Mecânico de Refrigeração Domiciliar 2
Mecânico de Refrigeração Domiciliar 2
Mecânico de Refrigeração Domiciliar 2
SENAI-RJ Refrigerao
FIRJAN2Federao das Indstrias do Estado do Rio de Janeiro Eduardo Eugenio Gouva Vieira Presidente Diretoria Corporativa Operacional Augusto Cesar Franco de Alencar Diretor SENAI-Rio de Janeiro Fernando Sampaio Alves Guimares Diretor Regional Diretoria de Educao orres Torres Regina Maria de Ftima T Diretora
SENAI-RJ 2002
Mecnico de Refrigerao Domiciliar: Refrigeradores/Congeladores II 2002 SENAI-Rio de Janeiro Diretoria de Educao Ficha tcnica Gerncia de Educao Profissional Gerncia de Produto Produo Editorial Pesquisa de Contedo e Redao Reviso Pedaggica Reviso Gramatical e Editorial Reviso Tcnica Projeto Grfico Luis Roberto Arruda Darci Pereira Garios Vera Regina Costa Abreu Eduardo Renato da Costa Dantas Machado Maria Angela Calvo da Silva Maria Angela Calvo da Silva Antnio Joaquim Pereira Sobrinho Rui Andr Lichtenfels Artae Design & Criao
Edio revista do material Mecnico Refrigerao Domiciliar, publicado pelo Centro de Tecnologia Euvaldo Lodi, SENAIRJ.
SENAIRio de Janeiro GEP - Gerncia de Educao Profissional Rua Mariz e Barros, 678 - Tijuca 20270-002 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (0xx21) 2587-1117 Fax: (0xx21) 2254-2884 http://www.rj.senai.br
Sumrio
APRESENTAO..................................................................................... 9 UMA PALAVRA INICIAL ....................................................................... 11
1 2 3 4 5 6
INTRODUO ...................................................................................... 15 TERMOLOGIA ........................................................................................ 19 TERMOMETRIA ..................................................................................... 31 PREPARAO DE TUBOS PARA USO EM REFRIGERAO .......... 59 PROCEDIMENTOS PARA SOLDAGEM............................................... 71 CICLO DE REFRIGERAO ................................................................. 95 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................................... 103
Apresentao
A dinmica social dos tempos de globalizao exige dos profissionais atualizao constante. Mesmo as reas tecnolgicas de ponta ficam obsoletas em ciclos cada vez mais curtos, trazendo desafios renovados a cada dia e tendo como conseqncia para a educao a necessidade de encontrar novas e rpidas respostas. Nesse cenrio, impe-se a educao continuada, exigindo que os profissionais busquem atualizao constante durante toda a vida - e os docentes e alunos do SENAI/RJ incluem-se nessas novas demandas sociais. preciso, pois, promover, tanto para os docentes como para os alunos da educao profissional, as condies que propiciem o desenvolvimento de novas formas de ensinar e de aprender, favorecendo o trabalho de equipe, a pesquisa, a iniciativa e a criatividade, entre outros aspectos, ampliando suas possibilidades de atuar com autonomia, de forma competente. O Mecnico em Refrigerao, alm de possuir as habilidades especficas para a atuao nessa rea, deve dominar matrias como matemtica e fsica. Este material apresenta, alm dos conceitos fsicos necessrios ao trabalho com refrigeradores e congeladores, os princpios bsicos sua manuteno e as tcnicas de soldagem dos tubos de refrigerao. Seu contedo dever ser conhecido em profundidade pelo tcnico e aplicado com exatido, para que os resultados sejam obtidos satisfatoriamente. indispensvel, portanto, que este material didtico-pedaggico seja lido e estudado com toda ateno, interesse e aplicao, a fim de que todas as fases do trabalho sejam conhecidas e experienciadas pelo aluno.
SENAI-RJ 9
limitada que, finalmente, viram lixo, o qual se acumula nos aterros. Produzir, consumir e dispensar bens desta forma, obviamente, no sustentvel. Enquanto os resduos naturais (que no podem, propriamente, ser chamados de lixo) so absorvidos e reaproveitados pela natureza, a maioria dos resduos deixados pelas indstrias no tem aproveitamento para qualquer espcie de organismo vivo e, para alguns, pode at ser fatal. O meio ambiente pode absorver resduos, redistribu-los e transform-los. Mas, da mesma forma que a Terra possui uma capacidade limitada de produzir recursos renovveis, sua capacidade de receber resduos tambm restrita, e a de receber resduos txicos praticamente no existe. Ganha fora, atualmente, a idia de que as empresas devem ter procedimentos ticos que considerem a preservao do ambiente como uma parte de sua misso. Isto quer dizer que se devem adotar prticas que incluam tal preocupao, introduzindo processos que reduzam o uso de matrias-primas e energia, diminuam os resduos e impeam a poluio. Cada indstria tem suas prprias caractersticas. Mas j sabemos que a conservao de recursos importante. Deve haver crescente preocupao com a qualidade, durabilidade, possibilidade de conserto e vida til dos produtos. As empresas precisam no s continuar reduzindo a poluio, como tambm buscar novas formas de economizar energia, melhorar os efluentes, reduzir a poluio, o lixo, o uso de matrias-primas. Reciclar e conservar energia so atitudes essenciais no mundo contemporneo. difcil ter uma viso nica que seja til para todas as empresas. Cada uma enfrenta desafios diferentes e pode se beneficiar de sua prpria viso de futuro. Ao olhar para o futuro, ns (o pblico, as empresas, as cidades e as naes) podemos decidir quais alternativas so mais desejveis e trabalhar com elas. Infelizmente, tanto os indivduos quanto as instituies s mudaro as suas prticas quando acreditarem que seu novo comportamento lhes trar benefcios sejam estes financeiros, para sua reputao ou para sua segurana. A mudana nos hbitos no uma coisa que possa ser imposta. Deve ser uma escolha de pessoas bem-informadas a favor de bens e servios sustentveis. A tarefa criar condies que melhorem a capacidade de as pessoas escolherem, usarem e disporem de bens e servios de forma sustentvel. Alm dos impactos causados na natureza, diversos so os malefcios sade humana provocados pela poluio do ar, dos rios e mares, assim como so inerentes aos processos produtivos alguns riscos sade e segurana do trabalhador. Atualmente, acidente do trabalho uma questo que preocupa os empregadores, empregados e governantes, e as conseqncias acabam afetando a todos. De um lado, necessrio que os trabalhadores adotem um comportamento seguro no trabalho, usando os equipamentos de proteo individual e coletiva, de outro, cabe aos empregadores prover a empresa com esses equipamentos, orientar quanto ao seu uso, fiscalizar as condies da cadeia produtiva e a adequao dos equipamentos de proteo. A reduo do nmero de acidentes s ser possvel medida que cada um trabalhador, patro e governo assuma, em todas as situaes, atitudes preventivas, capazes de resguardar a segurana de todos.
12 SENAI-RJ
Deve-se considerar, tambm, que cada indstria possui um sistema produtivo prprio, e, portanto, necessrio analis-lo em sua especificidade, para determinar seu impacto sobre o meio ambiente, sobre a sade e os riscos que o sistema oferece segurana dos trabalhadores, propondo alternativas que possam levar melhoria de condies de vida para todos. Da conscientizao, partimos para a ao: cresce, cada vez mais, o nmero de pases, empresas e indivduos que, j estando conscientizados acerca dessas questes, vm desenvolvendo aes que contribuem para proteger o meio ambiente e cuidar da nossa sade. Mas, isso ainda no suficiente... faz-se preciso ampliar tais aes, e a educao um valioso recurso que pode e deve ser usado em tal direo. Assim, iniciamos este material conversando com voc sobre o meio ambiente, sade e segurana no trabalho, lembrando que, no seu exerccio profissional dirio, voc deve agir de forma harmoniosa com o ambiente, zelando tambm pela segurana e sade de todos no trabalho. Tente responder pergunta que inicia este texto: meio ambiente, a sade e a segurana no trabalho o que que eu tenho a ver com isso? Depois, partir para a ao. Cada um de ns responsvel. Vamos fazer a nossa parte?
