Revista da Unifebe (Online) 2011; 9(jan/jun):18-29

ISSN 2177-742X

Artigo Original

A LEI SECA 11.705/2008 E SEUS REFLEXOS NA EDUCAO, SADE E

QUALIDADE DE VIDA DA POPULAO NA COMARCA DE BRUSQUE-SC
THE "PROHIBITION" - 11.705/2008 - AND ITS CONSEQUENCES IN HEALTH
EDUCATION AND QUALITY OF LIFE OF PEOPLE IN THE COUNTY OF BRUSQUE-SC
Gislia Lcia Soares1
Pollyanna Maria da Silva2
RESUMO: O presente artigo investiga a influncia da Lei 11.705/08 e seus reflexos na educao, sade e
qualidade de vida da populao brusquense. Inicia-se situando o contexto histrico da Lei Seca no Brasil, e
discorre sobre a importncia da Lei no mundo. Comenta-se sobre as penalidades advertidas aos condutores
infratores trazidas pelo referido diploma legal. Na sequncia, demonstra-se a constitucionalidade da Lei seca e
sua previso constitucional. Dando continuidade, relatam-se as consequncias do consumo de bebidas alcolicas
na sade das pessoas e a influncia que a mdia transmite para a conscientizao da populao brasileira e quais
sos os aspectos negativos da mdia. Por fim, tecem-se consideraes sobre a eficcia da lei mais
especificadamente na Comarca de Brusque os pontos positivos e negativos na sade, educao e segurana
pblica. Aps esse aporte terico, analisa-se os anexos, dados coletados por meio de pesquisas de campo, pela
aplicao de questionrios e pesquisas no Batalho de Polcia Militar e Delegacia Civil da Comarca de
Brusque/SC.
PALAVRAS-CHAVE: Embriaguez. Lei seca. Alcoolemia. Fiscalizao.
ABSTRACT: This paper investigates the influence of Law 11.705/08 and its effects on education, health and
quality of brusquense life. It begins by placing the historical context of Prohibition in Brazil and discusses the
importance of law in the world. Comments are warned about the penalties for drivers offenders brought by the
said law. Further, it demonstrates the constitutionality of the prohibition and its forecast in the 1988 Federal
Constitution. Continuing, we report the consequences of alcohol consumption on human health and the influence
that media broadcasts to raise awareness of the population, what steps are the negative aspects of media. Finally,
weave considerations regarding the effectiveness of the law more specifically in the County of Brusque the
positive and negative health, education and public safety. After this theoretical contribution, it is analyzed
attachments, the data collected through field research, by questionnaires and surveys in the Military Police
Battalion of Brusque and Civil Police of the District of Brusque-SC.
KEYWORDS: Drunkenness. Prohibition. Alcohol. Supervision.

Introduo

Acadmica do curso de Direito do Centro Universitrio de Brusque (Unifebe). E-mail:

gislia_direito@unifebe.edu.br
Mestre em Cincias Criminais pela Pontifcia Universitria Catlica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Docente
do Curso de Direito da Unifebe. E-mail: pms.br@hotmail.com
Artigo resultante da Pesquisa de Iniciao Cientfica intitulada Os reflexos da Lei Seca 11.705/2008 na
Educao, sade e qualidade de vida da populao na Comarca de Brusque/SC financiada com recursos
da Lei Complementar Estadual n 281/05, alterada pela Lei Complementar Estadual n296/05 e pela Lei
Complementar Estadual n 420/08 do Estado de Santa Catarina e da Fundao Educacional de Brusque,
mantenedora do Centro Universitrio de Brusque - Unifebe.
Recebido: 25/02/2011

