Apostila SEBRAE
Apostila SEBRAE
Apostila SEBRAE
AGRIBUSINESS
1.
Podemos definir agribusiness como um sistema integrado; uma cadeia de negcios, pesquisa, estudos, cincia, tecnologia, etc., desde a origem vegetal/animal at produtos finais com valor agregado, no setor de alimentos, fibras, energia, txtil, bebidas, couro e outros. Na dcada de 50, os professores Ray Goldberg e John Davis, da Universidade de Harvard, constataram que as atividades rurais e aquelas ligadas a elas no poderiam viver isoladas. Utilizando fundamentos de teoria econmica sobre as cadeias integradas, construram uma metodologia para estudo da cadeia agro alimentar e cunharam o termo agribusiness, que sintetizava sua nova viso (MEGIDO & XAVIER, 1998: 35). Foi estudando as transformaes e a reestruturao da agricultura que os dois economistas norte americanos cunharam este termo em 1957, que pela definio diz-se que a soma total das operaes de produo e distribuio de suprimentos agrcolas; as operaes de produo nas unidades agrcolas; e o armazenamento, processamento e distribuio dos produtos agrcolas e itens produzidos com eles. Dessa forma, o agribusiness engloba: . os fornecedores de bens e servios agricultura, . os produtores agrcolas, os processadores, transformadores e distribuidores envolvidos na gerao e no fluxo dos produtos agrcolas at o consumidor final. Participam tambm nesse complexo, os agentes que afetam e coordenam o fluxo dos produtos, tais como o governo, os mercados, as entidades comerciais, financeiras e de servios. O agribusiness incorpora em seu conceito os agentes que imprimem dinmica a cada elo da cadeia que sai do mercado de insumos e fatores de produo (antes da porteira), passa pela unidade agrcola produtiva (dentro da porteira) e vai at o processamento, marketing, transformao e distribuio (depois da porteira). Resumindo, o termo agribusiness engloba toda a atividade econmica envolvida com a produo, estocagem, transformao, distribuio e comercializao de alimentos, fibras industriais, biomassa, fertilizantes e defensivos. Importante frisar o foco na gesto, fator fundamental para o sucesso e desenvolvimento do agronegcio. Com o estudo do
agribusiness, no se pretende enfatizar processos tcnicos de produo, mas sim enfatizar os aspectos gerenciais, administrativos do agronegcio. Enfim, a viso de negcio que norteia essa disciplina. Conforme pesquisas realizadas por Departamentos de Agricultura de diversos pases, o agribusiness representa um quarto da economia mundial e responde por cerca da metade de seus empregos. Nos Estados Unidos o setor responde por mais de 20% do PNB e cerca de 22% dos empregos. O Agronegcio no Brasil representa hoje 40% do PIB nacional, sendo o setor de maior movimentao de bens do pas, gerando mais de 17 milhes de empregos diretos e indiretos. O gigantismo de nosso pas, suas riquezas naturais, seu clima tropical favorecem efetivamente no desenvolvimento agrcola. Em nvel mundial, a cadeia de agribusines responsvel por cerca de 59% dos empregos e envolve ao redor da metade dos ativos empregados na atividade econmica internacional. No caso de nosso pas, vemos que agricultores e pecuaristas necessitam de recursos e informaes para desenvolver com competitividade seu negcio. Muitas vezes so eles excelentes produtores rurais mas no tm formao para serem gestores de agronegcios. O cenrio mudou bastante a partir do momento em que no suficiente conseguir produzir produtos. A abertura externa e a globalizao contriburam para disponibilizar mquinas e equipamentos, sementes, fertilizantes e defensivos com tecnologia de ponta aos agricultores de quase todo o mundo. Competitividade passou a ser condio decisiva para continuar na atividade. A disponibilidade de mo-de-obra barata deixou de ser vantagem comparativa expressiva. Os pases foram induzidos a explorar intensamente todos os recursos de que dispem. A rea plantada por cultura aumentou para se adaptar economia de escala das mquinas. E a sustentabilidade passou a depender bem mais da capacidade da pesquisa em prever, identificar e solucionar os problemas que vo surgindo, tais como pragas e doenas, e de baixar custos de produo. Todos estes fatores interferem e contribuem para que se de maior ateno ao agribisiness nacional e entra em cena o conceito de cadeia produtiva como seu instrumento de anlise. O termo Cadeias de Produo (Anlise de Filires) surgiu na escola francesa de economia industrial. Esta cadeia de produo pode ser segmentada em trs macros segmentos: Comercializao, Industrializao e Produo de matrias-primas.
