Silvicultura Apostila Completa 2007
Silvicultura Apostila Completa 2007
Silvicultura Apostila Completa 2007
SILVICULTURA
Capítulos Páginas
IV - Implantação florestal 42
V - Manejo florestal 55
VI - Colheita florestal 79
VII - Regeneração ou reforma florestal 96
VIII - Noções de dendrometria e inventário florestal 101
Apêndices 169
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
TERMINOLOGIA E OBJETIVOS DA IMPLANTAÇÃO DE MACIÇOS
FLORESTAIS
1. Terminologia
a) Silvicultura - é a ciência que trata do cultivo de árvores, referindo-se às
práticas relativas à produção de mudas, plantio, manejo, exploração e
regeneração dos povoamentos.
b) Floresta - é uma associação predominante de árvores, acrescida de
sub-bosque, ocupando considerável extensão de terra, capaz de
desenvolver um clima local próprio.
c) Sub-bosque - vegetação arbustiva, sub-arbustiva, herbácea e arvoretas
encontradas sob o maciço florestal (regeneração natural).
d) Mata - é uma floresta de pequena extensão. Diferencia-se do conceito
de floresta apenas pela extensão de terra.
e) Floresta pura - quando a frequência de uma espécie é de mais de 90%.
f) Floresta mista - quando a floresta é formada por mais de uma espécie.
g) Floresta nativa (natural) - quando formada sem a intervenção do
homem.
h) Floresta plantada (artificial) - quando plantada pelo homem.
i) Floresta de alto fuste - sua origem e regeneração se fazem por
semeadura.
j) Floresta de talhadia - a regeneração se faz pela brotação da touça.
k) Floresta primária - floresta que se formou ao longo dos estágios
sucessionais, sem interrupção.
2
l) Floresta secundária - formada naturalmente após a destruição da
floresta primária (capoeira).
m) Fuste - é a parte da árvore que vai do colo às primeiras ramificações da
copa (tronco).
n) Campo - formação vegetal com apenas um estrato de cobertura,
constituída principalmente de gramíneas, ciperáceas e leguminosas.
o) Campo sujo o campo cerrado - campo entremeado de arbustos e raras
formas arbóreas, com predominância de vegetação rasteira.
p) Cerrado - formação vegetal constituída de dois estratos, um de
vegetação rasteira e outro com formas arbóreas que raramente
ultrapassam 6 metros de altura, apresentando caules tortuosos, com
espêssas cascas, folhas coriáceas e aparência xeromórfica.
q) Cerradão - formação constituída de três estratos, sendo os dois
primeiros semelhante ao cerrado, e o terceiro é formado por árvores de
6 até 20 metros de altura, com melhor forma, possível de se encontrar
madeira dura.
r) DAP - significa "diâmetro à altura do peito", e é o diâmetro da árvore
medido a l,30 m do solo.
1. Sementes
Nº Sementes Umi
Pureza Germinação Viáveis kg-1 dade
Espécie (%) (%) Toler. 10% (%)
Pinus caribaea var. hondurensis 95 70 máx. 12
Pinus caribaea var. caribaea 90 70 máx. 12
Pinus caribaea var. 95 70 máx. 12
Pinus elliottii var. elliottii 95 70 máx. 12
Pinus elliottii var. densa 95 70 máx. 12
Pinus taeda 95 70 máx. 12
Pinus oocarpa 95 70 máx. 12
Pinus kesya 95 70 máx. 12
Eucalyptus maculata 70.000 máx. 12
Eucalyptus citriodora 70.000 máx. 12
Eucalyptus grandis 600.000 máx. 12
Eucalyptus saligna 350.000 máx. 12
Eucalyptus urophylla 350.000 máx. 12
Eucalyptus viminalis 200.000 máx. 12
Eucalyptus paniculata 250.000 máx. 12
Eucalyptus microcorys 200.000 máx. 12
Eucalyptus cloeziana 100.000 máx. 12
Eucalyptus robusta 250.000 máx. 12
Eucalyptus tereticornis 200.000 máx. 12
Acacia mearnssi 95 70 máx. 12
Acacia decurrens 95 70 máx. 12
Mimosa scabrella 95 70 máx. 12
Araucaria angustifolia 95 60 mín. 40
2.1. Substrato
Esse sistema só deve ser utilizado para espécies que suportem bem o trauma
radicular. Assim, já se sabe que não pode ser aplicado para Araucaria angustifolia e
Eucalyptus citriodora, embora na primeira espécie seja possível realizar a repicagem se
for feita quando a radícula tiver sido recém emitida.
Consiste na semeadura em canteiros com posterior repicagem para embalagens
individuais.
Para os pinheiros tropicais, a repicagem só é recomendada para lotes de
sementes com germinação inferior a 75%.
O substrato dos canteiros de semeadura podem ser resultado de mistura de terra
com areia e argila para permitir boa drenagem e arejamento, sendo conveniente passar a
terra em peneira com malha de no máximo 2 mm de diâmetro, e fazer controle de ervas
daninhas, nematóides e insetos.
Estando o substrato nivelado e úmido procede-se a semeadura, que pode ser em
sulcos ou por distribuição uniforme, sendo esta última a mais aplicada, por aproveitar
melhor o espaço e fechar rapidamente o canteiro.
Para eucalipto, em geral 30 a 40 g de sementes.m-2 é o ideal.
Após a semeadura aplica-se fina camada de terra peneirada, podendo-se ainda
fazer uma cobertura morta para manter a umidade e evitar alta temperatura. Pode-se usar
casca de arroz em camada de 0,5 cm, que se possível deve ser desinfestada.
As regas são feitas em geral duas vezes ao dia, ou de acordo com a necessidade.
É recomendável que se faça pulverização com fungicidas para evitar
principalmente tombamento.
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Para os eucaliptos, a repicagem é feita quando as mudas atingem 3 a 5 cm de
altura ou 2 pares de folhas, cerca de 10 a 15 dias após a germinação, ou dois pares de
folhas. O canteiro deve ser molhado duas horas antes, e no ato do arrancamento faz-se a
seleção e a poda de raízes. As mudas são estocadas em recipientes com água, deixados
à sombra até a transferência para as embalagens.
Ao colocar a muda na embalagem deve-se ter a precaução de não deixar a raiz
dobrada, eliminar o ar, e não cobrir o colo. Em seguida vai-se molhando o canteiro e
recobrindo.
A irrigação deve suprir as necessidades, e gradativamente os canteiros devem
ser descobertos para rustificação e aclimatação, além da redução dos níveis de irrigação,
que são os procedimentos menos onerosos e mais práticos. Entretanto, outras atitudes
podem ser tomadas, como: a aplicação de NaCl em água de irrigação, na dosagem de 1
mg planta.dia-1, no intuito de gerar nas mudas um potencial hídrico muito baixo,
favorecendo maior força de absorção a nível radicular; a poda da parte aérea com
redução de 1/3 da porção superior, redução das folhas dos 2/3 inferiores das mudas
(nestes dois últimos, o objetivo é a redução da área transpirável); aplicação de
antitranspirante a partir de 20 dias antes do plantio na proporção de 1:7 (GOMES, et al.,
1996).
Este método vem sendo bastante utilizado, sendo viável para muitas espécies,
como o pinus, eucalipto, araucária, bracatinga, pau-de-balsa e guapuruvú, devendo ser
utilizado para as espécies que não toleram trauma no sistema radicular.
Prepara-se os canteiros com as embalagens, que podem ser enchidas com terra
de sub-solo, de modo a se evitar a incidência de fungos patogênicos e de sementes de
plantas invasoras, com o acréscimo necessário de adubo para contrabalançar a baixa
fertilidade natural deste substrato.
Para a semeadura rega-se o canteiro previamente, distribuindo-se as sementes
de eucalipto em número de 3 a 6 unidades por embalagem. De preferência fazer a
separação por tamanho. Para pinus, semeia-se 1 a 2 sementes por recipiente. Após esta
operação, aplica-se fina camada de terra e cobertura morta.
A irrigação é feita sempre que necessário, com ou sem aplicação de defensivos e
adubos.
Pulverizações periódicas para controle de fungos patogênicos devem ser feitas.
De um modo geral para as espécies florestais, quando as mudas tiverem dois
pares de folhas procede-se o raleamento, mantendo-se a muda mais vigorosa. No caso
de haver mais de uma muda nessas condições, pode-se fazer a sua repicagem para
embalagem. O raleamento deve ser feito com o canteiro úmido.
Quando as mudas apresentarem 25 cm de altura estarão prontas para serem
levadas ao campo. Promove-se então a classificação por classes de altura. Para aquelas
produzidas em embalagens, faz-se o corte do fundo dos saquinhos, eliminando-se assim
a parte enovelada das raízes.
Se as mudas foram muito movimentadas, ou sofreram estresse, devem se
recuperar por 4 a 5 dias antes de serem remetidas ao campo.
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2.4. Sistema por propagação vegetativa
a. Estaquia
Elaboração de estacas
Corte da Árvore Elimina-se partes tenras e Tratamento fúngico
Coleta de brotos
Com 1,5 a 2 anos lignificadas; comprimento Benlate, solução
de idade, a 15 cm Aos 2 meses de 200 ppm na base
após o corte de 12 a 14 cm com 1 a 2
de altura, em bisel pares de folhas cortadas das estacas
pela metade
Recipientes Plantio
Sacos com subsolo, mais Tratar a base das estacas Enraizamento
camada de 2 cm de areia, com AIB (7500 a 8000 ppm) Ocorre de
orifício de 4 cm em talco ou solução de 10 a 15 dias
(ou tubetes) água e alcool 50% e plantar
Seleção
Adubação 35 a 40 dias pós-plantio,
Feita 25 dias após o plantio, Campo
transferir para área Depois de 70 a 80
em geral com 3 kg de 5-17-3 descoberta, desbrotar,
por 100 l de água, suficiente dias pós-plantio
fazer adubação
para 10000 embalagens semelhante
Para prevenir a infestação de fungos, as estacas têm sua base mergulhada numa
solução de Benlate (200 ppm ou 0,2%), logo após terem sido preparadas. No momento da
aplicação do hormônio para indução do enraizamento as estacas podem novamente ser
tratadas com Captan a 2%.
Os recipientes normalmente utilizados são sacos plásticos enchidos com terra de
subsolo, completados (2 a 3 cm) com areia para melhorar o arejamento da base da
estaca. Esses recipientes são então colocados no local sombreado, irrigados até a
capacidade de campo, e o plantio é feito em orifícios de 4 cm de profundidade.
Antes do plantio as estacas são tratadas com ácido indolbutírico (AIB) que tem
sido o mais eficiente para estimular o enraizamento, diluído em talco, na proporção de
10
1.000 a 8.000 ppm. Outros hormônios podem ser utilizados, isoladamente ou em mistura,
tais como o ácido indolacético (AIA), o ácido naftalenoacético (ANA) e o 2-4-
diclorofenoxiacético (2-4-D).
Nas condições citadas, as estacas apresentam enraizamento entre 10 a 15 dias.
Vinte e cinco dias após o plantio é feita uma adubação à base de 3 kg de NPK (5:17:3)
diluídos em 100 l de água para 10.000 recipientes. Durante todo o período de
enraizamento, na casa de vegetação, são necessárias aplicações preventivas semanais
de fungicidas, alternando entre produtos sistêmicos e não-sistêmicos.
Com a idade de 35 a 40 dias é feita a seleção, e as mudas são transferidas para a
área descoberta, onde é feita uma adubação semelhante à anterior, fazendo-se
simultaneamente o desbrotamento. Alí as estacas permanecem por mais 35 a 40 dias,
quando então podem ir para o campo.
Modelo 2: semelhante ao Modelo 1, diferenciando-se apenas em algumas fases
conforme pode ser observado na Figuras II-3
Elaboração de estacas
Recipientes
6 a 8 cm de comprimento;
Corte da Árvore Tubetes, com substrado
um par de folhas; nova
Diâmetro de 5 cm, de 50% de palha de arroz
coleta a cada 60 dias;
altura de 60 cm carbonizada, 30% de
em bisel substituição da cepa fraca
vermiculita e 20%
ou morta; produz 120
de solo
estacas por cepa por coleta
Espécie Resultado
Eucalyptus acmenioides +
Eucalyptus alba +
Eucalyptus brassiana +
Eucalyptus citriodora -
Eucalyptus cloeziana -
Eucalyptus deglupta +
Eucalyptus grandis +
Eucalyptus grandis x E. urophylla +
Eucalyptus maculata -
Eucalyptus microcorys +
Eucalyptus pellita +
Eucalyptus pilularis +
Eucalyptus propinqua -
Eucalyptus resinifera +
Eucalyptus robusta +
Eucalyptus saligna +
Eucalyptus tereticornis +
Eucalyptus torelliana +
Eucalyptus torelliana x E. citriodora +
Eucalyptus urophylla +
+ positivo; - negativo
b. Enxertia
Técnica que utiliza alta tecnologia, consiste em se produzir brotos e raízes por
meio de células retiradas de órgãos de plantas, e tratadas em ambiente asséptico
contendo meio com substâncias estimulantes (Figura II-4).
(a)
(b)
Figura II-4 - (a) Micropropagação para rejuvenescimento (ASSIS, 1996a); (b) explante de
pinus em tubo de ensaio.
A taxa de multiplicação deste método é mais elevada do que nos outros sistemas
de multiplicação. É uma técnica que oferece excelentes possibilidades para a propagação
comercial de plantas, como também, pode auxiliar em programas de melhoramento,
possibilitando, neste último caso, grande economia, além da antecipação em décadas,
dos resultados finais. Como técnica de clonagem comercial, possibilita a obtenção de
grande número de plantas a partir de poucas matrizes, em curto espaço de tempo e em
reduzida área de laboratório (PAIVA e GOMES, 1995)
No tubo de ensaio (Figura II-4), o substrato é formado por macro e micro
nutrientes, fitohormônios, aminoácidos, sacarose, agar. Estes produtos são uma das
limitações do método, por serem dispendiosos. Além disso os custos iniciais para
treinamento e dos equipamentos de laboratório e importação de certos produtos, podem
interferir negativamente na produção de mudas em larga escala.
Outra dificuldade que se tem encontrado, é a rustificação das mudas.
Após o desenvolvimento inicial do material vegetativo, as mudas são levadas para
casa de vegetação, e os tratos são os mesmos do que para os outros métodos.
d. Microestaquia
e. Miniestaquia
(b)
(a)
(c)
Figura II-5 - (a) Muda de estaca enraizada, antes (esquerda) e após (direita) a poda do
ápice; (b) coleta de miniestacas em minicepa; (c) miniestaca pronta para a cada se
vegetação (XAVIER e WENDLING, 1998).
2.5. Recipientes
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Sendo que o tipo de recipiente influi diretamente na formação do sistema radicular
da muda e nas respostas à luminosidade, é de fundamental importância a escolha da
embalagem.
Algumas características do recipiente devem ser observadas na sua escolha:
a) resistência ao período de encanteiramento;
b) facilidade do preenchimento com substrato;
c) facilidade de manuseio;
d) facilidade de acondicionamento para transporte;
e) permeabilidade às raízes;
f) boa capacidade de retenção de umidade;
g) facilidade de decomposição no solo;
h) permitir o plantio mecanizável;
i) ter custo acessível.
Inúmeros são os tipos de recipientes encontrados no mercado, dentre eles:,
paper-pot (Figura II-6a), blocos ou bandejas de polietileno (Figura II-6b), de isopor, (Figura
II-6c), tubos de polietileno (Figura II-6d), sacos de polietileno (Figura II-6e), fértil-pot
(Figura II-6f), togaflora e laminados (Figura II-6g), jacás, latas, vasos de barro.
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(b)
(a)
(c) (d)
(f)
(e)
(g)
Figura II-6 - Tipos de recipientes para produção de mudas: paper-pot (a), blocos ou
bandejas de polietileno (b), win-strip (c-esquerda), bandejas de isopor (c, direita), tubos de
polietileno (d), sacos de polietileno (e), fértil-pot (f), togaflora (g, esquerda) e laminados (g,
direita).
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As embalagens mais utilizadas na silvicultura brasileira são:
a. Saco plástico
b. Tubos de polietileno
Este tipo de embalagem foi inicialmente utilizado pela Aracruz Florestal no Espirito
Santo, e foi difundido com rapidez no Brasil para produzir mudas de eucalipto. Hoje é
utilizado para outras espécies.
Consiste em um tubete individual, que tem como suporte bandejas de isopor, de
metal ou mesmo de polietileno. Para eucalipto, cada tubete tem em geral 127 mm de
comprimento por 28 mm de diâmetro na parte superior e se afunila no sentido da parte
inferior (56 cc). Estas medidas variam segundo os objetivos da produção das mudas.
Apresenta arestas internas que evitam enovelamento, e na ponta é perfurado para que as
raízes não cresçam demais.
Esta embalagem apresenta as seguintes vantagens:
a) possibilidade de mecanização da semeadura (Figura II-7);
b) menores problemas com o enovelamento das raízes;
c) possibilidade de mecanização no plantio;
d) maior quantidade de mudas transportadas do viveiro para o campo por viagem;
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Um dos substratos mais comuns nas misturas para tubetes é a vermiculita, que é
estéril, o que resulta na necessidade de maior número de adubações.