Aceito: 05/07/2011

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Os problemas advindos da violncia no trnsito tm se tornado crescente e com

grandes consequncias na ordem social e econmica do pas. Segundo pesquisas publicadas
pelo DENATRAN, anualmente, ocorrem mais de 350 mil acidentes nas ruas e estradas
brasileiras com um saldo de 33 mil mortos e mais de 400 mil feridos. A violncia no trnsito
a segunda maior causa de mortes por fatores externos no Brasil, perdendo apenas para o
homicdio (DENATRAN, 2010).
As estatsticas mostram que nos acidentes com vtimas fatais ou no, h um elevado
percentual de motoristas embriagados envolvidos mais de 70% - motivo esse em que se
levantaram muitos estudos, a fim de chegar a uma soluo que possa amenizar esse grave
fator de acidentes e de tragdias no trnsito brasileiro (NIVALDINO, 2008).
Nosso pas, s com esses problemas, gasta no oramento pblico mais de 22 bilhes
de reais por ano, dinheiro que poderia ser empregado em outras necessidades prioritrias para
populao como habitao, escolas, hospitais, etc. (IPEA, 2009).
Como se percebe, tem-se um custo muito alto decorrente desses problemas, havendo
uma necessidade de prevenir e reprimir, entre outras coisas, a intolerante embriaguez ao
volante.
Desta feita, com os elevados ndices de acidentes nas rodovias e estradas do Brasil, o
legislador levantou a propositura de leis mais rgidas que pudessem conter esse nvel. Assim,
o advento da lei 11.705/2008, a chamada Lei seca, espera reduzir os ndices de acidentes de
trnsito com feridos e mortos cometidos por condutores de veculos automotores, haja vista
que atentam contra a segurana, a integridade e a liberdade de locomoo das pessoas,
causando grandes problemas concernentes vida e a economia de nosso pas, revelando
questo de segurana e sade pblica.
Primordial, entretanto, entender a importncia da nova lei como meio coercitivo
necessrio para suprimir certos desejos individuais, como o de beber, que por diversas
evidncias histricas vinham prejudicando a coletividade, seja pelos custos dos mortos e
feridos, seja pela prpria dor causada a tantas famlias.
Lei Seca: Contexto Histrico
Em 16 de janeiro de 1920 entrou em vigor, nos Estados Unidos, a 18 Emenda
constitucional, denominada como Lei seca, promulgada durante o segundo mandato de
Woodrow Wilson, 28 presidente dos EUA. O principal objetivo seria combater o alto ndice
de criminalidade e de violncia naquele pas, a partir de ento, qualquer forma de restrio

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estatal, ainda que pontual ou mnima relativa comercializao de bebida alcolica receberia
tal apelido (COUTO, 2008).
Porm, seu cumprimento foi amplamente burlado pelo contrabando e fabricaes
clandestinas, contribuindo para o enriquecimento ilcito de gangues de mafiosos, dos quais o
mais conhecido foi Al Capone. A revogao de tal lei ajudou na recuperao da crise
econmica que enfrentava os EUA em 1929 e contribuiu para o fim do perodo da Mfia
Norte-Americana (COUTO, 2008).
A lei foi abolida em 5 de dezembro de 1933, pela 21 Emenda Constituio, durante o
primeiro mandato de Franklin Delano Roosevelt, que permaneceu ativa durante 13 anos, 11
meses e 24 dias (COUTO, 2008).
Lei Seca no Brasil
A recente Lei Federal n 11.705, de 19 de julho de 2008, a qual alterou a tambm Lei
Federal n 9.503/97, foi sancionada pelo Presidente da Republica Jos Incio Lula da Silva, e
trouxe uma nova realidade para o trnsito brasileiro.
A lei probe o consumo de bebida alcolica superior quantidade de 0,1 mg de
lcool por litro de ar expelido pelos pulmes no exame de bafmetro, ou 2 dg de lcool por
litro de sangue por condutores de veculos. Bem como a vedao de comercializao de
bebidas alcolicas no domnio de Rodovias Federais ou em terrenos com acesso direto
rodovia.
Tanto a proibio de venda de bebidas alcolicas como a restrio de consumo de
lcool punvel, sendo a nica soluo apresentada pelo Estado para o problema no trnsito,
tendo em vista que a preveno, conscientizao e a fiscalizao mostraram poucos resultados
(NIVALDINO, 2008).
O objetivo da Lei Seca reduzir os ndices de acidentes de trnsito com feridos e
mortes, que tem se revelado questo de segurana e de sade pblica, por isso a adoo da lei
que endurece as consequncias contra os condutores infratores que insistem em dirigir sob
influncia de lcool.
importante relatar, que ao contrrio dos EUA no inicio do sculo XX, o Brasil no
proibi o consumo absoluto e total da bebida alcolica, trata-se de medida restritiva legal que
visa coibir o consumo de bebidas alcolicas em determinadas situaes e perodos
(SILVEIRA, 2008).

