Exercicios de Analise Matematica I/II (IST/2003)
Exercicios de Analise Matematica I/II (IST/2003)
Exercicios de Analise Matematica I/II (IST/2003)
Departamento de Matemática do
Instituto Superior Técnico
10 de Setembro de 2003
Índice
2 Séries 21
2.1 Séries numéricas elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2 Convergência absoluta e critério de Leibniz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.3 Séries de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
4 Cálculo Diferencial. 53
4.1 Noção de derivada. Primeiras propriedades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.2 Teoremas de Rolle e Lagrange. Corolários. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.3 Regras de Cauchy. Indeterminações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
4.4 Teorema de Taylor. Estudo de funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.5 Série de Taylor. Desenvolvimentos em séries de potências. . . . . . . . . . . . . . . 91
5 Primitivação 99
3
4
Nota prévia
Este texto foi objecto de publicação por parte da IST Press1 em Setembro de 2003. Excepto as
fórmulas nas diversas figuras, que sofreram um “percalço” não particularmente grave de ordem
técnica na edição tipográfica que se espera corrigir em edições posteriores, aquela versão passou a
ser a versão autoritativa e haverá pequenas correcções que ali estarão presentes mas aqui não. Além
disso faz-se notar que a edição tipográfica e esta introduzem relativamente a versões anteriores a
Agosto de 2003 uma alteração de numeração no capı́tulo 4: o pseudo exercı́cio 4.60 foi eliminado
pelo todos os 4.x com x > 60 passam a 4.(x − 1).
O preço da edição tipográfica compara-se muito favoravelmente com preço de uma impressão
do texto pelo que também por isso se desaconselha a impressão desta versão embora se mantenha
o acesso livre nos moldes tradicionais.
1 Ver http://www.istpress.ist.utl.pt/lexercı́ciosmath.htm .
5
6
Introdução
Aquilo que vai começar a ler tem uma história algo fora de vulgar no que respeita a textos de
Matemática a nı́vel universitário. Esta nota tenta explicar a sua génese, dar crédito por forma
provavelmente incompleta a quem para ele contribuiu e fazer algumas observações em nome da
entidade algo difusa a que se pode chamar autor neste caso.
A origem da maior parte do texto são enunciados de perguntas de provas de avaliação nas dis-
ciplinas de Análise Matemática do Instituto Superior Técnico no 1o ano dos cursos ali leccionados
entre 1970 e 1980. O último capı́tulo corresponde a material que, por vezes, só é leccionado no 2 o
ano.
O ano de 1967 ficou assinalado no IST pela admissão como Professor Catedrático de Ma-
temática de Jaime Campos Ferreira que cedo se rodeou nas disciplinas de Análise Matemática I
e II de um número considerável de Monitores e Assistentes que, alunos dos cursos de Engenha-
ria, tinham adquirido um gosto considerável pela Matemática. Alguns são hoje professores de
Matemática no IST e noutras escolas.
Um acontecimento notável no paı́s na década de 70 foi a revolução do 25 de Abril que teve
consequências variadı́ssimas na vida das universidades portuguesas. Uma destas foi a multiplicação
do número de provas de avaliação de conhecimentos por disciplina que à luz dos padrões actuais
passaram a ser em número exageradı́ssimo. Isto obrigou o corpo docente de Matemática, e em
particular Jaime Campos Ferreira e a sua equipa, a um esforço considerável na produção de
enunciados de exame. Estes enunciados formaram um conjunto extremamente coeso de material
de qualidade que o então jovem Assistente Francisco Viegas coleccionou, ordenou, seleccionou e
reescreveu com a sua excelente caligrafia, tendo como objectivo reciclar para material de apoio às
aulas práticas o que de outra forma teria sido esquecido. O empenho e cuidado nesta operação
não trivial rapidamente tornaram o texto assim produzido uma referência para as aulas práticas
destas disciplinas.
A primeira metade da década de 80 assistiu, graças à existência do 12 o ano do ensino se-
cundário e à habitual pressão numa escola de Engenharia para a Matemática ser introduzida tão
cedo quanto possı́vel, à introdução da Análise de funções de mais de uma variável real na parte
final do currı́culo de Análise Matemática II. Isto teve como consequência o aparecimento de um
apêndice (com a caligrafia do signatário) englobando um conjunto de exercı́cios oriundo de pro-
vas de Análise Matemática III. Por outro lado Paulo de Almeida denodadamente escreveu um
conjunto de soluções de alguns dos exercı́cios.
Na inı́cio da década de 90 o recém-doutorado Francisco Teixeira percebeu que o material que
assim se tinha construı́do valia a pena ser revisto para ser disponibilizado num formato mais perene
e que tal era viável com um investimento de tempo e esforço não exagerado e feito localmente
graças aos avanços tecnológicos no campo dos computadores pessoais e do processamento de texto
matemático. O próprio Jaime Campos Ferreira reviu a versão final. Perdeu-se a bela caligrafia
mas ganhou-se em legibilidade e em capacidade de actualizar o texto.
Isto não impediu que o texto começasse a ganhar apêndices vários e a ter um ar antiquado
em termos gráficos. O ser responsável por alguns dos cursos de Análise Matemática I/II no
inı́cio do novo século motivou o meu envolvimento numa nova grande revisão incidindo sobre o
aspecto tipográfico, reordenamento de exercı́cios, clarificação de um grande número de soluções,
alguma uniformização de notação, refazer de todas as ilustrações,. . . Tal teria introduzido uma
nova geração de gralhas não fosse a revisão cuidada de Luı́sa Ribeiro.
7
Os avanços tecnológicos permitiram a disponibilização via web num formato de hipertexto.
Este facto não impede com certeza que esta edição pela IST Press venha a ser muito bem vinda
por parte dos alunos devido à dificuldade e custo da impressão de um texto desta dimensão.
Mantiveram-se as referências à prova em que cada pergunta foi apresentada e respeitou-se tanto
quanto possı́vel o texto original excepto em casos de conflitos de notação, gralhas, etc., servindo
assim de memória de um trabalho colectivo para o qual contribuiram inúmeros colegas desde o
assinalar de gralhas a enunciados de problemas ou soluções. Espero que esta introdução não peque
demasiado por omiti-los.
Finalmente faço notar que quem usar este texto deve ter presente que: o incluir um pequeno
número de soluções é uma opção consciente para por um lado manter o desafio do desconhecido
e por outro dar alguns exemplos de como se redige Matemática; a ordenação das matérias é uma
das possı́veis correspondendo a uma ordenação popular no IST; dada a dificuldade em escrever
exercı́cios razoáveis sobre alguns tópicos, geralmente introdutórios, há assuntos que aparecerão
subrepresentados (e outros sobrerepresentados).
Instituto Superior Técnico, 4 de Abril de 2003,
João Palhoto Matos
8
Capı́tulo 1
b) Indique, se existirem em R, sup A, min(A ∩ B), max(A ∩ B), inf(A ∩ B ∩ C), sup(A ∩ B ∩ C)
e min(A ∩ B ∩ C).
9
CAPÍTULO 1. NÚMEROS REAIS. SUCESSÕES.
Resolução:
A = {x ∈ R : |x − 3| = 2|x|} = {x ∈ R : |x − 3| = |2x|}
= {x ∈ R : x − 3 = 2x ou x − 3 = −2x} = {−3, 1},
y y−1 y y−1
B= y∈R: < = y∈R: − <0
y−1 y y−1 y
1
y− 2
= y∈R:2 <0
y(y − 1)
= {y ∈ R : y < 1/2, y < 0, y < 1} ∪ {y ∈ R : y < 1/2, y > 0, y > 1}
∪ {y ∈ R : y > 1/2, y < 0, y > 1} ∪ {y ∈ R : y > 1/2, y > 0, y < 1}
= ] − ∞, 0[ ∪ ]1/2, 1[ .
10
Como A = {−3, 1} e B = ] − ∞, 0[ ∪ ]1/2, 1[ conclui-se que A é limitado e B é apenas majorado.
Portanto sup A = 1, inf A = −3, sup B = 1, B não tem ı́nfimo em R, max A = 1, min A = −3 e B
não tem máximo nem mı́nimo em R.
1.11 Sendo A um subconjunto majorado e não vazio de R e α = sup A, prove que, para qualquer
> 0, o conjunto V (α) ∩ A é não vazio. Na hipótese de α não pertencer a A, o conjunto V (α) ∩ A
pode ser finito? Justifique a resposta.
(Grupo IVa do Exame Final de 10/5/79)
1.12 Sendo U e V dois subconjuntos majorados e não vazios de R, tais que sup U < sup V ,
justifique (de forma precisa e abreviada) as afirmações seguintes:
1.13 Prove que, se X e Y são dois subconjuntos de R tais que sup X > inf Y , existem x ∈ X e
y ∈ Y tais que y < x.
(Grupo IVa da Prova de 26/7/78)
2. Mostre, por meio de exemplos, que se for sup A > inf B ∧ sup B > inf A, A e B podem ser
ou não ser disjuntos.
1.15 Sejam A e B dois subconjuntos majorados e não vazios de R e sejam α = sup A, β = sup B.
Justifique que o conjunto C = A∪B tem supremo e, designando-o por γ, prove que γ = max{α, β}.
(Grupo IVa do Exame Final de 4/5/79)
(a) Indique se o conjunto tem ou não majorantes e minorantes (em R) e, se existirem, quais
são.
(b) Indique o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo dos mesmos conjuntos, no caso de
existirem.
11
CAPÍTULO 1. NÚMEROS REAIS. SUCESSÕES.
(a) Indique o menor intervalo que contém esse conjunto (de forma mais precisa: indique
um intervalo I que contenha o conjunto C e esteja contido em qualquer intervalo que
contenha C).
(b) Dê um exemplo de uma sucessão convergente, cujos termos pertençam a C e cujo limite
não pertença ao mesmo conjunto.
(n!)2 > 2n n2 .
n
Recorde que p designa, em análise combinatória, as combinações de n elementos p a p, e tem-se
n n!
= (1.1)
p p!(n − p)!
cuja demonstração se reduz ao cálculo destes valores por aplicação da expressão (1.1).
1.23 Calcule, se existir, o limite de cada uma das sucessões definidas como se segue:
a) vn = √1 ,
n n2
12
an
b) wn = n , onde a ∈ R.
1.24 Indique, justificando abreviadamente, o conjunto dos sublimites de cada uma das sucessões
de termo geral
nπ nπ 1 n
an = sen + cos , bn = e(1− n ) .
2 2
(Pergunta 3 do Grupo I do Exame de 2a Época de 7/2/97)
b) Se (un ) e (vn ) são sucessões limitadas, o conjunto dos sublimites da sucessão (un + vn ) é não
vazio.
c) Se (un ) é uma sucessão tal que, para todo o n ∈ N, u2n ∈ ]0, 1[ e u2n+1 ∈ ]1, 2[, então (un ) é
divergente.
1.26 Sejam (xn ) e (yn ) sucessões tais que (xn ) é crescente e, para todo o n ∈ N, xn ≤ yn . Mostre
que, se (yn ) é convergente, o mesmo acontece com (xn ) e estabeleça, nesse caso, uma relação entre
lim xn e lim yn .
(Pergunta 2 do Grupo I do Exame de Época Especial de 17/11/95)
1.27 Sejam (xn ) e (yn ) duas sucessões reais tais que, para qualquer n ∈ N1 , xn ≤ yn . Mostre que
se lim xn = +∞ então também lim yn = +∞.
(Pergunta 3 do Grupo I do 2o Exame de 9/2/94)
1o Para cada um dos conjuntos A e B, indique o conjunto dos majorantes, o conjunto dos mino-
rantes e, no caso de existirem (em R), o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo.
2o Indique, justificando, quais das proposições seguintes são verdadeiras e quais são falsas:
13
CAPÍTULO 1. NÚMEROS REAIS. SUCESSÕES.
2. Dê um exemplo de uma sucessão cujos termos pertençam ao conjunto B e que não seja
limitada. Seria possı́vel dar o exemplo pedido se, em vez de B, se considerasse o conjunto
A? Justifique.
1.30 Seja A um subconjunto de R, com supremo s. Prove que existe uma sucessão xn , de termos
em A, convergente para s. Prove ainda que, se A não tem máximo, a sucessão x n pode ser escolhida
por forma que seja estritamente crescente.
(Grupo IVa do Exame Final de 21/9/79)
(−1)n 2n+1
un = , vn = [1 + (−1)n ]n, wn =
n2 2n + 1
e indique, justificando abreviadamente as respostas:
2. o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo (se existirem) do conjunto dos termos de cada
uma das sucessões consideradas.
n
Resolução: Quanto a (un ), |un | = (−1) 1
n2 = n2 < 2 para qualquer n, logo (un ) é limitada. (un )
não é crescente, pois, por exemplo, u3 < u2 ; nem é decrescente pois, por exemplo, u2 > u1 . (un )
é convergente para 0 pois |un | ≤ n12 e n12 tende para 0.
Quanto a (vn ), |vn | = |(1 + (−1)n )n| = |1 + (−1)n |n, logo (vn ) não é limitada pois dado M é
sempre possı́vel encontrar n0 tal que |vn0 | > M ; com efeito, escolhendo n0 par tal que n0 > M 2
virá |vn0 | = 2n0 > M . (vn ) não é decrescente, pois, por exemplo v1 < v2 , nem crescente pois
v2 > v3 . (vn ) não é convergente pois se o fosse seria limitada e não o é.
Quanto a (wn ), wn = 1+22−n o que permite reconhecer que (wn ) é uma sucessão de termos crescente
e com todos os termos menores que o seu limite que é 2 e todos os termos maiores ou iguais ao
primeiro que vale 4/3.
3n3 + 3n2 + 1 2n + 4 n
an = (−1)n , bn = , cn = a n bn , dn =
2n3 − 3 3n+1
indique, justificando as respostas, as que são limitadas e as que são convergentes (indicando neste
caso os respectivos limites).
(Grupo IIa do 1o Teste de 7/4/79)
14
1.34 Das sucessões de termos gerais
(−1)n+1 nn+1
un = , vn = , wn = u n vn
n nn + 1
indique, justificando abreviadamente as respostas, as que são limitadas e as que são convergentes.
(Grupo IIa do 1o Teste de 11/3/78)
1.36 Indique, justificando abreviadamente a resposta, o conjunto dos valores reais de a para os
an
quais a sucessão de termo geral xn = 1+2n é:
2
i) convergente;
ii) divergente, mas limitada.
1.37 Para cada a ∈ R determine, quando existam, os limites das sucessões de termos gerais:
an − 1 an − 2
a) , b) .
an2 + 1 a2n + 1
Resolução:
an − 1
a) Se a = 0 vem un = = −1 e lim un = −1.
an2 + 1
an − 1 an 1
Se a 6= 0 tem-se1 un = 2
∼ 2
= → 0 . Logo un → 0.
an + 1 an n
an − 2 an
b) Se |a| > 1 tem-se un = ∼ = a−n → 0 e lim un = 0.
a2n + 1 a2n
an − 2
Se |a| < 1 tem-se un = 2n ∼ −2 e lim un = −2.
a +1
1 1
Se a = 1 vem un = − e lim un = − .
2 2
1 3
Se a = −1 vem u2n = − e u2n+1 = − . Logo un não tem limite.
2 2
15
CAPÍTULO 1. NÚMEROS REAIS. SUCESSÕES.
Resolução:
a) De
a |a|
1 + |a| = 1 + |a| < 1
1 Sendo u e v duas sucessões de termos não nulos, escreveremos u ∼ v sse lim(u /v ) = 1; é claro que
n n n n n n
sendo un ∼ vn , se uma das sucessões tiver o limite α ∈ R, a outra tenderá também para α.
16
1.43 Prove que a soma de duas sucessões limitadas é uma sucessão limitada.
(Grupo IIb do 1o Teste de 6/3/80)
1.44 Seja an o termo geral de uma sucessão tal que, para todo o n ∈ N,
1. Justifique que a sucessão é convergente e indique um intervalo (de comprimento tão pequeno
quanto possı́vel) que contenha o limite de qualquer sucessão que satisfaça as condições im-
postas a an .
2. Indique o supremo e o ı́nfimo do conjunto dos termos da sucessão; este conjunto terá máximo?
E mı́nimo? Justifique abreviadamente as respostas.
1.46 Supondo 0 < a1 < a2 < · · · < an−1 < an < · · · e bn = 1/an , justifique que bn é convergente;
indique ainda, se existirem, o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo do conjunto de todos os
termos bn (n ∈ N1 ). Justifique as respostas.
(Grupo IIb da Prova de 26/7/78)
1.47 Sendo xn o termo geral de uma sucessão monótona, yn o termo geral de uma sucessão
limitada e supondo verificada a condição
1
∀n∈N1 |xn − yn | <
n
prove em primeiro lugar que xn é limitada e depois que as duas sucessões são convergentes para
o mesmo limite.
(Pergunta 2b do Exame Final (Ponto no 2) de 17/7/71)
Xn ⊂ X, ∀n ∈ N .
(a) todos os conjuntos Xn sejam infinitos e a sucessão de termo geral sn = sup Xn seja
convergente;
17
CAPÍTULO 1. NÚMEROS REAIS. SUCESSÕES.
(b) todos os subconjuntos Xn sejam finitos e a sucessão dos respectivos supremos seja
divergente.
1.49 Supondo que, para cada n ∈ N1 , Xn é um subconjunto não vazio de R e ainda que:
1.50 Seja un o termo geral de uma sucessão limitada; para cada n ∈ N, designe-se por Un o
conjunto formado pelos termos da sucessão cuja ordem é maior do que n: Un = {up : p > n}.
Resolução:
1. Se (un ) é limitada, o conjunto U dos seus termos é limitado e Un ⊂ U também o será; o
conjunto Un é não vazio por definição de sucessão; Un , limitado e não vazio tem pois um
supremo e um ı́nfimo, como consequência do axioma do supremo.
2. Como Un+1 ⊂ Un resulta que a sucessão de termo geral αn = inf Un é crescente e a sucessão
de termo geral βn = sup Un é decrescente; mostremos que a primeira sucessão é majorada e a
segunda minorada; com efeito, de Un ⊂ U e de U ser limitado sai que αn = inf Un ≤ sup Un ≤
sup U e βn = sup Un ≥ inf Un ≥ inf U ; como (αn ) é crescente e limitada superiormente, então
(αn ) converge e como βn é decrescente e limitada inferiormente, (βn ) converge; da relação
αn ≤ βn sai α = lim αn ≤ lim βn = β.
3. Começamos por provar que existem subsucessões de (un ) convergentes para β. Façamo-lo
definindo uma subsucessão (ukn ) de (un ) por indução. Consideramos uk0 = u0 e supostos
definidos uk0 , . . . , ukn escolhemos m ∈ N tal que 0 < βm − β < 1/n (graças a lim βm = β)
e m > kn (esta última condição destina-se a garantir que estamos de facto a construir uma
subsucessão). Por definição de supremo existe uq com q > m tal que 0 < βm − uq =
sup Um − uq < 1/n. Tomamos ukn+1 = uq . Assim
A sucessão (ukn ) é de facto uma subsucessão de (un ) e para n ∈ N1 temos |ukn − β| < 2/n
o que garante que o seu limite é β.
18
Para provar que nenhuma subsucessão de un converge para um número maior do que β
suponhamos, por absurdo, que existe um sublimite de un , β 0 , tal que β 0 > β. Tomando
0 < < β 0 − β, tem-se
∀p∈N ∃n>p |un − β 0 | < .
Portanto para todo o p ∈ N existe un ∈ Up tal que un > β 0 − . Desta forma, para todo o
p ∈ N, βp = sup Up > β 0 − . Mas então devı́amos ter lim βn ≥ β 0 − > β.
Resolução:
1. Sendo un limitada, qualquer subsucessão de un sê-lo-á também e terá, portanto, subsucessões
convergentes (teorema de Bolzano-Weierstrass).
2. A sucessão un , sendo ilimitada, terá uma subsucessão upn tal que |upn | → +∞ (para obter
uma tal subsucessão bastará escolher p1 tal que |up1 | > 1, depois p2 > p1 tal que |up2 | > 2,
etc). Qualquer subsucessão de upn será ilimitada (visto que em valor absoluto tenderá
também para +∞) e não poderá portanto ser convergente.
1.52 Seja
x
A= x∈R: 2 >0 .
x −1
1. Diga se o conjunto A é majorado ou minorado e indique (caso existam) o supremo, o ı́nfimo,
o máximo e o mı́nimo de A.
2. Justifique que o conjunto dos sublimites de uma qualquer sucessão de termos em ]−∞, 0[ ∩ A
é não vazio.
3. Mostre, por meio de exemplos, que o conjunto dos sublimites de uma sucessão de termos em
]0, +∞[ ∩ A pode ser ou não ser vazio.
19
CAPÍTULO 1. NÚMEROS REAIS. SUCESSÕES.
20
Capı́tulo 2
Séries
Nos casos em que conclua que não existe limite (finito ou infinito), justifique essa conclusão.
(Grupo IIa do 1o Teste de 6/3/80)
a) Indique o conjunto dos valores de r para os quais a sucessão é convergente, e, para cada r
pertencente a esse conjunto, determine o lim xn . [Sugestão: pode ser-lhe útil determinar uma
outra expressão para o termo geral xn da sucessão].
b) Justifique que para todo o r ≥ 0 a sucessão xn é monótona e, considerando separadamente os
casos 0 ≤ r < 1 e r ≥ 1, calcule lim arctan xn .
2 n−1
P+∞
2.3 Calcule a soma da série n=2 5 .
(Pergunta 2 do Grupo II do 1o Exame de 26/1/94)
P∞ √ √
2.4 Mostre que a série n=1 un com un = n + 1 − n n é convergente e calcule a sua soma.
n+1
P∞
Resolução: A série n=1 (an+1 − an ) estuda-se a partir de
No nosso caso
n √
X √
k+1 k
√
n+1
Sn = k+1− k= n+1−1
k=1
21
CAPÍTULO 2. SÉRIES
e √ √
lim Sn = lim( n+1 n + 1 − 1) = lim( m m − 1) = 0.
√
Este último
P∞resultado deve-se a que se lim(vn+1 /vn ) = α (e vn > 0) então lim n
vn = α. Quer
dizer que n=1 un converge e tem soma nula.
n2 1
a) e b) (a > 0).
2n 1 + a2n
Resolução:
n2
a) un = > 0 e como
2n
un+1 (n + 1)2 2n 1
lim = lim = <1
un 2n+1 n2 2
P
resulta do critério de d’Alembert que un é convergente.
b) Se |a| ≤ 1 a série diverge, visto que então un não tende para 0 (un → 1 se |a| < 1, un → 12 se
|a| = 1).
1
P 1
Se |a| > 1 a série converge, visto que se tem nesse caso un ∼ a2n , sendo a2n uma série
geométrica (de razão a12 < 1) convergente.
Para esta última, depois de determinar o conjunto dos valores de x para os quais a série converge,
calcule a respectiva soma num ponto x desse conjunto.
(Pergunta 2a da Prova de 8/1/73)
22
2.1. SÉRIES NUMÉRICAS ELEMENTARES
2.9 Estude quanto à natureza (convergência absoluta, convergência simples, divergência) cada
uma das séries seguintes:
n
+∞ +∞ (−1) +∞
X X 1 X 1 + (−1)n
(−1)n e−n , , .
n=1 n=1
n n=1
n3
2.15 Sendo an o termo geral de uma sucessão de termos positivos, indique, justificando, a natureza
das séries:
X X 1
(1 + an ) e .
n2 + a n
(Grupo IIIb do 1o Teste de 6/3/80)
23
CAPÍTULO 2. SÉRIES
P P
2.16 Sendo an e bn duas séries de termos positivos, a primeira convergente e a segunda
divergente, indique, justificando, a natureza das séries:
X X an
(an + bn ), .
1 + bn
2.17 Seja (an ) uma sucessão de termos positivos e (bn ) uma sucessão limitada.
P+∞ P+∞
a) Mostre que a convergência da série n=1 an implica a convergência da série n=1 an bn .
P+∞
b) Use o resultado da alı́nea anterior para provar que se a série n=1 an converge então também
P+∞
converge n=1 a2n .
c) Mostre, por meio de um exemplo, que a recı́proca da proposição anterior é falsa.
2.18 Sendo an o termo geral de uma sucessão de termos positivos, com limite +∞, indique qual
é a natureza das séries: X an X 1
e .
1 + an 3n + a n
Justifique.
(Grupo IIIb da Repetição do 1o Teste de 19/4/80)
an+1
2.19 Seja (an ) uma sucessão de termos positivos tal que lim an > 1. Diga, justificando, se são
verdadeiras ou falsas as seguintes proposições:
P+∞ √
a) n=1
n a
n é uma série convergente.
P+∞ an
b) n=1 n é uma série divergente.
P+∞
c) A série n=1 (an − an+1 ) é convergente.
P P
2.20 Sendo an e bn séries convergentes de termos positivos, indique, justificando, quais das
séries:
X 1 1
X 1 1
X
a) + , b) − , c) a n bn .
an bn an bn
são necessariamente convergentes ouP necessariamente
P divergentes e quais podem ser convergentes
ou divergentes consoante as séries an e bn consideradas.
(Pergunta 3b da Prova de 4/9/72)
Resolução:
P P
a) A série diverge pois se an e bn convergem tem-se an → 0 e bn → 0 e como an > 0 e bn > 0
tem-se an → +∞ e bn → +∞ e portanto a1n + b1n → +∞. Ora se a série fosse convergente o
1 1
24
2.2. CONVERGÊNCIA ABSOLUTA E CRITÉRIO DE LEIBNIZ
P P
c) an bn é necessariamente convergente. Com efeito, convergindo bn deverá ter-se bn →
0 e portanto, a partir de certa ordem n0 , bn ≤ 1; multiplicando ambos os membros desta
desigualdade porP an (positivo por hipótese) conclui-se que, para n > n0 , se terá an bn ≤ an . A
convergência de an bn resulta então da de an , pelo critério de comparação.
