A História de Campo Grande-MS
A História de Campo Grande-MS
A História de Campo Grande-MS
Campo Grande MS
INT R O D U O , 3 Captulo I UM "G R A N D E V A ZI O ", 5 Captulo II MONTE ALE G R E DE M I N A S, 9 Captulo III HIS T R I A DA FU N D A O DE CA M P O G R A N D E, 12 Captulo IV HIS T R I A DA FU N D A O DE CA M P O G R A N D E, 17 Captulo V J OS ANT NI O PE R EI R A, 25 Captulo VI A P RI M E I R A VI A G E M , 30 Captulo VII A SE G U N D A VI A G E M , 35 Captulo VIII TE R C EI R A VI A G E M DE JO S ANT NI O PE R EI R A, 40 Captulo IX O "R E G I S T R O " DE CA M P O G R A N D E, 41 Captulo X DES C E N D E N T E S DE JO S ANT NI O PE R EI R A, 44 Captulo XI MONTE ALE G R E e CA M P O G R A N D E, 46 Captulo XII ANT NI O L UI Z PE R EI R A, 51 Captulo XIII MONU M E NT OS E HO M E N A G E NS A JOS ANT NI O PE R EI R A,59 Captulo XIV HI N O DE CA M P O G R A N D E, 67 Captulo XV PA R TIT U R A HI N O DE CA M P O G R A N D E, 69 Captulo X VI A N E X O S, 71 C O N V I T E, 89
INTRODUO
Eurpedes Barsanulfo Pereira* Em suas pesquisas, os historiadores procuram informaes em documentos legtimos, em fontes bibliogrficas idneas e, se possvel, obtm-nas dos prprios agentes geradores dos fatos. Felizmente, alguns dos que protagonizaram a fundao de Campo Grande puderam fazer relatos dos acontecimentos, de modo espontneo e reiterado, aos descendentes mais prximos. Em 1907, com o falecimento de seu genitor, Epaminondas Alves Pereira passou a ser criado, como verdadeiro filho, por seu av materno, Antnio Luiz Pereira, filho de Jos Antnio Pereira. Antnio Luiz acompanhara seu pai nas duas viagens de Monte Alegre de Minas ao Campo Grande, em 1872 e 1875. Essa longa convivncia permitiu que o av lhe contasse, em inmeras oportunidades, os principais detalhes dessas viagens, inclusive, ao termo da jornada, a escolha do melhor local para se estabelecerem. Perdurou at o ano de 1942, quando faleceu Antnio Luiz. Epaminondas estava presente no momento de seu desenlace, ocorrido instantes depois de agradvel conversa entre neto e av. Portanto, o que veio escrevendo desde os anos cinqenta sobre a fundao da cidade de Campo Grande, quase a totalidade se baseou em informaes colhidas junto a Antnio Luiz Pereira e, tambm, a Anna Luiza de Souza, esposa deste e filha de Manoel Vieira de Souza ("Manoel Olivrio"). O resumo histrico, excerto do opsculo de sua autoria, publicado em 1972 (2 edio), comemorativo do Centenrio da fundao de Campo Grande, o fulcro da presente obra. Constitui, na verdade, feliz traduo das narrativas de seus avs maternos, filhos dos patriarcas das duas primeiras famlias que se estabeleceram forquilha das guas do Prosa e Segredo. Quando se trata da histria da fundao de Campo Grande, jamais se pode esquecer Rosrio Congro, Intendente do Municpio em 1918-1919. O livro "O Municpio de Campo Grande - Estado de Matto Grosso", editado por sua iniciativa em 1919, traz a lume o primeiro relato sobre as origens de nossa terra. Por este motivo, e em reconhecimento ao valor incontestvel de seu "histrico", destacamolo em captulo especial. semelhana de Epaminondas Alves Pereira, Edson Carlos Contar, tambm bisneto de Jos Antnio Pereira, h muitos anos vem escrevendo, em diversos peridicos da cidade, e publicando resumos, sobre a fundao da cidade morena. As contribuies desses autores, vindas luz em pocas diferentes, e aliceradas em pesquisas criteriosas, denotam forte concordncia.
