Apostilha de Leitura e Producao Textual Miolo
Apostilha de Leitura e Producao Textual Miolo
Apostilha de Leitura e Producao Textual Miolo
PRODUO
DE TEXTOS
Vera Bahiense
Te r e s i n a / P I j a n e i r o d e 2 0 1 2
L EITURA
P RODUO T EXTUAL
L EITURA
P RODUO T EXTUAL
APRESENTAO
Prezado aluno,
A Faculdade Integrada do Brasil FAIBRA nasce, no incio da dcada de 2000, com a misso de
integrar o Brasil na formao de professores para a Educao Bsica. O cenrio, quela poca, era
desesperador: milhares de pessoas atuando na Educao Bsica sem a formao superior exigida por
lei, no contexto da Dcada da Educao, objetivo maior do Governo Federal poca, preconizada
pela LDB, na sua promulgao, em 1996.
Passada a dcada de 2000-2010, tais objetivos no foram atingidos. A Dcada da Educao foi
prorrogada, o Brasil conta hoje, segundo dados do INEP, de 2010, 623.825 professores sem formao
superior, ou com formao diferente da rea que atuam, atuando na Educao Bsica.
Na Regio Norte, este nmero de 74.821 mil docentes, no Nordeste, 295.345 mil. Metade deles,
com toda a certeza, atuam na rea da Pedagogia.
A partir de uma viso educacional contempornea, empreendedora, que alia princpios tericos
fundantes da Pedagogia, a observao extrema da legalidade da educao superior e bsica, a um
processo de gesto educacional dinmico e criativo, baseado na responsabilidade e na incluso
social, a FAIBRA d incio a um processo que tem possibilitado a um grande nmero de professores
em exerccio na educao bsica, o aperfeioamento e a concluso de estudos na rea da Pedagogia.
O Programa de Educao Continuada PROEC, que oferece cursos ao nvel do aperfeioamento
e da ps-graduao, utiliza, experimentalmente ao nvel do aperfeioamento, mtodo de ensino
semi-presencial.
Para seus processos de ensino-aprendizagem, ao nvel da graduao, da ps-graduao e do
aperfeioamento, a FAIBRA produz este material que voc tem em mos. Ele fruto do trabalho
da equipe que coordena o Ncleo de Educao Distncia NEAD/FAIBRA e que visa dar
qualidade e mobilidade aos cursos oferecidos nos diferentes nveis de ensino e que j so base para
o Credenciamento da FAIBRA no MEC, para a Educao Distncia, assim que o processo seja
totalmente homologado internamente.
A FAIBRA, nunca demais ressaltar, tem a responsabilidade e executa todo o seu processo de
ensino aprendizagem, mesmo que este aluno esteja longe de sua sede, no caso dos cursos de
aperfeioamento e de ps-graduao.
Para que possamos atuar em diferentes locais e possibilitar a incluso social de todos aqueles que
nos procuram, contamos com parceiros que do suporte s atividades-meio dos nossos Ncleos de
Educao Continuada. Assim, nossos alunos e professores contam com apoio administrativo local
para desenvolverem seus processos de ensino, atividade-fim da Instituio.
A Faculdade Integrada do Brasil FAIBRA cumpre sua misso de integrar o Brasil para a formao
dos profissionais da Educao Bsica. Sentimo-nos honrados em ter voc como nosso aluno e
contamos com seu empenho e dedicao para que este Curso seja um referencial na sua formao
e atuao profissional.
Conte com a FAIBRA atravs de cada um de seus colaboradores: tcnicos, docentes e parceiros. Eles
esto sua inteira disposio.
Profa. Dra. Vera Lcia Andrade Bahiense
Diretora Acadmica
Endereos eletrnicos
Pgina na Internet: www.faibra.edu.br
E-mail: faibra@faibra.edu.br
Ficha Catalogrfica
Leitura e Produo Textual. Org. BAHIENSE, Adriana, BAHIENSE, Vera L.A & SILVA,
Elisabeth Feitosa da. Editora Faibra:Teresina, 2012.
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SUMRIO
Apresentao .............................................................................................................................03
Objetivo da Disciplina..................................................................................................................06
1. A comunicao: da Pr-Histria contemporaneidade............................................................06
1.1 Primeiros Sinais......................................................................................................................06
1.2 O Surgimento da escrita........................................................................................................08
1.3 A transmisso da informao.................................................................................................09
2. A Mgica da Leitura.................................................................................................................13
2.1 A leitura do mundo...............................................................................................................13
2.2 A leitura da palavra...............................................................................................................15
2.3 A importncia da leitura........................................................................................................17
2.4 O papel da escola e do professor...........................................................................................18
Saiba mais..................................................................................................................................22
3. A Produo de texto................................................................................................................24
3.1 Gneros discursivos...............................................................................................................29
3.2 Gneros discursivos na sala de aula.......................................................................................35
3.3 Trabalhado com quadrinhos em sala de aula..........................................................................36
3.4 possvel escrever bem? .......................................................................................................41
3.5 Organizao textual..............................................................................................................43
Para refletir..................................................................................................................................45
Referncias.................................................................................................................................46
Sobre os Autores..................................................................................................................................................47
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Para comear...
Objetivo da disciplina:
Despertar o aluno para a importncia da leitura e da escrita no processo de comunicao e
consequentemente, na insero do indivduo na sociedade. Proporcionar fundamentao tericoprtica acerca das diferentes concepes de leitura, de gneros discursivos e de contextos de
interao, a partir de produes textuais.
Objetivos da unidade:
1.
Tais desenhos ilustravam diversas passagens do cotidiano dos nossos primeiros antepassados.
Registravam nas paredes das cavernas desde a imagem de animais a outras ilustraes que remetem
a seus medos, suas ansiedades.
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Muitos desses desenhos podem ser vistos at hoje e so um importante vestgio da histria
da humanidade e so conhecidos como pinturas rupestres.
Aqui mesmo no Brasil, existem muitos stios arqueolgicos que guardam tesouros como esses.
