Dissertação - Sapatas Recalques SPT
Dissertação - Sapatas Recalques SPT
Dissertação - Sapatas Recalques SPT
Porto Alegre
Agosto de 2005
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Porto Alegre
Agosto de 2005
Esta Dissertação de Mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelo professor orientador e pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
BANCA EXAMINADORA
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
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AGRADECIMENTOS
É chegada a hora de agradecer a mais uma conquista na minha vida, a qual levei um ano e
meio para concretizar. No entanto, primeiramente gostaria de fazer um pequeno resumo dos
acontecimentos ocorridos em minha vida durante este período de mestrado. Posso dizer que
durante estes últimos 18 meses passei pelos três maiores momentos de felicidade da minha
vida, e ao mesmo tempo, passei pelos três maiores momentos de tristeza até agora já vividos
por mim. Os três grandes momentos de felicidade se referem ao meu grande sonho de criança
que era ser Engenheiro Civil (muitos diriam com ironia: que sonho!), sendo que tudo
começou com a formatura no curso de Engenharia Civil no final de março de 2004 (atrasada
em função da greve anterior); passando pela aprovação no concurso público e posse no cargo
de Engenheiro Civil do INCRA/RS em dezembro de 2004; e agora com a defesa da
dissertação de mestrado em Engenharia Civil no final de agosto de 2005. Quanto aos
momentos tristes posso destacar: minha saída da Casa do Estudante Universitário (CEU) da
UFRGS em setembro de 2004, na qual morrei durante cinco anos e seis meses, que foi um
grande aprendizado para a vida e que considero meu segundo lar; agravamento da doença e
posterior falecimento do meu querido pai (período de outubro de 2004 a abril de 2005); e o
terceiro acontecimento ... bom! melhor deixar assim... é passado e não vale a pena guardar
mágoas.
Agradeço ao meu orientador, Dr. Nilo Cesar Consoli, que também sempre acreditou em mim,
mesmo antes de entrar no mestrado, e que é um ótimo exemplo de professor, orientador e
pessoa.
Agradeço a CAPES, pelo período de bolsa entre os meses de março a dezembro de 2004. Não
agradeço somente a bolsa, mas também pelo excelente trabalho que tem desempenhado como
instituição de apoio a pesquisa e ao ensino, para tanto cito como exemplo o portal da CAPES,
que disponibiliza inúmeras publicações que podem ser consultadas sem sair de casa.
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Agradeço ao PPGEC/UFRGS e a todos os professores que tive por terem me dado a chance
de estudar e aprender muito.
Agradeço a biblioteca e a todos aos seus funcionários, que sempre me ajudaram nas consultas
e sempre demonstraram paciência em arrumar/guardar as pilhas de livros e revistas que eu
tirava das estantes e espalhava por todos os cantos da biblioteca.
Agradeço aos grandes amigos da CEU, especialmente aos moradores e ex-moradores (e seus
respectivos cônjuges, muitos não moradores) do sexto andar, cuja grande maioria são hoje
integrantes do grupo de e-mail EX_CEU. A experiência de ter morado lá foi tão boa que
considero esta turma como minha segunda família. Também agradeço do fundo do coração
aos amigos: Adriana, Ismael e especialmente a Ju. E a todos os demais amigos.
Agradeço aos Eng. Edgar (UDESC e GEOFORMA) e Eng. Paulo (ESTASUL) pelo
fornecimento de resultados de provas de carga que foram extremamente úteis para o
desenvolvimento e verificação do desempenho da metodologia proposta na presente pesquisa.
E finalmente, quero agradecer a todos as pessoas que de alguma forma ou de outra ajudaram
em mais uma conquista.
RESUMO
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
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ABSTRACT
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.............................................................................................. p. 12
LISTA DE TABELAS............................................................................................. p. 17
1 INTRODUÇÃO................................................................................................. p. 27
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................... p. 30
2.1 CLASSIFICAÇÃO GEOTÉCNICA DOS SOLOS................................ p. 30
2.2 FUNDAÇÕES.................................................................................................. p. 31
2.2.1 Fundações Superficiais............................................................................... p. 31
2.2.2 Fundações Profundas.................................................................................. p. 32
2.6 RECALQUES.................................................................................................. p. 51
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3 PLANEJAMENTO DA PESQUISA.......................................................... p. 85
3.1 MODELOS DE PREVISÃO DE RECALQUES EM SOLOS
RESIDUAIS ........................................................................................................... p. 85
4. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA............................................... p. 88
4.1 PROVAS DE CARGA ESTUDADAS..................................................... p. 88
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LISTA DE FIGURAS
Figura 2: (a) ensaio SPT durante a cravação do amostrador padrão, (b) avanço da
perfuração por meio de trépano de lavagem............................................................... p. 34
Figura 3: (a) fator de correção c1, (b) fator de correção c2, e (c) fator de correção
c3; para correção dos valores de NSPT.......................................................................... p. 36
Figura 4: (a) vista 1 em corte de uma ponteira de CPT , (b) vista 2 em corte de uma
ponteira de CPT, e (c) tipos de ponteiras de cone....................................................... p. 39
Figura 15: valores de E obtidos pela retro-ánalise, bem como limites mínimo,
médio e máximo para solos residuais obtidos por Sandroni (1996)........................... p. 60
Figura 16: curvas para determinação da tensão admissível de areia secas ou úmidas
(z/B > 2B) com base nos valores médios de NSPT e largura da fundação.................... p. 60
Figura 17: ábaco para correção dos valores de NSPT em função do embutimento....... p. 62
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Figura 18: (a) ábaco para determinação do coeficiente de recalque (ao) para valores
baixos de NSPT, neste caso deve-se verificar se a tensão aplicada está abaixo da
faixa linear; (b) Ábaco para determinação do coeficiente de recalque (ao) para .........
valores altos de NSPT ................................................................................................... p. 62
Figura 20: ábaco para determinação do fator s e tabela para o fator de correção do
ds.................................................................................................................................. p. 67
Figura 23: exemplo de retas ajustadas para diferentes conjuntos amostrais para
uma mesma população.......................................... ..................................................... p. 80
Figura 30: relações de recalques e dimensões das fundações proposta por Terzaghi
e Peck (1948) e observada por Bjerrum e Eggestad (1963) para diferentes ...........
compacidades e composições das areias..................................................................... p . 101
Figura 32: (a) resultados das provas de carga realizadas por Cudmani (1994) para
três diferentes diâmetros; (b) normalização das curvas dividindo-se o recalques: ............
pelos respectivos diâmetros (B); (c) pelas respectivas áreas (π.B2/4); e (d) raiz ............
p. 103
quadrada do diâmetro ( B ) ......................................................................................
Figura 33: (a) resultado das provas de carga realizadas por Dalla Rosa e Thomé
(2004); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o ............
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
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Figura 34: (a) resultado das provas de carga realizadas por Campos (1980); e (b)
normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo ............
respectivo diâmetro .................................................................................................... p. 104
Figura 35: (a) resultado das provas de carga a uma profundidade de 2,0 m
realizadas por Jardim (1980); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque ...........
relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro ............................................ p. 105
Figura 36: (a) resultado das provas de carga a uma profundidade de 4,0 m
realizadas por Jardim (1980); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque ...........
relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro ............................................ p. 105
Figura 37: (a) resultado das provas de carga realizadas por Fonseca (2001); e (b)
normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo ...........
respectivo diâmetro .................................................................................................... p. 106
Figura 38: (a) resultado das provas de carga realizadas por Branco, de Mello e
Bianchini (1982); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, ............
dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro .......................................................... p. 106
Figura 39: (a) resultado das provas de carga realizadas por Branco, de Mello e
Bianchini (1982); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, ...........
dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro .......................................................... p. 107
Figura 40: representação gráfica dos ajustes lineares realizadas em cada um dos
casos estudados .......................................................................................................... p. 110
Figura 41: ajuste entre an e N SPT (pela média aritmética e sem correção da energia
de cravação) ................................................................................................................ p. 111
Figura 42: Ajuste entre an e N SPT (pelo modelo de Parry, 1978 e sem correção da
energia de cravação) ................................................................................................... p. 111
Figura 43: Ajuste entre an e N SPT (pela média aritmética e com correção da
energia de cravação para 60%) ................................................................................... p. 112
Figura 44: Ajuste entre an e N SPT (pelo modelo de Parry, 1978 e com correção da
energia de cravação para 60%) ................................................................................... p. 112
Figura 45: limite superior e inferior para os pontos de an x N SPT (pela média
aritmética e sem correção da energia de cravação)..................................................... p. 114
Figura 46: limite superior e inferior para os pontos de an x N SPT (pela média
aritmética e com correção da energia de cravação para 60%) ................................... p. 115
Figura 47: dispersão dos dados amostrais (an - N SPT ,60 ) em relação a equação
ajustada (na forma logarítmica)................................................................................... p. 116
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Figura 48: dispersão dos dados amostrais (an - N SPT , 60 ) em relação a equação
ajustada (na forma decimal)........................................................................................ p. 117
Figura 50: (a) curva de tensão-recalque relativo cuja capacidade de carga é obtida
pelo critério de ruptura de 33 mm/m, pois a identificação não é trivial; (b) ensaio ............
foi interrompido ainda no trecho elástico e/ou antes de ser atingido o critério de ............
ruptura adotado; e (c) ruptura é alcançada antes do recalque relativo de 33.33 ............
mm/m.......................................................................................................................... p. 120
Figura 55: dispersão dos dados amostrais (qa - N SPT , 60 ) em relação a equação
ajustada........................................................................................................................ p. 126
Figura 57: correlações entre E e N SPT , 60 dos solos residuais estudados nesta
pesquisa ...................................................................................................................... p. 129
Figura 58: correlações entre E e N SPT ,60 dos solos residuais estudados nesta
pesquisa e estudados por Sandroni (1996 )............................................. ................... p. 130
Figura 61: dispersão dos dados amostrais (qa - N SPT , 60 ) em relação a equação
ajustada, considerando somente os dados das provas de carga desta ............
pesquisa....................................................................................................................... p. 133
Figura 62: dispersão dos dados amostrais (qa - N SPT , 60 ) em relação a equação
ajustada, considerando os dados das provas de carga mais os dados de Sandroni ............
p. 133
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
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(1996)..........................................................................................................................
Figura 64: aparato utilizado pela empresa ESTASUL para a execução das provas
de carga ..................................................................................................................... p. 139
Figura 65: detalhe da sapata de concreto armado utilizada pela empresa ESTASUL
para as provas de carga ............................................................................................... p. 140
Figura 66: resultados das três provas de cargas – (a) Nova Petrópolis/RS, (b)
Canguçu/RS, e (c) Jacinto Machado/SC..................................................................... p. 141
Figura 69: Perfil de sondagem realizado em Jacinto Machado/SC nas proximidades ..........
do local da prova de carga........................................................................................... p. 142
Figura 70: recalques estimados pelo modelo desenvolvido nesta pesquisa ............
(equações 69, 73 e 74) – (a) Nova Petrópilis/RS, (b) Canguçu/RS, e (c) Jacinto ............
Machado/SC ............................................................................................................... p. 144
Figura 71: aproximação de uma reta a curva de tensão-recalque relativo do ensaio ............
para a determinação da constante an – (a) Nova Petrópilis/RS, (b) Canguçu/RS, e ............
(c) Jacinto Machado/SC ............................................................................................ p. 146
Figura 73: estimativa de recalque pela teoria da elasticidade da prova de carga ............
realizada em Nova Petrópolis/RS considerando E estimado pelas: (a) equações 82 ............
e intervalo de variação definido pelas equações 83 e 84, e (b) equações 81 e ....
intervalo de variação definido pelas equações 85 e 86............................................... p. 147
Figura 74: estimativa de recalque pela teoria da elasticidade da prova de carga ............
realizada em Canguçu/RS considerando E estimado pelas: (a) equações 82 e ............
intervalo de variação definido pelas equações 83 e 84, e (b) equações 81 e ....
intervalo de variação definido pelas equações 85 e 86............................................... p. 148
Figura 75: estimativa de recalque pela teoria da elasticidade da prova de carga ............
realizada em Jacinto Machado/SC (ESTASUL, 1980) considerando E estimado ............
pelas: (a) equações 82 e intervalo de variação definido pelas equações 83 e 84, e ....
(b) equações 81 e intervalo de variação definido pelas equações 85 e 86.................. p. 148
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LISTA DE TABELAS
Tabela 12: valores de correlação entre os resultados do ensaio de cone e SPT ......... p. 66
Tabela 15: resumo e características gerais das provas de carga estudadas neste
trabalho ....................................................................................................................... p. 89
Tabela 19: cálculo dos valores médios de NSPT para cada um dos casos estudados ... p. 97
Tabela 20: cálculo dos valores de NSPT a partir dos valores dos ensaios de CPT ...... p. 98
Tabela 21: correção e padronização dos valores médio de NSPT, para os solos
estudados .................................................................................................................... p. 98
Tabela 22: parâmetros considerados pelos autores responsáveis pelos recalques...... p. 100
Tabela 23: coeficiente angular obtidos no ajuste das retas para os casos de provas
de carga estudadas ...................................................................................................... p. 110
Tabela 24: resumo dos parâmetros obtidos pelo ajuste entre an e N SPT ..................... p. 113
Tabela 26: resultados da retro-análise para determinação dos valores de E .............. p. 129
Tabela 27: resumo dos erros padrão de estimativa obtidos para cada prova de carga
de cada um dos modelos utilizados ............................................................................ p. 135
Tabela 28: resumo das provas de carga utilizadas para teste dos modelos
desenvolvidos ............................................................................................................. p. 143
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LISTA DE ABREVIATURAS
LISTA DE SIMBOLOS
C1: fator de correção que leva em consideração as perdas ocorridas pelas diferentes
formas de levantar e soltar o martelo no ensaio SPT
C2: fator de correção que leva em consideração as perdas ocorridas pelos diferentes pesos
da cabeça de bater no ensaio SPT
C3: fator de correção que leva em consideração as perdas ocorridas pela razão entre o
peso das hastes e do martelo de cravação no ensaio SPT
NSPT,a ,NSPT,b: valores dos ensaios SPT para diferentes tipos de energia que chega as
hastes (número de golpes)
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km: valor médio da razão entre o resultado do ensaio de CPT e o SPT obtido pelo método
dos mínimos quadráticos
t: tempo (min)
ν: coeficiente de Poisson
I : coeficiente de influência
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σ v' : tensão efetiva do solo na base da fundação assente a uma profundidade z (kN/m2)
κ : razão entre a tensão efetiva do solo a uma profundidade de B/2 a partir da base da
fundação quando o solo esta seco sobre a tensão efetiva do solo, a uma mesma
profundidade, quando o solo esta submersa
q zi : valor da tensão vertical média distribuída na camada de solo i, produzida pela tensão
(q) aplicada na fundação (kN/m2)
σ 'vp : tensão vertical efetiva na profundidade de Iz max a partir da base da fundação (B/2
para fundação quadrada e B para sapata corrida)
β : constante de correlação
Nm: valor médio do ensaio SPT até uma profundidade de influência de 2.B
N1: NSPT médio abaixo da base da fundação a uma profundidade entre 0.B e 0,66.B
N2: NSPT médio abaixo da base da fundação a uma profundidade entre 0,66.B e 1,33.B
N3: NSPT médio abaixo da base da fundação a uma profundidade entre 1,33.B e 2.B
(σ v' ) m : valor médio da tensão normal efetiva principal (kN/m2), conforme os autores,
localizado a um quarto da profundidade de influência
x, y: variáveis genéricas
axy: intercepto do eixo das ordenadas da equação ajustada por mínimos quadrados
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ts: t-Student
Bxy: coeficiente angular genérico da equação ajustada por mínimos quadrados para a
população
r: coeficiente de correlação
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1 INTRODUÇÃO
Como será visto ao longo do trabalho, toda a metodologia foi desenvolvida com base em
resultados de ensaios de SPT. Assim, a partir de resultados médios de NSPT, mais a geometria
e a tensão aplicada na fundação, foi possível estimar os valores de recalques e tensão
admissível de sapatas assentes em solos residuais por meio de equações determinadas
estatisticamente. Além disso, determinou-se uma metodologia para a estimativa do módulo de
elasticidade dos solos residuais baseada exclusivamente nos resultados médios de NSPT, obtida
por meio de retro-ánalise de provas de carga.
Em termos de ensaios geotécnicos de campo, o ensaio de SPT tem sido cada vez mais
utilizado em todo o mundo, de modo que muitos autores utilizam seus resultados para a
estimativa de diversos parâmetros dos solos. Isso porque muitas vezes é a única informação
disponível ou que pode ser disponibilizada, em função da despreocupação de muitos
construtores com as fundações.
Desta forma, foi desenvolvido nesta pesquisa, uma metodologia própria para a previsão do
comportamento tensão-recalque de fundações superficiais assentes em solos residuais a partir
de resultados de ensaios de SPT. Sendo que informações como recalques e tensão admissível
nestes solos podem ser estimadas, com maior segurança, por meio das conclusões a que se
chegou neste trabalho.
Na revisão bibliográfica, Capítulo 2, são abordados diversos aspectos sobre os assuntos que
foram abordados neste trabalho. Num primeiro momento são apresentados alguns aspectos
sobre a classificação geotécnica dos solos. Também são apresentados importantes aspectos
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sobre fundações e investigação geotécnica. Além de uma abordagem sobre provas de carga e
os parâmetros que podem ser obtidos através delas. E finalmente são abordados alguns
aspectos sobre a teoria estatística de regressão e correlação.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Do ponto de vista geotécnico, conforme Salomão e Antunes (1998), os solos podem ser
divididos em dois grupos. O primeiro grupo corresponde aos solos residuais ou autóctones,
que são formados no próprio local de origem, ou seja, se formam sobre as rochas que
sofreram intemperismo. O outro grupo é representado pelos solos transportados ou
alóctones, cujo material de origem foi transportado por um agente (vento, água, gelo,
gravidade, etc.), sendo aquele depositado em condições de baixa energia (FILHO, 1997).