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Penalidades da Lei 11.705 Lei Seca

De acordo com o texto legal da lei acima mencionada, o artigo 5, II, reformulou a
redao do artigo 165 do Cdigo de Trnsito Brasileiro, passando a vigorar com a seguinte
redao:
Art. 165 Dirigir sob influncia de lcool ou de qualquer outra substncia psicoativa
que determine dependncia:
Infrao: gravssima
Penalidade multa (cinco vezes) e suspenso do direito de dirigir por 12 (doze)
meses.
Medida Administrativa reteno do veculo at a apresentao de condutor
habilitado e recolhido do documento de habilitao.

importante ressaltar que, conforme a inteligncia do artigo 276, 2 da nova

redao, permitido que o agente de trnsito, mediante a obteno de outras provas em direito
admitidas, acerca de notrios sinais de embriaguez, autue o condutor, penalizando com a
infrao prevista no artigo 165, conforme acima descrita.
Uma das medidas de autuar o condutor, sem o teste do bafmetro, seria o Auto de
Constatao de Sinais de Embriaguez Alcolica ACSEA, o qual dever ser assinado por
duas testemunhas e descrito todos os sinais apresentados pelo condutor infrator.
Aps a apreenso da CNH, ela enviada para delegacia regional de policia da
comarca onde ocorreu a infrao, devendo o condutor retir-la nos prximos cinco dias teis,
assinar o termo de entrega de CNH, o qual tomar conhecimento do processo administrativo
que ser gerando a partir de ento.
No momento que o processo ser instaurado ser encaminhado na residncia do
condutor uma notificao, com a infrao e sua penalidade, dando cincia que poder recorrer
perante trs instncias, sendo elas: Suspeno e Cassao, JARI Administrativo e CETRAN
Administrativo. Caso o condutor no seja absolvido em nenhuma das instncias, ser
penalizado, devendo entregar sua habilitao pelo perodo de 365 dias e participar do curso de
reciclagem.
As medidas so severas, o valor da multa de novecentos e cinqenta e sete reais, o
curso de reciclagem possui valor bem elevado, todavia, para recorrer do processo gratuito,
caso o condutor penalizado tenha habilitao provisria, ao vencimento desta, ter que iniciar
uma nova habilitao, pagando todos os valores novamente.

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Com todas as medidas aplicadas, o ndice de apreenso de habilitaes na comarca

de Brusque e regio ainda so grandes, apenas no ano de 2010 foram aprendidas 162
habilitaes, penalizados 127 condutores, sendo que a maioria so jovens entre 18 a 28 anos3.
A Constitucionalidade da Denominada Lei Seca e sua Previso Constitucional
primordial perscrutar acerca da constitucionalidade e juridicidade das proibies
de venda e consumo de bebidas alcolicas em certos estabelecimentos. Em termos jurdicos,
as proibies j mencionadas so conferidas por meio do chamado poder de polcia
administrativa conferido a determinado ente estatal para regularizar certas atividades, ou
seja, repartida entre Unio, Estados e Municpios, de forma comum, concorrente ou
exclusiva, dependendo do assunto a ser tratado, com a conformidade harmnica do interesse
pblico, conforme o artigo 174 da CF/88 (AUAD FILHO, 2008).
Nesse sentido, assevera as palavras sbias do doutrinador Meireles (1999, p.113).
O poder de polcia administrativa consiste na faculdade de que dispe a
Administrao Pblica para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades
e direito individuais, em beneficio da coletividade ou do prprio Estado.

