METODOLOGIA DO ENSINO Diferentes Concepçõe S
METODOLOGIA DO ENSINO Diferentes Concepçõe S
METODOLOGIA DO ENSINO Diferentes Concepçõe S
(verso preliminar)
Etimologicamente, considerando a sua origem grega, a palavra metodologia advem de methodos, que significa META (objetivo, finalidade) e HO O! (camin"o, intermedia#o), isto $ caminho para se atingir um objetivo% &or sua ve', (O)*A quer di'er conhecimento, estudo% Assim, metodologia significaria o estudo dos mtodos, dos caminhos a percorrer, tendo em vista o alcance de uma meta, objetivo ou finaliidade% &artindo dessa formula#o um tanto simplista, a metodologia do ensino seria, ento, o estudo das diferentes trajet+rias tra#adas,planejadas e vivenciadas pelos educadores para orientar,direcionar o processo de ensino-aprendi'agem em fun#o de certos objetivos ou fins educativos,formativos% A meu ver, essa conceitua#o gen$rica e abstrata esclarece tudo e no di' nada% .ela cabe a pr/tica de qualquer educador, seja ele conservador, fascista, "umanista, progressista, servindo, enfim, para todos, como se todas as concep#0es e pr/ticas metodol+gicas fossem semel"antes e pouco importasse diferenci/-las% urante muito tempo, repet1 e utili'ei-me de tal conceitua#o de metodologia% &or$m, com o decorrer do tempo, fui me dando conta de que o conceito de metodologia do ensino, tal como qualquer outro con"ecimento, $ fruto do conte2to e do momento "isrt+rico em que $ produ'ido% !endo assim, talve' no e2ista apenas um conceito geral, universalmente v/lido e a"ist+rico de metodologia, mas sim v/rios, que t3m por refer3ncia as diferentes concep#0es e pr/ticas educativas que "istoricamente l"es deram suporte% a1, fui buscar na pr+pria "ist+ria das id$ias e teorias pedag+gicas algumas pistas que fundamentassem min"as "ip+teses% .essa busca, deparei-me com pessoas e te2tos que, como eu, estavam interessadas em questionar esse mesmo conceito gen$rico de metodologia do ensino, cujos trabal"os publicados, com as mais diversas abordagens, refletiam essa mesma preocupa#o% 4
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A9, 6era Maria8 !OA:E!, Magda8 (*MA, Maria de (ourdes :oc"a8 MA:T*.!, &ura (;cia Oliver8 <A=E. A, *van> 5atarina8 ?E.!?@, 6an> Moreira8 A. :A, Marli
Bustamente para romper com esta suposta Cl+gica universalD ( que de universal no tin"a nada), e que escamoteava o autoritarismo da metodologia do ensino, $ que se desenvolve o movimento escolanovista. 5ontudo, como afirma T*TO.E (EFGG), o formalismo metodolgico prestou notveis servios metodologia na organiza o lgica do processo de instru o, mas conserva os defeitos essenciais, tais como o seu intelectualismos unilateral e abstrato, pois, nesta viso, ao educador no interessam nem os conte;dos, nem os sujeitos, nem os conte2tos, em que uma determinada pr/tica educativa acontece% !enhum dessses tres elementos s o considerados estruturantes do mtodo didtico%44 .a concepo tradicional de educao, a metodologia de ensino $ entendida , em s1ntese, como um conjunto padronizado de procedimentos destinados a transmitir todo e qualquer conhecimento universal e sistematizado.
*ndependentemente das diferen#as e2istentes entre os m$todos ativos mencionados, todos tra'em alguns elementos comuns de renova#oI a importMncia da atividade do aluno8 a necessidade de reordenar e adequar os conte;dos, considerando as caracter1sticas espec1ficas de cada realidade particular% Al$m disso, redefinem o papel que o professor,formador deve assumir na condu#o do processo educativo, qualificando-o deI orientador, norteador ou condutor do processo% Assim, em nome da auto-gesto e da autonomia, encontraremos posi#0es as mais diferenciadas, desde aquelas que postulam a elimina#o da figura do professor, at$ aquelas que o substituem pela figura do psic+logo, ou ainda pela de um coordenador de atividades e orientador dos trabal"os dos alunos% *nstauram-se, dessa forma, os mitos da n o diretividade e da democracia como democratismo% A viso liberal de mundo que norteia essas inova#0es metodol+gicas, contudo, no conseguiu ultrapassar os muros de algumas poucas escolas e2perimentais, que foram o palco dessas viv3ncias% *sto porque se esbarrava com as desigualdades s+cio-econHmicas e pol1ticas engendradas pelas rela#0es de produ#o e trabal"o capitalistas, que eram camufladas pela concepo liberal-burguesa de sociedade e de educa#o, que, direta ou indiretamente, inspirava a maioria das novas propostas metodol+gicas% <ugiam N regra aquelas que estavam voltadas, ainda que ingenuamente, para a transforma#o da sociedade, em uma perspectiva de desenvolvimento comunit/rio e auto-gestion/rio% A concep#o escolanovista de metodologia do ensino nunca se deu conta de sua utopia libertadora tin"a que se enfrentar com os pr+prios determinantes estruturais (econHmicos, sociais e pol1ticos) que a mantin"am prisioneira% .a concepo escolanovista de educao, a metodologia do ensino $ entendida, em s1ntese, como uma estratgia que visa garantir o aprimoramento individual e social%
.a concepo tecnicista de educao, a metodologia do ensino $ entendida, em s1ntese, como uma estratgia de aprimoramento tcnico, no sentido de garantir maior efici,ncia e eficcia ao processo de ensino$aprendizagem.