Segundo Chiossi (1983), os solos residuais são bastante comuns no Brasil, principalmente na
região centro-sul. Segundo o autor, esses solos podem ser originários de qualquer tipo de
rocha. A tabela 1 apresenta alguns exemplos de solos e as respectivas rochas originárias. Para
Salomão e Antunes (1998), o perfil de solos residuais é visto como sendo composto por três
camadas, sejam elas: solo residual maduro (camada superficial, bastante alterada composta
por minerais secundários e uma parcela de matéria orgânica); solo residual jovem, solo
saprolítico ou saprólito (preserva características originais da rocha mãe); e rocha alterada.
A figura 1 apresenta um perfil típico de solos residuais.
Chiossi (1983), salienta que solos transportados ocorrem em áreas mais restritas e apresentam
um perfil bastante variável e heterogêneo em função do agente transportador.
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Rocha sã (hor. D)
2.2 FUNDAÇÕES
Segundo a norma NBR 6122/1996, as fundações superficiais são elementos estruturais em que
a carga é transmitida ao solo por tensões distribuídas sob a base da fundação. De acordo com
esta norma, uma fundação para ser considerada superficial, a profundidade de embutimento,
em relação à superfície do terreno, deve ser inferior a duas vezes a menor dimensão da
fundação (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996).
Neste contexto, as fundações superficiais podem ser divididas em: sapatas, blocos, radiers,
sapatas associadas, vigas de fundação e sapatas corridas.
constante, variável ou escalonada, sendo que a forma, projetada em planta, pode ser quadrada,
retangular ou circular (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996).
O radier é elemento de fundação único que envolve todos os pilares e paredes de uma
edificação. São elementos de grande extensão, de um modo geral são comuns em silos,
depósitos, reservatórios, etc. (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
1996).
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Segundo a norma NBR 6122/1996, o tipo e a quantidade dos ensaios a serem realizados
dependem do tipo e das peculiaridades da obra, dos valores e tipos de carregamentos e das
características geotécnicas e geológicas do subsolo. Essa norma enfatiza que as sondagens de
reconhecimento à percussão são indispensáveis em qualquer tipo de obra, de modo que este
tipo de ensaio deve apresentar uma descrição das camadas do subsolo ensaiado, valores dos
índices de resistência a penetração (NSPT) e a posições do nível de água. Os ensaios como de
penetração de cone (CPT), palheta, pressiométricos e provas de carga são considerados como
complementares pela norma NBR 6122/1996. De modo que a norma enfatiza que nenhum
ensaio complementar substitui as sondagens de reconhecimento a percussão, as quais não
podem ser dispensadas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996).
O ensaio SPT é prática comum em todo mundo, por ser um ensaio simples e prático de
exploração de subsolos. A normalização brasileira veio em 1980 com a NBR 6484, com o
título de “Execução de sondagens de simples reconhecimento dos solos”, que tem o objetivo
de prescrever o método de execução do ensaio SPT. Atualmente já esta disponível a mais
nova versão da norma NBR 6484 que entrou em vigor em 2001. Conforme a norma NBR
6484/2001 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2001), o ensaio tem a
finalidade de explorar o subsolo por meio de perfuração (medição do índice de resistência à
penetração) e retirada de amostras deformadas do solo. Essa norma também apresenta a
aparelhagem padrão com as características dos principais elementos, bem como os passos a
serem seguidos para execução do ensaio.
A figura 2 apresenta as duas fases dos ensaios: cravação do amostrador e avanço do furo de
sondagem por meio de trépano de lavagem; bem como os detalhes e dimensões dos principais
elementos que compõem a aparelhagem necessária para a execução do ensaio SPT.
Martelo
padrão
Guia do
martelo
Conjunto motor-bomba
Tubo de revestimento
25 mm
67 ou 76 mm
Sentido de circulação da água 62 ou 73 mm
(a) (b)
Figura 2: (a) ensaio SPT durante a cravação do amostrador padrão, e (b) avanço da perfuração
por meio de trépano de lavagem
Assim como outros ensaios de campo e laboratório, os resultados do ensaio SPT são
influenciados por fatores de operação (humanos), tipos de equipamentos e procedimentos
executivos (BELINCANTA et al., 1994). Os autores apresentaram um conjunto de ensaios
instrumentados para diferentes situações para os quais mediram a energia de cravação, os
resultados podem ser visualizados na tabela 2.
Como citado por Politano, Danziger e Danziger (2001), nem toda a energia potencial
armazenada na altura de queda do martelo é transmitida às hastes de cravação. O correto seria
medir o quanto de energia chega às hastes, no entanto isso não é pratica comum nos dias de
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hoje (ODEBRECHT et al., 2004). Assim, faz-se necessário à adoção de fatores de correção,
os quais devem levar em consideração perdas ocorridas: pelas diferentes formas de levantar e
soltar o martelo (c1); pelo diferentes pesos da cabeça de bater (c2); pela razão entre o peso das
hastes e do martelo de cravação, pois quanto maior a profundidade, mais comprida a haste,
maior seu peso, e conseqüentemente maior o fator de correção (c3) (DÉCOURT, 1989 apud
POLITANO; DANZIGER; DANZIGER, 2001). Assim a energia que chega às hastes pode ser
definida pela equação 1. Os fatores de correção c1, c2 e c3 podem ser obtidos da figura 3.
DANZIGER; DANZIGER, 2001; ODEBRECHT et al., 2004). Para tanto, como sugerido por
Skempton (1986 apud Politano; Danziger; Danziger, 2001), pode-se utilizar a equação 3,
quando se utiliza um equipamento que apresenta um aproveitamento de energia diferente do
padrão internacional.
(a) (b)
(c)
Figura 3: (a) fator de correção c1, (b) fator de correção c2, e (c) fator de correção c3; para
correção dos valores de NSPT (DÉCOURT, 1989 apud POLITANO; DANZIGER;
DANZIGER, 2001)
N SPT ,a . ∈a
N SPT , 60 = (equação 3)
∈60
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Lopes (2004) consideram que os valores dos ensaios realizados no Brasil devem ser
majorados de 10 a 20% para se enquadrarem nos padrões internacionais. Conforme relatado
por Odebrecht et al. (2004), é reconhecida a necessidade de se medir a energia transmitida as
hastes de cravação para corrigir e padronizar os resultados do ensaio SPT. Como relatado
pelos autores, o valor do número de golpes é governado pelo peso do martelo, altura de queda
do martelo, peso das hastes e resistência ao cisalhamento do solo. Em um recente trabalho, os
autores, abordaram aspectos importantes na interpretação do ensaio SPT no que se refere a
energia de cravação quanto a: a) influência do comprimento das hastes nos resultados e b)
relação entre a energia da energia transmitida as hastes e a energia a efetivamente transmitida
ao solo. Por meio deste trabalho foi possível demonstrar que quando maior for o comprimento
das hastes, maiores são as perdas ocorridas ao longo destas, bem como para um grande
comprimento das hastes e um solo de baixa resistência devem-se ser considerados o peso das
hastes e o deslocamento total do amostrador.
Na equação 5, Odebrecht et al. (2004) apresenta uma equação para determinação da energia
real transmitida as hastes, que nada mais é do que a equação 4 corrigida por fatores de
eficiência. Sendo que na equação 5: η1 = 0,764; η 2 = 1,00 e η 3 =1-0,0042.H.
Segundo Schnaid (2000) o ensaio de cone, mais conhecido internacionalmente pela sigla
CPT, vem tornando-se uma das mais importantes ferramentas de prospecção geotécnica.
Conforme o autor as primeiras referências sobre o ensaio surgiram na década de 1930 na
Holanda, sendo empregado no Brasil a partir do final da década de 1950.
Conforme Schnaid (2000), o ensaio consiste em cravar no solo uma ponteira padronizada com
uma velocidade constante também padronizada, por meio de um equipamento de cravação,
em geral hidráulico, montado sobre um reboque ou caminhão. Segundo o autor, as principais
funções do ensaio são a determinação da resistência de ponta (qc) e o atrito lateral (fs). Quanto
aos tipos de equipamento, o autor salienta que podem divididos em: mecânicos, quando as
leituras são feitas na superfície por meio dos esforços transmitidos pelas hastes; e elétricos,
quando as leituras são feitas por um sistema de aquisição de dados que é alimentado por
células de carga elétricas instaladas na própria ponteira. Existe um tipo de equipamento de
cone que além de medir a resistência de ponta e o atrito lateral, faz a medição das pressões
neutras durante a cravação, sendo neste caso denominado de piezocone (SCHNAID, 2000).
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
39
Schnaid (2000) ressalta que a grande vantagem do ensaio é o continuo registro dos parâmetros
medidos ao longo da profundidade do subsolo ensaiado.
A normalização do ensaio de cone veio em 1991 com a NBR 12.069, que descreve o
equipamento (elementos e dimensões), procedimentos de ensaio, precisão nas medidas e
forma de apresentação dos resultados. A norma NBR 12.069/1991 (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1991), também apresenta que a velocidade de
cravação deve ser de 20 mm/s ± 5 mm/s. A figura 4 apresenta os principais componentes e a
geometria básica do cone.
(b)
(a) (b)
Figura 4: (a) vista 1 em corte de uma ponteira de CPT (LUNNE et al., 1997 apud SCHNAID,
2000), (b) Vista 2 em corte de uma ponteira de CPT (ORTIGÃO, 1995); e (c) tipos de ponteiras
de cone (SCHNAID, 2000)
Os ensaios SPT e CPT fornecem como resposta a resistência a penetração dos solos. Deste
modo, vários autores já tentaram correlacionar os resultados de ambos os ensaios, de modo
que a partir dos valores de um, possa-se definir o resultado do outro. Robertson et al. (1983,
apud Schnaid, 2000; Velloso e Lopes, 2004) apresentaram que existe uma correlação entre a
razão de qc e NSPT que pode ser expressa em termos do tamanho das partículas (ver equação
6). Schnaid (2000) salienta que a equação 6, não leva em consideração os efeitos importantes
tais como: de energia de cravação, poro-pressão e profundidade. Schnaid (2000) também
considera que não é aconselhável a estimativa de valores de ensaios de CPT através de ensaio
SPT.
qc 1
k= . = 5,44.D500, 26 (equação 6)
pa N SPT
A tabela 4 apresenta um resumo dos resultados de k obtidos por alguns autores, de modo que
o valor de k é dependente da granulometria do solo.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
41
profundidade (c1, c2 e c3) pelos valores propostos por Décourt (1989, apud Politano; Danziger;
Danziger, 2001) e Skepmton (1986, apud Politano et al., 2001). Politano, Danziger e Danziger
(2001) consideram fundamental a correção da energia (c1 e c2) dos valores de NSPT, de modo
que o desvio padrão considerando a correção da energia foi menor do que o valor não
corrigido. Agora considerando a correção da profundidade, Politano, Danziger e Danziger
(2001) puderam perceber que a consideração da correção da profundidade forneceu um desvio
padrão maior do que não considerando a correção a profundidade, sendo maior para os
valores propostos por Décourt em 1989. No entanto os autores consideram que a consideração
dos efeitos da profundidade ser uma questão bastante controversa. A figura 5 apresenta uma
compilação dos resultados obtidos por Politano, Danziger e Danziger (2001), sendo que são
apresentadas as duas correlações feitas ( k e km), bem como para os valores de NSPT corrigidos
para a energia e profundidade pelos valores de Skempton de 1986.
Obs: a titulo de comparação foram incluídas as correlações (a direita) obtidas por Vianna da Fonseca (1996) para a
cidade de Porto em Portugal
Provas de carga em fundações superficiais, como o próprio nome sugere, são ensaios
realizados em fundações assentes num determinado solo, nas quais são aplicados diferentes
carregamentos, de modo a verificar o comportamento tensão-recalque do sistema solo-
fundação. No entanto, em virtude das facilidades, tem-se preferido a utilização de placas de
metal para execução de provas de carga, sendo este tipo de ensaio denominado de ensaio de
placas.
As provas de carga podem ser classificadas quanto localização (superfície, cavas rasas ou
furos revestidos ou não), modo de carregamento (carga controlada ou deformações
controladas). Em se tratando de modo de carregamento, é mais comumente utilizado o sistema
de deformações controladas por carga incremental, sendo que os incrementos de carga são
aplicados após a estabilização dos recalques do estágio anterior (ver figura 6). Além disso, os
ensaios de placas podem ser realizados em placas convencionais ou mesmo em placas-
parafuso (VELLOSO; LOPES, 2004).
t4 t3 t2 t1 q1 q2 q3 q4
Tempo Tensão
ρinst
ρtempo
Recalque
Figura 6: exemplo de resultado de prova de carga por carga incremental (VELLOSO; LOPES,
2004)
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
43
Quanto aos tipos de aparatos utilizados na realização de provas de carga, tem-se uma variação
muito grande. De modo que, o aspecto de maior importância se refere ao sistema de reação,
que deve ser suficientemente resistente para resistir as cargas aplicadas, sem apresentar
grandes deformações. Os sistemas de reação podem ser constituídos por estruturas de metal
ancorados ou fixados por meio de contrapesos (figura 7). No que diz respeito a aplicação de
carga, são utilizados macacos hidráulicos com células de carga para medição suficientemente
precisas.
Tirante
Bloco de
concreto
Placa
Contrapeso de Contrapeso por
Contrapeso por
Contrapeso de blocos de concreto caixa de areia veículo pesado
Tirantes blocos de concreto +
Tirantes
A execução de provas de carga exige alguns cuidados, aos quais os projetistas devem estar
atentos para evitar eventuais erros de interpretação. Um cuidado que se deve ter é quanto a
estratigrafia do solo. Sabe-se que as provas de carga, muitas vezes, são executadas em placas
de aço (ensaio de placas) – e não nas próprias fundações depois de executadas – cujas
dimensões geralmente são inferiores as dimensões da fundação que serão executadas. A figura
8 apresenta um erro de interpretação típico que pode ocorrer quando não se observa a
estratigrafia. Também é apresentada nessa figura, a distribuição do bulbo de tensões; sendo
que para a placa com dimensão b, praticamente toda a tensão é distribuída antes de atingir a
camada de solo B; já para a fundação com dimensão B (B > b) uma parte das tensões é
distribuída no interior do solo B, de modo que se o solo B for uma argila mole os recalques da
fundação serão maiores que os recalques provocados por uma camada homogênea de solo A,
agora considerando que o solo B fosse mais resistente que o solo A, os recalques seriam
menores que os recalques provocados por uma camada homogênea de solo A. A figura 8
também enfatiza um resultado de ensaio de NSPT, sendo que neste caso, a camada de solo B
não foi identificada pelo ensaio, assim provavelmente na apresentação do resultado da
sondagem, o operador classificaria o solo como sendo composto por uma camada única
composta pelo solo A.
Ensaio de placa
Q (kN/m2 ) Q (kN/m2 )
sondagem
Furo de
B>b
b B
Nspt = x
2.b
Solo A ~0,1.Q
~0,1.Q
Nspt = x 2.B
Nspt x Solo B
Nspt = x
Solo A
Nspt = x
Figura 8: corte mostrando estratigrafia do subsolo com a distribuição do bulbo de tensões para
um ensaio de placa e uma fundação de uma edificação (adaptado de Terzaghi e Peck, 1967)
2.5.1 Histórico
Como salientado por Terzaghi e Peck (1967), o passo mais importante num projeto de
fundações consiste em determinar a maior tensão que pode ser aplicada no solo sem causar
ruptura ou recalques excessivos. Segundo os autores, antes do advento da mecânica dos solos,
os métodos para determinação da tensão admissível eram baseados nas experiências dos
projetistas e em inadequados conhecimentos das propriedades e comportamentos dos solos, de
modo que os métodos eram falhos e empíricos. Desse modo, os parâmetros desses métodos
passaram a sofrer aperfeiçoamentos com a incorporação das teorias mecanicistas
posteriormente desenvolvidas.
Antes do século 19, a grande maioria das edificações eram robustas, porém as ligações entre
os elementos e os próprios elementos eram bastante flexíveis, de modo que grandes recalques
não representavam muito perigo. Logo, os projetistas não davam muita importância para as
fundações ou simplesmente construíam bases de fundações bastante largas, no entanto quando
percebiam que o solo era muito fofo para suportar as cargas eram utilizadas estacas. Por outro
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45
O problema dessas tabelas com valores de tensão admissível estava no fato de que não
oferecia nenhuma explicação sobre a origem destes valores, o que fez com que Terzaghi e
Peck (1967) chegassem a conclusão de que estes valores de tensão admissível não poderiam
provocar recalques uniformes e iguais para uma mesma tensão, pois o tamanho das fundação
bem como o tipo de fundação eram desprezados. Pior do que isso, muitos projetistas
acreditavam que tensões inferiores a tensão admissível não provocavam recalques.
Inicialmente, o desempenho das fundações projetadas com bases nas tabelas era satisfatório,
mas com o passar do tempo, os resultados passaram a ser desanimadores e as estruturas
recalcavam excessivamente. Muitos projetistas associavam esse fato a errada classificação do
solo, pois a classificação adotada em campo e, a das tabelas não tinha o mesmo significado.
