O Caminho Do Poder Espiritual A W Tozer PDF
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O
CAM1NHO
DO
PODER
ESPIRITUAL
A. W. Tozer
VoI. 1 - SrIe A. W. Tozer
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EDITORA MUNDO CRISTO
Rua AntnIo CarIos TacconI, ?9
TeI. S20-S011 CaIxa PostaI 21.2S?
0469S - So PauIo, Est. SP
TtuIo do orIgInaI em IngIs KEYS TO THE DEEPER LIFE
CopyrIgbt 19S? peIo Sunday MagazIne Inc. CbIcago, IIIInoIs E.U.A.
Traduo de WaIdemar W. Wey
I.
a
edIo brasIIeIra em 1961
2.
a
edIo brasIIeIra em 196S
3.
a
edIo brasIIeIra em 19S1
4.
a
edIo brasIIeIra em 19SS
Impresso na Imprensa da F, So PauIo, SP.
PubIIcado no BrasII com a devIda autorIzao e com todos os dIreItos reservados peIa
ASSOCIAO RELIGIOSA EDITORA MUNDO CRISTO
CaIxa PostaI 21.2S?, 0469S - So PauIo, SP, BrasII
ndIce
I. A ImpossIbIIIdade do ReavIvamento sem ReIorma.............................................4
II. Que a VIda MaIs ProIunda?..........................................................................S
III. Os Dons do EsprIto So Tambm para Ns, os de Hoje?..............................12
IV. Como FIcar CbeIo do EsprIto Santo.............................................................16
O autor
Dr. A. W. TO2R, reoen1emen1e ]o1eo1do, ero bos1on1e ooneo1do nos me1os
evong11oos, no somen1e oomo o on11go e ]ru11]ero ed11or do rev1s1o AIIIance WItness,
mos 1ombm oomo o pos1or de umo dos mo1ores 1gre]os do A11ono Cr1s1 e M1ss1onr1o.
, o1ndo mo1s do que 1s1o, ero ooneo1do por seus 11vros de gronde pene1roo e vo1or
sobre o v1do esp1r11uo1 mo1s pro]undo. 1e oons1on1emen1e reoeb1o oonv11es de 1odos os
por1es dos .U.A. poro reo11zor pre1ees em reun1es e oongressos b1b11oos. O Dr. Tozer
ero ooneo1do oomo "o pro]e1o de o]e".
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CAPITULO I
A ImpossIbIIIdade do ReavIvamento sem ReIorma
Onde quer que boje se renam crIstos, ouve-se constantemente o vocbuIo
reov1vomen1o, ou despertamento.
Nos sermes, cntIcos e oraes amIde estamos Iembrando ao Senbor e ao
nosso prxImo que, para resoIvermos nossos probIemas espIrItuaIs, precIsamos de um
poderoso reavIvamento, desses dos tempos Idos". Tambm revIstas e jornaIs reIIgIosos
tratam bastante desse tpIco, aIIrmando que o reavIvamento a maIor necessIdade da
bora que passa; e a pessoa que capaz de escrever um ensaIo sobre o assunto
certamente encontrar muItos edItores dIspostos a pubIIc-Io.
To Iortemente est a soprar a brIsa pr-reavIvamento que muI raro parece
aIgum ter o dIscernImento ou a coragem de resIstIr a esse vento, muIto embora a
verdade possa IacIImente estar naqueIa dIreo. A reIIgIo tem seus modIsmos ou
ondas, como sI acontecer IIIosoIIa, poItIca e s modas IemInInas. As maIores
reIIgIes do mundo tIveram seus perodos de decInIo e de recuperao, e taIs
recuperaes ou perodos ureos so IndevIdamente cbamados peIos bIstorIadores de
reavIvamentos ou reIIorescImentos.
No nos esqueamos que em aIguns pases o IsIamIsmo presentemente est
passando por um reavIvamento, e de que os ItImos reIatrIos vIndos do Japo nos d
conta de que, aps breve ecIIpse que veIo com a segunda guerra, o xIntosmo esta
experImentando notveI reIIorescImento. Mesmo nos E.U.A. o catoIIcIsmo romano,
bem como o protestantIsmo IIberaI esto avanando com taI ImpetuosIdade que a
paIavra reavIvamento se Iaz quase necessrIa para descrever o Ienmeno. E Isso sem
quaIquer perceptveI eIevao dos padres moraIs dos seus Iervorosos partIdrIos.
Uma reIIgIo, at mesmo o crIstIanIsmo popuIar, pode gozar de um rpIdo
desenvoIvImento todo dIvorcIado do transIormador poder do EsprIto Santo, e assIm
deIxar a Igreja da gerao seguInte em pIor condIo que a anterIor, caso jamaIs
ocorresse taI desenvoIvImento. CreIo que a ImperatIva necessIdade do momento no
apenas de reavIvamento, mas de uma reIorma radIcaI que atInja a raIz dos nossos
maIes moraIs e espIrItuaIs e que trate maIs das causas que das conseqncIas, maIs
do maI que dos sIntomas.
MInba sIncera opInIo esta: nas atuaIs cIrcunstncIas no estamos desejando
de todo um reavIvamento. Um vasto reavIvamento, do tIpo do crIstIanIsmo de que boje
temos conbecImento na AmrIca do Norte, pode bem provar ser uma tragdIa moraI da
quaI no nos recuperaremos dentro de cem anos.
E dou mInbas razes. Na gerao passada, reagIndo-se contra a aIta crtIca e sua
conseqncIa, o modernIsmo, surgIu no protestantIsmo poderoso movImento de deIesa
do bIstrIco Credo CrIsto. TaI corrente, por motIvos bvIos, Iez-se conbecIda peIo
nome de IundamentaIIsmo. Era maIs ou menos um movImento espontneo sem muIta
organIzao, mas seu propsIto, onde quer que aparecesse, era o mesmo: barrar ou
conter a Iorte mar do negatIvIsmo" na TeoIogIa CrIst e reaIIrmar e deIender as
doutrInas bsIcas do crIstIanIsmo do Novo Testamento. Esta parte da bIstrIa.
VTIMA DE SUAS VIRTUDES
Em geraI se oIvIda que esse IundamentaIIsmo, medIda que se espaIbou por
vrIos grupos denomInacIonaIs e IndenomInacIonaIs, caIu, vItImado por suas prprIas
vIrtudes. A PaIavra morreu nas mos de seus amIgos. A InspIrao verbaI, por
exempIo (doutrIna que sempre sustenteI e aInda boje deIendo), Iogo IoI atIngIda peIo
rIgor mor11s. SIIencIou a voz do proIeta e o escrIba empoIgou as mentes dos IIIs. Em
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vastas reas mIrrou a ImagInao reIIgIosa. Uma bIerarquIa nada oIIcIaI era quem
decIdIa sobre aquIIo que os crIstos devIam crer. AssIm o Credo CrIsto tornou-se no
as EscrIturas Sagradas, mas aquIIo que o escrIba acbava que as EscrIturas dIzIam. E
coIgIos, semInrIos, InstItutos bbIIcos, congressos bbIIcos, e popuIares exposItores
da BbIIa se reunIram para Iazer avanar o cuIto do textuaIIsmo. Da, um sIstema de
extremado dIspensacIonaIIsmo, que ento se IndustrIou, desobrIgou o crIsto do
arrependImento, da obedIncIa e da cruz - tomando Isso como IormaIIdades. Toma-
ram-se da Igreja trecbos InteIros do Novo Testamento e os dIspuseram de acordo com
um rgIdo sIstema de dIstrIbuIo da PaIavra da verdade".
O resuItado dIsso tudo IoI uma reIIgIo mentaImente InImIga do verdadeIro Credo
CrIsto. Desceu sobre o IundamentaIIsmo uma espcIe de nvoa geIada. Por baIxo, o
terreno era conbecIdo. Tratava-se, e certo do crIstIanIsmo do Novo Testamento. As
doutrInas bastas da BbIIa estavam presentes, mas o cIIma no era IavorveI aos doces
Irutos do EsprIto.
Todo aqueIe procedImento era dIIerente do da Igreja PrImItIva e do das grandes
aImas que padeceram e saImodIaram e adoraram nos scuIos Idos. As doutrInas eram
ss, mas estava ausente aIgo vItaI. Nunca se permItIu que IIorescesse a rvore da
doutrIna certa. Raramente se ouvIa na terra o arruInar da pomba; ao contrrIo, o
papagaIo encarapItou-se no seu poIeIro artIIIcIaI e maquInaImente repetIu o que Ibe
bavIam ensInado, e Isso num tom emocIonaI bem meIancIIco e atoIeImado. AssIm a
I, ou uma doutrIna poderosa e vItaIIzante, tornou-se na boca do escrIba coIsa bem
dIIerente, e sem poder. Ento, trIunIando a Ietra, o EsprIto desertou e o textuaIIsmo
passou a reInar, supremo. FoI o tempo do catIveIro babIInIco do crente.