Muito se foi discutido que a Lei 11.705 seria inconstitucional, afrontava o princpio
da livre iniciativa, todavia, o artigo 170 e os que acompanham, tratam da ordem econmica e
financeira, mesmo assegurando o princpio da livre iniciativa, deixa claro que o Estado
exercer, na forma legal, a funo de agente normativo e regulador da atividade econmica,
inclusive em relao s atividades exercidas por particulares.
Com relao da restrio comercializao de bebidas alcolicas, trata-se de
interesse municipal, a qual cabe ao municpio nos termos do artigo 30, incisos I, da
Constituio Federal. Ainda, Supremo Tribunal Federal expediu a Smula 645 que prescreve o
seguinte: competente o municpio para fixar o horrio de funcionamento de estabelecimento
comercial.
Desta forma, o Supremo Tribunal Federal deixa clara que a fixao de horrio de
funcionamento de estabelecimento comercial matria de competncia municipal, considerando
improcedentes as alegaes de ofensa aos princpios constitucionais da isonomia, da livre iniciativa,
da livre concorrncia, da liberdade de trabalho, da busca do pleno emprego e da proteo ao
consumidor (AUAD FILHO, 2008).
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Dados pesquisados pela acadmica na 17 Delegacia Regional de Policia da Comarca de Brusque, com o
auxilio do Capito Otavio da 18 Batalho da Policia Militar.

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Porm, a grande dvida que resta, seria: qual o instrumento jurdico a ser utilizado
para disciplinar a comercializao de bebidas alcolicas pelos municpios? Como alternativa,
na dcada de noventa alguns Estados, como Par, Piau e Maranho, disciplinaram seus
horrios por meio de portarias e resolues administrativas, sendo possvel a sua utilizao
nos dias atuais.
Desta forma, faz com que se afaste, por inconstitucionalidade, qualquer tentativa de
se estabelecer mecanismo de restrio de venda de bebidas alcolicas e medidas para a
harmonia no interesse comum. Aplicada de forma genrica, sem privilgios ou atitudes
discriminatrios, a Lei Seca no afronta qualquer princpio inconstitucional. Ao contrrio,
harmoniza a livre iniciativa ao ditames do bem comum.
Medidas Eficazes para a Lei Seca
De acordo com o economista e mestre em sociologia Rodrigues (2008), so quatro as
medidas primordiais para resultados cada vez mais positivos no trnsito brasileiro:
conscientizao, preveno, fiscalizao e punio. Todavia, a medida que demonstra maiores
resultados a punio, haja vista que mexe no bolso do brasileiro. Vejamos:

Conscientizao: feita por meio da educao para o trnsito, porm, pouco se

tem feito, tendo em vista que a educao, como fator de socializao, no recebe o cuidado
necessrio do Estado.
A grande preocupao nos dias atuais com os novos condutores, para que tenham
conscincia e optem por uma vida mais segura, evitando que ocorram acidentes fatais.

Preveno: feita por meio das campanhas publicitrias, seguem o mesmo

modelo h anos, no demonstram muitos resultados, sendo que para cada campanha
publicitria de conscientizao, existem diversas outras com Zeca Pagodinho e mulheres,
incentivando que beber torna a vida mais fcil e til.
Cabe salientar que, as publicidades apresentadas pelas empresas que produzem
bebidas alcolicas influenciam muito o consumo, para se ter idia, constatou que para cada
anncio de bebida alcolica divulgado por ms, h um aumento de 1% na mdia de drinques
consumidos. Alm disso, o Brasil um dos pases com o valor mais baixo em se tratando de
bebidas alcolicas, facilitando a comercializao e incentivando desta forma o consumo de
bebidas alcolicas (PORTAL TERRA, 2008).

