Módulo 2 A 9 História A
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mutaes polticas, sociais e econmicas que deram origem a trs grandes conjuntos civilizacionais.
Depois da queda do imprio Romano do ocidente (476), a anterior unidade imperial mediterrnea foi sendo
substituda por uma multiplicidade de novos estados, sobretudo de origem germnica, muitos dos quais esto na
origem de estados europeus da Europa contempornea.
Da insero desses povos no mundo romano nasceu uma sociedade original. Nos reinos que se firam
formando os conquistadores, (cerca de 5% da populao), acabaram por se misturar com as populaes romanas e
romanizadas, operando-se uma sntese entre elementos romanos e germnicos. Sob a aco evangelizadora de
bispos e monges, o Cristianismo e o legado da cultura greco-romana penetraram nos reinos brbaros, emergindo
uma nova civilizao europeia crist. Esta foi sendo construda com uma identidade prpria face a outros dois
conjuntos civilizacionais que rodeavam a bacia mediterrnea:
No mediterrneo oriental, herdeiro do Imprio Romano do Ocidente, o rico e prspero Imprio Bizantino
permanecera uma importante referncia poltica e cultural para a cristandade ocidental.
Quanto ao Islo, os rabes, sob a direco de Maom, que pregara uma nova religio, o Islamismo.
Apesar do cristianismo ser a religio comum Igreja ocidental e oriental, no sculo XI operou-se uma
ciso entre a Igreja ortodoxa (de tradio grega) e a Igreja catlica (de tradio latina).
Esta diviso consagrou a separao entre uma Europa oriental de cultura grega e forte presena eslava e
uma Europa ocidental de cultura latina e forte presena germnica. A separao ficou ainda mais marcada depois
do sculo XIII, quando o Imprio Bizantino comeou a sofrer a concorrncia das cidades italianas.
Assim, os contributos greco-romano, germano e cristo, fundindo-se em graus diversos, constituram o
fundo comum da civilizao da Europa Ocidental.
2-DISTINGUIR, COMO UNIDADES POLTICAS, REINOS, SENHORIOS E COMUNAS
Uma geografia poltica diversificada
Imprios e reinos:
No incio do sculo IX houve uma primeira tentativa de restaurao do Imprio Romano do Ocidente. A
unificao territorial partiu de um dos mais fortes reinos da Europa Ocidental o Imprio Carolngio.
As disputas territoriais entre os herdeiros das zonas do antigo Imprio Carolngio e novas investidas
sobre a Europa (Normandos, rabes, Hngaros) tornaram evidentes as dificuldades do poder central, entrandose num perodo de instabilidade.
O enfraquecimento do poder central permitiu que os poderes pblicos fossem transferidos para os grandes
senhores locais, passando a haver uma fragmentao do poder.
No entanto, o Imprio Romano e a tentativa carolngia de construir uma unidade crist permaneceram
como referncia no imaginrio medieval. Na Germnia, no sculo X, teve lugar uma nova tentativa d restaurar o
Imprio do Ocidente, que foi designado Sacro Imprio Romano-Germnico.
Em meados do sculo XIII, o prestgio do ttulo imperial era grande, embora pouco eficaz.
A Europa crist era constituda sobretudo por um conjunto de reinos autnomos, em que as relaes de
poder entre os reis, os grandes senhores nobres e o clero variavam conforme as circunstncias histricas de
cada regio.
Senhorios
A monarquia ou o imprio eram os modos como o poder se exercia a nvel dos estados. A nvel local, o
poder sobre as populaes era exercido por grandes senhores, nobres ou eclesisticos, nos senhorios, em nome
do poder soberano.
Este modo de organizar o poder provinha das necessidades de uma sociedade que se construra em tempo
de guerra e sem instituies que fizessem a ligao entre o poder soberano e as populaes. Para obter
exrcitos de cavaleiros bem equipados com armas e cavalos, vitais num tempo de guerra, os reis tinham cedido
partes do territrio os senhorios a grandes senhores nobres ou eclesisticos, a fim de que estes os
administrassem e mantivessem exrcitos prontos a combater. Esta pratica era igualmente utilizada pelos
grandes senhores, que usavam o mesmo sistema com outros membros da nobreza menos poderosos, que lhes
ficavam sujeitos. Estas concesses eram acompanhadas pela exigncia de fidelidade e criavam laos de
solidariedade entre a camada dirigente.
Como o poder central estava distante e muitas vezes enfraquecido, os grandes senhores passaram a
exercer em nome prprio as prerrogativas da autoridade pblica que anteriormente pertenciam ao rei.
Este poder de mando do senhor o poder de ban traduzia-se essencialmente no poder militar e no de
julgar e punir. Exercia-se no s sobre camponeses, mas tambm sobre pequenos nobres e era acompanhado pelo
dever de proteco daqueles a que a ele estavam sujeitos.
Em troca das funes governativas e judiciais, o senhor recebia variadas taxas sobre a circulao de
mercadorias e portagens, bem como variadas prestaes os direitos banais ou banalidades.
Europa. Esse desenvolvimento foi acompanhado pelo crescimento das cidades, numa altura em que a autoridade
pblica central estava ainda muito enfraquecida.
O poder pertencia aos grandes senhores que, muitas vezes, viviam nos seus castelos em zonas rurais, e
era da que exerciam a sua administrao e proteco sobre as populaes. O centro do poder estava longe da
cidade e, alm disso, os interesses dos mercadores e artesos muitas vezes colidiam com os dos senhores. A sua
actividade exigia maior segurana e autonomia relativamente s obrigaes que as produes camponesas tinham
para com os grandes senhores. Os habitantes das cidades procuraram obter dos senhores ou dos reis mais
liberdade e os poderes necessrios ao exerccio das suas actividades.
Verificou-se assim um movimento urbano atravs do qual os habitantes das cidades procuraram adquirir
o direito de se auto-governarem, o que deu origem a novas formas de exerccio do poder, mais adequadas s
populaes urbanas. As condies de governao das cidades estavam expressas num documento a carta de
comuna onde estavam consignados os direitos e deveres dos habitantes das cidades.
No incio, nas comunas prevalecia um ideal igualitrio. Muitas vezes, este ideal foi quebrado por alguns
burgueses ricos que formaram uma oligarquia mercantil e financeira que se apoderou do poder da cidade, o que
levou revolta dos pequenos e mdios mercadores e artfices.
No Ocidente medieval do sculo XII havia, assim, uma multiplicidade e diversidade de poderes que se
entrecruzavam. O imprio, os reinos, os senhorios e as comunas constituam uma Europa politicamente
diversificada onde, de diferentes modos, se exerciam os poderes que organizavam a vida das populaes.
No sculo XIII, em toda a Europa, desenvolvimento econmico tornou possvel o lanamento de impostos
que permitiram manter uma administrao e um exrcito, garantes da segurana e viabilizadores da criao do
Estado. Esta aco foi sustentada pelo renascimento do direito romano, em que os reis se apoiaram na luta
contra os interesses senhoriais.
Afirmou-se uma nova noo de autoridade pblica, independente do seu titular, inalienvel e indivisvel,
cujo limite a utilidade geral (bem comum). Face distino entre o soberano e soberania, a realeza no era
passvel de ser confundida com o poder pessoal do rei, constituindo-se, assim, a noo de Estado. Com novos
meios, dispondo de cortes ou parlamentos, os reis procuraram reforar o poder real, consolidando o direito e a
justia e fazendo dos seus reinos entidades independentes, lanando as bases dos estados modernos.
3-RECONHECER, NO SACRO IMPRIO ROMANO-GERMNICO, A PERSISTNCIA DA IDEIA DE UM
IMPRIO ROMANO E CRISTO
4-MOSTRAR O
NA COESO
INTERNA
DO
MUNDO
OCIDENTAL
A Igreja desempenhara um papel extremamente importante junto das populaes desde os primeiros
tempos das migraes brbaras.
Estas populaes foram convertidas pela aco de bispos e monges a um cristianismo comum, o que
tornou possvel a fuso entre esses povos e os romanos: o Cristianismo iniciava um papel unificador da Europa
Ocidental.
Roma, a cidade de onde irradiava o poder do imperador, passou a ser o lugar de onde irradiava a
missionao. Foi a partir dela que o bispo Roma levou a efeito uma politica de fortalecimento do seu poder,
procurando impor-se como chefe da Cristandade.
No entanto, essa aco no foi pacificamente aceite nem pela Cristandade Romana oriental nem pelo
imperador do Sacro Imprio. Em 1054, UM CISMA DIVIDIU A CRISTANDADE, isto , houve a separao entre
a Igreja Catlica, sob o papa de Roma, e a igreja Ortodoxa Grega, sob o patriarca de Constantinopla.
O papado encontrou tambm dificuldades em impor-se na chefia da Cristandade ocidental, pois desde a
criao do Imprio Carolngio, a salvao do povo cristo era atribuda quer ao Papa, na ordem espiritual, quer ao
imperador, na ordem temporal. Mas havia divergncias no modo de encarar as relaes entre o poder espiritual
(da Igreja)e o poder temporal(dos reis e imperadores).
Por um lado, os imperadores germnicos tentaram controlar as eleies pontificais e o clero. O hbito de
escolher os candidatos que pretendiam para os cargos eclesisticos generalizou-se (simonia).
Passou a haver uma imbricao das funes religiosas na hierarquia feudal, pois bispos e abades
tornaram-se grandes senhores feudais, possuidores de grandes terras.
Por outro lado, os papas tentaram fortalecer o seu poder. O papa Gregrio VII continuando uma politica
de reforma iniciada pelo seu antecessor, procurou redefinir as relaes entre a dimenso espiritual e a
temporal.
Na continuidade de medidas que estabeleciam que a eleio do Papa competia a um colgio de cardeais,
determinou que a designao de bispos, abades e clrigos pertence apenas a membros do clero. Afirmou tambm
que apenas o Papa, em nome de Cristo, tinha um poder absoluto e universal, estando acima dos prncipes, que
podia depor sempre que no respeitassem os direitos de Deus e da Igreja. O poder espiritual era assim superior
ao poder temporal.
A estes princpios opuseram-se muitos reis e prncipes e, sobretudo, os imperadores do Sacro Imprio
Romano Germnico.
No sculo XIII, o papa Inocncio III reafirmou a primazia romana, de origem divina. Como tal, todas as
igrejas nacionais estavam submetidas Santa S. Iniciou a centralizao romana com o desenvolvimento da
administrao eclesistica e da fiscalidade. Afirmava-se a teocracia, em que o papado seria o guia da sociedade
crist, una, sob a direco do Papa.
5-CARACTERIZAR, EM TERMOS RELIGIOSOS, CULTURAIS E GEOGRFICOS, OS OUTROS MUNDOS:
BIZNCIO E O ISLO
Juntamente com o crescimento da influncia do papado, houve um conjunto de factores que originou a
afirmao da Cristandade ocidental, tanto perante o mundo bizantino como perante o mundo muulmano.
O desenvolvimento econmico e o aumento da populao, as ambies de prestigio de alguns reis e
senhores, o gosto e a necessidade da guerra dosa cavaleiros, criaram condies propicias para um movimento
expansionista, religioso e militar, da Cristandade ocidental, que foi designado por cruzada.
As cruzadas permitiam que os Ocidentais conhecessem melhor a cultura bizantina e desenvolvessem as
trocas comerciais.
aumentara de tal forma que a rea urbana deixara de a comportar, obrigando formao, fora das muralhas, de
novos bairros. Estes novos bairros burgos de fora foram crescendo na zona do arrabalde (exterior das
muralhas).
Aparecimento de novas cidades que surgiram em redor dos castelos e mosteiros.
As cidades onde decorriam os mercados e as feiras, cativaram e provocaram a vinda de muitos
camponeses, que pretendiam a libertao das imposies senhoriais e novas vias de ascenso social.
O crescimento das cidades foi rpido e intenso. Porm, as cidades conservavam uma estreita relao
econmica com o mundo rural. Especializadas na produo artesanal e na actividade comercial, as populaes
urbanas no poderiam subsistir sem os produtos fornecidos pelos campos.
A procura de produtos exercida pela cidade funcionou como um poderoso incentivo ao desenvolvimento da
economia rural. A comercializao dos excedentes agrcolas integrou o mundo rural nos circuitos comerciais.
O mundo rural permitiu a reduo de parte das actividades artesanais que, geralmente, se destinavam s
necessidades domsticas, passando a depender dos produtos que a cidade fornecia.
No entanto, estas trocas complementares revertiam a favor da burguesia urbana e mercantil.
Embora minoritria no mundo medieval, a cidade foi ncleo dinamizador das mudanas sociais e do
desenvolvimento econmico baseado no comrcio e nas actividades artesanais.
8-ENQUADRAR AS RELAES CIDADE-CAMPO NO RENASCIMENTO DE UMA ECONOMIA DE
MERCADO
O maior rendimento agrcola permitiu a existncia de excedentes que podiam ser vendidos, favorecendo
as trocas a nvel local e regional.
Com o desenvolvimento econmico, os locais e os circuitos de troca tornaram-se essenciais.
Feiras nos locais onde os negcios se mostraram mais propcios, alcanaram importantes volumes de
vendas e tenderam tornar-se peridicas (frequentemente anuais), associando-se muitas vezes a festividades
religiosas. Pela sua dimenso, realizavam-se muitas vezes fora das cidades, sob autorizao das autoridades da
regio e duravam uma ou vrias semanas.
Os reis e senhores incentivaram a sua realizao concedendo cartas de feira. Estas estipulavam os
tributos a pagar pelos feirantes, atribuam privilgios e garantias especiais, que iam desde a concesso da
guarda prpria e de salvo-condutos paz de feira e iseno de impostos (feiras francas).
Percorrer as feiras obrigou ao desenvolvimento dos circuitos de comunicao terrestre e dos meios de
transporte para pessoas e mercadorias.
9-DESCREVER A CONFIGURAO DA CIDADE-MEDIEVAL
As cidades medievais - de entre os sculos XI e XV - dividem-se em diversas categorias:
-as cidades de gnese romana, que podem ter sido abandonadas em determinada poca e depois reocupadas ou
ainda, no declnio do Imprio Romano do Ocidente, ter decrescido;
-as cidades que evoluram a partir de aldeias;
-as que tm na sua base um ncleo militar e que foram aceitando e implementando o comrcio, chamadas
normalmente de burgos;
-as cidades novas;
-e as denominadas cidades bastide, que surgiram no Pas de Gales, em Inglaterra e em Frana e se desenvolvem
volta de um castelo.
Somente a partir do sculo X a Europa comeou a atingir uma certa estabilidade econmica, comercial e poltica
que permitiu o crescimento das cidades que tinham entrado em declnio aps a queda do Imprio e o
desenvolvimento dos burgos, sendo que o sculo XIII usualmente considerado como aquele que mais propiciou a
vida e a evoluo da cidade.
As tipologias variam de cidade para cidade, pois algumas, sobretudo as que datam do perodo romano,
correspondem a um planeamento urbano em forma de retcula, enquanto que outras, resultantes de adaptaes e
evolues, apresentam uma estrutura muito mais catica, de crescimento orgnico e descontrolado. Existem,
contudo, estruturas coincidentes em quase todas elas, como, por exemplo, as muralhas, os edifcios e jardins, os
circuitos virios, o mercado e a igreja. As muralhas, para alm de servirem de defesa, funcionavam tambm como
portagem ao comrcio, e, como eram barreiras fsicas ao crescimento urbano, tinham de ser sucessivamente
criadas novas cinturas, como aconteceu, por exemplo, na cidade de Florena. As ruas, que comearam a ser
pavimentadas e por onde circulavam bestas de carga e pessoas, revestiam-se de importncia especial por ligarem
todos os stios onde se comerciava, que era praticamente em toda a cidade. Ao lado das ruas cresciam os
edifcios, sobretudo em altura e muito juntos, uma vez que o espao confinante com a via era social e
comercialmente valorizado. A praa do mercado situava-se normalmente no centro da urbe ou junto rua
principal, e encontrava-se rodeada de edifcios de cota mais ou menos igual, com galerias por baixo. Esta praa
podia ter diversas formas, desde a triangular oval e quadrada. Em frente igreja situava-se igualmente uma
praa (por vezes confinante com a do mercado), que se revestia de importncia particular por ser l que se
reuniam, em convvio, os fiis antes e depois da missa, e onde eram tambm deixados os cavalos dos no
residentes.
10-LOCALIZAR OS PLOS MAIS DINMICOS DA ECONOMIA EUROPEIA
11-TRAAR UM QUADRO GENRICO DE ROTAS E PRODUTOS
As actividades comerciais foram tendo uma importncia crescente na Europa Ocidental. Nos sculos XII e
XIII, o comrcio externo desenvolveu-se com maior dinamismo em algumas regies europeias:
Flandres as cidades de Gand, Ypres, Bruges e Donai eram grandes centros manufactureiros
especializados na produo de lanifcios. Graas sua posio geogrfica estratgica bem como fora da sua
industria, a Flandres no s exportava os seus panos mas tambm atraa comerciantes oriundos das mais
diversas partes da Europa.
flandres chegavam produtos do Bltico e da Rssia (cera e peles), produtos mediterrneos e especiarias
orientais trazidas pelos italianos, produtos espanhis (amndoas, figos, uvas), portugueses (mel, couro, azeite,
uvas), ingleses (ls, chumbo, estanho, queijo).
Hansa era a maior fora econmica e comercial do Bltico e as suas principais cidades eram
Hamburgo, Dantzig, Riga. Colnia e Lubeque. Os comerciantes comercializavam produtos agrcolas, madeiras,
peles, etc.
Cidades italianas os italianos desenvolviam o comrcio em Gnova e Veneza. Comercializando
tecidos de seda, pedras preciosas, prolas, almen, peles, madeira, peixe e arenque salgado.
Feiras da Champagne realizadas nas cidades de Lagny, bas-sur-Aube, Provins e Troyes, foram as
mais importantes de todas as feiras medievais. A sua localizao geogrfica e as regalias que os reis e senhores
ofereciam aos viajantes atraram mercadores de toda a Europa.
A se trocavam lanifcios, sedas, artigos de couro, peles, linhos, cereais, vinhos e corantes.
12-EXPLICAR O DESENVOLVIMENTO DAS NOVAS PRTICAS FINANCEIRAS
A economia monetria sobrepunha-se lentamente economia natural.
Esta era um sistema econmico em que toda a produo excedentria se destinava ao mercado, tornando as
trocas essenciais e indispensveis.
O intenso desenvolvimento comercial obrigava a uma maior utilizao da moeda e a inovaes nas tcnicas
dos negcios.
Cheques e letras de cmbio funcionavam como um papel-moeda que evitava o uso do numerrio.
Assim, permitiam substituir o transporte de dinheiro vivo, sempre mais arriscado e volumoso, fazendo operaes
de pagamento em papel.
Sociedades comerciais permitiam reunir capital a uma escala a que os particulares dificilmente
poderiam ter acesso e, da mesma forma, repartir os lucros do negcio proporcionalmente a esse investimento
inicial.
Cmbios eram uma necessidade constante numa economia de mercado que manuseava moedas to
dspares como o florim (Florena), o ducado (Veneza) ou o tari (moeda muulmana).
Bolsas de mercadores companhias de seguros que mediante o pagamento de certas quantias por
frete realizado para um fundo comum, cobriam os riscos das viagens, na proporo dos capitais investidos.
13-EVIDENCIAR A FRAGILIDADE DO EQUILBRIO DEMOGRFICO
Ao perodo de enormes progressos da demografia e da economia demogrficas europeias dos sculos XII
e XIII sucedeu um perodo de recesso.
Um conjunto de circunstncias adversas, por vezes actuando em simultneo, provocou uma recesso
demogrfica e econmica, tendo a Europa passado por uma fase de instabilidade social e poltica.
Nos finais do sculo XIII, a populao europeia atingira um nvel difcil de manter com o
desenvolvimento tcnico existente.
Os maus anos agrcolas pioraram a situao. Com efeito, devido a uma srie de condicionalismos climticos,
ocorreram maus anos agrcolas por toda a Europa, provocando quebras na produo. A carncia de alimentos e a
carestia de vida por ela provocada trouxeram a fome a muitas regies. Os organismos depauperados tornavamse mais susceptveis a contrair doenas e menos resistentes a epidemias e a conjuno destes factores levava
tendncia para a diminuio da populao europeia.
Depois de 1348, esta tendncia para o recuo demogrfico foi agravada pelos efeitos de uma terrvel
epidemia: a Peste Negra.
Originria do Oriente, esta epidemia, muito contagiosa, espalhou-se por toda a Europa. Apesar de algumas
regies europeias terem sido menos atingidas, em muitas regies houve quebras entre 30 e 50% da populao.
Em algumas zonas, as aldeias ficaram desertas devido morte ou abandono dos seus habitantes.
Com a queda demogrfica que provocou, a Peste Negra agravou a depresso econmica que se vinha a
sentir. A diminuio do consumo e a falta de mo-de-obra desestabilizaram o mercado, verificando-se alteraes
nos preos, nos salrios e no valor da moeda.
Esta situao foi agudizada pelos conflitos militares, pois o sculo XIX foi tambm um sculo de
conflitualidade.
1-MAPAS DA RECONQUISTA
10
AFONSO
HENRIQUES
PARA
A DEFINIO
DO
ESPAO PORTUGUS
O condado foi concedido a D. Henrique a ttulo de dote hereditrio, pelo seu casamento com D. Teresa,
filha de D. Afonso VI, quando D. Afonso VI separou este territrio da Galiza para o conceder ao conde D.
Henrique de Borgonha, que viera para a Pennsula para ajudar na luta contra os Mouros. Pode-se mesmo afirmar
que Portugal um produto da reconquista crist. Quer a autonomizao politica e o alargamento territorial do
reino de Portugal, resultaram da luta contra os muulmanos que dominavam a Pennsula.
Com efeito, foram as vitrias no campo de batalha contra o Islo, que deram a D. Afonso Henriques o
prestgio e a autoridade necessrios para reivindicar, junto das autoridades castelhana e papal, o direito de
usar o ttulo de rei e ser aceite como soberano pelos seus sbditos.
Foi ainda o sucesso militar que lhe permitiu obter um territrio suficientemente amplo para viabilizar a
existncia de Portugal como reino independente. Alargando a sua fronteira para sul at linha do Tejo -Sado,
Afonso Henriques conquista a cidade de Santarm em 1147. A sua posse abriu-lhe caminho tomada de Lisboa,
feito alcanado com a ajuda dos cruzados, em 14 de Outubro desse mesmo ano. Seguiram-se-lhes as conquistas
de Sintra, Almada e Palmela, fortalezas importantes para a defesa de Lisboa, e mais tarde de Alccer do Sal
(1158-1160).
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Ao mesmo tempo que se ia processando o alargamento territorial para Sul, D. Afonso Henriques e os
seus sucessores dividiam os seus esforos no povoamento e na organizao administrativa, e econmica e social
das reas conquistadas, elementos fundamentais para a consolidao das fronteiras e para a prpria
sobrevivncia do Reino.
Para realizar estes objetivos, foram concedidos inmeras cartas de Foral, criaram-se os primeiros rgos da
administrao central e fizeram-se importantes doaes de terras e privilgios s ordens religiosas e s ordens
militares.
A conquista ou a tomada de posse por D. Afonso III, em 1249, das cidades e castelos do Algarve que ainda se
encontravam nas mos dos mouros concretizaram o grande objectivo de estenderas fronteiras de Portugal at
ao limite Sul do territrio at ao mar.
3-SITUAR A DEFINIO DO ESPAO PORTUGUS NO CONTEXTO DA RECONQUISTA
A definio do territrio de Portugal e a sua existncia como entidade politica independente no Oeste
peninsular, est intimamente ligada ao processo da Reconquista (Sculos VIII-XV). A Reconquista Crist deu-se
com a formao do condado Portucalense em 1096, quando D. Afonso VI separou este territrio da Galiza para o
conceder ao conde D. Henrique de Borgonha, que viera para a Pennsula para ajudar na luta contra os mouros.
4-MOSTRAR OS AVANOS DA RECONQUISTA E DO SEU TERMO
Portugal nasceu e consolidou-se como reino independente e definiu as suas fronteiras em estreita
ligao com o processo da Reconquista crist peninsular.
Por isso podemos dizer que o nosso Pas um produto da Reconquista.
Ao longo do tempo Portugal foi-se definindo e consolidando o territrio e a autonomia politica.
Na Reconquista j feita uma distino entre concelhos rurais e concelhos urbanos, sendo os primeiros
constitudos por pequenos grupos de povoadores, enquanto os segundos se dividiam em burgos, onde as pessoas
viviam dependentes do poder senhorial e onde uma carta de foral concedia aos seus moradores igualdade de
direitos.
Os concelhos criados ou legalizados pelos forais, dispunham de graus variveis de autonomia. Esta
exprimia-se nomeadamente, atravs da existncia de uma assembleia e de magistrados locais eleitos, na
garantia das liberdades individuais e na excluso do exerccio dos direitos senhoriais na rea municipal e era
simbolizada pelo uso de um selo prprio e pela existncia do pelourinho.
O rei era o maior e mais poderoso dos senhores, reservando para si, em exclusivo, certos direitos, como
o de justia maior, o comando militar e a cunhagem da moeda.
12
A partir do sculo XIII, a reestruturao central e local e a abertura das Cortes participao dos
representantes dos concelhos vieram dar mais fora e autoridade realeza para combater a expanso
senhorial.
5-EXPLICAR AS CONDIES DO ESTABELECIMENTO DEFINITIVO DAS FRONTEIRAS DE PORTUGAL
A definio do espao territorial portugus ficou concluda em 1297 com a celebrao do Tratado de
Alcanices entre D. Dinis, de Portugal e D. Francisco IV de Castela. Fixou-se assim de forma praticamente
definitiva, a fronteira Leste do Pas: O rei de Portugal assegurou a posse das praas tomadas na terra de RibaCa, juntamente com Olivena, Campo Maior, Ouguela e So Feliz de Galegos, assim como Moura e Serpa, j
cedidas em 1295 mas no entregues em contrapartida, desistiu das suas pretenses relativamente a Aracena,
Aroche, Ferreira, Esparregal e Aiamonte.
Portugal estabelecia assim, ainda no sculo XIII, as fronteiras do seu territrio, que com pequenas
alteraes posteriores, haveriam de permanecer at aos nossos dias.
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A origem e evoluo da maioria das famlias nobres portuguesas na Idade Mdia, esto relacionadas com
a emigrao de alm-fronteiras (Leo, Castela, Frana, Norte da Europa) e a promoo social como recompensa
por servios prestados nas lutas da Reconquista, ao longo dos sculos XI e XII.
Esta realidade histrica permite compreender a predominncia do regime senhorial no Noroeste
portugus na regio entre Douro e Minho, e no litoral at ao Mondego, onde um grande nmero de senhores
sujeitou pela posse das armas e pelo exerccio de poderes pblicos uma numerosa massa de camponeses. O
regime senhorial avanou depois para Sul do Tejo, atravs das concesses s ordens militares, encontrando os
maiores obstculos na poltica de centralizao rgia e nas instituies concelhias, criadas ou preservadas pela
concesso de cartas de foral.
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Como nos demais reinos europeus, em Portugal a nobreza era uma categoria social privilegiada,
distinguindo-se pelo exerccio de funes politicas e militares, que faziam dela um auxiliar imprescindvel da
Realeza. Os reis governavam atravs dos nobres, que aparecem muitas vezes na documentao qualificados como
fideles, os fiis, e faziam a guerra com o apoio das suas armas e dos seus homens. O uso das armas e do cavalo,
a posse de terras e a sua familiaridade com o poder davam-lhes uma enorme superioridade sobre o conjunto da
populao.