Para contornar esta situação, a tensão admissível dos solos passou a ser avaliada com base em
provas de carga.
Tensão
Are NSPT Compacidade
ia dens
a
<4 Muito fofa
Recalque
4-10 Fofa
Are
10-30 Média
ia m
édia
Areia fofa
30-50 Densa
> 50 Muito Densa
(a) (b)
Figura 9: (a) resultado comparativo realizado em areias com diferentes compacidades, (b)
compacidade das areias em função do número de golpes do ensaio SPT (TERZAGHI; PECK,
1967)
Ainda no Brasil, a atual norma fundações (NBR 6122) em vigor desde 1996 apresenta uma
tabela de tensões admissíveis (tabela 5) em função das características granulométricas e
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47
O solo quando carregado apresenta recalque. Assim a relação da tensão aplicada e dos
recalques é comumente expressa de forma gráfica (figura 10). Como apresentado pelos
autores, na figura 10, têm-se curvas típicas de comportamento de solos fofos e densos, de
modo que para solos densos, percebe-se um aumento brusco nos recalques para nenhum ou
pouco incremento de carga, após uma determinada carga. Esse aumento brusco dos recalques
sem aumento de carga é definido como sendo a capacidade do solo. Por outro lado, percebe-se
que para solos fofos fica difícil a definição da capacidade de carga. Vale salientar que a tensão
admissível é obtida dividindo-se a capacidade de carga do sistema solo-fundação por fatores
de segurança.
Conforme Kédzi (1970, apud Velloso e Lopes, 2004) as curvas cargas-recalque podem ser
divididos em duas zonas: elástico e plástica. A zona elástica se desenvolve para pequenos
valores de carga, de modo que os recalques são praticamente proporcionais a tensão aplicada.
Na zona elástica os recalques, após um período de tempo, se estabilizam para uma mesma
tensão, sendo reversíveis. A zona plástica é caracterizada por recalques irreversíveis, sendo
que esses recalques, quando atingido um determinado valor de tensão, não se estabilizam com
o tempo, crescendo continuamente.
qr qr
Tensão
Curva típica de
solo denso
Curva típica de
solo fofo
Recalque
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49
Como pode ser visto nas figuras 10, a capacidade de carga no caso de ruptura generalizada é
de fácil obtenção, agora quando se trata de ruptura local ou por puncionamento, quando a
ruptura não for nítida, é necessária a adoção de critérios de ruptura. Cudmani (1994) apresenta
doze critérios para definição da carga de ruptura encontrados na literatura, no entanto em sua
dissertação foram utilizados cinco, sendo eles: recalque máximo de B/30, recalque máximo de
10%.B, tangente a curva de carga-recalque constante, critério de tempo e ponto de inflexão da
curva log-log de carga-recalque.
Nos métodos semi-empíricos as propriedades do solo são obtidas por meio de correlações
com resultados de outros ensaios, sendo posteriormente utilizados na determinação da
capacidade de carga a partir dos conceitos da mecânica dos solos (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996). Como, por exemplo, pode-se determinar os
parâmetros de resistência do solo a partir de correlações com ensaios de ensaios de campo e
utilizar as formulações citadas na seção 2.5.2.1 para a determinação da capacidade de carga.
A tensão admissível também pode ser obtida diretamente a partir de correlações com ensaios
de campo. Segundo Cintra, Aoki e Albiero (2003), no meio técnico brasileiro, já é bastante
utilizada a equação 7 desenvolvida por Skempton em 1951, posteriormente demonstrada por
Teixeira em 1996, para solos argilosos. Já para areias, Teixeira (1996, apud Cintra, Aoki e
Albiero, 2003) apresenta a equação 8. Mello (1975, apud Cintra, Aoki e Albiero, 2003)
definiu a equação 9 para qualquer tipo de solo. Também não se pode deixar de citar os
trabalhos desenvolvidos por e Terzaghi e Peck (1948, 1967) e Meyerhof (1965).
Segundo Schnaid (2000), a equação genérica 10 pode ser utilizada para a determinação das
tensões admissíveis do sistema solo-fundação a partir dos resultados de ensaios SPT. De
modo que a constante Ψ depende do tipo de solo, geometria da fundação, recalques admitidos
pela estrutura, etc. (SCHNAID, 2000). O autor apresenta duas tabelas – tabela 6, para solos
granulares e tabela 7, para solos coesivos – com valores mínimos de tensão admissível, que
poderão estar sujeitos a dispersões.
Tabela 6: correlações entre NSPT e qa para solos granulares (MILITITSKY; SCHNAID, 1995
apud SCHNAID, 2000)
Provável valor de tensão admissível – qa (kN/m2)
Compacidade NSPT
B = 0,75 m * B = 1,50 m * B = 3,00 m *
Muito Compacto > 50 > 600 > 500 > 450
Compacto 30 a 50 300 a 600 250 a 500 200 a 450
Mediamente compacto 10 a 30 100 a 300 50 a 250 50 a 200
Pouco Compacto 5 a 10 50 a 100 < 50 < 50
Fofo <5 Estudo específico
Obs.: * Menor dimensão da fundação considerada
Tabela 7: correlações entre NSPT e qa para solos coesivos (MILITITSKY; SCHNAID, 1995
apud SCHNAID, 2000)
Provável valor de tensão admissível – qa (kN/m2)
Compacidade NSPT
B = 0,75 m * B = 1,50 m * B = 3,00 m *
Dura > 30 > 500 > 450 > 400
Muito Rija 15 a 30 250 a 500 200 a 450 150 a 400
Rija 8 a 15 125 a 250 100 a 200 75 a 150
Mole 4a8 75 a 125 50 a 100 25 a 75
Muito Mole <2 25 a 75 < 50 Estudo específico
Obs.: * Menor dimensão da fundação considerada
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51
2.6 RECALQUES
Sabe-se que uma fundação ao ser carregada sofre recalques. Esses recalques ocorrem em parte
imediatamente após o carregamento e parte com o decorrer do tempo (SIMONS; MENZIES,
1977; VELLOSO; LOPES, 2004). Desta forma, o recalque total pode ser atribuído a essas
duas parcelas (equação 11).
Velloso e Lopes (2004), salientam que em solos com drenagem rápida (areias ou solos
arenosos com pouca argila e solos parcialmente saturados) o recalque total ocorre
rapidamente após o carregamento, pois não ocorre geração de excesso de poro-pressão ou a
dissipação é praticamente imediata.
Existe uma grande dificuldade na geotecnia em se obter amostras indeformadas de areias para
ensaios em laboratório. Além disso, a moldagem de amostras de areias que simulem as
condições de campo é uma tarefa difícil, pois além da compacidade de areia existe o fator do
pré-carregamento. Assim para a determinação das deformações tem se preferido os ensaios de
campo, mais especificamente os ensaios de penetração (SPT e CPT), cujos resultados tem
sido utilizados para o desenvolvimento dos mais diferentes tipos de modelos para a
determinação dos recalques.
Quanto a natureza dos modelos, tem surgido modelos bastante simples, baseados em
correlações empíricas e/ou estatísticas, passando por modelos que aproveitam parte da teoria
clássica da elasticidade até o desenvolvimento de modelos computacionais, como mais
recentemente baseados em redes neurais, e modelos numéricos, como os métodos baseados
em diferenças finitas, método de elementos finitos e método dos elementos de contorno.
Os primeiros modelos de que se tem notícia surgiram na década de 40, mais especificamente
em 1948, com um trabalho pioneiro de Terzaghi e Peck, baseado no ensaio SPT. A partir do
equacionamento do gráfico de tensão admissível-largura da fundação-NSPT de Terzaghi e Peck
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
53
(1948) por Meyerhof (1965), muitos autores têm modificado este modelo na tentativa
melhorar a precisão do modelo original, principalmente por volta da década de 60. Já em
1970, Schmertmann implantou o conceito da distribuição de deformações ao longo da
profundidade com base na teoria da elasticidade e em observações de campo. A partir da
década de 70 começaram a surgir modelos que levaram em consideração um maior número de
variáveis (exemplo: BURLAND; BURBIDGE, 1973; SCHMERTMANN; 1970, 1978), bem
como modelos mais complexos, como é o caso do modelo de Oweis (1979). Atualmente
existe uma grande gama de modelos computacionais ou não, da mais variada complexidade,
que permitem diversas simulações e ajuste de modelos que envolvem ensaios de campo e
ensaios de laboratório ao mesmo tempo, como é o caso do trabalho desenvolvido por Fonseca
(2001), que adaptou um modelo para determinação de recalques em ensaios de placas por
meio de retro-ánalise de ensaios triaxiais.
Muitas vezes na mecânica dos solos a determinação da distribuição das tensões e dos
recalques são baseados na teoria clássica da elasticidade, que como apresentado por Poulos e
Davis (1974), fornece uma grande gama de diagramas de distribuição de tensões e
deslocamentos verticais e horizontais induzidos por diversos tipos de distribuição de tensões
aplicadas em áreas planas com as mais variadas formas geométricas (circulares, quadradas,
retangulares, etc.).
Como exemplo, tem-se as curvas de iso-tensões ou bulbo de tensões que representam a
distribuição das tensões verticais, como pode ser visto na figura 11. Já Janbu et al. (1956,
apud Simons e Menzies, 1977), apresentaram um diagrama para a determinação das tensões
no centro ao longo da profundidade para fundação flexível de forma circular, quadrada ou
circular, carregada uniformemente (ver figura 12). Analisando as figuras 11 e 12, pode-se
perceber que para fundações quadradas e circulares praticamente toda dissipação de tensão
vertical (0,06.q para fundações circulares e 0,13.q para fundações quadradas) ocorre até uma
profundidade equivalente a duas vezes o diâmetro/lado da fundação (z/B = 2,0).
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
54
n
1
ρ = 1000.∑ .(q z − ν i .q x − ν i .q y ).∆z i (equação 13)
i =1 Ei
Figura 11: bulbo de tensões verticais sob fundações flexíveis carregadas uniformemente, sob
sólido homogêneo de grande espessura (TENG, 1962 apud SIMONS; MENZIES, 1977)
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
55
Agora para um solo argiloso que apresenta uma camada de solo homogênea ao longo da
profundidade pode-se adotar um único valor de E e ν que seja representativo do solo
(POULOS; DAVIS, 1968 apud SIMONS; MENZIES, 1977). Desta forma a determinação do
recalque pode ser expressa pela equação 14.
q.B.I
ρ = 1000 (equação 14)
E
De modo a facilitar a determinação dos recalques Janbu et al. (1956, apud Simons e Menzies,
1977) desenvolveram um ábaco para a determinação dos recalques médios imediatos sobre
fundações circulares, quadradas e retangulares assentes em argilas não-drenadas. A figura 13
apresenta este ábaco, de modo que o coeficiente de influência (I) é determinado por meio da
multiplicação de dois fatores µ0 e µ1. Como salientado por Janbu et al. (1956, apud Cudmani,
1994), o ábaco somente deve ser utilizado para os casos de argilas não-drenadas, pois o valor
do coeficiente de Poisson considerado é igual a 0,5.
Segundo Velloso e Lopes (2004), pela teoria da elasticidade tem-se inúmeras soluções de
casos para a determinação dos recalques. No caso de sapatas de sob carga centrada, o recalque
pode ser determinado pela equação 15.
1 −ν 2
ρ = 1000. .q.B.( I S .I d .I h ) (equação 15)
E
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57
Os fatores de forma/rigidez, e espessura da camada podem ser obtidos por meio das tabelas 8
e 9. Já quanto ao embutimento, ainda existe muita controvérsia; sendo na realidade o efeito
devido a aproximação de uma camada de solo com diferentes camadas; e não relacionado a
um fator geométrico. Desta forma quando se utiliza a teoria da elasticidade é conveniente
desprezá-lo (LOPES, 1979 apud VELLOSO; LOPES, 2004).
Em um trabalho proposto por Stroud (1989 apud Schnaid, 2000), foi mostrado que existe uma
relação entre E / N SPT ,60 e taxa de carregamento (q/qu) , como pode ser visto na figura 14. Para
o autor, a relação entre E / N SPT ,60 para areias normalmente carregadas fica entre 1 e 2 MN/m2
e para areias pré-carregadas fica entre 1,5 a 6 MN/m2. Considerando um fator de segurança de
3, pode-se notar que a relação E / N SPT ,60 fica em 1,0 MN/m2 para areias normalmente
carregadas e 1,5 MN/m2 para areias pré carregadas (SCHNAID, 2000). Agora, Clayton (1986
apud Schnaid, 2000) utilizando os dados de Burland e Burbidge publicados em 1985, definiu
a tabela 10 como sendo as faixas de variação para a relação E / N SPT ,60 .
Figura 14: valores de E / N SPT ,60 para areias normalmente e pré-carregadas em função da taxa
de carregamento (STROUB, 1989 apud SCHNAID, 2000)
em 1,0 MN/m2, válida até uma taxa decrescente de 0,1; passando para um valor de 6,3 a 10,4
MN/m2 para taxas de carregamento inferiores a 0,1.
Teixeira e Godoy (1996, apud Cintra, Aoki e Albiero, 2003), apresentam uma correlação mais
direta entre os valores de N SPT e E, como pode ser visto na equação 16. Os fatores j e w
Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004) por meio de retroanálise em provas de cargas
realizadas em solos residuais, determinou os módulos de elasticidade para estes solos por
meio da teoria da elasticidade. Os resultados são apresentados na figura 15, bem como
modelos para a estimativa media e limites máximos e mínimos dos valores de E para solos
residuais.
120
100
E =0,9.N SPT 1,4
E (MN/m 2 )
80 E =0,6.N SPT 1,4
60
40
E =0,4.N SPT 1,4
20
0
0 5 10 15 20 25 30
N SPT
Figura 15: valores de E obtidos pela retroanálise, bem como limites mínimo, médio e máximo
para solos residuais obtidos por Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004)
Terzaghi e Peck Original (1948) sugerem que a tensão admissível em areias pode ser obtida
diretamente da figura 16, cujas curvas foram obtidas com base em provas de carga. De modo
que as curvas representam uma relação entre o lado/diâmetro (B) da fundação e a tensão
necessária para provocar um recalque de 25,4 mm (recalque máximo admitido para garantir
segurança estrutural) numa fundação assente em areia com um determinado valor médio de
NSPT.
700
Muito densa
600
Tensão admissível - qa (kN/m2 )
NSPT = 50
500
Densa
400
NSPT = 30
300
200 Média
NSPT = 10
100
Fofa
0
0 1 2 3 4 5 6
lado/diâmetro da fundação - B (m)
Figura 16: curvas para determinação da tensão admissível de areia secas ou úmidas (z/B > 2B)
com base nos valores médios de NSPT e largura da fundação (TERZAGHI; PECK; 1948, 1967)
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61
Beer e Martins (1957, apud Simons e Menzies, 1977) obtiveram a equação 17 para
determinação direta dos recalques com base nos resultados do ensaio de cone. De modo que o
coeficiente de compressibilidade (Cc) pode ser obtido pela equação 18.
z σ ' + q
ρ = 1000. . ln v ' (equação 17)
Cc σ v
1,5.q c
Cc = (equação 18)
σ v'
Posteriormente em 1965 de Beer reconheceu que a equação 18 era muito conservadora, sendo
que sugeriu que a constante 1,5 fosse substituída por 1,9 (ver equação 19) (SIMONS;
MENZIES, 1977).
1,9.q c
Cc = (equação 19)
σ v'
Como apresentado por Alpan (1964, apud Simons e Menzies, 1977), os recalques da placa
podem ser obtidos pela equação 20. Já a equação 21, apresenta a equação para extrapolação
dos recalques em fundações.
2
2 .B
ρ = ρ p . (equação 21)
B + 0,3048
compacidade relativa até a curva obtida por Terzaghi e Peck, de modo que o valor
de NSPT da interseção corresponde ao valor de NSPT corrigido;
Figura 17: ábaco para correção dos valores de NSPT em função do embutimento (ALPAN,
1964 apud SIMONS; MENZIES, 1977)
(a) (b)
Figura 18: (a) ábaco para determinação do coeficiente de recalque (ao) para valores baixos de
NSPT, neste caso deve-se verificar se a tensão aplicada está abaixo da faixa linear; (b) Ábaco
para determinação do coeficiente de recalque (ao) para valores altos de NSPT (ALPAN, 1964
apud SIMONS; MENZIES, 1977)
Como citado por Simons e Menzies (1977), o modelo merece algumas criticas. A primeira
delas se refere ao valor de NSPT adotado, pois o valor considerado no modelo corresponde ao
valor na base da fundação, não sendo considerados os valores ao longo da profundidade de
influência. A segunda diz respeito a extrapolação dos recalques determinada por Terzaghi e
Peck (1948, 1967) que está sujeita a erros.
B + 0,3048
2
Considerando que os recalques sejam proporcionais as tensões aplicadas (ver equação 25) -
até a tensão admissível - Meyerhof (1965) adaptou as equações de 22 a 24, para determinação
dos recalques. Assim, se as equações de 22 a 24 forem substituídas na equação 25, obtém-se
as equações 26 a 28.
q
ρ= .ρ a (equação 25)
qa
1,92.q
ρ≅ , para sapatas com B ≤ 1,20 m (equação 26)
N SPT
2
2,86.q B
ρ≅ . , para sapatas com B > 1,20 m (equação 27)
N SPT B + 0,3048
2,86.q
ρ≅ , para radiers (equação 28)
N SPT
Peck e Bazaraa (1969) salientam que segundo apontado por observações de vários
pesquisadores, os recalques dobram de valor na condição submersa em comparação com a
condição seca ou úmida. Desta forma é sugerido que quando o nível d’água se encontra logo
abaixo da base da fundação, os recalques podem ser estimados pela equação 29. O valor de
ρ w corresponde ao recalque estimado pelas equações 26 a 28 corrigido pela multiplicação de
um fator de 2 a 3.
