Solano Portela - Pena de Morte
Solano Portela - Pena de Morte
Solano Portela - Pena de Morte
O que absolve o mpio, e o que condena o justo, so ambos abominveis ao Senhor. Provrbios 17.15
Introduo
A pena capital, ou pena de morte, um assunto atual. A sua validade tem sido discutida em todos os
setores da sociedade. medida em que aumenta a incidncia dos crimes violentos observamos muitos
movimentando-se para que a pena capital seja instaurada em nosso sistema judicirio. 1 As revistas
semanais tm trazido reportagens constantes sobre a violncia, relatando uma presso cada vez maior das
pessoas para a aplicao de punies mais severas. Uma dessas reportagens fala sobre a insegurana
assustadora e relata: Assassinatos brutais, estupradores frios e estatsticas assombrosas transformam a
violncia no maior temor do brasileiro. Indicando que o nmero de assassinatos ocorrentes em nossa
sociedade so de uma guerra civil, a reportagem mostra que o crescimento nos ltimos 7 anos (97%)
espantoso. Atualmente, mais de 50.000 pessoas so assassinadas por ano em nosso pas. uma
estatstica demonaca, diz a revista. 2 Outra publicao, relata a reinstalao da pena de morte nos
Estados Unidos, em 1976, indicando as discusses e estatsticas conflitantes existentes em relao
questo.3 J um ensaio publicado na revista Veja, faz troa com os que oram e lem as Escrituras todos os
dias e tm Jesus sempre no corao, mas favorecem a pena de morte. 4
Os evanglicos esto perplexos e divididos. Sabem que a violncia tem razes no pecado. Reconhecem
a necessidade de que algo deve ser feito. Observam a lentido e falta de resposta adequada da justia e o
seu afastamento dos princpios bblicos. Por outro lado, verificam que muitos sentimentos dos que so a
favor da pena de morte, na sociedade secular, so incompatveis com a postura do cristo. Avaliam que
no existe verdadeira sede de justia, mas um desejo baixo de vingana, ou de causar um mal maior ao
criminoso do que o que foi feito vtima. Outros, esto conscientes de suas obrigaes na pregao do
evangelho da vida, mas no separam as extensas responsabilidades do governo, perante Deus, das nossas
obrigaes individuais. Confundem a misso pessoal dos cristos (de ir e pregar) com as atividades do
governo (reconhecer os que praticam o bem e punir os que praticam o mal Rm 13). Passam, portanto, a
defender, para as instituies, determinaes bblicas que foram prescritas para as pessoas, para o
indivduo, no para os governos e governantes. Via de regra, extraem desse dilema um entendimento que
no coerente com os princpios de justia estabelecidos por Deus para as naes, nem com o apreo e
seriedade que as Escrituras do vida humana. Assim fazendo, alinham-se, em sua grande maioria, com
os oponentes da pena capital.
Revista Isto, Pela pena de morte, por Madi Rodrigues (No. 1494 20 de maio de 1998). O texto da
reportagem est disponvel no endereo: www.zaz.com.br/istoe/vermelha/149402.chtm.
2
Revista poca, Insegurana Assustadora (No. 52 17 de maio de 1999). O texto da reportagem est
tambm disponvel no endereo: www.epoca.com.br/edic/ed170599/brasil1.htm.
3
Revista Isto, Execuo, uma Polmica Mundial, por Ktia Mello (No. 1567 13 de outubro de 1999).
O texto da reportagem est disponvel no endereo: www.zaz.com.br/istoe/brasileiros/1999/10/09/001.htm.
4
Revista Veja, E Depois Terceiro Mundo Somos Ns?, por Roberto Pompeu de Toledo (No. 1637 23 de
fevereiro de 2000) 158.
frontalmente contra a pena de morte. Conclamava, ele, o povo, os deputados 5 e a nao pena de Vida,
para que a sociedade brasileira no precisasse cogitar executar os seus filhos.
Algumas das reprodues desse documento trazem a citao de Joo 10.10 Eu vim para que tenham
vida e a tenham em abundncia, 6 mas o manifesto em si, silente com relao a qualquer
fundamentao de seus argumentos na Palavra de Deus. As razes do manifesto contra a pena de
morte, so: (1) A pena j existiu e foi abolida no Brasil, em 1855, em funo de erros judicirios; (2) A
pena de morte no resolve a causa da violncia; (3) Existem muitas desigualdades sociais no Brasil e
muitos privilgios que promovem injustia; (4) Nossa sociedade tem muitos males prprios; (5) Os
evanglicos devem insistir na esperana, no perdo, na restaurao da vida; (6) Uma viso positiva da
sociedade, sem injustia e desigualdades sociais e com um sistema penitencirio reformulado far com
que ela no tenha que executar seus filhos. No final do manifesto, aqueles que forem a favor da pena
capital so rotulados de os que decidem sobre a morte, enquanto que os que so contrrios, como a
AEvB, so os que se mobilizam pela vida.