Vejamos alguns exemplos de pinturas rupestres nas pginas a seguir:
Figura 2 Srie de animais descoberta nas paredes de uma caverna tambm na Frana em 1994.
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Como se v, o surgimento da escrita foi um dos marcos mais significativos de toda a histria
da humanidade, to importante que serve como um marco representativo do fim da pr-histria e
do nascimento da Histria.
O surgimento da escrita foi de fato um evento to significativo que Barbosa (1991) coloca
como:
[...] aprimoramento de algo que j era anteriormente conhecido.
Infelizmente no conhecemos o nome de nenhum dos autores
das reformas mais importantes na histria da escrita. Seus nomes,
como o de tantos outros grandes homens, responsveis por
melhorias essenciais da vida humana (como por exemplo, o uso
prtico da roda, do arco e flecha, da embarcao a vela) perderamse para sempre no anonimato da Antiguidade. (BARBOSA, 1991,
p. 34).
Ao que se sabe, ainda que por meio de annimos, a escrita surgiu por volta de 4.000 a.C. na
regio da Mesopotmia, pelo povo sumrio. Essa forma de escrita era representada por desenhos
simplificados chamados criptogramas.
Os sumrios foram ainda os primeiros povos que tentaram abolir de suas representaes
imagens que conotassem algum significado. Procuraram ento associar o som da linguagem falada
a smbolos, dando os primeiros passos rumo a uma escrita silbica.
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Alm dos egpcios, outros povos passaram a desenvolver seu sistema de escrita o que levou
ao surgimento dos alfabetos. E nesse contexto os fencios se destacaram.
A Fencia situava-se numa plancie costeira representada hoje pelo Lbano e pela Sria. Ainda
que se discutam a presena de vestgios de um alfabeto anterior ao dos fencios, este ainda
considerado o primeiro, apesar de tambm j no haver mais registros devido ao desgaste dos anos.
O alfabeto fencio era composto por 22 smbolos que representavam as consoantes e data
de aproximadamente fins do sculo XII a.C.. O povo fencio que se destacava ainda na construo
de embarcaes, navegao e comrcio. E acredita-se que em funo disso, o seu alfabeto foi se
disseminando por vrias partes.
J os gregos, conseguiram a elaborao de um alfabeto com vogais. H uma controvrsia na
histria com relao a questo da criao do alfabeto. Alguns estudiosos atribuem o desenvolvimento
do alfabeto grego tendo como base o alfabeto fencio. Outros pesquisadores acreditam na influncia
dos gregos sobre os fencios antes mesmo de estes elaborarem o seu modelo de alfabeto.
O que importa, porm, que devemos muito a essas duas civilizaes, pois sem ela,
certamente essa apostila sequer teria sido construda, no mesmo?
Acredita-se que os gregos foram os primeiros povos a conseguir uma representao grfica
dos sons das letras. Seu alfabeto era composto por 24 letras, contendo inclusive, vogais.
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Vale lembrar que o alfabeto grego foi um dos que mais se disseminou em toda a Antiguidade,
permitindo no somente a difuso de sua cultura clssica, mas tambm da sua filosofia e at
mesmo de textos bblicos. E foi com a ajuda do alfabeto grego que surgiram outras lnguas e seus
respectivos alfabetos, como por exemplo, o latim.
Comum ao povo romano o latim rapidamente espalhou-se pelo mundo antigo, como uma forma de
cultura dominante que se deu por meio das conquistas do Imprio Romano e a partir dele, tem-se
o surgimento de outras lnguas, de outros povos.
Com o Cristianismo a popularizao do latim se intensificou, uma vez que permitia ser
falada, escrita e assim, copiada.
1.3 A transmisso da informao
A partir do momento em que o homem comea a apropriar-se da escrita passa a utilizar-se
dela principalmente para registrar e documentar fatos e memrias. No entanto, mal sabia que ao
fazer isso, estava construindo um mundo de informaes.
Na Antiguidade havia duas formas de transmisso da informao: a oral, que certamente era
a mais comum, e a escrita que com o passar do tempo foi se intensificando e se popularizando.
Ocorre que, com o fim do Imprio Romano por volta do sculo VI d.C. surgem os monastrios
e com eles o ensino e escrita. Os monges eram encarregados de apenas escrever, copiando os textos
bblicos.
De incio os textos eram copiados em rolos de papiro, mas depois devido sua inviabilidade,
passaram a ser escritos em pergaminhos, que aps costurados formavam o chamado cdex, que
tempos depois deu origem aos livros maneira que os conhecemos hoje.
Figura 6: Pergaminho
Figura 7 - Cdex
Cada monge copista era encarregado de escrever de forma manuscrita um cdex, e para
isso possua o seu prprio espao. E faziam essa atividade ao longo de todo o dia, s parando para
refeies e oraes.
Assim, a edio de livros, na forma de cdex era de inteira responsabilidade dos clrigos
e de alguns nobres. Somente a partir do sculo XIII que os copistas laicos passaram a redigir
documentos e textos relacionados burguesia, nova classe que surgia, dando incio a um longo
processo de acessibilizao da leitura.
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A partir de ento, as prensas foram sendo aperfeioadas de maneira tal que chegamos aos
dias de hoje, com incrvel tiragem de jornais e revistas diariamente, alm de livros, folhetos e
cartazes que encontramos no dia-a-dia.
Ocorreu que a partir da inveno de Gutemberg o livro foi alcanando outros espaos,
saindo do limite dos monastrios e aos poucos, ganhando todo o mundo.
De acordo com Queiroz (2005, p. 12):
O livro representa uma forma de socializao, instituindo,
destarte, valores comunitrios e econmicos e identidades grupais
e individuais. O homem que l se difere do homem que no l.
O homem que l se transplanta para o lugar do texto, alterando o
seu ponto de vista sobre todas as coisas.
E a leitura hoje no ocorre somente por meio do livro, do jornal ou da revista. A leitura pode
ser feira hoje pelo computador! E o computador passa a ser entendido como meio e comunicao,
transmissor de conhecimento, que permite acesso rpido e fcil alm da ampla divulgao graas a
internet.