Este método é aplicado somente a espécies mais rústicas, como o pinus e alguns
eucaliptos, ou que mesmo não o sendo, suportam os traumas radiculares. As mudas
devem ser plantadas sob condições especiais de clima, com boa distribuição de chuvas e
baixa temperatura.
Em viveiro, a semeadura é feita no seu próprio solo, onde as mudas crescem até
a hora do plantio.
A área do viveiro é em geral maior, pois enquanto uma parte está sendo utilizada
para produção das mudas, a outra pode estar sendo melhorada com adubação verde.
Antes da formação dos canteiros, deve-se fazer a incorporação de adubo
químico, corretivo, herbicidas e desinfestante no solo.
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A semeadura pode ser feita a lanço ou em sulcos, em época que permita que o
plantio seja no período chuvoso. Deve-se fazer uma cobertura morta para aumentar a
germinação.
Quando as mudas estão com 20 cm de altura faz-se uma poda mecanizada de
raízes, com uma lâmina passando de 12 a 15 cm de profundidade, visando a rustificação.
Outra poda deve ser feita quando as mudas atingirem 28 a 30 cm de altura. Se
necessário, uma última poda deve ser feita antes do plantio para facilitar o arranquio, que
deve ser manual, selecionando-se as mudas por classe de altura. Estas são colocadas
em caixas de 2 x 3 m, com capacidade para 3 a 6 mil mudas, e mantidas úmidas até
serem levadas ao campo o mais rapidamente possível.
Em outros países, as mudas são embaladas em sacos plásticos ou de papel após
o arrancamento, para serem levadas para o campo com mais comodidade e com menor
perda de vitalidade.
Tratamentos fungicidas são feitos preventivamente contra o tombamento. Pode-
se utilizar a fertirrigação para acelerar o crescimento e aumentar o vigor das mudas.
O plantio pode ser mecanizado, obtendo-se quase 100% de sobrevivência.
4. Ferlilização
Para Acacia mangium, DIAS et al. (1991) determinaram que a dose de N para
solo de baixa fertilidade (LVa) e sem a inoculação de bactérias fixadoras deve ser de 100
g.m-3, com uma concentração crítica foliar de 1,52%. Concluíram também que as plantas
responderam negativamente à adição de K no solo.
No Quadro II-4 resume-se os efeitos de alguns nutrientes sobre o substrato e as
plantas e no Quadro II-5 as características de fertilidade para mudas de coníferas e
folhosas.
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Quadro II-4 - Efeitos da aplicação de alguns nutrientes sobre as plantas e o substrato
A faixa ideal de pH para o substrato está entre 5,5 e 6,5, onde há maior
disponibilidade de nutrientes e não há efeitos tóxicos causados pelo excesso de alumínio
e manganês.
5.2. Artificial
6. Poda
É uma técnica de manejo das mudas, que visa melhorar a relação parte
aérea/sistema radicular, proporcionando melhor aproveitamento de água e nutrientes, ou
favorecendo a sobrevivência das mudas no campo.
A poda pode ser:
7.1. "Damping-off"
É a mais importante das três, e pode ser causada por uma série de fungos
presentes nas sementes ou no solo, entre eles: Cercospora, Pestalozzia, Fusarium,
Phytophora, Botrytis, Diplodia, Cylindrocladium, Pythium e Rhisoctonia. Os três últimos
são os mais comuns nos nossos viveiros.
7.4. Controle
a. Controle preventivo
b. Controle curativo
10. Localização
10.2. Solo
O solo deve ter boas propriedades físicas e profundidade suficiente para permitir
a drenagem adequada.
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Aqueles solos chamados "pesados" (argilosos) devem ser evitados devido à
dificuldade de cultivo e limpeza, alem de ficarem pegajosos quando molhados e duros
quando secos.
Observar este fator é relevante quando se utiliza o próprio solo do viveiro para
preparação de mudas de raízes nuas.
Para mudas embaladas, o transtorno focaliza-se apenas nos problemas com
drenagem do excesso de água de irrigação no fundo dos canteiros e nas áreas de
trânsito. Neste caso, as dificuldades podem ser superadas forrando-se o fundo dos
canteiros e carreadores com materiais permeáveis como brita ou cascalho.
No hemisfério sul deve ser evitada a face sul, por ser menos iluminada e mais
sujeita aos ventos frios.
As mudas são susceptíveis a danos físicos provocados por ventos frios, que
podem provocar queimaduras em plântulas muito novas.
10.5. Declividade
10.6. Área
10.9. Irrigação
10.10. Drenagem
10.11. Quebra-ventos
Os quebra-ventos são importantes para conter os ventos fortes e/ou frios que
sejam capazes de provocar aumento da evapotranspiração e de danificar folhas e até
mesmo plantas inteiras.
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11. Dimensionamento
Para este sistema não existem fórmulas especiais. Os cálculos devem ser
adaptados ao tamanho das embalagens utilizadas, e outros parâmetros que serão
exemplificados a seguir.
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11.2. Exemplos de dimensionamento
Problema:
- 1000 ha de reflorestamento
- espaçamento → 3,0 m x 1,5 m
- espécies/área de plantio: - Pinus elliottii (800 ha)
- Pinus taeda (200 ha)
- dimensões dos canteiros - 1,1 m x 50 m (55 m2)
- características tecnológicas das sementes:
Espécie Germinação (%) Pureza (%) No sementes por kg
P. elliottii 80 97 31.500
P. taeda 70 95 36.000
Solução
1º - Número de mudas por ha
2
10000 m → área de 1 ha
2
4,5 m → área ocupada por uma árvore no campo
= 2222 mudas por ha
4º - Áreas do viveiro
2 2
área útil → 112 canteiros x 55 m por canteiro = 6.160 m
2
área não útil → (em geral, o mesmo da área útil) = 6.160 m
2
área total → 12.320 m
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5º - Quantidade de sementes por espécie
P. elliottii P. taeda
400 × 55 400 × 55
K = K =
0 ,8 × 31 . 500 × 0 ,97 × (1 − 0 ,1) 0 ,7 × 36 . 000 × 0 ,95 × (1 − 0 ,1)
K = 1 kg de sementes por canteiro K = 1,021 kg de sementes por canteiro
1 kg x 88,88* canteiros = 88,88 kg de 1,021 kg x 22,22 canteiros = 22,69 kg de
sementes sementes
* usar o valor real, não aproximado, para não ocorrer excesso de sementes.
7º Tabela resumo
Discriminação P. elliottii P. taeda Total
Nº de mudas por ha 2.222 2.222 2.222
Nº de mudas necessárias 1.955.360 488.840 2.444.200
Quantidade de canteiros por espécie 89 23 112
Área útil (m2) -- -- 6.160
Área não útil (m2) -- -- 6.160
Área total (m2) -- -- 12.320
Quant. de sementes por canteiro (kg) 1 1,021 --
Quant. total de sementes (kg) 88,88 22,69 --
Quant. de sementes por fileira 1.432 1.671 --
Quant. de sementes por m linear 30 35 --
⎛ 11,5 × 2
2
⎞
⎜ 100 ⎟
área ocupada por embalagem = ⎜ ⎟ = 0,00536 m2
⎜ π ⎟
⎝ ⎠
P. elliottii P. taeda
1.955.360 ÷ 10.261 ≅ 191 canteiros 488.840 ÷ 10.261 ≅ 48 canteiros
Total ≅ 239 canteiros
3º - Áreas do viveiro
área útil → 239 canteiros x 55 m2 por canteiro = 13.145 m2
área não útil → (em geral, o mesmo da área útil) = 13.145 m2
área total → = 26.290 m2
5º Tabela resumo
Discriminação P. elliottii P. taeda Total
Nº de mudas por ha 2.222 2.222 2.222
Nº de mudas necessárias 1.955.360 488.840 2.444.200
Quantidade de canteiros por espécie 191 48 238
Área útil (m2) -- -- 13.145
Área não útil (m2) -- -- 13.145
Área total (m2) -- -- 26.290
Quantidade de mudas por canteiro 10.261 10.261 --
Quantidade total de sementes (kg) 266,644 68,064 --
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12. Referências Bibliográficas
1. Introdução
Vários parâmetros são utilizados para avaliar a qualidade das mudas de espécies
florestais e, dentre eles, destacam-se: altura da parte aérea, sistema radicular, diâmetro
do coleto, proporção entre as partes aérea e radicular, proporção entre o diâmetro do
coleto e a altura da parte aérea, pesos de matéria seca e verde das partes aérea e
radicular, rigidez da parte aérea, aspectos nutricionais, etc.
Muitos desses parâmetros têm sido testados por meio da avaliação da
sobrevivência e do crescimento da muda no campo, e os resultados têm sido muito
variáveis, mesmo com mudas consideradas de alto padrão de qualidade morfológica e
plantadas em sítios favoráveis. Nenhum parâmetro deve ser usado como critério único
para classificação de mudas. Na realidade, há dependência entre os parâmetros
mencionados. Esses parâmetros sofrem acentuada influência das técnicas de produção
de mudas empregadas no viveiro, principalmente nos aspectos densidade, poda de
raízes, fertilidade do solo e disponibilidade hídrica nos tecidos das mudas (Carneiro, 1976,
citado por Fonseca, 1988). A deficiência hídrica do solo afeta mais o crescimento em
diâmetro que o crescimento em altura. Isso porque o diâmetro parece ser mais
dependente da fotossíntese que o crescimento em altura (Carneiro, 1976, citado em
FONSECA, 1988).
As raízes desenvolvem-se melhor em solos mais férteis; entretanto, nesses solos
o crescimento da parte aérea é ainda mais estimulado, resultando numa razão raiz/ parte
aérea menor que a encontrada em solos mais pobres (Sturion, 1981).
As características nas quais as empresas florestais se fundamentam, para
classificação da qualidade das mudas de eucaliptos, são baseadas na avaliação das
plantas pertencentes à unidade amostral, na qual são considerados os parâmetros: altura
média (entre 15 e 30cm), diâmetro do coleto (2 mm), sistema radicular (desenvolvimento,
formação e agregação), rigidez da haste (amadurecimento das plantas), número de pares
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de folhas (mínimo de três), aspecto nutricional (sintomas de deficiência) e resistência a
pragas e doenças (sanidade) (GOMES et al., 1996).
2. Parâmetros de verificação
É um indicador que sozinho não tem muita importância, pois através de uma
adubação nitrogenada excessiva, pode ocorrer maior crescimento em altura, e como
conseqüência um enfraquecimento geral aumentando a mortalidade no plantio.
Na prática, verifica-se a ocorrência de menor mortalidade entre mudas de menor
altura do que nas mais altas.
Quanto ao desenvolvimento no campo, existe muita controvérsia quanto à relação
altura no viveiro/sobrevivência no campo.
b. Diâmetro do coleto
Vários trabalhos indicam que mudas com maior diâmetro de coleto apresentam
maior sobrevivência no campo.
Se for necessário utilizar mudas com maior altura do que o normal, como por
exemplo num plantio em área com grande concorrência com outro tipo de vegetação, é
recomendável que estas tenham grandes dimensões de diâmetro de coleto.
a. Influência do sítio
Sempre que se arranca uma muda, esta sofre traumatismo nas raízes, levando a
brotações.
Na repicagem, deve-se observar que é fácil produzir deformações nas raízes, o
que leva a um menor desenvolvimento do sistema radicular. Essas deformações podem
ser evitadas ou diminuídas com um sulco ou furo de profundidade suficiente, posição
correta da muda em relação ao sulco ou furo e poda de raiz antes da repicagem.
b.4. Embalagem
b.5. Adubação
IMPLANTAÇÃO FLORESTAL
1. Introdução
Entende-se por "implantação", o conjunto de operações que vai do preparo do solo
até o momento no qual o povoamento possa se desenvolver sozinho, ficando o restante
da rotação por conta das operações de manejo e proteção florestal.
Embora a implantação seja uma fase de alta importância para o bom
desenvolvimento da cultura, ainda não se tem equipamentos adequados para todas as
suas fases, sendo utilizados equipamentos agrícolas adaptados.
As operações de implantação consistem em:
2. Preparo da área
6a8m
Estrada secundária
30 ha N
Aceiro de divisa
15 m Estrada de escoamento (L-O)
Aceiro
S
4a5m 4a5m
10 m
2.2. Desmatamento
Para o desmatamento, pode-se utilizar basicamente três processos:
2.2.1. Correntão
É utilizado em áreas com vegetação mais fraca (diâmetro inferior a 45 cm), sem
pedras ou depressões, de declividade suave e densidade inferior a 2500 árvores ha-1.
Com uma corrente pesada, puxada por dois tratores de esteiras, passa-se sobre a
área, cortando o declive em faixas de 25 a 50 m, e novamente em arrepio, para facilitar o
trabalho de enleiramento (Figura IV-2). Em áreas leves de cerrado, dois tratores de pneus
com proteções nas rodas e pesos, podem realizar um bom trabalho com correntes não
muito longas.
A corrente deve ter um comprimento total de 90 a 150 m, levando-se em conta que
o seu tamanho deve ser de 2 a 3 vezes a distância entre as máquinas. O seu peso deve
variar de 50 a 120 kg m-1. Deve ter de 30 em 30 m e no engate das máquinas,
destorcedores para evitar rupturas.
Devido à necessidade de grandes distâncias para que esse trabalho torne-se
econômico, recomenda-se que seja feito em áreas com pelo menos 400 ha, onde seu
rendimento atinge 2 a 4 ha.h-1.
44
25 a 50 m
Normal
Arrepio
2.2.2. Lâmina KG
Para vegetação mais pesada, a lâmina KG faz o corte das árvores a baixa altura.
Depois faz-se o arrancamento dos tocos com o "stumper" e o enleiramento.
a b
45
Figura IV-3 - Tratores de esteiras equipados com lâminas tipo Bulldozer (a) e KG (b).
Quadro IV-2 - Graus de resistência das espécies de Eucalyptus em função das médias de
amostras foliares carregadas segundo a espécime de Atta (SANTANA e ANJOS, 1989)
Atta sexdens
Espécie Procedência Atta laevigata rubropilosa
E. brassiana 8206 AS AS
E. camaldulensis 10544 AS AS
E. cloeziana 9785 AR SS
E. dunnii 9245 AS AS
E. intermedia 8714 RM SS
E. microcorys +27 AS AS
E. nesophila 6675 AR AR
E. pellita 7536 AS AS
E. pilularis 9491 SS AR
E. quadrangulata 8706 AS AS
E. saligna +23 AS AS
E. tereticornis 10054 SS AS
E. torreliana +4 AS AS
E. trachipholia 10378 SS AS
E. urophylla 10140 AS AS
AS - alternadamente susceptível; SS - susceptível; RM - moderadamente resistente; AR - altamente
resistente.
3. Plantio
(a) (b)
Figura IV-5 - Plantadeiras de mudas florestais por meio de tração animal (a) e
mecanizada (b)
3.6. Irrigação
Sem irrigação, o plantio só pode ser feito durante a estação chuvosa. No entanto,
algumas empresas estão plantando o ano todo, utilizando 3 l de água por cova, o que
possibilita a continuidade da contratação de mão-de-obra e aumento da área plantada
anualmente.
A irrigação é feita com carreta pipa tracionada por trator, munida de mangueiras, e
repetida de 1 a 3 vezes, conforme o período, para garantir a sobrevivência e bom
pegamento.
3.7. Replantio
O replantio é feito de 15 a 30 dias após o plantio, se a sobrevivência for inferior a
90%. Em eucalipto, a experiência tem demonstrado que o replantio após 15 dias é
improdutivo, visto que estas plantas não conseguem mais acompanhar as do plantio,
tornando-se na maioria, dominadas.
Se a causa da mortalidade for praga deve-se procurar controlá-la antes do
replantio. Se for doença, fazer o replantio um pouco mais distante da cova afetada.
4. Tratos culturais
Algumas espécies, como os eucaliptos, são sensíveis em sua fase inicial, às
plantas daninhas, necessitando de tratos culturais até o estabelecimento da cultura, que
52
varia com a espécie, região, condições de solo, espaçamento e tratos oferecidos às
plantas. Entretanto, em média, para o pinus a formação se dá aos 4 anos, e para o
eucalipto de 1 a 2 anos. O povoamento pode ser considerado formado a partir do
momento que passa a suplantar a concorrência com outra vegetação.
O número de capinas varia de acordo com a taxa de crescimento das árvores, do
nível de infestação de ervas, do espaçamento e do sistema de preparo de solo. Para o
pinus, em geral usa-se duas capinas no primeiro e segundo anos, e uma capina no
terceiro e quarto anos, enquanto no eucalipto, que fecha rapidamente as copas, faz-se
duas a três capinas apenas.
Os tratos culturais são essenciais para se evitar o atraso no crescimento inicial por
competição, já que deve-se aproveitar o rápido crescimento em altura nessa fase.
A união de um bom preparo do solo, fertilização, seleção e padronização de
mudas, uso de espécies e procedências adequadas, concorrerão para a diminuição dos
tratos culturais, em face à rápida formação do povoamento.
Os tratos culturais podem ser:
4.1. Manual
Só é usado em locais onde a declividade não permite outro tipo de ação, devido
ser oneroso e moroso.
Consiste em roçadas nas entrelinhas e coroamento, gastando-se 10 homens dia-1
ha-1; só para roçada, 8,5 homens dia-1 ha-1 e só para coroamento, 3 homens dia-1 ha-1.
