra, 477 Tyraania d..! G.tylan em Barbada , 518. I
.V
....
Alena de Alcantar:.t, h~ atacada pelos Portuguezes , com tn.o fuccefo , 178. D~ Vafco da Gamn1a Coad.;! da ViJigueira torna a Frana _com titulo de Marquez d.! Niza, 190. Impugna a entr~ga d~ S. Jo.1 da Foz aos Holandezes; 270 . Prud~nte advertencia que faz a ElRey, 271.