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Fiscalizao: tem por objetivo fazer cumprir o que a lei exige, por meio de uma
maneira eficiente. Todavia, a falta de recursos humanos, qualificao e de
equipamentos impossibilita uma fiscalizao adequada e consistente.
Punio: a nica soluo apresentada pelos Estados para os problemas no trnsito,
como acima mencionado as punies so severas, porm, os ndices de acidentes
tm uma diminuio muito lenta.
Como cedio, o abuso no uso do lcool causa grandes riscos sade e merece
imediata ao das polticas pblicas, haja vista que contribui para distrbios sociais e traumas
fsicos e mentais trazendo discordncias entre as famlias.
A Eficcia Prtica da Lei Seca no Brasil
O Brasil um dos pases com maior ndice de mortes no trnsito mundial comparado
com outros pases. Morrem 40 mil pessoas anualmente no Brasil (AUAD FILHO, 2008).
A violncia no trnsito a segunda maior causa de mortes por fatores externos no
Brasil, perdendo apenas para o homicdio. Vale ressaltar, segundo pesquisas publicadas pelo
DENATRAN, anualmente, ocorrem mais de 350 mil acidentes nas ruas e estradas brasileiras
com um saldo se: 33 mil mortos e mais de 400 mil feridos (DENATRAN, 2009).
De acordo com levantamento do Ministrio da Sade divulgado em 18 de junho de
2010, as mortes provocadas por acidentes de trnsito caram 6,2% no perodo de 12 meses
aps a entrada em vigor da Lei Seca, comparado com o ano anterior (PORTAL SADE,
2010).
O Brasil ocupa, hoje, a 5 posio mundial em quantidade absoluta de fatalidades no
trnsito, depois da ndia, China, EUA e Rssia. Conforme pesquisa divulgada pelo IBGE no
ano de 2010, em diversos estados brasileiros o trnsito j mata mais do que a violncia
interpessoal, que aquela interao das pessoas da sociedade (SILVEIRA, 2008).
No que se refere mortalidade, s no Estado de Santa Catarina os resultados
mostraram reduo no numero de bitos em 11,2% no perodo de 2007 2009. Se srias
providncias no forem tomadas, nos prximos quatro anos morrero, em ruas e estradas do
Brasil, mais 160 mil pessoas; e mais 720 mil sero hospitalizadas, o que representar um
custo de R$ 136 bilhes ao pas (NIVALDINO, 2008).
Ainda, conforme parecer do Ministro da Sade, Temporo (2009) conclui-se que:

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Houve tendncia de reduo no nmero de pessoas que dizem beber e dirigir, mas
essa reduo lenta. Temos de usar a lei com todo o vigor, com presena na rua,
educao, preveno, multas. S assim vamos conseguir construir uma nova
conscincia nos motoristas de que bebida e direo no combinam.

A frequncia de pessoas que dirigem aps o consumo de lcool caiu de 2,1%, em

2007, para 1,4% em 2008 aps a entrada em vigor da lei. Porm, em 2009 houve um aumento
de 1,7%. Todavia, mesmo com aumento, o ndice se mantm inferior ao apontado em 2007.
Ainda, pessoas do sexo masculino so os que mais consumem bebidas alcolicas, s em 2007
o percentual de homens que confirmaram que dirigiam aps consumir lcool era de 4,1%,
esse indicie caiu para 2,8% em 2008, e aumentou 3,3% em 2009 (PORTAL TERRA, 2009).
Consequncias do lcool
Beber confere pessoa status de liberdade e autonomia, usar o veculo aps o
consumo tende para a velocidade e liberdade de locomoo. O lcool afeta o sistema nervoso
central, mas o efeito mais intenso no crebro, tornando mais lento o raciocnio, ativando o
sistema emocional e o sistema lmbico, surgindo formas exageradas de emoo, raiva,
agressividade e perda de memria. Esses fatores, que potencializam e comprometem a
segurana no trnsito (NIVALDINO, 2008).
Ainda nas palavras do doutrinador Nivaldino (2008):
O automvel tornou-se um poderoso smbolo cultural de aventura e liberdade: a
capacidade de ir alm, de se movimentar sem pedir permisso, de dirigir livremente.
A mistura entre lcool e direo explosiva e coloca em risco a vida de quem dirige
e de quem transita pelas ruas.

