100 - Casos Coaf
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100 - Casos Coaf
Compilao de 100 casos simplificados, descrevendo os sucessos e momentos de aprendizagem na luta contra a lavagem de dinheiro. Esta edio resultado da contribuio das Unidades de Inteligncia Financeira, membros do Grupo de Egmont .
Copyright Todos os direitos reservados ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF). Este material no pode ser publicado ou reproduzido sem prvia autorizao. Os nomes de pessoas fsicas e entidades jurdicas contidos neste documento so todos fictcios e qualquer semelhana ser mera coincidncia
Apresentao Lavagem de dinheiro o processo pelo qual o criminoso transforma recursos oriundos de atividades ilegais em ativos com origem aparentemente legal. Essa prtica geralmente envolve mltiplas transaes, para ocultar a origem dos ativos financeiros e permitir que eles sejam utilizados sem comprometer os criminosos. A dissimulao , portanto, a base para toda operao de lavagem que envolva dinheiro proveniente de um crime antecedente. A estratgia de combate aos crimes de narcotrfico, corrupo e crime organizado, entre outros, deve concentrar-se no aspecto financeiro da atividade criminosa. Para se obter xito, deve haver lei que declare a lavagem de dinheiro crime autnomo, permita o bloqueio e a perda dos recursos e facilite a cooperao internacional. So necessrios, ainda, medidas de regulamentao e um sistema de informao de operaes suspeitas, para detectar lavagem de dinheiro e desestimular tal prtica. O problema bsico para os criminosos que lavam dinheiro ocultar e movimentar grandes somas de dinheiro em espcie. A lavagem de dinheiro um problema mundial que envolve transaes internacionais, contrabando de dinheiro atravs de fronteiras e lavagem em um pas do produto de crimes cometidos em outro. Dado o carter transnacional das operaes, o recente aumento da cooperao internacional auspicioso e o Brasil est presente nesse cenrio de forma ativa, nos principais grupos internacionais que atuam no combate lavagem de dinheiro. Somente com cooperao e trabalho articulado podese conter o movimento de recursos criminosos e inviabilizar as organizaes criminosas. A natureza clandestina da lavagem de dinheiro dificulta a realizao de estimativas mais precisas sobre o volume de recursos lavados que circulam internacionalmente. Todavia, sabe-se que suas cifras so extremamente elevadas, se analisadas somente as do trfico de drogas e de armas. O Grupo de Egmont um grupo internacional informal, criado para promover, em mbito mundial, entre as Unidades de Inteligncia Financeira (FIUs), a troca de informaes, o recebimento e o tratamento de comunicaes suspeitas relacionadas lavagem de dinheiro. Segundo definio do Grupo de Egmont, Unidade de Inteligncia Financeira (FIU Financial Intelligence Unit) a agncia nacional, central, responsvel por receber (e requerer), analisar e distribuir s autoridades competentes as denncias sobre as informaes financeiras com respeito a procedimentos presumidamente criminosos conforme legislao ou normas nacionais para impedir a lavagem de dinheiro.
A principal funo de uma FIU estabelecer um mecanismo de preveno e controle do delito de lavagem de dinheiro por meio da proteo dos setores financeiros e comerciais passveis de serem utilizados em manobras ilegais. Essas unidades podem ser de natureza judicial, policial, mista (judicial/policial) ou administrativa. O Brasil optou pelo modelo administrativo. Atualmente o Grupo de Egmont congrega 58 FIUs. O COAF passou a integrar esse Grupo na VII Reunio Plenria, ocorrida em Bratislava, Repblica da Eslovquia, em maio de 1999. Ao comemorar o seu quinto aniversrio no ano passado, o Grupo de Egmont entendeu que este seria o momento apropriado para coletar e divulgar a considervel experincia colhida pelas diferentes FIUs na deteco e no combate lavagem de dinheiro, consolidando-as neste relatrio que contm 100 dos casos mais ilustrativos, vindos de todas as partes do mundo. O texto original em ingls, que j havia sido submetido a processos de traduo, homogeneizao e simplificao, sofreu alguns ajustes na sua verso para o portugus, inclusive porque sentimos a necessidade de adaptar algumas terminologias aos padres comumente utilizados em nosso pas para situaes semelhantes, quando possvel. Esta publicao foi elaborada com base no relatrio original disponibilizado pelo Grupo de Trabalho de Treinamento e Comunicao, do Grupo de Egmont. Cabe, ainda, destacar a especial colaborao da Embaixada dos Estados Unidos da Amricas e do Banco do Brasil, participantes da traduo e da impresso deste documento, que esperamos sirva de orientao para todos aqueles que atuam diuturnamente na preveno e no combate lavagem de dinheiro. importante destacar, ainda, que as aes deste Conselho no seriam efetivas sem o apoio incondicional recebido do Ministrio da Fazenda, cuja postura corajosa e pioneira no combate lavagem de dinheiro no Brasil reconhecida e destacada em diversos foros internacionais. Braslia, setembro de 2001.
Prefcio Este relatrio o resultado de uma iniciativa do Grupo de Trabalho de Treinamento e Comunicao do Grupo de Egmont. Nos ltimos cinco anos, diversas FIUs em todo o mundo vm adquirindo considervel experincia na identificao e no combate lavagem de dinheiro, mas o intercmbio organizado de tais experincias, entre pases, ainda tem sido mnimo. O Grupo de Egmont comemorou seu quinto aniversrio no ano 2000 e esse pareceu-nos um momento apropriado para recolher e divulgar exemplos do trabalho realizado por todos os membros no combate lavagem de dinheiro. Para tanto, no final de 1999, o Presidente do Grupo de Trabalho solicitou a todas as FIUs integrantes do Grupo de Egmont que encaminhassem exemplos bem sucedidos de combate lavagem de dinheiro. Quase todas atenderam ao pedido e, como resultado, este relatrio contm cem dos casos mais ilustrativos, vindos de todas as partes do mundo. Os relatos foram recebidos numa srie de formatos, ao longo de um perodo de oito meses. Alguns foram encaminhados pelas FIUs na lngua do prprio pas e com as anotaes originais do processo. Os textos foram traduzidos para o ingls e a equipe editorial analisou cada ocorrncia para determinar quais aspectos da atividade de lavagem e da investigao seriam mais ressaltados na verso final. Os casos tambm foram rescritos para que se pudesse chegar a um estilo uniforme e de fcil leitura: o Grupo de Trabalho est ciente de que um nmero considervel de membros no tem o ingls como lngua materna e por isso achou prefervel adotar uma terminologia simples. Novas descries foram elaboradas de modo a minimizar o risco de que uma realidade especfica pudesse vir a ser identificada por terceiros. Foi tambm por essa razo que as referncias geogrficas foram generalizadas. Por exemplo, Amrica se refere a todos os locais na Amrica do Norte, Central e do Sul. Como resultado dos processos de traduo, homogeneizao e simplificao, possvel que uma FIU no reconhea sua prpria contribuio. Os casos foram subdivididos em seis categorias: h cinco tipologias gerais de lavagem e um captulo dedicado aos xitos na troca de informaes de inteligncia. As categorias usadas foram as seguintes: Ocultao Dentro de Estruturas Empresariais, Utilizao Indevida de Empresas Legtimas, Uso de Identidades ou Documentos Falsos e de Testas-de-ferro Explorao de Questes Jurisdicionais Internacionais Uso de Ativos ao Portador Uso Eficaz do Intercmbio de Informaes da rea de inteligncia
No incio de cada captulo voc encontrar uma breve explicao sobre cada tipologia. Voc tambm ir reparar que algumas ocorrncias envolvem mais de uma tipologia. Ns aqui, as identificamos segundo a tipologia primria. Vale notar que este
relatrio enfoca a tipologia da lavagem e no o mtodo que foi usado para cometer o crime. Alguns dos casos de fraude podem, por exemplo, usar uma tipologia para a fraude e outra para a lavagem do dinheiro. Em todos os exemplos, os recursos objeto de lavagem esto quantificados em dlares dos Estados Unidos, embora, nas descries originais, grande variedade de moedas tenha sido empregada. Essa transformao em dlares americanos foi feita, em primeiro lugar, para homogeneizar o trabalho e evitar a identificao do pas de origem; em segundo lugar, para permitir a comparao de volumes de recursos e em terceiro lugar, porque as FIUs normalmente conhecem o valor em dlares dos crimes cometidos em sua prpria moeda e iro compreender mais facilmente a magnitude das operaes de lavagem. Vale notar que embora os casos tenham sido rescritos de modo a se obter um estilo unificado, a obrigao legal de comunicar operaes suspeitas (disclose) difere de pas para pas e isso deve ter influenciado as atividades de cada FIU. Em alguns pases, se as transaes se encaixarem dentro de certos critrios especificados pelo governo ou pelo regulador, as instituies financeiras so obrigadas a fazer a comunicao de informaes que de outra forma seriam sigilosas. Em outros pases, so as prprias instituies financeiras que tm de decidir se a transao suspeita o suficiente para ser declarada FIU nacional. por isso que a comunicao de alguns casos pode parecer um tanto ilgica em comparao com a experincia normal de outras FIUs. O desenrolar e as conseqncias de cada situao variam consideravelmente. Muito depende da posio formal de cada FIU no sistema nacional de combate lavagem de dinheiro. Algumas FIUs Unidades Administrativas analisam os dados recebidos luz de um padro administrativo, recorrendo freqentemente a poderes especiais, e encaminham as provveis incidncias de lavagem de dinheiro aos rgos de represso ao crime para que sejam ativamente investigados. Para essas unidades, o problema est acabado quando o relatrio final encaminhado aos rgos policiais ou judiciais competentes. Outras FIUs Unidades Policiais/Judiciais tm mais poderes de investigao e por isso costumam estar mais envolvidas com o resultado final. Tais unidades tendem a dar um caso por encerrado quando o julgamento iniciado ou concludo. Alm disso, vale ressaltar que pode ser longa a durao de uma investigao financeira, desde a comunicao inicial da transao suspeita at a condenao dos envolvidos. Muitos casos podem levar anos para serem concludos. Por isso, as FIUs nem sempre puderam apresentar processos em que j houvesse ocorrido a condenao ou o confisco dos ativos. Por fim, a demora nas investigaes de lavagem de dinheiro significa que foram apresentadas poucas configuraes envolvendo novas tecnologias ou tcnicas como a lavagem via Internet, cartes inteligentes (smart cards) ou transaes
bancrias on-line. O Grupo de Trabalho reconhece que essas tecnologias vm se desenvolvendo rapidamente nos ltimos anos, enquanto que a maioria das ocorrncias aqui citadas iniciaram-se com comunicaes (disclosures) feitas no perodo de 1995-1998. Antecipamos que, com o passar dos anos, mais e mais casos envolvendo essas tecnologias chegaro ao conhecimento das foras de represso ao crime. Esperamos que essa compilao atenda s suas expectativas e desejamos-lhe uma agradvel leitura.
Equipe Editorial
NDICE Ocultao dentro de Estruturas Empresariais Utilizao Indevida de Empresas Legtimas Uso de Identidades ou Documentos Falsos e de Testas-de-ferro Explorao de Questes Jurisdicionais Internacionais Uso de Ativos ao Portador Uso Efetivo do Intercmbio de Informaes Comentrios Anexo A: Indicadores mais freqentemente observados
* FIU: nos textos apresentados, freqente a insero da sigla FIU, representativa da expresso Financial Intelligence Unit, e em portugus, Unidade de Inteligncia Financeira, que o rgo criado nos diversos pases para a luta contra a lavagem de dinheiro.
Ocultao dentro de Estruturas Empresariais A primeira tipologia caracterizada por esquemas de lavagem que procuram ocultar os recursos de origem criminosa dentro das atividades normais de empresas controladas pela organizao criminosa. A tentativa de transferir recursos dentro do sistema financeiro, misturando-os com as transaes de uma empresa controlada, traz vrias vantagens para os que fazem a lavagem. Em primeiro lugar, o criminoso tem maior controle sobre a empresa usada, quer por causa de uma propriedade benfica (beneficial ownership), quer por causa de uma ligao estreita com o devido proprietrio efetivo o que reduz o risco de vazamento de informaes para as autoridades de represso de dentro da prpria empresa. Em segundo lugar, a instituio financeira usada para fazer as transaes tende a no desconfiar tanto de grandes flutuaes de saldo na conta de uma empresa: grande parte das pessoas que trabalha com servios financeiros j espera altos e baixos durante o ciclo de negcios. Mas se a flutuao ocorresse na conta de uma pessoa fsica, as suspeitas seriam bem maiores. Em terceiro lugar, as empresas geralmente tm razes legtimas para transferir recursos de/para outras jurisdies e em diferentes moedas. Isso reduz ainda mais a probabilidade de gerar suspeitas nas instituies financeiras. Em quarto lugar, vrias empresas como boates e restaurantes lidam principalmente com dinheiro em espcie e por isso as instituies financeiras no consideraro to suspeitos grandes depsitos em espcie. Em quinto lugar, os vnculos entre os criminosos e a empresa podem ser ocultos pelos Estatutos Sociais das empresas (company ownership structures), enquanto a abertura de uma conta pessoal geralmente requer a apresentao de documentos especficos de identificao pessoal. Por fim, em alguns pases o custo de constituio de uma empresa pode ser de apenas algumas centenas de dlares, existindo em todo o mundo agentes que podem facilitar a formao e o gerenciamento de empresas, at para criminosos com experincia profissional mnima no ramo. Dentre os cem casos relatados, a maioria se encaixa nesta categoria. Isso indica o grande interesse, dos que vo fazer a lavagem, pelas estruturas empresariais. Segundo vrios relatos, um dos problemas enfrentados pelos que fazem a lavagem parece ser o fato de que, quando uma empresa criada e logo apresenta grande aumento no volume de negcios, as instituies financeiras podem vir a comunicar tal fato FIU nacional. Existe o risco de que outros no ramo da lavagem possam querer usar empresas com muitos anos de existncia, de propriedade de seus associados, na expectativa de que as instituies financeiras no as considerem suspeitas.
Paulo era conhecido cliente de um banco europeu. Por vrias vezes comprou ouro do banco, em lingotes de 1kg, com a justificativa de que ia exportar o produto diretamente para uma empresa estrangeira. Aps cada transao, Paulo saia sozinho do banco com o ouro. Num nico ano, comprou mais de 800 quilos de ouro, avaliados em mais de US$ 7.000.000. O ouro era pago com recursos sacados da conta de sua empresa. O banco tambm percebeu que recursos eram regularmente transferidos para a conta, vindos de uma outra empresa de um pas vizinho. No havia problemas com isso. Contudo, o Banco considerou estranho o fato de Paulo transportar o ouro ele mesmo e os oficiais do banco resolveram comunicar os fatos FIU nacional. A FIU fez uma pesquisa sobre Paulo e sua empresa em vrios bancos de dados de inteligncia das foras policiais, mas no encontrou qualquer ligao evidente com atividades criminosas. Entretanto, dado o volume de compras de ouro, a FIU iniciou uma investigao formal e novos levantamentos foram feitos. Esses levantamentos revelaram que Paulo no estava vendendo o ouro para uma empresa estrangeira, como alegava. Antes de comprar o ouro, Paulo sempre se encontrava com um cidado estrangeiro chamado Daniel. Embora fossem juntos ao banco, no carro de Paulo, Daniel nunca entrava no banco. Uma vez comprado o ouro, ambos dirigiam-se at o carro de Daniel e escondiam o ouro no porta malas. Em seguida, Daniel voltava para seu pas, atravessando a fronteira sem declarar o ouro na alfndega e, consequentemente, sem pagar o imposto de importao. Uma vez no seu pas, Daniel entregava o ouro para Andrew, que o entregava para outra empresa que o vendia no mercado aberto. Uma parcela dos lucros com a venda do ouro era transferida de volta para a empresa de Daniel, de onde viriam os recursos para fazer a prxima compra de ouro. Os lucros adicionais obtidos com esse simples esquema de sonegao fiscal eram considerveis. Quando da elaborao deste relatrio, processos judiciais j estavam sendo instaurados contra Paulo, Daniel e Andrew, acusados de lavagem de dinheiro e sonegao fiscal. Estima-se que a operao de contrabando tenha causado ao governo prejuzos da ordem de US$ 1.500.000. Como os recursos da venda do ouro contrabandeado foram obtidos ilegalmente, as autoridades judiciais no pas daquela FIU j instauraram procedimentos criminais contra os indivduos envolvidos. Indicadores: Alto risco de segurana, no-justificvel - transferncia pessoal de ativo valioso
Uma FIU europia recebeu dois comunicados, de dois bancos diferentes. Marvin, um cidado estrangeiro, havia apresentado cinco cheques bancrios/administrativos para serem depositados na recm aberta conta de sua empresa. Ele disse aos bancos que os US$ 1.600.000 depositados provinham da venda de terras num pas africano, transao efetuada por sua imobiliria. Os bancos passaram as informaes para a FIU nacional tendo em vista o montante das transaes e a falta de dados comprobatrios da parte de Marvin. As investigaes conduzidas pela FIU encontraram uma ligao interessante com o pai de Marvin, que estava preso em outro pas, condenado por fraude, espionagem, corrupo e outras atividades criminosas. O pai de Marvin havia sido condenado a doze anos de priso aps o colapso de um banco estrangeiro, vtima de uma enorme fraude que ele organizara. Um pouco depois de recebida a comunicao inicial, Marvin ligou para os banqueiros pedindo uma reunio para discutir novos investimentos a serem feitos por sua empresa. Ambas as instituies informaram rapidamente a FIU, para alert-la das reunies que iriam se realizar. A FIU contatou a polcia, que colocou Marvin sob vigilncia assim que ele entrou novamente no pas. Marvin foi depois preso, acusado de lavagem de dinheiro. Uma troca de informaes com o pas estrangeiro facilitou a preparao do processo criminal contra Marvin, que foi acusado de conspirao criminosa, lavagem de dinheiro e fraude. As autoridades estrangeiras tambm informaram FIU que o pai de Marvin havia acumulado uma grande fortuna. Ele havia reinvestido esse dinheiro em empresas imobilirias e empresas de financiamento registradas no seu prprio nome e no nome de Marvin e de outros membros da famlia. No decorrer da investigao foi feita uma busca na casa de Marvin. A polcia encontrou numerosos documentos relativos a transaes financeiras realizadas pelo pai de Marvin. Quando da preparao deste relatrio, ainda estavam em andamento os preparativos para o julgamento. Indicadores: o Um novo cliente deseja fazer grandes transaes mas no apresenta comprovao de seus negcios (supporting rationale)
Alan, um residente europeu, ajudou seu irmo a trocar divisas numa determinada instituio financeira. Seu irmo gerenciava uma empresa num pas vizinho, no ramo de fotocpias e cmbio. Alan confirmou a legitimidade da empresa apresentando documentos da junta comercial do pas europeu onde a empresa estava registrada. Entretanto, o grande valor das transaes em moeda e o fato de que os recursos estavam cruzando a fronteira desnecessariamente, despertou a desconfiana do funcionrio do banco. Ele informou a gerncia sobre suas preocupaes e esta resolveu informar a FIU nacional. Aps a FIU ter recebido essa denncia da instituio financeira, investigaes no banco de dados da unidade nacional no produziram evidncias contra Alan e seu irmo. No entanto, ao trocar informaes com FIUs estrangeiras, a FIU nacional verificou que os dois irmos eram alvo de investigaes por trfico de drogas em outros pases europeus. A loja de fotocpias e cmbio servia apenas como fachada para operaes de lavagem de dinheiro proveniente do trfico de drogas. Alm disso, parece que a empresa no havia sido autorizada a funcionar como agncia de cmbio e, inclusive, nem havia feito tal solicitao. O dinheiro apresentado na instituio financeira no poderia, portanto, ser proveniente da atividade de cmbio. E o volume de dinheiro e o tipo de moeda tambm no tinham qualquer relao com o negcio de fotocpias. A FIU encaminhou a anlise integral da denncia e outros dados da rea de inteligncia para as autoridades judiciais. A investigao judicial revelou que Alan estava atuando como mensageiro para uma organizao criminosa. Ele foi detido e a polcia o confrontou com as alegadas transaes de cmbio. Alan confirmou as transaes, mas disse que os recursos tinham uma origem legal. Segundo ele, os recursos provinham da empresa de fotocpias de seu irmo. Durante o julgamento, contudo, o tribunal rejeitou a defesa apresentada por Alan. Conforme salientado na anlise feita pela FIU, o tipo de moedas envolvidas e o valor em questo mais de US$ 600.000 em duas semanas no pareciam compatveis com o faturamento esperado de uma empresa de fotocpias. Alm disso, no havia explicao lgica para Alan ter feito as transaes com cmbio em outro pas e no no pas onde a empresa funcionava. O juiz considerou Alan culpado e o condenou a dois anos de deteno por lavagem de dinheiro. Indicadores: Grande volume de transaes em espcie Comportamento empresarial surpreendente (atravessar a fronteira para realizar uma transao simples) Faturamento empresarial irreal
Tom era membro da Cmara de Deputados de seu pas. Ele foi capaz de sustentar sua famlia com seu modesto salrio de funcionrio pblico at comear a ficar viciado no jogo. Cada vez mais endividado e desesperado por dinheiro, ele formulou um plano para tornar-se rico o suficiente para poder continuar jogando indefinidamente. Como planejador de projetos no Ministrio de Finanas ele tinha o poder de propor e aprovar projetos num setor especfico do oramento anual de obras pblicas. Ele teve a idia de se oferecer para aprovar projetos em troca de uma pequena retribuio em dinheiro. Esta parecia a soluo ideal para seus problemas financeiros. No surpreendentemente, diversos empresrios se dispuseram a lhe dar um bom dinheiro em troca da garantia de negcios com o governo. Graas s suas atividades corruptas, Tom logo se tornou rico. Tom tinha uma amiga Gina, dona de uma agncia de cmbio e de turismo, que se disps a fazer a lavagem das propinas que ele estava recebendo. Ela usou seus empregados como testas-de-ferro e criou vrias contas bancrias atravs das quais o dinheiro poderia ser lavado mais de US$ 4.000.000 foram lavados por intermdio dessas contas. Como os pagamentos em espcie e as subseqentes transferncias offshore poderiam chamar a ateno, Tom desenvolveu um mtodo mais sofisticado de lavagem uma empresa de entrega de frutas. Essa empresa, de propriedade do marido de Gina, lavou US$ 2.700.000 em trs meses. As transaes eram encobertas com notas frias que eram pagas pelos empresrios, conforme as ordens de Tom. Desta maneira, no haveria qualquer ligao direta entre Tom e as propinas e os empresrios tinham notas para justificar os pagamentos, no caso de algum fazer perguntas. A empresa de frutas podia depois transferir os recursos offshore, para saldar as importaes de frutas, sem levantar muitas suspeitas. Entretanto, as primeiras transaes no tinham passado desapercebidas das instituies financeiras envolvidas. Tendo em vista o grande volume de depsitos em espcie e a rpida transferncia desses recursos offshore sobretudo considerandose que os titulares das contas diziam ter empregos com baixa remunerao as instituies decidiram fazer um comunicado FIU. Aps as investigaes conduzidas pela FIU, a polcia pde compreender as atividades corruptas de Tom e iniciou uma investigao completa. As averiguaes indicaram que Tom usava assessores da Cmara dos Deputados para ajud-lo na aprovao de seus planos. Um assessor, que no tinha qualquer ligao com a operao criminosa, teve sua assinatura falsificada para que a autorizao necessria pudesse ser obtida. Outro assessor tinha ajudado Tom visitando a agncia de cmbio e turismo e recebendo cheques em seu nome. Uma vez recebidos os cheques, eles foram depositados numa das contas de Tom. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia estava tentando estabelecer uma ligao entre este caso de corrupo e outro que est perante a Suprema Corte. Estima-se que Tom tenha conseguido lavar cerca de US$ 1.000.000.000. Vale notar
que as instituies apresentaram a denncia por causa do esquema inicial de lavagem de dinheiro. Parece que o plano posterior, envolvendo uma empresa constituda, teria poucas chances de ser descoberto. Indicadores: Grande volume de transaes em espcie Rpida transferncia de fundos offshore, logo depois do depsito Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Um banco reparou que a conta de um estabelecimento comercial, que permanecera inativa por alguns anos, de repente foi ativada e passou a receber grandes volumes de recursos. A conta bancria estava originalmente registrada em nome de uma empresa numa jurisdio offshore. Aps receber um depsito de US$ 150.000, a firma usou esse dinheiro para adquirir aes de uma recm privatizada empresa da Europa oriental ABC Corp.. Trs meses depois, Brian, o representante que inicialmente abrira a conta, depositou US$ 250.000 em espcie na conta da empresa. Imediatamente depois, ele quis transferir US$ 100.000 para uma conta pessoal num outro banco, alegando que esses recursos eram seus. Quando o banco lhe perguntou sobre a origem desses recursos pessoais, ele apresentou documentos comerciais mostrando que ele havia vendido aes da ABC Corp. que valiam US$ 150.000 por US$ 250.000, para uma outra empresa da Europa oriental, a DEF Corp.. Brian explicou a diferena de US$ 100.000 como sendo uma compensao pelo risco envolvido, pois os US$ 150.000 em aes da ABC poderiam ter sido desvalorizados. Esse seria um retorno excepcionalmente alto para o capital: um lucro de US$ 100.000 em pouco mais de trs meses eqivaleria a uma taxa anual de juros de mais de 200 por cento. O banco repassou essas informaes para a FIU nacional. Ao verificar seus prprios bancos de dados financeiros e de inteligncia, e ao contactar outros membros do Grupo de Egmont, a FIU encontrou indcios de que Brian era o verdadeiro dono da empresa offshore. Tambm descobriu que Brian era integrante da diretoria da empresa ABC. Isso a levou a supor que as aes da empresa ABC poderiam ter sido vendidas a um preo notoriamente baixo para a empresa offshore, antes de serem vendidas novamente por um preo mais alto. Na realidade, Brian lucrou US$ 100.000 usando sua prpria empresa offshore como uma etapa oculta na transferncia de aes. A FIU notificou as autoridades policiais e judiciais competentes de que Brian era suspeito de lavagem de dinheiro e fraude. Como resultado da investigao policial, Brian foi detido e julgado e o tribunal tambm confiscou os US$ 100.000 em questo. Indicadores: Taxa de retorno excepcionalmente alta para uma atividade de pouco risco Cliente apresenta uma explicao irrealista para a movimentao da conta Reativao de conta inativa
A famlia criminosa Jameson, que operava num pas europeu, decidiu fazer a lavagem de seus recursos comprando um prdio no sul da Europa, avaliado em cerca de US$ 1.500.000. Eles financiaram o investimento com um emprstimo bancrio, dando como garantia duas aplices de seguro de vida valendo mais de US$ 200.000. Esses contratos de seguro haviam sido pagos com cheques de um representante legal (notary) e de uma agncia europia de cmbio, no pelos indivduos envolvidos. Como a empresa de seguros considerou estranha essa transao, decidiu informar a FIU nacional. Ao receber o relatrio, a FIU iniciou uma investigao financeira e os analistas financeiros designados para o caso descobriram que os recursos usados para cobrir os cheques utilizados na compra das aplices haviam sido depositados em dinheiro, no mesmo dia, em dois outros pases europeus. Alm disso, o indivduo que depositara o dinheiro era conhecido da polcia de um dos pases, pois tinha ligaes com um criminoso que estava cumprindo pena por lavagem de dinheiro para uma organizao europia criminosa muito envolvida com o trfico de drogas. Durante a investigao os analistas tambm descobriram que, nos ltimos anos, os Jamesons haviam feito uma srie de outros investimentos imobilirios semelhantes, totalizando mais de US$ 17.000.000. Haviam comprado um castelo e outros edifcios na mesma regio do sul da Europa. Esses investimentos no haviam sido financiados por um banco e sim por Speedy Inc, uma empresa controlada pelos Andersons, uma famlia que vinha do mesmo pas dos Jamesons. A famlia Jameson tambm j havia submetido s autoridades locais uma solicitao para transformar o castelo em cassino. Os custos de construo desse cassino estavam orados em US$ 3.500.000. Um dos membros da famlia Jameson tambm estava atuando em nome de uma empresa americana envolvida com a recompra de dvidas garantidas por propriedades nessa rea do sul da Europa. Os Andersons haviam recentemente comprado na Frana duas lanchas (speedboats) pelo preo de US$ 17.000.000. As lanchas haviam sido vendidas por um estaleiro europeu controlado por um membro da famlia Jameson. Esse estaleiro havia recentemente aberto uma filial nessa mesma regio do sul da Europa e um banco local havia enviado FIU nacional um relatrio de transao suspeita, em virtude do grande volume de dinheiro em espcie que estava passando pelas contas da empresa. Outro aspecto interessante levantado pelos analistas foi o fato de os Jamesons no terem um padro de vida compatvel com os investimentos que tinham na Europa. Pareciam ter rendas relativamente baixas e viviam em casas simples financiadas quase que totalmente por hipotecas. Alm disso, de acordo com os rgos locais antidrogas, a famlia estava ligada a um criminoso conhecido por seu envolvimento com o trfico de drogas.
Todas essas informaes, acrescidos de dados recebidos de duas outras FIUs, levaram os analistas a concluir que estavam lidando com as transaes financeiras de uma grande organizao criminosa. Eles ento resolveram encaminhar o caso ao promotor pblico. As duas outras FIUs resolveram fazer o mesmo em seus respectivos pases. O promotor pblico instaurou um processo judicial (started legal proceedings on charges) por lavagem de dinheiro. Durante as investigaes realizadas pela polcia e pela promotoria, descobriu-se que os Jamesons tambm eram conhecidos por contrabandear carros de luxo no incio da dcada de 90. Os lucros gerados por essa atividade provavelmente constituram o capital inicial que serviu de base para sua riqueza atual e para as atividades criminosas. Indicadores: Mtodo inusitadamente complexo para adquirir produtos financeiros Grande volume de transaes em espcie Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Geoffrey visitou vrias agncias de seu banco na Europa para depositar volumes considerveis de dinheiro em espcie na conta de sua empresa. Os valores variavam entre US$ 15.000 e US$ 40.000. As agncias eram todas relativamente prximas umas das outras e ele pde visitar todas num s dia. Como essa instituio financeira dispunha de procedimentos automatizados de monitoramento de contas, os diversos depsitos desencadearam um alerta inicial e a movimentao da conta foi encaminhada para exame de um supervisor de contas. Geoffrey era cidado de um pas africano e, de acordo com os registros de cliente mantidos pelo banco, seu negcio era importar produtos eltricos de segunda mo, da frica. Fundos eram transferidos para contas na frica a intervalos irregulares presumivelmente para pagar pelos produtos. Os crditos eram aparentemente provenientes da venda desses bens na Europa, embora a instituio financeira tenha ficado um pouco preocupada com o padro dos depsitos. Se esses crditos eram legtimos, ento por que Geoffrey no depositava todo o valor na sua prpria agncia? O banco resolveu informar a FIU nacional sobre esses depsitos. Para que tivesse tempo para desenvolver uma investigao, a FIU autorizou o banco a continuar operando normalmente a conta de Geoffrey. Aps analisar os relatrios de transaes e os registros do banco, a FIU decidiu pedir mais documentos que comprovassem o embarque de produtos da frica. Instruiu o banco a pedir ao contador de Geoffrey que apresentasse os documentos. Pouco tempo depois, foram encaminhados instituio financeira e repassados FIU uma srie de notas e faturas de transporte areo, que deveriam comprovar os tais embarques. A FIU cotejou a movimentao dos dados da conta para obter um registro formal de todas as transaes efetuadas naquela conta durante os anos anteriores. Tambm contactou a alfndega e pediu que acompanhasse de perto a entrada na Europa dos futuros carregamentos de produtos eltricos ligados empresa de Geoffrey, vindos da frica. A alfndega identificou um carregamento que continha uma grande quantidade de maconha, avaliada em mais de US$ 300.000. O cabea da organizao na frica que no era Geoffrey foi identificado e subseqentemente condenado a seis anos de priso por trfico de drogas . Outras investigaes, inclusive financeiras, identificaram o envolvimento desse cabea da organizao com outras oito importaes de drogas. Ele recebeu uma pena adicional de dez anos de priso por essas importaes. O tribunal tambm entendeu que ele havia lucrado mais de US$ 1.500.000 com o trfico de drogas e por isso autorizou uma ordem de confisco nesse valor. Geoffrey fugiu do pas. Ele foi acusado de lavagem de dinheiro e outras ofensas e um mandado para sua priso foi expedido.
Indicadores: Grande volume de transaes em espcie Depsitos numa srie de agncias e em momentos diferentes, sem que haja uma razo aparente (possvel indcio de smurfing) Dvidas quanto racionalidade do negcio bsico parece estranho algum da Europa importar bens de consumo de segunda mo da frica.
Uma unidade policial de um pas da Europa central estava investigando um indivduo chamado Kenneth, associado a uma srie de fraudes financeiras. A unidade de investigao encaminhou o caso para a FIU nacional, para anlise adicional. Esta, por sua vez, enviou as informaes, via Egmont, para a FIU de um outro pas, da Europa oriental, tendo em vista que as ligaes identificadas pela unidade de inteligncia sugeriam que Kenneth tinha contatos naquela jurisdio. Com a ajuda de um amigo chamado Roy, Kenneth criou, naquele pas da Europa oriental, uma empresa chamada Servios Financeiros Inc.. Roy solicitou s autoridades reguladoras do pas uma licena para atuar no setor financeiro. Foi-lhe concedida a licena, embora essa no desse empresa o direito de prestar aos seus clientes a totalidade dos servios bancrios. Kenneth escolhia suas vtimas em diferentes pases da Europa. Quando traduziu o teor de sua licena para o ingls, ele o fez de modo a deliberadamente induzir seus clientes a pensarem que sua empresa podia atuar como uma instituio bancria autorizada. Seus documentos de divulgao tambm indicavam que os investimentos na empresa Servios Financeiros Inc. obteriam rendimentos anuais garantidos da ordem de 100 a 200 por cento. Os clientes estrangeiros no conheciam os regulamentos daquele pas da Europa oriental, mas a documentao apresentada os levava a crer que a empresa estava plenamente regularizada. Numerosos clientes investiram quase US$ 3.000.000 na empresa. Como ocorre com a maioria dos planos de investimento que garantem rendimentos excepcionais, o verdadeiro objetivo da empresa era o de ocultar a movimentao de fundos, tanto dos investidores quanto dos reguladores, e permitir a Roy desaparecer com o dinheiro quando quisesse. Para esconder os recursos, Roy os transferiu para uma reserva de capital dentro da empresa. Segundo a legislao local, a reserva de capital no era tributvel. Essa transferncia de recursos entre as contas da empresa significou o descumprimento de vrias normas de contabilidade. Para tornar ainda mais difcil o rastreamento desses recursos, Roy os transferiu para uma srie de contas de pessoas fsicas e jurdicas em outras instituies financeiras. Alm disso, investiu em aes e comprou outras moedas. O encaminhamento do caso, via Egmont, para a FIU na Europa oriental, e a confirmao de algumas das atividades suspeitas, levaram as foras de represso ao crime em vrios pases a se interessarem pelas atividades da Servios Financeiros Inc.. A polcia daquele pas da Europa central grampeou o telefone de Kenneth e descobriu como ele transferia o dinheiro de suas vtimas usando uma srie de instrumentos financeiros. Essa informao foi usada pela FIU para iniciar uma investigao naquele pas da Europa oriental. O resultado que uma parcela
significativa do dinheiro obtido fraudulentamente pde ser apreendida e os principais protagonistas foram presos. Ao da FIU: Percebeu o reaparecimento, no setor de servios financeiros, de criminoso j conhecido Identificao da jurisdio que provavelmente seria usada como destino dos recursos Contatos com FIU estrangeira para recuperar os recursos dos cidados.
Em abril de 1997, uma FIU nacional recebeu uma comunicao que indicava que Bernadette estava lavando recursos oriundos do crime. Acreditou-se, inicialmente, que ela estava envolvida no processo como parte de uma rede de trfico de drogas na Europa. Bernadette tambm parecia ser objeto de um comunicado enviado FIU de outro pas europeu. O comunicado referia-se a uma empresa cuja conta bancria havia sido aberta por um indivduo com o mesmo endereo de Bernadette. Bernadette tambm era signatria dessa conta. Graas s informaes prestadas pela Interpol, soube-se que um Juiz Examinador (Examining Magistrate) num pas da Europa Central j havia solicitado informaes sobre uma Bernadette, que fora detentora de uma conta bancria em um dos principais bancos daquele mesmo pas europeu. Pouco depois da primeira comunicao, a FIU recebeu outro relatrio. Bernadette havia tentado abrir uma conta bancria em seu prprio nome, numa cidade grande. O banco relatou que um montante considervel de dinheiro iria ser transferido, via SWIFT, de um banco na Europa ocidental para uma das contas de Bernadette. Como os investigadores j sabiam da existncia da Bernadette na Europa central, eles contataram o Juiz Examinador do pas em questo. Constataram que Bernadette era, na realidade, a me de um dos principais agentes de uma empresa de investimentos que, juntamente com uma parceira, participava de atividades fraudulentas organizadas em toda a Europa. Os fundos que iriam ser transferidos para a conta de Bernadette eram produtos dessas fraudes. Bernadette parecia ter constitudo uma empresa chamada The Parry, em outro pas europeu, da qual ela era a nica beneficiria. Havia tambm recebido uma outra quantia considervel de dinheiro, produto de uma fraude perpetrada no mesmo pas da Europa central, desta vez contra um hoteleiro. Bernadette havia usado o dinheiro para montar o The Parry. Em 1996, o hoteleiro precisou de US$ 20,000,000 para financiar a construo de um novo hotel. Os bancos de seu pas, na ocasio, estavam se negando a conceder emprstimos para projetos dessa natureza. Ele acabou entrando em contato com uma empresa de investimento em um pas da Europa central. A empresa dizia ter conseguido os US$ 20,000,000 por intermdio de um financista num pequeno pas do sul da Europa. Para contratar o emprstimo, o hoteleiro teria de pagar um depsito de cerca de US$ 2,000,000. Ele fez o depsito. Durante o decorrer das negociaes, o hoteleiro recebeu um fax que vinha, aparentemente, de um banco j bem estabelecido naquele pas da Europa central. Esse fax, que depois provou ser falso, havia convencido o hoteleiro a entregar seu dinheiro. O hoteleiro nunca recebeu os US$ 20,000,000 e ainda perdeu o seu depsito. Parte dos US$ 2,000,000 foi transferida,
via uma conta da empresa de investimentos, para uma conta de Bernadette, que usou os recursos em benefcio prprio. De posse dessas informaes e sabendo que Bernadette estava prestes a receber mais dinheiro provavelmente produto de fraude a FIU concluiu que era preciso agir rpido. Era evidente o envolvimento de Bernadette com lavagem de dinheiro. A FIU solicitou instituio financeira informaes adicionais sobre todas as contas de Bernadette e resolveu monitorar suas atividades. Bernadette e sua cmplice foram detidas quando sacavam aproximadamente US$ 125,000 em espcie da conta que havia sido recm aberta. Foram levadas para interrogatrio na polcia e Bernadette admitiu saber que o dinheiro existente em suas contas era originrio de fraude. Tanto Bernadette quanto sua cmplice foram acusadas de lavagem de dinheiro. Foi tambm encaminhada Suprema Corte uma petio para bloquear todos os recursos e propriedades em nome de Bernadette. Novas investigaes foram realizadas em sete outros pases europeus, descobriu-se que o dinheiro que estava com Bernadette, quando de sua deteno, fora indevidamente apropriado de um pesquisador de sade num pas da Europa ocidental. Esse pesquisador precisava de aproximadamente US$ 1,000,000 para ampliar seu negcio. Ele no havia conseguido um emprstimo nos bancos de seu pas e acabou sendo apresentado mesma empresa de investimentos. O pesquisador, como ocorrera com o hoteleiro, fora obrigado a pagar 10% do emprstimo a ttulo de depsito facilitador. Ele nunca recebeu seu emprstimo e seus US$ 100,000 desapareceram. Esses US$ 100,000 haviam sido depositados na conta da empresa de investimentos num terceiro pas europeu. Duas semanas depois, foram transferidos para a conta de The Parry, controlada por Bernadette. Para a FIU, isso era prova de que Bernadette havia recebido duas vultosas quantias oriundas de duas fraudes separadas, cometidas pela mesma empresa de investimentos que operava em diversos pases europeus. Bernadette tinha a inteno de investir esse dinheiro na compra de terras e propriedades e tambm no desenvolvimento de projetos comerciais legtimos. Ficou igualmente comprovado que um dos cabeas da empresa de investimentos tinha aberto duas contas em seu nome, dentro da mesma jurisdio, e que havia depositado mais de US$ 65,000 nas duas contas. Esses recursos tambm estavam associados a fraudes. A Corte Suprema aceitou mais uma petio para que fossem congelados, por um perodo de 21 dias, todos os ativos dessas contas. Ao final desse perodo, as autoridades de represso ao crime apresentaram mais uma petio solicitando o bloqueio dos recursos da empresa de investimentos em outro banco. Essas
autoridades tambm recorreram a tratados de assistncia jurdica mtua para tentar obter provas em outros pases europeus. Bernadette e sua cmplice foram levadas a julgamento. Entretanto, as acusaes contra a cmplice foram logo retiradas, por falta de provas. Pediu-se que esse caso fosse julgado tambm nos pases da Europa central os julgamentos poderiam ter produzido provas teis no julgamento principal contra Bernadette. Entretanto, esses julgamentos no foram levados adiante e, portanto, no surgiram novas provas. O julgamento de Bernadette foi concludo em dez semanas. Ela foi condenada a cinco anos de priso. Ao encerrar o caso, o juiz tambm autorizou o confisco de todas as propriedades e recursos em seu nome. Os principais envolvidos nas duas fraudes foram depois detidos pela Unidade de Investigao Policial e Aduaneira de um dos pases da Europa ocidental. Foram acusados de lavagem de dinheiro em conexo com as fraudes anteriores. Quando da elaborao deste relatrio, ambos os indivduos continuavam detidos aguardando a concluso das investigaes. Eles devem ser indiciados em breve.