A nobreza como as restantes ordens sociais, no constitua uma categoria social semelhante. Na realidade
integravam-na grupos ou classes com nveis de rendimento e at de estatuto muito diferenciados. Os ricoshomens, magnates conhecidos como nobres de pendo e caldeira tinham o poder e a autoridade para
arregimentar sob o seu estandarte cavaleiros e pees e os meios para os sustentar no decurso de uma campanha
militar, aproveitaram as aces militares da luta contra os mouros para conquistar os favores dos reis. A quem
se encontravam ligados pelo sistema de vassalidade, para obter imunidades, enriquecer e transformar-se no
grupo mais importante de entre os nobres. Abaixo destes homens-ricos situava-se um grupo muito mais
numeroso de aristocratas terratenentes que, na sua maioria, descendiam das antigas famlias de homens livres
dos perodos romano, suevo e visigodo, os infanes (nobres de nascimento) e ainda uma nobreza que vivia
fundamentalmente do servio militar e que era constituda por cavaleiros e escudeiros.
10-DESCREVER A EXPLORAO ECONMICA DO SENHORIO
A nobreza senhorial vivia da terra e das rendas dominiais, conjunto de bens em espcie, dinheiro ou
servio, que cobrava aos camponeses que cultivavam as suas propriedades (as honras) e sobre os quais exercia
uma jurisdio limitada. As honras beneficiavam de um conjunto de privilgios e imunidades muito favorveis
para os seus titulares, como o direito de proibio de entrada a funcionrios rgios, a iseno do pagamento de
impostos e a autonomia judicial e administrativa. No entanto, a Realeza manteve sempre o controlo sobre o
poder senhorial, reservando para si determinados direitos, como a justia maior (pena de morte ou corte de
membros), ou mesmo combatendo-o abertamente.
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nicas a merecerem a designao de cidades. Remontavam aos primeiros tempos de organizao do Cristianismo
na Pennsula e, certamente, a sua reconquista e posterior restauro foram motivo de desmedido orgulho.
A urbanidade de uma povoao media-se, em grande parte, pelo seu grau de superintendncia jurdica. A cidade
e a vila concelhia dispunham, na verdade, de uma capacidade auto-administrativa, maior ou menor, que os
monarcas e, s vezes, um senhor lhe concederam atravs de uma carta de foral. Num pas que nasceu sombra
de castelos e igrejas, compreende-se o privilgio que representava a vida num concelho, onde as amarras
senhoriais eram mais tnues ou praticamente inexistentes. Ele explica-se, especialmente, pela necessidade de
atrair moradores a zonas que urgia defender e povoar: a Beira interior, a Estremadura, o Alentejo. Nestas
regies se situaram, predominantemente, os concelhos perfeitos ou urbanos, cuja organizao analisaremos mais
adiante.
O desenvolvimento urbano dependeu da proximidade dos eixos de comunicao, da facilidade dos transportes
terrestres, do estabelecimento e dinamismo de uma rede comercial. Para alimentar a sua populao e, em
simultneo, exportar as suas produes rurais e artesanais, a cidade deve inserir-se numa vasta rede de trocas.
Ao surto urbano portugus no , por conseguinte, estranho o ressurgimento comercial que o Ocidente medieval
viveu a partir do sculo XII. No por acaso que as urbes de maior dimenso, como Guimares, Porto, Coimbra,
Santarm, Lisboa e vora, se localizavam num eixo norte-sul paralelo costa atlntica, com a qual facilmente
comunicavam. Ao dinamismo dos seus mercadores se deve a concesso das respectivas cartas de foral.
* Concluindo:
Beneficiando das peregrinaes a Santiago de Compostela, do avano da Reconquista, da estncia da corte rgia,
do restauro das ss episcopais, da criao de concelhos e do dinamismo comercial, Portugal recuperou, desde o
sculo XII, uma fisionomia urbana.
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Toda a cidade medieval comportava uma zona nobre, um centro, que se distinguia do restante espao. E dizemos
nobre, no porque nele habitassem os aristocratas de sangue que, alis, sofriam de vrias limitaes para
construir casas na cidade , mas porque nele se situavam os edifcios do poder e moravam as elites locais.
Referimo-nos ao castelo ou torre de menagem do alcaide, S ou igreja principal, ao pao episcopal, aos paos
do concelho, s moradias dos mercadores e mesteirais abastados. So edifcios altivos, de robusta pedra que
desafia os tempos. No longe deles estava o mercado principal numa praa ou rossio, se bem que muitos outros
mercados proliferassem no interior da cidade medieval. Fora daquele centro, que hoje nos chocaria pelo
amontoado das construes e pela falta de espao que, por certo, impediria uma boa panormica da catedral, a
cidade espraiava-se numa desordem total. S no reinado de D. Dinis se abriram ruas para servirem de eixo
ordenador do espao urbano. Mais largas que o habitual iam directamente de um ponto ao outro da cidade,
ligando duas das suas portas. Chamavam-se ruas direitas e, tal como as ruas novas surgidas desde o sculo XII,
enchiam de satisfao os citadinos, que a abriam as suas melhores oficinas, lojas e estalagens. Tudo o mais eram
ruas secundrias, autnticas vielas para os nossos padres, ftidas, escuras e poeirentas, raramente calcetadas,
onde os despejos se faziam a cu aberto, ces e porcos focinhavam e mil perigos espreitavam. Nelas se
distribuam as habitaes populares, as oficinas dos mesteirais, as tendas para a venda dos produtos e, at,
albergarias e hospitais, que acolhiam peregrinos, pobres e doentes. Uma curiosa compartimentao scioprofissional levava a que os ofcios se agrupassem em ruas especficas, que a toponmia viria a perpetuar. Donde
os curiosos nomes das ruas dos Sapateiros, Correeiros, Pelames, Caldeireiros, do Ouro, da Bainharia ou dos
Mercadores. Facilitava-se, desse modo, a aquisio da matrias-primas, a aprendizagem das tcnicas, a
comercializao de bens. No faltavam, na cidade medieval portuguesa, as minorias tnico-religiosas: os judeus e
claro, por razes histricas, os mouros submetidos. Muitos dos judeus eram mesteirais (ourives, alfaiates,
sapateiros), mas houve-os tambm mdicos, astrnomos, cobradores de rendas. Mais letrados que o comum dos
cristos (as discusses teolgicas, na sinagoga que tambm era escola, a tal os predispunha), mais abastados,
dados usura e ao negcio, embora os humildes no faltassem, os judeus viviam em bairros prprios, as
judiarias, com os seus funcionrios, juzes e hierarquia religiosa. Durante sculos, e apesar do antagonismo
religioso e de pontuais invejas motivadas pela sua superioridade econmica e intelectual, a sociedade portuguesa
tolerou os judeus e as cidades, como vimos, albergaram-nos dentro de muros. Um grupo numeroso de judeus era,
alis, entendido como smbolo de dinamismo econmico do burgo.
Em finais do sculo XV, a convivncia entre os dois credos romper-se-ia Referimo-nos ao momento em que um
edicto de D. Manuel obrigou os judeus converso, sob pena de expulso. Quanto comunidade mourisca, no foi
senhora de uma abastana comparvel dos judeus. A opinio pblica fixou a mxima do trabalhar que nem um
mouro sinal da condio inferior dos islmicos. Mas nem por isso os cristos deixaram de os recear: relegaramnos, tambm, para bairros prprios as mourarias, que fizeram situar no arrabalde.
*O arrabalde
Localizado fora de muros, o arrabalde acabou por se transformar num prolongamento da cidade. Nele se
encontravam as hortas, tantas vezes designadas de almuinhas (palavra de origem rabe), que, juntamente com os
ofcios poluentes (pelames ou curtumes), estavam prximos de cursos de gua. Os ferreiros eram outro grupo de
mesteirais que, frequentemente, se fixava nos arrabaldes. A fuligem e o barulho ensurdecedor que saa dos seus
martelos e bigornas tornava-os to indesejveis, no espao intra-muros, quanto os surradores e os carniceiros.
Outros, como os carpinteiros e calafates navais do Porto, desceram as escarpas da sua acidentada cidade, vindo
fixar-se beira-rio onde deram origem ao prspero arrabalde de Miragaia. Para muitos mesteirais e
mercadores, o arrabalde constitua um local privilegiado. Instalando as suas oficinas e lojas nas vias que
conduziam s portas da cidade, eram naturalmente os primeiros a abastecerem os que dela saam e os que nela
entravam. No arrabalde semanalmente, tinha lugar um bem fornecido mercado, onde citadinos e aldeos se
cruzavam. Nem sequer animao l faltava: aos habituais malabaristas e saltimbancos vinham juntar-se, por
vezes, as touradas. Contudo, um certo ar de marginalidade rodeava o arrabalde. No s as actividades menos
limpas para ele eram remetidas. Os pedintes e os leprosos, esses prias que a sociedade medieval hostilizava,
confinavam-se ao seu espao. Eis o motivo por que as ordens mendicantes se instalaram nos arrabaldes desde o
sculo XIII. Atrados pelo mundo da pobreza e da excluso, Franciscanos e Dominicanos desempenharam com
xito a sua misso de assistncia e proteco aos humildes e desenraizados.
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* O termo
Para alm do arrabalde, espraiava-se o termo, espao circundante de olivais, vinhas ou searas e aldeias vrias
includas. Sem o termo a cidade medieval no poderia viver. Nele exercia a jurisdio e o domnio fiscal; nele
impunha obrigaes militares. A tal dava direito a autonomia das cidades e vilas concelhias... Semanalmente, os
aldees do termo acorriam ao mercado que se realizava junto s portas da cidade. Traziam os indispensveis
produtos da terra; no fim das vendas, no partiriam, certamente, sem antes transporem a muralha e adquirirem
nas lojas uma pea de pano, calado ou as alfaias agrcolas de que estavam necessitados. Tal era o prestgio e a
abastana oriundos da posse do termo que os monarcas o alargavam ou encurtavam se desejassem agraciar ou
castigar as cidades! Foi o que aconteceu na Revoluo de 1383-85, em que vilas como Santarm, por seguirem o
partido de D. Beatriz, viram o seu termo reduzido. J o Porto, que tudo dera causa do Mestre de Avis,
receberia de presente Gaia, Vila Nova, Azurara e Mindelo.
O EXERCCIO COMUNITRIO DE PODERES CONCELHIOS; A AFIRMAO POLTICA DAS ELITES
URBANAS
J referimos como a necessidade de repovoar o interior e o sul do pas, obtendo simultaneamente a ajuda militar
das populaes, levou monarcas e senhores a reconhecerem a autonomia poltico-administrativa de parcelas do
territrio. Trata-se dos concelhos, comunidades de homens livres, cujos privilgios e obrigaes ficaram
consignados nas cartas de foral. Durante os sculos XII e XIII concederam-se forais maior parte das cidades
e grandes aldeias; frequentemente, limitavam-se a sancionar formas embrionrias de organizao local e
tradies de autonomia existentes no Sul muulmano. Referimo-nos, concretamente, s liberdades que, nas
cidades islmicas, costumavam ser concedidas s comunidades crist (morabe e judaica). O nmero mais
significativo de concelhos, sobretudo daqueles que lograram maiores capacidades de gesto governativa, situavase nas regies fronteirias das Beiras, na Estremadura e no Alentejo. Eram os chamados concelhos urbanos ou
perfeitos. Compreendiam a cidade propriamente dita, ou vila, sedes do concelho, cuja rea de influncia
jurisdicional o termo inclua aldeias e uma vasta populao rural. Chamavam-se vizinhos a todos os homens
livres, maiores de idade, que habitavam a rea concelhia h um certo tempo e que nela trabalhavam ou eram
proprietrios. Deles estavam excludos os nobres e os clrigos, a no ser que se submetessem s leis comuns e
abdicassem dos seus privilgios. O mesmo acontecia com as mulheres excepo feita s vivas , os judeus,
os mouros, os estrangeiros e, naturalmente, os servos e escravos. Aos vizinhos competia a administrao do
concelho. Revestia o carcter de uma administrao comunitria, distinta da do senhorio que pertencia a um
nico titular. Para o efeito, os vizinhos integravam a assembleia (concilium), que era o grande rgo deliberativo
do concelho. Conhecidas por posturas municipais, as decises da assembleia dos vizinhos regulamentavam
questes econmicas relacionadas com a distribuio de terras, o aproveitamento dos pastos e dos bosques, o
exerccio dos mesteres, o abastecimento dos preos, no descurando, tambm, os preceitos de higiene, a
manuteno da concrdia e dos bons costumes entre os habitantes. Mas as competncias mais significativas do
concelho, precisamente aquelas que distinguiam um municpio perfeito de outro imperfeito, eram as que se
relacionavam com a administrao da justia e a eleio dos magistrados. Fixemos seus nomes e funes. Os
alcaides ou juzes (dois ou quatro), tambm chamados de alvazis, eram os supremos dirigentes da comunidade.
Os almotacs (doze no sculo XIII) estavam encarregados da vigilncia das actividades econmicas (mercados,
preos e medidas), da sanidade e das obras pblicas. O procurador exercia o cargo de tesoureiro e representava
externamente o concelho. Quanto ao chanceler, competia-lhe guardar o selo e a bandeira do concelho. A estes
magistrados acrescentavam-se, desde 1340, os vereadores (dois a seis), nomeados pelo rei de entre os vizinhos.
Possuam vastas competncias legislativas e executivas, vindo a sobrepor-se, inclusivamente, assembleia dos
vizinhos e aos restantes magistrados. Alcaides, almotacs, procuradores ou vereadores, todos os magistrados
pertenciam elite social do concelho, sendo comummente chamados de homens-bons. Eram proprietrios rurais
e donos de razoveis cabeas de gado nas terras do interior; j nas cidades do litoral, as suas fortunas
provinham, maioritariamente, do comrcio. At ao sculo XIII desempenharam um papel fundamental na
Reconquista e defesa do territrio a sul do Mondego. Por isso, a realeza os agraciara ao faz-los cavaleirosvilos. Serviam na guerra a cavalo, com as suas armas de ferro e os seus squitos de pees. Mereciam um
tratamento judicial reservado aos infanes, no podendo receber aoites. Do ponto de vista fiscal, estavam
isentos do pagamento da jugada e dispensados de fornecer a pousadia. Ao protagonismo social, derivado das suas
riquezas e dos privilgios alcanados, os homens-bons somavam a preeminncia poltica, j que monopolizavam os
cargos e as magistraturas do concelho. Evitavam a todo o custo a participao dos nobres e dos prprios
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1.
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3.
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4.
5.
Concelho rgio correspondendo s antigas reunies ordinrias (normais) da Cria Rgia, este
concelho funciona como um rgo permanente de apoio ao rei (passa a ser composto
maioritariamente por legistas);
Tribunais superiores trata das questes da justia maior e so compostos tambm por
legistas.
Cortes as primeiras cortes reuniram em 1254, no reinado de D.Afonso II, em Leiria.
Correspondem s antigas reunies extraordinrias da Cria Rgia. Eram compostas por
representantes do Clero, da nobreza e dos Concelhos (povo). Tratavam das questes mais
importantes como: aclamao de novos reis, lanamento de novos impostos, quebra da moeda.
Reforo do poder do rei ao nvel da administrao local:
O pas foi dividido em comarcas (diviso administrativa dirigida por um meirinho), julgados
(divises judiciais dirigidas por corregedores e juzos de fora), almoxarifados (divises fiscais dirigidas por
almoxarifes).
Reforo do poder do rei face aos grandes senhores:
leis de Desamortificao
inquiries
confirmaes
A partir do sc. XIII
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Confirmaes (representaram o reconhecimento, pelo rei, dos ttulos de posse de terras e direitos
da nobreza e do alto clero, doados pelos predecessores);
Inquiries (averiguaes feitas nos bens reguengos sobre os direitos e rendas devidos ao rei,
permitiram descobrir que os fidalgos, as ordens militares, os bispos e os abades haviam cometido
inmeras usupaes, tendo o monarca determinado que as propriedades rgias usurpadas deveriam
voltar posse da Coroa)
Exemplificar a afirmao de Portugal no quadro poltico Ibrico.
O prestgio da monarquia portuguesa atravessou fronteiras, em que no contexto poltico ibrica, o rei de
Portugal, D.Dinis, foi um interlocutor apreciado que interveio nas decises internas do reino de Castela. Uma
dessas intervenes suscitou o Tratado de Alcanises e, com ele, a resoluo do problema da fronteira terrestre
entre os dois reinos.
Para a sua afirmao contribui tambm a Coroa de Arago onde se estreitaram os laos o monarca portugus
casou com a princesa Isabel de Castela; a interveno, no reinado de Afonso IV, cujo apoio militar solicitado
pelo seu genro, Afonso XI, em que os Mernidas de Marrocos ameaavam restaurar o domnio muulmano na
Pennsula.; e ainda quando as foras portuguesas e castelhanas travaram a Batalha do Salado com as hostes
muulmanas, a vitria crist foi total. Portugal afirmava-se assim, entre os grandes, ombreando com os monarcas
peninsulares.
3. Valores, vivncias e quotidiano
Linha Conceptual
No sculo XIII, a cidade fervilha de inovaes: abre as suas portas s novas formas de arte, erguendo, em
estilo gtico, catedrais altssimas; acolhe os estudantes que acorrem s suas escolas e universidades; desenvolve
novos laos de solidariedade, dando um novo sentido caridade crist.
Partilhando estes tempos de mudana, a velha nobreza guerreira deixa-se imbuir (convencer) dos nobres ideias
da cavalaria, que as histrias romanceadas de heris reais e lendrios propagam pela Europa. Assim se adopta,
nas cortes rgias e senhoriais, outra forma de estar e de conviver, mais refinada, em que o amor passa a assumir
um lugar destacado.
Nesta poca, abrem-se tambm novos horizontes geogrficos. O gosto pelas viagens, adormecido desde o fim do
mundo romano, desperta nos Europeus. Cruzam-se os caminhos do comrcio, percorrem-se os caminhos de
peregrinao, encetam-se longas travessias rumo a um Oriente fabuloso e desconhecido. A vastido do mundo
comea a entrever-se. Aos Portugueses caber, mais tarde, precisar os seus contornos.
Caracterizar a poca medieval
A poca medieval um perodo muito extenso da vida da humanidade (cerca de 1000 anos) que se convencionou
balizar entre as datas 476 (queda do Imprio Romano do Ocidente) e 1453 (queda do Imprio Romano do
Oriente). Naturalmente, um perodo to alargado no tempo corresponde a muitas transformaes ao nvel do
tempo curto (dos eventos ou acontecimentos) e do tempo mdio (das conjunturas). No entanto, possvel
destacar algumas caractersticas perenes, isto , duradouras, que se mantiveram praticamente inalteradas ao
longe de todo esse perodo: estamos a falar das estruturas correspondentes ao tempo longo. Assim, na Euro pa
Ocidental, podemos destacar as seguintes:
Estrutura econmica - era centrada, essencialmente na agricultura, sector pouco desenvolvido porque estava
dependente dos factores climticos e da mo-de-obra. de salientar, no entanto, a crescimento agrcola
registado a partir do sculo XI, possibilitado por um conjunto de inovaes na forma tradicional de cultivar . A
acompanhar o progresso agrcola, assinala-se o progresso comercial, atravs da criao de uma rede de rotas
comerciais dominada pela Flandres, pela Liga Hansetica e pelas cidades italianas.
Estrutura demogrfica - uma elevada taxa de mortalidade, sobretudo infantil, impedia que a populao
aumentasse significativamente, apesar da tambm elevada natalidade. Uma vez que a evoluo da populao
era consequncia directa do sistema econmico, os progressos na agricultura e no comrcio dos sculos XI a
XIII constituram um factor importante para o crescimento demogrfico e para o surto urbano desses
sculos. Noutras pocas, nomeadamente no sculo XIV, a fraca produtividade agrcola (fomes) aliava-se s
doenas (pestes) e aos conflitos polticos (guerras) para produzir um recuo demogrfico.
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Estrutura social - era assente em estratos ou ordens - clero, nobreza e Terceiro Estado categorias sociais
rigidamente separadas consoante os seus deveres e privilgios. Dentro do Terceiro Estado deve ser destacada
a singularidade da burguesia, grupo em ascenso no sculo XIII devido ao enriquecimento pelo comrcio e
ascenso a cargos de chefia na administrao dos burgos.
Estrutura poltica - depois de um perodo muito conturbado politicamente, devido s invases de diversos
povos no espao do antigo Imprio Romano, a Europa cristalizou-se politicamente em reinos, senhorios e
comunas, sobressaindo, no centro da Europa, o Sacro Imprio Romano-Germnico coma tentativa de unificao
europeia. Nos campos, a palavra-chave dependncia: relaes de dependncia entre senhores nobres, por um
lado, e entre estes e os membros do povo, par outro. 0 Rei, neste contexto, fez esforos, sobretudo a partir
do sculo XIII, para impor a seu estatuto de Lder. Servia-se, muitas vezes, do apoio da elite citadina para
obter a centralizao do seu poder.
Aspecto arquitectural inicialmente o romnico, com monumentos relativamente baixos, pouca luz e poucas
janelas, com o arco redondo e fraca decorao. Existia uma arquitectura religiosa (conventos / mosteiros,
igrejas e catedrais S Velha de Coimbra) outra civil (casas Domus Municipalis de Bragana) e uma outra
militar (castelos e muralhas).
Aspectos culturais Reter sobretudo o papel relevante do clero na transmisso dos saberes antigos, atravs
do trabalho realizado nos conventos e mosteiros pelos monges copistas, tradutores, iluministas, etc. Sendo o
clero tambm a nica classe que sabia ler e escrever.
Havia alm disso, embora de modo mais restrito, uma cultura profana cultivada por jograis e trovadores
(cantigas de amigo, de amor e de escrnio e maldizer), por cronistas (caso das crnicas de Ferno Lopes ou de
Gomes Eanes de Zurara) e romancistas (Amdis de Gaula e toda a literatura em torno do rei Artur e dos
cavaleiros da Tvola redonda ) . Pintura e escultura tiveram propores menos relevantes.
Reconhecer os elementos caractersticos do estilo gtico.
A Arte gtica caracterstica da Europa entre os sculos XII e XIV, caracterizada pela abundncia decorativa
ao nvel da escultura e da pintura, pela utilizao de arcos quebrados e abbadas em ogiva que facilitaram a
verticalidade das construes, sobretudo catedrais, pelos arcobotantes que lhes conferiu elegncia e leveza, e
pelas janelas e rosceas com vitrais que lhes criou luminosidade interior. A decorao das igrejas preocupava-se
com a evangelizao dos fiis e com a doutrinao. Era tambm comum encontrar-se arcos em ogiva, apoiados em
colunas altas, bem como abbadas ogivais ou de cruzamento de ogivas, evoluindo para a abbada de arestas, j
utilizada no romnico, e que confere aos portais e s arcaturas interiores um aspecto de verticalidade e elevao.
Como solues tpicas da arquitectura gtica surgem igualmente os contrafortes e os arcobotantes, com o fim de
reforar os pontos de presso. No fundo, a arte gtica introduziu o pensamento filosfico da poca, realando o
equilbrio matemtico, a ordem racional do mundo criado por Deus, sendo por isso valioso por si e o ideal Realista
e Naturalista, proporcionado, individualizado e expressiva, reflectindo assim a cultura urbana.
Todos estes elementos conferiam catedral gtica a sua imponncia e grande identidade No caso portugus, este
estilo apareceu tardiamente em comparao com o resto da Europa, dado o tardio surto Urbano de Portugal.
Principais elementos construtivos:
Arco quebrado veio substituir o arco de volta inteira, este arco tambm chamado de arco gtico
confere aos portais e s arcaturas interiores um aspecto de verticalidade e elevao.
Abbada de cruzamentos de ogivas esta identifica-se pelos arcos diagonais de suporte (ogivas) que so
compostas por seces independentes (tramos) justapostas. Os arcos de cada tramo desempenham o papel
de uma armao, suportando o peso da abbada e descarregando-o nos quatro ngulos onde se encontram os
pilares, permitindo assim fragilizar as paredes, introduzindo-lhes grandes aberturas preenchidas por
vitrais.
Arcobantes servem para reforar, no exterior, os pontos de presso. O arcobante composto pelo
estribo que reforado por um pinculo e por um ou mais arcos que, partindo do estribo, vm apoiar as
paredes da nave central. Arcobantes, pinculos e elementos decorativos conferem catedral gtica grande
parte da sua imponncia e identidade.
As torres altas com agulhas, que pretendiam aproximar-se do cu , conferiam tambm um aspecto de
verticalidade, muito tradicional do gtico
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da Teologia, atingindo alguns deles, como S. Toms de Aquino, grande fama como professores universitrios. As
ordens mendicantes contriburam grandemente para a renovao da vida religiosa e das vivncias comunitrias
medievais, desenvolvendo os sentimentos de solidariedade e amor ao prximo que inspiraram a criao das
confrarias e outras associaes de socorro mtuos.
Enquadrar a expanso do ensino nas transformaes econmicas e polticas dos ltimos sculos da Idade
Mdia.
No sc. XI, organizaram-se as primeiras escolas urbanas, onde a multiplicidade destas deveram-se s novas
necessidades da administrao e da economia. As cidades precisavam de pessoas com estudos para os seus mais
altos cargos nos tribunais, nas reparties pblicas, ou seja, de homens de letra que constitussem o novo
funcionalismo pblico, necessrios centralizao do poder pelos monarcas. Assim contriburam para o
desenvolvimento econmico do pas e para preencher cargos na poltica.
Sublinhar o papel desempenhado pelas universidades na renovao cultural da Europa.
No decurso do sc. XII, algumas escolas catedralcias obtiveram, pela qualidade dos seus mestres, fama
internacional que atraam assim, numerosos estudantes estrangeiros e especializaram-se em reas como o
Direito, a Teologia ou a Medicina.
Consoante a estrutura da escola se foi dificultando, houve a necessidade de criar uma estrutura rgida, que
definisse claramente as matrias a estudar e a forma de obteno dos graus acadmicos, podendo tambm
defender os seus membros, docentes e alunos. Foi ento que surgiram as universidades. Estudar numa
universidade passou a ser, desde ento, uma forma de adquirir prestgio e subir na escala social. Foi assim que
comearam importantes e prestigiadas Universidades pela Europa, como as duas escolas catedrais a de NotreDame, em Paris, e a de Bolonha e, mais tarde em 1290 a primeira universidade portuguesa de nome, o Estudo
Geral de Lisboa.
Caracterizar o ideal cavaleiresco.
A nobreza identificava-se, por volta de 1300, com um ideal mais elevado: o do perfeito cavaleiro.
A primeira condio exigida ao cavaleiro o seu bom nascimento, pois para entrar na cavalaria tinha de ser
nobre. Este deveria seguir uma srie de virtudes militares herdadas dos sculos anteriores: a honra, a coragem,
a lealdade para com o se senhor. A estas somam-se a virtude e a piedade, pois a cavalaria , simultaneamente, um
ideal profano e religioso, que por isso deveriam tambm seguir um ideal de cruzadas.
Estes ainda deveriam seguir um cdigo de amor que existia entre os cavaleiros: o cavaleiro o heri que serve
por amor.
Descrever a educao do jovem cavaleiro.
A concretizao dos ideais cavaleirescos s poderia ser feita atravs de uma educao rigorosa. S depois de
ter transporto todas as suas etapas e de ter dado provas da sua habilidade e valentia, o jovem tinha a suprema
honra de ser armado cavaleiro.
A educao do jovem cavaleiro nos seus primeiros anos de vida era feita sob os cuidados da sua me e depois, j
rapaz, era enviado para o pao de um senhor de maior estatuto, onde permanecia at a idade adulta. A servia,
primeiro, como pajem (cerca de 7 anos), iniciando-se na equitao e no manejo de armas. Em adolescente este
tornava-se escudeiro onde, durante 7 anos, este servia um cavaleiro, a quem tratava do cavalo e das armas,
acompanhando-o nas suas expedies e assistindo-o em tudo o que respeitasse s lides de cavalaria. Durante
este perodo o jovem desenvolvia um treino intenso onde praticava uma srie de desportos, onde se destacavam
a caa, os torneios e as justas.
Depois de cerca de 14 anos de aprendizagem, o jovem escudeiro proferia os votos de cavalaria que eram
enquadrados por um ritual solene. Por fim, era investido numa ordem de cavalaria, recebendo as esporas de
cavaleiro e a to desejada espada.