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Objetivos da unidade:
Valorizar o processo de leitura.
Compreender a leitura como necessria na vida das pessoas.
Relacionar leitura de mundo e leitura de palavra.
2.
A mgica da leitura
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Diante disso, possvel dizer que podemos ler muito mais do que palavras. Quer ver?
Posso dizer com certeza que voc conseguiu ler cada uma dessas imagens acima, e que
interpretou cada uma delas sua maneira, correto? Pois ento, frente a essa nossa capacidade de
ler as imagens, que Paulo Freire (1986, p. 20) j dizia que [...] a leitura do mundo precede a
leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele.
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Assim, segundo o saudoso autor, a leitura do mundo um elemento fundamental para que
se possa ler e compreender as palavras.
Mas o que pra voc ler o mundo? Pare e reflita antes de darmos continuidade.
Agora escreva abaixo o que para voc essa leitura do mundo, se possvel, dando alguns
exemplos:
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Quantas vezes voc j se pegou dizendo que no gosta de um sabor que nunca provou?
Como se pode no gostar daquilo que no se conhece? E o que a leitura do mundo tem a ver com
essas questes que primeira vista, so to simples?
Ocorre que a leitura do mundo nada mais do que a percepo e o julgamento de tudo o
que nos rodeia.
Na verdade, nossa leitura de mundo capaz de influenciar opinies, afetando,
inclusive a forma como lemos as palavras.
2.2 A leitura da palavra
Ler muito mais do que dizer palavras em voz alta. Mas h quem diga que ler apenas isso.
Mas e voc? Como voc define ler? O que ler para voc?
muito emocionante ver a criana juntando os pedacinhos de uma palavra e assim conseguir
suas primeiras leituras. No entanto, o ato de ler tem um significado que vai muito alm da simples
sonorizao de palavras.
Para Foucambert (1994, p. 5):
Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas
respostas podem ser encontradas na escrita, significa poder ter acesso a essa
escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informaes
ao que j se .
Ento, para Foucambert a leitura auxilia na formao de uma idia, um juzo que se encontra
enquanto se busca as respostas. Ler buscar conhecer, entender e buscar respostas. Ler buscar
compreender o que est escrito.
Ler construir um sentido por meio de cada palavra escrita, buscando um entendimento do
que as letras mos oferecem.
Mas, Vnia Resende vai alm de Foucambert e coloca a leitura como um verdadeiro mergulho
no mundo. Para a autora a leitura abre as janelas e portas de um mundo todo que deseja ser lido e
compreendido.
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Texto 1:
DE AORCDO COM UMA PEQSIUSA DE UMA
UINRVESRIDDAE IGNLSEA, NO IPOMTRA
EM QAUL ODREM AS LTERAS DE UMA PLRAVAA
ETSO, A NCIA CSIOA IPROTMATNE QUE A
PIREMRIA E TMLIA LTERAS ETEJASM NO LGAUR
CRTEO. O RSETO PDOE SER UMA BGUANA TTAOL,
QUE CCO ANIDA PDOE LER SEM POBRLMEA. ITSO
POQRUE NS NO LMEOS CDAA LTERA ISLADOA,
Texto 2:
35T3 P3QU3NO T3XTO 53RV3 4P3NA45 P4R4
MO5TR4R COMO NO554 C4B34 CONS3GU3
F4Z3R CO1545 1MPR35510N4ANT35! R3P4R3
N1550! NO CO3O 35T 4V4 M310 COMPL1C4D0,
M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO
0 CD1GO QU453 4UTOM4TIC4M3NT3,S3M PR3C1S4R
P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 FIC4R B3M
ORGULHO5O D1550! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3!
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PARABNS!
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Parece que ficou claro o quanto a leitura importante na vida das pessoas hoje em dia. Mas,
e na sua?
A leitura importante em sua vida?
Vamos refletir a esse respeito agora:
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a leitura seja bem trabalhada, o professor deve continuamente proporcionar situaes em que esse
aluno se depare com os mais diversos tipos de texto.
E com relao a isso, os PCN da Lngua Portuguesa completam ainda que:
Para aprender a ler, portanto, preciso interagir com a diversidade de
textos escritos, testemunhar a utilizao que os j leitores fazem deles e
participar de atos de leitura de fato; preciso negociar o conhecimento
que j se tem e o que apresentado pelo texto, o que est atrs e diante
dos olhos, recebendo incentivo e ajuda de leitores experientes.(BRASIL,
2000, p. 56)
O professor, portanto, deve ter claro que para que o aluno compreenda de fato um texto o
mesmo deve estar inserido num determinado contexto, de maneira a facilitar o entendimento do
aluno. Diante disso, para que o um texto possa ser de fato compreendido pelo aluno preciso que
trabalhem juntos o seu conhecimento prvio, o seu conhecimento de mundo e ao conhecimento
textual.
No tocante a essa questo; Kleiman (2000, p. 20) afirma que Quanto mais conhecimento
textual o leitor tiver, quanto maior a sua exposio a todo tipo de texto, mais fcil ser sua
compreenso. Assim, pode-se dizer que para que um aluno aprenda a ler, preciso que a ele
sejam dadas as mnimas condies para ele tambm se sinta capaz de produzir textos,
Mas, para que possa formar um leitor voraz, o professor tambm deve sentir-se um leitor.
inaceitvel um professor que no tenha o hbito da leitura, ou que pior, no goste de ler. Como
pode o professor inspirar, tornar os alunos desejosos de leitura, se no o faz com sinceridade?
E pior que aquele professor que no gosta de ler, aquele que faz da leitura um pesadelo para
seus alunos. A leitura deve ser prazerosa, estimulada, capaz de permitir ao aluno o desenvolvimento
de sua linguagem, de sua oralidade, de sua capacidade de compreenso e claro, de aprendizagem.
Pensando nisso, segue um texto muito interessante que objetiva mostrar o que o professor
no deve fazer com o intuito de desenvolver a leitura em seus alunos:
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Saiba mais...