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Toda cidade tem sua histria ligada a um princpio, um porto ou uma estao de estrada de ferro. Com Campo Grande foi diferente; nasceu em pleno serto, por iniciativa do esprito arrojado e do pioneirismo de Jos Antnio Pereira, que teve a coragem de desbravar esta rica terra sul-mato-grossense. Natural de Minas Gerais, residente na cidade mineira de Monte Alegre, empreendeu sua primeira viagem rumo ao sul da ento Provncia de Mato Grosso, procura de campos para criar e matas para lavouras. Tendo notcia da Vacaria com suas vastas campinas, formou uma comitiva composta por cinco pessoas, dentre estas, seu filho Antnio Luiz, dois escravos (os irmos Joo e Manoel) e Luiz Pinto, prtico em viagens pelo serto, residente em Uberaba. Em 4 de maro do ano de 1872 a pequena caravana partiu de Minas rumo a estas paragens, trilhando os caminhos deixados pelos nossos soldados que combateram os invasores do territrio brasileiro na Guerra do Paraguai. A comitiva, aps trs meses de caminhada, chega a 21 de junho confluncia de dois crregos, mais tarde denominados "Prosa" e "Segredo". Jos Antnio Pereira com seus quase cinqenta anos de idade, alquebrado pela longa viagem mas satisfeito com o panorama que a seus olhos se descortinava, deu por finda a excurso. Enquanto descansam constroem um rancho coberto de folhas de buriti, e em seguida, derrubam pequena mata que existia entre os dois crregos. Numa rea, de aproximadamente um quarto de alqueire, procedeu-se o preparo da terra e o plantio de milho e arroz, cuja lavoura, devido fertilidade exuberante do solo, correspondeu plenamente experincia otimista de Jos Antnio e seus companheiros de jornada. Atravessavam j o ms de novembro e a plantao era promissora; o desbravador no se enganara quanto excelente qualidade da terra. Os viajores e seus animais, j refeitos fisicamente da longa caminhada e da labuta na formao da roa vicejante, sob as ordens de Jos Antnio, resolvem regressar terra natal, em busca de suas famlias. A pequena propriedade no podia ser deixada ao abandono. De volta a Minas Gerais Jos Antnio passa por Camapu, em cujos arredores moravam poucas pessoas remanescentes da Fazenda do mesmo nome, entre elas o poconeano Joo Nepomuceno, com quem Jos Antnio entra em entendimento para vir cuid-la, at o seu regresso de Minas. Em meados de 1875 chega por aqui Manoel Vieira de Souza (Manoel Olivrio), mineiro que tambm fora atrado pelas notcias dos campos da Vacaria. Manoel Olivrio, com dois carros de bois, vinha em companhia de seus filhos, de sua me e de seus irmos Cndido Vieira de Souza e Joaquim Vieira de Souza, alguns empregados, um dos quais Joaquim Dias Moreira (Joaquim Bagage). Este encontro proporcionou a Nepomuceno oferecer a Manoel Olivrio a pequena propriedade que zelara at ento,
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O MUNICPIO DE CAMPO GRANDE HISTRICO Rosrio Congro Em 1872, a quase deserta regio meridional da ento Provncia de Mato Grosso, compreendia, apenas, na vastido dos seus trezentos mil quilmetros quadrados, aproximadamente, as vilas de Miranda, outrora presdio do mesmo nome, fundado em 1797, e Santana do Paranaba, alm das povoaes de Nioaque e Coxim. A invaso paraguaia, levando s poucas e longnquas fazendas, como por toda a parte, o saque, o incndio, a morte, os horrores da guerra, em fria selvagem, devastara grande parte do imenso distrito de Miranda, dando lugar a que nas suas plancies e nos seus montes e nos seus rios, se realizasse a dolorosa trajetria da coluna de heris e de mrtires comandada pelo coronel Camiso e, nos Dourados, o sacrifcio homrico de Antnio Joo. Expulso o invasor do solo sagrado da ptria, morto Solano Lopes, o tirano, acuado nas cordilheiras de Aquidaban, voltavam, para a reconstruo dos seus penates os que, conseguindo escapar sanha do inimigo sanguissedento, se haviam refugiado nas alturas da serra de Maracaju. Foi ento que Jos Antnio Pereira, velho sertanejo mineiro, j sexagenrio (**), deixando o seu arraial de Monte Alegre, nas proximidades de Uberaba, se fez com destino a Mato Grosso com seus filhos Antnio Luiz e Joaquim Antnio (#) e quatro "camaradas", em busca de terras devolutas para lavoura e criao. Pelo entardecer de 21 de junho, chegava a pequena comitiva confluncia dos crregos mais tarde denominados "Prosa " e "Segredo", no lugar onde est situado, hoje, o Matadouro Municipal, ponto escolhido para o pouso daquele dia e depois definitivamente adotado. Em breve ali se ergueu a morada dos intrpidos viajores: um pequeno rancho coberto com palmas de "uacury", clula primordial que foi da progressista cidade de hoje, mui justamente chamada - a Prola do Sul. No tardou a derrubada pelas imediaes, o fumo da queimada em pouco se elevou e, em tempo curto, tremulavam, virao constante, as flmulas verdes e promissoras da primeira roa. Por entre o milharal, outros cereais cresciam, num vio que atestava a feracidade extraordinria do solo. O primeiro contratempo, porm, no se fez esperar: extensa e escura
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BIBLIOGRAFIA: 1. CONGRO, ROSRIO.: O MUNICIPIO DE CAMPO GRANDE - ESTADO DE MATTO GROSSO. Publicao Official, 1919. 2. ________.: PROSA - COLETNEA. Artes Grficas Editora Unificado, Curitiba PR, 1984. 3. ________.: POESIAS - COLETNEA. Artes Grficas Editora Unificado, Curitiba PR, 1984. 4. MENDONA, RUBENS DE.: HISTRIA DE MATO GROSSO. Instituto Histrico de Mato Grosso, Cuiab, 1967.
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Eurpedes Barsanulfo Pereira Para se traar o perfil de Jos Antnio Pereira basta seguir a sabedoria milenar e procurar conhec-lo atravs de suas obras. Todo artfice deixa sua marca na obra que realiza. Podemos assim identific-lo nos diversos aspectos do trajeto de sua vida, desde Barbacena, passando por So Joo Del-Rei e Monte Alegre, nas Minas Gerais, at chegar ao centro da regio sul da antiga Provncia de Mato Grosso. A histria de sua vida se confunde, portanto, com a da fundao do Arraial de Santo Antnio do Campo Grande. O filho de Manoel Antnio Pereira e Francisca de Jesus Pereira, nascido na cidade de Barbacena (antigo Arraial de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo) em 19 de maro de 1825, descende dos Pereira, portugueses que se transferiram para o Brasil, cujas histrias se perderam nos sculos que se seguiram ao descobrimento de nossa Ptria. J moo, muda-se para So Joo Del-Rei (originado do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar), e se casa com a jovem Maria Carolina de Oliveira. Desejando estabelecer-se definitivamente em lugar onde pudesse desenvolver suas atividades de pequeno agricultor e pecuarista com sua famlia nascente, transferese em meados do sculo dezenove para o povoado de So Francisco das Chagas do Monte Alegre, pertencente ao ento denominado Distrito da Farinha Podre.
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Jos Antnio Pereira foi um homem dedicado famlia, um verdadeiro patriarca, prudente, organizado, justo e destemido. Catlico fervoroso e piedoso devoto de Santo Antnio de Pdua. Possuidor de um profundo senso humanista, afinado sentimento coletivista, e pelo seu carisma, um lder inconteste. Aquele homem, de tez clara e olhos azuis, esguio e forte, cujas mos eram calejadas pela labuta rural, e tambm afeitas ao mister de curar, procurou o Campo Grande, no para construir um imensurvel e improdutivo latifndio, mas, em busca de terras devolutas, suficientes para estabelecer-se com os seus, e com aqueles que se afinavam com seus ideais. Aps longas e cansativas viagens, despendendo gigantescos esforos, enfrentando as intempries e as doenas, desafiando os sertes, palmilhando caminhos ermos e desconhecidos, acabou chegando para ficar em definitivo e multiplicar por aqui suas razes familiares, fazendo nascer um pequeno povoado, hoje grande metrpole. Esta a histria de Jos Antnio Pereira, o intrpido fundador de Campo Grande, Capital do Estado de Mato Grosso do Sul.