P P
2.21 Sendo an e bn duas séries convergentes, de termos positivos, indique quais das séries:
X X 1 1
X an
a2n , − ,
an bn 1 + bn
são necessariamente convergentes ouP necessariamente
P divergentes e quais podem ser convergentes
ou divergentes consoante as séries an e bn consideradas.
(Pergunta 3b do Ponto no 6 de 25/10/71)
a) converge simplesmente;
b) converge absolutamente.
2.25 Prove que são necessariamente verdadeiras ou mostre, por meio de exemplos, que podem ser
falsas, as afirmações
P correspondentes às alı́neas a), b) e c) seguintes.
Sendo an uma série convergente de termos positivos, a série
X X √ X
a) (−1)n an , b) n
an , c) a2n+1 .
é necessariamente convergente.
(Pergunta 3b do Ponto no 3 de 1/10/71)
25
CAPÍTULO 2. SÉRIES
P∞
a série n=1 un será convergente, estando a sua soma compreendida entre u1 e u1 + u2 .
Resolução:
a) Sendo (un ) convergente, seja u o seu limite. De un un+1 < 0 sai u2 ≤ 0; ora como um quadrado
é sempre maior ou igual a 0, só pode ser u = 0.
b) A condição un un+1 < 0 implica que a série ∞
P
n=1 un é alternada e, sem perda de generalidade,
podemos supor que
∞
X ∞
X
un = (−1)n+1 an = a1 − a2 + a3 − a4 + · · ·
n=1 n=1
com an > 0 (isto é, que u1 > 0). Ora sabe-se que
por hipótese. Logo (an ) é Pdecrescente. Como se viu que un → 0, também an → 0; logo, pelo
critério de Leibniz, a série ∞n=1 (−1)
n+1
an converge.
É fácil ver que serão também convergentes — e com a mesma soma, s — as séries: (a 1 − a2 ) +
(a3 − a4 ) + (a5 − a6 ) + · · · e a1 − (a2 − a3 ) − (a4 − a5 ) − · · · . Assim, se designarmos por s0 e s00 ,
respectivamente, as somas das séries (a3 − a4 ) + (a5 − a6 ) + · · · e (a2 − a3 ) + (a4 − a5 ) + · · ·
cujos termos são todos não negativos (por an ser decrescente), ter-se-á evidentemente s0 ≥ 0,
s00 ≥ 0 e também
s = (a1 − a2 ) + s0 = u1 + u2 + s0 ≥ u1 + u2 ,
s = a1 − s00 = u1 − s00 ≤ u1 ,
isto é, u1 + u2 ≤ s ≤ u1 .
É claro que, se em lugar de u1 > 0 tivéssemos suposto u1 < 0, concluirı́amos de modo análogo,
não só a convergência da série, como a relação u1 ≤ s ≤ u1 + u2 .
26
2.2. CONVERGÊNCIA ABSOLUTA E CRITÉRIO DE LEIBNIZ
2.32 Determine para que valores de α são absolutamente convergentes, simplesmente convergentes
ou divergentes as séries de termos gerais
n2
(1 + sen α)n , (−1)n .
nα + 1
Resolução:
a) Trata-se de uma série geométrica de razão 1+sen α logo haverá convergência sse |1+sen α| < 1,
isto é, sse −2 < sen α < 0 ou ainda sse sen α < 0, ou enfim, sse α ∈ ](2k − 1)π, 2kπ[ com k ∈ Z.
É claro que para esses valores de α a série será absolutamente convergente.
b) Ponha-se
n2
un = (−1)n α .
n +1
P
Se α ≤ 2, un não tende para 0 e portanto, un é divergente.
Se α > 2, consideremos a sucessão (vn ) definida por
n2 1
vn = |un | = ∼ α−2 .
nα +1 n
27
CAPÍTULO 2. SÉRIES
P 1
Como a série nα−2 é convergente sse α > 3, pode concluir-se que un é absolutamente
convergente sse α > 3.
Para estudar se a série é simplesmente convergente para α ∈]2, 3] notamos que v n → 0 e,
excluı́dos termos iniciais em número finito dependente de α, a sucessão (vn ) é decrescente
(para o reconhecer pode observar-se que, sendo α > 2, a derivada da função definida em
2
]0, +∞[ pela fórmula ϕ(x) = xαx+1 ,
x
ϕ0 (x) = [2 + (2 − α)xα ],
(xα + 1)2
1 p
n (n + 1)(n + 3)
R= q = lim n(n + 2) = lim = 1.
lim n 1 n(n + 2)
n(n+2)
A série obtida é ainda absolutamente convergente para |y| = 1. Logo, os pontos x ∈ R para os quais
a série do enunciado é convergente, são os pontos tais que |1 − 4x| ≤ 1, ou seja, −1 ≤ 1 − 4x ≤ 1,
isto é, 21 ≥ x ≥ 0. Tem-se pois I = [0, 1/2].
Já vimos que a série dada converge se x = 0 e x = 12 . No primeiro caso a série é:
∞ ∞
X
n1 1X n 1 1
(−1) = (−1) − .
n=1
n(n + 2) 2 n=1 n n+2
Designando por (Sn )n∈N a sucessão de somas parciais da série podemos repetir o raciocı́nio para
obter a soma de uma série de Mengoli:
1 1 1 1 1 1 1
2Sn = − 1 − + − − − + − −···
3 2 4 3 5 4 6
1 1 1 1
· · · + (−1)n−1 − + (−1)n −
n−1 n+1 n n+2
1 1 1
= − 1 + + (−1)n−1 − + (−1)n − .
2 n+1 n+2
28
2.2. CONVERGÊNCIA ABSOLUTA E CRITÉRIO DE LEIBNIZ
1
Se x = 2 a série é procedemos de forma análoga para obter
∞ ∞ ∞
(−1)n
X
n
X 1 1X 1 1
(−1) = = − ,
n=1
n(n + 2) n=1 n(n + 2) 2 n=1 n n + 2
1 1 1 1 1 1 1
2Sn = 1 − + − + − + − +···
3 2 4 3 5 4 6
1 1 1 1
··· + − + −
n−1 n+1 n n+2
1 1 1
=1 + − − .
2 n+1 n+2
e lim Sn = 34 ; logo 3
4 é a soma da série dada quando x = 12 .
2.34 Determine para que valores reais de x são absolutamente convergentes, simplesmente con-
vergentes e divergentes as séries
∞ n ∞
X x X nxn
e .
n=0
x+1 n=0
n2 + 1
2.35 Determine o conjunto dos pontos em que é absolutamente convergente e o conjunto dos
pontos em que é simplesmente convergente a série:
∞ n
X 1 x−2
.
n=1
2n x
2.36 Determine o conjunto dos pontos em que é absolutamente convergente e o conjunto dos
pontos em que é simplesmente convergente a série:
∞ n
X n x−2
.
n=1
n2 + 1 x + 4
29
CAPÍTULO 2. SÉRIES
2.39 a) Determine o conjunto dos valores reais de k para os quais são convergentes e o conjunto
dos valores de k para os quais são limitadas as sucessões de termos gerais:
k 2n n2k
un = , vn = (−1)n .
2 + kn 1 + nk
2.40
Sendo an o termo geral de uma P reais e, para cada n ∈ N1 , b2n−1 = an ,
P∞ sucessão de termos
2n = −an , considere a série
bP n=1 b n . ProvePque bn é convergente se e só se lim an = 0 e que
bn é absolutamente convergente se e só se an o for.
(Pergunta 4 de uma Prova de Análise Matemática II)
P∞ P∞
2.41 Sejam n=0 an e n=0 bn séries numéricas absolutamente convergentes.
a) Mostre que, para todo x ∈ R, a série
∞
X
(an cos(nx) + bn sen(nx))
n=0
é convergente.
b) Sendo f : R → R a função definida por
∞
X
f (x) = (an cos(nx) + bn sen(nx))
n=0
mostre que
i) f é periódica.
P∞ P∞
ii) Se f for par f (x) = n=0 an cos(nx) e se f for ı́mpar f (x) = n=0 bn sen(nx).
Resolução:
a) Tem-se
|an cos(nx) + bn sen(nx)| ≤ |an cos(nx)| + |bn sen(nx)| ≤ |an | + |bn |.
P P P P∞
Ora, |an | e |bn | convergem, logo (|an | + |bn |) converge e n=0 (an cos nx + bn sin nx) é
absolutamente convergente e portanto, convergente.
b) i) Como cos(nx) = cos(nx + n2π) = cos(n(x + 2π)) e sen(nx) = sen(nx + n2π) = sen(n(x +
2π)) resulta que f (x) é periódica.
ii)
∞
X ∞
X ∞
X
f (x) = (an cos(nx) + bn sen(nx)) = an cos(nx) + bn sen(nx)
n=0 n=0 n=0
X∞ ∞
X ∞
X
f (−x) = (an cos(−nx) + bn sen(−nx)) = an cos(nx) − bn sen(nx)
n=0 n=0 n=0
30
2.3. SÉRIES DE POTÊNCIAS
P∞ P∞
Se f é P par de f (x) = f (−x) sai 2 n=0 bn sen(nx) = 0. Logo n=0 bn sen(nx) = 0 e
∞
f (x) = n=0 an cos(nx).
P∞ P∞
P∞ de f (x) = −f (−x) sai 2 n=0 an cos(nx) = 0. Logo n=0 an cos(nx) = 0 e
Se f é ı́mpar
f (x) = n=0 bn sen(nx).
no conjunto de todos os pontos x para os quais é convergente a série que figura no 2 o membro.
a) Indique (referindo-se ao valor de f num ponto conveniente) uma condição necessária e suficiente
para que 0 pertença ao domı́nio de g.
b) Prove que, se f for diferenciável em R e verificar as condições
f 0 (x) < 0 ∀x∈R e lim f (x) = 0
x→+∞
31
CAPÍTULO 2. SÉRIES
2.46 Estude quanto à natureza (convergência absoluta, convergência simples, divergência) cada
uma das séries seguintes, onde x designa um parâmetro real:
+∞ +∞ +∞
X 1 X (nx)n X
√ √ , , n1/n (x2 + 1)n .
n=1
n n+3+ n+1 n=1
(n + 1)n n=1
3. Justifique que existe um único valor de c para o qual a série é simplesmente convergente no
ponto x = −3 e determine-o.
32
2.3. SÉRIES DE POTÊNCIAS
2.52 a) Prove que, sendo P (x) um polinómio em x (de qualquer grau, mas não identicamente
nulo):
P (x + 1)
lim = 1.
x→+∞ P (x)
b) Supondo que P (x) é um polinómio nas condições da alı́nea a) e que Q(x) é também um
polinómio tal que
∀x∈N Q(x) 6= 0
utilize o resultado da alı́nea a) para determinar o raio de convergência da série de potências
∞
X P (n) n
x .
n=1
Q(n)
c) Obtenha uma condição (fazendo intervir os graus dos polinómios P e Q) necessária e suficiente
para que a série seja absolutamente convergente nos extremos do seu intervalo de convergência.
Justifique.
(Pergunta 4 da Prova de 19/7/71)
33
CAPÍTULO 2. SÉRIES
34
Capı́tulo 3
1o Para cada um dos conjuntos A e B, indique o conjunto dos majorantes, o conjunto dos mino-
rantes e, no caso de existirem (em R), o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo.
2o Indique, justificando, quais das proposições seguintes são verdadeiras e quais são falsas:
a) Se f é uma função definida e limitada em B e (xn ) é sucessão de termos em B, (f (xn ))
tem subsucessões convergentes.
Nas alı́neas seguintes, suponha que (an ) é uma sucessão decrescente de termos em A.
(−1)n
1
A= x∈R: ≥1 , B= 1− : n ∈ N1 .
log x n
a) Para cada um dos conjuntos A e B, indique o conjunto dos majorantes, o conjunto dos mino-
rantes e, no caso de existirem (em R), o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo.
b) Indique, justificando, quais das proposições seguintes são verdadeiras e quais são falsas:
3.3 Seja f uma função contı́nua em R e designe por K o conjunto dos zeros de f . Diga, justificando,
se é verdadeira ou falsa cada uma das proposições seguintes∗ :
a) Se K= ∅ então f > 0 ou f < 0.
35
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
b) Se K= Z então f é limitada.
c) Se { n1 : n ∈ N1 } ⊂ K então 0 ∈ K.
d) Se Q ⊂ K então K = R.
*Nota: Sempre que afirme que uma proposição é falsa dê um exemplo que o comprove. Sempre que
afirme que uma proposição é verdadeira justifique, abreviadamente, porque chegou a tal conclusão.
(Pergunta 2 do Grupo I do Exame de 1a Época de 8/1/97)
3.5 Seja φ : [a, b] → R (a, b ∈ R, a < b) uma função contı́nua e suponha que existe uma sucessão
(xn ), de termos em [a, b], tal que lim φ(xn ) = 0. Prove que φ tem, pelo menos, um zero em [a, b].
(Pergunta 1 do Grupo IV do Exame de 2a Época de 28/2/96)
3.6 Seja f : [0, +∞[ → R uma função contı́nua e sejam, para cada n ∈ N,
3.7 Seja f uma função contı́nua em R para a qual existem (em R) os limites limx→+∞ f (x) e
limx→−∞ f (x). Seja ainda A o subconjunto de R definido por A = {x : x = f (x)}. Nestas
condições, prove que:
a) A é não vazio. [Pode ser-lhe útil considerar a função g(x) = x − f (x) com x ∈ R.]
b) A é limitado.
c) A tem máximo e mı́nimo.
3.8 Justifique que, se f é uma função limitada em R, para qualquer sucessão de termos reais, x n ,
a sucessão f (xn ) tem subsucessões convergentes.
(Grupo Ib do Exame final de 4/5/79)
36
3.9 Considere os subconjuntos A e B de R, definidos pelas fórmulas:
Resolução:
3.11 Seja f uma função definida em R e tal que f ◦ f = IR onde IR designa a aplicação idêntica
de R em si mesmo (IR (x) = x, ∀x∈R ).
1. Recorrendo directamente às definições de aplicação injectiva e sobrejectiva, prove que f é
necessariamente bijectiva.
1O gráfico que se apresenta foi gerado numericamente. Obviamente o que se pretende neste e noutros gráficos
é uma representação aproximada das caracterı́sticas mais importantes que se esboçam com facilidade. Por vezes,
como neste caso, a escala dos dois eixos não é a mesma.
37
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
y
1
PSfrag replacements
x+|x|
y = log(1 + 2 )
x
0 e−1
x+|x|
Figura 3.1: O gráfico de g(x) = log(1 + 2
) no exercı́cio 3.10.
2. Mostre, por meio de exemplos, que uma função f nas condições acima indicadas pode ser:
(a) contı́nua em todos os pontos de R;
(b) contı́nua num único ponto de R;
(c) descontı́nua em todos os pontos de R.
3.12 Seja f : R → R uma função contı́nua no ponto 0 e xn o termo geral de uma sucessão
convergente; indique (expresso em função de um dos valores assumidos por f ) o limite da sucessão
f (x3n − x2n ). Justifique abreviadamente a resposta.
(Grupo IIa do Exame de 2a época de 8/9/80)
3.13 Sendo an o termo geral de uma sucessão convergente tal que, qualquer que seja n ∈ N,
f ( n1 ) = (−1)n an ?
Justifique a resposta.
(Grupo Ib do Exame Final de 21/9/79)
Resolução: O limite de an tem de ser 2 pois se (an ) converge para um certo α ∈ R, qualquer sua
subsucessão tem o mesmo limite e a partir de a2n > 2 e a2n+1 < 2 obtém-se α = lim a2n ≥ 2 e
α = lim a2n+1 ≤ 2 ou seja α = 2.
Se f é contı́nua em 0 tem-se para qualquer sucessão xn → 0, que lim f (xn ) = f (lim xn ) = f (0).
Em particular ter-se-ia
1
f (0) = lim f = lim(−1)2n a2n = lim a2n = 2
2n
38
e também
1
f (0) = lim f = lim(−1)2n+1 a2n+1 = lim(−a2n+1 ) = −2
2n + 1
e viria 2 = −2, o que é absurdo. Logo não pode existir uma tal função.
3.15 Sendo f : R → R uma função contı́nua no ponto 1, em que ponto(s) será necessariamente
contı́nua a função g(x) = f (sen x)? Justifique.
(Grupo Ic da Repetição do 2o Teste de 19/4/80)
3.17 Mostre que se un é uma sucessão monótona, arctg un é uma sucessão convergente.
(Grupo IIb do 1o Teste de 7/4/79)
3.19 Seja f : R → R uma função com limite finito quando x → 0 e tal que
f (x)
>0 ∀x6=0 .
x
Indique, justificando, o valor de limx→0 f (x).
(Grupo Ic do 2o Teste de 12/4/80))
Resolução: Tem de ter-se limx→0 f (x) = 0 pois se fosse limx→0 f (x) = α 6= 0 com, por exemplo,
α > 0, resultaria que, para x suficientemente próximo de 0 mas menor que 0, f (x)/x < 0. Caso
fosse α < 0, ter-se-ia para x suficientemente próximo de 0 mas maior que 0, f (x)/x < 0.
Concretamente, no caso α > 0, escolha-se > 0 tal que 0 < α − ; como lim x→0 f (x) = α existirá
δ > 0 tal que se x ∈ ] − δ, δ[ então f (x) ∈ ]α − , α + [. Logo para x ∈ ] − δ, δ[ virá f (x) > 0 e em
particular se −δ < x < 0 virá f (x)/x < 0.
39
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
3.20 Calcule
x2 − x tg 5x
lim , lim .
x→1 x2 − 3x + 2 x→0 x arccos x
(Grupo I3 do Exame de 2a época de 24/9/80)
x−2
f (x) = .
x+1
1. Calcule limx→1 f (x) e limx→−1 f (x).
3. Se xn for uma sucessão convergente para 1, com termos em ] − 1, 1[, qual será o limite de
f (xn )? Justifique.
4. Dê um exemplo de uma sucessão yn , de termos em ] − 1, 1[, tal que a sucessão f (yn ) não
seja limitada.
40
Resolução:
1. Para qualquer x ∈ R tem-se ex > 0, logo 1 + ex > 1 e portanto, ϕ(x) = log(1 + ex ) > 0 é
minorada; como limx→+∞ ϕ(x) = +∞, ϕ(x) não é majorada e portanto não é limitada.
π π
Quanto a ψ(x) tem-se |ψ(x)| = | arctg x| · | sen x2 | < · 1 = . Logo ψ(x) é limitada.
2 2
2. ψ não tem máximo embora o supremo de ψ seja π2 . Para ver que π2 = supx∈ R ψ(x) basta
observar que π2 é um majorante de ψ(x) para todo x ∈ R, como se viu e que dado > 0
existe x ∈ R tal que: π2 − < ψ(x). Para este efeito observe-se que, pondo xn = 2nπ + π2 ,
p
se tem ψ(xn ) = arctg xn → π2 ; assim, escolhendo n suficientemente grande, ter-se-á decerto
ψ(xn ) > π2 − .
π π
Mostrámos que supx∈R ψ(x) = 2 e como não existe ξ ∈ R tal que ψ(ξ) = 2 conclui-se que
ψ não tem máximo.
3. Tem-se lim ϕ(x) = lim log(1 + ex ) = log lim (1 + ex ) = log 1 = 0. Viu-se que
x→−∞ x→−∞ x→−∞
π
ψ(x) é limitada pois |ψ(x)| < 2, ∀x∈ R . Logo limx→−∞ ϕ(x)ψ(x) = 0. Mas
Mostremos que limx→+∞ ϕ(x)ψ(x) não existe. Basta encontrar duas sucessões (xn ) e (yn )
tais que
lim ϕ(xn )ψ(xn ) = α, lim ϕ(yn )ψ(yn ) = β e α 6= β.
n→∞ n→∞
2. Estude do ponto de vista da continuidade uma das funções seguintes (à sua escolha):
1 − |x|n
ϕ(x) = (x2 − 1) lim
n→∞ 1 + |x|n
ou (
x2 − 1, se |x| ≤ 1,
ψ(x) =
1 − x2 , se |x| > 1.
Esboce o gráfico da função escolhida e indique, justificando, os seus extremos absolutos e
locais (se existirem) e o seu contradomı́nio.
(Pergunta 1 do Exame Final de 6/5/78)
41
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
Nota: se não resolver a alı́nea a), considere a função f definida, não pela fórmula anterior,
mas por: (
−x, se x < −1 ou x > 1,
f (x) =
1, se −1 ≤ x < 1.
f (x) g(x)
1 1
−1 1 x −1 1 x
1 1
Resolução:
1 + x2n 1
a) Se |x| < 1: lim = = 1.
n→+∞ 1 − x2n−1 1
1 + (−1)2n 1+1
Se x = −1: lim = lim = lim 1 = 1.
n→+∞ 1 − (−1)2n−1 n→+∞ 1 + 1 n→+∞
1 + x2n x2n
Se |x| > 1: lim 2n−1
= lim = lim −x = −x.
n→+∞ 1 − x n→+∞ −x2n−1 n→+∞
42
b) (
1, se |x| < 1 ou x = −1,
f (x) =
−x, se |x| < 1.
c) (
1, se |x| < 1 ou x = −1,
g(x) =
|x|, se |x| > 1.
1. Determine K.
2. Estude a função f do ponto de vista da continuidade, em cada ponto x ∈ R. Indique o
contradomı́nio da função f ; indique ainda se a função tem máximo, mı́nimo, supremo ou
ı́nfimo (em todo o seu domı́nio) e, no caso de existência, indique o seu valor.
3. Diga se existem e, no caso de existência, calcule os seguintes limites:
Justifique as respostas.
(Grupo III do 1o Teste de 7/4/79)
43
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
3.29 1. Estude, quanto à continuidade em cada ponto do seu domı́nio, as funções definidas em
R \ {0} pelas fórmulas:
1
ϕ(x) = e− x2 ,
1 1
ψ(x) = x sen − cos .
x x
3.30 Seja ϕ uma função majorada no intervalo [a, b] e, para cada x ∈ [a, b], designe-se por ψ(x) o
supremo da função no intervalo [a, x]:
Nestas condições, prove que a função ψ é crescente e limitada em [a, b] e que ψ é contı́nua em
qualquer ponto c ∈ [a, b] no qual ϕ seja contı́nua; mostre que ψ pode ser contı́nua em [a, b] sendo
ϕ descontı́nua em todos os pontos deste intervalo.
(Grupo IIIb do 2o Teste de 12/4/80)
√
x
3.32 Considere a função f definida (no conjunto dos pontos x ∈ R para os quais a expressão x−1
designa um número real) pela fórmula
√
x
f (x) = .
x−1
1. Indique, sob a forma de uma reunião de intervalos disjuntos, o domı́nio de f .
2. Calcule
lim f (x), lim f (x) e lim f (x).
x→+∞ x→1− x→1+
44
3. Justificando abreviadamente a resposta, indique o contradomı́nio de f .
4. Dê exemplos de sucessões un e vn , de termos no domı́nio de f e tais que un e f (vn ) sejam
convergentes e vn e f (un ) sejam divergentes.
45
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
( 1
−e x , se x < 0,
f (x) = 1
log 1+x 2, se x > 0.
4. Sendo g a função que resulta de f por prolongamento por continuidade ao ponto 0, justifique
que g tem máximo e mı́nimo em qualquer intervalo [−, ] com > 0. Indique, justificando,
o valor de max g(x).
x∈[−,]
3.37 Sendo K um número real diferente de zero, considere a função f , definida em R \ {0} por
(
sen(πx)
f (x) = Kx , se x < 0,
arctg x1 , se x > 0.
46
Resolução:
1
1. Para x 6= 0 a função é contı́nua pois x, sen x e arctg x o são e compondo funções contı́nuas
obtém-se funções contı́nuas.
2. Para que f seja prolongável por continuidade em 0 basta que
sen(πx) 1
lim = lim arctg .
x→0− Kx x→0+ x
Ora:
1 π
lim arctg = lim arctg y = ,
x→0+ x y→+∞ 2
sen(πx) π sen(πx) π sen(πx) π π
lim = lim− = lim = ·1= .
x→0− Kx x→0 K πx K x→0− πx K K
π π
Logo, terá de ser 2 = K ou seja K = 2.
3.
1
lim f (x) = lim arctg = arctg 0 = 0
x→+∞ x→+∞ x
sen(πx)
lim f (x) = lim =0
x→−∞ x→−∞ Kx
1
pois Kx → 0 e sen(πx) é limitada.
Se x > 0 tem-se 0 < arctg x1 < π
2.
sen(πx)
Se x < 0 viu-se que limx→0− = K
Kx
π
, logo sen(πx)
Kx é limitada nalgum intervalo ] − , 0[
(com > 0). Fora desse intervalo, isto é, se x ∈ ] − ∞, −] tem-se
sen(πx) 1 1 1
Kx ≤ |Kx| = |K||x| < |K| ,
pois então |x| > . Logo f (x) é limitada para x < 0 e para x > 0, ou seja, é limitada no seu
domı́nio.
3.38 Seja f : [a, +∞[ → R uma função contı́nua e suponha que existe b ∈ [a, +∞[ tal que, para
qualquer x > b, se tem f (x) < f (a). Prove que f tem máximo em [a, +∞[.
(Grupo IIb do 2o Teste de 12/4/80)
Resolução: Se for b = a então para todo x > a tem-se f (x) < f (a) o que significa que f atinge
um valor máximo em a. Se for b 6= a e portanto, b > a, f (x) se tiver máximo há-de tê-lo em [a, b]
pois para x > b, f (x) < f (a). Ora sendo f contı́nua em [a, +∞[ a sua restrição f 1 ao intervalo
limitado e fechado [a, b] é contı́nua e pelo teorema de Weierstrass f1 tem máximo em [a, b] que é
portanto máximo de f .
3.39 Seja f uma função contı́nua em [a, b], tal que f (x) 6= 0, ∀x ∈ [a, b]. Prove que existem
números positivos α e β tais que, quaisquer que sejam x e y pertencentes a [a, b], α ≤ f (x)f (y) ≤
β.