O leitor traa planos, estratgias para obter, avaliar e utilizar informao e, assim, construir
significados, compreender o texto lido. As estratgias de leitura se constroem e se modificam, pois
o leitor desenvolve seus modos de ler atravs da leitura. Ns utilizamos as estratgias abaixo ao
mesmo tempo e, muitas vezes, inconscientemente.
So quatro as estratgias de leitura.
a) Seleo: o leitor elege os ndices mais relevantes e teis para no ficar sobrecarregado de
informaes desnecessrias;
b) Antecipao: capacidade de antecipar o texto com base nas pistas do mesmo; o leitor
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prev o que ainda no apareceu a partir de ndices como gnero do texto, autor, ttulo, contexto de
produo. Por exemplo, o leitor, ao deparar-se com um texto de Esopo, certamente antecipar que
se trata de uma fbula, h animais como personagens e uma moral ao trmino da histria.
c) Inferncia: percepo do que no est dito no texto de forma explcita, ou seja, dedues
que podem ser confirmadas ou no no decorrer do texto. O leitor tenta adivinhar as informaes
das entrelinhas.Tais predies no so casuais; elas se baseiam nas pistas dadas pelo prprio texto,
pelo conhecimento conceitual e lingstico do leitor.
d) Verificao: o leitor o responsvel pelo controle de sua prpria leitura; ele que pode
confirmar se foi capaz de compreender o texto, de construir sentido a partir dele, por isso faz
a anlise da compreenso, permitindo confirmar ou rejeitar as dedues realizadas durante a
estratgia de inferncia, por exemplo.
Links:
Mais de 100 artigos sobre leitura, divirta-se!
http://revistaescola.abril.com.br/leitura/
Vdeos:
Documentrio sobre a importncia da leitura
http://www.youtube.com/watch?v=l7Oyfa3CcjM
Leitura na escola
http://www.youtube.com/watch?v=a5bnWLrz5K8&feature=related
Depois de tantas informaes sobre leitura, um bom caminho para verificar se tudo o que foi
dito e discutido pode ser saboreado passar para a prtica. Que tal ter acesso, atravs da leitura,
a uma palestra sobre o a importncia do ato de ler no Congresso Brasileiro de Leitura (evento que
at hoje acontece a cada binio na UNICAMP), ministrada nada mais nada menos por Paulo Freire,
nosso educador universal?
FREIRE, Paulo. A importncia do ato de ler: em trs artigos que se completam. 39.ed. So Paulo,
Cortez, 2000.
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Objetivos da Unidade
Refletir sobre o processo de aquisio da escrita
Compreender a importncia de ler bem
Reconhecer a ligao entre leitura e escrita, de modo a uma colaborar com o
desenvolvimento da outra
3.
A Produo de texto
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E vimos tambm que no mundo de hoje tanto a leitura quanto a escrita so indispensveis,
embora infelizmente o analfabetismo ainda seja uma realidade em pleno sculo XXI.
Foi possvel compreender tambm que leitura e escrita andam juntas. Como se uma complementasse
a outra. Uma conduz outra. Sem leitura, no h escrita, nem escrita sem leitura. Isso porque ns
vimos tambm que a leitura vai muito alm do que a decodificao de letras, e sim a leitura com
sentido.
Assim como a leitura, a produo de textos escritos uma prtica de linguagem e, como
tal, uma prtica social. Quer dizer: em vrias circunstncias da vida escrevemos textos para diferentes
interlocutores, com distintas finalidades, organizados nos mais diversos gneros, para circularem em
espaos sociais vrios.
Por exemplo: ao lermos um jornal, se o tratamento recebido por determinado assunto em
uma determinada matria nos causar indignao ou mesmo admirao podemos escrever
uma carta para o jornal manifestando nossa forma de pensar a respeito.
Se quisermos divulgar um servio que prestamos, podemos escrever um anncio para uma
revista, para um determinado site , para um jornal; ou podemos escrever um folheto de propaganda
para ser distribudo na sada do metr, ou, ainda, organizar um outdoor para veicular informao
a respeito do servio nos lugares que se espera que circulem potenciais interessados no servio
divulgado.
Se pretendermos divulgar dados organizados de determinada pesquisa que realizamos, por
exemplo, a respeito da evaso dos alunos, escrevemos um artigo acadmico-cientfico, para ser
publicado em uma revista de educao ou um livro que circule no espao no qual essa
discusso interesse.
Se quisermos ter notcias de um ente querido que se encontra distante de ns geograficamente,
podemos escrever uma carta, ou enviar uma mensagem por e-mail.
Se desejarmos informar um possvel contratante sobre nossa formao e experincia profissional
para que ele possa avaliar se correspondemos s expectativas que a empresa tem para um provvel
funcionrio, elaboramos um currculo.
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Papai era assinante da Gazeta de Notcias, e antes de aprender a ler eu me sentia fascinado
pelas gravuras coloridas do suplemento de Domingo. Tentava decifrar o mistrio das letras em redor
das figuras, e mame me ajudava nisso. Quando fui para a escola pblica, j tinha a noo vaga de
um universo de palavras que era preciso conquistar.
Da por diante as experincias foram se acumulando, sem que eu percebesse que estava
descobrindo a leitura. Alguns elogios da professora me animavam a continuar. Ningum falava
em conto ou poesia, mas a semente dessas coisas estavam germinando. Meu irmo, estudante na
Capital, mandava-me revistas e livros, e me habituei a viver entre eles. Depois, j rapaz, tive sorte
de conhecer outros rapazes que tambm gostavam de ler e escrever.
Ento comeou uma fase muito boa de troca de experincias e impresses. Na mesa do
caf-sentado
(pois tomava-se caf sentado nos bares, e podia-se conversar horas e horas sem
incomodar nem ser incomodado) eu tirava do bolso o que escrevera durante o dia, e meus colegas
criticavam. Eles tambm sacavam seus escritos, e eu tomava parte nos comentrios. Tudo com
naturalidade e franqueza. Aprendi muito com os amigos, e tenho pena dos jovens de hoje que no
desfrutam desse tipo de amizade crtica.