Por amor exatIdo, deve-se dIzer que Isso IoI apenas uma condIo ou estado
geraI. certo que mesmo nesses tempos precrIos bouve aIguns que, de ardentes
coraes, reveIaram ser meIbores teIogos do que seus prprIos mestres. E eIes
apontavam para uma pIenItude e um poder desconbecIdo do resto deIes, O nmero
destes, porm, era pequeno, e maIores as des-propores. AssIm, no conseguIram
eIImInar a nvoa que paIrava sobre o terreno.
O erro ou deIeIto do textuaIIsmo no de natureza doutrInrIa. maIs sutII que
Isto e bem maIs dIIcII de ser descoberto ou percebIdo; mas os seus eIeItos so to
mortIeros quanto os desvIos doutrInrIos. FIcam aqum no os seus postuIados
teoIgIcos, mas as suas admIsses ou aIIrmatIvas.
EIe admIte, por exempIo, que, tendo-se a paIavra para uma coIsa, temos a prprIa
coIsa. Se est na BbIIa, est em ns. Se temos a doutrIna, temos a experIncIa.
DIzem: se Isto ou aquIIo era verdade a respeIto do ApstoIo PauIo, necessarIamente
verdade tambm a nosso respeIto, porque aceItamos que as Cartas deIe so InspIradas
por Deus. A BbIIa nos dIz como nos podemos saIvar, mas o 1e1uo11smo vo1 mo1s 1onge,
]ozendo-o d1zer que es1omos so1vos, aIgo que peIa verdadeIra natureza das coIsas no
se pode Iazer. A certeza da saIvao IndIvIduaI assIm no passa de mera concIuso
IgIca tIrada de premIssas doutrInrIas e nada maIs que o resuItado de uma
experIncIa InteIramente mentaI.
REVOLTA RESULTANTE DA TIRANIA MENTAL
Da veIo a revoIta. A mente bumana pode suportar o textuaIIsmo at certo ponto,
porque depoIs comea a procurar uma vIvuIa de escape. AssIm, sorrateIramente, e
mesmo sem ter conscIncIa de que se processa uma revoIta, as massas do
IundamentaIIsmo reagIram, no contra os ensInos da BbIIa, mas contra a tIranIa
mentaI dos escrIbas. Com a mesma angstIa daqueIes que esto a ponto de perecer
aIogados, procuram vIr tona, em busca de ar, e bataIbaram cegamente por maIor
IIberdade de pensamento e peIa satIsIao emocIonaI, exIgIdas por suas naturezas e
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negadas por seus mestres.
O resuItado coIbIdo nestes ItImos vInte anos IoI este: uma perverso reIIgIosa
que maI se equIpara queIa em que IsraeI passou a adorar o bezerro de ouro. Com
verdade se pode dIzer que nos, crIstos bbIIcos, nos assentamos a comer e a beber, e
nos Ievantamos para IoIgar". Quase que desapareceu totaImente a IInba dIvIsrIa entre
a Igreja e o mundo.
parte outros pecados maIs graves, vemos que os desvIos do mundo no
regenerado recebem agora a sano e aprovao de um cbocante nmero de crIstos
que dIzem ter nascIdo de novo; e taIs pecados passam a ser copIados com extrema
ansIedade. Jovens crIstos tomam por modeIo as modas escandaIosamente
mundanas, e buscam assemeIbar-se o maIs possveI as pessoas de conduta duvIdosa,
ou decIaradamente IrreIIgIosas. Lderes reIIgIosos b que adotaram as tcnIcas dos
propagandIstas, e, assIm, os exageros, as Iscas e as condenveIs vangIorIas surgem
nos setores ecIesIstIcos como procedImento normaI. Sente-se que o cIIma normaI no
do Novo Testamento, e sIm da Broadway e de HoIIywood.
A maIor parte dos evangIIcos no maIs se InIcIa, mas ImIta, e o mundo o
modeIo deIes. AqueIa ardente e santa crena de nossos paIs em muItos setores tornou-
se como um passatempo, e o que maIs desoIa e entrIstece ver que todo esse maI vem
de cIma at s massas.
Essa voz de protesto que se Inaugurou com o Novo Testamento e que sempre se
Iez ouvIr em aIto e bom som nos tempos em que a Igreja tInba poder, IoI abaIada e
sIIencIada com notveI xIto. AqueIe eIemento radIcaIIsta - peIo seu testemunbo e
vIda - que outrora Iez dos crIstos IndIvduos odIados peIo mundo, j no se v no
evangeIIsmo dos dIas que vIvemos. Os crIstos dIstInguIram-se outrora como
verdadeIros revoIucIonrIos - moraIs, mas no poItIcos - e boje temos perdIdo esse
carter revoIucIonrIo. Vemos que boje no perIga maIs o ser crIsto, nem coIsa
custosa s-Io. A Graa j no maIs IIvre, e sIm barata. Preocupamo-nos boje como
provar ao mundo, e aos mundanos, que podemos todos gozar os beneIcIos do Evan-
geIbo sem a menor InconvenIncIa ao seu babItuaI teor de vIda. Nosso tudo Isso, e o
cu tambm".
Este quadro que damos da crIstandade moderna, embora no tenba apIIcao a
todos em geraI, representa na verdade a esmagadora maIorIa dos crIstos da era atuaI.
Por este motIvo juIgo ser coIsa v e IntII reunIrem-se grandes pores de crentes com
o IIto de gastarem Iongas boras a rogar a Deus que Ibes mande um reavIvamento.
Enquanto no desejarmos sInceramente nos reIormar, no devemos orar. S baver
verdadeIro reavIvamento quando pessoas de orao receberem a vIso e a I que os
Induzam a emendar todo o seu teor de vIda, para que se ajustem ao padro do Novo
Testamento.
QUANDO SE ORA ERRADAMENTE
AIgumas vezes ora-se no s em vo, mas tambm errado. Vejamos o exempIo:
IsraeI Iora derrotado em AI, e Josu rasgou as suas vestes, e se prostrou em terra
sobre o seu rosto perante a arca do Senbor at tarde, eIe e os ancIos de IsraeI; e
deItaram p sobre as suas cabeas" (Josu ?:6).
De acordo com a nossa atuaI IIIosoIIa do reavIvamento, Isso era o que devIa ser
IeIto e, uma vez que Isso se IIzesse contInuamente, certo que convencerIa a Deus e
EIe acabarIa concedendo aqueIa bno. Mas, dIsse o Senbor a Josu: Levanta-te; por
que ests prostrado assIm sobre o teu rosto? IsraeI pecou, e vIoIaram a mInba aIIana,
aquIIo que eu Ibes ordenara... DIspe-te, santIIIca o povo, e dIze: SantIIIcaI-vos para
amanb, porque assIm dIz o Senbor Deus de IsraeI: ...aos vossos InImIgos no
podereIs resIstIr enquanto no eIImInardes do vosso meIo as cousas condenadas"
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(Josu ?:10-13).
PrecIsamos de uma reIorma dentro da Igreja. PedIr que um dIIvIo de bnos
caIa sobre uma Igreja desobedIente e decada desperdIar tempo e energIas. Nova
onda de Interesse reIIgIoso apenas conseguIr adIcIonar nmeros s Igrejas que no
tencIonam submeter-se soberanIa de Jesus e nem buscam obedecer aos
mandamentos dEIe. Deus no est Interessado tanto em aumentar a IreqncIa s
Igrejas, mas em Iazer com que taIs pessoas emendem seus camInbos e comecem a
vIver santamente.
Certa vez o Senbor peIa boca do proIeta Isaas dIsse paIavras que acIaram este
assunto de uma vez por todas: De que me serve a mIm a muItIdo de vossos
sacrIIcIos? dIz o Senbor. Estou Iarto dos boIocaustos de carneIro, e da gordura de
anImaIs cevados, e no me agrado do sangue dos novIIbos, nem de cordeIros, nem de
bodes. Quando vIndes para comparecer perante mIm, quem vos requereu o s
pIsardes os meus trIos? No contInueIs a trazer oIertas vs; o Incenso para mIm
abomInao, e tambm as Iuas novas, os sbados, e a convocao das congregaes;
no posso suportar InIqIdade assocIada ao ajuntamento soIene... LavaI-vos, purIIIcaI-
vos, tIraI a maIdade de vossos atos de dIante dos meus oIbos: cessaI de Iazer o maI.
