Pericia de Recalque de Fundacoes
Pericia de Recalque de Fundacoes
Pericia de Recalque de Fundacoes
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA XXXXX VARA CVEL DA COMARCA DE RIO GRANDE/RS
Clarel
da
Cruz
Riet,
infra-assinado,
engenheiro civil, perito judicial nomeado nos autos
da AO DE NUNCIAO DE OBRA NOVA, processo
n. 023/1.04.001511X-X, em que AUTORA G.F.N.
e RU I. O. P., tendo procedido aos estudos e
diligncias que se fizeram necessrios, vem
apresentar a V. Exa. as concluses a que chegou,
consubstanciado no seguinte,
LAUDO DE ENGENHARIA
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 1
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
NDICE
1.
2.
3.
4.
5.
5.1.
5.1.1.
5.1.2.
5.1.3.
5.1.4.
5.1.5.
6.
7.
8.
8.1.
03
03
03
14
14
14
14
14
14
17
19
19
20
21
21
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 2
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
1. OBJETIVO DA PERCIA
O objetivo deste trabalho consiste na verificao das conformidades tcnicas e funcionais
visando o diagnstico das patologias manifestadas em um edificao sito a Rua Martim Afonso
de Souza n. 427 e o nexo causal entre estas e a construo de um sobrado em alvenaria em
terreno lindeiro.
2. PRELIMINARES
A Autora entendendo que a construo de um sobrado de alvenaria, realizado pelo Ru
em terreno lindeiro ao seu, provocou danos como trincas, rachaduras e afundamento de pisos
em sua casa pede providencias.
O Ru argumenta que os danos no foram provocados por sua construo e alega a
existncia de solo com baixa capacidade de carga e com uma grande camada de argila o que
originaria recalques diferenciais nas fundaes.
Alega tambm que com o aumento de trnsito de veculos pesados em nossa cidade
estaria provocando trepidaes, fazendo os prdios vibrarem, provocando rachaduras em vrios
pontos das construes.
Menciona que o prdio da Autora, por possuir laje de concreto armado, esta estaria
sofrendo dilataes trmicas devido o aquecimento provocado pelo emprego de telhas de FBC e
por conseqncia, provocando as rachaduras nas paredes.
O ru finaliza expondo que as rachaduras tambm poderiam ser conseqncia das
ampliaes realizadas no prdio da Autora, onde a acomodao das fundaes seria responsvel
pelos recalques diferenciais.
3. VISTORIA E CARACTERIZAO DA REGIO
A vistoria oficial ocorreu no dia 17/01/2010, s 14:00 horas, contando alm deste perito
com as presenas da Autora e do Ru. Aps esta inspeo, retornamos ao local nos dias 18/01 e
22/01/10, quando colhemos mais informaes junto aos moradores e tiramos mais fotos.
Trata-se de uma regio urbana litornea com predominncia de habitaes residenciais
unifamiliares, clima ameno, superfcie plana, padro scio econmico cultural mdio, topografia
em nvel e solo predominantemente arenoso permevel da classe das areias quartzosas
marinhas distrficas, com algumas zonas constitudas de relativa parcela de argila de Atividade
Alta1.
A Infra estrutura urbana possui sistema virio, transporte coletivo, coleta de resduos
slidos, gua potvel, energia eltrica, telefone, comunicao e televiso, esgotamento sanitrio
e guas pluviais.
As atividades existentes incluem redes bancrias, industrias, comrcio e atividades de
profissionais liberais, sendo mdio como um todo o nvel do mercado de trabalho.
Os servios comunitrios disponveis compreendem escolas (municipal e estadual),
segurana, hospitais e centros de sade, igrejas, clubes de recreao e teatro.
Para efeito de melhor entendimento e preciso dos trabalhos periciais, junta-se a
documentao fotogrfica comentada a seguir, obtida no ato da inspeo.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 3
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 1- No centro, a fachada do imvel do Ru, o qual faz divisa com o imvel da Autora, a
direita. Trata-se de um prdio em alvenaria com dois pavimentos em um terreno com 8m de
frente por 30m de profundidade.
Foto 2- As fachadas dos dois imveis separados pelo corredor da Autora que sofreu
afundamentos. O terreno da Autora tambm possui 8x30m e a casa toda em alvenaria.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 4
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 3- Presena de trincas nos muros lindeiros. Na foto, uma rachadura inclinada no muro
lateral esquerdo, do prdio do Ru.
