Apostila Da Africa em Portugues Tudo Sobre Orisa Osun
Apostila Da Africa em Portugues Tudo Sobre Orisa Osun
Apostila Da Africa em Portugues Tudo Sobre Orisa Osun
Oxun Ayalá teria sido mulher de Ogun com quem trabalhava na forja, acionando o
fole para atiçar as brasas. Conta a lenda que o fole acionado por Oxun Ayalá
produzia um som ritmado e muito agradável. Atraído por este som, Egun pôs-se a
dançar diante da ferramentaria, atraindo um grande número de assistentes que
por ali passavam. Encantados com o bailado de Egun os passantes lhe fizeram
muitas oferendas de dinheiro, o que o deixou feliz e vaidoso. Ao saber que Egun
estava ganhando dinheiro com sua apresentação, Oxun exigiu que metade da
renda obtida fosse dividida com ela, caso contrário, não acionaria mais o fole que
produzia o ritmo sem o qual Egun não poderia mais dançar. Sem alternativas,
Egun teve que aceitar a exigência da Yagbá passando, a partir de então, a dividir
com ela tudo o que ganhava em suas apresentações. Esta Oxun além de sua
ligação com Ogun Alagbede tem sérios fundamentos com Egun.
Oxun Ipetú é a guardiã dos segredos insondáveis. Sobre esta Oxun pouco se
sabe e nada se fala. A simples pronúncia de seu nome é revestida de muito
respeito e considerada quase como um tabu.
caráter irascível. Esta Oxun costuma formar, junto com Oyá, uma dupla de
combatentes invencíveis.
Existe assim uma Oxun denominada Yeye Oloko, que habita nos mananciais
d’água existentes no interior das florestas mantendo ligações fundamentais com
Oxóssi e Ossain. Como vimos, Oxun representa a feminilidade em todos os seus
diferentes aspectos. Seu charme e inteligência proporcionaram-lhe a possibilidade
de ter sido, por escolha própria, esposa de inúmeros Orixás, com exceção de
Obatalá, de quem seria a filha dileta e de Exu, com quem sempre manteve uma
relação de amizade fraternal e cumplicidade. Como esposa de Orunmilá - Senhor
e Patrono do Oráculo de Ifá – Oxun recebe o título de primeira Apetebí, dado até
hoje às sacerdotisas do culto de Orunmilá e às esposas de seus sacerdotes, os
babalaôs. Uma lenda narra de que forma Oxun, com o auxílio de Exu, roubou o
segredo dos 16 signos do Sistema Oracular de Ifá, os 16 Odu-Meji, criando com
isto um novo sistema divinatório, o jogo de búzios, proporcionando condições
para que as mulheres pudessem proceder à adivinhação, o que anteriormente era
exclusividade dos homens. Dentre as figuras do oráculo, destacamos o Odu Oxe
Meji, através do qual Oxun se comunica com os seres humanos.
Uma outra lenda, ressaltando a astúcia de Oxun, narra que Xangô o poderoso
Orixá do trovão possuía três esposas, Oyá, Obá e Oxun, sendo que a última era a
sua favorita. Ansiosa por receber maiores atenções do marido, Obá pediu que
Oxun lhe ensinasse o feitiço que havia feito para conquistar o coração de Xangô.
Ardilosa e maldosamente a bela senhora orientou a concorrente para que cortasse
uma de suas orelhas e que a servisse depois de cozida, como alimento ao marido.
Obá, acreditando na sinceridade de Oxun, não hesitou em decepar a própria
orelha e com ela preparar um belo prato, de acordo com o gosto de Xangô. Ao
deparar-se com o alimento que a mulher lhe servia, Xangô, indignado, expulsou
Obá do palácio real, terminado assim, com qualquer possibilidade de um dia vir a
ser a sua favorita. A partir de então, Obá e Oxun tornaram-se inimigas
irreconciliáveis, Em outra ocasião, Oxun apaixona-se por Oxóssi que vinha
diariamente banhar-se nas águas do rio, no local exato em que ela morava. De
todas as formas, tentava atrair o caçador para dentro do rio onde pretendia
entregar-se a ele. Oxóssi, que não sabia nadar, embora atraído pela beleza de
Oxun, não ousava arriscar-se na correnteza e, desta forma, o ato de amor não se
consumava. Enlouquecida pela paixão, Oxun arquitetou um plano e fez com que
Oxóssi comesse uma iguaria preparada à base de mel de abelhas. Exu foi
encarregado de entregar à Oxóssi o doce feito por Oxun e, desta forma, após
comer a deliciosa torta, Oxóssi, enfeitiçado, perdeu o sentido de perigo e,
atirando-se às águas, deixou-se levar pelos encantos da bela senhora. Satisfeita
em seu desejo, Oxun simplesmente abandonou o amante ao sabor da corrente e
Oxóssi, sem saber nadar, sucumbiu, tragado que foi pelas águas do rio. Desta
união, nasceu Logunedé, Orixá menino, que possui características do pai, atuando
como caçador e vivendo dentro das matas durante um certo período e, noutro
período, assumindo as características de sua mãe, vive da pesca e reside nas
águas do rio. O culto à Oxun se destaca por características próprias e é na
cadência do ritmo ijexá que ela se apresenta, espargindo o perfume da água-de-
cheiro, dançando de forma sensual e maliciosa, envolvendo a todos na magia do
bailado onde exalta todos os seus aspectos de deusa-mulher e contagiando de tal
forma os presentes que, repentinamente, todos agitam os próprios corpos ao som
irresistível dos atabaques, gans, agogôs e afoxés, como crianças embaladas pela
magia dos cânticos da Grande Mãe. Esta é Oxun, a Deusa do Amor, a Senhora do
Ouro e do Mel, a Rainha das Águas Doces, dos Rios e das Cachoeiras. Esta é
Oxun, a Vênus Negra, nossa Mãe Transcendental, a quem saudamos efusiva e
respeitosamente:
Ore Yeye ô!
Entre os povos do Caribe, por influência dos escravos negros, o culto aos Orixás
se expandiu e, em Cuba, é conhecido como "Santeria". Muitas são as lendas
conhecidas naquele país que descrevem a trajetória dos Orixás tentando, sempre
de forma alegórica, explicar sua relação com a natureza e com os seres humanos.
Oxun, uma das mais importantes personagens do panteão afro-cubano, está
ligada a diversos aspectos da natureza como as águas doces, as cachoeiras, o
ouro, o mel e a reprodução das espécies. Representa a luta pela vida e pela
sobrevivência. Deusa do amor e senhora dos cursos d'água, sua primeira
manifestação teria ocorrido, segundo uma lenda, numa concha na beira de um rio.