Relacionar o cdigo de cavalaria com as regras do amor corts
Tal como existia um ideal de cavaleiro, tambm as relaes entre nobres e damas, nas cortes, obedeciam a um
ideal de amor, pautado pelo refinamento e pela espiritualidade. Para conquistar a sua amada, o
cavaleiro
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nobre deveria ser virtuoso, paciente, elegante no vestir, bem-humorado, respeitoso perante as mulheres,
enquanto a dama, bela e pdica, deveria alimentar o seu amor com gestos comedidos.
Ideal de amor corts - a homenagem do cavaleiro sua dama era cultivada atravs da poesia trovadoresca.
Nas festas cortess, era habitual que, aps o banquete, os jograis recitassem poesia e tocassem msica; depois,
os convidados danavam, j no em grupos, como antes do sculo XII, mas em pares. Embora nascida no sul da
Frana (Provena), a poesia trovadoresca conheceu um extraordinrio acolhimento na Pennsula Ibrica sob o
impulso de Afonso X, rei de Castela, e graas criatividade dos poetas portugueses (entre os quais 0 prprio
neto de Afonso X, 0 rei D. Dinis) nos gneros das Cantigas de Amigo , das Cantigas de Amor e nas de Escrnio e
maldizer.
- Ideal de amor corts
- Definido nas relaes entre os homens e mulheres segundo:
. Respeito pelas damas.
. Elegncia no vesturio.
. Educao refinada.
. A mulher como smbolo de venerao.
. Os conceitos de moda
. A submisso ao homem.
. A homenagem do cavaleiro dama.
. A reputao.
.Viso idlica do amor
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No sculo XVIII, a Inglaterra possua 13 colnias na costa oriental da Amrica do Norte. Estas colnias
estavam unidas:
- por uma mesma lngua o ingls;
- pela religio predominantemente protestante;
- pela luta contra os ndios e Franceses;
- pela submisso coroa britnica (rei Jorge III) e ao Parlamento ingls. Porm, tambm existiam
factores de diversidade:
- as colnias do Norte e do Centro tinham como base econmica a agricultura complementada pela pesca,
criao de gado, comrcio e indstria. Eram, tambm, constitudas por comunidades mais tolerantes;
- as colnias do Sul especializaram-se na plantao de tabaco e do algodo assente na explorao de mode-obra escrava.
Se, por um lado, os factores de unio podem ter favorecido a criao, em 1776, de um pas novo e
independente (os Estados Unidos da Amrica), por outro lado, os factores de diversidade podem ajudar-nos a
compreender as hesitaes na escolha de um modelo poltico aps a independncia: dever-se-ia escolher um
governo central forte ou uma federao descentralizada? A formao, ainda que lenta, de uma conscincia
nacional levaria os Americanos a optar pela existncia de um governo geral.
O conflito econmico ganhou contornos polticos quando os colonos americanos tomaram conscincia de
que, apesar de serem cidados britnicos, no estavam representados no Parlamento de Londres. Como tal, no
consideravam legais os impostos votados. Os acontecimentos que se seguiram agravaram a controvrsia entre as
colnias e a metrpole. Eis as principais etapas do processo de independncia americana:
- em 1765, realizou-se um congresso em Nova Iorque contra a imposio das leis;
- em 1770, face aos protestos, os impostos foram abolidos, excepo daqueles que diziam respeito ao
ch, cujo monoplio de venda era entregue Companhia das ndias;
- em 1773, em Boston, os colonos revoltaram-se contra o imposto sobre o ch, atirando ao mar os
carregamentos da Companhia das ndias (Boston Tea Party). O Rei Jorge III reagiu com medidas repressivas;
- em 1774, no primeiro congresso de Filadlfia, os colonos ainda tentaram uma soluo negocial; porm,
nas ruas, organizava-se um movimento revolucionrio armado;
- em 1775, em Lexington, defrontaram-se em combate as tropas inglesas e os milicianos americanos:
este encontro violento marcou o fim da possibilidade de negociao, o que levou Thomas Paine a escrever: A
palavra est nas armas. [] O sangue dos nossos mortos e a prpria natureza gritam-nos abaixo a Inglaterra;
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- a 4 de Julho de 1776 (data oficial da independncia dos EUA), os delegados de todas as colnias
aprovaram a Declarao de Independncia no segundo Congresso de Filadlfia.
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- a alta burguesia era superior s ordens tradicionalmente privilegiadas (clero e nobreza) em riqueza e
instruo, contudo, no tinha acesso aos altos cargos da administrao pblica, do exrcito e da hierarquia
religiosa, para os quais se exigia prova de nobreza;
- os camponeses, apesar de constiturem a maioria da populao (cerca de 80%) continuavam na misria,
pois no eram detentores das terras que trabalhavam e ainda tinham de pagar impostos;
- os trabalhadores das cidades recebiam baixos salrios;
- a nobreza mantinha um estilo de vida ocioso e frvolo; porm, detinha a maior parte da propriedade
fundiria, os postos mais importantes e estava isenta do pagamento de impostos;
- o clero possua terras, recebia rendas e a dzima (1/10 de toda a produo agrcola), no entanto, tal
como a nobreza, no pagava impostos.
Esta situao de profunda injustia social foi, ento, uma das causas das Revoluo Francesa.
Nas vsperas da Revoluo, a Frana era afectada por uma crise econmica motivada pelos seguintes
factores:
- o aumento do preo do po, em virtude de maus anos agrcolas;
- a quebra de produo txtil, no s devido ao aumento do preo do po (que limitava a capacidade de
aquisio de outros produtos pelas famlias), mas tambm por causa do Tratado de Eden, de 1786 (que previa a
livre-troca do vinho francs pelos txteis ingleses);
- as despesas do Estado com o exrcito, as obras pblicas, a dvida pblica e o luxo da corte, que
originavam um dfice constante, j que o clero e a nobreza no contribuam para as receitas do Estado (pois no
pagavam impostos).
Podemos considerar a crise econmico-financeira como o segundo factor que conduziu Revoluo.
Perante a crise econmico-financeira, o poder poltico tinha de agir. O rei Lus XVI, monarca absoluto,
rodeou-se de ministros para o auxiliarem: Turgot, Necker, Calonne e Brienne propuseram, sucessivamente,
reformas no intuito de solucionar a crise. Porm, a concluso a que chegavam era sempre a mesma: a nica
maneira de obter mais receitas para o Estado passaria por fazer com que as ordens privilegiadas tambm
pagassem impostos. Ora, o clero e a nobreza, opuseram-se terminantemente s tentativas de reduo dos seus
privilgios.
A prpria rainha Marie Antoinette, chamada pelo povo de Madame Dfice devido s suas despesas com
a corte, contribuiu para que os ministros fossem despedidos.
Foi num clima de agitao popular e de oposio poltica das ordens privilegiadas que Lus XVI resolveu
convocar os Estados Gerais (reunio dos representantes das diversas ordens sociais), enquanto se elaboravam os
Cadernos de Queixas (registo dos anseios da sociedade francesa).
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por burgueses). A tomada da Bastilha, ficaria, para sempre, conhecida como smbolo mximo da Revoluo
Francesa, acontecimento comemorado todos os anos, em Frana, no dia 14 de Julho.
Por toda a Frana, os camponeses revoltaram-se violentamente contra os senhores das terras e contra
os encargos feudais (movimento denominado por Grande Medo).
Face ao descontentamento popular, a Assembleia Nacional Constituinte produziu, em Agosto de 1789,
diplomas legais que aboliam os direitos feudais (como a dzima Igreja e o trabalho gratuito corveias
prestado aos nobres) aclamando o povo para atingir a tranquilidade pblica, como dizia, ento, o presidente
da Assembleia. Ao instaurarem a igualdade de todos perante a lei, nomeadamente o livre acesso aos empregos
pblicos, estes decretos destruram a sociedade de ordens, assente nos privilgios da nobreza e do clero.
No ano seguinte (1790) a Assembleia aprovou um documento polmico a Constituio Civil do Clero que
transformava os membros do clero secular em funcionrios do Estado, extinguia o clero regular e procurava
salvar a economia francesa com os bens confiscados Igreja, que constituam a garantia dos novos ttulos de
papel-moeda (os assinados).
Em Setembro de 1791 foi aprovada a Constituio. O rei tinha de obedecer a este documento
fundamental, pelo que designamos a nova etapa (1791-92) por monarquia constitucional. Esta caracterizou-se
por:
- separao de poderes: o poder legislativo era entregue Assembleia Nacional Legislativa (composta
por 745 deputados), o poder executivo pertencia ao rei (que podia vetar as leis durante dois anos: veto
suspensivo) e o poder judicial cabia a juzes eleitos e a um Tribunal Superior;
- instituio da soberania nacional ( a Nao quem escolhe os governantes, atravs do voto sistema
representativo);
- consagrao dos Direitos do Homem e do Cidado;
- manuteno da distino pela riqueza (o processo de eleio de deputados da Assembleia Legislativa
era indirecto e realizado atravs do sufrgio censitrio: apenas os homens mais ricos, que pagavam um imposto
ou censo igual ou superior a trs dias de trabalho, podiam votar; eram estes cidados activos quem podia
escolher os verdadeiros eleitores, os quais, por sua vez, eram aqueles que tinham riqueza suficiente para pagar
um imposto igual ou superior a dez dias de trabalho).
A Repblica foi proclamada em Setembro de 1792. Dois factores, em especial, precipitaram o fim do
regime monrquico na Frana:
- a tentativa de fuga do rei, em 1791, com o objectivo de ser acolhido no estrangeiro por um pas de
regime absoluto, e o seu regresso humilhante a Paris, apenas serviram para acelerar a instituio da Repblica,
forma de governo que, at, ento, no fora defendida;
31
- a guerra da Frana, em Abril de 1792, contra os estados absolutistas que queriam restituir o poder a
Lus XVI (ustria, Prssia) agravou os problemas econmicos e contribuiu para o radicalismo poltico: os
federados (milcias defensoras da Revoluo) acorreram a Paris, assaltaram as Tulherias e o rei foi suspenso
pela Assembleia Legislativa em Agosto de 1792, terminando, assim, a monarquia constitucional.
O fim da monarquia viria a consumar-se em 1793 quando, aps um julgamento de 26 horas, Lus XVI foi
condenado morte na guilhotina (pena aplicada, tambm, rainha Marie Antoinette, no mesmo ano).
A etapa da Conveno republicana (1792-1795) foi marcada pela diviso entre duas faces polticas: por
um lado os Girondinos, por outros os Montanheses (estes ltimos liberados por Marat, Danton e Robespierre).
Apesar de todos terem ligaes ao Clube dos Jacobinos (clube de burgueses revolucionrios), os
Montanheses eram mais radicais. Eram apoiados pelos chamados sans-culottes. Estes eram membros das classes
populares, artesos, lojistas e operrios que no tinham rendimentos suficientes para se tornarem cidados
activos (pois vigorava o sufrgio censitrio) mas exprimiam as suas revindicaes em clubes, debates e atravs
de peties (propostas aos poderes pblicos). Tratavam a todos por tu e vestiam-se de maneira caracterstica.
Foi devido presso dos sans-culottes que os Girondinos (e os burgueses, seus apoiantes) foram
afastados do poder em 1793 e o rei foi condenado morte, sentena que Robespierre considerava uma medida
de salvao pblica. Os Montanheses estavam, ento, livres para instaurar medidas que agradavam aos sansculottes, tais como:
- a Lei do Mximo (que fixava preos e salrios);
- a abolio total do feudalismo;
- a instruo gratuita e obrigatria;
- a partilha, pelos mendigos, de bens retirados aos suspeitos de oposio Revoluo;
- as leis de assistncia social (por exemplo, abonos de famlia);
- a abolio da escravatura nas colnias (1794).
10-Explicar o Terror
O Terror designa a fase mais radical e violenta da Revoluo Francesa, ocorrida em 1793-1794. A
Conveno, que desempenhava o poder legislativo, criou um governo centralizado e ditatorial: o poder executivo
pertencia a dois Comits o Comit de Segurana Geral e o Comit de Salvao Pblica, cujos membros
dependiam da aprovao mensal da Conveno para se manterem em funes.
O Comit de Segurana Geral prendia os suspeitos de contra-revoluo e entregava-os a um Tribunal
Revolucionrio. Na verdade, a Lei dos Suspeitos, de 1793, traduziu-se pela legalizao da violncia: todos podiam
ser suspeitos, quer pelas suas conversas ou escritos, quer por no possurem o certificado de civismo, por
serem familiares de nobres ou porque haviam emigrado. Aps um julgamento sumrio (breve e sem hiptese de
defesa, uma vez que nem sequer eram inquiridas testemunhas) as vtimas do Terror eram encarceradas e, na
maior parte das vezes, executadas pela guilhotina (inventada em 1789).
Uma outra faceta do Terror consistiu na poltica de descristianizao (movimento anti-religioso). O
governo revolucionrio instituiu um Estado laico (no religioso). As marcas do cristianismo foram apagadas: o
poeta Fabre glantine criou um novo calendrio, que situava o ano I na data da proclamao da Repblica pela
Conveno (1792) e criava novos nomes para os meses do ano; a hierarquia religiosa era ridicularizada, os padres
refractrios eram perseguidos, o culto dos santos foi substitudo pelo culto aos mrtires da revoluo (por
exemplo, a Marat, heri dos sans-culottes, assassinado no banho por uma jovem girondina), o casamento religioso
passou a acto civil, o divrcio foi autorizado (atravs da Lei do Casamento e do Divrcio).
Para compensar a aniquilao do cristianismo, Robespierre criou um culto ao Ser Supremo, porm, um boa
parte da populao francesa, fiel religio catlica, afastou-se da revoluo. Os confrontos fizeram-se sentir,
em 1793, na regio da Vendeia, onde monrquicos e catlicos tentaram a contra-revoluo (sem sucesso).
A repblica jacobina teve o seu fim em Julho de 1794 quando Robespierre, responsvel por inmeras
condenaes morte foi, ele mesmo, guilhotinado em resultado de uma conspirao da Conveno. O extremismo
desta etapa foi responsvel pelo seu fracasso.
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A etapa do Directrio (1795-1799) j foi descrita como a anti-conveno, no sentido em que o novo
regime se ops ditadura de Robespierre e procurou restabelecer a concrdia social. Assim, de acordo com a
nova Constituio de 1795:
- o poder executivo era entregue a cinco directores (o Directrio);
- o poder legislativo pertencia a duas assembleias interdependentes
o Conselho dos Ancios (que propunha as leis) e o Conselho dos Quinhentos (que votava as leis);
- o sufrgio censitrio indirecto era restabelecido.
Em termos sociais, o fim do Terror jacobino e de todas as suas instituies exprimiu-se atravs de um
ambiente de festas e de luxo (apesar dos problemas econmicos decorrentes da guerra contra a Europa), bem
como da adopo de uma moda extravagante.
O golpe do 18 do Brumrio do Ano VIII (09.11.1799), por Napoleo Bonaparte, acabou com o Directrio,
dando incio etapa do Consulado (1799-1804). Uma nova Constituio (de 1799) entregou o poder a Napoleo,
que exercia o cargo de primeiro-cnsul.
A obra do Consulado assentou nas seguintes medidas:
- centralizao administrativa e judicial (os juzes e os funcionrios locais eram nomeados pelo governo;
o Cdigo Civil de 1804 unificava a Frana em termos legais);
- recuperao financeira (criao do Banco de Frana, em 1800, e emisso de uma nova moeda - o franco
germinal);
- reconciliao nacional (fim das perseguies polticas; Concordata com a Santa S, em 1801).
No entanto, Napoleo no abandonou o cargo de primeiro-cnsul ao fim de dez anos, como estava
previsto; conseguiu que a Constituio de 1802 o tornasse cnsul vitalcio e, em 1804, foi proclamado Imperador,
autocoroando-se na Igreja de Norte-Dame, em Paris. Iniciava-se, ento, a etapa do Imprio Napolenico (18041815).
Figura de contornos mticos na histria mundial, Napoleo teve um percurso poltico pautado por vitrias
militares (destacando-se as campanhas da Itlia, em 1796/97 e do Egipto, em 1798), e derrotas sucessivas
(1812-1815), acabando por se retirar da cena poltica e exilar-se de Frana.
33
3.2. AS REVOLUES
3 1848: ocorreu na Frana (implantao da Segunda Repblica), no Imprio AustroHngaro, na Alemanha e na Itlia (revoltas liberais e nacionalistas).
Em 1806, Napoleo Bonaparte decretou o Bloqueio Continental, que proibia as naes europeias de
comerciar com a Inglaterra. Portugal, aliado histrico da Inglaterra, desrespeitou o Bloqueio e, em consequncia,
sofreu trs invases francesas:
1 liderada pelo general Junot em 1807-1808 (chega at Lisboa);
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2 comandada pelo marechal Soult em 1809 (chega at o Porto, cujo bispo recusa a rendio; a tomada
violenta da cidade redunda na fuga da populao pela ponte das Barcas, que desabou. Soult retira-se aps o envio
de reforos de Inglaterra);
3 chefiada pelo marechal Massena em 1810-1811 (graas s linhas de Torres Vedras, fortificaes
construdas por iniciativa de Wellington, a passagem do exrcito de Massena interceptada, retirando-se em
1811).
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Formou-se, ento, a Junta Provisional do Supremo Governo do Reino, que governou o pas durante quatro
meses e organizou eleies para as Cortes Constituintes (Cortes Gerais Extraordinrias e Constituintes da
Nao Portuguesa).
Da reunio das Cortes (1821-1822) resultou a Constituio de 1822, elaborada de acordo com a ala mais
radical de deputados. O Vintismo , assim, identificado com um Liberalismo de tipo radicalista, que vigorou em
Portugal atravs da Constituio, entre 1822 e 1826, muito embora ameaado por golpes absolutistas desde
1823. A aco do Vintismo caracterizou-se, no essencial, pelas seguintes medidas:
- elaborao da Constituio de 1822 e instituio do parlamentarismo;
- instituio da liberdade de expresso: a Inquisio acabou, a censura foi abolida (com efeitos
importantes sobre a imprensa e o ensino);
- eliminao de privilgios do clero e da nobreza: foram abolidos o pagamento da dzima Igreja e os
privilgios de julgamento; a reforma dos forais (1821) libertou os camponeses da prestao de um grande
nmero de direitos senhoriais; a Lei dos Forais (1822) reduziu (mas no eliminou) as rendas e penses que os
camponeses tinham de pagar aos senhores das terras.
A Constituio de 1822 um diploma arrojado para o seu tempo. Eis as suas principais deliberaes:
1. Os direitos dos cidados foram assegurados (art.. 1 A Constituio poltica da Nao Portuguesa
tem por objectivo manter a liberdade, segurana e propriedade de todos os Portugueses). Porm, a ausncia de
representao das classes populares nas Cortes (os deputados eram, maioritariamente, magistrados,
proprietrios e comerciantes) repercutiuse na afirmao do sufrgio no-universal (Ttulo III, Captulo I, item
33 Na eleio dos deputados tm voto os portugueses que estiverem no exerccio dos direitos de cidado [].
Da presente disposio se exceptuam []).
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2. O poder real foi limitado: o rei, a quem cabia o poder executivo, tinha direito de veto suspensivo sobre
as Cortes, isto , podia remeter uma lei j aprovada s Cortes Legislativas, mas teria de acatar o resultado
dessa segunda votao. Assim, o absolutismo foi abolido, pois a soberania residia nas Cortes e no no rei (Ttulo
II, item 36 A soberania reside essencialmente em a Nao).
3. A sociedade de ordens foi abolida, pois no se reconheciam quaisquer privilgios nobreza e ao clero
(Ttulo I item 9 A Lei igual para todos). Esta determinao motivou, alis, a oposio cerrada das ordens
privilegiadas ao radicalismo vintista.
4. A responsabilidade de elaborao das leis foi entregue a uma Cmara nica (Cortes Legislativas), o que
retirava s ordens superiores a possibilidade de terem um rgo de representao prprio (Ttulo III, Captulo
V, item 105 A iniciativa directa das leis somente compete aos representantes da Nao juntos em Cortes.).
5. A religio catlica era aceite como religio oficial dos Portugueses. A Carta Constitucional de 1826, ao
contrrio da Constituio de 1822, um documento tipo moderado. A Carta foi outorgada por D. Pedro, aps a
morte do pai, D. Joo VI, em 1826 (Fao saber a todos os meus sbditos portugueses que sou servido decretar,
dar e mandar jurar imediatamente pelas trs Ordens do Estado a Carta Constitucional []. Procurava conciliar
o Antigo Regime e o liberalismo, atravs das seguintes medidas:
1. O poder real foi ampliado: graas ao poder moderador de que passa a usufruir (Ttulo V, art. 71 2
poder moderador a chave de toda a organizao poltica e compete privativamente ao rei []), o monarca
podia nomear os Pares, convocar as Cortes e dissolver a Cmara dos Deputados, nomear e demitir o governo,
vetar a ttulo definitivo as resolues das Cortes (Ttulo III, art. 59 O rei dar, ou negar, a sano em cada
decreto []) e suspender os magistrados.
2. Os privilgios da nobreza foram recuperados (Ttulo VIII, art. 45, item 31 Garante a nobreza
hereditria e suas regalias.).
3. As Cortes Legislativas passaram a ser compostas por duas Cmaras: a Cmara dos Deputados, eleita
por sufrgio indirecto e censitrio, e a Cmara dos Pares, reservada a elementos das ordens superiores
nomeados a ttulo vitalcio e hereditrio (Ttulo III, art. 14 As Cortes compem-se de duas Cmaras [].
4. A liberdade religiosa no era admitida.
5. Os direitos do indivduo s aparecem no fim do documento (Ttulo VIII, art. 45. - [] a liberdade, a
segurana individual e a propriedade [] e o sufrgio era censitrio e indirecto. A Carta Constitucional teve
trs perodos diferentes de vigncia:
1 - entre 1826 e 1828.
2 - entre 1834 e 1836.
3 - entre 1842 e 1910 (embora sujeita a alteraes desde 1851).
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foi selada pela conveno de vora-Monte. D. Pedro morreu, pouco tempo depois, de tuberculose, enquanto o seu
irmo D. Miguel foi exilado para o resto da sua vida. D. Maria II, rainha desde os sete anos de idade, s ento,
com quinze anos, pde sentar-se no trono portugus.
Jos Xavier Mouzinho da Silveira, ministro da Fazenda (finanas) e da Justia durante a regncia de D.
Pedro (1832-1833), promulgou decretos fundamentais para a consolidao do Liberalismo, atacando as
estruturas de Antigo Regime:
- na agricultura, aboliu os dzimos, os morgadios e os forais, libertando os camponeses das dependncias
tradicionais;
- no comrcio, extinguiu as portagens internas e reduziu os impostos sobre a exportao, de maneira a
retirar os entraves actividade comercial;
- na indstria, acabou com os monoplios, nomeadamente o da Companhia das Vinhas do Alto Douro;
- na administrao, dividiu o pas em provncias, comarcas e concelhos; tambm instituiu o Registo Civil
para todos os recm-nascidos, retirando a questo do nascimento da alada da Igreja;
- na justia, organizou o pas segundo uma hierarquia de circunscries (divises territoriais),
submetendo todos os cidados mesma lei;
- nas finanas, criou um sistema de tributao nacional, eliminando a tributao local que revertia, em
grande parte, a favor do clero e da nobreza; substituiu o Errio Rgio (criado pelo Marqus de Pombal) pelo
Tribunal do Tesouro Pblico para controlar a arrecadao de impostos;
- na cultura, mandou abrir aulas e instituiu a Biblioteca Pblica do Porto. Ferreira Borges desempenhou,
igualmente, um papel importante na liquidao do Antigo Regime em Portugal, ao elaborar o Cdigo Comercial de
1833, onde se aplicava o princpio fundamental do liberalismo econmico: o livre-cmbio, ou seja, a livre
circulao de produtos (por oposio ao proteccionismo), atravs da abolio de monoplios e de privilgios, bem
como da eliminao do pagamento de portagens e de sisas.
Joaquim Antnio de Aguiar, ministro da Justia, mereceu o epteto de mata-frades pela sua
interveno legislativa (1834-1835) contra os privilgios do clero, em particular do clero regular, identificado
com o projecto miguelista:
- aboliu o clero regular, atravs do Decreto de Extino das Ordens Religiosas que acabava com todos
os conventos, mosteiros, colgios, hospcios e quaisquer casas de religiosos de todas as Ordens Regulares
masculinas; as ordens religiosas femininas eram, indirectamente, aniquiladas por meio da extino dos noviciados
(preparao para o ingresso numa ordem religiosa);
- os bens das ordens religiosas foram confiscados e nacionalizados;
- em 1834-1835, esses bens, juntamente com os bens da Coroa, das Rainhas e do Infantado, foram vendidos em
hasta pblica beneficiando a alta burguesia e o produto da venda foi utilizado, pelo ministro da Fazenda
(Silva Carvalho), para pagar dvidas do Estado
9-Caracterizar o Setembrismo
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Entre 1842 e 1851, vigorou a ditadura de Antnio Bernardo da Costa Cabral. O pas enveredou,
novamente, pela via mais conservadora: enquanto o Setembrismo se inspirava na Constituio de 1822, o
Cabralismo reps em vigor a Carta Constitucional de 1826, identificando-se, assim, com o perodo do Cartismo
(1834-1836). Tal como aconteceu com o Cartismo, as medidas tomadas durante o perodo do Cabralismo
favoreceram, em primeiro lugar, a alta burguesia. Destacam-se, nomeadamente:
- o fomento industrial (fundao da Companhia Nacional dos Tabacos, difuso da energia a vapor);
- o desenvolvimento de obras pblicas (criao da Companhia das Obras Pblicas de Portugal para a
construo e reparao das estradas; construo da ponte pnsil sobre o rio Douro);
- a reforma fiscal e administrativa (publicao do Cdigo Administrativo de 1842, criao do Tribunal de
Contas para a fiscalizao das receitas e despesas do Estado).
No entanto, as Leis da Sade Pblica, em especial a proibio do enterramento dentro das igrejas, a par
do descontentamento com o acrscimo de burocracia e com o autoritarismo de Costa Cabral, despoletaram duas
movimentaes de cariz popular a revolta da Maria da Fonte e a Patuleia que se transformaram em guerra
civil (1846/47) e acabaram por conduzir a queda de Costa Cabral, em 1847. Este regressaria ao poder em 1849,
sendo afastado definitivamente em 1851, pelo golpe do marechal-duque de Saldanha.
Depois de uma primeira metade de sculo extremamente agitada, nos ltimos 50 anos de Oitocentos,
Portugal iria gozar a paz e o progresso material do perodo da Regenerao.
O Liberalismo uma forma de organizao social, poltica e econmica que vigorou na Europa Ocidental
nos sculos XVIII e XIX.
A nvel poltico, o Liberalismo defende a representatividade popular, contra o regime absolutista; a nvel
econmico, a favor da liberdade de iniciativa privada, contra o intervencionismo do Estado; a nvel social,
coloca a burguesia no topo da escala social, contra os privilgios da nobreza e do clero.
A implantao do Liberalismo correspondeu queda do Antigo Regime e influenciou, de forma marcante,
grande parte dos regimes actuais.
O Liberalismo defende os direitos individuais porque considera que esses direitos so naturais, isto ,
derivam da prpria condio do ser humano e, como tal, nascem com o indivduo.
So eles:
1. O direito liberdade (que d o nome ao Liberalismo): o direito mais abrangente, pois engloba todos
os outros direitos podemos referir, nomeadamente, a liberdade de seguir apenas a lei, rejeitando qualquer
autoridade arbitrria, a liberdade de expresso, a liberdade de exercer uma profisso, de possuir bens, de
reunio, a liberdade religiosa, a liberdade de participar na vida poltica.