(Grupo IIIa do 2o Teste de 12/4/80)
47
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
Resolução: Sendo f contı́nua em I = [a, b] e f (x) 6= 0 para cada x ∈ I, todos os valores assumidos
por f em I serão do mesmo sinal (como resulta do teorema do valor intermédio). Designando por
m o mı́nimo e por M o máximo de f em I (que existem, pelo teorema de Weierstrass) e supondo
x, y ∈ I, ter-se-á então, na hipótese de serem positivos os valores de f em I
3.40 a) Sendo g : [0, +∞[ → R contı́nua no seu domı́nio, mostre que a função
ϕ(x) = g(1 − x2 )
a) Justifique que existem números reais α e β tais que, para todo o x ∈ [a, b],
α ≤ (f (x) + g(x))2 ≤ β.
b) Prove que, se existirem x1 , x2 ∈ [a, b] tais que f (x1 ) > g(x1 ) e f (x2 ) < g(x2 ), a equação
f (x) = g(x) tem pelo menos uma solução em [a, b].
c) Quais das proposições expressas nas alı́neas a) e b) continuariam a ser verdadeiras se, em vez
do intervalo fechado [a, b] considerássemos o intervalo aberto ]a, b[ (no qual f e g continuariam
a supor-se contı́nuas)? Justifique cuidadosamente a resposta.
3.42 Seja f uma função contı́nua em R, com limites positivos quando x → +∞ e quando x → −∞
e tal que f (0) < 0. Nestas condições prove que:
Dê ainda um exemplo de uma função que verifique todas as condições exigidas no enunciado —
excepto a continuidade em R, que deve ser substituı́da pela continuidade em ] − ∞, 0[ e em ]0, +∞[
— e para a qual as afirmações expressas em 1o e 2o sejam ambas falsas.
(Grupo IIIb do Exame de 2a época de 8/9/80)
48
Resolução:
1. Sendo limx→+∞ f (x) = α > 0 e limx→−∞ f (x) = β > 0 seja > 0 tal que 0 < α −
e 0 < β − . Existem x0 < 0 e x1 > 0 tais que, se x ≤ x0 , se tem |f (x) − α| < e,
em particular, 0 < α − < f (x) e, se x ≥ x1 , se tem |f (x) − β| < e em particular
0 < β − < f (x). Quer dizer f (x0 ) > 0 e f (x1 ) > 0; porém f (0) < 0 pelo que, como f é
contı́nua, existem c0 e c1 tais que:
3.43 Sejam a, b ∈ R, a < b e g : ]a, b[ → R uma função contı́nua em ]a, b[, tal que
Mostre que existe uma e uma só função contı́nua h definida em [a, b] tal que
49
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
3.45 Sejam a e b dois números reais tais que a < b, f uma função contı́nua em [a, b] e admita-se
que qualquer dos conjuntos:
é não vazio.
Justifique as proposições seguintes:
1. A ∪ B 6= [a, b].
2. Se xn é o termo geral de uma sucessão convergente tal que, para todo o n ∈ N, x 2n ∈ A e
x2n+1 ∈ B, então f (xn ) converge e o seu limite é zero.
3. O conjunto f (A) tem máximo e não tem mı́nimo; o conjunto f (B) tem mı́nimo e não tem
máximo.
Dê ainda um exemplo de uma função f (contı́nua em [a, b]), para a qual seja igual a a o ı́nfimo de
qualquer dos conjuntos A e B.
(Grupo IV do 1o Teste de 11/3/78)
50
4. Indique, justificando, quais são as funções polinomiais que verificam a condição (3.1).
Resolução:
1. Seja x0 ∈ R e prove-se que f é contı́nua em x0 . Dado > 0 ter-se-á com efeito |f (x)−f (x0 )| <
desde que |x − x0 | < K , pois então
|f (x) − f (x0 )| ≤ K|x − x0 | < K = .
K
2. Dados dois reais u, v tem-se sempre ||u| − |v|| ≤ |u − v| daı́ que para qualquer x ∈ [−a, a]
e portanto, |f (x)| ≤ |f (0)|+Ka e daı́ que o máximo de f em [−a, a] (que existe pelo teorema
de Weierstrass) seja inferior a |f (0)| + Ka.
3. Tem-se
f (x) |f (x)| |f (0)| + K|x| |f (0)| 1
xα = |x|α ≤ = + K α−1 .
|x|α |x|α |x|
Como α > 1 o lado direito tende para 0 quando x → +∞.
4. Se f (x) = a0 xn + a1 xn−1 + · · · + an−1 x + an (a0 6= 0) tem-se
f (x) a 0 xn
lim α
= lim = lim a0 xn−α .
x→+∞ x x→+∞ xα x→+∞
Se f verifica a condição este limite terá de ser nulo para qualquer α > 1 e ele só é nulo se
n − α < 0. Logo tem de ser n ≤ 1 e f tem de ter grau menor ou igual a um.
51
CAPÍTULO 3. FUNÇÕES. CONTINUIDADE E LIMITES.
52
Capı́tulo 4
Cálculo Diferencial.
a) Sendo |a| < 1 e |b| > 1, calcule g 0 (a) e g 0 (b) (num dos casos, recorra directamente à definição
de derivada; no outro, use as regras de derivação adequadas).
b) Calcule as derivadas laterais de g nos pontos em que a função não é diferenciável.
c) Esboce o gráfico de g 0 e justifique que não há, no gráfico de g, dois pontos (distintos) nos quais
as tangentes a este último gráfico sejam paralelas.
Resolução:
a) Vamos calcular g 0 (a) recorrendo à definição:
53
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
−1 1 x
PSfrag replacements
−2
Vamos calcular g 0 (b) usando as regras de derivação: sendo |x| > 1 tem-se g 0 (x) = (1 − x2 )0 =
−2x. Logo g 0 (b) = −2b.
b) Nos pontos 1 e −1 a função não é diferenciável. As derivadas laterais existem e são:
54
4.1. NOÇÃO DE DERIVADA. PRIMEIRAS PROPRIEDADES.
4.5 Seja g uma função contı́nua em R, tal que g(0) = 3 e seja f a função definida pela igualdade
Prove que f é diferenciável no ponto 0 (note que não se supõe que g o seja) e determine uma
equação da tangente ao gráfico de f no ponto de intersecção com o eixo das ordenadas. Mostre
ainda que, se g for estritamente monótona, o gráfico de f e a tangente cuja equação determinou
só se intersectam no ponto de tangência.
(Pergunta 1b da Prova de 20/7/71)
Resolução:
O último passo decorre de g ser contı́nua em 0. A equação pedida é y = f 0 (0)x + f (0) ou seja
y = g(0)x + 1. Um ponto de intersecção da tangente com o gráfico de f deverá ter uma abcissa x
verificando:
f (x) = f 0 (0)x + f (0)
ou seja, 1 + xg(x) = g(0)x + 1 ou ainda xg(x) = g(0)x. Se for x 6= 0 ter-se-á g(x) = g(0) e sendo g
estritamente monótona viria por outro lado g(x) 6= g(0) pois g seria injectiva. Ora isto é absurdo,
pelo que tem de ser x = 0.
Mostre que π
ϕ00 (0) + ψ 00 = f 00 (1).
2
(Pergunta 1 do Grupo III do Exame de 1a Época de 8/1/97)
4.7 Seja (
x2 + x − 1, se x > 0,
f (x) = 2 1
π arctg x , se x < 0.
a) Sendo a < 0 e b > 0, justifique que f é diferenciável nos pontos a e b e determine uma equação
da recta tangente ao gráfico da função f no ponto (a, f (a)).
b) Mostre que f é prolongável por continuidade ao ponto 0 e, designando por f˜ a função que
se obtém prolongando f por continuidade ao ponto 0, indique, justificando, o domı́nio de
diferenciabilidade de f˜.
4.8 Seja (
ex −1
x se x 6= 0,
g(x) =
1 se x = 0.
55
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
4.11 Determine o domı́nio, o domı́nio de diferenciabilidade e a derivada de cada uma das seguintes
funções:
( 1
p
2 3 e− x2 , se x 6= 0,
a) f (x) = 4 − x , b) g(x) = sen log(x − 1), c) h(x) =
0, se x = 0.
x+1
4.12 1o Seja f a função definida por f (x) = log arcsen x−1 ; determine o domı́nio de f , o domı́nio
de diferenciabilidade de f e calcule a sua derivada.
2o Determine
√ o domı́nio, o domı́nio de diferenciabilidade e calcule a derivada da função definida
por y = ch x − 1. Calcule as suas derivadas laterais no ponto x = 0.
3o Determine uma equação da recta tangente ao gráfico da função definida em R por y = e arctg x ,
no ponto de abcissa nula.
(Grupo I da Prova de 18/7/77)
f (x) = x4 e−x
b) Determine a e b por forma que f seja diferenciável no ponto 0 e verifique se (com esses valores
de a e b) a função f 0 fica contı́nua em R.
56
4.1. NOÇÃO DE DERIVADA. PRIMEIRAS PROPRIEDADES.
4.15 Seja g : R → R a função contı́nua no ponto 0 e tal que, para todo o x ∈ R \ {0}
1
g(x) = x 2 + x sen2 .
x
a) Determine uma equação da tangente ao gráfico de g no ponto de abcissa 0 e mostre que nenhum
ponto do gráfico da função está situado “abaixo” dessa tangente.
b) Estude, do ponto de vista da continuidade, a função g 0 (primeira derivada de g).
4.16 Sendo f : R → R uma função diferenciável e supondo que f 0 é contı́nua (mas possivelmente
não diferenciável) no ponto a ∈ R, prove que a função
4.17 Sendo f uma função duas vezes diferenciável em R e designando por g : R → R a aplicação
definida por g(x) = f (ex ), mostre que
Resolução: Temos
Logo
g 00 (0) − g 0 (0) = f 00 (1) + f 0 (1) − f 0 (1) = f 00 (1).
4.18 Sendo g : R → R uma função duas vezes diferenciável, considere a função ϕ : ]0, +∞[ → R
definida por
ϕ(x) = eg(log x)
e (supondo conhecidos os valores de g, g 0 e g 00 em pontos convenientes) determine:
1o Uma equação da tangente ao gráfico de ϕ no ponto de abcissa 1.
2o ϕ00 (e).
57
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
3. Diga, justificando, se são verdadeiras ou falsas cada uma das proposições seguintes dando um
exemplo sempre que afirmar que a proposição é falsa e jutificando abreviadamente sempre
que afirmar que a proposição é verdadeira:
a) Sendo a < 0 e b > 0, calcule F 0 (a) e F 0 (b) e escreva equações das tangentes ao gráfico de F
nos pontos de abcissas a e b.
4.22 Sendo f uma função real definida em R, designe-se por Γ o gráfico de f num dado referencial
(ortonormado) e por ϕ a função definida pela forma seguinte: para cada x ∈ R, ϕ(x) é igual à
distância da origem ao ponto de Γ cuja abcissa é x.
1. Exprima ϕ(x) (em função de f (x) e x) por meio de uma fórmula e aproveite-a para justificar
que ϕ é contı́nua em qualquer ponto em que f o seja; mostre, por meio de um exemplo, que
ϕ pode ser contı́nua num ponto de descontinuidade de f .
58
4.2. TEOREMAS DE ROLLE E LAGRANGE. COROLÁRIOS.
2. Reconhece-se facilmente que, se f for contı́nua em R, ϕ tem mı́nimo (absoluto); sem demons-
trar este resultado, aproveite-o para provar que, qualquer que seja a função f diferenciável
em R, a equação
x + f (x)f 0 (x) = 0
tem pelo menos uma raiz real. [Sugestão: Considere a função (ϕ(x))2 .]
4.23 Sendo f uma função diferenciável num intervalo I que contenha os pontos −1 e 1, considere
a função ϕ : R → R definida por
Calcule ϕ0 (x) e mostre que, em qualquer ponto (a, b) do gráfico de ϕ tal que tg a = 1, a tangente
a esse gráfico é horizontal. Admitindo que f era duas vezes diferenciável em I, o que poderı́amos
dizer sobre o número de raı́zes da equação ϕ00 (x) = 0?
(Grupo IVa do Teste de 7/4/79)
Resolução:
ϕ0 (x) = f 0 (cos x)(− sen x)f (sen x) + f (cos x)f 0 (sen x) cos x
A condição tg a = 1 significa sen a = cos a e portanto
ϕ0 (a) = f 0 (sen a)(− sen a)f (sen a) + f (sen a)f 0 (sen a) sen a = 0,
4.24 Seja g uma função três vezes diferenciável em R, a, b e c três números reais tais que a < b < c.
Prove que, se g tem extremos locais (máximos ou mı́nimos) em cada um dos pontos a, b e c, a
equação g 000 (x) = 0 tem pelo menos uma raiz real. Indique um intervalo que contenha essa raiz.
(Pergunta 1b da Prova de 19/7/71)
4.25 Sendo ϕ : ]0, +∞[→ R uma função indefinidamente diferenciável verificando a condição
prove que, para todo o natural n, a equação ϕ(n) (x) = 0 tem infinitas raı́zes. Para cada k ∈ N1
indique um natural p tal que possa garantir-se a existência de uma raiz da equação ϕ (k) (x) = 0
no intervalo ]1, p[; justifique a resposta.
(Pergunta 4a do Teste de 22/4/78)
4.26 Mostre que, se a função f definida em R por f (x) = a0 xn + a1 xn−1 + · · · + an−2 x2 tem um
zero positivo, isto é, se existe b > 0 tal que f (b) = 0, então a segunda derivada de f terá pelo
menos um zero no intervalo ]0, b[. Justifique cuidadosamente a resposta.
(Pergunta 1b do Exame Final (Ponto no 1) de 5/7/71))
59
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
4.27 Seja g uma função contı́nua em [a, b], diferenciável em ]a, b[ e tal que
Seja ainda h(x) = g 0 (x)/g(x), para todo o x ∈ ]a, b[. Mostre que h(]a, b[) = R.
[Sugestão: Dado α ∈ R, para provar que existe c ∈ ]a, b[ tal que h(c) = α, aplique (justificando
que pode fazê-lo) o Teorema de Rolle à função g(x)e−αx , no intervalo [a, b].]
(Pergunta 4a∗ do Exame Final de 6/5/78)
Resolução: Há que provar que h : ]a, b[ → R é sobrejectiva, ou seja, que dado α ∈ R existe
c ∈ ]a, b[ tal que h(c) = α, ou ainda, g 0 (c)/g(c) = α. Ora G(x) = g(x)e−αx é contı́nua em [a, b],
diferenciável em ]a, b[ e anula-se em a e em b, logo existe c ∈ ]a, b[ tal que G0 (c) = 0. Como
G0 (x) = (g 0 (x) − αg(x))e−αx isso significa que g 0 (c) − αg(c) = 0 ou g 0 (c)/g(c) = α.
4.29 Sendo f uma função indefinidamente diferenciável em R, suponha que existe uma sucessão
xn , estritamente decrescente e tal que:
4.30 Seja φ uma função diferenciável no intervalo ]0, 1[, verificando a condição
1 1
φ =φ , para todo o inteiro n > 0.
n+1 n+2
Supondo que existe o limx→0 φ0 (x), indique, justificando, o valor deste limite.
(Pergunta 1 do Grupo IV do Exame de 2a Época de 24/2/95)
4.31 Seja f uma função contı́nua num intervalo aberto que contenha os pontos 0 e 1 e tal que,
para todo o n ∈ N1 ,
1
f (1/n) = 3 − 2 .
n
Justificando cuidadosamente todas as respostas:
1 Nota: Sempre que afirme que uma proposição é falsa dê um exemplo que o comprove. Sempre que afirme que
60
4.2. TEOREMAS DE ROLLE E LAGRANGE. COROLÁRIOS.
1. Calcule f (0).
2. Prove que o contradomı́nio de f contém o intervalo [2, 3].
3. Supondo agora, suplementarmente, que f é indefinidamente diferenciável nalguma vizi-
nhança da origem, determine f (k) (0) para todo o k ∈ N e indique se o ponto 0 é ou não
ponto de extremo de f .
[Sugestão: poderá ser-lhe útil considerar a função ϕ(x) = f (x) + x2 − 3]
(Grupo IVb do Exame Final de 4/5/79)
φ(n) = (−1)n n ∀n ∈ N.
A = {xn : n ∈ N1 }.
Diga, justificando, se são verdadeiras ou falsas cada uma das proposições seguintes:
a) Se A é um conjunto majorado, toda a subsucessão de (xn ) é convergente (em R).
b) A série +∞ xn
P
n=1 n é convergente.
c) Seja f uma função contı́nua em R e suponha que A é um conjunto majorado. Então existe (em
R) lim f (xn ).
d) Seja f uma função contı́nua em R, tal que f (xn ) = (−1)n . Então a equação f (x) = 0 tem
infinitas soluções.
e) Seja f uma função diferenciável em R, tal que f (xn ) = f (xm ) para quaisquer m, n ∈ N1 . Então
a equacão f 0 (x) = 0 tem infinitas soluções.
4.34 Prove que, se g é uma função diferenciável em R e se a função g 0 é injectiva (isto é ∀x1 ,x2 ∈R
x1 6= x2 ⇒ g 0 (x1 ) 6= g 0 (x2 )) então nenhuma tangente ao gráfico de g tem mais de um ponto comum
com esse gráfico [Sugestão: use o teorema de Lagrange]. Mostre ainda que se alguma tangente ao
gráfico de uma função ψ com 2a derivada contı́nua em R intersecta o gráfico de ψ em dois pontos
distintos, então a equação ψ 00 (x) = 0 tem pelo menos uma raiz real.
(Grupo IVb do Teste de 10/4/79)
4.36 Seja f : [0, 1] → R uma função contı́nua, cujo contradomı́nio está contido em [0, 1].
61
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
4.37 Seja f uma função diferenciável em R tal que f (0) = 0 e cuja derivada é uma função crescente.
Demonstre que a função g(x) = f (x)/x é crescente em R+ .
[Sugestão: Aplique o teorema de Lagrange a f num intervalo adequado para mostrar que
g 0 (x) > 0 para qualquer x ∈ R+ .]
(Grupo IV do 1o Exame de 26/1/94)
4.38 Use o teorema de Lagrange para mostrar que | sen x−sen y| ≤ |x−y| para quaisquer x, y ∈ R.
(Pergunta 2 do Grupo III do 2o Exame de 9/2/94)
4.40 Supondo que f é uma função com derivada contı́nua em todos os pontos do intervalo [a, b]
(a, b ∈ R, a < b), prove que existe K ∈ R tal que, quaisquer que sejam x, y ∈ [a, b], |f (x) − f (y)| ≤
K|x − y|.
(Grupo IIIa do Exame Final de 18/9/80)
4.41 Seja f uma função contı́nua e positiva no intervalo [a, b] e diferenciável em ]a, b[. Mostre que
existe um ponto c ∈ ]a, b[ tal que
f (b) f 0 (c)
= e(b−a) f (c)
f (a)
(Pergunta 1b do Exame Final (Ponto no 2) de 6/7/71)
Resolução: Como f é positiva, h(x) = log(f (x)) está definida em [a, b]; como f é contı́nua em
[a, b] e diferenciável em ]a, b[, o mesmo se passa com log(f (x)), pois log : R+ → R é contı́nua e
diferenciável em R+ . Pelo teorema de Lagrange:
f 0 (c)
log(f (b)) − log(f (a)) = (b − a)
f (c)
ou ainda
f (b) f 0 (c)
log = log e(b−a) f (c) .
f (a)
Como log : R+ → R é injectiva conclui-se que
f (b) f 0 (c)
= e(b−a) f (c) .
f (a)
62
4.2. TEOREMAS DE ROLLE E LAGRANGE. COROLÁRIOS.
4.42 Seja f uma função diferenciável no intervalo [1, +∞[. Prove que, se f 0 (x) é limitada no
mesmo intervalo, f (x)/x também o é. [Sugestão: aplique o teorema de Lagrange, no intervalo
[1, x]].
(Pergunta 4b do Exame Integrado (Ponto no 5) de 25/10/71)
4.43 Sejam f e g duas funções diferenciáveis no intervalo ]a, +∞[, contı́nuas no ponto a e verifi-
cando as condições:
i) f (a) < g(a).
ii) g é majorada em ]a, +∞[.
iii) lim f (x) = +∞.
x→+∞
4.44 Seja f uma função definida no intervalo ]a, +∞[, diferenciável em todos os pontos desse
intervalo e tal que
f (x)f 0 (x) < 0 ∀x>a .
Prove que existem limx→a f (x) e limx→+∞ f (x) sendo o segundo limite necessariamente finito.
Sê-lo-á também o primeiro?
(Pergunta 4b do Exame Final (Ponto no 1) de 1/10/71)
Resolução: A condição f (x)f 0 (x) < 0 significa que f (x) e f 0 (x) têm sinais contrários. Suponha-
mos por exemplo que f (x) > 0 e f 0 (x) < 0 para todo o x > a. A função f seria decrescente e
minorada em ]a, +∞[; o limx→+∞ f (x) seria então
e α seria um real pois o conjunto f (]a, +∞[) ⊂ ]0, +∞[ sendo minorado tem o seu ı́nfimo em R.
Mostremos então que limx→+∞ f (x) = α ou seja, que dado ε > 0 existe x0 tal que se x > x0 se tem
|f (x) − α| < ε. Como f (x) > α = inf x>a f (x) pode suprimir-se o valor absoluto. Por definição de
ı́nfimo, dado ε > 0 existe x0 > a tal que α ≤ f (x0 ) < α + ε e em particular f (x0 ) < α + ε; como f
é decrescente, se x > x0 vem f (x) ≤ f (x0 ) < α + ε e portanto, para x > x0 ter-se-á: f (x) − α < ε.
Ainda na hipótese de ser f (x) > 0 e f 0 (x) < 0 para x > a, vamos mostrar que limx→a f (x)
existe2 em R. Seja β = supx>a f (x), podendo ser β = +∞ se f não for majorada. Se β ∈ R
mostra-se que limx→a f (x) = β como anteriormente, utilizando a noção de supremo: dado ε > 0
existe x0 tal que β − ε < f (x0 ) ≤ β. Logo β − ε < f (x0 ) e para x tal que a < x < x0 virá
β − ε < f (x) pois f é decrescente; quer dizer que dado ε > 0 se terá β − f (x) < ε desde que
x − a < x0 o que significa que limx→a− f (x) = β. Como f só está definida para x > a,
Se β = supx>a f (x) = +∞ também limx→a f (x) = +∞ pois dado M existe x0 > a tal que
f (x0 ) > M já que f não é majorada e portanto para x tal que a < x < x0 virá f (x) > M pois f
é decrescente.
O caso f (x) < 0 e f 0 (x) > 0 tratava-se de maneira análoga.
63
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
Prove que, para todo o x ∈ R, ϕ(x) > ψ(x). Mostre ainda, por meio de um exemplo que retirando
apenas a hipótese ϕ(0) > ψ(0), poderia ter-se ϕ(x) < ψ(x) para todo o x ∈ R.
(Pergunta 4b do Ponto no 3 de 1/10/71)
b) Prove que não existe nenhuma função f ∈ C 1 (R) satisfazendo a (4.1) e tal que
c) Prove que não existe nenhuma função f ∈ C 1 (R) satisfazendo a (4.1) e tal que
4.48 Seja f uma função definida numa vizinhança de 0, Vε (0), diferenciável em todos os pontos
dessa vizinhança excepto possivelmente no ponto 0 e tal que xf 0 (x) > 0, ∀x ∈ Vε (0) \ {0}.
1. Prove que, se f é contı́nua no ponto 0, f (0) é um extremo de f e indique, justificando, se é
um máximo ou um mı́nimo; no caso de f ser diferenciável no ponto 0, qual será o valor de
f 0 (0)? Porquê?
2. Mostre por meio de um exemplo que, sem a hipótese de continuidade de f no ponto 0, não
pode garantir-se que f (0) seja um extremo de f .
64
4.2. TEOREMAS DE ROLLE E LAGRANGE. COROLÁRIOS.
b) Para todo o a > 0 seja Ua o quadrilátero de vértices (a, 0), (a, ϕ(a)), (−a, 0), (−a, ϕ(−a)):
mostre que se trata de um rectângulo. De todos os rectângulos Ua (com a > 0) determine
aquele que tem área máxima ou, caso não exista tal rectângulo, o supremo das áreas dos
rectângulos Ua .
Resolução:
a) ϕ é claramente diferenciável para x > 0 sendo então:
0
0 1 1
ϕ (x) = =− .
1+x (1 + x)2
3O gráfico que se apresenta foi, em parte, gerado numericamente. As escalas dos dois eixos são distintas.
65
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
y
1
PSfrag replacements
1
ϕ(x) = 1+|x|
ϕ(a)
U(a) x
−10 −a 0 a 10
4.50 Obtenha uma equação da recta que passa pelo ponto (3, 1) e determine, com os eixos coor-
denados, um triângulo contido no 1o quadrante e de área mı́nima.
(Pergunta 3b do Exame Final de 6/5/78)
4.51 Seja P o ponto de coordenadas x0 > 0 e y0 > 0 num certo referencial cartesiano ortogonal.
Para cada recta r que contém P e não é paralela a nenhum dos eixos coordenados designem A r e
Br os pontos de intersecção de r com OX e com OY respectivamente. Seja dr a distância de Ar
a Br . Quais os extremos locais de dr ?
[Sugestão: Se tiver dificuldade em resolver uma equação cujas raı́zes são os pontos de estaci-
onaridade, utilize o facto de um deles se obter imediatamente a partir do enunciado.]
(Pergunta 4 da Prova de 22/3/74)
4.52 De entre todos os rectângulos de área S, determine as dimensões daquele que admite o menor
cı́rculo circunscrito.
(Grupo III2 da Prova de 19/9/77)
4.53 Mostre que o menor valor que pode √ ter o raio de uma esfera circunscrita a um cilindro com
uma dada área lateral, S, é o produto de 2 pelo raio da base do cilindro.