Trs amigos, Brian, Josef e Richard, compraram, na Europa ocidental, utilizando-se dos servios de um intermedirio, a Red Ltd., uma empresa no-residente. No registro da empresa, afirmaram que seu objetivo era importar tapetes de um pas da Europa ocidental. Para facilitar a comercializao, solicitaram que o intermedirio uma empresa de advogados abrisse uma conta bancria em nome do Red Ltd.. A conta foi aberta sem qualquer problema. Segundo novas instrues, apenas os principais funcionrios da firma de advogados poderiam ser signatrios da conta. Era exatamente isso que os trs amigos queriam, pois no queriam estar formalmente vinculados empresa. Dias depois de aberta a conta, Brian ligou para o banco para negociar uma carta de crdito. Disse precisar dessa carta para poder adquirir 20 rolos de tapete que iriam ser entregues a uma grande empresa de catlogos. Deu a entender que se tratava de uma compra experimental, para ver se tudo corria bem. Se o negcio fosse bem sucedido, a prxima operao provavelmente seria dez vezes maior. Entretanto, Brian parecia entender muito pouco de cartas de crdito e o banco precisou explicar todo o procedimento, passo a passo. Os funcionrios do banco acharam estranho Brian dizer que tinha vrios anos de experincia no mercado e, no entanto, no sabia usar cartas de crdito. Registraram essa estranheza numa nota de arquivo. Brian disse ao banco que a carta de crdito tinha que ser no valor de US$ 40.000 e pediu ao banco que o avisasse assim que aquele valor tivesse sido transferido para o pas exportador, onde Josef e Richard estavam organizando os produtos. Informou que Josef e Richard iriam emitir um certificado para o banco, assim que tivessem inspecionado a mercadoria antes do embarque. O banco tambm iria receber um documento de embarque. Em seguida, o banco teria de liberar o pagamento at trs semanas aps a data indicada no documento de embarque. A conta bancria do beneficirio em nome de Black Ltd. ficava no pas exportador. A carta de crdito foi liberada uma semana depois, quando do recebimento de depsitos de uma agncia estrangeira de cmbio. Dez dias depois, chegaram o certificado e os documentos de embarque. O banco ficou um pouco preocupado ao perceber que o documento de embarque dava o endereo da Red Ltd. como sendo, na realidade, o endereo de uma unidade industrial em outro pas. Alm disso, o valor dos tapetes era de US$ 5.500, e no os US$ 40.000 prometidos. Apesar dessas pequenas discrepncias, o banco autorizou a transferncia do dinheiro dez dias depois. Pouco depois, Brian contactou o banco para confirmar que tudo tinha transcorrido bem e que ele estava iniciando a organizao de uma nova importao de tapetes. Desta vez, a carta de crdito seria no valor de aproximadamente US$ 625.000. O banco anotou a possibilidade nos arquivos e ficou aguardando instrues.
Dez meses depois, quando autoridades aduaneiras fizeram uma inspeo de rotina na instituio, o banco comunicou formalmente alfndega suas persistentes suspeitas em relao Red Ltd. A informao do banco provou ser muito til Brian, Josef e Richard haviam sido detidos oito meses antes, em uma pequena lancha, tentando contrabandear cem quilos de pasta de maconha para dentro do pas. Buscas feitas na casa revelaram documentos que indicavam que eles estavam envolvidos numa operao de pequena escala, destinada a financiar uma importao maior de heroina. Eles provavelmente j haviam importado uma pequena quantidade de herona escondida nos tapetes, como parte dos negcios da Red Ltd. Se no tivessem sido detidos, a Red Ltd. teria sido usada tanto para importao quanto para lavagem de dinheiro. Indicadores: Desconhecimento, por parte de um indivduo, de prticas que ele deveria conhecer Tentativa de evitar a identificao dos beneficirios finais de uma conta
No final de 1989, Allen e Todd viajaram para a Europa para abrir uma empresa registrada (registered company) , atravs da qual receberiam os lucros relativos a cerca de 300 parques de diverso espalhados pelo mundo. O agente que intermediou a criao da empresa ficou desconfiado em relao explicao sobre a origem dos recursos e resolveu fazer um comunicado FIU nacional. Esse agente administrava as contas associadas empresa e acompanhava todas as movimentaes de recursos. Seis meses aps a constituio da empresa, suas contas no banco local j haviam recebido mais de US$ 2.000.000 em recursos transferidos do exterior. Antes do final do ano, Allen e Todd contactaram o agente e o instruram a investir US$ 2.500.000 dos recursos da empresa em Fundos Fiducirios unitrios (Unit Trusts) presumivelmente para obter uma taxa mais alta de retorno. Por mais dois anos, a conta continuou recebendo grandes quantias em dlares americanos. Depois disso, outros US$ 2.500.000 foram transferidos da conta da empresa para uma conta pessoal separada, no mesmo banco, em nome de Antonia Arrow. Um pouco antes, naquele mesmo ano, Antonia tinha visitado o agente levando consigo uma carta de apresentao de Allen e Todd. Explicou que o dinheiro que ela iria eventualmente receber era o pagamento por uma consignao (consignment) de 3.000 toneladas de soja, que haviam sido entregues nos parques de diverso de Allen e Todd, em seu pas natal. O agente encaminhou outro comunicado, detalhando a visita e relatando que havia ajudado Antonia a abrir uma nova conta. Novo comunicado foi feito por ocasio da solicitao de transferncia dos US$ 2.500.000. Com base nesses comunicados, os funcionrios da FIU iniciaram uma investigao junto alfndega do pas natal da Sra. Arrow. Foram investigados os clientes do Unit Trusts, Allen, Todd e a Sra. Arrow. As autoridades alfandegrias informaram FIU que os donos dos 'parques de diverso', Allen e Todd, eram ambos traficantes de drogas j condenados e que Antonia era a esposa de um outro traficante tambm j condenado. Ao receberem de Antnia um pedido para que fossem transferidos US$ 2.100.000 para uma conta pessoal sua em seu pas, os agentes de represso ao crime de ambos os pases concordaram em permitir que a transao se realizasse, para que pudessem obter mais informaes sobre sua operao de lavagem de dinheiro. Contudo, no momento em que o dinheiro entrou em sua conta, a alfndega o reteve. A legislao sobre confisco de bens naquele pas era suficientemente rigorosa para levar a um provvel confisco dos bens. Em 1993, um tribunal julgou que o dinheiro retido provavelmente era produto de trfico de drogas e/ou lavagem de dinheiro. De 1993 at
1997, a Sra. Arrow apelou da deciso nas vrias instncias judiciais de seu pas, at que o processo terminou e a deciso original do tribunal foi mantida. Alguns meses aps a audincia final, a Sra. Arrow deu novas instrues ao agente, pedindo que liquidasse o restante dos ativos em sua conta, da ordem de mais de US$ 1.000.000, e os transferisse para um banco em outro pas europeu. O agente comunicou essa informao FIU nacional e, com base na deciso do tribunal do seu prprio pas, um tribunal autorizou a reteno (restraint) do restante dos bens. Quando da elaborao deste relatrio, as foras de represso de vrias jurisdies estavam seguindo pistas financeiras para ajudar numa eventual apreenso de fundos associados s drogas. Indicadores: Explicao estranha para justificar um negcio Estrutura complexa de fundos porque pagar por mercadorias desta maneira?
Uma empresria chamada Diana constituiu e registrou uma empresa chamada Oak Ltd., nomeando a si mesma como nica proprietria e controladora. A empresa, registrada no ramo de madeiras, contratou Donna como agente de vendas. Tanto Donna quanto Diana estavam, na realidade, envolvidas numa srie de atividades criminosas, e usavam a Oak Ltd. como instrumento de lavagem de dinheiro. Os recursos oriundos do crime eram depositados em espcie nas contas da empresa. Como as transaes em espcie no eram algo anormal no comrcio de madeiras, a instituio financeira no fez qualquer comunicado. Como resultado das vrias atividades ilegtimas realizadas pelas duas mulheres, a empresa pde apresentar um lucro inflado de US$ 100.000 no seu primeiro ano, pois os recursos do crime estavam sendo introduzidos no fluxo de renda. Em fevereiro do ano seguinte, Diana morreu de causas naturais, deixando seu passaporte no escritrio da empresa. Usando o passaporte de Diana e fingindo ser sua falecida empregadora, Donna retirou US$ 100.000 em espcie do banco. Pouco depois dessa transao, o banco resolveu fazer um comunicado FIU nacional, tendo em vista o rpido crescimento da empresa e a grande retirada em dinheiro. Aps examinar os extratos da conta e a base de dados de populao que informava a data da morte de Diana a FIU identificou as atividades de lavagem de dinheiro de Donna e encaminhou o caso polcia, para as providncias cabveis. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia estava se preparando para det-la sob acusao de lavagem de dinheiro. Indicadores: Faturamento comercial irreal Grande volume de transaes em espcie
A polcia de um pas da Amrica pediu ajuda FIU nacional na investigao criminal de Giorgio e Benedetto. Acreditava-se que eles estivessem envolvidos na ocultao de recursos ilcitos provenientes de aes corruptas num pas do sul da Europa. A FIU no tinha recebido comunicados de instituies financeiras a respeito desse caso, mas, mesmo assim, iniciou uma investigao financeira. Em 1981, Giorgio comeou a trabalhar para Benedetto como consultor financeiro. Atendendo a ordens, Giorgio abriu uma conta corrente em nome de Benedetto num pas da Europa central, usando o nome de uma empresa americana offshore. De 1981 a 1987, a conta foi creditada com recursos oriundos de corrupo, com a ajuda de um funcionrio de banco chamado Ugo. Parte do dinheiro foi depois transferida para uma conta corrente aberta num banco de um pas da Europa central. Mais uma vez, foi usado o nome de uma empresa num centro americano offshore. Algum tempo depois, os recursos foram novamente transferidos para outra conta corrente no mesmo pas europeu, usando o nome da mesma empresa. Isso porque Ugo passara a trabalhar para outra instituio bancria e queria continuar prestando seus servios para Giorgio. Em fevereiro de 1993, seguindo ordens de Benedetto, Giorgio transferiu os direitos sobre a empresa para Gabriel, um cidado americano. A partir de fevereiro de 1993, a conta da empresa passou a ser usada por Maurizio (de mesma nacionalidade que Giorgio, Benedetto e Ugo) e Gabriel. Eles transferiram metade do dinheiro da empresa americana para um banco num pas da Europa central e a outra metade para um banco em outro pas da Amrica. Em maro de 1993, a conta estava zerada. Gabriel, Maurizio e Adriana, todos cidados americanos, e Augusta, uma mulher europia, sabiam que o dinheiro era produto de atividades criminosas. De julho de 1993 at maio de 1994, eles transferiram mais de US$ 1.200.000 para contas abertas num banco em outro pas da Amrica. Em maro de 1993, Gabriel e Maurizio criaram uma empresa no pas americano acima citado, para poderem transferir os recursos da empresa americana offshore. Gabriel e Maurizio transferiram, juntos, 5.000 aes no valor total de US$ 50.000. Depois de depositado o dinheiro nas contas, entre os anos de 1993 e 1994, novas transferncias foram feitas entre as contas, para encobrir ainda mais a origem do dinheiro e dificultar qualquer investigao posterior por parte das foras de represso ao crime. Apesar dessa tentativa de despistar as autoridades, a FIU analisou todas as movimentaes de recursos e conseguiu que o dinheiro que havia sido transferido para a empresa offshore fosse confiscado pela polcia do pas em que Gabriel e Maurizio tinham suas contas. Esse xito foi possvel graas a um alto grau de cooperao com o governo daquele pas do sul da Europa. No houve cooperao com a FIU daquele pas, mas houve estreita colaborao entre as Procuradorias
Gerais de ambos os pases. O pas americano tambm pde extraditar dois dos suspeitos responsveis pelo esquema no pas europeu.
Uma equipe policial num pas da Europa ocidental iniciou uma investigao sobre uma famlia suspeita de estar envolvida com trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Desconfiava-se que a famlia estivesse usando uma agncia de cmbio denominada Family Holding para facilitar o processo de lavagem. Um dos parentes gerenciava o negcio a partir de outro pas. Outros membros da famlia, Marcel e Luc, atuavam como gerentes locais e trabalhavam sobretudo com cmbio; os lucros do negcio eram depositados, em espcie, nas contas da empresa. Enquanto a polcia investigava a famlia usando tcnicas policiais convencionais, as transaes financeiras da famlia eram monitoradas por instituies financeiras que acharam suspeitas as movimentaes verificadas nas contas da empresa. Dentro de pouco tempo menos de dois meses grandes transferncias de recursos ocorreram entre as contas do Family Holding. Atravs de depsitos em espcie e transferncias, cerca de US$ 425.000 foram creditados e quase US$ 213.000 transferidos para uma conta pessoal num banco estrangeiro. A instituio financeira em questo ficou desconfiada e resolveu comunicar as transaes FIU nacional. Tendo em vista o grande volume de recursos envolvidos, a FIU buscou informaes nos seus prprios bancos de dados de informaes da rea de inteligncia, nas de outros rgos policiais e judiciais e tambm em bancos de dados comerciais. Os registros da Junta Comercial indicavam que Luc era um dos diretores da Family Holding. Na base de dados da polcia nacional, Luc constava como envolvido com o crime organizado. Os ltimos comunicados recebidos tambm revelavam que Marcel havia realizado transaes pessoalmente, depositando altas somas em sua prpria conta. Depois, havia transferido praticamente todo o saldo para a conta da empresa Family Holding. A FIU estava cotejando as vrias denncias e informaes recebidas para poder repass-las equipe policial responsvel pela investigao. Nesse meio tempo, um outro banco encaminhou nova denncia, relatando outras transaes envolvendo uma conta da Family Holding. A partir da conta da Family Holdings nessa instituio, somas significativas tinham sido transferidas via uma conta num banco estrangeiro para contas pessoais num pas asitico. A FIU encaminhou para a unidade policial toda a informao da rea de inteligncia relativa s transaes da Family Holding. No total, mais de US$ 425.000 foram trocados e transferidos para o exterior num perodo de doze meses. O relatrio da FIU serviu de apoio para a investigao policial e contribuiu para que se determinasse a magnitude do trfico de drogas e o volume da lavagem de dinheiro. A investigao financeira tambm revelou que os lucros estavam sendo usados para adquirir bens imveis no exterior. Quando vrios suspeitos chave foram detidos e interrogados pela unidade policial, as informaes de inteligncia financeira prestadas pela FIU ajudou a derrubar as tentativas iniciais de
manter o silncio diversos suspeitos confessaram seu envolvimento e alegaram que haviam agido em cumprimento s ordens dadas pelos principais lderes da famlia. Ao todo, cerca de US$ 4.300.000 em imveis foram apreendidos no exterior. Luc e Marcel foram condenados a quatorze e doze anos de priso, respectivamente, por trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Alm disso, as autoridades impuseram aos irmos multas em torno de US$ 425.000, como uma penalidade adicional. Indicadores: Movimentao grande e/ou rpida de recursos em espcie. Grande volume de transaes em espcie
Harry era dono de um posto de servio para automveis numa pequena cidadezinha da Europa e parecia dispor de muito dinheiro em espcie como resultado de seu negcio. Entretanto, alguns anos antes, ele havia dado um grande desfalque numa empresa para a qual havia trabalhado e desde ento vinha se sustentando com esse dinheiro roubado. No decorrer dos anos, ele foi gastando uma parte considervel desse dinheiro. Mas comeou a imaginar em que locais alm da sua casa ele poderia esconder esse dinheiro; o dinheiro ainda estava em espcie e, portanto, sujeito a furto ou deteco. Ele decidiu que o melhor era esconder o dinheiro no prprio sistema bancrio, usando a sua empresa como fachada e alegando que o dinheiro era parte de sua receita regular. Para evitar perguntas constrangedoras dos funcionrios do banco, ele depositou aproximadamente US$ 14.000 a maior parte em notas j velhas no cofre noturno do banco e disse que esse valor correspondia ao faturamento de sua garagem naquele dia. Entretanto, Harry no contava com a curiosidade dos funcionrios do banco. No dia seguinte, quando esvaziaram o cofre da noite, o depsito de Harry logo levantou suspeitas. Como que uma garagem iria receber tantas notas velhas e como que uma empresa numa cidadezinha to pequena ganharia tanto dinheiro em um s dia? O banco comunicou o depsito FIU nacional. Depois de analisar a comunicao, a FIU decidiu divulgar um relatrio para a polcia. Com base nas informaes recebidas, a polcia fez uma busca na casa de Harry. A busca logo revelou muito mais dinheiro no seu prprio cofre, ele tinha mais de US$ 50.000 e, de acordo com anotaes encontradas pela polcia, ele havia tambm depositado um grande volume na conta de sua me, em outra instituio financeira. A polcia conseguiu autorizao legal para fazer uma busca no cofre de segurana e l encontrou outros US$ 625.000. Harry percebeu que as provas eram irrefutveis. Contou polcia sobre outros US$ 95.000 que havia escondido na casa de sua me e confessou a fraude, a apropriao indbita e a sonegao fiscal que vinha escondendo h algum tempo. Graas denncia apresentada por um banco alerta, Harry foi condenado a dois anos e meio de priso e quase US$ 700.000 foram confiscados. Indicadores: Comportamento comercial atpico Faturamento irreal para uma empresa Grande volume de transaes em espcie Natureza atpica das notas/moedas
A empresa JJ Brokers GG Ltd. parecia estar indo extremamente bem. Um banco de compensao na Europa reparou numa transferncia a cabo (wire transfer) , no valor de US$ 1.400.000, em que os recursos vinham de uma conta offshore e eram depositados na conta da empresa. Embora o banco de compensao no conhecesse a empresa, as iniciais que constavam de seu nome pareciam familiares. JJ poderia representar John James que aps um julgamento que recebeu muita publicidade havia passado os ltimos dois anos na priso por seu envolvimento com um esquema de fraude com instrumentos monetrios (monetary instrument fraud scheme) Os funcionrios do banco tambm se lembraram de que todos os seus ativos pessoais haviam sido includos no processo de falncia, para indenizar as vtimas. Se as suspeitas dos funcionrios do banco estivessem corretas, a transferncia indicava que John James estava recebendo US$ 1.400.000, depositados na conta de uma empresa. A gerncia do banco de compensao fez novas investigaes e os indcios eram de que a ligao era real. O banco de compensao julgou que deveria notificar a FIU nacional e tambm informar o banco de John James de suas suspeitas. Este banco, por sua vez, depois comunicou FIU que John James tinha vrias outras contas autorizadas que haviam passado desapercebidas dos investigadores financeiros no primeiro julgamento. Ao iniciar suas investigaes, a FIU encontrou um relatrio de transaes preparado por outro banco que havia voluntariamente encerrado seu relacionamento comercial com John James. Aparentemente, John James havia procurado efetuar uma srie de transaes que o banco considerava suspeitas. A FIU tambm descobriu que John James era diretor de vinte empresas diferentes, todas operando a partir de seu endereo residencial. Seus nomes indicavam que todas estavam relacionadas com diversos tipos de atividades financeiras que atrairiam investidores. E, no entanto, nenhuma dessas empresas tinha uma licena para prestar servios financeiros. A FIU logo pediu ao banco de John James que bloqueasse os US$ 1.400.000 to logo fossem creditados. Informaes financeiras adicionais prestadas pelos trs bancos revelaram que diversos recursos haviam sido creditados em vrias contas, via transferncias a cabo, e imediatamente sacados e enviados para vrios indivduos e empresas na Europa e na Amrica. A FIU tinha fortes razes para acreditar que essa era uma prova importante de ocultao (layering) numa operao de lavagem de dinheiro. A FIU encaminhou a informao polcia, para novas averiguaes. Enquanto isso, John James alheio ateno que despertara nas autoridades de represso planejava suas frias. Lamentavelmente para ele, suas frias terminaram antes de comear: a policia o deteve no aeroporto antes que ele pudesse sair do pas. Documentos apreendidos revelaram que John James tambm era proprietrio e gerente
de diversas empresas offshore em varias jurisdies no mundo. Outros documentos descobertos pelos investigadores continham indcios de que John James estaria oferecendo servios financeiros para uma gama de investidores e empresas. Para obter servios de investimento ditos exclusivos e altamente rentveis, um grande nmero de clientes sobretudo da Europa oriental e da Amrica havia pago comisses iniciais de US$ 5.000 a US$500.000. Aps a deteno de John James, vrios de seus clientes contactaram a equipe de investigao. Alegavam ser os beneficirios de depsitos totalizando quase US$ 3.500.000 incluindo, aproximadamente, US$ 2.000.000 dos fundos retidos. Mas quando a polcia os perguntou sobre os objetivos das transaes e pediu documentos que comprovassem seu direito ao dinheiro, eles pareceram relutar em fazer declaraes formais. Quando da elaborao deste relatrio, nenhum desses clientes havia ainda solicitado ao tribunal a suspenso da ordem do promotor de congelar os fundos. No decorrer da investigao, John James foi libertado e imediatamente retomou seus negcios com investimentos financeiros. Procurou atrair mais investidores de quem pudesse obter as suas comisses. Recentemente, as autoridades de represso ao crime em outro pas bloquearam US$ 20.000.000 que haviam sido transferidos de um centro financeiro offshore para a conta de um dos bancos estrangeiros de John James. A equipe de investigao poder usar todas as informaes de inteligncia financeira recolhidas e analisadas pela FIU nacional para demonstrar o grau de envolvimento de John James com atividades fraudulentas. Essas informaes devem facilitar a condenao de John James no futuro e o confisco de seus ativos. Indicadores: Possvel relao do cliente com outros crimes anteriores Transferncia de fundos, de e para uma jurisdio estrangeira, de forma atpica ou no econmica Movimentaes grandes e/ou rpidas de recursos
Peter e Fredrick, dois amigos de longa data, iniciaram um negcio de fornecimento de memrias RAM (random access memory) para computadores. Comearam da estaca zero e em pouco mais de um ano atingiram um faturamento de US$ 5.500.000 a operao de venda de RAM ia muito bem. J haviam montado trs subsidirias na Europa e estavam comeando a trabalhar com quatro empresas asiticas que produziam os chips. No entanto, para maximizar seus rendimentos, Peter e Frederick decidiram sonegar os impostos devidos pela empresa. Para tanto, criaram um esquema com uma empresa asitica que vendia os RAM. A fornecedora asitica emitia duas faturas: a verdadeira era enviada para Peter e Fredrick, e outra, falsa, com apenas 1/10 do valor dos RAMs, era enviada para a alfndega. Graas a esse plano, deixaram de pagar US$ 1.000.000 em impostos de importao e de valor agregado (VAT). Essa sonegao de impostos tambm deu a Peter e Fredrick uma vantagem desleal em relao aos seus concorrentes legtimos. Eles no tinham que embutir nos preos os mesmos fatores de custo. Os lucros adicionais, gerados por essa sonegao, eram retirados da conta da empresa em espcie e imediatamente transferidos para vrias contas pessoais, para reduzir os lucros da empresa no final do ano. Peter e Fredrick passaram a acumular muito dinheiro por causa da sonegao e o banco deles comeou a ficar desconfiado. Os extratos dirios de uma das contas da empresa comearam, de repente, a revelar movimentaes atpicas, inclusive a retirada, em espcie, de dinheiro das contas da empresa. A instituio financeira resolveu fazer uma comunicao FIU nacional. Depois de investigar as transaes e examinar o fluxo de recursos entre as empresas em questo, a FIU passou a desconfiar que Peter e Fredrick estavam tentando evitar pagar a alquota correta do imposto. A FIU repassou as informaes para a aduana, que comparou os totais que apareciam nas notas frias com os valores efetivamente repassados empresa asitica. A discrepncia significativa entre os dois valores indicava claramente que havia algum tipo de sonegao. Aps uma investigao detalhada, Peter e Fredrick tiveram mais de US$ 100.000 confiscados e os tribunais impuseram uma penalidade financeira adicional de aproximadamente US$ 700.000. Foi tambm imposta aos dois empresrios uma pena de trs anos e meio de priso, indicando a gravidade da tentativa de sonegao. Indicadores: Atividade empresarial no usual Movimentao atpica ou no-econmica de recursos entre contas Faturamento comercial irreal
Um cliente chamado Jack abriu, em um banco americano, uma conta em nome de uma empresa estrangeira. Jack, que dizia ser o gerente, e Jane, sua filha, que tambm era gerente, foram designados signatrios da conta. Durante vrios anos, Jack usou a conta para fazer uma srie de depsitos e transferncias, totalizando mais de US$ 100.000. A movimentao da conta era semelhante a de outras empresas e o banco no via razes para se preocupar. Um dia, o banco americano recebeu um pedido oficial de informaes do Promotor de Crimes Ligados s Drogas. Ele queria que o banco atestasse se determinadas pessoas fsicas e jurdicas haviam mantido ou ainda mantinham contas bancrias ou cofres de segurana. Os indivduos citados estavam sendo indiciados em outro pas por envolvimento com trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Dessa lista constavam os nomes de Jack e Jane. O banco avisou a FIU imediatamente. Quando o comunicado foi feito, a conta encontrava-se inativa por algum tempo e estava at com o saldo um pouco a descoberto. Alguns meses depois, US$ 100.000 foram creditados na conta. Os recursos provinham da liquidao de um instrumento de investimento a prazo fixo. Instrues dadas anteriormente por Jack mandavam que fossem feitas dez transferncias, cada uma de US$ 10.000, para sua filha Jane. O banco cumpriu as instrues e tambm comunicou essas novas transaes FIU. A conta ficou zerada depois das transferncias. A FIU que, aps o comunicado anterior, j havia iniciado uma investigao, descobriu uma srie de outras informaes sobre Jack. Ele fazia parte de um grupo de trinta e nove indivduos e empresas fortemente suspeitos de estarem envolvidos com uma rede global de trfico de drogas, ligada a um cartel da Amrica do Sul. Essa rede estava sendo investigada pela polcia e pelas autoridades legais tanto na Amrica quanto na Europa. Alm disso, a FIU descobriu que a alfndega de outro pas havia apreendido, alguns anos antes, um barco de uma empresa de Jack, depois que foram descobertas cinco toneladas de cocana a bordo. A FIU fez um relatrio analisando todas essas informaes e entregou-o promotoria para as medidas cabveis. Quando da elaborao deste relatrio, o promotor e a polcia estavam preparando o processo, para fazerem uma srie de detenes. Indicadores: Possvel relao do cliente com crimes anteriores
Ian e Steve eram, individualmente, proprietrios de duas bem sucedidas empresas offshore, embora vivessem num pas do leste europeu. Ambas as empresas recebiam grandes injees de capital sob a forma de transferncias em dinheiro de empresas de um pas vizinho. Pelo menos US$ 3.500.000 foram creditados nas contas das empresas em prazo relativamente curto. A FIU nacional daquele pas do leste europeu havia recebido diversos relatrios sobre essas volumosas transaes em dinheiro e decidiu iniciar uma investigao sobre essas duas empresas offshore. Descobriu que os pagamentos feitos s empresas eram baseados, de modo geral, em contratos falsos e notas frias. Segundo as notas, as empresas estavam prestando servios de pesquisa de mercado e tambm pesquisa sobre outras oportunidades varejistas na Europa. Entretanto, segundo a informao da rea de inteligncia independente recebida de outro rgo de represso ao crime, nenhum desses servios havia sido efetivamente prestado empresa investidora. Surgiram, ento, perguntas sobre qual seria a verdadeira razo para a transferncia de US$ 3.500.000 para fora do pas. Novas investigaes conduzidas pela FIU nacional apuraram que Ian e Steve eram, na realidade, donos de um banco de poupana num pas vizinho. Esse banco emprestava grandes volumes para empresas da Europa oriental, inclusive para aquelas que estavam transferindo fundos offshore. Foi possvel deduzir que os representantes do banco e das empresas haviam concordado, informalmente, com taxas de juros superiores quelas que constavam dos contratos oficiais de emprstimo. A diferena entre as taxas era transferida para as contas das empresas offshore. Esse dinheiro, oficialmente inexistente, podia ento ser dividido entre os beneficirios do plano, sem ser rastreado ou tributado. Aps descobrir a verdadeira origem dos recursos, a FIU passou a investigar seu destino, no intuito de compreender todo o fluxo dos recursos clandestinos. Cerca de US$ 300.000 foram transferidos para instituies financeiras em trs outros pases europeus. Um proporo muito maior cerca de US$ 2.700.000 foi retirada em dinheiro e contrabandeada de volta para o pas vizinho. O exame dos arquivos em ambos os pases do leste europeu no revelou qualquer declarao de movimentao de dinheiro associada a quaisquer dos indivduos envolvidos. Steve retirou o restante do dinheiro e o depositou numa recm aberta conta pessoal. Depois, depositou mais US$ 90.000. Enquanto isso, a empresa de Ian solicitou, no mesmo banco, um emprstimo de curto prazo de aproximadamente US$ 600.000. O pedido de emprstimo foi feito sob a alegao de que se destinava expanso de um negcio com caf. O saldo da conta de Steve cerca de US$ 700.000 serviu de garantia. O banco aceitou o pedido e concedeu o emprstimo. Apenas quatro dias depois, Ian pagou o emprstimo usando o dinheiro de Steve. A liquidao de dvidas
usando recursos clandestinos uma tcnica muito observada de ocultao (layering). Se os peritos financeiros tivessem comeado a investigao pelo negcio cafeeiro, a documentao inicial teria dado a entender que os recursos tinham vindo de um banco respeitvel. Entretanto, como a FIU estava abordando a operao de lavagem a partir de outra perspectiva e j tinha conhecimento das transferncias de fundos offshore, a investigao logo confirmou que a empresa de Ian nunca havia estado envolvida no negcio de caf. Ian e Steve foram acusados de sonegao fiscal, movimentao de recursos clandestinos e criao de documentao falsa e condenados a vrios anos de priso. Alem disso, US$ 140.000 j foram apreendidos s com esses dois indivduos. Indicadores: Grandes movimentaes em dinheiro Ao da FIU: Identificao, a partir de alvos, de interesses empresariais comuns Identificao de documentao falsa Troca de informaes de inteligncia com outras FIUs, por intermdio do Grupo Egmont
Em 1998, um banco informou a FIU nacional sobre transaes que estavam sendo realizadas na conta de uma empresa offshore no residente. Em pouco tempo, uma empresa estrangeira chamada Suftwire transferira cerca de US$ 400.000 para essa conta. Neil, o nico proprietrio da empresa offshore, sacou a maior parte em dinheiro. Quando vinha fazer as retiradas, dois estrangeiros, Isaac e Nick, sempre o acompanhavam. Aps receber o comunicado, a FIU iniciou uma investigao. Examinando as principais bancos de dados sobre comunicados financeiros, logo ficou evidente que a empresa offshore de Neil no era a nica a receber dinheiro da Suftwire. Em questo de apenas um ms, cerca de US$ 4.500.000 haviam sido depositados na conta de uma empresa chamada Allan. Parecia que Neil tinha autorizao para movimentar essa conta tambm e, aos poucos, ele foi retirando a maior parte dos recursos em dinheiro, sempre acompanhado de seus parceiros estrangeiros, Isaac e Nick. Verificaes feitas com a instituio financeira revelaram que Isaac e Neil tinham suas prprias contas no-residentes, mas as mantinham inativas. Devido s ligaes estrangeiras de Neil, a FIU recorreu ao Grupo de Egmont para contactar trs FIUs nacionais em outros pases. Neil j era muito conhecido em seu pas por sua extensa carreira criminosa. De sua folha corrida constavam condenaes por fraude, cheques falsificados e infraes alfandegrias. Alm disso, j havia sido detectada a ligao de Neil com uma grande e bem sucedida operao criminosa de contrabando de manteiga. Acredita-se que, para cada carregamento efetivamente contrabandeado, Neil recebia uma comisso de US$ 500.000. Pode parecer uma comisso muito alta para contrabando de manteiga, mas as autoridades estimam que o total das receitas no arrecadadas chegaria a cerca de US$ 3.000.000. Alm de manteiga, Neil tambm contrabandeava bebidas alcolicas. Para facilitar essa operao, Neil se apresentou como gerente executivo de uma empresa de fachada chamada Foods. Entretanto, graas interceptao por parte das foras de represso ao crime, sua empresa trouxe-lhe um enorme prejuzo: 9.000 garrafas de vodka e 9.000 garrafas de whisky - todas acondicionadas em garrafas de suco de tomate e outros 11 carregamentos de bebida alcolica foram apreendidos em outros pases. Entre outras, estava tambm envolvida no contrabando de bebidas uma empresa chamada Naxt. Os pedidos de informao s FIUs de outras jurisdies produziram um resultado muito proveitoso: a FIU do pas de registro da empresa Suftwire informou que Neil parecia ser dono dessa empresa tambm. Um exame dos registros financeiros revelou que Suftwire comprava computadores da empresa Allan, j mencionada a beneficiria de 87% das retiradas da conta Suftwire e os vendia a uma empresa
chamada Trade responsvel por 84% dos depsitos na conta da Suftwire. Entretanto, a cadeia de pagamentos baseavase em notas frias/faturas falsas. No havia ocorrido qualquer transao comercial efetiva entre as empresas em questo. Depois, a FIU descobriu uma transferncia de US$ 1.500.000 para a conta Allan, feita por Naxt envolvida com o contrabando de bebidas alcolicas. O esquema de vendas de computador parecia ser apenas uma fachada para lavar o dinheiro do contrabando de bebidas alcolicas. Neil, Isaac e Nick foram todos acusados de lavagem de dinheiro, mas foram declarados inocentes num primeiro julgamento. O promotor pblico apresentou uma queixa em relao aos procedimentos do julgamento e, quando da elaborao deste relatrio, aguardava-se uma deciso do tribunal. Neil tambm foi acusado, em um dos outros pases, de lavagem de dinheiro, contrabando, uso de documentos falsos e sonegao dos impostos de importao. Indicadores: Atividades suspeitas por parte dos parceiros do cliente Grande volume de transaes em espcie
Peter era o mentor intelectual de uma ciranda fraudulenta envolvendo a cobrana do imposto VAT [imposto de valor agregado] em um pas europeu. Para que a fraude fosse lucrativa, era preciso trabalhar com produtos pequenos e de grande valor telefones celulares eram o ideal. A fraude revelou-se de fato muito rentvel porque a alquota de VAT era superior a 20% no seu pas. Peter importava os telefones por intermdio de uma empresa de fachada e colocava na nota um valor inferior ao verdadeiro preo de importao do produto. A nota inclua o imposto VAT acrescentado ao preo menor, embora a empresa de fachada no declarasse o VAT para as autoridades fiscais. Clark, um criminoso que trabalhava em conjunto com Peter, representava a empresa de fachada. Ele vendia os produtos para outra empresa: a empresa elo-intermedirio. Esta os vendia para a empresa elo final, de propriedade de Peter, mas com uma nota em que o VAT era acrescentado a um preo mais alto. A diferena de preo era o nico lucro auferido pela empresa intermediria. O objetivo desta empresa era o de criar uma cortina de fumaa, tornando mais difcil a associao da empresa de fachada com os beneficirios finais. A empresa elo-final de Peter era a ltima na cadeia. Peter foi capaz de reivindicar das autoridades fiscais o reembolso de grandes quantias de VAT. Uma vez recebido o VAT, ele exportava os telefones de volta para o mesmo fornecedor estrangeiro que havia inicialmente vendido os produtos para a empresa de fachada. Devido a essa exportao final, Peter no era obrigado a pagar o VAT sobre a venda dos telefones. No perodo de alguns meses, Peter repassou, vrias vezes, os mesmos telefones para as mesmas empresas e obteve grandes lucros. Enquanto isso, a FIU nacional iniciou um projeto estratgico destinado a atacar o problema da ciranda fraudulenta com o VAT. A estreita colaborao entre as diversas autoridades envolvidas FIU, alfndega, foras de represso ao crime e autoridades tributrias produziu as informaes necessrias identificao e anlise de possveis fraudes. Durante o projeto, a FIU identificou um grande carregamento de telefones celulares armazenados no aeroporto, recm importados pela empresa fachada de Clark. Como Clark j tinha uma ficha criminal em que constavam vrias pequenas fraudes financeiras, a FIU considerou que valia a pena deter-se no exame mais minucioso das empresas e dos carregamentos em questo. A documentao apresentada indicava que Clark havia vendido os telefones para uma empresa elo-intermedirio, por um preo inferior ao de importao. Devido a essa diferena negativa entre os preos, a empresa j havia conseguido um adiamento dos tributos devidos. A operao tornava praticamente impossvel a empresa um dia ter a capacidade de pagar a dvida tributria postergada. O promotor decidiu iniciar uma investigao preliminar sobre Clark e confiscar o carregamento de telefones celulares como medida de precauo.