a) Comercializao: So as empresas que esto em contato com o cliente final da cadeia de produo, que viabilizam o consumo e o comrcio dos produtos finais (supermercados, cantinas, restaurantes, mercearias e outros). Tambm pode ser includo neste macro-segmento as empresas de logstica de distribuio. b) Industrializao: So as empresas responsveis pela transformao das matriasprimas em produtos finais ao consumidor. Este consumidor pode ser uma unidade familiar ou outra agroindstria. c) Produo de matrias-primas: So as empresas responsveis pelas matriasprimas iniciais para que outras empresas avancem no processo de produo do produto final (agricultura, pecuria, pesca, piscicultura, etc).
O maior negcio do mundo. Um conglomerado de atividades que tem e ter grande aspecto multiplicador na economia do planeta. Dentro destas atividades do agronegcio podemos identificar trs setores dentro da cadeia agroalimentar: 1. Antes da Porteira: insumos, bens de produo e servios para a agropecuria; 2. Dentro da Porteira: Produo agropecuria; 3. Depois da Porteira: Processamento agroindustrial e distribuio.
As empresas que atuam no setor antes da porteira esto investindo pesado em tecnologia e pesquisa para aumentar sua competitividade. Meia dzia de empresas transnacionais dominam este setor, sendo uma das maiores a empresa Monsanto dos Estados Unidos. Outra caracterstica forte neste segmento so as fuses, acordos de cesso de tecnologia e compras de empresas. Dentro da Porteira, a produo rural tambm vem passando por significativo processo de concentrao produtiva e aumento de eficincia e de produtividade. Este processo evolutivo tem levado milhes de agricultores abandonarem suas propriedades no mundo todo, bem como a concentrao da oferta de matrias-primas vegetais e animais nas mos de menos propriedades muito bem gerenciadas, altamente produtivas e integradas
eficazmente com o sistema que vem depois da porteira. Como exemplo, pesquisas mostram que no Brasil 75% da produo de gros originam-se de 25% dos estabelecimentos rurais considerados modernos, revelando a rpida e forte mudana no perfil tecnolgico da produo rural. Finalmente, depois da porteira onde se concentra o maior potencial de mercado e desenvolvimento dos negcios. A eficincia cada vez maior da cadeia competitiva do agribusiness, indo da franquia urbano ao pesquisador de tecnologia, barateia o produto final, estimula o consumo e contribui para o aumento do consumo de alimentos.
3. O agribusiness no Mundo
Conforme MEGIDO & XAVIER (1998: 303), os negcios no mundo crescem e so concentrados. 100 multinacionais controlam 1/3 do investimento global. Apenas 40.000 empresas controlam 2/3 da economia mundial. A atividade agropecuria foi a que maior ganho de produtividade apresentou na economia mundial do sculo que findou. Alguns aspectos do cenrio mundial precisam ser considerados: a) Novas tecnologias liberam o tempo do agricultor para que este possa dedicar-se a gesto e fatores de marketing da atividade e o prendem menos a prticas tradicionais agronmicas ou veterinrias. b) A intensificao tecnolgica associada maior vocao gerencial e de viso integradora provoca um efeito seletivo intensivo entre a classe produtora, diminuindo a nmero de produtores rurais, aumentando as reas e a produtividade. c) Cresce intensamente o hbito de comer fora de todas as populaes do mundo. d) Desenvolve-se uma conscincia ambientalista e de compromisso com a sade, onde empresas de cigarros so obrigadas a pagar bilhes de dlares de indenizao por danos fsicos aos consumidores dos Estados Unidos, por exemplo. e) Surge a agricultura de preciso integrando os agentes do antes da porteira em pacotes de tecnologia. f) As companhias qumicas dominam a engenharia gentica. g) A concepo dos produtos das companhias de alimentos e bebidas nasce na concepo da engenharia de genes.