(Grupo IV do Exame de 2a época de 25/7/77)
Resolução: A área lateral de um cilindro de altura a e raio da base r é dada por 2πra. Por
hipótese 2πra = S. Sendo R o raio da esfera tem-se, em razão da esfera circunscrever o cilindro:
( a2 )2 + r2 = R2 . Quer dizer:
s 2 s
2
r
a 2 S 1 S 1
R= + r2 = + r2 = + r2 .
2 2πr 2 4π r2
S 2
Vamos pôr K = ( 4π ) . R é pois função de r e só poderá ser mı́nima no ponto r0 se R0 (r0 ) = 0.
Ora:
21 !0 − 21
0 1 2 1 1 2 2
R (r) = K 2 +r = K 2 +r −K 3 + 2r
r 2 r r
66
4.3. REGRAS DE CAUCHY. INDETERMINAÇ ÕES.
q
e R0 (r) = 0 só é possı́vel se −K r23 + 2r = 0 ou seja se r 4 = K ou r2 = 4π
S
ou r = 1
2
S
π. Para este
valor r0 de r, R(r), teremos:
q q q
S 2 π 1S 1S 1S 1
R(r0 ) ( 4π ) 4 S + 4π 4π + 4π 2 1 √
= q = q = 1 = q = 2.
r0 1 S 1 S 2 1
2 π 2 π 2
√
Quer dizer que, para a esfera de raio mı́nimo (que é R(r0 )), se terá R(r0 ) = 2r0 .
4.54 Sendo g(x) = xex para todo o x ∈ R e n ∈ N, determine o conjunto dos valores reais de x
que verificam a condição
g (n) (x) > 0.
Indique um intervalo no qual todas as derivadas g (n) sejam crescentes. Existirá algum intervalo
no qual todas essas derivadas sejam decrescentes? Justifique a resposta.
(Pergunta 3b do Teste de 22/4/78)
Resolução:
a) Como limx→0 (sen x−x) = 0 e limx→0 (x−tg x) = 0 vamos aplicar a regra de Cauchy e tentar
x−x)0
calcular limx→0 (sen
(x−tg x)0 . Temos para as derivadas
1
(sen x − x)0 = cos x − 1, (x − tg x)0 = 1 − .
cos2 x
Mas, de novo,
1
lim (cos x − 1) = 0 e lim 1− = 0.
x→0 x→0 cos2 x
No entanto, simplificando4 o limite a que fomos conduzidos, obtemos
(cos x − 1) cos x − 1 1 1
lim = lim cos2 x 2 = 1 lim = .
x→0 (1 − cos12 x ) x→0 cos x − 1 x→0 cos x + 1 2
67
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
2
b) Para calcular limx→0 (cos x)1/x encontramos uma indeterminação do tipo 1+∞ . Vamos cal-
2
cular limx→0 log(cos x)1/x .
1
1
log (cos x) x2 = 2 log(cos x).
x
A indeterminação é agora do tipo 00 . Vamos tentar calcular limx→0 (log(cos x))0 /(x2 )0 .
Resolução alternativa:
x3 x3
a) Como5 sen x = x − 3! + o(x3 ) (x → 0), e tg x = x + 3 + o(x3 ) (x → 0) vem
3
sen x − x −x 1
∼ x3!3 = (x → 0).
x − tg x −3 2
Logo
sen x − x 1
lim = .
x→0 x − tg x 2
b) Como
x2
cos x = 1 − + o(x2 ) (x → 0)
2!
tem-se
x2 x2
log cos x = log 1 − + o(x2 ) =− + o(x2 ).
2 2
Logo
1 x2 1 1
(log cos x) 2
∼− 2
=−
x 2 x 2
e portanto
1
1
lim log (cos x) x2 = −
x→0 2
2
e daı́ limx→0 (cos x)1/x = e−1/2 .
ch x − cos x
lim .
x→0 x2
4 Era também possı́vel aplicar de novo a regra de Cauchy. Em geral, entre aplicações sucessivas da regra de
Cauchy, convém tentar simplificar as expressões, isolar factores com limite finito e não nulo,. . .
5 Na sequência, deverá entender-se que uma expressão da forma f (x) ∼ g(x) (x → a), tem o sentido de
limx→a f (x)/g(x) = 1 e que uma expressão do tipo ϕ(x) = ψ(x) + o(xα ) (x → a) equivale a limx→a (ϕ(x) −
ψ(x))/xα = 0.
68
4.3. REGRAS DE CAUCHY. INDETERMINAÇ ÕES.
4.58 Calcule !x
1 1
sen x + cos x − ex ax + bx
lim e lim
x→0 log(1 + x2 ) x→+∞ 2
Resolução:
a) É uma indeterminação do tipo 00 . Ponha-se f (x) = sen x + cos x − ex e g(x) = log(1 + x2 ).
2x
f 0 (x) = cos x − sen x − ex e g 0 (x) =
1 + x2
f 0 (x) x 1+x
2
(cos x − sen x − ex )(1 + x2 )
= (cos x − sen x − e ) =
g 0 (x) 2x 2x
0
Para calcular limx→0 f 0 (x)/g 0 (x) caı́mos em nova indeterminação do tipo 0. Vamos pôr
h(x) = (cos x − sen x − ex )(1 + x2 ) e k(x) = 2x. Temos:
recaindo numa indeterminação do tipo +∞ · 0. Vamos fazer f (x) = log(a1/x + b1/x ) − log 2
e g(x) = 1/x. Logo
1 1
0 a x log a(− x12 ) + b x log b(− x12 )
f (x) =
a1/x + b1/x
e g 0 (x) = −1/x2 , pelo que
1 1
f 0 (x) a x log a + b x log b log a + log b 1
= → = log(ab) quando x → +∞.
g 0 (x) a1/x + b1/x 2 2
Logo
x
a1/x + b1/x
1
lim log = log(ab)
x→+∞ 2 2
e portanto
x
a1/x + b1/x
1
lim = (ab) 2 .
x→+∞ 2
Resolução alternativa:
a)
x2 x2
sen x + cos x − ex = (x + o(x2 )) + (1 − + o(x2 )) − (1 + x + + o(x2 ))
2 2
= −x2 + o(x2 ) (x → 0).
69
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
Logo:
sen x + cos x − ex −x2
∼ = −1
log(1 + x2 ) x2
e o limite é −1.
b) Como atrás, o que importa é conhecer
a1/x + b1/x
lim x log .
x→+∞ 2
Ora
1 1 1 1
a x = e x log a = 1 + log a + o (x → +∞)
x x
1 1 1 1
b x = e x log b = 1 + log b + o (x → +∞)
x x
1 1 1 1
a x + b x = 2 + log(ab) + o (x → +∞)
x x
1 1
!
ax + bx 1 log(ab) 1
x log = x log 1 + +o =
2 x 2 x
1 log(ab) 1 log(ab) log(ab)
=x +o = + o(1) ∼ .
x 2 x 2 2
4.60 Calcule
ax − b x
lim (a, b > 0) e lim xsen x .
x→0 x x→0+
70
4.3. REGRAS DE CAUCHY. INDETERMINAÇ ÕES.
4.62 Calcule
(1 − cos x)2
a) lim+ xlog(x−1) , b) lim .
x→1 x→0 tg x − x
(Grupo II1 do Exame O.S. de 11/2/80)
4.63 Calcule
1
lim (sen x)sen x e lim (log x) x .
x→0+ x→+∞
4.64 Calcule
x+1
lim x log .
x→+∞ x−1
(Grupo I2b da Prova de 25/7/77)
4.65 Calcule x
1
lim log .
x→0+ x
(Grupo I2b da Prova de 19/9/77)
4.66 Calcule
1
lim x sen e lim (tg x)tg 2x .
x→+∞ x x→ π
4
Resolução:
a) É uma indeterminação do tipo 00 . Pondo f (x) = cos( π2 cos x) e g(x) = sen2 x vem f 0 (x) =
− sen( π2 cos x) π2 (− sen x) e g 0 (x) = 2 sen x cos x. Logo
71
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
transformando-a numa indeterminação do tipo 0/0. Com f (x) = x − sen x e g(x) = x 2 sen x
0
vem fg0 (x)
(x)
= 2x sen1−cos x
x+x2 cos x e
f 00 (x) sen x
=
g 00 (x) 2 sen x + 2x cos x + 2x cos x − x2 sen x
sen x
= .
2 sen x + 4x cos x − x2 sen x
Para calcular o limite deste quociente recaı́mos numa indeterminação
Resolução alternativa:
a)
x2
π
π 2
π π
cos cos x = cos 1− + o(x ) = cos − · x2 + o(x2 )
2 2 2 2 4
π π π
2 2
= − sen − · x + o(x ) = sen · x + o(x2 ) ∼ x2 .
2
4 4 4
Logo
cos( π2 · cos x) π
4 · x2 π
∼ =
sen2 x x 2 4
e daı́ que o limite seja π/4.
b) Como
x2
1 1 1 1
= x3
= 2 = 1+ + o(x2 ) (x → 0)
x sen x x x− + o(x3 )
3! x2 1 − x6 + o(x2 ) x2 6
x2
1 1 1 2 1 1 1
− 2 = 2 1+ + o(x ) − 2 = + o(1) → (x → 0).
x sen x x x 6 x 6 6
Logo
1 1 1
lim − 2 = .
x→0 x sen x x 6
4.70 Calcule
1 log tg(ax)
lim x 1−x e lim (a, b > 0).
x→1 x→0+ log tg(bx)
(Grupo I do Teste de 7/4/79)
72
4.3. REGRAS DE CAUCHY. INDETERMINAÇ ÕES.
4.71 Calcule
sen x − x
lim .
x→0 arcsen x − x
(Grupo Ia da Prova de 7/74)
4.72 Calcule
log x
lim (ch x)coth x e lim 2 .
x→0 x→0+ x2 elog x
[Sugestão: para o segundo caso x2 = e2 log x .]
(Pergunta 1a do Exame Final (Ponto no 1) de 5/7/71)
4.73 Calcule
1
lim log x log 1 − .
x→+∞ x
(Pergunta 1a da Prova de 20/7/71)
x tg πx
2a πx x
lim log 2− = lim tg log 2 −
x→a a x→a 2a a
Logo
1 1
−a −a
f 0 (x) 2− x 2− x − a1 2
lim 0 = lim a
= lim a
= π = .
x→a − π 1
1 π
x→a g (x) x→a cos2 πx 2a
2a sen2 πx − 2a π
− 2a
2 2a
( tg πx
2a )
Conclui-se que
x tg πx
2a 2
lim 2 − = eπ .
x→a a
x tg πx
2a πx x π(a + y) a+y
lim log 2− = lim tg log 2 − = lim tg log 2 −
x→a a x→a 2a a y→0 2a a
π
π 1 π π 1
= lim tg + y log 1 − y = lim tg + y − y .
y→0 2 2a a y→0 2 2a a
73
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
π sen π2 + 2a π
sen π2 cos 2a
π
y + cos π2 sen 2a
π
π y y
tg + y = =
cos π2 + 2a π π
cos π2 cos 2a y − sen π2 sen 2a
π
2 2a y y
π
cos 2a y 1
= π
∼ π quando y → 0.
− sen 2a y − 2a y
Logo
π π 1 1 1 2
lim tg + y − y = lim π − y = .
y→0 2 2a a y→0 − 2a y a π
Conclui-se que o limite pedido é e2/π .
4.75 Calcule 1
πx 1−x
lim tg .
x→1 4
4.76 Calcule √ √ √
x− a+ x−a
lim √ .
x→0 x2 − a 2
(Pergunta 1 da Prova de 12/3/74)
4.77 Calcule
1
lim nsen n .
[Sugestão: determine em primeiro lugar, limx→+∞ xsen(1/x) .]
(Pergunta 3a do Exame Integrado (Ponto no 2) de 1/10/71)
4.78 Calcule
sen n1
1
lim .
n
[Sugestão: determine em primeiro lugar, limx→0 xsen x .]
(Pergunta 3a do Exame Integrado (Ponto no 1) de 1/10/71)
4.79 Sendo f uma função contı́nua no intervalo [0, π2 [ e tal que, para todo o x ∈ ]0, π2 [, f (x) =
(tg x)tg x , calcule f (0).
(Pergunta 1a da Prova de 19/7/71)
2 log x
lim xx , lim , lim (log x)1/x .
x→0+ x→+∞ e1/x x→+∞
74
4.3. REGRAS DE CAUCHY. INDETERMINAÇ ÕES.
b) Para b = 1 diga quais os valores de a para os quais f (x) não tem extremo no ponto 0. Justifique
a resposta. [Sugestão: estude o crescimento da restrição de f a ]0, +∞[.]
f (x) f (x)
1 1
PSfrag replacements a=0
PSfrag replacements a>0
x x
a=0
a>0
a<0 a<0
f (x)
1
PSfrag replacements a<0
x
a=0
a>0
Resolução:
a) Se f for diferenciável em 0, as derivadas laterais em 0 existem e têm de ser iguais:
f (0 + h) − f (0) h2 log h + b − 1
fd0 (0) = lim+ = lim+ .
h→0 h h→0 h
75
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
Para que exista este limite terá de ser b = 1 e então fd0 (0) = 0
4.83 Prove, usando a fórmula de MacLaurin com resto de Lagrange, que se tem
2
e − 1 − x + x ≤ 1
−x
2 6
4.84 Seja I um intervalo de R não vazio nem reduzido a um ponto e seja f : I → R uma função
com segunda derivada finita e maior do que zero em todos os pontos de I.
76
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
Resolução:
a) A equação da tangente ao gráfico de f em (a, f (a)) é y = f 0 (a)(x − a) + f (a) pelo que g(x) =
f 0 (a)(x − a) + f (a).
b) Pela fórmula de Taylor com resto de Lagrange, dado x ∈ R:
1
f (x) = f (a) + f 0 (a)(x − a) + f 00 (ξ)(x − a)2
2
com ξ entre x e a, ou seja,
1 00
f (x) − g(x) = f (ξ)(x − a)2 .
2
Se f 00 (ξ) > 0 vem f (x) > g(x) (x ∈ I \ {a}).
4.86 Suponhamos que f e g são aplicações do intervalo I = ]a, b[ em R que admitem derivadas
contı́nuas de todas as ordens nesse intervalo. Diz-se que f e g têm um contacto de ordem n ∈ N 1
no ponto c ∈ I se f (c) = g(c), f (k) (c) = g (k) (c) para k = 1, 2, . . . , n e f (n+1) (c) 6= g (n+1) (c).
a) De que ordem é o contacto das funções definidas por
x2
f (x) = ex e g(x) = 1 + x +
2
no ponto 0?
b) Mostre que se f e g têm um contacto de ordem par no ponto c então os gráficos destas funções
“cruzam-se” no ponto de abcissa c e que se o contacto é de ordem ı́mpar não há “cruzamento”.
4.88 Seja f : ]0, +∞[ → R uma função com segunda derivada contı́nua em R+ e suponha que
f 0 (1) = 0, f 00 (1) = −2. Nestas condições, sendo ϕ(x) = f (ex ), calcule ϕ0 (0) e ϕ00 (0). Poderá
garantir-se que ϕ tem um extremo local no ponto 0? Máximo ou mı́nimo? Justifique.
Escreva a fórmula de Mac-Laurin para a função ϕ (com resto de 1a ordem) e aproveite-a para
calcular
ϕ(x) − ϕ(0)
lim .
x→0 x2
(Grupo IV do 2o Teste de 10/4/79)
77
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
Resolução: ϕ0 (x) = f 0 (ex )ex e ϕ00 (x) = f 00 (ex )e2x + f 0 (ex )ex . Logo
Para que 0 seja um ponto de extremo local de ϕ (duas vezes continuamente diferenciável em R)
basta que ϕ0 (0) = 0 e ϕ00 (0) 6= 0. É o caso. Como ϕ00 (0) < 0 pode concluir-se que 0 é um ponto
de máximo.
Tem-se a seguinte fórmula de Mac-Laurin (com resto de 1a ordem):
1
ϕ(x) = ϕ(0) + ϕ0 (0)x + ϕ00 (ξ)x2 (ξ entre 0 e x),
2
ou seja:
1 00 ξ 2ξ
f (e )e + f 0 (eξ )eξ x2 .
ϕ(x) = ϕ(0) +
2
Logo:
ϕ(x) − ϕ(0) 1 00 ξ 2ξ
f (e )e + f 0 (eξ ) eξ .
2
=
x 2
e
ϕ(x) − ϕ(0) 1 00 ξ 2ξ 1
f (e )e + f 0 (eξ ) eξ = (f 00 (1) + f 0 (1)) = −1.
lim 2
= lim
x→0 x ξ→0 2 2
Como ξ está entre 0 e x usámos o facto de que se x → 0 também ξ → 0.
4.89 Prove que se g : R → R é três vezes diferenciável e se g 000 (x) > 0, ∀x ∈ R, então g não pode
ter mais de dois pontos de extremo local. Admitindo agora que g tem de facto extremos locais nos
pontos α e β, com α < β, indique se g(α) e g(β) são máximos ou mı́nimos da função. Justifique.
Escreva a fórmula de Taylor para g em relação ao ponto β e com resto (de Lagrange) de 2 a
ordem e aproveite-a para mostrar que g(x) > g(β) para x > β.
(Grupo IVb do 2o Teste de 7/4/79)
4.90 Seja f uma função de classe C 2 (R) e considere a função g, definida por g(x) = xf (x), para
todo o x ∈ R. Se g 00 é estritamente crescente em R e g 00 (0) = 0, prove que f (0) é mı́nimo absoluto
de f .
[Sugestão: Pode ser-lhe útil considerar a fórmula de Mac-Laurin.]
(Pergunta 2 do Grupo IV do Exame de 2a Época de 24/2/95)
i) Existe uma sucessão (xn ), de termos em − 21 , 21 , tal que ψ 0 (xn ) = n1 para qualquer n ∈ N1 .
a) Mostre que, para que f tenha um extremo local, é necessário e suficiente que se verifique a
condição ab > 0.
78
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
4.93 Determine o conjunto dos pontos x ∈ ]0, 2π[ onde a concavidade do gráfico de f definida por
sen x cos x
f (x) = x + − cos x
2
está “voltada para cima”.
(Pergunta 3 da Prova de 22/3/74)
Resolução: A função g tem uma assı́mptota vertical para x = 1 pois limx→1+ g(x) = +∞. Não
há assı́mptotas horizontais pois limx→+∞ g(x) = +∞ (não há lugar a considerar limx→−∞ g(x)
pois g só está definida em ]1, +∞[). Para determinar assı́mptotas oblı́quas, se as houver, vamos
calcular: r r
g(x) 1 x3 1 x3
lim = lim = lim = 1.
x→+∞ x x→+∞ x x − 1 x→+∞ x x
Por outro lado:
x3
!
2
r
x3 x−1 − x
lim (g(x) − x) = lim − x = lim q
x→+∞ x→+∞ x−1 x→+∞ x3
x−1 + x
x
x−1 1
= lim q = .
x→+∞ x
+1 2
x−1
1
Logo, y = x + 2 é uma assı́mptota oblı́qua à direita.
p
4.96 Considere a função F , definida pela fórmula F (x) = x(x − 2).
b) O gráfico de F admite duas assı́mptotas, ambas não verticais. Determine uma delas.
79
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
b) Mostre que existe uma função g : R → R da forma g(x) = ax2 + b com a e b constantes,
verificando a condição limx→+∞ (f (x) − g(x)) = 0.
Resolução:
a) Não há assı́mptotas verticais, pois f é contı́nua em R. Como a função é par o estudo das
assı́mptotas horizontais e oblı́quas pode reduzir-se às assı́mptotas “à direita”. Como
1
lim f (x) = lim x2 1 + sen2 = +∞
x→+∞ x→+∞ x
2x3 − x2 + 1
f (x) =
x2 + 1
80
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
1
f (x) = .
xx
Obtenha uma equação da tangente ao gráfico de f no ponto de abcissa 1 e indique, no caso de
existirem, o supremo, o ı́nfimo, o máximo e o mı́nimo da função (em todo o domı́nio). Indique
ainda o contradomı́nio da função.
(Pergunta 1 do Exame Integrado (Ponto no 5) de 25/10/71)
4.100 a) Determine a constante K por forma a que a função f definida em R \ {0} pela fórmula
f (x) = (x + K)e1/x tenha um extremo no ponto 2. Indique, justificando, se se trata de um
máximo ou de um mı́nimo e se a função tem algum outro extremo local.
b) Depois de substituir K pelo valor calculado na alı́nea (a) – ou, se não resolver essa alı́nea, por
um número positivo à sua escolha – estude ainda a função sob os aspectos seguintes: sentido
da concavidade do seu gráfico, pontos de inflexão, assı́mptotas oblı́quas e assı́mptotas verticais.
(Pergunta 1 de uma Prova de Análise II)
b) Mostre que, qualquer que seja n, f (n) tem um só extremo local e verifique se esse extremo é
um máximo ou um mı́nimo.
|x|
f (x) =
1 + |x|
81
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
|x|
f (x) =
1 − |x|
1 − |x|
f (x) =
1 + |x|
Resolução:
a) A função é par, isto é, f (x) = f (−x). Vamos tirar partido deste facto notando, por exemplo,
que a derivada será ı́mpar no seu domı́nio, isto é, f 0 (x) = −f 0 (−x) se f for diferenciável em x,
a segunda derivada será par,. . .
A função é contı́nua em R. Para x > 0 é diferenciável (logo também para x < 0) com
0
0 1−x −(1 + x) − (1 − x) 2
f (x) = = =− <0 (se x > 0).
1+x (1 + x)2 (1 + x)2
Do facto da derivada ser ı́mpar concluı́mos que se a derivada existir em 0 terá de ser nula. No
entanto
f (x) − f (0) 1 1−x −2
fd0 (0) = lim = lim − 1 = lim = −2
x→0+ x x→0+ x 1+x x→0+ 1 + x
pelo que a concavidade estará voltada para cima em [0, +∞[ (e portanto também em ] − ∞, 0]).
Não há assı́mptotas verticais. Como limx→+∞ f (x) = −1 (e limx→−∞ f (x) = −1) a recta
y = −1 é assı́mptota horizontal à esquerda e à direita.
b) O esboço do gráfico de f está representado na figura 4.4. A paridade de f implica a simetria
em relação ao eixo dos y.
82
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
y
1
1 − |x|
f (x) =
1 + |x|
PSfrag replacements
−1 0 1 x
−1
x2 − 2x + 2
f (x) = .
x−1
a) Seja (xn ) uma sucessão de termos em R \ {1}, convergente para α ∈ R. Justifique que se α 6= 1
a sucessão f (xn ) converge para f (α).
f (x) = (x − 1)ex .
83
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
f (x) = x2 e−x
e esboce o respectivo gráfico (não se preocupe com a determinação da direcção das tangentes nos
pontos de inflexão).
(Grupo Ia do 1o Teste de 21/6/80)
4.109 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função f : R → R definida pela fórmula:
f (x) = x4 e−x
Resolução: À medida que avançamos no estudo da função inscrevemos num quadro as in-
formações obtidas.
x −∞ 0 1 +∞
y −∞ % 0 | +∞ & e % +∞
y0 + | − 0 +
y 00 − | +
Como
lim xe1/x = +∞ e lim xe1/x = −∞
x→+∞ x→−∞
e
1 1
lim (y − x) = lim x(e x − 1) = 1, lim (y − x) = lim x(e x − 1) = 1
x→+∞ x→+∞ x→−∞ x→−∞
84
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
y = xe1/x
e
1 y =x+1
PSfrag replacements 0 1 x
4.112 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função F definida pela fórmula
1
F (x) = e x2 −1
4.113 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função f definida pela fórmula
x
f (x) = (x − 1)e x−1
85
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
4.115 a) Faça um estudo analı́tico, tão completo quanto possı́vel, da função f definida em R pela
fórmula:
2
f (x) = xe−|1−x |
(em particular, determine os eventuais máximos e mı́nimos, inflexões e pontos em que a função
não seja diferenciável).
4.117 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função g : R → R contı́nua no ponto 0 e
2
tal que, para todo o x 6= 0, g(x) = xe−1/x . Esboce o gráfico da função.
(Grupo IV do Teste de 10/4/79)
2
4.118 Faça o estudo da função definida por: f (x) = e− log x . (Determine o domı́nio, domı́nio de
diferenciabilidade, intervalos de monotonia, extremos, concavidades, pontos de inflexão, assı́mptotas
e faça um esboço do respectivo gráfico).
(Grupo II do Exame de 23/3/77)
no conjunto de todos os valores reais x tais que f (x) ∈ R. Considere especialmente os aspectos
seguintes: intervalos de monotonia, máximos e mı́nimos, convexidade, inflexões, assı́mptotas.
Esboce o gráfico de g e determine equações das tangentes a esse gráfico em cada um dos seus
pontos de inflexão.
(Pergunta 1 da Prova de 4/11/72)
86
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
4.121 a) Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função f , definida pela fórmula
x
f (x) =
log |x|
4.122 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função g definida pela fórmula:
x
g(x) =
1 + log |x|
e esboce o respectivo gráfico.
(Grupo III do Teste de 7/4/79)
4.125 a) Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função f , definida em R, contı́nua no
ponto 0 e tal que, em qualquer ponto x 6= 0, se verifica a igualdade:
f (x) = x2 log x2 .
4.126 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função f , definida por:
sen x
f (x) = .
1 − sen x
Esboce o gráfico da restrição de f ao intervalo [0, 2π].
(Grupo III do Teste de 24/4/79)
4.127 Estude do modo mais completo que lhe seja possı́vel a função definida pela fórmula:
x
y = arctg x − .
1 + x2
Esboce o gráfico da função.
(Grupo III do Exame OS de 11/2/80)
87
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
4.129 Faça um estudo tão completo quanto possı́vel da função F definida em R\{1} pela fórmula:
x
F (x) = arctg .
x−1
Esboce o gráfico da função.
(Grupo II do Exame Final de 10/5/79)
onde α ∈ R.
a) Calcule α.
b) Calcule limx→−∞ f (x) e limx→+∞ f (x) (se não conseguiu calcular α, suponha doravante que
α = 1).
c) Estude f quanto à diferenciabilidade e calcule a sua derivada.
d) Determine os extremos locais e os intervalos de monotonia de f .