O promotor contactou a FIU, solicitando sua assistncia na anlise das transaes financeiras em questo. A FIU descobriu que o fornecedor estrangeiro dos celulares tinha uma conta num banco nacional. O extrato da conta revelava grande movimentao de dinheiro vrias centenas de milhares de dlares americanos num perodo de trs meses. Grandes depsitos feitos nesse pas eram sempre seguidos de retiradas e transferncias para o pas estrangeiro. A FIU tambm observou que o fornecedor recebeu um pagamento de US$ 1.000.000 em sua conta no mesmo dia em que os celulares foram confiscados. Embora Clark dissesse que era o comprador desses celulares, os recursos no haviam sido depositados por ele. O dinheiro tinha vindo de uma conta em outro banco nacional, pertencente empresa elointermedirio. Aps solicitar informaes adicionais sobre essa conta bancria, a FIU recebeu documentos em que a empresa de Clark e a empresa de Peter o elo final eram mencionados. A FIU descobriu que as empresas haviam feito sete transaes com os celulares, todas envolvendo o mesmo nmero de aparelhos adquiridos do mesmo fornecedor estrangeiro. Graas a essas transaes, Peter havia recebido um volumoso reembolso de VAT. A documentao apresentada permitiu FIU identificar as etapas na cadeia, desde a empresa fachada at a empresa elo final. A ltima empresa na cadeia sempre aquela que estrutura as transaes e ganha mais dinheiro com a fraude de VAT. Infelizmente para Peter, a autoridade fiscal exigiu que ele devolvesse o valor integral do reembolso de VAT recebido. Peter tentou recorrer, mas o tribunal de apelao determinou que ele tinha de devolver US$ 1.100.000 para as autoridades. Quando da elaborao deste relatrio, cogitava-se de seu indiciamento criminal.
Os integrantes da famlia Smith, cidados de um pas da Europa oriental, j eram proprietrios do banco local h vrios anos. Desde o incio das atividades do banco, Jessica e Kirk Smith eram os maiores acionistas. O filho Stan era o presidente e a filha Lisa era diretora. Embora o banco fosse relativamente pequeno e no dispusesse de muito capital (e, por essa razo, no tinha uma classificao de crdito (credit rating) muito alta nos mercados nacional e internacional), os negcios iam bem. Foram assinados grandes acordos de financiamento, em valores que ficavam bem acima do capital registrado do banco. Funcionrios da FIU nacional leram nos jornais histrias de que alguns dos clientes do banco eram ligados ao trfico de drogas. Isso foi razo suficiente para a FIU iniciar uma investigao dos acionistas e dos diretores do banco. No decorrer da investigao, ficou claro que a famlia Smith estava lavando os recursos clandestinos de diversas operaes criminosas. Ao prepararem documentos falsos, como cartas de crdito e cartas de garantia de bancos de primeira linha, criavam para seus clientes meios de ocultar as receitas oriundas do trfico de drogas e de outros crimes. Em troca, seus servios eram remunerados com uma alta comisso. Para dar comisso uma origem plausvel, a famlia recorreu ao mecanismo do retroemprstimo (loan back method). Ao indicar que o dinheiro era proveniente de acordos de crdito, supostamente concedidos por instituies financeiras estrangeiras, a comisso assumia a forma de crditos lcitos obtidos no exterior. A FIU tambm percebeu que os membros da famlia no tinham passivos tributrios, embora tivessem muito dinheiro no banco dos Smith. O dinheiro nessas contas tambm era ocultado usando o mecanismo do retro-emprstimo. A FIU encaminhou as informaes para a promotoria pblica, para que esta pudesse indiciar a famlia Smith por lavagem de dinheiro. Cada membro foi condenado a dois anos de priso e a uma multa de aproximadamente US$ 2.000.000. Alm disso, foi confiscado um total de US$ 5.000.000. Indicadores: Cobertura da imprensa sobre as atividades de titulares de contas
Um empresrio tinha duas clnicas de massagem e o faturamento de ambas era depositado numa conta conjunta, num banco local. O gerente do banco percebeu que as clnicas pareciam estar recebendo muito dinheiro. A maioria dos pagamentos era de cerca de US$ 100 e, em menos de doze meses, as duas clnicas tinham recebido perto de US$ 300.000. Tendo em vista o alto volume de negcios, o gerente do banco resolveu rever o histrico da conta e descobriu duas transferncias distintas de US$ 16.000 da conta das empresas para uma conta num banco da Europa oriental. Pareceu-lhe improvvel que clnicas de massagem precisassem pagar por servios num pas estrangeiro. Ele informou suas suspeitas aos seus superiores que, por sua vez, resolveram fazer uma comunicao FIU nacional. A FIU recebeu a comunicao e passou a verificar os bancos de dados de da rea de inteligncia. Estas no revelaram qualquer registro dos indivduos ou das empresas em questo. Entretanto, os funcionrios da FIU sabiam que um ramo especializado da polcia estava investigando a importao de mulheres da Europa oriental. As mulheres eram foradas a trabalhar como prostitutas e clnicas de massagem j haviam sido usadas anteriormente como fachada para essa explorao. A FIU ento decidiu iniciar uma operao conjunta com a unidade policial especializada. As clnicas foram colocadas sob vigilncia e foram realizadas algumas operaes encobertas. Descobriu-se que os dois locais serviam como bordis. A polcia obteve mandados de busca e invadiu as clnicas. Os bordis tinham quatro moas trabalhando, todas imigrantes ilegais. Durante uma batida na casa do gerente do bordel, a polcia encontrou os passaportes das quatro moas. Aparentemente, o gerente do bordel havia tomado os passaportes para evitar que elas fugissem. A polcia tambm encontrou US$ 20.000 em dinheiro. Parece que cada moa havia pago US$ 5.000 para ser contrabandeada da Europa oriental. As moas acreditaram nas promessas de empregos como garonetes em restaurantes, mas foram foradas a se prostituir logo na chegada. No podiam buscar ajuda de fora porque temiam a deportao. O gerente do bordel foi acusado de viver s custas de rendas sabidamente imorais. Uma avaliao de suas rendas resultou no confisco de mais de US$ 500.000. As quatro imigrantes ilegais foram deportadas para seu pas natal. A importao e a escravizao de imigrantes ilegais vem se tornando uma prtica cada vez mais comum na indstria do sexo na Europa. A explorao feita com o propsito nico de trazer benefcios financeiros para os donos dos bordis. Graas perspiccia do gerente do banco que percebeu um padro estranho de pagamentos, analisou o histrico da conta e comunicou as informaes FIU foi possvel resolver o problema da importao e da escravizao das quatro moas.
Indicadores: Faturamento comercial irreal Transferncia atpica ou no econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras
Carlos e Hector, dois irmos que viviam num pas do continente americano, perto da fronteira, procuraram um banco local para abrir uma conta para sua empresa. Os irmos disseram que tinham uma casa de cmbio num pas vizinho mas queriam desenvolver sua base financeira no seu pas natal. Uma vez aberta a conta, o banco viu um volume significativo de dinheiro sendo creditado na conta da empresa, oriundo de depsitos em espcie feitos em outras agncias do banco, em diversas cidades. O dinheiro no ficava por muito tempo na conta: os irmos quase que imediatamente pediam cheques bancrios /administrativos pagveis a um banco no pas vizinho. Certa vez, solicitaram cheques para pagar dois indivduos, e esses indivduos tambm depositaram os cheques numa conta no banco estrangeiro. O banco decidiu comunicar as transaes FIU nacional. Por coincidncia, a FIU havia recebido vrias outras comunicaes de outros bancos, falando dos irmos e dizendo que eles estavam envolvidos em atividades semelhantes e usando a mesma fachada da casa de cmbio como fonte dos recursos. As comunicaes revelaram que os irmos eram participantes ativos de uma complexa rede financeira. Recebiam muito dinheiro de diferentes indivduos que, por sua vez, tambm atuavam como intermedirios na lavagem. Rick, por exemplo, recebeu um grande volume de dinheiro em sua conta domstica, oriundo de uma transferncia internacional. Ele deu ao seu banco instrues para que pagasse Carlos e Hector com um cheque administrativo. Uma segunda rota do dinheiro envolvia Eugene e Jan a conta de Eugene recebeu muitos depsitos em espcie. Ele ento instruiu o banco a emitir cheques administrativos pagveis a Jan. Jan, por sua vez, depositou esses cheques na conta dos irmos. Os irmos tambm pareciam ter interesses comerciais num restaurante. O restaurante aparentemente teve uma receita de US$ 4.000.000 e usou esse dinheiro para emitir cheques bancrios para dois outros indivduos. Esses indivduos depositaram os cheques na conta dos irmos. Como o banco que fez a comunicao estava desconfiado por causa do grande valor sendo gerado por um pequeno negcio de alimentao, o pessoal da rea de segurana foi visitar o restaurante. Localizava-se numa rea de baixa renda e estava em ms condies; seria impossvel esse restaurante gerar os recursos que estavam sendo depositados na conta. Mas Carlos e Hector no apenas recebiam os recursos. Remetiam o dinheiro de sua conta, via cheques e ordens bancrias/ordens de pagamento para indivduos e empresas diversas no pas vizinho. Num nico ms enviaram US$ 500.000. Um dos bancos tinha enviado um relatrio porque os irmos haviam tentado abrir uma conta com documentos falsos. Outro banco informou que Carlos e Hector estavam ligados a Jaime, via Lucas. O relacionamento foi identificado atravs da conta
de uma empresa no banco. A FIU j sabia que Jaime era suspeito de lavagem de dinheiro produto do trfico de drogas. Todas as informaes foram repassadas aos rgos policiais competentes. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia estava tentando comprovar a ligao entre os recursos em questo e o trfico de drogas. Indicadores: Faturamento comercial irreal Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Transferncia grande ou rpida de recursos
Utilizao Indevida de Empresas Legtimas Esta tipologia observada sempre que algum envolvido com lavagem de dinheiro tenta usar uma empresa existente para fins de lavagem, sem que esta organizao esteja ciente da origem criminosa dos recursos. At certo ponto, est presente sempre que uma instituio financeira usada, sem seu conhecimento, para fins de lavagem de dinheiro. Mas, para os propsitos deste relatrio, esta seo enfatizar mais as empresas no-financeiras. A principal vantagem de se usar uma outra empresa, sem que ela o saiba, que os recursos ilegais sero vistos por outras organizaes como tendo sua origem naquela empresa e no no proprietrio criminoso. Vrias FIUs j disseram que o uso freqente de profissionais, como advogados e contadores, pode ser explicado pelo desejo do criminoso de estar associado com atividades empresariais respeitadas. O risco para a empresa inocente a de que, na eventualidade do esquema de lavagem ser descoberto, mesmo que os integrantes da empresa consigam evitar uma condenao, a reputao da empresa poder ficar comprometida, por causa da cobertura na imprensa. A necessidade de os criminosos procurarem empresas inocentes para lavar seus recursos deve crescer com o passar do tempo, j que as principais instituies financeiras em todo o mundo esto cada vez menos dispostas a aceitar recursos pessoais sem fazer perguntas.
Rick, um cidado americano que se dizia europeu, era o principal organizador de um grupo de indivduos que havia pertencido a um grande cartel de drogas. A maioria dos integrantes do cartel original havia sido detida e presa vrios anos antes. Aps a destruio do cartel, Rick continuou controlando uma parte significativa do dinheiro gerado pelo trfico de drogas do cartel e passou a usar os recursos para recomear sua prpria operao de trfico, em escala menor. Alm disso, durante o seu envolvimento com o grupo original, Rick havia aprendido vrias tcnicas de lavagem de dinheiro e estas se revelariam extremamente teis nos seus planos para sua gangue. O dinheiro das drogas entrava num pas do continente americano sob a forma de carregamentos de dinheiro em espcie, vindos por barco ou avio. O grupo de Rick recebia o dinheiro em pacotes selados e procurava fazer a lavagem do dinheiro mediante uma srie de transaes de ocultao, envolvendo diversos pases. Aps um depsito inicial de dinheiro em espcie em vrias contas bancrias, Rick facilitava a lavagem autorizando um agente no exterior a transferir recursos das contas iniciais para as contas pessoais de diversos intermedirios no exterior. Cada intermedirio ento preparava a transferncia dos fundos de volta para o pas (back-to-back transfer) , para contas do Banco Central Nacional, e obtinha uma autorizao para que os recursos fossem transferidos dessa instituio. Antes de o dinheiro ser transferido de volta, Rick sempre telefonava novamente para o intermedirio, para pedir o cancelamento da transferncia. O intermedirio era deixado com os recursos em sua conta. Os recursos eram ento sacados em espcie e transferidos via cabo para outras contas diferentes. Isso era feito com a documentao de autorizao do Banco Central, que serviria para explicar a origem dos recursos. O Banco Central estava, inadvertidamente, sendo usado para dar maior probidade ao dinheiro do trfico. Depois de fazer os recursos passarem por vrias etapas de ocultao, Rick usava o dinheiro para comprar ativos imobilirios. Para faz-lo sem despertar suspeitas, ele usava advogados, gerentes de banco e outros profissionais, pagando comisses que variavam de 3 a 5% do valor do dinheiro transferido. As comisses pagas eram um pouco acima do que prevalecia no mercado, para assegurar o interesse das empresas envolvidas. Por fim, como Rick no queria que as propriedades fossem registradas em seu nome, usava outros indivduos e empresas como proprietrios nominais. A idia era encobrir a trilha do dinheiro. Embora alguns desses indivduos estivessem cientes da origem criminosa dos recursos, vrios outros no sabiam de nada. O uso de profissionais financeiros dava maior respeitabilidade movimentao dos recursos. Para implementar seu esquema de lavagem, Rick usava mais de meia dzia de bancos e uma ampla gama de contas em cada instituio. Infelizmente para Rick, vrios dos bancos detectaram certa estranheza na movimentao das contas, e fizeram um comunicado nesse sentido FIU.
Depois de fazer uma anlise financeira com o objetivo de identificar o maior nmero possvel de contas vinculadas, a FIU enviou um relatrio para a polcia e esta iniciou uma investigao. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia estava examinando mais acuradamente os dados financeiros, mas estima-se que o esquema de Rick tenha gerado um faturamento de cerca de US$ 720.000.000 em alguns poucos anos. Rick j foi detido, acusado de trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos entre contas Ocultao deliberada da propriedade dos recursos
Marc, um cidado da Europa ocidental contratado como representante de uma empresa americana, depositou dois cheques no banco da empresa na Amrica. Os cheques eram ambos no valor de US$ 7.500.000. Subseqentemente, Marc deu ao banco instrues para transferir o dinheiro para uma srie de contas bancrias em diversos pases europeus. Os favorecidos desses recursos eram indivduos da Europa ocidental ou oriental. Dada a respeitabilidade da empresa americana, a instituio financeira no questionou essa transferncia to volumosa. Entretanto, depois da transferncia inicial de US$ 2.200.000, o banco americano descobriu que os primeiros cheques eram falsos e bloqueou o restante das transaes solicitadas. Nesse meio tempo, uma FIU do leste europeu recebeu comunicaes de dois bancos diferentes. Bob e Karen haviam recebido uma grande quantia de dinheiro da empresa de Marc. Bob deu ao seu banco instrues para transferir o dinheiro para outras contas na Europa e na Austrlia. Karen avisou ao seu banco que iria retirar parte do dinheiro em espcie. A outra parte seria investida em seu negcio de jias. Ambos os bancos decidiram adiar a execuo das ordens dadas pelos clientes, e protelaram as transaes por 24 horas. Enquanto isso, comunicados foram enviados FIU nacional. Pouco depois desses comunicados, a FIU, que no sabia que o dinheiro era produto de cheques falsificados, recebeu um documento do banco americano. O banco informava a FIU que parte do dinheiro que Marc havia obtido ilegalmente tinha sido enviado para o pas dessa FIU. Esta imediatamente iniciou uma investigao financeira. A anlise financeira de ambas as contas levou a FIU concluso de que Bob e Karen estavam de posse de recursos ilcitos e que estavam tentando ocultar essa origem ilcita do dinheiro. A FIU os acusou de suspeita de lavagem de dinheiro e os recursos de ambas as contas foram congelados. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Uma FIU do norte europeu recebeu de uma instituio bancria uma comunicao de transao suspeita. Tratava-se de um valor equivalente a quase US$ 400.000 (na moeda nacional). O dinheiro fora depositado na conta dos clientes de um advogado, vindo de uma empresa num pas vizinho. Pouco depois, o dinheiro fora convertido em dlares americanos e transferido para um banco na Amrica. A anlise feita pela FIU nacional revelou que o dinheiro era produto de fraude. O pagamento vindo do pas vizinho estava originalmente relacionado com um projeto de construo. Entretanto, o advogado envolvido havia usado os recursos fraudulentamente, para fazer investimentos privados. Para facilitar a lavagem de dinheiro, ele havia procurado usar as contas da empresa legtima com a qual trabalhava. Pensava que a instituio financeira no iria suspeitar de transaes associadas com uma empresa to slida. Foram depois descobertas mais duas instncias de fraude associadas a emprstimos. O advogado e seu cmplice foram ambos condenados por fraudes no valor total de quase US$ 950.000. Os dois foram condenados a trs anos de recluso e ao pagamento de US$ 950.000 como indenizao pelos prejuzos. O advogado tambm foi expulso da ordem dos advogados e permanentemente impedido de exercer a profisso no futuro. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Comportamento comercial atpico
Roland estava trabalhando numa investigao policial centrada na lavagem de dinheiro em cassinos. Atuava como agente infiltrado. Na jurisdio em que a investigao estava sendo realizada no havia cassinos licenciados, mas, no pas vizinho, havia muitos empreendimentos dessa natureza. Durante a investigao, Roland foi apresentado a Theodore, um homem que vivia na mesma jurisdio em que vivia Roland. Theodore se disse contratado por um cassino no pas vizinho e ofereceu-se para lavar dinheiro para Roland. Ele explicou que, por ser funcionrio do cassino, seria muito fcil para ele fazer a lavagem. Se Roland lhe desse os recursos em espcie, Theodore poderia trocar por um cheque contra a conta do cassino. O cheque seria no valor do dinheiro a ser lavado menos a comisso de Theodore. Roland poderia alegar que tinha ganho o dinheiro no jogo e a polcia jamais seria capaz de provar o contrrio. Alm disso, o prprio cassino desconheceria a operao: iria parecer que ele estava simplesmente apostando dinheiro normalmente e ganhando quase tudo de volta. Roland queria obter mais informaes sobre esse mtodo de lavagem de dinheiro ilcito e ento concordou em usar o esquema de Theodore. Seguindo as instrues de Theodore, Roland depositou US$ 25.000 em espcie na conta corrente do cassino para o qual Theodore trabalhava. Theodore ento entregou a este agente infiltrado um cheque do cassino, no mesmo valor, descontada uma comisso de nove por cento. A comisso de nove por cento seria dividida entre Theodore e Adrian, o indivduo que havia apresentado Roland a Theodore. A primeira transao de lavagem correu muito bem. Theodore lavou o dinheiro para Roland, conforme o prometido. Entretanto, ele no sabia que os US$25.000 no eram recursos criminosos e sim dinheiro que havia sido fornecido pelo rgo de represso onde Roland trabalhava. Algum tempo depois, Roland contactou Theodore novamente, desta vez com US$ 500.000 para serem lavados. Theodore estava pronto a ajud-lo novamente mas, durante essa operao, a polcia fez uma batida no cassino e o deteve por lavagem de dinheiro. A polcia entrou em contato com a FIU nacional e seus registros revelaram que essa unidade j havia recebido uma srie de comunicados sobre Theodore e seus associados. Os relatrios informavam que Theodore e seus cmplices tinham o hbito de fazer grandes depsitos em dinheiro e logo depois fazer retiradas via transferncias a cabo. Um dos relatrios assinalou que Theodore fora contratado por um cassino no pas vizinho. Essas novas informaes fornecidas pela FIU permitiram uma melhor instruo do processo contra Theodore.
Mary trabalhava numa empresa europia e exercia o cargo de agente administrativo no departamento de contabilidade. Graas ao seu cargo, ela pde desviar cheques de fornecedores. Ela depositou um total de US$ 36.000 numa conta de investimentos controlada por seu tio Jim. Os dois fraudadores acharam que a instituio financeira onde tinham a conta no suspeitaria de transferncias para uma conta associada a uma empresa financeira de reputao slida. Entretanto, a empresa financeira descobriu essa estranha transferncia por acaso, durante uma inspeo rotineira de auditoria, e comunicou o fato FIU nacional. A FIU solicitou ao tribunal que autorizasse uma equipe de investigao a ter acesso aos documentos relativos conta de Jim na empresa financeira. A empresa financeira havia mantido registros bem acurados e a equipe de investigao pde rapidamente analisar as diversas transaes. Jim havia procurado ocultar os recursos que passavam por sua conta contraindo uma srie de emprstimos, todos na faixa de US$ 8.000. Esses emprstimos eram rapidamente saldados usando os cheques desviados para liquidar os saldos devedores e produzir uma fonte limpa de recursos. Quando Jim foi detido, ele foi interrogado sobre sua participao no desvio dos recursos. Ele admitiu ter recebido os cheques de Mary e os ter depositado na empresa financeira. Jim foi identificado pelos funcionrios da empresa como o titular daquela conta. Mary fez uma declarao sob juramento, admitindo que havia roubado o dinheiro de seu empregador. Ela tambm admitiu ter desviado cheques de seu empregador e t-los entregue ao seu tio. Jim foi novamente interrogado e fez uma declarao sob juramento, relatando sua participao na fraude. Ele confessou estar perfeitamente ciente de que sua sobrinha havia roubado dinheiro de seu empregador. Mary foi acusada de apropriao indbita e Jim foi acusado de lavagem de dinheiro em relao a todas as ocasies em que ele recebeu cheques roubados e os depositou na sua conta na empresa financeira. Indicadores: Alterao, sem qualquer explicao, do padro de movimentao das contas Valores diversos depositados em contas pessoais, sem explicao
Um empresrio que trabalhava com Joe apresentou-o a dois homens de negcios da Europa ocidental que estavam numa viagem de negcios naquele pas. O empresrio explicou que Joe estava procurando financiamento para o que ele chamava de esquema imobilirio interessante. O esquema envolvia a compra de propriedades imobilirias com preo depreciado, a reforma dessas propriedades e depois a sua hipoteca a preos de mercado (para liberar o capital de investimento). As propriedades seriam ento arrendadas, sobretudo para associaes locais de habitao, por prazos de dez anos ou mais. Joe contou que tinha mais de vinte anos de experincia financeira em um alto cargo, e mais de cinco anos de experincia aprofundada com mercados imobilirios. Basicamente, indicou que tinha todos os contatos necessrios no ramo e conhecia bem vrias associaes habitacionais, particularmente numa determinada parte do pas, e que esses contatos garantiriam o xito do plano. Ele estava querendo uma parcela inicial de cerca de US$ 1.500.000 para comprar as propriedades e fazer a reforma, antes da hipoteca. O esquema parecia vivel e os empresrios concordaram em ajudar Joe a levantar o financiamento necessrio em troca de um percentual nos eventuais lucros. Eles voltaram para seu pas natal e falaram com vrios indivduos que talvez se interessassem, mas nada conseguiram. Foi marcado um outro encontro com Joe e os trs acabaram decidindo buscar o apoio financeiro de uma instituio financeira. Eles tambm decidiram que, como esperavam estar em posio de lucrar muito com o plano, seria melhor registrar o negcio em outro pas com impostos mais baixos. Alguns meses depois, os empresrios tiveram um encontro, num paraso fiscal, com um prestador de servios empresariais (corporate service provider) . Apresentaram seu projeto a um banqueiro de alto escalo e perguntaram se o banco estaria interessado em emprestar recursos para o projeto. O banco estava interessado mas exigia que eles entrassem com um capital de 10 a 15% do total. Eles teriam de depositar entre US$ 150.000 e US$ 225.000. Os empresrios relataram o resultado da reunio para Joe e ele pareceu concordar com a proposta. Ele prometeu levantar o dinheiro para o depsito exigido. Depois disso, tiveram pouco contato com Joe, embora soubessem que ele havia decidido mudar um pouco de rumo: ao invs de investir em propriedades de baixo valor, iria investir naquelas de valor intermedirio. Joe comprou e vendeu essas propriedades, lucrando a cada transao. Os empresrios entenderam que o objetivo dessas transaes era o de levantar o capital exigido pelo banco. Alguns meses depois, Joe ligou para dizer que tinha acumulado cerca de US$ 250.000. Os empresrios resolveram agir imediatamente e procuraram um prestador
de servios empresariais (corporate service provider) para poder montar a empresa. Os trs escolheram uma empresa, a ABC Ltd., a partir de uma lista dada pelo prestador de servios empresariais. Joe concordou em ter uma participao de 50% e os outros dois teriam 25% cada. Com o depsito feito e uma estrutura empresarial montada, a instituio financeira offshore pde adiantar recursos para a ABC Ltd., para financiar o projeto. Joe foi em frente e comeou a preparar as aquisies de propriedades que seriam financiadas com o emprstimo empresa ABC Ltd., tratando diretamente com o prestador de servios empresariais. Algumas semanas mais tarde, o banco concordou com os termos e confirmou, com o prestador de servios empresariais, os detalhes por escrito. Depois, o banco do advogado/procurador de Joe recebeu US$ 1.315.000 que deveriam ser creditados na conta do cliente do procurador. Antes disso, o advogado havia mandado para o banco um fax dando os detalhes da conta de Joe, na qual deveriam ser depositados os recursos. Um funcionrio do banco, fazendo as verificaes rotineiras, telefonou para o advogado de Joe para confirmar se o redirecionamento dos recursos era aceitvel. O funcionrio do banco descobriu que o advogado nada sabia sobre a transao que iria se realizar. O advogado havia recebido um telefonema de Joe sobre esse dinheiro, mas havia dito que no aceitaria esse dinheiro em espcie em sua conta sem maiores detalhes. Ficou claro para o funcionrio do banco que o advogado no havia enviado o fax. Quando mostraram ao advogado uma cpia do fax, ele no reconheceu nem o pedido e nem a assinatura como sendo seus. Era evidente que Joe havia enviado o fax e que, se os recursos tivessem sido depositados na conta do cliente, Joe provavelmente no teria tido muita dificuldade em sacar ou transferir os recursos. O advogado imediatamente contactou a polcia e fez uma comunicao completa dos eventos ligados movimentao dos recursos. Os empresrios receberam um telefonema perturbador de seu prestador de servios empresariais. Ele dizia que estava havendo um problema com os recursos do banco. Os empresrios tentaram contactar Joe em vrios telefones mas no conseguiram localiz-lo. Declaraes completas foram obtidas dos dois empresrios e tornou-se bvio que Joe era culpado, no mnimo, de tentar apropriar-se de US$ 1.315.000 por meio de dolo e falsificao. O advogado teve o mrito de ter-se recusado a aceitar a transferncia do dinheiro para sua conta sem conhecer determinados detalhes. O banco teve o mrito de contactar o advogado antes da transferncia dos recursos e assim verificar se estava tudo bem com a transao. Procedimentos padro anti-fraude e anti-lavagem de dinheiro funcionaram neste caso e Joe no conseguiu auferir qualquer benefcio. Inclusive, caso reaparea, corre o risco de ser processado por seus crimes. Indicadores: Alteraes de ltima hora nas instrues relativas movimentao
No final de 1998, Tom, cidado de um pas do leste europeu, viu uma oportunidade de ganhar dinheiro com investimentos imobilirios. Mariah, integrante da diretoria da Lotos Ltd., disse-lhe que sua empresa ia vender um de seus prdios a um preo baixo. O preo meros US$ 275.000 parecia uma pechincha que Tom no podia perder. Ele disse a Mariah que aceitava a oferta e que queria comprar a propriedade o quanto antes. Vrios dias depois, Tom foi at o cartrio para assinar a escritura de compra. Mariah j havia informado a Tom que Pete, um dos co-diretores, teria seu nome incluido no contrato, na qualidade de vendedor do prdio. Dado o alto cargo ocupado por Pete e a reputao da Lotos, Tom no suspeitou de nada e assinou a escritura conforme combinado. O que Tom no sabia que, na vspera da venda, Mariah j havia vendido o prdio, desta vez para seu namorado e co-diretor da Lotos, Pete. Aquela venda se deu pelo valor de US$ 42.500. Isso significa que, ao revender a propriedade para Tom no dia seguinte, mais de US$ 220.000 foram parar diretamente nas contas pessoais de Pete e Mariah. Embora Tom no tenha desconfiado de nada, o tabelio do cartrio reparou que os registros indicavam essa venda recente. Sua experincia o levava a crer que uma empresa nunca venderia uma propriedade por um preo to irrealmente baixo. E a revenda, no dia seguinte, era extremamente surpreendente. Ele resolveu comunicar o fato FIU nacional. A FIU decidiu iniciar uma investigao. Mariah foi citada e, no interrogatrio, solicitaram-lhe que explicasse as circunstncias envolvendo ambas as transaes. Ela declarou que os acionistas da Lotos a haviam instrudo a vender a propriedade por US$ 42.500 e que, portanto, no havia qualquer crime. Contudo, depois de interrogados os acionistas, ficou claro que eles nada sabiam sobre a primeira venda. No fosse o comunicado feito pelo tabelio e a investigao da FIU, os acionistas provavelmente nunca teriam descoberto que Mariah havia fraudado a empresa em cerca de US$ 220.000. Alm disso, o estado no havia recebido os tributos cabveis, tributos esses que a empresa teria pago se tivesse vendido a propriedade pelo valor real. Quando da elaborao deste relatrio j havia sido instaurado um processo criminal e ambos os suspeitos devero enfrentar uma ao penal e o confisco de ativos. Indicadores: Transferncia grande ou rpida de recursos Transferncia de ativos a preos bem abaixo (ou acima) do mercado
Um cartel de trfico de drogas operou durante os anos 80 e incio da dcada de 90 no transporte de uma srie de narcticos ilegais, em diferentes pases da Amrica Central e do Norte. Um nico indivduo chamado Juan controlava toda a organizao. Para ocultar e camuflar os lucros da atividade ilegal, Juan organizou a criao de vrias empresas, com a ajuda de profissionais financeiros. Um de seus principais assessores no mundo financeiro era Ricardo, a quem ele entregou cerca de US$ 28.000.000 para lavar. Numa instituio financeira A, numa grande cidade de um pas da Amrica, Ricardo montou, com a ajuda dos funcionrios bancrios Antonio e Maria de Lourdes, um esquema financeiro para ocultar a origem dos recursos. Inicialmente, o esquema de lavagem de dinheiro usou uma carteira de investimentos na qual os recursos da droga podiam ser depositados e sacados sem chamar muita ateno sobretudo porque o Sr. e a Sra. Lourdes eram os funcionrios responsveis por monitorar essas contas. A capacidade de colocar os recursos dentro da instituio era algo muito valioso, posto que as outras instituies para onde o dinheiro era depois transferido pressupunham que a instituio A dispunha de capacidade para verificar a origem dos recursos. Em 1990, os funcionrios do banco foram transferidos para uma subsidiria da instituio financeira, na cidade B. Eles comearam a transferir recursos da primeira instituio para a subsidiria na cidade B, para facilitar a continuao de um rgido controle. Para que o Sr. e a Sra. Lourdes pudessem ocultar sua ligao com os recursos, eles usavam os servios de outra subsidiria financeira, localizada num centro bancrio offshore especializado na prestao de assistncia no gerenciamento de carteiras de investimento, onde os nomes dos beneficirios eram mantidos em sigilo. Para movimentar os recursos, eles criaram uma empresa de fachada no centro offshore. No papel, a empresa controlava vrias carteiras de investimento e estas recebiam os recursos vindos da primeira instituio (US$ 28.000.000). Para parecer que a empresa de fachada estava investindo os lucros de negcios legtimos, os dois funcionrios usaram os nomes de uma agncia de cmbio da Amrica Central, de uma empresa no primeiro pas e de uma outra empresa no centro offshore. Entretanto, as FIUs nacionais de dois desses pases receberam comunicados sobre algumas dessas transferncias de recursos e, ao trocarem informaes, puderam rastrear o caminho percorrido pelo dinheiro. Quando da elaborao deste relatrio estava sendo realizada uma investigao financeira para determinar a verdadeira dimenso da lavagem que havia sido feita. O objetivo preparar o caminho para que os suspeitos sejam detidos e indiciados.
Indicadores: Movimentao excessivamente complexa de recursos Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras
Um empresrio chamado Dirk solicitou um crdito de US$ 100.000.000 numa conceituada instituio financeira. Ele apresentou, como garantia, certificados de depsito no valor total de US$ 425.000.000. Os certificados eram de propriedade de uma fundao estrangeira, de cuja diretoria Dirk era integrante. Dirk deu a entender que, se o banco concedesse o crdito, parte do emprstimo cerca de US$ 17.000.000 seria transferida para uma conta privada distinta, em nome de sua namorada. Embora um crdito nesse valor seja um negcio rentvel e desejvel para qualquer instituio financeira, o gerente da conta ficou um pouco preocupado em relao operao tranche. Dada a sua experincia no setor bancrio e seu conhecimento do comportamento normal dos clientes, o gerente do banco achou que o pedido de tranche e a transferncia para uma conta privada no pareciam inteiramente de boa f. Ao invs de efetuar a transao, o banco levou a questo ao conhecimento da FIU nacional. A FIU nacional identificou uma srie de outras infraes anteriores associadas a Dirk. Seu nome constava de bancos de dados policiais, tanto nacionais quanto internacionais, como participante de diversas atividades fraudulentas. A FIU encaminhou o comunicado do banco e as demais informaes polcia. Uma equipe foi montada para iniciar uma investigao preliminar. A investigao revelou que Dirk havia se envolvido recentemente num caso de fraude bancria que resultara num prejuzo de vrios milhes de dlares americanos. Ele tambm estava implicado num segundo caso de solicitao de crdito envolvendo documentos falsos e num terceiro golpe fraudulento envolvendo ttulos de um governo estrangeiro, no valor total de cerca de US$ 210.000. A essa altura, a equipe de investigao j estava muito desconfiada de que os certificados de depsito usados para obter as tranches eram falsos. Levantamentos feitos no pas onde os certificados haviam sido emitidos revelaram que o banco emissor havia sido liquidado vrios anos antes na prtica, os certificados no tinham qualquer valor. Graas s investigaes conduzidas pelas foras de represso ao crime no segundo pas, outros certificados de depsito, no valor total de US$ 30.000.000, foram apreendidos nas mos de um indivduo que havia estado anteriormente envolvido com o gerenciamento de uma extinta instituio financeira. Alm disso, foram tambm descobertos ttulos governamentais falsificados com nomes de outros bancos. O valor total era bem superior a US$ 850.000.000. Tornou-se claro para a unidade de investigao que uma organizao estava criando uma gama de ttulos e certificados falsos, repassando-os a uma srie de fraudadores como Dirk, para serem usados em fraudes internacionais contra instituies financeiras. Se o escroque conseguisse o crdito com base naquela documentao
falsa, a garantia bancria seria usada para conseguir crditos em outros bancos. Desta forma, criar-se-ia uma rede de garantias interdependentes entre instituies financeiras legtimas, multiplicando assim o valor total defraudado. Depois de diversas fraudes, o fraudador transferiria grandes volumes de dinheiro para contas particulares e desapareceria, deixando s organizaes legtimas a tarefa de destrinchar a complexa rede de dvidas. As investigaes continuam, para determinar se os recursos originais usados para iniciar alguns dos fundos de garantia tiveram sua origem em atividades criminosas. Espera-se, com isso, obter provas para um primeiro julgamento por lavagem de dinheiro. Dirk j foi acusado de uma srie de infraes em vrios pases. Indicadores: Atividade comercial estranha transferncia para contas de parentes Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Documentao preparada por instituio financeira desconhecida Ao da FIU: I. Consultas mtuas nas bancos de dados nacionais e internacionais dos rgos de represso ao crime
A FIU de um pas da Europa ocidental recebeu de uma instituio financeira vrios relatrios de transaes suspeitas considerados interessantes. Num curto espao de tempo, mais de US$ 127.000 provenientes de diversas contas pessoais na Amrica, haviam sido depositados na conta bancria de uma cliente chamada Jessica. Anteriormente, a conta estivera predominantemente inativa, com movimentaes pequenas. Aps o grande afluxo de recursos, outros crditos e dbitos inusitados tambm foram observados. Jessica transferiu a totalidade dos recursos para uma outra conta que seu esposo Johan estava autorizado a movimentar. Johan sacou metade do valor em espcie e transferiu o restante para uma conta bancria em nome do Sr. Lennert. A FIU analisou todas as contas citadas nos relatrios e rapidamente identificou uma srie de outros comunicados que falavam do Sr. Lennert. Parece que algum tempo antes dos ltimos comunicados, Johan j havia depositado na conta do Sr. Lennert um total de US$ 32.000 em espcie. A documentao do banco registrou essa transao como um emprstimo pessoal. Lennert depositou mais US$ 6.000 e depois transferiu o valor total mais de US$ 100.000 para um advogado/procurador (solicitor) , aparentemente para que este usasse o dinheiro na compra de uma propriedade denominada The Caf. A firma de advogados foi usada com o objetivo de dar maior aparncia de legitimidade transao. Consultas s bancos de dados da polcia permitiram identificar Jessica e Johan como elementos conhecidos das foras de represso ao crime. Eram suspeitos de envolvimento com trfico de drogas. A FIU consultou os registros da Junta Comercial e descobriu que Lennert tornara-se proprietrio do The Caf um dia aps a transferncia dos fundos para a conta do advogado/procurador. O The Caf tambm tornou-se alvo de interesse da polcia pois era um possvel local de venda de drogas ilegais. A FIU encaminhou todas as informaes, inclusive financeiras, para a equipe policial encarregada do inqurito sobre Jessica e Johan. Foram encontradas provas de que Jessica e Johan estava envolvidos com o trfico de cocana. As transaes suspeitas serviram de ponto de partida para uma investigao financeira mais detalhada, destinada a mapear os fluxos do dinheiro da operao. Parecia que o casal estava envolvido com a importao de drogas da Amrica. Uma parte das drogas havia sido vendida na Amrica, o que explicava as transferncias da Amrica para contas na Europa. Alm disso, graas ao relatrio da FIU, a polcia pde estabelecer uma clara relao entre The Caf, Jessica e Johan, pois estes haviam depositado um total de US$ 90.000 nas contas de Lennert pouco antes de ele comprar o negcio.