4.3. Químico
É uma alternativa para regiões com dificuldade de mão-de-obra, evitando-se atraso
nas capinas e diminuição no incremento das plantas. Esse trato só é viável se o herbicida
for aplicado somente nas linhas de plantio e quando o custo de mão-de-obra para capinas
manuais for inferior a 1,6 Hh (horas homem-1 ha-1) - MACEDO et al. (1990).
A fitotoxidade dos herbicidas em florestas não tem sido estudada ostensivamente,
mas alguns dados podem ser vistos no Quadro IV-3.
53
Quadro IV-3- Relação de alguns produtos herbicidas testados em reflorestamento e sua
fitotoxidade
Dosagem
Produtos kg ou litro Espécies Fitotoxidade
*IA ha-1
Bromacil1 3,2 E. saligna Morte
Glyphosate1,2 1a3 E. grandis, Pinus taeda Morte
Linuron1 1,5 E. saligna Leve
M.S.M.A. 1 1,77 Eucalyptus e Pinus Severa
Oryzalin1 1,5 a 3 Eucalyptus e Pinus Não
Oxyfluorfen1 0,75 a 1,5 Eucalyptus e Pinus Leve
Oxyfluorfen3 0,24 a 0,48 P. caribaea var. hondurensis Seletivo
Imazapyr 0,75 P. taeda Seletivo
1 2 3
Fontes: - BALLONI e SIMÕES (1979); – CHRISTOFFOLETI et al. (1998); COSTA et al. (2002) ;*IA -
índice ativo
5. Referências Bibliográficas
ARRIGONE, E.B. Palestras sobre formigas. In: Memória de reunião de especialistas
em controle alternativo de cupins e formigas. Brasília: SEMA/IBAMA, 1991.
BALLONI, E.A.; SIMÕES, J.W. Implantação de povoamentos florestais com espécies
do gênero Eucalyptus. Piracicaba: IPEF, 1979. 14 p. (Circular Técnica, 60)
CHRISTOFFOLETI, P.U.; BRANCO, E.F.; COELHO, J.V.G.; BRITVA, M.; GIMENES
FILHO, B. Controle de plantas daninhas em Pinus taeda através do herbicida
Imazapyr. Piracicaba: IPEF, 1998. 13 p. (Circular Técnica, 187)
COSTA, E.A.D. da; MATALLO, M.B.; CARVALHO, J.C.; ROZANSKI, A. Eficiência de nova
formulação do herbicida oxyfluorfen no controle de plantas daninhas em áreas de
Pinus caribaea var. hondurensis Barr. et Golf. Revista Árvore, v. 26, n. 6, p. 683-689,
2002.
MACEDO, P.R.O.; CASTRO, P.F.; RODRIGUEZ, A.V. Sensibilidade econômica do uso de
herbicidas em substituição à mão-de-obra rural junto a algumas atividades florestais
em regiões acidentadas. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6, 1990,
Campos do Jordão. Anais... Campos do Jordão, 1990. V.3, p. 39-43.
PACHECO, P.L. Palestras sobre formigas. In: Memória de reunião de especialistas em
controle alternativo de cupins e formigas. Brasília: SEMA/IBAMA, 1991.
RESENDE, V.F.; NOGUEIRA, P.B.; ZANUNCIO, J.C.; GUEDES, R.N.C. Avaliação de
Carbossulfan, em liberação controlada, para proteção de mudas de eucalipto contra
cupins de solo. Revista Árvore, v.17, n.1, p.10-15, 1993.
SAAD, O. Máquinas e técnicas de preparo inicial de solo. São Paulo, Nobel, l977.
SANTANA, D.L.Q.; ANJOS, N. Resistência de Eucalyptus spp (Myrtaceae) à Atta sexdens
rubropilosa e Atta laevigata (Hymenoptera: Formicidae). Revista Árvore, v.13, n.2,
p.174-181, 1989.
ZANATTO, A.C.S.; YOKOMIZO, N.K.S.; MATSUBARA, W.I. Eficiência de herbicidas pré-
emergentes na implantação de florestas de Pinus caribaea var. caribaea Barreto e
Golfari. Boletim Técnico do Instituto Florestal, v.38, n.1, p.73-82, 1984.
ZANUNCIO, J.C.; COUTO, L.; ZANUNCIO, T.V.; FAGUNDES, M. Eficiência da isca
granulada Mirex-S (Sulfluramida 0,3%) no controle da formiga-cortadeira Atta
bisphaerica Forel (Hymenoptera: Formicidae). Revista Árvore, v.17, n.1, p.85-90,
1993.
CAPÍTULO V
MANEJO FLORESTAL
1. Introdução
2. Desrama
A desrama só é feita nas árvores que ficarão para o corte final em povoamentos
que sofrerão desbaste, pois este garante a dominância das árvores desramadas e ajuda
na cicatrização dos cortes. Deve-se considerar também que em sítios ruins a desrama
pode não ser bem sucedida.
Nos povoamentos sujeitos a incêndios e a ataque de insetos e doenças que
preferem madeira morta, a desrama deve ser estudada com cautela, pois é necessário a
retirada do material residual.
A desrama deve ser iniciada logo que os primeiros galhos começarem a morrer,
em geral logo após a formação do povoamento.
Para o eucalipto, que em boas condições está formado quando atinge 4 m de
altura a 1,5 ano, já poderia receber a primeira desrama, à altura das mãos de uma pessoa
(até 2 m de altura). Como nessa idade as árvores tem ramos desde a base, a desrama
seria de 50% da copa, o que poderia ser prejudicial ao desenvolvimento geral das plantas,
além de neste momento não se ter condições de definir as melhores árvores para o corte
final. Assim, abre-se uma exceção, e a desrama deverá começar além do período de
formação, a não ser que se faça necessário para facilitar os tratos.
As desramas subseqüentes vão sendo mais altas, até a altura que se deseje um
fuste limpo.
O número de desramas depende da rotação, do crescimento, da finalidade e da
qualidade geral do povoamento, situando-se entre uma e quatro. O momento adequado
para se proceder a desrama pode ser determinado em função do diâmetro do núcleo
nodoso.
O diâmetro do núcleo nodoso deve ser definido previamente. Este diâmetro
pode auxiliar na determinação do momento de promover nova desrama, que ocorrerá
toda vez que a parte superior da desrama anterior atingi-lo, como se observa na Figura V-
1. A sua principal finalidade é a produção de madeira isenta de nós mortos (Figura V-1b),
que são depreciativos pois podem soltar-se ao longo do tempo, na madeira trabalhada.
Na Figura V-1c pode-se observar à esquerda um disco de madeira de pinus com efeito da
58
desrama e conseqüente restrição da região de nós mortos na área central (núcleo
nodoso), e à direita o inverso, com nós espalhados por todo o disco.
12 m
(b)
6m
2m
Núcleo nodoso
(c)
(a)
Figura V-1 - (a) Simulação da definição do núcleo nodoso; (b) tronco descascado
mostrando a formação de nós mortos; (c) discos de tronco desramado com núcleo nodoso
(esquerda) e de tronco não desramado sem o núcleo (direita).
e. Ferramentas
Com um serrote comum um operador pode fazer a primeira desrama até 2,5 m do
chão (o rendimento é de 250 árvores homem-1 dia-1 ); para a segunda, até 6 m, a
ferramenta pode ser montada em um cabo (rendimento de 200 árvores homem-1 dia-1);
para a terceira, até 12 m, usando uma escada de 6 m (rendimento de 50 árvores homem-1
dia-1).
Deve-se evitar ferramentas que cortam por impacto, devido à: possibilidade de
rachadura, que pode levar à morte do toco; permanência de um toco longo; possibilidade
de causar traumatismos na casca, facilitando a infestação de organismos patogênicos. No
entanto, algumas empresas se utilizam de uma foice bem curva e afiada, que pode render
340 árvores homem-1 dia-1.
3. Desbaste
D D D
CD CD CD CD
I I
DD
DD S DD
S S
a. Grau de desbastes
b. Intensidade de desbastes
1º 2º 3º Corte
final
350 339 339 339
328
77 100 55
-66 -100 -55
284
262
Volume m3 262
239
175
87
0
0 7 11,5 18 23
Idade (anos)
a. Quanto ao corte
Espaçamento
pré-determinado
(EPD)
Espaçamento
em linhas
pré-determinadas
(EFD)
Espaçamento
em faixas
pré-determinadas
Quanto mais denso o povoamento, menor a área das copas com relação aos
fustes, e quanto maior a densidade, menor o incremento em DAP. Baseado nessas
relações, pode-se determinar o número máximo de árvores por ha:
π × dc 2 10.000 m 2
dc = a + b(DAP) ac = Nha −1 =
4 ac
dc = diâmetro de copa
ac = área de copa
a, b = constante e parâmetro da regressão
Nha-1 = número máximo de árvores por ha
Após a obtenção da equação dc, aplica-se o DAP futuro desejado. A seguir
determina-se ac, e conseqüentemente, o Nha-1. Uma subtração fornece o número de
árvores a serem cortadas.
No Apêndice encontra-se o método de cálculo para estimação dos parâmetros de
regressão para a equação da reta, baseado no método dos mínimos quadrados.
65
b.2. Método baseado na área basal ideal
A área basal (G) é obtida através da média dos diâmetros entre as árvores
dominantes e co-dominantes, considerando-se que tal diâmetro representa a média ideal
do povoamento.
A área basal deve ser acompanhada periodicamente até que atinja a estagnação.
Nesse momento tem-se a G máxima, quando então procede-se ao desbaste, e assim
sucessivamente cada vez que ela for alcançada.
No momento da estagnação procede-se assim:
a) monta-se unidades de amostra onde se faz a marcação das árvores potenciais
ao desbaste;
b) determina-se a distância entre elas, encontrando-se assim a distância média
( d );
c) divide-se 10000 2 , obtendo-se o número de árvores potenciais ao desbaste e
d
calcula-se a % de extração;
d) através da seguinte fórmula calcula-se o diâmetro futuro:
1
dF = D a ×
1− P
100
Da = diâmetro atual
P = % de extração
e) o intervalo entre dois desbastes pode ser calculado pela fórmula:
dF− D a
I=
IPA d
IPAd = incremento periódico anual em DAP entre dois desbastes
Para os métodos que não indicam o momento ideal do desbaste, pode-se usar a
taxa percentual de crescimento em DAP ou G para uma aproximação:
em DAP
D− d
t= × 100
d
Quando esta taxa atingir 2% a 3% pode ser feito o desbaste.
em G
Ga − G
t= × 100
G
Quando esta taxa atingir 4% a 6%, pode-se realizar o desbaste.
66
3.6. Planos de desbaste
Nos Quadros V-2, V-3 e V-4 e Figuras V-5, V-6 e V-7 exemplificam-se planos de
desbastes, que não devem ser generalizados para todas as condições.
1º 2º
16 anos
CR
1º 2º CR
1º
11 anos
2º
16 anos
CR
Quadro V-6 - Plano de desbaste e estimativa de produção para ciclo longo (Pinus spp
espaçamento 2 x 2 m)
4. Resinagem
% da Corte: 2 mm
circunferência Larg. canal: 1 cm
Prof. canal: 0,5 cm
70º
17
cm
O procedimento é o seguinte:
a. Raspagem - como em qualquer método descendente, a face de resinação
começa na altura máxima que o resineiro pode alcançar (1,7 m a 2,0 m);
b. Instalação e corte das faces - na parte superior da face marca-se um "V" cujo
ângulo tenha de 60 a 70 graus de abertura. Do seu vértice faz-se um canal de 1,0 cm de
largura, por 0,5 cm de profundidade e 17 cm de comprimento, para o escorrimento da
resina. Na extremidade inferior do canal fixa-se a calha de bambu ou metal. Na China
usa-se o esquema do Quadro V-8 para determinar a largura da face de corte.
71
Quadro V-8 - Largura da face de corte em função do período de resinagem
Inicia-se então o corte, podendo-se utilizar o "jebong", sendo o primeiro com 0,5
cm de largura e profundidade suficiente para atingir o cambio. Os cortes posteriores são
feitos com 2 mm de largura, repetidos a cada dois dias.
50% da
circunferência
Área
cortada: 15 mm
Área não
cortada:
10 a 15 mm
O manejo para produção de óleo pode ainda produzir lenha, postes e toras.
Planta-se em alta densidade (2 x 0,5 m a 3 x 1 m) e a primeira coleta é feita a partir do
73
primeiro ano. Coleta-se as folhas até 1/4 da copa, passando a ser mais intensos com o
desenvolvimento das plantas, e no ano seguinte realiza-se o corte total das árvores
fazendo-se a segunda coleta de folhas. Se o objetivo for principalmente a produção de
óleo, aconselha-se um espaçamento de 3 x 1,5 m, para favorecer a penetração de luz, a
expansão lateral da folhagem, as operações de manejo e colheita.
Deve haver preferência pela coleta de folhas durante os meses de estiagem, pois
neste período a concentração das essências no óleo é maior em função do menor teor de
umidade das folhas (GALANTI, 1987).
A madeira do segundo corte de folhas só serve para lenha, produzindo 40 a 60 st
-1
ha . As árvores rebrotarão, e no próximo ano executa-se a desbrota, com aproveitamento
das folhas, deixando-se 2 a 3 brotos por cepa. Estes brotos também são desramados. O
ciclo é repetido enquanto for econômico, sendo em geral de 5 a 6 anos quando a
pretensão é a produção de lenha no final do ciclo. A produção de folhas tem sido de 8 a
12 t ha-1.
No caso de se desejar a produção de postes ou toras, antes do primeiro corte
raso faz-se a seleção das árvores que permanecerão.
Como ilustração, na Figura V-10 pode-se observar a operação de colheita de
folhas, cuja seqüência de trabalho é o amontoamento. Nesta fase, os montes não devem
ser muito volumosos e só devem permanecer no campo por poucas horas ou no máximo
até o dia seguinte, o que facilita a perda de água e evita a fermentação.
Figura V-10 - Operação de colheita de folhas para extração de óleo essencial (GALANT,I
1987).
GALANTI (1987) descreve uma pequena destilaria de óleo essencial, não apenas
de eucalipto, com capacidade produtiva de 120 kg de óleo por dia:
a) caldeira (Figura V-11a) para produção de vapor a ser injetado nas dornas;
b) dornas (Figura V-11b), em geral no mínimo duas, onde são depositadas as
folhas, as quais receberão o vapor pela parte inferior. O vapor arrasta o óleo
do interior das folhas durante aproximadamente 50 a 60 minutos, e sai pela
parte superior, até atingir o condensador;
c) condensador (Figura V-11c), cuja função é a transformação do óleo e água em
forma de vapor para o estado líquido, através do contato com as paredes
74
resfriadas de tubos de alumínio por onde o vapor se move. A mistura líquida é
então destinada ao separador;
d) separador (Figura V-11d): todo o destilado entra no tanque, onde por diferença
de densidade o óleo permanece na superfície da lâmina d'água. Após o
término da destilação, injeta-se água neste tanque, de modo que o nível suba
e o óleo saia para um recipiente de captação, no caso um balde.
(a) (b)
(c) (d)
Figura V-11 - Equipamento básico para produção de óleo essencial: caldeira (a), dornas
(b), destilador (c) e separador (d).
Figura V-12 - Folhas retiradas das dornas após o processo de arraste do óleo essencial,
denominado "bagacinho".
Mais detalhes sobre cada fase e equipamentos utilizados podem ser obtidas em
GALANTI (1987).
6. Idade de corte
60 IMA
Incremento (m )
3
40
ICA
Idade de
20 rotação
técnica
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Idade (anos)
7. Florestas de preservação
BOLAND, D.J.; BROPHY, J.J.; HOUSE, A.P.N. Eucalyptus leaf oils: use, chemistry,
destillation and marketing. Melbourne: Inkata Press, 1991. 252p.
BRAGA, H.C. Os óleos essenciais no Brasil: estudo econômico. Rio de Janeiro:
DNPA, 1971. 158p.
GALANTI, S. Produção de óleo essencial do Eucalyptus citriodora Hoecher, no
município de torrinha, estado de São Paulo. Viçosa: UFV, 1987. 50 p. (Monografia).
GARRIDO, L.M.A.G.; GARRIDO, M.A.O.; SILVA, H.M.; CARBALLAL, M.R. Estudo
matemático de alguns componentes da produção diária de resina. Boletim Técnico do
Instituto Florestal, v.38, n.1, p.47-71, 1984.
KIEFFER, H. Exploração de plantas aromáticas e óleos essenciais. In: SIMPÓSIO DE
ÓLEOS ESSENCIAIS, 1, São Paulo, 1986. Anais... São Paulo, Fundação Cargill,
1986. P.15-20.
NICOLIELO, N. Obtenção de resinas em regiões tropicais. Silvicultura, v.8, n.33, p. 27-
32, 1983.
RIBAS, C.; GARRIDO, L.M.A.G.; GARRIDO, M.A.O.; ASSINI, J.L.; BOAS, O.V. Produção
de resina e influência no crescimento dendrométrico em árvores de Pinus elliottii Eng.
var. elliottii, de diferentes diâmetros.
RIBAS, C.; GURGEL GARRIDO, L.M.A.; GARRIDO, M.A.O.; ASSINI, J.L.; ROCHA, A.D.
