Cana-De-Açúcar: Ecofisiologia
Cana-De-Açúcar: Ecofisiologia
Cana-De-Açúcar: Ecofisiologia
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
CAMPUS DE BOTUCATU
FISIOLOGIA DA CANA-DE-AÇÚCAR
BOTUCATU - SP
- 1995 -
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO .................................................................................... 1
DA PARTE AÉREA........................................................................... 10
4. FLORESCIMENTO........................................................................... 18
EM CANA-DE-AÇÚCAR................................................................... 65
A cana-de-açúcar é uma gramínea perene, que perfilha de maneira abundante, na fase inicial
1
(IAF). Além disso, o longo ciclo de crescimento da planta, resulta em elevadas produções de
matéria seca.
As características dos cultivares, influenciam a eficiência fotossintética da cana, além das
variações climáticas que prevalecem durante o desenvolvimento da cultura. A fotossíntese é
correlacionada negativamente com a largura das folhas e positivamente com a sua espessura.
Posição mais vertical da folha no colmo, traduz-se em maior eficiência fotossintética, mormente em
populações de alta densidade populacional, devido à penetração mais eficiente da luz no dossel. A
fotossíntese varia com a idade das folhas, atingindo valores de fixação de C4 apenas as folhas
recém-expandidas, enquanto as folhas mais velhas e as muito jovens, realizam fotossíntese em níveis
semelhantes à das plantas C 3 .
Os processos de bioconversão de energia na cana -de-açúcar, são mais efetivamente
afetados pelos seguintes parâmetros ambientais: luz (intensidade e quantidade), concentração de
CO 2, disponibilidade de água e nutrientes e temperatura. O aumento de irradiância eleva a taxa
fotossintética, ocorrendo a saturação acima de 0,9 cal/cm2 /minuto. A elevação do CO 2 da atmosfera
aumenta a capacidade fotossintética, sendo que vento em velocidade moderada eleva a fotossíntese
por aumentar a disponibilidade de CO 2 às plantas; com baixa velocidade do vento, há depressão na
fotossíntese, ao redor do meio do dia.
A temperatura, dos fatores climáticos, é o mais importante para a produção de cana -de-
açúcar. A planta, geralmente, é tolerante a altas temperaturas, produzindo em regiões com
temperatura média de verão de 47o C, desde que empregada irrigação. Temperaturas mais baixas
(menos de 21oC), diminuem o crescimento dos colmos e promovem o acúmulo de sacarose.
Finalmente, há necessidade de melhor entendimento sobre o metabolismo do processo
fotossintético, como prova o insucesso das tentativas de associar taxa de fotossíntese/unidade de
área foliar com a produtividade econômica/unidade de superfície de terreno. É necessário conhecer-
se mais e melhor o sistema de transporte e de acúmulo dos metabólicos, principalmente sacarose, o
mais valioso produto da cana-de-açúcar. Em função disso, deve ser cuidadosamente analisado o
processo de maturação e as formas de se conseguir incrementar e antecipar esse processo, momento
em que os reguladores vegetais assumem papel importante.
2. Crescimento da cana-de-açúcar
A curva de crescimento da cana de primeiro corte pode ser mais simétrica se o ciclo for
anual (cana-de-ano) ou bimodal, caso seja ciclo de mais de um ano (cana-de-ano e meio), conforme
máximo de novembro a abril, diminuindo após devido às condições climáticas adversas do período
de inverno no Centro-Sul, podendo essa colheita ocorrer a partir de julho, isto em função do
cultivar.
A cana-de-ano e meio (18 meses), plantada de janeiro ao início de abril, apresenta taxa de
crescimento mínimo ou mesmo nula ou negativa, de maio a setembro, como já dito acima, no
Centro-Sul, em função das condições pouco favoráveis do inverno, como pequena disponibilidade
hídrica no solo ou mesmo défice hídrico, baixas temperaturas e menores intensidades de radiação. Já
com o início das precipitações, aumento da intensidade luminosa e também da temperatura, a fase de
maior desenvolvimento da cultura acontece de outubro a abril, com o pico do crescimento por volta
de dezembro a abril.
período. Já para a cana-de-ano e meio, isto acontece na segunda metade do grande período.
A matéria seca (M.S.) total da parte aérea se acumula segundo uma curva sigmóide, obtida
5389,5
P (g/m2 ) = ---------------------------------------------
1 + exp. (5,6609 - 0,01874 t)
onde:
3
4
Figura 1. Desenvolvimento da cana-de-açúcar e regime hídrico na região de Ribeirão Preto (SP) -
reigão Centro-Sul.
5
Portanto, segundo MACHADO et al. (1982) e visualização através da Figura 4, no aumento
da M.S.: 1 - Fase inicial de crescimento lento, entre o plantio e 200 dias após o plantio (março-
outubro); 2 - Fase de crescimento rápido, entre 200 a 400 dias após o plantio, na qual 75% da
M.S. foi acumulada (outubro-maio); 3 - Fase final, entre 400 - 500 dias após o plantio, onde o
crescimento é novamente lento e responsável por 11% de toda a fitomassa (maio -agosto).
M.S. de 18 g/m2 /dia, durante 365 dias. MACHADO (1987), citando observações realizadas na
Lousiania e Zimbabwe, diz que o crescimento médio da matéria seca variou de 7 a 14 g/m2 /dia ou
de 24 a 45 t M.S. ha/ano.
Para acúmulo de M.S. das folhas, MACHADO et al. (1982), estabeleceram a seguinte
função logística:
370
2
F (g/m ) = ----------------------------------- -----
1 + exp (3,9615-0,02494 t)
onde:
Logo, segundo os últimos autores e visualizado pela Figura 5, observam-se três fases
distintas de crescimento da M/S. foliar: 1 - Fase de crescimento lento, entre o plantio e 100 dias
após (março-julho); 2 - Fase de crescimento rápido, entre 100 e 250 dias após o plantio,
(dezembro), o crescimento foliar foi novamente lento, estabilizando-se ao redor dos 300 dias após o
plantio (fevereiro).
6
Figura 4. Acúmulo de matéria seca total em dois cultivares de cana-de-açúcar - Piracicaba (SP) -
1978/79.
7
Figura 5. Acúmulo de matéria seca nas folhas e índice de área foliar em dois cultivares de cana-de-
Com relação ao Índice de Área Foliar (IAF), GASCHO & SHIH (1983) notaram que o
valor máximo foi alcançado aos 6 meses de idade da planta, enquanto que obteve-se o mesmo
máximo de colmos aos 5 meses de idade. O aumento do IAF prenuncia alta produção de
fotossintetatos e alta produção de açúcares. Uma das formas de se aumentar o IAF seria a redução
do espaçamento, com respostas mais expressivas em zonas com estação de crescimento mais curtas.
8
Figura 6. Índice de área foliar em dois espaçamentos.
A área foliar é um dos mais importantes parâmetros da Análise de Crescimento, podendo ser
medida através de aparelhos específicos ou de fórmulas que permitem sua estimativa, em muitos
Y = e[(x/a + bx + cy2)]
9
onde:
Y = comprimento do colmo
para a Flórida)
A = 0,75L x C
onde:
C = comprimento da folha
A escolha da folha a ser usada na mensuração, deve seguir a numeração proposta por
Kuijper em VAN DILLEWIJN (1952), também utilizada na diagnose foliar, que consiste em
designar como +1 a primeira folha de cima para baixo, que se apresenta inserida com a aurícula
(colarinho) bem visível (Figura 7). As folhas de baixo passariam a receber a numeração +2, +3, etc.
As acima da +1 seriam 0, -1, -2, -3, etc. (Figura 8). Em geral, deve-se utilizar a folha +3,
considerada adulta.
a. Cultivares
Com relação à maturação ocorrem cultivares de ciclo precoce, médio e tardio, que não pode
ser confundido com o ciclo vegetativo, onde o objetivo é a produção de biomassa por área. Assim,
10
no início do período de safra, pode ocorrer que um cultivar precoce relativamente à maturação,
11
Figura 8. Sistema de numeração de folhas de Kuijper.
b. Luminosidade
luminosas. Com elevadas taxas de radiação, os colmos são mais grossos mas mais curtos; as folhas
12
mais longas e mais verdes e o perfilhamento mais intenso. Em condições de baixas irradiâncias os
e 18 horas.
O número de folhas verdes varia de 6 a 12, sendo menor o número de folhas em condições
luminosa, tornam-se senescentes. As folhas verdes do topo são eretas, com o ápice curvo, podendo
as demais serem mais ou menos eretas, dependendo da variedade e das condições de cultivo.
c. Temperatura do ar
termos de temperatura máxima, o crescimento seria lento acima de 35o C e nulo acima de 38o C.
Logo, deduz-se que a faixa ótima de temperatura, para o crescimento dos colmos, estaria entre 25o
e 35o C, não esquecendo de relacionar a temperatura com a radiação solar, principalmente, nos
condições de baixas temperaturas, ocorre em função da expansão relativa da razão de área foliar,
Um dos graves problemas da cultura canavieira na região Centro-Sul seriam as geadas, tanto
normalmente em condições de alta umidade relativa. Quando está baixa e a temperatura cair abaixo
de 0o C (acima do ponto de orvalho), ocorre a geada “negra”, nome devido ao surgimento de tecido
vegetal escuro, sem a presença de gelo, após o período da geada. Dependendo das condições do
tempo e da exposição, a geada negra pode ser mais prejudicial que a branca, possivelmente devido
13
à liberação de energia, que ocorre quando a água passa do estado líquido para o sólido, retardando
o abaixamento da temperatura.
causa de ausência de vento, do maior esfriamento do solo pela menor radiação, das camadas de ar
frio serem mais densas e ficarem retidas no fundo, onde as temperaturas cairão muito.
Solos úmidos diminuem o efeito das geadas por perderem menos calor, ocorrendo o
contrário com os solos com baixos potenciais água. Dependendo do tempo de exposição, baixas
temperaturas podem causar danos severos à cultura, como períodos longos de temperaturas ao
redor de 0o C. IRVINE (1965) observou que uma geada de -6,1o C com duração de quatro horas,
A geada causa danos que são devidos à formação de gelos nos espaços intercelulares, que
ocorre pela contração do protoplasma saindo parte da água para os espaços, onde se congela. Com
isto ocorre dessecação da célula, a qual pode morrer por forças mecânicas que atuam sobre o
caminham para a parte mediana e inferior do colmo, em função de ser a superfície do solo mais
quente.
