11º Ano - Módulo 4
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Módulo 4
Unidade 2
• O clero
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✓ Baixo clero – Condição humilde de párocos, frades e outros religiosos, dependentes das
contribuições dos fiéis.
• A nobreza
• O povo
O povo era constituído por todos os trabalhadores sem estatuto nobre ou eclesiástico, por isso
era a base de todo o edifício social.
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Habitava também a massa de indigentes – vagabundos, mendigos, marginais que viviam à custa
de esmolas e atividades ilegítimas.
Por fim, existia a população escrava.
Comportamentos e valores
• Na vida quotidiana
Era diferente, conforme se tratasse de um membro do clero, nobreza ou povo.
As diferentes regras eram instituídas por lei. A tradição secular tornava normais as diferenciações
entre os diferentes estratos sociais.
Vestuário – A mais antiga forma de diferenciação. Chegou a haver diferenças no direito a vestir
determinadas peças de roupa.
Habitação – Os palácios eram próprios dos titulares, a burguesia habitava em construções de
elevada qualidade e decoração.
Convívio social – Havia locais próprias para o povo, locais próprios para a nobreza e o clero e nos
locais comuns a presença de um superior da mesma ordem, exigia-se o uso da vénia ou beija-
mão no cumprimento.
Formas de tratamento – Os títulos de sua eminência, senhoria eram reservados ao clero, à
nobreza eram reservados os títulos de Dom, vossa mercê, vossa senhoria. O título de vossa
excelência era reservado aos diplomatas e outros personalidades públicas. Sua alteza, era título
exclusivo da família real.
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por ser mais rápida, não podia ser torturado, enforcado ou levado à fogueira. A maioria das
punições resultava em multas;
✓ Desempenho dos mais altos cargos da administração e atividade militar;
✓ Exclusividade de exercícios de determinadas atividades, como caçadas, torneiros, bailes
etc…
✓ Proteção do Papa;
✓ Direito a justiça e tribunais privados e leis instituídas pelo direito canónico;
✓ Isenção de tributação ao estado;
✓ Direito de cobrar impostos aos fiéis;
✓ Direito de asilo nas suas propriedades;
✓ Desempenho de altos cargos na administração;
✓ Penas especiais em caso de condenação.
• O Estado absoluto
O absolutismo assenta na teoria que os monarcas exercem o poder por delegação divina.
No ato da coroação eram considerados representantes de deus na terra, assim o seu poder de
reinar era sagrado.
✓ Corpo conselheiro – o rei recorria para decidir sobre questões importantes do estado;
✓ Funcionários da administração central – funcionários da corte, magistrados e homens das
leis que tinham como função executar as decisões do rei;
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O rei deve contribuir para a felicidade do seu povo mediante o exercício de uma boa governação.
Por parte dos cidadãos, cabe aceitar passiva e pacificamente a autoridade régia.
O poder dos reis estava condicionado por algumas limitações teóricas como:
✓ Mandamentos da lei de deus – o poder dos reis dependia do exercício da boa governação,
o que obrigava a governar de forma justa e bondosa;
✓ Leis naturais – para preservar a paz tinham de se manter o direito à propriedade, direito à
liberdade e justiça;
✓ Leis fundamentos do estado – as leis tradicionais, não escritas eram necessárias ser
cumpridas para não poder em causa a identidade da nação.
Contudo, estas limitações não passavam de teóricas, pois não existia qualquer controlo ou
fiscalização da atividade governativa do rei.
Por outro lado, o conceito de bem publico era objeto de interpretação pelo monarca.
A corte foi usada para concentrar o alto clero e a alta nobreza da província, para assim, evitar
contestação da centralização do poder.
Para se ter uma vida de corte luxuosa, era necessário aceitar passivamente as frequentes
chamadas à corte por parte do rei.
Na corte, o exercício de alguns cargos concedia novos títulos e o pagamento de pensões.
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Assim era possível controlar a nobreza, de forma a que não se revoltasse contra os poderes
absolutos do rei.
A grandeza do poder notava-se na estrutura do palácio real que apresentava uma grandiosidade
em dimensões, um grande número de elementos decorativos, um magnifico espaço envolvente,
marcado sobretudo por jardins.
Nas manifestações públicas, o monarca aparecia num trono grandioso, onde se verificava o
grande tamanho do seu manto real e a imensa riqueza da sua coroa.
Nas relações com os súbditos, havia o cumprimento rigoroso do protocolo, onde se verificava a
distância entre os vários estratos sociopolíticos da corte.
