AS SOCIEDADES DA MESOAMRICA

Por mesoamrica conceito criado na dcada de 1940 entende-se a regio

onde se desenvolveram as primeiras sociedades complexas do continente americano.
Ela engloba territrios da Amrica Central e tambm do extremo sul da Amrica do
Norte. Para os estudiosos, porm, a importncia da Mesoamrica est ligada mais aos
aspectos histrico-culturais do que aos geogrficos.

1. OLMECAS E TEOTHUACANOS:
Uma das primeiras sociedades complexas de que se tem noticia na
Mesoamrica foi a dos olmecas, surgida 3 mil anos atrs. Eles ocupavam as
regies que correspondem hoje ao Mxico e Costa Rica. Dotados de uma
cultura bastante rica, os olmecas desenvolveram um sistema prprio de escrita,
construram as primeiras cidades do territrio e ergueram varias pirmides.
Por volta 400 a.C., depois de sofrer sucessivas invases de outros
povos, a sociedade olmeca entrou num processo de desintegrao. Em 700
a.C.e 600 de nossa era, floresceu tambm na regio a sociedade teotihuacana,
assim, chamada porque se formou em torno da cidade de Teotihuacn, que
significa cidade dos deuses. Os teotihuacanos tornaram-se conhecidos por
construir pirmides enormes, como a do Sol da Lua (com 65 metros e 43
metros de altura, respectivamente). Tambm se notabilizaram por erguer
muitos templos dedicados a diversos deuses, como Quetzalcoatl (ou serpente
de plumas), smbolo da fecundidade da terra.
2. OS MAIAS:
Em 700 a.C., aproximadamente, outra importante sociedade surgiria na
pennsula de Iucat, situada entre a Amrica do Norte e a Amrica Central: a
dos maias. Durante o perodo de sua formao, essa sociedade herdou vrios
elementos das culturas dos povos que habitavam a regio, como os olmecas.
Por volta de 317 de nossa era, os maias j ocupavam extensas regies do que
conhecemos hoje como Mxico, Honduras e Guatemala.
A sociedade maia destacou-se entre outros aspectos, por sua forma de
organizao poltica: ela se desenvolveu em torno de centros urbanos
autnomos, ligados por uma relativa unidade cultural, sem, no entanto,
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constituir um imprio centralizado. Com o tempo, os maias ergueriam

numerosas cidades, como Palenque, Yaxchiln, Tikal, Copn, Piedras negras,
Uxmal, Labn entre outras. O perodo ureo dessa sociedade ocorreu entre
1000 e 1400. Nessa fase, o centro da pennsula de Iucat foi ocupado por outro
povo, os toltecas, que a fundou a cidade de Chichn Itz. Essa ocupao
acabou resultando na fuso das culturas maia e tolteca. A partir de 1441, em
decorrncia de sucessivas guerras entre suas cidades, a sociedade maia
comeou a se desintegrar. A isso se somou uma srie de flagelos naturais
(furaes, pestes, estiagens) que culminou com uma epidemia de varicela, em
1511, causada pelo contato com os europeus.
Um governante de muitos poderes:
Extremamente religiosos, os maias construram suas cidades em volta
de um ncleo formado por templos, pirmides e palcios. Nas proximidades
desse ncleo, ficavam as casas das pessoas mais ricas. Cada cidade era
gerida por um halac vinic, que governava em nome de um dos deuses da
religio maia, constituindo uma teocracia. A sucesso ocorria numa mesma
famlia, com poder passado de pai para filho segundo o direito de
primogenitura. O halac vinic concentrava todos os poderes- religiosos, militar e
civil. Era ele quem escolhia ente os membros da aristocracia, os funcionrios
que o auxiliavam na administrao da cidade.
Esses homens de confiana comandavam os soldados, presidiam o
conselho local, aplicavam a justia e controlavam o pagamento de impostos.
Alm dessas atribuies, ainda cuidavam do cultivo dos campos nas pocas
indicadas pelos sacerdotes. Temidos e respeitados, os sacerdotes, por sua
vez, desempenhavam funes particularmente importantes: presidiam os cultos
e as cerimonias religiosas e dirigiam toda a vida intelectual da sociedade. Entre
eles havia astrnomos, matemticos, adivinhos e administradores.
A estrutura social se caracterizava pela existncia de camadas
rigidamente separadas, entre as quais no havia mobilidade social. Na esfera
mais alta da sociedade, estavam o halac vinic e seus familiares. Logo abaixo,
vinda a nobreza, que distribua entre si os cargos religiosos, administrativos e
militares. Tambm faziam parte desse grupo social os comerciantes de maior
prestgio. No plano imediatamente inferior, desempenhando diversas funes