Os danos causados vão depender de três fatores principais: valor das temperaturas baixas,
duração da temperatura mais baixa e temperaturas após a geada. Um dos principais sintomas são
faixas despigmentadas nas folhas novas, em forma de asas de borboleta, que se manifestam após
certo tempo, somente quando ocorre a emissão completa das folhas que sofreram os danos. Este
sintoma pode aparecer, na média entre cultivares, à temperaturas abaixo de 8o C. A geada mesmo,
ocorreria entre -1,7 a 3,9 o C, com danos na parte apical dos colmos. O primeiro ponto de injúria
apodrecimento das folhas centrais do “palmito”, fazendo com que este se destaque facilmente. Em
consequência da morte da gema apical, ocorrem brotações das gemas laterais e a diminuição das
características tecnológicas do colmo. O produtor deve utilizar o mais rápido possível a cana que
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sofreu geada, caso esteja em período de safra, embora existam divergências de comportamento
quanto a tolerância à deterioração, em função do cultivar. A gema apical, na média, morre sob
temperaturas em torno de -2,2o C por cerca de 3 horas, enquanto que temperaturas de 0 a -6,0o C,
iguais ou inferiores a -5,0o C. O tempo de exposição às baixas temperaturas é fator importante nos
aspectos considerados, ou seja, quanto menor o tempo mais baixas terão que ser as temperaturas.
d. Condições hídricas
(100e - 60d)
IM = --------------------
EP
onde:
IM = índice hídrico
IM > 0; d > 150 mm: áreas com deficiência hídrica sazonal e irrigação suplementar recomendada.
15
IM > 0; d < 5 mm; TF > 20oC: áreas com ausência de estação seca ou fria, repouso e maturação
deficientes.
Logo, a maioria das áreas canavieiras do Brasil apresentam IM positivo, indicando clima
úmido ou sub-úmido, mesmo no nordeste. Índices hídricos negativos estão restritos ao polígono das
secas e à região do pantanal, onde seria necessária irrigação pesada. Para as demais regiões, as
Há também carta de aptidão climática para o Brasil, estabelecida por CAMARGO et al.
(1977):
I) Apta: condições térmicas e hídricas satisfatórias para a cana-de-açúcar: temperatura média anual
II) Marginal por restrição térmica: temperatura média anual entre 18 e 20 o C; temperatura de julho
III) Marginal por restrições hídricas, justificando irrigações suplementares: temperatura média anual
IV) Marginal e inapta por falta de estação de repouso por frio ou seca: temperatura média anual
V) Inapta por insuficiência hídrica: deficiência hídrica anual superior a 400 mm;
VI) Inapta por carência térmica ou geadas excessivas: temperatura média anual inferior a 18o C ou
ALFONSI et al. (1987), apresentaram uma equação para a estimativa das perdas de água
ETM = Kc . ETP
16
onde:
ETM = perda de água máxima, em qualquer estádio de desenvolvimento, sem nenhuma restrição
hídrica;
ETP = perda de água por uma superfície plana, com vegetação e em capacidade de campo;
Kc = fator de ajuste entre ETM e ETP, denominado coeficiente de cultura, dependente do estádio
Quadro 1. Valores de Kc, estabelecidos por Doorenbos & Pruitt (1975) para a cultura da cana -de-
açúcar.
16 - 18 11 - 12 Maturação 0,70
máximo de 2,3 mm/dia e o consumo médio de 3,3 mm/dia, ao passo que a soca 4,4; 2,2 e 3,2
17
e. Nutrientes
Não vamos nos deter aqui em avaliar todos os efeitos dos nutrientes minerais no crescimento
da cana-de-açúcar, mas em apenas alguns aspectos. Como referência, CASAGRANDE (1991) cita
que, considerando três cultivares (CB 41-76; CO 740; IAC 52/326), a ordem de absorção de
minerais para a cana planta é: N ≥ K > Ca > Mg ≥ S > P em LE; K > N > Ca > Mg > S > P em
LR e K > N > Ca > Mg > P ≥ S para PVL. Em soca, a ordem é: K > N > Mg > Ca > S > P em
LE; K > N > Mg > Ca ≥ P > S em LR e K > N > Mg > Ca > P > S em PVL. Para os micros, a
Deve se observar que, para a maioria dos elementos minerais, o pico de absorção na cana
planta acontece na segunda metade do grande período, ou seja, dos 9 meses em diante. Para a cana
soca, o pico de absorção ocorre na primeira metade do grande período, ou seja, até os seis meses
de idade.
O fósforo tem grande importância na qualidade da matéria prima, pois teores de P2 O 5 acima
de 300 ppm facilitam a clarificação do caldo. O potássio possue importante ação na translocação de
sacarose, seja no transporte via floema ou no transporte célula a célula da sacarose em direção ao
diminuição da turgescência celular, bem como à menor fotossíntese por fechamento dos estômatos.
O excesso desse elemento, no entanto, não é desejável para a fabricação do açúcar, pois como é o
maior constituinte das cinzas, estas em alta concentração no caldo dificultam a cristalização, em
função da formação de núcleos falsos, reduzindo o rendimento industrial de açúcar. Já, no entanto,
altos teores de cinzas favorecem a produção de álcool, agindo como fonte de nutrientes para as
leveduras.
18
O boro, em se tratando de cana-de-açúcar, não pode deixar de ser lembrado, em função da
sua importância na translocação de sacarose, formando um complexo com este açúcar. Assim,
apesar da existência de inúmeras ações fisiológicas do boro na planta, esta é a mais aceita. Dessa
forma, não deve haver carência de boro, no sentido de não haver prejuízos para a produção de
açúcar.
Para maiores informações sobre nutrição mineral, deve-se consultar as obras de CASAGRANDE
(1991); MALAVOLTA (1976; 1982); MALAVOLTA et al. (1964; 1989); MARSCHNER (1986)
4. Florescimento
apresentando tamanho, cor e formação dependendo das espécies ou cultivares. É originária da gema
apical, com um eixo principal ou ráquis, prolongamento do último entre-nó do ápice da cana. Do
ráquis saem os eixos secundários e destes os terciários, diminuindo a ramificação de baixo para
terciárias de base e secundárias do ápice, localizam-se as espiquetas, com uma flor cada.
que ocorre o estímulo para que o meristema apical se modifique, deixando de produzir folhas e
colmos, passando a formar a inflorescência. Este período é de difíciil definição, pois depende do
cultivar, do clima da região e das mudanças que ocorrem nos anos agrícolas. Tais fatos, levam-nos a
estabelecer some nte os meses onde as possibilidades dos fenômenos ocorrerem são maiores. Dessa
forma, no hemisfério sul, o estímulo e diferenciação meristemática para a formação da flor ocorrerá
nos meses de fevereiro, março e abril, dando-se o florescimento nos meses de abril, maio e junho. Já
variedade.
inflorescência e da folha bandeira e a emissão da inflorescência. Logo, finda a primeira fase, inicia-se
Nesta fase, surge o tecido meristemático que formará a bainha da folha bandeira, a qual protegerá a
inflorescência. A folha que sofre modificação para transformar-se em bandeira é a folha -8,
modificação essa traduzida por diminuição do limbo foliar e grande desenvolvimento da bainha
principal chega a mais de 60 cm. A bainha da folha desenvolve-se para fornecer espaço para a
infloresc6encia, bem como para evitar que esta se quebre, por seu tecido ser ainda frágil. Também
ocorre nesta fase o desenvolvimento das espiguetas, até a formação da estrutura completa, bem
como o máximo desenvolvimento da bainha da folha bandeira. Dessa forma, o passo seguinte é a
emissão da inflorescência, seguida pela abertura das flores e a polinização. Para CLEMENTS &
AWADA (1967) a completa emissão dura de 4 a 5 semanas, enquanto que a abertura das flores,
rendimento de áçucar;
b. os colmos florescidos diminuem seu rendimento em açúcar, devido à formação da folha bandeira
ou flecha;
20
c. completado seu ciclo vital, o colmo florescido entra em senescência, permitindo novas brotações;
crescimento;
e. colmos florescidos não podem ser armazenados no campo, por muitos meses.
vegetais, sendo necessário conhecer-se alguns fatores básicos que controlam o florescimento da
cana, desde a sua fisiologia, bem como fatores do meio. A florescência da cana-de-açúcar é
21
LUZ/ESCURO
FOLHAS E COTILÉDONES
toC →
vernalização →
florescência.
22
4.1. Fotoperíodo
divergências quanto à classificação da cana como planta de dias curtos ou de dias longos. Autores
como MANGELSDORF (1958), admitem que as mudanças do meristema apical para transformar-
se em inflorescência, ocorrem durante os dias curtos. Outros, preferem classificar a cana como de
AWADA (1965) onde o período do escuro foi fixado em 11 horas e 32 minutos, ocorrendo bom
florescimento. O aumento deste período em 26’ ou diminuindo em 34’, inibe quase que totalmente o
florescimento. Em outro trabalho, com período escuro de 11 horas e 30 minutos também houve
florescimento, sem levar-se em conta as variações do comprimento do dia, não parecendo ser esta
característica das PDC. Na Flórida, obtém-se a iniciação floral da cana em casas de vegetação com
horas de luz, após 2 a 3 semanas, em consequência da diminuição diária de 1 minuto de luz, durante
30 dias.
onde temos fotoperíodos de 12 horas de luz e 12 horas de escuro, com pequenas variações de
cultivares produzidos em São Paulo (21o Sul), tendem a florescer com maior facilidade quanto mais
equatoriana, se levadas para a região sub-tropical. Isto evidencia que a ação da latitude, está
diretamente relacionada com o fotoperíodo ao qual a planta é submetida. Dessa forma, a cana -de-
açúcar é considerada sensível à luminosidade para florescer, sendo uma planta que somente floresce
quando submetida a dias com comprimentos inferiores a um fotoperíodo crítico, sendo portanto uma
meio ambiente, os quais afetam a iniciação floral e a fertilidade do pólen. O fotoperíodo ideal parece
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ser de 12 a 12,5 ho ras, sendo que a maioria das cultivares respondem a este fotoperíodo nas
diferentes regiões do mundo (CASTRO, 1984). Próximo ao equador, o florescimento pode ser
principalmente no outono, quando o fotoperíodo está decrescendo, isto é, quando as plantas estão
crescimento vegetativo vogoroso, antes do período de indução, pois para a formação da panícula há
4.2. Temperatura
PEREIRA (1985) diz que a grande variabilidade do índice de florescimento, nas condições
paulistas, evidencia não ser o fotoperíodo o único fator controlador do fenômeno, tendo importância
também a temperatura. Esta ganha maior importância, na influência que exerce sobre o
temperaturas noturnas tem maior importância no florescimento, mormente aquelas abaixo de 18o C
por períodos maiores do que dez dias. No Centro-Sul do Brasil, observou-se efeito acumulativo de
temperatura não afetaram o florescimento, 10 noites prejudicaram a florescência e mais que dez
onde:
24
x1 = número de noites com temperatura mínima ≥ 18o C, durante o período indutivo
18o C e 21 dias com temperatura máxima ≤ 31o C; os anos sem florescimento apresentaram 7 noites
e 13 dias, respectivamente.
temperaturas extremas, durante o ciclo indutivo também tem efeito sobre o florescimento. Em geral,
o florescimento é induzido por pequenas diferenças entre temperatura máxima e temperatura mínima,
desde que temperatura mínima ≥ 18o C. De fato, obteve-se: a. nos anos com florescimento, a
florescimento; b. a diferença de temperatura variou entre 3,4 e 16,4oC noa anos com florescimento e
6,2 e 22,2o C nos anos sem florescimento; c. os anos com florescimento apresentaram cerca de 90%
dos dias com diferenças menores que 13o C (ou seja, 31 menos 18o C), contra 60% nos anos sem
florescimento.
