Memorial Descritivo

MEMORIAL DESCRITIVO
O anteprojeto em questo, referente instalao da Inspetoria do Conselho Regional de Engenharia,

Arquitetura e Agronomia da Paraba em Campina Grande, surge no contexto atual das construes
sustentveis, incorporando os vrios conceitos de economia energtica e reduzido dano ambiental, tanto
em seu processo de execuo como de utilizao.
Sobre este tema entende-se que a correta arquitetura por si s j engloba conceitos de sustentabilidade e
racionalidade, quando se compromete com a otimizao de seu desempenho em relao s atividades
que vai abrigar, considerando uma adequao material, funcional, estrutural e formal s necessidades do
edifcio. Paralelo a isto, o desenvolvimento da tecnologia permite agregar, cada vez mais, novos recursos
de cunho sustentvel ao projeto de arquitetura. Estas aes sendo extensivas ao tratamento das reas
externas e ao entorno no qual se insere, conferem ao projeto uma eficincia sustentvel transformando a
Arquitetura em um dos principais agentes de transformao, que aliado a outras disciplinas de ao
holstica contribuiro para a construo de um futuro melhor para a humanidade.
Diante desta
perspectiva, a concepo desta proposta toma como ponto de partida a incorporao dos critrios de
sustentabilidade aplicados construo (princpios de eco-eficincia e conforto ambiental) s questes
fundamentais da arquitetura referentes funcionalidade, estabilidade e esttica (utilitas, firmitas e
venustas, segundo Vitrvio).
Para tanto, parte-se da correta orientao do edifcio no lote (eixo longitudinal no sentido Leste-Oeste)
para assegurar-lhe um melhor rendimento bioclimtico. Como conseqncia, a implantao da edificao
na diagonal do terreno repercute no partido adotado, o qual tira proveito dos espaos livres criados
adjacentes s maiores fachadas da edificao. Este, por sua vez, mostra-se como fator fundamental na
valorizao do carter institucional do projeto, alm de permitir uma insero urbana mais democrtica e
inusitada no entorno imediato ao prdio.
Alm dos desdobramentos relativos implantao do edifcio, outros princpios projetuais so levados em
conta. sabido que a inspetoria de Campina Grande apresenta um crescimento de 20% no volume de
consultas por ano. Por esta razo faz-se necessrio conceber a nova edificao de maneira a assegurarlhe o critrio de Expansibilidade, permitindo que seja ampliada evitando o surgimento de apndices
volumtricos. Como conseqncia imediata a esta questo, torna-se tambm necessrio a Flexibilidade de
seus ambientes, permitindo a reutilizao dos mesmos sem a necessidade de reformas internas,
reduzindo gastos e tempo de obra. Assim, o princpio da Contigidade tambm se mostra indispensvel,
garantindo que no haja uma descontinuidade nos espaos destinados aos ambientes de trabalho.
Em resposta a esses critrios, principalmente ao da Expansibilidade, faz-se uso da estrutura metlica,
permitindo agilidade, limpeza e reduzido custo s obras de ampliao.
Soma-se a tudo isso a utilizao de recursos de captao de guas pluviais nas superfcies pavimentadas
e do espelho dgua conduzidos para reservatrios de tratamento inferiores, e posterior utilizao na
manuteno do nvel do espelho dgua e da reserva de incndio, alm da irrigao dos jardins elevados
no trreo.
O tratamento e reaproveitamento de guas cinza so feito individualmente em cada lavabo atravs do