Com a expansão ultramarina no século XVI, houve o crescimento da burguesia de negócios que
se caracterizava por ver empreendedora e ajudou a reforçar o poder político dos monarcas e a
posição das ordens sociais privilegiadas.
Com a descoberta de novas terras, foi necessário a criação de cargos para administrar os
territórios ultramarinos.
Foram atribuídos alguns cargos à nobreza nos territórios ultramarinos para executarem as
funções de administração do reino localmente.
Associados a estes cargos surgem novos títulos e honras que se traduzem em tenças como
forma de pagamento pelos serviços.
O desempenho de algumas funções administrativas abria caminho para a participação desta
nobreza nos negócios ultramarinos.
• O cavaleiro-mercador
A adesão à mercantilização por parte da nobreza, leva ao desrespeito pela tradição aristocrática
de não intervenção em atividades comerciais. O que torna a nobreza portuguesa original e faz do
cavaleiro-mercador uma figura aristocrática nova na Sociedade do Antigo Regime.
O cavaleiro-mercador participa em atividade de comercio dos produtos coloniais, principalmente
nos que prometiam ser negócios lucrativos.
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A nobreza portuguesa não alterou a sua mentalidade. Apesar de estar presente no mundo dos
negócios, não se constituiu como um grupo ativo e empreendedor.
A nobreza fundiária veio a investir os seus lucros na aquisição de novas terras e em luxos.
Continuou por preferir a instituição de novos direitos senhoriais, impondo impostos aos
camponeses que trabalhavam nas suas terras.
O monarca com a centralização do poder, preferiu aumentar a riqueza material das ordens
privilegiadas para as submeter à sua autoridade.
• A atrofia da burguesia
Houve uma inversão da tendência da afirmação da burguesia devido ao aumento do poder
económico e político por parte da nobreza.
Em Portugal não se pode falar de uma burguesia com uma mentalidade ativa e empreendedora,
semelhante à burguesia do norte da europa.
Entraves impediram a afirmação da burguesia, tais como:
Com o objetivo de realizar uma governação centralizada, competente e justa, o monarca rodeou-
se de instituições novas e outras reformadas, tomando o lugar dos tradicionais órgãos consultivos
(cortes).
No lugar na corte foram criados complexos órgãos administrativos constituídos por altos e zelosos
burocratas:
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✓ Conselho de Estado – constituído pela alta nobreza e alto clero, foi reestruturado em várias
secretarias de estado para ajudar o rei em todos os assuntos políticos;
✓ Conselho de Guerra – prover todos os assuntos de caracter militar;
✓ Conselho Ultramarino – dedicava-se a centralizar a administração colonial;
✓ Juntas dos Três Estados – responsável por administrar os impostos para a defesa do
reino.
O exercício da justiça foi reforçado, como forma de o rei ter a autoridade judicial mais
concentrada em si.
Unidade 3
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Mercantilismo – teoria económica que identificava que a força do estado seria traduzida pela
abundância de metais preciosos acumulados.
Os defensores do nacionalismo económico defendiam que o estado devia implementar um
protecionismo económico, traduzido:
O mercantilismo na Inglaterra
Muitas opiniões sugeriam a limitação das importações, e o fomento das atividades comerciais
marítimas. Oliver Cromwell, pós em prática uma política de ataque aos interesses comerciais dos
holandeses.
• Os Atos de Navegação
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Já na América:
O mercantilismo na França
Na França as medidas mercantilistas foram praticadas com extremo rigor.
Apesar de muitas medidas já terem sido tomadas por Colbert, no tempo de Luís XIV.
O colbertismo assentou no desenvolvimento predominante das manufaturas.
• O surto manufatureiro
Foi a principal preocupação de Colbert, que levou a adotar as seguintes medidas protecionistas:
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Em 1648, aparentava que a europa tinha assentado na paz e num aparente equilíbrio político
entre as potencias europeias.
Contudo, a segunda metade do século XVII e a primeira do século XVIII vão ser mercadas por
violentos conflitos entre as grandes potencias coloniais pelo domínio dos mares e do comercio
mundial.
Guerra entre a Holanda e a Inglaterra decorreu entre 1652 e 1674 e marcou o declínio das
províncias unidas.
Os holandeses iniciaram uma campanha de destruição das embarcações britânicas, a que
Cromwell respondeu com o bloqueio do mar do Norte à navegação holandesa.
Carlos I, de Inglaterra vê-se forçado a agir com uma atitude de agressão contra a Holanda.