4.3. Latitude
dificuldade para tal), propondo o início deste durante o primeiro mês após o equinócio outonal, nas
regiões entre 10 e 15 o , durante o segundo mês entre 20 e 25o e durante o terceiro mês entre 25 e
30o . Esta correlação positiva entre as menores latitudes e a precocidade da formação da gema floral
é realçada por outros autores, que observaram, que no Vietnã em regiões situadas entre 10 e 15o
25
LN, a gema floral aparecia mais cedo que no Havaí, a 20 o LN e mais cedo ainda que em Formosa,
Assim, uma cultivar que floresça abundantemente de 10o para 20o L, pode florescer pouco a 30o L
e não florescer a 35 o L, sendo o fator limitante neste caso o tempo de duração destas noites
indutoras. Na África do Sul (30o LS), o florescimento pode ser muito intenso, dependendo da
temperatura mínima em março; em Porto Rico (17 - 18o LN), o florescimento é intenso quando a
precipitação é normal ou mais elevada, mas o florescimento é baixo quando há um período de seca.
No Irã (32 o LN), com as diminuições da irrigação, as plantas são submetidas a estresse, o que leva
4.4. Umidade
florescimento, tem sido amplamente discutido. Em geral, a deficiência hídrica durante o ciclo indutivo,
atrasa e reduz o florescimento. Segundo PEREIRA (1985), durante o período indutivo, os anos com
anos sem florescimento. Regiões com florescimento abundante apresentaram, no período indutivo,
menor diferença entre as temperaturas extremas, maior precipitação e maior número de dias com
chuva.
florescimento e promovendo aumentos no rendimento em cerca de 10%. Por outro lado, autores
26
lembram que esta técnica pode, em alguns casos, apresentar alguns problemas, como: a cana -de-
açúcar, mesmo em défice hídrico, pode florescer ou florescer mais tarde ou ainda, não se recuperar
4.5. Nutrientes
Dentre os minerais, deve ser destacado o nitrogênio por seu envolvimento com o
nitrogênio com défice hídrico, antes ou após a época crítica de indução do florescimento.
gema floral, sendo o período escuro importante para a síntese das substâncias ligadas à formação da
suficiente maturidade para florescer, após o desenvolvimento vegetativo. Estas plantas, expostas à
sistema radicular.
sacarose; no entanto, alguns resultados são controversos. Assim, STEHEL (1955) admite flutuações
nos resultados, embora mostrando que em anos com alto florescimento a sacarose, o Brix, a POL e
a pureza são menores que em anos de baixo florescimento. Após a parada do desenvolvimento,
causada pelo florescimento, a sacarose é quebrada em glicose e levulose, sendo a brotação lateral o
manifesta-se nos seis entrenós superiores; do sétimo entrenó para baixo a situação seria a mesma em
canas florescidas ou não. Nos seis entrenós superiores ocorreu diminuição de 17% no caldo
extraído, nas plantas florescidas, embora tenha havido um teor de 6,64% maior de sacarose
aparente, embora no final a sacarose tenha sido 5% menor em função do aumento do teor de fibras.
apresentando a sacarose teor mais alto que o seu valor real. Nas canas verdes ou pouco florescidas,
valores mais elevados que a sacarose aparente. Outros autores observaram a diminuição na
Apesar de ocorrer diferenças entre cultivares, a isoporização das canas florescidas resulta
isoporizado (parênquima sem caldo), seja próximo daquele da parte remanescente do colmo, é de
trabalhando com cultivares de hábito de florescimento no Estado de São Paulo (IAC 48/65; IAC
51/205; IAC 52/150 e NA 56-79). Analisaram-se cinco partes dos colmos, através de amostragens
as cultivares, podendo ser os prejuízos insignificantes para algumas, sendo as características mais
28
afetadas o teor de fibras, a porcentagem de caldo e o grau de isoporização. As maiores diferenças
foram observadas entre as diferentes partes do colmo, do que entre os diversos estádios da cultura.
iluminação noturna para inibir o florescimento, trabalhando-se com canas florescidas e não
florescidas de mesma idade. A NA56-79 praticamente não teve suas caraterísticas afetadas pelo
florescimento, como ocorreu com as demais. Observaram também que as alterações provocadas
pelo florescimento não foram tão drásticas, recomendando mudanças no manejo e corte.
A literatura também mostra trabalhos onde o comportamento das plantas florescidas, foi
melhor que o das não florescidas. Os autores observaram maiores valores de sacarose, pureza e
fibra e menores valores de açúcares redutores nas canas florescidas, quando comparadas às não
Em função do exposto, quais seriam realmente as mudanças para pior, que poderiam ser
29
a. Idade da cultura no período de florescimento
crescimento da cana florescida, ocorrendo que no caso da cana -de-ano (12 meses), o florescimento
em junho diminuirá a possibilidade de haver mais entre-nós (apenas cerca de 4) até os meses de
setembro, outubro e novembro, épocas em que essa cana é normalmente colhida. Assim, os
prejuízos serão bem mais elevados que os causados à cana-de-ano e meio (18 meses), a qual pode
ser colhida mais no início da safra; os prejuízos para a cana-de-ano e meio, dependerão de outros
maior tempo suas boas características, como teor de sacarose, etc. Nas regiões de baixas latitudes,
a qualidade dos colmos da cana pós-antese cai rapidamente, enquanto que nas regiões de latitude
mais elevadas, os colmos sustentam a qualidade por um tempo maior, evidenciando o papel das
c. Secamento do ápice
No pós-florescimento, a parte apical pode emitir brotação, sendo tendência geral considerar
que esses brotos, vivendo às custas do colmo mãe, poderiam trazer prejuízos à qualidade da
30
matéria-prima, em função da diminuição das reservas do colmo. No entanto, trabalhos sustentam
que, apesar da cana florescida ter perdido suas folhas originais, continuava o acúmulo de
carboidratos no colmo, indicando que as folhas dos brotos laterais, além de fotossintetizarem
produzindo carboidratos para seu sustento, translocam para o colmo principal. Outros autores
sustentam que, uma brotação lateral abundante, pode contribuir para minimizar a deterioração das
canas florescidas. Dessa forma, fica evidente que toda e qualquer condição que evite o secamento e
posterior deterioração, tem grande valor para diminuir os prejuízos causados pelo florescimento.
e. Grau de isoporização
mecanismo é ativado por uma substância estimulatória, produzida nas folhas em resposta a um
fotoperíodo altamente crítico. Os fisiologistas concordam que a fisiologia do florescimento, pela sua
complexidade, deve ser estudada basicamente para cada planta, sendo este fato extremamente
apropriado para a cana, planta nativa dos trópicos, particularmente sensível à pequenas alterações
no fotoperíodo. A cana é mais sensível ao período do escuro do que à duração do dia, sendo
considerado PDC ou então “planta de noite longa”, comportando-se desta forma muitas de suas
variedades. A cana tem sido selecionada visando seu crescimento e propriedades de açúcar, sendo
seu sistema de reprodução vegetativa tão eficiente, que o florescimento não é importante como meio
de sobrevivência.
31
6.1. O estímulo indutivo
substâncias com atividade hormonal, consistindo este complexo no “florígeno”. Inúmeras questões
existem, tais como o mecanismo de síntese desse complexo hormonal, a sequência dos eventos
bioquímicos que levam à produção do hormônio, como o fotoperíodo controla esse mecanismo e o
transporte ao local de síntese. Para o controle do florescimento na cana, seria importante descobrir
as etapas limitantes na síntese hormonal e no seu transporte, visando obter apenas o florescimento
quando desejado.
diurnas na saída das lâminas foliares, acúmulo temporário na bainha foliar, movimento através de
longo e complicado sistema vascular e fluxo até a base do colmo, antes da sua translocação até o
meristema apical. A translocação desse “hormônio floral”, sintetizado nas folhas e translocado até o
meristema, tem sido exaustivamente demonstrado, seja através do método da enxertia, da exposição
fotoperíodo crítico.
Giberelina aplicada a uma planta no estádio vegetativo, pode ativar a sua transformação ao
estádio floral, estimulando este hormônio o mecanismo indutivo de PDL e de várias espécies que
respondem à um período de baixas temperaturas para florescer. Inúmeros trabalhos mostram que
GA inibe o florescimento em PDC, citados por ALEXANDER (1973) onde GA a 100 mg L-1 inibiu
o florescimento da cana-de-açúcar. Desta forma, pode-se inferir que GA possua um papel efetivo na
32
substâncias florais produzidas na fase do florescimento. Isto mostra que o florescimento consiste em
trocas no balanço hormonal do meristema apical, de tal forma que este processo só ocorre quando o
“florígeno” produzido nas folhas e translocado até o ponto de crescimento, alcance níveis superiores
33
6.3. Efeitos da radiação vermelha e vermelha extrema
existem duas formas de fitocromo, uma delas instável, mas fisiologicamente ativa, a forma FVE
vermelho). Este pigmento encontra-se, normalmente, na forma contrária da radiação que incide em
maior concentração. Durante o dia, há maior quantidade de luz vermelha que vermelha extrema, de
lenta no escuro
noturnas, o que é conseguido caso não haja iluminação por luz vermelha ou branca, no período
noturno, responsável pela indução, até atingir o número de horas mínima de escuro, em torno de
11:30 horas para a cana. Caso haja qualquer iluminação, a concentração de FVE eleva-se
imediatamente, quebrando o estímulo. A radiação vermelha extrema não tem efeito em quebrar a
indução, pois caso fosse aplicada apenas diminuiria ainda mais a concentração de FVE, acelerando
o estímulo.
níveis de GA são altos bem como de FVE, levando à inibição do florescimento da cana. Em
condições de dias curtos, há baixos níveis de GA, acompanhado por baixas concentrações de FVE,
conseguidas nas noites longas que acompanham os dias curtos. Logo, GA pode inibir o
produzido nas folhas e translocado ao meristema apical, onde sua estabilidade permite acúmulo a um
físicas e químicas, sua síntese, modo de ação, ainda intriga os fisiologistas, tanto para PDC e PDL.
Poucos dedicam-se ao estudo deste fenômeno na cana -de-açúcar, apesar que o processo do
35
florescimento foi sumariamente esquematizado onde, em essência, este esquema descreve a
produção de muitas substâncias, as quais são translocadas e juntas iniciam o estímulo floral em
diversas etapas.