Segundo pesquisa divulgada pela Organizao Mundial de Sade em 2004, o uso

abusivo do lcool um dos principais fatores que contribui para a diminuio da sade
mundial, sendo responsvel por 3,2% de todas as mortes e 4% de todos os anos perdidos de
vida til (OMS, 2005).
Dados de pesquisa realizada no ano de 2009 pela Associao Brasileira de Medicina
de Trfego demonstraram que no primeiro ano da Lei Seca as internaes hospitalares
decorrentes de acidentes de trnsito caram 28,3%, no segundo ano da lei, dados do Ministrio
da Sade mostram que houve 2.302 mil mortes a menos em todo pas (ABRAMET, 2009).
O 1 levantamento nacional de padres de consumo de lcool da populao
brasileira, elaborada em 2007 pela Senad, Universidade Federal do Estado de So Paulo,

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divulgou que jovens entre 18 e 24 anos so os que mais bebem em relao aos que tem acima
de 60 anos, chega a ser 89% maior. A cerveja e o chope so responsveis por metade das
doses consumidas por adolescentes, e o vinho, 30% (PORTAL TERRA, 2006).
Cabe ressaltar ainda que, os gastos pblicos com assistncia mdica, inclusive
internaes e reabilitaes de vitimas da violncia, bem como o amparo previdencirio para
pessoas que ficaram com alguma leso devido o abuso do consumo de lcool, constituem
altos gastos no oramento do setor pblico e para a sociedade. O Brasil, s com esses
problemas, gasta mais de 22 bilhes de reais por ano, dinheiro que poderia ser empregado em
outras necessidades prioritrias da populao como habitao, escolas, hospitais, etc.
(NIVALDINO, 2008).
O que mais causa desconsolo, que a maioria das vtimas provocadas pelo lcool so
pessoas jovens, entre 15 e 35 anos, com influncia direta (que ingeriram bebidas alcolicas)
ou indireta (que no ingeriram) nas bebidas alcolicas4.
Eficcia da Lei Seca na Comarca de Brusque
A Lei 11.705/08 no demonstrou muitos benefcios na comarca de Brusque, como
em todo o Brasil, no incio, a fiscalizao foi mais intensa e a divulgao mais presente em
todas as mdias, inclusive nos noticirios, enquanto as pessoas eram lembradas por mensagens
da proibio, as blitze estavam nas estradas confirmando o que na mdia era transmitido,
tornando a punio mais freqente, todavia, como a estrutura no comporta a quantidade de
condutores embriagados, o ndice de acidente voltou aumentar.
Mesmo assim, apenas no ano de 2010 foram instaurados 93 novos processos de
suspenso e cassao, sendo aprendidas 162 Carteiras Nacionais de Habilitaes CNHs,
penalizado 127 condutores, todos por dirigirem sob influncia de lcool, comparado com de
2007 o qual foram aprendidas 123 CNHs, entretanto, pode-se concluir que, ou a fiscalizao
foi devidamente intensa durante o ano de 2010, ou os motoristas esto mais conscientes com a
punio imposta.
Ainda, de acordo com informaes da 17 DRP da Comarca de Brusque, em 2007,
ano anterior lei, teve um ndice de 1.999 mil acidentes, ou seja, 5,82%, em 2008, com a lei
em vigor, houve diminuio de 0,50%, se tratando de nmeros, 1989. Porm, dois anos aps a
entrada da lei em vigor, teve um aumento de 7.5%, ocorrendo apenas em 2010, 2.524 mil
4

Concluses levantadas pela acadmica pesquisadora junto ao18 Batalho de policia Militar da cidade de
Brusque.