AprendeI a Iazer o bem; atendeI justIa, repreendeI ao opressor; deIendeI o dIreIto do
rIo, pIeIteaI a causa das vIvas... Se quIserdes, e me ouvIrdes, comereIs o meIbor
desta terra." (Isaas 1:11-1?,19.)
Os rogos, pedIndo reavIvamento, s sero ouvIdos quando acompanbados de uma
radIcaI emenda ou reIorma de vIda; nunca antes. ReunIes de orao que atravessam
a noIte mas no so precedIdas de verdadeIro arrependImento s podem desagradar a
Deus. O obedecer meIbor do que o sacrIIIcar." (1 SamueI 1S:22.)
Urge voItarmos ao crIstIanIsmo do Novo Testamento, no apenas no que respeIta
ao credo mas tambm na maneIra compIeta de vIver. Separao, obedIncIa,
bumIIdade, naturaIIdade, serIedade, autodomnIo, modstIa, IonganImIdade: tudo Isso
precIsa ser novamente parte vIvIIIcante do conceIto totaI do crIstIanIsmo e aparecer no
vIver cotIdIano. PrecIsamos purIIIcar o tempIo, tIrando de dentro deIe os mercenrIos e
os cambIadores, e IIcarmos outra vez InteIramente sob a autorIdade do Senbor
ressurreto. E Isto que aquI agora dIzemos apIIca-se a quem escreve estas IInbas, bem
como a cada um dos que Invocam o nome de Jesus. Da, sIm, poderemos orar em
pIena conIIana, e aguardar o verdadeIro reavIvamento que certo vIr.
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CAPTULO II
Que a VIda MaIs ProIunda?
Suponbamos que um ser angeIIcaI, que desde a crIao conbece o proIundo e
sereno arroubo de babItar na Presena de Deus, aparecesse na terra e vIvesse aIgum
tempo entre ns, crIstos. Acba voc, amado IeItor, que eIe IIcarIa admIrado ante o que
seus oIbos pudessem ver?
Certamente se admIrarIa de ver, por exempIo, como podemos nos contentar com
esse nveI to pobre e to baIxo de nossa experIncIa espIrItuaI. SIm, porque no IIm de
tudo temos em nossas mos uma mensagem, vInda de Deus, no s nos convIdando
para a Sua santa companbIa mas dando-nos tambm Instrues detaIbadas para
conseguIrmos essa bno. DepoIs de se deIIcIar com a bem-aventurana dessa ntIma
comunbo com Deus, como poderIa taI pessoa compreender esse esprIto IrreguIar e
que se contenta com pouco, caracterstIca da maIor parte dos crentes evangIIcos
destes dIas? E, se esse ser angeIIcaI conbeceu esprItos ardentes como MoIss, DavI,
Isaas, PauIo, Joo, Estevo, AgostInbo, RoIIe, RutberIord, Newton, BraInerd e Faber,
IogIcamente concIuIrIa que os crIstos do scuIo XX compreenderam maI aIgumas
doutrInas vItaIs do Credo CrIsto e IIcaram aqum do verdadeIro conbecImento de
Deus.
Que dIramos, se eIe se assentasse conosco nas sesses dIrIas de um dos nossos
comuns InstItutos bbIIcos e notasse as extravagantes aIegaes que Iazemos de ns
mesmos como crentes em CrIsto e as comparasse com as nossas atuaIs experIncIas
reIIgIosas? ConcIuIrIa por certo baver srIa contradIo entre aquIIo que ns pensamos
que somos e aquIIo que somos na reaIIdade. A ousada procIamao de que somos
IIIbos de Deus, de que ressuscItamos com CrIsto, de que com EIe nos assentamos nos
Iugares ceIestIaIs, de que experImentamos a babItao do EsprIto doador da vIda, de
que somos membros do Corpo de CrIsto e IIIbos da nova crIao, est sendo
desmentIda por nossas atItudes, por nossa conduta, e, acIma de tudo, por essa nova
IaIta de Iervor e ausncIa do esprIto de adorao.
E, se taI vIsItante ceIestIaI cbamasse nossa ateno para a grande dIIerena entre
nossas crenas doutrInrIas e nossas vIdas, sorrIndo o despacbaramos expIIcando-
Ibe que essa a dIIerena normaI entre nossa posIo segura e nosso estado varIveI.
Da, certamente eIe quedarIa boquIaberto ao notar, trIste, que seres como ns, crIados
Imagem de Deus, nos permItamos taIs jogos de paIavras, brIncando assIm com
nossas aImas.
E no sIgnIIIcatIvo o Iato de taIs deIensores da posIo evangIIca, que Iazem do
ApstoIo PauIo um grande cabedaI, serem to pouco pauIInos em esprIto? ExIste
grande e ImportantssIma dIIerena entre o credo pauIIno e a vIda pauIIna. AIguns de
ns que, por anos, vImos com sImpatIa observando o cenrIo crIsto, sentImo-nos
constrangIdos a paraIrasear as paIavras da morIbunda raInba e excIamar: PauIo!
PauIo! Quantos maIes se IIzeram em teu nome!" Crentes, s dezenas de mIIbares, que
at se orguIbam de Interpretar muIto bem as Cartas aos Romanos e aos EIsIos, no
conseguem esconder a grItante contradIo espIrItuaI que exIste entre seus coraes e
o corao do ApstoIo PauIo.
TaI dIIerena pode ser expressa nestas paIavras: o ApstoIo PauIo IoI um
pesquIsador, e um acbador, e sempre um pesquIsador. TaIs crIstos so pesquIsado-
res e acbadores, mas no contInuam a pesquIsar. Tendo aceIto" a CrIsto, IncIInam-se
a coIocar a IgIca no Iugar da vIda, e a doutrIna no Iugar da experIncIa.
Para eIes a verdade torna-se um vu para esconder o rosto de Deus. Para o
ApstoIo PauIo era a porta de entrada Presena de Deus. O esprIto de PauIo era o do
ansIoso expIorador. PesquIsava eIe as coIInas de Deus, em busca do ouro do
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conbecImento ou comunbo pessoaI e espIrItuaI. MuItos boje se atm doutrIna de
PauIo, muIto embora no o sIgam na sua apaIxonada ansIedade em proI da reaIIdade
dIvIna. Podem taIs IndIvduos ser tIdos como pauIInos, a no ser de nome e rtuIo?
SE PAULO ESTIVESSE PREGANDO HOJE
Com estas paIavras - Para que possa conbec-Io" - o ApstoIo PauIo
respondeu aos queIxosos recIamos da carne e correu em busca da perIeIo. Todo
Iucro contou como perda peIa exceIncIa do conbecImento de CrIsto Jesus, o Senbor;
e, se o conbec-Io meIbor Ibe sIgnIIIcava soIrImento, e mesmo a morte, Isto no
ImpedIa o ApstoIo de marcbar para a Irente. Para eIe o ser semeIbante a CrIsto era
aIgo sem preo. SuspIrava por Deus como o cervo suspIra peIos manancIaIs de guas,
e para eIe o mero racIocnIo tInba pouco que ver, comparado vIda que sentIa.
Na verdade, boa srIe de conseIbos e de IgnbeIs escusas poderIa ser apresentada
para aIrouxar-Ibe o passo, dIsso temos ouvIdo bastante. Poupe sua sade" - um
amIgo prudente Ibe terIa dIto. E outro: Voc corre o perIgo de IIcar maIuco, ou
soIrendo dos nervos". E um terceIro dIrIa: "Voc muIto Iogo ser apontado como
extremIsta"; e um pacato proIessor de BbIIa, com maIs teoIogIa do que sede espIrItuaI,
apressa-se em dIzer-Ibe no b maIs nada a ser pesquIsado, ou buscado. E dIz: "Voc
j IoI aceIto no amado, e abenoado com todas as bnos espIrItuaIs nos Iugares
ceIestIaIs em CrIsto. Que maIs quer voc? Tudo que voc tem a Iazer crer, e esperar o
dIa IInaI da vItrIa dEIe".
Ento, o ApstoIo PauIo precIsarIa ser exortado, se vIvesse conosco em nossos
dIas, poIs assIm substancIaImente, tenbo vIsto se amortecerem e se atenuarem as
aspIraes dos santos, quando eIes se movImentam, para vIver com Deus num
crescente grau de IntImIdade. Mas, conbecendo a PauIo como o encontramos nas
pgInas do Novo Testamento, seguro presumIr que eIe repudIarIa to baIxo conseIbo
de convenIncIa ou utIIItarIsmo, e avanarIa para o aIvo - o prmIo da suprema
vocao de Deus em CrIsto Jesus. E bem Iaremos em seguI-Io.