Segundo os povos do Caribe, Oxun é filha de Nanan e de Obatalá e gerou
filhos ao acasalar-se com Obatalá, Orunmilá e Oxóssi. Com Orunmilá, gerou
Poroyé, do sexo feminino. Com Odé gerou Logun Edé, Orixá masculino, mas,
devido à sua delicadeza e infantilidade, visto como andrógino e, com Obatalá,
gerou Olosá ou Oloxá, entidade feminina que vive tanto nas águas dos rios
quanto nas águas do oceano. Sua relação sexual com Obatalá, seu pai,
considerada como quebra de um tabu rigoroso, é o segredo contido nos itans de
Ifá que se referem à uma relação incestuosa entre os Odus Ofun Meji e Oxe Meji,
depois da qual Ofun, que sendo o mais velho dentre os dezesseis Odus de Ifá,
cede sua primogenitura à Ejiogbe, passando, a partir de então, a ocupar o último
lugar entre os Agba Odu ou Odu Meji. Oxun exercia entre os Orixás, o cargo de
cozinheira e, exigindo deles uma possibilidade de participar de funções mais
importantes, lançou sobre toda a criação uma maldição que impedia a
continuidade da vida sobre a Terra. Para que tal praga fosse retirada exigiu uma
posição de destaque entre os principais Orixás, obtendo, desta forma, o respeito e
a submissão de Obatalá a quem provara representar o poder gerador feminino.
Teria vivido com Ajagunan, Orixá Funfun de caráter belicoso, tendo abandonado
sua companhia em decorrência da grande quantidade de igbíns que este Orixá
comia e que sendo a representação viva do elemento água, é uma de suas
maiores interdições. Uma das principais atribuições deste Orixá é cuidar do
desenvolvimento dos seres humanos a partir da fecundação, função esta que
exerce com muita dedicação, acompanhando o desenvolvimento do embrião,
passando pelo período fetal e só entregando aos cuidados do seu próprio Orixá a
criança que já possa reclamar a atenção de seus pais demonstrando de alguma
forma, sua necessidades pessoais.
Além de Obatalá, Orunmilá, Oxóssi e Ajagunan, Oxun teria sido mulher de Ossain,
Xakpanan, Xangô, Aganjú, Orixaoko e Inlé. Segundo afirmam, seu grande amor
teria sido Oxóssi e sua união mais conveniente teria sido com Orunmilá, com
quem adquiriu coroa e saber. Dentre os Orixás femininos, Oxun é a única que
pode ouvir a palavra de Ifá, o "Orô Orunmilá". Oxun é dona do mel e da doçura,
possui um belo sorriso que muitas vezes utiliza para augurar um desastre que,
propositadamente, provoca na vida de alguém através do seu poder de Iyamí Ajé,
o mesmo poder utilizado para obter a importante posição que hoje ocupa,
reconhecida até por Obatalá, o pai da criação. Oxun é amor, ternura, paixão,
desejo e sexualidade, da mesma forma que é dor, pranto, ódio, vingança e
castigo.
Muitos Odus de Ifá possuem itans que falam especificamente sobre Oxun,
destacando-se entre eles:
1 - IBU KOLE
Esta Oxun nasce no Odu Ogbetura e come galinha d’angola. É aquela que cuida
da casa e recolhe o lixo produzido dentro dela. Seu fio de contas é amarelo ouro
intercalado com âmbar e corais.
2 - OXUN OLOLODI
Trata-se de uma Oxun guerreira que porta uma espada. Seu adê é adornado com
búzios. Carrega um erukeré com o cabo adornado com contas de Orunmilá.
Dentro de sua sopeira coloca-se areia do mar e do rio misturadas. Entre os ararás
é conhecida como Atiti.
3 - OXUN OPARA ou APARÁ. (Em Cuba: Ibu Akparo) Esta qualidade de Oxun
nasce no Odu Owónrin Meji. Seu nome secreto é Iganidan. É aquela que reina
sem coroa. É representada pela codorna. Vive na desembocadura do rio com o
mar e, segundo dizem, é surda. Come codornas e, com Yemanjá, come duas
galinhas cinzentas.
5 - IBU INANI.
Aquela que é famosa nas disputas. Seu igbá fica sobre areia de rio. Leva um
abebé de metal com dois guizos. Os ararás a chamam de "Tukusi" ou "Tobosi".
10 - OXUN IYEPONDÁ.A LENDA CONTA QUE FOI ESTA OXUN QUEM LIBEROU
XANGÔ DO CATIVEIRO. SEGUNDO OUTRA LENDA, ESTA OXUN FOI MORTA E
ATIRADA ÀS ÁGUAS DE UM RIO, ONDE LOGROU RESSUSCITAR. É
GUERREIRA E BRIGONA. ENTRE OS ARARÁS É CONHECIDA PELO NOME DE
"AGOKUSI".
14 - OXUN IBUMI.
Esta Oxun é representada pelo camarão de água doce que, por sua vez, é seu
prato preferido. Não tem paradeiro, é caminhante e fujona. Entre os ararás é
conhecida pelo mesmo nome.
15 - OXUN IBU LATIE.Esta Oxun vive no meio do rio. Só come em cabaças e seu
igbá leva 15 flechas e cinco idés dourados. Não possui coroa e quando é vestida
enrola-se sua cabeça num ojá amarelo com um filá de búzios pequeninos. Seu
nome indica que possui poderes ilimitados e que tem fundamento com Exú
Elegbara. Os ararás a chamam de Kotunga.
19 - OXUN AJAJURA.
Esta Oxun vive em lagoas, não usa coroa e é muito guerreira. Em seu igbá coloca-
se um casco de tartaruga.
25 - OXUN IBU ELEDAN.Esta Oxun nasce no Odu Oxe Leso (Oxe Irosun). É a
dona das fossas nasais Come cabrito capado e pequeno.
27 - OXUN IBU INARE. Vive sobre o dinheiro e, na praia, sobre o caramujo aje.
Esta Oxun não gosta de dar dinheiro a ninguém.
ÀDÚRÀ OSUN
1. - Osun mo pé ó o!
2. - N’ò pé o s’Ikú eni kankan
3. - Béni n’ó s’árùn eni kankan,
4. - Mo pé ó níní owo.
5. - Mo pé ó sí níní omo,
6. - Mo pé ó sí níní aláfià.
7. - Mo pé ó sí òró.
8. - Kí àwa má ríjà ami o,
9. - Odoodún ní a mi orógbó.
10. - Odoodún ní mí obi lóri àte o,
11. - Odoodún ni ki wón ma rí wá o!
12. - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún.