Resinagem de Pinus - Comparação entre técnicas operacionais e estimulantes
químicos. BoletimTécnico do Instituto Florestal, v.38, n.1, p.35-46, 1984.
78
Exercícios complementares
Árvores com 5 DAP (cm) var. dc (m) var. Yi XiYi Xi2 Yi2
anos Xi
1 15 2
2 15,5 2,3
3 16,8 3
4 16 2,5
5 15,7 2,4
6 16 2,8
7 17 2,9
8 17 3
9 15,5 2,5
10 14 2
∑ 158,5 25,4
Média 15,85 2,54
Idade (anos) Volume (m3 ha-1 ano-1 ICA (m3 ha-1 ano-1) IMA (m3 ha-1 ano-1)
1 2
2 10
3 50
4 150
5 315
6 480
7 590
8 660
9 710
CAPÍTULO VI
COLHEITA FLORESTAL
2. Sistemas de colheita
Embora nesse sistema use-se principalmente atividades manuais, ele pode ter
algum grau de mecanização.
Abate-se a árvore, e no mesmo local realiza-se o desgalhamento, destopamento,
desdobramento e descascamento eventual. As toras apresentam comprimento variável de
1 a 6 m (Figura VI-1), dependendo do índice de mecanização empregado, o qual está
ligado especialmente à topografia. Ainda é o sistema predominante no Brasil.
Abate
1a6m
Abate
Variável
Variável
3.1. Corte
Pode ser realizada tanto no local de corte como na área de processamento. Se for
possível deve-se arrastar e amontoar as árvores em feixes, onde se pode utilizar um
motosserra de sabre longo aumentando a produtividade.
A produtividade desta operação está em função do diâmetro das árvores,
comprimento dos toretes, disposição das árvores na queda, topografia, tipo de ferramenta
empregada, treinamento do operador.
3.3. Descascamento
(a) (b)
(a) (b)
(c)
3.5. Carregamento
Caminhão articulado
3.7. Descarregamento
Figura VI-9 - Disposição de campo, num sistema manual para obtenção de madeira curta,
com ou sem casca.
São sistemas utilizados para madeiras industriais, em toras curtas, para celulose,
chapas ou carvão. Dependendo se o manejo é o corte raso de eucalipto ou desbaste dos
povoamentos de pinos, ou ainda em alguns casos de corte seletivo, a estrutura dos
sistemas mecanizados assumem estruturas diferentes.
91
a. Sistema mecanizado para cortes rasos
É o mais usado no Brasil, devido aos rendimentos alcançados e da redução de
mão-de-obra. Um único operador realiza o corte, o desgalhamento, a picagem e o
amontoamento, utilizando uma motosserra leve e equipamentos auxiliares (ganchos,
trena e barra para auxiliar a derrubada). Esse sistema é de difícil implantação, pois
necessita de alto grau de treinamento e planejamento para todas as operações.
Em geral a madeira fica amontoada no campo, e o descascamento eventual é
feito por equipamento acoplado ao trator agrícola. Nesse sistema, a linha de resíduos é
centralizada de forma a permitir que o "forwarder" transite sobre ela, evitando danos ao
solo e aos pneus da máquina. Na Figura VI-10 vê-se o esquema de campo.
Linha de resíduos e
Entrada de veículos
Figura VI-10 - Disposição geral de campo do sistema mecanizado para cortes rasos, a fim
de produzir madeira industrial.
N P K Ca Mg N P K Ca Mg
12000 3000
g de nutrientes / t de madeira
g de nutrientes / t de casca
10000 2500
8000 2000
6000 1500
4000 1000
2000 500
0 0
30 40 50 60 70 80 30 40 50 60 70 80
Idade (meses) Idade (meses)
(a) (b)
N P K Ca Mg N P K Ca Mg
7000 14000
g de nutrientes / t de raízes
g de nutrientes / t de copa
6000 12000
5000 10000
4000 8000
3000 6000
2000 4000
1000 2000
0 0
30 40 50 60 70 80 30 40 50 60 70 80
Idade (meses) Idade (meses)
(c) (d)
6. Referências bibliográficas
1. Regeneração
Neste capítulo será tratada a reforma do ponto de vista silvicultural, ou seja, após
tomada a decisão de fazê-la, quais as estratégias e técnicas a serem aplicadas.
A tomada de decisão envolve fatores técnicos e econômicos que não serão
abordados aqui. Entretanto, pode-se citar duas metodologias de análise econômica de
uso relativamente simples, por meio das quais pode-se obter o valor presente total da
floresta em análise, considerando-se vários anos futuros, de modo a que se tenha um
parâmetro para decidir quando substituir o atual povoamento. São elas a metodologia de
BAKER (1979)e a de CLUTTER et al. (1983), e que foram suficientemente detalhadas no
trabalho de RIBAS (1989), que pode ser o ponto de partida para os interessados em se
aprofundar mais neste tema.
A regeneração da floresta é o seu processo de recuperação, garantindo sua
continuidade, visando nova rotação após o primeiro corte final que pode ser total ou
parcial, dependendo dos objetivos da empresa.
Em silvicultura raramente se utiliza a semeadura direta no campo. Os processos
mais comuns são a regeneração através de plantio de mudas (provenientes de mudas ou
enraizamento de estacas) e brotação de cepas.
A brotação de cepas é conduzida no caso da espécie cultivada apresentar boas
condições de brotação, como é o caso de várias espécies de Eucalyptus, Tectona grandis
e a Gmelina arborea.
Após sucessivos cortes, a sobrevivência das cepas se reduz a ponto de se tornar
antieconômica a regeneração por brotação, seja devido à queda na capacidade de brotar,
seja devido à idade do toco ou seja devido à queda nas reservas nutricionais da área
abrangida pelas cepas. Com eucalipto pode-se conseguir até três rotações econômicas
por esse processo.
97
1.1. Condução da brotação
Custo (US$.ha-1)
Princípio ativo Dose (g.l-1)
Costal/Manual Mecânica
Triadimenol 0,50 51,90 66,39
Diniconazole 0,15 32,16 46,65
Oxicarboxin 1,05 35,19 49,68
98
Normalmente o número de brotos é grande, havendo necessidade de desbrota,
deixando-se 2 a 3 brotos vigorosos e bem fixos. O número de brotos a ser deixado
depende do objetivo do povoamento e do diâmetro das cepas. Para o caso de florestas
energéticas tem-se usado deixar até 6 brotos. Para eucalipto, COUTO (1973) cita que o
volume final de madeira é maior quando se deixam três brotos, em vez de dois ou um,
consecutivamente.
Quando a produção esperada na rotação seguinte for baixa e antieconômica
devido à alta porcentagem de falhas, existem duas alternativas: o interplantio, o
adensamento e a reforma total.
1.2. Interplantio
A floresta pode apresentar um número muito grande de falhas que vão refletir na
produtividade futura. O interplantio visa diminuir o número destas falhas, e é usado do
primeiro corte em diante, no sistema de brotação.
Conceitualmente, interplantio é o plantio de mudas da mesma espécie, nas falhas
de brotação, ao lado da cepa não brotada.
Em solos pobres, as falhas de eucalipto cortado aos 7 anos podem chegar a 50%.
Um dos maiores problemas do interplantio é o rápido crescimento dos brotos com
relação às mudas. Para diminuir a diferença, as mudas utilizadas devem ser bem
desenvolvidas em plantadas em covas adubadas mais largas do que o usual para cortar
as raízes das cepas ao redor. Além disso pode-se fazer o rebaixamento geral da brotação
com roçada manual, para garantir um povoamento mais uniforme.
A decisão entre reforma e interplantio está relacionada com o manejo e o material
genético do povoamento. Se estes forem inadequados na primeira rotação, o interplantio
não é recomendado de modo algum. Em contrapartida, se o povoamento apresentou bom
rendimento na 1a rotação e, por alguma razão, tenha tido baixo índice de sobrevivência, o
interplantio pode se tornar interessante (MARTINI et al., 1984). Se a queda na
produtividade da próxima rotação for devido à baixa qualidade genética das sementes, a
melhor opção é a reforma.
Os mesmos autores acima indicam que só há ganho volumétrico com o
interplantio quando as falhas forem acima de 60%.
1.3. Adensamento
A. NOÇÕES DE DENDROMETRIA
1. Introdução
Figura VIII-1 - Verruma ou trado, utilizada para obtenção de material para análise de anéis
de crescimento.
16,50
15,00
13,45
11,75
10,25
7,25
5,80
4,30
2,80
1,30 DAP
0,30
0
0 21,8
Diâmetro (cm)
pmd
pmd
1,30m
pmd
1,30m
1,30m
pmd pmd
pmd
pmd 1,30m 1,30m 1,30m
1,30m
Sempre que possível deve-se usar medir o CAP em lugar do DAP, pois como π =
3,1416, um erro de 1,0 cm no DAP corresponde a mais de 3,0 cm no CAP, enquanto que o
mesmo erro no CAP corresponde a menos de 0,3 cm em DAP.
Dentre os instrumentos usados para medir o diâmetro cita-se: a fita diamétrica,
dendrômetro de Friedrich, relascópio de Bitterlich (Figura VIII-4a), visor de diâmetro de
Bitterlich (Figura VIII-4b) que é semelhante a uma suta, telerelascópio de Bitterlich (Figura
VIII-4c), a barra de Biltmore (Figura VIII-4d), o garfo de diâmetro (Figura VIII-4e). Há um
instrumento utilizado para a medição permanente de diâmetro, que é fixado no tronco da
árvore, utilizado para quando se deseja medidas precisas de incremento periódico, que
pode ser denominado registrador diamétrico (Figura VIII-4f), a suta (Figura VIII-4g), o
prisma ou cálibre prismático de Wheeler (Figura VIII-4h).
(b)
(c)
(a)
(d)
107
(e)
(f)
(g)
(h)
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
DAP (CM) CAP (cm)
1,0 3,15
1,5 4,71
2,0 6,28
1 1,5 2 2,5 3 2,5 7,85
3,0 9,42
CAP = DAP . π
4. Estimação da altura
Diversas alturas podem ser utilizadas, de acordo com a finalidade (Figura VIII-9):
109
H = (S.h)/s
S
s
A barra de Biltmore, apresentada no item 3.1 deste mesmo capítulo, também pode
ser utilizada na estimação da altura de árvores. O princípio de construção e uso é
semelhante à barra para diâmetros, cujos detalhes encontram-se no Anexo D.
(b)
113
(a)
(c) (e)
(d)
(f)
(g)
Figura VIII-14 - Clinômetro de Suunto (a), nível de Abney (b), hipsômetro de Blume-Leiss
(Figura VIII-14c), hipsômetro de Haga (Figura VIII-14d), hipsômetro de JAL (e),.hisômetro a
laser (f), vertex a laser (g),
114
Quadro VIII-2 - Fatores de correção de alturas em função da declividade
Graus Tangentes Fator (f) Graus Tangentes Fator (f)
4 0,0699 0,01 17 0,3057 0,09
5 0,0875 0,01 18 0,3249 0,09
6 0,1051 0,01 19 0,3443 0,10
7 0,1228 0,01 20 0,3640 0,11
8 0,1405 0,02 21 0,3839 0,12
9 0,1583 0,02 22 0,4040 0,13
10 0,1763 0,03 23 0,4245 0,14
11 0,1944 0,03 24 0,4452 0,16
12 0,2126 0,04 25 0,4663 0,18
13 0,2309 0,04 26 0,4877 0,19
14 0,2493 0,06 27 0,5095 0,21
15 0,2679 0,07 28 0,5317 0,21
16 0,2867 0,08
Cada aparelho tem sua própria precisão, sendo uma fonte de erro que já está
implícita no resultado, mesmo que não se cometa nenhuma outra falha. Entretanto,
supondo que toda a medição de altura que se pretende fazer seja feita com o mesmo
instrumento, a maior fonte de erros, além da habilidade do operador, encontra-se na
posição inclinada das árvores e na forma ou invisibilidade da copa (dentro de um
povoamento denso e alto, em geral torna-se difícil observar o topo da copa) - Figura VIII-15.
Exemplificando: se o operador observa uma árvore inclinada em sua direção, a
altura real será menor do que a altura lida; se ele observa uma árvore inclinada em direção
contrária a sí, a altura real será maior do que a altura lida.
Um modo de diminuir um pouco o erro devido à inclinação, é fazer as leituras pelo
perfil da árvore.
115
Hb
Ha
a b
Figura VIII-15 - Ilustração dos erros cometidos na medição de altura em árvores inclinadas
e devido à invisibilidade da copa.
5. A forma da Árvore
Observa-se dentro da floresta uma grande variação na forma dos fustes das
árvores, sendo uns mais cilíndricos ou cônicos que outros. Esta variação do diâmetro na
extensão do fuste é conhecida como "taper", e varia segundo a espécie, a idade e as
condições do sítio.
O volume preciso de uma árvore só pode ser tirado (teoricamente) de uma árvore
abatida através da cubagem rigorosa. No entanto, é inviável obter o volume de um
povoamento cubando rigorosamente todas as árvores das parcelas levantadas no
inventário. Desenvolveu-se então alguns métodos para encontrar o volume com grande
precisão de árvores em pé, sem que seja necessário abater todas elas. São os conhecidos
fatores de forma, que são obtidos através da cubagem de um determinado número de
indivíduos abatidos.
O fator de forma (f) é o mais simples, pelo fato de ser necessário apenas o DAP e
a altura, e compõe-se da razão entre o volume da árvore e o volume de um cilindro que
possua um diâmetro igual ao DAP da árvore. Este fator portanto, só pode ser conhecido
após a determinação do volume real da árvore, podendo-se empregar para isto qualquer
método de cubagem.
Sendo g a área da base do cilindro (área seccional correspondente ao DAP) e h a
altura, o volume cilíndrico é dado por:
Vcil = g× h
116
De posse do volume verdadeiro obtido através da cubagem rigorosa, o fator de
forma é calculado por:
Vreal
F1,3 =
Vcil
Já foram vistas todas as variáveis que compõem o cálculo do volume das árvores,
ou seja, o diâmetro, a altura e o fator de forma.
Entre as espécies, ou mesmo entre indivíduos dentro de um povoamento
homogêneo, existem diferenças entre as formas das árvores, dando tipos geométricos
definidos.
As árvores nos povoamentos tendem a ter seus troncos mais parecidos com
formas geométricas definidas do que quando estão isoladas. Neste caso o cálculo preciso
do volume é mais difícil, necessitando muitas vezes do auxílio de um xilômetro.
Partindo do princípio da semelhança entre a forma das árvores e as figuras
geométricas, os estudos de geometria resultaram em fórmulas e métodos com a finalidade
de cubar o volume de árvores abatidas ou em pé.
Dentre os métodos para cálculo de volume cita-se:
O tronco de uma árvore pode muitas vezes apresentar em sua extensão várias
formas geométricas, quer sejam:
o cilindro - V = g × L g - área seccional L - comprimento
g× L g× L g× L
o neilóide - V= o parabolóide - V = o cone - V=
4 2 3
117
as quais devem ser usadas para cada parte isoladamente.
De acordo com a forma do tronco ou secção utiliza-se uma fórmula, e as três
seguintes são as mais utilizadas:
a. Fórmula de Newton
gi gm gf
Figura VIII-16 - Ilustração para tomada de medidas sobre a tora, pelo método de Newton.
Ln
b. Fórmula de Huber
gm
L
Figura VIII-18 - Ilustração para tomada de medidas sobre a tora, pelo método de Huber.
Para o volume total procede-se do mesmo modo que foi feito com a fórmula
anterior:
g5 × L n
Vt = L × ( gm1 + gm2 + gm3 + gm4 ) +
3
c. Fórmula de Smalian
gi gf
L
Figura VIII-19 - Ilustração para tomada de medidas sobre a tora, pelo método de Smalian.
1,0 m
1,0 m
INTRODUÇÃO
O Inventário Florestal é a base para o planejamento do uso dos recursos florestais,
através dele é possível a caracterização de uma determinada área e o conhecimento
quantitativo e qualitativo das espécies que a compõe.
Os objetivos do Inventário são estabelecidos de acordo com a utilização da área,
que pode ser área de recreação, reserva florestal, área de manutenção da vida silvestre,
áreas de reflorestamento comercial, entre outros.
No caso das florestas com fins madeireiros, por exemplo, o inventário florestal visa
principalmente a determinação ou a estimativa de variáveis como peso, área basal,
volume, qualidade do fuste, estado fitossanitário, classe de copa e potencial de
crescimento da espécie florestal.
CLASSIFICAÇÃO
1. Quanto ao detalhamento, os inventários classificam-se em:
Inventários Florestais de Reconhecimento
Fornecem informações generalizadas que permitem identificar e delimitar áreas de
grande potencial madeireiro, detectar áreas que sejam passíveis de uso indireto
(recreação, lazer), indicar áreas com vocação florestal, entre outros.
Inventários florestais de Semidetalhe
Este tipo de levantamento é realizado com base nos resultados do inventário
florestal de reconhecimento, sendo suas principais características: fornecer estimativas
mais precisas relacionadas aos parâmetros da população florestal; ter escala compatível
com o nível de informações que se quer obter (normalmente entre 1:50.000 e 1: 100.000);
permitir a definição de áreas para exploração florestal através de talhões de tamanhos
variáveis normalmente entre 10 e 100 ha
Inventário Florestal de Pré-exploração Florestal
É também conhecido como inventário de 100% de intensidade ou de detalhe,
sendo suas principais características: mensuração de todos os indivíduos existentes na
área demarcada e os cuidados principais relacionados com os erros de medição.