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Eurpedes Barsanulfo Pereira O objetivo de Jos Antnio Pereira era chegar s terras da regio da Vacaria, ao sul da Provncia de Mato Grosso. Para isso, deveria seguir grande parte do caminho percorrido, em 1865/1866, pela coluna do exrcito brasileiro que combateu na Guerra do Paraguai, e que, partindo de Campinas, So Paulo, passando por Minas Gerais e Gois, chegou ao palco de guerra, no territrio sul-mato-grossense. PREPARATIVOS A jornada seria longa, sendo assim, Jos Antnio preparou uma tropa de cerca de uma dzia de animais, entre os de montaria e os de carga, com arreamento conveniente para o transporte de alimentos, remdios e sementes. Era imprescindvel a presena de um bom guia, conhecedor dos caminhos, que os levasse aos famosos campos da Vacaria. Para tanto, foi contratado o sertanista Luiz Pinto Guimares, residente em Uberaba e que havia acompanhado a expedio brasileira que participou da campanha da Laguna. Alguns meses se passaram at que tudo estivesse em ordem: planos de viagem, meios de locomoo e subsistncia. Recursos financeiros no foram esquecidos, para as eventuais despesas durante o percurso. At a melhor poca para o empreendimento foi pensada, o outono, porque entre os meses de maro e junho, as estiagens so mais longas, facilitando a travessia, a vau, dos rios ao longo do trajeto. A PARTIDA: MONTE ALEGRE DE MINAS
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Eurpedes Barsanulfo Pereira Em 1875, frente de uma comitiva de 65 pessoas, incluindo praticamente toda sua famlia, em doze carros mineiros, animais de montaria e de carga, e um lote de gado de cria, Jos Antnio Pereira deu incio segunda viagem rumo ao seu destino, a pequena propriedade que deixara no Campo Grande. Desta vez, o destemido sertanista resolveu seguir um caminho diferente, e menos longo, que passava pelo povoado de Sant'Anna do Paranahyba, na Provncia de Mato Grosso, junto divisa com a de Minas Gerais. VILA DA PRATA (PRATA - MINAS GERAIS) Deixando Monte Alegre, tomou o rumo sul e, aps a ultrapassagem do rio Tejuco a meio caminho, foi ter Vila da Prata (hoje Prata, Minas Gerais), a cerca de 9 lguas de distncia, no ento chamado, Serto da Farinha Podre. Naquele tempo, era um pouco maior que Monte Alegre, com sua primeira capela construda em 1811, quando
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Em 1892 (9 de novembro), o Presidente da Provncia de Mato Grosso baixou a Lei n. 20, determinando o reexame de todos os ttulos de posse. Os proprietrios deviam apresentar prova de morada habitual e de explorao da terra. Depois era nomeado um perito para medir a rea. Se houvesse excesso, o proprietrio deveria pagar Provncia a diferena. S aps esta regularizao era feito o registro do ttulo de posse, na intendncia local, conforme o Regulamento n. 38 de 15 de Fevereiro de 1893 . Adiante est transcrito, literalmente, o registro da rea do Arraial de Santo Antnio de Campo Grande, sob o nmero 427, no livro n. 14, do municpio de Nioaque.
N. 427 Joo Luiz da Fonseca e Moraes, intendente geral do Municpio de Nioac. Fao saber aos que o presente titulo verem ou delle tiverem conhecimento que nesta data de conformidade com os artigos 116 a 125 do Regim. 38, approvei por se acharem em devida forma os documentos que me foro apresentados para registro, de Jose Antonio Pereira, administrador da Igreja do Patrimnio de Santo Antonio de Campo-Grande possue uma rea de campos e mattos no lugar denominado Campo Grande neste municpio, na extenso de trs mil e seiscentos hectares. Limitando-se: ao Nascente: as cabeceiras do crrego da Proza, comprehendidas todas as vertentes affluentes do mesmo crrego; ao Poente, com as posses de D. Francisca Taveira e Jos Alves Rabello, pelo espigo mestre; ao Norte, do crrego do Segredo e todos os seus affluentes linha recta a cabeceira da Proza; ao Sul, com os limites de Joaquim Antonio Pereira recta atravessando Nhanduhy e o crrego Lagoa. Cujas posses fundase no artigo 5 5 da Lei n. 20 de 9 de Novembro de 1892, e determino que se expea ao requerente o presente titulo que lhe permita legitimao. Intendncia Municipal de Nioac 20 de junho de 1894. Eu Jos Nelson de Santiago, escrevente que o escrevi (assignado). Intendente Geral Joo Luiz da Fonseca e Moraes.