h) crescente a conscincia de preservao do meio ambiente e a combate fome tornou-se misso internacional. Em nvel mundial, o agribusiness um setor econmico que envolve metado da fora de trabalho e dos ativos produtivos, alm de representar 50% das despesas dos consumidores. Com toda esta magnitude, o agribusiness aparece no centro das mudanas em curso no mundo.
4. O Agribusiness Brasileiro
O complexo agroindustrial brasileiro movimenta cerca de 40% BIP brasileiro, envolvendo 17 milhes de empregos. Dentro deste contexto vemos agricultores e pecuaristas que so os principais atores e necessitam de incentivos e recursos para desenvolver com competitividade seu negcio Neste cenrio, o agribusiness brasileiro tem condies de ampliar ainda mais a sua contribuio para o desenvolvimento econmico e social do Brasil. O agribusiness brasileiro tem capacidade para crescer muito acima da mdia de outros pases nesta nova dcada. O aumento maior da produo permitir, ao mesmo tempo, atender o aumento de consumo e viabilizar saldo jamais visto na balana comercial, aliviando as contas externas do Pas. Com polticas agrcolas adequadas e iniciativas de valor, haver crescimento do agronegcio e do interior do pas, com reduo das desigualdades pessoais, setoriais e regionais na distribuio da renda e no fortalecimento da proteo social. Atualmente, o complexo agroindustiral tem sido o nico setor da economia a apresentar supervit na balana comercial. Os benefcios econmicos e sociais do agronegcio so muito importantes e devem motivar a adeso da sociedade brasileira aos programas que so criados visando o crescimento e desenvolvimento do setor. O brasileiro das grandes cidades sabe pouco sobre o assunto, apesar da presena contnua de produtos agropecurios no seu dia-a-dia, industrializados ou no.
A dcada de 1990 confirmou a competitividade do agribusiness brasileiro. Mesmo com as perdas e dores provocadas pelos diversos planos econmicos, o setor produtivo e
o agronegcio em particular reafirmou a vocao de crescimento com eficincia e eficcia. O aumento maior da produo fez as crises histricas de abastecimento de alimentos ficaram para trs, na poeira do passado. O consumidor tem muito mais oportunidade de escolha, de construir uma dieta variada, mais barata e com alimentos de qualidade. A tecnologia continua avanando e modernizando o campo. O uso de fertilizantes praticamente dobrou nos ltimos dez anos. A gentica animal e vegetal jamais incorporou tanta produtividade e ainda traz consigo um leque de alternativas biotecnolgicas. O plantio direto exemplo mundial de modificao no processo produtivo: economiza insumos, reduz a necessidade de mquinas e protege o solo e o meio ambiente. No teste do mercado global, o agronegcio se consolida como o maior gerador de saldo comercial no Brasil, pela competitividade em custos e qualidade de produtos, apesar do protecionismo internacional, apesar da timidez do nosso marketing. (Congresso Brasileiro de Agribusiness).
Faremos a anlise setorial do Agribusiness sob o aspecto Antes da Porteira, Dentro da Porteira e Depois da Porteira. Se analisarmos o quadro e reunirmos os setores do agribusines, veremos excelentes oportunidades de investimento em todos os setores, sendo que alguns tm buscado pesados investimento em pesquisa e tecnologia, como os vinculados ao setor antes da porteira, com a finalidade de maior competitividade e para proporcionar maior produtividade para aqueles que atuam dentro da porteira. Um desses setores o de insumos agrcolas. Vrios segmentos da economia esto vinculados com o agronegcio, com alguns exemplos que veremos a seguir: No antes da porteira temos o setor de insumos agrcolas, preparao de sementes, pesquisas realizadas pelas empresas visando dar maior produtividade no campo, poltica de crdito disponibilizada pelo Governo para financiar a produo agropecuria, fabricao de mquinas e implementos agrcolas para facilitar o trabalho no campo, entre outros.