Quando o ApstoIo excIama: "Para que possa conbec-Io", emprega o verbo
ooneoer no no sentIdo de InteIecto e sIm no seu sentIdo de experIncIa. PrecIsamos
compreender bem que eIe quIs reIerIr-se no mente e sIm ao corao. O
conbecImento teoIgIco conbecImento acerca de Deus. Conquanto IndIspensveI,
no suIIcIente.
Tem eIe para com a necessIdade espIrItuaI do bomem a mesma reIao que um
poo tem para com a necessIdade materIaI do seu IsIco. No proprIamente por
aqueIe poo cavado na rocba que suspIra o vIajor suarento e coberto de p, e sIm peIa
gua ImpIda e Iresca que deIe jorra. AssIm, o que sacIa a antIga sede do corao do
bomem no o conbecImento InteIectuaI de Deus, e sIm a Pessoa e a Presena reaI do
prprIo Deus. E Isso nos vem a ns peIa doutrIna crIst, mas muIto maIs que mera
doutrIna. O objetIvo da verdade crIst Ievar-nos a Deus e nunca substItuIr a Deus.
NOVA ASPIRAO ENTRE OS EVANGLICOS
Nos ItImos tempos tem surgIdo dentro do corao de um crescente nmero de
crentes evangIIcos uma nova tendncIa ou aspIrao que busca uma experIncIa
espIrItuaI acIma da mdIa, ou comum. No obstante, a maIorIa aInda se esquIva a
esse desejo ardente e Ievanta objees que evIdencIam m compreenso, ou medo, ou
decIarada IncreduIIdade. Ento, aponta-se para os pseudocrIstos neurtIcos,
psIctIcos, IaIsos adoradores, e para os desarvorados IantIcos, conIundIndo a todos
num s grupo, sem a menor dIscrImInao, como seguIdores da "vIda maIs proIunda."
Sendo taI procedImento um verdadeIro dIsparate, o Iato de exIstIr taI conIuso
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obrIga aos que advogam essa vIda cbeIa do EsprIto a deIInIr o que reaImente vem a
ser "vIda maIs proIunda" e expIIcar a posIo que tomaram. Que se quer sIgnIIIcar com
Isso? Que que estamos procIamando?
Quanto a mIm, estou bem certo de que estou ensInando nada maIs que CrIsto
crucIIIcado. Para que eu aceIte um ensIno ou mesmo enIatIze Isto ou aquIIo, precIso
estar persuadIdo de tratar-se de uma coIsa que est radIcada nas EscrIturas
Sagradas, e tambm totaImente nos ensInos apostIIcos, por seu esprIto e ndoIe. E
deve aInda estar em InteIra barmonIa com o que de meIbor exIste na bIstrIa da Igreja
CrIst e na tradIo, sustentada peIas capItaIs obras devocIonaIs, peIa maIs doce e
maIs radIosa bInoIogIa e peIas maIs eIevadas experIncIas reveIadas em bIograIIas
crIsts.
EIa precIsa tambm estar dentro dos IImItes do padro da verdade que nos deu
aImas santas como Bernardo de CIaIrvaux, Joo da Cruz, MoIInos, NIcoIau de Cusa,
Joo FIetcber, DavId BraInerd, RegInaIdo Heber, Evan Roberts, o GeneraI Bootb, e
todo um exrcIto de aImas semeIbantes que, embora menos dotadas e menos
conbecIdas, Iormam aquIIo a que PauIo S. Rees (em outra reIao) cbama de "a
semente do reavIvamento". Esta quaIIIIcao muIto acertada, porque so estes
crIstos extraordInrIos que ImpedIram a crIstandade de entrar em coIapso,
arrancando-a dos braos da condenveI medIocrIdade espIrItuaI em que vIvIa.
FaIar na "vIda maIs proIunda" no dIscorrer sobre aIgo maIs proIundo do que a
sIngeIa reIIgIo do Novo Testamento. MeIbor: InsIstIr com os crentes para que
expIorem as proIundezas do EvangeIbo de CrIsto e busquem aqueIes tesouros que
certamente eIe guarda, mas que certamente para ns aInda no exIstem. Essa vIda
"maIs proIunda" somente porque a vIda crIst mdIa, ou comum, tragIcamente rasa
e superIIcIaI, de casquInba.
Todos quantos boje desejam uma vIda maIs proIunda podem desIavoraveImente
ser comparados com aIguns crIstos que cercavam outrora os apstoIos PauIo e Pedro.
Conquanto no bouvessem conseguIdo grande progresso, tInbam seus rostos voItados
para a Iuz e nos Iazem sInaI para que avancemos. TrIste verIIIcar como podemos
justIIIcar nossa recusa em atender ao convIte que nos Iazem.
Os seguIdores da vIda maIs proIunda nos dIzem que devemos dIIIgencIar por
gozar, numa ntIma experIncIa pessoaI, esses eIevados prIvIIgIos que so nossos em
CrIsto Jesus, que devemos InsIstIr em provar a doura da adorao InterIor em
esprIto e em verdade; que, para aIcanarmos esse IdeaI, precIsamos, se necessrIo, Ir
aIm desses nossos Irmos que se contentam com menos, e enIrentar quI tremenda
oposIo que nos sobrevIr,
O escrItor de aIamado IIvro devocIonaI - Te C1oud o] UnKnou1ng (A Nuvem do
DesconbecIdo) - abre sua obra com uma orao que expressa o esprIto do ensIno
dessa vIda maIs proIunda. DIz ento: " Deus, para quem todos os coraes esto a
descoberto. . . e para quem segredo aIgum est encoberto, eIs que Te busco para que
purIIIques o Intento do meu corao com o IndescrItveI dom da Tua graa, para que
eu Te possa amar de modo perIeIto e Te Iouvar dIgnamente. Amm."
Quem verdadeIramente nasceu do EsprIto, a menos que esteja prejudIcado por
um ensInamento errado, pode acaso Iazer objeo a essa InteIra purIIIcao do
corao que babIIIta a amar perIeItamente a Deus e a Iouv-Io dIgnamente? PoIs
exatamente Isso o que desejamos aIIrmar e ensInar, quando IaIamos dessa experIncIa
da "vIda maIs proIunda". EnsInamos que Isso IIteraImente se cumpre ou se d dentro
do corao, e que Isso no coIsa sImpIesmente aceIta peIa cabea.
NIcIoro, um dos paIs da Igreja OrIentaI, num pequeno tratado sobre a vIda cbeIa
do EsprIto, Iaz InIcIaImente um convIte que nos parece estranbo, somente porque por
muIto tempo nos acostumamos a seguIr a CrIsto de Ionge e nos acomodamos a vIver
com gente que no O segue de perto. "Vs, que desejaIs ter para vs a maravIIbosa
11
IIumInao dIvIna de nosso Senbor Jesus CrIsto; que buscaIs sentIr o Iogo dIvIno em
vossos coraes: que vos esIoraIs por gozar e experImentar o sentImento de
reconcIIIao com Deus; que, ansIosos por desenterrar o tesouro escondIdo no campo
do vosso corao e por querer possu-Io, renuncIastes todos os bens do mundo; que
desejaIs que as tocbas de vossas aImas se queImem e brIIbem sempre e sempre, e que,
para taI IIm, renuncIastes tudo que b no mundo; que aspIraIs, medIante experIncIa
conscIente, conbecer e receber o ReIno do Cu que exIste dentro de vs; vInde e IareI
conbecIda a cIncIa da vIda ceIestIaI e eterna."
FacIImente poderamos cItar outras paIavras semeIbantes, a ponto de encbermos
meIa dzIa de voIumes. Esta sede de Deus jamaIs deIxou de exIstIr em quaIquer
gerao. Sempre bouve IndIvduos que condenaram os camInbos InIerIores e
comodIstas, e InsIstIram na necessIdade de s paImIIbar as eIevadas estradas reaIs da
perIeIo espIrItuaI. No obstante, bom anotar que o vocbuIo perIeIo nunca
sIgnIIIcou um ponto espIrItuaI termInaI nem um estado de pureza que dIspensasse a
orao e a vIgIIncIa. O contrrIo dIsto a verdade exata.
OUVINDO, MAS NO OBEDECENDO
Os maIs notveIs crIstos conIIrmam unanImemente que, quanto maIs perto de
Deus, maIs aguda e vIva se torna a conscIncIa do pecado e o sentImento de desvaIIa
pessoaI. As aImas maIs puras jamaIs conbeceram quo puras eram, e os grandes
santos nunca souberam que eram grandes. O prprIo pensamento de que eram bons
ou grandes terIa sIdo rejeItado por eIes como tentao de Satans.