88
4.4. TEOREMA DE TAYLOR. ESTUDO DE FUNÇ ÕES
e) Determine o contradomı́nio de f .
4.135 a) Faça um estudo analı́tico, tão completo quanto possı́vel, da função definida em R\{0}
pela fórmula:
log |x|
f (x) =
xn
onde n é um número natural.
b) Esboce o gráfico de f , na hipótese de ser n = 1.
(Pergunta 2 da Prova de 20/7/71)
a) Estude quanto à continuidade a função f . Determine lim x→−1 f (x) e limx→+∞ f (x).
b) Determine o domı́nio de diferenciabilidade de f . Calcule a função derivada f 0 .
c) Determine os extremos locais e os intervalos de monotonia da função f .
89
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
e) Justifique que existem exactamente três pontos de inflexão e determine o sentido das conca-
vidades do gráfico de f . (Casopnão saiba determinar os pontos de inflexão , pode utilizar, na
√
sequência do raciocı́nio, que 12 5 ± 17 são zeros de f 00 ).
f) Esboce o gráfico de f .
e) Esboce o gráfico de f .
f (x) = |1 − x|e1−x , ∀x ∈ R.
90
4.5. SÉRIE DE TAYLOR. DESENVOLVIMENTOS EM SÉRIES DE POTÊNCIAS.
e) Esboce o gráfico de f .
a) Estude a função f quanto à continuidade. Determine limx→−2 f (x), limx→−∞ f (x) e limx→+∞ f (x).
f) Esboce o gráfico de f .
b) Estude a natureza da série nos extremos do seu intervalo de convergência. Em caso de con-
vergência, verifique se é simples ou absoluta.
no conjunto de todos os pontos em que a série é convergente, calcule f (1) e indique, justificando,
o valor de f 00 (0).
(Pergunta 3 da Prova de 11/10/72)
e, em cada ponto x em que a série convirga, designe por ϕ(x) a sua soma. Nestas condições:
2. Justifique que, em qualquer ponto x ∈ I, ϕ(−x) = ϕ(x); mostre ainda que a restrição de ϕ
ao conjunto I ∩ [0, +∞[ é uma função crescente.
91
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
Resolução:
1. Uma série de potências de x converge absolutamente no intervalo ] − R, R[, onde
1 p
n
R= q = lim (n + 1)(n + 2) = 1.
1
lim n
(n+1)(n+2)
e como
1 1
∼ 2
(n + 1)(n + 2) n
a série converge. Logo o domı́nio de ϕ é [−1, 1].
∞ ∞
X x2n X (−x)2n
2. ϕ(x) = = = ϕ(−x). Para ver que ϕ(x) restrita a [0, 1]
n=0
(n + 1)(n + 2) n=0 (n + 1)(n + 2)
é crescente basta notar que se 0 ≤ x < y ≤ 1 então, para todo o n ∈ N, x 2n ≤ y 2n pelo que
ϕ é crescente em [0, 1].
3. Acabámos de ver que ϕ é uma função par — donde decorre que o seu contradomı́nio,
ϕ([−1, 1]), coincide com ϕ([0, 1]) — e também que ϕ é crescente em [0, 1]. Deve ter-se
portanto:
∞
X 1
max ϕ = ϕ(1) = .
n=0
(n + 1)(n + 2)
Designando por Sn a soma dos n primeiros termos desta série, tem-se:
1 1 1
Sn = + +··· +
1·2 2·3 n(n + 1)
1 1 1 1 1 1
= 1− + − +···+ − =1−
2 2 3 n n+1 n+1
4.143 Indique, sob a forma de um intervalo, o conjunto dos ponto de R onde a série
∞
X (x − 1)2n−1
n=2
n2 − n
é absolutamente convergente, e determine, se possı́vel, a soma da série nos extremos do intervalo.
Esta série define uma função no mesmo intervalo; determine uma expressão da derivada dessa
função.
(Pergunta 1a do Exame Final (Ponto no 2) de 6/7/71)
4.144 a) Determine o raio de convergência da série que figura no segundo membro da igualdade:
∞
X xn+2
f (x) = (−1)n .
n=0
(n + 1)(n + 2)
92
4.5. SÉRIE DE TAYLOR. DESENVOLVIMENTOS EM SÉRIES DE POTÊNCIAS.
b) Estude a natureza da série nos extremos do seu intervalo de convergência e calcule a soma num
desses extremos.
c) Mostre que, em qualquer ponto x interior ao intervalo de convergência da série se verifica a
igualdade:
f (x) = (x + 1) log(x + 1) − x
e aproveite esta igualdade para verificar se f é contı́nua naquele extremo do intervalo de con-
vergência em que calculou a soma da série.
[Sugestão: pode derivar a série termo a termo duas vezes]
P∞
4.145 Supondo igual a 2 o raio de convergência da série de potências n=0 a n xn ,
P
1. Indique, justificando, a natureza da série |an |.
2. Definindo uma função ϕ, no intervalo de convergência da série de potências, pela fórmula
∞
X
ϕ(x) = a n xn ,
n=0
Resolução:
n
P
1. Se 2 é o raio de convergência
P de an x , há convergência absoluta em ]−2, 2[ e em particular
para x = 1 e portanto, |an | converge.
2. ϕ é integrável em [−1, 1] pois é aı́ contı́nua.
Para cada x ∈ [−1, 1] tem-se:
X∞ X ∞ ∞
X
n
|ϕ(x)| = an x ≤ |an ||xn | ≤ |an |,
n=0 n=0 n=0
donde ∞ ∞
Z
1 Z
1 Z 1 X X
ϕ(x) dx ≤ |ϕ(x)| dx ≤ |an | dx = 2 |an |.
−1 −1 −1 n=0 n=0
93
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
no conjunto de todos os pontos em que a série é convergente, calcule g(1) e g 00 (1) e escreva a
série de Taylor, no ponto 1, da função x + g 0 (x).
(Pergunta 3 da Prova de 23/1/73)
4.147 Considere as funções g que podem ser desenvolvidas em série de potências de x com raio
de convergência infinito. Quais dessas funções satisfazem à relação
4.148 Justificando cuidadosamente a resposta, mostre que ex é a única função que satisfaz às
condições seguintes:
f (n) (x) = f (x) ∀n∈N ∀x∈R , f (0) = 1.
[Sugestão: Pode-lhe ser útil recorrer a um desenvolvimento em série de Mac-Laurin].
(Grupo III2 da Repetição do 1o Teste de 18/9/80)
1. Prove que
dx
= kx, com k constante
dt
a) é indefinidamente diferenciável,
b) é desenvolvı́vel em série de Mac-Laurin, série essa que representa a função para todo o t
pertencente a R.
94
4.5. SÉRIE DE TAYLOR. DESENVOLVIMENTOS EM SÉRIES DE POTÊNCIAS.
2. Com base nas conclusões obtidas em 1) resolva a seguinte questão: Uma substância ra-
dioactiva desintegra-se a um ritmo que, em cada instante, é proporcional à quantidade
de substância existente nesse instante (tendo todos os átomos a mesma probabilidade de
desintegrar-se, a desintegração total é proporcional ao números de átomos remanescente).
Se x(t) designa a quantidade de subtância existente no instante t, ter-se-á portanto
x0 (t) = kx(t)
com k constante. Sendo x0 a quantidade de substância existente no instante t = 0, determine
x(t) e prove que existe um número τ (a vida média do elemento radioactivo) tal que
1
x(t + τ ) = x(t)
2
para todo o t > 0.
(Problema 3 do Grupo IV do Trabalho de 1974)
Resolução:
1. a) Para provar que qualquer função que seja solução da equação
x0 (t) = kx(t)
é indefinidamente diferenciável - isto é, n vezes diferenciável, qualquer n ∈ N - pode
usar-se o método de indução.
Sendo solução da equação considerada, é claro que x terá que ser diferenciável (isto é, n
vezes diferenciável, para n = 1); por outro lado, admitindo (como hipótese de indução)
que x(t) - e portanto também o segundo membro da equção x0 (t) = kx(t) - é n vezes
diferenciável, logo se conclui que o primeiro membro, x0 (t), é também n vezes diferenciável
e portanto, que x(t) é n + 1 vezes diferenciável.
b) A equação implica por indução que para todo o n ∈ N tenhamos x(n) (t) = k n x(t) e em
particular x(n) (0) = k n x(0). Assim se uma solução da equação for representável pala sua
série de Mac-Laurin numa vizinhança de 0 então essa solução será nessa vizinhança
+∞ n
X k x(0)tn
= x(0)ekt . (4.2)
n=0
n!
Reciprocamente qualquer função deste tipo é solução da equação.
Resta provar que as únicas soluções são definidas em R por x(t) = x(0)e kt . Para isso
vamos provar que o resto de ordem n da fórmula de Taylor de uma solução (não neces-
sariamente da forma (4.2)) num ponto t tende para 0 quando n → ∞ qualquer que seja
t ∈ R. Com efeito a equação implica
n−1
X x(0)k m tm
x(t) = + Rn (t)
m=0
m!
em que
x(n) (τ )tn k n x(τ )tn
Rn (t) = =
n! n!
n
)tn
para algum τ ∈ ]0, 1[ dependente de n e t. Como limn→∞ k x(τ n! = 0 concluimos que
Rn (t) → 0 quando n → ∞ e qualquer solução é representada pela série de Mac-Laurin
respectiva. Como já vimos terá de ter a forma (4.2).
2. Queremos provar que existe τ tal que
1 1
x(t + τ ) = x(0)ek(t+τ ) = x(0)ekt = x(t).
2 2
1
Quer dizer que ek(t+τ ) = elog 2 ekt , isto é, k(t + τ ) = log 21 + kt ou ainda τ = 1
k log 12 .
95
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
Resolução:
∞
x (log 2)x
X 1
2 =e = (log 2)n xn (x ∈ R),
n=0
n!
∞ x n
1 1 1 1X
= x = (−1)n (|x| < 2).
2+x 21+ 2 2 n=0 2
Logo:
∞ ∞
1 X 1 X xn
2x + = (log 2)n xn + (−1)n n+1
2 + x n=0 n! n=0
2
∞
X 1 1
= (log 2)n + (−1)n n+1 xn .
n=0
n! 2
Esta série converge (e representa a função considerada) no intervalo ]−2, 2[, visto que em qualquer
1
ponto x tal que |x| < 2 convergem as séries de Mac-Laurin das funções 2x e 2+x . Para qualquer x
tal que |x| ≥ 2 converge apenas uma destas séries, divergindo portanto a série obtida por adição
das duas.
96
4.5. SÉRIE DE TAYLOR. DESENVOLVIMENTOS EM SÉRIES DE POTÊNCIAS.
Resolução:
x−2 x−2
log x = log(2 + (x − 2)) = log 2 1 + = log 2 + log 1 +
2 2
∞ n ∞
X 1 x−2 X 1
= log 2 + (−1)n+1 = log 2 + (−1)n+1 n (x − 2)n .
n=1
n 2 n=1
2 n
P∞
Usámos log(x + 1) = n=1 (−1)n+1 n1 xn para |x| < 1 o que implica que a série obtida converge e
representa a função para | x−2
2 | < 1, isto é, para 0 < x < 4.
4.157 Desenvolva em série de potências de x−1 as funções log(3−x) e x12 . Em cada um dos casos,
indique o “maior” intervalo aberto em que o desenvolvimento representa a função considerada.
(Grupo IIIa do 1o Teste de 21/6/80)
4.160 Seja f a função definida em R\{0} por f (x) = x2 log x2 . Desenvolva f em série de potências
de x − 1 e indique o “maior” intervalo aberto onde esse desenvolvimento representa a função.
(Grupo IV da Prova de 2/12/76)
97
CAPÍTULO 4. CÁLCULO DIFERENCIAL.
98
Capı́tulo 5
Primitivação
5.1 Determine uma expressão geral de todas as primitivas das seguintes funções.
a) (1 − x)5 , b) |x|.
Se nalgum caso for impossı́vel obter uma primitiva que verifique a condição requerida explique a
razão dessa impossibilidade.
(Pergunta 1 da Prova de 20/7/78)
Resolução:
Designando por F uma primitiva de cos 2x − π4 temos:
π 1 π 1 π
Z Z
F (x) ≡ cos 2x − dx = cos 2x − 2 dx = sen 2x − + K.
4 2 4 2 4
1
a) Se F (0) = 0 é porque K = √
2 2
; a primitiva que se anula para x = 0 é pois:
1 π 1
F (x) = sen 2x − + √ .
2 4 2 2
b) Para nenhum valor de K existe o limite limx→+∞ F (x) pelo que não existe nenhuma primitiva
tal que limx→+∞ F (x) = 1.
x
Designando por G uma primitiva de 1+x4 temos:
x 1 2x 1
Z Z
G(x) ≡ 4
dx = 2 2
dx = arctg x2 + K.
1+x 2 1 + (x ) 2
99
CAPÍTULO 5. PRIMITIVAÇÃO
arctg x2
G(x) = .
2
b)
arctg x2 π
lim G(x) = lim + K = + K.
x→+∞ x→+∞ 2 4
Se limx→+∞ F (x) = 1 é porque K = 1 − π4 , logo a primitiva pedida é:
1 π
G(x) = arctg x2 + 1 − .
2 4
2
Designando por H uma primitiva de xe−x
1 1
Z Z
−x2 2 2
H(x) ≡ xe dx = − e−x (−2x) dx = − e−x + K.
2 2
1 2
H(x) = 1 − e−x .
2
2
b) limx→+∞ H(x) = limx→+∞ − 21 e−x + K = K. Logo a primitiva que verifica
limx→+∞ H(x) = 1 é:
1 2
H(x) = − e−x + 1.
2
1+x
x2 cos(x3 + 1), √ , ex sen x.
1 − x2
1
F 0 (x) = , F (2) = 0, lim F (x) = 10.
(x − 1)2 x→−∞
5.4 Obtenha uma primitiva de cada uma das seguintes funções (todas elas elementarmente pri-
mitiváveis).
1 x
sen(2x) cos(2x), 2 , ex+e .
x(2 − 3 log x) 3
d
Resolução: Notando que a derivada de dx (sen(2x)) = 2 cos(2x):
1 1
Z Z
sen(2x) cos(2x) dx = sen(2x) cos(2x)2 dx = sen2 (2x).
2 4
100
1
Notando que x é a derivada de log x:
1 1 1
Z Z
2 dx = dx2
x(2 − 3 log x) 3 (2 − 3 log x) x 3
1 3 1
Z
2 1
=− (2 − 3 log x)− 3 − dx = − 3(2 − 3 log x) 3
3 x 3
1
= −(2 − 3 log x) 3 .
Finalmente Z Z
x x x
H(x) = ex+e dx = ex ee dx = ee .
5.5 Para cada umas das funções (todas elas imediatamente primitiváveis) definidas pelas ex-
pressões:
ex 1
x sen x2 , x
,
2+e (1 + x )[1 + (arctg x)2 ]
2
determine, se possı́vel:
1. Uma primitiva que se anule no ponto x = 0;
2. Uma primitiva que tenda para 0 quando x → +∞.
Nos casos em que não seja possı́vel obter uma primitiva nas condições requeridas explique sucin-
tamente a razão dessa impossibilidade.
(Grupo Ib do 2o Teste de 28/7/80)
Resolução:
a) Designamos por F (x) uma primitiva de tg x sec2 x.
1
Z
F (x) = tg x sec2 x dx = tg2 x.
2
101
CAPÍTULO 5. PRIMITIVAÇÃO
1
Designemos por H(x) uma primitiva de x+x log2 x
1 1 1
Z Z
H(x) = dx = 2 x dx.
x + x log2 x 1 + log x
dy
Usando primitivação por substituição com y = log x e portanto dx = 1/x consideramos
1
Z
dy = arctg y
1 + y2
donde
H(x) = arctg(log x).
b) Trata-se de determinar em R \ {0} uma primitiva J(x) de 4x log |x| de forma que:
(
f (−1) = 1,
f (1) = −1.
K1 = 0, K2 = 2.
5.8 Determine a função f , definida no intervalo ]0, +∞[ e que satisfaz as condições:
1 π
f 0 (x) = x5 log x − 2
sen ∀x>0 e f (1) = 0.
x x
(Pergunta 1a da Prova de 18/12/72)
102
5.9 Estabeleça uma fórmula de recorrência para o cálculo de
P tgn x, n ∈ N1 .
tgn x dx. Se n = 1:
R
Resolução: Ponha-se Jn (x) =
sen x
Z Z
J1 (x) = tg x dx = dx =
cos x
1
Z
=− (− sen x) dx = − log | cos x|
cos x
Se n = 2: Z Z
J2 (x) = tg2 x dx = (sec2 x − 1) dx = tg x − x.
Se n > 2:
Z Z
n
Jn (x) = tgn−2 x tg2 x dx =
tg x dx =
1
Z Z
= tgn−2 x(sec2 x − 1) dx = tgn−2 x sec2 x dx − Jn−2 (x) = tgn−1 x − Jn−2 (x).
n−1
Temos pois:
1
Jn (x) = tgn−1 x − Jn−2 (x), se n > 2,
n−1
J1 (x) = − log | cos x|,
J2 (x) = tg x − x.
5.10 Primitive
log x 1 1
x log x + + + .
x x log x x log x log(log x)
103
CAPÍTULO 5. PRIMITIVAÇÃO
5.14 Calcule
x4
Z
dx.
x4 − 1
x4
Resolução: Escrevamos x4 −1 como soma de fracções simples:
x4 1 1 Ax + B C D
=1+ 4 e = 2 + + .
x4−1 x −1 x4 − 1 x +1 x−1 x+1
Determinemos A, B, C e D:
x4 1
1 1 1 1 1
Z Z Z Z Z
4
dx = 1 dx − dx + dx − dx
x −1 x2 + 1
2 4 x−1 4 x+1
1 1 1
= x − arctg x + log |x − 1| − log |x + 1|
2 4 4
1 1 x − 1
= x − arctg x + log .
2 4 x + 1
5.16 Determine:
104
b) A primitiva G, da função
x+3
g(x) =
x4 − x 2
definida no intervalo ]1, +∞[ e que verifica a condição lim x→+∞ G(x) = 3.
log arcsen x x3
f (x) = cos(2x) cos x, g(x) = √ , h(x) = p .
1 − x2 (x4 − 1)3
b) Considere a função:
3x2 + 7
f (x) =
(x2 + 4)(x2 − 1)
definida em R\{−1, 1}. Obtenha uma primitiva F de f que satisfaça as três condições seguintes:
π
i) lim F (x) = ,
x→−∞ 2
ii) lim F (x) = 0,
x→+∞
iii) F (0) = 1.
(Grupo I da Prova de 11/9/79)
2 (1 + 2 arctg x)3
ex +2 sen x
(x + cos x), , x2 sh x.
1 + x2
b) Calcule:
4x2 − 3x + 5
Z
dx.
(x − 1)2 (x + 2)
(Grupo I da Prova de 22/9/78)
5.20 Calcule
x4
Z
dx.
x4 − 5x2 + 4
(Grupo II1a da Prova de 18/7/77)
5.21 Determine:
a) Uma função f , definida em R, e verificando as condições:
arctg x
f 0 (x) = ∀x∈R e lim f (x) = 0.
1 + x2 x→+∞
105
CAPÍTULO 5. PRIMITIVAÇÃO
b) Decida justificadamente se existe uma função g, definida no intervalo I = ]16, +∞[ e tal que:
√
0 1+ x
g (x) = √ ∀x∈I e lim g(x) = 1.
x(4 − x) x→+∞
Resolução:
log x
a) Primitivando por partes de √
1+x
para x > 0:
log x 1 1
Z Z Z
1 1
I(x) = √ dx = (1 + x)− 2 log x dx = 2(1 + x) 2 log x − 2 (1 + x) 2 dx.
1+x x
1
Para calcular J(x) = (1+x) 2 x1 dx poderia parecer razoável tentar de novo uma primitivação
R
por partes. No entanto tal conduz sempre a primitivas envolvendo potências fraccionárias
de 1 + x a multiplicar por uma potência inteira e não nula de x ou conduz-nos de novo à
primitiva com que tı́nhamos começado.
Como as potências fraccionárias de 1+x são um problema tentamos uma mudança de variável
1
para eliminá-las. Para tal consideramos a substituição y = (1 + x) 2 , onde x > 0 e portanto
y > 1, cuja inversa é x = y 2 − 1 que por sua vez tem derivada dx dy = 2y, conduzindo ao
cálculo de:
1 y2 1 1
Z Z Z Z
y 2 2y dy = 2 2
dy = 2 (1 + 2 ) dy = 2y + 2 2
dy. (5.1)
y −1 y −1 y −1 y −1
pelo que
1 1 y−1
Z
dy = log (se y > 1).
y2 − 1 2 y+1
Substituindo em (5.1)
y2 1 y−1
Z
dy = y + log .
y2 − 1 2 y+1
Daı́ que:
1
1 (1 + x) 2 − 1
J(x) = 2(1 + x) 2 + log 1 .
(1 + x) 2 + 1
Voltando a I(x):
1
1 1 (1 + x) 2 − 1
I(x) = 2(1 + x) log x − 4(1 + x) − 2 log
2 2
1
(1 + x) 2 + 1
1
1 (1 + x) 2 − 1
= 2(1 + x) 2 (log x − 2) − 2 log 1 .
(1 + x) 2 + 1
106
Em conclusão:
√
√
log x 1+x−1
Z
√ dx = 2 1 + x(log x − 2) − log √ + K.
1+x 1+x+1
5x−6
R
b) A primitiva x[(x−1) 2 +2] dx calcula-se mais comodamente efectuando a mudança de variável
y = x − 1 o que conduz a:
5y − 1
Z
dy.
(y + 1)(y 2 + 2)
Decompondo a fracção racional:
5y − 1 A By + C
= + 2
(y + 1)(y 2 + 2) y+1 y +2
obtém-se calculando A, B e C,
5y − 1 −2 2y + 3
= +
(y + 1)(y 2 + 2) y + 1 y2 + 2
e daı́:
5y − 1 2y + 3
Z Z
dy = −2 log |y + 1| + dy
(y + 1)(y 2 + 2) y2 + 2
2y 1
Z Z
= −2 log |y + 1| + dy + 3 dy
y2 + 2 y2 + 2
3 1
Z
= −2 log |y + 1| + log(y 2 + 2) + 2 dy
2 √y
2
+ 1
3 y
= −2 log |y + 1| + log(y 2 + 2) + √ arctg √ .
2 2
Invertendo a mudança de variável:
5x − 6 3 x−1
Z
dx = −2 log |x| + log((x − 1)2 + 2) + √ arctg √ .
x[(x − 1)2 + 2] 2 2
5.23 Calcule
1
Z
√
4
dx
x 1+x
107
CAPÍTULO 5. PRIMITIVAÇÃO
R 2e−x
Resolução: Vamos fazer a mudança de variável y = ex em 1−e 2x dx. Notando que x = log y e
dx 1 1
dy = y obtemos
2e−x 2y −1 1 1
Z Z Z
dx = dy = 2 dy.
1 − e2x 1 − y2 y y 2 (1 − y 2 )
Tem-se:
1 A B C D
= 2+ + + ;
y 2 (1 − y 2 ) y y 1−y 1+y
A, B, C e D calculam-se a partir de:
1 = A(1 − y 2 ) + By(1 − y 2 ) + Cy 2 (1 + y) + Dy 2 (1 − y)
Portanto:
2e−x x
2 1 + y
+ K = − 2 + log 1 + e + K.
Z
φ(x) = dx = − + log
1 − e2x y 1 − y ex 1 − ex
1+ex
Se limx→+∞ φ(x) = 1 é porque K = 1. Assim − e2x + log 1−e x + K é ainda a forma geral
das primitivas de ϕ para x < 0. Porém, seja qual fôr o valor da constante K, tem-se sempre
limx→−∞ φ(x) = −∞ pelo que é impossı́vel encontrar uma primitiva Ψ de ϕ em ]−∞, 0[ verificando
limx→−∞ Ψ(x) = α com α ∈ R.
5.26 Calcule
e3x
Z
dx.
(1 + e2x )(ex − 2)2
(Grupo Ia do Exame de 2a época de 7/2/79)
1 Nesta
R R
solução e nalgumas outras deste capı́tulo uma igualdade entre primitivas f (x) dx = g(y) dy significa
−1
de facto que considerámos uma mudança de variável y = θ(x) com inversa x = θ (y) e que a função de y do lado
direito da igualdade composta com θ iguala o lado esquerdo da igualdade como função de x. Este pequeno abuso
de notação revelar-se-á prático ao nı́vel do cálculo.
108
5.27 Calcule
e3t + 3e2t + 6
Z
dt.
e3t + 3et
(Grupo II da Prova de 9/10/78)
2 log x − 1
g(x) =
x log x(log x − 1)2
lim G(x) = 7.
x→+∞
1 x
y= , y= √ , y = 3x cos x
x log x2 1 + 3x2
x
Resolução: Vamos considerar a mudança de variável tg 2 = t que conduz a:
2t 1 − t2 2
sen x = , cos x = , dx = dt.
1 + t2 1 + t2 1 + t2
109
CAPÍTULO 5. PRIMITIVAÇÃO
1 1 2
Z Z
dx = 2t 1−t2 1 + t2
dt
1 − sen x − cos x 1 − 1+t2 − 1+t2
1 1 1
Z Z Z
= dt = dt − dt
t(t − 1) t−1 t
= log |t − 1| − log |t| = log(1 − t) − log t
1−t
= log (por ser sempre 0 < t < 1).
t
Quer dizer:
x
1 1 − tg
Z
2
dx = log + K.
1 − sen x − cos x tg x2
110
Capı́tulo 6
Integral de Riemann
Qualquer que seja ε > 0 existe uma decomposição de I tal que a oscilação de f em cada um
dos subintervalos de I determinados por essa decomposição é menor que ε.
Mostre ainda que a verificação da condição referida não é necessária para que f seja integrável.