Foto 4- A mesma rachadura fotografada mais de perto, com uma abertura de 11mm.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 5
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 5- As trincas provocadas pela flecha excessiva da laje em balano, agravadas pelo recalque
diferencial das fundaes.
Foto 6- Manifestao de rachaduras inclinadas prximo das quinas das aberturas. (Prdio do
Ru).
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 6
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 7
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 10- Rachadura inclinada provocada por recalque diferencial das fundaes. (Prdio do
Ru).
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 8
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 11- O recalque diferencial das fundaes do prdio do Ru refletiu na casa da Autora,
provocando patologias como esta trinca horizontal prxima do piso. (Casa da Autora).
Foto 12- Anomalia exgena sob a forma de trinca, provocada pela deflexo excessiva das
fundaes do prdio do Ru.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 9
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 14- O corredor lateral esquerdo da casa da Autora. A esquerda na foto, a parede do Ru
que, em alguns pontos, chegou a 'afundar' 10cm, levando junto o muro, o piso e um lado do
porto de ferro, da Autora.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 10
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 15- Nesta foto, tirada de dentro para fora do corredor, observa-se o desnvel de
aproximadamente 8cm entre as duas folhas do porto. Este desnvel se deu justamente pelo
afundamento da parede onde uma das folhas do porto fixada, ou seja, a parede do Ru
recalcou levando consigo o muro da Autora, onde o porto fixado.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 11
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 17- Observa-se com facilidade o afundamento do piso na direo da parede do Ru.
Foto 18- Nota-se que aps o pilarete de alvenaria, o afundamento diminui bastante. Este fato
devido ao ltimo trecho do corredor no fazer divisa com rea construda do Ru, ou seja, a
construo do Ru termina um pouco antes do pilarete.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 12
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Foto 19- A ampliao da Autora que no consta no projeto. Trata-se de uma construo isolada,
executada no lado direito do terreno, fazendo divisa com o imvel da direita, afastado
aproximadamente 5,0m da divisa com o terreno do Ru, constituda de um quarto, WC e uma
pequena cozinha, totalizando 18m2 de rea construda.
Foto 20- A esquerda deste corredor, a casa principal da autora e, a direita, a ampliao citada
na Foto n. 19. Observa-se que o piso do corredor encontra-se nivelado, sem afundamentos,
diferente do corredor que separa a casa da Autora do prdio do Ru (Ver Foto n. 17),
indicando que as fundaes da ampliao no recalcaram e portanto no foram responsveis
pelas patologias manifestadas na casa.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 13
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
4. METODOLOGIA
A presente percia atendeu todos os requisitos necessrios e exigidos pela NBR 13752/96
(norma que fixa os critrios e procedimentos relativos s percias de engenharia na construo
civil), em seu item 4.3.2 Requisitos essenciais. Todos foram condicionados tanto quanto
abrangncia das investigaes, confiabilidade e adequao das informaes obtidas quanto
qualidade das anlises tcnicas e ao menor grau de subjetividade emprestado pelo perito.
5. SUBSDIOS ESCLARECEDORES
5.1. RECALQUES DE FUNDAES
5.1.1. INVESTIGAO DO SUBSOLO
A investigao do solo a causa mais freqente de problemas de fundaes. Na medida
em que o solo o meio que vai suportar as cargas, sua identificao e a caracterizao de seu
comportamento so essenciais soluo de qualquer problema, sendo no Brasil, o programa
preliminar, normalmente desenvolvido com base em ensaios SPT (NBR 6484/2001).
O programa complementar depende das condies geotcnicas e estruturais do projeto,
podendo envolver tanto ensaios de campo (cone, piezocone, pressimetro, palheta, ssmica
superficial, etc.) como de laboratrio (adensamento, triaxiais, cisalhamento direto, entre outros).
5.1.2. SOLOS DE COMPORTAMENTO ESPECIAL
Os solos de comportamento especial podem ter sua ocorrncia prevista ainda em fase
preliminar, definindo os ensaios especiais necessrios caracterizao de seu comportamento e
sua influncia nas fundaes.
Assim, ocorrncias localizadas, como zonas de minerao (problema pouco comum no
Brasil), zonas crsticas, influncia da vegetao, colapsibilidade, expansibilidade e ocorrncia de
mataces, se no identificados, podem provocar subsidncia ou problemas construtivos
sensveis com o surgimento de patologias importantes e custos significativos de reparo.