SENAI-RJ 13
Introduo
O tcnico dedicado manuteno de refrigeradores, condicionadores de ar e bebedouros deve ter uma boa noo dos fundamentos da Fsica. Tais conhecimentos sero indispensveis para o entendimento do ciclo da refrigerao. Alm dos conceitos fsicos abordaremos, neste fascculo, as tcnicas de trabalho e soldagem de tubos de refrigerao. Os conhecimentos sero apresentados de forma objetiva, facilitando o entendimento dessas noes.
SENAI-RJ 17
Termologia
Matria
Matria tudo aquilo no universo que tem peso e ocupa lugar no espao. Toda matria composta de molculas que, por sua vez, so formadas por partculas chamadas tomos. Os tomos so compostos por partculas ainda menores, conhecidas como eltrons, prtons e nutrons. A matria se apresenta na natureza em trs estados de agregao: slido, lquido e gasoso, que so explicados atravs dos movimentos das molculas, mais ou menos intensos, com maior ou menor liberdade, dependendo do estado de agregao ou fora de coeso.
Foras de Coeso
So foras de ao mtua que fazem com que as molculas que formam as substncias se mantenham em sua posio.
vapor
lquido
Fig. 1
No estado slido (S) as molculas esto fortemente coesas (A); nos estados lquido e gasoso, as molculas tm maior liberdade de movimento (B).
SENAI-RJ 21
Estado slido
Neste estado as foras de coeso entre as molculas so intensas e s permitem vibraes ligeiras. As molculas dispem-se com regularidade, formando uma rede cristalina. Assim, os slidos apresentam forma e volume bem definidos.
Estado lquido
No estado lquido, as molculas possuem maior liberdade de movimento e podem mover-se livremente sobre as outras, de maneira que o material flui. Os lquidos so pouco compressveis e possuem elasticidade perfeita, adaptando-se forma do recipiente que os contem.
Estado gasoso
No estado gasoso, as foras de coeso entre as molculas so extremamente fracas, permitindo livre movimentao. Devido grande expansibilidade que possuem, os gases (e vapores) tendem a ocupar todo o espao do recipiente em que estiverem contidos, no apresentando, desta forma, volume e formas definidos. H uma diferena fsica entre gases e vapores.
Gases
So substncias que se apresentam em estado aeriforme nas condies normais de temperatura e presso.
Vapores
So substncias que se apresentam em estado aeriforme, mas prximos do seu ponto de liquefao. So instveis e passam ao estado lquido facilmente. Se colocarmos a gua em presena de gelo, ocorrer uma diminuio do movimento molecular: a energia trmica diminuir.
Energia trmica
a energia cnica associada ao movimento de agitao trmica das molculas. Se aquecermos a gua atravs de um bico de gs, o movimento de suas molculas tornar-se- mais intenso: a energia trmica aumentar.
22 SENAI-RJ
Temperatura
A primeira noo de temperatura de um sistema estabelecida atravs da sensao trmica que o mesmo nos causa, traduzida pelos termos frio e quente. No entanto, o critrio sensitivo para avaliao de temperaturas vago e impreciso, pois depende da pessoa que sente e das condies nas quais a mesma se encontrava anteriormente. Podemos considerar a temperatura de um corpo como sendo a medida do grau de agitao de suas molculas. Desta forma, supondo no haver mudana de fase, quando o copo recebe energia trmica, suas molculas passam a se agitar mais intensamente: a temperatura aumenta. Ao perder energia, as molculas do corpo se agitam com menor intensidade: a temperatura diminui.
Fig. 2
As molculas do gs, em contato com a chama, esto em movimento mais intenso: o gs est em temperatura mais elevada.
Presso
Presso a grandeza dada pela relao entre a intensidade da fora perpendicular atuante e a rea em que a mesma se distribui. Esta relao se expressa pela seguinte equao:
P=
F A
SENAI-RJ 23
onde: P = presso expressa em unidades de F por unidade de A. F = fora total em quaisquer unidades de fora. A = rea total em quaisquer unidades de rea.
Fora
a interao entre corpos que produzem variaes em sua velocidade, isto , que provocam aceleraes. A resultante das foras aplicadas a um material (F) igual ao produto de sua massa (M) pela acelerao (A) adquirida:
O peso de um corpo a fora de atrao que a Terra exerce sobre ele. Para um corpo em queda livre, desprezada a ao do ar, seu peso igual ao produto de sua massa pela acelerao da gravidade:
P = mg
1 NEWTON = 1 N = 1 kg . 1 m _ s2
24 SENAI-RJ
Portanto, em termos rigorosos, incorreto falar que o peso de um corpo 10 kg. Podemos referir-nos massa de 10 quilogramas, cujo peso 10 Newtons (g = acelerao da gravidade).
Presso atmosfrica
Presso atmosfrica a presso da atmosfera terrestre na superfcie da Terra. Tal fato foi evidenciado por Torricelli, ao realizar a seguinte experincia: encheu um tubo de vidro de 120 mm com mercrio, at a borda; tapou a extremidade aberta e o inverteu num recipiente contendo mercrio. Torricelli concluiu que a presso exercida pelo ar sobre a superfcie livre do mercrio era igual presso dos 76 cm de mercrio contido no tubo.
76 mm = 760 mm Hg = 1 atm
O mesmo corpo de peso 10 N est apoiado em faces de reas diferentes. A presso maior na base menor.
SENAI-RJ 25
P1 = 25N/m2
P2 = 50N/m2
Fig. 4
Experincia de Torriccelli
tampa vcuo
tubo mercrio
Fig. 5
A partir da experincia de Torricelli foram determinadas as unidades equivalentes. A presso de uma coluna de mercrio de exatamente 76 cm de mercrio a 0 C e sob a acelerao da gravidade
26 SENAI-RJ
normal g = 9,80665 m/s2 denominada atmosfera (atm) ou presso normal. A massa especfica do mercrio a 0 C 13,595 g/cm3. A presso atmosfrica varia em funo da altitude. Acima do nvel do mar, no topo de uma montanha, por exemplo (figura 6), eliminamos a altura da montanha da massa de ar ou atmosfrica que envolve a Terra e, como conseqncia, a presso diminuir. A presso atmosfrica na cidade do Rio de Janeiro, ao nvel do mar, maior que a presso atmosfrica em Belo Horizonte (836 m).
SENAI-RJ 27
Nvel do Mar
14,7 Psi
Fig. 7
A presso atmosfrica no alto da montanha menor que a presso atmosfrica ao nvel do mar.
presso absoluta 59,7 54,7 49,7 44,7 39,7 34,7 29,7 24,7 19,7 25 20 15 10 5 0 (14,7 lb /pol2) 29,92 pol. de mercrio
5 10 15 20 25
28 SENAI-RJ
Vcuo
O espao vazio de presso define-se como um vcuo perfeito ou vcuo absoluto. Qualquer espao que contiver um gs, a uma presso atmosfrica, considerado como estando em condies denominadas como vcuo parcial. Um manmetro de mercrio consiste em um tubo de cristal em forma de U, aberto em ambas as extremidades e parcialmente cheio de mercrio. Quando ambas as extremidades esto abertas, a presso atmosfrica que se aplica em ambos os lados do tubo e a altura das colunas a mesma. Conectando-se uma bomba de alto vcuo em uma das extremidades do tubo, verifica-se que o nvel de mercrio do lado aberto ir descer. Quanto maior for a quantidade de ar extrado, maior ser a influncia da atmosfera, sendo que a completa exausto do ar do tubo evidenciar uma coluna de mercrio de 76 cm acima do nvel existente na parte aberta. Os manmetros que medem presses abaixo da presso atmosfrica so denominados manovacumetros. Os manmetros dessa classe so normalmente graduados em centmetros ou polegadas de mercrio (Hg), com origem na presso atmosfrica. A coluna de mercrio do lado exposto atmosfera menor que a coluna do lado conectado bomba.
mercrio Tubo U
Fig. 8
760 mm
Na prtica, utiliza-se com freqncia a unidade mcron () para medir presses abaixo da presso atmosfrica:
SENAI-RJ 29
14,7
1b pol2
= 1,033
kg cm2
30 SENAI-RJ
Termometria
Termmetro
Ao se aquecer uma barra, o seu comprimento aumenta (dilatao). Deste modo, a temperatura t da barra avaliada indiretamente pelo valor assumido por seu comprimento. O instrumento que se usa com maior freqncia para medir a temperatura o termmetro. A operao da maior parte dos termmetros depende da propriedade que tem o lquido de dilatar-se ou contrar-se, ao aumentar ou diminuir, respectivamente, a sua temperatura. O termmetro mais comum o termmetro de mercrio, baseado na dilatao do mercrio contido num bulbo, ao qual se adapta uma haste de pequeno dimetro. A utilizao de termmetro para avaliao de um sistema fundamenta-se no fato de que, aps algum tempo em contato um com o outro, o sistema e o termmetro adquirem a mesma temperatura, isto , equilbrio trmico.