1) A cana planta inicialmente adquire maturidade suficiente para florescer, sendo então exposta a um
percepção pelas folhas de dias de comprimento mínimo de 12 horas. Esta etapa continua nas
folhas, as quais agora reconhecem o fotoperíodo correto, resultando que muitas substâncias se
acumulam a um nível mínimo crítico, requerido para o sucesso das reações subsequentes de
escuro;
2) A segunda etapa também processa-se nas folhas, requerendo especificamente uma noite indutiva
fitocromo da forma ativa (FVE) à forma inativa (FV), ocorrendo ainda a produção de outra
substância a qual pode ser translocada do meristema apical, o denominado “florígeno” ou então
“estímulo estável”;
36
3) A terceira etapa envolve translocação do “florígeno” ao meristema apical, pelo caminho usado
4) A quarta etapa é crítica, mas vagamente conhecida. Por dias há acúmulo de “florígeno” ou a
síntese de outras substâncias no meristema apical, até que um nível crítico de substâncias de
recepção do estímulo, cujas reações são desconhecidas. Há evidências tácitas que podem incluir
recebido das folhas (florígeno) mais substâncias produzidas no meristema, acredita-se, acumulam
em uma forma estável a qual, quantitativamente, determina a extensão da indução floral, uma vez
ultrapassado o nível mínimo crítico. É proposto ainda, neste estádio, um estímulo adicional, crítico
5) A quinta etapa envolve a diferenciação do primórdio floral, sendo o primeiro ponto onde pode ser
7. Controle do florescimento
Inúmeros métodos tem sido utilizados, visando controlar o florescimento, desde a interrupção
do período escuro por iluminação artificial, passando por controle de temperatura, suspensão da
pode ter sucesso, suprimindo o florescimento, desde que aplicado durante o período crítico da
indução floral. Destes métodos, os mais práticos são o controle hídrico e o uso de reguladores
podendo ser associada com uma redução na sacarose produzida por unidade de cana colhida. A
florescência da cana-de-açúcar também pode ser reduzida, pela utilização de cultivares com baixo
Este ítem já foi por nós abordado, dentro dos fatores que afetam a inflorescência. Voltemos
rapidamente a este assunto, pois muitos autores concordam que o controle da água, durante o
período crítico da indução floral, é uma forma bastante prática de interromper a floração em
cultivares comerciais, por ser este estádio da fisiologia da cana bastante sensível ao estresse hídrico.
Por outro lado, as diferenças entre as temperaturas extremas é amenizada em períodos chuvosos. A
Passado o período indutivo, a água sendo novamente fornecida, a planta retoma o crescimento
vegetativo. No entanto, a prevenção do florescimento pelo manejo da água só pode ser utilizado em
regiões onde ocorrem verões e outonos pouco chuvosos, o que pode tornar este método
impraticável em muitas regiões. Por último, o estresse hídrico deve ser imposto durante os três meses
Evitar a iniciação floral através da aplicação de reguladores químicos, pode ser de interesse
econômico em diversas regiões do Brasil, onde cultivares com alto potencial de inflorescência estão
sendo plantados em áreas de baixa altitude, sem irrigação e dependentes da precipitação local.
38
O controle do florescimento por reguladores vegetais, baseia-se no conhecimento de que o
estímulo para este processo é produzido nas folhas, podendo ser suprimido, durante a fase crítica de
indução. Dessa forma, o florescimento não ocorre e o crescimento vegetativo retorna à normalidade,
após breve período de suspensão. As folhas jovens, situadas na área do ápice, são altamente
do florescimento, fará com que a cana permaneça vegetativa. O tratamento deverá ser efetuado
durante um intervalo crítico de duas semanas, sendo as datas exa tas determinadas pela latitude.
reguladores vegetais inibiram o florescimento em 30 a 60%, sendo que múltiplas aplicações foram
mais efetivas que uma única aplicação. Entretanto, foi deficiente o contato entre os produtos e as
destroem o tecido foliar por ação fitotóxica, reduzindo o florescimento, com resultados comparáveis
aplicado antes do período crítico de indução, dando quase 100% de inibição, melhorando a
Desta forma, mais recentemente diversos produtos químicos tem-se mostrado promissores
39
bipiridilio). Destes, Diquat tornou-se o produto mais amplamente utilizado como inibidor químico da
Aplicações realizadas uma semana antes ou depois da data ideal, mostram eficiência abaixo de 50%
com relação à aplicação no momento ótimo. Diquat tem-se mostrado somente parcialmente eficiente
da cultura da cana, por um período de três meses. Ensaios visando promover a maturação da cana-
inflorescência da cana. Verificou-se que em condições de campo, este regulador que libera etileno
em contato com o tecido vegetal, era capaz de suprimir o desenvolvimento da gema floral.
0144, H 61-1721 e H 62-4761 em quatro localidades e três épocas de aplicação, mostrou ser o
ethephon mais eficiente que o Diquat no controle da florescência da cana, apesar da eficiência desses
curto período de indução floral da cana-de-açúcar. Atualmente, estabeleceu-se ter o Ethephon mais
potencial que o Diquat, no controle da florescência da cana-de-açúcar, visto ser mais eficiente em
um amplo espectro de datas para o controle floral e não atuar como um dessecante do dossel da
cultura da cana-de-açúcar.
Aplicações realizadas por via aérea em algumas regiões do Estado de São Paulo, em
plantas, apesar de mais baixas, mostraram que os colmos aproveitáveis atingiram maior proporção
na planta, ocorrendo descarte de uma menor região apical (palmito). Verificou-se que as plantas
40
tratadas com ethephon, apresentaram menor proporção de parênquima sem caldo (isopor), mesmo
cana-de-açúcar, cultivar RB 78-5148, mostrou que o Diquat a 2 l/ha inibiu totalmente a florescência,
sulfometuron-metil, etc., estando estes efeitos abordados no capítulo sobre maturação, dentro da
8. Maturação da cana-de-açúcar
8.1. Generalidades
acúmulo máximo de sacarose só ocorre, quando a planta encontra condições restritivas ao seu
amadurecimento.
A cana-de-açúcar poderá estar com alto teor de açúcar com apenas alguns meses de idade,
bastando para isso ausência de água, nutrientes e outros fatores necessários ao seu desenvolvimento,
não sgnificando este fato que ele estará fisiologicamente madura, isto é, em ponto de colheita. Desta
em apenas 2 a 4 meses após o início da safra. Este fato, explica parte do interesse generalizado em
aplicar agentes amadurecedores, reguladores vegetais e várias práticas culturais, como corte do topo
41
(desponte), regulagem de água, progarma de fertilização, visando antecipar a maturação ou melhorar
a situação normal.
colheita, é a primeira causa do baixo conteúdo de sacarose. O clima é outro fator que afeta e muito a
maturação. Como regra geral, cada cultivar ao alcançar a maturação máxima deve ser colhida, caso
crescimento rápido e a morte final da planta. Somente os entrenós imaturos das folhas verdes e os
entrenós superamadurecidos da base (com alto conteúdo de fibra), não retém apreciável quantidade
de açúcar. Cada entrenó acumula seu próprio açúcar, sendo os valores de sacarose mais elevados
na direção do centro do colmo, declinando no sentido das pontas. Essas diferenças se acentuam
mais nos entrenós mais jovens, refletindo provavelmente uma distribuição diferente de invertase,
onde o meristema intercalar (anel de crescimento) contém muito mais invertase do que os tecidos
centrais do entrenó.
Portanto, maturação é a última fase dos processos fisiológicos da planta. A primeira fase, a
síntese de açúcares e sua translocação, termina na ocasião em que ocorre queda da folha; a segunda,
envolve todos os processos relacionados com o acúmulo de açúcares nos entrenós expandidos.
Entretanto, em nenhuma ocasião, o processo de maturação fica divorciados dos fatores varietais,
culturais e ecológicos que influenciam o primeiro período de vida das plantas. Nesse período crucial
(primeiros meses de idade da cana), análises de tecido mostraram altos conteúdos de nitrogênio e
igual rapidez, retirada do armazenamento para ser metabolizada para a formação dos tecidos novos
42
da planta. As células parenquimáticas de armazenamento (colmos), nesse período são grandes com
Cada entrenó, de forma sucessiva, completa seu próprio ciclo vegetativo, que inclui: o
engrossamento e alongamento das células da parede, aumento sensível da matéria seca, gradual
folhas se deseprendendo do colmo e caindo, findando a primeira fase. A segunda fase é regulada
por cultivares, solos e aspectos ecofisiológicos, podendo os produtores manip ular o nitrogênio e a
irrigação, visando melhorar a maturação. Em regiões úmidas, não irrigadas, havendo abundante
precipitação, o produtor deve dedicar sua maior atenção ao uso de fertilizantes e reguladores
Idade não é sinônimo de maturidade. Após a planta ultrapassar certo número de meses,
tenderá a exaurir a maior parte do seu nitrogênio disponível, diminuindo a água em regiões secas. No
entanto, se água e nitrogênio permanecerem abundantes, a planta não amadurecerá, no sentido lato
b. A sacarose sintetizada na folha é rapidamente translocada para a bainha e depois para o colmo;
c. Parte da sacrose chega às raízes e sobe para os brotos ladrões; no entanto, a maior parte é
diminui consideravelmente;
transportada.
43
8.2. Síntese, translocação e acúmulo de sacarose
que se inicia com a atividade fotossintética nos cloroplastos das células das folhas, culminando com o
acúmulo dos compostos de carbono produzidos nas folhas é definida geneticamente, sendo
do cloroplasto para o citossol é exportada nas folhas, principalmente nos vacúolos. Parte do
específicas, o amido e a sacarose armazenadas são imobilizadas como sacarose exportável e para
consumo na respiração. O fracionamento do carbono entre amido e sacarose nas folhas, constituem
dois fatores que afetam o crescimento das partes aéreas em relação às raízes e entre os diferentes
folhas maduras diminui a demanda dos drenos de consumo, provocando o acúmulo de amido nas
intermediárias do ciclo redutivo do carbono (ciclo de Calvin-Benson), que ocorre no estroma dos
cloroplastos, são transportadas para o citoplasma em troca com fosfato inorgânico (Figura 12).
44
Figura 12. Síntese de sacarose a partir de triose-fosfato. Mecanismo de fracionamento de
de amido nas folhas, localizam-se nas reações catalizadas pelas enzimas sacarose fosfato sintetase
cloroplasto. Desta forma, ocorrerá a alocação do carbono assimilado para a formação de amido. O
acúmulo deste na folha, não deve ser considerado um processo que utiliza carbono fixado em
excesso pela fotossíntese, mas sim que o carbono utilizado para a formação de sacarose ou de
45
associação com o transporte de potássio, dependente de energia metabólica. O carregamento de
sacarose para as células companheiras do floema é realizado por um sistema de co-transporte com
íons hidrogênio, os quais induzem a formação do gradiente eletroquímico necessário, para a geração
(1987), diz que sempre que a concentração de sacarose no apoplasto atingir níveis incompatíveis
com o funcionamento dos transportadores de sacarose, a enzima invertase ácida, presente na parede
hexoses são transportadas de volta às células do mesofilo, sendo novamente convertidas à sacarose.
parede celular, visando o eficiente funcionamento dos transportadores de sacarose. Uma vez dentro
das células companheiras, a transferência da sacarose para os tubos do floema é feita, de maneira
processo até aqui descrito, ocorre na chamada “fonte”, ou seja o local de produção de carboidratos,
Dessa forma, após a sacarose chegar ao floema da fonte, por este sistema vascular
caminhará até ao floema do dreno. Este movimento ocorre por diferentes mecanismos, passivos e
ativos. Estes, os ativos exigem energia metabólica, estando principalmente localizados nas zonas das
placas crivadas. O grande fluxo do floema, no entanto, é formado por um gradiente de pressão de
turgor entre as células do floema fonte e as do floema dreno, possuindo as do floema fonte maior
pressão que as do floema dreno. Essa diferença de pressão estabelece-se, pelo contínuo
46
Dessa forma, a sacarose se movimenta no floema por fluxo de massa, até atingir a célula
dreno, onde sofre descarregamento ativo para o interior do vacúolo de uma célula do parênquima no
Figura 13. Mecanismos de controle das relações fonte-dreno para o transporte de sacarose na
planta.
parenquimatoso, onde a sacarose é transformada em glicose e frutose, pela ação da invertase. Essas
hexoses penetrarão no citoplasma das células do parênquima do colmo, fora do vacúolo, por um
processo de difusão. No citoplasma, as reações são mais complexas, devido ao fato das hexoses
(1982) cita que várias enzimas participam dessas reações, como: hexoquinases (fosforilação da
sacarose tem que ser ativada (sacarose-P), onde a quebra da ligação fosfato fornece ene rgia para a
47
sacarose penetrar no vacúolo, onde é acumulada. Como a concentração de sacarose é elevada no
espaço interno (vacúolo), a absorção passiva não se processa, não entrando pois sacarose livre.