na escala social, encontravam-se os guerreiros, funcionrios, artistas e

artesos. A seguir, com pouco prestigio social, encontravam os camponeses e
os demais trabalhadores livres, encarregados de cultivar a terra, erguer
construes, prestar servio militar, pagar impostos e fazer oferendas aos
deuses. Por ltimo, vinham os escravos, geralmente prisioneiros de guerra ou
pessoas condenadas por roubo.
Agricultura e comrcio:
Os maias desenvolveram uma economia diversificada, de base agrcola:
o milho era sua principal fonte de subsistncia, dotada de uma extensa rede de
trocas comerciais. Fazendo permutas com seus produtos minerais, agrcolas e
artesanais, eles adquiriam de outras regies os bens de que necessitavam,
como blocos de pedra, slex para fabricar armas e ferramentas, pigmentos
minerais, destinados principalmente pintura e cermica, e outros. Nas
trocas comerciais utilizavam, muitas vezes, sementes de cacau como moeda.
O calendrio maia:
Sabe-se que os maias criaram uma espcie de escrita hieroglfica, mas
seus manuscritos foram quase todos destrudos durante a conquista
espanhola. Restaram apenas alguns tratados sobre astronomia, astrologia e
ritos religiosos. Sabe-se tambm que aps a conquista, os nativos redigiram
algumas crnicas em lngua espanhola, preservando a parte da tradio maia.
No campo da astronomia, os maias se destacaram por desenvolver
conhecimentos precisos e complexos sobre a durao do ano e da trajetria
dos astros. E aplicaram esses dados na criao de dois calendrios: um, ritual
e sagrado, de 260 dias, dividido em 13 grupos de 20 dias; e outro solar para
uso da sociedade, de 365 dias, agrupado em 18 meses de 20 dias, mais um
perodo de 5 dias. Para fazer suas contas, inventaram um sistema engenhoso
de calculo com base no numero 20 e desenvolveram o conceito de valor zero
(na verdade, um smbolo cujo significado era ausncia de valor).
No campo da metalurgia, dominavam a tcnica de obteno e
manipulao do cobre e do ouro, mas s empregavam esses metais para fins
ornamentais. Indiscutivelmente, os maias foram notveis em diversos campos
do saber, mas dois aspectos chamam a ateno ao estudarmos essa
sociedade. Eles no utilizavam nenhum animal de trao ou montaria por
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isso os meios de transporte e os trabalhos pesados dependiam da fora

humana, e desconheciam a roda e o torno, o que restringia sua ao sobre a
natureza. Essa limitao, contudo, no impediu que construssem uma das
mais avanadas sociedade da Amrica pr-colombiana.
2. A SOCIEDADE ASTECA:
Os astecas viviam originalmente no noroeste do Mxico atual, numa
regio conhecida como Aztln, da qual derivou seu nome. No sculo XIV da
nossa era, provavelmente por ter sido expulso de seu territrio por povos
inimigos, eles foram obrigados a se deslocar para o planalto central do Mxico.
No novo espao tornaram-se agricultores, sem perder o habito guerreiro, pois
se viam constantemente envolvidos em disputa com as populaes vizinhas
pelas reservas de gua potvel e pelas reas de cultivo.
Sob influncia de outras culturas existentes na Mesoamrica, os astecas
desenvolveram tcnicas prprias de plantio do milho, a escrita, a arte e as
praticas religiosas. Em 1325, eles passaram a ocupar o conjunto de ilhotas do
lago Texcoco e construram numa delas sua principal cidade, Tenochtitln
(atual Cidade do Mxico). Com o tempo, Tenochtitln foi dotada de um amplo
sistema de ruas, pontes e canais. As disputas com outros povos pela posse de
territrio e a necessidade de realizar obras para a prtica da agricultura, como
a drenagem dos pntanos, conduziram, aos poucos, concentrao do poder
em trs das principais cidades da regio: Texacoco, Tlacopn e Tenochtitln.
Essas cidades controlavam diversos povos que habitavam as reas situadas
entre o golfo do Mxico e o oceano pacfico e recebiam tributos das populaes
subjugadas. Por volta de 1440, quando teve inicio o governo de Montezuma I
em Tenochtitln, estima-se que esse verdadeiro imprio somava cerca de 15
milhes de habitantes.
Agricultura e comrcio:
Entre os astecas, a autoridade mxima era exercida por um soberano.
Tambm poderosos devido s guerras constantes, os militares ocupavam
posies de destaque de hierarquia social. A sociedade constitua-se: Os
escravos ocupavam o plano mais baixo da escala social. Eram geralmente
prisioneiro de guerra, criminosos condenados pela justia ou pessoas que no