ρ w = κ .ρ (equação 29)
Conforme Webb (1969, apud Oweis, 1979) a deformação máxima ocorre logo abaixo da base
da fundação. Com base nesta idéia que o autor desenvolveu um modelo para a determinação
de recalques, como sendo o somatório dos recalques ao longo da profundidade a partir da base
da fundação (equação 30).
q zi
ρ = ∑i =1
n
.∆z i (equação 30)
Ei
O módulo de elasticidade da camada pode ser determinado a partir do valor de NSPT por meio
das equações 31 a 33 (WEBB, 1969 apud OWEIS, 1979).
Ei = 5.( N SPTi + 15) , para areia finas a média submersas (equação 31)
10
Ei = .( N SPTi + 5) , para argilas arenosas (equação 32)
3
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65
IZ
2B
2B
∆I
ρ ≈ 1000 ⋅ Ce ⋅ Ct ⋅ q ⋅ ∫ .dz ≈1000 ⋅ Ce ⋅ Ct ⋅ q ⋅ ∑ Z .∆z (equação 34)
0
ES 0 ∆E S
1 2.z
I Z = 0,6. ∴ 2.z < B
B
2
0,4
IZ = .(2.B − z ) ∴ 2.z > B
Z/θ
B
3
Figura 19: distribuição do fator de influência (Iz) ao longo da profundidade ajustada por
Schmertamann (1970)
de embutimento, menores serão os recalques (para uma camada de areia homogênea). O fator
de correção Ce pode ser obtido pela equação 35.
σ v'
Ce = 1 − 0,5 ⋅ ≥ 0,5 (equação 35)
q −σ v
'
Outro fator de correção leva em conta o efeito do tempo. O autor salienta que em alguns caso
pode ocorrer o fenômeno de deformação lenta ao longo do tempo (creep). Assim o autor
apresenta a equação 36 para a determinação do fator de correção de tempo.
t
Ct = 1 + 0,2. log (equação 36)
0,1
O módulo de elasticidade (E) pode ser obtido diretamente por meio de provas de carga em
elementos reduzidos (por exemplo, placas com diâmetro de 0,30 m e 0,80 m), sendo que a
partir dos valores de recalque pode ser feita uma retro-ánalise utilizando a equação 14 para a
determinação do valor de E. Como alternativa, o autor sugere que sejam utilizados os
resultados do ensaio de cone (CPT) ou SPT, de modo que a partir de correlações empíricas
possa-se determinar os valores de E. Por meio de correlações entre os resultados de provas de
carga e ensaios de cone padrão (ponteira de aço com inclinação de 600, área projetada de 10
cm2 e velocidade de penetração de 2 cm/s), o autor chegou a equação 37. Também por meio
de diversas correlações entre ensaios SPT e cone, o autor lembra que a relação entre os
valores de resistência de ponta (qc) do ensaio de cone e os valores de NSPT do ensaio SPT
variam conforme o tamanho de grãos do solo e da granulometria, de modo que o autor sugere
os valores da tabela 12.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
67
O método de Schultze e Sherif (1973, apud Milititsky et al., 1982) consiste num método que
estima os recalques de fundações diretas em solos arenosos com base numa equação linear.
Para a previsão dos recalques os autores sugerem a utilização da equação 38 (SCHULTZE;
SHERIF, 1973 apud MILITITSKY et al., 1982). Os valores do coeficiente de recalque (S)
podem ser obtidos pelo ábaco da figura 20.
S
ρ= .q (equação 38)
N 0,87 .1 + 0,4. z
SPT
B
Deve-se atentar para que a espessura da camada seja superior a duas vezes a largura da
fundação (2.B), caso contrário deve adotar um dos fatores de redução apresentados na figura
20 (b) que deve ser multiplicado pelo coeficiente de recalque (S) obtido na figura 20(a).
D
10
100 L/B
D
5
L/
2 ds/B 1 2 5 100
s (mm/kN/m 2)
1
1,5 0,91 0,89 0,87 0,85
1 1,0 0,76 0,72 0,69 0,65
0,5 0,52 0,48 0,43 0,39
(b)
ds
Solo 1
0,1
0,5 1 10 60
Solo 2
Largura - D (m)
(a)
Figura 20: ábaco para determinação do fator s e tabela para o fator de correção do ds
(SCHNAID, 2000)
Na figura 21, Burland, Broms e de Mello (1977), compilam uma série de resultados de
recalques de fundações e radiers encontrados na literatura (Bjerrum e Eggestad de 1963; Parry
de 1971; Davisson e Salley de 1972; Garga e Quin de 1974, Morton de 1974 e Shutlze e
Sherif de 1973). Na figura 21, os autores classificaram cada caso em função da compacidade
da areia (função do resultado médio do ensaio SPT) onde foram assentes as fundações.
Conforme os autores, não existe um limite nítido dos resultados em função da compacidade
das areias, no entanto é possível definir três limites superiores empíricos, como pode ser visto
na figura 21. Milititsky et al. (1982), equacionaram os limites superiores apresentados por
Burland, Broms e de Mello (1977) de forma aproximada pelas equações 39 a 41.
1,0
ior
uper
Fofa (NSPT < 10) ite S
Lim Fofa
a
Média (10 < NSPT < 30) Arei
Densa (NSPT > 30)
Tensão Aplicada - q (kN/m2)
Recalque - ρ (mm)
0,1 r r
perio perio
te Su te Su
Limi Média Limi Densa
Areia Areia
0,01
0,1 1,0 10,0
Largura - B (m)
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69
q − σ v'
I z max = 0,5 + 0,1. (equação 42)
σ'
vp
F a to r d e d e f o r m a ç ã o v e r tic a l ( I z )
0 ,0 0 ,1 0 ,2
0 ,0
0 ,5 Q u ad rad a
( L /B = 1 )
1 ,0 B
E = 2 ,5 q c q = q - σ v'
Iz = 0 ,5 + 0 ,1 . p q
m ax
σ vp σ v'
Z/B
2 ,0
R e ta m g u la r
( L /B > 1 0 ) B /2 - Q u a d r a d a e
E = 3 ,5 q c B = R e ta n g u la r σ vp
3 ,0 P r o f u n d id a d e
p a ra Iz m ax
4 ,0
(a) (b)
Figura 22: modificações sugeridas para o modelo de Schmertmann (1970): (a) ábacos para
fatores de deformação, (b) detalhamento para determinação das tensões verticais efetivas
(SCHMERTMANN; HARTMAN; BROWN, 1978)
q.B
ρ = β. (equação 45)
Nm
1
Nm = .(3.N1 + 2.N 2 + N1 ) (equação 46)
6
Os valores médios considerados na equação 46, conforme citado pelo autor, foram
estabelecidos com base na distribuição de deformações verticais apresentada por
Schmertaman (1970).
Pela equação 45, percebe-se que a estimativa dos recalques é diretamente proporcional a
tensão aplicada na fundação e inversamente proporcional ao valor médio de NSPT. O autor
afirma que a equação desenvolvida não deve ser entendida como uma equação elástica, apesar
do valor de NSPT representar indiretamente um valor de módulo de elasticidade.
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71
No trabalho apresentado por Parry (1978), a constante de correlação (β) obtido por meio de
análise de diversas provas de carga executadas em areias corresponde a um valor de 0,2. No
entanto, o autor recomenda aumentar o valor encontrado pela equação em 50% para projetos
de fundações.
Conforme Oweis (1979), o modelo linear equivalente proposto tem como base os conceitos
clássicos da teoria da elasticidade, que leva em consideração parâmetros importantes, não
considerados nos modelos até então propostos, considerados fundamentais para a uma precisa
previsão de recalques. Assim como citado pelo autor, a base do modelo consiste em propor
uma estimativa para o módulo de elasticidade que é dependente da tensão normal efetiva
principal induzida no solo, nível de deformações e compacidade inicial da areia; para tanto o
autor analisou 51 provas de cargas executadas em diversos locais em areias, areia
pedregulhosa e pedregulhos.
Para a aplicação do modelo proposto pelo autor é necessário adotar alguns procedimentos
básicos e identificar algumas propriedades do subsolo. Após definidas as propriedades
básicas do subsolo, deve-se seguir a rotina de cálculo proposta por Oweis (1979). A rotina de
cálculo consiste em determinar diversos parâmetros que definem o recalque em cada camada
de solo e ao final fazer o somatório dos recalques parciais.
α BB
Ic = 1, 4 (equação 48)
N SPT
Como apresentado por Burland e Burbidge (1985, apud Schnaid, 2000) existem dois casos
especiais de tipos de solos cujos valores do ensaio SPT precisam ser corrigidos. Assim os
autores definiram uma equação de correção para cada caso, sendo a equação 49 para silte
arenoso, com NSPT maior que 15 golpes, e a equação 50 para seixo ou seixo mais areia.
Segundo apresentado por Ghionna, Manassero e Peisino (1991), uma aproximação confiável
dos recalques em depósitos homogêneos pode ser obtida por meio da teoria da elasticidade,
considerando-se apropriados valores de módulo de elasticidade. Deste modo, os autores
apresentam um modelo tensão-deformação hiperbólico derivado de parâmetros lineares de
deformação derivados de ensaios de placa.
A equação final para determinação do recalques (equação 51), definida pelos autores é
apresentada abaixo.
1 q n .B.I .(1 −ν 2 )
ρ = 1000. .
Ks q .B.I .(1 −ν 2 ) (equação 51)
(σ m' ) nm − n ' 1−n
(σ mt ) m .C f .Z
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73
q 0,87 .B 0, 70
ρ = 2,37. 1, 20 (equação 52)
N SPT
q 0,94 .B 0,90
ρ = 0,57. 0 ,87
, para NSPT < 10 (equação 53)
N SPT
q1, 01 .B 0,69
ρ = 0,35. 0 , 94
, para 10 < NSPT < 30 (equação 54)
N SPT
q 0,90 .B 0,76
ρ = 604. 2 ,82
, para NSPT > 30 (equação 55)
N SPT
q 0, 77 .B 0, 45
ρ = 1,90. 1, 08
, para B < 3 m (equação 56)
N SPT
q1, 02 .B 0,59
ρ = 1,64. 1, 37
, para B > 3 m (equação 57)
N SPT
Como apresentado por Shahin, Maier e Jaksa (2003), ao longo dos anos foi surgindo uma
grande variedade de modelos consistentes, de natureza simplesmente empírica até complexos
modelos não-lineares, para previsão de recalques em fundações superficiais. Recentemente
surgiu o conceito de retro-ánalise baseado na percepção de multi-camadas (MLPs) para
previsão de recalques de fundações com o uso de redes neurais. Os algoritmos baseados em
redes neurais têm surgido como uma nova ferramenta no campo da engenharia de fundações,
de modo que já são utilizados para análise de estabilidade de taludes (NI et al., 1996 apud
SHAHIN; MAIER; JAKSA, 2003).
O ponto de partida dos autores foi a escolha de cinco parâmetros considerados mais
significantes na determinação dos recalques, os quais são: largura de fundação (B), tensão
aplicada na fundação (q), compacidade de areia, obtida em função do numero médio de
golpes do ensaio SPT (NSPT) abaixo da profundidade de influência, geometria da fundação
(L/B) e razão de embutimento (Z/B); sendo consideradas as três primeiras como variáveis de
entrada (input) do modelo. Para o desenvolvimento do modelo, os autores utilizaram 189
casos de fundações assentes em areias encontrados na literatura (125 de Burland e Burbidge,
30 de Wals, 22 de Burland, 5 de Bazaraa, 4 de Briaud e Gibbens, 2 de Maugeri et al., 1 de
Picornell e Del Monte).
determinados pelos mais diversos modelos. Essas comparações têm a intenção de verificar se
os modelos se aplicam a locais e solos diferentes daqueles para os quais foram desenvolvidos.
Simons, Rodrigues e Hornsby (1974, apud Simons e Menzies, 1977) utilizaram oito modelos
para a previsão de recalques em seis estruturas com registros de recalques. A tabela 13
apresenta um resumo dos resultados. Por meio dos resultados pode-se perceber que os
modelos de Alpan (1964) e Schmertmann (1970) apresentaram os melhores resultados
(SIMONS; MENZIES, 1977).
O trabalho de Andrade (1982, apud Velloso e Lopes, 2004) apresenta uma comparação entre
os recalques medidos em quatro provas de carga em placas e sapatas, e os recalques
determinados por diversos modelos. Por meio deste trabalho chegou a seguinte avaliação
sobre os modelos:
Militisky et al. (1982) apresentaram uma comparação entre recalques medidos e calculados
em doze provas de cargas em areias obtidas de seis publicações. Como apresentado pelos
autores somente dois modelos se apresentaram conservadores, ou seja, razão entre recalque
calculado pelo medido (Rr) maior que 1, para todas as provas de carga: Terzaghi e Peck
(1948) – variação de Rr entre 1,15 e 10,0 – e Peck et al. (1974) – variação de Rr entre 1,18 e
10,8. Como apresentado por Militisky et al. (1982), o modelo de Terzaghi e Peck (1948)
modificado por diversos autores reduziu o conservadorismo, porém mostraram-se contra a
segurança em alguns casos, como no caso do modelo modificado por Meyerhof (1965) –
variação de Rr entre 0,45 e 6,6 – e Tomlinson (1969) – variação de Rr entre 0,42 e 5,36. Já os
modelos de Alpan (1964), D´Appolonia et al. (1970) e Parry (1971) apresentaram resultados
satisfatórios (MILITISKY et al., 1982). Ainda segundo Militisky et al. (1982), o modelo de
Schutze e Sherif (1973) apresentou resultados surpreendentemente bons. A tabela 14
apresenta os resultados médios e o intervalo de variação dos recalques para os diferentes
métodos.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
77
Fonseca (2001) apresentou duas provas de carga (placa com diâmetro de 0,60 m e fundação
de concreto armado com diâmetro de 1,20 m) realizadas em solo residual de granito em
Portugal, de modo que o autor comparou os recalques reais medidos em campo com os
resultados obtidos por diversos métodos desenvolvidos para previsão de recalques. Assim
para o modelo de Parry (1978), considerando a constante de correlação (β) igual a 0,30
conforme proposto por pelo autor do modelo, os resultados se mostraram satisfatórios; além
disso, Fonseca (2001) fez uma retro-ánalise e obteve os valores da constante de correlação (β)
variando entre 0,30 e 0,44, obtendo um valor médio de 0,36 para as provas de carga
ensaiadas. O autor também aplicou o modelo de Burland e Burbidge (1985), de modo que
chegou a conclusão que o modelo é muito conservador; assim fazendo uma retro análise das
provas de carga obteve uma variação de 0,50 a 0,86 para a constante αBB; além disso Fonseca
(2001) considera prudente considerar o valor da constante αBB como sendo a metade do valor
provável encontrado por Burland e Burbidge (1985), ou seja, 0,85, para o solo estudado.
Outro modelo utilizado por Fonseca (2001) para previsão dos recalques, foi o modelo de
Anagnostopoulos et al. (1991), sendo que os resultados se mostraram bastante conservadores;
além disso, o autor sugeriu dois novos grupos de valores para as constantes do modelo
utilizado – linear ( f = 0,18; nB = 1,40; nq = 1,23; nN = 1,4) e não-linear ( f = 0,60; nB = 0,90;
nq = 1,00; nN = 1,4). Fonseca (2001), ainda aplicou o modelo de Ghionna et al. (1991); para
tanto primeiramente determinou o valor da constante n por meio de ensaios triaxiais, obtendo
um valor médio de 0,263; e a partir de retro análise dos resultados das provas de carga obteve
os valores das constante Ks = 45,97 (kN/m2)0,55 e Cf = 1,87 (para a fundação) e 1,94 (para a
placa).
É importante notar que neste estudo cada observação amostral é composta por um número
pré-definido de variáveis, que devem ser de mesma grandeza (exemplo: x1,y1; x2,y2; x3;y3;...)
(STERVENSON, 1981).
Segundo Spiegel (1978) é importante se fazer um gráfico dos dados amostrais. O gráfico
permite a visualização do comportamento das variáveis, e assim ter uma primeira idéia sobre
a relação entre as variáveis envolvidas.
A regressão pode ser do tipo linear ou não-linear e simples ou múltipla. É dito que a regressão
é linear quando pode se estabelecer uma relação de linearidade entre as variáveis, já é
caracterizada uma regressão não-linear quando existe qualquer outro tipo de relação entre as
variáveis que não seja a linear, tais como logarítmica ou exponencial (SPIEGEL, 1978;
STERVENSON, 1981). Como a regressão linear é de fácil aplicação, pode-se utilizar o
artifício da linearização dos dados amostrais, como é o caso das escala logarítmica. A
regressão simples é caracterizada somente por duas variáveis (exemplo: x e y), sendo uma
dependente da outra; já na múltipla existem mais de duas variáveis envolvidas, sendo que uma
é função das várias outras.
Na regressão linear simples pode-se estabelecer uma reta como sendo a relação entre as
variáveis (equação linear: y = axy + bxy.x). De modo que os valores preditos (y) são valores
dependentes de somente uma variável independente (x) (STERVENSON, 1981).
Conforme Spiegel (1978), pode-se ajustar qualquer tipo de curva a um conjunto de dados.
