Sintese Proteica
Sintese Proteica
Sintese Proteica
QUAL É A RELAÇÃO?
(Atividade adaptada de Evolution and the Nature of Science Institutes, Mary Ball,
Steve Karr & Larry Flammer, 1998. www.indiana.edu/~ensiweb)
GABARITO:
a) Como cada códon codifica 1 aminoácido, a enzima uricase
corresponde a 304 códons; como cada códon corresponde a 3 bases
do DNA, a enzima uricase é codificada por 912 nucleotídeos.
b) Há diferença na estrutura da enzima uricase de babuínos e seres
humanos. O códon CGA, presente no DNA dos babuínos, codifica o
aminoácido Alanina; o códon TGA, do DNA humano, codifica o
aminoácido Treonina. Sabemos, pelo enunciado do exercício, que
seres humanos não são capazes de sintetizar uricase. Podemos então
concluir que a substituição de Alanina por Treonina torna a enzima
inativa nas células humanas.
ANEXO 1
Ficha de Atividade 1
OBJETIVO: Comparar duas seqüências de DNA, uma extraída do gene “VIT” de rato e outra
do mesmo gene de humano.
ATENÇÃO: o gene “VIT” não existe, ele foi inventado para esta atividade!
PROCEDIMENTOS:
Faça a transcrição e a tradução das seqüências de bases de DNA abaixo. Para montar a
cadeia de aminoácidos (AA), divida a seqüência em trincas de bases (códons) e consulte a
tabela de código genético. Observe que os códons de RNAm UAA, UAG e UGA fazem a
síntese protéica parar – se eles aparecerem, interrompa a seqüência de aminoácidos.
RNAm: _______________________________________________________________________________________________
AA: _________________ _______________________________________________________________________
2. Repita o procedimento acima, agora para a seqüência do gene VIT de ser humano .
DNA: TACCTGGTAGGGGTACGCTTCACCCGAGGGATGACTTG CTGCTGAGCCCC
RNAm : ______________________________________________________________________________________
AA: ______________________________________________________________________________________
3. As proteínas codificadas pelo gene VIT de ratos e seres humanos são iguais? Você acha
que as duas proteínas podem exercer a mesma função? Por quê?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Rato: TACCCCGTAGAGGTGCGCTTCACCCGAGGCGATGACTTGCTGCTGAGCCCC
Humano: TACCTGGTAGGG GTACGCTTCACCCGAGG - GATGACTTGCTGCTGAGCCCC
Nº de diferenças: __________________________
5. Compare o número de diferenças entre as cadeias de aminoácidos produzidas por ratos e
seres humanos com o número de diferenças entre as seqüências de nucleotídeos do DNA.
6. Você deve ter percebido que ocorreram dois tipos diferentes de mutação no gene VIT
humano em relação ao gene de rato: substituições de nucleotídeos e perda de uma base do
DNA. De que forma esses dois tipos de mutação que você observou no exercício acima
alteraram a seqüência de aminoácidos da proteína humana?
A DESCOBERTA DA VITAMINA C
No século XVII, época das grandes navegações, marinheiros submetidos a longas viagens sofriam de uma doença
conhecida como “escorbuto”. Os sintomas incluíam sangramentos na gengiva, descamação da pele e, em alguns
casos, o escorbuto levava à morte. A “praga dos marinheiros” permaneceu um mistério incurável por cerca de 200
anos.
Em 1747, o médico inglês James Lind achou que deveria existir uma relação entre a doença e a dieta das pessoas
a bordo do navio. Ele queria descobrir qual era a substância que, presente ou ausente na dieta, poderia ser a
causadora do escorbuto. Para isso, o médico dividiu uma tripulação de marinheiros com escorbuto em grupos e
receitou que cada grupo recebesse, além de suas refeições rotineiras, um determinado suplemento alimentar:
- Grupo 1: duas laranjas ou um limão;
- Grupo 2: vinagre (ácido acético);
- Grupo 3: água do mar;
- Grupo 4: uma mistura de medicamentos, entre outros tratamentos;
- Grupo 5: marinheiros com escorbuto foram mantidos sem tratamento para observação e comparação dos
resultados.