Os suspeitos foram detidos sob vrias acusaes e Jessica foi condenada a seis anos de priso por ser a principal organizadora. Seu marido foi condenado a quatro anos. Devido s informaes financeiras obtidas pela equipe de investigao, o promotor pde reivindicar o confisco de mais de US$ 140.000. Indicadores: Movimentao atpica das contas (tamanho e natureza do negcio) Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Reativao de contas inativas Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Matrias publicitrias de uma empresa chamada Gold Ltd. apareceram nos jornais nacionais de um pas europeu. Anunciavam investimentos com um retorno garantido de 13,5% ao ano, livre de impostos. Esse retorno poderia aumentar mais 9,1%, dependendo da lucratividade dos negcios em que o dinheiro seria investido. Os investidores podiam participar com uma contribuio mnima de US$ 14.000. Gold Ltd. era identificada na publicidade como estando no ramo de compra e venda de diamantes no cortados. Com base nos dados fornecidos, ao final de trs anos o valor do investimento mnimo inicial teria aumentado significativamente. Como garantia para o investimento, cada investidor receberia um ttulo de propriedade (deed of ownership ) no valor de US$ 12.800 lastreado em um diamante especfico, sendo que os diamantes seriam certificados por instituies como o Alto Conselho de Diamantes da Europa. Os diamantes seriam guardados no cofre da Fundao de Gerenciamento de Diamantes. Leo, Diretor Executivo da Gold Ltd., deu a entender aos investidores que cada garantia em diamantes estaria valendo US$ 14.900 em um curto espao de tempo, igualando, portanto, o investimento mnimo e constituindo uma garantia segura para o investidor. Leo mantinha uma srie de contas em vrios bancos. As contas estavam em seu nome ou no nome da Gold Ltd. Curiosamente, uma das contas em um dos bancos Banco B tornou-se ativa novamente aps vrios anos de inatividade. Grandes transferncias a cabo foram feitas em rpida sucesso para essa conta e seu saldo atingiu US$ 320.000. Os recursos vinham todos da conta comercial de Leo em outro banco Banco A. Esta conta foi esvaziada e subseqentemente encerrada. Aps as transferncias, Leo retirou grandes quantias em espcie um total de cerca de US$ 171.000 foram retirados na boca do caixa. O fato de a conta ter sido repentinamente ativada e de Leo estar retirando os recursos em espcie levou o Banco B a comunicar essas transaes FIU nacional. Nesse meio tempo, comearam a aparecer nos jornais nacionais crticas Gold Ltd.. A empresa havia prometido retornos extraordinrios para os investidores e os observadores acreditavam que seria impossvel cumprir essas promessas. Vrias pessoas foram ao Banco A pedir informaes sobre a Gold Ltd., para cuja conta eles haviam enviado seus recursos para investimento. Aparentemente, ao falar com investidores em potencial, Leo fazia referncia s suas fortes ligaes com a cpula da instituio. Ao permitir que Leo se referisse ao banco como o banco da empresa Gold Ltd., o prprio banco, sem o saber, havia se deixado envolver nos problemas que estavam surgindo. Se o esquema estava associado a uma instituio financeira j firmemente estabelecida, os investidores teriam mais confiana no plano e, por outro lado, as movimentaes de recursos desse banco para outras instituies financeiras gerariam menos desconfiana. A essa altura, o banco j acumulara vrias dvidas em relao s atividades da Gold Ltd. a publicidade que a Gold Ltd. havia usado para atrair investidores, os artigos crticos que haviam sado na imprensa sobre a empresa
e o uso no autorizado do nome do banco para estimular as pessoas a investirem. O Banco A decidiu encerrar a relao com a Gold Ltd. e tambm enviou um comunicado FIU nacional. Entretanto, Leo ainda podia recorrer a uma srie de contas particulares em outros bancos. Em pouco mais de dois meses, US$ 1.700.000 foram transferidos, pela Fundao de Gerenciamento de Diamantes, para uma dessas contas particulares no Banco C. Leo sacou quase todo o dinheiro em espcie. Depois enviou instrues pedindo que essa conta fosse encerrada e que o saldo, da ordem de US$ 596.000, fosse transferido para uma outra conta particular no Banco D. Pouco depois da transferncia desses US$ 596.000, Leo apareceu no Banco D e sacou todo o dinheiro em espcie, encerrando a conta. Os Bancos C e D, cientes das informaes que circulavam na imprensa sobre Leo e a Gold Ltd., enviaram comunicaes separadas FIU nacional. A FIU iniciou uma investigao sobre as diversas transaes. Durante a investigao, ficou claro que Leo constava em bancos de dados de da rea de inteligncia criminal como algum importante e que, no passado, ele esteve implicado em vrias fraudes. Descobriu-se que o Alto Conselho de Diamantes no havia certificado os diamantes que tinham servido de base para os ttulos de propriedade emitidos e que o Conselho havia, inclusive, se distanciado publicamente da Gold Ltd. Os diamantes em questo certamente no valiam os US$ 12.800 prometidos valiam apenas uns US$ 2.300. Alm disso, quaisquer ganhos com a valorizao dos investimentos, estariam sujeitos a imposto no existiam vantagens tributrias especiais para esse setor. Tambm logo se tornou clara a origem dos recursos transferidos da Fundao de Gerenciamento de Diamantes para a Gold Ltd. A conta da Fundao de Gerenciamento de Diamantes havia sido creditada inmeras vezes com valores entre US$ 4.200 e US$ 42.600, todos provenientes de investidores. Assim que o saldo na conta da Fundao de Gerenciamento de Diamantes atingisse um valor prestabelecido, os recursos eram automaticamente transferidos para a conta da Gold Ltd.. A FIU encaminhou a anlise financeira para a polcia, para as providncias cabveis. Os artigos nos jornais continuavam acompanhando as atividades da Gold Ltd. Tornavam-se cada vez mais crticos e argumentavam que a empresa no estava conseguindo cumprir seus compromissos. Cerca de noventa investidores exigiram seu dinheiro de volta mas, como j era de se esperar, os recursos no apareceram. Nesse meio tempo, a polcia j havia iniciado uma investigao. A anlise financeira da FIU foi de grande valia na investigao da polcia pois permitiu detectar o fluxo do dinheiro entre as vrias empresas e bancos envolvidos, inclusive a Fundao de Gerenciamento de Diamantes. A justia, numa audincia preliminar, deu ganho de causa aos noventa investidores e, como resultado, foi decretada a falncia da Gold Ltd..
Como apenas uma pequena proporo dos investidores apresentara queixa, a polcia no pde determinar o valor total dos recursos investidos. Os relatrios da FIU, contudo, nos do uma indicao da magnitude da fraude. Dos recursos investidos pelo menos US$ 8.500.000 no restou muito nas contas bancrias principais por causa da ttica de Leo de sacar o dinheiro em espcie. Mas o interventor na falncia da Gold Ltd. apreendeu todos os ativos disponveis, inclusive numa conta em outro pas europeu. A justia condenou Leo a quatro anos de recluso e os ativos apreendidos reconhecidamente limitados foram divididos entre os credores. Presume-se que Leo ainda tenha um bocado de dinheiro escondido esperando por ele depois que cumprir sua pena. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Promessas irrealistas de retorno sobre o investimento Cobertura, na mdia, das atividades de correntistas
Um recm designado gerente de crdito numa empresa financiadora de automveis ficou preocupado com um de seus clientes, Ray. Ele acabara de comprar um carro esporte de luxo no valor de US$ 55.000. Ele tinha conseguido um emprstimo de US$ 40.000 com a empresa financiadora e o saldo havia sido pago em dinheiro. O gerente de crdito fez algumas averiguaes nos registros e descobriu que Ray havia sido contemplado com vrios emprstimos nos seis anos anteriores. Todos eram no mesmo valor e em todos os casos ele havia pago um depsito relativamente grande em dinheiro. E, mais significativamente, por diversas vezes os emprstimos haviam sido saldados antecipadamente e em dinheiro. O gerente de crdito resolveu informar seus superiores sobre suas desconfianas. Depois de examinar os fatos, a gerncia decidiu comunicar o caso FIU nacional. Com base nas informaes repassadas, a FIU fez uma busca em suas bancos de dados e rapidamente encontrou uma ligao entre Ray e uma organizao criminosa j bem estabelecida. A FIU repassou o comunicado para uma equipe operacional na polcia que j estava monitorando a organizao. A equipe conseguiu um mandado judicial para examinar todos os registros relevantes da empresa financiadora. Ficou claro que Ray estava vendendo os carros recm adquiridos para compradores privados e pequenas garagens e obtendo cheques desses novos proprietrios. Novas investigaes revelaram a conta bancria em que eram depositados todos os cheques obtidos com a venda dos carros. Parecia que Ray trabalhava na diviso de lavagem de dinheiro da organizao criminal. Ray estava introduzindo o dinheiro proveniente da venda de drogas no sistema bancrio: fazia um depsito inicial em dinheiro na empresa financiadora de automveis e tambm saldava o emprstimo com uma segunda soma em dinheiro. Os cheques recebidos dos clientes e das pequenas empresas para quem Ray vendia os carros pareceriam fontes de renda perfeitamente legtimas para os funcionrios de banco que porventura examinassem a conta. As perdas com o emprstimo e com a queda no valor de venda do carro eram encaradas pela organizao criminosa como um custo necessrio para se obter recursos limpos que no atrairiam a ateno das foras de represso ao crime. Graas identificao da conta bancria, foi possvel fazer uma avaliao precisa dos recursos que haviam sido lavados. A informao recolhida permitiu aos investigadores financeiros integrantes da equipe operacional produzir um relatrio mais preciso dos lucros derivados do crime. Outros US$ 300.000 foram confiscados como resultado da informao produzida pelo comunicado inicial. Indicadores: Liquidao antecipada dos emprstimos
Atividades incomuns por parte dos clientes (emprstimos mltiplos num curto espao de tempo) Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Uso de Identidades ou Documentos Falsos e de Testas-de-ferro A capacidade de muitos pases em detectar e confiscar bens de indivduos associados ao crime tem significado que h muitas vantagens, em termos de lavagem de dinheiro, em se conseguir que os bens estejam nas mos de pessoas sem antecedentes criminais. Esses testas-de-ferro so usados para fazer depsitos ou retiradas na esperana de que, mesmo que as transaes sejam levadas ao conhecimento das foras de represso ao crime, a ausncia de ligao entre o indivduo e uma organizao criminosa tornar essas informaes menos til. Da mesma forma, a abertura de contas ou a realizao de certas transaes com documentos falsos de identidade pode ser muito vantajosa na medida em que rompe a ligao entre os recursos e o criminoso j conhecido. Mesmo que este seja detido e encarcerado, os ativos podero estar disponveis para ele depois que cumprir a pena. Documentos falsos, alm de terem um papel vital nos esquemas de fraude, tambm podem ser usados para comprovar as histrias inventadas para acobertar a lavagem de dinheiro. Faturas, recibos e documentos de viagem falsos j foram usados para justificar, perante as instituies financeiras, os recursos em questo.
Um banco americano reparou que um grupo de pessoas estava descontando cheques em vrias de suas agncias. Em menos de duas semanas, aquele grupo havia descontado mais de vinte cheques. O banco percebeu uma ligao entre as transaes porque os valores sempre inferiores ao limite a partir do qual obrigatrio declarar a transao eram sempre parecidos, o que indicava que os valores originais provavelmente estariam em outra moeda as pequenas flutuaes cambiais explicariam as variaes. Os cheques eram provenientes de uma empresa de remessa de dinheiro (money transmitter). Mas no eram s os valores que causavam estranheza ao banco. O grupo tambm apresentava um comportamento peculiar. Alguns dos seus integrantes chegavam na mesma hora mas se dirigiam para caixas diferentes ao invs de ficarem numa s fila. O banco tambm percebeu que diversos indivduos estavam usando o mesmo carro para chegar ao banco. O banco resolveu fazer um comunicado FIU nacional sobre aquela prtica de descontar os cheques e tambm forneceu a placa do carro e detalhes financeiros sobre os cheques. A FIU iniciou uma investigao sobre o que parecia ser uma grande operao de smurfing. Alguns dos integrantes do grupo eram parentes. Seus sobrenomes correspondiam aos de Jack e Martin duas pessoas que j haviam sido objeto de comunicados enviados FIU por dois outros bancos. A FIU tinha encaminhado polcia uma relao das transaes de Jack. Depois de fazer algumas perguntas ao banco de Martin, a FIU recebeu mais informaes a seu respeito. Martin parecia estar atuando como uma empresa com um nico dono, mas os registros da Junta Comercial indicavam que aquela empresa j havia deixado de existir. Parecia muito provvel que a empresa estivesse sendo usada para propsitos ilegais. A FIU recebeu novas informaes do promotor pblico indicando que uma outra pessoa, que havia sido objeto de um outro comunicado anterior, poderia estar implicada nesse caso. A FIU preparou um relatrio com todas essas informaes e o encaminhou polcia. Todos os integrantes do grupo foram acusados de trfico de drogas e lavagem de dinheiro. A polcia fez diversas detenes e uma equipe de investigao descobriu provas muito comprometedoras. Enquanto na priso, os detentos conseguiram que um guarda os ajudasse a contactar seus cmplices ainda em liberdade. Mas o guarda tambm foi descoberto e agora est cumprindo pena de doze meses de deteno por ter entregue cartas e um telefone celular aos presos. Alm disso, como as conversas pelo telefone celular foram grampeadas, outras dez pessoas envolvidas foram presas. Seis meses antes de o grupo ser preso, um pas da Europa ocidental j estava investigando uma quadrilha de trfico de drogas. Naquela ocasio, dois membros do grupo foram investigados porque estavam envolvidos com o trfico de drogas na Europa e na Amrica. Quando da elaborao deste relatrio, esses indivduos corriam o risco de serem extraditados e processados por diversas outras infraes.
Indicadores: Transaes mltiplas, abaixo do limite a partir do qual obrigatria a comunicao da operao Atitude defensiva em relao a perguntas Atividade comercial ilgica por que descontar uma multiplicidade de cheques, a um custo mais alto? Uso mltiplo de servios de remessa de dinheiro
A FIU de um pas do Pacfico identificou uma estranha rede de transaes financeiras. As anlises revelaram que mais de US$ 8.500.000 haviam sido remetidos pelo sistema bancrio, para compra de fundos de transferncias internacionais com dinheiro em espcie. Com uma certa freqncia, valores de US$ 24.000 haviam sido transferidos em transaes mltiplas dirias. Indivduos usando identificao falsa ou roubada enviaram os recursos utilizando seis bancos diferentes, presumivelmente para tentar despistar as autoridades. Eventualmente, os fundos foram transferidos para mais de vinte contas no exterior, em nome de diferentes pessoas fsicas e jurdicas. A polcia, avisada pela FIU nacional, iniciou uma investigao. Pediu s foras policiais de um outro pas, assistncia na coleta de informaes sobre os titulares das contas. Ficou claro que esses correntistas estavam autorizando outras pessoas a usarem suas contas em troca de uma comisso. Com o andamento da investigao, a polcia iniciou operaes de vigilncia para determinar a identidade dos contatos e a fonte dos recursos. Como resultado dessa vigilncia, a polcia pde identificar com segurana uma mulher que estava fazendo as transferncias internacionais usando uma srie de identidades falsas. A identificao dessa mulher tornou mais fcil o rastreamento de outro indivduo envolvido no grupo de lavagem. A polcia do outro pas municiou os investigadores com informaes sobre o histrico desse indivduo no trfico de herona na sia e sobre sua participao numa empresa de despacho de cargas naquele outro pas. Mais tarde na investigao, a polcia nacional localizou uma casa que era freqentada por traficantes conhecidos. Nessa casa, foram detectadas atividades que sugeriam que seus ocupantes estavam no meio de uma importante transao de drogas. A polcia conseguiu um mandado de busca e ao inspecionar a casa encontrou cerca de oito quilos de herona. Um dos cmodos estava sendo usado para o reprocessamento de herona em bloco, para venda no atacado. Outro cmodo estava sendo usado como escritrio e continha muitos registros dos carregamentos de drogas e da movimentao dos recursos. Os investigadores apreenderam US$ 385.000 e uma grande quantidade de jias. Ao cumprir os outros mandados de busca, a polcia descobriu, na residncia de um indivduo suspeito de importar drogas, sete aquecedores de gua importados. Em dois dos aquecedores, foram encontrados cerca de 11 quilos de herona de grande pureza. A droga estava escondida atrs de uma placa de alumnio. Essa busca resultou em mais duas detenes e a apreenso de mais de US$ 13.000. A polcia no outro pas tambm deteve vrios indivduos e bloqueou ativos no valor de aproximadamente US$ 3.500.000. O bloqueio de ativos nesse pas do Pacfico alcanou US$ 1.000.000, incluindo-se a US$ 385.000 em espcie, US$ 300.000 em jias, US$ 47.000 em fichas de cassino, alm de propriedades residenciais.
No total, sete pessoas foram presas nos dois pases. Outros dez membros do grupo esto foragidos. Acredita-se que esse grupo criminoso tenha contrabandeado mais de 70 quilos de herona para esse pas do Pacfico num perodo de 12 meses. Quatro dos acusados receberam pesadas penas de recluso. As penas de priso somaram um total de cento e vinte anos. Indicadores: Transaes mltiplas, num curto espao de tempo, sem qualquer justificativa comercial Uso de identidades falsas ou roubadas
Uma FIU nacional detectou um esquema de transferncias internacionais envolvendo pases no Pacfico e na Amrica do Sul. Os indivduos que faziam parte do esquema usavam nomes e endereos falsos, o que dificultava a sua identificao nas bases de dados da polcia sobre infratores conhecidos. Essas pessoas viajavam muito, mas mantinham uma base nos pases especficos onde eram gerados os recursos. Deram a vrias instituies financeiras uma srie de instrues para transferncia internacional de recursos. Todas as transferncias eram estruturadas de forma a ficarem abaixo do limite a partir do qual a declarao obrigatria. No entanto, a natureza dessa atividade despertou a ateno do banco, que fez um comunicado FIU que por sua vez se interessou pelo caso. Foram feitas mais algumas anlises e o caso foi encaminhado polcia, que iniciou uma investigao. As atividades financeiras continuaram no decorrer do ano seguinte. A polcia monitorou os movimentos internacionais dos indivduos e tambm dos recursos. Trocas de informao com autoridades de outros pases revelou que a polcia asitica/ australiana tambm desconfiava que os indivduos estivessem envolvidos com trfico de drogas. Durante a investigao, a polcia asitica/australiana revistou um portador/mensageiro (courier) que vinha do pas onde estava a FIU e descobriu US$ 90.000 em saques bancrios. Graas anlise da rea de inteligncia criminal, foi possvel identificar o suspeito que coordenava as importaes de herona. No decorrer das investigaes a polcia revistou um pacote que estava entrando no pas via area. No interior do pacote, esculturas de vidro continham quase sessenta quilos de herona de alta pureza. Ao recorrer ao sistema de entrega controlada, a polcia descobriu o local onde os criminosos retiravam a herona do vidro e preparavam o material para distribuio. Seis indivduos foram presos acusados de importao de herona. Mais tarde na investigao, a polcia pde monitorar as aes de outras pessoas sabidamente envolvidas com o trfico de drogas. Outros integrantes do grupo, encarregados de enviar um segundo carregamento de herona para um pas da Amrica, foram detidos quando as autoridades interceptaram o carregamento. Indicadores: Uso de documentos de identidade falsos Transferncia internacional de recursos, em valores que ficam ligeiramente abaixo do limite a partir do qual a declarao obrigatria
Diversos indivduos de um pas da Europa oriental abriram contas bancrias em vrias instituies financeiras na Europa ocidental. Registraram as contas em seus prprios nomes ou no nome das empresas que possuam. Uma vez abertas as contas, os clientes as usavam para circular grandes quantias de dinheiro. Cerca de US$ 6.000.000 foram transferidos de e para outros pases, atravs de vrias contas, numa tentativa de ocultar a origem dos recursos. Apesar das tentativas de ocultao, as instituies financeiras envolvidas consideraram suspeitas as transaes e resolveram fazer um comunicado FIU nacional. Vrias outras instituies recusaram-se a aceitar esses indivduos como clientes por causa das suspeitas suscitadas ainda durante o processo de abertura de conta. Essas instituies tambm comunicaram o ocorrido FIU. As atividades criminosas de alguns desses indivduos j haviam despertado a ateno de vrios departamentos de polcia. Uma investigao da polcia revelou a existncia de uma operao criminosa internacional que traficava carros roubados. As autoridades abriram um processo por receptao de produtos roubados, lavagem de dinheiro e conspirao. Enquanto isso, a FIU no pas onde a maioria das contas havia sido aberta comeou a analisar as informaes financeiras relatadas. A anlise indicava que a mesma pessoa havia apresentado todos os correntistas nas diversas instituies bancrias. Essa pessoa parecia atuar como um facilitador chave dentro do esquema de lavagem. Os titulares das contas provavelmente eram apenas testas de ferro agindo em nome de outros. A FIU tambm identificou uma variedade de mecanismos de lavagem de dinheiro aos quais as diversas transaes, efetuadas pelas instituies financeiras, poderiam ser associadas. A ligao entre essas transaes e as informaes da polcia permitiram preparar um relatrio e repass-lo s autoridades judiciais. O documento salientava o crime organizado e a lavagem de dinheiro oriundo do trfico ilcito de bens e mercadorias. A partir da anlise financeira feita pela FIU, os investigadores da polcia puderam ter uma viso geral e coerente do sistema de lavagem de dinheiro. Eles interrogaram dez suspeitos e subseqentemente prenderam dois deles. Tambm apreenderam grandes somas de dinheiro que estavam depositados em cofres de segurana num dos bancos. Pouco depois das prises, cartas rogatrias internacionais produziram provas materiais da origem criminosa dos recursos e da participao de vrios testas de ferro na organizao criminosa. Os indivduos em questo foram condenados a penas de recluso que iam de um ms a quatro anos. Foi confiscado um valor total de US$ 300.000.
Uma FIU americana recebeu um pedido do Ministro da Fazenda. Aparentemente, alguns servidores pblicos estavam implicados em atividades fraudulentas. A fraude envolvia recursos da ordem de US$ 2.000.000, originalmente destinados ao pagamento de penses do Estado. A FIU, trabalhando em conjunto com a polcia judicial, iniciou imediatamente uma investigao financeira que acabou por abarcar mais de quarenta pessoas fsicas e jurdicas. A FIU analisou os registros financeiros relevantes para identificar os locais e a movimentao dos recursos envolvidos. Foram feitas visitas a bancos (que prestaram as informaes solicitadas em tempo recorde) e descobriu-se que US$ 2.000.000 haviam sido desviados para diversas contas particulares. Os indivduos haviam usado documentao fraudulenta para legalizar as transferncias de fundos e identidades falsas para abrir vrias contas por meio das quais movimentavam os recursos. O dinheiro era todo lavado utilizando de grandes instituies financeiras e legitimado usando empresas verdadeiras e de fachada. A rapidez no intercmbio e na cooperao entre a FIU e a polcia, bem como a disposio dos bancos de cooperarem e encaminharem informaes, permitiu que a investigao fosse concluda rapidamente. O relatrio da FIU sobre o caso permitiu promotoria conseguir mandados de priso para os indivduos envolvidos inclusive vrios servidores pblicos mais graduados. Quando da elaborao deste relatrio, estavam sendo instrudos os processos contra vrios servidores.
Um grupo de empresas do leste europeu tinha contas em diversos bancos dentro do pas. Os setores em que essas empresas atuavam variava muito, mas uma coisa elas tinham em comum: o padro de movimentao de seus recursos. Os representantes das empresas depositavam, com freqncia, grandes somas em dinheiro, em torno de US$ 40.000 a US$ 60.000. Imediatamente aps depositar os recursos, os representantes sempre transferiam o dinheiro para o exterior, para vrias contas em nome de outras empresas no exterior. A explicao dada para essas transferncias, no caso de todas as empresas, era a de que os depsitos representavam o pagamento antecipado por importaes. Para comprovar essa explicao, eram apresentados aos funcionrios dos bancos faturas e documentos de comrcio internacional. Alguns funcionrios de banco desconfiaram da autenticidade e da validade dos documentos apresentados. Comearam a imaginar se o dinheiro depositado realmente era proveniente de atividades comerciais. As empresas quase nunca apresentavam notas de entrada (bills of entry) ou faturas originais que pudessem comprovar efetivamente as importaes. Um aps o outro, os bancos resolveram comunicar suas suspeitas FIU nacional. Ao analisar as empresas e os indivduos responsveis pelos depsitos em espcie, a FIU percebeu uma ligao entre os comunicados. A FIU pde verificar os dados tributrios e aduaneiros e comprovou que as empresas eram fictcias: no havia qualquer registro de atividades comerciais identificveis, declaraes na aduana ou importaes de bens. Os documentos de comrcio exterior apresentados nos diversos bancos a ttulo de documentao comprobatria provaram ser falsos. Em seguida, a FIU encaminhou pedido de informaes para FIUs em outros pases. Desejava obter informaes sobre os beneficirios do dinheiro enviado para o exterior. A maioria dos beneficirios pessoas fsicas e jurdicas provou ser impossvel de localizar ou ento inexistente. Algumas das empresas tinham ligaes com indivduos sabidamente ligados a atividades criminosas; outras tinham registros offshore, o que dificultava muito a identificao dos proprietrios. A FIU reuniu e analisou as informaes recebidas, repassando-as para as autoridades de represso ao crime, para que estas fizessem uma investigao mais aprofundada. As investigaes logo revelaram que os dlares americanos tinham sua origem numa rede organizada de empresas que contrabandeavam produtos de alto valor para dentro do pas. A transferncia de recursos offshore, por meio de depsitos em dinheiro nas vrias instituies financeiras, permitia aos controladores evitar o pagamentos de grandes quantias de impostos. Como resultado da investigao, seis indivduos foram presos e os tribunais autorizaram a apreenso de mais de US$ 500.000. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Documentos que uma empresa legtima deveria ter so declarados inexistentes Ausncia de determinadas operaes na conta as contas no foram usadas para pagar quaisquer das despesas normais de uma empresa Transferncia de valores arredondados para pagar por mercadorias mltiplos no mercado geralmente resultam em valores desalinhados
Durante uma inspeo regulamentar rotineira, a polcia financeira de um pas do leste europeu descobriu algumas irregularidades numa empresa comercial. Os inspetores identificaram uma srie de movimentaes financeiras estranhas envolvendo outros pases. Os valores eram altos e as transaes comerciais que supostamente davam origem aos recursos pareciam ilgicas e economicamente no justificveis. A empresa comercial acabara de adquirir imveis na Amrica por intermdio de um profissional do ramo financeiro chamado Charles, que trabalhava numa empresa de intermediao na Europa. A polcia financeira decidiu solicitar FIU nacional mais informaes. A FIU iniciou uma investigao financeira e, graas a uma intensa cooperao nacional e internacional, pde rapidamente chegar a algumas concluses acerca da movimentao de recursos. O escritrio de intermediao usava o nome de uma empresa de vendas na Amrica, embora, na realidade, no tivesse qualquer ligao com a empresa me. O nome e o endereo de Charles tambm eram fictcios. Charles era, de fato, Henry, que j era suspeito de envolvimento com trfico de drogas. A FIU encaminhou suas concluses polcia financeira e ao promotor pblico. Nesse meio tempo, a empresa comercial foi falncia. O diretor negou quaisquer transaes envolvendo a aquisio de bens imobilirios em outros pases. Mas a anlise feita pela FIU provava o contrrio. A polcia indiciou o diretor por violar as leis sobre lavagem de dinheiro, acusando-o de fraude, falsificao de documentos e contratos, e abuso de seu cargo e autoridade. Indicadores: Uso, pela empresa, de um nome que se parece com o de empresas j estabelecidas Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras
Peter era gerente de vendas da Baking & Freezing Inc, uma empresa que vendia produtos de cozinha para restaurantes. Para suplementar seu ordenado normal, ele resolveu vender alguns equipamentos da empresa em seu prprio benefcio. Como gerente de vendas, era fcil para ele arrumar encomendas e fazer os produtos sarem do depsito sem precisar de faturas. Como os equipamentos furtados incluam foges e outros itens volumosos, tratava-se de tarefa intensiva em mo-de-obra e ele passou a receber a ajuda de seu irmo Johan. Peter vendia os equipamentos furtados para diversos donos de restaurante que sabidamente no se importavam em comprar produtos baratos de origem no esclarecida. Harriet, a irm de Peter, prontamente abriu uma nova conta bancria para a empresa, para que esses clientes especiais pudessem depositar seus pagamentos. Para dar mais legitimidade ao negcio, Harriet criou uma outra empresa com um nome parecido com o da Baking & Freezing Ltd. e apresentou ao banco a documentao prpria da empresa Baking & Freezing. Assim que tomou conhecimento dos furtos, o chefe da Baking & Freezing apresentou queixa polcia. Peter havia furtado equipamentos no valor de US$ 196.000. Para que a polcia pudesse conhecer melhor as transaes financeiras de Peter, foi solicitada a ajuda da FIU nacional. Esta acabou descobrindo que Peter havia comprado uma casa com o dinheiro obtido com a venda dos produtos furtados. Graas s investigaes realizadas e cooperao entre a polcia e a FIU, o dinheiro nas contas de Peter e sua famlia foi bloqueado. Mais tarde, Peter foi acusado de furto e lavagem de dinheiro. Em 1999, Peter foi condenado a 18 meses de priso por furto e a outros 18 meses por lavagem de dinheiro. A casa comprada com o dinheiro da venda dos objetos furtados foi confiscada e vendida, permitindo que fosse paga uma compensao ao dono da Baking & Freezing. Ao da FIU: Identificar o patrimnio do suspeito Obter ordem de bloqueio dos ativos Identificar ativos de parentes e clientes
Glria era uma mulher jovem e ambiciosa. Durante alguns anos trabalhou num cartrio (notary office) como secretria, mas depois sentiu vontade de largar o emprego e comear a estudar na universidade local, para tornar-se, ela mesma, tabeli (notary) . Um dia conheceu um homem chamado Grand por quem nutriu um interesse romntico. Sentiu-se muito atrada por Grand, sobretudo porque ele parecia se dar muito bem com seu jovem filho. Grand e Glria se apaixonaram e, depois de algumas semanas, ele foi morar com ela - tinham at planos para se casar. Mas no decorrer de sua convivncia com Grand, Glria descobriu que seu namorado no era a pessoa que ela tinha imaginado. Ela sabia que ele no ganhava um ordenado com um emprego convencional de escritrio. Algum tempo depois, ele passou a pression-la a abrir vrias contas no nome dela e aceitar depsitos de indivduos que ela desconhecia. Quando ela perguntou de onde vinha o dinheiro, Grand ameaou usar de violncia contra ela e seu filho. Temendo pela prpria vida, Glria seguiu as instrues dadas e recebeu, em sua primeira transao, mais de US$ 300.000 de um indivduo num centro financeiro europeu. Pouco depois, recebeu outros US$ 60.000 de um advogado que vivia no pas onde Grand vivera. Aps ter recebido esse dinheiro, Glria foi forada por Grand a comprar uma casa num centro turstico no sul da Europa. Grand identificou a casa que seria comprada e serviu-se de um tabelio local para efetuar a transao. A estranha movimentao na conta de Glria no passou desapercebida das autoridades financeiras. A FIU nacional recebeu um comunicado sobre a primeira transao e, depois de novas investigaes, identificou a segunda transao e todas as subsequentes. Alm dessas transaes, a FIU descobriu que Glria tinha uma outra conta conjunta com um homem chamado Nathan. interessante que os analistas descobriram que Nathan era o prprio Grand. A FIU enviou uma cpia dos documentos de identidade de Nathan para a FIU no seu pas de origem. Essa FIU no encontrou registros ligados a Nathan ou a Grand mas, ao comparar fotografias nos diferentes registros, descobriu que Nathan/Grand havia tambm efetuado transaes financeiras usando o nome de Fitzgerald. Esse ltimo nome j era bem conhecido da FIU estrangeira. Fitzgerald estava envolvido com uma enorme operao de contrabando de maconha. Seu filho Ferdinand chefiava uma importante rede de contrabando de pasta de maconha. Ferdinand havia sido recentemente preso por importar ilegalmente 400 quilos de maconha. Seu representante legal fora o advogado que mandara US$ 60.000 para a conta de Glria. A essa altura, a FIU encaminhou o caso para o promotor pblico. A polcia imediatamente tentou prender Grand e Glria, mas Grand conseguiu escapar durante a batida (raids) policial. No interrogatrio na polcia, Glria contou tudo sobre seu
relacionamento abusivo com Grand. A polcia a liberou, sem indici-la, em virtude da coao violenta de que vinha sendo vtima. Mas seu telefone foi grampeado. Quando Grand tentou contact-la, a polcia rastreou a ligao e prendeu-o. No interrogatrio, Grand argumentou que o dinheiro no centro financeiro europeu vinha de um esquema de sonegao de impostos associado a um emprego anterior - uma tentativa de escapar s pesadas penas impostas aos crimes de trfico de drogas. Quando da elaborao deste relatrio, Grand ainda estava detido aguardando julgamento, acusado de lavagem de recursos provenientes do contrabando de drogas. Indicadores: Movimentao atpica da conta Abertura de mltiplas contas, dentro de um curto espao de tempo Partes aparentemente no relacionadas enviam recursos para uma conta nica
Steven, cidado de um pas asitico, ganhava a vida contrabandeando herona de seu pas natal para clientes num pas do Pacfico. Seus clientes pagavam pela herona transferindo dinheiro para as contas dos cmplices de Steven, a saber, sua esposa Suzy, sua irm Annabella e vrios outros conhecidos. Steven usava esse dinheiro para financiar novos carregamentos de herona e tambm sustentar um estilo de vida luxuoso. Os lucros do negcio eram repartidos entre Steven e seus coconspiradores(comparsas). Para ocultar o fluxo de dinheiro que ia do pas do Pacfico para o pas asitico, os clientes dividiram o pagamento de US$ 6.000.000 em dois montantes, cada qual numa moeda. Esses montantes, por sua vez, foram repartidos entre as contas de Steven e seus nove cmplices. No incio, os clientes do Pacfico faziam remessas freqentes e em valores que ficavam em torno de US$ 6.000, o limite a partir do qual tornava-se obrigatria a declarao dos recursos. Para qualquer analista financeiro mais experiente, a atividade de smurfing j ficaria evidente nas primeiras vinte remessas para as contas de Steven. Ao receber o dinheiro, Steven geralmente sacava tudo em espcie ou ento transferia os recursos para uma outra conta na mesma instituio. Depois de transferir os recursos para outra conta, o titular da conta, geralmente o prprio Steven, distribua o dinheiro, quer em espcie, quer sob a forma de cheques ou cheques administrativos/ordens de pagamento. Aps cada transao, a conta geralmente permanecia inativa por um certo perodo. No havia, nas contas, qualquer atividade seno as transferncias vindas do pas asitico. Para receber as remessas, Steven e seus cmplices haviam aberto um grande nmero de contas. Indivduos que no eram residentes no pas asitico abriram vrias contas. Os indivduos que abriam tais contas tendiam a usar identidades falsas, para ocultar ainda mais as atividades de lavagem. Outros indivduos recebiam o controle das contas que haviam sido abertas desta forma. A quantidade de dinheiro que entrava nessas contas era muito maior que a quantia que era movimentada nas outras contas desses indivduos. Steven, por exemplo, dizia ser mecnico e Suzy, dona de casa. Os outros cmplices se apresentavam como motoristas, trabalhadores temporrios, decoradores e contadores. O volume de dinheiro que passava pelas contas era claramente incompatvel com as fontes de renda declarados. Por fim, como os funcionrios do banco consideraram que as somas de dinheiro que passavam pelas contas de Steven, Suzy e Annabella eram altas demais para as fontes de renda declaradas, resolveram fazer trs comunicados FIU nacional. Com base nesses relatrios, as unidades de represso ao crime iniciaram as investigaes e conseguiram muitas provas contra os trs membros da famlia. Steven foi condenado por conspirao com inteno de traficar drogas pesadas e por lavagem de dinheiro.