13. - Òsun só wá, ki o máà sí wàbálà lárín àwa omo ré.
14. - Kí ilé má jò wá.
15. - Kí òna má nà wa o.
16. - Pèsè àse fún wá o.
17. - Eni ase àmódi ara.
18. - Fun ní àláfià o.
19. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o.
20. - Kí àwa má rí Ogun idilé!
TRADUÇÃO:
1. - Oxun eu te chamo
2. - Não te chamo por causa da morte,
3. - Não te chamo por causa da doença de alguém.
4. - Eu te chamo para que tenhamos dinheiro.
5. - Eu te chamo para que tenhamos filhos.
6. - Eu te chamo para que tenhamos saúde.
7. - Eu te chamo para que tenhamos uma vida serena.
8. - Para que não sejamos vitimados pela ira das águas.
9. - Dizem que anualmente há orobôs na feira.
10. - Dizem que anualmente há obís novos na feira.
11. - Que as pessoas nos vejam todo o ano.
12. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer outra
melhor, no próximo ano.
13. - Oxun, nos proteja, para que não haja problemas entre nós, teus
filhos.
14. - Para que haja paz em nosso lar.
15. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
16. - Dá-nos axé!
17. - À quem estiver doente,
18. - Dá saúde!
19. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
20. - Que não haja problemas em nossa família!
ORIKI OSUN (Usado na Santeria de Cuba)
Yeyé wáile unsebó umbó omiô. Alade olugbá ibú laiye Agbá mofé kiwo.
Yeyé mi na muwá omi tutu nitosi uwenderé ati amagbe kpelu ré arun asó kele
ati sagbe kpefu ré arun, aso kpele mitosí di onire bogbo na burukú iwo ikó .
Olodumare obinrín okpa arô osátaní airô ati iwaju elo ojú ati rérin misin juló
Legba ni bogbo na Osá aiyagbá ati olugba ni bogbo na wura ni laiya Iyamí,
Asé.
TRADUÇÃO APROXIMADA:
Mãe, venha à minha casa fazer o ebó através das águas.
Rainha e Senhora de todos os rios, nós, teus filhos, suplicamos que tu, nossa
mãe, traga-nos a água que limpa e refresca nossos corpos, e que nos seques
depois com teus cinco panos para livrar-nos de todos os males.
Oh, Mãe! Mensageira de Olodumare, Santa Iyagbá, dona dos cabelos, rosto, olhos
e boca mais formosos do mundo, aquela que é dona do ouro, minha Mãe! Axé!
ÀDÚRÀ OSUN
21. - Osun mo pé ó o!
22. - N’ò pé o s’Ikú eni kankan
23. - Béni n’ó s’árùn eni kankan,
24. - Mo pé ó níní owo.
25. - Mo pé ó sí níní omo,
26. - Mo pé ó sí níní aláfià.
27. - Mo pé ó sí òró.
28. - Kí àwa má ríjà ami o,
29. - Odoodún ní a mi orógbó.
30. - Odoodún ní mí obi lóri àte o,
31. - Odoodún ni ki wón ma rí wá o!
32. - Bi a se, èyi ju bàyi lo, ni àmódún.
33. - Òsun só wá, ki o máà sí wàbálà lárín àwa omo ré.
34. - Kí ilé má jò wá.
35. - Kí òna má nà wa o.
36. - Pèsè àse fún wá o.
37. - Eni ase àmódi ara.
38. - Fun ní àláfià o.
39. - Okó oba, àdá oba, kí ó ma sá wa lèsè o.
40. - Kí àwa má rí Ogun idilé!
TRADUÇÃO:
32. - Do mesmo modo que fizemos tua festa, que possamos fazer outra melhor,
no próximo ano.
33. - Oxun, nos proteja, para que não haja problemas entre nós, teus filhos.
34. - Para que haja paz em nosso lar.
35. - Que nossos objetivos não se voltem contra nós.
36. - Dá-nos axé!
37. - À quem estiver doente,
38. - Dá saúde!
39. - Que as leis dos homens não sejam infringidas por nós.
40. - Que não haja problemas em nossa família!
Eles convidaram Òsún para auxiliá-los na tarefa e ela aceitou. Mas, quando eles
iam deliberar sobre alguma coisa importante, nunca chamavam Òsún. Quando
eles iam participar de algo de alta responsabilidade, também não chamavam
Òsún. Òsún era somente para lavar suas roupas, fazer suas comidas, cuidar da
casa e não participava de nada com eles. Até que um dia ela se fartou disso. E foi
aí que ela lançou mão dos poderes de Ìyámi Àjé, de quem ela é a Chefe. Então,
quando eles deliberavam sobre a doença de uma pessoa e diziam que esta
pessoa não sobreviveria, Òsún colocava seu àse, e fazia com que acontecesse o
contrário: aquela pessoa sobrevivia. Quando eles diziam que alguém sobreviveria,
Ela fazia com que aquela pessoa não sobrevivesse, ela morria. Se eles diziam que
alguém teria muitos filhos,
Ela fazia com que aquela pessoa não tivesse nenhum filho. Se eles diziam que
alguém jamais teria filhos, Ela fazia com que aquela pessoa tivesse muitos filhos.
Então, as coisas começaram todas a dar errado no ayé, por mais que eles
fizessem para que houvesse prosperidade e fartura no ayé, só havia decadência,
fome, seca, e Eles não conseguiam mais acertar suas previsões e não tinham a
idéia do que causava aquilo. Então, eles intrigados foram à Òrúnmìlà, para que ele
os orientasse sobre o que estava acontecendo.
E Òrúnmìlà lhes disse que o motivo daquilo tudo, era a décima sétima pessoa do
grupo quem estava causando isso colocando o àse das Ìyámi Àjé, por não ser
chamada a participar das decisões, e que essa décima sétima pessoa era Òsún. E
que eles deveria chamá-la para participar de tudo aquilo que fosse deliberado,
para que as coisas voltassem ao normal.
Eles voltaram para o ayé e foram pedir a Òsún que se juntasse a eles para que
houvesse harmonia e prosperidade no ayé. Mas, ela era muito caprichosa e se
recusava a juntar-se a eles, porque não fôra chamada antes e somente agora que
estavam precisando dela é que a chamavam. Eles pediram, imploraram,
ajoelharam-se aos seus pés, mas, ela manteve-se irredutível. Eles ficaram
desesperados com a atitude de Òsún e já não sabiam mais o que fazer para
dissuadi-la. E como Òsún estava grávida, resolveu então que ela não participaria
com eles, mas, que quando o seu filho nascesse, este se juntaria a eles tomando
o lugar de Òsún.