(Grupo V do 1o Teste de 20/7/78)
n−1
X n−1
X
Sd − s d = (Mi − mi )(xi+1 − xi ) < ε(xi+1 − xi )
i=0 i=0
n−1 n−1
X δ X
=ε (xi+1 − xi ) = (xi+1 − xi )
i=0
b−a i=0
δ
= (b − a) = δ.
b−a
Quer dizer que dado δ > 0 é possı́vel encontrar uma decomposição d de [a, b] tal que S d − sd < δ,
o que equivale a dizer que f é integrável em [a, b].
Para ver que a condição do enunciado não é necessária para que f seja integrável, basta considerar
a função (
0, se x 6= x0 ,
f (x) =
1, se x = x0 ,
onde x0 ∈ [a, b]. A função f é integrável mas não existe uma decomposição d de [a, b] tal que a
oscilação de f em cada um dos subintervalos de [a, b] determinados por d seja menor do que 1 pois
em qualquer subintervalo que contenha x0 a oscilação de f será igual a 1.
111
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
a) Indique uma aplicação limitada f : R → R tal que f + seja integrável em [0, 1] e f − não o seja.
b) Indique uma aplicação limitada g : R → R tal que g + + g − seja integrável em [0, 1] e g não o
seja.
Rx
6.4 Seja ϕ uma função integrável em [0, 1] e φ(x) = a ϕ(t) dt com a ∈ [0, 1]. Justifique que φ é
integrável em [0, 1] e mostre que existe b ∈ [0, 1] tal que
Z 1 Z b
φ(t) dt = ϕ(t) dt.
0 a
(Na resolução desta alı́nea poderá ser-lhe útil recorrer ao teorema da média).
(Grupo IVb do 1o Teste de 11/9/78)
Resolução: Sendo ϕ integrável em [0, 1], a função φ é contı́nua em [0, 1] e portanto integrável em
[0, 1]. Existe por isso b ∈ [0, 1] tal que
Z 1 Z b
φ(t) dt = φ(b)(1 − 0) = φ(b) = ϕ(t) dt.
0 a
6.5 Sejam f e ϕ definidas em [a, b] maiores ou iguais a 0 e integráveis em [a, b]. Suponha-se que
ϕ é crescente e designe-se por ϕ(b− ) o limx→b− ϕ(x).
Rb Rb
1) Mostre que: ∃c∈[a,b] : a f (x)ϕ(x) dx = ϕ(b− ) c f (x) dx.
2) A igualdade seria válida se substituissemos ϕ(b− ) por ϕ(b)?
Rb
3) Mostre que se ϕ é estritamente crescente em ]a, b[ e a f (x) dx 6= 0 então c deverá ser diferente
de a e de b.
112
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
O estudo da concavidade e inflexão de g pode fazer-se através do sinal de g 00 (x): como f 0 (x) e
f 00 (x) são positivas: g 00 (x) > 0 se x > 0, g 00 (x) < 0 se x < 0. Para x > 0, a concavidade está
voltada para cima, para x < 0, voltada para baixo. Em x = 0 há pois um ponto de inflexão
(g 00 (0) = 0 e g 000 (0) > 0).
6.10 Sendo f uma função contı́nua em R prove que, se é nulo o integral de f em qualquer intervalo
limitado, então f (x) = 0, para todo o x ∈ R.
Mostre, por meio de exemplos, que a conclusão precedente poderia ser falsa em qualquer das
duas hipóteses seguintes:
1. Se, em lugar de supor f contı́nua em R, se suposesse apenas que f era integrável em qualquer
intervalo limitado;
2. Se, em vez de supor que é nulo o integral de f em qualquer intervalo limitado, se admitisse
que era nulo o integral de f em qualquer intervalo de R com comprimento igual a 1.
113
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
calcule φ0 (x) e φ00 (x). Justifique todos os passos dos cálculos efectuados.
(Pergunta 4a da Prova de 4/11/72)
R1
6.12 Seja g uma função definida e contı́nua em R tal que g(1) = 5 e 0 g(t) dt = 2.
Seja f a função definida em R por
1 x
Z
f (x) = (x − t)2 g(t) dt.
2 0
Mostre que f admite derivadas contı́nuas em R até à 3a ordem e calcule f 00 (1) e f 000 (1).
(Grupo III da Prova de 23/3/77)
Resolução:
1 x 1 x 2
Z Z
f (x) = (x − t)2 g(t) dt = (x − 2xt + t2 )g(t) dt
2 0 2 0
Z x Z x
1 1 x 2
Z
= x2 g(t) dt − x tg(t) dt + t g(t) dt.
2 0 0 2 0
As funções g(t), tg(t), t2 g(t) são contı́nuas em R pelo que, pelo teorema fundamental do Cálculo:
Z x Z x
1 1
f 0 (x) = x g(t) dt + x2 g(x) − tg(t) dt + x2 g(x) + x2 g(x)
2 2
Z x0 Z x 0
R3
6.13 Calcule ϕ0 (x) sendo ϕ(x) = x x2 esen t dt.
(Grupo II1c da Prova de 18/7/77)
R x3 +1 2
6.14 Seja ϕ a função definida em R pela fórmula ϕ(x) = cos x e−t dt. Indique, justificando, os
valores de ϕ(0) e ϕ0 (0).
(Grupo IIa da Prova de 25/9/79)
então f éR uma função ı́mpar. Dê um exemplo de uma função g definida em R, verificando a
x
condição −x g(t) dt = 0, ∀x∈R , e que não seja ı́mpar.
114
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
6.16 Calcule Rx
0
sen t3 dt
lim .
x→0 x4
(Grupo Ib da Prova de 28/2/74)
0
Resolução: Trata-se de uma indeterminação do tipo 0. Aplicando sucessivamente a regra de
Cauchy:
2
2 2
e−x + e−x − xe−x 2x
Rx −t2
Rx −t2 −x2
x 0
e dt 0
e
dt + xe
lim = lim = lim
x→0 1 − e−x2 x→0 e−x2 2x x→0 −e−x2 4x2 + e−x2 2
2
2e−x (1 − x2 ) 2(1 − x2 )
= lim −x2 = lim = 1.
x→0 e (2 − 4x2 ) x→0 2 − 4x2
6.18 Calcule Rx
sen t5 dt
lim R 0 2 .
x→0 x
0 sen t2 dt
(Grupo IIc do 2o Teste de 28/7/80)
6.19 a) Determine o valor da constante real K, por forma a que f 0 (1) = 0, sendo
Z K log x
2
f (x) = e−t dt.
x2
Resolução:
R ϕ (x)
a) Para derivar f fazemos a seguinte observação: sendo f (x) = ϕ12(x) g(t) dt com g contı́nua num
intervalo, ϕ1 , ϕ2 funções com valores nesse intervalo e a um qualquer ponto desse intervalo, tem-
R ϕ (x) R ϕ (x)
se f (x) = a 2 g(t) dt − a 1 g(t) dt. Daı́ resulta que, sendo ϕ1 e ϕ2 funções diferenciáveis,
e usando o Teorema Fundamental do Cálculo e o Teorema de derivação da Função Composta:
f 0 (x) = g(ϕ2 (x))ϕ02 (x) − g(ϕ1 (x))ϕ01 (x).
R K log x 2
Logo, no caso f (x) = x2 e−t dt vem:
2 K 4
f 0 (x) = e−(k log x) − e−x 2x
x
e portanto f 0 (1) = K − 2e−1 . Ter-se-à f 0 (1) = 0 se K = 2e .
Rx
b) Temos 0 g 00 (t) dt = g 0 (x)−g 0 (0), isto é, g 0 (x) = x3 +x+1 e portanto g(x) = 14 x4 + 21 x2 +x+K
sendo K = g(0) = 1. Portanto g(x) = 41 x4 + 21 x2 + x + 1.
115
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
Rb
Resolução: A regra de Barrow, a f (x) dx = F (b) − F (a) aplica-se1 a uma função f integrável em
[a, b] e com uma primitiva F em [a, b]. Ora, embora F (x) = − x1 seja uma primitiva de f (x) = x12
em R \ {0} e portanto em [−1, 2] \ {0}, não é verdade que F (x) seja primitiva de f (x) em [−1, 2],
R2 1 2
logo a fórmula de Barrow não é aplicável pelo que é ilegı́timo escrever −1 dx
x2 = − x −1 . Pode
de resto observar-se que o integral em causa não existe; visto que a função integranda x12 , não é
limitada no intervalo de integração.
6.21 Calcule π
Z 4
Z 1
t
sen 2x cos 2x dx e et+e dt.
0 0
6.23 Calcule Z π
x arctg x dx.
1
6.24 Calcule
1 π
arctg x
Z Z
dx e sen3 u du.
0 1 + x2 0
6.25 Seja f uma função definida no intervalo [a, b] e que admite segunda derivada contı́nua nesse
Rb
intervalo. Exprima a xf 00 (x) dx como função dos valores de f e f 0 nos pontos a e b.
(Grupo IV2 do Exame de 18/7/1977)
6.26 Calcule
1 4
dx x3
Z Z
, dx.
0 x−3 2 x−1
(Grupo II2 da Prova de 2/12/76)
1 Assume-se a convenção habitual de que do ponto de vista da integração uma função pode não estar definida
num número finito de pontos. Desta forma a solução do problema não tem a ver com o facto da função integranda
não estar definida em 0 mas sim com a função ser ilimitada numa qualquer vizinhança de 0.
116
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
6.27 Calcule 1
e
1
Z Z 2
log x dx, dx.
1 0 x2 −1
(Pergunta 2a e b da Prova de 23/3/77)
6.28 Calcule
3 π
1
Z Z
dx e sen2 x dx.
2 x3 + x −π
6.29 Calcule
2
4x − 4
Z
dx.
1 x4 + 4x2
(Grupo IIa da Prova de 11/9/78)
6.30 Calcule
1
x
Z
dx.
0 (x + 2)2 (x2 + 4)
(Grupo Ic da Prova de 28/2/74)
x4 +1
6.31 Sendo f 0 (x) = x2 +1 , ∀x∈R e f (0) = 1, calcule:
Z 1
f (x) dx.
0
6.33 Calcule
1
et + 4
Z
dt.
0 e2t + 4
(Grupo Ic do Exame de 2a época de 11/2/80)
6.34 Calcule π
8 tg x
Z 3
dx.
0 3 + sen2 x
(Grupo Ib da Prova de 18/9/79)
6.35 Calcule π
sen3 x
Z
dx.
0 2 − sen2 x
(Grupo 1a da Prova de 18/12/72)
117
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
Resolução: Uma maneira de calcular o integral é observar que x 7→ cos x é uma bijecção de [0, π]
em [−1, 1] e usar a mudança de variável y = cos x.
Tem-se então, designando o integral que pretendemos calcular por I:
Z π Z π Z π
sen3 x sen2 x 1 − cos2 x
I≡ 2
dx = 2
sen x dx = 2
sen x dx
0 2 − sen x 0 2 − sen x 0 1 + cos x
Z −1 1
1 − y2 1 − y2
Z
=− dy = dy.
1 1 + y2 −1 1 + y
2
1−y 2 2 1−y 2
R
Ora 1+y 2 = −1 + 1+y 2 e daı́ 1+y 2 dy = −y + 2 arctg y. Quer dizer:
6.36 Aplicando a regra de Barrow prove que, sendo f uma função contı́nua em R,
Z c−a Z b
f (c − x) dx = f (x) dx.
c−b a
6.37 Seja F uma função contı́nua em R e sejam a, b, c números reais com c 6= 0. Mostre que
Z b Z cb
F (x) dx = c F (cx) dx.
a
a c
Resolução:
ϕ(x3 )
!
d
Z
0 2
h (x) = x f (t) dt
dx ϕ(x)
Z ϕ(x3 )
=2x f (t) dt + x2 (f (ϕ(x3 ))ϕ0 (x3 )3x2 − f (ϕ(x))ϕ0 (x)).
ϕ(x)
118
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
Z ϕ(−x3 ) Z −ϕ(x3 )
h(−x) = x2 f (t) dt = x2 f (t) dt
ϕ(−x) −ϕ(x)
Z ϕ(x3 ) Z ϕ(x3 )
= x2 f (−u)(−1) du = x2 f (u) du = h(x),
ϕ(x) ϕ(x)
R log x 2
6.42 a) Seja g a função definida pela fórmula g(x) = 0 x et dt. Mostre que g 00 (1) = 1.
b) Seja h uma função definida em R, contı́nua, ı́mpar e estritamente crescente e seja H a função
definida em R pela fórmula Z x
H(x) = h(t) dt.
0
Justifique que H é diferenciável em R, que é função par, que tem um mı́nimo absoluto no ponto
zero, e determine os intervalos de monotonia de H.
(Grupo III da Prova de 11/9/78)
6.43 a) Justifique que a igualdade (onde surge um integral que não deverá calcular)
Z x
ϕ(x) = (2 + sen t2 ) dt
0
119
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
6.44 Seja f uma função diferenciável em todos os pontos de R. Considere, para cada h 6= 0, uma
nova função Fh definida por
1 x+h
Z
Fh (x) = f (u) du.
h x
Como sabe, Fh (x) representa o valor médio de f no intervalo [x, x + h].
b) Para cada valor de x, Fh (x) e Fh0 (x) dependem de h. Considere então, para um dado x = a, duas
outras funções, ϕ e ψ, definidas respectivamente pelas igualdades ϕ(h) = Fh0 (a) e ψ(h) = Fh (a),
∀h∈R\{0} . Determine
lim ϕ(h) e lim ψ(h).
h→0 h→0
6.45 Como sabe, diz-se que a função f : R → R tem perı́odo a sse f (x + a) = f (x), ∀ x∈R .
Supondo que a função contı́nua f tem perı́odo a e que g é uma primitiva de f (em R), mostre
que a função g(x+a)−g(x) é constante; aproveite o resultado para provar que, sendo
R a f uma função
contı́nua que tenha perı́odo a, as primitivas de f terão também esse perı́odo sse 0 f (x) dx = 0.
(Grupo IIIa do 2o Teste de 28/7/80)
R sen x
6.46 a) Para cada x ∈ R, seja ϕ(x) = 0 log(1+t2 ) dt. Sem efectuar qualquer integração prove
que ϕ(x + 2π) = ϕ(x) (qualquer que seja x ∈ R) e determine os valores de x, pertencentes ao
intervalo [0, 2π[ e tais que a tangente ao gráfico de ϕ no ponto (x, ϕ(x)) seja horizontal; indique
ainda, justificando, quais desses valores são pontos de máximo ou de mı́nimo para a função ϕ.
Rb
onde a e b são números reais. Prove que u = v e que a
u(x) dx = 0.
Prove que F é contı́nua em R e diferenciável em R \ {0}; mostre que, nas condições indicadas,
F pode não ser diferenciável na origem.
(Grupo III da Prova de 28/6/79)
120
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
6.47 Sejam f e ϕ duas funções que admitam segundas derivadas contı́nuas em R e seja
Z ϕ(x)
F (x) = f (t) dt.
0
b) Supondo que f (x) > 0, ∀x∈R e ϕ00 (x) 6= 0, ∀x∈R , mostre que os pontos de máximo de F
coincidem com os de ϕ e os pontos de mı́nimo de F coincidem com os pontos de mı́nimo de ϕ.
c) Mostre por meio de um exemplo que, omitindo a hipótese f (x) > 0, ∀x∈R , F pode admitir
máximos e mı́nimos em pontos onde ϕ não admita extremos.
6.48 Seja f uma função contı́nua em R e φ o seu integral indefinido com origem no ponto 0.
b) Prove que, se φ(c) = 0, sendo c 6= 0, f tem pelo menos uma raiz real, com o mesmo sinal de c.
e dê um exemplo de uma função f para a qual se verifique a igualdade, qualquer que seja o
ponto a > 0.
Resolução:
Rx
a) Sendo f contı́nua em R, φ(x) = 0 f (t) dt é diferenciável em R, sendo φ0 (x) = f (x). Ora se
uma função φ é diferenciável em R e tem um máximo em a então necessáriamente φ 0 (a) = 0,
pelo que f (a) = 0.
b) O teorema do valor médioR c e a continuidade de f garantem que existe um α no intervalo de
extremos 0 e c tal que 0 f (t) dt = f (α)(c − 0). Ora, se φ(c) = 0, então f (α)c = 0 e, como
c 6= 0, tem-se f (α) = 0. Como α está no intervalo entre 0 e c, tem o sinal de c.
R x Rx Ra
c) Para todo o x ∈ I tem-se |φ(x)| = 0 f (t) dt ≤ 0 |f (t)| dt ≤ 0 |f (t)| dt ≤ a maxt∈I |f (t)|.
Logo maxt∈I |φ(x)| ≤ a maxt∈I |f (t)|. Qualquer função constante verifica a igualdade.
6.49 Supondo que f é uma função diferenciável em R e tal que, para qualquer x ∈ R, os valores
f (x) e f 0 (x) são ambos negativos, considere a função g definida em R pela fórmula:
Z x2 −4x+3
g(x) = f (t) dt.
0
121
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
1−cos x
6.51 Sendo
R x ϕ(x) = x2 se x 6= 0 e ϕ(0) = 0, considere a função g, definida pela fórmula:
g(x) = 0 ϕ(u) du (x ∈ R). Nestas condições:
1. Justifique que a função g é ı́mpar.
2. Determine g 0 (x) para x 6= 0 e ainda g 0 (0); justifique as respostas.
3. Indique as abcissas dos pontos em que o gráfico de g tem tangente horizontal. Justifique que
g é estritamente crescente.
4. Justifique que g é limitada.
6.53 Seja f uma função contı́nua em R e tal que f (x) > 0 qualquer que seja x ∈ R e seja
Z x
g(x) = f (t) dt, ∀x∈R .
0
122
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
6.54 Seja f uma função contı́nua em R e seja g a função definida pela fórmula
Z x+1
g(x) = f (t) dt, ∀x∈R .
0
b) Prove que, se limx→+∞ f (x) = 0, então também limx→+∞ [g(x) − g(x − 1)] = 0.
6.55 Seja f uma função contı́nua em R e g a função definida em R \ {0} pela igualdade
1 x
Z
g(x) = f (t) dt.
x 0
b) Prove que g é uma função constante (em R \ {0}) se e só se f também o é (em R).
d) Sendo α um dado número real, dê um exemplo de uma função f (contı́nua em R) sem limite
quando x → +∞ e tal que limx→+∞ g(x) = α.
Resolução:
a) Como f é contı́nua em R, o seu integral indefinido é diferenciável usando o Teorema Funda-
mental do Cálculo, permitindo usar a regra de Cauchy para obter:
Rx
f (t) dt f (x)
lim g(x) = lim 0 = lim = f (0).
x→0 x→0 x x→0 1
Rx
b) Se g for constante e igual a k vem: 0 f (t) dt = kx e por derivação f (x) = k para todo o x ∈ R.
Reciprocamente, se f for constante o cálculo do integral permite obter que g toma o mesmo
valor constante.
c) Se α pertence ao contradomı́nio de g então existe β ∈ R\{0} tal que α = g(β) e portanto, usando
Rβ
o teorema do valor médio e a continuidade de f vem α = β1 0 f (t) dt = β1 (β − 0)f (ξ) = f (ξ);
logo α pertence ao contradomı́nio de f .
d) Seja f (t) = α + cos t. Então não existe limt→+∞ f (t) e, no entanto,
1 x sen x
Z
lim (α + cos t) dt = α + lim = α.
x→+∞ x 0 x→+∞ x
123
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
R 3x cos t
6.56 Considere a função f (x) = x t dt.
6.57 Seja f uma função real definida e diferenciável no intervalo [0, +∞[ e tal que:
e aproveite o resultado para mostrar que, quaisquer que sejam a, b ∈ [0, +∞[
Z a Z b
ab ≤ f+ f −1 .
0 0
y y
f (a)
PSfrag replacements b PSfrag replacements
f (a) b
a f −1 (b) x f −1 (b) a x
Resolução:
1. Nas condições do enunciado, f é uma função estritamente crescente e contı́nua em [0, +∞[.
Além disso, como limt→+∞ f (t) = +∞ e f (0) = 0, o teorema do valor intermédio garante
que o seu contradomı́nio é [0, +∞[. Assim, existe f −1 : [0, +∞[→ [0, +∞[. Pelo teorema de
continuidade da inversa, f −1 também é contı́nua e portanto integrável em qualquer intervalo
[0, b] com b > 0.
124
6.2. TEOREMA FUNDAMENTAL. REGRA DE BARROW
y
y = f −1 (x)
y = f (x)
PSfrag replacements
Figura 6.2: Simetria do gráfico de uma função f e da sua inversa f −1 relativamente à bissectriz do
1o quadrante.
R f (t)
2. Considere-se 0
f −1 (u) du e façamos neste integral a mudança de variável u = f (v). Ob-
temos:
Z f (t) Z t Z t
−1 −1 0
f (u) du = f
(f (v))f (v) dv = vf 0 (v) dv
0 0 0
Z t Z t
t
= vf (v)|0 − f (v) dv = tf (t) − f (v) dv.
0 0
Rt R f (t) Ra
Então tf (t) = 0 f (v)dv + 0 f −1 (u) du. Se interpretarmos graficamente os números 0 f
R b −1
e 0f veremos que eles correspondem às medidas das áreas a diferentes tons de cinzento
na figura 6.1.
Z a Z f (a) Z a Z b
ab = af (a) = f+ f −1 = f+ f −1 .
0 0 0 0
Se b > f (a):
125
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
onde também utilizámos o teorema do valor médio, o facto de f ser crescente e a desigualdade:
Z a
f ≥ (a − f −1 (b)) −1
min f = (a − f −1 (b))f (f −1 (b)) = (a − f −1 (b))b.
f −1 (b) [f (b),a]
Rα
6.58 a) Para cada α > 0 e cada x ≥ 0 existe 0
tx e−t dt. Porquê?
Rα
b) Mostra-se que existe limα→+∞ 0 tx−1 e−t dt (para x ≥ 1) e representa-se por Γ(x). Mostre
que tem lugar a relação Γ(x + 1) = xΓ(x) para x ≥ 1. Calcule Γ(1). O que pode dizer de Γ(n)
com n ∈ N1 ?
(Grupo IVb da Prova de 7/74)
a) Utilizando o método de integração por partes, mostre que Ia (Ia f ) (que designaremos por Ia2 f )
é dado pela seguinte expressão:
Z x
(Ia2 f )(x) = (x − t) f (t) dt.
a
D(Ia f ) = f e D2 (Ia2 f ) = f.
c) Supondo agora f com segunda derivada contı́nua em R, mostre que Ia2 (D2 f ) é o resto da
fórmula de Taylor resultante da aproximação de f pelo seu polinómio de Taylor de grau ≤ 1
no ponto a. [Sugestão: pode ser-lhe útil o resultado obtido na alı́nea a) e uma nova utilização
da integração por partes].
126
6.3. CÁLCULO DE ÁREAS, COMPRIMENTOS DE LINHA E VOLUMES DE SÓLIDOS DE
REVOLUÇÃO
Resolução:
Rx
a) Como (Ia f )(x) = a
f (t) dt vem
Z x Z t Z x Z t
(Ia (Ia f ))(x) = f (u) du dt = (1 f (u) du) dt
a a a a
Z t Z x Z x Z x
=t f (u) du|xa − tf (t) dt = x f (u) du − tf (t) dt
a a a a
Z x Z x Z x
= xf (t) dt − tf (t) dt = (x − t)f (t) dt.
a a a
b)
Z x
(D(Ia f ))(x) = D = f (x) f (t) dt
x Za
2 2 2
(D (Ia f ))(x) = D (x − t)f (t) dt =
aZ x Z x
2
=D x f (t) dt − tf (t) dt =
Z x a a
=D f (t) dt + xf (x) − x f (x) = f (x)
a
0
Então f (x) = f (a)+(x−a)f (a)+(Ia2 f 00 )(x),
o que permite concluir imediatamente que Ia2 D2 f
é o resto da fórmula de Taylor referida no enunciado.
Resolução: Como temos ex > log x para todo o x > 0 a área é dada por
Z e
(ex − log x) dx = [ex − x(log x − 1)] |e1 = ee − e − 1.
1
127
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
√
6.61 Calcule a área da região plana definida pelas condições x2 + y 2 ≤ 4 e y ≥ 3x2 .
(Grupo IIb da Prova de 11/9/78)
6.62 Calcule a área da região do plano XOY limitada pelo gráfico da função y = arctg x e pelas
rectas de equação x = 1 e y = 0.
(Pergunta 4a da Prova de 7/74)
6.63 Determine a área da região plana constituı́da pelos pontos (x, y) ∈ R 2 que satisfazem as
condições seguintes:
π π 2
0≤y≤ , y≥ x , y ≤ arctg x.
4 16
(Grupo Ic da Prova de 4/2/80)
6.64 Calcule a área da região contida no semiplano x ≥ 0 e limitada pelas linhas de equações
y = arctg x e y = π4 x.
(Pergunta 2b do Ponto no 5 de 25/10/71)
π
6.65 Calcule a área do conjunto A = {(x, y) : 0 ≤ x ≤ 1 ∧ x arctg x ≤ y ≤ 4 x}.
(Grupo IIc do Exame Final de 18/9/80)
1
6.66 Calcule a área da região plana limitada pelas linhas de equações x = 0, x = 2y e y = 1+x2 .
(Grupo Ia da Prova de 18/9/79)
6.67 Determine a área do conjunto dos pontos (x, y) cujas coordenadas verificam as condições:
0 ≤ x ≤ 1 e arcsen x ≤ y ≤ 2 arctg x.
(Grupo IIa do 2o Teste de 28/7/80)
6.68 Calcule a área do conjunto limitado pelos arcos das curvas de equações y = x 2 e y = x2 cos x
compreendidos entre a origem e o ponto de menor abcissa positiva em que as duas curvas se
intersectam.
(Pergunta 2b do Ponto no 2 de 1/10/71)
Resolução: Os pontos de intersecção dos dois gráficos têm por abcissas as soluções da equação
x2 = x2 cos x que são x = 0 e x = 2kπ (k ∈ Z). O ponto de intersecção de menor abcissa positiva
é pois x = 2π. A área pedida é então:
2π 2π 2π
1 3 2π 8π 3
Z Z Z
A= (x2 − x2 cos x) dx = x ] − x2 cos x dx = − x2 cos x dx.