Disponvel em: http://www.paralerepensar.com.br/drummond_cronicas.htm. Acesso em 14/11/11
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Num texto, as partes no possuem significados independentes, mas cada sentido se relaciona
com o outro a fim de construir um sentido global. Entretanto, este no dado pela soma das partes,
mas sim por uma combinao geradora de sentidos.
Todo texto possui algumas propriedades, O texto possui algumas pou seja, algumas
especificidades bsicas que o tornam texto. So elas: a coerncia de sentido, a delimitao por dois
brancos e o fato de ser produzido por um determinado sujeito num certo espao e tempo.
Possuir coerncia de sentido significa que os smbolos constituintes do texto no esto jogados
no papel. Eles se inter-relacionam. Por isso, perigoso ler as partes do texto, junt-las e conferir a
elas um sentido global, pois o contexto em que se insere determinante para a compreenso do
sentido. O contexto, declara Fiorin (2003), a unidade maior em que uma unidade menor est
inserida. Assim a frase (unidade maior) serve de contexto para a palavra; o texto, para a frase etc.
Poder-se-ia, assim, conceituar o TEXTO como uma manifestao verbal, constituda de
elementos lingusticos selecionados e ordenados pelos co-enunciadores, durante a atividade verbal,
de modo a permitir-lhes, na interao, no apenas a depreenso de contedos semnticos, em
decorrncia da ativao de processos e estratgias de ordem cognitiva, como tambm a interao
(ou atuao) de acordo com prticas socioculturais (Koch, 1992).
Existem diversos gneros discursivos utilizados com os mais diferentes objetivos.
A notcia, por exemplo, tem o objetivo de informar, contar um fato. Veja:
Essa manchete engraada no ? Pois ento, ainda assim a reportagem objetiva apenas contar aos
leitores do jornal um fato ocorrido numa sala de aula.
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J a manchete ganha nfase para dar destaque e atrair a ateno do leitor. A manchete precisa
despertar o interesse do leitor pela notcia que est sendo veiculada.
Mas, se por acaso voc deseja aprender sobre alguma coisa, ler um artigo que tem por finalidade
apresentar o assunto e as informaes sem, no entanto, influenciar nas suas emoes. E esse tipo de
texto tambm de carter informativo, pode ser um verbete de dicionrio e at um texto cientfico.
Vejamos o exemplo de um texto cientfico:
Os pulmes e a respirao1
Jeanne M. Stellman
O sistema respiratrio uma das mais importantes vias de entrada para as substncias txicas ou poluentes. Muitas doenas profissionais resultam da acumulao
de substncias qumicas txicas no prprio sistema respiratrio, e outras doenas so
causadas pela passagem de substncias nocivas dos pulmes para o resto do corpo.
A finalidade do sistema respiratrio absorver oxignio do ar e transferi-lo para o
sangue. Ele tambm remove gs carbnico - que o gs residual produzido pelos processos do corpo - do sangue e o transfere para o ar expirado. Este processo realizado
pelos pulmes. Os pulmes contm milhes de minsculos sacos areos (alvolos).
O sangue flui em torno deles e fica separado do ar por uma membrana de
apenas um milionsimo de polegada de espessura. Esta membrana to delgada que
os gases podem atravess-la: oxignio do ar para o sangue e gs carbnico do sangue
para o ar. A cada inalao, ar novo penetra em todo o trato respiratrio at os alvolos
pulmonares. O sangue absorve ento o oxignio do ar atravs da delgada parede do
alvolo, enquanto descarrega gs carbnico no ar.
Estas trocas se efetuam de modo bastante rpido e, no espao de uns poucos
segundos, o ar dos alvolos expirado. Este o processo da respirao.
Disponvel em: http://intervox.nce.ufrj.br/~diniz/d/direito/ou-Apostila_Portugues_
Texto_Informativo_5.pdf. Acesso em 16/11/11
Observando o texto apresentado nota-se que nesse gnero discursivo h apenas o objetivo
de transmitir uma informao ao leitor de maneira clara. O texto cientfico no leva em considerao
impresses e sentimentos e sim, fatos concretos.
H ainda o texto com o objetivo de ajudar passo a passo o leitor a executar uma determinada
ao, como o caso dos manuais de instruo e at das prprias receitas culinrias:
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Existe ainda um gnero discursivo carregado de emoo que a poesia. Atravs dela o autor brinca
com as palavras de maneira a mostrar o seu mais profundo sentimento, que envolve e emociona o
leitor.
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Amor a Distncia 2
Cris Maia
Quantas vezes eu j no toquei o vazio,
na esperana de te sentir.
Quantas vezes eu j no ergui minha mo,
com vontade de acariciar teu rosto ... ou secar
uma lgrima.
Quantas vezes eu no fechei os meus olhos,
para poder visualizar tua boca sorrinEVdo...
enquanto eu sentia que tu
sorria... do outro lado.
Sinto tanto a tua falta...
Falta do teu calor...
Falta dos teus beijos...
Falta do teu olhar...
Mas a tua voz me aquece , me acaricia ,
me embala nas minhas noites vazias...
E a esperana preenche meus sonhos.
A esperana de que no tarde o prximo dia
em que vamos nos encontrar.
E de que no tarde, o dia em que no vamos
mais nos separar...
Ao contrrio das poesias que emocionam, h ainda as tiras de quadrinhos e charges que com
bom humor compem outro gnero discursivo:
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Pode-se mesmo afirmar que o conhecimento que se tem sobre um gnero determina as
possibilidades de eficcia do discurso.
Dessa forma, a proficincia do aluno em Lngua Portuguesa depende tambm do conhecimento
que ele possa ter sobre os gneros e sua adequao s diferentes situaes comunicativas. Suas
caractersticas, portanto, devem ser objeto de ensino, precisam ser tematizadas nas atividades de
ensino[2].
[2] Adaptado do texto original da autora Ktia Brkling. Disponvel em:
http://www.educared.org
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formais, mesmo que esta seja no mesmo chat que usado, em outros momentos, informalmente.
De acordo com determinados contextos, perfeitamente possvel e correto que se use
abreviaes e uma linguagem mais informal. o que ocorre com os chats.