Porém é de se esperar que uma determinada curva se ajuste melhor que outra. Uma
verificação prática consiste em se determinar a diferença entre a variável dependente amostral
e estimada de todos os dados envolvidos. Estas diferenças são denominadas de desvios, erros
ou resíduos.
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79
forneçam o menor desvio (axy,min, bxy,mim). Segundo a estatística, estes coeficientes podem ser
calculados pelas equações 57 e 58 (STERVENSON, 1981).
na .∑ x. y − ∑ x.∑ y
bxy ,min = (equação 57)
na .∑ x 2 − ∑ x 2
a xy ,min =
∑ y −b xy , min .∑ x (equação 58)
na
Segundo Stervenson (1981), a estatística reconhece que as equações de regressão têm certas
peculiaridades. Em primeiro lugar, as equações fornecem um valor provável médio. Em
segundo lugar, não se pode extrapolar as equações para um limite de variáveis independentes
(x) fora daquele utilizado para determinação das equações de ajuste.
Logo, seria lógico considerar que a estimativa para a população é dada pela equação 60
(STERVENSON, 1981). Sendo e, neste caso, a dispersão da população.
A dispersão é resultado do fato de não existir uma relação perfeita entre as variáveis em toda a
população (STERVENSON, 1981). Também conforme Stervenson (1981), em uma análise de
regressão é impossível a utilização de todas as variáveis independentes, geralmente são
consideradas somente as mais importantes. Desta forma, cada conjunto de dados amostrais
considerado pode gerar uma equação de regressão distinta. A figura 23 ilustra um exemplo.
y
conj. amostral A população
conj. amostral B
Figura 23: exemplo de retas ajustadas para diferentes conjuntos amostrais para uma mesma
população (adaptado de STERVENSON, 1981)
A dispersão de uma população pressupõe que existam para qualquer conjunto de valores de
variáveis independentes diversos valores de variáveis dependentes. A estatística, segundo
Stervenson (1981), estabelece que este conjunto de valores da variável dependente segue uma
distribuição normal (ver exemplo na figura 24), denominada de distribuição condicional.
y
equação de
regressão
distribuição
condicional
Figura 24: exemplo de distribuição normal dos valores possíveis de y (STERVENSON, 1981)
É sabido que quanto maior a dispersão, menor será a precisão das estimativas. A dispersão da
população pode ser estimada com base na dispersão dos dados amostrais em relação a
equação ajustada, no caso da reta por meio da equação 61 (SPEIGEL, 1978). Speigel (1978)
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81
cita que a curva de regressão obtida por meio de mínimos quadrados é a que apresenta menor
erro padrão de estimativa.
Se =
∑( y − y ) c
2
(equação 61)
na
Observando a equação 61, percebe-se que é a mesma equação para determinação do desvio
padrão, porém o valor médio das variáveis dependentes foi substituído pela estimativa, pois se
deseja saber o desvio em função da reta ajustada e não em função da média (SPIEGEL, 1978;
STERVENSON, 1981).
Segundo Spiegel (1978), a equação 61 define um valor único e constante para toda amostra,
de modo que os limites inferior e superior passam a ser retas paralelas, se a equação ajustada
for uma reta. A distância dos limites inferior e superior pode ser definido por nd.Se. De modo
que, dependendo do valor de nd considerado pode-se englobar diferentes porcentagem dos
dados amostrais entre os limites definidos.
Como apresentado por Stervenson (1981), o teste de hipóteses pode ser feito por meio de uma
distribuição normal do tipo ts. A equação 62 descreve a distribuição normal de ts, onde Bxy é o
coeficiente angular da reta que define a população, bxy corresponde o valor do coeficiente
angular da reta ajustada aos dados amostrais e Sb corresponde ao desvio padrão da
distribuição normal que é dado pela equação 63. Assim é possível testar a hipótese de bxy =
Bxy (H1:Bxy = bxy, sendo Bxy ≠ 0) (STERVENSON, 1981).
1 (equação 63)
Sb = Se .
∑x −∑
2
2x
na
Embora analisando uma população que aparentemente não apresente nenhuma relação entre
as variáveis, como a mostrada na figura 23, pode-se estabelecer uma relação para um conjunto
de dados amostrais. Assim, é necessário se verificar se a equação é representativa da
população. No caso, se não existir uma relação entre as variáveis é de se esperar que o
coeficiente angular seja zero (Ho:Bxy=0) (STERVENSON, 1981).
S y2 − S e2 S e2 [∑ ( yi − yc ) 2 ] /( na − 2) (equação 64)
r2 = = 1− = 1 −
[∑ ( yi − y ) 2 ] /(na − 2)
2
S y S y2
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83
Analisando a equação 64, percebe-se que pode variar entre 0 e 1. Assim, se a dispersão em
torno da reta ajustada for pequena, mais próximo de 1 ficará o valor de r2, e quanto maior a
dispersão mais próximo o valor de r2 será de 0 (SPIEGEL, 1978; STERVENSON, 1981).
X X
(a) (b)
O valor de y esperado, obtido pela equação ajustada pode ser interpretado de duas formas.
Pode-se interpretar o valor de y esperado como sendo um valor médio para um valor de x, ou
como sendo um valor individual estimado (STERVENSON, 1981). Como citado por
Stervenson (1981), o valor de y para as duas interpretações é o mesmo, porém o intervalo de
confiança dependerá da interpretação dada. O intervalo tomando como base a interpretação de
valores médios é dada pela equação 65, enquanto que para a interpretação para valores
individuais é dada pela equação 66 (STERVENSON, 1981).
1 ( x g − x) 2 (equação 65)
S yc = S e . +
na ∑ x 2 − ∑ x 2 / n a
1 ( x g − x) 2 (equação 66)
S yi = S e . 1 + +
na ∑ x 2 − ∑ x 2 / na
Analisando as equações 65 e 66, percebe-se que o desvio dado pela equação 65 e menor que o
desvio dado pela equação 66. A plotagem das equações 65 e 66 fornece faixas de confiança,
que quando vão se afastando da equação ajustada a medida que os valores de x vão se
afastando do valor médio de x. A figura 27 ilustra um exemplo hipotético.
faixa de
confiança Equação de
ajuste
para yi
(x,y) faixa de
confiança
para yc
X
Figura 27: exemplo de ajuste linear com as faixas de confiança (STERVENSON, 1981)
Os intervalos de confiança podem ser determinados a partir da equação 60, onde o erro devido
a dispersão pode ser obtido pela equação 67. Nesta equação o valor de t-Student (ts) é tabelado
em função do nível de confiança e do número de graus de liberdade (na-2, no caso de ajuste
linear simples).
e = t s .S y (equação 67)
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
85
3 PLANEJAMENTO DA PESQUISA
A pesquisa teve como base provas de cargas realizadas em solos residuais, executadas
principalmente no Brasil, obtidas através de consulta a literatura existente e a empresas
geotécnicas especializadas no assunto. Na literatura, foram feitas consultas a periódicos,
revistas técnicas, dissertações, teses e anais de eventos, tanto nacionais (principal enfoque)
como internacionais, que abordassem o tema. Já no caso de empresas especializadas, foram
consultados os bancos de dados de empresas que prestam serviços geotécnicos, bem como a
diversos órgãos públicos que exigem ou exigiam resultados de provas de carga para a
realização de suas obras de engenharia (exemplo, Banco do Brasil S.A.). Para seleção do
material que fosse útil à pesquisa, estabeleceu-se a exigência de que contivesse pelos menos
três elementos considerados fundamentais para o desenvolvimento do trabalho: a) resultado
de provas de carga em sapatas ou ensaio de placas (curvas ou tabela de carga/tensão-
recalque); b) subsolo composto por solo residual com uma breve descrição do perfil; e c)
resultado de ensaios de campo (SPT e/ou CPT, dando-se preferência para o SPT).
O segundo passo da pesquisa foi a digitalização do material selecionado, uma vez que a maior
parte do material está impresso em papel, para posterior organização em planilhas eletrônicas
que possibilitasse a manipulação com maior facilidade e a comparação dos dados publicados
pelos diversos autores. Além disso, os resultados de provas de carga foram grafados na forma
de curvas de tensão-recalque.
Por meio da identificação dos parâmetros condicionantes dos recalques foi possível definir
uma equação genérica do tipo y = a α .b β .c χ .... ; tendo o recalque como resultado (y), os
parâmetros acima referidos como variáveis (a, b, c, ...) e os índices das variáveis (α, β, χ, ...)
foram definidos nesta pesquisa.
Após a obtenção das curvas de tensão-recalque foi possível definir a tensão de ruptura, e
conseqüentemente a tensão admissível do solo.
O principal interesse desta seção é definir até que tensão a equação de previsão de recalques
encontrada pode ser utilizada. Sabe-se que muitas curvas de carga-recalque apresentam um
ponto de plastificação, sendo que até a tensão de plastificação tem-se um comportamento
linear-elástico e após o ponto de plastificação perde-se esta linearidade. No entanto, este
ponto de plastificação nem sempre é visível ou nítido. Neste caso, para a determinação da
tensão de ruptura adotou-se uma série de critérios definidos na seção 2.5.2.2. Neste trabalho
além de definir a tensão de ruptura, também se determinou uma tensão, definida como tensão
de descolamento ou limite, como sendo a tensão onde começa a ocorrer o afastamento entre a
curva real de tensão-recalque e a reta definida pela equação de recalque. Assim de posse das
duas tensões, estabeleceu-se correlações que possibilitaram definir até que tensão as equações
de recalque podem ser utilizadas.
O objetivo secundário consistiu em estabelecer limites para a tensão admissível dos solos
residuais com base somente nos valores médios dos ensaios de SPT. Estes limites são
apresentados de forma gráfica e por meio de equações. Esta análise foi feita graficamente por
meio de regressão de mínimos quadrados, de modo que para cada prova de carga havia um
valor de tensão admissível e um resultado médio do ensaio de SPT.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
87
Neste trabalho também se procurou analisar as provas de cargas estudadas por meio da teoria
clássica da elasticidade. Nas consagradas equações desenvolvidas com base nesta teoria para a
determinação dos recalques, as principais variáveis são: o módulo de elasticidade (E) e o
coeficiente de Poisson (ν). Para tanto, procurou-se desenvolver uma equação que possibilite
determinar o valor do módulo de elasticidade com base nos valores médios do ensaio de SPT,
por meio de regressão por mínimos quadrados.
Na seqüência foram aplicados os modelos descritos na seção 2.6.1 em todas provas de carga
apresentadas neste trabalho, pois como a maioria dos modelos apresentados são equações de
dependem de variáveis previamente já digitalizadas, a aplicação foi direta o que possibilitou a
comparação entre os resultados.
Vale salientar que as provas de carga utilizadas foram obtidas após o desenvolvimento dos
modelos desenvolvidos nesta pesquisa.
4. DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
Como pode ser visto na tabela 15, ao todo foram utilizadas 43 provas de carga, realizadas em
19 localidades diferentes. Das 19 localidades, 18 são espalhadas em todo território nacional e
1 foi realizada em Portugal. Este conjunto de provas de carga foi obtido de 21 referências
bibliográficas dentre artigos de periódicos, banco de dados de empresas e anais de eventos
diversos.
Na tabela 15 são apresentados os tipos de materiais (rochas) que deram origem aos solos
estudados. Como pode ser visto, os materiais que deram origem aos solos são bastante
distintos, sendo basicamente basalto, gnaisse, granito e arenito. Nessa tabela, também são
identificados os tipos de ensaios de campo realizados por cada autor.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
89
1996) considera que fundações para serem consideradas superficiais, devem apresentar um
fator de embutimento não superior a duas vezes, pode-se dizer que cerca de três quartos das
provas de carga analisadas respeitaram este critério. Agora, quanto a forma das placas ou
sapatas, pode-se ver que 41 têm a forma circular e somente 2, são quadradas. E quanto ao
material de que são compostas as sapatas ou placas, foram realizadas 6 provas de carga em
fundações reais de concreto armado com dimensões variando entre 0,40 m a 1,60 m, e 37
provas de carga foram realizadas em placas de aço cujos diâmetros variaram de 0,30 a 1,50 m.
Como relatado pelos autores, tanto as fundações de concreto armado como as placas de aço,
eram rígidas.
Tabela 15: resumo e características gerais das provas de carga estudadas neste trabalho
Material/ Fundação
Prof. Diâmetro
Referência Localidade Rocha de Ensaio Cód.
(m) Forma Material /lado (m)
origem
Dalla Rosa e 0,60 1
Passo Fundo/RS Basalto SPT 0,80 Circular Aço
Thomé (2004) 0,90 2
0,40 3
Campos (1980)1 Rio de Janeiro/RJ Gnaisse SPT 1,20 Circular Concreto 0,80 4
1,60 5
0,30 6
Werneck, 2,00 Circular Aço 1045 0,60 7
Jardim e 0,80 8
Nova Iguaçu/RJ Gnaisse CPT
Almeida (1980) 0,30 9
e Jardim (1980)2 4,00 Circular Aço 1045 0,60 10
0,80 11
Fonseca,
Fernandes e 0,60 12
SPT
Cardoso (1997) Portugal Granito 1,00 Circular Aço/Conc
CPT
e Fonseca
(2001)3 1,20 13
0,30 14
Cudmani
Cachoeirinha/RS Arenito SPT 0,60 Circular Aço 0,45 15
(1994)4
0,60 16
Lopes et al Quadrad
Viçosa/MG Gnaisse SPT 1,50 Concreto 1,20 17
(1998)5 a
Ferreira, Fucali Petrolandia/PE SPT 0,50 Circular Aço 0,30 18
e Amorim
Sta Maria da Boa
(1998) SPT 1,00 Circular Aço 0,30 19
Vista/PE
2,65 0,80 20
SET (1989) Arroio do Tigre/RS SPT Circular Aço
0,00 0,80 21
Mello e Granito/Gn SPT
1,00 Circular Aço 0,80 22
Cepolina (1978) aisse CPT
São Francisco do
0,00 0,80 23
Geoforma Sul/SC (1)
SPT Circular Aço
(2001) São Francisco do
0,00 0,80 24
Sul/SC (2)
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
90
Material/ Fundação
Prof. Diâmetro
Referência Localidade Rocha de Ensaio Cód.
(m) Forma Forma /lado (m)
origem
São Francisco do
0,00 0,80 25
Sul/SC (3)
São Francisco do
0,00 0,80 26
Sul/SC (4)
Geoforma São Francisco do
0,50 Circular Aço 0,80 27
(2001) Sul/SC (6)
SPT
São Francisco do
0,00 0,80 28
Sul/SC (8)
São Francisco do
0,00 0,80 29
Sul/SC (9)
Sales et al Quadrad
Brasília/DF SPT 0,80 Concreto 1,00 30
(2001) a
Futai et al Campo Novo dos
SPT 1,00 Circular Aço 0,80 31
(2001) Perecis/MT
Cepolina e
Ruoppolo Gnaisse SPT 0,35 Circular Aço 0,80 32
(1982)
Branco, de
Mello e SPT 0,80 33
Região Norte Arenito 0,00 Circular Aço
Bianchini CPT
(1982)6 1,50 34
Arenito
Décourt (1978) São Paulo/SP SPT 0,00 Circular Aço 0,30 35
Bauru
1,90 0,81 36
Ferreira, Peres e 1,50 0,81 37
Ognebene Primavera/MT Arenito CPT 0,60 Circular Aço 0,81 38
(1986)7 0,95 0,81 39
1,30 0,81 40
Polido e 0,33 41
Vitória/ES SPT 1,00 Circular Aço
Castello (1985)8 0,80 42
Cintra et al Arenito SPT
São Carlos/SP 1,50 Circular Aço 0,80 43
(2005)9 Bauru CPT
Observações: 1- Solo residual jovem, 2 - Solo residual maduro, parcialmente saturado, 3 - Camada de solo
residual com espessura homogênea de 20 m, 4 - Formação Gravataí, idade triássica, 5 - Solo residual jovem do
embasamento granito-gnáissico, 6 - Solo laterítico predominante, 7 - Solo da formação Bauru, 8 - Solo laterítico
da formação barreiras; 9 – Areia argilosa marrom, camada de 6 m formada pelo processo de laterização
Para se evitar a repetição das referências bibliográficas das quais foram retiradas as
informações para este trabalho adotou-se um código para cada uma das provas de carga, de
modo que, deste ponto em diante, todas referências serão feitas aos códigos das provas de
carga apresentado na tabela 15.
De uma maneira geral, como citado pelos autores, as provas de carga foram realizadas
conforme a atual norma NBR6489/1984 e suas versões anteriores. Quanto a forma de
carregamento, as mesmas foram realizadas com sistema de deformações controladas, ou seja,
aplicava-se uma determinada carga e se aguardava a estabilização dos recalques, sendo em
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
91
Na tabela 16 são apresentados os principais índices físicos dos solos estudados apresentados
pelos autores. Como pode ser visto, os parâmetros geotécnicos dos solos estudados
apresentaram grande variação quanto ao(s)/à(s): pesos específicos dos solos (natural = 15,5
kN/m3 a 19,5 kN/m3; real dos grãos = 26,1 kN/m3 a 28 kN/m3; aparente seco = 11,5 kN/m3 a
16,6 kN/m3), umidade natural (1,7% a 35%), grau de saturação (7,3% a 100%) e índice de
vazios (0,59 a 1,95).