No dentro da porteira est o segmento da produo agropecuria, que so agricultores e pecuaristas que trabalham dentro de suas propriedades plantando e colhendo alimentos in-natura. No depois da porteira teremos todos os segmentos que atuam na distribuio, industrializao e comercializao e consumo de alimentos. Empresas de transporte, agroindstrias, supermercados so segmentos da economia vinculados ao agronegcio aps a sada da matria-prima do campo. o setor de processamento e manufaturados.
Desde a dcada de setenta tem-se observado crescentes e rpidas mudanas e quebra de paradigmas na sociedade. Em todos os setores houve uma crescente competio global, fragmentao e pulverizao de mercado, alm da recomposio da escala de produo com orientao focada no cliente. No agronegcio, as margens de lucro ficaram cada vez mais estreitas e a crise dos mecanismos tradicionais de poltica agrcola mudou radicalmente. Dessas transformaes est surgindo um novo posicionamento para as propriedades rurais, onde se busca praticar uma agropecuria moderna e intimamente ligada s agroindstrias ou canais de distribuio. Diante desta busca de competitividade, as propriedades rurais esto procurando novos modelos para o padro gerencial e operacional, considerando o consumidor como principal agente definidor dos padres de qualidade. Reduo de custos e maior faturamento fazem parte deste novo modelo produtivo de propriedades rurais. O segredo agregar maior valor possvel ao produto. Nos dias de hoje convivem lada a lado empreendimentos rurais destinados subsistncia familiar e empreendimentos modernos economicamente saudveis e tecnificados. No Brasil de hoje, convivem empreendimentos rurais nos mais diversos estgios de evoluo. Conforme censo agropecurio do IBGE de 1995/1996, 64% das propriedades rurais fazem parte da agricultura tradicional com pouca utilizao de tecnologia. Embora todos os empreendimentos rurais sejam constitudos por elementos de carter tcnico,
econmico e gerencial, so por eles afetados com diferente intensidade dependendo de seus respectivos estgios de evoluo. A resistncia do produtor adoo de inovaes tecnolgicas e pouco dinamismo na implementao das inovaes comum grande parte dos empreendimentos rurais, mesmo quando estas alteraes so tcnicas ou economicamente necessrias. Tambm quando ao suporte tcnico existe resistncia, pois mesmo estando disponvel a grande parte dos produtores rurais, esta assistncia tcnica se mostra incapaz de atender suas necessidades. Falta infra-estrutura mnima, os tcnicos no so adequadamente remunerados e os sistema de gerao e difuso de conhecimentos, na maioria dos casos, no permitem que as informaes sejam transmitidas aos tcnicos e produtores. Outro ponto crtico diz respeito aos aspectos creditcios ou financeiros. A atividade rural apresenta maior risco com relao s outras devido as suas peculiaridades. A atividade rural est sujeita sazonalidade da produo, variaes climticas, tipos de solos e formas de manejo. Alm disso, os preos dos produtos agrcolas, em geral, oscilam muito em funo de pequenas variaes na oferta. O capital necessrio , em grande parte, constitudo por recursos prprios, normalmente insuficientes, e por recursos institucionais, privados ou estatais. Os recursos institucionais so obrigatrios e seu valor definido pelo Conselho Monetrio Nacional, onde 25% de tosos os depsitos vista da rede bancria devem ser direcionados para a atividade rural. Existem alguns programas do Governo Federal como o PRONAF (Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que onde h interesse do estado em promover algum tipo de poltica agrcola. S que estes recursos so escassos existe irregularidade na liberao de tais financiamentos e esto sujeitos