Contudo, se o chat for usado para se conversar com alguma pessoa com um grau social/
profissional superior ao do outro falante envolvido, as abreviaes e a informalidade devero ser
evitadas.
Sendo assim, no o veculo em si que deve ser foco de trabalho do professor, mas o
contexto que envolve no somente o chat, mas todos os demais gneros discursivos que se desejar
abordar.
O aluno precisa vivenciar a prtica dos gneros para compreender com mais eficcia a razo
de sabermos dar diferentes formas s nossas falas nas mais diferentes ocasies.
importante compreendermos, como pais e professores, que o fato de o aluno usar
abreviaes ao se comunicar na internet, no faz que ele as use em outros contextos, desde que,
evidentemente, ele tenha acesso s orientaes sobre como adaptar sua fala em diversos gneros e
contextos.
O aluno que bem-orientado por seu professor a respeito dos gneros discursivos e suas
estruturas saber, por exemplo, que no conveniente escrever numa prova escrita na escola da
mesma maneira que ele escreve ao mandar um e-mail para um amigo, convidando-o para uma
festa, por exemplo.
Se ns introduzirmos em nossas aulas os gneros discursivos de maneira que eles consigam
perceber a funcionalidade prtica da lngua, certamente nossos alunos conseguiro adquirir as
competncias necessrias para adequar a fala para o objetivo que desejar atingir, cumprindo, assim,
seu papel como cidado que fala e ouvido dentro de seus pontos de vistas.
Autora: Erika de Souza Bueno. Extrado de: http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.
asp?artigo=1892 seu papel como cidado que fala e ouvido dentro de seus pontos de vistas.
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dos anos cinquenta, o livro Seduo dos Inocentes, de Fredrick Werthan, que apontava os gibis
como responsveis pela delinquncia juvenil.
Hoje, os tempos so outros. Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educao Infantil (RCNEI),
e os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) j os contemplam e destacam sua importncia ao
sugerir o trabalho com diversas mdias em sala de aula. Em 2007, dez anos depois da criao do
Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), as histrias em quadrinhos (HQs) finalmente foram
includas nos acervos distribudos a bibliotecas escolares. Foram 14 livros naquela edio e outros
16 em 2008. Em 2009, as HQs j representam 4,2% dos 540 ttulos listados pelo programa.
Entre os motivos para utilizar os quadrinhos na escola, esto a atrao dos estudantes por
esse tipo de leitura, a conjuno de palavras e imagens, que representa uma forma mais eficiente
de ensino, o alto nvel de informao deles, o enriquecimento da comunicao pelas histrias em
quadrinhos, o auxlio no desenvolvimento do hbito de leitura e a ampliao do vocabulrio. O
que se v cada vez mais a formalizao desse gnero discursivo na sala de aula, mas muitos
professores ainda tm dvidas sobre como utiliz-lo. Que aspectos devem ser explorados? Os
quadrinhos podem ser utilizados em qualquer disciplina? HQs, tirinhas, charges e cartuns devem
ser trabalhados da mesma forma?
Vou tentar responder a algumas dessas dvidas e dar sugestes para atividades relacionadas
com qualquer disciplina, em especial com o ensino de lngua portuguesa, do qual posso falar com
mais propriedade. Para facilitar nosso entendimento, utilizamos tirinhas utilizadas do artista Marcelo
Vital, disponveis no site www.fulaninho.com.br.
Os quadrinhos
As histrias em quadrinhos, charges, cartuns e tirinhas so textos multimodais, ou seja, trazem,
alm da linguagem alfabtica, imagens, disposio grfica na pgina, cores, figuras geomtricas e
outros elementos que se integram na aprendizagem. Antes de desenvolver atividades de qualquer
disciplina um trabalho com operaes matemticas, por exemplo , preciso explorar todas
essas formas de representao para ampliar a capacidade leitora e garantir que a criana ou jovem
entenda ao mximo os recursos oferecidos, gerando sentido. Observe a imagem:
A importncia da imagem
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Neste quadrinho, a imagem tem um peso grande, pois, se retirssemos as falas, grande
parte dele seria compreendida. A situao est visvel no contraste entre a expresso facial dos pais
(surpresa e tristeza) e a do filho (feliz). preciso explorar todos os elementos presentes no cenrio,
como cores e disposio dos mveis. A sala em tons pastis e a presena de poucos mveis passam
uma ideia de organizao, e isso refora a sujeira feita pela criana com tinta cor-de-rosa. Est a
cargo do texto escrito mostrar o equvoco do filho, ao pensar que a me estava chorando de alegria.
Outro fator importante o contexto. Principalmente nas histrias produzidas para
adolescentes, como as de super-heris, esto presentes inmeras referncias atuais e histricas
cultura pop, guerras, personagens polticos e sociais. fundamental mostrar o contexto em que
a HQ foi produzida, no caso de quadrinhos antigos, ou acrescentar mais informaes caso haja
referncia a algum fato histrico.
Charges, tirinhas, cartuns e histrias em quadrinhos O que so e como se caracteriza cada
um deles? As definies a seguir foram retiradas da Wikipdia:
Charge um estilo de ilustrao que tem por finalidade satirizar, por meio de uma caricatura,
algum acontecimento atual com uma ou mais personagens envolvidas. A palavra de origem
francesa e significa carga, ou seja, exagera traos do carter de algum ou de algo para torn-lo
burlesco.
Um cartoon, cartune ou cartum um desenho humorstico acompanhado ou no de legenda,
de carter extremamente crtico retratando de forma bastante sintetizada algo que envolve o dia-adia de uma sociedade.
A tirinha, tambm conhecida como tira diria, uma sequncia de imagens. O termo
atualmente mais usado para definir as tiras curtas publicadas em jornais, mas historicamente o
termo foi designado para definir qualquer espcie de tira, no havendo limite mximo de quadros
tendo, claro, o mnimo de dois.
A revista em quadrinhos, como chamada no Brasil, ou comic book como predominantemente
conhecida nos Estados Unidos, o formato comumente usado para a publicao de histrias do
gnero, desde sries romnticas aos populares super-heris.