Normalmente o mapa dos talhões é confeccionado numa escala que permita estabelecer
com precisão o plano de exploração florestal ( por exemplo 1:5.000).
2. Quanto à abrangência os inventários podem ser:
Inventário Florestal Nacional
Abrangem países inteiros, visando fornecer bases para a definição de políticas
florestais, para a administração florestal do país e para a elaboração de planos de
desenvolvimento e uso dos recursos das florestas.
Inventário Florestal Regional
Geralmente cobrem regiões fisiográficas, estados ou região de ocorrência natural
de uma determinada espécie, com o objetivo de embasar planos estratégicos de
desenvolvimento regional, adoção de medidas que visem a conservação de certas
espécies, estudo de viabilidade de instalação de indústrias madeireiras, entre outros.
121
Inventário Florestal de Áreas Restritas
São os mais comuns e constituem a maioria dos inventários realizados pelas
empresas florestais. Geralmente visam determinar o potencial florestal para utilização
imediata ou embasar a elaboração de planos de manejo.
3. Quanto à obtenção de dados, os inventários classificam-se em:
Enumeração total ou censo
Ocorre quando todos os indivíduos da população são observados e medidos,
obtendo-se os valores reais. Devido ao alto custo e no tempo necessário neste inventário,
sua realização só se justifica em avaliações de populações pequenas, de grande
importância econômica, ou em trabalhos de pesquisa científica cujos resultados exigem
exatidão.
Amostragem
Constituem a grande maioria dos inventários florestais. Através deste inventário,
observam-se apenas uma parte da população e obtém-se uma estimativa dos seus
parâmetros, a qual traz consigo um erro de amostragem. Geralmente é utilizado em
grandes populações, especialmente quando os resultados devem ser obtidos no menor
espaço de tempo, pelo menor custo e com a precisão desejada.
Tabela de Produção
Constitui a base do manejo florestal, pois expressa o comportamento de uma
espécie ao longo do tempo, em um determinado sítio, submetida a um regime de manejo
definido, desde a implantação até o final da rotação. Neste método são apresentadas as
estimativas dos parâmetros dendrométricos das árvores e dos povoamentos de uma
espécie, por sítio e idade, para um determinado sistema de manejo. Desse modo, pode-
se avaliar uma floresta a partir da identificação do sítio, espécie e idade, obtendo-se as
informações necessárias diretamente na tabela de produção.
4. Quanto à abordagem da população no tempo:
Inventários de uma ocasião ou temporários
São caracterizados por uma única abordagem da população no tempo. Desse
modo, a estrutura de amostragem definida para o inventário é materializada para uma
única coleta de dados. As unidades amostrais são temporárias e, em geral, instaladas
pelo simples balizamento dos seus limites. Assim, finda a coleta de dados, toda a
estrutura de amostragem é abandonada.
Inventários de múltiplas ocasiões ou contínuos
São caracterizados por várias abordagens da população no tempo, isto é, é
repetido periodicamente. Para tanto, a estrutura de amostragem é materializada de modo
duradouro, tendo em vista as sucessivas coletas de dados. As unidades amostrais são
permanentes e materializadas de maneira a permitir sua localização e identificação a
cada nova ocasião do inventário.
TRABALHOS REALIZADOS EM CAMPO
Após o planejamento no qual são definidos os objetivos, os parâmetros mais
importantes do Inventário Florestal e o tipo de amostragem a ser realizado, parte-se para
a execução que compreende a interpretação de imagens e os trabalhos de campo.
Nos trabalhos de campo, as equipes devem ser convenientemente preparadas
para a realização de tarefas como a localização das unidades de amostras, e a obtenção
das variáveis de interesse. As mais freqüentes variáveis obtidas em campo são:
122
Altura: a altura considerada é a comercial, que vai da base da árvore até a
primeira bifurcação significativa. Esta informação pode ser obtida por meio de
qualquer instrumento baseado em relações trigonométricas, como Haga, Blume-
Leis e outros.
Diâmetro: o diâmetro é tomado a 1,30 m do solo, podendo ser obtido por
meio de um aparelho chamado suta ou por uma fita diamétrica.
Distância: pode ser empregada a metodologia do Vizinho Mais Próximo
(VMP), que consiste em considerar as distâncias das árvores a pontos pré-
determinados e aplicar os processos de mensuração e identificação àquelas que
estão mais próximos deles. Deve-se considerar as árvores mais próximas por
classes de diâmetro, que permitirá melhores inferências sobre a estrutura vertical
da floresta. É necessário medir a distância que vai do centro às árvores mais
próximas; tal distância pode ser medida com trena, sendo importante para o cálculo
que cada árvore ocupa dentro do espaço amostral.
Sanidade aparente: diz respeito ao aspecto externo da árvore em que se
avalia a qualidade do fuste o qual poderá apresentar características indesejáveis
como ataque de insetos, apodrecimentos, ocos ou deformações.
Após o levantamento destas variáveis no campo, são realizados cálculos
estatistísticos conforme o tipo de amostragem.
AMOSTRAGEM
A amostragem é o processo mais eficiente e utilizado no Inventário Florestal,
tratando-se de uma ferramenta que permite avaliar uma porção representativa da área,
sendo utilizada em grandes áreas de florestas, em que se torna inviável a medição de
toda a área.
A teoria da amostragem aplicada em florestas tropicais, surgiu no século XIX no
Sudeste Asiático. Em 1850 foi realizado um inventário na Birmânia, numa área de floresta
tropical, utilizando-se o procedimento de amostragem sistemática. As técnicas de
amostragem aplicadas em inventário florestal tiveram grande impulso na década de 30,
com as primeiras publicações a respeito de análises de variância e covariância.
No Brasil, estes métodos foram introduzidos principalmente pelos técnicos da FAO
através da formação dos primeiros engenheiros florestais a partir de 1964 e da primeira
quantificação dos recursos florestais na Amazônia brasileira e sul do país, em fins de
1958 e início de 1960.
De um modo geral, a amostragem realizada em florestas homogêneas como é o
caso de reflorestamentos, é mais fácil do que em florestas heterogêneas como é o caso
das florestas nativas, pois neste caso os custos são mais elevados, uma vez que há
necessidade de uma maior intensidade amostral.
Para facilitar a compreensão de amostragem, é importante o conhecimento dos
seguintes conceitos:
1.Amostra
A amostra pode ser definida como uma parte da população, constituída de
indivíduos que apresentam características comuns que identificam a população a que
pertencem. É importante garantir que a amostra seja representativa da população, ela
deve possuir as mesmas características básicas da população, no que diz respeito à
variável a ser estimada.
123
2.Unidade Amostral
A unidade amostral é o espaço físico sobre o qual são observadas e medidas as
características quantitativas e qualitativas da população. As unidades amostrais podem
ser constituídas por parcelas de área fixa, pontos amostrais ou árvores.
3.Intensidade Amostral
É a razão entre o número de unidades da amostra e o número total de unidades da
população, ou também pode ser expressa pela razão entre a área amostrada e a área
total da população.
4.Classificação da Amostragem
a) Conforme a periodicidade
Uma ocasião: quando é efetuada uma única abordagem na população
considerada.
Multiplas ocasiões: quando são realizadas várias abordagens da mesma
população. Neste caso a amostragem é repetitiva ou periódica e sua realização se
faz em espaços regulares de tempo, sendo que este tipo de amostragem é também
conhecido como monitoramento da população.
b) Conforme a estrutura
Aleatória: quando as unidades amostrais são sorteadas com um critério
probabilístico aleatório. A amostragem aleatória divide-se em dois grupos : a)
aleatória irrestrita: implica que nenhuma restrição é imposta ao processo de
seleção das unidades. B) aleatória restrita, na qual a unidade mínima da
amostragem é dependente de uma prévia restrição imposta à população a ser
amostrada.
Sistemática: consiste na seleção de amostras nas quais o processo
probabilístico caracteriza-se pela seleção aleatória da primeira unidade amostral,
sendo que, a partir da primeira, todas as demais unidades da amostra são
automaticamente selecionadas e sistematicamente distribuídas na população.
Mista: consiste numa seleção amostral envolvendo sempre dois ou mais
estágios, em que haja ou estejam presentes as seleções aleatórias e sistemáticas
simultaneamente. Geralmente nesta estrutura amostral o primeiro estágio é
aleatório.
Dentro destes três arranjos estruturais situam-se os processos de amostragem
mais usados em inventário florestal sendo eles:
b.1. AMOSTRAGEM ALEATÓRIA SIMPLES
Trata-se do processo fundamental de seleção a partir do qual derivam os demais
procedimentos de amostragem, e visa o aumento da precisão das estimativas e a redução
dos custos do levantamento.
Esta amostragem requer que todas as combinações possíveis de unidades
amostrais da população tenham igual chance de serem amostradas, sendo que a seleção
de cada unidade amostral deve ser livre de qualquer escolha e totalmente independente
da seleção das demais unidades da amostra
Neste processo, a área florestal a ser inventariada é tratada como uma população
única. Os principais parâmetros e estimativas obtidos através da amostragem aleatória
simples são: média aritmética, variância, desvio padrão, variância da média, erro padrão,
coeficiente de variação variância da média relativa, erro de amostragem, intervalo de
124
confiança para média, total da população, intervalo de confiança para o total, estimativa
mínima de confiança, estimativas por razões.
b.2. AMOSTRAGEM ESTRATIFICADA
No caso de uma população com grande variabilidade, é possível dividir tal
população em subpopulações ou estratos homogêneos, de forma que os valores da
variável de interesse variem pouco de uma unidade para outra, podendo ser obtida uma
estimativa precisa de uma média de um estrato qualquer, através de uma pequena
amostra deste estrato.
As estimativas dos estratos podem ser combinadas, resultando estimativas
precisas para toda a população. Os principais parâmetros e estimativas obtidos através
deste processo, são: média por estrato, média estratificada, variância por estrato,
variância estratificada, variância da média estratificada, erro padrão, erro de amostragem,
intervalo de confiança para média, total por estrato e para a população, intervalo de
confiança para o total.
b.3. AMOSTRAGEM SISTEMÁTICA
Consiste na seleção de unidades amostrais a partir de um esquema rígido e
preestabelecido de sistematização, com o propósito de cobrir a população, em toda a sua
extensão, e obter um modelo sistemático simples e uniforme.
A localização das unidades amostrais geralmente é mais fácil em uma amostra
sistemática do que em uma aleatória, uma vez que as unidades são distribuídas segundo
uma orientação. Os principais parâmetros e estimativas obtidos através deste processo
são: média, variância da média, erro padrão, erro de amostragem, intervalo de confiança
para média, total estimado, intervalo de confiança para o total.
b.4. AMOSTRAGEM EM DOIS ESTÁGIOS
Consiste na divisão da população em um número de unidades do primeiro estágio
(primárias), as quais podem ser subdivididas em um número de unidades do segundo
estágio (secundárias). As unidades primárias são geralmente pré-definidas em tamanho e
forma, assim como as subunidades ou unidades secundárias que são alocadas das
unidades primárias.
A amostragem em dois estágios é incluída entre os processos aleatórios restritos,
uma vez que o segundo estágio de amostragem fica restrito ao primeiro. Os principais
parâmetros e estimativas obtidos através deste processo são: média da população por
subunidade, média das subunidades por unidade primária, variância por subunidade,
variância da média, erro padrão, erro de amostragem, intervalo de confiança para média,
total da população, intervalo de confiança para o total.
b.5. AMOSTRAGEM EM CONGLOMERADOS
É uma variação da amostragem em dois estágios, em que o segundo estágio é
sistematicamente organizado dentro do primeiro estágio de amostragem. A
sistematização das unidades secundárias dentro das unidades primárias produz a maior
redução dos custos de amostragem devido à flexibilidade e à facilidade operativa de
localização, instalação e medição.
As unidades secundárias são previamente definidas em forma, tamanho e arranjo
espacial, caracterizando assim a fixação estrutural do segundo estágio de amostragem.
Os conglomerados são organizados das mais diversas formas, tamanhos e arranjos
espaciais.
Os principais parâmetros e estimativas obtidos através deste processo são: média
da população por subunidade, média das subunidades por conglomerado, variância da
população por subunidade, variância da média, coeficiente de correlação intra-
125
conglomerados, variância da média relativa, erro padrão, erro de amostragem, intervalo
de confiança para média, total estimado, intervalo de confiança para o total.
b.6. AMOSTRAGEM SISTEMÁTICA COM MÚLTIPLOS INÍCIOS
ALEATÓRIOS
A amostragem sistemática com um início aleatório assemelha-se à amostragem
em conglomerados com um conglomerado apenas, na qual a unidade conglomerada
consiste de um número de subunidades distribuídas uniformemente sobre a população.
Tal amostra fornece uma estimativa eficiente, consistente e sem tendência da média de
tal população. Porém, nenhum método conhecido obtém a estimativa exata da variância
de uma amostra sistemática com um único início aleatório.
Quando são tomados múltiplos inícios aleatórios, a amostra sistemática representa
uma estrutura em conglomerados com várias unidades, e, sendo assim, é possível obter a
estimativa exata da variância. Os principais parâmetros obtidos através deste processo
são: média da população por subunidade, média das subunidades por conglomerado,
variância da população por subunidade, coeficiente de correlação intraconglomerados,
intensidade de amostragem, variância da média, erro padrão, erro de amostragem,
intervalo de confiança para média, total estimado, intervalo de confiança para o total.
b.7. AMOSTRAGEM EM MÚLTIPLAS OCASIÕES
Neste processo são realizadas sucessivas abordagens que permitem avaliar o
caráter dinâmico da população, bem como uma série de variáveis indispensáveis para a
definição do manejo a ser aplicado à floresta em um horizonte de tempo pré-determinado.
As informações obtidas na primeira abordagem são correlacionadas às da
segunda, quando um conjunto de unidades amostrais é remedido em cada uma das
abordagens, permitindo que seja estabelecida uma íntima ligação entre elas. Este
procedimento resulta, no caso dos inventários florestais contínuos, na obtenção de uma
série de informações fundamentais aos manejadores como avaliação do crescimento,
mudanças volumétricas entre outros.
Os parâmetros e estimadores são:
a) Primeira e segunda ocasiões: média, variância, variância da média, erro padrão,
erro de amostragem, intervalo de confiança para a média, total da população, intervalo de
confiança para o total.
b) Mudança ou crescimento: média, variância da média, erro padrão, erro da
amostragem, intervalo de confiança para média, crescimento total estimado, intervalo de
confiança para o total.
5.Métodos de amostragem
Entende-se por método de amostragem a abordagem referente a uma unidade
amostral. A seleção desta unidade amostral é feita de acordo com um critério
probabilístico previamente definido, o qual estabelece o método de seleção. Existem
vários métodos de amostragem, destacando-se entre eles os seguintes:
http://www.arvore.com.br/
Newsletter WWI-UMA – http://www.iuma.org.br
www.arvore.com.br
Sylvio Péllico Netto e Doádi Antônio Brena, UFPR/UFSM, 1993
127
PROCESSOS DE AMOSTRAGEM
1. Introdução
A abordagem da população sobre o conjunto das unidades amostrais, como visto
na classificação da amostragem, pode ser aleatória, sistemática ou mista. Dentro destes
arranjos estruturais situam-se os processos de amostragem mais usados em inventários,
que são os seguintes: amostragem aleatória simples, estratificada, dois estágios,
sistemática, múltiplos inícios aleatórios e em conglomerados.
A seguir serão apresentados os processos de amostragem aleatória simples e
estratificada, com exemplos aplicativos.
A aplicação dos processos de amostragem, será feita sobre a população
apresentada no Quadro A. Essa população representa um povoamento de Pinus sp. com
45,0 ha, enumerada totalmente, através da divisão em 450 unidades amostrais da forma
retangular, com 20 m de largura por 50 m de comprimento, ou seja 1.000 m2 (0,1 ha) de
superfície.
Para cada uma das unidades amostrais são apresentados os volumes totais com
casca, por hectare, obtidos em um censo.
A população foi estruturada em linhas, numeradas de (1 a 30), e colunas,
identificadas pelas letras (a) até (o), para facilitar a identificação das unidades.
Além disso, a população foi dividida em 18 unidades primárias (N), contendo cada
uma delas 25 unidades secundárias (M), identificadas na horizontal peias letras (A, B, C,
D, E e F) e na vertical pelos números romanos (I, II e III). Portanto, cada unidade primária
possui uma área de 2,5 ha.
Por outro lado, o povoamento foi plantado em três épocas distintas, cujas idades
podem ser identificadas do seguinte modo: a área compreendida pelas unidades (1a) até
(10i) tem 6 anos; a área compreendida pelas unidades (10j) a (21h) tem 9 anos; e a área
restante tem 12 anos.
Com base nas idades do povoamento, a população foi dividida em três estratos
identificados pelos algarismos romanos (I, II e III), representando as idades 6, 9 e 12
anos, respectivamente.
A enumeração total da população permitiu determinar os seus parâmetros, ou seja,
os valores reais, verdadeiros ou paramétricos da população. Desse modo, poderão ser
comparados com as estimativas obtidas pelos diversos processos de amostragem,
facilitando a compreensão dos procedimentos e permitindo verificar a eficiência de cada
processo.