Dentre os solos colapsveis, os quais possuem uma estrutura sujeita a grande variao
(reduo) volumtrica, encontram-se os solos porosos tropicais, especialmente os originados de
rochas granticas, tendo sido encontrando no Rio Grande do Sul, somente nas cidades de Santo
2
ngelo, Carazinho e Vacaria .
J os solos expansivos, onde a presena de argilo-minerais em solos argilosos
responsvel por grandes variaes de volume, decorrentes de mudanas do teor de umidade,
provocando problemas especialmente em fundaes superficiais, foram encontrados no Rio
Grande do Sul somente nas cidades de Encantado, So Jernimo, Santa Maria, Rosrio do Sul,
Santa Cruz do Sul, Cachoeirinha e ao norte de Porto Alegre3.
5.1.3. A DEFORMABILIDADE DOS SOLOS E A RIGIDEZ DAS SAPATAS
At bem pouco tempo as fundaes dos edifcios eram dimensionadas pelo critrio de
ruptura do solo, apresentando as construes cargas que geralmente no excediam a 500Tf,
bem inferior a 20.000TF que certas obras nos dias de hoje chegam a atingir, tornando-se
imprescindvel uma mudana de postura para o clculo e dimensionamento das fundaes dos
edifcios.
Localizao de solos colapsveis no Brasil (Ferreira et al, 1989), com incluses de dados de Milititsky
et Dias(1986)
3
Vargas et al. (1989)
2
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 14
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
De acordo com Vitor Mello , apenas em argilas de baixa plasticidade o critrio de clculo
condicionante o de ruptura; j em argilas de alta plasticidade os recalques acentuam-se
passando em geral a ser condicionante o critrio de recalques admissveis.
Em siltes e areias (observando que em Rio Grande o solo predominantemente arenoso
com algumas zonas constitudas de argila), que so solos com significativos coeficientes de
atrito interno, o critrio de ruptura s pode ser condicionante para sapatas muito pequenas de
forma que em construes de maior porte passa a ser condicionante o critrio de recalques.
Assim, de uma forma geral poderamos dizer que para solos de alta resistncia,
prevalece o critrio da ruptura, pois as deformaes so pequenas e para solos de baixa
resistncia, prevalece o critrio de recalque admissvel, pois as deformaes do solo sero
sempre grandes.
A capacidade de carga e a deformabilidade dos solos no so constantes, sendo no caso
de fundaes superficiais, que o tipo ora examinado, funo dos seguintes fatores;
a) Tipo e estado do solo (areia nos vrios estados de compacidade ou argilas nos vrios
estados de consistncia)
b) Disposio do lenol fretico
c) Intensidade da carga e cota de apoio da fundao
d) Dimenses e formato da sapata carregada (quadradas ou retangulares)
e) Interferncia de fundaes vizinhas
4
Mello, V. F. B. Deformao como base fundamental de escolha da fundao. Revista Geotcnica n.
12, Lisboa. 1975.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 15
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
PRESSES
Sapata
larga
Sapata
estreita
ARGILA
tr
RECALQUES
RECALQUES
PRESSES
t' r
t'' r
Sapata
estreita
Sapata
larga
AREIA
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 16
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Ap
Sendo,
Rgida: H > (A-Ap)/3
Flexvel: H (A-Ap)/3
Onde,
H
H0
Figura 2- Classificao das sapatas quanto a sua rigidez, segundo a NBR 6118:2003.
Na realidade, segundo Bowles6, o mdulo de deformao Es do solo e a prpria
profundidade de influncia de fundao variam com uma srie de propriedades do solo,
principalmente com a estratificao de camadas, a massa especfica do solo e eventuais estados
de pr-adensamento. Em razo disso, a predio do verdadeiro mdulo de deformao do solo
e, em conseqncia, a avaliao do recalque real que ocorrer na sapata carregada, tarefa
bastante difcil.
5.1.4. PADRES TPICOS DE TRINCAS
De maneira geral, as fissuras provocadas por recalques diferenciados so inclinadas,
confundindo-se s vezes com as fissuras provocadas por deflexo de componentes estruturais,
contudo, apresentam aberturas geralmente maiores, "deitando-se" em direo ao ponto onde
ocorreu o maior recalque.