Então, eles ficaram ansiosos pelo nascimento do filho de Òsún, que seria o
décimo sétimo elemento dos Odù àgbà. E todos os dias, eles vinham pela manhã
antes do raiar do sol, colocar suas mãos sobre o ventre de Òsún, para passarem
àse ao seu filho. Conta esse ìtòn que Ela deu a luz à Èsù e que ele recebeu o
nome de Òsétura (aquele que recebeu àse ainda no ventre da mãe) que tem àse
de acalmar o corpo.
Òsún Olóòmi Ayè: Diz que ela é a Senhora das águas da vida. É a padroeira de
todo o tipo de água potável e fria, do líquido amniótico, que é a água da gestação
da vida.
ÒSÚN KARE: AQUELA QUE PODE NOS FAZER FELIZES OU CUIDAR DE NÓS:
ORÍKÌ.
Oxum é doçura sedutora. Todos querem obter seus favores, provar do seu mel,
seu encanto e para tanto lhe agradam oferecendo perfumes e belos artefatos, tudo
para satisfazer sua vaidade.
O orixá da beleza usa toda sua astúcia e charme extraordinário para conquistar
os prazeres da vida e realizar proezas diversas. Amante da fortuna, do esplendor
e do poder, Oxum não mede esforços para alcançar seus objetivos, ainda que
através de atos extremos contra quem está em seu caminho.
Ela lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de ser a mais rica e
a mais reverenciada.
Seu maior desejo, no entanto é ser amada, o que a faz correr grandes riscos,
assumindo tarefas difíceis pelo bem da coletividade. Em suas aventuras, este
orixá é tanto a brava guerreira, pronta para qualquer confronto, como a frágil e
sensual ninfa amorosa.
Determinação, malícia para ludibriar os inimigos, ternura para com seus queridos,
Oxum é, sobretudo a deusa do amor. Também deusa da fertilidade, na Nigéria é
dela o rio que leva o seu nome e no Brasil dela são as águas doces dos lagos
fontes e rios. Água que mata a sede dos humanos e da terra, que assim se torna
fecunda e fornece os alimentos essenciais à vida dos homens e mulheres tão
amados pela mamãe Oxum.
O orixá amante ataca as concorrentes, para que não roubem sua cena, pois ela
deve ser a única capaz de centralizar as atenções. Na arte da sedução não pode
haver ninguém superior a Oxum.
Da África tribal à sociedade urbana brasileira, a musa que dança nos terreiros de
espelho em punho para refletir sua beleza estonteante é tão amada quanto a
divina mãe que concede a valiosa fertilidade e se doa por seus filhos. Por todos
seus atributos a belíssima Oxum não poderia ser menos admirada e amada, não
por acaso a cor dela é o reluzente amarelo ouro, pois como cantou Caetano
Veloso, “gente é prá brilhar”, mas Oxum é o próprio brilho em orixá. Ora Ieiê Ô!
As faces de Oxum
Oxum é esperada ansiosamente por sua mãe, que para engravidar leva ebó
(oferenda) ao rio. E tal desespero não é o de Iemanjá ao ver sua filhinha sangrar
logo após nascer. Para curá-la a mãe mobiliza Ogum, que recorre ao curandeiro
Ossaim, afinal a primeira e tão querida filha de Iemanjá não podia morrer.
Filha mimada, Oxum é guardada por Orunmilá, que a cria sozinho, mas com
grande dedicação para o que e para quem há de melhor no mundo. Tal
preciosismo faz Orunmilá ordenar o criado Exu a ficar de guarda no palácio para
evitar a entrada do indesejado Xangô. Mas a paixão é mais forte e passa a perna
no controle paterno. Xangô alcança o lindo corpo e o amor de Oxum, que de tão
feliz recebe o consentimento de seu pai para se casar. Nascida para ser admirada
e dona das coisas boas da vida, porque é tão bela e amada,
Oxum não pode se submeter à rotina simples do dia a dia e muito menos a maus
tratos. Ao sair de casa para casar com Xangô, ela espera somente prazer, nada de
afazeres domésticos. Quando presa na torre por seu marido, zangado pelo seu
desinteresse pelas tarefas da casa, ela é transformada em pombo, por Orunmilá,
para voar livre, de volta à proteção dos braços paternos, para as jóias e os
caprichos.
Enquanto mãe, Oxum é bastante zelosa. Para salvar da vergonha sua filha Omó,
cujo sangue fora espirrado na roupa branca de Oxalá, ela é capaz de, num grande
esforço, transformar espetacularmente as manchas de sangue em penas de
ecodidé, o pássaro vermelho, tão apreciadas pelos orixás.
Oxum coloca seu axé a serviço da salvação de seus filhos. Da paixão pelo
caçador Erinlé, nasce Logun-Edé. Ao levar seu filho para ficar consigo no rio, a
mãe Oxum o proíbe de brincar nas águas fundas, mas o menino, curioso e
vaidoso como os pais, não obedece sua mãe. Quando vê seu filho sendo afogado
pela antiga rival Obá, Oxum apela desesperadamente a Orunmilá para salvá-lo.
Assim é ela, a mãe que acaricia, ajuda e suplica por sua cria quando seu poder de
proteção é limitado.
Oxum é destemida diante das dificuldades enfrentadas pelos seus. Ela usa sua
sensualidade para salvar sua comunidade da morte. Dança com seus lenços e o
mel, seduzindo Ogum até que ele volte a produzir os instrumentos para a
agricultura. Assim a cidade fica livre da fome e miséria.
Oxum enfrenta o perigo quando Olodumare, Deus supremo, ofendido pela rebeldia
dos orixás, prende a chuva no orum (Céu), deixando que a seca e a fome se
abatam sobre o aiê (a Terra). Transformada em pavão, Oxum voa até o deus
maior, para suplicar ajuda. Mesmo tornando-se abutre pelo calor do sol, que
queima-lhe, enegrecendo as penas, ela alcança a casa de Olodumare. Indignada
por se perceber excluída da reunião de orixás masculinos, Oxum torna estéreis
todas as mulheres até que ela seja convidada para o encontro.
Uma demonstração de que com ela é assim: bateu, levou. Não tolera o que
considera injusto e adora uma pirraça. Da beleza à destreza, da fragilidade à
força, com toque feminino de bondade, é assim o jeito dessa deusa-heroína.
Ela é adorada por Orixalá. A deusa do amor parte com um ebó até Olodumare,
para que não haja mais seca na Terra. No caminho ela não hesita em repartir os
ingredientes da oferenda com o velho Obatalá e as crianças que encontra, e
mesmo assim alcança seu objetivo pela comoção de Olodumare.