Se a persuaso tica e teolgica do povo de Deus fosse formada atravs da dialtica e sntese de
posies contraditrias; se ela fosse um mero reflexo da posio da maioria ou de organizaes de peso,
como a OAB7 ; ou se fosse meramente baseada em trocadilhos inteligentes; 8 no precisaramos dar
mais um passo. A questo j estaria resolvida com o manifesto deveramos todos fazer oposio
fechada contra a pena capital. Ocorre que os cristos necessitam alicerar suas convices na Palavra de
Deus. No pode ser a voz corrente da sociedade que vem ditar o nosso testemunho, nem o fazer coro
com uma viso humanista da vida que determina o que devemos ou no acreditar.
Em 1996, aps realizar algumas palestras sobre a pena capital, fui procurado por uma jornalista da
Revista Vinde, que iria publicar um artigo sobre o tema. Durante a entrevista, pela conduo das
perguntas, ficou clara a sua persuaso contra a pena de morte. Insensvel aos argumentos bblicos que eu
apresentava, ela retrucava: ...a maioria dos pases est deixando a aplicao da pena de morte... Por
mais veraz que seja a constatao ela no suficiente para estabelecer novos padres de justia, nem para
firmar uma posio evanglica sobre a questo. Certamente a maioria dos pases no abandona a pena de
morte por estar abraando a lei maior do amor, no sentido bblico. Constatamos, tambm que a maioria
dos pases abriga a pornografia, aceita cada vez mais o divrcio e a dissoluo familiar como normal, o
casamento entre homossexuais, e por a vai. Nada disso significa que estas coisas sejam certas em si
elas foram erradas e continuam erradas. Os evanglicos no podem firmar suas posies ticas com base
nessas argumentaes.
A reportagem realmente refletiu as pressuposies da reprter e da linha editorial da revista. Sob o
ttulo A pena de morte no Banco dos Rus, trazia o subttulo: Discusso sobre a adoo da sentena
capital divide opinies at entre os crentes.9 Ela traz exemplos de criminosos convertidos e declaraes e
argumentos no bblicos, ou falaciosos, de vrias personalidades, tais como: Antnio Carlos Berenhauser,
presidente da Comisso dos Direitos Humanos do Rio de Janeiro (... a pena de morte seria um
retrocesso... ela no faz justia); do pastor Martinho Monteiro, da Assemblia de Deus (... o criminoso
deve pagar sendo til sociedade doando rgos... a pena de morte uma maneira muito rpida de se
resolver um problema); da pastora Regina Clia, da Comunidade evanglica Agpe (... s Deus o
Senhor da vida e da morte...); do deputado federal, lder da bancada evanglica, Salatiel Carvalho (... a
vida pertence a Deus e s ele pode tom-la... a sentena capital no ajudaria a diminuir os ndices de
criminalidade e nos pases onde ela existe, no ocorreu a reduo esperada); do diretor da Anistia
Internacional no Brasil, Carlos Idoeta (... o homicdio estatal... desvaloriza a vida). So citadas apenas
duas vozes a favor da pena de morte, no campo evanglico, e o comentrio, com relao s citaes
favor: ... h quem discorde deles. Estatsticas que pretendem demonstrar que a maioria dos pases
5
Na ocasio, o seu presidente era o Rev. Caio Fbio Filho. O manifesto tem a co-autoria de Rubem
Martins Amorese, na poca, secretrio de tica da AEvB. O documento foi apresentado no plenrio da
Cmara dos Deputados e, posteriormente reproduzido, tanto em jornais, como por vrias igrejas.
6
A relao que se pretende fazer do verso (Jo 10.10) com o manifesto est, obviamente, fora do contexto
no qual Jesus o pronunciou. Jesus est ensinando, no incio do verso, exatamente a salvao da violncia e
do pecado (O ladro vem somente para roubar, matar e destruir ... enquanto que, na contrastante parte
final do verso, ELE vem para que tenhamos vida). Ele no est ensinando o livramento da justia e de suas
penalidades, para quem comete os crimes da roubar, matar e destruir, no seio da sociedade.
7
A Ordem dos Advogados do Brasil tem emitido repetidos pronunciamentos contra a pena de morte.
Curiosamente, o documento atribui a seguinte citao OAB: de que adiantam leis se no h justia?.
8
pena de vida, contra pena de morte uma colocao que retrata Deus como um ser cruel, pela morte,
em vez de pela vida, uma vez que inegavelmente ele instituiu a pena capital no antigo testamento.
9
Danielle Franco, A Pena de Morte no Banco dos Rus, na Revista Vinde, Novembro de 1996, 98-101.
rejeita a pena de morte, e alguns nmeros, meio duvidosos, relatando uma enormidade de execues de
inocentes, nos Estados Unidos, completam o quadro apresentado pela reportagem, refletindo o
posicionamento evanglico, contrrio pena capital.
No obstante um eventual consenso da maioria, muito mais importante do que o que a voz corrente
do povo est propagando, irmos at a Palavra e verificarmos quais os padres de Deus que nos so
ensinados e como aplic-los aos nossos dias. No podemos superar a sabedoria e determinaes de Deus.
O que requerido de ns que nos acheguemos aos seus preceitos, com contrio, humildade e
predisposio de aceit-los, mesmo que estejam contra nossas convices anteriores. Ele sabe o que
melhor para ns e, em seu tempo determinado, nos dar toda paz de esprito e confiana em seus
caminhos.