Todavia, algumas diferenças entre o acúmulo nesses dois tecidos acontecem, como a presença de
reguladores vegetais e a ação das invertases. Nos tecidos imaturos, onde predomina a rápida
expansão celular, a sacarose acumulada é rapidamente hidrolizada pela invertase ácida vacuolar,
adultas, em fase de maturação, ocorre aumento da ação da invertase neutra ou alcalina (com
atividade máxima em pH 7,0), havendo correlação entre o nível de atividade desta enzima e a
concentração de hexoses. A atividade quase nula da invertase ácida vacuolar, indica que está
intercelulares (apoplasto), baixa atividade de invertase ácida do citoplasma e atividade quase nula de
invertase ácida vacuolar. No caso dos tecidos em crescimento, a invertase ácida do apoplasto é
secretada durante a formação das células, na região meristemática. À medida que as células se
distanciam dessa região, alongam-se com maior concentração de sacarose, atingindo o processo de
apoplasto do tecido parenquimático, pois nesta fase nenhuma enzima mais é secretada. Nas células
adultas ou maduras, o que encontramos nas paredes celulares (apoplasto) seriam invertases ácidas
invertases, sendo importante pois entender a troca de invertases ácidas por invertases alcalinas ou
neutras. Para SUZUKI (1982), a frutose é um inibidor competitivo da invertase ácida e altas
48
Neste caso, a função passaria a ser gradativamente efetuada pela invertase alcalina, indicando
invertases dirigem os carboidratos para o crescimento da planta ou para o acúmulo dos mesmos nos
dos colmos, a qual ocorre quando a cultura apresentar a melhor produtividade qualitativa e
Água
potencial de água no solo. Sugere-se que maior atenção deva ser dada ao potencial água da planta e
sua relação com o crescimento. Em termos gerais, o regime de água mais eficiente em promover o
amadurecimento da cana é aquele que apresenta maior restrição ao crescimento, embora mantendo
antigos mostraram que a fotossíntese não era interrompida em folhas murchas de cana, embora esta
49
se realizasse em nível inferior àquele de folhas com suprimento de água adequado. Em outro trabalho
com suprimento variável de água, observou-se: a. aumento dos açúcares redutores na lâmina foliar e
na bainha e diminuição desses açúcares nos colmos, nas plantas deficientes em água; b. sacarose e
polissacarídeos além do amido em folhas, bainhas e colmos imaturos. Conclui-se que plantas não
para o crescimento.
Estudos incluindo a análise de enzimas, num dos primeiros esforços para tentar definir o
mecanismo de controle da água sobre o nível de carboidratos, mostraram que plantas com adequado
suprimento de água e iluminadas, continham mais sacarose nas folhas e menos sacarose armazenada
nos colmos, do que aquelas cultivadas em deficiência hídrica. Colmos obtidos de folhas verdes e
folhas secas continham maior conteúdo de sacarose, em condições de baixo suprimento de água. O
autor reconheceu que a folha seca da cana havia sido formada antes das variações da água terem se
iniciado, devendo-se o maior conteúdo de sacarose ao seu acúmulo, pois não foi utilizada para a
respiração e o crescimento.
No entanto, água abundante é essencial para a síntese de sacarose nas folhas, para a
translocação dessa sacarose para o colmo e ótima qualidade do caldo na extração. A fotossíntese,
em taxa reduzida, continua em plantas sob défice hídrico; embora produzindo menos açúcar, mais foi
armazenado nos colmos, devido à sua pequena utilidade fisiológica. O aumento da sacarose não foi
economicamente importante, devido à sua dificuldade de extração e também devido à sua menor
Entretanto, demonstrou-se que défice hídrico, dentro de certos limites, poderia prejudicar pouco a
transporte, leva a melhorar as condições de armazenamento, por haver mais tempo para o acúmulo
de sacarose. Ocorre menos sacarose hidrolizada em trânsito sob estresse hídrico, além de maior
quantidade de sacarose útil para o armazenamento, por causa do reduzido crescimento. Em função
50
dos dados, conclui-se que se o défice hídrico não for tão limitante a ponto de prejudicar a
fotossíntese, não há argumento fisiológico contrário ao corte da água para a obtenção da maturação.
A suspensão da água para promover a maturação, permanece uma prática aceitável até o momento,
podendo ser facilmente utilizável pelo produtor que deve, sempre que possível, colher
Experimento realizado com baixos potenciais de água (défice hídrico) e elevados potenciais
(excesso de água), mostrou que os efeitos são parecidos, com murchamento das folhas, secamento
das bainhas, amarelecimento extenso das folhas e parada do crescimento. No entanto, esses mesmos
tratamentos, falta e excesso de água, mais a aplicação de GA a 100 ppm, via foliar, mantém o
8.4. Nitrogênio
utilização tardia. Normalmente, o uso excessivo de nitrogênio ocorre, onde os produtores recebem
por tonelada de cana produzida, sem considerar a concentração de sacarose. Já nas regiões onde os
produtores recebem pelo teor de sacarose do colmo, o uso desse nutriente pode ser abaixo do
recomendável. Outros autores posicionaram-se contra o tratamento com nitrogênio, em regiões com
pouca necessidade ou então altas aplicações de nitrogênio, onde quantidades moderadas são
necessárias. Trabalhos indicam que em cana de 12 meses, a aplicação nitrogenada deve ocorrer
dentro dos dois primeiros meses. Nitrogênio disponível em excesso, na época da colheita é a maior
51
causa de cana-de-açúcar de baixa qualidade, em termos de conteúdo de sacarose, devido ao seu
crescimento exagerado, que dificulta o acúmulo de sacarose nos vacúolos dos colmos. Experimentos
realizados na Índia e Venezuela, mostraram que o nitrogênio poderia ser aplicado dentro dos
primeiros três meses, de uma cultura com doze, para atingir a máxima produção de sacarose.
Portanto, a aplicação de nitrogênio deve ser precoce, não esquecendo que as plantas jovens não
possuem sistema radicular completamente desenvolvido, sendo necessárias doses mais elelvadas de
maturação pela aplicação de todo o nitrogênio no plantio, ou quando cana-soca, o mais cedo
possível logo após a colheita. Somente para solos arenosos, com lixiviação severa, admite-se o
8.5. Potássio
como para os produtores. Uma série de dados, parecem indicar a ação do potássio em alguma
independentes dos encontrados na folha e na bainha foliar. Em Porto Rico, a omissão de potássio
estabelecida relação entre o nível de potássio e a síntese protéica nas folhas e nos colmos, bem
52
deficiência de potássio pode afetar o movimento de sacarose devido à sua influência no crescimento,
movimento da sacarose da folha para o colmo, foi marcadamente diminuído pela deficiência de
potássio. Este efeito foi detectado em folhas, com sintomas de deficiências ainda não visíveis ou com
do potássio afeta primeiramente o transporte de sacarose. Também não podemos nos esquecer da
estômatos, menor entrada de CO2 , restrição fotossintética e menor acúmulo de matéria seca e
sacarose.
adicionais da temperatura diurna e noturna foram obtidos durante três meses, com interações
complexas, sendo evidente aos 6 meses de idade da cana; b. a máxima produção de matéria seca,
máxima produção de açúcar por planta e máxima concentração de açúcar no colmo, foram sempre
obtidas a 30o C; c. relativamente baixa produção de açúcar foi obtida (acima de 12% do peso
altos níveis de açúcares foram produzidos (acima de 17% do peso verde), quando a temperatura
variou com a mudança das plantas de locais de temperaturas altas para baixas; d. perdas de
açúcares ocorreram, quando as plantas foram removidas de baixas para altas temperaturas. Dessas
53
de-açúcar evidenciou melhor crescimento em regime de temperatura constante, do que sob mudança
período de crescimento, ocorreu maior produção de matéria seca, produzindo igualmente grande
quantidade de açúcar por planta e maior conteúdo de açúcar com base no peso seco; III - no início
temperatura, declinando na maturação ou nos últimos períodos da fase adulta. Foi também
observado, que o conteúdo máximo de sacarose não excedia a 12% do peso fresco a uma
temperatura constante de 30o C, ou sob temperatura mais baixa mantida constante ou ainda, com a
Dessa forma, plantas crescidas no campo e removidas para ambientes controlados a 17o C,
aumentaram seu conteúdo de açúcares, de 10 para 17% de seu peso verde, requerendo 90 dias
para esse aumento. As mudanças de algumas plantas para 30 o C constante, conduziu a perdas de
açúcares, após 35 dias, com uma rápida reativação do crescimento do colmo. Colocando-se as
açúcares.
extremas ocorrem com o aumento da distância do equador, diminuindo com a proximidade deste,
podendo dizer-se o mesmo em que dias longos tem altas temperaturas, sendo a chuva um fator
insistindo-se em que os valores mais elevados de sacarose são encontrados a 18o N e 18 o S, sendo
por este ponto de vista o fotoperíodo mais importante que a temperatura. No Irã, de 30 a 33o N de
latitude, ocorrem altas temperaturas no verão com produção maior que na Louisiana e Flórida. O
inverno é muito frio, sendo comum as geadas, crescendo a cana nessas condições a uma
definitivamente o fator determinante no Irã a temperatura, maior que a luz solar. Para outros autores,
baixas temperaturas são o principal fator no amadurecimento da cana, havendo vários que relataram
54
mais evidentes a 16o C do que a 22o C de temperatura constante. Fatores varietais podem também
afetar respostas da cana à temperaturas constantes. Finalizando, deve-se lembrar que o efeito das
Como regra geral, tem-se que enquanto ocorrer crescimento, o acúmulo de sacarose nos
colmos será menor, atrasando ou mesmo inviabilizando o processo de maturação. Dessa maneira,
reconhecendo-se que o crescimento reduzido aumentará o acúmulo de sacarose nos drenos dos
colmos, a utilização de reguladores vegetais objetiva inibir ou retardar o crescimento vegetativo. Não
devemos nos esquecer, que o processo de maturação é um dos mais importantes na produção de
cana-de-açúcar. A falta de cultivares produtivos, com maturação precoce, pode ser contornada com
a utilização de maturadores químicos para o suprimento da usina durante o ano todo com cana
madura. Em condições de altas temperaturas durante todo o ano, em que a cana-de-açúcar vegeta
grupo dos inibidores de crescimento ou ao grupo de compostos com ação herbicida, como a
55
dominância apical e aumentar a concentração de açúcares em monocotiledôneas. Inibe a divisão
- Pulverização com MH a 4%, em plantas jovens, aumentou o Brix na região apical, diminuindo na
base do colmo.