Escalas termomtricas
O conjunto dos valores numricos que pode assumir a temperatura (t) constitui uma escala termomtrica, que estabelecida ao se graduar um termmetro. Para a graduao de um termmetro comum de mercrio, procede-se da seguinte maneira: 1o) Escolhem-se dois sistemas, cujas temperaturas sejam invariveis no decorrer do tempo e que possam ser reproduzidos facilmente, quando necessrio. Estes sistemas so denominados pontos fixos, sendo usualmente escolhidos. Primeiro ponto fixo: ponto de fuso do gelo sob presso normal (tg). Segundo ponto fixo: ponto de ebulio da gua sob presso normal (tv). 2o) O termmetro colocado em presena dos sistemas que definem os pontos fixos. A cada um vai corresponder uma altura lquida.
SENAI-RJ 33
tG
A cada leitura atribui-se o valor numrico arbitrrio de temperatura, geralmente fazendo o menor corresponder ao ponto do gelo (tG), e o outro, ao ponto de vapor (tV). 3o) o intervalo delimitado entre as marcas feitas (correspondentes s temperaturas tg e tv) dividido em partes iguais. Cada uma das partes em que fica dividido a unidade de escala ou Grau da Escala. As escalas mais utilizadas atualmente so as seguintes: Escala Celsius ou Centrgrada; Escala Fahrenheit.
100 oC (tV)
um grau Celsius (oC)
72 71
0 oC (tG)
Fig. 2 - Escala Celsius
34 SENAI-RJ
Escala Fahrenheit
A escala Fahrenheit, normalmente utilizada nos pases de lngua inglesa, adota os valores: 32 (trinta e dois) ponto de gelo 212 (duzentos e doze) ponto de vapor O intervalo entre esses dois pontos dividido em 180 partes, cada uma das quais o Grau Fahrenheit, cujo smbolo 100 F. Ao criar sua escala , Fahrenheit teria adotado 0 (zero) para mistura de cloreto de amnia e neve, e 100 (cem) para a temperatura do corpo humano.
32 oF (tG) 180 partes iguais 212 oF (tV)
71 72
Converso de temperatura
As leituras de temperatura em uma escala Celsius podem se converter em Fahrenheit ou vice-versa. Para obtermos a relao entre as leituras, devemos estabelecer uma relao entre os segmentos x e y que so determinados na haste do termmetro.
212 0F
Y tC tF
32 0F
SENAI-RJ 35
Sendo tC a leitura Celsius e tF a leitura Fahrenheit para dada temperatura de um sistema, a relao entre os segmentos x e y assim representada:
x y
tc - 32 100 - 0
tF - 32 212 - 32
tc 100
tF - 32 180
tc = 5 (tf - 32) 9
tF =
1,8 tc + 32
tK = tc + 273
36 SENAI-RJ
Exemplo Um termmetro, num tanque de compressor de ar, indica que a temperatura do ar, ali, de 55 C. Determinar a temperatura absoluta em graus Kelvin. Soluo: tK = tc + 273 tK = 55 + 273 tK = 328 K
Calorimetria
Considere dois corpos A e B em diferentes temperaturas tA e tB , tais que tA > tB . Colocando-os em presena um do outro, verifica-se que a energia trmica transferida de A para B. Essa energia trmica em trnsito denominada calor. Calor a energia em trnsito entre corpos de diferentes temperaturas. A passagem de calor cessa ao ser atingido o equilbrio trmico, isto , quando as temperaturas se igualam.
calor
TA > TB
TA = TB
Fig. 5 - Equilbrio trmico
SENAI-RJ 37
Unidade de calor
A quantidade de calor Q trocada pelos corpos A e B (figura anterior) tem por unidade a unidade de energia, j que o calor uma forma de energia, no sendo possvel medi-lo diretamente. O calor s pode ser medido atravs de seus efeitos sobre um material; por exemplo, a mudana de temperatura, estado, tamanho, etc. A unidade de quantidade de calor o Joule (Sistema Internacional); porm, a unidade mais comumente utilizada em refrigerao a quilocaloria, que se abrevia kcal. No sistema ingls utilizase British Thermal Unit, cuja abreviatura btu.
Quilocaloria (Kcal)
a unidade de quantidade de calor utilizada no sistema mtrico. a quantidade de calor necessria para produzir a elevao de 1 C em 1 quilograma de gua, presso atmosfrica normal.
Efeitos do calor
A adio ou remoo de calor pode produzir uma mudana de estado fsico da matria, assim como mudana de temperatura. Ao se expor uma barra de ferro chama de um maarico, observa-se que o calor fornecido pela chama provoca uma variao de temperatura no ferro. Colocando um cubo de gelo numa chama, nota-se que o calor cedido pela chama provoca uma mudana de estado (fuso) no gelo. Se o efeito no corpo for apenas variao de temperatura, o calor chamado sensvel. Se o efeito no corpo for apenas mudana de estado, o calor chamado latente.
38 SENAI-RJ
Q=m.c. t onde: c o calor especfico que caracterstico do material que constitui o corpo.
c=
Q m . Dt
Unidade = kcal kg C
O calor especfico de um material a quantidade de calor requerida para elevar a temperatura de 1 kg do material 1 C. Por exemplo: o calor especfico do alumnio 0,226 kcal /kg C, enquanto que o do lato 0,089 kcal/kgC. Isto significa que se requerem 0,226 kcal para elevar a temperatura de 1kg de alumnio 1C, enquanto sero necessrias somente 0,089 kcal para elevar a temperatura de 1 kg de lato 1C. O calor especfico de um material no estado slido aproximadamente a metade do valor do mesmo material em estado lquido. Por exemplo: o calor especfico do gelo 0,5 kcalC, enquanto que o da gua 1 (A gua uma das substncias de maior calor especfico na natureza).
Calor Especfico de algumas substncias: Alumnio 0,226 kcal/kgC Cobre 0,095 kcal/kgC Ferro 0,110 kcal/kgC Lato 0,089 kcal/kgC Ouro 0,032 kcal/kgC Prata 0,056 kcal/kgC
SENAI-RJ 39
Para cada substncia, o calor especfico depende do seu estado de agregao. Para gua, nos trs estados, temos: Slido (gelo) 0,5 kcal/kgC gua lquida 1 kcal/kgC Vapor dgua 0,48 kcal/kgC
Calor latente
H fenmenos em que ocorrem trocas de calor e a temperatura permanece constante. o que acontece, por exemplo, durante as mudanas de fase. Calor latente de uma mudana de fase a quantidade de calor que a substncia recebe (ou cede) por unidade de massa, durante a transformao, matendo-se constante a temperatura. Imaginemos um recipiente contendo gelo inicialmente a 0C (A). Se colocarmos esse recipiente em presena de uma fonte de calor, notaremos que o gelo se transforma em gua lquida, mas a temperatura durante a fuso permanece constante (B).
(A) 00C
(B) 00C
(C) 00C
Fig. 6
Enquato o gelo derrete, a temperatura se mantm a 0 C, sob presso normal. Quando o gelo derrete, verifica-se que deve receber 80 quilocalorias por quilograma, mantendo-se a temperatura constante em 0 C (C). Essa quantidade denominada calor latente de fuso do gelo.
Calor latente de fuso do gelo (0 C) = 80 kcal/kgC. Calor latente de vaporizao da gua (100 C) = 539 kcal/kgC.
40 SENAI-RJ
QL = mL
Conduo trmica
Segure a extremidade de uma barra de ferro e leve a outra extremidade a uma chama. Aps um intervalo de tempo relativamente curto, a extremidade que voc segura estar quente. O processo pelo qual o calor se propagou para a mo denominado conduo trmica.