Suzy, sua esposa, e Annabella, sua irm, foram ambas condenadas por auxiliarem Steven na lavagem dos recursos oriundos de trfico de drogas. Alm disso, no pas asitico, a polcia prendeu os indivduos que recebiam os carregamentos de herona. Isso foi possvel graas ao conhecimento obtido a partir das detenes no pas asitico. Quando da elaborao deste relatrio, os receptadores haviam confessado a participao no trfico de drogas e estavam aguardando a sentena. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Alterao, sem explicao, do padro de movimentao da conta Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Martin, Manuela e Duncan eram trs jovens que encontraram uma forma fcil mas como eles depois descobriram - perigosa de ganhar dinheiro com o contrabando de herona. Os trs tinham vinte e poucos anos mas j tinham decidido montar um negcio criminoso para ficarem ricos. A nica dificuldade que eles previam que suas contas bancrias apresentariam movimentaes muito diferentes daquelas observadas anteriormente, quando tinham empregos legtimos. Alm disso, enfrentariam dificuldades com as exigncias de declarao compulsria de recursos acima de determinados limites. Tanto Martin, Manuela e Duncan quanto seus contatos no estrangeiro estavam perfeitamente cientes de que corriam o risco de terem suas movimentaes consideradas suspeitas e denunciadas. Depois de passarem alguns dias analisando os regulamentos relativos a obrigao de comunicao de operaes suspeitas em seus respectivos pases, os trs traficantes decidiram que pediriam aos seus clientes para mandar o pagamento pelas drogas em quantias pequenas, usando vrios subordinados, para evitar suspeitas. Era um caso clssico de lavagem usando a tcnica de 'smurfing'. Alm disso, novas contas seriam abertas para evitar a comparao com o perfil anterior de movimentao financeira. Como parte do plano de lavagem, Martin abriu uma nova conta no seu banco local. Ele disse ao funcionrio do banco que trabalhava como taxista e que morava numa rea de habitaes pblicas. O caixa do banco no considerou estranho o pedido de abertura de conta uma vez que Martin se encaixava no perfil de um tpico cliente daquela agncia. No decorrer do ano seguinte, a movimentao da nova conta permaneceu baixa. Contudo, com o passar do tempo, as operaes do trfico cresceram muito e aumentou o volume de recursos que precisavam ser lavados. Na mesma poca, Manuela, que estava desempregada, e Duncan, operrio de fbrica, tambm abriram contas no mesmo banco. Um ano e meio aps o incio das operaes de trfico, os carregamentos de drogas comearam a ser bem sucedidos pela primeira vez. Os trs jovens empresrios finalmente comearam a ver os frutos de seu trabalho: Os clientes estrangeiros comearam a enviar os pagamentos pela herona. Trs meses aps esse primeiro carregamento bem sucedido, Martin recebeu do exterior, via grande nmero de transferncias pequenas, um total de quase US$ 190.000. No mesmo perodo, Duncan recebeu, via uma dzia de remessas, quase US$ 200.000, e Manuela recebeu quase US$ 120.000. Os criminosos usaram um total de 12 smurfs para facilitar as transferncias. Para ocultar ainda mais os recursos, os trs amigos sacaram o dinheiro em espcie no mesmo dia em que o receberam. Felizmente os funcionrios do banco conheciam bem a norma da jurisdio de que preciso 'conhecer o cliente'. Perceberam a movimentao estranha nas trs contas. Os funcionrios tambm verificaram que as trs contas s vezes recebiam dinheiro dos
mesmos indivduos, indicando que havia uma relao entre trs clientes que aparentemente no tinham ligao entre si. Eles tambm repararam que o dinheiro recebido era sempre retirado um dia depois e que o dinheiro enviado vinha sempre do mesmo pas. O banco ficou suficientemente desconfiado para fazer um comunicado FIU nacional. Aps uma investigao financeira, as autoridades de represso ao crime conseguiram prender e indiciar seis indivduos, inclusive Martin e Duncan. Eles foram acusados de conspirao para traficar drogas perigosas. Foram tambm apreendidos 7,4 quilos de herona. Quando da elaborao deste relatrio, dois dos rus j haviam confessado sua culpa e aguardavam a sentena. Martin, Duncan e os outros dois rus estavam aguardando julgamento. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
A FIU num pas do leste europeu recebeu um comunicado de um banco e logo iniciou uma investigao. Uma empresa apoiada pelo governo, Slava Ltd., havia recebido uma doao de um patrocinador, no valor de US$ 400.000. Slava depois transferiu essa doao para uma construtora, a Edifice Ltd., para que construsse um novo prdio pblico para uma comunidade local. Steve, que era presidente das empresas Edifice, Pole, Brick, Spade e Hoist, redigiu um subcontrato entre Edifice, Brick e Spade, para viabilizar o trabalho de construo. Edifice prometeu pagar US$ 170.000 para cada uma das duas outras empresas. Cada uma dessas empresas tinha uma conta no mesmo banco local. Em janeiro, Steve apresentou ao banco um pedido para alterar o nome das contas. As contas em nome de 'Pole' e 'Hoist' passariam a ter os nomes de 'Brick' e 'Spade'. Em fevereiro, essas contas receberam US$ 340.000. Em maro, Steve cancelou o pedido de mudana de nome das contas. Isso significava que 'Brick' e 'Spade' passariam a ser novamente 'Pole' e 'Hoist'. Em abril, Steve deu instrues para que US$ 340.000 fossem sacados, em dinheiro, das contas de 'Pole' e 'Hoist', e transferidos para um amigo de um dos parentes de Steve - um homem desempregado chamado Michael que depois foi encontrado morto em circunstncias suspeitas. Ao trocar os nomes das contas, Steve havia conseguido retirar o dinheiro de Slava Ltd sem despertar muita ateno nem do banco nem do governo. Durante os meses de janeiro a abril, as obras de construo praticamente no avanaram. Steve desapareceu e as autoridades no tm sido capazes de localiz-lo. Os US$ 340.000 no foram encontrados porque Michael enviou o dinheiro para um beneficirio desconhecido e no deixou qualquer pista que pudesse ser seguida. Como Michael est morto, a FIU no tem conseguido localizar o destino final do dinheiro. Como a FIU acredita que o trabalho de construo era uma fachada para as operaes de lavagem de Steve, ela encaminhou suas concluses para a polcia. O caso est atualmente sendo investigado pela polcia. Indicadores: Alteraes rpidas e contraditrias nos nomes e/ou nos beneficirios das contas
Patrick, cidado de um pas da Amrica do Sul, integrava uma rede de indivduos envolvidos com a posse e a distribuio de cocana e herona. Depois de converter em cheques administrativos (bank checks) o dinheiro que havia sido recebido em espcie, ele depositava os rendimentos de suas atividades nas contas que mantinha numa instituio financeira na Europa. At 1989, tudo correu muito bem com os negcios de Patrick. Naquele ano, contudo, ele foi preso num pas europeu por trfico de drogas. Como bom empresrio, Patrick havia sempre avaliado cuidadosamente os riscos inerentes ao seu negcio. Imaginando que um dia poderia ser preso, ele, em 1987, transferiu uma proporo considervel de seu dinheiro para um outro banco no pas onde ele foi depois detido. Em 1988, o dinheiro foi transferido para uma terceira conta, num outro banco no mesmo pas. Esta ltima conta foi aberta com documentos falsos de identidade. Ele deu sua esposa, Anna, uma procurao para movimentar a conta. No ms seguinte sua priso, Anna retirou a totalidade do dinheiro que havia sido depositado em 1988. Com a ajuda de um cmplice e do advogado de seu marido, ela tentou ocultar a origem ilcita do dinheiro: Depositou os recursos como se fossem os ativos de empresas de propriedade do cmplice. O subterfgio foi bem sucedido e a ao de confisco iniciada aps a priso de Patrick no conseguiu descobrir esses recursos escondidos. Entretanto, em 1995 Patrick foi preso novamente por trfico de drogas, desta fez no seu pas de origem, na Amrica do Sul. Ele foi condenado e recebeu uma pena de priso. Enquanto isso, na Europa, os recursos escondidos em 1989 foram descobertos como resultado de novas investigaes financeiras por parte das autoridades de represso ao crime. Anna, o cmplice, e o advogado foram condenados revelia, por terem deliberadamente tentado criar uma explicao para a origem do dinheiro ilcito. Anna e o cmplice tambm foram condenados por terem depositado dinheiro suspeito em contas bancrias de empresas que haviam sido adquiridas especificamente para esse fim. Essas empresas "de fachada" no tinham qualquer funo legtima e no haviam desempenhado qualquer atividade comercial perceptvel. O advogado foi condenado por ter colaborado ativamente na venda de todas as aes da empresa que se destinava a servir de fachada para a operao de lavagem. Foi tambm condenado por ter aberto uma conta bancria em nome da empresa de fachada e ter alugado um cofre de segurana no nome da mesma empresa. Ele tambm foi declarado culpado de ter auxiliado nos processos de depsito e ocultao de recursos oriundos de crime. Os trs rus apelaram contra as diversas sentenas mas perderam em 1999. Quando da elaborao deste relatrio, estavam aguardando a deciso em relao a um novo recurso.
Qualquer indivduo que queira comprar uma casa em outro pas pode enfrentar uma srie de problemas. A procura por uma propriedade adequada geralmente leva bastante tempo, a lngua sobretudo a terminologia legal que usada na compra de um imvel do outro pas pode constituir um obstculo e difcil obter boas informaes sobre o verdadeiro valor das propriedades em outro pas. Henry, um cidado europeu, considerou que esses problemas representavam uma oportunidade para que ele ganhasse um dinheiro extra. Ele se apresentou como um corretor que poderia adquirir imveis para imigrantes. Os compradores em potencial indicariam quanto estavam dispostos a pagar todo ms em pagamentos de hipoteca e entregariam a Henry um formulrio de depsito e o passaporte. Com isso, Henry poderia 'resolver tudo' em relao s instituies de financiamento. Henry de fato resolvia tudo. Ele procurava uma propriedade adequada e providenciava um relatrio de avaliao. Com esse relatrio em mos, ele conseguia uma hipoteca para seu cliente. S que o relatrio de avaliao sempre atribua propriedade um valor significativamente superior ao valor de mercado mas ainda assim capaz de gerar uma hipoteca que o cliente pudesse pagar. Uma vez autorizada a hipoteca, Henry comprava, ele mesmo, a casa pelo seu valor de mercado e, no mesmo dia, vendia a propriedade para o seu cliente pelo valor declarado no relatrio de avaliao. Isso significava que Henry obtinha um lucro significativo em cada venda e no corria qualquer risco. Henry tambm usou outras pessoas, seus associados/comparsas (associates) , para que seu nome no aparecesse nas transaes. John, um de seus comparsas, disponibilizou sua conta bancria para Henry. John continuava sendo o titular da conta mas Henry, na qualidade de agente autorizado, podia movimentar a conta. Os recursos da fraude foram se avolumando na conta e Henry retirou mais de US$ 850.000 em espcie da conta de John. Algum tempo depois, um cartrio de registro de imveis (civil-law notary) transferiu mais de US$ 127.000 para a conta de John. O dinheiro era o resultado da compra e revenda de outra casa. De acordo com os registros do cartrio, o dinheiro era destinado a Henry, mas este disse que um erro havia sido cometido ele queria que seu nome no aparecesse na transao. Segundo Henry, um homem chamado Grover era o verdadeiro beneficirio do dinheiro. O banco em que John tinha a sua conta resolveu transferir os recursos de volta para a conta do cartrio. Ambas as transaes foram comunicadas FIU porque o banco ficou desconfiado. Nas investigaes da FIU descobriu-se que Henry j constava das bancos de dados das autoridades de represso: era conhecido como fraudador. A FIU encaminhou um relatrio para a polcia, que j havia recebido uma srie de queixas em relao a Henry e aos servios que ele prestava aos imigrantes. Um inqurito preliminar j estava em andamento h algum tempo e uma investigao financeira criminal formal acabava de
ser iniciada. Durante uma busca na casa de Henry, a polcia descobriu uma srie de documentos de identidade falsos. Essas carteiras de identidade haviam sido usadas para abrir vrias contas bancrias. Descobriu-se, tambm, que Henry no havia comprado as casas ele mesmo, mas havia usado uma srie de associados/comparsas. John era apenas um destes. A esposa de Henry, que estava autorizada a acessar as contas bancrias dos comparsas, havia sacado os recursos. Ao final da investigao financeira criminal, descobriu-se que, durante um perodo de dois anos, Henry havia lucrado mais de US$ 850.000. Depois de deduzidos os custos (como o pagamento de seus comparsas), ele ainda ficara com mais de US$ 640.000 de lucro lquido. No total, ele fraudou cerca de cento e cinqenta pessoas. Indicadores: Ocultao deliberada do verdadeiro proprietrio dos recursos
Leo, um no residente de um pas europeu, estava insatisfeito com o salrio que recebia em seu emprego legtimo numa empresa de servios postais. Junto com Joey, um colega muito prximo, ele decidiu que iria encontrar uma maneira rpida e fcil de ficar rico. Depois de algum tempo, a dupla achou que tinha encontrado um jeito bom ainda que ilegal de ganhar dinheiro. Leo usou seu banco local para abrir uma conta em moeda estrangeira. Nesta conta ele depositou um cheque no valor de aproximadamente US$ 225.000, emitido por uma empresa registrada no Delaware. No banco local, Joey, um cliente de longa data do banco, acompanhava os passos de Leo, pronto para apresentar-se como referncia da idoneidade do amigo, caso fosse necessrio. O funcionrio na recepo do banco percebeu a presena de Joey na hora em que Leo foi abrir a conta, mas no achou nada de estranho. Depois que Leo recebeu o dinheiro em sua conta recm aberta, ele imediatamente sacou a maior parte. Ele retirou cerca de US$ 105.000 em moeda local e US$ 50.000 em moeda americana. Depois pediu que transferisse US$ 60.000 para a conta de Joey no mesmo banco. Joey, por sua vez, retirou o dinheiro assim que foi creditado em sua conta. Enquanto Leo e Joey desfrutavam de seus rendimentos ilegais, o banco local recebeu a notcia alarmante de que Leo no era, na realidade, a pessoa autorizada a descontar o cheque. O banco imediatamente informou a FIU nacional sobre a aparente fraude praticada por Leo. O comunicado inclua informaes sobre a evidente ligao entre Leo e Joey (documentada pela transferncia de recursos). Depois de receber o relatrio do banco, a FIU iniciou uma investigao preliminar. Trocou informaes com a FIU do pas natal de Leo e descobriu que o cheque em questo havia sido furtado durante uma transferncia postal. A FIU estrangeira tambm informou que a identidade usada por Leo para abrir a conta era a de um passaporte que havia sido roubado quatro anos antes. Durante a investigao conduzida pela FIU, identificou-se outra conta em nome de Leo. Ele havia depositado US$ 80.000 em moeda local nessa conta e tinha tentado transferir esse dinheiro para a frica. Mas ele no conseguiu efetuar a transferncia por causa do mau preenchimento da ordem de pagamento (payment order). Mais tarde, Leo sacou parte do dinheiro em espcie, transferiu o restante para outro pas e encerrou a conta. Essa atitude despertou as suspeitas da segunda instituio financeira e novo comunicado foi feito FIU nacional. A FIU foi capaz de estabelecer uma relao entre as duas contas graas s informaes sobre horrio dos depsitos e o tipo de moeda usada.
Enquanto a FIU recolhia mais e mais informaes, Leo contactou o primeiro banco e pediu para encerrar a conta em moeda estrangeira. Ele pretendia sacar o saldo em conta, cerca de US$ 10.000, em espcie. A instituio financeira fez um outro comunicado urgente para alertar as autoridades. Na manh seguinte, um Leo alheio ao que se passava, entrou no banco. Ao invs de receber seu dinheiro, Leo saiu algemado. Joey foi preso alguns dias depois ao tentar deixar o pas. Ambos os indivduos foram acusados de fraude, falsificao de documentos pblicos e lavagem de dinheiro. Indicadores: Possvel relao do cliente com crimes anteriores Movimentao financeira incompatvel com o perfil do cliente Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Uma FIU da Europa ocidental conduziu uma importante investigao financeira durante 1997 e 1998. Ela havia recebido comunicados sobre um grupo de pessoas que trocavam moeda nacional em vrias outras moedas. As transaes cambiais eram efetuadas em diversas agncias de uma mesma instituio financeira e os valores eram sempre inferiores a US$ 3.000 um procedimento clssico de smurfing, destinado a evitar a declarao obrigatria da transao. A instituio financeira havia conseguido identificar essas transaes cambiais graas a um programa de computador capaz de detectar transaes que eram efetivamente relacionadas apesar de serem estruturadas de forma a parecerem no relacionadas. Quando a FIU examinou os registros dos clientes, descobriu que eles eram de fato intermedirios e que haviam trocado mais de US$ 1.800.000 em 1997. Em 1998, o valor trocado havia subido para mais de US$ 2.700.000. Alm das transaes cambiais, os intermedirios tambm haviam efetuado uma srie de remessas para o exterior. Um exame dos registros associados s remessas financeiras revelou que os beneficirios nos outros pases eram todos parentes. A famlia em questo era dona de um restaurante na Europa ocidental e tinha vindo originalmente da Europa oriental. A FIU decidiu informar a polcia sobre as transaes financeiras e, como resultado, a polcia iniciou uma investigao. No decorrer da investigao, a polcia descobriu que os intermedirios e os membros daquela famlia eram todos integrantes de um esquema de lavagem de dinheiro para um grupo de crime organizado. Esse grupo desenvolvia uma variedade de atividades ilegais, mas as atividades principais eram os arrombamentos e os furtos. O grupo usava tcnicas de comunicao e comando (command) bem organizadas e controlava as operaes a partir de carros e propriedades alugadas. Os assaltantes trabalhavam noite. Arrombavam as casas entrando por janelas ou portas e invadiam prdios industriais e lojas descendo do telhado com cordas. Uma vez dentro da casa ou do prdio, os assaltantes procuravam cofres ou caixas fortes, na esperana de encontrar dinheiro ou jias. O grupo tambm era muito atuante no trfico de herona. Obtinha a droga na Europa e a distribua para outros pases europeus. Por fim, o grupo fazia a lavagem do produto de seus crimes. Os criminosos usavam intermedirios, que no tinham ficha na polcia, para inserir o dinheiro no sistema financeiro. Trocavam o dinheiro em outras moedas e depois transferiam esses recursos eletronicamente para contas em toda a Europa. A partir da, o grupo fazia ele mesmo a lavagem do dinheiro. Para tanto, usava identidades falsas, de modo a ter acesso a uma variedade de opes de investimento. Embora as identidades falsas tenham dificultado a identificao dos criminosos, a anlise financeira realizada pela FIU permitiu expor todo o grupo. Em junho de 1998,
cerca de 130 pessoas dos diferentes grupos j haviam sido detidas pela polcia em vrios pases. Indicadores: Mltiplas transaes abaixo do limite a partir do qual obrigatrio declarar a transao Mltiplas transaes, no-relacionadas, beneficiando o mesmo(s) indivduo(s)
Ann e Louise duas irms que viviam na Europa ocidental sonhavam com muito dinheiro, carros de luxo e longas frias. Elas conversavam bastante sobre como realizar seus sonhos, mas sempre se deparavam com dois obstculos: no tinham talentos especiais e, o que era pior, tinham alergia ao trabalho duro. Ento Louise, a mais velha, comeou a cogitar de atividades ilegais. No demorou muito para elas tomarem uma deciso Ann e Louise iam tentar enriquecer vendendo drogas. Elas logo conseguiram fazer os contatos necessrios e os negcios comearam a ir muito bem. As duas estavam ganhando muito dinheiro. Ambas abriram contas em duas agncias diferentes de um banco nacional acreditando que desta maneira passariam desapercebidas das autoridades. Entretanto, a avaliao que tinham feito de sua prpria rea de inteligncia estava surpreendentemente correta elas no tinham compreendido os regulamentos anti-lavagem de dinheiro, destinados a detectar esse tipo de atividade. O banco percebeu grandes depsitos em espcie nas duas contas. O total chegava a mais de US$ 1.000.000. E cada vez que as irms faziam um depsito, imediatamente transferiam o dinheiro ou ento pediam ao banco para emitir cheques administrativos (bank cheques) . Entre os beneficirios estavam vrias pessoas fsicas e jurdicas em pases do Velho Mundo. Devido aos regulamentos existentes, as irms tiveram de preencher formulrios em que explicavam o motivo da transferncia de recursos para o exterior. Inicialmente, Ann e Louise declararam que importavam tecidos e que estavam enviando os recursos para pagar as compras nos outros pases. Nos formulrios preenchidos algum tempo depois, a histria j tinha mudado: estavam importando peixes e outros alimentos. A documentao entregue ao banco no era convincente e parecia at que poderia ser falsa. O banco no se convenceu da probidade dos empreendimentos comerciais das irms e enviou um comunicado FIU nacional. A FIU comeou a investigar o comportamento das irms. Embora Ann e Louise dissessem que comercializavam tecidos e peixes, seus nomes no constavam das bancos de dados das juntas comerciais ou de outras associaes comerciais ligadas a esses ramos de negcios. A FIU considerou que era bem possvel que no estivesse ocorrendo qualquer importao. Depois a FIU recebeu uma informao da polcia de que Louise havia sido vista na companhia de indivduos conhecidos por suas ligaes com o trfico de drogas. O golpe final para as duas irms e suas operaes de lavagem veio quando as duas foram detidas, numa fronteira na Amrica, com 25 quilos de cocana. Diante de provas to contundentes, a FIU tomou uma deciso rpida e enviou todos os detalhes das transaes e suas prprias anlises para as autoridades judiciais anti-drogas. Estas, por sua vez, encaminharam o caso para o tribunal.
Ann e Louise foram condenadas a sete e dez anos de priso, respectivamente. Um recurso recente foi rejeitado. A Corte Suprema confirmou a sentena e disse que ela se justificava tendo em vista a prtica muitas vezes repetida de lavagem de dinheiro e trfico de drogas. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Movimentao grande e/ou rpida de recursos Razoabilidade duvidosa dos negcios
Numa cidade relativamente calma da Europa central, um banco local ficou satisfeito ao receber um novo cliente Bill. O funcionrio do banco logo reparou nas roupas caras e nas boas maneiras do novo cliente. No ops nenhuma dificuldade quando este pediu para abrir uma conta pessoal. Bill explicou que atuava como representante de uma empresa estrangeira do ramo imobilirio, na Europa e na Amrica. Tambm explicou que as comisses que recebia seriam creditadas na sua nova conta. O funcionrio do banco abriu a conta para o novo cliente e, algum tempo depois, enormes somas de dinheiro entraram na conta, vindas do exterior. Algum tempo depois, Bill ligou para o banco e disse que queria encerrar a conta imediatamente. Quando lhe perguntaram o motivo, ele respondeu que tinha tido um desentendimento com um de seus clientes. Disse tambm que estava muito aborrecido porque algum lhe havia dito que a empresa imobiliria para a qual vinha trabalhando era, na realidade, uma empresa de fachada que servia para encobrir atividades de lavagem de dinheiro. A histria de Bill naturalmente gerou algumas desconfianas. O funcionrio do banco resolveu investigar o dinheiro de comisso que Bill havia recebido. Pediram a Bill que apresentasse os contratos que serviam de base para suas comisses. Os documentos apresentados estavam redigidos de forma to amadorstica que no poderiam ser legtimos. Quando Bill foi confrontado, suas explicaes soaram implausveis e, at certo ponto, contraditrias. A atitude de Bill mudou rapidamente e ele no quis mais discutir o assunto. Alm disso, no foi possvel confirmar a existncia da empresa para a qual Bill dizia trabalhar. A imobiliria no estava registrada na Junta Comercial do pas europeu em que havia sido supostamente constituda. A essa altura, foi feito um comunicado FIU nacional. O banco encaminhou um relatrio de transaes em que falava da movimentao de recursos e relatava outras informaes obtidas. A FIU constatou que vrios dos indivduos envolvidos j estavam implicados em possveis fraudes imobilirias em outras partes da jurisdio. Aps mais algumas anlises, para garantir a coleta de toda as informaes possveis, o pacote de informaes da rea de inteligncia foi encaminhado para uma unidade policial de investigao. Quando da elaborao deste relatrio, j estava em andamento uma investigao criminal para determinar a abrangncia e o montante da fraude imobiliria. Indicadores: Atividade comercial ilgica: Por que um empresrio bem sucedido precisaria procurar um banco pequeno e por que deixaria de apresentar a documentao financeira comprobatria.
Durante um exame dos relatrios de exportao de uma empresa, um funcionrio de banco detectou algumas transaes suspeitas em quatro contas bancrias interrelacionadas. Quinze empresas diferentes haviam depositado os lucros de suas exportaes em uma dessas contas. O funcionrio acreditava que essas contas poderiam estar associadas lavagem de dinheiro e encaminhou um relatrio FIU nacional. A FIU nacional iniciou uma investigao sobre a movimentao dos recursos. Durante a investigao, uma anlise dos registros indicou que outras dezenove contas bancrias estavam ligadas s quatro contas que haviam sido objeto do relatrio. Os titulares das contas no pareciam ter uma relao legtima com as empresas que estavam movimentando esses recursos nas contas. Inclusive, essas vinte e trs contas, em sete bancos diferentes, eram administradas e usadas por um nico indivduo Gilbert. Vrias identidades haviam sido usadas para abrir as contas, mas Gilbert usava todas as contas para efetuar transaes para vrias empresas. Os verdadeiros titulares das contas eram apenas testas-de-ferro. Assinavam folhas de papel em branco que Gilbert usava para realizar as transaes. Usando essas contas, Gilbert transferia grandes somas de dinheiro para empresas em vrios pases. Novas informaes obtidas nessas empresas revelaram que os recursos transferidos eram pagamento por produtos vendidos. No entanto, no foi possvel encontrar registros oficiais das supostas transaes comerciais. As empresas nacionais estavam importando os bens sem pagar impostos. Ao recorrer aos servios de Gilbert, o dinheiro pago pelas mercadorias no ficava claramente ligado s empresas, o que facilitava o esquema de sonegao fiscal. Entretanto, esse no era o nico servio prestado por Gilbert. Ele tambm parecia estar envolvido com o contrabando de ouro. Algumas das empresas que tinham suas finanas administradas por Gilbert forneciam ouro para o mercado nacional. Os registros indicavam que o ouro era vendido no mercado nacional. At as transaes nas contas administradas por Gilbert pareciam estar relacionadas com o comrcio nacional de ouro. Mas o ouro era, na realidade, enviado para outro pas. Passou-se a suspeitar que o ouro estava sendo contrabandeado para um outro pas do Pacfico, via um pas vizinho, para ser usado como pagamento por carregamentos de herona. Por fim, Gilbert usava as contas para depositar dinheiro em espcie ou cheques. Ele alegava que esses valores eram receitas de exportao (exportation equivalents) , que pertenciam a vrias empresas exportadoras. Entretanto, as investigaes revelaram que essas empresas no estavam exportando de fato. O grande nmero de cheques vinha de fontes desconhecidas. Imaginava-se que poderiam vir do trfico de drogas. Ao depositar esses cheques como se fossem receitas de exportao, os recursos eram inseridos na economia local como se fossem receitas legtimas.
Graas s informaes obtidas pela FIU, o promotor pblico indiciou Gilbert e quatro cmplices por lavagem de dinheiro. Quando da elaborao deste relatrio, os julgamentos ainda estavam em andamento. A FIU tambm est conduzindo uma ampla investigao sobre as instituies financeiras que no fizeram qualquer comunicado em relao s grandes somas de dinheiro que passavam por suas contas em circunstncias suspeitas. Indicadores: Empresas sem qualquer ligao entre si canalizam recursos para uma nica conta Uso de contas por terceiros que aparentemente no tm relao entre si.
Explorao de Questes Jurisdicionais Internacionais A existncia de diferentes jurisdies em todo o mundo oferece aos que fazem lavagem de dinheiro a possibilidade de tirar partido das disparidades no tocante a leis de sigilo bancrio, exigncias de identificao, exigncias de declarao, leis tributrias, exigncias para constituio de empresas e restries cambiais. Quanto mais difcil o lavador tornar a tarefa do investigador que tenta provar a ligao entre o criminoso e os ativos, mais chances ele tem de escapar ileso da apurao conduzida pelas autoridades de represso ao crime. A falta de familiaridade com outras jurisdies, dificuldades com a lngua, restries em relao disponibilidade de informaes, e o alto custo de investigaes no exterior so todos fatores que podem atrapalhar as autoridades. At mesmo quando as jurisdies esto em posio de ajudar os investigadores de outras jurisdies em matria de investigao financeira, a lentido que geralmente caracteriza os inquritos internacionais constitui uma vantagem para quem faz a lavagem, que pode usar os atrasos para confundir ainda mais as pistas. A crescente globalizao dos servios financeiros significa que os criminosos tm mais facilidade de fazer mltiplas transferncias de recursos entre jurisdies, a baixo custo, aumentando em muito o custo e o tempo necessrios para se concluir qualquer investigao. provvel que a globalizao dos servios financeiros continue aumentando, tornando ainda mais importante a capacidade das FIUs nacionais de trocarem informaes da rea de inteligncia umas com as outras.
Uma FIU nacional enviou um pedido de informao para uma FIU europia, via o Grupo de Egmont. Os indivduos e as empresas citados no pedido um dos quais era chamado Harvey eram suspeitos de lavagem de dinheiro. Aps verificar os bancos de dados de informaes da rea de inteligncia, a FIU europia percebeu que havia recebido um comunicado sobre Harvey, feito por uma instituio financeira. Vrios meses antes, Harvey havia aberto duas contas naquela instituio e, imediatamente aps a abertura, uma das contas fora creditada com recursos enviados de um paraso fiscal offshore. Harvey, que parecia ser o destinatrio principal dessa transferncia, imediatamente sacou o dinheiro, em espcie. Depois disso, a conta permaneceu inativa. primeira vista, a transao no pareceu estranha aos olhos do banco e por isso nenhum comunicado foi feito na ocasio. Entretanto, mais recentemente, a conta de Harvey havia sido creditada em muitas ocasies com recursos novos e volumosos, vindo do paraso fiscal offshore. O principal dessas transferncias no podia ser identificado. Harvey depois dividiu o dinheiro e transferiu uma parte para vrias empresas localizadas no seu pas de origem. Antes de efetuar essa ltima transferncia, o banco enviou um comunicado FIU nacional para obter um esclarecimento sobre a FIU, se esta se oporia transao. Como Harvey e vrias dessas empresas foram citados no pedido de informaes da FIU estrangeira, a FIU europia decidiu tambm pedir esclarecimentos adicionais. A FIU europia tambm pediu informaes ao departamento de polcia de seu pas. Descobriu-se que Harvey e as empresas em questo eram suspeitos de vrias grandes fraudes envolvendo empresas de fachada e que estavam sendo objeto de vrias investigaes. Graas a um memorando de entendimento, a FIU estrangeira autorizou a FIU europia a usar as informaes coletadas. Tambm solicitou FIU europia que no interrompesse a transao objeto do comunicado feita pela instituio financeira, para no prejudicar as investigaes em andamento. As contas abertas por Harvey serviam apenas como contas para trnsito. As transaes efetuadas pareciam estar relacionadas com investigaes nacionais e internacionais em andamento. Para estabelecer uma ligao formal entre essas transaes e as investigaes, a FIU europia encaminhou o caso para as autoridades judiciais. A FIU assinalou os fortes indcios de lavagem de dinheiro provenientes de graves fraudes fiscais organizadas, e a adoo de mecanismos e procedimentos complexos em escala internacional. Quando da elaborao deste relatrio, o caso ainda estava sendo investigado pelas autoridades judiciais.
Indicadores: Reativao de contas inativas Ocultao do proprietrio beneficirio dos recursos Movimentao excessivamente complexa entre contas/empresas
Uma FIU na Amrica recebeu um relatrio sobre as transaes de Jerry e Jonah, ambos clientes de um banco localizado numa regio conhecida pelo trfico de drogas. Os dois depositaram grandes quantias de dinheiro em espcie em diferentes contas e depois transferiram os recursos para outras contas num pas asitico, por meio de transferncias interbancrias. A FIU investigou Jerry e Jonah. Eles pareciam ter vrias contas em diversos bancos, todos localizados na mesma rea. Novas anlises revelaram que Jerry e Jonah usavam o mesmo endereo e, diante das instituies financeiras, justificavam suas atividades bancrias com as mesmas histrias de cobertura. As investigaes realizadas pela FIU tambm localizaram um artigo de jornal que citava Jerry como integrante de uma rede de trfico de drogas. Quando da elaborao deste relatrio, o caso ainda estava sendo investigado pelos rgos nacionais de represso ao crime. Quando a investigao estiver completa, o caso deve ser encaminhado ao promotor. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Cobertura pela mdia das atividades dos titulares das contas Rpida transferncia interbancria, com poucas explicaes dadas
Sandra e Lars, ambos estrangeiros vivendo num pas do leste europeu, passavam a maior parte do ano numa pequena casa de campo perto do litoral. Haviam escolhido uma casa isolada porque no queriam chamar ateno. Lars estava envolvido num assalto a banco em seu pas natal. Pretendiam no ter qualquer contato com seu pas natal e viver da maneira mais discreta possvel, at que as investigaes das foras de represso tomassem outro rumo. Como eles estavam ainda aguardando que os outros membros da quadrilha lhes mandassem sua parte no produto do assalto, eles abriram uma conta de no-residente no banco local. Imediatamente aps a ativao da conta, grandes somas de dinheiro foram transferidas para a conta a partir de diversos pases a parte que cabia a Lars, enviada pelos outros assaltantes. Sandra e Lars aproveitaram a oportunidade para viver uma vida de luxo. Sacaram parte do dinheiro em espcie e instruram o banco a transferir a outra parte do dinheiro para uma srie de contas bancrias em centros bancrios offshore. Depois disso, Sandra instruiu o banco a transferir os US$800.000 restantes para outra conta offshore. A essa altura, o banco j estava um pouco desconfiado em relao ao que se passava com essa conta no-residente. Ao invs de efetuar a transferncia, o banco enviou um comunicado FIU nacional. Durante a investigao financeira realizada pela FIU, descobriu-se que Lars e Sandra eram muito conhecidos da polcia e das FIUs em vrios pases do mundo. A investigao tambm detectou que uma das empresas americanas que havia enviado dinheiro para Lars e Sandra j havia sido acusada de violar diversos regulamentos e estava sendo investigada pelos rgos de represso ao crime na Amrica. A possvel relao dos dois com a criminalidade foi o suficiente para que a FIU enviasse um relatrio para o promotor pblico. Os US$ 800.000 foram imediatamente bloqueados. Segundo os dados da polcia, Sandra era uma dona de casa desempregada. Ela e Lars haviam fundado uma empresa que, na realidade, no comercializava nada. O casal, portanto, no tinha qualquer empreendimento legtimo o que comprometia a nica explicao possvel para uma fonte legtima para os recursos. Quando da elaborao deste relatrio, as investigaes criminais na Europa e na Amrica ainda estavam em andamento. Indicadores: Riqueza incompatvel com o perfil do cliente Pessoas ou empresas sem qualquer relao enviam dinheiro para uma nica conta Faturamento comercial irreal
Uma FIU nacional na Europa ocidental recebeu de um banco uma comunicao de operao suspeita envolvendo uma transferncia a cabo de US$ 2.500.000 para a conta de uma empresa fiduciria (trust) da Sua. A transferncia havia sido efetuada a partir de um banco em um dos grandes centros financeiros da Europa. O remetente era um homem com um nome asitico. No mesmo momento, o titular da conta bancria sacou quase US$ 100.000 em espcie e fez vrias transferncias a cabo para diversos indivduos, por meio de contas bancrias em diferentes pases da Europa ocidental e da Amrica. No foi dada qualquer explicao nem para essa grande movimentao de dinheiro nem para o subseqente fracionamento do recursos em vrias contas individuais. Com base nessa informao, a FIU iniciou diligncias e descobriu o nome dos indivduos que atuavam em nome da empresa fiduciria que tinha recebido os recursos: chamavam-se Debbie e Harold, dois cidados da Europa ocidental. Debbie j era conhecida das autoridades de represso ao crime por seu envolvimento com prostituio ilegal, fraude e falsificao de documentos. Harold j estivera implicado num esquema de lavagem de dinheiro investigado pela polcia de seu pas de origem em 1995. Graas ao Grupo de Egmont, a FIU fez contato com outras FIUs na Europa e na Amrica e procurou trocar informaes de inteligncia sobre o caso. As FIUs puderam fornecer amplo conjunto de informaes sobre Debbie e Harold. A FIU europia tambm encaminhou primeira FIU novas informaes sobre duas transferncias que talvez estivessem relacionadas. As transferncias, no valor de US$ 40.000, foram feitas para um homem chamado Derrick e haviam sido comunicadas essa FIU europia por volta da mesma poca. Derrick era cidado do mesmo pas que Debbie e Harold, mas vivia numa ilha do Mediterrneo. A FIU descobriu que a conta bancria na ilha havia sido aberta com uma transferncia a cabo de US$ 50.000, vinda de uma cidade no leste europeu. A FIU tambm ficou sabendo que Derrick era conhecido da polcia local por seu envolvimento com pequenas fraudes e falsificaes de documentos. Mais ou menos nessa mesma ocasio, a FIU recebeu, de uma outra FIU europia, informaes a respeito do remetente dos primeiros US$ 2.500.000 um tal de Sr. Chang. O Sr.Chang vinha originalmente da sia mas havia se estabelecido num grande centro financeiro europeu. O dinheiro havia sido transferido de uma de suas contas bancrias, aps ele mesmo ter recebido uma transferncia via cabo da Amrica, vinda via sia. Harry, um cidado do mesmo pas europeu, com uma longa ficha de atividades criminosas, era quem havia realmente enviado os recursos. Uma FIU americana informou FIU que havia apresentado a solicitao, que os US$ 2.500.000 tinham vindo originalmente da conta bancria de Chang numa cidade asitica. A polcia asitica informou FIU que a conta bancria de Chang tinha, naquele momento, um saldo de apenas US$ 80.000.
Nesse momento, a FIU encaminhou o caso ao promotor pblico e pediu-lhe que bloqueasse o restante do dinheiro ainda depositado na conta que havia dado incio a todo o processo. O promotor concordou com o pedido. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia do pas onde o inqurito foi instaurado j tinha detido Debbie e Harold. Os dois esto aguardando julgamento, sob acusao de lavar recursos provenientes de fraudes. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Transferncia grande e/ou rpida de recursos Disperso de recursos entre mltiplos beneficirios, sem que uma justificao seja apresentada
Andreas tinha uma conta num banco no sul da Europa. Por duas vezes seguidas ele recebeu grandes somas de dinheiro, transferidas de contas bancrias na Europa central e em uma jurisdio estrangeira. Essas grandes transferncias excediam em muito seu padro normal de atividade econmica. Andreas tinha um pequeno restaurante num centro turstico no litoral e, ao que se sabia, no tinha outra fonte de renda. Assim que o dinheiro entrou na conta, Andreas o transferiu imediatamente para uma outra conta no mesmo banco, em nome de uma empresa hoteleira chamada Sunny Shore. Como os funcionrios do banco consideraram estranho esse comportamento, comunicaram a transao FIU nacional. As investigaes realizadas pela FIU revelaram que, alm de Andreas, seis outras pessoas tinham recebido grandes somas de dinheiro mais ou menos na mesma ocasio e tinham tambm transferido os recursos imediatamente para a conta 'Sunny Shore'. O interessante que, s vezes, esses outros indivduos tinham feito transferncias intermedirias usando contas de terceiros. Todas as transferncias tiveram sua origem em contas na Europa central ou em jurisdies estrangeiras. Para descobrir a identidade do remetente do dinheiro, a FIU encaminhou um pedido de informaes ao banco na Europa central. Infelizmente, devido a dificuldades na legislao daquele pas, no foi possvel dar FIU nacional acesso aos dados. Na jurisdio estrangeira, os investigadores tiveram mais sorte. Descobriram que o dinheiro recebido pelos indivduos no sul da Europa fora transferido, inicialmente, de uma conta na Europa central para uma conta no pas estrangeiro. Os investigadores ficaram cada vez mais convencidos de que algum estava tentando ocultar a origem do dinheiro destinado conta Sunny Shore. No decorrer da investigao, a FIU tambm descobriu que o principal acionista e gerente do 'Sunny Shore, Terrence, era cidado de um pas do leste europeu e que ele havia usado pelo menos quatro nomes falsos em suas atividades bancrias. Terrence pareceu ser um membro importante de uma grande organizao criminosa. Era assassino profissional e, em seu pas, j havia sido indiciado criminalmente por homicdio, roubo e trfico de armas. Como resultado das investigaes efetuadas pela FIU, comprovou-se a origem do dinheiro depositado no banco que havia feito o comunicado: estava ligado s atividades criminosas de Terrence. Consequentemente, foram bloqueadas as contas de Andreas e de seis outros indivduos. Terrence teve suas contas bloqueadas e seus bens confiscados. No total, centenas de milhares de dlares de recursos criminosos foram recuperados. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Movimentao atpica para um correntista padro
Brandon, Leon e Ferdinand planejaram e executaram um bem sucedido assalto a banco. O alvo fora uma pequena instituio financeira localizada numa cidade bem distante da rea normal de operaes dos trs indivduos. Como resultado do assalto, os trs levaram cerca de US$ 270.000 em cdulas de moedas variadas. Dividiram o produto em trs partes iguais e cada um voltou para casa com US$ 90.000. Havia, contudo, o problema de como desfrutar do dinheiro sem chamar a ateno das autoridades. Brandon sabia que essa era uma questo muito sria mas, felizmente, seu primo Lawrence, que vivia em outro pas, se disps a ajud-lo na ocultao do dinheiro. Brandon resolveu transferir sua parte do dinheiro para Lawrence. Para transformar o dinheiro em espcie em algo que pudesse ser facilmente transferido, ele abriu uma conta, depositou o dinheiro em espcie e pediu que os recursos fossem transferidos para a conta de Lawrence no exterior. Os primos concordaram que Lawrence enviaria o dinheiro de volta para Brandon dois meses depois, a ttulo de pagamento por um emprstimo. Desta forma criariam uma histria de cobertura (cover story) que seria usada no futuro para justificar a existncia dos recursos. Contudo, o banco envolvido desconfiou dessas duas transaes e comunicou o ocorrido FIU nacional. As investigaes realizadas pela FIU e pela polcia no pas natal de Brandon identificaram-no como algum que j tinha uma histria de assaltos a mo armada. Foi possvel tambm estabelecer uma ligao entre ele, Leon e Ferdinand. Alm disso, descobriu-se que a transao inicial efetuada por Brandon ocorrera apenas alguns dias depois do assalto e as cdulas e moedas depositadas na conta eram idnticas s que haviam sido levadas no assalto. As autoridades concluram que o dinheiro que fora transferido era a parte de Brandon no roubo e que ele havia usado o mecanismo de transferncia dupla para tentar legitimar a origem do dinheiro. Infelizmente para Brandon, seu plano no deu certo. As autoridades deram incio a processos judiciais contra os trs assaltantes e bloquearam os saldos em suas contas.