A grande pergunta , portanto, o que diz a Bblia sobre este tema? Qual deve ser a posio do servo
de Deus, perante este assunto? Gostaramos de que o leitor caminhasse conosco, em orao, nessa estrada
do exame desapaixonado de pontos essenciais contidos na palavra de Deus, sobre assunto to
controvertido, mas to contemporneo e importante. Podemos comear o nossa jornada fazendo uma
ligeira verificao do que a Bblia tem a dizer sobre crimes e punies.
O manifesto da AevB, anteriormente citado, diz que com a pena de morte ...no so eliminadas as
causas da violncia.... Verdadeiramente, a causa primria da violncia o pecado no homem. Esse no
eliminado pela pena de morte. Mas a causa de violncias corrigida com a pena de morte. O assassino
contumaz, se eliminado da sociedade, no poder mais assassinar e gerar mais violncia contra inocentes.
para todas as situaes temporais prescritas na Lei Mosaica (como, por exemplo, pela quebra do sbado),
pois destinavam-se a uma nao especfica, dentro de especficas circunstncias, e com propsitos
definidos, da parte de Deus.
Muitos dos princpios encontrados, naquela sociedade agrria, entretanto, so eternos e vlidos at
os dias de hoje e merecedores do nosso exame e estudo. A rapidez das sentenas; as penas pecunirias e
o peso econmico sofrido pelos infratores, em benefcio das vtimas; a viso clara de quem vtima e de
quem infrator, sem cometer a inverso de valores de considerar os criminosos vtimas do sistema; o
apreo pela vida humana, acima de qualquer outra perda; o cuidado todo especial pela preservao de
uma sociedade na qual liberdade tambm significasse ausncia de violncias e de ameaas trazidas por
indivduos incorrigveis; o chamado constante ao bom senso e preservao da lei e da ordem, no
apenas com meras palavras, mas com duras penas contra os malfeitores; a nfase, respaldada igualmente
em penas severas, no respeito aos ancios e s autoridades; so alguns desses princpios que deveriam
estar presentes em qualquer sociedade. Juristas cristos muito poderiam contribuir para um
aprofundamento deste tema, penetrando a fundo na regulamentao da sociedade veto-testamentria e
procurando uma adequao desses princpios s nossas condies.
A questo de crimes, punies e determinaes divinas est alicerada no tema maior da Lei de
Deus. Mas o que realmente significa este termo. O que a Bblia tem a nos dizer sobre os seus diferentes
aspectos? Seria difcil prosseguir em nossa caminhada, se no fizermos uma explorao, neste estgio, do
significado da Lei de Deus, e da sua relevncia aos nossos dias:
A Lei de Deus
O que a Lei de Deus?
Deus proferiu e revelou diversas determinaes e deveres para o homem, em diferente pocas na
histria da humanidade. Sua vontade para o homem, constitui a sua Lei e ela representa o que de
melhor para os seus. Quando estudamos a Lei de Deus, mais detalhadamente, devemos, entretanto,
discernir os diversos aspectos, apresentados na Bblia, desta lei. Muitos mal-entendidos e doutrinas
erradas podem ser evitadas, se possuirmos a viso bblica do assunto.
Nossa convico a de que podemos dividir a Lei de Deus em trs aspectos:
vlida, porem erram em confundi-la e em mistura-la com as duas outras, prescrevendo uma aplicao
confusa e desconexa.
O seguinte grfico nos auxilia na visualizao da aplicabilidade das Leis de Deus, ao perodo atual
em que vivemos:
LEI
Validade
Lei Civil ou
Judicial
Lei Religiosa ou
Cerimonial
Lei Moral
(Resumida nos
10 Mandam.)
Intensidade da
Validade
HISTRICA
TOTAL
DIDTICA
BASTANTE
REVELADORA
ALGUMA
NORMATIVA
NENHUMA
desprezam a lei de Deus, negam a sua validade e colocam a interpretao subjetiva de cada um acima das
determinaes objetivas reveladas por Deus, na Bblia. Quando os reformadores defenderam a expresso
Sola Scriptura somente as escrituras, estavam reafirmando exatamente isso, que devemos sempre nos
prender objetiva revelao de Deus em sua palavra, e no nas especulaes ou tradies dos homens.
Quando examinamos a lei de Deus sob esses aspectos, muitas perguntas so pertinentes e devem ser
individualmente respondidas. Ser que temos a percepo correta de nossas obrigaes para com Deus e
para com o nosso prximo? Ser que prezamos adequadamente a lei de Deus? Ser que estamos
utilizando o fato de estarmos sob a graa como desculpas para desprezarmos a lei de Deus?
Vemos, tambm, que qualquer tentativa de descartar as consideraes bblicas e um estudo mais
profundo da pena de morte, com a alegao Ah, esta foi uma determinao para o tempo da lei, e ns
estamos agora sob a graa..., constitui-se em uma afirmao precipitada e sem significado, pois no leva
em considerao os diversos aspectos e nuanas da Lei de Deus.