128
Quadro A - População de Pinus sp. Com 45 ha, constituída de unidades de 0,1 ha, cujos
volumes são expressos por hectare
2. Parâmetros da população
2.1. Parâmetros por unidade amostral
Os parâmetros da população apresentada no Quadro A, por unidade de 0,1 ha, são
os seguintes:
Média Variância Desvio padrão Coeficiente Total da
de variação população
b) Média estratificada
X st = 22,55m 3 / 0,1ha
c) Variância estratificada
S st2 = 21,385m 3 / 0,1ha
d) Variância entre e dentro dos estratos
S e2 = 44,10 m 3 / 0,1ha S d2 = 21,54 m 3 / 0,1ha
e) Volumes totais por estrato
Y1 = 1.891,40m 3 Y2 = 4.139,52m 3 Y3 = 4.116,58m 3
2.4. Parâmetros da população por faixas
Considerando-se as 30 unidades contíguas de cada coluna da população (a até o)
como uma faixa, tem-se 15 faixas de igual tamanho, ou seja, 3,0 ha cada. Os volumes
médios verdadeiros das subunidade por faixa, suas variâncias, o volume total paramétrico
de cada faixa, bem como a média, variância, desvio padrão e coeficiente de variação
verdadeiros, por faixa, são os seguintes:
130
CV = 2,627%
∑X i ∑X i
i =1 i =1
X= ... parâmetro x= ... estimativa da média da população.
N n
3.3.2. Variância
A variância determina o grau de dispersão da variável de interesse em relação a
sua média.
N n
∑( X ) ∑( X )2
2
i −X i −x
i =1 i =1
S 2
x = ... parâmetro s 2
x = ... estimativa da
N −1 n −1
variância
3.3.3. Desvio padrão
O desvio padrão é obtido, extraindo-se a raiz quadrada da variância, como segue:
S x = S 2
x ... parâmetro s x = s 2
x ... estimativa do desvio padrão
3.3.4. Variância da média
A variância da média determina a precisão da média estimada.
2
S x ⎛ N−n ⎞
S 2
x
= ⎜⎜ ⎟⎟ ... estimativa tomada em função do parâmetro variância
n ⎝ N ⎠
2
s ⎛ N−n
x ⎞
s 2
x
= ⎜⎜ ⎟⎟ ... estimativa tomada em função da estimativa da variância
n ⎝ N ⎠
N− n
onde: = fator de correção para população finita.
N
132
n
Como ( ) é a fração de amostragem (f), o fator de correção pode ser expresso
N
por (1-f). Desse modo a variância da média pode ser estimada por:
s2
s 2x = x (1 − f )
n
3.3.5. Erro padrão
O erro padrão da média expressa a precisão da média amostral na forma linear e
na mesma unidade de medida.
S
( 1− f ) ... estimativa tomada em função do desvio padrão paramétrico
x
S x
=±
n
s
( 1− f ) ... estimativa tomada em função do desvio padrão estimado
x
s x
=±
n
3.3.6. Coeficiente de variação
O coeficiente de variação é uma medida de variabilidade relativa, que permite
comparar a variância de duas ou mais populações. Relaciona o desvio padrão com a
média e, em geral, é expresso em percentagem.
S x s x
CV = ⋅100 ... parâmetro cv = ⋅100 ... estimativa
X x
3.3.7. Variância da média relativa e erro padrão relativo
A variância da média pode ser apresentada em função do coeficiente de variação,
e expressa em forma relativa.
( CV ⋅ X ) 2
V 2
x
= ⋅( 1− f ) ... estimativa tomada em função dos parâmetros (CV) e ( X ) da
n
população
( cv⋅ x ) 2
v 2
x
= ⋅( 1− f ) ... estimativa tomada em função do(cv) e ( x ) estimados
n
Após algumas operações algébricas, a variância da média relativa e o erro padrão
relativo podem ser estimados pelas expressões:
2
s x ( cv ) 2 s x cv
v 2
x
= = ⋅( 1− f ) v x
= = ⋅ 1− f
2
x n x n
3.3.8. Erro de amostragem
O erro devido ao processo de amostragem pode ser estimado para um nível de
probabilidade (1-α), como segue:
t ⋅s x
a) Erro absoluto E a = ± t ⋅s x b) Erro relativo E r =± ⋅100
x
3.3.9. Intervalo de confiança para a média
133
O intervalo de confiança determina os limites inferior e superior, dentro do qual
espera-se encontrar, probabilisticamente, o valor paramétrico da variável estimada. O
intervalo é baseado na distribuição (t) de Student. Sabendo-se que a distribuição (t) é
simétrica em relação à média, tem-se:
x−X
±t = , operando-se esta igualdade, tem-se ± t ⋅s x = x − X , onde:
s x
± t⋅s x é o erro de amostragem absoluto, dado pela diferença entre a média estimada e a
paramétrica.
Em forma de intervalo de confiança tem-se as seguintes apresentações:
IC [ X = x ± t ⋅s x ]= P ou IC [ x − t ⋅s x ≤ X ≤ x + t ⋅s x ]= P
Este intervalo é sempre apresentado para uma probabilidade (P). O valor de (t) é
obtido na tabela de Student para a probabilidade fixada e para os graus de liberdade
definidos por (n-1) unidades tomadas na amostra.
3.3.10. Total da população
Os totais paramétrico e estimado da população são dados pelas expressões:
N
X = ∑X i = N⋅ X . . . total da população X̂ = N⋅ x . . . estimativa do total
i =1
[
IC X̂ − N ⋅ t ⋅s x ≤ X ≤ x + N ⋅ t ⋅s x ]= P
3.3.12. Estimativa mínima de confiança
A estimativa mínima de confiança é similar ao limite inferior do intervalo de
confiança, no entanto, por ser assimétrica, o valor de (t) deve ser tomado para o dobro do
erro de probabilidade.
EMC = x − t ⋅s x
( E %) 2
+
N
admitido.
3.4.2. População infinita
No caso de população infinita o fator de correção (1-f) é desprezado, e a fórmula é
simplificada para:
a) Em função da variância
135
t 2
⋅s 2
x
n=
2
( E %)
b) Em função do coeficiente de variação
t 2
⋅( CV %) 2
n=
2
( E %)
3.4.3. Ajuste da intensidade de amostragem
Considerando que o cálculo da intensidade de amostragem parte de uma
estimativa de variabilidade, cujo número de unidades que a originou pode ser arbitrada e
o valor de (t) é tomado para esse número menos um (n-1) grau de liberdade, é necessário
ajustar a intensidade de amostragem calculada.
O ajuste é feito, a partir da primeira aproximação do cálculo da intensidade de
amostragem (n1), tomando-se novo valor de (t) para (n1-i) graus de liberdade para obter a
segunda aproximação (n2); toma-se novo valor de (t) para (n2-1) graus de liberdade e
calcula se a terceira aproximação (n3); repete-se o procedimento até o valor de (n) tornar-
se constante.
Esse ajuste da intensidade de amostragem compensa, parcialmente, eventuais
deficiências da amostra que gerou as estimativas da média e variância usadas no cálculo
da intensidade de amostragem.
3.5. Aplicação da amostragem aleatória simples
A amostragem aleatória simples é recomendada para os inventários de pequenas
populações florestais, que apresentam grande homogeneidade da variável de interesse e
fácil acesso.
As populações pequenas estabelecem, naturalmente, maior aproximação das
unidades amostrais, o que determina um deslocamento menor entre as unidades e maior
eficiência do trabalho de campo.
As populações homogêneas necessitam menor intensidade de amostragem que as
heterogêneas, para o mesmo erro de amostragem e probabilidade fixados.
Populações com fácil acesso reduzem o custo de deslocamento entre as unidades
e, portanto, diminuem o valor da razão (R), tornando a amostragem mais eficiente.
Em geral, as florestas plantadas satisfazem esses requisitos e a aplicação da
amostragem aleatória simples resulta bem sucedida.
3.6. Exemplo aplicativo
Inventariar a população de Pinus sp. constituída de 450 parcelas de 0,1 ha,
mostrada no Quadro A, através da amostragem aleatória simples, admitindo-se um erro
de amostragem máximo de 10% da média estimada, com 95% de probabilidade de
confiança.
3.6.1. Inventário piloto
Considerando a hipotética inexistência de informações prévias sobre a população,
realizou-se um inventário piloto para obter as estimativas básicas necessárias ao cálculo
da intensidade de amostragem. Como o número de unidades do inventário piloto é
arbitrado, foram tomadas aleatoriamente na população, 20 unidades amostrais como
segue:
136
∑X i
i =1
x= = 21 , 797 m 3
/ 0 , 1 ha
n
138
b) Variância
n
∑( X i −x )2
i =1
s 2
x = = 74 , 422 m 3
/ 0 , 1 ha
n −1
c) Variância da média
s 2x
s 2x = (1 − f ) = 74,422 (1 − 0,1556) = 0,898m 3 / 0,1ha
n 70
d) Desvio padrão
s x = s 2
x = 74 , 422 = 8 , 627 m 3
/ 0 , 1 ha
e) Erro padrão
sx
sx = ± (1 − f ) = 8,627 0,844 = ±0,948m 3 / 0,1ha
n 70
sx 0,947
E o erro padrão relativo é estimado por: s x % = ± ⋅ 100 = ± ⋅ 100 = ±4,35%
x 21,797
f) Coeficiente de variação
s x
cv = ⋅100 = 39 , 58%
x
g) Variância da média relativa
s 2x (cv) 2 (39,58) 2
s 2x % = = ⋅ (1 − f ) = ⋅ (0,844) = 18,90%
x2 n 70
h) Erro de amostragem
- Absoluto
E a = ± t ⋅ s x = ±1,995 × 0,947 = ±1,8902 m 3 / 0,1ha
- Relativo
t ⋅sx 1,995 × 0,947
Er = ± ⋅ 100 = ± ⋅ 100 = ±8,65%
x 21,797
i) Intervalo de confiança para a média
IC [ x − t ⋅s x ≤ X ≤ x + t ⋅s x ]= P
IC[21,797 − 1,995 × 0,947 ≤ X ≤ 21,797 + 1,995 × 0,947] = 95%
[
IC 19,91m 3 / 0,1ha ≤ X ≤ 23,69m 3 / 0,1ha = 95% ]
j) Total da população
X̂ = N ⋅ x = 450 × 21,797 = 9.809 m 3
139
[
IC X̂ − N ⋅ t ⋅s x ≤ X ≤ x + N ⋅ t ⋅s x ]= P
IC[9,809 − 450 × 1,995 × 0,948 ≤ X ≤ 9,809 + 450 × 1,995 × 0,948] = 95%
[
IC 8.958m 3 ≤ X ≤ 10.659 m 3 = 95% ]
l) Estimativa mínima de confiança
EMC = x − t ⋅s x = 21 , 797 −1 , 669×0 , 947 = 20 , 22 m 3
/ 0 , 1 ha
nh
fh = = fração amostral do estrato (h);
Nh
n
f = = fração amostral da população;
N
Xih = variável de interesse.
∑ X ih ∑X ih
Xh = i =1
...parâmetro; xh = i =1
... estimativa
Nh nh
∑N h ⋅ Xh L
X st = h =1
= ∑ Wh ⋅ X h ... parâmetro
N h =1
∑N h ⋅ xh L
x st = h =1
= ∑ Wh ⋅ x h ... estimativa, ou
N h =1
∑n h ⋅ xh L
x= h =1
= ∑ Wh ⋅ x h ... estimativa.
n h =1
∑ (X − Xh )
Nh nh
∑ (X − xh )
2 2
ih ih
S 2h = i =1
... parâmetro s 2h = i =1
...estimativa.
Nh nh −1
s 2h
L
s 2
x (st ) ) = ∑ W ⋅ (1 − f h ) ... estimativa tomada em função da variância estimada
2
h
h =1 nh
Expandindo-se a expressão da estimativa da variância da média estratificada,
obtém-se a fórmula comumente usada, ou seja:
L
s 2h L
N2 s2 n
s 2x (st ) ) = ∑ Wh2 ⋅ − ∑ h2 ⋅ h ⋅ h
h =1 n h h =1 N n h N h
L
s 2h L
N
s 2x (st ) ) = ∑ Wh2 ⋅ − ∑ h2 ⋅ s 2h
h =1 n h h =1 N
L
s 2h L
W ⋅ s2
s 2x (st ) ) = ∑ Wh2 ⋅ −∑ h h
h =1 n h h =1 N
Esta fórmula pode ser simplificada., dependendo da intensidade de amostragem,
do tipo de alocação das unidades e da homogeneidade das variàncias dos estratos.
nh
a) Se ( = f h ) for desprezível em todos os estratos, a variância da média
Nh
resulta:
s 2h
L
s 2
x (st ) ) = ∑W ⋅ 2
h
h =1 nh
b) Se a distribuição das unidades sobre os estratos for feita segundo a alocação
proporcional, tem-se que:
Nh
nh = n ⋅ Substituindo-se esta expressão na fórmula da variância da
N
média não expandida, obtém-se
2
s2
L
⎛N ⎞
L
s2
s 2
x (st ) ) = ∑ W ⋅ h ⋅ (1 − f h )
2
h s 2
x (st ) ) = ∑ ⎜ h ⎟ ⋅ h ⋅ (1 − f h )
N h =1 ⎝ N ⎠ N
h =1
n⋅ h n⋅ h
N N
144
L
N h s 2h 1− f L
s 2x (st ) ) = ∑ ⋅ ⋅ (1 − f h ) s 2x (st ) ) = ⋅ ∑ Wh ⋅s 2h
h =1 N n n h =1
c) Se a amostragem for realizada com seleção proporcional e as variâncias
forem iguais em todos os estratos, tem-se
2
∑∑ (X − Xh )
L nh
s2 ih
s 2
x (st ) ) = w ⋅1 − f onde: s = 2 h =1 i =1
....variância média dos estratos.
n−L
w
n
S 2h
L
S x (st ) ) = ∑ W ⋅ ⋅ (1 − f h ) ... estimativa em função da variância paramétrica
2
h
h =1 nh
L
s 2h
s x (st ) ) = ∑ Wh2 ⋅ ⋅ (1 − f h ) ...estimativa em função da variância estimada
h =1 nh
[
IC x st − t ⋅ s x (st ) ≤ X ≤ x st + t ⋅ s x (st ) = P ]
4.6.9. Total da população
a) Total por estrato
X h = N h ⋅ X h . . . parâmetro
X̂ h = N h ⋅ x h . . . estimativa
b) Total geral
L
X = ∑ X h = N ⋅ X st . . . parâmetro
h =1
L
X̂ = ∑ X̂ h = N ⋅ x st . . . estimativa
h =1
[
IC X̂ − N ⋅ t ⋅ s x (st ) ≤ X ≤ X̂ + N ⋅ t ⋅ s x (st ) = P ]
4.7. Cálculo do número de graus de liberdade
As fórmulas dos intervalos de confiança pressupõem que a. média estratificada
145
( x st ) seja normalmente distribuída e o erro padrão da média estratificada ( s x ( st ) ) seja
bemdeterminado, de modo que o coeficiente (t) possa ser encontrado nas tabelas de
distribuição normal
Assim, o número de graus de liberdade que determina o valor de (t) está situado
entre o menor dos valores (nh - 1) e o somatório dos (nh).
Para o cálculo do número efetivo de graus de liberdade, tem-se:
2
⎛ L ⎞
⎜ ∑ g h ⋅ s 2h ⎟
N h (N h − n h )
n e = ⎝ h =L1 2 4⎠ onde: g h =
gh ⋅ sh nh
∑
h =1 n h − 1
h =1 N
L
t 2 ⋅ ∑ Wh ⋅ s 2h
n = h =1
E2
4.8.2. Alocação ótima
Através da alocação ótima, a intensidade de amostragem é distribuída
proporcionalmente à variância e custo de amostragem em cada estrato.
Wh ⋅ s h
Ch
nh = ⋅n A intensidade de amostragem é calculada como segue:
L
Wh ⋅ s h
∑
h =1 C
⎡⎛ L ⎞ ⎛ L ⎞⎤
t 2 ⋅ ⎢⎜ ∑ Wh ⋅ s 2h ⋅ C h ⎟ ⋅ ⎜ ∑ Wh ⋅ s 2h ⋅ C h ⎟⎥
a) População finita: n = ⎣⎝ h =1 ⎠ ⎝ h =1 ⎠⎦
L
W ⋅s 2
E2 + t2 ⋅ ∑ h h
h =1 N
146
onde: Ch = custo de amostragem •no estrato (h).