Ainda, analisando os parâmetros geotécnicos dos solos estudados (ver tabelas 18 e 19),
percebe-se que entre as referências bibliográficas que apresentaram informações sobre o
índice de vazios (total de 16), 80,0% desses solos apresentavam um índice de vazios de 0,8 e
46,7 % desses solos tinham um índice acima de 1,0; na época em que foram realizadas as
provas de carga. Agora se comparado a umidade natural dos solos na época em que foram
realizadas as provas de carga com a limite de plasticidade destes, nota-se que 31,2% das
referências bibliográficas apresentam uma umidade no limite de plasticidade, já em 50 % dos
casos a umidade natural se encontra abaixo da do limite de plastificação e o restante dos casos
apresentaram uma umidade acima do limite de plastificação.
A tabela 18 apresenta os parâmetros de resistência de alguns dos solos estudados obtidos por
ensaios triaxiais realizados na condição de umidade natural. Os resultados são apresentados
nos valores efetivos.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
93
No apêndice A é apresentado um resumo dos resultados do ensaio SPT dos solos estudados
nesta pesquisa. Como pode ser visto pelo apêndice A, os resultados apresentados contemplam
os valores de NSPT em cada camada, descrição das camadas de solo e nível do lençol freático,
bem como a profundidade onde foram realizadas as provas de carga. Analisando o perfil dos
solos pode-se perceber que os subsolos, onde foram realizadas as provas de carga, apresenta-
se bastante homogêneo em termos de composição (exemplo: Cod. 1 e 2, 3 a 5, 12 e 13, 22, 29,
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
94
31, 32, 35); também ocorrem outros perfis que apresentam uma mesma composição, mas
ocorre uma diferenciação das camadas em função somente da cor (exemplo: Cod. 14 a 16, 21,
25).
2
qc (kN/m )
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000
0
1
2
3
4
Profundidade (m)
5
6
7
8
9
10 Mello e Cepolina (1978)
11 Branco et al (1982)
12 Fonseca (1997)
13 Werneck (1980)
14 Cintra et al (2005)
15
2
qc (kN/m )
0 250 500 750 1000 1250 1500 1750 2000 2250 2500
0
1
Profundidade (m)
3
Cod. 36 - Ferreira et al (1986)
Cod. 37 - Ferreira et al (1986)
4 Cod. 38 - Ferreira et al (1986)
Cod. 39 - Ferreira et al (1986)
Cod. 40 - Ferreira et al (1986)
5
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
95
4.2.1 Determinação dos Valores de Médios de NSPT para Cada Um dos Solos
Estudados
Já foi definido que o ensaio SPT, é um ensaio que permite a determinação da resistência dos
solos por meio da contagem do número de golpes necessários para a cravação de uma ponteira
padronizada. No entanto, quando se utiliza um modelo para determinação de parâmetros ou
características do solo, sejam eles recalque, capacidade de carga, ângulo de atrito, coesão,
etc., deve-se ter bem claro quais os valores ou intervalos de valores de NSPT a serem
considerados e utilizados nas equações que se esta utilizando. Por exemplo, para a
determinação dos parâmetros de resistência (c e φ) em uma determinada profundidade do
perfil, utiliza-se o valor de NSPT daquela profundidade. Agora para a determinação da
capacidade de carga em estacas é comum utilizar-se a média aritmética de um intervalo de
valores de NSPT, de modo que na determinação da resistência de ponta pode-se utilizar a média
aritmética de um intervalo de valores de NSPT acima e abaixo da profundidade da ponta da
estaca; agora na determinação da resistência ao longo do fuste pode-se dividir o perfil em
camadas e utilizar-se o valor médio dos NSPT daquela camada.
Para este trabalho, primeiramente definiu-se que o intervalo do perfil de sondagens a ser
considerado é de uma profundidade de duas vezes o lado/diâmetro (2.B) abaixo da base de
assentamento da fundação ou placa. Num segundo momento, a intenção deste trabalho foi o
de desenvolver uma equação na qual se utilize um valor único de NSPT que seja representativo
deste solo. Este foi o conceito adotado pela maioria dos autores que desenvolveram modelos
para previsão de recalques (como pode ser visto no parágrafo anterior). Assim adotou-se duas
metodologia, sendo: a) média aritmética dos valores de NSPT compreendidos na profundidade
de 2.B abaixo da base da maior fundação; b) média ponderada adotada por Parry (1978)
determinada pela equação 46. A tabela 19 apresenta os valores médios determinados para os
casos estudados neste trabalho pelas duas metodologias apresentadas acima.
Como indicado na tabela 19, para alguns casos não se dispunha de ensaios SPT, para estes
casos os valores de NSPT foram determinados a partir de resultados de ensaios de CPT,
seguindo os conceitos apresentados na seção 2.3.1.3. Assim a tabela 20 apresenta a
determinação dos valores de NSPT a partir dos resultados dos ensaios de CPT.
Como pode ser visto na tabela 19, na média aritmética dos valores também se determinou o
coeficiente de variação (C.V.) para cada um dos solos estudados, para que se pudesse ter uma
idéia da distribuição dos valores de NSPT considerados em torno do valor médio obtido. Ao
final da tabela calculou-se também a média aritmética dos coeficientes de variação de todos
os solos, cujo valor ficou em torno de 25%. Conforme Spiegel (1978), a teoria estatística
estabelece que quanto menor o valor de C.V. mais regular será a distribuição dos valores
dentro da amostra considerada. Também comparando os valores obtidos pela média aritmética
com os valores médios determinados pela proposta de Parry (1978), percebe-se que os valores
são bastante semelhantes, de modo que o quociente entre os valores médios aritméticos e os
valores médios ponderados forneceu um valor máximo de 1,27 e mínimo de 0,95.
Como já comentado na seção 2.3.1.1.1, faz-se necessário a uniformização dos valores de NSPT
em termos da energia de cravação. Assim considerando uma energia de cravação de 72% da
energia teórica para os casos brasileiros, fez-se a correção dos valores de NSPT para o padrão
internacional de 60% de aproveitamento de energia teórica, por meio da equação 3. A tabela
21 apresenta os valores médios da tabela 19 corrigidos em função da energia de cravação.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
97
Tabela 19: cálculo dos valores médios de NSPT para cada um dos casos estudados
Prof. Média Parry
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0
(m) Aritmética (1978)
Cod. NSPT N SPT C.V. N SPT
1e2 5 5 5 11 10 18 12 5,0 0,0% 5,0
3a5 23 23 41 30 38 57 54 29,3 29,1% 28,4
6 a 8* 11,5 11,5 11,5 11,5 10,3 9,73 8,83 7,92 7,9 7,9 7,9 7,9 9,7 14,2% 10,0
9 a 11* 11,5 11,5 11,5 11,5 10,3 9,7 8,8 7,92 7,9 7,9 7,9 7,9 7,9 0,2% 7,9
12 e 13 6 7 8 9 12 15 18 20 23 25 27 30 32 11,5 37,6% 10,0
14 a 16 5 5 5 5 6 6 14 31 28 21 18 13 18 20 5,0 0,0% 5,0
17 7 20 18 16 14 18 24 15,3 37,6% 14,1
18 11 17 18 22 21 38 31 14,0 30,3% 13,4
19 5 5 10 20 40 11,7 65,5% 9,2
20 5 9 8 14 23 59 31 30 45 45 35,8 44,5% 34,9
21 8 16 23 31 30 10 45 53 31 19,5 50,3% 16,6
22 12 22 25 24 19 18 15 19,7 34,6% 17,5
23 3 5 4 5 7 7 8 10 10 13 4,3 22,5% 4,0
24 8 12 13 14 16 14 21 22 11,8 22,4% 11,0
25 15 16 15 17 16 18 28 23 18 17 19 15,8 6,1% 15,5
26 9 15 15 15 17 16 19 18 13,5 22,2% 12,8
27 4 5 5 9 11 6 15 13 12 7,5 40,0% 6,8
28 10 14 10 7 5 10 16 12 14 21 10,3 28,0% 10,6
29 5 7 8 11 13 12 12 13 16 7,8 32,3% 7,0
30 3 3 3 3 3,0 0,0% 3,0
31 1 1 1 1 1 2 4 1,0 0,0% 1,0
32 8 16 10 12 12 11 13 11,3 36,7% 11,0
33 e 34 7 10 12 13 15 12 26 9,7 26,0% 8,8
35 9 9 12 12 9,0 0,0% 9,0
36* \ 3,3 3,0 3,0 3,3 3,9 6,4 6,3 6,6 6,9 7,2 5,0 32,0% 4,6
37* \ 3,6 3,3 2,3 3,0 4,9 5,9 6,3 6,6 6,9 7,2 4,0 36,2% 3,6
38* \ 7,6 5,1 3,5 5,3 5,9 5,6 6,3 6,3 6,6 6,9 5,3 31,6% 5,6
39* \ 4,6 3,9 3,6 3,4 5,3 5,9 6,3 6,6 7,2 6,9 4,1 20,4% 3,9
40* \ 0,7 1,3 3,6 5,6 4,9 4,9 6,6 8,2 4,8 17,4% 4,6
41 e 42 10 18 24 30 30 30 30 17,3 40,5% 15,0
43 3 2 3 3 3 4 5 3,0 18,2% 2,8
Média: 25,0%
Observações: a) os valores indicados por * forem obtidos a partir de valores de CPT (ver tabela 20); b) C.V. =
coeficiente de variação que é o quociente entre o desvio padrão e a média do conjunto de dados; c) os valores em
negrito e hachurados foram considerados para cálculo das médias
Tabela 20: cálculo dos valores de NSPT a partir dos valores dos ensaios de CPT
Cód. Prof. (m) 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0
6 a qc (kN/m2) 3500 3500 3500 3500 3133 2958 2683 2408 2400 2400 2400 2400
11 NSPT 11,5 11,5 11,5 11,5 10,3 9,7 8,8 7,9 7,9 7,9 7,9 7,9
qc (kN/m2) 1000 900 900 1000 1200 1950 1900 2000 2100 2200
36
NSPT 3,3 3,0 3,0 3,3 3,9 6,4 6,3 6,6 6,9 7,2
qc (kN/m2) 1100 1000 700 900 1500 1800 1900 2000 2100 2200
37
NSPT 3,6 3,3 2,3 3,0 4,9 5,9 6,3 6,6 6,9 7,2
qc (kN/m2) 2300 1550 1050 1600 1800 1700 1900 1900 2000 2100
38
NSPT 7,6 5,1 3,5 5,3 5,9 5,6 6,3 6,3 6,6 6,9
qc (kN/m2) 1400 1200 1100 1040 1600 1800 1900 2000 2200 2100
39
NSPT 4,6 3,9 3,6 3,4 5,3 5,9 6,3 6,6 7,2 6,9
qc (kN/m2) 200 400 1100 1700 1500 1500 2000 2500
40
NSPT 0,7 1,3 3,6 5,6 4,9 4,9 6,6 8,2
Observações: Neste caso para a determinação dos valores de NSPT a partir dos resultados dos ensaios de CPT,
utilizou-se a equação 6 (k = (qc/pa)/NSPT), considerando um valor de k = 0,3
Tabela 21: correção e padronização dos valores médio de NSPT, para os solos estudados
N SPT N SPT ,60 (corrigido) N SPT N SPT , 60 (corrigido)
Cod. Parry Parry Cod. Parry Parry
Aritmética Aritmética Aritmética Aritmética
(1978) (1978) (1978) (1978)
1e2 5,0 5,0 6,0 6,0 27 7,5 6,8 9,0 8,1
3a5 29,3 28,4 35,1 34,1 28 10,3 10,6 12,3 12,8
6a8 9,7 10,0 11,6 12,1 29 7,8 7,0 9,3 8,4
9 a 11 7,9 7,9 9,5 9,5 30 3,0 3,0 3,6 3,6
12 e 13 11,5 10,0 11,5 10,0 31 1,0 1,0 1,2 1,2
14 a 16 5,0 5,0 6,0 6,0 32 11,3 11,0 13,6 13,2
17 15,3 14,1 18,3 17,0 33 e 34 9,7 8,8 11,6 10,6
18 14,0 13,4 16,8 16,1 35 9,0 9,0 10,8 10,8
19 11,7 9,2 14,0 11,0 36 5,0 4,6 6,0 5,5
20 35,8 34,9 42,9 41,9 37 4,0 3,6 4,8 4,3
21 19,5 16,6 23,4 20,0 38 5,3 5,6 6,4 6,8
22 19,7 17,5 23,6 21,0 39 4,1 3,9 4,9 4,7
23 4,3 4,0 5,1 4,8 40 4,8 4,6 5,7 5,5
24 11,8 11,0 14,1 13,2 41 e 42 17,3 15,0 20,8 18,0
25 15,8 15,5 18,9 18,6 43 3,0 2,8 3,6 3,3
26 13,5 12,8 16,2 15,3
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
99
Um dos enfoques deste trabalho foi o de desenvolver um modelo para previsão de recalques
que fosse de fácil e simples utilização, de modo a englobar os principais parâmetros
responsáveis pelos recalques. Deste modo, optou-se em determinar uma expressão
matemática de aplicação direta, ou seja, conhecendo e substituindo os principais parâmetros
responsáveis pelo recalque na equação determinada pode-se determinar o recalque daquela
fundação. Analiticamente, o recalque pode ser expresso de seguinte forma: ρ = f(aρ, bρ, cρ,
...), sendo o recalque (ρ) a variável dependente de invariáveis (aρ, bρ, cρ, ...), que são os
parâmetros responsáveis pelo recalques. De uma forma genérica, a expressão matemática a
que se pretende chegar pode ser expressa da seguinte forma: ρ=Ω. aρ α. bρ β. cρ χ. ..., sendo
que Ω, α, β, χ, .... são constantes a serem determinadas. Em relação ao número de invariáveis,
cabe definir um número limitado delas, de modo a contemplar as principais.
Na seção 2.6.1 apresentou-se uma série de modelos para previsão de recalques baseados em
ensaios de campo. Como pode ser visto naquela seção, os modelos são da mais variada
complexidade, bem como os autores consideram os mais variados parâmetros (variáveis) que
influenciam nos recalques. A tabela 22 apresenta de forma resumida, as principais variáveis
necessárias para a previsão dos recalques para cada modelo estudado.
Como pode ser visto na tabela 22, tem-se que os recalques são fundamentalmente
influenciados por três variáveis: resultados dos ensaios de campo (NSPT e/ou qc),
lado/diâmetro da fundação (B) e tensão aplicada na fundação (q). Também são considerados
importantes, por alguns autores, a profundidade de embutimento (z), o embutimento relativo
(z/B), nível do lençol freático (NA), tensão vertical efetiva do solo (σ´v), coeficiente de
empuxo ao repouso (ko) e um fator de forma (L/B), no caso de fundações retangulares.
Para esta pesquisa foram considerados os resultados dos ensaios SPT (NSPT), de modo que
para os casos onde somente foram realizados ensaios de CPT, os mesmos eram convertidos
para NSPT; lado/diâmetro da fundação (B), uma vez que para todos os casos somente as
fundações ou placas possuíam forma, em planta, quadrada ou circular; e tensão aplicada na
fundação (q), considerada distribuída de forma uniforme em toda a base da fundação ou placa.
Os demais parâmetros não foram considerados para o desenvolvimento do modelo de
previsão de recalques. Deste modo, a expressão matemática que define os recalques em solos
residuais, pode ser expressa pela equação genérica 68. De modo que os parâmetros
Ω, α, β e χ foram determinadas neste trabalho.
χ
ρ =Ω. Bα.qβ. N SPT (equação 68)
Analisando o modelo para previsão dos recalques em areias desenvolvido por Terzaghi e Peck
(1967), pode-se perceber que os autores consideram que numa fundação com dimensão até
1,2 m não há relação entre o recalque e o lado/diâmetro da fundação em questão (ver figura
16). No entanto, quando a fundação apresenta uma dimensão maior que 1,2 m a relação passa
a ser exponencial, como pode ser visto figura 16. Outros autores como Alpan (1964),
Meyerhof (1965), Peck e Bazaraa (1969), que apesar de sugerirem modificações no modelo
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
101
100
2
Terzaghi e Peck (1948)
Proporcional
Areia Densa Bjerrum e
Areia Fofa
Areia c/ mat. orgânico ]
Eggestad
(1963)
ρ /ρ o
10
1
1 10 100
B/Bo
Figura 30: relações de recalques e dimensões das fundações proposta por Terzaghi e Peck
(1948) e observada por Bjerrum e Eggestad (1963, apud Parry, 1978; Lambe e Whitman,
1979) para diferentes compacidades e composições das areias
Agora analisando os demais modelos propostos na seção 2.6.1, pode-se perceber que alguns
autores consideram uma relação linear entre o recalque e a dimensão da fundação (exemplo:
teoria da elasticidade; Parry, 1978) e outros obtiveram uma relação não linear (exemplo:
Shultze e Sherif, 1973; Burland, Broms e de Mello, 1977; Burland e Burbidge, 1985).
σ 3 (χ )
σ 3 (α ) < σ 3 (β ) < σ 3 (χ )
σ 3 (β )
(σ1−σ3)
σ3
(σ1−σ3)
σ 3 (α )
N o r m a liz a n d o ....
o n d e , σ 3 (α ) < σ 3 (β ) < σ 3 (χ )
D e fo rm a ç ã o - ε (% ) D e fo rm a ç ã o - ε (% )
(a)
σ 3 (χ ) σ 3 (α )
σ 3 (β )
σ 3 (β ) σ 3 (χ )
(σ1−σ3)
σ 3 (α )
(σ1−σ3)
N o r m a liz a n d o ....