FIcaram to enIevados e preocupados em contempIar a Iace de Deus que tIveram
muI pouco tempo para oIbar para sI mesmos. FIcaram maIs que enIevados nesse doce
paradoxo de conscIncIa ou conbecImento espIrItuaI, peIo quaI ooneoerom que
estavam IImpos medIante o sangue do CordeIro, e peIo quaI sen11rom que merecIam
somente a Morte e o InIerno, por justa paga. Este sentImento aparece muI ntIdo e
Iorte nos escrItos do ApstoIo PauIo, e IguaImente o encontramos expresso em quase
todos os IIvros devocIonaIs, bem como nos bInos sacros de maIor vaIIa e maIs que-
rIdos.
A quaIIdade ou vIrtude da crIstandade evangIIca b de meIborar muIto, caso o
desusado Interesse que boje se nota peIa reIIgIo no deIxe a Igreja em pIor estado que
antes de baver aparecIdo o Ienmeno. Se prestarmos ateno, creIo que ouvIremos o
Senbor dIzer a ns aquIIo que dIsse certa vez a Josu: DIspe-te agora, passa este
Jordo tu e todo este povo, terra que eu dou aos IIIbos de IsraeI." Ou ouvIremos o
escrItor da Carta aos Hebreus dIzendo-nos: Por Isso, pondo de parte os prIncpIos
eIementares da doutrIna de CrIsto, deIxemo-nos Ievar para o que perIeIto." E, por
certo, ouvIremos o ApstoIo PauIo a nos exortar que nos encbamos do EsprIto
Santo".
Se estIvermos suIIcIentemente despertos para ouvIr a voz de Deus, de modo
aIgum podemos nos contentar apenas com o crer nIsso". Como pode o bomem crer
numa ordem, ou mandamento? Os mandamentos se do para serem observados,
obedecIdos; e, enquanto no os pusermos em prtIca, nada temos IeIto de posItIvo. E
maIs: ouvIr mandamentos e deIxar de Ibes obedecer InIInItamente pIor do que nunca
os ter ouvIdo, especIaImente Iuz do ImInente retorno de CrIsto e Seu juzo vIndouro.
12
CAPITULO III
Os Dons do EsprIto So Tambm para Ns, os de Hoje?
A respeIto dos dons espIrItuaIs, Irmos", - escreveu o ApstoIo PauIo aos
crIstos de CorInto - no quero que sejaIs Ignorantes."
Com taIs paIavras certamente o ApstoIo no querIa dIzer nada de desaIroso ou
deprImente. Ao contrrIo, estava a expressar bondoso Interesse por seus
correIIgIonrIos para que no estIvessem nem maI InIormados nem errados acerca de
uma verdade to Importante como essa.
evIdente que por aIgum tempo ns, evangIIcos, temos deIxado de avaIIar
devIdamente as maIs proIundas rIquezas da graa que Deus separou para ns em
Seus santos propsItos. Em conseqncIa dIsso, temos soIrIdo grandemente, e mesmo
tragIcamente. Um dos grandes e abenoados tesouros de que nos temos prIvado o
dIreIto de possuIr os dons do EsprIto, os quaIs nos so oIerecIdos com gIorIosa
pIenItude e cIareza na dIspensao do Novo Testamento.
Contudo, antes de avanarmos neste ponto, quero deIxar cIaro que no mudeI o
meu modo de pensar sobre o assunto. O que estou aquI escrevendo vem sendo o meu
credo b muItos anos. Nenbuma recente experIncIa espIrItuaI tem aIterado de
quaIquer modo mInba I. SImpIesmente IIgo verdades que tenbo sustentado durante
todo o meu mInIstrIo pbIIco e que venbo pregando com InaIterveI consIstncIa onde
e quando sInto que meus ouvIntes as podem aceItar.
No que dIz respeIto s atItudes tomadas para com os dons do EsprIto, os crIstos
nestes ItImos anos se tm dIvIdIdo em trs grupos dIIerentes, e que so:
PrImeIro, os dos que magnIIIcam os dons do EsprIto a ponto de no enxergarem
maIs nada.
Segundo, o dos que negam que os dons do EsprIto eram para a Igreja nesse
perodo de sua bIstrIa.
TerceIro, o dos que parecem estar totaImente enIadados com taI assunto e j no
querem gastar tempo a dIscutI-Io.
MaIs recentemente tomamos conscIncIa de baver aInda outro grupo, de nmero
to reduzIdo que parece no merecer cIassIIIcao parte. o dos que desejam
conbecer a verdade sobre os dons do EsprIto e experImentar o que Deus tem
preparado para eIes dentro do contexto da sadIa I neotestamentrIa. Para estes que
escrevemos estas IInbas.
QUAL A IGREJA VERDADEIRA
Todo probIema espIrItuaI tem raIz teoIgIca. Sua soIuo depende do ensIno das
Sagradas EscrIturas e da correta compreenso desse ensIno. Essa correta
compreenso constItuI uma IIIosoIIa espIrItuaI, Isto , um ponto de vIsta, um terreno
de grande vantagem de onde se pode dIvIsar, de vez, toda a paIsagem, surgIndo cada
pormenor em sua reIao prprIa para com os demaIs. Uma vez atIngIdo esse
vantajoso terreno estamos aptos a avaIIar quaIquer ensIno ou Interpretao que se nos
oIerea em nome da verdade.
Na Igreja a compreenso reta e exata dos dons do EsprIto depende da reta
conceItuao da natureza da Igreja. O probIema dos dons no pode ser IsoIado da
questo maIor, e nem resoIvIdo por sI.
A verdadeIra Igreja um Ienmeno espIrItuaI que surge na socIedade bumana, e
que at certo grau se entremIstura com eIa, deIa porm dIIerIndo bastante por certas
caracterstIcas vItaIs. A Igreja se compe de pessoas regeneradas que dIIerem de
outras pessoas peIo Iato de vIverem uma vIda de quaIIdade superIor, que Ibes IoI
13
InIundIda por ocasIo da sua renovao InterIor.
TaIs pessoas so IIIbos de Deus num sentIdo bem dIverso em que o so os demaIs
seres crIados.
A orIgem deIes dIvIna, e a cIdadanIa deIes est no cu.
Adoram a Deus no EsprIto, regozIjam-se em Jesus CrIsto e j no maIs conIIam
na carne.
Fazem parte de uma gerao eIeIta, de um sacerdcIo reaI, de uma nao santa, e
so um povo pecuIIar, ou especIaI.
Esposaram a causa de um Homem rejeItado e crucIIIcado que Se dIsse Deus e
que empenbou Sua prprIa bonra e paIavra, dIzendo que IrIa preparar um Iugar para
eIes na casa de Seu PaI e que voItarIa para Iev-Ios para I com sumo regozIjo.
Enquanto aguardam to maravIIbosos acontecImento eIes vo carregando a cruz
dEIe, vo soIrendo todas as IndIgnIdades e oIensas que os bomens atIram sobre eIes,
por causa de CrIsto, e na terra atuam como embaIxadores dEIe e Iazem a todos os
bomens o bem que podem em nome dEIe.
FIrmemente crem que partIcIparo do Seu trIunIo, e, por essa razo, voIuntrIa e
espontnea, arrostam tambm a rejeIo de CrIsto, da parte de uma socIedade que
no os compreende.
E, por Isso tudo, no guardam nenbum ressentImento, mas, ao contrrIo, com
proIundo e sIncero desejo, amam seus oposItores e deIes se compadecem, querendo
que todos os bomens se arrependam e se reconcIIIem com Deus.
Este um sereno resumo de um aspecto do ensIno neotestamentrIo sobre a
Igreja. Mas, outra verdade, aInda maIs reveIadora e sIgnIIIcatIva para todos quantos
buscam InIormar-se meIbor acerca dos dons do EsprIto, esta de que a Igreja um
corpo espIrItuaI, uma entIdade orgnIca unIda peIa vIda que resIde dentro deIa.
CADA MEMBRO JUNTADO AO OUTRO
Cada membro juntado ao todo por uma reIao de vIda. AssIm como se pode
dIzer que a aIma a vIda do seu corpo, tambm a babItao do EsprIto a vIda da
Igreja.
A IdIa de que a Igreja o corpo de CrIsto no errada, poIs resuIta da nIase
bastante Iorte que se d a uma mera IIgura de IInguagem que eIe no querIa que se
tomasse muIto IIteraImente.
O ensIno cIaro e enItIco do grande ApstoIo este: CrIsto a cabea da Igreja,
sendo esta o Seu corpo. Este paraIeIo aparece cuIdadosamente apresentado, e de
maneIra contnua, em Iongos trecbos. TIram-se concIuses da doutrIna, e se Iaz com
que certa conduta moraI dependa dIsso.