Com grande compaixão, Oxum intercede junto a Olofim-Olodumare para que ele
ressuscite Obaluaiê, em troca do doce mel da bela orixá. E ela garante a vida
alheia também ao acolher a princesa Ala, grávida, jogada ao rio por seu pai. Oxum
cuida da recém-nascida, a querida Oiá. Com suas jóias, espelhos e roupas finas,
Oxum satisfaz seu gosto pelo luxo. Extremamente ambiciosa, ela é capaz de
geniais estratagemas para conseguir êxito na vida. Vai à frente da casa de Oxalá e
lá começa a fazer escândalo, caluniando-o aos berros, até receber dele a fortuna
desejada para então calar-se. E assim Oxum torna-se “senhora de tanta riqueza
como nenhuma outra santa mulher jamais o fora”.
Assim Oxum se torna senhora do jogo de búzios. Beleza, agilidade e astúcia são
ingredientes do sucesso deste orixá.
No amor Oxum é ardorosa. Seu leito conhece muitos amantes, para os quais
propicia momentos de raro prazer, de tão formosa e quente que é. Mas quando se
apaixona realmente ela é entrega total. Oxum luta para conquistar o amor de
Xangô e quando o consegue é capaz de gastar toda sua riqueza para manter seu
amado. Ela livra seu querido Oxóssi do perigo e entrega-lhe riqueza e poder para
que se torne Alaketu, o rei da cidade de Ketu. Porém Oxum é extremamente
caprichosa e volúvel.
Quando alguém lhe atrai, não importa quem seja o parceiro ou o sentimento que
vá causar, ela faz o que for preciso para conquistar e desfrutar do prazer, mesmo
que seja tão passageiro. Rebolando e cantando provocantemente, Oxum seduz a
bela Iansã, mas logo troca-a por outro alguém, tendo de fugir para não apanhar da
deusa da tempestade. Oxum provoca disputa acirrada entre dois irmãos por seu
amor: Xangô e Ogum, ambos guerreiros famosos e poderosos, o tipo preferido por
ela. Xangô é seu marido, mas independente disso, se um dos dois irmãos não a
trata bem, o outro se sente no direito de intervir e conquistá-la.
Afinal Oxum quer ser amada e todos sabem que ela deve ser tratada como uma
rainha, ou seja, com roupas finas, jóias e boa comida, tudo a seu gosto. A beleza é
o maior trunfo do orixá do amor. A vaidade a faz contemplar-se constantemente
pelos reflexos na água ou nos espelhos que sempre dispõe. Não basta ser bonita,
é preciso ser insuperável.
Para tanto Oxum vai ao ataque contra quem a “ameaça”, pois a inveja abala sua
autoconfiança. Ela usa o espelho de Egungun, que só mostra a morte, para que
sua irmã mais bela, Oiá, se veja destorcidamente refletida e então enlouqueça de
desespero.
Como esposa de Xangô, ao lado de Obá e Oiá, Oxum é a preferida e está sempre
atenta para manter-se a mais amada. Ela adora enganar Obá. Oxum induz Obá a
cortar a própria orelha para cozinhar e servir para Xangô, dizendo ser o prato
preferido do marido, que na verdade fica enojado e enfurecido. Ela também
engana Eleguá que, a serviço de Obá para fazer um sacrifício, corta erradamente
o rabo do cavalo de Xangô. Outra vez Obá queria agradar seu marido, mas acaba
odiada por ele. Oxum definitivamente quer o fracasso de quem considera rival. É
preciso pisar em quem atrapalha sua supremacia. Oxum é vingativa quando
ofendida, sobretudo se sua forma física é ridicularizada.
Ela tem pavor de ser tida como velha e feia. Por isso chega a matar o caçador
pelo qual se enamora, após tanto tempo na lagoa se banhando, se preparando
para encontrar seu amor, tempo em que envelheceu sem perceber. Oxum o mata
por tê-la confundido com a velha feiticeira IAMI-Oxorongá. É humilhação demais
para quem tem a beleza acima de tudo. Melhor é cortar o mau pela raiz, custe o
que custar, afinal ser considerada feia é própria morte para ela.
Foi de Oxum a delicada missão dada por Olodumare de religar o orum ao aiê
quando da separação destes pela displicência dos homens. Tamanho foi o
aborrecimento dos orixás em não poder mais conviver com os humanos que
Oxum veio ao aiê prepará-los para receber os deuses em seus corpos. Juntou as
mulheres, banhou-as com ervas, raspou e adornou suas cabeças com pena de
ecodidé, enfeitou seus colos com fios de contas coloridas, seus pulsos com idés,
enfim as fez belas e prontas para receberem os orixás. E eles vieram. Dançaram e
dançaram ao som dos atabaques e xequerês. Para alegria dos orixás e dos
humanos estava inventado o Candomblé. Os mitos da Oxum mostram o quão
múltipla é sua personalidade
Talvez melhor fosse dizer “toda mulher é d’Oxum”. O orixá da beleza e do amor é
em certa medida um modelo de realização para as mulheres brasileiras, de um
modo geral, ainda que muitas não o saibam. É a mulher que deu certo, do ponto
de vista estritamente humano, isento de julgamentos morais. O valor estético de
Oxum é inquestionável. No contexto brasileiro, inevitavelmente as mulheres se
identificam com algum traço da personalidade desse orixá. Tal como a deusa
africana, elas querem ser cobiçadas, contempladas e envolvidas intensamente no
amor, pois são genericamente românticas.
Segundo o tipo mítico geral, quem é d’Oxum é a vaidade em pessoa. Seus filhos
têm as formas do corpo arredondadas, um jeito gracioso e grande capacidade de
amar (Prandi, 1991). Gente que quer brilhar, assim é a mulher exuberante que
ostenta os dons recebidos da mamãe Oxum. A idéia de mãe no Brasil é associada,
sobretudo à figura da mulher super protetora, que é capaz de grandes sacrifícios
por seus filhos. Aquela que está sempre na torcida ou preparada para acolher e
consolar em seu aconchego materno. É a chamada “mãezona” que se desdobra
em seus afazeres domésticos, tudo em função do marido e dos filhos.
Nesse mesmo ideário, a mistura das três raças teria gerado um povo bonito e
originalmente astuto para superar as dificuldades. O catolicismo europeu conferiu
um controle formal e frouxo da conduta moral, e as religiões africanas contribuíram
significativamente com os elementos festa e sensualidade, na formação do jeito
brasileiro de ser e de viver. Em nosso país, o que é para ser mostrado parece
sobressair ao que é vivido, o carnaval é um bom exemplo disso. A forma do corpo
tem grande importância, o que dá pistas de que, por vezes, o valor da estética
prepondera ao da ética. A mulher brasileira valoriza sobremaneira a beleza física
enquanto elemento de afirmação pessoal, afinal a sensualidade é
reconhecidamente um dos traços do nosso povo.