σ3
(b)
Figura 31: (a) exemplo de normalização hipotética do comportamento de areias fofas e
argilas normalmente adensadas (a resistência é proporcional a tensão confinante); e (b)
exemplo de normalização hipotética do comportamento de areias densas e argilas pré-
adensadas (a resistência aumenta com a tensão confinante, mas não de modo
proporcional)
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
103
60
40
80
50 B = 0,30m B = 0,30m
60 B = 0,45m
100
B = 0,45m
70 B = 0,60m 120
B = 0,60m
80 140
90 160
100
180
(a)
(b)
2
Tensão (kN/m ) Tensão (kN/m 2)
0 200 400 600 0 200 400 600
0 0
Recalque Relativo (mm/m2 ) - /( .B2/4)
100 20
200
40
300
60
400 B = 0,30m
B = 0,30m 80
B = 0,45m B = 0,45m
500
100 B = 0,60m
B = 0,60m
600
120
700
140
800
(c) (d)
Figura 32: (a) resultados das provas de carga realizadas por Cudmani (1994) para três
diferentes diâmetros; e normalização das curvas dividindo-se o recalques: pelos
respectivos diâmetros (B) (b); pelas respectivas áreas (π.B2/4) (c); e raiz quadrada do
diâmetro ( B )(d)
20 20
Recalque (mm)
40 40
B = 0,60 m
B = 0,90 m B = 0,60 m
60
60 B = 0,90 m
80
80
100
(a) (b)
Figura 33: (a) resultado das provas de carga realizadas por Dalla Rosa e Thomé (2004); e
(b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo
respectivo diâmetro
5
10
10
20
Recalque (mm)
15
30
20 B = 0,40 m B = 0,40 m
25 B = 0,80 m 40 B = 0,80 m
B = 1,60 m B = 1,60 m
30 50
35
60
40
(a) (b)
Figura 34: (a) resultado das provas de carga realizadas por Campos (1980); e (b)
normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo respectivo
diâmetro
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
105
10
40
15
B = 0,30m
20 60 B = 0,60m
B = 0,30m
B = 0,80m
25 B = 0,60m
B = 0,80m 80
30
(b)
(a)
Figura 35: (a) resultado das provas de carga a uma profundidade de 2,0 m realizadas por
Jardim (1980); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o
recalque pelo respectivo diâmetro
5
20
10
Recalque (mm)
40
15
60
20 B = 0,30m
D=0,30m
D=0,60m 80 B = 0,60m
25
D=0,80m B = 0,80m
30 100
(a) (b)
Figura 36: (a) resultado das provas de carga a uma profundidade de 4,0 m realizadas por
Jardim (1980); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o
recalque pelo respectivo diâmetro
Tensão (kN/m2)
Tensão (kN/m2)
0 200 400 600 800 1000
0 200 400 600 800 1000
0
30
40
40
50
60
60
70
80 B = 1,20 m
80 B = 1,20 m
B = 0,60 m B = 0,60 m
90
100
100
(a) (b)
Figura 37: (a) resultado das provas de carga realizadas por Fonseca (2001); e (b)
normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo respectivo
diâmetro
10 5
Recalque (mm)
15
10
20
25 15
B = 0,8 m
30 B = 0,8 m
B = 1,5 m
35 20 B = 1,5 m
40
25
(a)
(b)
Figura 38: (a) resultado das provas de carga realizadas por Branco, de Mello e Bianchini
(1982); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo
respectivo diâmetro
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
107
10 30
40 B = 0,33 m
B = 0,33 m
15 B = 0,80 m
B = 0,80 m 50
20 60
70
25
(b)
(a)
Figura 39: (a) resultado das provas de carga realizadas por Branco, de Mello e Bianchini
(1982); e (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo, dividindo o recalque
pelo respectivo diâmetro
A exemplo do que pode ser visto na figura 32 (b), onde ocorreu a sobreposição das curvas,
obtida pela divisão do recalque pelos diâmetros/lados das placas ou sapatas, o mesmo ocorre
nas demais solos estudados neste trabalho. O critério de normalização no qual utilizou-se a
divisão dos recalques pelos diâmetros/lados das fundações foi o único que apresentou
sobreposição em todos os casos. Apesar da sobreposição não ser total entre as curvas, a
mesma acontece pelo menos até a tensão admissível dos solos.
De uma maneira geral mostrou-se que os recalques são proporcionais aos diâmetros das
fundações para os sete solos residuais nos quais foi possível normalizar as curvas de tensão-
recalque. Para os demais solos estudados não foi possível se fazer esta observação, pois
somente foi possível obter uma ou mais de uma curva de tensão-recalque para um mesmo
lado/diâmetro. No entanto, generalizando, pode-se concluir que os recalque são proporcionais
as dimensões das fundações assentes em solos residuais. Assim fica definido que o valor da
constante α da equação 68 igual a 1,0.
Já é sabido que o acréscimo de tensão produz como conseqüência aumento nos recalques. A
própria maneira de se realizar provas de carga e apresentação dos resultados leva a esta
conclusão. Como o nome já sugere, provas de carga, consistem em aplicar sucessivas e
crescentes cargas sobre uma fundação e observar os incrementos de recalque. O
comportamento das fundações pode assim ser analisado por meio de curvas de tensão-
recalque. A seção 2.4 apresenta maiores detalhes sobre a execução de provas de carga.
Como pode ser visto na figura 9 (seção 2.5.1) e figura 10 (seção 2.5.2), as curvas de tensão-
recalque podem apresentar diversos comportamentos. Independente disso, como já salientado
na seção 2.5.2, as curvas de tensão-recalque apresentam geralmente um trecho inicial linear e
outro trecho, após o ponto da plastificação, que pode apresentar diversas formas que são
função da compacidade do solo, embutimento e forma da fundação.
Desta forma, considerando que os recalques sejam proporcionais as tensões, aplicadas para
uma mesma fundação, tem-se que o valor da constante β da equação 68 fica definido como
sendo 1,0.
Já é sabido que os resultados de ensaio SPT fornecem como resultado uma medida de
resistência dos solos. Desta forma, quanto mais resistente for o solo, maiores serão os valores
de NSPT e conseqüentemente menores serão os recalques. Agora, se é possível ajustar os
primeiros pares de pontos (q, ρ) do resultado de uma prova da carga a uma reta, então quanto
maiores forem os valores de NSPT de um solo, menor será o valor do coeficiente angular da
reta ajustada.
Uma vez grafados os pares de pontos q-ρ/B de cada um dos caso estudados procedeu-se o
ajustamento das retas, utilizando os conceitos estatísticos apresentados na seção 2.7. Como
pode ser visto na figura 40, o ajuste linear era feito por tentativas. Em cada tentativa era
determinada a equação linear por mínimos quadrados, bem como o valor do coeficiente de
correlação (r). Num primeiro momento (tentativa 1), utilizava-se todos os pontos. Em
seguida, eliminava-se alguns pontos (sempre os mais a direita, ou seja, os de maiores valores
de q e ρ/B) e procedia-se novo ajuste. Assim procedia-se (tentativa 2, 3, ....) até obter-se um
ajuste ideal, ou seja, coeficiente de correção muito próximo de 1 (ou seja, maior que 0,9);
quanto não se conseguia obter um a coeficiente de correlação considerado maior que 0,9,
fazia-se o ajuste até que restassem pelo menos quatro pontos iniciais para serem ajustados, de
modo a escolher o ajuste que apresentasse o maior valor de coeficiente de correção (r). A
tabela 23 apresenta os valores de coeficiente angular (an) das retas que aprestaram melhor
ajuste para cada um dos casos estudados. Analisando a tabela 23, percebe-se que os ajustes
foram bastante satisfatórios, ficando todos os valores de coeficiente de correção próximos de
1,00, sendo que o menor valor registrado foi de 0,8588 e o valor médio de 0,9632. O apêndice
B apresenta mais detalhes sobre os ajustes realizados.
Tendo os valores do coeficiente angular (an) e os valores médios dos ensaios SPT ( N SPT ),
partiu-se para a correlação destes valores. Os pares ordenados foram grafados e em seguida,
da mesma forma como foi feito no ajuste das retas, procedeu-se o ajustamento por meio de
mínimos quadrados para se obter uma curva de ajuste aos pontos. Fez-se quatro correlações,
sendo considerados os valores de NSPT médios obtidos por média aritmética e pela
metodologia de Parry (1978), corrigidos e não corrigidos em termos da energia de cravação
do amostrador. As figuras 41 a 44 apresentam as correlações feitas, bem como o resultado do
ajuste por mínimos quadrados.
x = q (kN/m 2 )
Tentativa n: y = a n .x , r 2 = r n
pontos considerados para
o ajuste para tentativa n
Figura 40: representação gráfica dos ajustes lineares realizadas em cada um dos casos
estudados
Tabela 23: coeficiente angular obtidos no ajuste das retas para os casos de provas de carga
estudados
Cod. N SPT (sem correção de ∈ ) N SPT , 60 (correção de ∈ ) Dados do ajuste linear
Aritmética Parry (1978) Aritmética Parry (1978) an r2 r
1e2 5,0 5,0 6,0 6,0 0,0586 0,9418 0,9705
3a5 29,3 28,4 35,1 34,1 0,0114 0,9042 0,9509
6a8 9,7 10,0 11,6 12,1 0,0388 0,9117 0,9548
9 a 11 7,9 7,9 9,5 9,5 0,0285 0,9891 0,9945
12 e 13 11,5 10,0 11,5 10,0 0,0322 0,9403 0,9697
14 a 16 5,0 5,0 6,0 6,0 0,0650 0,9783 0,9891
17 15,3 14,1 18,3 17,0 0,0139 0,9099 0,9539
18 14,0 13,4 16,8 16,1 0,0240 0,9976 0,9988
19 11,7 9,2 14,0 11,0 0,0214 0,9754 0,9876
20 35,8 34,9 42,9 41,9 0,0102 0,9497 0,9745
21 19,5 16,6 23,4 20,0 0,0219 0,9359 0,9674
22 19,7 17,5 23,6 21,0 0,0152 0,9789 0,9894
23 4,3 4,0 5,1 4,8 0,1116 0,9930 0,9965
24 11,8 11,0 14,1 13,2 0,0320 0,9960 0,9980
25 15,8 15,5 18,9 18,6 0,0210 0,9946 0,9973
26 13,5 12,8 16,2 15,3 0,0175 0,9959 0,9979
27 7,5 6,8 9,0 8,1 0,0267 0,9974 0,9987
28 10,3 10,6 12,3 12,8 0,0210 0,9934 0,9967
29 7,8 7,0 9,3 8,4 0,0352 0,9934 0,9967
30 3,0 3,0 3,6 3,6 0,0802 0,9905 0,9952
31 1,0 1,0 1,2 1,2 0,1911 0,8049 0,8972
32 11,3 11,0 13,6 13,2 0,0373 0,9962 0,9981
33 e 34 9,7 8,8 11,6 10,6 0,0359 0,9505 0,9749
35 9,0 9,0 10,8 10,8 0,0393 0,9894 0,9947
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
111
0,30
0,25
0,20
-0,9263
an = 0,2593.NSPT
an
0,15
2
r = 0,8941
0,10
0,05
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
N SPT
Figura 41: ajuste entre an e N SPT médio (pela média aritmética e sem correção da energia de
cravação)
0,30
0,25 -0,9404
an = 0,2535.NSPT
0,20 2
r = 0,8884
an
0,15
0,10
0,05
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40
NSPT
Figura 42: ajuste entre an e N SPT (pelo modelo de Parry, 1978 e sem correção da energia de
cravação)
0,30
0,25
0,20 -0,9296
an = 0,3077.NSPT
an
0,15 2
r = 0,896
0,10
0,05
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
N SPT
Figura 43: ajuste entre an e N SPT (pela média aritmética e com correção da energia de
cravação para 60%)
0,30
0,25
0,20
an
0,15 -0,9422
an = 0,3004.NSPT
0,10 2
r = 0,8888
0,05
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
NSPT
Figura 44: ajuste entre an e N SPT (pelo modelo de Parry, 1978 e com correção da energia de
cravação para 60%)
Como pode ser visto pelo apêndice B, a equação de ajuste dos trechos lineares pode ser
expressa pela expressão ρ / B = a n .q . Agora analisando as equações ajustadas obtidas nas
figuras 41 a 44, percebe-se que as mesmas são parte da equação 68, podendo serem expressas
χ
pela equação a n = Ω.N SPT , de modo que as constantes Ω e χ eram as constantes que faltavam
ser determinadas para se definir a equação de recalque. A tabela 24 apresenta um resumo dos
ajustes realizados nas figuras 41 a 44.
ponderada considerada por Parry (1978) resultaram em valores bastante próximos. No entanto
observando os coeficientes de correlação, percebe-se que o ajuste foi melhor considerando-se
os valores médios de NSPT pela média aritmética em relação aos valores médios obtidos pelo
modelo de Parry (1978).
Tabela 24: resumo dos parâmetros obtidos pelo ajuste entre an e N SPT
N SPT Ω χ r2 r
Sem correção da Média Aritmética 0,2593 - 0,9263 0,8941 - 0,945
energia de cravação Modelo de Parry (1978) 0,2535 - 0,9404 0,8884 - 0,942
Com correção da Média Aritmética 0,3077 - 0,9296 0,8960 - 0,946
energia de cravação Modelo de Parry (1978) 0,3004 - 0,9422 0,8888 - 0,942
Nas seções 4.3.1 a 4.3.3 mostrou-se a influência de cada um dos três parâmetros (B, q, NSPT)
de maior importância na determinação dos recalques, bem como se determinou as constantes
da equação 68. Desta forma, substituindo as constantes encontradas
(α = 1,0; β = 1,0; Ω = −0,9296; χ = 0,3077), a equação final para a determinação dos
recalques em solos residuais pode ser expressa pela equação 69. Nessa equação, as constantes
Ω e χ consideradas são referentes a média aritmética dos valores de NSPT (por ser de mais
simples determinação do que a média ponderada estabelecida por Parry (1978)) e com
correção da energia de cravação para 60%, ou seja, referentes aos dados amostrais plotados na
figura 43. Lembrando que as unidades de medida são: ρ em mm; B em m; q em kN/m2; e
NSPT,60 corresponde a média aritmética dos números de golpes do ensaio SPT a uma
profundidade de 2.B abaixo da cota de assentamento da fundação, bem como seu valor
corrigido para uma aproveitamento de energia de 60%.
0,308.q.B
ρ= 0 , 93
(equação 69)
N SPT , 60
Uma preocupação que se deve ter é quanto a confiabilidade do valor de recalque obtido pela
equação 69. Assim para esta equação, definiu-se um intervalo de variação (intervalo de
confiança), de modo que além do valor provável de recalque (equação 69), é possível se
determinar um valor provável máximo e mínimo. A partir dos valores grafados na figura 43,
definiu-se limites superior e inferior. Os limites foram definidos com base nos conceitos
estatísticos apresentados na seção 2.7.6. Como os conceitos apresentados na seção 2.7.6 são
para uma regressão linear e a curva da figura 43 é uma função exponencial, fez-se a
linearização desta curva aplicando a função logarítmica nos dados amostrais de an e NSPT,60.
As figuras 45 e 46 apresentam os limites inferior e superior, sendo que foi considerado um
nível de confiança de 99,8%.
log (N SPT,60)
0,0
0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
-0,5
-------- Limite Superior
-1,0
Limite Inferior ---------
log (an)
-1,5
-2,0
Dados Amostrais
Ajuste Linear: log (an) = -0,9296.log(NSPT,60) - 0,5119
r2 = 0,896
-2,5
Figura 45: limite superior e inferior para os pontos de an - N SPT (pela média aritmética e com
correção da energia de cravação para 60%)
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
115
0,20
0,16
Dados Amostrais
-------- Limite Superior -0,9296
Ajuste exponencial: an = 0,3077.NSPT,60
0,12
r2 = 0,896
an
0,08
Limite
0,04 Inferior ---------
0,00
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
NSPT,60
Figura 46: limite superior e inferior para os pontos de an - N SPT (pela média aritmética e com
correção da energia de cravação para 60%)
a.x b
y= (limite superior) (equação 72)
10 e
Agora, da mesma forma como foi definida a equação 69, definiu-se as equações para a
determinação do intervalo de variação dos recalques. Assim a partir da figura 46 e das
equações 71 e 72, determinou-se as equações 73 e 74, que representam respectivamente os
valores prováveis máximos e mínimos de recalque. Lembrando que nessas equações as
unidades de medida são: ρ em mm; B em m; q em kN/m2; e NSPT,60 corresponde a média
aritmética dos números de golpes do ensaio SPT a uma profundidade de 2.B abaixo da cota de
assentamento da fundação, bem como seu valor corrigido para uma aproveitamento de energia
de 60%.
0,505.q.B.10 H
ρ= 0 , 93 (equação 73)
N SPT , 60
0,188.q.B
ρ= 0 , 93 (equação 74)
N SPT ,60 .10 H
Também para os dados amostrais desta pesquisa determinou-se o valor do erro padrão de
estimativa, utilizando a equação 61. Como já salientado na seção 2.7.3, o valor de Se fornece
uma medida de dispersão dos dados amostrais, assim as figuras 47 e 48 apresentam o
intervalo de dispersão considerando a distância de 1.Se e 2.Se a partir da curva ajustada.
Enquanto que na figura 47 o intervalo é definido fazendo-se a soma (limite superior) e
subtração (limite inferior) de 1.Se e 2.Se à equação linear ajustada na figura 45; na figura 48, o
intervalo é definido fazendo-se a multiplicação (limite superior) e divisão (limite infeior) à
equação exponencial ajustada na figura 46. Como pode ser visto nas figuras 47 e 48, cerca de
38,7 % dos dados amostrais (12 pontos) ficam fora do intervalo considerando a distância de
1.Se, e 3,1 % (1 ponto) ficam fora deste intervalo considerando a distância de 2.Se. Enquanto
que r2 resultou num valor de 0,896, que significa 10,4% dos dados amostrais utilizados não
podem ser explicados pela equação ajustada.