2. O direito igualdade: todos os cidados passavam a ser considerados iguais perante a lei; porm, nas
formas de liberalismo moderado eram aceites e, at fomentadas as distines sociais, nomeadamente com base
na riqueza. A questo dos direitos liberdade e igualdade levantou, em vrios pases, a polmica sobre a
permanncia da escravatura, considerada contraditria com os direitos naturais; nos EUA, nomeadamente, a
escravatura esteve na base da guerra civil entre o Norte liberal e o Sul esclavagista, entre 1861 e 1865.
3. O direito segurana e propriedade: a importncia concedida posse de bens explicase pela
preponderncia da burguesia (grupo social que baseou a sua ascenso social nos lucros do comrcio e na aquisio
de propriedades). Defendia-se, abertamente, que as assembleias representativas deveriam ser compostas por
proprietrios, os nicos que seriam capazes de representar os interesses dos seus eleitores (tambm eles,
proprietrios) e de manter a ordem e a segurana necessrias preservao dos bens. A defesa do direito
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propriedade explica porque que, na maioria dos pases que adoptaram o Liberalismo, s podia escolher os seus
representantes quem atingisse um determinado patamar de rendimentos sufrgio censitrio apesar de este
tipo de sufrgio introduzir um factor evidente de desigualdade entre os cidados. Os mais ricos eram tambm,
na opinio dos liberais, os mais instrudos e, portanto, os mais capazes de votar.
4. O direito de intervir na governao: o sbdito do Antigo Regime substitudo pelo cidado do
Liberalismo, indivduo que convidado a participar na vida politica de mltiplas maneiras como eleitos e
detentor de cargos (se tivesse os meios econmicos de se tornar cidado activo), mas tambm participando nos
diversos clubes (por exemplo, no Clube dos Jacobinos, em Frana), assistindo s assembleias legislativas, onde
intervinha na discusso, escrevendo para jornais ou apresentando peties (reivindicaes escritas). Basta
lembrar a importncia dos sans-culottes na etapa da Conveno da Revoluo Francesa para nos apercebermos
de como os cidados ditos passivos podiam influenciar de forma determinante o rumo da governao.
Pela sua importncia, estes direitos apareceram consignados nos diplomas fundamentais do Liberalismo:
-a Declarao de Independncia dos Estados Unidos da Amrica (1776) apresenta como justificao para
romper os laos polticos com a Inglaterra os Direitos inalienveis, entre os quais a Vida, a Liberdade e a
procura da Felicidade;
- a Constituio dos Estados Unidos da Amrica (1787) tem como objectivo assegurar os benefcios da
liberdade;
- a Declarao dos Direitos do Homem e do Cidado (Frana, 1789) refere, no seu artigo 1., que Os
homens nascem e so livres e iguais em direitos e, no artigo 2. que os direitos naturais do homem so a
liberdade, a propriedade, a segurana e a resistncia opresso;
- a Carta Constitucional de 1814 esclarece, no Artigo 1., que Os Franceses so iguais perante a lei [..],
embora apresente, seguidamente, todas as nuances a esse direito caractersticas de um liberalismo moderado
(bicameralismo, sufrgio censitrio, autoridade real reforada, liberdade de expresso e de religio
relativizadas);
- a primeira Constituio Portuguesa (1822) explicita, logo no seu artigo 1., que tem por objectivo
manter a liberdade, a segurana e a propriedade de todos os Portugueses;
- a Carta Constitucional portuguesa (1826), partidria de um liberalismo mais moderado, remete a
enunciao dos direitos para o fim do diploma constitucional, referindo, no artigo 45. que A inviolabilidade dos
direitos civis e polticos dos cidados portugueses, que tem por base a liberdade, a segurana individual e a
propriedade, garantida pela constituio do Reino.
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4-Relacionar a secularizao das instituies com a defesa, pelo Estado, dos direitos
individuais
Um dos aspectos mais polmicos da implantao do Liberalismo foi a questo religiosa. A defesa dos
direitos individuais dos cidados previa o direito liberdade religiosa; porm, na maior parte dos pases que
adoptaram o Liberalismo, as estruturas da Igreja catlica foram declaradamente atacadas por serem
consideradas coniventes com o regime absolutista deposto.
Em Frana, por exemplo, subordinou-se o clero ao Estado atravs da Constituio Civil do Clero,
procedeu-se a uma campanha de descristianizao e promulgao da Lei do Casamento e do Divrcio que
substitua o sacramento do matrimnio por um contrato civil, passvel de dissoluo. A laicizao do Estado
(emancipao do Estado da influncia religiosa) passou, tambm, pelas seguintes medidas:
- instituio do registo civil para os nascimentos, casamentos e bitos, substituindo os registos
paroquiais;
- criao de escolas e hospitais pblicos;
- expropriao e nacionalizao dos bens das ordens religiosas, muitas das vezes extintas.
Devido secularizao (sujeio s leis civis) das instituies, o clero viu perder, num curto espao de
tempo, os privilgios de que havia beneficiado desde a Idade Mdia; o anticlericalismo chocou uma parte da
sociedade civil, a qual chegou mesmo, por vezes, a identificar-se, de novo, com o Absolutismo foi o que
aconteceu em Frana, na revolta da Vendeia, ou em Portugal, na adeso popular a D. Miguel.
41
No final do sculo XVIII e durante o sculo XIX, percorreu a Europa uma corrente esttica com origem
na Alemanha: o Romantismo. As principais caractersticas deste movimento cultural devem ser enquadradas no
seu contexto histrico:
- culto do eu: num tempo marcado por revolues constantes, quer a nvel poltico (revolues liberais),
quer a nvel econmico (revoluo industrial), torna-se compreensvel que uma das caractersticas mais
importantes do Romantismo seja a recusa do racionalismo e da harmonia: o indivduo centra-se nas suas
sensaes subjectivas, deixa que os sentimentos o dominem e procura paisagens dramticas em consonncia com
o seu estado de esprito instvel. O heri romntico experimenta, assim, uma insatisfao inexplicvel o mal
do sculo;
- exaltao da liberdade o Romantismo exprimiu, na arte, o desejo de liberdade social e poltica enquanto, na
prtica, se envolvia nas lutas polticas e sociais da sua poca. Vrias figuras do Romantismo, nacionais e
estrangeiras, combateram, na arte e na vida, pela liberdade dos povos. O Romantismo tornou-se, assim,
sustentculo do Liberalismo, o que levava Victor Hugo a afirmar: O Romantismo [] afinal de contas [] o
Liberalismo em literatura.
A preocupao romntica em defender as minorias tnicas da sujeio aos estados autoritrios (defesa
do princpio das nacionalidades) e o apoio dos romnticos aos movimentos de unificao nacional (quer a Itlia,
quer a Alemanha apenas se tornaram estados unificados no sculo XIX) aliceraram-se no interesse pela Idade
Mdia: nesse perodo histrico os romnticos encontraram a origem das naes da Europa Ocidental. O
Romantismo recuperou, da Idade Mdia, as tradies, a arte gtica, a literatura, em suma, tudo o que pudesse
legitimar o seu desejo de liberdade atravs da busca das origens.
Alm do mais, os romnticos identificavam a Idade Mdia com a sua prpria sensibilidade, encarando-a
como um perodo apaixonante e de profundo dramatismo .
42
Embora com atraso cronolgico (segundo quartel do sculo XIX), o Romantismo portugus acompanha de
perto as caractersticas gerais do movimento romntico europeu: a par da idealizao das personagens, as obras
romnticas integram, geralmente, a ideia de um destino fatal (a morte , muitas vezes, a soluo para o conflito),
a salvao pela religio, a valorizao do pitoresco e das razes medievais. Tal como acontece no resto da Europa,
o escritor romntico compromete-se com a ideologia poltica do Liberalismo.
So exemplos marcantes do movimento literrio romntico em Portugal:
Almeida Garrett:
- , geralmente, considerado o introdutor do Romantismo em Portugal (com os poemas Cames e D.
Branca);
- renovou o teatro portugus, como testemunha a obra dramtica Frei Lus de Sousa;
- aplicou-se na pesquisa das razes populares da literatura nacional (de que resultaram o Cancioneiro e o
Romanceiro);
- inspirou-se na Histria, que fez reviver nos seus escritos (por exemplo, nas Viagens na Minha Terra e n
O Arco de SantAna);
- abraou a ideologia liberal, o que lhe valeu o exlio na Inglaterra e na Frana.
Alexandre Herculano:
- marcou a historiografia nacional com a sua Historia de Portugal;
- inspirou-se na Idade Mdia para os seus romances histricos (por exemplo, em Eurico, o Presbtero);
- tal como Almeida Garrett, esteve exilado em Frana e desembarcou juntamente com D. Pedro IV e os
liberais na praia de Pampelido.
Camilo Castelo Branco:
- o Romantismo literrio encontrou-se com o dramatismo na vida real (Camilo experimentou o
encarceramento, no Porto, devido sua relao adltera com Ana Plcido);
- conduziu ao clmax o esprito romntico na sua obra Amor de Perdio.
O Romantismo, movimento que exacerbava o fervor dramtico, continuou a cultivar-se a par de uma nova
corrente que a ele se opunha: o Realismo, movimento que desponta, em Portugal, no ltimo quartel do sculo XIX.
Na arquitectura, o Romantismo evidenciou-se na mistura de vrios estilos como o manuelino, o gtico e os
elementos exticos rabes e indianos; este eclectismo teve um resultado feliz na construo do Palcio da Pena,
em Sintra, ou da Estao do Rossio, em Lisboa.
Na escultura destacaram-se de um panorama algo pobre Soares dos Reis ( famosa a sua obra O
Desterrado) e o seu discpulo Antnio Teixeira Lopes.
Na pintura, devem salientar-se as obras de Domingos Antnio Sequeira, Toms da Anunciao, Francisco
Pereira Meneses e Francisco Metrass.
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47
48
50
INTERNAS E IMIGRAO
O crescimento das cidades oitocentistas explica-se pela atraco que estas exercem
sobre uma populao em franco crescimento.
Entre os principais factores de expanso urbana, contam-se:
- o xodo rural: as alteraes na produo agrcola, ao dispensarem parte da
mo-de-obra, levam a que o habitante da provncia procure a cidade (sobretudo a partir de
1850, a populao urbana da Gr-Bretanha, da Frana e da Alemanha regista um crescimento
substancial, enquanto a populao rural desses pases estagna ou decresce);
- a emigrao: a populao europeia foi responsvel por diversas vagas de partida
para as colnias dos continentes africano, americano e ocenico, destacando-se, em especial,
o crescimento urbano nos EUA (em consonncia com a sua supremacia econmica, Nova Iorque
tornou-se a segunda cidade mundial, em 1900);
- o crescimento dos sectores secundrio e tercirio: a indstria, o comrcio, as
profisses liberais concentram-se nas cidades e requerem cada vez mais efectivos; o caso,
por exemplo, da cidade de Essen, onde estava sediada a fbrica Krupp e que passou de 2000
habitantes, em 1800, para 443 mil habitantes em 1900.
Simultaneamente, a populao activa dedicada ao sector primrio (agricultura, pesca,
silvicultura) diminui acentuadamente (por exemplo, na Alemanha passou de 42,5% em 1882
para 28,6% em 1907).
Caracterizar o novo urbanismo oitocentista
O crescimento muito rpido de algumas cidades (por exemplo, Londres, Paris, Nova
Iorque) originou novos problemas que se tornaram um desafio para as chefias municipais e
para arquitectos, urbanistas e filantropos.
O novo urbanismo tinha, essencialmente, duas preocupaes:
- criar espaos para a burguesia, entregando a cidade queles que a tinham criado;
- proporcionar condies de vida mais dignas para os proletrios, em geral provincianos
desenraizados, cujos filhos trabalhavam arduamente para aumentar o rendimento domstico:
1. No mbito da afirmao burguesa, destacam-se as grandes intervenes urbanas nas
principais cidades europeias: as antigas muralhas so destrudas, rasgam-se avenidas, criamse infraestruturas (abastecimento de gua e iluminao, rede de esgotos), projectam-se
espaos para o lazer (peras, teatros, jardins), criam-se redes de transportes pblicos
(elctricos, metropolitanos.).
Neste processo, a cidade expande-se em extenso (ou em altura, como nos EUA, com os
primeiros arranha-cus), relegando as classes perigosas para a periferia.
Os grands travaux (grandes obras pblicas), encomendados ao baro Haussmann por
Napoleo III em meados de Oitocentos, alteraram profundamente a fisionomia de Paris e
serviram de exemplo a outras cidades em renovao nos sculos XIX e XX. A Paris de
Haussmann celebra as conquistas da burguesia.
2. No sculo XIX, vrios urbanistas, preocupados com os problemas sociais que
atribuam deficiente habitao operria (alcoolismo, criminalidade, promiscuidade,
epidemias, prostituio, mendicidade), procuraram solues ideais para integrar
harmoniosamente o operrio no espao industrial.
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54
que os operrios trabalhassem uns para os outros em vez de trabalharem para um patro.
Entregando a propriedade privada a produtores associados e abolindo o Estado pr-se-ia fim
explorao do homem pelo homem.
2.Marxismo (socialismo cientfico) o filsofo alemo Karl Marx analisou
historicamente os modos de produo, tendo concludo que a luta de classes um fio condutor
que atravessa todas as pocas.
Baseado neste pressuposto, exps um plano de aco para atingir uma sociedade sem classes
e sem Estado o comunismo.
Expor os princpios do marxismo
Karl Marx e Friedrich Engels expuseram, no Manifesto do Partido Comunista (1848),
uma proposta de explicao do processo histrico que tomou o nome de marxismo ou
materialismo histrico:
- a luta de classes entre opressores e oprimidos um trao fundamental de
toda a Histria;
- a sociedade burguesa, dividida entre a burguesia e o proletrio, ser destruda
quando este, organizado em classe dominante instaurar a ditadura do proletariado;
- depois de conquistar o poder poltico, o proletariado retirar o capital
burguesia e o capitalismo ser destrudo pois estaro todos os instrumento de produo nas
mos do Estado assim se construir o comunismo;
- os operrios devem unir-se internacionalmente para fazer a revoluo
comunista, por isso o Manifesto institui o lema Proletrios de todos os pases, uni-vos.
Indicar os seus efeitos no movimento operrio Marx e Engels viveram uma parte da sua vida
na Inglaterra no sculo XIX, tendo contactado com a misria da condio operria.
A teorizao marxista revestiu um carcter prtico que faltava ao socialismo
proudhoniano e teve um impacto visvel na sociedade do seu tempo:
- de acordo com a ideia do internacionalismo operrio, Karl Marx redigiu os
estatutos da I Internacional (Associao Internacional de Trabalhadores), criada em Londres
(1864);
- Marx deu o seu apoio Comuna de Paris, de 1871 (o primeiro governo operrio
da Histria);
- Engels foi um dos fundadores da II Internacional, criada em Paris (1889);
- a realizao das Internacionais Operrias promoveu a fundao de partidos
socialistas na Europa.
Apesar de ter chocado ideologicamente com outras propostas de remodelao da
sociedade (nomeadamente, o proudhonismo, o anarquismo e o revisionismo), as quais viriam a
contribuir para o fim das duas Internacionais, a doutrina marxista prevaleceu viva e serviria
de base terica revoluo de 1917, na Rssia.
57
58
63
INTERESSE
PELA
REALIDADE
SOCIAL
NA
LITERATURA
NAS
ARTES
AS
NOVAS
Evidenciar
a
modernidade
das
correntes
estticas
do
fim
do
sculo:
Realismo,Impressionismo, Simbolismo e Arte Nova
A segunda metade do sculo XIX foi extremamente rica em propostas artsticas;
importa contextualiz-las historicamente:
Realismo esta corrente afirma uma reaco clara aos pressupostos romnticos:
em vez do culto do eu, prope a anlise da sociedade; contrariando a nostalgia do passado,
analisa criticamente a contemporaneidade; por oposio s paisagens dramticas, representa
cenas banais, e as suas personagens no so heris, mas pessoas simples.
O desejo de objectividade na arte reflecte a aceitao da corrente filosfica
positivista. O gosto pelo concreto levou a que, na pintura, os artistas Courbet, Millet e Manet
representassem cenas do quotidiano; porm, a tentativa de representar exclusivamente o real
chocou a sociedade burguesa de ento.
68
Impressionismo foi da tela de Monet Impresso: Sol Nascente que nasceu o termo
impressionistas, utilizado por um crtico, desdenhosamente, para designar o grupo de pintores
(de que se salientam Monet, Renoir, Degas e Czanne) que desafiaram as convenes
artsticas da poca.
O Impressionismo procurava captar, em tela, a fugacidade do real. Aproximava-se da
pintura realista no tratamento de temas vulgares e urbanos, mas aceitava a subjectividade do
olhar, transmitida pelos efeitos de luz e pelas cores inesperadas. Graas expanso das viasfrreas e novidade dos tubos de estanho com as cores j preparadas, os pintores
impressionistas puderam trocar os ateliers pelo ar livre.
Simbolismo em reaco ao Realismo e ao Positivismo, a corrente simbolista acentua a
impossibilidade de existncia de uma s realidade e prope como alternativa a representao
simblica das ideias, razo por que os seus autores foram denominados simbolistas.
Gustave Moreau e Puvis de Chavannes souberam criar nas suas telas um ambiente de
mistrio e de sonho, enquanto Paul Gauguin procurou afastar-se da civilizao industrial
europeia para procurar, na arte e na vida, um ideal de primitivismo.
Em Inglaterra, a pintura de Rossetti ou de Burne-Jones (chamada pr-Rafaelita por
recusar os cnones do Renascimento) pode ser integrada na corrente simbolista pela
aproximao ao sobrenatural e pela valorizao de ambientes de evaso.
Arte Nova assumindo-se, sobretudo, como um estilo decorativo, a Arte Nova resulta
da vontade de imprimir colorido e graciosidade a uma Europa descaracterizada pela
industrializao.
Os artistas da Arte Nova elaboram jias refinadas (Lalique), adornavam a entrada para
o metropolitano parisiense, ilustravam painis publicitrios com gravuras de mulheres
idealizadas entre flores e folhagens (Mucha).
O requinte e a elegncia permitem identificar, rapidamente, todas as facetas da Arte
Nova. Enquanto corrente arquitectnica, a forma ondulada, a aplicao do ferro e a
valorizao da estrutura como decorao marcaram as obras de Arte Nova, salientando-se as
do arquitecto Gaud, em Barcelona.
Estabelecer um paralelo entre as artes plsticas e a literatura
As artes plsticas e a literatura seguiram caminhos comuns na revoluo artstica da
segunda metade do sculo XIX, em particular nas correntes realistas e simbolista.
Na literatura, as descries minuciosas e a crtica social caracterizavam as obras
literrias dos autores realistas, como Flaubert, enquanto mile Zola denunciava as condies
de vida do operariado.
O simbolismo literrio caracterizou-se pela expresso do sobrenatural e pela
valorizao das ideias subjectivas, nomeadamente na obra de Baudelaire, cujo soneto
Correspondances o ponto de partida para o cnone formal do Simbolismo, e em Edgar Allan
Poe, autor ingls cujas obras so carregadas de mistrio.
69
1.1. UM
1.1.1
Russo
Alemo
Austro
Hngaro
Otomano
Outros estados:
(Frana, Itlia,
Blgica)
ampliam
as
suas fronteiras.
Povos que viviam oprimidos no territrio dos imprios alcanam a independncia politica:
Estados Nao
Com os imprios autocrticos abatidos e a emancipao de muitas naes por eles
subjugadas, acreditou-se no triunfo da justia e da igualdade
Extenso dos regimes republicanos e das democracias parlamentares
Criao de um organismo para salvaguardar a paz e a segurana internacionais a
Sociedade das Naes
71
1.1.2
A primeira guerra mundial afectou de modo desigual as economias nacionais e as trocas internacionais:
Declnio da Europa
Ascenses dos pases extra-europeus destacam-se os E.U.A que se tornaram primeira
potncia mundial
O declnio da Europa
Aps a primeira guerra: Europa arruinada, no plano humano e material
Campos destrudos
Dificuldades de reconverso
Extremamente dependente dos E.U.A
Desvalorizao Monetria (mais grave na
(principal fornecedor)
Itlia e na Alemanha)
Acumulao de dvidas
Inflao
A ascenso dos Estados Unidos e a recuperao europeia
Crditos Americanos
1.2. A
IMPLANTAO DO MARXISMO-LENINISMO NA
RSSIA:
A CONSTRUO DO MODELO
SOVITICO
1.1.3
Situao Poltica
Czar
tem
poder
autocrtico
privilegiando a Alta Nobreza e o
Clero
Guerra com Japo (1904-05) Derrota Descrdito da Dinastia
Romonov
Descontentamento
Popular
Domingo Sangrento
Priso/exlio
dos
opositores
polticos
85% da sociedade camponeses
Situao Social
Contestao protagonizada por:
Socialistas
revolucionrios:
reclamavam a partilha de terras
Sociais-democratas:
Bolcheviques (mais radicais)
Mencheviques (menos radicais)
Constitucionais-democratas:
adeptos do parlamentarismo
maneira ocidental
72
Insatisfao Anseios
Democrticos
Governo Provisrio
(Kerensky e Lvov)
Continuam a guerra
Querem liberalizar a
economia
Soviets
Querem o fim da guerra
Querem uma nova ordem
social e econmica
Revoluo de Outubro
Bolcheviques (Guardas Vermelhos) assaltam o palcio de Inverno e derrubam o Governo Provisrio nele
sediado.
Poder entregue ao Conselho dos Comissrios do Povo (s bolcheviques). Lderes: Lenine e
Trotsky.
1.1.2. Da democracia dos sovietes ao centralismo democrtico
A democracia dos sovietes; dificuldades e guerra civil (1918-1920)
O novo governo iniciou funes com a publicao de decretos revolucionrios que procuraram
responder s aspiraes das massas populares e s reivindicaes dos sovietes:
Decreto sobre a paz
Proprietrios e empresrios criam obstculos
Decreto sobre a Terra
aplicao destes decretos
Decreto sobre o Controlo Operrio
Decreto sobre as nacionalidades
Negociaes em Brest-Litovsk (sob a direco de Trotsky) Rssia assina paz separada com a
Alemanha perde populao, terras cultivadas e minas de ferro e de carvo
Vermelhos
Bolcheviques dispuseram de um
coeso e disciplinado exrcito vermelho
organizado por Trotsky
73
Guerra Civil
Vencedores: Vermelhos
O comunismo de guerra, face da ditadura do proletariado (1918-1921)
Ditadura do proletariado:
Etapa transitria no processo de construo da sociedade socialista.
Detendo a supremacia politica o proletariado retiraria todo o capital burguesia e centralizaria
todos os instrumentos de produo nas mos do Estado, que enquanto instrumento de domnio de uma
classe sobre a outra deixaria de fazer sentido e se extinguiria. Dando assim lugar ao Comunismo.
Dada a situao da Rssia (Guerra Civil) e longe de ceder, Lenine tomou medidas energticas que
conferiram ditadura do proletariado um carcter violento e implacvel:
Fim da democracia dos Sovietes
Partidos polticos proibidos (excepto o
Nacionalizao Econmica
comunista) bem como os jornais
burgueses
Trabalho obrigatrio (dos 16 aos 50
Terror Policia Tcheca (policia politica)
anos)
Assembleia constituinte dissolvida
prendia,
julgava
e
executava
rapidamente
O centralismo democrtico
Comunismo de Guerra
Desde 1922 a Rssia converteu-se na Unio das Republicas Socialistas Soviticas (URSS).
A conciliao da disciplina e da democracia do Estado Sovitico conseguiu-se com a frmula do
Centralismo Democrtico:
Todos os corpos dirigentes so eleitos de baixo para cima, enquanto as suas decises so de
cumprimento obrigatrio das bases. Assim todo o poder emana da base (sovietes) que
controlada por duas foras: o Estado e o Partido Comunista. (doc.19, p.35)
1.3. A
REGRESSO DO DEMOLIBERATISMO
74
1-4 MUTAES
Massificao
Nos tempos livres: lugares pblicos (cafs, esplanadas, cinemas)
Crescimento da classe mdia
Acelerao do ritmo de vida;
Melhoria do nvel de vida
Ruptura da rgida moral
oitocentista
Nova cultura do cio (cidade oferece inmeras distraces)
Prazer do consumo e nsia de divertimento
Prtica desportiva
Convivncia entre sexos mais livre e ousada
Surgimento do automvel
Direito das mulheres casadas propriedade dos seus bens, tutela dos seus filhos, ao acesso
educao e a um trabalho socialmente valorizado
Direito de participao na vida poltica (direito de voto)
Organizam-se associaes sufragistas (querem assegurar igualdade politica)
Homens nas trincheiras mulheres viram-se libertas das suas tradicionais limitaes como donas
de casa assumindo a autoridade do lar e o sustento da famlia
Moda: no ao espartilho; saia acima do tornozelo; cabelo garonne
75
O fauvismo
(Paris)
Caractersticas:
Primado da cor sobre a forma (cor como forma de expresso)
Cores primrias, muito intensas, brilhantes e agressivas
Pinceladas soltas, violentas e grossos empastes
O colorido autonomiza-se completamente do real
76
77
Abstraccionismo Geomtrico
Expressa a verdade essencial e inaltervel
das coisas
Pintores:
Vassily Kandinsky (Lrico)
Piet Mandrion (Geomtrico)
O Futurismo
(Milo)
Rejeio total da esttica do passado e
Representao do mundo industrial: a
exaltao da sociedade industrial
cidade, a mquina, a velocidade, o rudo
Admirao pela tecnologia moderna e pela
Ideia de ritmo
velocidade
Movimento criado a partir da repetio de
Exaltao da guerra
formas e de cores
Pintores:
Umberto Boccioni
Luigi Russolo
O Dadaismo
(Zurich Suia)
Desprezo pelo mundo violento, pela
Negar a arte e o seu valor
sociedade e pelas suas regras
Anti-arte: troa, insulta, critica
Fome
de
absurdo
(destruir
os
Manifestao do enorme movimento de
fundamentos da arte)
revolta intelectual e artstica
Pintores:
Marcel Duchamp
Francis Picabia
O surrealismo
(Frana)
Influncia de Freud e da Psicanlise
Mundo de interioridade era procurado no inconsciente do artista
Fundir a realidade e o sonho numa surrealidade
Autonomia da imaginao e a capacidade do inconsciente de se exprimir sem limitaes
Universos absurdos, cenas grotescas e estranhas, sonhos e alucinaes, cor usada arbitrariamente
Pintores:
Salvador Dali e Ren Magritte (surrealistas figurativos)
Joan Mir (surrealista abstracto)
Os caminhos da literatura
Tal como no campo das artes a literatura sofreu uma verdadeira revoluo, que ps em causa os
valores e as tradies literria. Destacam-se ento algumas novas caractersticas:
Libertao da obra literria face realidade concreta
Obras voltam-se para a vida psicolgica e interior das personagens
Novas formas de expresso, ao nvel da linguagem e da construo frsica
78
1.5. PORTUGAL NO PRIMEIRO PS-GUERRA
1.5.1 As Dificuldades Econmicas e a Instabilidade Poltica e Social; A Falncia da Primeira
Repblica
79
Histria- 10 ano
Objectivos
Agitao Social Contornos violentos nas grandes cidades
Pintura
Modernistas
Estes foram: cubistas, impressionistas,
Muitos revelam-se cosmopolitas
futuristas, abstraccionistas,
Substituem a iconografia rstica pelo Mundanismoexpressionistas,
bomio
surrealistas
(de tudo um pouco)
Esquematizam em vez de pormenorizar
80
Histria- 10 ano
Objectivos
Ao atacarem alicerces da sociedade burguesa (como os seus gostos e valores culturais) Colheram a indignao e o
sarcasmo
Afastados dos certames e publicaes oficiais que os marginalizavam
Veculos de afirmao: exposies independentes, publicaes peridicas e espaos pblicos que decoravam
81
Criticas indignadas do escritor Jlio Dantas Manifesto Anti-Dantas pelos futuristas, associando-o a uma cultura
retrgrada que urgia abater.