As Tbuas da Lei
Na ddiva das Tbuas da Lei, ou seja nos Dez Mandamentos (Ex. 20.1-13), Deus resumiu a sua
Lei Moral apresentando-a formalmente, e registrando-a, sucinta e objetivamente, para o benefcio do seu
povo.
interessante atentar para o contexto histrico da ocasio. Foi a primeira vez que Deus falou
coletivamente ao Seu Povo. Existiram inmeras preparaes necessrias para ouvi-lo, relatadas a partir
do captulo 19. O temor do povo perante a santidade de Deus era impressionante! Aps ouvi-lo
inicialmente, o povo suplicou a Moiss que intermediasse este contato com Deus, tamanho era o temor. O
incidente da ddiva da ei, e os acontecimentos que se seguiram, evidenciam a fragilidade do Povo de
Deus e do homem, em geral. Aps tal demonstrao de poder e santidade, logo se esqueceram de suas
obrigaes e, demonstrando ingratido, caram em idolatria. Isto mostra o desprezo do ser humano,
cado, pela lei.
Os Dez Mandamentos estabelecem obrigaes e limites para o homem. O seu estudo aprofundado
mostra a sabedoria infinita de Deus, bem assim como a harmonia reinante em Sua Palavra. Revela
tambm nossa insignificncia perante Ele, nossa dependncia e necessidade de redeno, em virtude do
nosso pecado. Todas as pessoas pecaram em Ado e desde ento somos incapazes de cumprir a lei de
Deus.
Os Dez Mandamentos reforam nossas obrigaes para com os nossos semelhantes, em todos os
sentidos. Entre estas obrigaes, est a de preservarmos a vida desses. Inferimos, tambm, que as
sanes divinas, sobre a quebra destes mandamentos, carregam o peso e a importncia anteriormente
ordenadas por Deus.
Com efeito, Jesus Cristo demonstra sua afirmao de que no veio para anular, ou abolir, a Lei, mas
sim para cumpri-la, em outro incidente. Referimo-nos ao encontro com o Jovem Rico, registrado em
Mateus 19.16-26 e em Marcos 10.17-22. Note o desenvolvimento do que ocorreu, naquela ocasio:
a. O jovem apresentou-se como tendo cumprido todos os mandamentos, mas mesmo assim inquiria
como alcanar a vida eterna.
b. Jesus comeou perguntando sobre os ltimos 6 mandamentos, um a um... (nossas obrigaes
para com os nossos semelhantes).
c. Ele respondeu que tudo aquilo havia cumprido.
d. Jesus, entretanto, no chegou a enunciar o ltimo mandamento (No cobiars...).
e. Em vez disso colocou um teste prtico sobre a cobia, mandando que ele vendesse tudo o que
tinha e distribusse com os pobres.
f. Nesse momento ele evidenciou a cobia existente no seu corao e retirou-se triste, mostrando que
no cumprira nem o primeiro mandamento, pois amava algo, mais do que a Deus.
g. Note que Jesus, nunca aventou a possibilidade de que aquelas obrigaes eram hipotticas ou
superadas pela nova dispensao, ou de que o Jovem Rico no estava mais sob a Lei Moral de Deus,
mas sob a Graa. Em vez disso, Cristo derrotou o argumento dentro da prpria obrigao que o jovem
possua, de cumprir a lei, demonstrando que sua alegao de cumprimento era falsa.
Consideramos, desta forma, a Lei Moral de Deus vlida para nossa poca. A santidade da vida do
homem, criado imagem e semelhana de Deus, contida nesta Lei, ainda subsiste. Subsistem,
consequentemente, as sanes retirada desta vida, ou seja a aplicao da pena de morte no foi
revogada, como estamos ainda a demonstrar.
Como vimos anteriormente, a Bblia diz que o homem foi criado imagem e semelhana de Deus,
sendo esta uma das principais razes por que sua vida deve ser respeitada (Gen 9.6). Hoje em dia,
observamos cada vez mais uma vulgarizao da vida, com o aumento gradativo da criminalidade e da
impunidade que assola a nossa sociedade.
impetuosidade de alimentao, em cair sobre o homem, o que ser de um homem que, injusta e
cruelmente, contrariando o sentido da natureza, ataca um de seus irmos? 12
2. A Confisso de F de Westminster (1643-1649):
Aqueles que abraam os ideais da reforma e a interpretao calvinista das Sagradas Escrituras, na
crena de que ela faz justia Revelao de Deus para o ser humano, e de que representa uma das
melhores formas de sistematizao das verdades bblicas, freqentemente esquecem de consultar as
confisses de f do perodo e de suas denominaes, sobre estes temas polmicos e atuais. Tome-se o
caso da Confisso de F de Westminster, por exemplo. Ela no silencia quanto ao assunto da pena de
morte. Na realidade, ela bastante especfica. No podemos simplesmente descartar o assunto como
sendo apenas um reflexo histrico da Igreja. O que temos na Confisso de F, com efeito, o reflexo
do que os telogos, que a formularam, acreditavam expressar da forma mais exata possvel os
ensinamentos da Palavra de Deus. Muitas vezes, as convices bblicas registradas na Confisso de F
de Westminster, foram corajosamente colocadas em contradio ao contexto histrico em que estavam
vivendo aqueles servos de Deus.