presses polticas internas e externas, s variaes oramentrias e nos mecanismos de repasse, lentos e burocrticos. Outro aspecto relevante diz respeito a gesto. A gesto do empreendimento rural, que compreende a coleta de dados, gerao de informao, tomada de deciso e aes decorrentes, insuficientemente tratada na literatura. Os trabalhos existentes nesta rea esto restritos aos aspectos econmicos da gesto do empreendimento (custos, finanas e contabilidade). So incipientes os esforos dedicados a outras ferramentas de gesto tais como definio do produto e do processo de produo, sistema de qualidade, planejamento
e controle da produo e logstica, entre outras. Alm disso, os mecanismos de divulgao no so suficientes para capacitar o produtor na implementao e utilizao das tcnicas disponveis. Um grande obstculo est na cultura do produtor que privilegia os investimentos para a produo. preciso mudar, principalmente dentro da porteira, seja por modo prprio ou por imposies descidas via cadeia agroalimentar. So essenciais: dinamismo do produtor buscando maior competitividade; racionalizao de custos, adotando manejo de pragas, rotao de lavouras, gentica dos animais; planejamento escalonado de plantio; informaes sobre tecnologias e mercados, buscado a criao e ativao de informaes capaz de abrir janelas para o mercado mundial ou para as fronteiras da tecnologia agronmica e da gesto econmico-financeira da produo. Dentro deste contexto, vimos a necessidade dos empreendimentos rurais assumirem caractersticas empresariais, pois as alteraes no ambiente scio-econmico e institucional vem impondo s cadeias produtivas agroindustriais significativas mudanas.
Provavelmente, a mudana mais difcil seja a da prpria cultura do produtor rural. As possibilidades de viabilizao do empreendimento rural passam necessariamente pela mudana de atitude dos produtores. Sem acreditar que essas mudanas sejam realmente necessrias para enfrentar a intensa competio dos mercados, a chance de sucesso bastante reduzida. O produtor precisa compreender esta nova realidade comercial, que impe articulao com os segmentos antes e depois da porteira, novas formas de negociao e prticas de gesto do processo produtivo. Alm disso, necessrio encontrar um ponto de equilbrio entre a articulao com os agentes da cadeia de produo e a conseqente perda de poder de deciso, em troca de maior rentabilidade e estabilidade proporcionadas. Nos empreendimentos rurais de pequeno porte, deve ser levado em considerao os aspectos artesanais de produo, que atendem a uma demanda diferenciada e especfica, pois no so produtos sofisticados do ponto de vista tecnolgico mas carregam caractersticas de produtos saudveis. Para os empreendimentos rurais de grande porte, os esforos dever ser dirigidos no sentido de avaliar o potencial de mercado e sua capacidade para a adoo da melhor estratgia ou combinaes delas.
Independentemente do porte do empreendimento rural, as tendncias de consumo indicam excelentes perspectivas para a produo rural. O mercado interno apresenta significativo potencial, as exportaes mundiais tendem a se especializar e h significativa diversidade de oportunidades agropecurias ainda no suficientemente exploradas. Como regra geral, vemos que o grande valor para viabilizar a propriedade rural est na qualidade gerencial. Isto significa a administrao das compras de insumos e fatores de produo, a conduo do processo de produo e comercializao dos produtos e o uso da informao no processo de inovao e aperfeioamento das propriedades rurais. O objetivo constando dos agricultores a busca da melhor eficincia, atravs da economia de escala e de ganhos de produtividade, para manter a unidade produtiva vivel tcnica e economicamente.