Amadeu de Souza-Cardoso (tambm influenciado pelo futurismo) realiza duas exposies individuais que o vo aproximar
ao grupo de Orpheu, resultando num terceiro numero do mesmo, que no chegou a publicar-se.
Agitao futurista culminou no Ultimatum futurista s geraes portuguesas do sc. XX, por Almada Negreiros.
Logo a seguir, numero nico da revista Portugal Futurista considerada pea fundamental do movimento futurista
portugus, porem sendo apreendida pela policia no momento da sada da tipografia.
O crash de 1929 foi uma tpica crise de tipo capitalista, do gnero das que afectaram os
EUA, ciclicamente, desde 1810. Porm, a crise de 1929 foi to grave que fez repensar os prprios
fundamentos da livre-concorrncia.
Depois de uma fase de alta na economia (entre 1925 e 1929), que tomou o nome de
"loucos anos 20" ("the roaring twenties"), relacionada com a dependncia dos capitais e dos emprsti mos americanos no ps-guerra e com a aplicao do taylorismo, seguiu-se uma tendncia
depressionria.
Histria- 10 ano
Objectivos
Porm, essas medidas apenas vieram agravar a crise, pois os pases da Europa que
dependiam dos emprstimos e do crdito dos EUA para a recuperao do ps-guerra viram-se,
subitamente, sem apoios, o que degenerou numa crise a nvel mundial. Por seu turno, os pases que
exportavam matrias-primas tambm entraram em crise. Os EUA, habitualmente grandes
compradores, haviam reduzido as trocas internacionais para regularizar a economia interna.
Deste modo, praticamente todo o mundo (excepo feita, quando muito, URSS, que
no seguia o modelo econmico capitalista) foi atingido pela crise de 1929, a qual se estendeu pelos
anos 30, na chamada "Grande Depresso".
82
2.2. AS
OPES TOTALITRIAS
Histria- 10 ano
Objectivos
Totalitarismo
Estado sobre o indivduo
(acima do indivduo esta o interesse
da colectividade, a grandeza da
Nao e a supremacia do estado)
Reforo do poder executivo
Corporativismo
(aceita a propriedade privada mas
tendo como necessria a
interveno do estado, e cria
coorporaes que procuram
solucionar entre si os problemas
laborais)
Estado Totalitrio
Fascista
Oposio firme ao
Liberalismo,
Democracia
parlamentar e ao
Socialismo
83
Fascismo
Homens no so iguais
Elites
Histria- 10 ano
Objectivos
o
Itlia:
Juventude Fascista
84
Nao submissa
Em
Enquadramento
de Massas
Organizaes
de Juventude
Itlia
Alemanha
Portugal
Mocidad
e
Portugu
esa
Unio
Nacional
Corpora
es
Juventudes
Fascistas
Juventudes
Hitelarianas
P.Nacional
Fascista
Corporaes
Dopolavoro
P.Nacional
Socialista
Frente de
trabalho Nacional
Fascista
Kraft Durch Freud
Partido nico
Organizaes
do trabalho
Tempos livres e
Cultura
Itlia:
FNAT
(Federa
o
Nacional
Alegria
no
Trabalh
o)
Ministrio da Imprensa e da propaganda controlou as publicaes, a rdio, e a partir dos anos 30 o
cinema.
Alemanha:
Histria- 10 ano
Objectivos
Rdio e cinema Armas indiscutveis para o totalitarismo nazi (1938 - 10 milhes de
aparelhos radiofnicos estavam espalhados por toda a Alemanha)
85
Histria- 10 ano
Objectivos
A Autarcia como Modelo Econmico
Itlia
Milcias
Poltica Poltica
86
Milcia Voluntria de
Segurana Nacional
OVRA
Alemanh
a
Seces
de
Assalto
(S.A)
Seces
de
Seguran
a (S.S)
Gestapo
Campos
de
Concent
rao
desempenhos Econmicos
Portu
gal
Legio
Portug
uesa
PVID
E
Estado
Totalitrio
Fascista servese
do
corporativismo
para:
Evitar
a
luta
de
classes
Bons
Autarcia
Itlia:
Estado reforou a interveno na economia
Corporaes facilitaram planificao econmica
Batalhas de produo (exaltadas pela propaganda)
Aumentou a produo de cereais diminuram as importaes
Recuperao de terras e criao de novas povoaes
Comrcio subiu os direitos alfandegrios e controlou o volume das importaes e exportaes
Estado financiou as empresas em dificuldade e interveio fortemente no sector industrial
Alemanha:
Poltica de grandes trabalhos arroteamentos,
pontes, linhas frreas
Estado reforou a autarcia e o dirigismo econmico
Fixaram-se os preos
Programa de rearmamento
construo de auto-estradas,
Recuperao Econmica
Diminuio do Desemprego
Histria- 10 ano
Objectivos
2.2.2 O Estalinismo
Autarci
a
Planificao Econmica:
87
Histria- 10 ano
Objectivos
Estado Estalinista
Omnipotente e Totalitrio
88
O New Deal
Interveno do
Histria- 10 ano
Objectivos
Dinheiro para os mais necessitados e campos de trabalho para os desempregados mais jovens
Proteco agricultura emprstimos aos agricultores e indemnizaes pela reduo das reas
cultivadas
Proteco industria e ao trabalho Industrial fixao de preos, salrio mnimo
Metas: Relanamento da economia e luta contra o desemprego e a misria Superar os efeitos da Grande Depresso
Frana - Liderado por Lon Blum, sem o Partido Comunista (1936-1938) - Movimento Grevista
89
Histria- 10 ano
Objectivos
1928 Antnio de Oliveira Salazar entrou no Governo e sobraou a pasta das Finanas, com a
condio de superintender nas despesas de todos os ministrios. Consegue saldo positivo no
Oramento, ganhando assim prestgio e sendo nomeado para a chefia do Governo
No escondendo o seu propsito de instaurar uma nova ordem poltica, Salazar empenhou-se na
criao das necessrias estruturas institucionais.
1930 Lanaram-se as bases orgnicas da Unio Nacional e promulgou-se o Acto Colonial.
1933 Publicao do Estatuto do Trabalho Nacional e da Constituio de 1933
Ficou ento consagrado um sistema governativo conhecido por Estado Novo, no qual sobressai:
o forte autoritarismo
o condicionamento das liberdades individuais aos interesses da Nao
Salazar
Repudiou
Proclamou (carcter)
Liberalismo
Autoritrio
Democracia
Corporativo
Parlamentarismo
Conservador
Nacionalista
Conservadorismo e tradio
90
Histria- 10 ano
Objectivos
Salazar foi uma personalidade extremamente conservadora que sempre repudiou os exageros
republicanos. Assim sendo, o Estado Novo distinguiu-se entre os demais fascismos pelo seu
carcter conservador e tradicionalista. Este:
Repousou em valores e conceitos morais que jamais algum deveria questionar: Deus, a Ptria, a
Famlia, a Autoridade, a Paz Social, a Hierarquia, a Moralidade, a Austeridade.
Respeitou as tradies nacionais e promoveu a defesa de tudo o que fosse genuinamente portugus
Enalteceu o mundo rural
Protegeu a religio catlica
Reduziu a mulher ao papel passivo
Protegeu as manifestaes culturais de influncias estrangeiras
Nacionalismo
Corporativismo
91
Histria- 10 ano
Objectivos
de 1933 programasse uma diversidade de corporaes, na prtica s funcionavam as de natureza
econmica (que compreendiam a agricultura, a industria, o comercio, os transportes e o turismo, a
banca e os seguros). Acabando as corporaes por se transformar num meio de o Estado Novo
controlar a economia e as relaes laborais.
O enquadramento de Massas
A longevidade do Estado Novo pode explicar-se pelo conjunto de instituies e processos que
conseguiram enquadrar as massas e obter a sua adeso ao projecto do regime.
1933 Secretariado da Propaganda Nacional (SPN): papel activo na divulgao do iderio do regime
e na padronizao da cultura e das artes
1930 Unio Nacional (chefiada por Salazar): no partidria, tinha o papel de congregar todos os
Portugueses de boa vontade e apoiar incondicionalmente as actividades politicas do Governo.
Porm, a unanimidade pretendida s foi possvel com a extino dos partidos polticos e a limitao
severa da liberdade de expresso.
Unio Nacional transformada em partido nico
Recorreu-se a organizaes milicianas
Legio Portuguesa
Defender o patrimnio espiritual da
Nao, o Estado Corporativo e
conter a ameaa Bolchevista
Ditadura intelectual Censura prvia imprensa, ao teatro, ao cinema, rdio e, mais tarde
televiso
Lpis Azul proibio da difuso de palavras ou imagens subversivas para a ideologia do Estado
Novo
92
Histria- 10 ano
Objectivos
Polcia Poltica: Policia de Vigilncia e de Defesa do Estado (PVDE), em 1945 designada por Policia
Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) prender, torturar e matar opositores ao regime
2.5.2. Uma economia submetida aos imperativos polticos
O autoritarismo do Estado Novo levou ao abandono das polticas econmicas liberais e adopo
de um modelo econmico fortemente intervencionista e autrcico. Assim sendo, o fomento
econmico deveria ser orientado e dinamizado pelo Estado, sujeitando-se todas as actividades aos
interesses da Nao.
Dirigismo econmico do Estado Novo
A estabilidade financeira
93
Estabilizao Financeira
Defesa da Ruralidade
O Estado Novo privilegiava o mundo rural, porque nele se preservava tudo o que de melhor tinha o
povo portugus. Assim sendo, o Portugal dos anos 30 viveu um exacerbado ruralismo:
Destinaram-se verbas para a construo de numerosas barragens resultou numa melhor irrigao
do solo
Junta de Colonizao Interna (1936) fixar a populao em algumas reas do interior
Politica de Arborizao
Fomentou-se a politica da vinha crescimento da produo vincola
Alargaram-se a produo do arroz, batata, azeite, cortia e frutas
Campanha do trigo (1929-37) alargar a rea de cultura deste cereal crescimento significativo
da produo cerealfera conseguiu a auto-suficincia do pas
Estado concedeu grande proteco aos proprietrios adquirindo-lhes produes e estabelecendo o
proteccionismo alfandegrio
Obras pblicas
Histria- 10 ano
Objectivos
O Estado Novo levou a cabo a politica de obras pblicas, que recebeu um impulso notvel com a Lei
de Reconstituio Econmica (1930). Procurou-se combater o desemprego e dotar o pas das infraestruturas necessrias ao desenvolvimento econmico.
Rede viria duplicou at 1950
Unificao do mercado nacional
Maior acessibilidade aos mercados externos
Edificao de pontes
Expanso das redes telegrfica e telefnica
Obras de alargamento e de beneficiao de portos e aeroportos
Construo de barragens
Expanso da electrificao
Construo de hospitais, escolas, edifcios universitrios
O condicionamento industrial
Num pas de exacerbado ruralismo a industria no constituiu a prioridade do Estado. O dbil
crescimento verificado deveu-se poltica de condicionamento industrial concretizada pelo Estado
entre 1931 e 1937. Este modelo determinava que qualquer indstria necessitava da prvia
autorizao do Estado para se instalar, reabrir, efectuar ampliaes, mudar de local, ser vendida a
estrangeiros ou at para comprar mquinas.
Suspendeu-se ainda a autorizao de grandes novas indstrias ou de novos processos produtivos.
Frisou-se que o condicionamento se orientava fundamentalmente para as indstrias que exigissem
grandes despesas e produo ou que produzissem bens de exportao.
O condicionamento industrial (que reflecte o dirigismo econmico do Estado Novo) fez assim parte
de uma poltica conjuntural anti-crise, destinada a garantir o controlo da indstria por nacionais e
a regulao da actividade produtiva e da concorrncia. Procurava evitar-se a sobre produo, a
queda dos preos, o desemprego e a agitao social. Contudo, o condicionamento industrial acabou
por se converter em definitivo, moldando a estrutura da indstria durante o Estado Novo, e
passando assim a criar um obstculo modernizao.
A poltica colonial
94
Histria- 10 ano
Objectivos
95
O Acto Colonial de 1930 imprimiu um cunho permanente poltica colonial do Estado Novo. Nele se
afirmava a misso histrica civilizadora dos Portugueses nos territrios ultramarinos.
Em consequncia daquele pressuposto, reforou-se a tutela metropolitana sobre as colnias e
insistiu-se na fiscalizao da metrpole sobre os governadores coloniais e no estabelecimento de
um regime econmico em que as colnias seriam um mero fornecedor de matrias-primas para a
indstria metropolitana.
Proclamando a sua vocao colonial, incutia-se no povo portugus uma mstica imperial.
2.5.3. O projecto cultural do regime
O Estado Novo deteve uma produo cultural submetida ao regime.
Promoveu a censura e o controlo da produo cultural
Concebeu um projecto totalizante, que fez de artistas e escritores instrumentos privilegiados da
inculcao e da propaganda do seu iderio
Apercebeu-se da importncia das manifestaes culturais para o regime se revelar s massas. As
impregnar e cultivar
As artes e letras deveriam inculcar no povo o amor da ptria, o culto dos heris, as virtudes
familiares ou seja, o iderio do Estado Novo (porm, a adeso dos escritores foi escassa)
Atravs de exposies nacionais e internacionais (das obras publicas do regime, de festas
populares, do teatro, do cinema, do bailado) patrocinaram-se artistas e produes que
divulgassem sobretudo as tradies nacionais e populares e enaltecessem a grandeza histrica do
pas e a dimenso civilizadora dos Portugueses.
Histria- 10 ano
Objectivos
Quando o mundo emergiu da Segunda Guerra Mundial, era j clara a alterao de foras nas
relaes internacionais. Antigas potncias como a Alemanha e o Japo, que tinham sonhado com grandes
domnios territoriais, saam da guerra vencidas e humilhadas. Outras, como o Reino Unido e a Frana,
Contudo, viam-se empobrecidos e dependentes da ajuda externa. No quadro da runa e desolao do psguerra, s duas potncias se agitavam: a URSS e os E.U.A.
96
o Estabeleceu-se a quantia de 20 000 milhes de dlares pelas reparaes de guerra a pagar pela
Alemanha.
Estabeleceu-se um acordo quanto s zonas de influncia dos regimes comunista e capitalista e, embora
sem qualquer documento formal, o certo que esta hipottica partilha da Europa foi sempre respeitada.
Alguns meses mais tarde, em finais de julho, reuniu-se em Potsdam uma nova conferncia com o fim de
consolidar os alicerces da paz.
A conferncia de Potsdam decorreu num clima bem mais tenso do que a de Ialta. A conferncia
encerrou sem alcanar uma soluo definitiva para os pases vencidos, limitando-se a ratificar e
pormenorizar os aspetos j concordados em Ialta:
o A perda provisria da soberania da Alemanha e a sua diviso em 4 reas de ocupao;
o A administrao conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em 4 setores de ocupao;
o O montante e o tipo de indemnizaes a pagar pela Alemanha;
o O julgamento dos criminosos de guerra nazis por um um tribunal internacional;
o A diviso, ocupao e desnazificao da ustria, em moldes semelhantes aos estabelecidos para a
Alemanha.
Histria- 10 ano
Objectivos
Para alm de considerveis ganhos territoriais, a guerra dera Unio Sovitica um enorme
protagonismo internacional. Estaline participava agora, como parceiro de primeira grandeza, na definio
das novas coordenadas geopolticas.
A URSS detinha, assim, vantagem estratgica no Leste Europeu. Embora os acordos de Ialta
previssem o respeito pela vontade dos povos, na prtica tornava-se impossvel contrariar a hegemonia
sovitica, que no tardou a impor-se: Entre 1946 e 1948, todos os pases libertados pelo exrcito
vermelho resvalaram para o socialismo. Em pouco tempo, a vida social, poltica e econmica dos pases
de Leste foi reorganizada em moldes semelhantes aos da Unio Sovitica.
97
Histria- 10 ano
Objectivos
Sob o impacto do holocausto e disposta a impedir as atrocidades cometidas durante a 2 guerra mundial, a
ONU tomou uma funo profundamente humanista que foi reforada pela aprovao da Declarao Universal dos
Direitos do Homem.
Esta Declarao no se limita a definir os direitos e liberdades fundamentais (direito vida, liberdade de reunio,
associao, expresso, etc.). Os seus redactores atriburam um importante espao s questes econmico-sociais
(direito ao trabalho, ao descanso, ao ensino...), por as considerarem imprescindveis a uma vida digna e
verdadeiramente livre.
rgos de Funcionamento
Assembleia Geral: Rene um representante de cada pas do mundo. A Assembleia Geral debate,
semelhana de um parlamento, os assuntos de interesse da organizao.
Conselho de Segurana: composto por 15 membros, 5 permanentes e 10 flutuantes, eleitos pela
Assembleia geral por 2 anos. o Conselho de Segurana que tem poderes para agir + directamente na
preservao da paz, podendo decidir sanes econmicas e a interveno militar da ONU.
Secretariado Geral: O secretariado-geral das Naes Unidas exerce funes diplomticas cruciais na
resoluo dos conflitos do mundo. eleito pela Assembleia Geral para um mandado de 5 anos.
Conselho Econmico e Social: destina-se a cumprir o objectivo da cooperao econmica, social e
cultural previsto na Carta das Naes Unidas. Actua por meio de agncias especializadas e outros rgos
especficos que se encontram sobre a sua tutela.
98
Tribunal Internacional de Justia: destina-se a resolver, por via pacfica, as quezlias entre os povos,
fazendo com que estes respeitem as leis do direito internacional.
Conselho de Tutela: este organismo administrava os territrios entregues ONU, porm, desde 1994
rene, apenas, ocasionalmente, pois j no tem territrios sua guarda.
A ONU, que desde 1952 tem sede permanente em Nova Iorque, agrega hoje todos os povos do mundo
(191 pases). Embora tenha desenvolvido um importante papel no que toca cooperao internacional, a
sua actuao ficou aqum das expectativas no que concerne concertao da paz mundial.
Histria- 10 ano
Objectivos
Como estrutura de fundo, procedeu-se criao de um novo sistema monetrio internacional que
garantisse a estabilidade das moedas indispensvel ao incremento das trocas. O sistema assentou no
dlar como moeda-chave.
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A guerra abalou o prestgio dos europeus. Na sia, deixa bem patente a sua superioridade do
Japo, potncia local. Nem mesmo a sua posterior derrota frente ao poderio americano foi capaz de
restabelecer o prestgio da Europa na regio.
A guerra exigiu dos territrios coloniais pesados sacrifcios, contribuindo para aumentar o
descontentamento contra o dominador estrangeiro.
Aos efeitos demolidores da guerra juntaram-se as presses exercidas pelas duas superpotncias, que
apoiam os esforos de libertao dos povos colonizados. Os Estados Unidos sempre se mostraram
adversos manuteno do sistema colonial. A URSS atua em nome da ideologia marxista e no
desperdia a possibilidade de entender, nos pases recm-formados, o modelo sovitico.
Tambm a ONU, fundada sob o signo da igualdade entre todos os povos do mundo, se constituir
como um baluarte internacional da descolonizao.
1.2 O tempo da guerra fria - a consolidao de um mundo bipolar
1.2.1 Um mundo dividido
A Rutura
Histria- 10 ano
Objectivos
Quando, em 1946, Churchill afirmou que uma cortina de ferro dividia a Europa, o
processo de sovietizao dos pases de Leste era j irreversvel. Sob a tutela diplomtica e
militar da URSS, os partidos comunistas ganhavam foras e, progressivamente, tomavam
o poder. Para coordenar a sua atuao, tornando-a mais eficiente, criou-se, em 1947, o
kominform organismo criado com o objetivo de coordenar a ao dos partidos
comunistas europeus na luta contra o imperialismo capitalista. O dinamismo da
extenso sovitica constitua uma ameaa ao modelo capitalista e liberal, ameaa essa
que era preciso conter.
100
neste contexto que George Marshall anuncia, em junho de 1947, um plano de ajuda
econmica Europa. Conhecido como Plano Marshall, este auxlio foi acolhido com
entusiasmo pela generalidade dos pases europeus que, assim, viram reforados os laos que
os uniam aos Estados Unidos da Amrica.
Pouco depois, um alto dirigente sovitico, Andrei Jdanov, formaliza a rutura entre as
duas potncias: o mundo, afirma Jdanov, divide-se em dois sistemas contrrios: um
imperialista e antidemocrtico, liderado pelos Estados Unidos; o outro, em que reina a
democracia e a fraternidade entre os povos, corresponde ao mundo socialista. Lidera-o a
Unio Sovitica.
Em janeiro de 1949, Moscovo responde ao plano Marshall lanando o Plano Molotov,
que estabelece as estruturas de cooperao econmica da Europa Oriental. Foi no mbito
deste plano que se criou o COMECON, instituio destinada a promover o desenvolvimento
integrado dos pases comunistas, sob a gide da Unio Sovitica.
Os pases abrangidos pelo Plano Marshall (OECE) e os pases do COMECON funcionaram
como reas transnacionais, coesas e distintas uma da outra. Deste modo, a diviso do mundo
em dois blocos antagnicos consolidou-se, tal como se consolidou a liderana das duas
superpotncias.
O primeiro conflito: A questo alem
Histria- 10 ano
Objectivos
101
A Guerra Fria
O afrontamento entre as duas superpotncias e os seus aliados prolongou-se at
meados dos anos 80, altura em que o bloco sovitico mostrou os primeiros sinais de fraqueza.
Durante este longo perodo, os EUA e a URSS intimidaram-se mutuamente, gerando um clima
de hostilidade e insegurana que deixou o Mundo num permanente sobressalto. este clima
de tenso internacional que designamos por Guerra Fria.
A Guerra Fria foi uma autntica guerra dos nervos em que cada bloco se procurou
superiorizar ao outro, quer em armamento, quer na ampliao das suas reas de influncia.
Eram duas concees opostas de organizao poltica, vida econmica e estruturao
social que se confrontavam: de um lado, o liberalismo, assente sobre o princpio da liberdade
individual; do outro, o marxismo, que subordina o indivduo ao interessa da coletividade.
Nos anos da Guerra Fria, o fosso entre o mundo capitalista e o mundo comunista
pareceu a todos maior do que nunca. Os dois sistemas evoluram separadamente, mas, de
olhos postos um no outro, acabaram inevitavelmente por se influenciar.
1.2.2 o mundo capitalista
A poltica de alianas dos Estados Unidos
Os Estados Unidos empenharam-se por todos os meios na conteno do comunismo. O
Plano Marshall foi o primeiro grande passo nesse sentido, uma vez que no s permitiu a
Histria- 10 ano
Objectivos
102
Histria- 10 ano
Objectivos
Ainda durante a guerra, o empenhamento do Estado nas questes sociais foi ativamente
defendido por lorde Beveridge, cujo Relatrio de 1942 influenciou decisivamente a poltica
trabalhista. Beveridge confiava que um sistema social alargado teria como efeito a
eliminao dos cinco grandes males sociais: carncia, doena, misria, ignorncia e
ociosidade.
A prosperidade Econmica
O crescimento econmico do ps-guerra estruturou-se em bases slidas. Os governos no s
103
assumiram grandes responsabilidades econmicas, como delinearam planos de desenvolvimento coerentes,
que permitiram estabelecer prioridades, rentabilizar a ajuda Marshall e definir diretrizes futuras.
Externamente, os acordos de Bretton Woods e a criao de espaos econmicos alargados (como a CEE)
tiveram um papel semelhante, harmonizando e fomentando as relaes econmicas internacionais.
O capitalismo emergiu dos escombros da guerra e atingiu o seu auge. Entre 1945 e 1973, a produo
mundial mais do que triplicou. As economias cresceram de forma contnua, sem perodos de crise. As taxas
de crescimento especialmente altas de certos pases, como a RFA, a Frana, o Japo, surpreenderam os
analistas, que comearam a referir-se-lhes como milagre econmico. Estes cerca de 30 anos de uma
prosperidade material sem precedentes ficaram na Histria como os Trinta Gloriosos.
A expanso econmica dos 30 Gloriosos conjuga o desenvolvimento de processos j iniciados com
aspetos completamente novos. Podemos destacar:
A modernizao da agricultura;
O aumento significativo da populao ativa. Para alm de mais numerosa, a mo de obra tornou-se
tambm mais qualificada;
Histria- 10 ano
Objectivos
o
A sociedade de consumo
O efeito mais evidente dos Trinta Gloriosos foi a generalizao do conforto material. A sociedade de
consumo transformou os lares e o estilo de vida da maioria da populao dos pases capitalistas.
Nesta sociedade de abundncia, o cidado comum permanentemente estimulado a despender mais
do que o necessrio. Multiplicam-se os grandes espaos comerciais, verdadeiros santurios do consumo,
onde os objetos, estrategicamente dispostos, se encontram ao alcance da mo do potencial comprador. Uma
publicidade bem orquestrada lembra as pequenas e grandes maravilhas a que todos tm direito e que as
vendas a crdito permitem adquirir.
O consumismo instala-se duradouramente e torna-se o emblema das economias capitalistas da
segunda metade do sculo XX.
1.2.2 O Mundo Comunista
Quando o 2 conflito mundial terminou a URSS foi responsvel pela implantao de regimes
comunistas, inspirados no modelo sovitico, por todo o mundo.
104
O expansionismo sovitico:
A expanso do comunismo fez-se, em grande parte, sob a gide da URSS. O reforo da oposio
militar sovitica e o desencadear do processo de descolonizao criaram condies favorveis quer
extenso do comunismo, quer ao estreitamento de laos de amizade e cooperao entre Moscovo e os pases
recentemente emancipados.
EUROPA
A primeira vaga da extenso do comunismo atingiu a Europa Oriental e fez-se sob a presso direta da
URSS. Entre julho de 1947 e julho de 1948, as coligaes governamentais desfizeram-se: o partido
comunista tornou-se partido nico.
Os novos pases socialistas receberam a designao de democracias populares.
Defendem que a gesto do Estado pertence, em exclusivo, s classes trabalhadoras. Estas, que
constituem a esmagadora maioria da populao, exercem o poder do Partido Comunista.
Histria- 10 ano
Objectivos
Depois da implantao do comunismo, a URSS exerceu um apertado controlo sobre os seus novos
aliados.
Em 1955, os laos entre as democracias populares foram reforados com a constituio do Pacto de
Varsvia, aliana militar que previa a resposta conjunta a qualquer eventual agresso. O Pacto Varsvia
constituiu uma organizao completamente oposta OTAN. A unio sovitica imps um modelo nico,
do qual no admitiu desvios.
Em 1961, a fim de evitar a passagem de cidados de Berlim Leste para Berlim Oeste, de onde
fugiram para a RFA e para outros pases ocidentais, a RDA ordenou a construo do muro de Berlim.
SIA
Fora da Europa, o nico pas em que a implantao do regime comunista se ficou a dever
interveno direta da URSS foi a Coreia. Entre 1950 e 1953 desenrolou-se, na Coreia, uma guerra civil entre
o norte, a Repblica Popular da Coreia, comunista, apoiada pela URSS e o sul, a Repblica Democrtica da
Coreia, capitalista, sustentada pelos Estados Unidos. O final da guerra no unificou o pas, tornando-se mais
uma das questes por resolver da Guerra Fria.
Nos restantes casos, o triunfo do partido comunista ficou a dever-se a movimentos revolucionrios
105
nacionais que contaram, no entanto, com o incentivo ou o apoio declarado da URSS.
Tal o caso da China, onde, em outubro de 1949, Mao Ts-Tung proclamou a instaurao de uma
Repblica Popular. Apesar de, posteriormente, se ter afastado da URSS, a China seguiu, nos primeiros anos
do regime comunista, o modelo poltico e econmico do socialismo russo.
Amrica Latina
O ponto fulcral da expanso comunista na Amrica Latina foi Cuba, onde, um grupo de
revolucionrios, sob o comando de Fidel Castro e do Che Guevara. A influncia sovitica em Cuba
confirma-se quando, em 1962, avies americanos obtm provas fotogrficas da instalao, na ilha, de
msseis russos de mdio alcance, capazes de atingir o territrio americano.