Em abril de 1999, a FIU num pas do sul da Europa encaminhou um relatrio de transao suspeita para o servio especial da Polcia Financeira. O relatrio versava sobre uma srie de transaes financeiras efetuadas por um intermedirio financeiro, em nome de um agente imobilirio chamado Home Sweet Home. As transaes, ocorridas todas em 1998, eram feitas em nome de Laurens, que vinha do sul do pas. Os investigadores descobriram que o valor total do dinheiro envolvido em todas as transaes interrelacionadas excedia os US$ 4.600.000. Os investigadores tambm constataram que Laurens no tinha como explicar o patrimnio considervel que vinha acumulando suas declaraes de imposto e registros de emprego indicavam que sua renda era mnima. Os investigadores verificaram que Laurens havia usado vrias estratgias contbeis (como a quitao de emprstimos fictcios para parceiros), alm de faturas falsas, para criar uma aparente explicao para a existncia dos recursos, pelo menos para o observador menos atento. Desta forma, pretendia evitar uma associao desse dinheiro com qualquer outra atividade. Valendo-se de uma srie de transaes financeiras complexas, Laurens, sempre auxiliado por Home Sweet Home, havia enviado o dinheiro para Cosimo, um amigo e parceiro que se oferecera para lavar o dinheiro. Cosimo iria usar os servios de consultores financeiros que identificariam oportunidades de investimento para o dinheiro transferido. O intermedirio financeiro que enviou o comunicado FIU era justamente um desses consultores . Novas investigaes financeiras descobriram que, por recomendao dos intermedirios financeiros, Laurens havia adquirido produtos de investimento no valor de US$ 2.000.000 e havia tambm aberto vrias contas num pas da Europa central. Em seguida, os recursos transitaram por diversas contas em vrios pases, obscurecendo ainda mais a pista do dinheiro. Para o caso de Laurens precisar trazer os recursos de volta para seu pas de origem, sem criar uma ligao mais evidente com suas atividades, ele abriu as contas usando documentos falsos de identidade. Como no havia uma fonte legtima identificvel para o grande volume de recursos que estavam sendo descobertos pelos investigadores, Laurens e Home Sweet Home passaram a se tornar cada vez mais suspeitos de estarem envolvidos em alguma atividade criminosa. A investigao mudou um pouco de rumo e concentrou-se em descobrir a origem dos recursos. Equipes policiais regionais conduziram investigaes em todo o pas. Foram tambm solicitadas informaes no exterior. As investigaes produziram muitas provas da ligao entre a lavagem de dinheiro e as operaes de sonegao fiscal e fraude organizadas em vrios pontos. Como resultado, trs indivduos foram detidos, onze
foram identificados como participantes coadjuvantes e recursos de investimento superiores a US$ 2.000.000 foram apreendidos. Indicadores: Movimentao atpica ou no-econmica de recursos entre contas Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras
Uma FIU nacional descobriu uma interessante tentativa de fraude, que aliava uma velha tcnica de trapaa ao uso de novas tecnologias. Um indivduo chamado John abriu e registrou, no pas A, uma empresa chamada Maze Ltd., que prestaria servios de apostas/jogo na Internet. John no solicitou da autoridade reguladora uma licena para prestar tais servios naquela jurisdio. A fraude centrava-se no fato de que j havia uma empresa de cassino na Internet, chamada Maize Ltd., no pas B, e que no tinha qualquer relao com John. Um ms depois de constituir sua empresa, John chegou no pas C para abrir uma conta para sua empresa Maze Ltd. num banco local. Tratava-se de uma conta que estaria acessvel, pela Internet, a partir de qualquer jurisdio, e que dava a John a flexibilidade financeira de que ele precisava para concretizar a fraude. Na etapa seguinte da fraude, John viajou para o pas D, onde passou a divulgar seu negcio na Internet, tendo como alvo especfico os indivduos do pais E. Ele ofereceu informaes sobre jogos de azar para pessoas que usavam a web e tambm ofereceu esses mesmos servios pela Internet, como se o servio estivesse ligado Maize Ltd. Ele indicou uma conta bancria, existente num banco do pas D, onde taxas de acesso e de apostas poderiam ser depositadas. O jogo pela Internet era uma atividade muito popular no pas E um grande nmero de vtimas depositou um total de aproximadamente US$ 3.500.000 nessa conta no pas D. Os apostadores estavam convencidos de que estavam usando os servios autorizados e regulados da Maize Ltd.. Por fim, John voltou para seu pas de origem, o pas G, e usando um PC porttil, tentou transferir US$ 1.000.000 da conta na Internet para outra conta bancria na jurisdio G. O banco bloqueou a conta e comunicou o ocorrido FIU nacional. A FIU compilou todos os dados disponveis e os encaminhou para a polcia. Embora fosse difcil identificar em que pas haviam sido cometidos os delitos de fraude e trapaa, o pas E instaurou um processo criminal e uma investigao para proteger seus cidados, que pareciam constituir as maiores vtimas. Quando da elaborao deste relatrio, ainda no se havia decidido em que jurisdio os crimes haviam sido cometidos. John, contudo, no ganhou nada com isso, pois seus recursos continuam bloqueados. Indicadores: Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Uso de um nome de empresa que se assemelha ao nome de uma empresa j estabelecida no mercado
Uma FIU europia recebeu um comunicado annimo sobre Josie, que estaria sonegando impostos em grande escala. A FIU resolveu iniciar uma investigao preliminar das finanas de Josie, para determinar a veracidade ou no do teor do comunicado. A FIU verificou que Josie tinha aberto uma conta bancria vrios anos antes. Na ocasio, ela dissera ao banco que era representante de uma empresa offshore e que estava agindo em seu nome. A FIU descobriu que, alm de sua alegada ligao com a empresa offshore, Josie tambm controlava, naquela poca, uma empresa comercializadora que no constava dos registros oficiais. Aparentemente, a histria de que estava ligada empresa offshore havia permitido a Josie abrir uma conta para sua empresa, sem despertar desconfianas. No decorrer da investigao da FIU, descobriu-se que Josie havia firmado contratos com vrias empresas do leste europeu. Esses contratos estabeleciam que a empresa de Josie iria fazer obras de construo e fornecer equipamentos. Quando usavam os servios de Josie, as empresas estrangeiras transferiam os pagamentos para a conta bancria da empresa offshore. Evitava-se, desta forma, qualquer registro de atividade tributvel naquela jurisdio. Ao longo dos anos, muitas empresas do leste europeu fizeram depsitos na conta de Josie. Como ela no estava pagando impostos, podia reduzir seus custos e, portanto, oferecer um servio mais barato do que o de seus concorrentes legtimos. A FIU calculou que Josie havia recebido mais de US$ 250.000, embora ela j tivesse retirado a maior parte desse dinheiro da conta. Sabendo que Josie tinha operado uma empresa no registrada, a FIU deduziu que seria interessante examinar suas declaraes de imposto. No foi surpresa verificar que Josie no declarava renda e que jamais havia pago impostos sobre seus rendimentos. Quando da elaborao deste relatrio, estava em andamento uma investigao aprofundada sobre o alcance dessas atividades criminosas. muito provvel contudo, que Josie venha a ser indiciada por sonegao fiscal e lavagem de dinheiro.
Geoffrey, um rapaz de vinte anos, nascera num pas da Amrica do Sul mas havia se tornado cidado naturalizado de um pas do norte da Europa. Na Europa, ele ganhava a vida com o trfico de drogas, sobretudo a venda de cocana. Para ocultar o dinheiro das autoridades do pas onde ele agora vivia e trabalhava, abriu uma conta bancria em outro pas europeu. Em pouco mais de trs meses, atravessou a fronteira vrias vezes e fez grandes depsitos em espcie, usando diversas moedas europias. Chegou a ter mais de US$ 500.000 em sua conta. Entretanto, pouco depois de seu saldo bancrio ter atingido US$ 500.000, ele foi detido em seu pas de origem, na Amrica do Sul, por estar envolvido na organizao de outro carregamento de drogas. Ele foi condenado a oito anos de priso pelo trfico de grandes quantidades de cocana. O perodo durante o qual Geoffrey tinha feito depsitos em espcie na sua conta na Europa correspondia ao perodo para o qual as autoridades de represso dispunham de provas muito fortes de que ele estivera organizando vrios carregamentos de drogas. O banco em cuja conta os lucros eram depositados tomou conhecimento da deteno de seu cliente por trfico de drogas, bloqueou a conta de Geofrey e disse que s lhe daria acesso ao dinheiro depois que ele explicasse a origem dos depsitos em espcie. Trs anos depois, apareceu no banco um advogado estrangeiro que se apresentou como representante de Geoffrey e exigiu a liberao dos recursos que restavam na conta, inclusive os juros. Alm disso, declarou que queria fazer uma retirada em espcie, para que nenhuma outra pessoa pudesse identificar o destino final dos recursos. Caso isso no fosse possvel, ele aceitaria a transferncia do dinheiro para uma conta que ele abriria num banco num pas da Europa central. Ele disse estar perfeitamente ciente de que seu cliente, Geoffrey, havia sido detido e condenado por trfico de drogas. Afirmou que o dinheiro na conta bancria bloqueada estava relacionado com negcios nos ramos de automveis e confeces. O banco decidiu comunicar FIU nacional essa manobra altamente suspeita do advogado e, para ganhar tempo, avisou ao advogado que o dinheiro s poderia estar disponvel algum tempo depois. Quando o advogado entrou no banco para retirar o dinheiro, foi detido. Ele depois foi indiciado por tentar facilitar uma explicao falsa para a origem do dinheiro que, como ele bem sabia, era produto do trfico de drogas. Para comprovar legalmente a perpetrao desse alegado delito, as autoridades no pas europeu enviaram cartas rogatrias para o pas onde Geoffrey estava cumprindo pena. Quando da elaborao deste relatrio, ainda no haviam sido dirimidas algumas discrepncias no tocante s verses de Geoffrey e de seu advogado para a tentativa de recuperar os recursos na conta bloqueada.
Indicadores: Possvel ocultao do verdadeiro dono dos recursos Possvel relao do cliente com crimes anteriores Movimentao grande ou rpida de recursos
Uma FIU europia recebeu uma srie de comunicados de uma casa de cmbio chamada Money Services. Os comunicados foram suscitados como resultado de um artigo na imprensa sobre uma empresa chamada Riyil & Co, que havia feito um convite pblico ilegal (illegal public appeal) para atrair depsitos de investidores. Os comunicados se referiam empresa principal mas tambm mencionavam Marjan, uma mulher que vivia num pas vizinho e representava a empresa Riyil & Co. A casa de cmbio havia considerado suspeitas as transaes em que Riyil & Co transferia diferentes quantias em moedas estrangeiras para uma conta bancria em nome de Money Services, localizada num centro financeiro europeu no pas vizinho. Assim que Money Services avisou Marjan da chegada do dinheiro, ela foi ao banco para sacar o dinheiro em espcie. A FIU nacional pediu para consultar as informaes da polcia sobre essas entidades. A polcia avisou que a empresa Riyil & Co no constava no banco de dados da polcia e nem de qualquer outro registro comercial oficial. Marjan no tinha ficha criminal em seu pas, mas era conhecida no pas vizinho por prtica de fraude. Como o comunicado no trazia outras informaes, a FIU teve de solicitar, das instituies financeiras em questo, dados financeiros adicionais, para que pudesse concluir sobre a existncia ou no de indcios de lavagem de dinheiro em seu pas. A FIU inicialmente pediu informaes adicionais instituio que havia encaminhado o comunicado. Salientou a necessidade de mais dados sobre a origem da moeda estrangeira. Essa instituio prestou algumas informaes sobre o fluxo de recursos para essa conta, o que permitiu FIU encaminhar um pedido de informaes ao banco onde se localizava a conta. A FIU queria conhecer melhor as transaes SWIFT que estavam passando pela conta. Ao analisar esses dados, a FIU descobriu mais trs pessoas jurdicas que atuavam como remetentes em diversas transaes. Eram elas: uma subsidiria offshore de um banco americano, a Riyil & Co com um endereo na Amrica e a Riyil & Co com um endereo no pas vizinho. O endereo da Riyil & Co no pas vizinho coincidia com o endereo de Marjan. Nos termos da legislao nacional, a FIU pde enviar pedidos de informao para dez outras instituies financeiras. Perguntava se Riyil & Co e/ou Marjan eram seus clientes. A FIU recebeu quatro respostas afirmativas. Com base nessas informaes, a FIU foi capaz de identificar de forma cabal a empresa Riyil & Co, seu representante legal e os indivduos que controlavam diretamente cada uma das contas. As quatro instituies financeiras tambm enviaram uma srie de comunicados sobre a movimentao dessas contas. Esses novos comunicados permitiram FIU comprovar formalmente que o caso estava relacionado com lavagem de dinheiro.
Riyil & Co tinha quatro escritrios: uma sede num pas americano e trs filiais em trs outros pases. A empresa tinha cinco representantes gerentes e trs indivduos com procuraes Marjan, Lus e Jlio, todos vivendo em pases diferentes. Graas a essa nova informao da rea de inteligncia, foi possvel pesquisar nas bancos de dados de diferentes rgos de represso ao crime em todo o pas. A FIU tambm valeu-se do Grupo de Egmont para encaminhar solicitaes para FIUs em outros pases. Descobriu-se que os representantes legais da Riyil & Co atuavam como testas-de-ferro na constituio de vrias empresas e que a empresa era conhecida por prticas irregulares na bolsa de valores num pas americano. Vrios outros pases j estavam investigando as ofertas irregulares (e talvez fraudulentas), feitas pela Riyil & Co, de aes listadas na bolsa de valores do pais americano. Por fim, descobriu-se que Lus tinha uma ficha criminal que inclua vrios delitos. A informao financeira obtida a partir desses comunicados confirmou que Riyil & Co detinha uma srie de contas em diferentes moedas. Um dos quatro bancos que encaminhou um comunicado declarou que havia se recusado a abrir contas em nome de Riyil & Co. Durante os procedimentos de abertura de conta, Marjan havia dito a um dos bancos que Riyil & Co prestava consultoria para um importante grupo privado de investidores financeiros. Ela havia tambm insinuado que a empresa estava ligada a uma famlia poltica. A partir dessa informao, a FIU mostrou-se particularmente interessada na origem e no destino dos recursos. O dinheiro vinha do exterior, de diversos indivduos que transferiam os recursos via SWIFT para as contas bancrias. Marjan ento usava cheques para sacar uma parte dos recursos nessas contas. Por fim, a maior parte dos recursos era transferida via SWIFT para as contas da Riyil & Co em outro pas. Com relao ao destino dos recursos, a FIU detectou que estes eram transferidos para trs beneficirios contas da Riyil & Co em dois outros pases e a conta da Money Services. Depois de algum tempo, dois dos trs bancos informaram a FIU que haviam encerrado as contas da Riyil & Co porque estavam ficando cada vez mais preocupados com a escala dos fluxos financeiros. Alm disso, um dos bancos avisou a FIU que havia recebido recentemente um pedido do regulador bancrio em relao a um convite pblico ilegal (illegal public appeal for savings) lanado por Riyil & Co. De posse dessas informaes, a FIU podia provar que o caso estava ligado lavagem de dinheiro. A empresa havia lanado um convite pblico ilegal para atrair recursos, havia usado empresas constitudas por testas-de-ferro em jurisdies offshore, havia movimentado contas annimas abertas em jurisdies offshore e os indivduos envolvidos eram fichados na policia.
A FIU encaminhou o caso para o promotor pblico, salientando os indcios de lavagem de dinheiro. Aps um julgamento bastante complexo, o tribunal condenou Marjan, Lus e Jlio a penas entre quatro a dez anos de recluso. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras Uso do nome de uma empresa de forma a parecer o nome de uma famlia j bem estabelecida
A famlia Reynolds era bem sucedida no ramo imobilirio e auferia uma renda significativa a cada ano. Vrios membros da famlia Reynolds, todos cidados estrangeiros, abriram contas num banco local. Aps a abertura dessas contas, elas receberam diversos depsitos sob a forma de cheques e dinheiro em espcie. Os depsitos totalizaram mais de US$ 1.700.000. Os recursos foram reunidos em uma s conta e transferidos para uma conta em outro pas. Quando questionada pela banco, a famlia respondeu que essas transferncias para o exterior destinavam-se a facilitar a compra de bens imobilirios naquele pas. Entretanto, dois meses depois das transferncias, os recursos voltaram para a conta central, j em outra moeda. Em seguida, foram transferidos, sob a forma de uma outra moeda, para a conta de uma terceira pessoa no exterior que, aparentemente, no tinha qualquer relao com a famlia ou com o ramo imobilirio. Como resultado dessas vrias movimentaes de recursos, o banco se sentiu inseguro em relao verdadeira origem do dinheiro. Resolveu enviar um comunicado FIU nacional. Aps examinar os extratos das contas, a FIU concluiu que as transaes eram suspeitas o suficiente para que o caso fosse encaminhado s autoridades judiciais. Quando da elaborao deste relatrio, as autoridades policiais haviam bloqueado as contas e iniciado uma nova etapa de investigaes. Indicadores: Explicao estranha para uma atividade comercial/movimentao de conta Transferncia atpica ou no-econmica de recursos dentro da conta (within account) Transferncias de dinheiro para terceiros que so desconhecidos
Explorao de Questes Jurisdicionais Internacionais A existncia de diferentes jurisdies em todo o mundo oferece aos que fazem lavagem de dinheiro a possibilidade de tirar partido das disparidades no tocante a leis de sigilo bancrio, exigncias de identificao, exigncias de declarao, leis tributrias, exigncias para constituio de empresas e restries cambiais. Quanto mais difcil o lavador puder tornar a tarefa do investigador que tenta provar a ligao entre o criminoso e os ativos, mais chances ele tem de escapar ileso da investigao conduzida pelas autoridades de represso ao crime. A falta de familiaridade com outras jurisdies, dificuldades com a lngua, restries em relao disponibilidade de informaes, e o alto custo de investigaes no exterior so todos fatores que podem atrapalhar um investigador. At mesmo quando as jurisdies esto em posio de ajudar os investigadores de outras jurisdies em matria de investigao financeira, a lentido que geralmente caracteriza os inquritos internacionais constitui uma vantagem para o que faz a lavagem, que pode usar os atrasos para confundir ainda mais as pistas. A crescente globalizao dos servios financeiros significa que os criminosos tm mais facilidade de fazer mltiplas transferncias de recursos entre jurisdies, a baixo custo, aumentando em muito o custo e o tempo necessrios para se concluir qualquer investigao. provvel que a globalizao dos servios financeiros continue aumentando, tornando ainda mais importante a capacidade das FIUs nacionais de trocarem informaes da rea de inteligncia umas com as outras.
Durante uma operao rotineira de controle de fronteira, numa cidade porturia da Europa ocidental, a aduana apreendeu um container com milhares de quilos de droga. O container foi mantido no porto enquanto aguardava-se a concluso das investigaes acerca da origem e dos envolvidos com a droga. A droga seria destruda to logo fossem concludas as investigaes. O container foi roubado de seu local de armazenamento e o contedo retirado, presumivelmente, para ser revendido. Aps esse furto, o Departamento de Investigao Fiscal iniciou uma investigao e deteve vinte pessoas. Ficou claro que uma organizao criminosa especializada estava envolvida na importao de drogas para uma outra organizao completamente distinta. Jim e Julian eram os indivduos chave encarregados da operao de importao. Eles contrataram, entre outros, um estivador que retirava os sacos com a droga de dentro dos containers recm chegados. A informao sobre o local onde a droga era escondida era repassada, antecipadamente, pelos fornecedores. Durante as investigaes, a FIU recebeu dois comunicados que se referiam a Jim e Julian. Quase US$ 43.000 provenientes de outro pas europeu tinham sido creditados numa conta bancria recm aberta em nome de Haven Ltd, uma empresa que tinha Jim e Julian como seus principais controladores. Quando contatados pela instituio financeira, Jim e Julian haviam anunciado que, dentro de pouco tempo, uma nova remessa grande viria do exterior, destinada conta de uma firma de advogados, tambm controlada por Jim e Julian. Alguns dias depois, US$ 213.000 foram creditados na conta da firma de advogados. A instituio financeira considerou suspeitos esses depsitos internacionais inexplicados e resolveu enviar um comunicado FIU. A FIU logo confirmou que Jim e Julian eram scios da Haven Ltd e estavam autorizados a movimentar sua conta bancria. Os registros bancrios indicavam que os US$ 43.000 destinavam-se expanso da empresa e que os US$ 213.000 creditados na conta da firma de advogados destinavam-se compra de bens imobilirios. A propriedade que iria ser adquirida estava localizada no endereo que fora da firma de advogados. Alm disso, a FIU descobriu que Jim constava no banco de dados da polcia nacional como algum considerado alvo de interesse. A FIU compilou todas essas informaes e produziu um relatrio de inteligncia que foi entregue polcia, para as devidas diligncias. O relatrio da FIU serviu para confirmar uma outra informao que a polcia havia recebido acerca dos US$ 213.000. Esse valor estaria ligado a um emprstimo` creditado na conta da firma de advogados por uma entidade no-identificada em outro pas europeu. Entretanto, a polcia suspeitava que a estrutura de emprstimo era, na realidade, uma fico concebida para encobrir a lavagem de dinheiro. Para comprovar essa suspeita, foi necessrio realizar investigaes no exterior o conjunto de inteligncia financeira prestado pela FIU foi de grande valia na elaborao das cartas rogatrias enviadas para o exterior. Os rgos de represso ao crime contatados confirmaram a existncia de ligaes com operaes criminosas organizadas, o que reforava a tese de lavagem de dinheiro.
Foi possvel apreender barcos e automveis da organizao que fazia a importao, mas o Departamento de Investigao Fiscal no conseguiu rastrear os outros lucros que provavelmente teriam sido acumulados ao longo do tempo. Suspeitava-se que a organizao de Jim e Julian tivesse feito umas 15 importaes e era possvel estimar o lucro provvel em cada importao. Quando este estudo de caso foi apresentado, Jim e Julian ainda estavam na priso, cumprindo pena de oito anos por trfico de drogas. Alm disso, Jim e Julian tinham outros assuntos pendentes com o Departamento de Investigao Fiscal. Julian recebeu uma cobrana de US$ 1.700.000 em impostos no pagos e Julian uma cobrana de US$ 134.000. Os barcos, automveis e outros ativos bloqueados foram subseqentemente confiscados.
Uma instituio financeira do leste europeu observou uma movimentao estranha na conta no-residente de uma empresa estrangeira. A empresa acabara de receber US$ 500.000 de um fornecedor de calados esportivos sediado em pas vizinho. Jerry, o representante autorizado da empresa estrangeira naquele pas, sacou US$ 50.000 em espcie e imediatamente depositou esse dinheiro na sua conta particular, na mesma instituio. No dia seguinte, ele retirou os US$ 450.000 restantes e entregou-os para Fritz, o dono da empresa fornecedora de calados esportivos sediada no pas vizinho. Fritz depositou sua parcela em sua conta particular, tambm na mesma instituio financeira. A instituio resolveu comunicar suas suspeitas FIU nacional. Consultas feitas a rgos de represso ao crime no exterior revelaram que Jerry, que havia aberto a conta no-residente alguns anos antes, era o nico proprietrio da empresa estrangeira. O capital inicial usado para abrir aquela empresa fora de apenas US$1.000, conforme as exigncias daquela jurisdio para constituio de empresas. Quando a FIU examinou a movimentao da conta nos anos anteriores, ficou evidente que a empresa fornecedora de calados esportivos havia transferido quantias considerveis vrias vezes antes. O modus operandi era o mesmo todas as vezes. Jerry retirava 10% do total e Fritz ficava com o restante. Embora a ltima transao tivesse sido a maior de todas, um total de cerca de US$ 1.000.000 haviam sido transferidos ao longo dos anos. A investigao financeira tambm descobriu que a conta na instituio financeira que fizera o comunicado no era a nica que Jerry tinha autorizao para movimentar. Ele tambm tinha aberto em outro banco, alguns anos antes, uma conta em nome de sua empresa. A fornecedora de calados esportivos fez um nico depsito no valor de quase US$ 60.000 nessa conta, a ttulo de pagamento de comisso de agenciamento. Jerry depois transferiu quase todo esse dinheiro para uma empresa chamada Sport Florida. A FIU procurou o nome e o endereo dessa empresa em uma srie de bancos de dados sobre empresas (professional company databases) , mas no encontrou qualquer registro. Por intermdio do grupo Egmont, a FIU contatou a FIU do pas de origem de Fritz e fez algumas diligncias naquela jurisdio. Jerry parecia ser um notrio especialista tributrio naquela jurisdio por fraudes tributrias. A polcia j havia feito uma busca na empresa fornecedora de calados esportivos e nos apartamentos de Jerry e Fritz, j que eles eram suspeitos de lavagem de dinheiro e fraude tributria. Documentos apreendidos revelaram que a empresa fornecedora de calados esportivos tambm tinha transferido dinheiro para uma das contas de Jerry em outro pas europeu. De posse de todas essas informaes, a FIU levantou a hiptese de que no havia, na realidade, qualquer negcio concreto sendo efetuado entre as empresas de Fritz e Jerry e, menos ainda, negcios de um montante que justificasse enormes
transferncias de recursos observadas nessas contas. Inclusive, segundo bancos de dados comerciais, a empresa estrangeira de Jerry sequer estava em operao. Isso indicava, no mnimo, que Jerry no estava pagando os impostos devidos s autoridades de seu pas de origem. Jerry e Fritz foram acusados de lavagem de dinheiro em um pas e de sonegao fiscal/falsificao de documentos em um outro pas. Quando da elaborao deste relatrio, cerca de US$ 1.000.000 j haviam sido apreendidos. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Transferncia grande e/ou rpida de recursos Transferncia atpica ou no-econmica de recursos entre contas
Max estava envolvido com uma srie de transferncias para a frica ocidental. Embora fosse funcionrio de um banco, no quis usar sua prpria instituio para fazer as remessas. Preferiu recorrer a um dos principais transmissores de dinheiro (money-transmitters) para fazer as transferncias via cabo. Como Max sempre procurava a mesma agncia da organizao que fazia a transmisso de dinheiro, os funcionrios passaram a conhec-lo. Foi justamente essa familiaridade que fez com que os funcionrios reparassem quando ele apareceu no caixa acompanhado de alguns homens. Assim que Max remeteu mais uma parcela de dinheiro, um de seus companheiros, de nome Philippe, tambm enviou recursos para o mesmo beneficirio na frica ocidental. Os funcionrios acharam aquela situao um pouco estranha e, na vez seguinte que Max foi agncia, fizeram-lhe perguntas sobre o objetivo de todas essas transaes. Max caiu na defensiva e mostrou-se hostil em relao a esse questionamento. Isso s fez os funcionrios ficarem ainda mais desconfiados. Alm disso, os companheiros de Max usavam seus prprios nomes para transferir o dinheiro, apesar de ser evidente que Max era o verdadeiro dono dos recursos. Os companheiros transferiam o dinheiro que recebiam de Max. O representante do transmissor de recursos resolveu encaminhar um relatrio de transao suspeita para a FIU nacional. Durante suas investigaes sobre o caso, a FIU no conseguiu encontrar qualquer prova que incriminasse Max. Pelo contrrio, Max parecia ser vtima da conhecida fraude 419. As fraudes 419 geralmente funcionam da seguinte forma: prometem vtima um benefcio substancial, mas em troca pedem um adiantamento pequeno se comparado com a recompensa prometida para facilitar o andamento do esquema. Os adiantamentos continuam aumentando enquanto a vtima achar que a recompensa final est a caminho. S que a recompensa final nunca chega. Grupos na frica ocidental (embora esse tipo de operao possa ser organizado em qualquer parte do mundo) costumam operacionalizar essas fraudes. A FIU descobriu que os companheiros de Max eram bem mais interessantes. Pareciam ter ligaes com a prostituio. Entretanto, como no havia provas, a FIU decidiu adiar o incio de uma investigao. Alguns meses depois, uma FIU estrangeira pediu informaes sobre vrias pessoas que estavam fazendo transferncias, uma das quais era o supra-citado Philippe. Parece que Philippe vinha usando um transmissor de dinheiro no pas estrangeiro para enviar grandes quantias via transferncias de dinheiro para seu pas de origem. Enquanto isso, a FIU nacional descobriu que Philippe estava sendo investigado pela polcia local em funo de sua participao numa fraude 419. A FIU informou a FIU estrangeira a respeito e pediu permisso para repassar o caso unidade de investigao. A FIU estrangeira autorizou o encaminhamento do relatrio de
transaes de Philippe para a polcia. O relatrio estrangeiro foi disponibilizado para a polcia que est pronta para us-lo na investigao da fraude 419. Quando da elaborao deste relatrio, a investigao estava praticamente concluda. Vrios suspeitos chave provavelmente sero detidos, acusados de fraude e outros delitos. Indicadores: Atividade ilgica: Por que razo um funcionrio de banco no usaria o mtodo mais simples, disponvel em sua instituio financeira, para lidar com assuntos financeiros? Atitude defensiva em relao a perguntas feitas. Ocultao deliberada da propriedade/ titularidade dos recursos
Numa certa manh, os habitantes de uma pequena cidade europia foram acordados com o barulho de um assalto ao banco local. A operao foi bem sucedida e os ladres fugiram com uma quantia considervel em espcie. Uma equipe especial do rgo de represso foi constituda para investigar o assalto. Aps intensas investigaes, a equipe conseguiu prender os lderes do bando. Alguns dos criminosos detidos at confessaram onde haviam escondido sua parte do dinheiro. Marco, integrante da equipe e profissional da rea de represso por mais de vinte anos, foi encarregado de localizar, bloquear e recuperar o dinheiro roubado. Graas s muitas informaes obtidas no decorrer dos interrogatrios, foi possvel localizar, rapidamente, parte do dinheiro. Mas, depois, o processo de recuperao ficou mais lento. Alguns membros da equipe notaram algumas irregularidades na investigao. Parecia haver um desencontro entre as informaes obtidas com as confisses dos suspeitos, a quantidade e a localizao dos recursos efetivamente recuperados. As preocupaes foram se avolumando e foi feito um pedido de uma investigao interna para determinar se tinha havido algum procedimento imprprio. Foi iniciada a investigao interna. Logo comeou-se a suspeitar que um dos agentes havia desviado parte do dinheiro em benefcio prprio. Marco tornou-se o foco das atenes. Os responsveis pela investigao interna revistaram sua casa e seu local de trabalho. Foram encontrados alguns papis oferecendo investimentos em instituies financeiras em outros pases, mas no havia indcios de que Marco tivesse contas nesses lugares. O juiz encarregado da investigao imediatamente enviou um pedido de assistncia jurdica mtua para o pas onde se localizava a instituio financeira mencionada nos papis encontrados. Exigiu que os bancos associados a fundos de investimento bloqueassem todos os ativos em nome de Marco. Infelizmente, a justia no outro pas teve de rejeitar seu pedido pois no havia uma indicao de qual instituio financeira tinha um relacionamento comercial com Marco. Expedies de 'pescaria', baseadas em evidncias mnimas, no so aceitas em vrios pases. Alguns meses depois, a FIU no pas vizinho recebeu um relatrio de transao suspeita sobre Marco. Ao investigar o caso, a FIU deparou-se com o pedido de assistncia jurdica mtua. Por intermdio da rede Egmont, a FIU imediatamente contatou a FIU no primeiro pas e descobriu que o Marco que havia sido denunciado no relatrio de transao suspeita era o mesmo Marco suspeito de apropriao indbita. Os extratos da conta comprovaram que ele havia depositado ativos em suas contas mais ou menos na mesma poca em que se suspeitou que ele havia desviado o dinheiro.
A FIU encaminhou essas informaes para o juiz que tivera de negar o pedido de assistncia jurdica mtua. Dessa vez o magistrado pde aquiescer ao pedido e, quando da elaborao deste relatrio, os recursos j haviam sido bloqueados. Aguardava-se a condenao do suspeito e a recuperao dos recursos. Indicadores: Possvel relao do cliente com crimes anteriores
Num pas do Pacfico, a seo de cmbio de um banco atraiu um novo cliente, Kevin, que trocou o equivalente a US$ 2.000 de moedas europias em moeda nacional. Em seguida, ele abriu uma conta na mesma agncia e depositou nela os recursos trocados. Enquanto concluam a preparao dos documentos para a abertura da conta, no foi explicada origem dos recursos. Alguns dias depois, parte do dinheiro foi sacada, novamente em dinheiro. Como o princpio e o fim da transao estavam em espcie, a instituio financeira no pde chegar a qualquer concluso em relao origem dos recursos. O banco resolveu encaminhar FIU um comunicado sobre a transao. No mesmo dia em que Kevin tomou essas providncias, sua prima Erin foi at um outro banco na mesma jurisdio e tentou depositar o equivalente a US$ 72.000 em moedas europias em uma nova conta bancria. Entretanto, desta vez, como no havia explicao para a origem do dinheiro, o banco se recusou a prosseguir com a abertura da conta. Frustrada, Erin props fracionar os recursos em quantias menores por achar que o grande volume dos recursos era a causa da preocupao do banco. Ela tambm apresentou uma fatura de produtos vendidos como explicao para a existncia dos recursos. Tambm alegou que um funcionrio do Banco Central lhe havia explicado, pelo telefone, que este banco aceitaria o depsito do dinheiro na nova conta. O banco no se intimidou com seu comportamento e continuou recusando-se a abrir a conta. Mais tarde naquele mesmo dia, Kevin e Larry primos de Erin foram ao mesmo banco e trocaram duas cdulas de uma moeda europia, no valor de US$ 500 cada. Como o banco j havia percebido uma certa ligao entre as vrias transaes, tomou a iniciativa de comunicar o fato FIU nacional. Naquela mesma tarde, Jerry abriu uma conta em um outro banco. Efetuou vrias transaes menores: e conseguiu trocar o equivalente a US$ 13.000 de moedas europias em moeda local. Logo depois, depositou parte do dinheiro na nova conta. O restante ele guardou em espcie. Alm disso, alguns dias depois, todo o dinheiro depositado foi sacado, outra vez em espcie. Esse terceiro banco tambm resolveu comunicar as transaes FIU nacional. Ao analisar as vrias transaes bancrias e a documentao usada para abrir as contas, e aps consultar vrias bases de dados de rgos de represso ao crime, a FIU logo descobriu a relao entre Kevin, Erin e Jerry. A atitude defensiva e agressiva de Erin levou o banco a desconfiar que o dinheiro no tinha uma origem legtima. A fatura apresentada por Erin como prova da legitimidade dos recursos que o banco havia guardado em seus arquivos no tinha a assinatura do vendedor e nem uma indicao de quem seria o comprador. Inclusive, a fatura no parecia autntica. Alm disso, a alegao de Erin de que havia recebido o consentimento prvio do banco central por telefone parecia uma tentativa de convencer os funcionrios do banco da legitimidade da transao. O fato de os membros da famlia terem ido a trs bancos diferentes no mesmo dia para trocar divisas em valores inferiores ao limite de
declarao obrigatria, o fato de eles terem depositado dinheiro e logo depois sacado esse mesmo dinheiro, eram indcios de que eles talvez estivessem tentando evitar a deteco e o encaminhamento de relatrio FIU nacional. Uma vez concludo o processo de compilao e anlise das informaes, a FIU encaminhou o caso para a polcia, para as providncias cabveis. Por outro lado, mais ou menos na mesma poca, a FIU recebeu vrios comunicados de outros bancos que se referiam troca da mesma moeda europia. No havia uma explicao legtima bvia para a circulao dessa moeda no pas, sobretudo em cdulas de valor to alto. No entanto, esse fato se encaixava na hiptese de transporte de drogas da Amrica do Sul para a Europa, passando pelo Pacfico. As divisas europias geradas com a venda da droga nos pases de destino estavam sendo lavadas no sistema bancrio desse pas do Pacfico e trocadas em outras moedas, para ocultar a procedncia dos recursos originais. A circulao da moeda europia poderia tambm ser o resultado de dinheiro lavado, oriundo de outras atividades criminosas tais como fraude e sonegao fiscal na Unio Europia ou em outro lugar. Quando da elaborao deste relatrio, a operao de lavagem estava sendo investigada pelas autoridades. Indicadores: Transaes estruturadas de forma a ficarem ligeiramente abaixo do limite a partir do qual a declarao obrigatria (smurfing) Uso repetido de uma mesma agncia ou de agncias semelhantes quando uma transao nica teria sido mais eficiente Rpida criao e retirada de recursos das contas Uso incomum de moedas Atitude defensiva em relao a perguntas Tentativa de pressionar os funcionrios do banco a facilitarem uma transao, alegando a aprovao de autoridades hierarquicamente superiores no sistema regulador ou fiscalizador
Brad foi agncia central de um grande banco e trocou, em moeda local, o equivalente a US$ 10.000 em cdulas estrangeiras de alto valor. No dia seguinte, voltou ao banco e trocou mais US$ 1.700. Quando indagado a respeito pelo caixa do banco, Brad respondeu que havia recebido o dinheiro como pagamento pelos camares vendidos por sua empresa. Embora Brad se dissesse um residente local, segundo sua carteira de motorista (dada como identidade na hora da transao), Brad vivia em outro pas americano. Algum tempo depois, Brad entrou novamente no banco e trocou mais US$ 1.000. Desta vez, Brad alegou que o dinheiro era presente de seu irmo. O banco resolveu encaminhar um comunicado a respeito para a FIU nacional. Mais ou menos na mesma ocasio em que essa primeira instituio enviou seu comunicado, Brad tentou trocar moeda estrangeira em outro banco. Ele tinha uma quantia desconhecida de dlares americanos e uma grande quantia em moeda local. Entretanto, desta vez, quando o banco pediu-lhe que preenchesse um formulrio indicando a origem do dinheiro, ele se retirou do banco. Este banco imediatamente comunicou o fato FIU nacional. Alguns meses depois, Brad procurou um terceiro banco. Ele trocou notas pequenas da moeda local em cdulas de maior valor, num total de cerca de US$ 2.000. A mulher no caixa reparou que Brad tinha um outro bolo de notas pequenas, na mesma moeda nacional, e que no tinha tentado trocar essas notas. Algum tempo depois dessa primeira visita, Brad voltou ao banco para trocar uma certa quantia em cdulas maiores dizendo que o dinheiro era o resultado da venda de uma motocicleta. No perodo entre as duas transaes, a mulher do caixa reconheceu Brad como sendo o homem apontado na imprensa como envolvido num acidente com arma de fogo. A imprensa tambm havia relatado que a polcia encontrara uma grande quantidade de dinheiro no local do acidente. A caixa informou seus superiores de suas suspeitas e o banco fez um comunicado FIU, mencionando que Brad havia sempre relutado em preencher o formulrio obrigatrio de declarao de origem dos recursos. A FIU analisou as transaes de Brad, procurando comprovar a veracidade de suas declaraes sobre a origem dos recursos. Tambm procurou avaliar se as movimentaes se encaixavam em alguma atividade criminosa conhecida no pas. Brad havia dito ao primeiro banco que havia obtido os recursos com a venda de camares, mas seu carto de visitas no dava nmero de telefone ou endereo que permitisse confirmar ou invalidar essa alegao. Pareceu estranho que um negcio como esse no facilitasse o contato com clientes em potencial. Segundo os relatos da imprensa, Brad havia sofrido ferimentos graves no acidente com a arma de fogo. O endereo dele mencionado nos jornais era diferente do endereo que ele havia dado aos bancos. Por fim, consultas aos registros da polcia indicaram que a polcia j o
estava investigando h algum tempo. A FIU decidiu encaminhar os resultados dessas investigaes polcia. Aps uma investigao policial que utilizou as informaes financeiras prestadas pelos bancos, vrias pessoas foram detidas, envolvidas no acidente com a arma. Quando da elaborao deste relatrio, as investigaes ainda continuavam para determinar se havia ligaes criminosas. Indicadores: Mudanas na explicao dada para a origem dos recursos Evidncias de que o cliente no disse a verdade Dvidas em relao aos documentos de identificao Cobertura na imprensa das atividades dos titulares das contas Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Richard, cidado americano, procurou um banco num pas europeu e disse ao funcionrio que queria abrir uma conta de liquidao (clearing account) como novo cliente. Explicou que acabara de encerrar algumas contas em outras instituies por causa da qualidade insatisfatria de seus servios. Disse que queria depositar na nova conta o dinheiro em espcie retirado dessas contas US$ 3.500.000. Ele tambm manifestou sua esperana de que o servio nessa nova instituio seria melhor do que o das outras instituies de onde havia retirado sua poupana. Richard ento entregou uma sacola com dinheiro e alguns documentos relativos s contas encerradas. Embora o funcionrio tenha aberto as contas conforme solicitado, ele ficou um pouco desconfiado em relao s atividades de Richard. Como o dinheiro um ativo annimo, no era possvel provar a origem legtima dos recursos. Depois de efetuar a transao e aceitar o dinheiro, o funcionrio relatou o ocorrido aos seus superiores e estes, depois de considerarem a questo, resolveram comunicar o fato FIU nacional. Duas semanas depois, Richard voltou ao banco. Desta vez, queria transferir os recursos da conta recm aberta para uma outra conta em uma jurisdio no exterior. Enquanto Richard aguardava que a transao fosse efetuada, o banco fez contato com a FIU, para informar sobre os pedidos feitos por Richard. A FIU, que j havia entregado promotoria pblica uma cpia do primeiro comunicado, consultou as autoridades judiciais. Depois de discutir a questo com as autoridades, a FIU decidiu que valeria a pena interrogar Richard sobre a origem do dinheiro. O banco colaborou protelando a transao at a chegada dos agentes da FIU. Durante sua conversa com os agentes da FIU, Richard declarou que as grandes quantias que ele tinha em dinheiro e que havia depositado na conta eram o produto da venda de plantaes de laranja num pas da Amrica do Sul. Disse que estava transferindo os recursos de volta para seu pas de origem, em nome de seu padrasto. Ficou evidente que essa histria no era consistente com a verso inicial contada quando da abertura da conta. Alm disso, no decorrer da entrevista, as explicaes de Richard tornaram-se contraditrias e confusas. Armados com fortes indcios de uma provvel atividade criminosa, os agentes da FIU telefonaram novamente para as autoridades judiciais. Estas autorizaram uma busca no quarto de hotel de Richard. Enquanto fazia a busca no quarto de Richard, a equipe policial encontrou vrias chaves de cofres de aluguel (safety deposit box) e tambm vrias mensagens escritas a mo. Esses documentos continham instrues para Richard: diziam que ele deveria mudar sempre de hotel, que nunca deveria ficar em hotis de baixa categoria e que deveria destruir todos os documentos assim que tivesse concludo cada transao financeira. A equipe de investigao seguiu as pistas at encontrar as vrias instituies financeiras onde estavam os cofres de segurana. Dentro desses cofres, a polcia encontrou vrios passaportes com diferentes nacionalidades e nomes, mas sempre a mesma fotografia e informaes sobre uma gama de contas bancrias.