Fig. 7
No exemplo dado, parte da energia calorfica da extremidade quente fluir. Por conduo de molcula a molcula, atravs da barra, para a outra extremidade. Espontaneamente, o calor sempre se propaga de um corpo com maior temperatura para um corpo de menor temperatura. Se a experincia descrita fosse realizada com uma barra de vidro, s aps muito tempo a extremidade A estaria aquecida, pois o vidro um mau condutor ou isolante trmico. O isolamento trmico uma importante aplicao relacionada com a conduo. Assim, utilizam-se materiais isolantes trmicos para manter um corpo numa temperatura mais alta ou mais baixa que o ambiente. A capacidade relativa de conduo de calor em um material conhecida como condutividade trmica. Os materiais que so bons condutores de calor tm uma alta condutividade trmica e os maus condutores de calor tm baixa condutividade e so empregados como isolantes trmicos. Em geral, os slidos conduzem calor melhor que os lquidos, e os lquidos melhor que os gases. Isto se explica pela diferena de estrutura molecular. As molculas de um gs se encontram muito separadas, e a transferncia de calor por conduo, de molcula a molcula, torna-se difcil.
Conveco trmica
A transferncia de calor por conveco ocorre quando h movimento de calor de um lugar para outro, por meio de correntes que se estabelecem dentro de um meio fluido. Estas correntes so conhecidas como correntes de conveco, e a movimentao das diferentes partes do fluido ocorre pela diferena de densidade que surge em virtude do aquecimento ou resfriamento do mesmo. Ao se aquecer um recipiente contendo gua, a sua temperatura aumenta e se dilata; isto , aumenta o seu volume por unidade de peso. Assim, as pores mais quentes das regies inferiores, tendo sua densidade diminuda, sobem, e as pores mais frias da regio superior, tendo maior densidade, descem. As pores mais frias da gua descem para substituir as mais rpidas, que se elevam.
chama
42 SENAI-RJ
As pores quentes da gua se tornam mais rpidas subindo superfcie, distribundo-se, assim, o calor em toda a massa.
a. Aquecimento de ambiente
O aquecimento de ambiente em edifcios pode ser efetuado atravs de trocas de calor entre o ar e a gua quente ou vapor circulando por dentro dos tubos de trocadores de calor, tambm conhecidos como convectores.
serpentinas de vapor
Fig. 9 - Ambiente aquecido por conveco natural
b. Radiador de automveis
A gua quente aquecida pelo motor, sendo menos densa, sobe; a gua mais fria da parte superior desce. Em alguns automveis, a conveco forada por uma bomba dgua.
c. Resfriamento
Quando um ambiente resfriado, esse resfriamento feito pela parte superior porque o fluido frio tende a descer. Por isso, o congelador de uma geladeira colocado na parte superior. Pela mesma razo, ao se fazer o resfriamento de um barril de chope, o gelo colocado sobre ele.
SENAI-RJ 43
Irradiao trmica
O calor do Sol chega Terra, sendo que a maior parte do percurso se faz no espao vazio ou vcuo, onde no h meio material para permitir a conduo ou conveco. Desta forma, irradiao a propagao de calor de um corpo quente a um corpo frio, por um processo que ocorre em um meio intermedirio que no se aquece. A irradiao trmica efetua-se atravs de ondas eletromagnticas denominadas ondas calorficas ou de calor radiante, onde predominam os raios infra-vermelhos. Se colocarmos a mo sob uma lmpada acesa, sem toc-la, teremos sensao de calor. Como o ar mau condutor trmico, praticamente no ocorre conduo. Tambm no h conveco, porque o ar quente sobe. Ento, o calor que recebemos s pode nos ter atingido, admitindo-se que ondas se propagaram da lmpada at nossa mo. Poderamos classificar as fontes de calor como calor luminoso e calor obscuro.
O calor luminoso que vem acompanhado de luz (sol e lmpadas incandescentes). O calor obscuro no vem acompanhado de luz (forno, ferro de passar e resistncias).
A quantidade de energia radiante que passa por um material depende do seu grau de transparncia. Um material altamente transparente, por exemplo o cristal, permite que a maior parte da energia radiante passe; enquanto que os materiais opacos, como a madeira e o metal, no podem ser penetrados por ondas de energia radiante. A incidncia do calor radiante sobre a superfcie de um corpo pode ser parcialmente absorvida, refletida e transmitida, dependendo da natureza da superfcie do material, isto , da textura e da cor. Os materiais com superfcies de cores claras ou polidas, por exemplo espelhos, refletem praticamente toda energia que neles incide, enquanto que os materiais com superfcies rugosas, opacas ou escuras absorvem maior quantidade de energia radiante. Definindo: corpo negro o um corpo ideal com ndice de absorvidade igual a 1 (100%) e refletividade nula; espelho ideal aquele que reflete totalmente a energia radiante que nele incide, tendo absorvidade nula e refletividade igual a 1 (100%). No vero, usam-se de preferncia roupas brancas ou claras, a fim de refletir o calor radiante. Em determinadas condies de presso e temperaturas, uma substncia pode passar de uma fase para outra, ocorrendo, ento, uma mudana de fase ou mudana do estado de agregao. As mudanas de fases possveis a partir das fases bsicas (slida, lquida e gasosa) so fuso, solidificao, vaporizao e condensao.
44 SENAI-RJ
slido
lquido
gasoso
condensao
abaixamento de temperatura
Fig. 10
Diagrama de fases
A fase em que uma substncia se encontra depende de suas condies de presso e temperatura, podendo estar tambm num estado que corresponda ao equilbrio entre as duas fases ou mesmo entre as trs fases. Representando-se diferentes estados da substncia no grfico Presso x Temperatura, obtemos o denominado Diagrama de Fases da substncia.
4,58 mmHg
t (oC) 1000C
Fig.11
00C
SENAI-RJ 45
O estado representado pelo ponto comum s trs curvas denominado ponto triplo ou trplice. Assim, sob presso de 4,58 mmHg e temperatura de 0,01 C, podemos obter para a gua um sistema constitudo por gelo, gua em estado lquido e vapor dgua em equilbrio.
termmetro
O diagrama de fases constitudo de trs curvas figurativas dos estados de equilbrio da substncia: equilbrio slido lquido = Curva de Fuso equilbrio lquido vapor = Curva de Vaporizao equilbrio slido vapor = Curva de Sublimao
tF
lquido
Q (kcal)
46 SENAI-RJ
O calor absorvido por unidade de massa, enquanto o corpo funde, constitui o calor latente de fuso . Quando um lquido resfriado sob presso constante, ele sofre solidificao mesma temperatura na qual o slido se funde.
t (oC) lquido ts solidificao slido Q (kcal) 0
Fig. 14 - Resfriamento de um corpo inicialmente lquido
O calor perdido por unidade de massa, enquanto o lquido se solidifica, o calor latente de solidificao.
Ebulio e Condensao Se aquecermos uma substncia pura na fase lquida, sob presso constante, ela ferve, isto , sofre ebulio numa temperatura TV, que permanece constante durante o processo.
t (oC) vaporizao lquido 0
Fig. 15 - Aquecimento de um corpo inicialmente lquido
tV
vapor
Q (kcal)
O calor que o lquido absorve por unidade de massa, enquanto ferve, constitui o calor latente de vaporizao. Se resfriarmos o vapor de uma substncia pura, sob presso constante, o mesmo se transforma em lquido, isto , sofre condensao ou liquefao na mesma temperatura em que o lquido ferve.
SENAI-RJ 47
tC
vapor
Q (kcal)
O calor perdido por unidade de massa durante a mudana de fase o calor latente de condensao.