- Diferentes concentrações de MH no cultivar P.O.J. 2878 não alterou os valores de Brix, pol,
formação foliar, promovendo a maturação do cultivar SP 70-1143, não mostrando efeito para o
cultivar NA 56-79.
celular.
56
geranil geranil pirofosfato à copalil pirofosfato. Portanto, torna as plantas mais compactas, reduzindo
- Aplicado via foliar, no cultivar TCP 52-43, a 0,3% do ingrediente ativo, aumentou
concentração menor, 0,07% i.a. elevou o teor de sacarose até 11 dias. Cycocel diminui o nível de
Mefluidide
na cana-de-açúcar.
- Mefluidide, aplicado a 1,1 Kg/ha, no cultivar H 59-3775, 8 semanas após o tratamento, elevou a
maturação.
2,4-D
2,4-D (ácido 2,4-diclofenoxiacético), uma das mais antigas substâncias utilizadas como
maturador, testado a partir de 1949. Atua no metabolismo dos ácidos nucléicos e aspectos
metabólicos da plasticidade da parede celular. Altos níveis suprimem a síntese de ácidos nucléicos e
de proteínas nas plantas, ao passo que níveis menores induzem dramaticamente incremento no
crescimento celular, com proliferação dos tecidos originando a epinastia, desestruturação do floema.
estatísticamente não significativos. De certa forma, os resultados variam em função dos cultivares
57
Glifosato
registrado como maturador para a cana-de-açúcar, revelando maior atividade em relação à glifosina,
aumentando o conteúdo de sacarose no colmo de cana de forma mais consistente e rápida. Este
produto possui translocação simplástica e apoplástica (floema e xilema), por toda a planta. Sua ação
fisiológica é inibir a síntese dos amino-ácidos aromáticos fenilalanina, tirosina e triptofano, formados a
partir da via metabólica do ácido chiquímico, via esta responsável pela síntese de todos os
secundários (poliaminas, alcalóides, etc.). O glifosate (Roundup) inibe a enzima EPSP (sintetase
mesmo tempo que estimula a atividade da enzima PAL (fenilalanina amonioliase), o que leva a
aumentar a síntese de compostos fenólicos. Além disso, há grande diminuição da síntese protéica e
celular. Existem inúmeros trabalhos utilizando glifosate como maturador, levando à antecipação da
condições pouco favoráveis à maturação da cana, ou seja, em março, abril e maio e em outubro e
novembro, no reinício do período chuvoso. Após a aplicação a área deve ser colhida entre 30 a 50
dias, devendo a cana, no momento da aplicação já estar com seu rendimento agrícola assegurado,
? nunca atinge estruturas celulares, só rotas bioquímicas, exceto desarranjo dos cloroplastos
sobre membranas
58
? inibe a atividade da enzima EPSPS (sintase fosfato do ácido enol- piruvato chiquímico) evitando a
? No cloroplasto, Glifosato inibe a ação da EPSPS evitando a síntese dos aminoácidos aromáticos,
Em cultivares floríferas, o glifosate pode ser aplicado mesmo após a diferenciação floral, pois
provocará a paralização do desenvolvimento da panícula, quando esta ainda não emergiu. Agora, se
A dose a ser utilizada do glifosate, deve ser normalmente de 0,3 a 0,4 l/ha podendo chegar,
função da dosagem.
A brotação de soqueira, tem-se mostrado normal para doses na faixa de 0,3 a 0,4 l/ha,
mesmo em condições de seca após o corte. Para doses na faixa de 0,6 - 0,8 l/ha, se ocorrer período
Concluindo, o glifosate a 0,3 l/ha, eleva bastante o conteúdo de sacarose do colmo, bem
colmos com conteúdo de sacarose de 104 g, contra 89,4 g da testemunha. Na dosagem de 0,6 l/ha,
este valor foi de 107,2 g. Para o cultivar SP 70-1143, glifosate a 0,3 l/ha restringiu o crescimento do
Piracicaba (SP). Este produto tem sido utilizado com os objetivos de antecipar a maturação,
melhorar a qualidade da matéria prima, principalmente em áreas com vinhaça para restringir o
possibilitando aumento no acúmulo de sacarose 30 a 40 dias após a aplicação. A colheita deve ser
efetuada quando os altos níveis de sacarose são atingidos. No mesmo cultivar SP 70-1143, glifosate
a 0,9 l/ha, apresentou aos 20 dias pol% cana de 15,19 e o controle 12,83; com 0,6 l/ha, aos 40
59
Fluazifop-butil
(Fusilade), na dosagem de 0,3 a 0,4 l/ha, aplicado em amrço/abril. Trata-se de um herbicida, inibidor
da biossíntese de lipídeos, específico para controle de gramíneas. A seletividade ocorre intra e entre
espécies; rapidamente absorvido pelas folhas e translocado pelo xilema e floema. Ocorre rápida
parada no crescimento da parte aérea e aumento na permeabilidade das membranas. Este composto
age inibindo a ação da enzima ACCase (acetil-coenzima A carboxilase), que se encontra no estroma
ACCase é um complexo enzimático, com três enzimas com ações diferentes: biotina-carboxilase que
cataliza a carboxilação dependente de ATP da biotina com HCO3 ; transcarboxilase que transfere o
covalentemente ligada à biotina, movendo-a entre dois grupos catalíticos. A partir da malonil-CoA
formam-se os lipídeos.
- Inibe o crescimento
- Precocidade na colheita
as membranas celulares.
60
Sulfometuron-metil
crescimento vegetal, afetando tanto o crescimento como a divisão celular, sem interferir diretamente
celular, podem mostrar-se neutras, forma altamente permeável e suscetível de sofrer carregamento
no floema. Nesse meio alcalino, as moléculas se dissociam na forma aniônica, tornam-se presas e
movem-se de modo sistêmico por fluxo de massa através do floema. As sulfoniluréias inibem a
síntese de amino-ácidos de cadeia ramificada como a valina, leucina e isoleucina, através de ação na
enzima ALS (acetolactato sintetase), a qual sofre inibição em sua atividade, impedindo a síntese
- Dose de 20g ha -1
- Inibe a florescência
- Maturação antecipada
- Atua inibindo a enzima ALS (Aceto Lactato Sintase) impedindo a biossíntese de aminoácidos de
- Restringem crescimento e divisão celular de forma transitória promovendo epinastia, sem interferir
61
- Reguladores vegetais promotores do crescimento não são bloqueados
ocorrência de 0,2 reduções no comprimento do entrenó do colmo, induziu 0,2 a 0,8 brotações
laterais por colmo e reduziu o índice de isoporização de 50 a 60%. SM, nessa dosagem, ainda
aumentou o Brix em pelo menos 0,9%, incrementou o pol% cana em, no mínimo 1,12 e antecipou
em 21 dias a maturação da cana, antecipando seu corte. Em trabalho realizado em Piracicaba (SP),
SP 70-1143.
Acúmulo de sacarose
62
Resumo da Ação do Sulfometuron-metil
Absorção foliar
Inibição do crescimento
Características do Sulfometuron-metil
? Absorção foliar
? Baixa toxicidade
? Ação estressante
63
? Não afeta soqueiras subsequentes
Ethephon
O Ethephon (Ethrel, Zaz, Ethephon, Arvest), ácido 2-cloro-etil fosfônico, tem-se revelado
eficiente agente maturador da cana-de-açúcar. Este produto possue como característica de ação o
não envolvimento da morte parcial ou total da região apical da planta, o que caracteriza o efeito dos
inibidores de crescimento. O Ethephon, pela ação retardora do etileno, promove somente redução
maior flexibilidade à colheita, pois como não mata a região apical, não leva à inversão da sacarose, o
O ácido 2-cloro-etil fosfônico é um produto químico, estável quando mantido sob pH ácido,
abaixo de 3,5, que libera etileno em contato com o tecido vegetal, o qual possue um pH mais
elevado. O mecanismo de ação do etileno envolve sua ligação com um ou mais receptores protéicos,
possivelmente uma proteína contendo cobre no seu sítio ativo, localizada na membrana. Se existe um
gênica, na forma de mRNA e tRNA, decodificando a síntese de eznimas. Há relatos de que esse
receptor proteíco na membrana celular, seria rico em hidroxiprolina. O etileno poderia alterar a
metabolismo do DNA, retardando o alongamento do entrenó. Este processo pode ainda levar à
64
síntese de um mRNA, com suporte do respectivo tRNA, conduzindo à síntese de enzimas capazes
e senescência.
estimula a atividade da enzima PAL (fenilalanina amonioliase), o que vai levar à planta a aumentar a
síntese de compostos fenólicos. Além do que, a aplicação do etileno leva à inibição do crescimento
do colmo e ao seu engrossamento. A aplicação à iniciação floral (Fev / Mar), inibe a florescência,
restringe o volume de parênquima sem caldo, aumenta o teor de sacarose no colmo e antecipa a
colheita.
65
ethephon
↑[etileno]
↑↑ sacarose
Esse regulador vegetal tem sido utilizado com sucesso, em várias regiões do mundo além do
ethephon, na Louisiana, a 1,12 Kg i.a./ha elevou significativamente o teor de sacarose nos colmos
dos cultivares NCO 310, CP 61-37 e CP 65-357. Notou-se também diminuição nos níveis de
glicose e frutoses nesses tecidos, determinados durante 7 semanas após a aplicação. Análises dos
colmos, 4 semanas após a pulverização, indicaram aumentos nos teores de açúcar por tonelada de
66
cana. Análises dos tecidos dos entrenós, mostraram elevado aumento percentual no conteúdo de
estresse nutricional e biótico, que apresenta alta isoporização respondeu favoravelmente à aplicação
efeito do ethephon.
aplicado entre 2 a 6 mese antes da colhe ita, revelaram grandes melhoras na pureza do suco e na
porcentagem de sacarose no início da temporada. Apesar de grande redução no tamanho das folhas
e do consumo líquido de CO2 , não houve redução do rendimento da cana, até 6 meses após a
aplicação de uma dose alta de 6 l/ha, resultando em incrementos grandes e rentáveis de açúcar,
variando de 0,8 a 2,4 ton/ha. Ethephon maturou todos os cultivares testados, alguns respondendo
melhor a doses menores. Aplicações múltiplas foram mais eficientes que aplicações simples e
com ethephon 2 l/ha, apresentaram aumento no Pol% cana. Também o cultivar SP 71-1406,
mostrou elevação na Pol%, ao passo que na RB 72/454 houve elevação no teor de sacarose, com 2
l/ha de ethephon. CASTRO et al. (1995) relata que ethephon, na formulação comercial ARVEST
(480 g/l i.a.), o dobro do ethrel (240 g/l i.a.), a 1,0 l/ha mostrou-se eficiente em antecipar, em pelo
menos 30 dias, a colheita, a aumentar o conteúdo de sacarose e promover a maturação da cana -de-
açúcar SP 70-1143.