A exigncia firme de retirada dos msseis, feita pelo presidente Kennedy, coloca o mundo perante a
eminncia de uma guerra nuclear entre as duas superpotncias. Fruto do seu alinhamento com o bloco
sovitico, Cuba desempenhar tambm um papel ativo na proliferao do comunismo.
frica
Aps a 2 Guerra Mundial, a planificao da economia nos regimes socialistas propiciou uma
recuperao rpida dos prejuzos causados pelo esforo de guerra. Os planos quinquenais apostavam,
Histria- 10 ano
Objectivos
sobretudo, na indstria pesada (siderurgia) e nas infraestruturas. A URSS e os pases de modelo sovitico
registaram um crescimento industrial to significativo que ascenderam 2 posio da indstria mundial.
No entanto, a par destas realizaes, as economias da direo central (dirigidas pelo Estado o qual
abolia a iniciativa privada) evidenciavam fraquezas estruturais que comprometiam a longo prazo o seu
sucesso:
Os bloqueios Econmicos
106
A escala armamentista
Para alm dos esforos postos na constituio de alianas internacionais, os 2 blocos procuravam
preparar-se para uma eventual guerra, investindo grandes somas na conceo e fabrico de armamento cada
vez mais sofisticado.
Nos primeiros anos do ps-guerra, os Estados Unidos tinham o segredo da bomba atmica, que
consideravam a sua melhor defesa. Quando, em Setembro de 1949, os Russos fizeram explodir a sua
primeira bomba atmica, a confiana dos Americanos desmoronou-se.
Histria- 10 ano
Objectivos
Em 1952 os americanos testavam, no Pacfico, a 1 bomba de hidrognio, com uma potncia 1000
vezes superior bomba de Hiroxima.
A corrida ao armamento tinha comeado. No ano seguinte, os Russos possuam tambm a bomba de
hidrognio e o ciclo reiniciou-se, levando as duas superpotncias produo macia de armamento nuclear.
O mundo viu tambm multiplicarem-se as armas ditas convencionais. No fim de 1950, os americanos
consideravam obrigatrio aumentar, to depressa quanto possvel, a fora area, terrestre e naval em geral e
a dos aliados num ponto em que no estivessem to fortemente dependentes de armas nucleares.
O investimento ocidental nas armas convencionais desencadeou, como era de esperar, uma
igual estratgia por parte da URSS.
Cada um dos blocos procurava persuadir o outro de que usaria, sem hesitar, o seu potencial
atmico em caso de violao das respetivas reas de influncia. O mundo tinha resvalado, nas palavras de
Churchill, para o equilbrio instvel do terror.
O incio da era espacial
Durante a 2 Guerra Mundial a Alemanha tinha secretamente desenvolvido a tecnologia dos foguetes
e criados os primeiros msseis. Em 1945, os cientistas envolvidos neste projeto emigraram para a URSS e
para os Estados Unidos, onde desempenharam um papel relevante nos respetivos programas espaciais.
A URSS colocou-se cabea da conquista do espao. A desolao dos Americanos, que at a tinham
107
considerado a URSS tecnologicamente inferior, foi grande. Na nsia de igualarem a proeza russa,
anteciparam o lanamento do seu prprio satlite, mas o fogueto que o impulsionava explodiu e a
experiencia foi um fracasso.
Nos anos que se seguiram, a aventura espacial alimentou o orgulho nacional das duas naes.
1.3. A afirmao de novas potncias
1.3.1. O rpido crescimento do Japo
Os fatores de desenvolvimento / O milagre Japons
O milagre japons beneficiou de uma conjuntura favorvel. A ocupao americana modernizou as
estruturas polticas e sociais do pas. Os Estados Unidos disponibilizaram importantes ajudas financeiras e
tcnicas que permitiram uma rpida reconstruo econmica (atravs do Plano Dodge); fizeram aprovar a
Constituio de 1945; incentivaram o controlo da natalidade e o acesso ao ensino. Aps a vitria de Mao
Ts-Tung na China, em 1949, o Japo passou a ser visto como um precioso aliado do bloco ocidental no
Oriente.
Estabilidade poltica, assegurada pelo Partido Liberal-Democrata no poder desde 1955.
A mentalidade japonesa foi tambm um importante fator de crescimento. Os lucros foram
reinvestidos continuamente e os trabalhadores chegavam a doar empresa os seus pequenos aumentos de
salrio para promover a renovao tecnolgica.
Histria- 10 ano
Objectivos
Esta ligao afectiva entronca na tradio japonesa do trabalho vitalcio que transforma o patro no
protector dos seus funcionrios, os quais, por sua vez, dedicam uma incondicional lealdade empresa.
Munido de mo-de-obra abundante e barata e de um sistema de ensino abrangente mas altamente
competitivo, o Japo lanou-se tarefa de se transformar na 1 sociedade de consumo da sia. O primeiro
desenvolvimento da economia japonesa decorreu entre 1955 e 1961. Neste curto perodo, a produo
industrial praticamente triplicou.
Os setores que, neste perodo, adquirem maior dinamismo so os da indstria pesada e dos bens de
consumo duradouros. O comrcio externo acompanha esta expanso: as exportaes duplicam, assim como
as importaes.
Depois de um perodo de estagnao, no incio dos anos 60, a economia japonesa conheceu um 2
surto de crescimento to possante quanto o anterior.
Entre 1966 e 1971, a produo industrial duplicou e criaram-se 2,3 milhes de novos postos de
trabalho. Alm do desenvolvimento dos setores clssicos este surto de crescimento assenta, sobretudo, em
novos setores.
1.3.2. O Afastamento da China do bloco sovitico
108
O comunismo chins foi marcado pela personalidade carismtica do seu lder Mao Ts-Tung.
Ao contrrio do marxismo tradicional, Mao enfatizava o papel dos camponeses, aos quais atribua a
liderana revolucionria -> maosmo.
O maosmo assumiu como objetivo a revoluo total protagonizada pelas massas e no pelas
estruturas de Poder, para isso, recorreu a grandes campanhas de natureza ideolgica. Mao lana, em 1957,
uma campanha de retificao dos erros cometidos pelo Partido, cuja atuao parecia afastar-se das massas.
Esta poltica foi complementada, em 1958, com o grande salto em frente: que tinha por base o
fomento da agricultura e a integrao dos camponeses em comunas populares lideradas pelo Partido
Comunista Chins. A prioridade indstria pesada foi ento posta de lado e a nfase passou para os campos,
onde se deviam desenvolver tanto as produes agrcolas como pequenas industrias locais. No entanto, esta
Histria- 10 ano
Objectivos
reforma redundou em fracasso (1960), pois os meios tcnicos eram reduzidos e os mtodos de trabalho
utilizados nas oficinas eram antiquados.
Em vez da subservincia a Moscovo, Mao estabeleceu, ele mesmo, os fundamentos doutrinrios de
um socialismo nacionalista. Criticou o comunismo de Kruchtchev, acusando-o de no escutar a opinio das
massas.
Em 1964 o culto a Mao e ao maosmo foi estimulado atravs da chamada Revoluo Cultural,
movimento que pretendia aniquilar todas as manifestaes culturais que se afastassem do modelo socialista
de Mao. A propaganda ideolgica tinha por base o livro vermelho que reunia citaes de Mao e que era
venerado como detentor da verdade absoluta. A revoluo cultural deu origem a excessos de agitao social
que resultaram na humilhao, perseguio e assassnio de muitos cidados considerados
contrarrevolucionrios. Os esforos de Mao foram coroados de xito quando, em 1971, o pas entra para a
ONU.
109
Da CECA CEE
O Primeiro passo consistente para a cooperao europeia resultou da Declarao Shumam, que
pretendia a cooperao entre a Frana e a Alemanha no domnio da produo do carvo e do ao. Desta
iniciativa resultou a CECA Comunidade Europeia do Carvo e do Ao (Alemanha, Frana, Itlia, Blgica,
Holanda e Luxemburgo). A CECA estabeleceria uma zona conjunta minero-siderurgica sob a orientao de
uma Alta Autoridade supranacional.
Em 1957, surge, finalmente, a Comunidade Econmica Europeia CEE, constituda pelos 6 pases
referidos. A CEE, cujos fundamentos foram expressos no Tratado de Roma (1957) tinha objetivos
predominantemente econmicos:
o Estabelecimento de um mercado comum;
o Aproximao progressiva das polticas econmicas;
o Expanso econmica contnua e equilibrada;
o Livre prestao de servios;
o Estabelecimento de uma poltica comum na rea da agricultura, dos transportes e da produo
energtica criada a EURATOM [Comisso Europeia de Energia Atmica com um
funcionamento independente da CEE]
1.3.3. A segunda vaga de descolonizaes
A poltica de No-Alinhamento
Histria- 10 ano
Objectivos
A descolonizao Africana
O processo de descolonizao em frica seguiu o sentido norte-sul: primeiramente tornaram-se
independentes os pases do norte de frica e, progressivamente, os pases da frica Negra foram
reclamando autonomia, onde se organizam tambm movimentos nacionalistas que encabeam a luta contra o
estado colonizador.
Com o fim de criarem um sentimento de identidade nacional e de fazerem reviver o orgulho perdido,
os lderes nacionalistas promovem a revalorizao das razes ancestrais do seu povo, a sua cultura comum,
difundindo a ideia de que ela to vlida como a civilizao dos europeus civilizadores.
A luta pela independncia assume, assim, a dupla vertente de uma luta poltica e de uma luta
contra a pobreza e o atraso econmico
110
Para alm da sua ao econmica, social, a expresso do Terceiro Mundo reveste tambm uma
conotao poltica: os novos pases representam a possibilidade de uma terceira via, uma alternativa
relativamente aos blocos capitalista e comunista.
Histria- 10 ano
Objectivos
Os pases sados da descolonizao cedo se esforaram por estreitar os laos que os unem e por
marcar posio na poltica internacional. Em 1955 convoca-se uma conferncia para definir as linhas gerais
de atuao dos pases recm-formados. A conferncia, em Bandung, na Indonsia, reuniu 29 delegaes
afro-asiticas.
Foi possvel adotar um conjunto de princpios que definem as posies polticas do Terceiro Mundo:
condenao do colonialismo, rejeio da poltica dos blocos, apelo resoluo pacfica dos diferendos
internacionais.
A conferncia da Bandung teve um efeito notvel no processo de descolonizao
A mensagem da Bandung foi tomando corpo atravs de sucessivos encontros internacionais que
desembocaram no Movimento dos No-Alinhados, criado oficialmente na conferncia de Belgrado,
empenhando-se no estabelecimento de uma via poltica alternativa bipolarizao mundial.
1.4. O termo da prosperidade econmica: origens e efeitos
A crise afetou essencialmente os setores siderrgico, a construo naval e automvel bem como o
txtil. Muitas empresas fecharam, outras reconverteram a sua produo e o desemprego subiu em flecha.
111
Paralelamente a inflao tornou-se galopante. Este fenmeno indito recebeu o nome de estagflao,
termo que aglutina as palavras estagnao e inflao.
Os fatores da crise
A interrupo do crescimento econmico nos anos 70 deveu-se, sobretudo, conjugao de 2 fatores:
a crise energtica e a instabilidade monetria.
Nos finais da dcada de 60, o petrleo era a fonte de energia bsica de que dependiam os pases
industrializados.
Em 1973, os pases do Mdio Oriente, membros da OPEP, decidiram subir o preo de venda do
petrleo para o qudruplo, numa tentativa de pressionar o Ocidente a desistir de auxiliar Israel na guerra
israelo-palestiniana.
Um outro fator determinante desta depresso econmica foi a instabilidade monetria. A excessiva
quantidade de moeda posta em circulao pelos Estados Unidos levou o presidente Nixon a suspender a
convertibilidade do dlar em ouro, o que desregulou o sistema monetrio internacional. Segundo alguns
analistas, foi esta instabilidade monetria, mais do que a crise energtica, a responsvel pelo
enfraquecimento econmico dos anos 70.
Uma crise relativa
Histria- 10 ano
Objectivos
A crise dos anos 70 introduziu um novo ciclo econmico que intercala perodos de crescimento e
estagnao. Ainda que a um ritmo mais lento, o crescimento econmico manteve-se, alguns setores
industriais reconverteram-se, enquanto outros, ligados s novas tecnologias conheceram um forte
impulso.
Tambm no aspeto social esta crise no atingiu a dimenso estratgica da Grande Depresso. As
estruturas do Estado Providncia, reforadas aps o 2 conflito mundial, cumpriram cabalmente o seu
papel, amparando o desemprego e evitando situaes de misria extrema e generalizada.
O pas agrrio continuava um mundo sobrepovoado e pobre, com ndices de produtividade que, em
geral, no atingiam sequer a metade da mdia europeia.
o
Admite-se a necessidade de rever a lei do condicionamento industrial (que colocava entraves livre
concorrncia).
A dcada ficou marcada por um decrscimo brutal da taxa de crescimento do Produto Agrcola Nacional
e por um xodo rural macio.
Histria- 10 ano
Objectivos
A emigrao
Dcada de 60 -> perodo de emigrao mais intenso de toda a nossa histria.
Nesta dcada, para alm da atraco pelos altos salrios do mundo industrializado, h que ter em conta
os efeitos da guerra colonial.
O contingente migratrio portugus era constitudo maioritariamente por trabalhadores em actividade,
predominantemente, entre os 15 e os 19 anos. Os principais pases de destino eram Frana e RFA,
seguidos da Venezuela, Canad e os EUA.
Mais de metade desta emigrao fez-se clandestinamente. A legislao portuguesa subordinava o direito
de emigrar colocando-lhe vrias restries, como a exigncia de um certificado de habilitaes mnimas.
Com o deflagrar da guerra colonial, juntou-se a estes requisitos a exigncia do servio militar cumprido,
obrigao a que muitos pretendiam escapar. Sair a salto tornou-se a opo de muitos portugueses.
O Estado procurou salvaguardar os interesses dos nossos emigrantes, celebrando acordos com os
principais pases de acolhimento. O Pas passou, por esta via, a receber um montante muito considervel
de divisas: as remessas dos emigrantes.
Tal facto, que muito contribuiu para o equilbrio da nossa balana de pagamentos e para o aumento do
consumo interno, induziu o Governo a despenalizar a emigrao clandestina e a suprimir alguns
entraves.
113
Histria- 10 ano
Objectivos
Os anos 60 trouxeram, porm, alteraes significativas poltica econmica portuguesa. No decurso do
II Plano, o nosso pas viria a integrar-se na economia europeia e mundial: em Janeiro de 1960, Portugal
torna-se um dos pases fundadores da EFTA associao europeia de comrcio livre -, ainda no mesmo
ano, 2 decretos de lei aprovam o acordo do BIRD e do FMI; em 1962 assina-se, em Genebra, o protocolo
do GATT.
A adeso a estas organizaes marca a inverso na poltica da autarcia do Estado Novo. O Plano
Intercalar de Fomento enfatiza j as exigncias da concorrncia externa inerente aos acordos assinados, e
a necessidade de rever o condicionamento industrial. O grande ciclo salazarista aproximava-se do fim.
O plano de fomento II, conduziu consolidao dos grandes grupos econmico-financeiros e ao acelerar
do crescimento nacional, que atingiu, ento, o seu pico. No entanto, o Pas continuou a sentir as
exigncias da guerra colonial e o seu enorme atraso face Europa desenvolvida.
A urbanizao
Nos anos 50 e 60, Portugal conheceu uma urbanizao intensa que absorveu, em parte, o xodo rural.
Crescem, sobretudo, as cidades do litoral oeste, entre Braga e Setbal, onde se concentram as indstrias
e os servios. Em Lisboa e Porto, as maiores cidades portuguesas, propagam-se subrbios, onde se fixam
os que no podem pagar o custo crescente das habitaes do centro. Nestes arredores concentra-se a
maior parte da sua populao activa.
Esta expanso urbana no foi
114
acolhimento de uma populao
No entanto, o crescimento urbano teve tambm efeitos positivos, contribuindo para a expanso do sector
dos servios e para um maior acesso ao ensino e aos meios de comunicao.
O fomento econmico nas colnias
At aos anos 40, o Estado Novo desenvolvera um colonialismo tpico. As dcadas seguintes seriam
marcadas por um reforo da colonizao branca, pela escalada dos investimentos pblicos e privados e
pela maior abertura ao capital estrangeiro. Angola e Moambique receberam uma ateno privilegiada.
Os investimentos do Estado nas colnias, a partir de 1953, foram includos nos Planos de Fomento. O
Estado procedeu, primeiro, criao de infra-estruturas: caminhos-de-ferro, estradas, pontes, aeroportos,
portos, centrais hidroelctricas. Ao mesmo tempo, desenvolveram-se os sectores agrcolas e extractivos,
virados para o mercado externo.
No que se refere ao sector industrial, as duas colnias conhecem um acentuado crescimento, propiciado
pela progressiva liberalizao da iniciativa privada, pela extenso do mercado interno e pelo reforo dos
investimentos nacionais e estrangeiros.
O fomento econmico das colnias recebeu um forte impulso aps o incio da guerra colonial.
Histria- 10 ano
Objectivos
A ideia da coeso entre a metrpole e as colnias viu-se reforada (em 1961) com a criao do Espao
Econmico Portugus (EEP) que previa a constituio de uma rea econmica unificada, sem quaisquer
entraves alfandegrios. No entanto, a subordinao das economias ultramarinas aos interesses de
Portugal, bem como os diferentes graus de desenvolvimento dos territrios coloniais, acabaram por
inviabilizar a efectivao deste mercado nico.
2.1.2 A radicalizao das oposies e o sobressalto poltico de 1958
O final da 2 Guerra Mundial trouxe o desmantelamento das estruturas do fascismo na Europa. Porm,
em Portugal, permanecia vigente a ditadura salazarista, de tipo fascista. Salazar encenou, ento, uma
viragem poltica, aparentando uma maior abertura, a fim de preservar o poder.
Neste contexto, o governo toma a iniciativa de antecipar a reviso constitucional, dissolver a Assembleia
Nacional e convocar eleies antecipadas, que Salazar anuncia to livres como na livre Inglaterra.
Em 1945, os portugueses foram convidados a apresentar listas de candidatura s eleies legislativas. A
oposio democrtica concentrou-se em torno do MUD, criado no mesmo ano. O impacto deste
movimento, que d incio chamada oposio democrtica, ultrapassou todas as previses.
Oposio Democrtica:
Expresso que designa o conjunto de foras polticas heterodoxas (monrquicos, republica nos,
socialistas e comunistas) que, de forma legal ou semi - legal, se opunham ao Estado Novo, adquirindo
visibilidade, face aos constrangimentos impostos s liberdades pelo regime, em pocas eleitorais. Para
garantir a legitimidade no acto eleitoral, o MUD formula algumas exigncias, que considera
fundamentais:
115
Histria- 10 ano
Objectivos
2.1.3. A Questo Colonial
As potncias coloniais europeias comearam a aceitar a ideia de abrir mo dos seus imprios e a nossa
velha aliada britnica preparava-se para encetar a vida da negociao e da transferncia pacfica de
poderes. O Estado Novo viu-se obrigado a rever a sua poltica colonial e a procurar solues para o
futuro do nosso imprio.
Solues preconizadas
Em termos ideolgicos, a mstica do imprio substituda pela ideia da singularidade da colonizao
portuguesa. Os portugueses haviam demonstrado uma surpreendente capacidade de adaptao vida
nas regies tropicais onde, por ausncia de convices racistas, se tinham entregue miscigenao e
fuso de culturas. Esta teoria, conhecida como luso-tropicalismo, serviu para individualizar a
colonizao portuguesa, retirando-lhe o carcter opressivo que assumia no caso de outras naes.
No campo jurdico, a partir de 1951, em vez de colnias, passava a falar-se de Provncias
Ultramarinas e em vez de Imprio Portugus falava-se em Ultramar Portugus.
A nvel interno, a presena portuguesa em frica no sofreu praticamente contestao at ao incio da
guerra colonial. Excepo feita ao Partido Comunista Portugus que no seu congresso de 1957 (ilegal),
reconheceu o direito independncia dos povos colonizados.
116
A luta armada
A recusa do Governo portugus em encarar a possibilidade de autonomia das colnias africanas fez
extremar as posies dos movimentos de libertao que, nos anos 50 e 60, se foram formando na frica
portuguesa.
o
Em Angola, em 1955, surge a UPA (Unio das Populaes de Angola) que, 7 anos mais tarde, se
transforma na FNLA (Frente de Libertao de Angola); o MPLA (Movimento Popular de Libertao de
Angola) forma-se em 1956; e a UNITA (Unio para a Independncia Total de Angola) surge em 1966.
o
Em Moambique, a luta encabeada pela FRELIMO (Frente de Libertao de Moambique) criada
em 1962.
o
Na Guin, distingue-se o PAIGC (Partido para a Independncia da Guin e Cabo Verde) em 1956.
Os confrontos iniciaram-se no Norte de Angola, em Maro de 1961, com ataques da UPA a vrias
fazendas e postos administrativos portugueses.
Em 1963, o conflito alastrou Guin e, no ano seguinte, a Moambique. Abriram-se assim 3 frentes de
combate, que exigiram dos Portugueses um sacrifcio desproporcionado: o pas mobilizou 7% da sua
populao activa e despendeu, na Defesa, 40% do Oramento Geral do Estado.
A resistncia portuguesa ultrapassou, em muito, os prognsticos da comunidade internacional, que
previam a capitulao rpida desta nao pequena e economicamente atrasada
Histria- 10 ano
Objectivos
O isolamento internacional
No ps-guerra, Portugal e outras potncias procuraram travar a marcha dos movimentos
independentistas mas pouco a pouco, todos reconheceram a inevitabilidade do processo descolonizador.
Ao contrrio, Portugal pareceu irredutvel nas posies inicialmente assumidas.
A questo das colnias ganhou dimenso aquando da entrada do nosso pas na ONU, em 1955. Portugal
recusou-se de imediato a admitir que as disposies da Carta relativas administrao de territrios
no-autnomos lhe fossem aplicadas, argumentando que as provncias ultramarinas eram parte
integrante do territrio portugus.
Seria esta a primeira de uma srie de derrotas que, progressivamente, foram isolando os Portugueses e
que se intensificaram.
Em 1961 Portugal esteve particularmente em foco nas Naes Unidas, acabando esta organizao por
condenar o nosso pas devido ao persistente no cumprimento dos princpios da Carta e das resolues
aprovadas. Estas disposies repetiram-se insistentemente, com apelos claros a Portugal para que
reconhecesse o direito autodeterminao das colnias africanas.
2.1.4. A Primavera Marcelista
117
Histria- 10 ano
Objectivos
No entanto, o acto eleitoral saldou-se por uma srie de atropelos aos princpios democrticos e o mesmo
resultado de sempre: 100% para a Unio Nacional; 0% para a oposio.
Frustradas as esperanas de uma real democratizao do regime, Marcello Caetano viu-se sem o apoio
dos liberais e alvo da hostilidade dos ncleos mais conservadores.
Em 1970 o papa Paulo VI recebe os lderes dos movimentos do MPLA, FRELIMO e PAIGC;
o
Na ONU, agrava-se a luta diplomtica, sofrendo o pas a maior de todas as humilhaes quando, em
1973, a Assembleia Geral reconhece a independncia da Guin-Bissau, rebelia do Estado portugus.
Internamente, a presso aumenta e o regime desmorona-se. Os deputados liberais comeam, em sinal
de protesto, a abandonar a Assembleia Nacional.
2.2. Da revoluo estabilizao da democracia
2.2.1. O movimento das foras armadas e a ecloso da revoluo
No incio dos anos 70, o impasse em que se encontrava a guerra colonial comeou
tambm a pesar sobre o exrcito. Foi este sentimento que induziu o general Spnola a
publicar Portugal e o Futuro e foi igualmente este sentimento que transformou um
movimento de oficiais no movimento revolucionrio que derrubou o Estado Novo.
O Movimento dos Capites nasceu em Julho de 1973, como forma de protesto contra dois
diplomas legais que facilitavam o acesso dos oficiais milicianos ao quadro permanente do
exrcito. Os oficiais de carreira, sobretudo capites, rapidamente viram satisfeitas as suas
reivindicaes mas, nem por isso, o Movimento esmoreceu.
O Movimento dos Capites depositou a sua confiana nos generais Costa Gomes e Spnola.
Face a estas posies e ao impacto do livro de Spnola, Marcello Caetano faz ratificar a
orientao da poltica colonial e convoca os oficiais generais das Foras Armadas para uma
Histria- 10 ano
Objectivos
sesso solene. Costa Gomes e Spnola no compareceram reunio sendo, no mesmo dia,
dispensados dos seus cargos.
Estes acontecimentos deram fora queles que, dentro do Movimento (agora designado
MFA Movimento das Foras Armadas), acreditavam na urgncia de um golpe militar que,
restaurando as liberdades cvicas, permitisse a to desejada soluo para o problema
colonial.
Coube tambm a Salgueiro Maia dirigir o cerco ao Quartel do Carmo, onde se tinham
refugiado o presidente do Conselho e outros membros do Governo. A resistncia do quartel
terminou cerca das 18h, quando Marcello Caetano se rendeu ao general Spnola.
119
No fim do dia, o Movimento dos Capites sagrava-se j vitorioso. Apesar dos insistentes
pedidos para que, por razes de segurana, a populao civil se recolhesse em casa, a
multido acorrera s ruas em apoio dos militares a quem distribua cravos
vermelhos.
No prprio dia da revoluo, Portugal viu-se sob a autoridade de uma Junta de Salvao
Nacional, que tomou de imediato medidas:
o
Histria- 10 ano
Objectivos
O desfecho destas tenses culminou com a demisso do prprio general Spnola, aps o
falhano da convocao de uma manifestao nacional em seu apoio, e a nomeao de
outro militar, o general Costa Gomes, como Presidente da Repblica.
120
Histria- 10 ano
Objectivos
A inverso do processo deveu-se ao forte impulso dado pelo Partido Socialista efectiva
realizao, no prazo marcado, das eleies constituintes prometidas pelo programa do
MFA.
A vitria do Partido Socialista, seguido do Partido Popular Democrtico, nas eleies para a
Assembleia Constituinte, veio criar condies para travar a direco e o rumo que a
revoluo portuguesa tomara.
Neste Vero de 1975 (conhecido como Vero Quente), a oposio entre as foras
polticas atinge o rubro, expressando-se em gigantescas manifestaes de rua, assaltos a
sedes partidrias e pela multiplicao de organizaes armadas revolucionrias de direita
e de esquerda.
121
interveno
do
Estado no
domnio
Nacionalizao:
Histria- 10 ano
Objectivos
Simultaneamente, foi publicada legislao que permitia ao Estado gerir e fiscalizar todas
as instituies de crdito.
122
Reforma agrria:
Em complemento desta poltica socializante, foi aprovada legislao com vista proteco
dos trabalhadores e dos grupos economicamente desfavorecidos:
Histria- 10 ano
Objectivos
A nova constituio entrou em vigor no dia 25 de Abril de 1976, exactamente dois anos
aps a Revolta dos Cravos. A Constituio de 1976 foi, sem dvida, o documento
fundador da democracia portuguesa.
A nvel interno, a independncia pura e simples das colnias colhia o apoio da maioria
dos partidos que se legalizaram depois do 25 de Abril e tambm nesse sentido se
orientavam os apelos das manifestaes que enchiam as ruas do pas.
123
No entanto, Portugal encontrava-se num a posio muito frgil, quer para impor condies
quer para fazer respeitar os acordos. Desta forma, no foi possvel assegurar, como
previsto, os interesses dos Portugueses residentes no Ultramar.
O caso mais grave foi o de Angola. Em Maro de 1975, a guerra civil em Angola era j um
facto. As foras portuguesas, carentes de um comando decidido e de meios militares,
limitavam-se a controlar os principais centros urbanos.
Seis anos aps a entrada em vigor, foi efectuada a primeira reviso constitucional. As
principais alteraes ocorreram na organizao do poder poltico, uma vez que se
conservaram as disposies de carcter econmico (nacionalizaes, intervencionismo do
Estado, planificao, reforma agrria).