No captulo XXIII da Confisso de F, intitulado Do Magistrado Civil, encontramos a referncia
ao governo civil, e de que Deus os ...armou com o poder da espada para atuao em quatro reas:
a. para defesa dos bons
b. para incentivo dos bons,
c. para castigo dos malfeitores
d. para fazer licitamente a guerra, havendo ocasies justas e necessrias.
Da mesma forma que a execuo de uma guerra implica em mortes, bvio que a utilizao da
espada, no castigo dos malfeitores, implica na pena de morte, dentro dos limites de utilizao e de
autoridade delegada e traada por Deus.
3. O Catecismo Maior (Perguntas 135 e 136)
O Catecismo Maior uma extenso da Confisso de F e nos ajuda em sua interpretao. Ele foi
formado com a finalidade didtica de ensinar as doutrinas expostas na Confisso de F, seguindo
aproximadamente o mesmo roteiro e desenvolvimento. Nas perguntas N 135 e 136, e suas respectivas
respostas, encontramos afirmaes que no deixam margens a dvidas, que aqueles telogos
consideravam a pena de morte bblica e aplicvel. Estavam isentos e imunes dos argumentos humanistas
que posteriormente viriam a permear as convices ticas, prticas e teolgicas do mundo evanglico.
Ali lemos:
Pergunta 135--Quais so os deveres exigidos no sexto mandamento?
Resposta: ...todo o cuidado e todos os esforos para preservar a nossa vida e a de outros.
Pergunta 136--Quais so os pecados proibidos no sexto mandamento?
Resposta: ...o tirar a nossa vida ou a de outrem, exceto:
a. no caso da justia pblica,
b. no caso de guerra legtima,
c. no caso de defesa necessria.
Sem sombra de dvida, temos que reconhecer que a Confisso de F de Westminster considera a
Justia Pblica, como sendo a legtima aplicadora da pena capital, pelos padres bblicos de justia,
visando a santidade e a preservao, em ltima anlise, da vida dos cidados.
tentar assumir ou substituir poderes e responsabilidades que pertencem aos governos. Assim ele nos
chama, como indivduos a amar os nossos inimigos e voltar a outra face. No contexto global do Novo
Testamento, entretanto, ele refora a autoridade dos governos como promotores da lei e da ordem, dos
princpios de justia, entre os quais se encontram a correta aplicao da pena capital.
Em muitos casos, Jesus amplia as prescries e o significado das determinaes da lei moral do Velho
Testamento, mas no as revoga. No Novo Testamento encontramos no a abolio da Lei Religiosa, mas
sim a sua complementao e trmino de sua finalidade em Cristo. Encontramos no a revogao da Lei
Civil de Israel, mas sim o registro de uma nao fragmentada, sob o domnio de outra nao e de outras
leis, e a determinao proftica da dissoluo desta mesma nao. Quanto Lei Moral, encontramos na
realidade, afirmaes de apoio e exortao da parte de Jesus, e nos demais livros, para o seu
cumprimento e manuteno, como expresso maior do nosso amor para com Deus (...se me amardes,
guardareis os meus mandamentos...).
No caso especfico da pena de morte, temos alguns registros, onde o assunto mencionado, no
havendo indicao de que os pontos bsicos de justia divina tivessem agora sido modificados, para a
nossa era. Vamos ver alguns destes trechos:
1. Mateus 26.52Jesus disse: ...todos os que lanarem mo da espada, pela espada morrero.
Essa afirmao parece ser um reconhecimento tcito da legitimidade de aplicao da pena capital, como
justa punio aos que vivem pela violncia e desrespeito vida.
2. Joo 19.11...nenhum poder terias contra mim, se de cima te no fosse dado... Jesus
reconhece que o poder de Pilatos de tirar a vida, vem do alto. Ele no contesta este poder, mas o
considera legitimo, ainda que aplicado ilegitimamente, no caso de Jesus, e possivelmente fora da
proporo dos parmetros bblicos, no caso de outras execues.
3. Atos 25.11Paulo, na sua defesa perante Festo, disse: Se eu cometi algum erro e fiz qualquer
coisa digna de morte, no recuso morrer. Verifique que:
a. Paulo reconhece que existiam crimes dignos de morte.
b. Paulo informa que no ofereceria resistncia ao recebimento da pena de morte.
c. Paulo, implicitamente, reconhece que alguma autoridade possua o direito de condenar
algum morte. 13
4. Romanos 1.32...que so dignos de morte, os que tais coisas praticam... Paulo reconhece que
existem pessoas dignas de morte dependendo dos atos praticados.
5. Romanos 13.1 e versculos seguintesO conhecido trecho, que especifica as obrigaes do
governo, j tratado na abordagem dada pela Confisso de F, coloca claramente a espada nas mos do
Governo, como instrumento legtimo de punio. A colocao da espada nas mos do governo para uma
bvia finalidade, que dispensa mais explicaes,
6. 1 Pedro 2.13-14: ...sujeitai-vos toda ordenao humana... Os governos recebem a autoridade
das mos de Deus. Devemos clamar contra as injustias, mas no recebemos sano para considera-los
ilegtimos aplicadores da justia, por mais distanciados que estejam de Deus. No recebemos sano, de
igual modo, para desobedec-los, mesmo quando so injustos ( ...sujeitai-vos no somente aos bons e
humanos, mas tambm aos maus...1 Pedro 2:18), a no ser quando nos impelem a que
desobedeamos s prprias determinaes de Deus. Neste caso, devemos agir e responder como o
prprio Pedro em Atos 5:29: Mais importa obedecer a Deus, do que aos homens.