O sonho de ser rica e famosa, bem como bastante atraente sexualmente, faz
grande parte das meninas ter como ídolos as famosas modelos, atrizes, cantoras,
apresentadoras de TV, com esses atributos. Nesse nível estão as mulheres tidas
como “símbolo sexual” de suas épocas: Carla Perez, Luisa Brunet, Vera Fisher,
Sônia Braga, Marta Rocha, Carmem Miranda
Sendo mulher bonita e bem sucedida há quase sempre suspeita sobre sua real
competência. Não é só o sex appeal, capaz de fazer o transito parar, que fascina.
As mulheres têm vontade de ser as encantadoras meninas. São as jovens,
simpáticas mulheres, que todo homem gostaria de ter como namorada.
Elas são idealizadas pelo público masculino para uma relação afetiva mais
duradoura e não só como parceiras sexuais, pois aliam a beleza à meiguice. São
as chamadas “namoradinhas do Brasil”, como Angélica e Regina Duarte.
Dada a maior vaidade, a competição é mais comum entre as mulheres que entre
os homens, pois em certa medida “uma quer brilhar mais que a outra”. Essa
predisposição para competir, quando exacerbada e aliada à uma grande ambição,
impulsiona a mulher a passar por cima de quem está em seu caminho. Assim são
as conhecidas vilãs das telenovelas.
Tal como a sedutora Oxum, há mulheres que adoram jogar com os homens. São
em geral caracterizadas pela vulgaridade, com a qual não hesitam em “rodar a
baiana” quando julgam necessário. Vestem-se extravagantemente para chamar a
atenção e estão sempre jogando seu charme para conquistar. Essas são a
chamadas “peruas” ou as prostitutas, as famosas pombagiras da umbanda. A
esposa de Xangô ama profundamente a ponto de abrir mão da riqueza por seu
amor. Assim é a mulher que chega a colocar de lado seu projeto pessoal para
estar com seu amado. A brasileira é a Oxum, com suas diversas faces. Orixá e
humano se espelham. Na mitologia dos orixás Oxum é a filha dengosa, mulher
irresistível e corajosa e a mãe protetora. Seu caráter voluntarioso, como redentora
dos aflitos, remete à grande mãe da devoção católica, a Nossa Senhora em suas
diferentes versões.
Por outro lado, ela é o vaidosíssimo orixá do ouro, que não aceita brilhar menos
que ninguém e faz de tudo para satisfazer seus desejos, profanamente
concebidos. Aí então ela é a Eva transgressora, movida pela sedução. Deusa da
vaidade, da beleza, da fertilidade, do amor, se Oxum fosse uma escola artística
certamente seria a barroca por seus exageros, suas contradições. Oxum é um
arquétipo de feminilidade, sobretudo para as mulheres brasileiras.
Referências bibliográficas
PRANDI, Reginaldo. Mitologia de Orixás, Mitos afro-americanos reunidos e
recontados, São Paulo, 1997 (mimeo).
OSUN OPARA
Até aqui concluímos que a palavra OPARA não se encontra nestes dicionários do
idioma Yorùbá .
Algumas passagens relacionadas com Òsun: Yèyé Ade-Oko, Yèyé Ipondá (tem
ponto em baixo da letra “O”, fonética = ipóndá), Òsun Lògún, Yèyé Ojumo (tem
ponto em baixo da Segunda letra “O”, fonética – ôdjumó) Yèyé Iloba (tem ponto
em baixo da letra “O”, fonética = ilóba), Yèyé Ilè Elepe (todas as letras “E” tem
ponto em baixo, fonética = ilé élépé), Yèyé Jakuepe (fonética = djacuêpê), Yèyé
Ojuna (fonética ôdjuna) Yèyé Igando, Yèyé Ode-Dudu (fonética ódé dudu) Yèyé
Adobaba.
1- YÈYÉ ÒPÀRÀ !
2- OBÌNRIN BÍ OKÙNRIN NÍ ÒSUN
3- A JÍ SÈRÍ BÍ ÈGÀ
4- YÈYÉ OLOMI TÚTÚ
5- ÒPÀRÀ ÒJÒ BÍRI KALEE
6- AGBÀ OBÌNRIN TI GBOGBO AYÉ N’PE SIN
7- Ó BÁ SÒNPÒNNÓN JÉ PÉTÉKÍ
8- O BÁ ALÁGBÁRA RANYANGA DÌDE.
1- YÈYÉ ÒPÀRÀ !
2- ÒSUN É UMA MULHER FORTE COMO HOMEM.
3- SUA VOZ É BONITA COMO A VOZ DO PÁSSARO
4- SENHORA DAS ÁGUAS FRESCAS
5- ÒPÀRÀ DANÇA COM O VENTO SEM QUE POSSAMOS VÊ-LA
6- MULHER ANTIGA DE MUITA SABEDORIA QUE TODOS NÓS
VENERAMOS
7- QUE COME PÉTÉKÍ COM SÒNPÒNNÓN (*****)
8- QUE ENFRENTA PESSOAS PODEROSAS COM SABEDORIA E CALMA.
Òsun
Nas nascentes dos rios reside Yèyé Odò. Òsun Ijìmú é a rainha de todas as Òsun
com Àyàlà, que também foi esposa de Ògún Alagbedé e é conhecida como a avó
que tocava música num fole para fazer Egúngún dançar, mantendo estreita ligação
com Ìyá-mi.
Òsun Abalò é a mais velha de todas, outra Òsun velha e briguenta é Òsun Yèyé
Ogá, Yèyé Merín é feminina e elegante. Òsun Gbo é a padroeira da cidade de
Osogbò e padroeira das mulheres parturientes. Yèyé Olóko vive na floresta. Além
dessas existem Yèyé Ipetú, Yèyé Pòpólokum, cultuadas nas lagoas e, dizem,
não sobem à cabeça das pessoas. Esses nomes podem variar da África para o
Brasil, mas todos concordam que existem 16 qualidades. Essas qualidades
provavelmente sejam "passagens e encontros dessas energias (Òrìsà) com os
demais ebora".
O Abèbé (leque com espelho) é o símbolo da sua vaidade, mas também uma
arma que ofusca os olhos de quem a ataca.
A água e a terra veiculam àse genitor feminino: a água elemento contido na terra.