Como o bomem normaI tem um corpo com vrIos membros obedIentes, com uma
cabea a dIrIgI-Ios, assIm tambm exato que a verdadeIra Igreja um corpo, e os
crIstos IndIvIduaImente so membros, e CrIsto a Cabea.
A mente, ou esprIto, atua peIos membros do corpo, usando-os para cumprIr seus
InteIIgentes propsItos. O ApstoIo PauIo nos IaIa do p, da mo, do ouvIdo, e do oIbo
como sendo membros do corpo, cada quaI com sua Iuno prprIa, embora IImItada;
mas o EsprIto que neIes opera (1 Cor. 12:1-31).
Ao ensIno de que a Igreja o corpo de CrIsto - encontrado no captuIo 12 da
PrImeIra Carta aos CorntIos - segue-se uma IIsta de certos dons espIrItuaIs, e a se
nos reveIa a necessIdade desses dons.
A cabea InteIIgente s pode operar quando tem s suas ordens rgos adrede
preparados para vrIas tareIas. a mente que v, mas no pode ver sem os oIbos. a
mente que ouve, mas no pode ouvIr sem ouvIdos.
E assIm acontece com todos os demaIs membros que so Instrumentos por
14
IntermdIo dos quaIs a mente se movImenta para o mundo exterIor, com o IIto de Ievar
avante os pIanos da mente.
Como toda atIvIdade bumana se executa atravs da mente, assIm tambm a obra
da Igreja se Iaz peIo EsprIto, e somente por EIe. Mas, para operar, deve EIe ter no
corpo certos membros com babIIIdades especIIcas, crIados para atuar como meIos
peIos quaIs o EsprIto pode cIrcuIar para reaIIzar os IIns determInados. Esta em
poucas paIavras a IIIosoIIa dos dons espIrItuaIs.
QUANTOS DONS H?
DIz-se em geraI que exIstem nove dons do EsprIto (Suponbo Isto, porque o
ApstoIo PauIo nos d uma IIsta de nove em 1 Cor. 12.) Por certo o ApstoIo se reIere a
nada menos de 1? (1 Cor. 12:4-11, 2?-31; Rom. 12:3-S; EI. 4:?-11). E a no se trata
de taIentos naturaIs, e sIm de dons concedIdos ou dIstrIbudos peIo EsprIto Santo,
com o objetIvo de capacItar o crente para o seu Iugar, ou posto, no corpo de CrIsto. Os
dons so, portanto, como tubos de um grande rgo, permItIndo ao organIsta um
vasto aIcance e ampIItude a ponto de produzIr msIca da meIbor quaIIdade. Mas,
repIto, taIs dons so maIs do que taIentos naturaIs. So, na verdade, dons espIrItuaIs,
dons do EsprIto Santo.
Os dons ou taIentos naturaIs capacItam o bomem a atuar dentro do campo da
natureza. Mas, por IntermdIo do corpo de CrIsto, Deus est a reaIIzar uma obra
eterna, muIto acIma e muIto aIm do reInado da natureza decada. Isso requer
tambm uma operao sobrenaturaI.
O trabaIbo ou a atIvIdade reIIgIosa pode ser reaIIzado por bomens naturaIs no
dotados dos dons do EsprIto, e pode mesmo muIto bem ser IeIto, com rara babIIIdade.
Mas toda obra destInada eternIdade s pode ser reaIIzada peIo EsprIto eterno.
Nenbuma obra eterna, se no Ior IeIta peIo EsprIto, medIante os dons que EIe
mesmo ImpIantou nas aImas de pessoas remIdas.
Por toda uma gerao, certos mestres evangIIcos nos tm dIto que os dons do
EsprIto cessaram por ocasIo da morte dos apstoIos, ou quando se compIetou o Novo
Testamento. Certamente esta doutrIna no tem a seu Iavor sequer uma sIaba de
autorIdade bbIIca. Os que deIendem taI IdIa devem assumIr InteIra responsabIIIdade
por essa aberratIva manIpuIao da PaIavra de Deus.
O resuItado desse errado ensIno este: entre ns, o nmero de pessoas com dons
do EsprIto sInIstramente pequeno. Quando to desesperadamente precIsamos de
Ideres dotados, por exempIo, de dIscernImento, no os temos, e somos compeIIdos a
nos vaIer das tcnIcas do mundo.
Esta bora, to assustada e angustIosa, est a exIgIr pessoas dotadas de vIso
proItIca. Bem ao contrrIo, s temos bomens que presIdem a reIatrIos, votaes, e
reunIes de dIscusses bombstIcas e estreIs.
NecessItamos de bomens que tenbam o dom do conbecImento. Em vez dIsso,
temos muItos Iormados e escoIados, doutores, sabIcbes - e nada maIs.
AssIm, podemos estar nos preparando para a trgIca bora em que Deus possa
nos pr de Iado como evangIIcos de rtuIo e suscItar outro movImento para perpetuar
o crIstIanIsmo do Novo Testamento, conservando-o vIvo sobre a Iace da terra.
"Seremos IIIbos de Abrao. Deus pode destas pedras suscItar IIIbos de Abrao."
Neste assunto a verdade esta: as EscrIturas Sagradas de modo muI cIaro
IncuIcam o dever de se possuIr os dons do EsprIto. O ApstoIo PauIo nos exorta a
dese]or e mesmo a oob1or os dons espIrItuaIs (1 Cor.12:31 e 1 Cor. 14:1). Parece que
no se trata de questo de escoIba para cada um de ns, ou matrIa IacuItatIva, e sIm
um mandamento escrIturstIco - que todos busquem IIcar cbeIos do EsprIto
Acbo, porm, que devo acrescentar uma paIavra de avIso.
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Os vrIos dons espIrItuaIs no tm todos o mesmo vaIor, como o ApstoIo PauIo
escIareceu muI cuIdadosamente.
Certos Irmos tm exaItado desproporcIonaImente um dom maIs do que os outros
dezesseIs. Entre esses Irmos contam-se muItas aImas pIedosas, mas em geraI os
resuItados moraIs desse doutrInamento no tm sIdo bons.
Na prtIca, tm redundado em condenveI e vergonboso exIbIcIonIsmo, tendendo-
se a depender de experIncIas em vez de depender de CrIsto; e no poucas vezes Iaz-se
ausente aqueIa capacIdade de dIstInguIr ou separar as obras da carne das operaes
do EsprIto.
Ento, aqueIes que negam que os dons do EsprIto so para ns, os de boje, e
aqueIes que InsIstem em tomar como seu passatempo IavorIto um desses dons, erram
muIto; e todos ns estamos soIrendo as conseqncIas dos seus erros.
Hoje no exIste maIs motIvo ou escusa para se permanecer na dvIda. AssIste-
nos todo o dIreIto de esperar que nosso Senbor conceda Sua Igreja os dons
espIrItuaIs que EIe de Iato jamaIs nos negou, mas que temos deIxado de receber
unIcamente por causa de nosso erro ou IncreduIIdade.
muItssImo possveI que Deus esteja concedendo e dIstrIbuIndo os dons do
EsprIto a quem EIe pode conceder e na medIda em que EIe pode aInda que as
condIes por EIe exIgIdas sejam ImperIeItamente sa11s]e11os. Se Deus agIsse de outro
modo, a tocba da verdade bruxuIearIa e acabarIa morrendo.
TodavIa, devemos ver cIaramente o que Deus Iar por Sua Igreja, caso todos nos
prostremos dIante dEIe, com a BbIIa aberta a nossos oIbos, e Lbe dIgamos: Senbor,
eIs aquI o Teu servo! Seja IeIto em mIm aquIIo que Tu queres."
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CAPITULO IV
Como FIcar CbeIo do EsprIto Santo
Quase todos os crIstos querem IIcar oe1os do EsprIto Santo. Mas, poucos
querem ser encbIdos com o EsprIto.
Mas, como um crIsto pode conbecer a pIenItude do EsprIto, se aInda no
passou peIa experIncIa de ser encbIdo com EIe?
IntII dIzer ou contar a aIgum como se encber do EsprIto, se esse aIgum
aInda no admItIu que Isso se pode dar. NIngum espera uma coIsa ou Iato de que no
est convencIdo ser a vontade de Deus para a sua vIda, ou que no se enquadre nas
promessas, IeItas peIas EscrIturas.
Antes, poIs, de ter quaIquer vaIor esta pergunta - Como posso IIcar cbeIo do
EsprIto? - aqueIe que busca a Deus deve es1or oer1o de que reo1men1e poss1ve1
eper1men1or-se o ]1oor oe1o do sp1r11o. A pessoa que no tem certeza dIsso no tem
base aIguma para esperar que taI se d. Onde no b esperana, ou expectao, ou
espera, no b I nenbuma: e, onde no b I, a pesquIsa ou busca coIsa IntII, sem
sIgnIIIcado.