48 SENAI-RJ
Temperatura (oC) 100 96 90 80 70 60 50 40 30 26,7 24,4 22,2 20,6 17,8 15,0 11,7 7,2 0 - 6,1 -14,4 - 31 -37 -51 -57 -68
Polegadas de mercrio 29,92 25,00 20,69 13,98 9,20 5,88 3,64 2,17 1,25 1,00 0,90 0,80 0,70 0,60 0,50 0,40 0,30 0,18 0,10 0,05 0,01 0,005 0,001 0,0005 0,0001
Libra./pol2 14,696 12,279 10,162 6,866 4,519 2,888 1,788 1,066 0,614 0,491 0,442 0,393 0,344 0,295 0,246 0,196 0,147 0,088 0,049 0,0245 0,0049 0,00245 0,00049 0,00024 0,00049
Mcrons* 756.968 635.000 525.526 355.092 233.680 149,352 92.456 55.118 35.560 25.400 22.860 20.320 17.780 15.240 12.700 10.160 7.620 4.572 2.540 1.270 254 127 25,4 12,7 2,54
* Mcrons l = 2,54 cm = 25,4 mm = 2.540 mcrons 0,1 = 0,254 cm = 2,54 mm = 2.540 mcrons 0,39 = 0,1 cm = 1 mm = 1.000 mcrons
SENAI-RJ 49
Para qualquer substncia, se a presso externa aumentar, o lquido ferver numa temperatura mais elevada. A gua, em particular, ferve a 100 C ao nvel do mar, onde a presso atmosfrica normal (1 atm).
p (mmHg) 165.300
Em maiores altitudes, a ebulio da gua ocorre em temperaturas mais baixas, porque a presso atmosfrica menor.
870C 900C 96 C
0
LA PAZ QUITO
980C 100 C
0
BRASLIA SO PAULO
RECIFE Mar
Fig. 18
50 SENAI-RJ
Sublimao
Se um slido cristalino for aquecido sob presso constante, inferior presso do ponto triplo, ele sofre sublimao, numa temperatura tS, que permanece constante durante o processo. Ex : lodo e gelo seco
tS
vapor
Q (kcal)
Se, sob a mesma presso, o vapor da substncia for resfriado, ele se transforma em slido, sofrendo sublimao ou cristalizao mesma temperatura em que ocorreu o processo anterior.
O vapor, ao ser resfriado, se cristaliza temperatura tS. Ao se aquecer iodo cristalino em um recipiente, verificamos que o mesmo passa diretamente para a fase de vapor temperatura de 185,3 C. Se, acima do recipiente de onde saem os vapores de iodo, colocarmos uma superfcie fria, notaremos a formao de cristais de iodo sobre a mesma, pois os vapores cristalizam-se ao entrarem em contato com a superfcie.
SENAI-RJ 51
superfcie fria
185,3 0C
Ao se elevar a temperatura de um lquido, parte dele se transforma em vapor. A temperatura do lquido nessa condio denominada temperatura de saturao.
Vapor saturado
o vapor produzido por um lquido em vaporizao, desde que se encontre nas mesmas condies de presso e temperatura do lquido saturado do qual provem. Pode-se definir, tambm, vapor saturado como vapor temperatura , de maneira que qualquer resfriamento faa com que o mesmo se condense e tome a estrutura molecular do estado lquido.
52 SENAI-RJ
1000C
gua 1000C
Vapor superaquecido
Vapor superaquecido um vapor que se encontra a qualquer temperatura acima da saturao. Se, aps a vaporizao, se aquece o vapor, de maneira que sua temperatura seja acima da temperatura do lquido em vaporizao, diz-se que o vapor est superaquecido.
vapor saturado
recebe calor
vapor
Recebe calor
SENAI-RJ 53
Lquido sub-resfriado
Se, aps a condensao, o lquido resfriado, de maneira que sua temperatura se reduza abaixo da temperatura de saturao, diz-se que o lquido se sub-resfria. Assim, um lquido, a qualquer temperatura inferior da saturao e acima do ponto de fuso, um lquido sub-resfriado.
Aquecendo certa massa de gua de 0 C at 100C, nota-se que de 0C a 4C o volume diminui e a partir de 4 C o volume aumenta. Trata-se de um comportamento excepcional da gua, contrando-se quando aquecida de 0C a 4C.
V (cm3)
00C
40C
>40C 0 4
t (0C)
Sendo o volume da gua mnimo a 4 C, nesta temperatura a gua apresenta densidade mxima, que corresponde a 0,99997 kg/l e ocorre rigosamente a uma temperatura de 3,98 C.
54 SENAI-RJ
vapor superaquecido
Fig. 25 - Grfico e variaes da densidade da gua
Tabela 2 - Equivalncias
Para converter de kcal kcal kcal kcal/kg kwh kwh kw cv cv kgm kgm TR TR
multiplique por: 4,186 4 427 1,8 3,413 860 1,341 0,9863 0,7355 9,294 x 10-3 9,807 12.000 3.024
SENAI-RJ 55
TR - Tonelada de refrigerao
a unidade de quantidade de calor mais comumente utilizada em ar condicionado. um termo introduzido pelos americanos: tonelada de refrigerao a quantidade de calor necessria para fundir 2.000 libras de gelo em 24 horas.
Demonstrao: Sabe-se que a quantidade de calor necessria para fundir o gelo dada pela frmula:
Q = mL
onde: Q = quantidade de calor (btu) m = massa do gelo (2.000 lb) L = calor latente de fuso do gelo (144 btu/lb)
Q = 2.000lb x
144 btu lb
= 288.000 btu
TR =
Q 24 h
288.000 btu 24 h
12.000 btu h
Alguns autores definem TR como sendo a quantidade de calor necessria para fundir uma tonelada de gelo em 24 horas. No Sistema Mtrico, sabemos que uma tonelada igual a 1.000 kg e o calor latente de fuso do gelo igual a 80 kcal/kg.
56 SENAI-RJ
Teremos, portanto:
TR = 80.000
kcal Kg
= 3.024
kcal h
A diferena constatada explica-se pelo fato de que o valor correto equivalente a 2.000 libras de 907,18 kg. Se utilizarmos este valor, teremos:
Q = 907.18 kg x 80
kcal kg
= 72.574,4 kcal
TR =
72.574,4 24h
= 3.024 kcal/h
SENAI-RJ 57
Na prtica da refrigerao, em vrios momentos, surge a necessidade de se unir componentes (compressor, evaporador, filtros, etc.). Essa interligao feita atravs de tubos. As conexes podero ser efetuadas por processo de flangeamento e/ou soldagem. Normalmente, os tubos usados em refrigerao so de cobre, que utilizado na proteo de outros metais oxidveis, por meio de eletrlise. Esse processo reveste esses metais de uma camada protetora de cobre, por meio de corrente eltrica, num banho de cido. Para uso industrial, o cobre se apresenta sob as formas de vergalhes, chapas, fios e tubos. Os vergalhes e chapas so obtidos por laminao; os fios e os tubos, por trefilao. Esses processos de modificao de formas so aplicados ao cobre, ao ao e a outros materiais metlicos, em instalaes caras e de grande produo. Os vergalhes so indicados ou especificados comercialmente pelas medidas lineares da seo ou do perfil. Os fios e chapas o so por nmeros padres (FIEIRAS - conforme figura). s fieiras correspondem tabelas contendo os dimetros (em milmetros ou polegadas) dos nmeros dos fios e as espessuras dos nmeros das chapas, tambm em milmetro ou polegadas. Finalmente, os tubos so especificados pelos dimetros e espessuras das paredes.
chapa
Fig. 1
SENAI-RJ 61
O cobre, depois do ao e do ferro fundido, o material metlico de maior uso na indstria, apresentando as seguintes caractersticas: 1. cor avermelhada; 2. massa especfica: 8,9 g/cm3 , temperatura em que se funde: 1083oC; 3. malevel, isto , de fcil deformao, deixando-se laminar bem; 4. dctil; facilmente se esteada em fios; 5. pouco duro; 6. pouco tenaz, isto , resiste mal aos esforos de deformao lenta (toro, flexo, trao e compresso); 7. bom condutor de eletricidade. depois da prata, o melhor condutor de corrente eltrica; 8. bom condutor de calor; 9. quando exposto ao ar mido, oxida-se, cobrindo-se de uma camada esverdeada (azinhavre). Resiste, entretanto, muito bem corroso, quer pela gua, quer por cidos diludos, tais como o cido sulfrico e o cido clordrico; 10. no se presta, quando isolado, a trabalhos de fundio. Suas ligas, entretanto, moldam-se muito bem; 11. quando sofre deformaes freqentes (martelagem, por exemplo), torna-se duro e quebradio. Para que o cobre, em tal caso, recupere a maleabilidade, deve ser aquecido (recozido) e, em seguida, mergulhado em gua fria.