Òsun é o Òrìsà do rio de mesmo nome. No Brasil está associada à todos rios,
cascatas, córregos e mesmo ao mar, visto que a grande entidade Olòkun,
associada ao mar em país Yorùbá não é cultuada de forma intensa no Brasil.
"Nígbà tí àun ó sì mo bò láti òdò Olódùmarè un ló okù omo lé lówó wípé eni tí
Òrìsà bá sèdá kalè tán, bi Òsun yò se móo pín omo fun gbogbo àwon tí omo
kò bá fé gba inú won wáyé. Àti bi omo bá nwá nímú, eni tí ó mo se ìtójú rè tó
kò fi ní í móorí ìdàànú títí o fi móo wáyé. Tó bá sì wà sí ayé náà. Nigbà tí kò tíi
ní òye tí kòi tí mò èdèé fò, gbogbo ònà àwòyè rè Òsun no wón kó odùn omo
lé lowo. Kò sì gbodò bínú enikan pé eleyí ni òtá mi, kò bímo tàbí elèyí ni òré
mi. Isé tí won rán Òsun oùn nìyí, òun ni Ìyàmi àkókó, òun si ni Olòtójúu àwon
omo láti ní títí di ìgbà tí yí ní òye táà n pè ní àwòyè Òsun ni álàwòyè omo
Bi Òsun ò tí se gbódò bá enìkan sòtá nìyì."
"No tempo da criação, quando Òsun estava vindo das profundezas do òrun,
Olódùmaré confiou-lhe o poder de zelar por cada umas das crianças criadas por
Òrìsà que iriam nascer na terra. Òsun seria a provedora de crianças. Ela deveria
fazer com que as crianças permanecessem no ventre de suas mães,
assegurando-lhes medicamentos e tratamentos apropriados para evitar abortos e
contratempos antes do nascimento; mesmo depois de nascida a criança, até ela
não estar dotada de razão e não estar falando alguma língua, o desenvolvimento e
a obtenção de sua inteligência estariam sob o cuidado de Òsun. Ela não deveria
encolerizar-se com ninguém a fim de não recusar uma criança a um inimigo e dar
a gravidez a um amigo. A tarefa atribuída a Òsun é como declaramos. Ela foi a
primeira Ìyá-mi, encarregada de ser a Olùtójú awon omo (aquela que vela por
todas as crianças) e a Álàwòyè omo (aquela que cura as crianças). Òsun não
deve vir a ser inimigo de ninguém."
Ela é a cabeça da sociedade das Ìyá-mi, chamadas também de Ìyá-àgbà (as mães
anciãs). Em um ìtòn Òsun transformou o Ohun-omobìrin (corrimento menstrual)
em penas vermelhas de ikódídé, colocando dentro de uma cabaça, onde se diz:
"Yèyé sawo" (Mãe fez mistério, ou mãe conhece segredo, é mistério).
Neste mesmo ìtòn Òòsààlà rende homenagem à Òsun fazendo dòdòbálè. Nesse
contexto, o vermelho representa o poder de realização o àse de gestação,
humana, animal, vegetal, mineral; o àse da terra também simbolizado por suas
águas que o veiculam. A gestação significa abundância e riqueza. A cor de Òsun é
o pupa ou pon, que significa tanto o vermelho como amarelo.
Elementos e símbolos
Dia Sábado.
Metal Ouro, cobre, latão e bronze.
Símbolo Abèbé, idé.
Omolokun, Ipetè, Aberèn.
Ajeun
Cor Amarelo-ouro.
Toques Ìjèsà (preferido), Batá, Agere, Ilù.
Diz o costume que os abebês de Oxum são dourados, em latão, até em ouro,
recebendo de seus construtores trabalhos elaboradíssimos, revelando aspectos
identificadores do Orixás mais vaidoso, as água doces, yalode - a grande senhora.
Abebê - do yorubá, leque - leque em diferentes metais, mantendo o formato
arredondado, decorado por marcheteamento, incisos, ampliações e pendantifs,
geralmente em metal. O tamanho médio de um abebê gira em torno de 30 cm de
altura e 15 cm de largura, podendo nos candomblés acrescido de laços de fitas
em cetim e nas cores dos Orixás: amarelo e rosa pra Oxum; azul e verde para
Yemanjá.
Os abebês compõem assentamentos nos santuários pejis - especialmente no
candomblé e no xangô. São vistos também em miniatura na composição dos ibás
- conjunto de louças, peças em metal e otás (pedras) que fazem os
assentamentos dos Orixás, Voduns e Inkices. Os abebês são peças
indispensáveis nas roupas cerimoniais, sendo emblema marcante e identificador
de Oxum e Yemanjá.
OXUM ITAN
Conta a lenda que, em um tempo imemorial, o rei Xangô, orixá escolhido por
Oxalá para governar a terra e os outros deuses, tinha diversas esposas. As duas
mais importantes eram Yansã, a Senhora das Tempestades, e Oxum, cujo domínio
se estendia pelos rios, lagos e cachoeiras.
Certo dia, enciumada da preferência de Xangô pela sua adversária; Yansã decidiu
vingar-se de Oxum e, em um raio intempestivo de cólera, investiu contra a mãe
das águas doces, quando esta se banhava nua às margens de um grande lago,
tendo apenas um espelho entre as mãos. Devido ao fato de não ser uma
guerreira, mas uma mulher dócil e vaidosa, afeita apenas aos expedientes da
Sedução e da Dissimulação para se defender; Oxum viu-se completamente
indefesa frente à ira arrebatadora da Rainha dos Raios. Oxum, então, rezou a
Oxalá e, em um instante mágico, percebeu que o Sol brilhava forte nas costas de
sua agressora. Rapidamente, ela utilizou seu espelho para refletir os raios solares
de forma a cegar Yansã.
Ao saber da vitória de Oxum, o rei Xangô reafirmou sua preferência pela Senhora
das Águas, que além de mais bela e delicada, provou ser também mais poderosa
que a Senhora das Tempestades.
"Oxum é a alegria do sangue das mulheres fecundas. Até mesmo Oxalá teve que
inclinar-se à seu poder." A tradição Nagô relata a Lenda de uma sacerdotisa, Omo
Òsun ('filha de Oxum"), encarregada de cuidar dos paramentos de Oxalá. Havia
muitas mulheres com inveja dela que para criar caso, jogaram a coroa de Oxalá
no rio, pouco antes do começo do grande festival anual.
AZIRI
Eduardo Fonseca Júnior tendo como base esses estudos mostra que Opá
Oranian (monólito de Oranian), um obelisco considerado o túmulo deste grande
herói possui características de origem fenícia além de conter palavras
pertencentes à Kaballah hebraica que são: YOD, RESH, VO, BETH e ALEPH,
definição hebraica do nome YORUBÁ, cuja tradução seria a seguinte:
Veja:
YOD - YO
RESH - R
VO - U
BETH - B
ALEPH - A
Os filhos de Okanbi dão início à epopéia dos heróis yorubanos pois dentre seus
sete filhos aparece Oranian, o implantador da cultura yorubana.