conseguiram pagar suas dvidas. Curiosamente, eles podiam ser donos de

terras e possuir outros bens, at mesmo outros escravos. Tambm no era
proibido que se casasse com pessoas livres e tivessem filhos livres. Durante
sua vida, os escravos tinham ainda muitas oportunidades de conquistar a
liberdade. Acima dos escravos estava o maceualli, que era o membro do cl,
ou calpulli. A ele cabia prestar o servio militar, assim como trabalhar em obras
coletivas, como a construo e conservao de estradas e canais.
Com o casamento, o maceualli conquistava o direito a um lote de terra e
comeava a participar da vida religiosa. Depois de certa idade, podia integrar
um conselho que se reunia em torno do chefe do calpulli. Seus filhos, meninos
ou meninas, recebiam educao gratuita nas escolas. O maceualli pagava
impostos, mas em contrapartida recebia do Estado gneros alimentcios, pea
de tecidos e vestimentas, tanto nas pocas de distribuio regular como nos
perodos de escassez, inundaes ou outras calamidades.
Os membros do cl podiam ascender na escala social, desde que
exercessem profisses valorizadas socialmente. s vezes chegavam a ocupar
os mais altos postos administrativos, militares e religiosos. Em plano superior
aos maceualli encontravam-se os arteso e os comerciantes. A sociedade
asteca tinha grande respeito pelo trabalho do artfice, que se dedicava aos
ofcios de ourivesaria, joalheria e lapidao, entre outros. Os artesos
agrupavam-se em corporaes extremamente fechadas: moravam em bairros
especiais e tinham festas, ritos e deuses prprios. Seu oficio era transmitido, de
gerao em gerao, dentro da mesma famlia.
A atividade do comerciante, assim como a do arteso, era hereditria e
exclusiva das corporaes. Os pochtecas: grandes negociantes cuidavam do
comrcio com as regies distantes. Com o tempo, eles se transformaram num
grupo poderoso e em ascenso na sociedade asteca. Seus filhos tambm
passaram a frequentar o calmecac, uma espcie de escola reservada
aristocracia. No topo da organizao social ficavam os sacerdotes e os
dignitrios civis e militares. Eles formavam a aristocracia. Os sacerdotes, por
exemplo, presidiam os cultos religiosos e tinham sob sua responsabilidade a
educao dos filhos dos dignitrios nos calmecac, a direo dos hospitais, a
guarda dos livros sagrados e dos manuscritos histricos. Graas s doaes
recebidas dos soberanos e de particulares, no raro eles acumulavam grandes
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riquezas. Alm do prestgio social de que desfrutavam, no pagavam impostos

e s vezes, integravam voluntariamente o exercito. O soberano era eleito,
sempre numa mesma famlia, por um conselho de cem membros controlado
por militares e sacerdotes. Atribua-se a ele origem divina e esperava-se que
prestasse homenagem aos deuses e protegesse a populao, orientando-a
moralmente, por exemplo, contra a embriaguez e o roubo. O soberano era
auxiliado por uma espcie de chefe de governo e por uma hierarquia de
funcionrios.
Como viviam os astecas:
Os astecas criaram um sistema de numerao e calendrio com
caractersticas semelhantes aos dos maias. Desenvolveram tambm uma
escrita figurativa, cujo smbolo representava objetos estilizados. Quando os
espanhis chegaram ao continente, observaram ainda o emprego de uma
escrita fontica rudimentar que recorria a imagens de objetos para representar
certas slabas. Os livros tinham grande importncia para os astecas.
Confeccionados com material obtido da pele de cervo ou de fibras vegetais,
muito deles eram ornados com ricas iluminuras. Nas cidades, haviam
bibliotecas cujo acervo inclua obras de temas religiosos, histricos, de
adivinhao e de interpretao de sonhos. Quase todos os livros, porm, foram
destrudos durante a conquista espanhola.
Bons teceles, os astecas produziam panos de algodo e de fibra
agave. A pele de coelho era usada na confeco de cobertores e mantas de
inverno. Os homens vestiam-se com tangas e capas; as mulheres usavam
camisas cumpridas e saias. A qualidade da roupa e dos ornamentos com que
os astecas se enfeitavam era determinada pela posio social. Em geral, os
homens andavam descalos e apenas os funcionrios mais graduados usavam
sandlias de fibra ou de couro. Os astecas costumavam preencher as horas de
lazer participando de jogos. Um deles, o Tlachtli, era disputado por duas
equipes e tinha uma regra rgida: a bola s podia ser tocada com os joelhos ou
com os quadris. Outros passatempos cultivados eram a caa, os cantos, as
danas, as declamaes de poemas. Nas casas dos mais ricos, encenavam-se
tambm espetculos de acrobacia.