Flangeamento de tubos
Dados os cuidados com os tubos de refrigerao, a sua preparao requer o uso de ferramentas especiais que propiciem um perfeito acabamento com total vedao.
62 SENAI-RJ
Cortador de tubos
a ferramenta que permite ao mecnico de refrigerao cortar tubos de cobre para a realizao das operaes de substituio dos componentes ou emenda de tubos. O cortador de tubos de cobre constitudo em duralumnio e ao, o que possibilita sua forma compacta, facilitando o seu manuseio.
Fig. 2
Fig. 3
Outros, para tubos mais largos, dispem de duas roldanas e lmina de corte de maior dimetro.
Fig. 4
SENAI-RJ 63
Em qualquer circunstncia, necessrio escarear o tubo pois, durante o corte, formada rebarba em sua extremidade interna, o que dificulta a introduo do alargador.
Fig. 5
Alargador
uma ferramenta usada em mecnica de refrigerao, que permite a montagem de dois tubos com o mesmo dimetro. Uma das extremidades de um tubo alargada pela ferramenta, at atingir o dimetro externo de outro tubo.
Tipos
Existem trs tipos de alargadores de tubo: de impacto; de expanso; de repuxo.
Alargador de impacto
o tipo mais comum e seu uso requer que o tubo seja fixado no estampo.
64 SENAI-RJ
Alargador de expanso
Fig. 6
o mais prtico e o mais perfeito. Seu funcionamento consiste no encaixe do mandril ao tubo a ser expandido e no acionamento da alavanca.
Fig. 7
Alargador de repuxo
S usado em casos especiais, pois depende de uma mquina de furar, de coluna.
Fig. 8
SENAI-RJ 65
Flangeador
Flangeador uma ferramenta que permite ao mecnico dar forma ao tubo para que, ao ser aplicado, possa ser feita uma vedao completa na colocao de unies da tubulao, em vlvulas, registros, etc. O flangeador composto de base (estampo) e um grampo contendo um parafuso rosqueado com seu corpo. Na extremidade do parafuso encontra-se uma ponta cnica giratria. Esta, ao ser encaixada, permite o giro do parafuso, sem que haja atrito no tubo a ser flangeado.
parafuso
Fig. 9
O bom flangeamento depende das condies do tubo e do flangeador, sendo necessrio que os dois estejam em bom estado.
Fig. 10
CASO I 1. Corte o tubo e escareie, usando um cortador de tubo. a. Monte o cortador no tubo. b. Aperte ligeiramente a lmina ao tubo e gire o cortador, repetindo a operao at que o tubo fique cortado.
Fig. 11
c. Escareie o tubo com ferramenta prpria e gire o escareador apontado, depois, no tubo.
Fig. 12
2. Flangeie o tubo. a. Selecione o furo de acordo com o seu dimetro e prenda-o ao suporte do flangeador.
SENAI-RJ 67
Fig. 13
Observao A altura que fica fora do suporte proporcional ao flange e ao dimetro do tubo.
b. Monte o expansor no suporte e aperte, at que o flange fique preso entre o expansador e o suporte.
Fig. 14
Observao Existem outros tipos de flangeadores de tubos, porm o mais usado em refrigerao o modelo mostrado.
68 SENAI-RJ
1. Corte o tubo e escareie, usando um cortador de tubo, conforme procedimentos na tarefa anterior. Em seguida, alargue a extremidade do tubo. a. Selecione o furo do suporte e prenda o tubo. b. Introduza o alargador no tubo.
Fig. 15
c. Bata com o martelo sobre o alargador. d. Gire o alargador entre cada martelada.
Fig. 16
SENAI-RJ 69
CASO II
1. Faa uma marca em volta do tubo usando lima-faca-mura, e seccione-o, flexionando-o com movimentos alternativos.
Fig. 17
Fig. 18
70 SENAI-RJ
Gases
So elementos qumicos utilizados para produzir a combusto nos processos de soldagem e de cortes. Os gases responsveis pela combusto so: oxignio; acetileno. O processo de solda utilizado para soldagem de tubos por oxiacetileno.
Fig. 1
SENAI-RJ 73
1. tampa da vlvula
1 2
4 5
Fig. 2
A massa porosa, existente no interior, embebida em acetona, tem a finalidade de dissolver grandes propores de acetileno, evitando que a presso no interior do cilindro se torne excessiva. Lembre-se de que o acetileno queima e, como qualquer outro gs combustvel, forma com o ar uma mistura explosiva. Por isto, devem ser tomados os seguintes cuidados: 1. No transporte o cilindro deitado. 2. Guarde-o e useo-o com a vlvula de segurana para cima. 3. Guarde o cilindro em local: protegido; ventilado; seco; afastado de material combustvel; afastado da fonte de calor. O cilindro dever ser manuseado com cuidado, evitando-se quedas e batidas, para que no ocorram exploses.
74 SENAI-RJ
Por isto, devem ser tomados os seguintes cuidados com o cilindro de oxignio. 1. Guarde o cilindro em local afastado de: leos; graxas; quaisquer substncias combustveis.
Fig. 3
Fig. 4
SENAI-RJ 75
Fig. 5
Maarico
um aparelho que permite obter a chama atravs de uma temperatura muito elevada, pela combusto de um gs combustvel com o oxignio. Existem dois tipos de maaricos: de solda; de corte (de baixa presso).
Maarico de solda
O maarico de solda um aparelho que faz parte do equipamento.
76 SENAI-RJ
Fig. 6
Neste tipo de maarico, o acetileno no chega at ele com a presso necessria para uma boa soldagem. Ento, o acetileno aspirado pelo oxignio por meio do injetor, que est adaptado na parte interna do misturador.
Fig. 7
Fig. 8
SENAI-RJ 77
O oxignio aspira a quantidade necessria de acetileno e ambos os gases, completamente misturados, saem do maarico com suficiente presso, para que a combusto desejada para a soldagem se produza. Com o maarico de baixa presso tambm se pode efetuar soldagens presso mdia.
B. Bico
O bico a parte do maarico que permite a sada da chama. Apresenta as seguintes caractersticas: fabricado de cobre. Possui um orifcio para a sada de chamas. encontrado em diversos tamanhos. O bico selecionado pelo seu nmero. Para tal seleo, deve se conhecer, primeiramente, a espessura do material a ser soldado. A espessura do material deve ser medida em milmetros.
Fig. 9
78 SENAI-RJ
Para selecionar o bico, leva-se em considerao a espessura do material a ser cortado, para a seguinte tabela:
Espessura do metal em mm
Harris 3,17 4,76 9,52 12,70 22,22 25,40 38,10 50,80 76,2 101,60 152,4 177,80 203,20 228,60 304,80 330,20 406,40 2,46 1,75 2,24 2,10 3,51 2,46 3,51 3,16 2,81 2,81 3,86 3,51 3,86 3,86 4,92 5,62 6,32 0,14 0,21 0,24 0,21 0,35 0,2 0,42 0,35 0,42 0,42 0,56 0,42 0,56 0,56 0,70 O,70 0,84 0,14 0,21 0,35 0,21 0,42 0,28 0,56 0,56 0,56 0,42 0,63 0,42 0,63 0,49 0,70 0,49 0,70 00 00 0 1 1 2 3-4
Oxweld
Airco
3 4 6 8 8 8 10 12
01 12 2 3 45 56
Observao Esta tabela est sujeita s especificaes do fabricante. S foram levados em considerao os modelos comuns de bicos, que possuem tipos equivalentes em outras marcas no apresentadas.
Analisando a tabela apresentada para selecionar o bico para cortar o metal, temos: 1. espessura do material em mm; 2. presso do oxignio em kg por cm2 ; 3. presso do acetileno em kg por cm2; 4. presso do propano em kg por cm2; 5. nmero e marca de bicos.
SENAI-RJ 79
Mangueira
um tubo flexivo, oco, de forma cilndrica, destinada ao transporte de lquidos, de ar e de gases.
1 1. borracha natural ou sinttica 2. tecido de nylon 2
Fig. 10
A mangueira para o equipamento oxiacetilnico tem a finalidade de transportar os gases para o maarico. H dois tipos: a de oxignio e a de acetileno, identificadas pelas cores que apresentam.