Depois de uma semana, o grupo tratado com laranja e limão mostrou uma melhora surpreendente, enquanto os
outros continuaram doentes. Dr. Lind desenvolveu um método de conservação de sucos de laranja e limão para
que pudessem ser levados nas longas viagens de navio sem risco de estragar. A Marinha Britânica até decretou
uma lei que obrigava as embarcações a providenciarem sucos de limão para toda a tripulação. A substância
presente nas frutas cítricas ficou sendo chamada de vitamina C, mas apenas duas décadas depois sua estrutura
química foi descoberta.
A vitamina C (ácido ascórbico) é uma substância antioxidante, que inativa os radicais livres (átomos de oxigênio)
que podem destruir a membrana plasmática de nossas células, e é necessária à síntese de colágeno – é por isso
que, nos casos de escorbuto, a pele fica bastante frágil. Apesar de não haver ainda um acordo entre os cientistas
sobre a quantidade ideal de vitamina C que devemos consumir, sabe-se que um organismo adulto precisa de cerca
de 60 mg da substância por dia (dados da Organização Mundial de Saúde/1999). Uma laranja média possui 70 mg
da substância e garante nossas necessidades diárias – todo o excesso é eliminado pela urina. Doses
suplementares devem ser discutidas com o médico.
Em estudos feitos com animais, descobriu-se que a maioria dos mamíferos não desenvolve escorbuto, mesmo que
as fontes de vitamina C sejam totalmente eliminadas de sua dieta. Hoje se sabe que esses animais produzem uma
série de enzimas relacionadas à síntese de ácido ascórbico, cada uma codificada por um gene específico.
Pesquisadores propuseram que seres humanos precisam de vitamina C na sua dieta porque não possuem esses
genes em seu DNA.
Em 1976, es sa hipótese foi parcialmente confirmada: descobriu-se que os seres humanos não conseguem produzir
uma das enzimas necessárias à síntese de vitamina C. No entanto, comparando-se genes de ratos e de seres
humanos, os cientistas perceberam que existe no DNA humano uma seqüência de bases muito parecida com o
gene de rato que codifica a produção dessa enzima! Esse gene foi chamado de GULO, pois comanda a produção
da enzima “gulonolactone oxidase”, envolvida na produção de vitamina C. Existem sutis diferenças nas seqüências
de bases do gene GULO de ratos e de seres humanos que podem explicar por que as células humanas são
incapazes de produzir a enzima. Por outro lado, o alto grau de semelhança entre os dois genes indica que
mamíferos como o rato e o ser humano possuíram um ancestral comum na sua história evolutiva, e a perda de
função do gene GULO em humanos deve ter ocorrido durante a evolução de nossa espécie. O gene permanece no
genoma humano, sendo transmitido de geração para geração, apesar de não exercer nenhuma função – é
chamado de “pseudogene”.
Texto adaptado de: Why do we need vitamin C in our diet?, Mary Ball & Steve Karr
QUESTÕES
1) Como o médico inglês James Lind concluiu que o escorbuto poderia ser combatido com o
consumo de frutas cítricas? As observações realizadas com um grupo de marinheiros podem
ser consideradas um experimento cientÍfico correto? Por quê?
2) Suponha que o gene VIT que você analisou na ficha de atividade 1 seja um fragmento de
um dos genes envolvidos na produção de vitamina C, o gene GULO, mencionado no texto
“A DESCOBERTA DA VITAMINA C”. Tendo em mãos a comparação do gene GULO (ex-VIT)
de ratos e seres humanos, proponha uma hipótese que explique por que seres humanos
precisam ingerir vitamina C (ácido ascórbico) diariamente, enquanto ratos não possuem
essa necessidade.*
3) Proponha uma hipótese que explique por que existem pseudogenes no genoma humano,
como é o caso do gene GULO. Por que essa mutação aparentemente desvantajosa no gene
GULO humano não afetou a sobrevivência de nossa espécie, eliminando os indivíduos
portadores do gene inativo por seleção natural?