Histria- 10 ano
Objectivos
O regime viu, assim, reforado o seu cariz democrtico-liberal, assente no sufrgio popular
e no equilbrio entre rgos de soberania:
o
Funes:
124
Funes:
o
Faz leis;
Funes:
o
Histria- 10 ano
Objectivos
Funes:
o
Para alm deste reencontro de Portugal com o mundo, o fim do Governo marcelista teve
uma influncia aprecivel na evoluo poltica espanhola. Em Espanha, a morte do
General Franco, em 1975, criou condies para uma rpida transio para a democracia.
Histria- 10 ano
Objectivos
No inicio dos anos 80, a URSS encontrava-se numa situao preocupante, o sistema vinha a degradar-se
desde os tempos de Brejnev. Enquanto o nvel de vida da populao baixava, o atraso econmico e
tecnolgico, relativamente aos EUA, crescia a olhos vistos, e s com muitas dificuldades o pas
conseguia suportar os pesados encargos decorrentes da sua vasta influncia no mundo
Em Maro de 1985, Mikhail Gorbatchev eleito secretrio-geral do Partido Comunista da Unio
Sovitica e inicia uma poltica de dilogo e aproximao ao Ocidente, propondo aos Americanos o
reincio das conversaes sobre o desarmamento para permitir URSS utilizar os seus recursos para a
reestruturao interna. O lder sovitico procura assim criar um clima internacional estvel que refreie a
corrida ao armamento e permita URSS utilizar os seus recursos para a reestruturao interna.
Neste contexto, Gorbatchev anunciou o seu programa de reformas designado Perestroika. Este programa
previa a alterao do modelo de planificao econmica em vigor desde Estaline, [descentralizar a
economia], atravs da concesso de mais autonomia s empresas, criao de um sector privado com
maior grau de flexibilidade para responder s solicitaes do mercado e uma abertura social e poltica
(glasnost, transparncia), de modo a incentivar a participao dos cidados e na viabilizao da
realizao de eleies livres e pluripartidrias abertura democrtica.
Perestroika
Glasnost
Conceito:
Conceito:
partir de 1958.
Propostas:
Propostas:
- Abolio da censura.
autnoma
das empresas que se vm privadas
planos quinquenais, bem como dos
dos
Consequncias:
avultados
subsdios que suportavam a sua
- Abalo das estruturas do poder.
de rentabilidade.
falta
- Fim das Democracias Populares.
- Formao de um sector privado.
- Vaga democratizadora varre o leste (1989)
Consequncias:
desemprego,
descontrolo
econmico,
pobreza,
inflao.
As reformas liberais empreendidas por Gorbatchev tiveram grande impacto nos pais do Leste Europeu.
A inflexo da poltica sovitica e as duras crticas tecidas aos tempos de Brejnev debilitaram a autoridade
dos lderes comunistas dos pases do Leste. Ao contrrio do que acontecera anteriormente, os partidos
comunistas de leste no contaram com a interveno militar russa, para normalizar a situao. Confiante
126
Histria- 10 ano
Objectivos
127
no clima de concrdia que estabelecera com o Ocidente, Gorbatchev passou a olhar para as democracias
populares como uma obrigao pesada, da qual a URSS s ganhava em libertar-se.
A doutrina da soberania limitada foi, assim, posta de lado, e os pases satlites da URSS puderam,
escolher o seu regime poltico. No ano de 1989, uma vaga democratizadora varre o Leste, assistindo se a
uma subverso completa do sistema comunista. Na Polnia, Checoslovquia, Bulgria, Romnia, etc., os
partidos comunistas perdem o seu lugar de partido nico e realizam-se as primeiras eleies livres do
ps-guerra. Desta forma, a cortina de ferro, de dividia a Europa, comea a dissipar-se, as fronteiras com
o Ocidente so abertas e nesse
Neste processo, a cortina de ferro que separava a Europa levanta-se, as fronteiras com o Ocidente so
abertas e, em 9 de Novembro, cai o Muro de Berlim e depois das negociaes entre os dois Estados
alemes e os quatro pases que ainda detinham direitos de ocupao, a Alemanha reunifica-se (Tratado
2+4).
No ms seguinte anunciado, sem surpresa, o fim do Pacto de Varsvia e, pouco depois, a dissoluo do
COMECON.
Nesta altura, a dinmica poltica desencadeada pela perestroika tornara-se j incontrolvel, conduzindo,
tambm, ao fim da prpria URSS. O extenso territrio das Repblicas Soviticas desmembra-se,
sacudido por uma exploso de reivindicaes nacionalistas e confrontos tnicos.
O processo comea nas Repblicas Blticas, anexadas por Estaline durante a 2 Guerra Mundial.
Gorbatchev, que nunca tivera em mente a destruio da URSS ou do socialismo, tenta parar o processo
pela fora, intervindo militarmente nos Estados Blticos (1991). Esta situao faz com que o apoio da
populao se concentre em Boris Ieltsin, que eleito presidente da Repblica da Rssia, em Junho de
1991.
O novo presidente toma a medida extrema de proibir as actividades do partido comunista.
No Outono de 1991, a maioria das repblicas da Unio declara a sua independncia. Em 21 de
Dezembro, nasce oficialmente a CEI Comunidade de Estados Independentes, qual aderem 12 das 15
repblicas que integravam a Unio Sovitica. Ultrapassado pelos acontecimentos e vencido no seu
propsito de manter unido o pais, Mikhail Gorbatchev abandona a presidncia da URSS.
A Perestroika tinha prometido aos soviticos uma melhoria acentuada e rpida do nvel de vida. Mas, ao
contrrio do previsto, a reconverso econmica foi um fracasso e a economia deteriorou-se rapidamente.
O fim da economia planificada significou o fim dos subsdios estatais s empresas. Assim, muitas
unidades desapareceram e outras extinguiram numerosos postos de trabalho, considerados excedentrios.
Simultaneamente, o descontrolo econmico e a liberalizao dos preos desencadearam uma inflao
galopante que a subida de salrios no acompanhou.
O desemprego, o atraso nos pagamentos das penses e dos salrios dos funcionrios pblicos, bem como
a rpida perda de valor da moeda significaram o fim das poupanas de muitas famlias, que rapidamente
se viram sem meios de subsistncia.
Em contrapartida, a liberalizao econmica enriqueceu um pequeno grupo que, em pouco tempo,
acumulou fortunas fabulosas. De uma forma geral, a riqueza passou para as mos de antigos altos
funcionrios que aproveitaram as posies chave em que se encontravam. Em meados dos anos 90, 455
do rendimento nacional encontrava-se nas mos de menos de 5% da populao.
Os pases de Leste viveram, tambm, de forma dolorosa, a transio para a economia de mercado.
Privados dos subsdios que recebiam da Unio Sovitica, a braos com uma reduo das trocas na rea
do antigo COMECON e com as produes nacionais aliceradas em indstrias e equipamentos obsoletos
os antigos satlites da URSS sofreram uma brusca regresso econmica. Tal como a Rssia, o caos
Histria- 10 ano
Objectivos
econmico instalou-se, as desigualdades sociais agravaram-se, e a taxa de pobreza aumentou num ritmo
elevado.
Hegemonia dos Estados Unidos: supremacia militar, prosperidade econmica, dinamismo cientfico e
tecnolgico. Consolidao da comunidade europeia; integrao das novas democracias da Europa do
Sul; a Unio Europeia e as dificuldades na constituio de uma Europa poltica.
128
Os EUA so o quarto maior pas do mundo e o terceiro mais populoso. Um PNB de mais de 10.2 bilies
de dlares faz deles a primeira potncia econmica mundial. Terra das oportunidades desde o seu
nascimento, a Amrica do Norte glorifica, ainda hoje, o esprito de iniciativa individual e a imagem do
multimilionrio bem sucedido. A livre empresa contnua no centro da filosofia econmica do pas e o
estado incentiva-a, assegurando-lhe as condies de uma elevada competitividade. Ptria de gigantescas
multinacionais, os EUA, vivem tambm de uma densa rede de pequenas empresas.
Os sectores de actividade
Marcadamente ps-industrial, a economia americana apresenta um claro predomnio do sector tercirio.
A Amrica , hoje, o maior exportador de servios do mundo, sobretudo, na rea de seguros, transportes,
restaurao, cinema e msica. Altamente mecanizadas, as unidades agrcolas e pecurias americanas tm
uma elevadssima produtividade. Assim, e apesar de algumas dificuldades geradas pela concorrncia, os
EUA mantm-se como maior exportador de produtos agrcolas. Pelo seu dinamismo, a agricultura
americana alimenta ainda um conjunto de vastas indstrias. Este verdadeiro complexo agro-industrial
envolve mais de 20 milhes de trabalhadores e representa cerca de 18% do PIB americano. Responsvel
por um quarto da produo mundial, a indstria dos EUA sofreu, nos ltimos 30 anos, uma reconverso
profunda. Os sectores tradicionais, entraram em declnio e, com eles, decaiu tambm a importncia
econmica da zona nordeste.
Histria- 10 ano
Objectivos
O partido que os Estados Unidos retiram da sua implantao na Amrica e na rea do Pacfico reforouse durante a presidncia de Bill Clinton. Numa tentativa de contrariar o predomnio comercial da UE,
Clinton procurou estimular as relaes econmicas com a regio do Sudeste Asitico, revitalizando a
APEC. No mesmo sentido, o presidente impulsionou a criao da NAFTA, que estipula a livre
circulao de capitais e mercadorias (no de pessoas) entre os EUA, Canad e Mxico.
Dinamismo cientfico-tecnolgico.
Liderando a corrida tecnolgica, os EUA asseguram na viragem para o sc. XXI, a sua supremacia
econmica e militar. Os EUA so, hoje, a nao que mais gasta em investigao cientfica. Para alm dos
centros que dele directamente dependem, o Estado Federal tem um papel decisivo no fomento da
pesquisa privada. O avano americano fica, tambm, a dever-se criao precoce de parques
tecnolgicos os tecnoplos , que associam universidades prestigiadas, centros de pesquisa e empresas,
que trabalham de forma articulada.
A hegemonia poltico-militar
A libertao do Kuwait (conhecida como Guerra do Golfo) iniciou-se em Janeiro de 1991 e exibiu,
perante o mundo que a seguiu em directo pela televiso, a superioridade militar dos Estados Unidos. O
exrcito iraquiano, o 4 maior do Mundo, com quase um milho de homens, nada pde fazer contra as
sofisticadas tecnologias de guerra americanas.
Este 1 conflito ps-Guerra Fria inaugurou oficialmente a poca da hegemonia mundial americana.
Assim, o poder americano afirmou-se apoiado pelo gigantismo econmico e pelo investimento macio
no complexo industrial militar. Os E.U.A. tm sido considerados os polcias do Mundo, devido ao
papel preponderante e activo que tm desempenhado na geopoltica do Globo.
Multiplicaram a imposio de sanes econmicas como recurso para punir os infractores.
Reforaram o papel da OTAN funo de velar pela segurana da Europa, recorrendo, sempre que
necessrio, interveno militar armada.
Assumiram um papel militar activo, encabeando numerosas intervenes armadas pelos motivos
mais dspares.
Nos anos 90 a economia americana parecia imparvel, apesar dos sinais de aviso - dfice comercial e
enorme dvida externa.
A prosperidade americana, assente nos princpios do comrcio livre, fortemente abalada pelo 11 de
Setembro de 2001, e em especial pelas medidas de segurana tomadas aps esse acontecimento (medidas
de segurana - maior controlo sobre os capitais e as pessoas que entram no pas).
O sucesso da administrao Clinton no controlo do dfice oramental, assim como as medidas sociais e
ambientais, so, em larga medida, apagadas pela administrao Bush (filho), com uma poltica neoliberal
recusando aplicar medidas sociais e ambientais importantes, mas, no entanto, continuando a gastar
enormes somas na guerra contra o terror e na Guerra do Iraque.
O furaco Katrina, veio mostrar as fragilidades sociais dos EUA, levantando-se a questo entre os
americanos, sobre o que vale mostrar poderio militar se no se conseguem resolver os problemas
internos? Cresce o descontentamento com Bush, agravado pela crise que estala em meados de 2008, que
leva sua queda e dos republicanos.
Barack Obama e os Democratas
D-se uma mudana de fundo na Casa Branca - entram os democratas com a vitria de Barack Obama
que coloca a tnica na resoluo dos problemas sociais dos EUA, implicando uma maior interveno do
129
Histria- 10 ano
Objectivos
Estado. Reconhece que o domnio americano sobre o mundo est em declnio e que as medidas
adoptadas em questes de segurana estavam a contribuir para o desprestgio do pas.
A Unio Europeia
A construo europeia foi uma histria de altos e baixos. Com perodos de grande entusiasmo e outros de
grande cepticismo, unir um velho continente, formado por tantas naes orgulhosas e independentes,
parece um projecto assaz ambicioso. Etapa a etapa, no entanto, o projecto tem progredido, orientando-se
por 2 vectores principais: o aprofundamento das relaes entre os Estados e o alargamento geogrfico da
Unio.
Embora o tratado de Roma abrisse perspectivas para uma completa integrao econmica e, at, de uma
futura unio poltica, o 1. grande objectivo da CEE foi a unio aduaneira. Os estados membros
acordaram o estabelecimento de uma poltica agrcola comum, de aces concertadas de combate ao
desemprego, de ajudas s regies menos favorecidas, de um sistema monetrio europeu, entre outras
medidas. Apesar destes avanos, a comunidade enfrentava no incio dos anos 80, um perodo de
marasmo e descrena nas suas potencialidades e no seu futuro. Os esforos do novo presidente
conduziram, em 1986 assinatura do Acto nico Europeu, que previa, para 1993, o estabelecimento do
mercado nico onde, para alm de mercadorias, circulassem, livremente, pessoas, capitais e servios. Em
1990, comeam as negociaes com vista ao aumento das competncias da comunidade.
Estas negociaes desembocam no clebre tratado da unio europeia, assinado na cidade holandesa de
Maastricht. O tratado, que entra em vigor em 1993, ao mesmo tempo que o mercado nico, estabelece
uma unio europeia fundada em trs pilares: o comunitrio, de cariz econmico e de longe, o mais
desenvolvido; o da politica externa e da segurana comum; e o da cooperao nos domnios da justia e
dos assuntos internos.
Maastricht representou um largo passo em frente no caminho da unio, quer pelo reforo dos laos
polticos, quer, sobretudo, por ter definido o objectivo da adopo de uma moeda nica, de acordo com
um calendrio rigoroso e predeterminado. A 1 de Janeiro de 1999, 11 pases, aos quais viera juntar-se a
Grcia, inauguram oficialmente o euro, que entra, ento nos mercados de capitais. O euro completou a
integrao das economias europeias. A CEE tornou-se a maior potncia comercial do mundo, com um
PIB conjunto semelhante ao dos EUA; o seu mercado interno, com mais de 355 milhes de
consumidores (Europa dos 15), apresenta um elevado nvel de consumo e uma mo-de-obra muito
qualificada; possui, tambm, uma densa rede de transportes e comunicaes.
Em 1981, a Grcia torna-se membro efectivo da comunidade; a adeso de Portugal e Espanha formalizase em 1985, com efeitos a partir do ano seguinte. A entrada destes trs novos membros colocou CEE o
seu primeiro grande desafio, j que se trava de um grupo de pases bastante atrasados relativamente aos
restantes membros.
130
Histria- 10 ano
Objectivos
Em 1992, o Conselho Europeu de Lisboa recebeu, com agrado, as candidaturas da ustria, Finlndia,
Sucia e Noruega, pases cuja solidez econmica contribuiria para o reforo da comunidade. A Europa
passa a funcionar a 15.
Entretanto, os desejos de adeso dos pases de Leste eram olhados com apreenso, limitando-se a
comunidade, no incio, a implementar planos de ajuda s economias em transio.
Em 1 de Maio de 2004, a Europa enfrentou o desafio imenso, impensvel, de unir o Leste e o Oeste, o
Norte e o Sul. Em 2007 entram a Romnia e Bulgria.
Nos ltimos 50 anos, os europeus tm-se dividido no que toca ao futuro do seu continente. O
eurocepticismo e a resistncia a todas as medidas que impliquem transferncias de soberania so comuns
a vrios estados-membros. O Tratado de Maastricht para alm de ter introduzido o poderoso elemento de
coeso que a moeda nica, criou, tambm, a cidadania europeia e alargou a aco comunitria a
questes como o direito de asilo, a poltica de imigrao e a cooperao de assuntos internos.
Cidadania europeia: Criada pelo tratado da Unio Europeia (Maastricht), a cidadania europeia coexiste
com a cidadania nacional tradicional, conferindo aos cidados da Unio, designadamente, o direito de
circular e de residir em qualquer territrio da Unio, ter proteco diplomtica, apresentar peties ao
Parlamento Europeu e votar (e ser eleito) em eleies para o Parlamento Europeu e em eleies
autrquicas na sua rea de residncia.
Todos estes assuntos interferem com as polticas nacionais, logo, a polmica instalou-se. Alguns pases
(Reino Unido, Dinamarca, Sucia) recusaram adoptar a moeda nica (euro).
A forma relutante como muitos europeus vem a unio, resulta em parte, da fraca implantao popular
do sentimento europesta.
A vontade de que os cidados dos estados-membros da Unio Europeia se identifiquem com o projecto
europeu nem sempre tem sido bem-sucedida. O resultado da unio poltica europeia seria um Governo
europeu comum e um presidente europeu, porm, este projecto transnacional colide com a figura do
Estado-Nao que, embora esteja em crise, ainda vlido para os europeus contemporneos.
Novas perspectivas.
131
Histria- 10 ano
Objectivos
Munido de mo-de-obra abundante e barata e de um sistema de ensino abrangente mas altamente
competitivo, o Japo lanou-se tarefa de transformar na primeira sociedade de consumo da sia.
O primeiro grande surto de crescimento ocorreu entre 1955 e 1961 quando a produo industrial
praticamente triplicou. Os sectores que adquirem maior dinamismo so os da indstria pesada e dos bens
de consumo duradouros. O comrcio externo acompanha tambm esta expanso.
O segundo surto foi entre 1961 e 1971, perodo durante o qual a produo industrial duplicou e criaramse 2,3 milhes de postos de trabalho. Este crescimento tambm assenta em novos sectores, como a
produo de automveis, e televises.
Tudo isto fez do Japo a terceira maior potncia do mundo.
Nos anos 90 tornou-se um plo de desenvolvimento intenso, capaz de concorrer com os EUA e a UE. A
economia desta regio desenvolveu-se em trs fases consecutivas: em 1. lugar emergiu o Japo; depois
os quatro drages (ou tigres) asiticos: Hong Kong, Coreia do sul, Singapura e Taiwan; os pases do
sudoeste, Tailndia, Malsia e Indonsia, seguidos pela Repblica Popular da China.
Os quatro drages.
O sucesso do Japo serviu de incentivo e de modelo 1. gerao de pases industriais do Leste asitico.
No faltava vontade poltica, determinao e capacidade de trabalho. Tomando como objectivo o
crescimento econmico, os governos procuraram atrair capitais estrangeiros. A industrializao asitica
explorou mo-de-obra abundante e disciplinada, capaz de trabalhar longas horas dirias por muito pouco
dinheiro. Esta mo-de-obra esforada e barata permitiu produzir, a preos imbatveis, txteis e produtos
de consumo corrente, que inundaram os mercados ocidentais. Os quatro drages constituram um
tremendo sucesso econmico.
Da concorrncia cooperao.
Apesar do seu enorme xito, os novos pases industrializados (NPI) da sia confrontavam-se com dois
problemas graves: o 1. era a excessiva dependncia face s economias estrangeiras; o 2. era a intensa
rivalidade que os separava. Quando a economia ocidental abrandou, nos anos 70, os pases asiticos
foram induzidos a procurar mercados e fornecedores mais prximos da sua rea geogrfica. Voltaram-se
ento, para os membros da ASEAN, organizao econmica que aglutinava alguns pases do Sudeste
Asitico.
Nascida em 1967, a ASEAN, agrupava a Tailndia, a Malsia, a Indonsia e Filipinas, pases cujas
economias se encaixavam perfeitamente na do Japo e nas das quatro novas potncias: eram ricos em
matrias-primas, nos recursos energticos e nos bens alimentares de que os cinco necessitavam.
Agarrando a oportunidade, as duas partes deram incio a uma cooperao regional estreita: o Japo, a
Coreia do Sul e o Taiwan iniciaram a exportao de bens manufacturados e tecnologia para os pases do
Sudeste e, obtiveram, em troca, os produtos primrios que pretendiam. Este intercmbio permitiu a
emergncia de uma 2. gerao de pases industriais na sia: a Tailndia, a Malsia e a Indonsia,
desenvolveram a sua produo. A regio comeou, assim, a crescer de forma mais integrada. O Japo e
os quatro drages produzem mercadorias de maior qualidade e preo; a ASEAN dedica-se a bens de
consumo, de preo e qualidade inferior. Os estados do arco do pacfico tornaram-se, um plo
econmico articulado, com elevado volume de trocas inter-regionais.
O crescimento asitico alterou a balana da economia mundial, ate a concentrada na trade EUA,
Europa e Japo. Em 1997, Hong kong e Singapura colocaram-se entre os 10 pases mais ricos do mundo.
132
Histria- 10 ano
Objectivos
O crescimento teve, no entanto, custos ecolgicos e sociais muito altos, a sia tornou-se a regio mais
poluda do mundo e a sua mo-de-obra permaneceu, pobre e explorada.
A questo de Timor
A ilha de Timor era desde o sc. XVI, um territrio administrado pelos portugueses. Em 1974 a
revoluo dos cravos agitou tambm Timor-leste, que se preparou para encarar o futuro sem Portugal.
Na ilha, nasceram trs partidos polticos: UDT, APODETI e FRETILIN.
O ano de 1975 foi marcado pelo confronto entre os trs pases, cuja violncia Portugal no conseguiu
conter. O nosso pas acabou por se retirar de Timor, sem reconhecer, a legitimidade de um novo governo.
Em 7 de Dezembro de 1975, reagindo contra a tomada de poder pela FRETILIN, o lder indonsio
Suharto ordena, a invaso do territrio. Assim, Portugal corta relaes diplomticas com Jacarta e apela
s Naes Unidas, que condenam a ocupao e continuam a considerar Timor um territrio no
autnomo. Os factos, porm, contrariavam estas decises.
Os indonsios anexaram formalmente Timor, que, em 1976, se tornou a sua 27. provncia. Apesar de
consumada, a anexao de Timor permaneceu ilegtima. Refugiados nas montanhas, os guerrilheiros da
FRETILIN encabearam a resistncia contra o invasor. Quis o acaso que uma das muitas aces de
represso sobre os timorenses fosse filmada: as tropas ocupantes abrem fogo sobre uma multido
desarmada que homenageava, no cemitrio de santa cruz, um independentista assassinado. O massacre
faz 271 mortos. As imagens, correram o mundo e despertam-no para a questo timorense. Com a ajuda
dos media, Timor mobiliza a opinio pblica mundial e, em 1996, a causa ganha ainda mais fora com a
atribuio do prmio Nobel da Paz ao bispo de Dli.
No fim da dcada, a Indonsia aceita, que o povo timorense decida o seu destino atravs de um
referendo. Entretanto, d o seu apoio organizao de milcias armadas que iniciam aces de violncia
e de intimidao no territrio. O referendo deu uma inequvoca vitria independncia, mas
desencadeou uma escalada de terror por parte das milcias pr-indonsias.
Uma onda de indignao e de solidariedade percorreu ento o mundo e conduziu ao envio de uma fora
de paz multinacional, patrocinada pelas Naes Unidas. Sob a proteco dessa fora, o territrio
encaminhou-se, para a independncia.
A 20 de Maio de 2002 nasce oficialmente a Repblica Democrtica de Timor Leste.
A China
O arranque da China para o processo de modernizao e abertura economia de mercado teve inicio nos
fins da dcada de 70, altura em que Deng assumiu o poder. O lder chins iniciou um processo de
grandes reformas econmicas, lanando as bases do desenvolvimento agrcola, industrial e tcnico da
China.
Seguindo uma poltica pragmtica, Deng dividiu a China em duas reas geogrficas distintas: o interior,
essencialmente rural, permanecia resguardado da influncia externa; o litoral abrir-se-ia ao capital
estrangeiro, integrando-se plenamente no mercado internacional.
A China camponesa no acompanhar o surto de desenvolvimento do pas. O sistema agrrio foi, no
entanto, profundamente reestruturado. Em cerca de 4 anos as terras foram descolectivizadas e entregues
aos camponeses, que puderam comercializar os excedentes, num mercado livre.
Quanto indstria, sofreu uma modificao radical. A prioridade indstria pesada foi abandonada em
favor dos produtos de consumo e a autarcia em favor da exportao.
Em 1980, as cidades de Shenzhen, Zuhai, Shantou, Xiamen, foram dotadas de uma legislao
ultraliberal, as Zonas Econmicas Especiais foram favorveis aos negcios pois o investimento Estatal
estava ai concentrado, empresas de todo o Mundo foram convidadas a estabelecer-se nestas reas.
Desde 1981 que o crescimento econmico da China tem sido impressionante.
133
Histria- 10 ano
Objectivos
Recm-chegada ao grupo dos pases industrializados da sia, a China detm um potencial muito
superior ao dos seus parceiros, quer em recursos naturais, quer, sobretudo, em mo-de-obra. Com mais
de um milhar de milho de habitantes, a competitividade do pas alicera-se numa massa inesgotvel de
trabalhadores mal pagos e sem regalias sociais.
Neste pas socialista, as desigualdades entre o litoral e o interior e entre os ricos e os pobres cresceram
exponencialmente.
A aproximao da China ao Ocidente facilitou, aps lentas negociaes, o acordo com a Gr-Bretanha e
Portugal no sentido da transferncia da soberania de Hong-Kong e de Macau, a partir de 1997 e de 1999,
respectivamente.
A aproximao da China ao Ocidente facilitou, aps lentas negociaes, o acordo com a Gr-Bretanha
no sentido da transferncia da soberania de Hong-Kong, a partir de 1997, enquanto, em relao a Macau,
a data acordada com Portugal foi o fim do ano de 1999. Os dois territrios foram integrados na China
como regies administrativas especiais, com um grau de autonomia que lhes permite a manuteno dos
seus sistemas poltico e econmico durante um perodo de 50 anos, segundo o princpio um pas, dois
sistemas.
Hong-Kong tem-se mantido como um importante centro comercial e financeiro, desempenhando um
papel activo na atraco de capitais, enquanto Macau continuou a destacar-se como um dinmico centro
de jogo, de turismo e de produo industrial ligeira (txteis e brinquedos).
134
1.2.
Continente de todos os males, a frica tem sido atormentada pela fome, pelas epidemias, por dios
tnicos, por ditaduras ferozes.
Desde sempre muito dbeis, as condies de existncia dos Africanos degradaram-se pela combinao
de um complexo de factores:
A deteriorao do valor dos produtos africanos. O progressivo abaixamento dos preos das m
matrias-primas reduziu a entrada de divisas e tornou ainda mais pesada a disparidade entre as importaes e
as exportaes;
Histria- 10 ano
Objectivos
A peste chegou sobre a forma da sida, que tem devastado o continente.
fome e peste junta-se a guerra. Nos anos 90, os conflitos proliferaram e, apesar dos esforos
internacionais, mantm-se acesos ou latentes.
O sentimento nacional no teve, em muitos casos, outras razes que no fosse a luta contra o domnio
estrangeiro. Era uma base muito frgil, que conduziu, desde logo, a tentativas de secesso e a terrveis
guerras civis.
O fim da Guerra Fria trouxe ao sub-continente alguma esperana de democratizao, j que os soviticos
e americanos deixaram de apoiar os regimes totalitrios que consideravam seus aliados. Abandonados
sua sorte, muitos no tardaram a cair.