Braadeira
uma pea usada para unir e prender as mangueiras. Ela apertada por um parafuso e uma porca, sendo que seu dimetro deve estar de acordo com o das mangueiras.
Fig. 11
80 SENAI-RJ
Observe, nas figuras abaixo, o uso da braadeira. Braadeira usada para unir as mangueiras de oxignio e acetileno, para que elas no se separem.
oxignio braadeira
acetileno
Fig. 12
Braadeira usada para prender as mangueiras no regulador de presso e tambm no maarico, para que elas no se soltem.
mangueiras
Fig. 13
Agulhas do maarico
um instrumento de limpeza. Tem a finalidade de desobstruir os orifcios dos bicos a serem usados. Existem diversas espessuras de agulhas. A desobstruo e a limpeza dos orifcios dos bicos devem ser feitas com a agulha que se adapte aos orifcios.
Fig. 14
SENAI-RJ 81
Regulador de presso
O regulador de presso um instrumento que permite: reduzir a elevada e varivel presso do cilindro a uma presso de trabalho adequada para soldagem; manter essa presso constante, durante a soldagem. De acordo com a presso de trabalho do acetileno, temos trs tipos: Alta presso = quando o acetileno trabalha a uma presso que varia entre 0,3 a 0,5 kg/cm2. Mdia presso =quando o acetileno trabalha a uma presso que varia entra 0,3 a 0,5 kg/ cm2. Baixa presso = quando o acetileno mantido a uma presso comum. O regulador de presso acoplado em cada cilindro, isto , um regulador de presso ao cilindro de oxignio e outro ao cilindro de acetileno. Observe os reguladores de presso para o cilindro de acetileno (A) e para o cilindro de oxignio (B).
A B
Fig. 15
Fig. 16
1 3 1. vlvula de segurana 2. manmetro de baixa presso 3. manmetro de alta presso 4. corpo do regulador de presso 5. borboleta de ajuste
5 4 6
Fig. 17
82 SENAI-RJ
Fig. 18
1. Monte os reguladores de presso. Os cilindros devem ficar em posio vertical e fixos, para evitar a queda dos mesmos. a. Retire a tampa dos cilindros. b. Abra e feche ligeiramente as vlvulas para retirar impurezas. Antes de abrir o cilindro de acetileno, certifque-se de que no existe fogo por perto. Ao manipular os cilindros, deve-se ter as mos limpas de graxa e leo, pois estes podem provocar combusto explosiva.
Fig. 19
SENAI-RJ 83
O regulador de presso possui dois manmetros com as seguintes finalidades: Manmetro de baixa bresso: registrar a presso necessria de trabalho, que regulada de acordo com o nmero do bico e com a espessura do material que est sendo soldado. Observao Deve-se regular este manmetro, consultando a tabela para seleo do bico.
Monmetro de alta presso: registrar o contedo do gs contido no cilindro. - Para manejar o regulador de presso, gira-se a borboleta de ajuste em dois sentidos: horrio e anti-horrio. - Girando a borboleta no sentido horrio, a ponteira do manmetro de baixa presso sobe, indicando que a presso subiu. Determina-se, ento, a presso necessria ao trabalho. - Girando a borboleta no sentido anti-horrio, a ponteira do manmetro de baixa presso desce, indicando que a presso baixou, no existindo presso para a realizao do trabalho. Voc encontra, ainda, no regulador de presso, outras partes que o compem. A vlvula de segurana tem como finalidade evitar o excesso de escapamento do gs, diante da possibilidade de um aumento de presso no cilindro.
Fig. 20
3. Coloque as mangueiras nos niples de sada de oxignio e acetileno dos reguladores de presso, apertando com a chave adequada aos niples.
84 SENAI-RJ
Fig. 21
4. Coloque as mangueiras nos conectores de acetileno e de oxignio do maarico de baixa presso, apertando com a chave de boca adequada s porcas das mangueiras.
Fig. 22
Observaes A mangueira que conduz o acetileno de cor vermelha e tem sua porca com rosca esquerda. A mangueira que conduz o oxignio de cor azul, verde ou negra e tem sua porca com rosca direita.
5. Coloque as braadeiras, ajustando-as nas mangueiras prximas ao niple de sada da mangueira dos reguladores de presso e dos conectores do maarico, com a chave de fenda. 6. Monte o maarico de baixa presso. a. Ajuste o bico manualmente, colocando-o em posio de trabalho.
Fig. 23
SENAI-RJ 85
7. Regule a presso de trabalho, abrindo as vlvulas do cilindro e aperte os registros do acetileno e do oxignio do maarico. 8. Acenda o maarico.
Coloque os culos.
a. Abra o registro de acetileno do maarico dando de volta. 9. Elimine as presses. a. Feche as vlvulas dos cilindros. b. Afrouxe as borboletas de ajuste dos manmetros de presso. c. Abra os registros do maarico para tirar os gases que esto nas mangueiras e, em seguida, feche-os.
Observao Deve-se seguir os mesmos passos para preparar equipamento oxiacetileno, com o maarico de alta presso.
Durante a soldagem pode ocorrer, a qualquer momento, retrocesso de chama no maarico, com risco de exploso. Neste caso, proceda do seguinte modo: 1. Feche o registro de oxignio do maarico. 2. Feche o registro de acetileno do maarico. 3. Esfrie o maarico, colocando-o num recipiente com gua. 4. Retire o maarico da gua e abra o registro de oxignio, para retirar a gua que penetrou no maarico.
No processo da soldagem a ser realizada, faz-se necessrio regular a chama do maarico apropriado. A temperatura mxima de uma chama oxiacetilnica de aproximadamente 3100C, situando-se nas proximidades da extremidade do dardo.
86 SENAI-RJ
0
Fig. 24
10
15 (cm)
Regulagem da chama
Neste processo de soldagem existem trs tipos de chamas: chama neutra; chama oxidante; chama redutora ou carburante.
Chama neutra
Alimentao em volumes iguais de oxignio e acetileno. Esta chama destruidora dos xidos metlicos que se podem formar no decorrer da soldagem. Deve ser usada exclusivamente em soldas de tubos de cobre com tubos de cobre.
Fig. 25
Chama oxidante
Chama com excesso de oxignio, mais quente que a neutra. Conveniente para a soldagem do lato.
SENAI-RJ 87
dardo azul claro brilhante com brilho concentrado menor que o da chama neutra
Fig. 26
Pr-aquecimento
Exemplos de temperaturas medidas sobre uma pea, quando se faz variar a distncia da ponta do dardo pea, usando uma chama constante e do tipo carburante.
Fig. 28
88 SENAI-RJ
Na soldagem a maarico, o pr-aquecimento da pea, desenvolvendo movimentos circulares, deve exercer-se em toda ou quase toda a superfcie em profundidade. No caso de tubulaes, sempre conveniente usar o seguinte tipo de maarico.
maarico de solda com bico duplo
vareta de solda
Fig. 31
Em seguida, aquea o tubo fmea at que este fique bem vermelho. Coloque a ponta da vareta de solda no local a ser soldado, mantendo o maarico em movimento. No force a vareta contra o ponto a ser soldado; apenas aproxime-a do ponto visado e deixe-a derreter, at que a solda penetre totalmente entre o tubo macho e o fmea.
SENAI-RJ 89
No incida a chama do maarico sobre a vareta de solda. Basta deixar que a vareta derreta ao contato com o tubo aquecido.
Em seguida, retire a chama e a vareta. O aspecto externo da solda deve ser igual ao da figura acima. Se houver suspeita ou identificao de poros na soldagem, aquea novamente o tubo, movimentando o maarico de forma correta, depositando o mnimo necessrio de solda.
limpar o local de penetrao de solda; desoxidar o locar da solda; facilitar a penetrao da solda; indicar o momento certo para a aplicao da vareta de solda.
O fluxo deve apresentar-se na forma pastosa ou em p. Para esta soldagem deve ser usada a chama do tipo carburante ou redutora, com pequeno excesso de acetileno.
90 SENAI-RJ
Seqncia da soldagem
fluxo tubo de cobre
tubo de ao
Fig. 33
fluxo liquefeito
Fig. 34
Aquea com o maarico tanto o tubo macho como o fmea, sem incidir a chama diretamente sobre a poro de fluxo.