Cores
As cores so elementos importantes na comunicao visual e, portanto, nas HQs. Nos
quadrinhos, grande parte das informaes transmitida pelo uso de cores. A cor um elemento que
compe a linguagem dos quadrinhos; mesmo nas histrias em preto-e-branco, no se trata apenas
de um recurso estilstico. Os desenhistas americanos perceberam isso passaram a no restringir o uso
de cores apenas ao cenrio. Elas assumiram a capacidade de simbolizar determinados elementos,
principalmente nos quadrinhos norte-americanos de massa, passando a simbolizar personagens na
mente do leitor.
O Incrvel Hulk verde. O Lanterna Verde tambm. O Capito Amrica tem o uniforme com
as cores da bandeira norte-americana. Os Smurfs so conhecidos por serem todos azuis. Maurcio
de Souza tambm utilizou as cores para criar as identidades de seus personagens. Uma menina
forte como a Mnica s poderia usar um vestido vermelho; que menino travesso no desejaria dar
um n nas orelhas de um objeto to particular quanto um coelho de pelcia azul?
O conhecimento das sensaes e reaes provocadas pelas cores um importante
instrumento de comunicao que tem sido usado nas HQs. Sabemos que o rosa, por exemplo,
uma cor feminina e juvenil, assim como o violeta. O vermelho evoca fora, energia e est associado
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vida, por ser a cor do sangue. Tambm se usa o vermelho para caracterizar situaes de perigo,
assim como nos sinais de trnsito. Quadrinhos com cores frias seguidos de quadrinhos com cores
quentes podem significar a passagem da tristeza para a alegria ou da doena para a sade, por
exemplo. As estaes do ano e os fenmenos climticos tambm so representados por cores. O
fundo preto muito usado para representar a imaginao das crianas, um espao onde tudo pode
acontecer:
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meio de duas imagens que representam continuidade. As transies so possveis porque o leitor
est acostumado a ler o corpo do texto como narrativa. O leitor procura, ento, juntar os quadros
para formar linearidade. Esta busca para fechar a narrativa, ou para complet-la estimula a
criatividade e faz das HQs importantes instrumentos para a formao de leitores.
Metforas Visuais
As metforas visuais so usadas pelos autores para transmitir situaes da histria por meio
de imagens, sem utilizao do texto verbal. Quando o personagem est nervoso, sai fumaa da
cabea dele. Quando algum est correndo muito rpido, aparecem vrios traos paralelos e uma
nuvenzinha para demonstrar seu deslocamento. Cdulas e moedas indicam que a pessoa est
pensando em dinheiro, assim como coraes indicam amor. Incentive seus alunos a criar metforas
visuais. Por exemplo, como seria a metfora visual para algum triste?
Sugesto de atividades
Lngua Portuguesa
Observe a sequncia de quadrinhos.
Uma atividade muito comum, mas nem por isso menos valiosa, apagar os textos dos
bales e pedir que as crianas escrevam seus prprios dilogos, fazendo a interpretao das
imagens. Tendo como base esse quadrinho, tambm podem ser trabalhados temas como linguagem
informal, compreenso do cenrio, coerncia das falas com as imagens, convvio entre crianas ou
adolescentes.
Um fator importante nesse quadrinho o contexto. Quem conhece a praia de Copacabana
imediatamente vai associ-la tirinha, pelo desenho do calado. Quem costuma frequentar essa
praia compreender mais facilmente os apuros vividos pelo garoto que vai embora enfaixado, pois
sabe que essa praia costuma estar cheia nos fins de semana e feriados. Crianas que moram em
ambientes onde no haja praia precisam receber essas informaes.
Essa uma tirinha que apresenta muitos lapsos de tempo. Que situao deve ter ocorrido
entre o quarto e o quinto quadrinhos?
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Educao Artstica
Os alunos podem analisar a linguagem dos quadrinhos e criar seus prprios personagens, bales,
quadros e onomatopeias.
Matemtica
Os alunos podem ser levados a desenhar histrias explicando operaes matemticas, ou que
envolvam tramas cuja soluo seja desvendada pela soluo de um problema matemtico.
Histria e Geografia
Os quadrinhos de super-heris trazem muitas referncias a fatos histricos, principalmente guerras.
Ligas de super-heris so geralmente compostas por heris de vrias nacionalidades. Algumas
histrias da Turma da Mnica fazem referncia a fatos histricos do Brasil. Cabe ao professor
pesquisar e guardar este material para utilizar quando estiver lecionando sobre o assunto abordado.
Cincias
Os gibis dos X-Men, por exemplo, tornaram popular o conceito de mutao e podem ser
usados para iniciar uma aula sobre Darwin. Por outro lado, muitas histrias em quadrinhos falam
sobre descobertas cientficas. Pesquise os quadrinhos do Quarteto Fantstico, Watchman, Homemaranha, por exemplo.
Publicado: em 19 de maio de 2009
Fonte: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/suavoz/0116.html
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sociais de escrita);
c) textuais (relativos linearidade do texto em si: relativos sintaxe, pontuao, coeso e
coerncia);
d )gramaticais;
e) notacionais (relativos ao sistema de escrita).
Para ajud-los no decorrer do curso, a vo algumas dicas de como escrever bem. Guarde-as bem!
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Disponvel em:
http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/fique_por_dentro/250702-td_redacao_
eletronica.shtm. Acesso em: 15/11/11
Links:
Vdeos:
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Descrio
Sua estatura era alta e seu corpo, esbelto. A pele morena refletia o sol dos trpicos. Os olhos
negros e amendoados a luz interior de sua alegria de viver e jovialidade. Os traos bem desenhados
compunham uma fisionomia calma, que mais parecia uma pintura.
Narrao
Em uma noite chuvosa do ms de agosto, Paulo e o irmo caminhavam pela rua maliluminada que conduzia sua residncia. Subitamente foram abordados por um homem estranho.