0 3 0 0 3 0
Ora
Z Z
x2 cos x dx = x2 sen x − 2 x2 sen x dx
Z
2
= x sen x − 2 x(− cos x) − (− cos x) dx =
8π 3
pelo que A = 3 − 4π.
128
6.3. CÁLCULO DE ÁREAS, COMPRIMENTOS DE LINHA E VOLUMES DE SÓLIDOS DE
REVOLUÇÃO
6.69 Calcule a área do conjunto dos pontos P (x, y), cujas coordenadas verificam as condições
1 ≤ x ≤ 2 e 0 ≤ y ≤ cos(log x). (Na primitivação pode utilizar de inı́cio a substituição x = e t ).
(Pergunta 2b da Prova de 11/10/72)
6.70 Calcule a área da região do plano limitada pelos arcos das curvas de equações:
y = log x e y = log2 x
compreendidos entre os pontos de intersecção das duas curvas.
(Grupo IIb do Exame de 2/10/80)
6.71 Calcule o valor de a ∈ [1, +∞[ por forma a que a área da parte colorida na figura 6.3 seja
igual a π.
x2 + y 2 /a2 = 1
x2 + y 2 = 1
PSfrag replacements
1
cos2 t dt = (1 + cos 2t) dt = 12 (t + 1
R R
Ora 2 2 sen 2t) pelo que:
π2
1 1
A = (a − 1) (t + sen 2t)
2 2 −π
2
1 π 1 π 1
= (a − 1) + sen π − − + sen(−π)
2 2 2 2 2
π
= (a − 1).
2
129
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
π
Querendo que 2 (a − 1) = π terá de ser a = 3.
6.72 Calcule a área do conjunto de todos os pontos (x, y) cujas coordenadas verificam as condições:
p
|x| ≤ 1 ∧ 0 ≤ y ≤ x2 − x4 .
6.73 Considere duas circunferências de raio igual a 1, com centro nos pontos (0, 0) e (1, 0), que
limitam dois cı́rculos no plano.
Determine a área do conjunto reunião desses cı́rculos.
(Pergunta 2b da Prova de 5/7/71)
6.74 Calcule a área do conjunto limitado pelos arcos das curvas de equações y = x sen x e y =
x cos x, compreendidos entre a origem e o ponto de menor abcissa positiva em que as duas curvas
se intersectam.
(Pergunta 2a do Ponto no 1 de 1/10/71)
6.76 Determine a área do conjunto de menor área limitado pela elipse de equação:
x2 y2
+ =1
4 2
e pela parábola x2 = 2y.
(Pergunta 2b da Prova de 6/7/71)
PSfrag replacements
y = x2 /2
1
√ √
−2 − 2 0 2 2 x
130
6.3. CÁLCULO DE ÁREAS, COMPRIMENTOS DE LINHA E VOLUMES DE SÓLIDOS DE
REVOLUÇÃO
Ora
√ √
2 π
2
Z r x 2 Z Z
2 p 4
√ 1− dx = 2 √ 1 − y 2 dy = 2 cos2 t dt =
− 2 2 − 2
2
−π
4
π4
1 π 1 π 1 π
= t + sen 2t = + − − − = + 1.
2 − π 4 2 4 2 2
4
Logo √ r
√ Z 2
x2 2√ √ π 2√ √
π 1
A= 2 √ 1− dx − 2= 2 +1 − 2= + 2.
− 2 4 3 2 3 2 3
6.77 Determine a área √ do conjunto dos pontos (x, y) cujas coordenadas verificam as condições:
y 2 − x2 ≥ a2 e |y| ≤ a 2 com a > 0.
(Pergunta 3b da Prova de 19/7/71)
6.78 Determine a área do conjunto de todos os pontos (x, y) cujas coordenadas verificam as
condições: x2 + y 2 ≤ 10 e |x| + |y| ≥ 4.
(Pergunta 3b da Prova de 20/7/71)
6.79 Seja A o conjunto dos pontos P (x, y) cujas coordenadas verificam as condições:
0 ≤ y ≤ log x e x≤a
Resolução:
Ra a
a) A área de A é dada por 1
log x dx = [x log x]|1 = a log a.
b) O comprimento do arco de curva é:
a a
r
1
Z p Z
C= 1 + ((log x)0 )2 dx = 1 + 2 dx =
1 1 x
Z ar Z a p
1 + x2 1
= dx = 1 + x2 dx.
1 x2 1 x
131
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
1
PSfrag replacements y = log x
0
1 1 a x
√
A√ substituição
√ x = t2 − 1 (que define uma aplicação bijectiva e diferenciável do intervalo
[ 2, 1 + a2 ] no intervalo [1, a]) conduz a
p dx t
1 + x2 = t, =√
dt t2 − 1
e portanto
a Z √1+a2
1p t2
Z
C= 1 + x2 dx = √ dt
1 x 2 t2 − 1
Z √1+a2 √1+a2
1 1 1 1 1 t−1
= √ 1+ − dt = t + log
2 2t−1 2t+1 2 t + 1 √2
√ √
p 1 1 + a2 − 1 √ 1 2−1
= 1 + a2 + log √ − 2 − log √ .
2 1 + a2 + 1 2 2+1
Os dois segmentos têm comprimentos a − 1 e log a pelo que o comprimento total da linha é:
(a − 1) + log a + C.
6.80 a) Calcule a área da região plana “limitada” pela curva de equação y = log x e pela recta
que intersecta aquela curva nos pontos de abcissa 1 e e.
6.81 Seja A o conjunto dos pontos P (x, y) cujas coordenadas verificam a condição:
x2 ≤ y ≤ x + 2.
a) Calcule a área de A.
132
6.3. CÁLCULO DE ÁREAS, COMPRIMENTOS DE LINHA E VOLUMES DE SÓLIDOS DE
REVOLUÇÃO
6.82 Considere a região plana limitada pelas linhas de equação y = x + 1 e y = (x − 1) 2 . Calcule:
a) a sua área;
A = (x, y) : −1 ≤ x ≤ 1 ∧ x2 − 1 ≤ y ≤ arccos x
B = A ∩ {(x, y) : y ≤ 0}.
e determine a sua área. Calcule o comprimento da linha que “limita superiormente” a região A
(de uma forma mais precisa, a linha definida pela equação y = ch2 x com x ∈ [0, 2π]).
Nota — Na resolução desta questão poderão ser-lhe úteis as seguintes igualdades:
6.85 Determine o comprimento do gráfico das seguintes funções, entre os pontos considerados:
x4 1
a) y = 4 + 8x3 entre os pontos x = 1 e x = 2.
133
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
y = log(cos x)
π
compreendido entre os pontos de abcissas 0 e 3.
(Pergunta 2a da Prova de 11/10/72)
ex − 1
y = log
ex + 1
compreendido entre os pontos de abcissas a e b com 0 < a < b.
(Grupo IIb do 2o Teste de 28/7/80)
a) A área limitada pelo gráfico de g, pelo eixo dos xx e pelas rectas de equações x = 0 e x = 1.
b) O comprimento do gráfico de g.
c) O volume do sólido de revolução gerado pela rotação do gráfico de g em torno do eixo dos xx.
Resolução:
a) Como x2 ≥ 0
1
1 3 x=1 1
Z
x2 dx = x x=0 = .
0 3 3
134
6.3. CÁLCULO DE ÁREAS, COMPRIMENTOS DE LINHA E VOLUMES DE SÓLIDOS DE
REVOLUÇÃO
y
1
PSfrag replacements y = x2
0
1 x
1
6.92 Seja ϕ a função definida em R por: ϕ(x) = 1+|x| .
135
CAPÍTULO 6. INTEGRAL DE RIEMANN
136
Capı́tulo 7
Introdução à Análise em Rn
2. Dê um exemplo de uma sucessão de termos em D que convirja para um ponto não pertencente
a D. Seria possı́vel dar um exemplo de uma sucessão cujos termos não pertencessem a D e
que convergisse para um ponto deste conjunto? Porquê?
y = 1/x
1
PSfrag replacements
1 0 1 2 x
137
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
Resolução:
1. O conjunto D é fácil de conceber graficamente: é a região colorida na figura 7.1, não incluindo
os ramos de hipérbole. Um ponto interior: (2, 1); um ponto fronteiro: (1, 1); um ponto
exterior: (0, 0). D é aberto, pois dado a ∈ D sempre existe ε > 0 tal que Bε (a) ⊂ D. D não
é fechado pois (1, 1) ∈ D \ D. D não é limitado pois não existe nenhuma bola que contenha
D, pois, por exemplo, (λ, λ) ∈ D para qualquer λ ≥ 1. D não é conexo pois pode exprimir-se
como a união de dois conjuntos separados, concretamente D = D+ ∪ D− com
7.2 Sejam un e vn os termos gerais de duas sucessões de termos em Rp e suponha que un converge
para o vector nulo e que vn é limitada. Nestas condições, prove que a sucessão real un ·vn (produto
interno de un por vn ) converge para 0.
(Grupo IV do 2o Teste de 11/9/79)
mostre que qualquer sucessão convergente an de termos em A tem como limite um elemento de
A.
(Grupo IIIb do Exame de 2a época de 11/2/80)
Resolução:
1. Com efeito, tem-se x ∈ A = A (A é fechado) e, por outro lado, x ∈ B, logo x ∈ A ∩ B donde
A e B não são separados.
1
2. Basta considerar A = {(x, y) ∈ R2 : x > 0}, B = {(x, y) ∈ R2 : x < 0} e xm = (− m , 0),
1
ym = ( m , 0) pois xm → (0, 0) e ym → (0, 0). A e B são porém separados.
7.5 Sejam xn e vn os termos gerais de duas sucessões em Rp e admita que xn converge para z e
que, qualquer que seja n ∈ N, kxn − yn k < n1 . Nestas condições:
138
7.1. TOPOLOGIA E SUCESSÕES
x2
A
1
PSfrag replacements
1 0 1 x1
Resolução:
1. Suponhamos que A é limitado; então A é um conjunto limitado e fechado pelo que é possı́vel
extrair de (xn ) uma subsucessão convergente para certo x ∈ A. Seja (xnr ) uma tal sub-
sucessão e provemos que (yn ) também admite uma subsucessão convergente para x. Com
efeito, estimando a distância de ynr a x:
A = {(x1 , x2 ) ∈ R2 : x1 ≥ 0, x1 x2 ≥ 1},
B = {(x1 , x2 ) ∈ R2 : x1 ≥ 0, x1 x2 ≤ −1}.
1 1
Com efeito, como limx1 →+∞ x1 = 0, dado ε > 0 basta tomar x1 > ε para que se tenha:
2
k(x1 , 1/x1 ) − (x1 , −1/x1 )k = k(0, 2/x1 )k = < 2ε
|x1 |
e (x1 , 1/x1 ) ∈ A, (x1 , −1/x1 ) ∈ B.
139
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
Resolução:
a) A função está definida se e só se o argumento da raiz quadrada for não negativo, isto é,
O conjunto D corresponde à região colorida na figura 7.3. Designando por ∂D a sua fronteira
e int D o seu interior temos:
b) D não é aberto pois contém pontos, por exemplo (0, 0), que não são centro de nenhuma bola
contida em D; D é fechado pois contém todos os seus pontos fronteiros; D não é limitado pois
não existe r > 0 tal que Br (0) tal que D ⊂ Br (0); int
D não é conexo pois, por exemplo, int D =
A ∪ B com A = (x, y) ∈ R2 : x > 0 e |y| < | sen x| e B = (x, y) ∈ R2 : x < 0 e |y| < | sen x|
140
7.2. CONTINUIDADE E LIMITES
1
D x
PSfrag replacements 2π
−1
g ϕ
−−−−−−−−−−−−→ + −−−
−−→
D R √
R, f = ϕ ◦ g.
(x,y) 7→ −y 2 +sen2 x u 7→ u
Resolução:
a) Se K é compacto e a função real f é contı́nua em K segue do teorema de Weierstrass que o
conjunto f (K) é compacto. Em particular, f (K) 6= ∅ é limitado logo tem ı́nfimo finito e, como
é fechado, esse ı́nfimo é o mı́nimo. Se o designarmos por β e escolhermos α com β > α > 0
obtemos o resultado.
b) Seja K1 = {x = (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn : kxk ≤ 1, x1 > 0} e f (x) = kxk, ∀x ∈ K1 . A função f
é contı́nua e positiva. O conjunto K1 é limitado mas não é fechado e f (, 0, . . . , 0) = || → 0
quando → 0.
1
Seja agora K2 = {x = (x1 , . . . , xn ) ∈ Rn : x1 ≥ 1} e g(x) = kxk , ∀x ∈ K2 . A função g também
é contı́nua e positiva. O conjunto K2 não é limitado mas é fechado e g(1/, 0, . . . , 0) = || → 0
quando → 0.
141
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
a) Justifique que, se b ∈ A, d(b, A) = 0 e mostre por meio de um exemplo (que poderá ser dado
em R ou R2 , se o preferir) que pode ter-se d(b, A) = 0 sem que seja b ∈ A.
c) Justifique que, se A é não vazio, limitado e fechado existe um ponto a ∈ A tal que d(b, A) =
ka − bk. [Sugestão: tenha em conta a continuidade da aplicação x → kx − bk].
d) Prove que o resultado da alı́nea anterior é ainda verdadeiro, supondo apenas que A é fechado
e não vazio.
lim f (x, y) = 3
(x,y)→(x,y)
x2 +y 2 ≤1
lim f (x, y)
(x,y)→(x,y)
x2 +y 2 >1
lim x2 + y 2 = x2 + y 2 = 1,
(x,y)→(x,y)
1
− |x2 +y
lim e 2 −1|
=0
(x,y)→(x,y)
e, portanto,
1
lim f (x, y) = a + lim e− u = a,
(x,y)→(x,y) u→0
x2 +y 2 >1 u>0
f (x, y) = x log(xy)
142
7.2. CONTINUIDADE E LIMITES
lim f (x, y)
(x,y)→(0,0)
(x,y)∈S
Resolução: Basta encontrar duas curvas Γ1 , Γ2 passando por (0, 0) de forma a que
xy xy
lim 6= lim .
(x,y)→(0,0) x3 +y 2 (x,y)→(0,0) x + y2
3
(x,y)∈Γ1 (x,y)∈Γ2
xy x2
lim = lim = 1,
(x,y)→(0,0) x3 + y 2 x→0 x3 + x2
(x,y)∈Γ1
xy −x2
lim = lim 3 = −1.
(x,y)→(0,0) x3 +y 2 x→0 x + x2
(x,y)∈Γ2
√
7.15 Considere a função f : D → R definida por f (x, y) = 1/ xy − 1 onde D = {(x, y) : xy > 1}.
1. Indique, justificando, os pontos em que f é contı́nua.
2. Existirá algum ponto fronteiro ao conjunto D ao qual f possa prolongar-se por continuidade?
Porquê?
3. Indique, justificando, o contradomı́nio de f .
7.16 Considere uma aplicação f : D ⊂ Rn → Rm . Mostre que se existirem números reais positivos
c, p, ε tais que:
x ∈ Bε (a) ∩ D =⇒ kf (x) − f (a)k ≤ ckx − akp
então a aplicação f é contı́nua em a.
prove que a condição do problema anterior não é necessária para continuidade num ponto.
143
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
f (0, 0) = 0
y − 2x2
f (x, y) = 1 , se (x, y) 6= (0, 0)
(x2 + y 2 ) 2
a) Prove que esta função não é contı́nua em (0, 0).
b) Considere a restrição desta função ao conjunto D = {(x, y) : |y| ≤ x2 }. Prove que esta
restrição de f é contı́nua em (0, 0).
c) Verifique que a conclusão da alı́nea anterior não seria válida se, em vez da restrição a D,
considerássemos a restrição a Dk = {(x, y) : |y| ≤ |x| +
k } (k ∈ R ).
7.3 Diferenciabilidade
p
7.20 Seja f a função definida pela expressão f (x, y) = x/(x + y).
a) Determine o domı́nio D de f e interprete-o geometricamente.
b) Indique o interior, exterior e fronteira de D. Será D aberto? E fechado?
c) Justifique que D não é limitado nem conexo.
d) Dê um exemplo de uma sucessão de elementos de D que convirja para um ponto não pertencente
a D.
∂2f
e) Calcule ∂x2 (a, 0) sendo a ∈ R, a 6= 0.
7.21 Considere uma função real f , definida em R2 e tal que, para (x, y) 6= (0, 0),
x2 − y 2
f (x, y) = 1 + xy .
x2 + y 2
1. Se f for contı́nua na origem, qual será o valor de f (0, 0)? Justifique.
∂f ∂f
2. Calcule ∂x (a, 0) e ∂y (a, 0), onde a é um número real (para o caso a = 0, suponha f (0, 0) = 1).
7.22 Determine o domı́nio e calcule as derivadas parciais de cada uma das seguintes funções:
x2 y
x sh y
Z
2
a) f (x, y) = p , b) g(x, y) = e−t dt.
x2 + y 2 1
144
7.3. DIFERENCIABILIDADE
R xy2
7.23 Seja g uma função diferenciável em R e G(x, y) = 0 g(t) dt. Calcule
∂2G ∂2G
e .
∂x2 ∂y 2
c) Dê um exemplo de uma sucessão de elementos de D que não tenha subsucessões convergentes.
b) Justifique que a derivada F 0 (0) é a aplicação ϕ : Rn → R tal que ϕ(x) = a · x, para todo o
x ∈ Rn .
ea·x −1−a·x
c) Quanto vale o limite limx→0 kxk ? Porquê?
∂2F ∂2F
d) Verifique que ∂x21
+···+ ∂x2n = F.
Resolução:
a) F é uma função composta de duas funções diferenciáveis, logo é diferenciável: F = f ◦ ϕ com
x 7→ ϕ(x) = a · x e u 7→ f (u) = eu . Como a · x = a1 x1 + · · · + an xn
∂F df ∂ϕ
(x) = (a · x) (x) = ea·x ai para i = 1, . . . , n.
∂xi du ∂xi
∂F
No ponto 0 vem: ∂xi (0) = ai .
b) Sendo h = (h1 , . . . , hn ) ∈ Rn a a derivada de F em 0 é a aplicação linear de Rn em R definida
por
h1
∂F ∂F
.
DF (0)h = ∂x1 (0) · · · ∂xn (0) .. = a · h.
hn
145
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
∂2F
∂ ∂F ∂
(x) = (x) = (ea·x ai ) = ea·x a2i
∂x2i ∂xi ∂xi ∂xi
obtemos
∂2F ∂2F
(x) = ea·x a21 + · · · + a2n = ea·x kak2 = ea·x = F (x).
2 (x) + · · · + 2
∂x1 ∂xn
c) Dado um ponto (a, b) ∈ R2 indique quais são os vectores h 6= (0, 0) para os quais existe fh0 (a, b).
b) Determine, caso existam, as derivadas segundo o vector (1, 1) nos pontos (1, 1) e (1, −1).
∂g ∂g
a) Calcule ∂x (0, 0) e ∂y (0, 0).
0
b) Calcule g(1,1) (0, 0). Que pode concluir quanto à diferenciabilidade de g no ponto (0, 0)?
146
7.3. DIFERENCIABILIDADE
Resolução:
a) Não podemos usar as regras de derivação usuais para calcular as derivadas parciais na origem
mas, notando que a função é identicamente nula sobre os eixos coordenados, concluı́mos, usando
a definição de derivada parcial, que as derivadas parciais de g são nulas em (0, 0).
b) Por definição,
g(a + tv) − g(a)
gv0 (a) = lim ,
t→0 t
logo
0 g((0, 0) + t(1, 1)) − g(0, 0) g(t, t) 2t
g(1,1) (0, 0) = lim = lim = lim = 2.
t→0 t t→0 t t→0 t
∂g ∂g
gv0 (0, 0) = ∇g(0, 0) · v = (0, 0)v1 + (0, 0)v2
∂x ∂y
∂ϕ ∂ϕ
(a, b) = (b, a).
∂x ∂y
∂ϕ
2. Calcule ∂v (c, c) com c ∈ R e v = (1, −1).
x
7.31 Considere a função f (x, y) = arctg y .
p
7.32 Seja f a função definida em R2 por: f (x, y) = |xy|.
147
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
√
7.33
√ Considere as funções f , g, u, v : R2 → R definidas por: f (x, y) = x + log(cos y), g(x, y) =
sen x + log(y − 1), u(x, y) = log(y/x) + arcsen(x + y ), v(x, y) = log(x2 − y 2 ).
2 2 2
a) Determine o domı́nio de cada uma destas funções. Indique o interior, fronteira, exterior de
cada um daqueles conjuntos e classifique-os quanto a serem abertos ou fechados.
b) Estude cada uma das funções quanto a diferenciabilidade.
c) Calcule, caso existam:
π π π π
D(h1 ,h2 ) f , , D(2,−1) g , ,
4 4 3 3
1 1
D(1,1/2) u , , D(1,3) v(1, 0).
2 2
7.34 Sendo n um número natural maior do que 2, considere a função ϕ, definida em R \ {0} pela
fórmula: q
ϕ(x) = kxk2−n kxk = x21 + · · · + x2n .
Resolução:
∂ϕ
a) As derivadas parciais ∂x j
(x) = (2−n)kxk1−n kxk−1 xj = (2−n)kxk−n xj existem e são contı́nuas
n
em R \ {0}, logo ϕ é aı́ diferenciável.
b) (
∂ϕ 1, se j = 1,
(1, 0, . . . , 0) = (2 − n)δj1 , onde δj1 =
∂xj 0, se j 6= 1.
n n
X ∂ϕ X
ϕ0v (x) = (x)vj = (2 − n)kxk−n xj v j .
j=1
∂xj j=1
148
7.3. DIFERENCIABILIDADE
c)
∂ 2ϕ
∂ ∂ϕ ∂
(2 − n)kxk−nxj
(x) = =
∂x2j ∂xj ∂xj ∂xj
∂
= (2 − n) kxk−n xj + kxk−n
∂xj
= (2 − n) −nkxk−n−1kxk−1 xj xj + kxk−n
= (2 − n)kxk−n −nkxk−2x2j + 1 .
Logo:
n n
X ∂2ϕ X
(x) = (2 − n)kxk−n −nkxk−2 x2j + n
j=1
∂xj j=1
−n
= (2 − n)kxk (−n + n) = 0.
R x2 y dt
7.35 Seja F a função definida por F (x, y) = y log t .
b) Justifique que F é diferenciável em todo o seu domı́nio e calcule as funções derivadas parciais.
7.37 Seja G uma função de R2 em R, diferenciável em R2 e sejam a e b números reais, com a < b.
a) Mostre que, se G(a, a) = G(b, b), então existe c ∈ ]a, b[ tal que G0(h,h) (c, c) = 0, qualquer que
seja h ∈ R, h 6= 0. [Sugestão: Na resolução desta alı́nea poderá ser-lhe útil aplicar o Teorema
de Rolle].
b) Mostre por meio de um exemplo que a proposição enunciada na alı́nea (a) seria falsa se se
omitisse a hipótese de diferenciabilidade de G.
149
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
b) Calcule a derivada dirigida D(1,1) F (1, 2). Justifique o seu processo de cálculo.
em que (
1, se x 6∈ Q,
D(x) =
0, se x ∈ Q.
∂f3
d) Usando o resultado anterior e a existência de ∂x (0, 0) mostre que f3 é diferenciável em (0, 0).
e) Considere g : R3 → R definida por: g(x, y, z) = f3 (x, y)D(z). Pode usar o resultado utilizado
em (d) para provar que g é diferenciável em (0, 0, 0)?
c) Indique o maior subconjunto de R2 onde existem e são iguais as derivadas parciais de segunda
00 00
ordem fxy e fyx . Justifique.
calcule, quando existirem, as derivadas parciais D1,2 f (0, 0) e D2,1 f (0, 0). Depois de efectuados os
cálculos conclua justificadamente sobre a continuidade de D1,2 f em (0, 0).
(Prova de Análise Matemática III)
150
7.4. TEOREMA DA DERIVAÇÃO DA FUNÇÃO COMPOSTA
Resolução: Começamos por calcular D1 f (x, y) e D2 f (x, y). Se (x, y) 6= (0, 0) tem-se:
2x x2 + y 2 − x2 − y 2 2x
4xy 3
D1 f (x, y) = y 2 = 2
(x2 + y 2 ) (x2 + y 2 )
−2y x2 + y 2 − x2 − y 2 2y
x2 − y 2 x2 − y 2 4x2 y 2
D2 f (x, y) = 2 + y 2 = − 2
x + y2 (x2 + y 2 ) x2 + y 2 (x2 + y 2 )
f (h, 0)
D1 f (0, 0) = lim =0
h→0 h
f (0, h) 1 −h2
D2 f (0, 0) = lim = lim h 2 = −1
h→0 h h→0 h h
Daqui sai:
É evidente que D1,2 f não é contı́nua em (0, 0). Pode observar-se que também não é contı́nua
na origem a derivada D2,1 f ; com efeito, existindo D1 f (x, y), D2 f (x, y) e D2,1 f (x, y) em todos os
pontos de uma vizinhança da origem, se D2,1 f fosse contı́nua em (0, 0) deveria ter-se D1,2 f (0, 0) =
D2,1 f (0, 0).
b) Considerando no espaço produto Rn × Rm uma norma definida por k(x, y)k = kxk + kyk mostre
que T é diferenciável.
onde α é uma constante real, determine a matriz jacobiana de g num ponto arbitrário de R 2 e
calcule a derivada direccional da função na direcção e sentido do vector h = (cos θ, sen θ).
151
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
f (u, 0) = 0 ∀u∈R
f (0, v) = v ∀v∈R
calcule fh0 (0, 0), onde h é o vector referido em a). Justifique a resposta.
c) Sendo ϕ = f ◦ g, calcule:
2 2
∂ϕ ∂ϕ
(0, 0) + (0, 0)
∂x ∂y
Resolução:
1
a) A derivada de g é
" #
∂g1 ∂g1
∂x (x, y) ∂y (x, y)
cos α − sen α
Dg(x, y) = ∂g2 ∂g2 = .