A Holanda veio gradualmente a perder a sua força no comercio mundial o que levou ao fim da
sua ação de intermediação no comercio europeia e por fim a perda de colonias, principalmente a
favor da Inglaterra (América do Norte).
• A Guerra da Sucessão
A Inglaterra interveio para evitar que uma grande potencia política fosse formada pela Espanha e
França, pois considerava que constituía uma ameaça para a consolidação da sua posição
hegemónica na Europa.
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O conflito terminou com o tratado de Utreque que confirmou o triunfo da Inglaterra, pois os
interesses coloniais franceses e espanhóis foram prejudicados.
Foi um conflito alimentado pelas relações hostis entre os colonos francês e ingleses, nas Antilhas.
As potências europeias envolveram-se numa nova guerra que resultou na nova derrota da
França.
Em consequência deste conflito, a Inglaterra declara-se como grande potencia colonial europeia.
✓ Inovações agrícolas;
✓ Surto demográfico e crescimento urbano;
✓ Afirmação do mercado nacional;
✓ Política colonial e dinamização do mercado externo;
✓ Prosperidade e estabilidade financeira;
✓ Condições de ordem social e política.
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• O crescimento demográfico
A quebra da mortalidade e o aumento da natalidade é explicado por dois fenómenos, que se
notou a melhoria das condições de vida.
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As cidades crescem para todas as direções à medida que vão chegando novas vagas
populacionais.
Ao longo do século XVIII, a Inglaterra consolidou um poderoso império colonial que lhe
proporcionou um amplo mercado internacional, fundamental para o seu crescimento económico.
• O comércio triangular
Essa atividade comercial foi fundamental para o arranque industrial na Inglaterra, pois
proporcionou:
✓ O acesso a matérias-primas variadas e a baixo custo – produção inglesa diversificou-se;
✓ Investimento de avultados capitais na maquinização da produção e no desenvolvimento
dos transportes;
✓ Muitos mercados para a colocação de produtos manufaturados;
✓ Criação de uma nova mentalidade capitalista – dispostos a investir em negócios
inovadores.
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A estabilidade fazia da libra esterlina a moeda preferida nas transações pela grande confiança
que suscitava entre os agentes económicos.
• A valorização do ouro
Por toda a Inglaterra existiam bancos privados que financiavam a economia e facilitavam o crédito
aos investidores locais.
O arranque industrial
Verificou-se no setor têxtil e algodoeiro devido:
✓ Abundância de matéria-prima – mercado colonial;
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Tempo das grandes invenções, para melhorar a produção e aparecerem no mercado à frente da
concorrência.
Máquina a vapor de James Watt – foi o primeiro grande invento. Capaz de produzir energia
artificialmente.
Contudo, a fonte de energia era inútil se os restantes setores a montante e a jusante, não se
modernizassem também.
A montante – setor mineiro e metalúrgico – minério para construção da máquina e carvão para a
fazer funcionar.
A jusante – novos teares mecânicos gigantes, que tecem em grandes unidades fabris.
O crescimento industrial assim não parou de crescer.
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As suas teses são acolhidas entre outros governantes, pelo conde da Ericeira, que levou ao
lançamento de um vasto programa de fomento industrial.
✓ Legislou-se no sentido de limitar a entrada de produtos industriais estrangeiros em
Portugal;
✓ Promoveu-se a produção nacional – têxtil, vidro, fundição de ferro, construção naval etc.…;
✓ Contratou-se mestres e artífices estrangeiros;
✓ Concedeu-se facilidades financeiras e fiscais, empréstimos e isenções ficais para
importação de máquinas industriais;
✓ Desvalorizou-se a moeda, para tornar os produtos portugueses mais competitivos;
✓ Foram criadas companhias monopolistas que garantissem o comercio ultramarino.
Inglaterra envia a Portugal John Metheun, com o objetivo de reforçar a velha aliança e celebrar
um acordo comercial.
Ficou conhecido como tratado de Methuen, cujo foi firmado em 1703 e estabelecia que:
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Em consequência do tratado:
Mesmo que o acordo fosse equilibrado em termos de valor material de produtos trocados, seria
sempre desequilibrado para Portugal, porque:
✓ Portugal exportava para Inglaterra um produto agrícola que a Inglaterra podia prescindir;
✓ Importava produtos de primeira necessidade, como alimentos e manufaturas têxteis à
Inglaterra;
✓ Inglaterra desenvolvia o seu setor produtivo manufatureiro e agrícola, e Portugal estava
subterrado com a produção de vinhos.