7. Apocalipse 13.10--Se algum matar espada, necessrio que espada seja morto. Em
harmonia com a afirmao de Cristo, em Mateus 26:52, numa inferncia de que o princpio de justia da
retribuio, continua vlido no Novo Testamento.
Semelhantemente ao verificado no Velho Testamento, as determinaes eternas de Deus no
estavam atreladas bondade ou no dos governos temporais. O governo do contexto do Novo
Testamento era bastante injusto, ruim e primitivo, mas mesmo assim a legitimidade dos governos no foi
retirada e nem as responsabilidades de aplicao da justia correta revogada. Seria diferente, em nossos
dias?
Alguns dizem que em duas instncias na Palavra de Deus a pena de morte foi comutada, portanto a
vontade de Deus seria a sua no aplicabilidade. No concordamos com esta concluso. Em primeiro
lugar, esses dois trechos falam da aplicao da pena de morte no por assassinato, como prescreve a sua
instituio, em Gn 9.6, e o seu enraizamento com a lei moral de Deus (quebra do sexto mandamento),
13
John Murray, Principles of Conduct, (Trenton: Presbyterian and Reformed Publishing Co.) 120,121.
mas na situao especfica de adultrio contra o qual a lei civil de Israel aplicava a pena capital.
Vejamos os dois casos:
1. O caso do adultrio de David (2 Samuel 11 e 12). Quando examinamos esse incidente
conclumos que Deus lidou pessoal e especificamente com a questo. A punio a ser aplicada seria,
consequentemente, sua prerrogativa, independentemente de qualquer legislao, diga-se de passagem,
dada pelo prprio Deus, para uma aplicao generalizada. O adultrio de David levou a pecados maiores
ele tornou-se mandante de um assassinato, demonstrando a intensidade da espiral do pecado. Os que
procuram ver nesse incidente apenas a operao do perdo de Deus tero que explicar a questo ainda
mais difcil de perda da vida da criana, do filho de David, que sobreveio a ele, da parte de Deus, como
conseqncia direta do seu pecado.
2. O caso da Mulher adltera (Joo 7:53-8:11). Sem entrar na polmica da contestao textual
da passagem, 14 o que vemos que Jesus chamou para si a administrao da questo,
exercitando suas prerrogativas de perdo, mas, principalmente, ele no permitiu um processo
indevido sem testemunhas. A forma pela qual a turba queria apedrej-la, contrariava os
preceitos da prpria lei mosaica. O encaminhamento que Jesus deu questo, no significa
uma rejeio da pena em si. Em adio a isso, devemos considerar o contexto do incidente.
Temos, mais uma vez os Fariseus, que tentavam pegar Jesus em uma armadilha, jogando-o
contra a lei judaica ou romana. Se ele concordasse com o apedrejamento, quebraria a lei
romana. Se rejeitasse tal punio, quebraria a lei mosaica (Lv. 20.10; Dt. 22.22). A resposta
dada por Jesus sabiamente evitou a armadilha, mandando o que no tivesse pecado jogar a
primeira pedra. Isso no uma abolio da pena de morte. Alm dessas consideraes, temos
que entender que ela uma passagem histrico/descritiva e no prescritiva. Os princpios e
penalidades foram estabelecidos em outros trechos da Palavra de Deus.
Temos tratados vrias objees pena capital, ao longo de nossa exposio, mas duas delas, por
serem muito comuns, merecem um tratamento mais especfico:
1. Objeo: A pena de morte no serve para diminuir a criminalidade.
Resposta: Colocar-se contra, ou a favor da pena de morte por razes utilitrias exatamente o
oposto do que estamos advocando. necessrio que os cristos definam a sua tica pela Palavra de Deus.
Isso no nos impede, lgico, de examinarmos esses argumentos e objees. Vamos pressupor que a pena
de morte no aja como desencorajadora do crime. Isso a torna errada? Os defensores dessa posio, por
acaso acham que as cadeias, esto cumprindo o propsito e servindo de freio criminalidade? Se no,
vamos aboli-las?
Mas vamos supor, agora, que a pena de morte aja como freio criminalidade. Seria esse o fato
preponderante para que a apoissemos? E se chegarmos a concluso que a tortura tambm diminui a
criminalidade, vamos ser a favor da tortura, como forma de regular a sociedade? Obviamente que no. A
diferena, portanto, entre uma posio moral certa ou errada, se ela abrigada e sustentada pelas
determinaes de Deus ao homem. No que a Palavra silencia, seguimos os usos e costumes e outros
princpios que tambm emanam de Deus, sobre os nossos relacionamentos sociais.