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acidentes, sendo eles 137 com condutores embriagados, todavia, leva-se em considerao o
aumento de 8% ao ano de veculos nessa cidade de Brusque.
No ano de 2007 ocorreram 34 bitos; em 2010 foram 30, nota-se que, dentre os 30
bitos, 27 eram homens, sendo 13 com idade de 18 a 30 anos. Na maioria dos casos por
excesso de velocidade e lcool.
De acordo com o Delegado Regional de Polcia, Dr. Francisco Ari Plantes dos Anjos
(2010):
A cultura dos Brasileiros em dirigir veculos automotores aps terem ingerido
bebidas alcolicas antiga, mas poder ser promovida a educao de trnsito
atravs de planejamento e aes coordenadas entre os rgos e entidade dos
Sistemas nacional de Trnsito e de educao, da Unio, Distrito Federal, dos
Estados e Municpios, para que futuramente venha garantir a segurana, atravs da
Lei Seca.

O Programa Educacional de Resistncias s Drogas - PROERD investe na

conscientizao de crianas nas escolas, que fazem parte do ensino fundamental, tratando
sobre diversos tipos de drogas, inclusive o lcool, isso cria uma educao voltada para a
conscientizao e preveno para as prximas geraes de condutores.
O hbito de beber e dirigir so socialmente aceito pela maioria dos cidados. A
legislao deveria ser mais rigorosa quanto ao uso do bafmetro, no sendo apenas uma opo
do motorista, pois dirigir no um direito universal e sim um direito concedido pela
autoridade de trnsito. Fazer o bafmetro no significa criar provas para si mesmo,
inconstitucional, o no fazer comprovado paras as autoridades de trnsito que o motorista
confirmou a embriagues.
Como afirma Martin Luther King: O que me preocupa no o grito dos violentos,
nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem carter, nem dos sem tica. O que mais
preocupa o silncio dos bons.
Ressalta-se, portanto, que esta pesquisa no tem por objetivo exaurir o tema ora
posto, mas pela relevncia que o assunto encerra, v-se que muito ainda pode e deve ser
estudado e discutido, para que as futuras geraes possam desfrutar dos benefcios trazidos
pela Lei Seca.
Consideraes Finais
A embriaguez ao volante uma conduta humana responsvel por muitas mortes e
invalidez de pessoas, prejuzos patrimoniais e pesados dispndios econmicos suportados pela
sociedade.

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A necessidade de se impor maior rigor nas medidas de represso frente aos

problemas da violncia no trnsito incogitvel e por essa razo, o legislador, sensibilizado e
atento ao mundo fenomnico, procurou dar maior proteo a vida e a incolumidade pblica
elaborando e aprovando a lei 11.705, de 19 de junho de 2008.
A chamada Lei Seca, juntamente com outras medidas pertinentes como:
conscientizao, preveno, fiscalizao e punio, um importante instrumento no combate
criminalidade violenta e o alto ndice de mortalidade no Brasil.
O Brasil ocupa, hoje, a 5 posio mundial em quantidade absoluta de fatalidades no
trnsito, depois da ndia, China, EUA e Rssia. Conforme pesquisa divulgada pelo IBGE no
ano de 2010, em diversos estados brasileiros o trnsito j mata mais do que a violncia
interpessoal (NIVALDINO, 2008).
importante refletir que a utilizao de veculos automotores uma licena
condicionada preexistncia de diversos requisitos, entende-se que aquele cidado que
solicita ao Estado uma licena para conduzir veculos automotores em vias pblicas, ciente de
que a lei probe a ingesto de lcool, implicitamente estar permitindo que esse requisito seja
aferido em eventual fiscalizao, isto , ao obter a CNH ou permisso para dirigir, o motorista
abre mo da parcela de sua intimidade em benefcio do trnsito em condies seguras,
conforme estipulado no CTB.
Referncias

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<http://www.denatran.gov.br/publicacoes/show_public.asp?cod=20 > Acesso em:27/08/2010)

29

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