(Excerto do artigo O registro de Campo Grande, Jornal O Correio do Estado, Caderno B, Suplemento Cultural, pgina 3, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, 28 de agosto de 2004)
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FAMLIA PEREIRA
NETOS DE JOS ANTNIO PEREIRA Maria Luiza, Manoel [==>], Ana Luiza [==>],
Deolinda [==>], Jlia Bruna [==>], Belmira [==>], Laucdio [==>], Olvia, Carlinda [==>], Nestor [==>]
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Fundao do Povoado de So Francisco das Fundao do Arraial de Santo Antnio do Chagas do Monte Alegre: Campo Grande: Os fundadores de ambas as cidades procuravam terras devolutas para se estabelecerem na agricultura e pecuria. Seguiram trilhas abertas anteriormente por outros desbravadores: os que fundaram Monte Alegre, por rotas que levavam aos sertes de Gois; os que fundaram Campo Grande, por caminhos percorridos pelos retirantes da Laguna, que levavam ao Campo Grande e Vacaria. "No comeo do Sculo XIX, uma numerosa famlia mineira, cujo chefe era Martins Pereira, na tentativa de apossar-se de terras devolutas no serto de Gois, empreendeu viagem de mudana para aquelas plagas inspitas, seguindo corajosamente a caravana dos aventureiros por um caminho aberto que ligava parte da Capitania das "Minas Gerais" s terras goianas (...)" (1) "Jos Antnio Pereira (...) Natural de Minas Gerais, residente na cidade de Monte Alegre, empreendeu sua primeira viagem rumo ao sul de Mato Grosso (...) Tendo notcia da Vacaria, com suas vastas campinas, formou uma comitiva (...) Em fins de maro de 1872, partiu de Minas (...) a pequena caravana, trilhando os caminhos deixados pelos nossos soldados que combateram os invasores do territrio brasileiro, na Guerra do Paraguai." (2)
Durante a viagem defrontaram-se com problemas de doena, obrigando-os interromperem a marcha. Promessas de construo de igrejas foram feitas aos Santos de suas devoes, caso as pessoas lograssem a cura: dos fundadores de Monte Alegre a So Francisco das Chagas, dos de Campo Grande a Santo Antnio. "Quando a caravana alcanava o ponto do caminho onde fica hoje a cidade, adoeceu gravemente um dos seus membros, motivando essa fatalidade uma parada obrigatria de alguns meses na localidade." (1) "Quando, de mudana, passando por Santana de Paranaba, foi obrigado a interromper por alguns meses sua viagem, em virtude da malria que grassava naquela populao (...) l permaneceu o tempo suficiente para debelar a epidemia, salvando muitas vidas (...)" (2) 40
Os fundadores de ambas as cidades escolheram a regio da confluncia de dois crregos para se estabelecerem e ali construrem o arraial: Monte Alegre surgiu entre os crregos "Monte Alegre" e "Maria Elias" e Campo Grande entre os crregos "Prosa" e "Segredo". As primeiras moradias foram ranchos cobertos de folhas de buriti ao longo das primeiras ruelas dos arraiais em formao: Monte Alegre, s margens dos crregos "Monte Alegre" e "Maria Elias" e Campo Grande, ao longo do crrego "Prosa", na antiga "Rua Velha" (atual 26 de Agosto). "Esses primeiros povoadores do arraial em formao, abrigaram-se em humildes ranchos, construdos na sua maioria de madeira, capim e palha de buriti, em ruelas abertas a margem dos crregos 'Monte Alegre' e 'Maria Elias' (...) (1) "Na extremidade do tringulo formado pela confluncia desses veios de gua, traaram as primeiras ruas da futura cidade, a quadra para a necrpole e praa onde foi erguida