Escrevendo sobre esse tema, um autor cristo coloca a questo da seguinte maneira: O ponto focal da
discusso, do ponto de vista do crente, no se a pena de morte serve ou no para diminuio da
criminalidade. Deus no a instituiu apenas para ser um freio com relao aos crimes. Ele a comanda
porque a vida humana sagrada. A vida de Sua propriedade e o poder de tira-la pertence a Ele.
Quando uma pessoa tira a vida de algum ele est assumindo o lugar de Deus... Quando as pessoas se
opem pena de morte com bases humanitrias, esto na realidade minimizando a Deus e Seus
Mandamentos, sujeitando-o ao raciocnio humano. Estes degradam a vida, pois no a consideram to
sagrada quanto Deus a considera. No vem o crime do ponto de vista de Deus. 15
14
Alguns manuscritos mais antigos, considerados melhores (Aleph, A, B, L, N, W), no contm este relato,
mas o contexto (parece esclarecer o discurso do Senhor em Joo 8.12 e versos seguintes), os testemunhos
relacionados com este texto de Eusebius sobre Papias (discpulo de Joo, que aparentemente conhecia o
incidente e falava sobre ele), o de Agostinho (que indica uma possvel remoo do texto, no passado, para
no incentivar o adultrio), e a sua ocorrncia em muitos outros manuscritos tambm antigos (Codex Bez,
nos textos Koin, e nos cursivos), nos levam a considerar este trecho como parte dos manuscritos originais.
15
Trecho de artigo por Norman Olson na revista Confident Living, (July/August 1988) 34.
Agora, ampliando os dados at 1996, veja, no grfico abaixo, a taxa de homicdio nos Estados Unidos
(pessoas assassinadas por milho de habitantes) nos respectivos anos. O efeito igualmente ascendente,
de 1964 at 1980, quando comea a declinar:
A sobreposio do reincio das execues, com a taxa de assassinatos por milho de habitantes,
mostra a correlao entre a aplicao da pena capital a diminuio dos assassinatos, como pode ser visto,
no grfico abaixo:
16
Facts and Figures on the Death penalty, ensaio da Anistia Internacional (30 de junho de 1995), obtvel no
endereo: http://chem.leeds.ac.uk/Amnesty/deathp.html
Taxa de assassinatos
Execues
Dessa forma, procurando uma forma de diminuir a criminalidade, no final da dcada de setenta e na
dcada de oitenta muitos estados americanos recolocaram a pena de morte em sua legislao. A questo
estatstica no deve ser determinante de nossa posio contra ou a favor da pena capital, ou de qualquer
outro posicionamento tico. O crente direcionado por princpios na expectativa e na f de que o Deus,
que os concedeu, sabe que eles funcionam no seu devido tempo. Mas importante notarmos que a pena
de morte tambm foi instituda por Deus como um fator para a diminuio da criminalidade (para que
todo o Israel o veja e o tema..., vide Dt. 21.21; 19.20; Js 7.25; Pv 21.11 e Nm 15.36)
2. Objeo: A pena de morte tira a chance do condenado de aceitar o evangelho.
Resposta: Realmente, esse um argumento que no deveria ser formulado por um crente nas
doutrinas da reforma, relacionadas com a soberania de Deus na salvao, mas, infelizmente, ele
proferido por muitos. Dizer que a pena de morte no pode ser advocada pelo crente, porque o condenado
assim perde a chance de ser atingido pelo evangelho e salvo, uma falcia. Mas, vamos presumir, s
para demonstrar a posio ilgica desta colocao, que as pessoas so alcanadas pelo evangelho por
chance. Dois contra-argumentos circunstanciais, baseados nas mesmas premissas, mostram que a
objeo no se sustenta:
a. Muitos condenados poderiam ser atingidos pelo evangelho exatamente porque so
confrontados com a morte e no vem escapatria...
b. Considerando que muitos dos criminosos, por no serem executados, voltam s ruas para
matar, o que dizer das vtimas inocentes, que morrero sem terem tido a chance de serem
atingidas pelo evangelho, porque aquele criminoso havia-lhes tirado, prematuramente, as vidas?
De quem queremos preservar mais a chance dos criminosos, ou das muitas vtimas reais e
em potencial?
Concluso
A defesa da pena de morte, contra assassinatos, uma atitude coerente com o horror violncia
demonstrado na Palavra de Deus. Deus estabeleceu os princpios da pena capital desde os primrdios da
humanidade, em Gnesis 9.6, entrelaando a sua aplicao preciosidade da vida do homem, que foi
criado imagem e semelhana de Deus. A Bblia contra a impunidade que reina em nossos dias,
contra o desrespeito vida. Esta violncia, que fruto do pecado, e uma prova irrefutvel da
necessidade de regenerao do ser humano sem Deus, no pode ser combatida com a mesma violncia da
parte de indivduos ou grupos, mas sim pelos governos constitudos. A Bblia , portanto, pela lei e pela
ordem, pelo respeito propriedade e vida, pelo tratamento da violncia dentro dos parmetros legais do
governo, pela pena de morte, para que a Sua Palavra seja respeitada e a violncia diminua na terra.
Muitas vezes os homens querem melhorar o que Deus estabeleceu. Querem demonstrar mais justia
do que Deus demonstra. Querem retratar mais amor e sentimentos do que o amor perfeito de Deus revela.