∂x (x, y) ∂y (x, y)
sen α cos α
∂f ∂f
b) Começamos por calcular ∂x (0, 0) e ∂y (0, 0); como f é diferenciável virá então: fh0 (0, 0) =
∇f (0, 0) · h. Ora
∂f f (h, 0) − f (0, 0) 0
(0, 0) = lim = lim = 0,
∂x h→0 h h→0 h
∂f f (0, h) − f (0, 0) h
(0, 0) = lim = lim = 1,
∂y h→0 h h→0 h
e
∂f ∂f
fh0 (0, 0) = (0, 0) cos θ + (0, 0) sen θ = sen θ.
∂x ∂y
c)
∂ϕ ∂f ∂g1 ∂f ∂g2
(0, 0) = (g(0, 0)) (0, 0) + (g(0, 0)) (0, 0)
∂x ∂u ∂x ∂v ∂x
∂f ∂g1 ∂f ∂g2
= (0, 0) (0, 0) + (0, 0) (0, 0)
∂u ∂x ∂v ∂x
= 0 cos α + 1 sen α = sen α,
∂ϕ ∂f ∂g1 ∂f ∂g2
(0, 0) = (g(0, 0)) (0, 0) + (g(0, 0)) (0, 0) = cos α.
∂y ∂u ∂y ∂v ∂y
Temos portanto:
2 2
∂ϕ ∂ϕ
(0, 0) + (0, 0) = sen2 α + cos2 α = 1.
∂x ∂y
152
7.4. TEOREMA DA DERIVAÇÃO DA FUNÇÃO COMPOSTA
b) Se for
a1 a2 a3
b1 b2 b3
a matriz jacobiana de uma função f : R3 → R2 no ponto (1, 0, 0), (onde f se supõe dife-
renciável), qual será a matriz jacobiana de f ◦ g no ponto (0, 0, 0)? Porquê?
(Grupo Ib do 2o Teste 11/9/79)
L1 (x, y, z) = 2x + 3y + z
L2 (x, y, z) = x − y + z
ρ(x1 , x2 , x3 ) = (x2 , x3 , x1 ),
µ(x1 , x2 , x3 ) = (x1 , x2 cos x3 , x2 sen x3 ).
e define-se ψ : R3 → R3 por:
ψ = µ ◦ ρ ◦ µ.
7.47 Seja f : R2 → R2 a função que transforma cada vector (x, y) no vector (u, v) tal que:
u = ex cos y
v = ex sen y
1. Verifique que:
∂2u ∂2u ∂2v ∂2v
+ = + = 0.
∂x2 ∂y 2 ∂x2 ∂y 2
1 Nesta e noutras soluções identificamos a aplicação linear derivada com a matriz que a representa.
153
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
2. Sendo g = f ◦ f , mostre que a aplicação linear g 0 (0, 0) é uma homotetia, isto é, da forma
g 0 (0, 0) w = α w para cada w ∈ R2 e com α ∈ R.
Resolução:
1. A conclusão segue dos cálculos seguintes:
∂u ∂u
= ex cos y, = −ex sen y,
∂x ∂y
∂v ∂v
= ex sen y, = ex cos y,
∂x ∂y
∂2u ∂2u
= ex cos y, = −ex cos y,
∂x2 ∂y 2
∂2v ∂2v
= ex sen y, = −ex sen y.
∂x2 ∂y 2
∂G1 ∂G2
(z0 ) = (z0 ),
∂z ∂z
onde G1 e G2 são as funções coordenadas da função G.
(Grupo IIIb do Exame Final de 25/9/79)
154
7.4. TEOREMA DA DERIVAÇÃO DA FUNÇÃO COMPOSTA
x3 y
f (x, y) = , g(t) = et .
x2 + y 2
a) Estude f e g quanto a continuidade. Verifique que f é prolongável por continuidade ao ponto
(0, 0).
b) Designando por F o prolongamento por continuidade de f , calcule ∂F ∂F
∂x (0, 0) e ∂y (0, 0).
2
+y 2
g) Sendo ψ a aplicação de R2 em R2 definida por ψ(x, y) = (ϕ(x, y), ex ) calcule a derivada de
ψ no ponto (0, 0).
p
7.52 Seja g a função definida por g(x, y) = x2 y.
a) Determine o domı́nio D de g. Determine o exterior, o interior, a fronteira e o derivado de D.
Será D aberto? E fechado?
b) Seja (
g(x, y), se (x, y) ∈ D,
G(x, y) =
0, se (x, y) 6∈ D,
Estude G quanto a continuidade.
∂G ∂G
c) Calcule ∂x e ∂y , indicando os respectivos domı́nios.
ψ(t) = (t + 1, 2t + 2).
d(G◦ψ) d(G◦ψ)
Calcule dt e dt .
t=0 t=−1
155
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
d) Sendo ψ(x, y) = (f (x, y), g(x, y)) estude ψ quanto a continuidade e diferenciabilidade; calcule
na origem a derivada segundo um vector h = (h1 , h2 ) não nulo.
7.55 Seja ϕ uma função real diferenciável definida em R3 e ψ(x, y, z) = ϕ(x − y, y − z, z − x).
Mostre que, em qualquer ponto (x, y, z) ∈ R3 , se verifica a igualdade:
∂ψ ∂ψ ∂ψ
(x, y, z) + (x, y, z) + (x, y, z) = 0.
∂x ∂y ∂z
7.56 Dada a função f de R3 com valores em R definida por z = f (x, u, v), diferenciável no seu
domı́nio, considere a função F (x, y) = f (x, x + y, xy).
∂F ∂F
a) Exprima ∂x − ∂y nas derivadas parciais de f .
156
7.4. TEOREMA DA DERIVAÇÃO DA FUNÇÃO COMPOSTA
7.58 Seja F uma função que admite derivada contı́nua em R e z = xy + xF (y/x). Mostre que
∂z ∂z
x +y = xy + z, ∀x6=0 .
∂x ∂y
7.60 Seja f : R2 → R, f ∈ C 1 (R2 ). Considere a função G definida por G(u, v) = f (u2 + v 2 , u/v).
Mostre que, para todo o (u, v) ∈ R2 tal que v 6= 0, existe a derivada dirigida G0(u,v) (u, v), tendo-se:
7.61 Seja F : R2 → R uma função diferenciável em R2 . Seja G uma função definida por
G(x, y, z) = F [(x − y)z, (z − x)y].
157
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
7.62 Seja f : R2 → R diferenciável em R2 e tal que f (−1, 1) = −1. Considere uma função G
definida por
G(x, y) = f [f (x, y), f 2 (x, y)].
Mostre que
2 2
∂G ∂G ∂f ∂f
(−1, 1) + 2 (−1, 1) = (−1, 1) − 4 (−1, 1) .
∂x ∂y ∂x ∂y
(Prova de Análise Matemática III de 5/1/81)
7.63 Seja F : R2 → R, F ∈ C 1 2
(R ) e tal que: F (0, 1) = 0, F (1, 0) = 1. Seja H(x, y) =
∂H
F (F (x, y), F (y, x)). Calcule ∂x (0,1) em função de derivadas parciais de F .
(Prova de Análise Matemática III de 7/81)
7.65 Seja f uma função duas vezes diferenciável em R; seja u(x, t) = af (x + ct) + bf (x − ct) sendo
a, b, c constantes reais e c 6= 0. Mostre que
∂2u 1 ∂2u
2
− 2 2 = 0.
∂x c ∂t
(Grupo I2 da Prova de 15/9/78)
158
7.5. TEOREMAS DO VALOR MÉDIO E DE TAYLOR
7.68 Seja u(x, y) = F (x2 − y 2 , y 2 ). Sabendo que as derivadas cruzadas de segunda ordem da
função F são nulas, mostre que:
x ∂2u ∂2u 1 ∂u
+ 2 = , ∀x,y6=0 .
y ∂x∂y ∂x x ∂x
(Na resolução deste exercı́cio admita que pode utilizar o teorema da derivada da função composta
sempre que dele necessitar).
(Grupo III da Repetição do 2o Teste de 22/9/78)
7.69 Seja F : R2 → R tal que F ∈ C 1 (R2 ) e D1 F (x, y)D2 F (x, y) 6= 0, ∀(x,y)∈R2 . Seja u : R2 → R
outra função tal que:
i) u ∈ C 2 (R2 );
∂u
= xu(t, x),
∂t
∂u
= tu(t, x).
∂x
Prove que existe, para cada (t, x) ∈ R2 , um real θ ∈ ]0, 1[ que verifica:
159
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
u((0, 0) + (t, x)) − u(0, 0) = u0(t,x) ((0, 0) + θ(t, x)) com θ ∈ ]0, 1[,
ou seja,
u(t, x) − u(0, 0) = u0(t,x) (θt, θx).
Ora
∂u ∂u
u0(t,x) (θt, θx) = (θt, θx)t + (θt, θx)x
∂t ∂x
= θxu(θt, θx)t + θtu(θt, θx)x
= 2θtxu(θt, θx).
Assim:
u(t, x) = u(0, 0) + 2θtxu(θt, θx) com θ ∈ ]0, 1[.
a) Mostre que existe k > 0 tal que para todo o 1 > ε > 0:
160
7.5. TEOREMAS DO VALOR MÉDIO E DE TAYLOR
b) Aproveite o resultado anterior para mostrar que existe uma e uma só constante real a tal que:
f (x, y) − axy
lim =0
(x,y)→(0,0) x2 + y 2
Determine a.
(Prova de Análise Matemática III de 14/3/81)
Resolução:
a) A fórmula de Taylor de 2a ordem relativa a f em (0, 0) é em geral:
∂f ∂f
f (x, y) =f (0, 0) + (0, 0)x + (0, 0)y
∂x ∂y
2
∂2f ∂2f
1 ∂ f 2 2
+ (0, 0) x + 2 (0, 0) xy + 2 (0, 0) y
2 ∂x2 ∂x∂y ∂y
+ o k(x, y)k2
((x, y) → (0, 0)).
Ora
∂f ∂f
= sen y + y cos x, = x cos y + sen x,
∂x ∂y
∂2f ∂2f
∂ ∂f ∂ ∂f
= = −y sen x, = = −x sen y,
∂x2 ∂x ∂x ∂y 2 ∂y ∂y
∂2f
∂ ∂f
= = cos y + cos x.
∂x∂y ∂x ∂y
b)
161
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
Resolução: Sendo ϕ de classe C 1 , uma condição suficiente para a existência da inversa local
(também de classe C 1 ), é det(Dϕ(0, 1)) 6= 0. Ora
" # " #
∂ϕ1 ∂ϕ1 ∂u ∂u
∂x (x, y) ∂y (x, y) ∂x (x, y) ∂y (x, y) yexy xexy
Dϕ(x, y) = ∂ϕ2 = ∂v = .
∂x (x, y)
∂ϕ2
∂y (x, y) ∂x (x, y)
∂v
∂y (x, y)
yexy xexy + 2y
Logo:
1 0
Dϕ(0, 1) =
1 2
e portanto det(Dϕ)(0, 1) = 2. Para calcular D1 ψ(2, 2) observamos que Dψ(u, v) = [Dϕ(x, y)]−1
onde (u, v) = ϕ(x, y) e (x, y) = ψ(u, v). Logo:
" #−1 −1
∂u ∂u
−1 ∂x ∂y 1 0 1 0
Dψ(2, 2) = [Dϕ(0, 1)] = ∂v ∂v = = .
∂x ∂y
1 2 −1/2 1/2
(0,1)
A derivada parcial D1 ψ(2, 2) corresponde ao vector coluna correpondente à primeira coluna desta
matriz. Logo D1 ψ(2, 2) = (1, −1/2).
7.75 Mostre que a função ϕ : R2 → R2 definida por ϕ(x, y) = ((x + y)3 , (x − y)3 ) não satisfaz a
hipótese do teorema da função inversa “relativamente” à origem e, no entanto, ϕ é invertı́vel em
R2 .
(Prova de Análise Matemática III de 1982)
162
7.6. TEOREMAS DA FUNÇÃO INVERSA E DA FUNÇÃO IMPLÍCITA
Logo det(Dϕ(0, 0)) = 0. No entanto pondo u = (x + y)3 , v = (x − y)3 vem x = 12 (u1/3 + v 1/3 ),
y = 12 (u1/3 − v 1/3 ) pelo que ϕ é uma bijecção de R2 em R2 .
7.76 Considere a função F : R2 \ {(0, 0)} → R2 definida por F (x, y) = (x2 − y 2 , 2xy). Verifique
que:
i) F ∈ C 1 (R2 \ {(0, 0)})
h i
ii) ∀(x,y)6=(0,0) , det ∂(F 1 ,F2 )
∂(x,y) (x, y) 6= 0,
Resolução:
∂Fi
i) Como ∂F ∂F
∂x (x, y) = (2x, 2y) e ∂y (x, y) = (−2y, 2x) é claro que as derivadas parcias ∂x (x, y),
∂Fi 2 2
∂y (x, y) existem e são contı́nuas em R (e portanto em R \ {(0, 0)}).
ii) Como
∂(F1 , F2 ) 2x −2y
(x, y) =
∂(x, y) 2y 2x
h i
∂(F1 ,F2 )
vem det ∂(x,y) (x, y) = 4(x2 + y 2 ); se (x, y) 6= 0 é claro que 4(x2 + y 2 ) 6= 0.
iii) Basta ver que há dois pontos, por exemplo (1, 1) e (−1, −1) com a mesma imagem (neste
caso, (0, 2)).
iv) Para (x0 , y0 ) 6= (0, 0) tem-se det(DF (x, y)) = (x20 + y02 ) 6= 0 pelo que, pelo teorema da função
inversa, F é invertı́vel numa vizinhança de (x0 , y0 ).
a) Indique condições suficientes relativas a g que garantam que ϕ é localmente invertı́vel numa
vizinhança do ponto (1, 1). Justifique.
b) Considere uma função F : R2 → R diferenciável em R2 e uma função H definida por H = F ◦ ψ
(com ψ a inversa local de ϕ nas condições de (a)). Justifique ser H diferenciável e calcule
D1 H(g(1), g(1)) em termos de F e g.
a) Prove que se D1 f (0, 0) 6= D2 f (0, 0) existem ε, δ > 0 tais que ϕ é um difeomorfismo de Bε (0, 0, 0)
sobre um aberto T ⊃ Bδ (0, 0, 0).
−1
b) Calcule D1 ψ(0, 0, 0) com ψ = ϕ|Bε (0,0,0) .
163
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
a) Mostre que não existem pares (x, y) com |x| > |a| que satisfaçam esta equação. E com |x| = |a|?
2
dy d y
b) Calcule as derivadas dx e dx 2 da função implı́cita y = ϕ(x) definida por aquela equação e
7.80 Sejam f e g duas funções reais com domı́nio contido em R2 , de classe C 1 e (a, b) um ponto
interior aos seus domı́nios. Suponha-se que
com c1 , c2 ∈ R. Mostre que as funções y = ϕ(x) e y = ψ(x) definidas implicitamente pelas equações
f (x, y) = c1 , g(x, y) = c2 , respectivamente, têm as tangentes aos seus gráficos perpendiculares no
ponto (a, b) se e só se:
∇f (a, b) · ∇g(a, b) = 0.
Resolução: As rectas tangentes aos gráficos de ϕ e ψ no ponto (a, b) têm por equações:
7.81 Mostre que, numa vizinhança do ponto (1, −1, 2) o sistema de equações:
x2 (y 2 + z 2 ) = 5
(x − z)2 + y 2 = 2
dy dz
(1) e (1).
dx dx
164
7.6. TEOREMAS DA FUNÇÃO INVERSA E DA FUNÇÃO IMPLÍCITA
2 2
7.82 Considere a equação z 3 + z − 2ex +y = 0 e o ponto (0, 0, 1). Mostre que aquela equação
define localmente uma função implı́cita z = ϕ(x, y) com ϕ(0, 0) = 1 e calcule
∂ϕ ∂ϕ
(0, 0) e (0, 0).
∂x ∂y
F (F (x, y), y) = 0.
a) Indique, justificando a sua resposta, condições suficientes para que aquela equação possa definir,
numa vizinhança de 0, uma função y(x). Suponha que F (0, 0) = 0.
dy
b) Aproveite a alı́nea anterior para calcular dx (0).
Resolução:
a) Definindo φ(x, y) = F (F (x, y), y) o teorema da função implı́cita fornece uma tal condição
sufuciente que é ∂φ
∂y (0, 0) 6= 0. Ora:
∂φ ∂F ∂F ∂F
(x, y) = (F (x, y), y) (x, y) + (F (x, y), y)
∂y ∂x ∂y ∂y
∂φ ∂F ∂F ∂F
(0, 0) = (0, 0) (0, 0) + (0, 0)
∂y ∂x ∂y ∂y
∂F ∂F
= 1+ (0, 0) (0, 0)
∂x ∂y
∂F ∂F
Logo ∂x (0, 0) 6= −1 e ∂y (0, 0) 6= 0 são as condições pedidas.
b)
∂φ ∂F ∂F
∂y (0, 0) ∂x (0, 0) ∂x (0, 0)
(0) = − ∂x
∂φ
=− .
∂x ∂y (0, 0)
∂F
1 + ∂x (0, 0) ∂F ∂y (0, 0)
a) Mostre que a equação (g◦f )(x, y, z) = 0 define implicitamente numa vizinhança de (0, −π/2, π/2)
uma função y = α(x, z) tal que α(0, π/2) = −π/2 que é diferenciável naquele ponto.
165
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
∂α
b) Calcule ∂z (0, π/2).
Resolução:
166
7.7. ESTUDO DE EXTREMOS
∂ϕ D1 g(0, 0)
(0, 0) = − .
∂x 2D2 g(0, 0)
f (x, y) = xyex−y .
f (x, y) = x3 − 3xy + y 3 .
Resolução:
a) Tratando-se de uma função diferenciável os únicos candidatos a pontos de extremo são pontos
onde o gradiente se anula. Ora ∇f (x, y) = ( ∂f ∂f 2 2
∂x (x, y), ∂y (x, y)) = (3x − 3y, −3x + 3y ) logo
consideramos o sistema de estacionaridade ∇f (x, y) = (0, 0) que toma a forma:
( (
3x2 − 3y = 0 y = x2
2
⇔
−3x + 3y = 0 x(x3 − 1) = 0
Portanto os candidatos a pontos de extremo são (0, 0) e (1, 1). Estudemos o sinal da forma
quadrática definida por:
2 ∂ 2f 2 ∂2f ∂2f
(h1 , h2 ) = h 7→ Dh f (x, y) = (x, y)h 1 + 2 (x, y)h 1 h 2 + (x, y)h22
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
∂2f ∂2f ∂2f
em (0, 0) e (1, 1). Temos ∂x2 (x, y) = 6x, ∂x∂y (x, y) = −3 e ∂y 2 (x, y) = 6y.
A forma quadrática reduz-se a (h1 , h2 ) 7→ −6h1 h2 em (0, 0) que reconhece-se imediatamente
como uma forma quadrática indefinida e portanto (0, 0) não é um ponto de extremo.
√
h2
Em (1, 1) a forma quadrática2 reduz-se a (h1 , h2 ) 7→ 6h21 −6h1 h2 +6h22 = 6 (h1 − 22 h2 )2 + 22
que se reconhece como definida positiva e portanto (1, 1) é um ponto de mı́nimo relativo.
b) Como limx→+∞ f (x, 0) = +∞ e limx→−∞ f (x, 0) = −∞ reconhecemos imediatamente que esta
função não possui extremos absolutos.
2A classificação de formas quadráticas em R2 pode ser feita por diversos processos equivalentes. No texto desta
solução optou-se por “completar o quadrado” o que não pressupôs conhecimentos especiais de Álgebra Linear.
Alternativas equivalentes são, por exemplo, a determinação do sinal dos valores próprios da matriz hessiana, etc.
167
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
Resolução: Vamos tentar usar um critério baseado na fórmula de Taylor para provar que uma tal
função, se existir, não pode ter um extremo na origem. Uma condição necessária para existência
de um extremo na origem é o gradiente da função em (0, 0) ser 0. Ora
∂u
(0, 0) = 0 u(0, 0) = 0
∂t
∂u
(x, t) = 0 u(0, 0) = 0
∂x
pelo que aquele critério é inconclusivo. Consideramos então derivadas parciais de segunda ordem
de u que se podem obter por derivação de ambos os membros das igualdades no enunciado.
∂2u ∂u
2
=t = t2 u(x, t),
∂x ∂x
∂2u ∂ ∂u
= (tu(x, t)) = u(x, t) + t = u(x, t) + xt u(x, t),
∂t∂x ∂t ∂t
∂2u ∂u
2
=x = x2 u(x, t).
∂t ∂x
pelo que particularizando em (0, 0)
que define uma forma quadrática indefinida (h, k) 7→ 2hk pelo que (0, 0) não é um ponto de
extremo.
Resolução alternativa:
Sabendo que o gradiente de uma função é ortogonal às suas linhas de nı́vel vamos tentar identificar
as linhas de nı́vel de u. Isto permitirá identificar u e resolver a questão posta.
Como
∇u(x, t) = u(x, t)(t, x)
168
7.7. ESTUDO DE EXTREMOS
e como qualquer função do produto xt, digamos v(x, t) = f (xt), satisfaz ∇v(x, t) = f 0 (xt)(t, x)
procuramos um tal f que deverá então satisfazer f 0 = f e f (0) = 1. Sabemos que uma tal função
é a exponencial e com efeito se considerarmos u(x, t) = ext esta função satisfaz todas as condições
do enunciado.
Poderiam no entanto existir outras funções satisfazendo as condições do enunciado. Se v fosse
uma tal função facilmente verificamos que o gradiente de e−xt v(x, t) é 0 e portanto o produto
e−xt v(x, t) é constante, constante essa que só poderá ser 1 devido ao valor em (0, 0) imposto.
Decorre então da identificação de u a não existência de extremo na origem, visto que a função
(x, t) 7→ tx o não tem e que a função exponencial é estritamente crescente em R.
7.93 Para cada (a, b) ∈ R2 considere a função definida por f (x, y) = xa + yb + xy. Determine os
seus pontos de estacionaridade consoante seja: 1) ab > 0; 2) ab < 0; 3) ab = 0 com a 2 + b2 6= 0;
4) a2 + b2 = 0. Em cada caso determine os extremos da função.
(Prova de Análise Matemática III de 23/7/80)
(com a 6= 0 e b 6= 0).
Estudemos a natureza da forma quadrática
∂2f 2 ∂2f ∂2f
(h, k) 7→ (x 0 , y 0 ) h + 2 (x 0 , y 0 ) h k + (x0 , y0 ) k 2
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
com (x0 , y0 ) = (a2/3 b−1/3 , a−1/3 b2/3 ). As derivadas parciais de segunda ordem de f em (x0 , y0 )
tomam os valores:
∂2f ∂2f ∂2f
(x0 , y0 ) = 2b/a, (x0 , y0 ) = 1, (x0 , y0 ) = 2a/b.
∂x2 ∂x∂y ∂y 2
pelo que a matriz hessiana de f em (x0 , y0 ) é:
2b/a 1
Hf (x0 , y0 ) = .
1 2a/b
Como o determinante desta matriz é 3 o ponto (x0 , y0 ) será sempre um ponto de extremo. A
classificação do extremo dependerá do sinal de 2b/a que é igual ao sinal de ab; ou seja, se ab > 0
trata-se de um ponto de mı́nimo e se ab < 0 trata-se de um ponto de máximo.
No caso 3) tem-se a = 0 e b 6= 0 ou a 6= 0 e b = 0. Na primeira destas suituações os pontos de
estacionaridade obtêm-se a partir de:
(
∂f
∂x ≡ y = 0
∂f b um sistema impossı́vel!
∂y (x, y) = − y 2 + x = 0
só tem uma solução que é (0, 0). A função f (x, y) é nesse caso f (x, y) = xy e (0, 0) é um ponto de
sela.
169
CAPÍTULO 7. INTRODUÇÃO À ANÁLISE EM RN
em que α, β, γ, δ são constantes reais. Mostre que não existem constantes α, β, γ, δ tais que,
simultâneamente:
i) (0, 0) seja um ponto mı́nimo de f ;
ii) (1, 1) seja um ponto de estacionaridade de f .
[Sugestão: Comece por mostrar que: (i) =⇒ βγ ≥ 0; (ii) =⇒ β + γ + 2 = 0].
(Prova de Análise Matemática III de 19/2/83)
7.99 Sejam f e g funções reais de variável real e defina-se no produto cartesiano dos seus domı́nios
uma função real ϕ através de ϕ(x, y) = f (x) + g(y). Mostre que:
a) Se x0 é um ponto de mı́nimo de f , y0 um ponto de máximo de g e (x0 , y0 ) um ponto de extremo
de ϕ então ou f é constante numa vizinhança de x0 ou g é constante numa vizinhança de y0 .
b) Se x0 não é ponto de extremo de f então (x0 , y0 ) não é ponto de extremo de ϕ, qualquer que
seja y0 no domı́nio de g.
170
7.7. ESTUDO DE EXTREMOS
7.103 a) Determine as seis rectas constituı́das por pontos de estacionaridade da função definida
por g(x, y, z) = xyz(x + y + z − 1).
b) Mostre, sem recurso a derivadas de ordem superior à primeira, que a função não tem extremo
em qualquer dos pontos daquelas rectas.
c) Diga se a função tem um máximo ou mı́nimo relativo nos restantes pontos de estacionaridade.
(Prova de Análise Matemática III de 12/7/80)
7.104 a) Entre os pontos que verificam a equação x2 + y 2 = 16, determine pelo método dos
multiplicadores de Lagrange, aquele que está mais próximo do ponto A = (2, 1) e determine a
distância do ponto A àquela circunferência.
b) Confirme o valor da distância obtida, determinando-a por um processo elementar.
(Prova de Análise Matemática III de 29/1/79)
171