a Capela de So Francisco das Chagas, o Padroeiro da Povoao." (1) "A comitiva, aps trs meses de caminhada, chega a 21 de junho, confluncia de dois crregos, mais tarde denominados 'Prosa' e 'Segredo' (...) Enquanto descansam, fazem rancho coberto de folhas de buriti (...)" (2) "Jos Antnio Pereira, traando os limites do povoado nascente denominou-o Santo Antnio do Campo Grande (...) Nos anos seguintes, isto , em 1876 e 1877, Jos Antnio Pereira deu cumprimento promessa, construindo uma igrejinha de pau--pique, coberta de telhas transportadas do abandonado Camapu" (2)
Impressionante a coincidncia entre alguns nomes e sobrenomes: a famlia de Antnio Luis Pereira (portanto, de Jos Antnio Pereira) foi uma das fundadoras de Monte Alegre. O filho de Jos Antnio mudou-se definitivamente daquela cidade, para vir estabelecer-se, com quase todos os seus, no Campo Grande, em 1875, quando tinha 21 anos de idade. Seus netos, ainda vivos, contam que Antnio Luiz deixou l inmeros amigos. Alm do sobrenome Pereira, notvel a presena de outros, como os Gonalves, Martins e Cardosos, nos resumos histricos sobre Monte Alegre. "Com a juno j de outros aventureiros que seguiram o mesmo itinerrio, formaram uma agregao as famlias de Antnio Luis Pereira, Gonalves da Costa, Martins de S, Manoel Feliz e Cardosos." (1) "Para surpresa de Manoel Olivrio, em 14 de agosto do mesmo ano de 1875, chega Jos Antnio a frente de numerosa caravana composta de onze carros mineiros (...) fazendo-se acompanhar tambm de sua esposa Maria Carolina de Oliveira, seus filhos Joaquim Antnio, Antnio Luiz (...) o genro Manoel Gonalves (...) num total de 62 pessoas." 41
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No ngulo superior-esquerdo da Bandeira A Bandeira do Estado de Mato Grosso do de Monte Alegre h um emblema que Sul, foi concebida e desenhada por Mauro muito se assemelha Bandeira de Mato Miguel Munhoz e oficializada em 1977. Grosso do Sul.
BIBLIOGRAFIA 1. DEPARTAMENTO MUNICIPAL DE CULTURA, LAZER E TURISMO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE MONTE ALEGRE DE MINAS: Dossi para o tombamento do monumento aos Heris da Laguna. 2. PEREIRA, EPAMINONDAS ALVES - (Bisneto de Jos Antnio Pereira): Resumo Histrico da Cidade de Campo Grande 1872-1911. 12 pag., 1972.
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(Monte Alegre de Minas: 21 de junho de 1853 - Campo Grande, Mato Grosso do Sul: 24 de setembro de 1942). Eurpedes Barsanulfo Pereira Quando se aborda as origens de nossa cidade, emerge naturalmente a figura mpar de seu Fundador, o destemido mineiro Jos Antnio Pereira que, nos idos de 1872, constituiu-se no primeiro elemento humano, afora os ndios que circulavam por esta regio, a fincar os ps neste dadivoso solo. Naqueles tempos remotos, participando ativamente de todos os lances da epopia que resultou na fundao da cidade, sobressaa a presena de Antnio Luiz Pereira, seu filho, no alvorecer da mocidade. Como era tradicional, os vares da famlia costumavam secundar o chefe da prole, assimilando-lhe as habilidades, em seus inmeros afazeres. Foi assim que Antnio Luiz, embrenhou-se pelos sertes, ao lado de seu pai, procura dos caminhos que os levassem aos campos da Vacaria. Nos dias iniciais daquele outono, ps-se a cavalo pelos serrados mineiros do Distrito da Farinha Podre, trazendo no alforje de sua montaria a inseparvel viola, companheira dos folguedos e melancolias desde a adolescncia.