Pararam, atemorizados, e tentaram saber o que o homem queria, receosos de que se tratasse de um
assalto. Era, entretanto, somente um bbado que tentava encontrar, com dificuldade, o caminho de
sua casa.
Dissertao
Tem havido muitos debates sobre a eficincia do sistema educacional brasileiro. Argumentam
alguns que ele deve ter por objetivo despertar no estudante a capacidade de absorver informaes
dos mais diferentes tipos e relacion-las com a realidade circundante. Um sistema de ensino voltado
para a compreenso dos problemas scio-econmicos, e que, despertasse no aluno, a curiosidade
cientfica seria desejvel.
Tipos de narrador
Conforme definimos anteriormente, narrar contar um ou mais fatos que ocorrem com
determinados personagens, em local e tempo definidos. Em outras palavras, contar uma histria,
que pode ser real ou imaginria.
Quando voc vai redigir uma histria, a primeira deciso que deve tomar se voc vai ou
no fazer parte da narrativa. Tanto possvel contar uma histria que ocorreu com outras pessoas,
quanto narrar fatos acontecidos com voc. Essa deciso determinar o tipo de narrador a ser
utilizado em sua composio. Este pode ser, basicamente, de dois tipos:
1 - Narrador em 1 pessoa: aquele que participa da ao, ou seja, que se inclui na narrativa.
Trata-se do narrador personagem. Veja o exemplo a seguir.
Estava andando pela rua quando de repente tropecei em um pacote embrulhado em jornais.
Peguei-o vagarosamente, abri e vi, surpreso, que l havia uma grande quantidade em dinheiro.
Em textos que apresentam o narrador em 1 pessoa, ele no precisa ser, necessariamente,
o personagem principal; pode ser somente algum que, estando no local dos acontecimentos,
presenciou-os. Veja:
Estava parado no ponto de nibus, quando vi, a meu lado, um rapaz que caminhava
lentamente pela rua. Ele tropeou em um pacote embrulhado em jornais. Observei que ele o pegou
com todo o cuidado, abriu e viu, surpreso, que l havia uma grande quantia em dinheiro.
2 - Narrador em terceira pessoa: aquele que no participa da ao, ou seja, no se inclui na
narrativa. Temos ento o narrador observador. Veja o exemplo abaixo.
Joo estava andando pela rua quando de repente tropeou em um pacote embrulhado
em jornais. Pegou-o vagarosamente, abriu e viu surpreso, que l havia uma grande quantia em
dinheiro.
GRANATIC. Branca, Tcnica Bsica de Redao, 2 edio, So Paulo, Scipione, 1995.
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Para Refletir
Creio
CREIO que a funo principal da escola a de desenvolver ao mximo a competncia da leitura e
da escrita em seus alunos.
CREIO na leitura, porque ler conhecer - o que aumenta consideravelmente o leque de
entendimento, de opo e de deciso das pessoas em geral.
CREIO na leitura como uma reao ao texto, levando o leitor a concordar e a discordar, a decidir
sobre a veracidade ou a distoro dos fatos, desmantelando estratgias verbais e fazendo a crtica
dos discursos - atitudes essenciais ao estado de vigilncia e lucidez de qualquer cidado.
CREIO na escrita como instrumento de luta pessoal e social, com que o cidado adquire um novo
conceito de ao na sociedade.
CREIO que, quando as pessoas no sabem ler e escrever adequadamente, surgem homens decididos
a LER e ESCREVER por elas e para elas.
CREIO que nossas possibilidades de progresso so determinadas e limitadas por nossa competncia
em leitura e escrita.
CREIO, por isso, que a linguagem constitui a ponte ou o arame farpado mais poderoso para dar
passagem ou bloquear o acesso ao poder.
CREIO que o homem um ser de linguagem, um animal semiolgico, com capacidade inata para
aprender e dominar sistemas de comunicao.
CREIO, assim, que a linguagem um DOM, mas um DOM de TODOS, pois o poder de linguagem
apangio da espcie humana.
CREIO que o educando pode crescer, desenvolver-se e firmar-se lingisticamente, liberando seus
poderes de linguagem, atravs da simples exposio a bons textos.
CREIO, por isso, em M. Quintana, que afirmou: Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se
aprende a falar ouvindo, naturalmente.
CREIO, pois, no aluno que se ensina, no aluno como um auto/mestre, num processo de autoensino.
CREIO que o ato de escrever , primeiro e antes de tudo, fruto do desejo de nos multiplicarmos, de
nos transcendermos, e mesmo de nos imortalizarmos atravs de nossas palavras.
CREIO, juntamente com quem escreveu aos corntios, que a um o Esprito d a palavra de sabedoria;
a outro, a palavra de cincia segundo o mesmo Esprito; a outro, o mesmo Esprito d a f; a outro,
ainda, o nico e mesmo Esprito concede o dom das curas; a outro o poder de fazer milagres; a
outro, a profecia; a outro, ainda, o dom de as interpretar.
CREIO que a ti te foi dado o poder da PALAVRA.
CREIO, por isso, na tua paixo pela palavra. Para anunciar esperanas. Para denunciar injustias.
Para in(en)formar o mundo com a-vida-toda-linguagem.
PORTANTO, vem! Levanta tua voz em meio s desfiguraes da existncia, da sociedade: tu tens a
palavra. A tua palavra. Tua voz. E tua vez.
Gilberto Scarton
http://www.pucrs.br/gpt/competencia.php .Acesso em 16/11/111
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REFERNCIAS
(Footnotes)
1.
2.
15/11/11
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SOBRE OS
AUTORES
Este livro foi elaborado por uma equipe de professores especialistas em
material didtico com base na metodologia da educao distncia, com
a finalidade, neste momento de utilizao em nossos cursos de graduao
e no Programa de Educao Continuada da FAIBRA, na ps-graduao, na
modalidade presencial; e nos cursos de Aperfeioamento profissional, na
modalidade semi-presencial.
A equipe Coordenada pela Profa. Dra. Vera Lcia Andrade Bahiense e
conta ainda com o apoio tcnico da Profa. Cludia Carrera.
O material originalmente produzido foi revisado e organizado pelos
seguintes autores:
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