Outra caracterstica das fissuras provocadas por recalques a presena de
esmagamentos localizados, em forma de escamas, dando indcios das tenses de cisalhamento
que as provocaram. Alm disso, quando os recalques so acentuados, observa-se nitidamente
uma variao na abertura da fissura.
As variaes de umidade do solo, principalmente no caso de argilas, provocam alteraes
volumtricas e variaes no seu mdulo de deformaes, com possibilidade de ocorrncia de
recalques localizados. Segundo BRE7, estes recalques, bastante comuns por causa da saturao
do solo pela penetrao de gua da chuva nas vizinhanas da fundao, podem tambm ocorrer
pela absoro de gua por vegetao localizada prxima a obra.
Alm dos fatores geotcnicos apontados como provveis causadores de recalques
diferenciais, como consolidaes distintas de aterro, interferncia em bulbos de tenses etc., a
geometria das edificaes e/ou do componente, tamanho e localizao de aberturas, grau de
enrijecimento da construo (emprego de cintamentos, vergas e contra-vergas) e a eventual
presena de juntas no edifcio, so variveis que tambm podem provocar recalques diferenciais
e conseqentemente o aparecimento de fissuras e trincas.
6
7
Bowles, J. E. Foundation: Analysis and design, 3 ed. Tokyo, McGraw-Hill kogakusha, 1982.
Bulding Research Establishment. Soils and foundations, Garston, 1977 (Digest n. 63, Part 1)
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 17
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
Residencial
Comercial ou
publico
Industrial
Efeito na estrutura e
uso do edifcio
< 0,1
Insignificante
Insignificante
Insignificante
Nenhum
0,1 a 0,3
Muito leve
Muito leve
Insignificante
Nenhum
0,3 a 1
Leve
Leve
Muito leve
1a2
Leve a moderada
Muito leve
2a5
Moderada
Leva a
moderada
Moderada
5 a 15
Moderada a
severa
Severa a muito
severa
Muito severa e
perigosa
Moderada a
severa
Severa a muito
severa
Severa a
perigosa
Apenas esttica.
Deteriorao
acelerada do aspecto
externo.
A utilizao do
edifcio ser afetada
e, no limite superior,
a estabilidade pode,
tambm, estar em
risco
Cresce o risco da
estrutura tornar-se
perigosa
15 a 25
> 25
Leve
Moderada
Moderada a
severa
Severa a
perigosa
1.
2.
3.
Largura aproximada
da fissura (mm)
< 0,1
< 1,0
< 5,0
5 a 15
ou,
um nmero de
fissuras (por metro)
>3
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 18
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
4.
5.
15 a 25, porm,
tambm, funo do
nmero de
fissuras.
Usualmente > 25,
porm, tambm,
funo do
nmero de fissuras
6. DIAGNSTICO DA SITUAO
Tpico de obras de pequeno porte, em geral por motivos econmicos, mas tambm
presente em obras de porte mdio, a ausncia de investigao de subsolo em obras, como o
caso, prtica inaceitvel. A normalizao vigente (NBR 6122/1996; NBR 8036/1983) e o bom
senso devem nortear o tipo de programa de investigao, o nmero mnimo de furos de
sondagem e a profundidade de explorao.
Estudos e pesquisas no Brasil, tambm referendados pela estatstica francesa (Logeais,
1982), indicam que em mais de 80% dos casos de mau desempenho de fundaes de obras
pequenas e mdias, a ausncia completa de investigao o motivo da adoo de soluo
inadequada.
8
9
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 19
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 20
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
8. QUESITOS
8.1. QUESITOS DO RU
1. Qual o ano de aprovao da construo sito a Rua Martim Afonso de Souza, 427, Bairro
Salgado Filho?
R:
No.
Em 27/02/1987.
4. Caso positivo, poderia informar se o(s) projeto(s) est(o) de acordo com a(s) construo
(es) existentes no local?
R:
7. Poderia o Sr. Perito informar se a poca da primeira construo, no imvel sito a Rua Martim
Afonso de Souza, j existia a pavimentao de unistein?
R:
8. Caso negativo, a pavimentao realizada na via pblica, aps a vistoria, no poderia ter
comprometido as construes na regio, devido ao uso dos equipamentos de compactao,
etc.?