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Antnio Luiz Pereira rodeado por netas, em 1936. Da esquerda para a direita, em p: Margarida, Maria Barbosa, Elza, Graciana, Mariazinha e Erotildes (Tita). Sentadas: Juracy, Herondina, Belmira (filha de Antnio Luiz) e Evanilha (Lola). Sentadas no solo: Lbia (Bibe), Julieta e Lucila.
Longos anos de uma convivncia maravilhosa com filhos, netos, bisnetos e sobrinhos, fixaram na memria de todos a imagem inelidvel de um ser carismtico. Partiu naquela tarde de 24 de setembro de 1942, deixando, no corao dos seus, enorme saudade. Alquebrado pela idade avanada, aos 89 anos, sob os cuidados extremosos de sua filha Ana Luiza (tia Neguinha) e poucos minutos aps agradvel conversa com o inseparvel neto "Nenm" (Epaminondas Alves Pereira), proferiu suas ltimas palavras: - "filho, agora vou descansar um pouco...", e fechou os olhos para sempre. =0=
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Em 15 de outubro de 1942, Valrio d'Almeida escreveu, no Jornal "O Progressista", o artigo: "Campo Grande de joelhos e de luto". (3) Seguem-se os principais fragmentos: "Emudeceu para sempre a voz de um dos co-fundadores do velho Arraial de Santo Antonio do Campo Grande. Antnio Luiz Pereira, filho de Jos Antnio que aqui chegara em 1875, faleceu cercado do conforto de sua numerosa prole composta de filhos, netos, bisnetos, genros, noras e sobrinhos. (...) Com uma sade invejvel, enfrentou o ltimo quartel do sculo XIX e fechou as plpebras luz primaveril do ms de setembro passado, quase ao meio do sculo XX, desertando suavemente da vida to cheia de angstias e de lgrimas. Sua existncia foi afanosa, toda ela dedicada ao amanho da terra que cultivou com amor e carinho, levantando as bases da herdade agrcola do "Blsamo" que ficar para sempre denunciando aos psteros, o apego de Antnio Luiz terra que serviu de bero a todos os seus descendentes. Ali, beira de um fio d'gua, sombreado de arvoredos, ele e os seus, diuturnamente, foram assistindo ao crescimento do arraial, do povoado, da aldeia, da vila e finalmente da cidade, bem como o aumento da famlia que se alastrava pelos arredores, em novos lares cada qual influenciado pelo convvio bom dos seus ascendentes. Lembro-me, menino ainda, quando l fomos assistir aos festejos de Santo Antnio, s vezes, sob invernias cortantes e chuvosas. O mau tempo nunca empanou o entusiasmo das festas, nem tampouco diminuiu o ardor dos que iam compartilhar da alegria e do teto da famlia Pereira. Guardo como o cicio brando de folhas de palmeiras ao vento, o aspecto brasileiro da pequena herdade: com casa de telha v, bem colonial; grande ptio cercado de pau-a-pique; ao fundo o laranjal, o rego d'gua e o monjolo escachoante e preguioso; ao lado, o galpo sem paredes, os currais, e prximo cerca, o carro de bois cheirando cabreva nova, mal sada da enx do carpinteiro. Antnio Luiz foi um enamorado da natureza quase virgem que conhecera quando criana, e nunca se adaptara em definitivo ao ambiente da civilizao, trazida nos apitos das locomotivas.
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Homenagem da Colnia Libansa, ao Fundador de Campo Grande. Localizado no canteiro central da Avenida Affonso Penna, esquina com a Avenida Calgeras.
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OBELISCO
Em homenagem aos fundadores de Campo Grande. Inaugurado em 26-08-1933 pelo Prefeito Ytrio Corra da Costa, projetado pelo engenheiro Newton Cavalcanti. Situado no cruzamento entre a Avenida Affonso Penna e Rua Jos Antnio Pereira. "MEDALHO" DO OBELISCO
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Obra da Escultora Neide Ono Construda na gesto do Prefeito Juvncio Cesar da Fonseca. Situada na confluncia dos crregos "Prosa" e "Segredo", local onde Jos Antnio Pereira levantou o primeiro rancho, entre as Avenidas Fernando Corra da Costa e Ernesto Geisel.