“Independentemente de ter tentado continuar a missão de seu avô Oduduwá em
sua Guerra Santa contra os descendentes de Ismael, transformou-se na maior
figura dessa cultura, a tal ponto que é o mais famoso dos sete filhos de
Okanbi”.Okanbi instituiu o primeiro feudo de que se tem notícia, pois se tornou
detentor de todas as terras da África Ocidental, instalando-se definitivamente em
Ilê Ifé. Neste momento, Oranian se afasta temporariamente de Ilê Ifé indo ocupar
a cidade de Oyó.
Os homens eram vetados, uma vez que, nestas reuniões, elas tratavam de
assuntos pertinentes aos direitos das mulheres - era um grupo feminista. Com
muita estratégia estas mulheres traçavam planos e executavam ações para
solucionarem problemas de vários tipos, recorrendo, muitas vezes, do poder das
FEITICEIRAS IYAMIS. Lutaram bravamente para manter a soberania feminina e
impedir que os homens conquistassem espaço maior como vinha acontecendo.
Oxum gabava-se das outras chegando ao ponto de ensinar Obá a fazer uma
comida que deveria ser preparada com sua própria orelha, alegando que isso faria
Xangô olhar para ela com olhos de amor. Obá, ardente de paixão, assim o fez e
Xangô, ao ver a orelha no prato e a mulher desfigurada, ficou irado expulsando as
duas de casa.
Voltando-nos para a mulher negra brasileira atual que não possui em suas
lembranças recentes imagens de mulheres negras sacerdotisas, princesas ou
rainhas, adquirir a consciência histórica e espiritual da mulher africana e de seu
valor na cultura é essencial para se pensar no resgate de uma possível auto-
estima perdida. Os arquétipos destas heroínas africanas que, ao fazer sua
passagem para outro plano transformaram-se em forças da natureza, tem se
revelado um excelente tratamento para mulheres negras freqüentadoras das roças
de Candomblé. É um conhecimento que tem levado essas mulheres ao campo de
batalha usando, como arma, as marcas da ancestralidade que só a sabedoria
aliada ao poder da tradição oral, podem registrar.
Desta forma, conhecer a história destas ancestrais femininas, reconhecendo-as
como atravessadoras de fronteiras, traz, às mulheres negras de hoje, a
possibilidade de contato com uma dimensão da religião que seita nenhuma traz: a
aceitação da complexidade do ser humano
Seria o mesmo que perguntar quais as fronteiras existentes entre o blues, jazz e
rap ou mesmo entre o samba, axé e o maracatu. Podemos perfeitamente idealizar
um samba-axé com swing de maracatu como um blues-jazz com swing de rap.
Isto porque a criatividade humana não tem fronteira - é livre - para atrever-se a
alçar grandes vôos nos quais tempo e espaço configuram-se apenas como
coadjuvantes. É absolutamente lógico juntar todos esses estilos se se pensar que
um é derivado do outro e que fazem parte da mesma natureza, em sua essência.
Os limites sempre nos aprisionam assim como os preconceitos nos impedem de
vislumbrar diferentes formas de simplesmente ser.
A conscientização de ser mulher negra num país como o Brasil passa por várias
etapas desde não se perceber como negra até mesmo de superar essa
percepção. É através do conhecimento da história do povo africano que a mulher
negra passa a reconhecer-se como portadora de títulos de nobreza que a qualifica
como legítima herdeira do trono real, mesmo diante do silêncio e da simplicidade
de sua tarefas.
São mulheres que, por serem as sacerdotisas centrais do culto, possuem o papel
de integradoras dos membros dos grupos. Não têm a pretensão de carregar o
estereótipo de mulheres puras, doces ou meigas pois, humildemente, se
reconhecem como figuras contraditórias. A cultura africana não descarta uma
coisa para qualificar outra pois convive perfeitamente com a dualidade complexa
existente dentro de todos: as pessoas são e não são ao mesmo tempo.
Exemplificando, no Candomblé para uma mulher negra ser mãe não precisa abrir
mão de sua sensualidade ou sexualidade - ser mãe - não a obriga, portanto, a ser
menos feminina.
Bem próximo do ano 2000 é chegada a hora das mulheres negras se unirem e
exigirem que suas histórias sejam passadas a limpo, aproveitando para revelar o
que está por trás de todo carnaval propagado pela Rede Globo com relação ao
Brasil 500 anos, como sendo esta mais uma atitude que tenta levar o povo à
ignorância, desconsiderando que o Brasil já havia sido descoberto pelos índios
antes da chegada dos colonizadores.
Talvez deva-se criar um movimento paralelo, que (já sabemos) não terá o mesmo
apoio da mídia chamado - Brasil: 500 anos de história mal contada - ou ainda -
Brasil: 500 anos da história que não foi revelada.
A mulher negra jamais precisou esperar a boa vontade de um homem para ajudá-
la a resgatar sua identidade - historicamente tem encontrado apoio em grupos
organizados por mulheres negras que abrigam, dentro de um corpo, várias
personalidades resgatadas.
Não podemos mais reconhecê-las como legítimas pois legítimo é o nosso passado
que nos qualifica como nobres sendo que o lema é: jamais se curvar diante
daquele que deseja nos ver subjugada e não aceitar os limites que nos são
impostos já que possuímos, em nosso registro corporal, a marca que nos legitima
como seres encantados e encantadores, como deusas-mulheres, rainhas de
nossas próprias vidas.
Este artigo é para você, Jacinta, grande yabá: após 60 anos a reconhecemos
como grande mulher que, mesmo após a morte, continuou a servir aos
sinhozinhos paulistas; corpo negro eternamente aprisionado, ironicamente, para o
bem de todos e felicidade geral da nação.
Felizmente, a alma da mulher negra é livre tanto quanto a energia: voa, flutua,
mergulha, dança, ricocheteia e, como o raio de Oyá, corta a escuridão do céu
arriscando um desenho ousado provando a todos uma coragem que não tem
limites. É com este perfil que nós, yabás contemporâneas, entraremos no século
21: não aceitando nada menos que deixar nossas marcas na escuridão do céu
infinito.
Axé!
**Iyalorixá do Axé Ilê Obá; Iyanifá; Chief of Ido Osun. Membro do Conselho
Editorial da revista de CULTURA VOZES (Rito Afro-brasileiro)