⎡⎛ L ⎞ ⎛ L ⎞⎤
t 2 ⋅ ⎢⎜ ∑ Wh ⋅ s 2h ⋅ C h ⎟ ⋅ ⎜ ∑ Wh ⋅ s 2h ⋅ C h ⎟⎥
h) População infinita: n = ⎣⎝ h =1 ⎠ ⎝ h =1 ⎠⎦
2
E
2 2
⎛ L ⎞ ⎛ L ⎞
t ⋅ ⎜ ∑ Wh ⋅ s h ⎟
2
t ⋅ ⎜ ∑ Wh ⋅ s h ⎟
2
onde:
SQ e = ∑ n h (x h − x ) ( ) ( )
L L nh L nh
SQ d = ∑∑ X ih − x h SQ t = ∑∑ X ih − x
2 2 2
h =1 h =1 i =1 h =1 i =1
∑∑ (X − X)
L Nh
hi
S = 2 h =1 i =1
N −1
A variação total pode ser expressa como:
2
(N − 1) ⋅ S 2 = ∑∑ (X hi − X )
L Nh
h =1 i =1
= ∑∑ (X hi − X h ) + ∑ N h ⋅ (X h − X )
L Nh L
(N − 1) ⋅ S 2 2 2
h =1 i =1 h =1
(N − 1) ⋅ S 2 = ∑ (N h − 1) ⋅ S 2h + ∑ N h ⋅ (X h − X )2
L L
h =1 h =1
h =1 h =1
S 2 ∑N h ⋅ S 2h L
N ⋅ (X h − X )
2
= h =1
+∑ h
n N.n h =1 N.n
148
Como:
L
S 2 ∑N h ⋅ S 2h
= S 2x ( aleat ) e h =1
= S x ( prop ) , resulta que:
n N.n
L
N h (X h − X )
S 2x ( aleat) = S 2x ( prop) + ∑
h =1 n.N
Esta expressão mostra que a variância da média da amostragem aleatória simples
é maior que a variância da média da amostragem estratificada com alocação
proporcional, quando as médias dos estratos forem diferentes.
Quando as médias dos estratos forem iguais, a precisão das estimativas dos dois
processos também será igual.
Disso conclui-se que a estratificação só aumenta a precisão das estimativas,
quando existir diferença significativa entre as médias dos estratos.
⎢ ⎜ ∑ N h .S h ⎟ ⎥
N h ⋅ S h − ⎝ h =1 ⎠ ⎥
1 ⎢L
S 2x ( prop) − S 2x ( ótima ) =
⎢ ∑
n.N h =1
2
N ⎥
⎢ ⎥
⎢⎣ ⎥⎦
.∑ N h (S h − S )
1 L
S 2x ( prop) − S 2x ( ótima ) =
2
onde:
n.N h =1
L
N h ⋅ Sh L
S=∑ = ∑ Wh ⋅ S h ...desvio padrão médio dentro dos estratos. Portanto,
h =1 N h =1
.∑ N h (S h − S )
1 L
S 2x ( prop) − S 2x ( ótima ) =
2
n.N h =1
Este resultado mostra que a alocação ótima obtém uma variância da média menor
que a alocação proporcional, quando as variàncias entre os estratos forem heterogêneas.
Quando essas variâncias forem homogêneas, a precisão das estimativas mantém-se
inalteradas independente do tipo de alocação.
Caso os fatores de correção para população finita não sejam desprezíveis a
análise determina que:
149
N−n ⎡ L 1 L ⎤
S 2x ( aleat ) = S 2x ( prop ) + ⎢ ∑
n.N( N − 1) ⎣ h =1
N h ( X h − X ) 2
− ∑
N h =1
( N − N h )S 2h ⎥
⎦
Esta expressão indica que a est.ratificação com alocação proporcional produz uma
variância mais alta que a amostragem aleatória simples se
L
1 L
∑
h =1
N h ( X h − X ) < − ∑ ( N − N h )S 2h
N h =1
2
L ∑N h (X h − X) 2
∑N
h =1
h ( X h − X ) 2 < (L − 1)S 2w ou ainda h =1
L −1
< S 2w
∑X ih
xh = i =1
nh
∑N h ⋅ xh L
X st = h =1
= ∑ Wh ⋅ x h
N h =1
X st =
[(144 × 12,029) + (164 × 24,563) + (142 × 27,457 )] X st = 21,465m 3 / 0,1ha
450
c) Variância por estrato
nh
∑ (X − xh )
2
ih
S 2h = i =1
n h −1
n ∑n h
22
fh = h e f = h =1
= = 0,0489
Nh N 450
1 – f = 0,9511 < 0,98 => População finita.
O tipo de alocação das unidades nos estratos pode ser definido com base na
análise de variância da estratificação.
A N Á L IS E D E V A R IÂ N C IA
F o n te s d e G ra u s d e S o m a d o s Q u a d ra d o
F
v a ria ç ã o L ib e rd a d e q ua d ra d o s M é d io
E n tre
e s tra to s 2 9 5 1 ,4 2 0 4 7 5 ,7 1 0 2 4 ,4 2 2
D e n tro
d o s
e s tra to s 1 9 3 7 0 ,0 9 0 1 9 ,4 7 8
T o ta l 2 1 1 3 2 1 ,5 1 0 6 2 ,9 2 9
[ ]
L
SQ e = ∑ n h (x h − x ) = 7(12,029 − 21,465) + 8(24,563 − 21,465 ) + 7(27,457 − 21,465) = 951,420
2 2 2 2
h =1
{[ ]
L nh
SQ d = ∑∑ (X ih − x h ) = (15,8 − 12,029) + (7,6 − 12,029) + ... + (12,2 − 12,029) +
2 2 2 2
h =1 i =1
[(20,4 − 24,563) 2
+ (30,5 − 24,563) + ... + (23,1 − 24,563) +
2 2
]
152
[(21,3 − 27,457 ) 2
+ (24,3 − 27,457 ) + ... + (26,7 − 27,457 )
2 2
]}
SQ d = 62,774 + 122,379 + 184,937 = 370,090
SQ t = SQ e + SQ d = 1.321,510
∑X ih
xh = i =1
nh
∑N h ⋅ xh L
x st = h =1
= ∑ Wh ⋅ x h x st = 21,465m 3 / 0,1ha
N h =1
∑ (X − xh )
2
ih
s 2h = i =1
nh −1
144(144 − 7 ) 164(164 − 8)
g1 = = 2.818,29 g2 = = 3.198,00
7 8
142(142 − 7 )
g3 = = 2.738,57
7
2
⎛ L ⎞ 2
⎜ ∑ g h ⋅ s 2h ⎟ = (29.484,95 + 55.910,63 + 84.410,94) = 2,883425510
⎝ h =1 ⎠
L
g 2h ⋅ s 4h
∑
h =1 n h − 1
= 1,448937108 + 4,4657128 08 + 1,1875346 09 = 1,7789995 09
2,883425510
ne = = 16,21 ≅ 17 graus de liberdade
1,778999509
h) erro de amostragem
a) Absoluto E a = ± t ⋅ s x (st ) E a = ±2,110 ⋅ 0,9157 = 1,93201m 3 / 0,1ha
t ⋅ s x (st ) 1,93201
b) Relativo Er = ± ⋅ 100 Er = ± ⋅ 100 = 9,00% , com 95% de
x st 21,465
probabilidade de
confiança.
i) Intervalo de confiança para a média
[
IC 19,53m 3 / 0,1ha ≤ X ≤ 23,40m 3 / 0,1ha = 95% ]
155
j) Total da população
a) Total por estrato
X̂ h = N h ⋅ x h
[ ]
IC X̂ − N ⋅ t ⋅ s x (st ) ≤ X ≤ X̂ + N ⋅ t ⋅ s x (st ) = P
[
IC 8.790m 3 ≤ X ≤ 10.529m 3 = 95% ]
CAPÍTULO IX
INCÊNDIOS FLORESTAIS
1.1. Causas
1.2. Efeitos
Ocasionados por fogo que queima sob a superfície do solo, tendo em vista a
acumulação de matéria orgânica. É um fogo de difícil controle, pois apresenta alta
temperatura e nem sempre é de fácil localização.
3.1. Combustão
3.2. Temperatura
3.3. Oxigênio
4. Combustíveis florestais
São aqueles que sob condições naturais se mostram de fácil e rápida combustão,
como as cascas das árvores mortas, os ramos, os raminhos, folhas, pastagens, musgos e
liquens, quando secos. São esses materiais que facilitam o início de um incêndio.
A vegetação integrada por árvores, arbustos, ervas e outras plantas vivas. Isso não
quer dezer que não possam entrar em combustão, dependendo da quantidade de
combustíveis perigosos e semiperigosos, da umidade, da temperatura, da densidade e
composição da floresta.
São vários os índices que tem como princípio a não acumulação de dados, tais
como a umidade relativa, o déficit de saturação e o fator de risco de Angströn, sendo este
último o mais divulgado:
161
a. Fator de risco de Angströn - o sistema foi idealizado por Angströn (1952), na
Suécia, e se fundamenta na temperatura e umidade relativa do ar, ambas medidas às
13:00 h, através da seguinte fórmula:
B = 0,05.R - 0,1.(t - 27) onde:
R = umidade relativa do ar em %
t = temperatura em ºC.
A floresta está em risco de incêndio quando B estiver abaixo de 2,5, ou seja, as
condições atmosféricas do dia estarão favoráveis à ocorrência de incêndios.
Segundo SAMPAIO (1991), os índices não acumulativos foram pouco eficientes na
prática de prevenção de incêndios florestais, o contrário ocorrendo com os métodos
acumulativos.
I - índice de Telicyn
n - nº de dias sem chuva (considerados sem chuva, os dias com precipitação
pluviométrica ≤ a 2,5 mm)
t - temperatura do ar em ºC
PO - temperatura do ponto de orvalho em ºC
log - logaritmo na base 10.
Acumula-se o valor de I até o dia no qual a precipitação pluviométrica for > 2 mm,
recomeçando-se o cálculo no dia seguinte. A sua interpretação é feita com base na
seguinte escala:
Valor de I Grau de perigo
≤ 2,0 Nenhum
2,1 a 3,5 Pequeno
3,6 a 5,0 Médio
>5 Alto
6. Organização mínima
A denúncia de fogo pode ser feita pelo público alheio às atividades florestais,
chamando-se então denúncia pública, ou ainda por:
- patrulha terrestre - as empresas de reflorestamento devem manter equipe
treinada, munida de equipamento de transmissão, e veículos de locomoção (bicicletas,
cavalos, automóveis, barcos), vistoriando permanentemente a área;
- patrulha aérea - empresas com maior capacidade financeira podem ter esta
equipe para vigiar áreas de difícil acesso. Um equipamento de baixo custo que pode ser
utilizado é o ultraleve;
164
- torres de observação - as torres podem ser de madeira, ferro ou alumínio, com
altura e distancias entre cada uma variável de acordo com a altura das árvores ao seu
redor e com a visibilidade do local. Em geral, pelo menos 3 torres são necessárias para
que se possa fazer a identificação do local do fogo com precisão, através da triangulação
com auxílio do goniômetro. Cada unidade deve possuir uma cabina com equipamento para
combate ao fogo, utilidades para o conforto do vigia que deve ser mantido por 24 horas nas
épocas mais críticas, mapas da área, binóculo, luneta, equipamento de comunicação,
podendo ser ainda adaptados instrumentos meteorológicos.
Os equipamentos em geral utilizados, dependendo das proporções do incêndio
são: As ferramentas manuais mais comuns são a pá, o abafador, o ancinho, sacos
molhados, ramos da vegetação local, enxada, machado, foice, bomba costal e lança-
chamas. Dentre os equipamentos motorizados destacam-se o motosserra e o atomizador
costal. Como parte dos equipamentos pesados empregam-se o trator de esteiras e a
motoniveladora, e como equipamento para o bombeamento ou transporte de água
destacam-se a moto-bomba portátil, o carro-tanque, e em alguns casos o avião-tanque e
até mesmo helicópteros.
7. Combate
É mais utilizado para conter fogo subterrâneo. Consiste em se limpar uma área
próxima à borda do fogo, de preferência com o uso de um arado, jogando-se a leiva para o
interior. A faixa deve ter em torno de 60 cm, e deve ser mantida limpa como no caso
anterior.
A profundidade de aradura deve ser suficiente para atingir o solo mineral.
As principais desvantagens do método são:
- devido à limpeza da linha de contenção, o excesso de confiança pode ocasionar
descuido à sua vigilância;
166
- deixa entre o bordo do fogo e o costado interior da linha de contenção uma faixa
de material combustível, que poderá contribuir para a persistência do fogo.
8. Plano de ataque
Conversões
Estéreo -> Lenha - um estéreo de lenha seca de eucalipto é equivalente a 0,6 metro
cúbico de lenha.
Estéreo -> Carvão - dois estéreos de lenha seca de eucalipto produzem um metro cúbico
de carvão vegetal.
m3 de lenha -> m3 de carvão - 1,2 m3 de lenha seca de eucalipto produz 1 m3 de carvão.
Custos para exploração (US$) segundo MOREIRA (1993):
Eucalipto: (8 anos de idade, 350 m3.ha-1, corte raso)
1 - Corte com machado (3 m3.h-1.dia-1) 4,00/m3
Baldeio com caminhões, carga/desc. manual (10 m3.dia-1) 2,41/m3
Total 6,41/m3
2 - Corte com motosserra (3,4 m3.hora-1) 1,85/m3
Baldeio com trator + carreta + carga/descarga mecanizada(8 t.hora-1) 1,75/m3
Total 3,60/m3
3 - Corte com motosserra 1,85/m3
Baldeio com forwarder (20 m3.hora) 1,73/m3
Total 3,58/m3
BIBLIOGRAFIA
MOREIRA, M.F. O desenvolvimento da mecanização na exploração florestal sob a ótica de
custos. Madeira & Cia., v.1, n.3, p.18, 1993.
171
APÊNDICE B
50
40
Volume (dm3)
30
20
10
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
Diâmetro à Altura do Peito (cm)
A variação dos dados em relação a uma linha pode ser medida tomando-se a soma
dos quadrados dos desvios em relação àquela linha. Procura-se então encontrar um
traçado para tal linha que apresente a menor soma de quadrados dos desvios possível,
dos pontos a esta linha. Esse método é chamado de método dos quadrados mínimos.
Deste método deduz-se as fórmulas seguintes, com os respectivos resultados
baseados no exemplo do Quadro 1C:
∑ X i ∑ Yi (115)(320)
∑ X i Yi −
n
3919 −
10
b= b= = 1,55
(∑ Xi )
2
1477 −
(115) 2
∑ X −
2
i
n 10
∑ X −2
i
n
Resíduo n-2 SQ Re s = SQ T − SQ RL SQRe s
QMRe s =
g.l.Re s
174
Total n-1 (∑ Y ) 2
SQ T = ∑ Yi −
2 i
D = 15 m D = 20 m
Altura (m) d (cm) Altura (m) d (cm)
5 20,7 5 15,5
5,5 22,7 5,5 17,1
6 24,8 6 18,6
6,5 26,9 6,5 20,2
7 28,9 7 21,7
7,5 31,0 7,5 23,3
. . . .
15 62,0 20 62,0
178
APÊNDICE E
INTRODUÇÃO
O período dos incentivos fiscais no setor florestal foi marcado, em essência, por
uma maioria de plantios com baixa produtividade, feitos em terras próprias, adquiridas a
baixo custo e com a utilização de grandes contingentes de trabalhadores assalariados
(Capitani et al., 1992). Nessa época, no Brasil, a atividade florestal estava tomando seus
primeiros rumos e, consequentemente, muito pouco se conhecia do comportamento
silvicultural das espécies e dos seus efeitos sobre o meio ambiente, o que certamente
induziu á ocorrência de uma série de equívocos na condução desses povoamentos
florestais (Silva, 1994).
Atualmente, o setor reflorestador encontra-se engajado no que se denomina "novos
modelos de plantios", tendo superado inúmeras técnicas hoje contestadas, tais como:
utilização intensiva da prática de queima dos restos vegetais na implantação e reforma de
talhões; plantios em áreas de veredas e em terrenos de forte inclinação; utilização do
traçado ortogonal no estabelecimento da malha viária e do talhonamento dos projetos
florestais; emprego massivo de cortes rasos, independentemente da situação topográfica
da área (Capitani et al., 1992 e Maia et al., 1992).
Essa evolução ambiental dos plantios florestais no Brasil, em que se enquadram
os reflorestamentos com o gênero Eucalyptus, segundo Siqueira Júnior (1992), pode ser
melhor compreendida, à medida que se reconhecem as técnicas que estão sendo
adotadas pela maioria das empresas florestais, tais como: implantação apenas em áreas já
exploradas, ou seja, em áreas degradadas, incorporando-as ao processo produtivo;
seleção criteriosa de germoplasma vegetal mais adaptado às condições locais, o que
minimiza a ocorrência de efeitos ambientais adversos; monitoramento continuo da
fertilidade e da capacidade produtiva do sítio, com a preocupação central na incorporação
de resíduos florestais sem a utilização da técnica de queima e revolvimento excessivo dos
solos; adoção de faixas de vegetação nativa como corredores de fauna nas áreas de
plantios.
Considerando o exposto, o objetivo do presente trabalho é evidenciar os principais
impactos ambientais da implantação de eucaliptais maduros, associados ás áreas de
vegetação nativa (reserva florestal legal, áreas de preservação permanente e sub- bosques
do plantio comercial), que também compõem o empreendimento florestal das empresas.
Neste sentido, serão enfocadas as funções ambientais que os projetos florestais com
eucalipto exercem, as quais transcendem em importância aos inerentes impactos positivos
ou negativos de uma atividade antrópica, que se caracteriza pelo uso alternativo do solo.