O tratado de Methuen foi prejudicial porque as trocas eram desequilibradas, pois as importações
de tecidos e alimentos ultrapassavam a exportação de vinhos. O défice da balança comercial foi
resolvido com pagamentos em ouro.
Em meados do século XVIII, houve uma considerável diminuição do afluxo de ouro brasileiro.
✓ A produção nacional e agrícola foi sacrificada pela venda do vinho;
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Com a falta de formas de pagamento, Portugal vê-se envolvido em mais uma grave crise
económica e financeira.
A solução passa mais uma vez pelo fomento da produção nacional.
O fomento industrial
A partir de 1770, Marquês de Pombal, arranca com um projeto de fomento industrial do reino:
✓ Junta do comércio – instituição publica responsável por atividades comerciais;
✓ Política protecionista – tributação sobre os produtos importados, tornando-os mais caros;
✓ Publicou leis pragmáticas contra os artigos de luxo;
✓ Criou manufaturas nacionais e reformulou as já existentes – concedendo-lhes importantes
benefícios fiscais;
✓ Recrutou investigadores e técnicos estrangeiros – processo de modernização do sistema
produtivo nacional;
✓ Privilegiou a criação de fábricas para a transformação de matérias-primas coloniais.
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Resultados
O fomento pombalino não foi capaz de lanças o país para a industrialização europeia, visto que a
restante europa já se encontrava mais avançada.
✓ Apostou mais na quantidade para responder face às dificuldades conjunturais;
✓ Não foi concebido para ser uma reforma estruturante a longo prazo, mas sim para efeitos
imediatos;
✓ A estrutura industrial portuguesa continuou a ser constituída por pequenas unidades de
produção, maioritariamente artesanal, pelo que não conseguiu impor-se no mercado
internacional;
✓ Não houve revolução na produção de energia, a força humana continuo a ser a força
motriz, assim não houve mecanização, continuando arcaica;
✓ O setor produtivo continuava dependente do vinho.
Contudo, a política pombalina foi capaz de defender os interesses comerciais portugueses:
A burguesia pombalina
No que diz respeito à burguesia, verifica-se que teve apoio do Marquês de Pombal no que toca à
dinamização das atividades comerciais.
Em 1770, o comercio foi considerado uma profissão nobre, na qual foram concedidos privilégios,
monopólios comerciais e títulos honoríficos aos comerciantes.
Em 1773, foi abolida a discriminação entre cristão-velho e cristão-novo, sendo mesmo proibida
mesmo esta referência.
Trata-se de adaptar a nobreza aos novos tempos económicos, não necessariamente destrui-la
enquanto ordem tradicional.
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Para reeducar a nobreza, Marquês de Pombal propôs a criação do Real Colégio dos Nobres,
onde se formavam, jovens nobres, tornando-os uteis na administração e desempenho de
atividades produtivas.
Unidade 4
Romper com o Antigo Regime e edificar uma nova ordem assente no progresso das liberdades do
individuo, sobretudo no desenvolvimento da livre reflexão e do espírito crítico.
A apologia da razão
Os iluministas procuraram ir além dos princípios teóricos dos filósofos e ajustaram os princípios
para a edificação de uma nova ordem social e política, conciliando princípios de liberdade e
igualdade com corpo social e político.
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A valorização do indivíduo
O interesse coletivo resulta da soma dos interesses particulares e a estes deve ser subordinado.
Na prática, é a defesa da livre iniciativa e da livre concorrência, que é do agrado da burguesia
capitalista.
Assim conclui-se que o iluminismo é um instrumento intelectual usado pela burguesia para
contestar a ordem social e política do Antigo Regime e assim posse ser valorizado o
Individualismo burguês.
A ordem natural determinava que liberdade, igualdade, fraternidade e propriedade eram direitos
naturais e nenhuma ordem jurídica as podia pôr em causa.
O contrato social
Filósofos iluministas defendem que é irracional a monarquia absoluta e o poder divino, logo
consideram que a soberania está na nação (povo).
Admitem a monarquia desde que represente o interesse nacional ao máximo. O monarca recebe
o poder perante a Nação (povo) e deve ser responsabilizado pelos seus atos.
É instituído um contrato social na qual os monarcas são responsabilizados perante a Nação.
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Montesquieu, defende a monarquia representativa, na qual o rei governa de acordo com as leis
fundamentais e reparte o seu poder com outros instituições.
Montesquieu propor um princípio do exercício democrático – princípio da separação de poderes,
essencial para garantir a liberdade dos cidadãos e de se conseguir um exercício equilibrado da
governação.
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