A doutrIna do EsprIto, e de sua reIao com o crente nesta uItIma metade do
scuIo IIcou amortaIbada ou toIdada por uma nevoa semeIbante aqueIa que encobre a
montanba em tempo tempestuoso. Na verdade um mundo de conIuso cercou e
ocuItou esta verdade Aos IIIbos de Deus se ensInaram doutrInas contrrIas extradas
dos mesmos textos; Ioram eIes avIsados ameaados e IntImIdados at ao ponto de
InstIntIvamente se Iurtarem de Iazer a menor reIerncIa ao ensIno bbIIco sobre o
EsprIto Santo.
E taI conIuso no se deu por acIdente, no. O InImIgo quem Iez Isso. Satans
sabe muIto bem que o crIstIanIsmo sem o EsprIto Santo coIsa to mortIera como o
modernIsmo, como a beresIa. E tudo eIe tem IeIto e vem Iazendo para ImpedIr que
entremos na posse e gozo da nossa verdadeIra berana crIst.
QuaIquer Igreja sem o EsprIto est desarvorada e sem ajuda, como IsraeI se
acbarIa no deserto, caso deIes se aIastasse a nuvem de Iogo. O EsprIto Santo a
nossa nuvem durante o dIa, c o nosso Iogo durante a noIte. Sem EIe marcbaremos
peIo deserto sem aIvo, sem meta.
E Isso exatamente o que estamos Iazendo em nossos dIas. DIvIdImo-nos em
grupeIbos de esIarrapados, cada quaI camInbando atrs de um Iogo-Ituo ou de um
vaga-Iume, pensando estar seguIndo o XequIn (a arca da presena dIvIna). AssIm,
no se deve desejar apenas que de novo se Iaa vIsveI a coIuna de Iogo. Isso agora
coIsa ImperatIva.
A Igreja s ter Iuz quando estIver cbeIa do EsprIto, e estar cbeIa somente
quando os membros que a compem Iorem encbIdos IndIvIduaImente. NecessrIo
aInda dIzer que nIngum se encber enquanto no se convencer de que o encber-se
Iaz parte do pIano totaI de Deus para a redeno; de que nada a adIcIonado, ou
extra, nada estranbo, ou excntrIco, poIs que se trata de uma aproprIada operao
espIrItuaI, IeIta por Deus, baseada na obra expIatrIa de CrIsto, e deIa decorrente.
O ansIoso InquIrIdor deve estar bem certo dIsso, a ponto de estar convencIdo
dessa verdade. PrecIsa crer que tudo Isso coIsa normaI e certa. PrecIsa crer tambm
que Deus quer que eIe seja ungIdo com uma poro de Ieo Iresco, em adIo a todas
as dez mII bnos que por certo j baja recebIdo das dadIvosas mos dIvInas.
At cbegar a se convencer bem dIsso, recomendo que se separe tempo para jejuar
e orar e medItar nas EscrIturas Sagradas. A I vem da PaIavra de Deus. No basta a
sugesto, a exortao ou o eIeIto psIcoIgIco do testemunbo de outros que j tenbam
sIdo encbIdos.
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Se a pessoa IIcar persuadIda peIas EscrIturas, no Iorar da o assunto nem se
deIxar arrastar peIa emoo com que os manIpuIadores costumam apresent-Io.
Deus maravIIbosamente pacIencIoso e compreendedor, e esperar a movImentao
vagarosa do corao por apanbar toda a verdade. Nesse nterIm, o InquIrIdor deve
estar caImo e conIIante. No tempo certo Deus o conduzIr na travessIa do Jordo.
Basta que no aIrouxe na carreIra, nem se aIobe, por querer avanar muI depressa.
MuItos tm agIdo erradamente, e com Isso tm arruInado a vIda crIst.
DepoIs de o IndIvduo se convencer de que pode ser encbIdo com o EsprIto, deve
dese]or esso bno. Ao InquIrIdor Interessado costumo Iazer estas perguntas: Voc
est certo de que quer ser possudo por um EsprIto que, sendo puro, gentII e sbIo e
amorveI, InsIstIr com voc por ser o Senbor de sua vIda? Est certo de querer que
sua personaIIdade seja tomada por Um que exIgIr obedIncIa PaIavra escrIta? Est
dIsposto a no toIerar em sua vIda nenbum dos pecados do ego: egocentrIsmo,
InduIgncIa prprIa (ou comodIsmo)? O QuaI no Ibe permItIr pavonear-se nem ga-
bar-se nem exIbIr-se? O QuaI tomar de suas mos o Ieme de sua vIda e reservar
para SI o soberano dIreIto de pr voc prova e dIscIpIIn-Io? O QuaI o prIvar de
muItas das suas predIIees que secreta e sorrateIramente prejudIcam a sua aIma?
Se voc no puder responder a estas perguntas com um sIncero e ntIdo S1m,
cIaro que voc no est querendo ser encbIdo. Voc pode estar querendo emoo ou a
vItrIa, ou o poder, mas no estar querendo reaImente ser encbIdo com o EsprIto. O
seu desejo taIvez pouco maIs do que uma Iraca vontade e no suIIcIentemente puro
para agradar a Deus, o QuaI exIge tudo ou nada.
E outra vez pergunto: Voc est certo de que preo1so ser eno1do oom o sp1r11o?
CrIstos, s dezenas de mIIbares, tanto IeIgos como pregadores e mIssIonrIos,
esIoram-se por avanar sem ter uma cIara experIncIa da pIenItude do EsprIto.
AssIm, taI obra ou esIoro sem o EsprIto s pode acabar em tragdIa no dIa de CrIsto.
E Isto coIsa de que os crIstos comuns ou medIanos parecem estar esquecIdos. Mas,
a seu respeIto, IeItor amIgo, que que est acontecendo?
TaIvez sua IncIInao doutrInrIa esteja Ievando voc a no admItIr esta crIse de
pIenItude do EsprIto. MuIto bem; verIIIque, ento, o que essa IncIInao Ibe esta
trazendo. Que que sua vIda est produzIndo? Voc contInua a reaIIzar a obra
reIIgIosa, pregando, vendo, dIrIgIndo reunIes, mas, quaI a quo11dode do seu
trabaIbo? verdade que voc recebeu o EsprIto quando se converteu. Mas, verdade
que, sem uma posterIor uno, voc estar preparado para resIstIr tentao, obedecer
s EscrIturas, compreender a verdade, vIver vItorIosamente, morrer em paz e Ir ao
encontro de CrIsto sem constrangImento no dIa da vInda dEIe?
Se, por outro Iado, sua aIma suspIra por Deus, peIo Deus vIvo, e seu corao seco
e vazIo se desespera, e anseIa ter uma vIda crIst normaI sem uma posterIor uno, eu
Ibe pergunto: Esse desejo seu InteIramente absorvente? eIe a coIsa maIs Importante
de sua vIda? Impera eIe em todas as atIvIdades reIIgIosas comuns e encbe voc de um
vIvo anseIo que s pode ser descrIto como a angstIa do desejo? Se o seu corao dIz
S1m a estas perguntas, voc pode acbar-se no camInbo certo que Ieva a uma ecIoso
que transIormar todo o seu vIver.
justamente nesse preparo para receber a uno do EsprIto que IaIba a maIorIa
dos crIstos. ProvaveImente nIngum jamaIs IIcou cbeIo sem ter prImeIro passado por
um perodo de Iunda perturbao de aIma e de InquIetao InterIor. E, quando nos
vemos a entrar nesse estado, a tentao de nos sentIrmos aterrados, em pnIco, e de
recuar. Satans nos exorta a no nos aIobarmos, poIs que, se Isso se der, nauIra-
garemos na I e desonraremos o Senbor que nos comprou.
Por certo, Satans no se Interessa por nossa meIborIa espIrItuaI, e muIto menos
por promover a causa de nosso Senbor. O propsIto deIe enIraquecer-nos e deIxar-
nos desarmados no dIa da bataIba. E mIIbes de crentes aceItam suas desIavadas
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mentIras como se tossem verdades evangIIcas, e voItam para as suas cavernas, como
os proIetas de ObadIas, para passarem a vIver a po e gua.
Antes de ter Iugar a pIenItude, deve processar-se o esvazIamento. Antes de Deus
nos encber com Sua Pessoa urge que nos esvazIemos de ns mesmos. E esse
esvazIamento que traz penoso desapontamento e at desespero do ego, de que se
queIxam muItas pessoas, justamente antes de passar por essa nova e radIante
experIncIa.