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Trecho da Rua Jos Antnio Pereira altura do cruzamento com a Avenida Affonso Penna. esquerda: viso ao norte do Obelisco. direita: viso partir do sul. EDIFCIO JOS ANTNIO PEREIRA
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A Bandeira de Campo Grande foi oficializada no ano de 1967. O braso, ao centro, simboliza o Governo Municipal. O retngulo, a cidade de Campo Grande. As faixas, simbolizam o Poder Municipal, que se irradia, como os raios do sol, para todos os quadrantes e as oito figuras geomtricas, as regies rurais do Municpio. BRASO
A Coroa Mural, na parte superior, classifica a cidade na segunda grandeza, isto , sede de Comarca. A guia simboliza poder, prosperidade e altrusmo. O berrante, sob suas garras, lembra a pecuria, umas das principais atividades econmicas da regio. As faixas onduladas abaixo da guia representam os crregos Prosa e
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I Campo Grande que outrora um deserto, Transformou-se em cidade primor, de jias escrnio aberto, uma gema de fino lavor! II (Estribilho) A cidade onde todos vivemos, Aprendamos fiis defender! Nosso afeto a ela sagremos E felizes assim hemos ser. Nosso afeto a ela sagremos E felizes assim hemos ser. III Quanta luz, quanto gozo sem par! Nos legou nosso amado Pas! Oh! que terra ditosa meu lar! Campo Grande feliz, feliz!
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Porteira de entrada
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CARRO MINEIRO
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Monjolo em funcionamento
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Quando se chega ao Museu Jos Antnio Pereira tem-se, de imediato, a impresso de que nos encontramos numa das mais tradicionais e antigas propriedades rurais mineiras. "Em geral, as sedes dessas fazendas seguiam padres arquitetnicos semelhantes, incluindo a casa de moradia, geralmente trrea, e anexos vrios: paiol, casa de monjolo, puxado para carros de boi, engenho rudimentar, rego d'gua e outras benfeitorias. (...) Os materiais empregados eram, via de regra, encontrados na prpria fazenda ou em locais prximos, com largo emprego da pedra, do barro e da madeira, sob diversas formas. A mo-de-obra mostrava-se tosca, ainda que muitas vezes utilizando-se de materiais nobres como as madeiras de lei, e revelando-se dotada de natural engenhosidade. (...) os padres arquitetnicos e a distribuio das diversas edificaes, sempre de acordo com a procedncia dos fundadores das fazendas." (1) A casa da Fazenda Blsamo "compacta, (...) erguida em terreno plano, apresentando distribuio irregular de alguns cmodos que do acesso uns aos outros, sem reas de circulao, (...) tpica de fazendas construdas por mineiros, no sculo XIX e princpios do sculo XX". (1) "O bloco principal e os blocos anexos so estruturados com troncos rolios de aroeira que compem um sistema de baldrames, pilares e cintas. As paredes, tanto
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As esquadrias, de portas e janelas, so todas de folhas de madeira, planas, trabalhadas com a enx. Os pisos do bloco anexo so revestidos com ladrilhos de fabricao caseira, com exceo da sala, que tem o piso de tbuas corridas.
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O abrigo (do carro mineiro) tem o piso em terra batida". (2) ========== INTERIOR ========== CATRES
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TAMBORETE e ROCA
BANCO
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1. LENA CASTELLO BRANCO FERREIRA DE FREITAS e NANCY RIBEIRO DE ARAJO E SILVA: Antigas Fazendas do Planalto Central. In: Cincias Humanas em Revista. Revista do Instituto de Cincias Humanas e Letras. Universidade Federal de Gois. 2. PROJETO DE RESTAURAO DO MUSEU JOS ANTNIO PEREIRA: Secretaria Municipal de Educao e Cultura, Diviso de Cultura. Prefeitura Municipal de Campo Grande. 3. RESTAURAO DO MUSEU JOS ANTNIO PEREIRA: Borges & Corra Ltda. - Gregrio Corra (Goinha).
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Engenho de cana-de-acar
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Cozinha e monjolo
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Pilo do Monjolo
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Convite
Se voc um CONCURSEIRO ento visite a CONCURSANTES & VESTIBULANDOS no Orkut atravs do link: comunidade http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=51805366 Onde voc encontra material de estudo grtis.
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