Foram consultadas as bases de dados de vrios rgos de represso ao crime e descobriu-se que Richard estava, aparentemente, seguindo as ordens de James, outro cidado americano. James fora procurado internacionalmente, acusado de estar envolvido com fraudes graves que provocaram prejuzos de US$ 108.000.000. Ele havia sido preso alguns anos antes, aps um esforo conjunto internacional envolvendo rgos de represso em vrios pases. Aparentemente, Richard surgiu em cena depois da priso de James. Richard vinha recebendo instrues de James por intermdio do advogado deste que o visitava na priso, trocava informaes com ele e tambm reivindicava determinados privilgios de confidencialidade, prprios da relao entre advogado e cliente. O advogado havia repassado uma srie de instrues sobre como Richard deveria lavar os recursos que ainda estavam sob o controle de James. Richard foi indiciado por lavagem de dinheiro e condenado a dois anos de priso. No decorrer das investigaes, a FIU identificou e confiscou ativos no valor de cerca de US$ 7.000.000. O dinheiro foi devolvido empresa de seguros que havia sido lesada com a fraude original. Indicadores: Grande quantia de dinheiro em espcie usada para abrir uma conta nova Ausncia de uma explicao comercialmente racional para as atividades financeiras
Algum tempo atrs, uma FIU europia recebeu um comunicado relativo a uma transao cambial efetuada por uma cliente chamada Andrea. A transao envolvia mais de US$ 200.000 em moeda estrangeira. Andrea tinha dito agncia de cmbio que era uma intermediria financeira que vivia no sul da Europa e que viera a esse pas a negcios. Aps o primeiro comunicado recebido pela FIU, Andrea efetuou vrias outras grandes transaes cambiais. Todas foram informadas FIU. Durante algumas poucas semanas, Andrea trocou o equivalente a US$ 600.000. De repente, Andrea desapareceu e os comunicados FIU cessaram. Seis meses depois, Andrea voltou aos seus velhos hbitos. Apareceu na mesma agncia de cmbio com uma grande quantidade de moeda estrangeira. O valor total das transaes financeiras efetuadas por Andrea subiu para cerca de US$ 1.300.000. Nesse meio tempo, a FIU havia aberto um inqurito sobre Andrea. Ela parecia no ter ficha criminal. Entretanto, dado o altssimo valor de suas transaes e a aparente ausncia de uma fonte legtima para os recursos, a FIU decidiu fazer uma anlise aprofundada da questo. Como a moeda era annima, a FIU teria que investigar a fundo a pessoa em questo Andrea antes de debruar-se sobre a origem dos recursos. A FIU europia enviou pedidos de informao a vrias FIUs no exterior, usando os canais do grupo Egmont. Uma das FIUs pde encaminhar informaes teis. Andrea era conhecida como integrante de um grupo de traficantes de drogas. O grupo havia desenvolvido as mesmas atividades de lavagem naquele pas estrangeiro. As investigaes em relao aos integrantes do grupo j estavam em curso havia bastante tempo e por isso a troca de informaes foi considervel. Alm disso, a FIU europia descobriu que era falso o endereo dado por Andrea na agncia de cmbio. Agora a FIU tinha bases para encaminhar o caso para as autoridades judiciais. A investigao judicial revelou que Andrea no estava agindo s. H anos ela vinha desempenhando um papel central nas operaes de lavagem de dinheiro do grupo criminoso. Estima-se que o total de dinheiro lavado nesse seu esquema tenha chegado a US$ 11.500.000. Quando a polcia prendeu Andrea e um de seus cmplices, ela estava de posse de uma grande quantidade de dlares americanos em espcie. Ela admitiu ter efetuado as transaes cambiais e confessou tambm saber da origem ilcita dos recursos. Entretanto, alegou que o dinheiro era produto do trfico ilegal de diamantes e no de drogas. Andrea foi condenada a quatro anos de priso e a uma multa de vrias centenas de milhares de dlares americanos. O dinheiro apreendido quando da deteno tambm foi confiscado. Cada um de seus cmplices foi condenado a dois anos de recluso.
Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Ausncia de justificativas para a existncia do dinheiro
Uma FIU europia recebeu um comunicado de operao suspeita relativo a quatro indivduos. Trs deles viviam em outro pas europeu. O quarto era oficialmente registrado como residente de um paraso fiscal em outro continente. Os quatro representavam duas empresas nacionais e duas empresas estrangeiras. Trs das quatro empresas tinham contas no pas onde estava sediada aquela FIU e essas contas podiam movimentar recursos em vrias moedas. A quarta empresa tinha uma conta num banco estrangeiro. Recursos foram transferidos da conta no banco estrangeiro para as contas das trs outras empresas. Antes dessas transferncias, no havia movimentao nessas trs contas. Uma vez feitos os depsitos, o dinheiro era transferido para um paraso fiscal ou ento rapidamente sacado em dinheiro. Os quatro indivduos pouco cooperaram com o esforo do banco de dirimir suas desconfianas: recusaram-se a dar explicaes sobre as transaes. A forma de movimentao de recursos, aliada recusa em responder perguntas feitas pela instituio financeira, impediu que o banco identificasse os verdadeiros beneficirios e, consequentemente, a origem e o destino final dos recursos. Depois de tentar em vo obter informaes dos titulares das contas, o banco resolveu fazer uma comunicao de transao suspeita FIU nacional. Nenhum dos indivduos ou empresas era conhecido da FIU. Depois de solicitar informaes do departamento de polcia, a FIU descobriu que um dos indivduos e duas das empresas j estavam sendo investigados pelas autoridades judiciais, suspeitos de incitao prostituio, explorao de prostituio e lavagem do dinheiro gerado por essas atividades. Para encobrir suas atividades criminosas eles haviam criado uma rede de empresas fantasmas. A FIU fez uma anlise aprofundada das transaes financeiras e examinou todo o histrico das contas para rastrear os fluxos financeiros. A existncia de uma ligao evidente com atividades criminosas justificou o encaminhamento do caso para as autoridades judiciais. Quando da elaborao deste relatrio, estava ainda em andamento um inqurito judicial. Indicadores: Atitude defensiva em relao a perguntas Mltiplas movimentaes repetidas de dinheiro Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Carlos, um cidado americano com passaporte europeu, abriu uma conta de poupana num banco local na Amrica. Ele recebeu grandes somas de dinheiro, transferidos via cabo da Europa uma transao efetivamente annima tendo em vista a quantidade mnima de informao contida nos registros de transferncias a cabo. Quando o banco pediu a Carlos que apresentasse documentao que comprovasse a origem dos recursos, ele entregou uma srie de papis e recibos. Entretanto, esses documentos no continham uma indicao clara da origem do dinheiro. O banco ficou cada vez mais desconfiado em relao s atividades de Carlos e movimentao em sua conta. Os valores eram sempre ligeiramente inferiores queles fixados para declarao obrigatria. Por causa dessas desconfianas, a instituio resolveu encaminhar um comunicado FIU nacional. A FIU analisou os registros financeiros de Carlos, inclusive sua conta de carto de crdito. Foram identificadas vrias compras feitas em outro pas. Informaes sobre Carlos obtidas com as autoridades policiais indicavam que ele havia entrado no pas duas vezes. Mas, oficialmente, ele nunca havia deixado o pas. Como no havia registros de que ele havia sado do pas, e, no entanto, duas informaes sugeriam que ele havia viajado para o exterior, a FIU desconfiou que Carlos tinha acesso a diversos passaportes sendo que todos seriam falsos, menos um. Foi feita uma visita instituio financeira para examinar os extratos com as informaes sobre depsitos e retiradas. Verificou-se que todas as transaes de Carlos eram feitas em espcie. Sua ficha bancria e outras fontes de inteligncia no continham qualquer explicao vlida para a origem dos recursos. A FIU encaminhou o relatrio para as autoridades judiciais. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia estava investigando a origem do dinheiro e a natureza das atividades de Carlos. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Explicao insuficiente para a origem dos recursos
Em um pas da Amrica do Sul, Orlando era o lder de uma slida organizao criminosa que, h anos, estava envolvida com o trfico de cocana de pases vizinhos para a Europa. Do princpio ao fim, a operao era administrada e coordenada diretamente por Orlando. Ele e os outros indivduos-chave na organizao eram todos criminosos conhecidos, tanto no pas de origem quanto no exterior. Tinham fichas criminais com registros que datavam de 1969, pelo menos. Para realizar todas as suas atividades, Orlando recrutou vrios de seus parentes mais prximos e tambm outros criminosos. Seu objetivo era criar uma organizao criminosa auto-contida, controlada unicamente por ele. Os vnculos familiares estreitos e a forte interdependncia tornavam extremamente difcil a infiltrao por parte de agentes policiais. Seu filho mais velho, Tristam, era responsvel por organizar os carregamentos de drogas dentro do pas vizinho. Tristam enviava as drogas, via transporte de superfcie, para um terceiro pas americano. L, as drogas eram estocadas at que o representante da organizao naquele pas decidisse o que fazer com o carregamento. Assim que Tristam informasse seu pai, no pas de origem, que as drogas j tinham chegado, a pessoa encarregada das operaes ajudava a planejar o embarque das drogas para a Europa. No pas de onde deveria sair o carregamento, Tristam usava uma outra organizao criminosa para contratar uma equipe e obter os barcos necessrios. Vale notar que todos os embarques de drogas para a Europa eram ordenados diretamente por Orlando em seu pas de origem e que todos os pagamentos no contexto da operao de contrabando eram feitos com dinheiro fornecido por ele. Orlando usava diferentes indivduos para transportar o dinheiro necessrio para fazer esses pagamentos e tambm o pagamento do transporte das drogas do porto principal para os trs outros portos americanos. Alguns desses portadores (couriers) j tinham ficha na polcia e alguns j tinham at sido condenados por crimes comuns e por trfico de drogas, no pas de Orlando e no exterior. Depois que as drogas chegavam Europa, havia um grupo de criminosos cuja funo era a de contratar trabalhadores para descarregar a droga; esses trabalhadores geralmente eram pessoas que viviam nos dois portos europeus onde a droga aportava. Estavam sob a superviso de um criminoso especfico que era integralmente responsvel por essa parte da operao. Depois de descarregadas as drogas, outro grupo de traficantes, que tambm recebia suas ordens diretamente de Orlando, cuidava do recebimento e da venda dos carregamentos para organizaes europias que iriam distribuir a droga.
O produto da venda das drogas, que geralmente era vendida por aproximadamente US$ 30,000, era transferido sob duas formas. Uma parte era enviada em espcie para o pas de origem de Orlando. O resto era depositado, em espcie, em contas numeradas ao portador que pertenciam a Orlando, sua esposa Anglica e a Tristam. Os fatos Este caso teve incio no dia 29 de dezembro de 1996, quando a organizao criminosa de Orlando despachou, a partir de um porto americano, um carregamento de 52 kg de cocana clorohidratada, a bordo de um barco com destino Europa. As drogas foram despachadas sob a responsabilidade de dois homens que viajaram desde o pas de origem de Orlando at o porto onde as drogas foram embarcadas. L, um outro integrante da organizao fez os contatos necessrios no porto e contratou um barco e uma tripulao para levar a droga at a Europa. Depois, dois outros criminosos viajaram para a Europa para receber o carregamento, pagar pelo transporte da droga e pagar os trabalhadores que iriam descarregar a droga. A coordenao dos rgos de represso ao crime foi tamanha que as autoridades no pas europeu puderam apreender as drogas e prender dois cidados do pas de origem de Orlando. Lavagem de Dinheiro Com relao lavagem dos lucros gerados pelas atividades de trfico de drogas, grandes volumes de dinheiro em espcie eram transportados de volta para o pas e depositados em contas pertencentes a Orlando e seus parentes mais prximos. Orlando j havia tentado justificar a existncia dos recursos alegando que o dinheiro era o produto da venda de propriedades que ele supostamente possua em outro pas americano. Mas estava ficando invivel apresentar documentao falsa para justificar as grandes movimentaes de recurso que ele precisava fazer. Em 1988, foi criado um novo mtodo de lavagem de dinheiro. A organizao de Orlando enviou de volta para o pas pelo menos US$ 4.600.000 via transferncias a cabo. A natureza annima das transaes que eram feitas em quantias individuais pequenas protegia a operao de lavagem do olhar das foras de represso ao crime. O dinheiro era empregado na aquisio de ativos pessoais e propriedades imobilirias, tais como veculos, apartamentos, um centro comercial, cavalos de raa, aplicaes em investimentos de longo prazo e depsitos guardados em cofres de segurana. Alm disso, como a FIU j havia descoberto, os lucros do trfico de drogas eram depositados em vrias contas mantidas pela organizao num banco na Europa. Inclusive, no intuito de ocultar seus investimentos, eles haviam aberto, num pas europeu, contas de investimento numeradas, annimas, que tinham Orlando e Tristam como signatrios. Tristam, por sua vez, por intermdio de seus filhos e de sua esposa, administrava outras contas paralelas, controladas independentemente. Alm disso, com a participao de Anglica, eles criaram uma fundao, legalmente registrada num pequeno pas da Europa central. Esta fundao, por sua vez, era representada por outra entidade legal. O objetivo era o de ocultar os lucros ilegais em contas de investimento secretas, tambm mantidas num banco europeu.
Quando da elaborao deste relatrio, um total de cerca de US$ 14.600.000 haviam sido apreendidos como resultado da cooperao internacional entre as foras de represso ao crime e as autoridades judiciais no pas europeu. Foram fornecidos, inclusive, detalhes sobre as contas bancrias annimas, o que permitiu bloquear as contas, graas ao uso de cartas rogatrias. Todos os membros identificados da organizao criminosa de Orlando, muitos dos quais j esto presos h mais de trs anos, esto sendo julgados, acusados de conspirao para traficar drogas. As nicas excees so Anglica, que est sendo julgada por lavagem de dinheiro, e Tristam, que est sendo julgado por lavagem de dinheiro e trfico de drogas. O prprio Orlando morreu na priso aps ter sido condenado por trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
David era o dono de uma casa de cmbio num pas do leste europeu e era um cliente que ia com freqncia ao banco local. Cada vez que depositava dinheiro em espcie em sua conta dizia ao funcionrio do banco que se tratava de dinheiro que seus clientes lhe haviam dado para liquidar emprstimos de curto prazo. Por causa do volume muito alto de depsitos em espcie mais de US$ 65.000 , feitos num curto espao de tempo, o funcionrio do banco comeou a ficar desconfiado. Aps examinar as movimentaes bancrias de outras empresas semelhantes naquela localidade, para determinar se aquelas quantias eram razoveis para uma casa de cmbio, o banco enviou um comunicado FIU. As informaes sobre a empresa foram verificadas nas bases de dados das foras de represso ao crime. A FIU descobriu que a casa de cmbio no tinha pago impostos que, segundo as informaes disponveis, deveriam ter sido da ordem de US$ 400.000 ao ano. A casa de cmbio tambm havia feito encomendas fictcias a empresas estrangeiras no pas vizinho, prestadoras de servios de consultoria, marketing e engenharia. As faturas foram todas emitidas corretamente, mas os servios nunca foram efetivamente prestados. Com base nesses contratos falsos, a casa de cmbio havia transferido recursos para o pas vizinho. A FIU encaminhou para a promotoria pblica o comunicado recebido, acompanhado das anlises financeiras por ela realizadas. Em seu relatrio, a FIU ressaltou suas suspeitas de sonegao de impostos e fraude. A polcia financeira calculou o valor dos impostos que a casa de cmbio deveria ter pago e pediu que todos os ativos fossem bloqueados, para posterior confisco. Mas David j havia transferido quase todos os recursos da empresa para o pas vizinho e entrou com um pedido de falncia no primeiro pas. A polcia financeira pediu FIU que rastreasse o dinheiro. A FIU enviou FIU no pas vizinho um pedido de informaes. No s ficou muito claro para onde o dinheiro tinha ido, mas tambm ficou evidenciado que David era o dono de todas as empresas estrangeiras que tinham emitido as faturas fictcias. Uma dessas empresas tinha recebido a maior parte do dinheiro transferido para aquele pas. David havia sacado metade do saldo em espcie e havia transferido a outra metade de volta para as contas no primeiro pas. Ele achava que, ao usar dinheiro em espcie, ele estava minimizando as chances de as autoridades rastrearem os recursos e estabelecerem uma ligao com a atividade fonte. Quando da elaborao deste relatrio, os promotores de ambos os pases estavam preparando o caso contra David. Ele estava sendo acusado de uma srie de delitos, inclusive fraude, sonegao fiscal, falsificao de documentos, abuso de autoridade, e violao de regulamentos sobre falncia. Indicadores:
Faturamento comercial irreal Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Uso de liquidao de emprstimos no-oficiais como justificativa para os fundos Transferncia atpica ou no-econmica de recursos de e para jurisdies estrangeiras
Trs indivduos provenientes da sia tinham contas bancrias em moeda estrangeira num pas da Europa oriental. Grandes quantias eram freqentemente transferidas dessas contas para outras contas em jurisdies offshore em menos de dois anos, o valor total alcanou US$ 2.500.000. As contas eram alimentadas com grandes depsitos em espcie, efetuados na boca do caixa. Os trs correntistas explicaram ao banco que os recursos estavam sendo repatriados em prol de famlias em seu pas natal. A origem do dinheiro permanecia, no entanto, obscura, apesar do banco ter, educadamente, feito perguntas a respeito. O banco ficou cada vez mais desconfiado em relao origem dos recursos e resolveu comunicar seus temores FIU nacional. A FIU pediu polcia que prestasse quaisquer informaes disponveis sobre as pessoas fsicas e jurdicas envolvidas nas transaes. As investigaes revelaram que essas pessoas no constavam nos bancos de dados da polcia. J a consulta feita s autoridades tributrias surtiu mais efeito cada um dos trs indivduos controlava uma srie de empresas e nenhuma delas parecia ser rentvel. A FIU passou a suspeitar que as transferncias feitas pelos trs asiticos podiam estar ligadas prtica de reduo deliberada dos lucros declarados. Se estivessem mandando o dinheiro para o exterior, ao invs de moviment-lo atravs das contas das empresas, os lucros ao final do ano e, portanto, os lucros tributveis pareceriam muito menores. Mesmo que no fosse exatamente esse o procedimento, o acmulo de grandes quantias de dinheiro em espcie e a subsequente transferncia desses recursos para o exterior constituam mtodos j reconhecidos de lavagem de dinheiro proveniente de trfico de drogas e outras atividades criminosas. A FIU encaminhou sua anlise polcia. Quando da elaborao deste relatrio, o caso ainda estava sendo investigado pela polcia e aguardava-se a chegada de novas informaes solicitadas aos rgos de represso ao crime nos pases asiticos. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Transferncia atpica ou no-justificvel de recursos de e para jurisdies estrangeiras Atitude defensiva em relao a perguntas
A FIU de um pas do norte da Europa recebeu dois comunicados de transao suspeita e iniciou uma investigao financeira. Dennis, Muriel e Patrick trabalhavam para uma organizao de trfico de drogas embora no tivessem antecedentes criminais e nem tivessem sido identificados pela polcia como implicados em atividades ligadas ao trfico de drogas. Outros membros da organizao transferiram grandes quantias de dinheiro para as contas que os trs haviam aberto num banco no norte da Europa. Pouco depois das transferncias, o dinheiro era sacado em espcie. A essa altura, o banco comeou a ficar preocupado e resolveu fazer um comunicado FIU nacional. Daniel, Muriel e Patrick transportaram o dinheiro em espcie para outras jurisdies europias onde era possvel obter contas numeradas annimas. Assim que chegaram nessa nova jurisdio, os trs abriram um total de mais de 40 contas, para tornar a movimentao de recursos o mais complexa possvel e impedir que as autoridades daquele pas desvendassem o caminho seguido pelo dinheiro. O dinheiro em espcie contrabandeado para aquele pas foi repartido entre as diversas contas. Os trs indivduos usaram os recibos dos bancos de onde tinham retirado o dinheiro para provar a origem legal dos recursos e como eles espalharam suas contas ao portador entre diversos bancos, puderam usar uma mesma documentao para dar cobertura s diversas contas abertas. Uma vez abertas as contas, os trs retornaram ao primeiro pas, levando consigo toda a documentao das contas. Entretanto, a FIU e a polcia investigaram o caso e os trs indivduos foram detidos assim que voltaram ao primeiro pas. Eles foram condenados a um total de dez anos de recluso pelos crimes de trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Ao todo, cerca de US$ 6.000.000 foram confiscados. Indicadores: Transferncias mltiplas para uma conta pessoal Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Uma FIU de um pas do norte da Europa recebeu, de diversos bancos, comunicados de transaes suspeitas envolvendo um indivduo chamado Andr, que estava trocando divisas de um pas vizinho em moeda nacional e em moeda de outro pas europeu. Os bancos suspeitavam que ele estivesse lavando dinheiro, j que trocava moedas diferentes no mesmo dia, em cidades diferentes. O valor total das transaes relatadas nos trs comunicados era de aproximadamente US$ 255.000. Para justificarse, Andr disse que o dinheiro era proveniente da comercializao de motores para equipamentos pesados, vendidos para agricultores e empreiteiros. Os motores teriam sido comprados na Europa oriental e vendidos para imigrantes no pas vizinho. Dizia Andr que esses imigrantes geralmente preferiam pagar em espcie. Dada a magnitude dos recursos envolvidos e que Andr parecia estar usando uma forma muito complexa e tortuosa de trocar divisas, os bancos no acreditaram na sua explicao e enviaram um comunicado FIU. A FIU iniciou uma investigao e, aps analisar as transaes e outros dados relevantes, encaminhou a informao para a FIU no pas vizinho, para conhecimento. Essa outra FIU tambm passou a investigar Andr. Andr foi colocado sob vigilncia e a polcia descobriu que ele havia feito vrias viagens ao pas vizinho em um curto espao de tempo. A policia do pas vizinho o prendeu quando ele estava em vias de entregar seu carro numa pequena garagem. A polcia encontrou 9 quilos de haxixe escondidos no carro. Tanto Andr quanto um outro homem chamado Sander foram levados para a delegacia e indiciados por trfico de drogas. A investigao revelou que Andr havia trabalhado por vrios meses como portador, levando as drogas para o pas vizinho e voltando com o dinheiro da venda dos carregamentos anteriores. O dinheiro em espcie havia sido entregue a Andr em vrios locais previamente combinados, no pas vizinho. A tarefa de Andr era a de voltar para seu pas, trocar o dinheiro por vrias outras moedas, e repassar o dinheiro para Sander no pas vizinho. Durante o tempo em que esteve sob vigilncia das autoridades de represso, Andr fez pelo menos quatro transportes de dinheiro e quatro operaes de troca de divisas. O valor total das operaes alcanou cerca de US$ 250.000 e Andr recebeu uma comisso equivalente a 20% do total. Andr e Sander foram ambos condenados a oito anos de recluso. As penas se aplicavam aos crimes de trfico de drogas e lavagem de dinheiro. Mais de US$ 160.000 foram confiscados. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Mltiplas transaes com valor inferior quele a partir do qual a declarao passa a ser obrigatria Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Um banco no sul da Europa encaminhou um comunicado FIU nacional. Em uma de suas agncias numa cidade pequena, Karel Gregorius freqentemente depositava em sua conta corrente grandes somas na moeda de um pas do norte da Europa. Essa mesma conta estava recebendo depsitos do exterior, tambm na mesma moeda. Os funcionrios do banco consideraram essa movimentao na conta um pouco estranha, j que Karel nunca havia deixado o pas e, at onde eles sabiam, no tinha ligaes no exterior. Alm disso, Karel, na condio de proprietrio de um restaurante, no tinha como justificar o volume e a freqncia dos depsitos, em moeda estrangeira. A FIU iniciou uma investigao financeira sobre Karel. Ele era proprietrio e gerente de um restaurante luxuoso numa regio turstica do pas. Mas seu restaurante s tinha movimento na alta estao turstica, entre os meses de maio e outubro. O faturamento do restaurante no poderia justificar as quantias to elevadas que apareciam na sua declarao anual de imposto de renda e que ele atribua unicamente ao seu restaurante. Alm disso, no era possvel explicar como ele adquirira barcos e carros de luxo. Apesar disso, a investigao no foi adiante porque Karel tinha uma ficha limpa na polcia e no parecia estar envolvido com atividades criminosas. Um ano e meio depois, a polcia daquele pas no norte da Europa encaminhou um pedido de assistncia jurdica mtua, solicitando informaes a respeito de Dario Gregorius e Bernard Lodovicus, ambos cidados do pas do sul da Europa. Eles eram membros de uma quadrilha internacional especializada na importao e distribuio de drogas. Dario e Bernard haviam sido detidos naquele pas do norte e acusados de uma srie de delitos associados ao trfico de drogas. A FIU recebeu a informao sobre as detenes e tambm um pedido para que fosse autorizada a consulta aos seus bancos de dados. Dario e Bernard no eram conhecidos, mas Dario tinha o mesmo sobrenome de Karel. Investigaes posteriores revelaram que Dario e Karel eram irmos e que, no pas do norte da Europa, Dario havia enviado grandes quantias de dinheiro para a conta bancria de Karel no sul da Europa. Essa informao foi suficiente para dar incio a um processo judicial contra Karel, sob acusao de lavagem de dinheiro. Suas contas bancrias foram bloqueadas e suas propriedades incluindo casas, carros e barcos confiscadas. No total, Karel teve US$ 1.400.000 confiscados. Indicadores: Riqueza incompatvel com o perfil do cliente Transferncia atpica ou no-justificvel de e para jurisdies estrangeiras Grandes movimentaes de dinheiro em espcie
Em abril de 1998, a FIU nacional num pas do sul da Europa enviou um relatrio ao servio especial da polcia (special police service) solicitando uma investigao sobre diversas transaes bancrias efetuadas por intermdio de uma empresa registrada na capital. Bancos locais haviam enviado diversos comunicados sobre uma outra instituio financeira que operava na regio. Essa empresa especializava-se no recebimento (collecting) e transferncia de recursos para o exterior, para cidados americanos e asiticos Os investigadores descobriram que muitos indivduos com fichas criminais (por fraude, associao criminosa, trfico de drogas, roubo, explorao de prostituio, porte e posse ilegal de armas) e sem qualquer renda legtima aparente vinham transferindo, metdica e continuamente, quantias considerveis para a Amrica e sia, por intermdio dessa empresa. O exame de documentos apreendidos em sucursais espalhadas pelo pas evidenciaram que pelo menos US$ 17.500.000 haviam sido transferidos dessa forma. Os recursos eram recebidos em espcie, em cdulas de valores variados (variety of denominations) , e a empresa os depositava nas suas prprias contas em bancos locais. A organizao criminosa estava sendo assistida por uma srie de intermedirios financeiros credenciados e por muitos outros indivduos que atuavam como agentes dessa empresa que vinha centralizando as operaes de lavagem de dinheiro. Apesar de anlises aprofundadas, foi difcil reconstituir toda a gama de transaes. Isso porque, embora a empresa fosse legalmente obrigada a declarar todas as transaes financeiras superiores a US$ 10.000, a declarao no era feita na grande maioria dos casos. Somente mediante o exame dos extratos das contas das empresas foi possvel estimar a escala das transferncias efetivamente realizadas. A polcia considerou os indivduos envolvidos culpados de integrarem uma organizao criminosa, falsificarem balancetes, cometerem fraude tributria e praticarem atividade financeira ilegal. Vrias investigaes correlacionadas foram realizadas pelo servio especial da polcia financeira em trs grandes cidades. Quando da elaborao deste relatrio, as investigaes financeiras tinham levado deteno de onze suspeitos. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Presena de cdulas de baixo valor nominal
No incio dos anos 90, John, um jogador profissional em tempo integral, e Georgina, uma agente administrativa que trabalhava meio expediente, foram morar num pas da Europa ocidental. Cerca de dois anos depois de sua chegada, as atividades financeiras de John foram objeto de um comunicado feito por uma instituio financeira. O comunicado deveu-se ao grande nmero de transaes em espcie efetuadas na conta de John naquele instituio e tambm ao fato de que vultosos pagamentos estavam sendo feitos para uma conta em outro pas europeu. Quando o gerente de conta lhe perguntou a respeito, John respondeu que os recursos estavam financiando uma joint venture, mas no especificou o ramo de atividade desse empreendimento. Pouco depois, uma outra instituio financeira encaminhou comunicado manifestando sua preocupao com o nvel de atividade financeira verificado na conta de Georgina. O volume das movimentaes no parecia estar compatvel com a renda de uma agente administrativa que trabalhava meio expediente. A FIU analisou ambos os comunicados e logo verificou que tanto John quanto Georgina j tinham passagens na polcia por trfico de drogas. O interesse pelo casal aumentou ainda mais quando colegas de outro pas europeu contataram a FIU, via Grupo de Egmont. No segundo pas, a polcia estava investigando o assassinato de um indivduo que, segundo os registros de inteligncia, fora scio de John. Graas estreita cooperao internacional entre as FIUs dos dois pases e colaborao do rgo de represso de um pas asitico na regio do Pacfico, montou-se uma operao sigilosa para monitorar os movimentos do casal e suas viagens. A operao foi um sucesso e permitiu que John e Georgina, que viajavam com nomes falsos, fossem detidos portando 1,5 quilo de herona de alta qualidade. No mesmo momento, a polcia do pas onde vivia o casal executou alguns mandados de busca. Na casa dos dois, a polcia recuperou muitos documentos financeiros e, escondidos num carro guardado numa garagem alugada em nome de Georgina, a polcia encontrou 8,5 quilos de resina de maconha. Durante o interrogatrio que se seguiu deteno, conduzido pelas foras de represso do pas para onde tinham viajado, os dois admitiram certas coisas em relao ao assassinato acima mencionado. John e Georgina foram extraditados para o pas onde estava sendo realizada a investigao sobre o assassinato do ex-parceiro de John. Acusados de vrios ilcitos interrelacionados, os dois foram subseqentemente condenados a pesadas penas de recluso. Um elemento interessante neste caso que John e Georgina estavam menos preocupados com a possibilidade de serem deportados e julgados por assassinato e muito mais preocupados com a possibilidade de permanecerem naquele pas asitico e enfrentarem uma segunda condenao por trfico de drogas. Eles sabiam que
corriam o risco de serem deportados para um pas onde as penas por trfico de drogas eram bem mais severas. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Riqueza incompatvel com o perfil do cliente Atitude defensiva em relao a perguntas
Em outubro de 1991, um pas europeu iniciou uma investigao preliminar sobre um funcionrio bancrio de cinqenta e dois anos chamado Theodore. As autoridades suspeitavam que ele estivesse ajudando uma quadrilha de crime organizado a lavar recursos provenientes do trfico de drogas. Em aproximadamente vinte ocasies, Theodore havia recebido maos (packets) de cheques bancrios americanos (20 - 30 cheques por mao) com valores entre US$ 4.000 e 8.000 por cheque. Esses cheques representavam os lucros auferidos por um cartel de drogas americano com a venda de cocana em outro pas da Amrica. Eles haviam sido adquiridos por uma srie de indivduos contratados pela organizao criminosa para burlar os regulamentos bancrios. Ao assegurar que todos os cheques tivessem um valor inferior a US$ 10.000, a organizao acreditava que evitaria as exigncias de declarao obrigatria existentes em muitos pases. Os cheques foram enviados para Theodore e depositados por ele mesmo em contas numeradas annimas no prprio banco onde trabalhava. Theodore, que cuidava tanto das contas quanto das transferncias subseqentes, enviava os cheques administrativos (certified) (contra bancos americanos) para serem compensados. Entre maro e setembro de 1991, os recursos retornaram, via transferncia bancria, para o pas americano onde estava situado o cartel. E foram usados para adquirir bens imveis. A investigao revelou que, na realidade, o esquema de lavagem de dinheiro tinha sido planejado e implementado por outros funcionrios graduados do banco. A seo de clientes preferenciais (private banking) do banco tinha como estratgia de marketing uma poltica de atrair clientes em diferentes pases americanos. Para tanto, enviou um representante do banco para um desses pases americanos. As relaes contratuais eram firmadas com o auxlio de um intermedirio naquele pas que ganhava uma comisso para cada cliente que trouxesse para o banco. No era solicitado o registro de qualquer informao adicional de identificao do cliente proposto e no era feita qualquer indagao a respeito da origem dos recursos. Apesar do banco dispor de informaes sobre as transaes suspeitas, as contas problemticas no foram encerradas. O banco continuou descontando grande nmero de cheques, apesar de uma simples anlise da movimentao bancria deixar bem clara a existncia de uma operao de smurfing. Quando as autoridades iniciaram uma investigao financeira, desencadeada por informaes recebidas de outras fontes, nem as autoridades nem os examinadores internos do banco foram capazes de encontrar qualquer resqucio da documentao usada para abrir as contas usadas para lavagem de dinheiro.