67
Etil-trinexapac
Representa nova classe química de reguladores vegetais, desenvolvido para ser utilizado
Este produto tem o nome comum de trinexapac-etil ou etil-trinexapac e nome comercial MODDUS,
registrado pela CIBA AGRO, com 250 g/l de ingrediente ativo, com a seguinte fórmula estrutural:
reguladores vegetais conhecidos. Normalmente, a maioria dos reguladores vegetais que impedem a
síntese de GA, atuam na sua primeira fase, ou seja, até a formação do composto GA12 -aldeído, com
grupo dos terpenos, considerado um diterpeno, ou seja, quatro unidades básicas de 5 carbonos.
68
A sua síntese ocorre no metabolismo secundário da planta, a partir da oxidação de
carboidratos, tanto pela glicólise como pela via das pentoses-fosfato, formando o Acetil-CoA, o
qual origina a via metabólica do ácido mevalônico, a partir do qual todos os terpenos são
69
Piruvato
Gliceraldeído-3-P
Metileritritol- P
Isopentinil-PP
Geranil-PP
Farnesil-PP
Geranilgeranil-PP
*
Copalil-PP
**
Caureno
***
GA12 -aldeído
* atuação de reguladores vegetais, inibindo a passagem, tais como: AMO1618, Chlo rmequat,
Phosphon-D, etc.
** atuação do Phospon-D
70
*** atuam vários inibidores, principalmente Ancimidol, Paclobutrazol, Uniconazole e outros triazóis.
e identificadas atualmente. Muitas são de 20 e outras de 19 carbonos, sendo estas as mais ativas.
biologicamente inativas, outras mais e outras menos ativas. Dentro das ativas, as mais conhecidas
são a GA1 , GA3 , GA4 , GA7 , GA9, etc., muitas destas comercializadas isoladas ou em misturas. A
partir do GA12 aldeído, vão existir vários caminhos, que vão originar as diferentes giberelinas e as
posteriormente este carbono na forma de CO2 , forma as giberelinas de 19 carbonos. Pode ocorrer
passagem direta de GA12 aldeído para GA 9 , sem oxidação, apesar da GA 9 ter 19 C, pela formação
anel A.
Além da oxidação como GA12 aldeído, como já vimos, todas as giberelinas, com 19
carbonos, sofrem processos de hidroxilação e a partir do GA12 aldeído, para serem sintetizadas ou
estrutura básica do composto. A situação dos grupos hidroxila e sua estereoquímica, designadas
hidroxilação ou ambas, sintetizam-se compostos biologicamente muito ativos, como a GA1 e GA4,
por exemplo. A maioria dos GAs de 19 C são giberelinas 13-OH (hidroxilados), com um grupo 3β-
OH.
como atua o fitorregulador trinexapac-etil. Diferentemente dos demais citados e mais antigos, este
71
atua na síntese de GA, pós formação do GA 12 aldeído, mais especificamente inibindo a 3 β-
hidroxilação, impedindo a síntese de Gas de alta atividade biológica, especialmente a GA1 , uma das
mais eficientes em promover o alongamento celular. A ação poderia ser a mesma, tanto a partir da
72
Assim, trinexapac-etil reduzindo a concentração de giberelinas biologicamente ativas, diminue
o alongamento das paredes celulares, possibilitando maior acúmulo de açúcares, pela não
necessidade de sua utilização como fonte energética para o crescimento e desenvolvimento da cana-
de-açúcar.
predominantemente, através das folhas e gemas terminais, ocorrendo a quase totalidade da absorção
nas primeiras 24 horas; alguma concentração do fitorregulador que não foi absorvida nesse tempo,
meristemáticas, com altas taxas de crescimento, onde ocorre a inibição do alongamento dos
48 horas seguintes à aplicação. Quando cai no solo é rapidamente hidrolizado (8 horas) à forma
ácida, a qual se caracteriza por possuir vida média de 20 dias. Em três meses, todo o produto do
solo é liberado como CO2 ; a fotooxidação na superfície do solo, depende basicamente da umidade:
solo úmido em 8 horas, enquanto em solo seco pode chegar a 288 horas.
Além disso, não é um produto volátil, independente da umidade do solo. A forma ácida de
recomendada para sua utilização agrícola, imediatamente depois de aplicado ao solo, não apresenta
nenhuma atividade reguladora do crescimento, o que nos permite concluir ser um produto seguro,
Como reduz o crescimento, através da inibição da síntese de GA, uma das suas utilizações
seria como maturador na cultura da cana-de-açúcar. O tratamento com este fitorregulador, por
73
causar a diminuição do crescimento do terço superior da cana, promove maior maturação de quase
80% do “palmito” da cana, o qual em plantas não aplicadas seria desperdiçado no campo. Desse
modo, na colheita o desponte deve ser feito à maior altura, propiciando o benéficio de mais açúcar
por cana. As aplicações deverão ser efetuadas quando a cana não completou totalmente o seu ciclo
Pode ser aplicado no início da safra, visando aumentar a Pol% dos cultivares mais precoces,
visando antecipar ou viabilizar a colheita, inibindo o florescimento dos cultivares mais floríferos.
Aplicação no meio da safra, visa exploração do potencial máximo de sacarose das culturas da época
e ao final da safra, tem como objetivo a melhoria da qualidade da cana e a manutenção do teor de
sacarose, em função do declínio desta, causada pelo reinício das chuvas na região Centro-Sul do
país. Dessa maneira, trinexapac-etil aplicado na época adequada, provoca redução temporária da
experimentais, verifica-se a utilização de 0,5 a 0,75 l/ha de Moddus, em cana de 10,5 a 11,5 meses
de idade, visando-se a colheita aos 12/13 meses. Para colheitas mais tardias, acima de 13 meses,
confrontando-o com outros reguladores vegetais (maturadores tradicionais), tivemos como objetivo
avaliar o potencial do trinexapac-etil, na formulação comercial Moddus, aplicado sobre a cana -de-
açúcar, a partir do início de maior acúmulo de sacarose (maturação), bem no início da safra
experimento foi montado em Lençóis Paulista (SP), com o cultivar SP 79-1011, estando a cultura da
cana no estádio de maturação, aproximadamente 90 dias antes do corte programado para a área.
Neste momento, 21/02/94 aplicou-se o Ethephon. Nos tratamentos que contavam com a
reaplicação, estas foram efetuadas 30 dias após a primeira (60 dias antes da colheita), bem como a
150, 200, 250 e 300 g i.a./ha e ethephon a 480 g i.a./ha, sendo que o trinexapac-etil foi aplicado em
74
mais duas épocas, a intervalos de 30 dias, nas doses de 150, 200 e 250 (em todos, 150 na primeira
mais 100 na segunda) g i.a./ha. Na segunda época, aplicou-se também fluazifop-butil a 43,7 g i.a./ha
e glifosate a 240 g i.a./ha, sendo todas as aplicações aéreas. Os resultados obtidos no trabalho
matéria prima, principalmente no início da safra; b. o efeito maturador do trinexapac-etil, bem como
dos demais reguladores vegetais testados, propiciaram aumentos no teor de Pol% e de ATR (Kg de
açúcar por tonelada de cana); c. trinexapac-etil a 250 g i.a. ha -1 (0,8 L ha -1 - formulação comercial
Moddus) aplicado de 60 - 75 dias após aplicação, propiciou excelente nível de ganho, superior a
todos os demais testados, indicando seu potencial como maturador químico; d. a utilização de
i.a./ha (Moddus 0,8 L ha-1 ), embora tenha mostrado ganho no teor de Pol%, com máximo entre 60
- 75 dias pós-aplicação, pode ser utilizado até com mais de 90 dias após aplicação, sem perder
muito em eficiência e mostrar efeitos como início de brotação lateral, queda no teor de ATR, etc.
RB 76-5418 - precoce
RB 85-5046 - precoce
RB 83-5486 - precoce/intermediária
SP 79-1011 - precoce/intermediária
SP 71-6163 - intermediária
RB 78-5148 - intermediária
RB 72-454 - intermediária
As conclusões foram:
cultivares RB (UFSCar);
75
- o produto possibilita além do enriquecimento precoce da cana, elevação no teor de fibra
(importante fator como fonte de energia para as usinas) e taxa de açúcares redutores mais baixas,
revelando, desta forma, maior teor de sólidos solúveis no caldo e, consequentemente, maior valor
- o efeito supressor sobre o alongamento apical, a formação de entrenós mais curtos e possível
redução do peso das amostras analisadas, não tem influído nos resultados finais de produtividade da
Alguns cuidados devem ser tomados no preparo da calda, como: pré-mistura para o
produto misturar bem com a água no preparo da calda, adotando uma relação mínima de 5,0 litros
de água para cada litro de trinexapac-etil - Moddus. Adicionar primeiro a água no tanque ou tambor
calda, respeitando a sequência onde se coloca primeiro a água e a proporção de 5 litros/1 litro de
trinexapac-etil (solução comercial Moddus) é imprescindível para se obter uma mistura uniforme,
Evidentemente, nesse tempo todo, houve uma evolução natural em termos de novos produtos e
novos conhecimentos sobre a fisiologia da planta e, principalmente, sobre a ação fisiológica dos
maturadores.
76
O uso dos maturadores gerou controvérsias, por seu possível efeito negativo na produção da
cana; no entanto, pode-se afirmar que as aplicações desses produtos, diminuem o crescimento mas
Os maturadores, via regra geral, são reguladores vegetais que afetam a maturação, induzindo
enzimas que catalizam o acúmulo de sacarose. A melhor época para a aplicação de produtos de tal
natureza, seria ao final do período de desenvolvimento da cultura, sem que esta tenha alcançado
antes dos 10 meses apresenta efeito muito severo no crescimento e depois dos 12 meses
possibilidade de resposta menor, porque nesta idade a planta já possue maior grau de maturação,
obtido naturalmente.
10 centímetros por semana, dependendo este valor dos cultivares, do solo, do clima e das práticas
culturais. Depois dos 10 meses de idade, quando inicia-se o processo de maturação, o ritmo de
adequadas, não deve conter completamente o crescimento. A ação de causar efeito drástico no
avaliados maturadores que detiveram completamento o crescimento, sem produzirem nenhum efeito
maturador.
A utilização de maturadores pode aumentar a produção de açúcar em até 25%, mas para
atingir este objetivo é indispensável provocar diminuição no ritmo de crescimento da planta, de tal
maneira que se armazene maior quantidade de sacarose no colmo. Desde o momento da aplicação
10 e 25 centímetros menor que teriam, caso não tivesse sido aplicado o fitorregulador. Se este
produto tiver efeito direto na produção da cana -de-açúcar, poderia esperar-se diminuição em torno
77
1 - Parte do maior crescimento, que apresentam as plantas que não receberam maturadores, deve-
do colmo, o qual justifica fazer-se o corte mais alto, no momento da colheita. O conteúdo de
sacarose, no terço superior dos colmos, das plantas sem maturadores é muito baixo.