FUNÇÕES AMBIENTAIS DE EUCALIPTAIS
Com base em literatura especializada, 19 funções ambientais de plantios de
eucaliptos são apresentadas a seguir:
179
Melhoria da qualidade do ar
É bastante reconhecida a função da vegetação e, principalmente, dos eucaliptais
na liberação de oxigênio para a atmosfera, durante o processo fotossintético. Portanto,
trata-se de uma função benéfica para todos os seres vivos que dependem desse elemento
para cumprirem seu ciclo vital.
Minimização do efeito estufa
Reconhece-se que os eucaliptais, enquanto grandes depósitos naturais de
carbono, podem-se somar a outras formas para aliviar o problema do efeito estufa (Silva,
1994), advindo do excesso de 115 bilhões de toneladas de carbono atmosférico. A
capacidade estimada de fixação de carbono, para espécies arbóreas de rápido
crescimento, é da ordem de 2,7 toneladas de carbono por hectare/ano (Salati, 1993).
Controle do efeito erosivo dos ventos
A utilização de eucaliptais como quebra-ventos é uma prática muito difundida,
principalmente em sistemas agroflorestais, a fim de minimizar os efeitos da erosão eólica
(Nair, 1985). Fernandes (1987) relata que o efeito de redução da velocidade do vento para
um agrupamento de árvores de altura H faz-se sentir a uma distância de 3 H, ante s que o
fluxo de vento atinja as árvores e de cerca de 20H, depois que passa por elas.
Redução dos níveis de poluição aérea
Todo tipo de vegetação, incluindo os eucaliptais, desempenha importante papel na
melhoria da qualidade do ar, pela absorção parcial ou total de gases poluentes (dióxido de
enxofre, dióxido de nitrogênio, ozônio etc.), bem como pela retenção de particulados em
sua pane aérea (Mohr, 1987 e Mather, 1990).
Redução da intensidade dos fenômenos erosivos
Os eucaliptais maduros proporcionam adequada proteção ao solo, notadamente
em regime de rotações mais longas e associados a sub-bosques bem desenvolvidos
(Hunter Júnior, 1990), minimizando-se, assim, os efeitos erosivos e protegendo a
fertilidade do solo.
Regularização de mananciais hidricos
Apesar de vários estudos, citados por Lima (1993), relatarem distúrbios no regime
hidrológico de bacias reflorestadas com espécies do gênero Eucalyptus, o mesmo autor
demonstra que os plantios maduros de eucalipto não apresentam efeitos hidrológicos
negativos. Agem, na verdade, regularizando a vazão dos mananciais hídricos, exatamente
por recobrirem efetivamente o solo, o que potencializa os fenômenos de infiltração e
percolação da água no perfil do terreno, em detrimento dos efeitos adversos dos
escorrimentos superficial e subsuperficial.
Melhoria da capacidade produtiva do sitio
Inegavelmente, os eucaliptais maduros têm a capacidade de reciclar do solo os
nutrientes das camadas mais profundas para as superficiais, mediante a ação das raízes
pivotantes. Essa fertilização das camadas superficiais ocorre pela deposição e posterior
mineralização do folhedo das árvores por parte da microbiota do solo.
Redução da pressão sobre a vegetação nativa
Hunter Júnior (1990) e Maia et al. (1992) são taxativos ao afirmarem que as
florestas implantadas - incluem-se os eucaliptais - contribuem para a redução da pressão
sobre as formações vegetais nativas, tendo em vista a possibilidade de contar com altas
180
produtividades e material homogêneo, minimizando, assim, a necessidade de explorar as
áreas nativas.
Estabilidade ecológica das áreas dos plantios
Por apresentarem sub-bosque geralmente diversificado, assume-se que os
eucaliptais apresentam a capacidade de garantir uma maior estabilidade ecológica ás suas
áreas de plantios, amplamente benéfica para a vida silvestre (Silva, 1994).
Manutenção da vida silvestre
Apesar do reconhecimento de que qualquer monocultura apresenta uma menor
biodiversidade, se comparada a ecossistemas nativos bem preservados, os eucaliptais
mostram-se em condições de abrigar muitas espécies animais silvestres, principalmente
pela função exercida pela vegetação de sub-bosque em termos de fonte de alimento,
abrigo e rei gio á fauna silvestre (Evans, 1982).
Proteçào aos ecossistemas aquáticos
Pelo fato de os eucaliptais maduros permitirem um recobrimento efetivo do solo,
minimizando, assim, os impactos decorrentes dos processos erosivos, com a conseqüente
diminuição da turbidez e do assoreamento dos mananciais hídricos, identifica-se uma
importante função ambiental desse tipo de plantio _junto aos ecossistemas aquáticos
(Silva, 1994).
Abrigo de parte da biodiversidade planetária
Os eucaliptais são depositários de uma pane da biodiversidade planetária, tendo
em vista suas áreas de vegetação nativa e sua flora típica de sub-bosque, as quais
abrigam espécies de interesse medicinal e até animais ameaçados de extinção (Maia et al.,
1992).
Utilização para fins recreacionistas
A utilização das florestas implantadas com Eucalyptus para propósitos
recreacionistas vem tomando vulto nos últimos tempos, tal como o Programa Pic-Nic na
Floresta, desenvolvido pela empresa Duratex no estado de São Paulo (Educação..., 1993).
É um tipo de ação que deveria ser fomentada junto ao público urbano, o qual, por via de
regra, desconhece a importância ecológica dos eucaliptais implantados.
Melhoria do valor cênico da paisagem
É inegável que o recobrimento arbóreo, proporcionado por qualquer espécie do
gênero Eucalyptus, principalmente quando efetuado em áreas degradadas pela ação
humana, promove uma melhoria do valor cênico da paisagem, além dos benefícios já
explicitados sobre a conservação dos solos, a qualidade do ar, a fauna silvestre e os
mananciais hídricos (Silva, 1994).
Novas rendas rurais
O gênero Eucalyptus tem sido utilizado em sistemas agroflorestais, ou saia, em
consorciação racional com cultivos agrícolas e/ou pastagem (Capitani et al., 1992). Esta
situação implica o aumento da renda do setor rural, não só pela redução dos custos de
manutenção dos povoamentos, em razão da ocupação de suas entrelinhas com lavouras
ou pastagens por um determinado período, como também pela diversificação da produção
com a conseqüente redução de riscos para o empreendedor (Nair, 1985).
181
Recuperação de-áreas degradadas
Na atualidade, a expansão horizontal dos eucaliptais de empresas vem ocorrendo,
fundamentalmente, em áreas degradadas pela ação antrópica (Siqueira Júnior, 199?). Isso
induz à recuperação ambiental desses ambientes pelo recobrimento arbóreo com a
concomitante incorporação dessas áreas marginais ao processo produtivo.
Alternativa energética renovável
Pelo fato de os eucaliptais constituírem-se em importante fonte de energéticos
renováveis (lenha e carvão vegetal), fundamentais á sobrevivência de significativos
contingentes populacionais em todo o mundo, percebe-se a sua importância estratégica e
ecológica, esta última em função de reduzir a pressão sobre as áreas de vegetação nativa
(Silva, 1994).
Produção científica e tecnológica
Reconhece-se que os plantios de eucaliptos contribuíram para o enriquecimento
da pesquisa florestal em todo o mundo, principalmente pelo fato de ser a espécie florestal
mais plantada em várias partes do planeta. No caso do Brasil, é inegável o grande
acúmulo de conhecimentos científicos e tecnológicos desencadeados com a implantação
do gênero Eucalyptus em terras de empresas ou de produtores rurais, bem como na parte
de industrialização e beneficiamento da madeira e subprodutos.
Geração de novas divisas e garantia de produtos florestais
Esta função ambiental dos eucaliptais implantados no Brasil apresenta forte
conotação sócio-econômica, pois, à medida que os plantios mostraram-se capazes de
abastecer o mercado interno e com o excedente alcançaram o mercado internacional,
geraram-se novas divisas, com reflexos evidentes em vários fatores do meio antrópico. Os
setores brasileiros de papel e celulose podem ser utilizados como exemplo, pois ocupam
anualmente 4% da pauta de exportações brasileiras, á base de madeira de Eucalyptus
(Carvalho & Silva, 1992).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
182
APÊNDICE F
FIGLIOLIA, M.B. Colheita de sementes. In: Manual técnico de sementes florestais. São
Paulo: Instituto Florestal, 1995. P.1-12. (Instituto Florestal, Série Registros, 14)
183
184
185
186
187
APÊNDICE G
1. Eucalyptus camaldulensis
Conforme BOLAND et ali (1991) o Eucalyptus camaldulensis corresponde a urna
árvore de tamanho médio a grande, com uma copa estreita e com grande número de
galhos, em seu habitat natural, suportando um grande e contínuo crescimento dentro do
gênero Eucalyptus, pode-se considerar que o E. camaldulensis tem maior distribuição
geográfica. Geralmente encontrado associado a cursos d'água, mas não descartando a
possibilidade de encontra-lo em locais afastados de rios ou cursos d'água, preferindo solos
aluviais e arenosos.
Sua madeira é muito durável e é largamente utilizada para diversos fins. A espécie
è extensivamente plantada para outros objetivos que não sejam óleo essencial, como:
postes, moirões e energia.
Na área de Petford, Queensland, Austrália, constataram-se dois tipos químicos de
E. camaldulensis, tipo 1 rico em cineol (1,8-cineol correspondente a 38-48%) enquanto o
tipo 2 em sesquiterpenos, com biciclogermacreno em sua constituição.
O rendimento de óleo (baseado no peso verde) do tipo químico 1 é de 1,2-1,7%, e
do tipo químico 2 de 2,3%.
Quanto ao uso, o óleo do tipo químico 1 é embalado e usado principalmente para
fins medicinais.
2. Eucalyptus citriodora
Segundo SANTOS (1961), o E. citriodora pode ser considerado como uma das
espécies de maior importância econômica para o pais, dado a sua baixa susceptibilidade
às variações edafo-climáticas. Esta espécie, além de ser ótima produtora de óleo
essencial, tendo o citronelal como componente principal, produz também madeira de
excelente qualidade principalmente devido ao fator densidade; madeira esta, utilizada na
produção de carvão, moirões, dormentes, postes, lenha para energia e outros. É uma
planta de rápido desenvolvimento, resistente a cones seguidos, fornecendo subseqüentes
brotações.
De acordo com KIEFER (1986), como maiores produtores de óleo essencial de E.
citriodora temos o Brasil e a China Continental, sendo que no Brasil há cerca de 15
empresas entre médio e grande porte, com produção total estimada em 700 - 750
toneladas por ano, cuja maior produção provêm do estado de São Paulo.
GOLFARI & PINHEIRO (1970) destacam o E. citriodora, entre as diversas
espécies promissoras para as diferentes regiões do Brasil, como sendo uma das mais
188
plásticas, em virtude das plantações existentes desde o Rio Grande do Sul até a região
Amazônica. Isso , com certeza , devido á espécie apresentar um sistema radicular
desenvolvido e profundo, o que toma possível explorar um grande volume de solo e retirar
a água e nutrientes suficientes para suprir suas necessidades, não tendo problema com
irregularidade na precipitação média anual, como ocorre em grande parte do Brasil.
Segundo BOLAND et al (1985), pode-se encontrar esta espécie em solos litólicos,
montanhosos e declivosos, e muito rasos. Em tais condições, o solo apresenta-se com
baixa capacidade de acumular umidade, mas possui razoável nível de fertilidade.
Contrariando ainda este comportamento, esta espécie pode ocorrer em locais com relevo
suave ondulado a plano, porém com boa fertilidade, assim como em regiões mais secas,
em baixadas, onde o solo é arenoso e pobre, porém solos bem drenados são preferidos.
Trabalhos de melhoramento do E. citriodora, realizados a partir de matrizes encontradas
no Horto Florestal Navarro de Andrade em Rio Claro-SP, permitiram através de trabalho de
mais de 20 anos e 5 gerações, a obtenção de 40 progênies selecionadas para a produção
de óleo essencial (DONALISIO, 1986). Este mesmo autor salienta, que culturas não
selecionadas de E. citriodora produzem em média, rendimentos da ordem de 1,o a 1,5 %
de óleo essencial sobre peso de material vegetal verde; óleo com teor médio em citronelal
da ordem de 75%. As progênies selecionadas apresentam médias de rendimento em óleo
essencial entre 2,0 a 2,5 % com teores de citronelal superiores à 85%.
Segundo SANTOS (1961), para plantios destinados especialmente a exploração
de óleo essencial, o espaçamento recomendado é de 3 x 1,5m, por favorecer a expansão
lateral da copa, maior superfície exposta à luz e maior arejamento, além de favorecer a
mecanização dos tratos culturais, a exploração e transporte das folhas. Quanto á
exploração das folhas, pode-se iniciar a partir do primeiro ano de vida da planta, podendo-
se utilizar do cone total da planta a mais ou menos 40 cm do solo com posterior
desgalhamento da pane cortada, ou desrama artificial dos galhos laterais deixando apenas
uma pequena copa de ponteiro para dar continuidade ao desenvolvimento da planta. No
caso de se usar técnica de cone raso, só é viável o aproveitamento da brotação até a 3<
rotação. A desrama artificial deve ser aplicada até que a prática seja economicamente
viável, geralmente o ciclo é de 5 a 6 anos quando o manejo é para obter folhas anualmente
e lenha no final do ciclo (GALANTI, 1987).
Quando se utiliza a desrama, sem o cone do tronco, o período da mesma pode
variar de 6 meses a 1,5 ano, dependendo das condições edafo-climáticas em que se
encontra o plantio. Dessa forma a massa foliar obtida a cada colheita é de
aproximadamente 3 kg por árvore.
Hoje muitas empresas utilizam do cone raso, aproveitando toda a folhagem da
copa, sendo o cone efetuado a uma altura de 40 a 60 cm de altura, utilizando de no
máximo 3 rotações de 1 ano cada.
Uma grande vantagem do E. citriodora, além da produção de óleo essencial, é a
sua utilização para produção de carvão vegetal, para emprego na siderurgia. Apesar de
ainda hoje o carvão vegetal ser na maior parte, proveniente de madeira de E. grandis,
espécie de rápido crescimento, com pouca resistência mecânica, limitando assim o
manuseio e a carga no alto forno, atividade que provoca grande produção de finos, levando
assim, a acreditar ainda mais na prosperidade do carvão vegetal do E. citriodora, o qual é
mais denso e menos fiável, permitindo cargas maiores nos alto tomo. Além disso,
aproveitando de sua densidade o mesmo pode ser usado em substituição às madeiras de
lei na fabricação de dormentes, aumentando, em conseqüência desses incentivos a
produção de óleo essencial no país.
189
3. Eucalyptus globulus
Segundo BOLAND et al (1991), o Eucalyptus globulus é uma espécie que pode
chegar a 70m de altura em sua região de origem, com uma copa longa e aberta. Embora
se estabeleça principalmente na Tasmânia, podemos encontra-lo ocorrendo também no
Sul de Victoria.
Esta espécie apresentam maior produtividade em locais úmidos, principalmente
fundo de vales; porém pode ser encontrado em locais de solo pobre e arenoso próximo ao
litoral. Sua madeira ofierece boa resistência mecânica e é moderadamente durável, para
construções que exigem grandes esforços. O E. globulus é intensamente plantado na
Península Ibérica, Província de Yunnam, na China e Chile, para produção de madeira e
óleo essencial.
Seu principal componente é o cineol (1,8-cineol correspondente a 61-69%). Este
componente é acompanhado por significantes quantidades de monoterpenos
hidrocarbonados, α-pineno, limoneno e ρ-cimeno.
O rendimento do óleo da amostra de Victoria (baseado no peso verde)é de 1,4 -
2,4%; e da amostra da Tasmânia (baseado no peso seco) 4,6% na forma juvenil e 3,8% na
forma adulta. Após sua correção, o óleo pode ser usado como óleo medicinal.
4. Eucalyptus staigerana
Segundo BOLAND et ali (1991), o E. staigerana é uma espécie de porte médio,
com uma copa esparsa e estreita, porém quando ocorre isolado pode apresentar uma copa
ampla e alta. Ele se desenvolve em zonas de clima quente e sub-úmido, e na maioria das
vezes em solos pobres e livremente drenados.
Podemos encontra-la em florestas abertas de folhosas, esparsadamente em sub-
bosque. O E. staigerana é caracterizada pela liberação de sua essência com odor de
limão.
O óleo essencial obtido do E. staigerana é quase exclusivamente monoterpenóide,
e seus principais hidrocarbonetos são α-pineno (1 - 2%), mirceno (1%), α-felandreno (3 -
8%), etc.
O rendimento do óleo (baseado no seu peso verde) é de 2,9 - 3,4%, e tem sido
usado em produção de perfumarias.
5. Eucalyptus tereticornis
Conforme BOLAND et al (1991), o E. tereticornis tem ampla distribuição
geográfica, ocorrendo nas mais diversas condições climáticas, e principalmente em
formações florestais abertas junto a inúmeras outras espécies de Eucalyptus Podemos
encontra-lo com freqüência nas proximidades de rios, locais planos ou encostas de morros,
e em solos aluviais arenosos. Apresenta uma madeira forte e durável.
O óleo essencial do E. tereticornis é de caráter monoterpenóide, composto
essencialmente por cineol (1,8-cineol) a 0,1 -33%, limoneno (4 - 19%), β-pineno (0,1 -
18%) e α-pineno (1 - 27%).
O rendimento de seu óleo (baseado no peso verde) é de 0,9 -1,4%.
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