Em 21 de dezembro de 1844, no bairro de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, 27 teceles e uma tecel, buscando uma alternativa econmica para atuarem no mercado, frente ao capitalismo que os submetiam a preos abusivos, explorao da jornada de trabalho de mulheres e crianas que trabalhavam at 16 horas e do desemprego crescente advindo da Revoluo Industrial, fundaram a Sociedade dos Problos Pioneiros de Rochdale,com o resultado da economia mensal de uma libra de cada participante durante um ano. Naquele momento, a constituio de uma pequena cooperativa de consumo no denominado Beco do Sapo (Toad Lane) deu origem ao movimento cooperativista. Tal iniciativa foi, de incio, motivo de deboche por parte dos comerciantes. Entretanto, no primeiro ano de funcionamento, o capital da sociedade aumentou para 180l libras. Dez anos depois, a cooperativa contava com 1.400 cooperados. O sucesso dessa iniciativa passou a ser um exemplo para outros grupos. Todavia, no registro histrico, constata-se que tipos semelhantes de organizaes apareceram muito antes do sculo passado. Pode-se citar, os grmios do antigo Egito, as orglonas e tiasas da Grcia, os colgios e as sodalistas dos romanos. Na Amrica, os incas e os astecas tinham formas expressivas de solidariedade e cooperao no trabalho e
na vida em geral (RECH, 1995). Quatrocentos anos antes de Cristo, na China, os mercadores freqentemente sofriam prejuzos ao naufragarem nas guas do rio Tang-Ts. Em busca de soluo para o problema, organizavam-se em grupos de dez pessoas, levando em cada barco uma caixa de mercadorias de cada um dos companheiros. Assim, quando ocorria naufrgio, o prejuzo era dividido entre todos, evitando que o dono da embarcao e sua famlia sofressem privaes por longo tempo. No entanto, foi somente a partir de meados do sculo XIX, que se estruturaram as cooperativas modernas, nascidas, contudo, com perspectivas muito diferenciadas, as quais poderiam se resumir em duas grandes concepes distintas sobre o papel e os objetivos cooperativistas, a socialista e a capitalista (RECH, 1995). a) concepo socialista. Os denominados socialistas utpicos entendiam as cooperativas como um dos caminhos para a construo de uma nova ordem econmica e social. O grande terico desta linha foi o ingls Robert Owen (17711858). Esta corrente de interpretao seguiu dois rumos. O primeiro, representado pelo francs Charles Guide (1847-1932), que interpretava a possibilidade da substituio do sistema capitalista por uma repblica cooperativista. Guide
propunha que todos os setores da economia deveriam ser organizados num sistema cooperativista. Neste mercado, a soberania seria do consumidor e as relaes de mercado, mediadas pelas cooperativas, beneficiariam a todos. A segunda linha,,cujos nomes mais representativos so Robert Owen, o francs Charles Fourier (1772-1837) e o alemo Ferdinand Lasalle (1825-1864), via nas cooperativas um instrumento de luta para a superao do capitalismo em busca de um sistema socialista. b) Concepo capitalista. Os denominados liberais e fisiocratas entendiam as
cooperativas como corretivo do disfuncionamento do sistema capitalista. Segundo RECH (1995), a cooperativa viria atenuar as caractersticas egostas e concentradoras de capital do sistema vigente. Esta foi uma das preocupaes do grupo de cidados de Rochdale quando fundou a primeira cooperativa oficial da histria moderna.
Segundo BATALHA, (2001: 629/631), em seu livro Gesto Empresarial, quando diversas unidades econmicas geralmente da mesma natureza de produo chegam a concluso de que certa atividade se torna por demais custosa para cada uma delas isoladamente, elas se congregam, formando uma comunidade dotada de organizao administrativa especial, e transferem a esta organizao determinadas tarefas de modo agregado. Assim, estas unidades produtivas, anteriormente isoladas, renunciam, no todo ou em parte, ao exerccio independente de certas atividades, formando economias intermedirias, as quais, na qualidade de organizaes comunitrias, se pem a servio das economias particulares associadas. Portanto, as economias empresariais cooperativas so situadas entre as economias particulares de cooperados, de um lado, e o mercado, de outro, aparecendo como estruturas intermedirias, formadas em comum. A misso fundamental outorgada economia empresarial cooperativa servir como intermediria entre o mercado e as economias dos cooperados para promover seu incremento, justificando assim a denominao de marketing cooperatives e podendo promover a integrao do produtor. As relaes econmicas entre os cooperados e a sua empresa so ento caracterizadas como ato cooperativo, e no como ato comercial. O cooperado assume, ao mesmo tempo, as funes de usurio da empresa e seu proprietrio ou gestor, transferindo funes de sua economia individual para a empresa cooperativada. O cooperativismo desenvolve-se de forma mais intensa no setor primrio da economia (agricultura), devido s estruturas de mercado encontradas. Do total das cooperativas no Brasil, dois teros esto ligadas ao setor agropecurio, em nvel de produo, processamento, crdito ou telefonia e eletrificao rural. Estas cooperativas possibilitam uma diminuio de riscos e uma agregao de valor para os produtores rurais que, isoladamente, em muitos casos, no teriam condies favorveis de relacionamento com o mercado.