Observaes Aquecer o tubo de ao um pouco mais que o tubo de cobre. Imediatamente aps ter aquecido os tubos e liquefeito o fluxo, aplique a ponta da vareta de solda no local da soldagem. Assim que a vareta de solda comear a derreter, movimente o maarico de forma correta, at que a solda penetre ente os tubos. No incida o maarico diretamente na vareta; basta deixar que ela se derreta pela transmisso do calor dos tubos. Em seguida, retire a chama do maarico e a vareta.
SENAI-RJ 91
vareta de solda
Fig. 35
O aspecto externo deve coincidir com o da figura acima. Havendo suspeita ou identificao de poros na soldagem, aquea novamente o tubo, movimentando o maarico e depositando o mnimo de solda.
Ao da capilaridade
Este o fenmeno pelo qual o material de solda introduzido na juno a ser soldada. O material de solda liquefeito tende sempre a fluir para o ponto mais quente da junta aquecida. A capacidade causada pela atrao entre as molculas do material de base que se est soldando. Porm, isso ocorre somente quando: a superfcie a ser soldada est limpa; a folga entre as partes a serem soldadas correta; a rea das partes a serem soldadas est suficientemente aquecida para derretar o material de solda.
92 SENAI-RJ
vareta de solda
Fig. 37
vareta de solda
Fig. 38
SENAI-RJ 93
Falhas de soldagem
A falta de um pr-aquecimento dos tubos, isto , a aplicao da chama e do material de solda no mesmo instante, impede a capilaridade da solda, que se liquefaz somente na rea em que o maarico foi usado.
m distribuio da solda
Fig. 39
entupimento
Fig. 40
incio de quebra
Fig. 41
porosidade
Fig. 42
94 SENAI-RJ
Ciclo de refrigerao
Define-se refrigerao como sendo todo o processo de remoo de calor de um corpo, pela sua transferncia a outro corpo de temperatura mais baixa. Em qualquer processo de refrigerao, o corpo que se emprega como elemento de absoro de calor ou como agente de resfriamento chamase refrigerante. Teoricamente, qualquer fenmeno fsico ou qumico de natureza endotrmica pode ser aproveitado na produo do frio como, por exemplo: a fuso de slidos, a mistura de certos corpos com gua, a expanso de um gs, a vaporizao de um lquido, que tm como caracterstica a capacidade de absorver grandes quantidades de calor ao se vaporizar. Em captulo anterior, verificou-se que grande parte dos refrigerantes fervem a baixas temperaturas em condies normais de presso atmosfrica.
Refrigerante R - 12 NH3 R - 22
A refrigerao pode ser obtida usando um desses lquidos, sem necessidade de qualquer equipamento. Um espao isolado pode ser refrigerado, simplesmente permitindo que o refrigerante lquido se evapore, em um recipiente com sada para atmosfera. Posto que o refrigerante 22 se encontre presso atmosfrica, sua temperatura de ebulio de - 40,8 C. Ao vaporizar-se a esta temperatura, o R - 22 absorve calor facilmente do ar circundante ao recipiente, fazendo com que haja um abaixamento de temperatura do espao isolado. A refrigerao continuar at que todo o lquido se evapore. Qualquer recipiente em que se vaporize um refrigerante, seja ele qual for, durante um processo de refrigerao, chamado evaporador.
SENAI-RJ 97
isolamento R-22
Fig. 1 - Resfriamento de um espao isolado com descarga livre de R-22 para a atmosfera
Sabe-se que a temperatura de ebulio da gua varia de acordo com a altitude local, ou seja, em funo da presso local. Da mesma forma, se elevarmos a presso no recipiente contendo Rio de Janeiro-22, o lquido passar a fervera uma temperatura mais elevada. A presso de vapor sobre o lquido do recipiente pode ser controlada, regulando-se a sada de vapor do sistema. Por exemplo, instalando-se uma vlvula manual de escape, e fechando-a parcialmente, de modo que o vapor possa sair livremente, a presso no recipiente se elevar.
isolamento R-22
98 SENAI-RJ
Por meio de um ajuste cuidadoso na vlvula, possvel controlar a presso no evaporador, de modo que o refrigerante se vaporize a qualquer temperatura entre - 40,8 C e a temperatura ambiente. Ao se reduzir a presso de vapor no evaporador a uma presso menor que a presso atmosfrica, o refrigerante 22 passar a ferver temperatura inferior a - 40,8 C. Esta reduo de presso pode ser conseguida utilizando-se uma bomba de vapor ou compressor, podendo-se obter a vaporizao do R-22 lquido a temperaturas bastante baixas.
isolamento compressor
Fig. 3
A vaporizao contnua do refrigerante requer uma reposio contnua, de modo a manter uma quantidade constante de lquido. Um mtodo bastante simples utilizar uma vlvula de bia, que mantm um nvel constante de lquido no evaporador. Existem vrios tipos de controle de fluxo de refrigerante, sendo mais comumente utilizada a vlvula de expanso termosttica.
lquido a alta presso controle de refrigerante
SENAI-RJ 99
Nos processos anteriormente descritos, verifica-se que existe perda total de refrigerante para o exterior, o que no conveniente nem tampouco econmico. O vapor deve ser coletado continuamente e condensado de maneira que possa ser reaproveitado para utilizao no mesmo sistema. Para isto, deve-se agregar um condensador ao sistema. Tanque de lquido: armazena o refrigerante lquido e proporciona uma alimentao constante de lquido ao evaporador, conforme as oscilaes de carga trmica. Vlvula de expanso: controla o fluxo de refrigerante ao evaporador, reduz a presso do lquido, de modo que este se vaporize no evaporador a baixa temperatura.
Para condensar o vapor de refrigerante, deve-se transferir para outro meio o calor latente fornecido pelo vapor. Os meios normalmente utilizados so a gua ou o ar, que devero estar a uma temperatura inferior temperatura de condensao do refrigerante. Entende-se por temperatura de condensao como sendo aquela qual se condensa o vapor e a temperatura de saturao do vapor correspondente presso no condensador.
100 SENAI-RJ
controle do refrigerante lquido a alta presso e alta temperatura vapor a baixa presso, baixa temperatura
mistura de lquido-vapor a alta presso, baixa temperatura condensador compressor de vapor vapor a alta presso, alta temperatura
SENAI-RJ 101
O vapor refrigerante, ao deixar o evaporador, encontra-se a uma temperatura inferior temperatura do meio condensante (gua ou ar) impossibilitando, assim, a condensao do vapor. Para condenslo, a sua presso deve ser aumentada at um ponto em que sua temperatura de condensao seja superior temperatura da gua ou ar disponvel para fins de condensao. O refrigerante dever, portanto, ser comprimido at uma presso cuja temperatura de condensao seja superior temperatura do meio condensante. Para este fim, h necessidade de um compressor. A nica razo por que se introduzem compressor e condensador no sistema permitir a utilizao contnua do mesmo refrigerante. O custo derivado da compresso e condensao do refrigerante muitssimo inferior ao custo de aquisies contnuas de refrigerante para substituir o que se perderia.
102 SENAI-RJ
Referncias bibliogrficas
BRASTEMP, Manual de aperfeioamento em refrigeradores.So Paulo, s.d. 127 p. COSTA, Ennio Cruz da. Refrigerao. 3 ed. So Paulo, Edgar Blcher,1982. 1v. DANFOSS, Automao industrial em refrigerao comercial. So Paulo. S.d. 211p. DOSSAT, Roy J. , Princpios da refrigerao. So Paulo, Hemus, 198. 1 v. EMBRATEL, Manual de ar condicionado. Rio de Janeiro, s.d. 1v. SENAI.ID.DRH, Mecnico de refrigerao. Rio de Janeiro, 1976. 1v. SPRINGER, Manual de servio: condicionadores de ar. Canoas 1978. 1v. TORREIRA, Raul P. Refrigerao e ar condicionado. So Paulo, Hemus, 1983.1v. TORREIRA, Raul. Salas limpas. So Paulo, Hemus, 1983. 1v.
SENAI-RJ 103
Av. Graa Aranha, 1 Centro CEP 20030-002 Rio de Janeiro RJ Tel.: (0xx21) 2563-4526 Central de Atendimento: 0800-231231