At$ este ponto, procurei mostrar que as conceitua#0es de metodologia aqu1 tratadas envolviam pelo menos dois grandes ei2osI um ei2o que podemos c"amar de princ1pios e,ou diretri'es, que decorrem da escol"a, feita de um modo consciente ou no, de uma concep#o de educa#o que, por sua ve', est/ comprometida com uma viso de mundo, "omem, sociedade, projeto pol1tico, etc% I e outro ei2o, de nature'a mais t$cnico-operacional (na falta de mel"or termo), que decorre da necessidade de condu'ir efetivamente a a#o, o trabal"o concreto (estudo, pesquisa, refle2o) dos que atuam como sujeitos em pr/ticas educativas !endo assim, poder1amos qualificar a metodologia do ensino, em uma perspectiva ist!rico" dial#tica da educao, como sendo um conjunto de princpios e(ou diretrizes scio$polticos, epistemolgicos e psico$pedaggicos articulados a uma estratgia tcnico$operacional capaz de reverter os princpios em passos e(ou procedimentos org0nicos e sequenciados, que sirvam para orientar o processo de ensino$aprendizagem em situa1es concretas. 5onforme foi mencionado na defini#o anterior, e mel"or e2plicitando a questo, os princ1pios e,ou diretri'es, coerentemente remetidos ao projeto pol1tico-educativo, envolveriam respostas a quest0es relativas Ns seguintes dimens0esI !+cio-pol1tica - esta dimenso nos remete a fa'er algumas refle20es sobreI a concep#o de "omem, mundo e sociedade que anima nosso projeto educativo8 a fun#o ou papel da educa#o nesse processo, suas finalidades e objetivos sociais, pol1ticos, filos+ficos, etc% Epistemol+gica P esta dimenso nos remete a refle20es para definir diretri'es relativasI a como se produ' o con"ecimento, numa perspectiva dial$tica8 N l+gica inerente a esse processo8 a quem produ' esse con"ecimento8 Ns diferen#as entre o c"amado saber popular e o saber sistemati'ado8 ao tipo de rela#0es e2istentes entre as diferentes formas de con"ecimento8 N importMncia e o sentido da teoria, numa perspectiva de uma educa#o cr1tica e consciente8 ao que significa di'er que o processo de produ#o de con"ecimento possui um aporte individual e s+cio cultural8 o que todas estas quest0es t3m a ver com o problema da escol"a e organi'a#o dos cnte;dos a serem trabal"ados durante o processo de ensino-aprendi'agem% &sico-pedag+gica P esta dimenso nos remete a outra bateria de quest0es que se referem ao plano subjetivo do processo de aprendi'agem e da postura e do papel que cabe a quem estiver e2ercendo a fun#o de dirigir a a#o educativa, ou seja, o professor,formador% .o que di' respeito N dimenso ps1quica do ato de aprender, $ preciso fa'er algumas indaga#0es% 5omo se d/ o processo de aprendi'agem, a partir de uma abordagem "ist+rico-dial$tica Q Rual a rela#o entre cultura e aprendi'agem Q Rual $ o significado do Outro (ou dos Outros, enquanto grupos estruturados) no processo de aprendi'agem Q Rual $ a importMncia e a contribui#o do grupo de parceiros no processo de aprendi'agem Q E a do professor, formador Q
a perspectiva especificamente pedag+gica, caberiam outras tantas refle20es sobreI a postura do professor na dire#o do processo de ensino-aprendi'agem8 no seu relacionamento com os alunos, na sua capacidade t$cnica de, primeiramente, escol"er t$cnicas, recursos e materiais pedag+gicos adequados para desenvolver os conte;dos escol"idos e, em segundo lugar, de organi'ar e estruturar conte;dos, levando em conta as dimens0es psico-sociais e epistemol+gicas, acima mencionadas% A concep#o mais geral de metodologia do ensino, acima e2posta, entendida como um conjunto de princpios e(ou diretrizes acoplada a uma estratgia tcnico$operacional , serviria como matri' geral, a partir da qual diferentes professores e,ou formadores podem produ'ir e criar ordena#0es diferenciadas a que c"amaremos de mtodos de ensino% 2 mtodo de ensino$aprendizagem "menos abrangente# seria a adapta o e a reelabora o da concep o de metodologia "mais abrangente# em conte-tos e prticas educativas particulares e especficas.
<inalmente, gostar1amos de ressaltar que, a partir de uma perspectiva "ist+rico-dial$tica, a metodologia e os m$todos de ensino no so esquemas universais aplic/veis mecMnica ou indiferentemente a qualquer pr/tica educativa, em qualquer situa#o, pois eles mesmos tamb$m se plasmam a partir de situa#0es particulares, num movimento espec1fico% isso decorre que a concep#o de metodologia do ensino que ora propomos no se redu' N elabora#o e aplica#o mecMnica e repetitiva de categorias te+rico-epistemol+gicas abstratas e formali'antes (ainda que e2tra1das da literatura mar2ista)8 mas, por recon"ecer-se "ist+rica, gan"ar/ mais consist3ncia e organicidade N medida em que esteja alicer#ada numa perspectiva de avan#o em refle20es te+ricas, que se referendem e construam a partir de e2peri3ncias pedag+gicas vivas e particulares e das pr/ticas sociais e cient1ficas em geral% 444444444444444444 5ampinas, EFFS