_______________________
* O gene VIT não existe e não corresponde a um fragmento do gene GULO de ratos ou de seres
humanos. A seqüência de aminoácidos apresentada foi criada para esta atividade, com a intenção
de exemplificar o caso do gene GULO encontrado nos mamíferos (que codifica uma enzima de 345
aminoácidos nos humanos e 440 nos ratos).
ANEXO 3
TAC/CCC/GTA/GAG/GTG/CGC/TTC/ACC/CGA/GGC/GAT/GAC/TTG/CTG/CTG/AGC/CCC
AUG/GGG/CAU/CUC/CAC/GCG/AAG/UGG/GCU/CCG/CUA/CUG/AAC/GAC/GAC/UCG/GGG
M e t– G l i – H i s– L e u – H i s– A l a– L i s – T r p – A l a – P r o – L e u – L e u – A s n– A s p – As p– S e r– G l i
4. Rato: TACCCCGTAGAGGTGCGCTTCACCCGAGGCGATGACTTGCTGCTGAGCCCC
Humano: TACCT GGTAGGGGTACGCTTCACCCGAGG - GATGACTTGCTGCTGAGCCCC
(As posições ocupadas por um aminoácido no gene de rato e não traduzidas no gene
humano devido ao códon de parada também devem ser consideradas diferentes!)
6. Interpretação dos resultados:
- Conseqüências das substituições de nucleotídeos
1) O médico James Lind pôde concluir que o escorbuto estava relacionado à deficiência de
frutas cítricas na dieta dos marinheiros porque dividiu os doentes em grupos e aplicou um
tratamento a cada um deles, comparando com um grupo de marinheiros que não recebeu
tratamento. Ele realizou um experimento científico correto, pois partiu de suas observações
sobre a dieta dos marinheiros no navio e elaborou um teste mantendo um grupo controle
(sem tratamento) para comparação com os resultados dos grupos experimentais. Assim,
ele pôde ter certeza que o consumo de laranjas e limões trazia melhora para os pacientes.
Baseado em seus resultados, ele propôs uma forma de prevenção do escorbuto: ingerir
frutas cítricas diariamente.
3) Como o abastecimento de vitamina C para nossas células pode ser feito através da dieta
– especialmente com o consumo de frutas cítricas – a incapacidade de sintetizar a vitamina
pode não ter representado um problema para a espécie humana. Assim, a inativação do
gene GULO nos seres humanos devido às mutações nas bases do DNA certamente não
comprometeu a sobrevivência da nossa espécie nem dos outros primatas, que se
alimentam de frutas. Ao longo da evolução dos primatas, num processo totalmente ao
acaso, o gene inativo portador das mutações foi mantido no nosso conjunto de genes.
ANEXO 5
Códons de RNA
SEGUNDA BASE
U C A G
UUU Fenilalanina UCU UAU Tirosina UGU Cisteína U
UUC (FEN) UCC UAC (TIR) UGC (CIS) C
UCA Serina A
U UUA UGA Códon de
Leucina UCG (SER) UAA Códons de parada G
UUG
(LEU) UAG parada UGG Triptofano
(TRP)
CUU CCU CAU Histidina CGU U
CUC Leucina
CCC Prolina
CAC (HIS) CGC Arginina
C
C CUA CCA CGA A
PRIMEIRA BASE
TERCEIRA BASE
(LEU) (PRO) CAA Glutamina (ARG)
CUG CCG CAG (GLN) CGG G
AUU U
AAU Asparagina AGU Serina
AUC Isoleucina ACU (ASN) (SER) C
AAC AGC
AUA (ILE) ACC Treonina A
A G
ACA (TRE)
AAA Lisina AGA Arginina
Metionina ACG
AUG (MET) ou códon AAG (LIS) AGG (ARG)
de iniciação
GAU Aspartato U
GUU GCU GGU
GAC (ASP) C
GUC GCC Alanina GGC Glicina
G Valina (VAL) A
GUA GCA (ALA) GAA Glutamato GGA (GLI)
G
GUG GCG GAG (GLU) GGG