Alm do milho, consumido em forma de massa sobre a qual se aplicava

uma pasta de feijo e pimenta, os astecas alimentavam-se de abbora, batata
e inhame. Faziam uso do tabaco sob a forma de charuto ou cachimbo e, em
certas ocasies, ingeriam o octli, um lquido fermentado base de suco de
agave. Tambm cultivavam o cacaueiro, de cujos frutos extraam uma bebida
chamada xocoatl, que daria origem ao chocolate como conhecemos hoje.
Assim como ocorria na sociedade maia, entre os astecas o uso de sementes
de cacau como moeda era relativamente comum.
Como viviam os astecas:
Como os demais povos pr-colombianos, os astecas tambm eram
politestas. Seus deuses principais consistiam em fora da natureza,
geralmente identificadas com os astros. A divindade maior, inspirada no Sol,
era Hutzilopochtili, deus da guerra e deus-guia. Em sua homenagem os
astecas construram a principal pirmide de Tenochtitln, e em sua honra
faziam numerosos sacrifcios humanos. A segunda em importncia era a deusa
Texcatlipoca. Protetora dos guerreiros e dos escravos acreditava-se que ela
inspirava os eleitores do grande conselho na escolha do soberano e castigava
ou perdoava as faltas. Outros deuses cultuados eram Tlaloc, divindade da gua
e da chuva, e o misterioso Quetzalcoatl, deus do vento, a quem se atribua a
inveno da escrita, do calendrio e das artes.
Alm de suas prprias divindades, os astecas adotavam tambm as de
povos dominados. Os astecas acreditavam no mito de que, sem o sangue
humano (a gua preciosa) oferecido ao Sol, a engrenagem do mundo deixaria
de funcionar. Por isso, procuravam manter um estoque de prisioneiros
destinados aos sacrifcios. Essa era uma de suas justificativas para a guerra.
Eles achavam que, depois de morto, o sacrificado ia morar no cu, nas vastas
salas da casa do Sol, para onde tambm eram conduzidos os guerreiros
mortos em combates. Tambm foi a crena na volta de certos deuses que fez
com que os astecas vissem sem desconfiana a chegada dos espanhis, um
povo que, recebido com cordialidade, acabaria destruindo o seu imprio.

AS SOCIEDADES DA MESOAMRICA

Srie

Data

Situao de aprendizagem 21 Histria - Prof. Elicio Lima

NOME:
PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1

1. Por meio das pinturas, das inscries em cermicas, da escrita

hieroglfica e dos livros deixado pelos maias, sabe-se que eles
constituram uma sociedade bastante complexa. Elabore um texto sobre o
desenvolvimento cultural e econmico desse povo.

2. Um dos traos mais marcantes do povo maia foi a sua organizao

poltica. Caracterize essa organizao e compare-a com o que acontecia
entre os astecas.

3. Os astecas passaram para a histria como um povo essencialmente

guerreiro. Destaque as principais razes do frequente envolvimento
dessa sociedade em conflitos na regio.

4. Entre os maias havia uma hierarquia social extremamente rgida. E

como caracterizava a sociedade asteca?

5. Os astecas eram politestas e praticavam sacrifcios com finalidade

religiosa. Explique como aconteciam os sacrifcios e que funo tinham
para a vida religiosa desse povo.

Material elaborado pelo Prof. Elicio Lima para sistematizar situaes de ensino-aprendizagem na sala de aula. A intertextualidade
desse trabalho se estabelece no dialogo entre as obras: Histria: Volume nico: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. So Paulo: tica,
2005. Histria global volume nico: Gilberto Cotrim. 8. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. Histria Sociedade & Cidadania: Alfredo
Boulos Jnor. 1 ed. So Paulo: FTD 2013. Material referenciado pelos Parmetros curriculares Nacionais e proposta curricular do
Estado de So Paulo (Feitas algumas adaptaes e grifos para facilidade o processo didtico ensino aprendizagem - 2015).
Sequencia didtica. Quarto Bimestre - Primeiro ano do Ensino Mdio.