V-se a importncia do cooperativismo na agricultura brasileira atravs da participao das cooperativas no cenrio produtivo nacional, em que grande parte da produo de soja, milho, leito, sunos, entre outros feito por cooperativas. Para compreender a importncia dessas empresas no cenrio da produo agropecuria, deve-se tambm analisar sua evoluo de negcios recentes. Nos ltimos anos, houve aumento do nmero de produtores cooperados, paralelamente a uma diminuio no nmero de cooperativas agropecurias, indicando a concentrao dessas empresas, atravs de fuses e incorporaes, de modo a elevar seu tamanho, seu ganho de escala e seu poder de mercado. Houve acentuada melhoria em tecnolgica, atravs da implantao de centros de pesquisa e apoio a produo. Acompanha esta tendncia a diferenciao dos produtos processados pelas cooperativas, atravs de marcas e patentes, estabelecendo barreiras entrada de concorrentes no mercado, diferenciando e agregando valor a sua produo. Do ponto de vista contrtual, as cooperativas tendem a avanar na eficincia da transferncia de preos a seus cooperados, oferecendo tambm outros benefcios, como assistncia mdica, clubes de lazer, escolas, assistncia tcnica e servios de mecanizao. Tambm se verifica a tendncia da especializao gerencial na gesto de seus negcios, atravs de mudanas organizacionais na implantao de unidades estratgicas de negcios com certa autonomia gerencial, bem como a tentativa de resolver os conflitos e oportunismos advindos desta nova estruturao, reservando espaos de participao essenciais sociedade, como comits educativos e comisses setoriais de cooperados associados.
7.3 Doutrina
Os princpios doutrinrios so: Solidariedade, Igualdade, Liberdade e Fraternidade. Nos estatutos da cooperativa de Rochdale foi acrescentado: Associativismo, Retorno pro rata, Gesto Democrtica, Neutralidade Poltica e Religiosa, Cooperao Voluntria, Livre Entrada e Sada, Educao Cooperativa.
O primeiro princpio o da democracia, segundo o qual a sociedade ser dirigida por um corpo composto de presidente, tesoureiro, secretrio, uma junta de trs administradores e cinco diretores, todos eleitos em assemblia geral dos associados, na qual cada associado tem direito a um nico voto. O segundo princpio o de livre adeso, segundo o qual qualquer cidado indicado por dois membros da sociedade e aprovado pelos diretores pode tornar-se mais um membro associado, bem como livre sua sada da sociedade. Juntamente com os demais princpios, que pouco se modificaram desde aquela poca at os dias de hoje, acrescentando-se a taxa limitada de juros ao capital, a ativa cooperao entre as cooperativas e a priorizao da educao cooperativista. Finalizando, os cooperados esto organizados internacionalmente atravs da Aliana Cooperativista Internacional (ACI), atualmente sediada em Genebra, na Sua. No mbito do Continente americano, temos a Organizao das Cooperativas da Amrica, OCA, fundada em 1963 e sediada atualmente em Bogot, Colmbia. Em nvel nacional, setua-se a organizao das Cooperativas Brasileiras (OCB), constituda em 03 de dezembro de 1969, durante o IV Congresso Brasileiro de Cooperativismo (OCB, 1999).
BIBLIOGRAFIA
BATALHA, M. O . Gesto Agrocinustrial. So Paulo: Atlas, 2001 MEGIDO, J.L. T. & XAVIER, C. Marketing &Agribusiness. So Paulo: Atlas, 1998.