R:
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 21
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 22
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
14. Se, o diferente tipo de forro (laje e forro em madeira ou PVC) no tem influncia nas trincas
e fissuras alegadas, pelo histrico da regio, devido as diferentes cargas?
R:
A casa toda em laje de concreto armado, com exceo da construo isolada de 18m2,
portanto no configurando o descrito no presente quesito.
15. A cobertura de cimento amianto (6mm ou 4mm), tem influncia na dilatao dos materiais,
devido a incidncia dos raios solares, em acumular calor entre a cobertura e laje?
R:
Sim, parte da energia calorfica absorvida pelas telhas reirradiada para a laje, alm de
ocorrer atravs do tico transmisso de calor por conduo e conveco. Esta energia associada
a outros fatores como diferenas nos coeficientes de dilatao trmica dos materiais
construtivos e ao fato de que as lajes de cobertura normalmente encontram-se vinculadas s
paredes de sustentao, pode provocar o surgimento de movimentaes trmicas.
Assim, a dilatao plana das lajes e o abaulamento provocado pelo gradiente de
temperaturas ao longo de suas alturas podem introduzir tenses de trao e de cisalhamento
segundo diversos autores,10, 11, 12 e 13 quase que exclusivamente nas paredes das edificaes,
apresentando trincas tipicamente no topo das paredes, paralelas ao vo da laje, com traado
bem definido, realando o efeito dos esforos de trao na face interna da parede, entretanto,
diferente da configurao das anomalias presentes no caso, as quais foram originadas por
recalques diferenciais excessivos das fundaes do Ru.
16. Poderia o Sr. Perito informar se o porto de ferro no alinhamento do imvel de n. 427,
encontra-se em funcionamento, e se foi consertado?
R:
As duas folhas do porto esto desalinhadas em aproximadamente 8cm devido ao
afundamento do muro lateral onde uma delas se fixa. Este muro lateral encostado na parede
do sobrado do Ru, a qual sofreu o afundamento devido ao recalque diferencial das fundaes,
'arrastando' com ela o muro da Autora. Na foto n. 14, do laudo, observa-se que a folha que
deslocou para baixo a que est fixada na parede de divisa com o Ru enquanto a outra, a qual
esta fixada na casa da Autora se manteve na posio original, demonstrando que o
afundamento se deu nas fundaes do construo do Ru.
17. O sedimento da garagem da requerente deu-se devido ampliao efetuada do prdio,
sendo que a parte existente encontrava-se estabilizada e a ampliao em outra etapa, em fase
de acomodao propiciou tal sedimento alegado?
R:
No. A conformao do sedimento do piso lateral indica uma anomalia provocada em
funo do recalque excessivo das fundaes executadas pelo Ru.
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 23
CLAREL PERCIAS
Engenharia de Avaliaes & Percias Judiciais
Fone/Fax: (53) 2125-7900 / 9966-6220
www.clarelpericias.com.br
18- Poderia estipular o valor aproximado da troca de piso (lajotas iguais) no vo onde ocorreram
as deformaes (ao lado direito do sobrado)?
R:
Quesito prejudicado. Em alguns casos, a recuperao em si do componente danificado
a parte menos importante na resoluo do problema. No tocante a recalques de fundaes, por
exemplo, Pfeffermann14 cita "se os estudos demonstram que h possibilidade de continuao do
movimento, nenhum mtodo de reparo do componente ser eficiente". Alm do mais, caso se
consiga um mtodo aparentemente eficiente, com o emprego de selantes flexveis, por exemplo,
este poder constituir-se numa simples maquiagem, encobrindo evolues perigosas para a
segurana da edificao.
Assim, na ocorrncia de recalques de fundaes a recuperao do componente s dever
ser efetuada quando da certeza da estabilizao do movimento, portanto, antes de estimar os
custos, primeiramente necessrio de faz o monitoramento para a obteno da certeza da
estabilidade para depois orar, se for o caso, o necessrio reforo e a posterior recuperao dos
elementos danificados.
-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-
14
Pfeffermann, O. et al. Fissuration des maonneries. Bruxelles, Centre Scientifique et Technique de la
Construction, 1967. (Note d'information Technique 65).
CNPJ: 05.423.670/0001-34 / CREA 66.891/ Rua Gal. Vitorino, 56 / CEP 96.200-310 / Rio Grande-RS 24