Gerald abriu vrias contas em seu banco local num pas do sul da Europa e logo fez grandes depsitos em espcie, usando dlares americanos e uma outra moeda europia. Pouco depois, os recursos foram transferidos para uma conta particular em outro pas. O banco ficou preocupado com a movimentao que observava na conta e resolveu fazer um comunicado FIU nacional. Durante a investigao financeira, a FIU descobriu que o titular das contas numeradas para onde estavam sendo transferidos os recursos era suspeito de ter ligaes com uma organizao internacional de trfico de drogas. Isso bastou para que a FIU encaminhasse o caso para as autoridades judiciais. As autoridades detiveram Gerald ao voltar de uma viagem ao exterior. Quando da elaborao deste relatrio, a investigao ainda estava em andamento, para determinar o alcance das operaes de lavagem por ele realizadas. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Uso de mltiplas contas, sem que haja uma justificativa Transferncia atpica ou no-justificvel de recursos de e para jurisdies estrangeiras
Jane, uma cidad da Europa ocidental, era a chefe de uma organizao que havia lavado dinheiro proveniente de uma srie de operaes de trfico de cocana. A organizao era integrada pelos seus dois irmos e cinco profissionais da rea financeira. Dada a reputao internacional de Jane junto comunidade criminosa, uma organizao criminosa americana, associada ao trfico de cocana, a procurou pedindo que lavasse os seus lucros da droga. A organizao americana enviou para Jane os lucros sob a forma de dinheiro em espcie. Os valores, entre US$ 50.000 e US$ 450.000, eram trazidos por portadores (couriers) . Jane recebeu novas instrues por intermdio do contador da organizao americana, afirmando que o dinheiro tinha que ser transportado para um determinado pas de destino. Uma vez informada do pas de destino, o resto da rota de lavagem era decidido por Jane. Um de seus parceiros levou o dinheiro para a aduana na fronteira entre o pas de Jane e o pas vizinho. Um funcionrio de uma agncia bancria perto da fronteira um integrante menos importante da quadrilha de lavagem o ajudou a preencher o formulrio exigido nos casos em que dinheiro era trazido para dentro do pas. Essa declarao era obrigatria e, se no fosse feita, teria dado s autoridades o direito de confiscar quaisquer recursos descobertos e no declarados. Todos os formulrios preenchidos eram registrados na FIU nacional do pas vizinho. Como o funcionrio da agncia bancria era um profissional financeiro bem conhecido, a declarao no era encarada com desconfiana nem na aduana e nem na FIU nacional. Os formulrios preenchidos tambm davam ao parceiro de Jane documentos oficiais que provavam a titularidade legal (legal ownership) dos recursos. Assim que entrava no pas vizinho, o parceiro de Jane depositava os recursos em uma conta de no-residente no banco daquele funcionrio. A declarao de fronteira era usada como documentao comprobatria. Efetuado o depsito, o testa-de-ferro imediatamente instrua o banco a transferir os recursos para outras contas num pas da Amrica do Sul, conforme as ordens inicialmente dadas pela organizao criminosa americana. O parceiro ento voltava para casa trazendo consigo uma cpia das transaes, para mostrar para Jane. Ela, por sua vez, mandava para o contador da organizao americana um fax com essas informaes, alm de dados sobre a taxa de cmbio aplicvel, as taxas do banco, e a comisso de 10% pela lavagem. Cinco parceiros distintos percorriam a mesma trilha de lavagem, na expectativa de que, se o valor de cada transao individual fosse menor, haveria menor probabilidade de levantar suspeitas. Contudo, o banco do pas vizinho ficou desconfiado ao ver to grande nmero de depsitos em espcie, efetuados em contas de no-residentes, seguidos rapidamente de transferncias. O banco comunicou o ocorrido FIU nacional. Ao examinar a
documentao comprobatria (os formulrios de declarao) o banco descobriu que um de seus funcionrios estava envolvido em todas as transaes. A informao repassada pelo banco revelou para a FIU quem eram os beneficirios no exterior. Uma anlise dos extratos das contas revelou que alguns desses beneficirios j haviam aparecido como beneficirios em duas investigaes policiais anteriores, relativas ao trfico de cocana. Novas investigaes mostraram que os beneficirios no exterior totalizavam pelo menos cinqenta e cinco diferentes pessoas fsicas e jurdicas. A FIU compilou um relatrio sobre a suspeita de lavagem e repassou as informaes para a polcia, para as providncias cabveis. Tendo em vista a seriedade com que foram realizadas as anlises da FIU e considerando que essas anlises demonstravam a forte probabilidade de que estivesse ocorrendo a lavagem de recursos provenientes do trfico de drogas, a polcia resolveu iniciar uma investigao prpria. Foi possvel ter uma viso abrangente da organizao de trfico de cocana. Os beneficirios das contas no exterior eram suspeitos de terem sido especificamente contratados pela organizao para fazer parte do processo de estratificao. O objetivo era ocultar os recursos e tornar mais difcil a identificao da verdadeira origem dos recursos. Na primavera de 1999, vrios integrantes da organizao de cocana foram detidos. Naquele momento, cessaram as entregas de dinheiro da organizao para Jane. Mas, a essa altura, ela j tinha encontrado uma nova fonte de renda. Graas aos seus contatos com criminosos envolvidos no trfico de cocana, ela mudou um pouco de ramo e passou a envolver-se diretamente com trfico de drogas e operaes de falsificao de moeda. O rastro que ligava Jane ao grupo americano desapareceu e ela se sentiu segura. Um grupo criminoso ofereceu-lhe um mtodo para falsificar cdulas de dlar de alto valor. O grupo encontrou-se com Jane num hotel de luxo e entregou-lhe os negativos e os produtos qumicos. A polcia, no entanto, localizou Jane antes que ela pudesse desenvolver seu novo brinquedo. Todas as pessoas reunidas no quarto de hotel foram detidas. Graas interveno da polcia, a gananciosa Jane deixou de sofrer um golpe, pois a verdadeira inteno do grupo era trapace-la, j que o mtodo de produo das cdulas bancrias era uma fraude total. O papel fotogrfico era apenas um papel preto e as substncias para revelar a fotografia no passavam de uma mistura de lcool, amnia e cidos. Contudo, a polcia local vinha investigando um grupo criminoso que havia usado Jane para uma operao de lavagem no passado. Em uma srie de batidas (raids) , a polcia pde prender nove pessoas, confiscar duas armas de fogo e US$ 28.000. O mais importante de tudo que, ao revistar a casa de Jane, a polcia encontrou vrios documentos que provaram ser muito importantes no clculo da quantia de dinheiro que a organizao havia lavado ao longo dos anos: US$ 14.700.000.
Paula e Eric eram casados e viviam numa cidade da Europa. Ambos eram imigrantes, vindos de uma jurisdio no exterior. Todo dia ao voltar de seu trabalho Eric entregava a Paula cerca de US$ 1.000 a US$ 2.000 em cdulas de baixo valor. Paula sabia que Eric era clandestino no pas e que estava envolvido com o trfico de drogas, mas a satisfao do relacionamento e a riqueza que ele lhe proporcionava fizeram com que ela superasse quaisquer sentimentos de culpa. Ele ganhava muito dinheiro, mas sabia que corria o risco de ser identificado quando efetuada qualquer transao financeira numa instituio legtima. Ele decidiu usar Paula que era residente legal como testa-de-ferro. Ela ia a vrias instituies financeiras, trocava os dlares em cdulas de maior valor e depois as entregava a Eric. Eric foi detido por um ilcito menor ligado ao trfico de drogas e ficou preso aguardando julgamento. Em casa, Paula tinha US$ 42.000 em espcie, o que ajudou a consol-la quando soube de sua priso. Paula foi imediatamente at seu banco e transferiu US$ 16.500 para a conta de sua me em outro pas e outros US$ 24.000 para sua prpria conta em outra instituio no mesmo pais estrangeiro. Trs dias depois, quando Paula foi visitar sua me no segundo pas, ela e sua me retiraram os US$ 16.500, que foram gastos num carro novo dado como presente para o irmo de Paula. Depois ela sacou os US$ 24.000 de sua prpria conta e os deu para seu pai, para que trocasse por outra moeda. No entanto, o pai de Paula sugeriu que seria mais sensato investir o dinheiro, ao invs de gast-lo imediatamente, e o entregou para o irmo de Paula. Pouco depois, os contatos criminosos de Eric encontraram Paula nesse outro pas e passaram a exigir a devoluo do dinheiro que Eric lhes devia. Avisaram que se ela no devolvesse o dinheiro, sua famlia morreria. Mas Paula agora uma mulher rica segundo os padres locais no ficou intimidada. No lhes deu importncia at o dia em que eles arrombaram a casa do irmo e ameaaram sua esposa. No vendo outra sada, Paula procurou a ajuda da polcia e explicou tudo. A polcia informou a FIU nacional sobre os aspectos monetrios do caso. A FIU iniciou uma investigao e pediu ao promotor pblico nacional que tomasse medidas cautelares (precautionary) . Alguns dias depois, Paula e seus parentes foram indiciados por violao da lei que reprime a lavagem de dinheiro. Tanto o carro quanto o saldo bancrio de Paula foram bloqueados. Infelizmente no havia muito dinheiro na conta pois Paula havia feito um grande saque em espcie pouco antes de informar a polcia sobre seu problema. Seu irmo alegou que havia perdido toda a sua parte do dinheiro no jogo. A polcia contatou o cassino onde ele disse que tinha perdido o dinheiro e logo descobriu que essa histria era falsa. Mesmo assim, a polcia no conseguiu recuperar os recursos.
Entretanto, Paula e sua famlia no escaparam ilesos. No primeiro pas, Eric no sofreu condenao por suas atividades ilegais. Como era clandestino no pas, foi simplesmente deportado. Embora a ausncia de um delito identificvel, nos termos da legislao local, tenha poupado Paula e sua famlia de uma condenao, Eric, como homem livre, certamente voltar para reaver seu dinheiro. Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Grande nmero de cdulas de baixo valor
Enquanto atravessava a fronteira de um pas do leste europeu em seu caminho, Victor, que trabalhava para uma empresa transportadora internacional, foi pego com uma grande quantidade de dinheiro em espcie, em diferentes moedas, escondido no seu caminho. Segundo a legislao local, Victor deveria ter declarado esse dinheiro na aduana antes de tentar atravessar a fronteira. Alm disso, o dinheiro estava escondido em um pacote que tinha o nome de uma srie de indivduos e empresas. Enquanto a polcia o interrogava, algum lembrou-se de ter visto um relatrio de informao que chegara de um pas vizinho apenas alguns dias antes. Kevin, que tambm trabalhava para uma empresa transportadora internacional, foi apanhado levando dinheiro para o pas vizinho, sem t-lo declarado na aduana. A polcia achou que poderia haver uma ligao entre os dois casos e resolveu colaborar de forma mais estreita com o pas vizinho. Um outro indcio de uma possvel relao era o fato de que um dos nomes que aparecia no pacote de Victor era Rob. Rob era cidado do pas vizinho e dono de uma casa de cmbio naquela jurisdio. Segundo informaes da polcia, Rob estava ligado a uma organizao terrorista e sua casa de cmbio estava fortemente implicada nas operaes de lavagem do dinheiro ilcito da organizao A polcia notificou a FIU nacional de que havia encontrado o dinheiro e de que poderia haver uma ligao com o pas vizinho. A FIU resolveu analisar os nomes e os detalhes das empresas que constavam do pacote de Victor para ver se havia alguma ligao conhecida ou suspeita com a criminalidade. A FIU descobriu que Pete, um dos nomes no pacote, era irmo de Rob e tambm tinha sua prpria casa de cmbio no pas vizinho. Alm disso, Pete estava autorizado a movimentar duas contas de noresidentes na jurisdio principal. Foram feitas indagaes aos funcionrios do banco e percebeu-se que estes desconheciam a identidade dos correntistas verdadeiros. As anlises financeiras detectaram que Pete estava usando as contas de no-residentes para transferir dinheiro para vrios pases. De acordo com a documentao entregue instituio financeira por Pete, o dinheiro transferido representava a receita de um negcio de exportao. Era desta maneira que ele ocultava a verdadeira origem dos recursos. Quando da elaborao deste relatrio, os julgamentos ainda estavam em andamento. Indicadores: Grande movimentao de dinheiro em espcie Transferncia atpica ou no-justificvel de recursos de e para jurisdies estrangeiras Formato de dinheiro em espcie em mltiplas moedas Faturamento irreal para um negcio
Um gerente de conta num banco notou algumas irregularidades na conta de David. Durante vrios meses, grandes depsitos e saques em espcie foram efetuados em sua conta bancria geralmente em torno de US$ 8.000 a 16.000 por transao. Alm disso, David depositou em sua conta dois cheques emitidos por um cassino local no valor de US$ 31.000 cada. Para efetuar esses depsitos, ele pediu uma liberao especial (special clearance) . No momento da abertura da conta, David tinha afirmado que trabalhava para uma empresa, que importava grandes eletrodomsticos, como mquinas de lavar e secadoras. No entanto, aos olhos dos funcionrios do banco essas transaes no se encaixavam no perfil de renda tpica de um funcionrio de uma empresa importadora de eletrodomsticos. O banco enviou um comunicado FIU nacional relatando as transaes de David. O nome de David havia sido anteriormente associado ao de indivduos que chefiavam uma quadrilha de importao de herona. Por conseguinte, a FIU imediatamente encaminhou o comunicado a uma equipe policial, para que fizesse novas diligncias. A polcia percebeu que poderia haver uma ligao entre David e a importao de herona. Estaria David simplesmente lavando o dinheiro oriundo do trfico de drogas? O volume de dinheiro em espcie certamente apontava nessa direo. A outra possibilidade seria a de que David estivesse diretamente envolvido no contrabando de drogas e que o dinheiro em espcie representava o pagamento pelos seus servios. A equipe de investigao voltou sua ateno para a empresa de importao de eletrodomsticos e, depois de um certo tempo, descobriu que vrios containers estavam desaparecendo no trajeto entre o porto de chegada e o armazm da empresa. Entretanto, no decorrer das investigaes verificou-se que os containers no continham drogas. Embora David tivesse tido contatos no passado com integrantes de uma organizao criminosa, suas atuais atividades ilegais visavam exclusivamente seu prprio benefcio. David estava furtando os produtos e revendendo-os no mercado negro para poder sustentar seu vcio de jogo. O desaparecimento dos produtos era atribudo a perdas e danos sofridos durante o transporte. Os prejuzos eram cobertos pela empresa de importao e depois ressarcidos pela seguradora. A unidade investigadora conseguiu reunir provas suficientes para deter e abrir inqurito contra David. Ele acabou sendo condenado a dois anos de recluso. Infelizmente, ele havia esbanjado no jogo todo o dinheiro obtido com o crime. Como David no tinha outro patrimnio, no foi possvel instituir um processo de confisco. . Indicadores: Grandes movimentaes de dinheiro em espcie Riqueza incompatvel com o perfil do cliente
Elena, cidad de um pas americano, era uma mulher de origem humilde. Alegou estar envolvida em uma srie de negcios em setores diferentes, inclusive em uma casa de cmbio. Elena Distribution, sua prpria empresa de distribuio, era o resultado de sua dedicao e de seu trabalho rduo, e estava indo muito bem. Indivduos freqentemente depositavam dinheiro em espcie nas contas que ela mantinha em quatro bancos diferentes. Elena era uma cliente bem conhecida em cada um desses bancos e utilizava diversas facilidades oferecidas a pequenas empresas, inclusive alguns servios internacionais. No entanto, apesar das qualidades empresariais de Elena, os bancos no confiavam muito no seu perfil financeiro. Os diversos indivduos que depositavam dinheiro em sua conta nunca davam informaes sobre a verdadeira origem ou o destino dos recursos. Alm disso, quando os bancos lhe perguntavam sobre a origem dos recursos, ela no apenas tornava-se evasiva mas s vezes ficava at beligerante. Cada um dos bancos envolvidos nos esquemas de Elena resolveu encaminhar um comunicado FIU nacional. A FIU decidiu iniciar uma investigao. Ficou claro que outros rgos de represso j estavam investigando a casa de cmbio por suposta lavagem de dinheiro. A empresa de exportao era suspeita de estar ligada ao trfico de drogas e a operaes de lavagem de dinheiro. A FIU foi recolhendo mais informaes e chegou concluso de que Elena estava associada a empresas fortemente suspeitas de envolvimento com trfico de drogas no pas vizinho. A FIU, trabalhando em conjunto com os bancos que fizeram os comunicados, analisou todas as movimentaes financeiras nas contas de Elena. Determinou o fluxo de recursos que saam do pas. Tambm obteve informaes sobre vinte indivduos que tinham algum tipo de relao com essas contas. A FIU encaminhou toda a informao obtida s autoridades. Quando da elaborao deste relatrio, a polcia estava fazendo uma investigao para descobrir a ligao entre as operaes de Elena e o trfico de narcticos. Indicadores: Partes aparentemente no-relacionadas canalizam recursos para uma nica conta Atitude defensiva em relao a perguntas Alto valor de depsitos em espcie, diferente do padro esperado de uma empresa
Paul, cidado de um pas do leste europeu, procurou seu banco local para solicitar um novo servio financeiro. Como era um cliente empresarial j conhecido do banco, queria que essa instituio lhe desse uma garantia bancria. Ao preencher o formulrio em que fazia essa solicitao, Paul salientou que precisava da garantia para receber um emprstimo de uma instituio financeira estrangeira. Como cauo(collateral) para essa garantia bancria, Paul entregou certificados de depsito no valor total de US$ 2.000.000, emitidos por um outro banco europeu. Embora Paul fosse um cliente j conhecido, o banco local no ficou inteiramente convencido de suas boas intenes. Parecia haver uma discrepncia entre o valor excepcionalmente alto dos certificados, o status financeiro e o faturamento comercial de Paul. Alm disso, o banco local tambm desconfiava da origem e da autenticidade dos certificados de depsito. O banco local resolveu avisar a FIU nacional do ocorrido. Como as aes de Paul envolviam operaes em vrios pases estrangeiros um emprstimo de um banco estrangeiro, certificados emitidos por outro banco estrangeiro a FIU nacional contatou, por intermdio do grupo Egmont, as FIUs naqueles outros pases. Houve um intercmbio de informaes com o propsito de determinar a necessidade ou no de medidas formais. Logo ficou claro que o banco europeu no havia emitido os certificados de depsito eram falsificaes muito bem feitas. A FIU notificou os rgos de represso competentes. Paul foi detido, acusado de tentar fraudar o banco usando certificados de depsito falsos. Indicadores: Alto valor das transaes, inconsistente com o padro daquele cliente Uso de produtos bancrios incomuns - os certificados bancrios de depsito j foram muito usados em tentativas de fraude. Ao da FIU: Intercmbio de informaes com FIUs de outros pases Identificao de possveis tcnicas de fraude e a tentativa de confirmar ou negar as suspeitas
Em 1998, Zoe resolveu vender seu apartamento num pas do norte da Europa e mudar-se para uma nova casa no sul da Europa. A venda correu muito bem e ela recebeu os lucros da venda em dlares americanos. Como no podia usar os dlares em seu novo pas de residncia, ela quis trocar esses dlares pela moeda do novo pas. Hendrick, um conhecido de Zoe, ofereceu-se para ajud-la a trocar o dinheiro. Zoe confiava em seu amigo e entregou-lhe quase US$ 83.000 em espcie. Com o dinheiro em mos, Hendrick desapareceu. Depois de esperar um pouco, Zoe passou a fazer tentativas progressivamente mais desesperadas de localiz-lo. Procurou-o em sua casa, ligou para sua esposa Britney, tentou encontr-lo no seu local de trabalho, mas nada conseguiu. Uma semana depois de seu desaparecimento, Zoe procurou a polcia e relatou suas suspeitas. A polcia repassou para a FIU as informaes de Zoe e uma investigao foi iniciada. A FIU descobriu que Hendrick havia feito um depsito no valor de quase US$ 44.000 em uma conta em nome de sua esposa e que havia deixado o pas dois dias depois de ter recebido o dinheiro de Zoe. Os registros financeiros tambm indicavam que ele estava sacando recursos de suas contas a partir de um outro pas europeu. Essa informao foi suficiente para que a FIU obtivesse um mandado judicial para bloquear os ativos na conta de Britney. A polcia pediu ajuda a outras autoridades em pases europeus e alertou a Interpol da necessidade de deter esse indivduo. Como se conhecia a rota que Hendrick havia usado para sair do pas e tambm sua possvel localizao, foi possvel focalizar melhor a ateno dos rgos de represso ao crime. Com a ajuda de outros rgos europeus de represso ao crime, Hendrick foi localizado, detido em um pas prximo e trazido de volta para casa preso. Em seu pas de origem, foi julgado por apropriao indbita, isto , fraude, e por lavagem de dinheiro. Britney, que recebeu do marido o dinheiro roubado, foi julgada por lavagem de dinheiro. Ao da FIU: Exame dos registros financeiros procura de indcios de movimentao de recursos Exame dos registros financeiros procura de sinais de despesas de viagem Exame dos registros financeiros procura de pistas da localizao do suspeito
Marco, um empresrio j estabelecido no mercado, ficou sabendo que vrios indivduos em seu pas precisavam de emprstimos para uma grande variedade de negcios e investimentos. Como esses indivduos provavelmente iriam todos buscar emprstimos no mesmo banco estrangeiro num pas da Europa ocidental, ele decidiu passar-se por representante dessa instituio financeira. Marco abriu seu prprio escritrio e vrios clientes, acreditando que ele era o representante local do banco estrangeiro, o procuraram para negociar emprstimos. Como praxe no caso de algumas atividades de investimento financeiro, Marco pediu a esses clientes que pagassem um adiantamento de reserva pelo emprstimo, alm das taxas pelo servio. Um total de US$ 820.000 foram pagos em suas contas bancrias locais. Aps receber esses pagamentos, Marco fechou seu escritrio e os clientes, naturalmente, no receberam seus emprstimos do banco estrangeiro. Algumas das vtimas apresentaram queixa na polcia e esta ento avisou a FIU. A FIU realizou investigaes em conjunto com a polcia e outras autoridades do pas onde a instituio financeira legtima estava sediada. A FIU descobriu diversas informaes sobre Marco, inclusive um histrico de seus negcios, o recebimento dos adiantamentos pagos pelos clientes fraudados e documentao sobre o brusco fechamento de seu escritrio. De posse desses dados, a FIU conseguiu um mandado judicial para bloquear um saldo de aproximadamente US$ 41.000 na conta de Marco. Marco foi detido pouco tempo depois e acusado de furto e lavagem de dinheiro. Ao da FIU: Documentar o histrico dos negcios Documentar a cronologia dos eventos, inclusive a abertura e o fechamento do escritrio de representao. Identificar o dinheiro do cliente nas contas e obter mandado para bloquear os recursos
Um banco do leste europeu estava atuando como intermedirio para duas empresas estrangeiras que operavam no ramo de comercializao de gros e chapas de ferro. As duas empresas estavam inter-relacionadas por meio de cidados de um pas vizinho, inclusive um indivduo chamado Matthew. Sua empresa precisava da carta de crdito emitida pelo banco intermedirio para que pudesse adquirir mercadorias de um fornecedor. Matthew apresentou uma carta de garantia emitida por outro banco europeu e que fazia meno a negcios entre as duas empresas, envolvendo a comercializao de uma srie de mercadorias. Duas grandes empresas nacionais abonavam a carta de garantia. Como a documentao parecia estar em ordem, o banco intermedirio emitiu uma carta de crdito no-operacional, elaborada de tal forma a se tornar operante quando o banco intermedirio obtivesse 25% do valor total da carta de crdito. Conforme o esperado, Matthew depositou os 25% em sua conta. O banco intermedirio afianou a carta de crdito e, para evitar que os 25% depositados viessem a fugir ao seu controle, imps restries a novas movimentaes na conta de Matthew. A carta de crdito deveria ter sido liquidada mediante uma transferncia direta de fundos do banco europeu para a conta da empresa fornecedora, mas o banco intermedirio descobriu que a empresa que iria fazer o pagamento no se localizava no endereo que constava nos documentos. Alm disso, comearam a aumentar as evidncias de que nem os bens e nem o montante a ser transferido existiam de fato. O banco decidiu no efetuar a transferncia de recursos. Ao invs disso, encaminhou um comunicado FIU nacional. A partir de fontes pblicas de informao, a FIU descobriu que a empresa de Matthew tinha uma relao estreita com o banco que emitira a carta de garantia original. A empresa de Matthew era dona de sete por cento das aes do banco. Alm disso, o banco tinha sofrido prejuzos de quase US$ 3.800.000 nos trs anos anteriores. A FIU do pas em questo avisou a FIU nacional que o banco era conhecido por ter concedido crditos sem garantias a empresrios alguns desses crditos haviam sido usados em fraudes e tentativas de fraude. Alm disso, o banco havia tentado ocultar das autoridades regulatrias essas transaes duvidosas. Depois de recolher todas as informaes disponveis, a FIU enviou um relatrio para as autoridades de represso, pedindo investigaes mais aprofundadas. H indcios de que Matthew havia se aproveitado do fato de que o banco intermedirio estava disposto a redigir um contrato em que se comprometia a cumprir toda a sua parte depois que fosse feito o depsito de 25%. Inclusive, Matthew estava disposto a depositar e perder 25% naquele banco para poder ganhar o valor total. Se o plano tivesse funcionado, o banco intermedirio teria perdido cerca de US$ 200.000.
Para completar, o banco europeu que havia emitido a carta de garantia original para a empresa de Matthew declarou que a documentao era fraudulenta e recusou-se a honrar a garantia. Matthew, nesse meio tempo, havia vendido as garantias para trs outros bancos. Os tribunais decidiram que o banco europeu tinha que pagar os prejuzos dos outros bancos, no valor de US$ 2.000.000 cada. Quando da elaborao deste relatrio, os rgos de represso em vrias jurisdies estavam procura de Matthew, acusado de fraude e lavagem de dinheiro.
No intuito de vender pornografia em grande escala, via reembolso postal e sem chamar a ateno das autoridades de represso ao crime, o Sr. e a Sra. Calts, estrangeiros residentes em um pas da Europa ocidental, resolveram recorrer a um intermedirio. Apresentando-se como um casal de empresrios respeitveis, o Sr. e a Sra. Calts envolveram a empresa Dougman Corporate Services como intermediria inocente em seus planos de negcios. Disseram ao intermedirio que planejavam vender componentes eletrnicos via reembolso postal. Queriam enviar o catlogo para clientes em potencial a partir de sua residncia, mas no queriam receber as encomendas diretamente em sua residncia. Queriam que os pedidos fossem enviados para um endereo postal e depois encaminhados todos juntos para sua residncia, a cada duas semanas. A histria parecia racional: O Sr. e a Sra. Calts simplesmente queriam garantir um processo de entrega que fosse ordenado e mantido separado de sua correspondncia particular. Operaes de reenvio em massa no so prticas incomuns para pequenos negcios e ento a Dougman Corporate Services aceitou o contrato. Os Calts pagaram a Dougman Corporate Services com carto de crdito e apresentaram seus passaportes como prova de identidade. Sem conhecer o verdadeiro contedo do catlogo, a Dougman Corporate Services criou para a empresa dos Calts uma conta bancria e instrumentos para a entrega postal. No decorrer dos meses seguintes, a empresa recebeu um fluxo constante de envelopes finos pr-impressos contendo pedidos que deveriam ser encaminhados para os Calts. As taxas foram pagas Dougman Corporate Services sempre em dia. Entretanto, algum tempo depois, os empregados da Dougman repararam em dois outros tipos de correspondncia. Chegaram vrios envelopes pardos mais grossos, do tipo A5, com etiquetas que diziam endereo desconhecido. Chegaram tambm algumas cartas endereadas ao agente encarregado do endereo postal dos Calts. Os envelopes pardos A5 eram todos idnticos, embora originalmente tivessem sido enviados para endereos diferentes e trouxessem no verso um carimbo do remetente, com os dizeres Calts Company e o endereo postal de Dougman Corporate Services. Como os empregados desconheciam detalhes sobre a Calts Company e sabiam apenas que sua correspondncia deveria ser encaminhada para os Calts, eles colocaram esses envelopes junto com os outros que continham os pedidos. Todos deveriam ser encaminhados para os Calts. As cartas endereadas ao agente encarregado foram encaminhadas a um supervisor do escritrio. O supervisor da sala de correspondncia, que tambm no conhecia o ramo de negcios dos Calts, abriu um dos envelopes. A carta continha a queixa de um indivduo que exigia ser retirado da lista de destinatrios pois no tinha a inteno de adquirir esses materiais ofensivos. A queixa foi considerada uma questo de interesse estritamente da
empresa cliente, j que a Dougman Corporate Services no tinha a lista de clientes dos Calts. O chefe copiou a carta, fechou novamente o envelope, e juntou-a s demais cartas que seriam enviadas ao endereo principal dos Calts. Cerca de quinze dias depois, enquanto processava outro lote misto, um empregado reparou que um dos envelopes pardos A5 estava rasgado e era possvel ver a capa do material. A capa parecia trazer imagens sexuais de natureza muito explcita. A questo foi levada ao conhecimento do supervisor, que a encaminhou a um diretor. O diretor verificou o arquivo empresarial dos Calts e depois encaminhou suas suspeitas FIU nacional, juntamente com os dados sobre conta bancria, carto de crdito e identidade dos Calts. A FIU nacional alertou os rgos locais de represso ao crime sem, no entanto, revelar sua fonte de informao. Depois de uma investigao que durou vrios meses, foi possvel obter provas que permitiram fazer uma busca num pequeno depsito de propriedade dos Calts. A equipe encontrou l mquinas copiadoras de vdeos, muitas fitas virgens de vdeo, assim como materiais j prontos para envio. As cpias-mestre da pornografia ilegal haviam sido contrabandeadas da Amrica. As cpias eram feitas e distribudas via sistema postal para poder burlar os controles normais das autoridades de represso ao crime. A equipe deteve vrias pessoas , inclusive o Sr. e a Sra. Calt. Quando da elaborao deste relatrio, as receitas do negcio estavam sendo objeto de um processo de confisco por parte das autoridades, j que os recursos estavam na conta de um banco em outro pas da Europa ocidental. A conta local, criada por Dougman Corporate Services, parecia estar virtualmente inativa. Embora o julgamento tenha sido aberto ao pblico, o comunicado enviado pela Dougman nunca foi tornado pblico. Nenhum dos empregados da Dougman foi levado ao tribunal. Essa proteo que concedida s fontes que fazem a denncia muito importante pois cria confiana entre as instituies que podero vir a encaminhar denncias. Indicadores: Possvel relao do cliente com crimes anteriores
Dean resolveu que ia defraudar o governo. Incentivos fiscais eram concedidos a exportadores que exportassem bens comprados de um fbrica operada pelo governo. Para implementar a fraude, ele envolveu duas empresas Inc e Ltd. Inc comprou quatro mil toneladas de acar da fbrica do governo. Como Inc declarou para a fbrica que pretendia exportar o acar, recebeu um abatimento no preo por tonelada. Para garantir que o acar seria de fato exportado, a fbrica exigiu que Inc. providenciasse uma carta de garantia. Se Inc cumprisse seu compromisso e exportasse o acar, a carta seria devolvida. Se o compromisso no fosse cumprido, a carta seria descontada. Inc entregou a carta de garantia para a fbrica, comprou o acar, preencheu a documentao que detalhava a operao de exportao e depois a entregou aduana. A aduana, no entanto, como percebeu que Inc nunca tinha exportado acar, resolveu alertar a fbrica. Esta, por sua vez, informou o promotor pblico ncional do potencial para uma fraude tributria. O promotor contatou a FIU nacional e pediu ajuda. Quando a FIU iniciou sua investigao, Inc j havia montado sua defesa. Aparentemente, duas mil toneladas haviam sido vendidas para a Ltd com a condio de que essa empresa exportasse o acar. O resto do acar, outras duas mil toneladas, foi vendido para Dean, tambm com a condio de que o produto fosse exportado. Mas a investigao financeira da FIU provou que Ltd no exportou o acar e que Dean, Ltd e Inc estavam vinculados financeiramente. O exame dos registros das vrias empresas evidenciou que as declaraes para a aduana e as faturas de venda eram todas falsas para conseguir da fbrica de acar um preo especial. A documentao falsa tinha sido criada para dar a entender que as exportaes tinham se concretizado. Alm disso, quando a fbrica de acar finalmente resolveu descontar a carta de garantia, descobriu que esse documento tambm era falso. Inc havia lucrado ilicitamente ao vender, no mercado interno, produtos destinados exclusivamente para exportao. A empresa havia entregue fbrica de acar uma carta de garantia falsa. Alm disso, como tinha declarado receitas de exportao, recebeu tambm um reembolso de VAT (imposto sobre valor agregado). Dean e diversos outros indivduos ligados s empresas Inc e Ltd foram processados por fraude e lavagem de dinheiro. Quando da elaborao deste relatrio, todos os rus ainda estavam detidos.
Tim era um cliente irregular de uma casa de cmbio. Em vrias ocasies trocou valores relativamente altos de moeda nacional em diversas outras moedas. Isso em si no seria necessariamente considerado suspeito os valores eram compatveis com o dinheiro que um turista gastaria numas frias prolongadas. E Tim tambm comprou passagens areas para viajar para vrios pases. O gerente da instituio responsvel pelo combate lavagem de dinheiro examinou os registros das transaes de Tim. Ele estranhou o fato de que, em diversas ocasies, Tim no tinha usado o trecho de volta do bilhete areo. Estava claro que Tim havia retornado ao pas usando outros meios. Mas por que uma pessoa deixaria de usar os dois trechos de uma passagem rea? Essa informao, quando acrescentada prtica de Tim de trocar moedas repetidas vezes, gerou uma suspeita que levou a instituio a encaminhar um comunicado FIU nacional. A FIU consultou vrias fontes e acabou descobrindo uma vasta quantidade de informaes sobre Tim. Os registros de inteligncia, tanto da aduana quanto da polcia, identificavam-no como um conhecido importador de drogas. Havia tambm um mandado de priso contra ele, por furto. A concluso de que o dinheiro trocado tinha uma fonte ilcita era quase irrefutvel e resolveu-se iniciar uma investigao. Graas contnua cooperao entre a casa de cmbio e a polcia local, Tim foi pego de surpresa quando voltava de uma viagem a uma cidade europia. Tim foi detido quando entrava novamente no pas. Ele estava de posse de drogas e de uma grande quantidade de dinheiro. Quando da elaborao deste relatrio, ele estava sendo acusado de uma srie de delitos. As investigaes sobre as atividades de lavagem de dinheiro ainda esto em andamento. Indicadores: Informaes estranhas sobre o histrico do cliente Troca repetida de moedas, sem que haja uma explicao comercial
Pedro, cidado americano, era um criminoso inveterado e muito esperto. Contrabandeava narcticos, explorava mulheres prostitutas e havia montado uma rede de lavagem de dinheiro entre a Europa e a Amrica, usando transferncias a cabo para minimizar o risco de deteco. Pensou que era intocvel, mas uma unidade policial europia j vinha monitorando suas atividades h algum tempo. A investigao policial indicava que Pedro poderia ter uma ficha criminal na Amrica. A polcia europia contatou a FIU americana e perguntou se ela poderia verificar se o nome de Pedro constava nos bancos de dados financeiros e criminais na Amrica. Embora a FIU no tenha conseguido informaes financeiras, descobriu que um indivduo usando o nome e os detalhes de identidade de Pedro estava sendo procurado na Amrica por assassinato. Como era necessrio ter certeza antes que se pudesse cogitar em extradio, a polcia europia encaminhou FIU, eletronicamente, uma fotografia de Pedro obtida a partir de seu visto de residncia. Dentro de minutos a FIU encaminhou a fotografia aos rgos de represso ao crime na Amrica. A identificao foi positiva. Com a permisso de ambos os lados, a FIU pde colocar a polcia europia em contato direto com os agentes de represso na Amrica. Um mandado de priso, internacional foi emitido graas coordenao entre a Interpol e o Ministrio da Justia na Amrica. Quando o mandado de priso foi recebido, Pedro foi localizado e detido pela polcia europia. Pedro est no momento aguardando sua extradio para a Amrica. O processo todo, desde o pedido original feito pela FIU at a priso de Pedro, s levou oito dias. A FIU havia acelerado o processo de identificao e deteno de um criminoso internacional.
Comentrios
Tem sido para ns uma experincia valiosa poder editar os cem casos includos neste relatrio. Enquanto trabalhvamos com as tradues e as anotaes sobre os casos, nos deparamos com uma srie de questes muito interessantes e que gostaramos de trazer sua ateno. Acreditamos que as FIUs podem se beneficiar do conhecimento de algumas das melhores prticas e das fraquezas verificadas nas anlises das denncias e nas investigaes financeiras. Em primeiro lugar, queremos salientar a importncia das instituies financeiras continuarem fazendo seus comunicados ou denncias, mesmo que esteja em curso uma investigao financeira conduzida por um rgo de investigao. A FIU pode estabelecer ligaes entre transaes financeiras e comunicados anteriores (que poderiam parecer no estarem relacionados) e assim fornecer equipe de investigao informaes adicionais que podem facilitar o progresso do caso e determinar o desfecho das investigaes. Portanto, as instituies financeiras devem ser encorajadas a continuar enviando seus comunicados FIU, mesmo que j estejam mantendo contato com a equipe de investigao. Em segundo lugar, as informaes adicionais obtidas pela instituio financeira no decorrer de suas prprias investigaes j se revelaram muito teis nas investigaes subseqentes conduzidas pelas autoridades. Entretanto, possvel que essas investigaes atrasem o encaminhamento de um comunicado. E como as instituies financeiras podem enfrentar dificuldades na hora de interrogar o cliente, as investigaes podem, em alguns casos, alertar os lavadores e dar-lhes tempo para desaparecer. importante, portanto, que as instituies financeiras sejam instrudas, pelos reguladores e pelas FIUs, sobre os riscos inerentes a esse tipo de abordagem. Elas devem saber pesar as vantagens de se aprofundar nas investigaes vis vis uma denncia imediata. Em um dos casos examinados, verificamos que a vtima s foi poupada de prejuzos ainda maiores por que a instituio apresentou logo uma denncia. Em terceiro lugar, importante que os investigadores e os analistas de inteligncia se lembrem sempre de que os recursos provenientes do crime no precisam sempre ser gastos na compra de ativos. Pode ser que todo o dinheiro esteja sendo canalizado para um estilo de vida luxuoso. Nesse caso, a lavagem de dinheiro torna-se desnecessria. por isso que a tentativa de identificar ativos como propriedades ou instrumentos financeiros pode ser uma perda de tempo. Para reduzir ao mximo essa possibilidade, as FIUs devem procurar estimar a quantidade de dinheiro gerada pela atividade criminosa subjacente e compar-la com o que provavelmente est sendo gasto com o padro de vida. Em quarto lugar, importante salientar o uso freqente, pelas organizaes criminosas, de mltiplas rotas de lavagem de dinheiro. Mltiplas rotas de segurana
(backup) so criadas no processo de lavagem para minimizar o impacto de uma eventual ao do Estado contra uma rota especfica. Esse comportamento por parte dos lavadores significa que as FIUs nacionais, ao identificarem uma determinada rota, no devem pressupor que no haja outras rotas sendo usadas pelo mesmo grupo. Se os investigadores deixarem de identificar as mltiplas rotas, ficar necessariamente comprometida a eficcia das iniciativas tomadas pelos rgos de represso ao crime. Entretanto, tambm evidente que em vrios casos, em cada etapa de uma operao criminosa um determinado indivduo detm a responsabilidade total pela movimentao dos recursos. A identificao e a eliminao de indivduos como esses pode ter um impacto desproporcionalmente grande nas operaes criminosas. Alguns casos, mas no todos, apresentam exemplos de confisco de ativos. O bloqueio e o confisco de ativos deveria ser um dos principais alvos das investigaes financeiras. Ao rastrear os recursos ilcitos e retir-los de circulao possvel prejudicar significativamente uma organizao criminosa. Ao confiscar esses recursos, reduz-se a capacidade de investimento da organizao em operaes futuras, reduz-se o poder financeiro dessas organizaes em suas comunidades, e diminui-se a possibilidade dos criminosos agirem como cidados ricos que servem de modelo para os demais. Em contrapartida, se esses recursos oriundos do crime no forem retirados de circulao, as organizaes podero continuar florescendo mesmo que indivduos chave sejam encarcerados. Em alguns pases, a investigao financeira e o confisco de ativos ocorrem durante ou at mesmo antes do julgamento. Em outros pases, os processos podem ser conduzidos separadamente at mesmo depois da priso do criminoso. As diversas limitaes impostas ao confisco de ativos podem ser uma das razes pela qual, em muitos casos, no foi apresentada qualquer informao sobre bloqueio ou confisco de bens. Por fim, este relatrio resultado de uma iniciativa do Grupo de Egmont. O grupo tem como seu principal objetivo estimular a cooperao internacional e o intercmbio de informaes entre as FIUs de diferentes pases. Tem sido para ns um prazer descobrir que muitas FIUs usaram as informaes de inteligncia obtida por intermdio do grupo Egmont para aprofundar suas prprias investigaes e anlises. A lavagem de dinheiro freqentemente cruza fronteiras nacionais como foi amplamente demonstrado em muitos casos relatados neste documento. Portanto, para que as FIUs possam ter uma viso acurada dos fluxos do dinheiro ilcito, muito importante e necessria a cooperao entre as FIUs.
6. Atitude defensiva em relao a perguntas. Lavadores inexperientes talvez no tenham preparado uma histria convincente, capaz de explicar a origem dos recursos ilcitos. Em geral, um cliente honesto est sempre disposto a responder perguntas sobre suas finanas, inclusive porque assim a instituio financeira pode melhor adaptar seus servios s necessidades do cliente.