Por essas razões, as aplicações de maturadores não tem porque afetar a produção de cana-
deve-se esperar muito mais produção da cana, sendo o descarte do “palmito” feito de forma
adequada, naquelas plantas em que foram aplicados maturadores, pois há disponibilidade de maior
açúcar que possuem os últimos entrenós, próximos ao “palmito” verdadeiro. O valor mínimo do
rendimento é determinado pela quantidade de açúcar recuperável, que permite pagar os custos de
cana moída. Em outras palavras, não é rentável moer porções de colmos que tenham rendimento
inferiores a 5,6%, valor que pode variar de uma usina à outra, mas mesmo do próprio preço da
cana.
em culturas que apresentaram boas respostas, mostrou ser possível realizar o corte do “palmito”, de
tal forma que não fique colmo aderido. Já em cultivares onde a utilização de maturadores não
apresentou respostas tão boa, o corte do “palmito” foi realizado com dois entrenós aderidos. Este
açúcar, onde não se aplicou maturadores, o descarte do “palmito” ocorreu com 5 entrenós de colmo
aderidos, o que equivale a deixar cerca de 17 toneladas de cana no campo. Portanto, a aplicação de
78
compensa e supera qualquer possível efeito desses reguladores vegetais, na diminuição do
Deste ponto de vista, o uso de maturadores é vantajoso, não somente para as usinas, que
podem recuperar maior quantidade de açúcar, mas também para os produtores, sejam aqueles
pagos por peso que podem aproveitar maior quantidade de cana ou aqueles que recebem por
rendimento de sacarose, que podem obter até 12,5% mais de açúcar. Até mesmo para os
cortadores existem vantagens apreciáveis, pois como pode cortar mais alto, desprezando menos
“palmito”, vai apresentar rendimento maior, pois vai conseguindo muito mais tonelagem de cana
cortada.
No entanto, não é fácil introduzir “na prática”, o conceito de altura do corte, que envolve as
idéias anteriores, pois o rendimento dos últimos entrenós varia, dependendo de condições como
cultivares de cana-de-açúcar, idade de corte, clima, resposta ao maturador, etc. Entretanto, nas
colmo, poderia se determinar também o rendimento dos últimos entrenós. Com base nestas
Dessa forma, a utilização de maturadores permite o descarte do “palmito” mais alto, muito
mais curto do que naquelas plantas que não receberam os maturadores. Análises efetuadas mostram
que a quantidade de colmo aderida ao “palmito” é praticamente a mesma, seja em cana com ou sem
maturador. Este fato, demonstra que em muitos casos, onde se aplicam maturadores, parte do ganho
é deixado no campo enquanto que, naquelas plantas onde não são utilizados esses produtos, enviam-
que um quilograma de açúcar por tonelada de cana moída é suficiente para pagar o gasto. Quando
se obtém uma boa resposta, é possível que o benefício auferido supere muitas vezes o custo e em
tempo bem curto (6 a 12 semanas). Outros benefícios, indiretos, que poderiam advir ao aumentar-se
a produtividade por unidade de área, devido ao uso desta tecnologia, seriam, por exemplo:
79
quantidade de cana que não seria preciso cortar, transportar e moer para produzir a quantidade de
açúcar que consegue, mediante a aplicação de maturadores. Além disso, observa-se que a cana-de-
açúcar com maturadores apresenta menor conteúdo de matéria estranha e, por conseguinte, maior
rendimento, devido somente a este fato, o que representa também um benefício indireto pelo uso dos
maturadores.
água nas pulverizações, ao mesmo tempo que se coloca em prática o conceito de altura ótima de
de maturadores.
80
10. Características dos Principais Maturadores
Curavial
Roundup estressantes
Fusilade
• Variedade
- Maior potencial de resposta quanto mais jovem a planta (até o limite mínimo de 7 a 8
internós)
• Precipitação
81
180 100
170
160 90
150
80
140
130
70
120
110 60
100
90 50
80
70 Ganho de ton de Cana/Mês 40
Aplicação de maturadores
60
26,3 25,9 30
50 22,8 Aplicação de maturadores
40 19,5
17,9
20
14,8
30
10,4 9,1
20 10
5,1
10 3,7
2,9
0 0
MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR
82
12. Fatores que alteram a ação dos Maturadores
armazenamento de sacarose
maximização da função
• Variedade
• Tipos de solo
83
- Início da safra → -sacarose variedades mais precoces e inibir o florescimento dos cultivares mais
floríferos
- Final de safra → melhoria da qualidade da cana pela manutenção do teor de sacarose, evitando o
- Obtenção de boas respostas = benefícios auferidos superam muitas vezes o custo e em tempo
curto
- Benefícios indiretos: quantidade menor de cana a ser cortada, transportada e moída = mesma
quantidade de açúcar
açúcar e álcool contribuem com cerca de 60% da receita gerada pelo ICMS, em 60% dos
municípios alagoanos.
O nordeste na zona canavieira, possue clima tropical com período de défice hídrico bem
definido em outubro, novembro e dezembro e excesso hídrico em maio, junho e julho, com total da
precipitação entre 400 e 2.000 mm. Assim, o grande problema da região canavieira quanto à
precipitação não é o total anual, que é elevado, mas sim a irregularidade na distribuição, pois cerca
84
de 50% do total anual ocorre em três meses: maio, junho e julho. Além disso, existe grande variação
de um ano para outro, o que põe em risco a cultura da cana-de-açúcar sem irrigação.
O clima ideal é aquele em que a precipitação ou irrigação seja bem distribuída, que tenha
atendimento hídrico e térmico a fim de permitir bom desenvolvimento. Esta deve ser seguida de
período com certa restrição hídrica para forçar o repouso e o enriquecimento em sacarose, antes da
colheita. A temperatura e a luminosidade não são problemas no nordeste, tornando esta região em
função destes dois fatores, privilegiada para o bom desenvolvimento da cana-de-açúcar. Por
disponível à planta em cada dia) durante o ciclo da cana, contra 1.603 graus-dias, para o mesmo
Assim, as chuvas apesar de mais concentradas em maio, junho e julho, estendem-se desde
abril até agosto/início de setembro. Em função desse aspecto, o plantio inicia-se em maio indo até
Dessa forma, o crescimento pode ser retardado pelo défice hídrico, ao passo que a
maturação pode ser prejudicada por excesso de chuvas; esta só ocorre se a cultura sofrer período
de seca.
meses. A Figura abaixo mostra o ciclo da cana-planta dividido em decêndios, ficando com 42
cerca de 5.000 ha, visando apenas aumento no teor de sacarose. Os mais utilizados são o glifosate
85
16. Terminologia utilizada para avaliação da qualidade da cana -de-açúcar
BRIX: Porcentagem, em peso, de sólidos solúveis no caldo de cana. Representa o peso de sólidos
dissolvidos em 100 g de solução. Assim, quando uma solução tem 20o Brix, quer dizer que
PUREZA APARENTE: Porcentagem de sacarose nos sólidos solúveis totais (Brix). Os tipos de
Pol x 100
Pureza Aparente = ---------------
Brix
sacarose x 100
Pureza Real = -------------------------
sólidos por secagem
AÇÚCAR PROVÁVEL: Definido como a quantidade de açúcar recuperável de uma cana, durante
86
Ac. Prov.% cana = Pol (1,4 - 40) x 0,8
P
calor
C12 H22 O 11 + H2O ------------ → C 6 H12 O 6 + C6 H12O 6
342 18 ác. diluídos 180 180
Logo, 100 gramas de sacarose dão 105 gramas de açúcares redutores, pois 1 mol de
MELAÇO: Mel esgotado, do qual não mais se extrai açúcar, por razões econômicas.
87
Geralmente, baseado em álcool produzido por % glicose ou % de açúcares redutores.
Logo, 100 g de sacarose dão 105 gramas de açúcares redutores, que são diretamente
fermentescíveis. Assim:
logo:
invertase
sacarose + água ---------→ glicose + frutose
342 18 180 180
1 g ___________ xg
assim:
1 g ___________ x g
89
18. Terminologia Industrial
Terminologia Definição
Caldo absoluto Caldo em cuja composição entram todos os sólidos solúveis na cana e toda
a água da cana.
Caldo do esmagador Caldo extraído na primeira unidade de esmagamento do conjunto de
moendas. Esse caldo não contém água de embebição.
Caldo misto Mistura dos caldos extraídos em todas as unidades de esmagamento do
conjunto de moendas. Compreende a fração extraída do caldo absoluto
encontrado nas canas mais a água de embebição, adicionada durante a
operação de moagem.
Caldo residual Caldo fornecido pelo rolo superior e bagaceiro do último terno do conjunto
de moendas. Para efeito de controle, admite-se que a pureza do caldo retido
no bagaço seja a mesma do caldo residual.
Caldo sulfitado Caldo misto após passagem pela coluna de sulfitação onde absorveu certa
quantidade de anidrido sulfuroso.
Caldo clarificado Caldo límpido e transparente obtido após as operações de tratamento
químico, aquecimento e decantação.
Caldo filtrado Resultante da operação de filtração do lodo produzido no processo de
decantação.
Torta Resíduo sólido retido nos filtros após a operação de filtração do lodo dos
decantadores.
Xarope Produto resultante da concentração parcial do caldo clarificado.
Massa cozida Produto resultante da concentração do xarope e méis, constituído de cristais
de açúcar em suspensão no mel-mãe.
Méis Produtos resultantes da separação dos cristais das massas cozidas.
90
19. Critérios para avaliação do estádio de maturação da cana-de-açúcar
91
20. Referências Bibliográficas
ABELES, F.A., MORGAN, P.W., SALTVEIT JR., M.E. Ethylene in plant biology. San Diego:
752p.
ALFONSI, R.R., PEDRO JR., M.J., BRUNINI, O., BARBIERI, U. Condições climáticas para a
ARCHER, M.C. Ghliphosate trials in Brazil. In: SUGARCANE RIPENEN SEMINAR, Rio de Janeiro,
AZZI, G.M., ALVES, A.S., KUMAR, A. Cane ripening problems and chemical ripeness
AZZI, G.M., ALVES, A.S., KUMAR, A. Chemical ripeness studies with Polaris in sugarcane in
NEUMANN, P.M. (ed.) Plant growth and leaf-applied chemicals. Boca Raton: CRC
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BUCHANAN, B.B., GRUISSEM, W., JONES, R.L. Biochemistry and molecular biology of
92
BULL, T.A., GLASZIOU, K.T. Sugarcane. In: EVANS, L.T. (ed.) Crop physiology.
CÂMARA, G.M.S., CASTRO, P.R.C., CESAR, M.A.A., NOGUEIRA, M.C.S., GLÓRIA, B.A.
açúcar. p.129-132.
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