sistema da linha Rocca (bacia e pia acoplada W+W), evitando assim custos com instalaes de tratamento
extras.
As guas negras so tratadas por uma pequena estao eletroltica e reservatrios de decantao
seqenciais, sendo reaproveitadas para a irrigao subterrnea contnua dos jardins para o nvel do meio
subsolo.
A utilizao racional da energia eltrica viabilizada atravs do consumo misto que envolve a gerao
prpria em sistemas de clulas fotovoltaicas e turbina elica. Estes so conectados rede pblica atravs
de medidores, os quais possibilitam o fornecimento do excedente de energia gerada no perodo diurno,
financiando o recebimento da concessionria no perodo noturno ou de interrupes do sistema de
gerao.
O somatrio de todas estas aes sustentveis, seja de arquitetura ou de tecnologia empregada,
contribuir para a independncia total da edificao, buscando uma proposta sadia ao ambiente, a si
mesma e a seus usurios.
MACROCLIMA E IMPLANTAO
As condies bioclimticas so determinantes na implantao do edifcio no lote. Seu eixo longitudinal
disposto no sentido Leste-Oeste garante que todos os ambientes de longa permanncia encontrem-se
com aberturas nas fachadas Norte-Sul, de permanente ventilao provinda tanto do sentido Sudeste como
Nordeste, e aproveitamento da iluminao natural.
Tal implantao insero de um prisma de base retangular no sentido da diagonal do terreno tambm
retangular cria duas reas livres opostas entre si, gerando a conseqente conformao de dois espaos
de convivncia: um voltado para a rua, de carter semi-pblico; outro junto aos limites laterais do terreno,
ampliando o hall de acesso (exposio/eventos) ou somando-se ao uso dirio para o lazer contemplativo.
Ainda, ao mesmo tempo em que valorizam a proporo vertical da edificao, estabelece uma distncia
entre a edificao e a esquina, criando um passeio de aproximao a partir da rua at o acesso principal
do edifcio, contribuindo para a percepo do seu carter institucional. Por fim, desempenha o papel de
dotar os ambientes internos de conexo visual s reas externas, tratadas no paisagismo, valorizando os
elementos de amenizao ambiental (espelho d'gua e filtro vegetal).
O estacionamento para visitantes situa-se ao longo dos recuos do lote, enquanto os veculos de servio/
funcionrios encontram-se num pavimento semi enterrado, por onde ocorre tambm o acesso para os
servios em geral.
LOTE E CONTEXTO URBANO
O terreno disponibilizado privilegiado por se encontrar num trecho da malha urbana situado entre duas
grandes vias de circulao - Rua Oswaldo Cruz e Avenida Floriano Peixoto - prximo rea central da
cidade, com seu entorno caracterizado pelo predomnio do uso residencial e servio de bairro.
Alm disso, revela uma vantagem em relao aos demais lotes do mesmo entorno por estar localizado na
esquina das nicas vias desse trecho que no funciona como conexo direta entre aquelas duas de maior
porte. Assim, viabiliza e valoriza a deciso projetual de criar um espao livre diante da edificao,
conferindo
ao
seu
entorno
um
qualitativo
urbano.
PARTIDO ARQUITETNICO
Considerando-se o perfil do terreno em desnvel, optamos por sua regularizao em um patamar elevado
1.50m da Rua professor Capiba, e o rebaixamento apenas de uma pequena poro para abrigar o
estacionamento interno. A partir deste ponto, segue-se uma seqncia de nveis articulados por uma caixa
de circulao vertical. (1)
O volume construdo, caracterizando-se inicialmente como um prisma de base retangular, verticalizado
em quatro pavimentos, sendo a ltima laje aproveitada para criao de um terrao pergulado, que suporta
os equipamentos de gerao de energia limpa e abriga um ambiente para lazer e eventos, com um apoio
de copa e um mirante aberto para a cidade.
Esta soluo do partido vertical deriva da setorizao do programa apresentado em quatro grupos
funcionais: A) Servios: estacionamento, almoxarifado, rea de servio, depsito de material de limpeza,
WC funcionrios, triagem de lixo; B) Atendimento Pblico: recepo, WC pblico, Atendimento e espera,
agncia bancria e Mtua; C) Administrao: secretaria, arquivo, diretoria, reunies, fiscalizao, arquivo;
D) Cultural: hall de exposies/foyer e auditrio. Assim, cada pavimento corresponde a um desses grupos.
(2)
Atravs da verticalizao e do recuo fixo permitido para a circulao vertical atribui-se ao projeto o critrio
de Expansibilidade, possvel com o uso modulado e flexvel da estrutura metlica, permitindo o desmonte
da pgula tcnica do pavimento cobertura e seu remonte, mantendo a integridade do coroamento
proposto.
Os critrios de Flexibilidade Contigidade entre os recintos de trabalho tambm foram incorporados ao
projeto a partir da diviso dos pavimentos em dois setores unidos pelo hall de acesso: o primeiro referente
torre que contm circulao vertical, lavabos e instalaes prediais, e o segundo configurado como
planta livre, onde so instalados os demais ambientes, separados por divisrias removveis que permitem
plena liberdade de layout. (3)
FUNCIONALIDADE
A dinmica funcional da proposta objetiva a fluidez espacial e a continuidade dos acessos. Partindo do
nvel da rua, locamos os estacionamentos pblicos nas laterais da esquina (sudeste e sudoeste) e o
estacionamento privado em um meio subsolo (lateral nordeste). O acesso pblico foi locado na esquina
diagonal sul-norte como uma pequena esplanada que cruza o jardim frontal e o hall de exposies at a
praa de eventos no extremo da diagonal norte. O hall de exposies faz coneces com setor de
atendimento (leste) e o bloco de escadas/elevadores (oeste) este fazendo as ligaes com os demais
pavimentos tipo.
ESTRUTURA
O sistema estrutural misto adotado, com pilares modulados em pares a cada 4,50 m ao longo do eixo
leste/oeste, apia vigas e lajes steel deck que avanam lateralmente em balanos de 1,00m para
promover suporte ao sistema de esquadrias e brises que envolvem os ambientes de trabalho em todos os
pavimentos tipo. Este conjunto estrutural coroado com um pergulado com vo de 6,00m que pode
desmontado para a incluso de outros pavimentos tipo e remontado logo acima para suporte dos
equipamentos e arremate formal do edifcio.
VOLUMETRIA
O volume arquitetnico decorrente do partido adotado constitudo por um paraleleppedo transparente,
composto por uma sucesso vertical de lminas horizontais (lajes e brises) apoiadas nos pilares metlicos
e nas duas torres que abrigam o elevador e os WCs, conferindo verticalidade ao conjunto. Para evidenciar
ainda mais a leveza da composio recuamos as esquadrias de fechamento para o nvel dos pilares no
pavimento trreo e no terrao superior. Protegendo a fachada oeste locamos o volume das escadas
apoiados em uma fina empena que permite a proteo da insolao poente e continua horizontalmente
como pergulado no terrao superior.
MATERIAIS
A especificao adotada objetiva a otimizao de recursos e a padronizao dos pavimentos com o uso
essencial de materiais que desempenham funes de vedao e revestimento. Os pisos so em concreto,
lavado no exterior e polido no interior, as poucas paredes de alvenaria existentes recebem revestimento
em massa hidrofugante texturizada, j os fechamentos em esquadrias/brises de alumnio e vidro
promovem proteo solar e controle trmico natural s reas de trabalho. Os tetos so compostos por
painis termoacusticos removveis que permitem acesso aos sistemas de instalaes que permeiam todos
os pavimentos proporcionando total flexibilidade de uso.

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