Deve ter Iugar, ento, uma totaI desvaIorIzao do ego, a morte de todas as coIsas
de Iora de ns e de dentro de ns, poIs que do contrrIo jamaIs se dar um reaI
encbImento com o EsprIto Santo.
O doIo pra mIm sem IguaI, maIs querIdo.
Seja eIe quem Ior, quaIquer que tenba sIdo,
Ajuda-me a quebr-Io em Irente ao trono Teu,
E adorar s a TI, Senbor da terra e cu.
Desembaraadamente cantamos amIde esta estroIe, mas no a cantamos no
EsprIto de orao, por recusarmos abandonar ou quebrar o doIo do quaI a se IaIa.
AbrIr mo do ItImo doIo, ou quebr-Io, sIgnIIIca merguIbarmos em um estado de
ntIma soIIcItude que no pode ser satIsIeIto por nenbuma reunIo evangIIca, nem
por nenbuma comunbo ou companbeIrIsmo com outros crIstos. Por esta razo
que muItos e muItos crIstos se juIgam seguros e preIerem uma vIda de acomodaes.
EIes tm aIgo de Deus, no b negar, mas no tm o todo; e Deus tem uma parte deIes
mas no o todo. E assIm vo eIes vIvendo uma vIda de mornIdo, tentando esconder
atrs de IndustrIados sorrIsos, e de pequenos e anImados coros, a trIste IndIgncIa
espIrItuaI de suas vIdas.
Uma coIsa ressaIta com cIareza crIstaIIna: no nada IouvveI a camInbada da
aIma peIa negra noIte a dentro. O soIrImento e a soIIdo no tornam o bomem maIs
querIdo aos oIbos de Deus nem Iazem jus cornucpIa de Ieo peIa quaI eIe tanto
anseIa. Nada podemos comprar de Deus. Tudo nos vem por IntermdIo de Sua
benIgnIdade, na base do remIdor sangue de CrIsto, e dom gratuIto sem quaIsquer
condIes ou restrIes.
O que a agonIa da aIma Iaz arar a terra sem cuItura, manInba, e esvazIar o
vaso, e apartar o corao dos Interesses mundanos e Iocar a ateno em Deus.
Tudo o quanto sucede antes no sentIdo de preparar a aIma para o dIvIno ato de
encber. E o encber no em sI uma coIsa compIIcada. Enquanto me esquIvo de
IrmuIas que dItam procedImento no setor espIrItuaI, juIgo que a resposta pergunta:
- Como posso IIcar cbeIo do EsprIto" - deve ser expressa em quatro paIavras, todas
eIas verbos na voz atIva. So: (1) render, ou renuno1or; (2) ped1r; (3) obedeoe1; (4) orer.
Render: Rogo-vos, poIs, Irmos, peIas mIserIcrdIas de Deus que apresenteIs os
vossos corpos por sacrIIcIo vIvo, santo e agradveI a Deus, que o vosso cuIto
racIonaI. E no vos conIormeIs com este scuIo, mas transIormaI-vos peIa renovao
da vossa mente, para que experImenteIs quaI seja a boa, agradveI e perIeIta vontade
de Deus." (Romanos 12:1-2.)
Ped1r: Ora, se vs, que soIs maus, sabeIs dar boas ddIvas aos vossos IIIbos,
quanto maIs o PaI ceIestIaI dar o EsprIto Santo queIes que Ibo pedIrem?" (Lucas
11:13.)
Obedeoer: Ora, ns somos testemunbas destes Iatos e bem assIm o EsprIto
Santo, que Deus outorgou aos que Ibe obedecem" (Atos S:32).
Para se receber a uno do EsprIto e absoIutamente IndIspensveI uma compIeta
e IrreIutante obedIncIa vontade de Deus. Enquanto esperamos dIante de Deus.
devemos reverentemente examInar as EscrIturas e atender a voz da gentII quIetude,
para nos enIronbarmos daquIIo que o PaI ceIestIaI espera de ns. Ento, conIIando em
que EIe nos capacItar, obedeceremos com o meIbor de nossa babIIIdade e
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compreenso.
Crer: Quero apenas saber Isto de vs: recebestes o EsprIto peIas obras da IeI, ou
peIa pregao da I?" (GIatas 3:2.)
Sabendo que o encbImento do EsprIto se recebe peIa I, e somente peIa I,
convm nos deIendermos dessa ImItao da I que no passa de um assentImento
mentaI verdade. Essa ImItao da I, ou pseuda I, tem sIdo a Ionte de grande
desapontamento para muItIdes de aImas InquIrIdoras. A verdadeIra I In-
varIaveImente traz o testemunbo.
Mas, que testemunbo esse? No nada IsIco, vocaI nem psquIco. O EsprIto
nunca pactua com a carne. O nIco testemunbo que EIe d de natureza subjetIva,
s conbecIdo peIo prprIo IndIvduo. O EsprIto Se anuncIa ou Se apresenta no maIs
proIundo do esprIto bumano. A carne nada aproveIta, mas o corao crente conbece e
sabe. Son1o, Son1o, Son1o.
Agora, uma ItIma coIsa: nem no VeIbo Testamento nem no Novo, nem no
testemunbo crIsto, como o temos regIstrado nos escrItos dos santos, quanto eu
saIba, jamaIs aIgum crente IIcou cbeIo do EsprIto Santo sem sober que 1sso se deu em
suo v1do. Nem IIcou aIgum cbeIo do EsprIto que no soubesse quondo 1sso se deu.
Jomo1s o1gum ]o1 eno1do grodo11vomen1e.
Por detrs dessas trs rvores muItas aImas de corao dIvIdIdo tm buscado
esconder-se como Ado se ocuItou da presena do Senbor; mas taIs coIsas no
bastavam para os esconderem. O bomem que no sabe quando IoI encbIdo com o
EsprIto reaImente nunca o IoI (muIto embora seja possveI esquecer a data). E a
pessoa que espera ser encbIda gradatIvamente nunca se encber de quaIquer
maneIra.
Em mInba bumIIde opInIo, acbo que a reIao do EsprIto para com o crente o
probIema maIs vItaI que a Igreja enIrenta boje. As questes suscItadas peIo
exIstencIaIIsmo crIsto ou peIa nova ortodoxIa nada representam, quando comparadas
com este probIema maIs que srIo. O ecumenIsmo, as teorIas escatoIgIcas - nada
dIsso merece consIderao, peIo menos enquanto cada crente no der resposta
aIIrmatIva a esta pergunta: Recebestes o EsprIto quando crestes?"
Pode muIto bem acontecer que, uma vez encbIdos com o EsprIto, sentIremos,
com sumo regozIjo, que essa pIenItude do EsprIto resoIveu para ns todos os demaIs
probIemas.
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O CAMINHO DO PODER ESPIRITUAL
Ns, crIstos, Iazemos extravagantes aIegaes sobre ns mesmos como crentes
em CrIsto, mas nossas experIncIas reIIgIosas so muIto dIIerentes. grande a
contradIo entre nossas vIdas e nossas crenas doutrInrIas.
MuItos crIstos se juIgam seguros e preIerem uma vIda de acomodaes. EIes tm
aIgo de Deus, no b o que negar, mas no tm tudo. E Deus tem parte deIes, mas
no o todo. E assIm vo eIes vIvendo uma vIda normaI, tentando esconder atrs de
sorrIsos Iorados a trIste IndIgncIa espIrItuaI de suas vIdas,
Nos ItImos tempos vem surgIndo no corao de um nmero cada vez maIor de
crentes, uma nova aspIrao. EIes buscam uma experIncIa espIrItuaI para que a
presena de Deus se torne maIs marcante. Desejam conbecer a verdade sobre o poder
do EsprIto Santo em suas vIdas, e experImentar o que Deus tem preparado para eIes
dentro do contexto da sadIa I neotestamentrIa. Esta reIao do EsprIto com os
crentes o probIema vItaI que a Igreja enIrenta boje.
Para essas pessoas que esto buscando o poder de Deus em sua vIda, que este
IIvro IoI escrIto.
Os IIvros da srIe A. W. Tozer so:
VoI. 1 - O CamInbo do Poder EspIrItuaI
VoI. 2 - O Poder de Deus VoI. 3 - MaIs Perto de Deus
VoI. 4 - De Deus e o Homem
VoI. S - A RaIz dos justos
VoI. 6 - A ConquIsta DIvIna
VoI. ? - O MeIbor de A. W. Tozer
VoI. S - Esse CrIsto IncrveI
VoI. 9 - JIas de Tozer
VoI. 10 - Deus FaIa Com o Que Mostra Interesse
VoI. 11 - O Home: A HabItao de Deus