Em muitas regies, as grandes dificuldades econmicas, as rivalidades tnicas e religiosas, bem como a
nsia de apropriao de riquezas, fizeram aumentar a instabilidade.
A persistncia de uma sociedade em que os laos tribais se mantm vivos e fortes tem facilitado as
exploses de violncia. Embora o tribalismo concorra para estas exploses de dio, a verdade que
poucos so os casos em que, por trs, no se escondem ambies polticas ou interesses econmicos.
Descolagem contida e endividamento externo na Amrica latina;
Os pases latino-americanos procuraram libertar-se da sua extrema dependncia face aos produtos
manufacturados estrangeiros. Encetaram, ento, uma poltica industrial proteccionista com vista
substituio das importaes. Orientado pelo Estado este fomento econmico realizou-se com recurso a
avultados emprstimos.
Nas dcadas seguintes, estes emprstimos, mal geridos, tornaram-se um fardo difcil de suportar.
Esta situao fez-se sentir com mais fora nas naes latino-americanas, as mais endividadas do Mundo.
A divida externa reflectiu-se no agudizar da situao econmica das populaes latino-americanas, pois
foi necessrio tomar medidas de conteno econmica como despedimentos e reduo dos subsdios e
dos salrios.
Face a to maus resultados, a salvao econmica procurou-se numa poltica neoliberal. Procederam
privatizao do sector estatal, sujeitando-o lei da concorrncia e procuraram integrar as suas economias
nos fluxos do comrcio regional e mundial.
O comrcio registou um crescimento notvel e as economias revitalizaram-se. No entanto, em 2001, 214
milhes de latino-americanos viviam ainda mergulhados na pobreza
135
Histria- 10 ano
Objectivos
A regio do Mdio Oriente uma zona instvel que tem assumido um protagonismo crescente no
panorama mundial. A riqueza petrolfera dos pases do Golfo Prsico e o avano da luta fundamentalista
alteraram profundamente as coordenadas polticas internacionais.
O fundamentalismo emergiu no mundo islmico como uma afirmao da identidade cultural e de fervor
religioso. Revalorizando o ideal de Guerra Santa, os fundamentalistas procuram no Coro as regras da
vida poltica e social para alm da religiosa. Assim, rejeitam a autoridade laica, transformando a sharia
(lei cornica) na base de todo o direito, e contestavam os valores ocidentais que consideram degenerados
e malignos.
A questo israelo-palestiniana
Apoiados pelos Estados Unidos e pelos judeus de todo o mundo mobilizados pelo sionismo
internacional, os israelitas tm demonstrado uma vontade inflexvel em construir a ptria que sentem
pertencer-lhes.
No campo oposto, os rabes defendem igualmente a terra que h sculos ocupam. A sua determinao
em no reconhecer o Estado de Israel desembocou em conflitos repetidos que deixaram patente a
superioridade militar judaica. Tal situao induziu os Israelitas a ocuparem os territrios reservados aos
Palestinianos onde instalaram numerosos colonatos.
Neste contexto, a revolta palestiniana cresceu e encontrou expresso poltica na OLP Organizao de
Libertao da Palestina.
Na sequncia de uma violenta revolta juvenil nos territrios ocupados - a intifada -, os Estados Unidos
pressionaram Israel para abrir negociaes com a OLP que, conduzidas secretamente desembocam no
primeiro acordo iraelo-palestiniano.
Assinado em 1993, em Washington, o acordo estabeleceu o reconhecimento mtuo das duas partes, a
renncia da OLP luta armada, a constituio de uma Autoridade Nacional Palestiniana e a passagem
progressiva do controlo dos territrios ocupados para a administrao palestiniana.
Uma escalada de violncia tem martirizado a regio. Aos atentados suicidas, cada vez mais frequentes,
sobre alvos civis israelitas, o exrcito judaico responde com intervenes destruidoras, nos ltimos
redutos palestinianos.
Criada aps a 1 Guerra Mundial, a Jugoslvia correspondeu ao sonho srvio de unir os Eslavos do
Sul, mas foi sempre uma entidade artificial que aglutinava diferentes nacionalidades, lnguas e
religies.
Em Junho de 1991, a Eslovnia e a Crocia declaram a independncia. Recusando a fragmentao do
pas, o presidente srvio Slobodan Milosevic desencadeia a guerra que s cessa, no inicio do ano
seguinte, aps a interveno da ONU.
Pouco depois, a Bsnia-Herzegovina proclama, por sua vez, a independncia e a guerra reacende-se.
Com a Guerra da Bsnia, a Europa revive episdios de violncia e atrocidades que julgava ter enterrado
no fim da 2 Guerra Mundial. Em nome da construo de uma Grande Srvia levam-se a cabo
operaes de limpeza tnica.
Finalmente, aps muitos impasses e hesitaes, uma fora da OTAN sob comando americano imps o
fim das hostilidades na Bsnia e conduziu aos Acordos de Dayton (1995), que dividiram o territrio
bsnio em 2 comunidades autnomas, uma srvia e outra croato-mulumana.
136
Histria- 10 ano
Objectivos
No fim da dcada, o pesadelo regressa aos Balcs, desta feita regio do Kosovo, qual, em 1989, o
Governo srvio tinha retirado autonomia. Face revolta eminente, desenrola-se uma nova operao de
limpeza tnica que a presso internacional no conseguiu travar. A OTAN decidiu, ento, intervir de
novo, mesmo sem mandato da ONU.
Perante uns que temem o desenvolvimento desenfreado que conduza ao fim do mundo, contrapem
outros com uma f inabalvel no ser humano e na esperana que todo o desenvolvimento traga consigo o
aumento da qualidade de vida num planeta mais habitvel.
No entanto, todos sabemos que, positiva ou negativamente, no centro da discusso est o fenmeno da
GLOBALIZAO, que acaba e acabar sempre por afectar os comportamentos humanos.
O debate sobre a relao entre Globalizao e desenvolvimento est na ordem do dia. Neste debate surge
a questo "A globalizao diminui ou aprofunda as desigualdades?". Se hoje as pessoas tm facilidade
no acesso s novas tecnologias da informao e da comunicao, tambm constatamos que este mundo
global radicaliza os conflitos tnico-religiosos e cria novas exigncias ao nvel da segurana.
O debate do Estado-Nao;
137
Histria- 10 ano
Objectivos
As identidades agitam-se no mundo com uma intensidade acrescida desde as ltimas dcadas do sc.
XX.
Quase sempre, as tenses tnicas e separatistas so despoletadas pela pobreza e pela marginalidade em
que vivem os seus protagonistas, contribuindo para mltiplos conflitos que, desde os anos 80, tm
ensanguentado a frica, os Balcs e o Mdio Oriente, o Cucaso, a sia Central e Oriental.
Ao contrrio dos conflitos interestticos do perodo da Guerra Fria, as novas guerras so
maioritariamente intra-estticas.
Na regio do Cucaso, as tenses tnicas mostram-se particularmente violentas em territrio da exUnio Sovitica;
No Afeganisto, as ltimas dcadas tm assistido a um crescendo de violncia e desentendimento;
No Indosto, a ndia v-se a braos com a etnia sikh, que professa um sincretismo hindu e
muulmano e que se disputa com a maioria hindu;
No Sri Lanka, a etnia tamil, de religio hindu, enfrenta os budistas cingaleses;
E no Sudeste Asitico, s bem recentemente (em 2002) Timor Leste conseguiu libertar-se da
Indonsia, depois de massacres cruis da sua populao.
Na verdade, o genocdio tem sido a marca mais terrvel dos conflitos tnicos. Multides de refugiados
cruzam fronteiras, chamando o direito vida que as vicissitudes da Histria e os erros dos homens lhes
parecem negar. Os Estados mostram-se impotentes para controlar as redes mafiosas e terroristas que se
refugiam nos seus territrios e actuam impunemente.
Dificilmente vivemos imunes aos acontecimentos que nos chegam pelos media.
As questes transnacionais cruzam as fronteiras do Mundo, afectam sociedades distantes e lembram-nos
que a Terra e a humanidade, apesar das divises e da diversidade, so unas. Resolv-las, minor-las,
ultrapassa o controlo de qualquer Estado-Nao, exigindo a colaborao da ONU, de organizaes
supranacionais, regionais e no governamentais.
Migraes
Em 2000 existiam no Mundo cerca de 150 milhes de pessoas a viver num pas que no aquele onde
tinham nascido. Tal como h 100 anos os motivos econmicos continuam determinantes nas mais
recentes nas migraes.
Mas os motivos polticos tambm pesam, especialmente se nos lembrarmos dos mltiplos conflitos
regionais das ltimas dcadas.
A este estado de tenso e guerra se devem os cerca de 20 milhes de refugiados que o Mundo contabiliza
no incio do sc. XXI. O Sul surge-nos como um local de vastos fluxos migratrios.
Os pases com maior nmero de imigrantes encontram-se, no entanto, no Norte.
Sem que possamos falar num aumento de imigrantes relativamente populao total do Globo,
registam-se, no entanto, mudanas na sua composio. H mais mulheres e mais pessoas com maior
formao acadmica e profissional que outrora.
138
Histria- 10 ano
Objectivos
Se, nos locais de partida, os migrantes significam uma fonte aprecivel de divisas e de alvio de
problemas, j nos pases de acolhimento provocam reaces complexas e problemticas resulta em
tenses e conflitos tnicos. At em pases ocidentais de tradicional acolhimento os imigrantes defrontamse com inesperadas rejeies. Desde os choques petrolferos, as dificuldades econmicas e a progresso
do desemprego, os imigrantes so considerados como concorrentes aos postos de trabalho que restam o
que origina reaces xenfobas.
neste contexto de hostilidade, inesperada e indesejada em pases democrticos, que apreciveis
esforos se encetam para promover a interculturalidade.
Interculturalidade
Perspectiva que se caracteriza pela valorizao do contacto entre culturas diferentes no sentido de
promover mecanismos de interpretao, de compreenso e de interaco entre elas. Distingue-se do
etnocentrismo e do multiculturalismo: o 1 obstaculiza o contacto entre culturas a partir do pressuposto
de superioridade de uma cultura dominante e da interpretao da outra luz dos prprios valores; a 2
limita-se a constatar a diversidade de culturas, sem se preocupar em promover formas de dilogo entre
elas.
Segurana
Ambiente
139
Histria- 10 ano
Objectivos
O ambientalismo constitui uma questo incontornvel do nosso tempo e um desafio a ter em conta no
futuro.
A degradao do planeta acelerou-se no ltimo sculo, devido ao crescimento demogrfico e das
transformaes econmicas experimentadas pela Humanidade. A populao mundial, que cerca de 1950
atingia os 2,5 mil milhes de seres humanos, mais do que duplicou at ao fim do sc.XX. Ora, mais
populao significa um acrscimo do consumo de recursos naturais, seja de solos, de gua ou de
matrias-primas destinadas ao fabrico de bens essenciaise suprfluos.
A destruio de florestas tropicais um dos efeitos do crescimento demogrfico e da busca de recursos.
A busca desenfreada de terras e a sua explorao intensiva, acompanhada da destruio de ecossistemas,
tornam os solos mais vulnerveis seca e eroso.
Os atentados Natureza prosseguem num rol infindvel de exemplos. O progresso industrial e
tecnolgico provoca avultados gastos energticos e poluio.
Entretanto, misturados com a precipitao, os gases poluentes provocam as chamadas chuvas cidas, que
corroem os bosques e acidificam milhares de lagos, exterminando plantas e peixes.
Desde a dcada de 70, os cientistas revelam tambm grande preocupao com a destruio da camada do
ozono, essa estreita parte da atmosfera que nos protege contra as radiaes ultravioletas.
O efeito de estufa, ou aquecimento global, outra das perigosas ameaas que pairam sobre a Terra.
Resulta das elevadas concentraes de dixido de carbono na atmosfera, proveniente do crescimento
populacional, do desenvolvimento industrial e da proliferao de veculos.
Por causa da camada de vida da Terra ser contnua e interligada e atendendo s mltiplas agresses que
sobre ela pairam, os cientistas lanam sistemticos alertas para o estado de perigo e de catstrofe
iminente em que o ecossistema mundial entrou.
Em 1992, a Cimeira da Terra avanou com um conjunto de propostas tendentes gesto dos recursos da
Terra, para que a qualidade de vida das geraes futuras no fique hipotecada. A tal se chamou um
desenvolvimento sustentvel.
E se os pases desenvolvidos gastam fortunas com a limpeza de rios e edifcios, o controlo de gases
txicos, o tratamento de desperdcios e a reciclagem de materiais, tais esforos de preservao do
ambiente mostram-se terrivelmente comprometidos, no superpovoado e pobre mundo em
desenvolvimento.
De um desenvolvimento econmico equilibrado e sustentvel espera-se a sade do planeta e o bem-estar
da humanidade.
Os choques petrolferos dos anos 70, a inflao, o abrandamento das actividades econmicas e o
desemprego, testemunhavam uma poderosa crise.
Denominada de neoliberalismo, uma nova doutrina econmica prope-se reerguer o capitalismo tendo
como grandes laboratrios a Gr-Bretanha e os Estados Unidos.
Atento ao equilbrio oramental e reduo da inflao, o neoliberalismo, que defende o respeito pelo
livre jogo da oferta e da procura, envereda por medidas de rigor. O Estado neoliberal diminui fortemente
a sua interveno econmica e social. Pelo contrrio, valoriza a iniciativa privada, incentiva a livre
concorrncia e a competitividade.
No mundo dos anos 80, caminhava-se a passos largos para a globalizao da economia.
A globalizao apresenta-se como um fenmeno incontornvel. Apoiadas nas modernas tecnologias da
informao e da comunicao (TIC), a concepo, a produo e a comercializao de bens e servios,
140
Histria- 10 ano
Objectivos
bem como os influxos dos imprescindveis capitais, ultrapassam as fronteiras nacionais e organizam-se
escala planetria
Os mecanismos da globalizao
Os Estados recuam nas medidas proteccionistas e enveredam pelo livre-cmbio. Desde finais dos anos
80 que o comrcio internacional acusa um crescimento excepcional, merc de progressos tcnicos nos
transportes e da criao de mercados comuns.
Em 1995, a Organizao Mundial do Comrcio entra em vigor. Tendo em vista a liberalizao das trocas,
incentiva a reduo dos direitos alfandegrios e prope-se arbitrar os diferendos comerciais entre os
Estados-membros.
Deparamo-nos, consequentemente, na aurora do sculo XXI, com um fluxo comercial prodigioso, num
mundo que quase parece um mercado nico.
s zonas da Europa Ocidental, da sia-Pacfico e da Amrica do Norte, a chamada Trade, cabe o papel
de plos dinamizadores das trocas mundiais.
Possuindo uma tendncia para a internacionalizao, as grandes empresas sofrem mudanas estruturais e
adoptam estratgias planetrias.
Desde os anos 90, aumenta o nmero de empresas em que a concepo do produto ou do bem a oferecer,
as respectivas fases de fabrico e o sector da comercializao se encontram dispersos escala mundial.
Eis-nos perante as firmas da era da globalizao, as chamadas multinacionais ou transnacionais. essa
lgica de rendibilidade das condies locais que conduz, em momentos de crise ou de diminuio de
lucros, as multinacionais a abandonarem certos pases. Encerram a as suas fbricas e/ou
estabelecimentos comerciais, para os reabrirem noutros locais. A este fenmeno chama-se
deslocalizao, sendo-lhe atribuda a principal razo do desemprego crnico que grassa no Mundo.
A crtica globalizao
O crescimento econmico proporcionado pelo neoliberalismo e pela globalizao suscita acesos debates
em finais dos anos 90.
Os seus defensores lembram que as medidas tomadas permitiram resolver a gravssima crise
inflacionista dos anos 70, ao mesmo tempo que apreciveis franjas da Humanidade acederam a uma
profuso de bens e servios.
J os detractores da globalizao invocam o fosso crescente entre pases desenvolvidos e pases em
desenvolvimento, frisando que, nas prprias sociedades desenvolvidas, existem casos gritantes de
pobreza e excluso. E apontam o dedo ao desemprego, verdadeiramente incontrolvel.
A alter-globalizao contrape-lhe o projecto de um desenvolvimento equilibrado, que elimine os fossos
entre homens e povos, respeite as diferenas, promova a paz e preserve o planeta. Porque um outro
mundo possvel.
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Histria- 10 ano
Objectivos
Modernizao do sector produtivo (novidades tecnolgicas e automatizao dispensam operrio)
Declnio dos tradicionais sectores empregadores (desaparecem empresas com muitos empregados
que optam pela inovao tecnolgica)
Politicas neo-liberais (para os empresrios mais fcil despedir e contratar empregados)
Terciarizao da indstria (dispensam a mo-de-obra, principalmente a no - qualificada)
Deslocalizaes aumentam desemprego.
Factores da crise sindicalista:
Rarefaco proletria
Surto de individualismo e materialismo das sociedades modernas (muitos esperam usufruir de
conquistas e direitos reivindicados por outros sem prejuzos salariais)
Declnio da militncia poltica
Nas actuais democracias grande parte dos partidos funcionam como empresas que tentam a conquista do
poder poltico a ideologia poltica deu lugar ao (ultilitarismo), Militncia politica passa a carreira politica
Factores do declnio da militncia politica:
Descrena nos partidos polticos
Descrena nas propostas polticas
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O crescimento econmico proporcionado pelo neoliberalismo e pela globalizao suscita acesos debates
em finais dos anos 90.
Os seus defensores lembram que as medidas tomadas permitiram resolver a gravssima crise
inflacionista dos anos 70, ao mesmo tempo que apreciveis franjas da Humanidade acederam a uma
profuso de bens e servios.
J os detractores da globalizao invocam o fosso crescente entre pases desenvolvidos e pases em
desenvolvimento, frisando que, nas prprias sociedades desenvolvidas, existem casos gritantes de
pobreza e excluso. E apontam o dedo ao desemprego, verdadeiramente incontrolvel.
A alter-globalizao contrape-lhe o projecto de um desenvolvimento equilibrado, que elimine os fossos
entre homens e povos, respeite as diferenas, promova a paz e preserve o planeta. Porque um outro
mundo possvel.
A cincia e a inovao tecnolgica continuam a ter uma predominncia no sector do investimento
pblico, sobretudo naqueles pases que no querem perder o comboio do progresso e
desenvolvimento.
Globalizao
Estimula investigao cientifica e inovao tecnolgica pelos governos e empresas privadas para
melhorar desempenhos na:
Histria- 10 ano
Objectivos
Educao,
No exerccio profissional e Produo de bens e servios
Nas ltimas dcadas surgiram grandes inovaes na rea da electrnica da informtica (suporte fsico da
informtica), nomeadamente:
Inveno do microprocessador
Inovao das indstrias de electrodomsticos
Inovao da indstria aeroespacial
Revoluo da Informao
A evoluo das diversas formas de transmitir informao, como a televiso, o rdio e o computador, fez
com que se despoletassem uma srie de alteraes sociais, econmicas e polticas que alteraram
profundamente a face do mundo antes desta era, resultando como factor dominante a globalizao ou a
criao da chamada "aldeia global".
O advento da Internet em 1969 marcou o contexto da globalizao, tendo permitido que uma base de
dados gigantesca fosse partilhada em todo o mundo, com possibilidade de acesso por qualquer utilizador,
tendo o World Wide Web tornado possvel a partilha de informao em multimdia e hipertexto. Os
Estados Unidos da Amrica passaram a dominar quase tudo ao que informao diz respeito, seja
atravs de empresas como a Apple, a Intel, a Microsoft ou a IBM, seja por possuir alguns dos bancos de
dados de diversas reas mais completos a nvel mundial, seja pela emisso e possesso dos meios de
difuso informativa, como satlites (sendo o primeiro satlite intercontinental americano o Telstar I, de
1962) e outros. A partir de 1980 e com o aparecimento da CNN (Cable News Network) iniciou-se um
novo perodo em que o espectador tem acesso informao em primeira mo, sem filtros de qualquer
gnero e que cria uma situao de igualdade entre todos os pblicos, tornando muitas vezes urgentes as
reaces polticas, sociais e econmicas em determinadas ocasies e face a certos acontecimentos
(conflitos, desastres, crimes). Por outro lado, a informao transmitida pode pecar pela imparcialidade
e pelo sensacionalismo, uma vez que a manuteno das audincias passa pela renovao de notcias
estrondosas que o espectador busca incessante e sequencialmente. A difuso da informao ganhou uma
dimenso poltica, uma vez que, face ao impacto e monoplio que atingiram as associaes ocidentais de
multimdia, interveio inclusivamente nas correntes de capitais e na orientao muitas vezes decisiva da
opinio pblica. Tendo-se entretanto e progressivamente criado cdigos ticos no mbito jornalstico,
manifestaram-se contudo fortes oposies a esta manipulao, como o processo instaurado por alguns
pases, atravs da UNESCO, contra os meios de comunicao de cariz imperialista (que provocou a
sada em 1985 da Inglaterra e dos EUA desta instituio), os ataques muulmanos s antenas parablicas
e a "Nova Ordem Mundial de Informao e Comunicao" praticada pelos Pases No Alinhados, que
combateu difusoras como a Reuters e a Associated Press. A era da informao eliminou muitos hbitos
humanos, como as brincadeiras de crianas ao ar livre (que preferem desenhos animados e jogos de
vdeo e computador), as visitas a museus, a frequncia de bibliotecas e as idas ao teatro e ao cinema,
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Histria- 10 ano
Objectivos
uma vez que a tudo se pode aceder por meios informticos. Estimulou igualmente o sedentarismo e a
sensao de inutilidade de cada ser para o Mundo ao proporcionar a recepo de produtos em casa
(alimentos, objectos), o trabalho a partir de casa, as comunicaes de qualquer gnero efectuadas sempre
em e a partir de casa... Por outro lado, o mais comum dos cidados pode tornar-se meio de informao,
com filmagens caseiras de acontecimentos fortuitos, formato adoptado por muitos jornalistas e que, ao
denunciar muitas vezes incompetncias de personagens e instituies, tornou, por um lado, estas
filmagens provas aceites pela lei, e por outro criou um tipo de jornalismo pseudo-justiceiro. Todos estes
factores induziram difuso de um processamento de informao imediato e simplista, em detrimento de
anlises mais profundas e contextualizadas, formatando muitas vezes uma forma de pensar que no
inclui a reflexo. Da mesma maneira, assistiu-se a uma instrumentalizao dos "media", por parte de
determinados governos, para a solidificao da ideologia e do poder, perceptvel ou imperceptivelmente.
Revoluo de telecomunicaes
Vantagens da biotecnologia:
Produo de alimentos transgnicos (numa altura em que se morre de fome no mundo)
Clonagem de animais e plantas (proporciona o aumento da produo agro-pecuria)
Uso de clulas estaminais na investigao mdica (para produo de tecidos e rgos humanos para
transplante e na medicina regenerativa
Descodificao gentica incluindo genoma humano.
Nos anos 80 surgem novas concepes intelectuais e artsticas a que se deu o nome de Ps-modernismo
Pintura:
Pintura mais autntica e mais intensa liberta de convenes e de seguidismos vanguardistas
Prope-se a revitalizar a arte incorporando diferentes contributos e estilos do passado (expressionismo,
abstraccionismo, futurismo, dadasmo ou surrealismo) e a pop-art (1 forma de arte ps-modernista)
Pintura Neo-expressionista
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Histria- 10 ano
Objectivos
O expressionismo foi renascido na Alemanha caracterizando-se pela pintura figurativa com formas
distorcidas e com cores dissonantes
Pintura transvanguardista:
Surgiu na Itlia com as preocupaes ps-modernistas na pintura em que as figuras deformadas e
grotescas se revelam fortemente perturbadoras
Arte-vdeo:
Tecnologias de informao como objecto de expresso criativa
Utilizao de tv e pcs para manipulao de imagens e sons
Arte Graffiti:
Surge nos anos 80, em Nova York, nos corredores do metro e nos bairros degradados, sem inteno
artstica, mas passando de poluio visual a embelezamento de cidades.
Desde as ltimas dcadas do sc. XX h uma revivescncia do fervor religioso no ocidente e no mundo
Na Igreja catlica com Joo Paulo II que galvanizou populaes por onde passava
Nos EUA incentivou a consolidao do fundamentalismo cristo, multiplicao de seitas, sucesso dos
videntes e da astrologia (ascenso do sentimento religioso, busca do divino e da espiritualidade)
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Histria- 10 ano
Objectivos
A integrao europeia e as suas implicaes. As relaes com os pases lusfonos e com a rea iberoamericana.
Perdido o Imprio Portugal vira-se de forma determinada para a Europa, fazendo claramente uma opo
europeia, apesar de haver aqueles que continuavam a preferir a opo atlntica tendo por base as nossas
antigas colnias.
A verdade que, aquando da instituio do poder democrtico em Portugal nos anos 70, a ideia que
prevalecia s polticas de desenvolvimento territorial (regional ou local) assentava principalmente num
paradigma redistributivo, muito caracterstico do objectivo coeso: dar mais aos territrios pobres do
que aos ricos, de forma que aqueles pudessem, aos poucos, ir-se aproximando destes. Este paradigma
redistributivo continua, claramente, a ser importante em termos europeus.
O nvel local da administrao portuguesa , assim, chamado a dinamizar a iniciativa produtiva e
inovativa, apoiando as empresas e outras organizaes produtivas por processos que vo do abaixamento
dos custos de instalao, promoo de instituies formais ou informais de concertao e cooperao
entre as unidades econmicas, passando pela funo de amplificao da voz das empresas e empresrios
da regio ou de investimento activo na imagem externa do territrio.
A nvel das iniciativas do poder central refira-se a modernizao das vias rodovirias portuguesas
(empreendimentos co-financiados pelos fundos comunitrios), que fazem equiparar Portugal, neste
aspecto, aos pases mais avanados da Europa.
A opo atlntica
A opo atlntica, no entanto, no ficou esquecida como prova a fundao da Comunidade dos Pases de
Lngua Portuguesa (CPLP), que uma organizao assinada entre pases lusfonos, que consolida a
aliana e a amizade entre os signatrios. A sua sede fica em Lisboa.
A CPLP foi criada em 17 de Julho de 1996 por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guin-Bissau, Moambique,
Portugal e So Tom e Prncipe. No ano de 2002, aps conquistar a independncia, Timor-Leste foi
acolhido como pas integrante. Na actualidade, so oito os pases membros da CPLP.
Apesar da iniciativa, a CPLP uma organizao jovem buscando pr em prtica os objectivos de
integrao dos territrios Lusfonos. Em 2005, numa reunio em Luanda, Angola, a CPLP decidiu que
no dia 5 de Maio seria comemorado o Dia da Cultura Lusfona pelo mundo.
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Histria- 10 ano
Objectivos
A Comunidade dos Pases de Lngua Portuguesa abriga uma populao superior a 230 milhes de
habitantes, e tem uma rea total de 10.742.000 km - maior que o Canad, segundo maior pas do mundo.
O PIB de todos os pases, somados, supera US$ 1.700 trilio. A CPLP j foi decisiva para alguns de seus
pases (na Guin-Bissau, por exemplo, a CPLP ajudou a controlar golpes de estado).
Turismo
Construo Civil
Telecomunicaes
Cimentos
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Energia
Banca
Desenvolvimento de infra-estruturas
Educao
Cultura
Cincia
Tecnologia
Sade
Combate pobreza
Cooperao econmica
Cooperao cultural
Cooperao tcnico-cientfica
Cooperao jurdica
Brasil
O Brasil um caso que merece destaque, devido sua dimenso e importncia econmica que
tem para Portugal, as relaes econmicas entre estes dois pases intensificam-se nos anos 90. O
nosso pas encontra no mercado brasileiro boas condies no investimento na metalomecnica, no
txtil, em energias alternativas, no turismo e nas telecomunicaes. A EDP, o grupo SONAE, a
Histria- 10 ano
Objectivos
CIMPOR e a Portugal Telecom so algumas das empresas portuguesas que tm beneficiado destes
laos entre os pases. Estes laos tambm se intensificam no contexto dos fluxos migratrios.
- UE (unio europeia)
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