Querem ser mais bondosos e gentis, do que a ocasio requer. No cmputo final, tornam-se injustos e
punem quando no deviam punir, protegem assassinos, que continuaro a ceifar vidas, abrigam um
sistema falido e corrupto que coloca nas ruas com extrema facilidade os que j no deveriam ter lugar na
sociedade. Profanam o nome e a justia divina, Refletem o que est escrito em Ez 13.19: "Vs me
profanastes entre o meu povo, por punhados de cevada, e por pedaos de po, para matardes as almas
que no haviam de morrer, e preservardes com vida as almas que no haviam de viver, mentindo assim
ao meu povo que escuta mentiras.
Resumindo, a nossa razo principal para ser a favor da pena de morte, uma simples questo de ficar
firme e inabalvel junto aos padres de justia de Deus. Sabemos que uma grande maioria pode
considerar essa posio ultrapassada, mas nem tudo que o homem considera progresso tem respaldo ou
vai ao encontro da Palavra de Deus. Na maioria das vezes, o homem pecador e a sua civilizao progride
na sofisticao de realizao do pecado, no afastamento dos preceitos de Deus. Supostamente, estamos
cada dia mais respeitando as pessoas e os seus direitos. Na realidade, quando nos afastamos
progressivamente de Deus e de seus preceitos, estamos mesmo desrespeitando os princpios bsicos da
lei de Deus estabelecidos para que possamos ter uma vida com estabilidade e no com convulso social.
Nesse sentido, Paulo, admoesta Timteo para que interceda pelas autoridades, em 1 Tm 2.2, dizendo que
ele deve orar pelos governantes ...e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida
[tranqila] e sossegada, em toda a piedade e honestidade.
Deus d tanta importncia vida humana, formada Sua imagem e semelhana, que aquele que
mata o seu semelhante perde o direito sua vida, e a aplicao dessa penalizao foi dada aos governos
dos homens (no a grupos de vigilantes, justiceiros ou arruaceiros). A pena de morte foi instituda no
por indiferena vida humana, mas exatamente por respeito ela. Como cristos temos que admitir que
Deus tem mais sabedoria que o homem de estabelecer a sua forma de justia retributiva e de colocar
bloqueios quebra de sua Lei, de tal forma que as pessoas venham a temer a injustia e procurem a
harmonia e respeito com os seus semelhantes. Se as pessoas no fugirem da prtica do crime por
convico dos deveres para com Deus, pelo menos, existindo a aplicao coerente de Sua lei, devero
evitar a senda do crime por apreenso quanto s conseqncias da prtica do mal.
No podemos confundir nossa misso individual como cristos (de ir e pregar) com as atividades do
governo (reconhecer aquele que pratica o bem e punir o que pratica o mal - Rm 13). Ambos estamos
debaixo do mesmo Deus, cada um em sua esfera de atuao. Devemos ter tambm a compreenso de que
muitos evanglicos que, s vezes inconscientemente, defendem posies humanistas contrrias aos
padres de justia estabelecidos na Palavra, como o caso do manifesto apresentado no incio desta
exposio, se amoldam viso distorcida da sociedade sem Deus. Nesse sentido, confundem o descrente,
em vez de esclarec-lo. Estamos, a cada dia, deixando a singularidade de nossa posio bblica, numa
busca desenfreada por aceitao e respeitabilidade.
Reconhecemos que muitos so a favor da pena de morte pelas razes mais estranhas possveis,
vrias delas contrrias Palavra de Deus e ao esprito cristo que deve nos nortear. Por outro lado,
muitas pessoas so contra ela tambm sem qualquer considerao aos padres de Deus. Quantas vezes
no temos ouvido, em entrevistas, pessoas dizendo: A morte pouco, para esse criminoso..., ou ...eu
quero que ele seja colocado em uma cela cheia de marginais para ser tratado pelos demais como ele
tratou a vtima. Em ambos os casos, a motivao no sde de justia, mas vingana pura, sadismo
recolhido, falta de sabedoria, ou rancor por ter sofrido de alguma forma nas mos de algumou seja,
muitos so contra porque acham que a pena capital no ruim o suficiente para a ruindade das pessoas
(querem exceder a justia de Deus). Tambm por essa razo, ns evanglicos, devemos ponderar muito
antes de nos alinharmos com os movimentos defensores da pena capital, pois no queremos que as
argumentaes deles, via de regra sem qualquer considerao aos padres de Deus, sejam colocadas em
nossa boca. Entretanto, nossa posio, como cristos, deveria ser plenamente a favor da pena capital,
forados pelas evidncias bblicas que acabamos de verificar. Devemos ter a convico de que, com a sua
implantao e aplicao dentro dos parmetros das Escrituras, a justia em nossa terra seria menos
adulterada e subvertida e a insegurana seria reduzida. Pela graa de Deus, e somente por ela, com as leis
do nosso pas estruturadas em uma harmonia maior com os padres de justia de Deus, em vez de
observarmos a atual situao de amoralidade e desrespeito total vida humana em que nos encontramos,
poderamos, como sociedade e pas, viver em mais segurana e respeito real s pessoas, criadas imagem
e semelhana de Deus.