-0,5
-1,0
log (an )
Figura 47: dispersão dos dados amostrais (an - N SPT ,60 ) em relação a equação ajustada (na
forma logarítmica)
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
117
0,20
0,18 Dados Amostrais
0,16
Equação ajustada multiplicada e dividida por 10^1.Se
0,14
Equação ajustada multiplicada e dividida por 10^2.Se
0,12 -0,9296
Equação ajustada: an = 0,3077.NSP T,60
log (an )
0,10 2
r = 0,896
0,08
0,06
0,04
0,02
0,00
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
log (NSP T,60 )
Figura 48: dispersão dos dados amostrais (an - N SPT , 60 ) em relação a equação ajustada (na
forma decimal)
Como já definido na seção 2.5, a capacidade de carga, a partir da qual se determina a tensão
admissível, pode ser definida por meio de provas de carga, métodos teóricos, semi-empíricos
e empíricos. A capacidade de carga pode ser obtida diretamente por meio da análise das
curvas de tensão-recalque das provas de carga. Observando as figuras 9 e 10, a capacidade de
carga em areias pode ser facilmente identificada nas curvas de tensão-recalque quando ocorre
ruptura geral e/ou solos densos. Agora, quando se têm solos arenosos fofos e/ou ruptura do
tipo por puncionamento ou local a identificação da capacidade de carga não é trivial. Nestes
casos, onde a capacidade de carga não é facilmente identificada, deve-se adotar critérios de
ruptura, já discutidos na seção 2.5.2.2.
Para as provas de carga estudadas neste trabalho, como pode ser visto no apêndice B, em boa
parte dos casos, a capacidade de carga pode ser identificada facilmente pela curva, através do
ponto de plastificação. Agora para os demais casos, verificou-se a possibilidade de se adotar
diversos critérios de ruptura baseados no recalque total – 25 mm (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1980); B/30 mm e 10%.B mm (CUDMANI,
2 .B
1994); e mm (TERZAGHI; PECK, 1948) – e um que considera o ponto de
B + 0,3048
inflexão da curva log (q) x log (ρ). Dentre os critérios selecionados por Cudmani (1994), o
mais conservador foi o critério que considera o ponto de inflexão da curva log (q) x log (ρ),
de modo que a capacidade de carga obtida era a metade da obtida pelo segundo mais
conservador, que foi o critério de recalque total de B/30 mm. O fato de se adotar o critério de
recalque máximo de 25 mm, se deve ao fato de que a norma NBR 6489/1984
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1984) considera que os ensaios
de prova de carga devem ser levados até este valor, bem como este ser o valor considerado
como limite por Terzaghi e Peck (1948, 1967) para placas com diâmetro de 0,30 m. Cudmani
(1994), considera que os critérios que levam em consideração o fator tempo de aplicação da
carga apresentam menores dispersões e levam em consideração o comportamento do solo; no
entanto, não puderam ser aplicados neste trabalho, pois não se dispunha do tempo de
carregamento e execução de todas as provas de carga estudadas. A figura 49 apresenta um
gráfico que demonstra os critérios de ruptura, com base em recalques totais, pelos diâmetros
das fundações. Por meio deste gráfico pode-se ver que o critério de 10%.B mm é o menos
conservador de todos, para qualquer dimensão, já o critério de B/30 mm é o mais conservador
até uma dimensão de 0,75 m, após uma dimensão de 0,75 m passa a ser o critério de 25 mm.
Agora desconsiderando o critério de 25 mm, o critério B/30 é o mais conservador até uma
dimensão de 2,4 m, e após esta dimensão passa a ser o critério de Terzaghi e Peck (1948).
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
119
10%.B mm
125
100
75
50
25
0
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
B (m)
Figura 49: gráfico de B x ρ para os diversos critérios de ruptura baseados em recalques totais
Como pode ser visto na tabela 25, também se fez a determinação da tensão admissível, para
tanto se utilizou como fator de segurança global um valor de 3,0, conforme a NBR6122/1996
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1996).
T ensão (kN/m 2 ) 0 1 0 0
T ensão (kN/m 2 )
2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 0 1 0 0
T ensão (kN/m 2 )
2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0
0 0 0
5
1 0 1 0
1 0
2 0 2 0
/B (mm/m)
/B (mm/m)
/B (mm/m)
1 5
3 0 3 0
2 0
4 0
4 0
5 0 5 0
3 0
6 0
6 0
Analisando a equação 69, ou mesmo a equação 70, obtidas para a estimativa de recalques em
solos residuais, percebe-se que, uma vez fixado o B e o NSPT, as equações são sempre lineares
em termos de tensão aplicada (q), para qualquer intensidade de tensão. No entanto, como já
mostrado, as curvas de tensão-recalque, apresentam uma tendência linear até certo nível de
tensões, sendo que esta linearidade é perdida após atingida a tensão de plastificação. Além
disso, no entendimento de Kédzi (1970, apud Velloso e Lopes, 2004), como já comentado na
seção 2.5.2, existem duas regiões distintas em uma curva de tensão-recalque - zona elástica
(trecho inicial) e zona plástica - sendo limitadas por uma tensão de plastificação, ou seja, por
um ponto de inflexão. Deste modo, é necessário definir-se um critério que forneça com
segurança até que tensões as equações de recalque definidas nesta pesquisa podem ser
utilizadas. Assim observando as figuras do apêndice B, onde se fez o ajuste linear das curvas
de tesão-recalque relativo, definiu-se a tensão limite para a qual a curva do ensaio permanece
linear. Esta tensão limite foi definida como sendo a tensão correspondente ao último ponto (da
esquerda para a direita nas figuras) do ajuste linear. Deste modo, a tabela 25 traz a tensão
limite das equações de recalque ou de plastificação para os casos estudados neste trabalho.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
121
Tabela 25: resultados de capacidade de carga, tensão admissível e tensão limite da equação de
recalques para as provas de carga estudadas neste trabalho
Cod [1] [2] [3] [4] [5] Cod [1] [2] [3] [4] [5]
1e2 85,0 4,98 135 45,0 88,9% 27 140 3,74 200+ 66,7 110,0%
3a5 367,0 4,18 770 256,7 43,0% 28 180 3,78 200+ 66,7 170,0%
6a8 29 +
350,0 13,58 590 196,7 78,0% 180 6,34 200 66,7 170,0%
9 a 11 350,0 9,98 700 233,3 50,0% 30 60 4,81 90* 30,0 100,0%
12 e 13 150,0 4,83 500 166,7 -10,0% 31 40 7,64 65 21,7 84,6%
14 a 16 32 +
200,0 13,00 290 96,7 106,9% 400 14,92 400 133,3 200,0%
17 33 e 34 +
278,0 3,86 625 208,3 33,4% 240 8,62 400 133,3 80,0%
18 * 35 *
300,0 7,20 350 116,7 157,1% 500 19,65 600 200,0 150,0%
19 + 36 *
800,0 17,12 850 283,3 182,4% 50 2,82 60 20,0 150,0%
20 37
234,0 2,39 300+ 100,0 134,0% 40 3,77 60* 20,0 100,0%
21 + 38 *
119,5 2,62 300 100,0 19,5% 90 4,15 100 33,3 170,0%
22 39
398,0 6,05 400+ 133,3 198,5% 90 8,91 130 43,3 107,7%
23 + 40 *
200,0 22,32 200 66,7 200,0% 50 3,85 50 16,7 200,0%
24 41 e 42
200,0 6,40 200+ 66,7 200,0% 600 9,00 500* 166,7 260,0%
25 + 43
140,0 2,94 200 66,7 110,0% 100 8,91 145 48,3 106,9%
26 +
160,0 2,80 200 66,7 140,0% Média: 125,5%
Obs.: [1] Tensão correspondente ao último ponto considerado no ajuste do trecho inicial das curvas de tensão-
recalque das provas de carga estudas (kN/m2); [2] Recalque relativo obtido pelas equações lineares consideradas
para a tensão definida em [1] (mm/m); [3] Capacidade de carga dos solos estudados, obtida pelos critério de
recalque total de B/30 mm (kN/m2) ou também recalque relativo total de 33,33 mm/m; [4] Tensão admissível dos
solos estudados obtida a partir das capacidades de carga definidas em [3], considerando um fator de segurança de
3,0 [conforme a norma NBR 6122 (Associação Brasileira de Normas Técnicas, 1996)] (N/m2); [5] Percentual em
[1] − [4]
que a tensão definida em [1] ultrapassa a tensão admissível ( .100%); * identificação nítida da tensão de
[ 4]
ruptura, sem adoção de critérios de ruptura (configuração (c) da figura 50); + ensaio não foi levado até uma tensão
capaz de produzir um recalque relativo de 33,33 mm (configuração (b) da figura 50)
Como pode ser visto na tabela 25, fez-se uma comparação entre a tensão admissível e a tensão
limite das equações de recalque. Os percentuais apresentados na tabela 25 representam a
variação da tensão limite das equações de recalque em relação à tensão admissível. Fazendo-
se uma análise dos percentuais, pode-se notar que todos valores foram positivos, ou seja, em
todos os casos a tensão limite das equações de recalque foi superior a tensão admissível;
exceto um único ponto, no entanto a diferença (-10,0 %) é desprazível. Fazendo-se a média
aritmética dos percentuais observa-se um valor de 125,5%, que apresenta um desvio padrão
de 62,7 %, ou seja, na média a tensão limite das equações de recalque é um pouco superior ao
dobro da tensão admissível. Desta forma, pode-se concluir com segurança que as equações
(69 e 70) para o cálculo dos recalques são válidas pelo menos até a tensão admissível do
sistema solo-fundação, adotando-se um valor de capacidade de carga obtido pelo critério de
ruptura de recalque relativo máximo de 33,33 mm/m.
valores médios do ensaio SPT com energia de cravação corrigida (NSPT,60). Os valores de
tensão admissível foram separados segundo as três configurações da figura 50. A partir dos
pontos grafados efetuou-se um ajuste linear e não-linear por meio do método de mínimos
quadrados. Para os ajuste somente foram considerados os pontos de tensão admissível obtidos
nas curvas que atendiam o critério de ruptura (recalque relativo total de 33,33 mm/m) ou cuja
tensão de ruptura era obtida diretamente através do ponto de plastificação, pois para os
ensaios que foram interrompidos ainda no trecho linear considerou-se que a ruptura não havia
sido atingida.
Na figura 51 pode-se visualizar as equações ajustadas aos dados amostrais utilizados nesta
pesquisa (tabela 25). Como pode ser visto, o ajuste linear se aproxima bastante do melhor
ajuste não-linear obtido, que é uma equação exponencial. Além disso, as equações são
bastante semelhantes (equações 76 e 77), assim como os respectivos valores de coeficiente de
correlação (rlinear = 0,74 e rnão-linear = 0,78). Como pode ser visto, a equação linear tem a
mesma forma da equação apresentada por Schnaid (2000) (equação 10), sendo que o valor da
constante Ψ para os solos residuais estudados nesta pesquisa é igual a 9,54.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
123
q a = 9,43.N SPT
0 , 99
, 60 , ajuste não-linear (equação 77)
250
qa (kN/m )
0,9894
2
_____ qa = 9,4298.NSPT,60
200 2
r = 0,6118
150
100
50
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
NSPT,60
Figura 51: equações ajustadas aos pontos de qa - N SPT ,60 das provas de carga estudadas
300
200
100
------ Limite Inferior
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-100 NSP T,60
Para o intervalo de confiança pode-se estabelecer as equações que definem os limites inferior
e superior. A equação 78 define o limite superior de tensão admissível e a equação 79 define
o limite inferior de tensão admissível (provável tensão mínima).
Na figura 53 percebe-se que a equação para determinação da tensão admissível obtida nesta
pesquisa (equação 76) é praticamente coincidente com o limite inferior das correlações feitas
por Milititsky e Schnaid (1995, apud Schnaid, 2000). Já o limite superior estabelecido nesta
pesquisa (equação 78) praticamente corresponde a média estabelecido pelos referidos autores.
E como também pode ser visto, o limite inferior estabelecido é bastante conservador se
comparado com as correlações feitas por Milititsky e Schnaid (1995, apud Schnaid, 2000).
q a = 9,5353.NSP T,60
300
200
100
------ Limite Inferior
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
NSPT
Figura 53: comparativo entre os ajustes efetuados nesta pesquisa e os limites estabelecidos
por Milititsky e Schnaid (1995, apud Schnaid, 2000) apresentados na tabela 7 para um B >
0,75 m
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
125
400
Argilas
350 (Skempton,
300 1951)
200
2
|
------ Equação Ajustada
150 |
| Areias, B =
100
0,3 m
50 (Teixeira,
------ LimiteInferior 1996)
0
Areias, B =
-50 0 5 10 15 20 25 1,6 m
(Teixeira,
-100 1996)
NSP T
Analisando as correlações estabelecidas por Milititsky e Schnaid (1995, apud Schnaid, 2000)
e Teixeira (1996, apud Cintra et al., 2003) percebe-se que ambas são dependentes também das
dimensões das fundações em questão. No entanto como se estabeleceu nesta pesquisa um
critério de ruptura de recalques totais de B/30 mm, que representa um recalque relativo de
33,33 mm/m, ou seja, a capacidade de carga (e também, a tensão admissível) independem das
dimensões das fundações neste caso, assim como as correlações de Skempton (1951, apud
Cintra et al., 2003) e Mello (1975, apud Cintra et al., 2003). Porém, é de se lembrar que o
intervalo de dimensões estudado nesta pesquisa esta limitado entre 0,30 e 1,60 m.
Nesta pesquisa fez-se a análise da dispersão dos dados amostrais, que definiram as equações
para a determinação da tensão admissível, a partir da determinação do erro padrão de
estimativa, utilizando a equação 61. Lembrando que não foram considerados os pontos que
não atingiram a ruptura (configuração (b) da figura 50). A figura 55 apresenta o intervalo de
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
126
dispersão considerando a distância de 1.Se e 2.Se a partir da reta ajustada. Como pode ser visto
na figura 55, cerca de 38,5 % dos dados amostrais (5 pontos) ficam fora do intervalo
considerando a distância de 1.Se, e 7,7 % (1 ponto) ficam fora deste intervalo considerando a
distância de 2.Se. Enquanto que r2 resultou num valor de 0,548, que significa 45,2% dos dados
amostrais utilizados não podem ser explicados pela equação ajustada.
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
-100
Figura 55: dispersão dos dados amostrais (qa - N SPT , 60 ) em relação a equação ajustada
A teoria da elasticidade tem sido bastante utilizada para previsão do comportamento tensão-
deformação dos materiais. Na mecânica dos solos, esta teoria tem sido bastante utilizada para
a previsão de recalques que uma estrutura sofre ao ser carregada.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
127
Como apresentado por Parry (1978), na teoria da elasticidade a variação dos recalques com o
aumento das dimensões das fundações para uma mesma tensão aplicada no solo depende do
tipo da variação do módulo de elasticidade adotado, como pode ser visto na figura 56. Assim
se for considerado um valor constante (1) ao longo da profundidade, tem-se que os recalques
aumentam proporcionalmente com o aumento da dimensão da fundação. Agora, se o módulo
aumentar linearmente com a profundidade (2) tem-se que os recalques serão sempre os
mesmos, independentemente das dimensões das fundações. E finalmente, se a variação do
módulo for como em (3) tem–se uma variação do tipo exponencial.
E 7
0 1 2 3 4 5 6
0 1
6
2
1
5 3
2 4
o
3 3
Z
1
2
4 2
3 1
5
0
6 0 2 4 6 8
B/B o
(a) (b)
Figura 56: (a) variação do módulo de elasticidade com a profundidade, (b) variação dos
recalques com o aumento das dimensões com a variação do módulo de elasticidade para uma
mesma tensão (PARRY, 1978)
Considerando que os solos estudados neste trabalho são homogêneos, pode-se definir um
valor médio constante ao longo da profundidade para cada solo estudado. Levando em
consideração este aspecto, pode-se dizer que a variação dos recalques com o aumento das
dimensões das fundações é linear, como apresentado no caso (1) da figura 56. Desta forma,
por meio de retro-análise das provas de carga estudadas neste trabalho, foi possível se obter o
valor médio do módulo de elasticidade para cada um dos casos estudados. Esses valores
médios de módulo de elasticidade posteriormente foram correlacionados com os respectivos
valores de N SPT , 60 dos solos estudados.
(1 − ν 2 )
E = 1000. .q.( I S .I d .I h ) (equação 80)
ρ/B
Neste trabalho para retro-análise das provas de carga estudadas foram adotados:
a) recalque relativo (ρ/B): considerado os valores da coluna [2] da tabela 25,
pois como salientado nas observações da mesma tabela, corresponde ao recalque
relativo da tensão limite do trecho linear inicial das curvas de tensão-recalque
das provas de carga estudas (mm/m);
b) tensão (q): considerado os valores da coluna [1] da tabela 25, pois como
salientado nas observações da mesma tabela, corresponde a tensão limite do
trecho linear inicial das curvas de tensão-recalque das provas de carga estudadas
(kN/m2);
c) fator de forma/rigidez (Is), fator de embutimento (Id) e fator de espessura de
camada (Ih): considerado os valores da tabela 8, sendo Id = 1,0 (camada de
espessura infinita); e Is.Ih = 0,79 (para a forma circular) e 0,99 (para a forma
quadrada);
d) coeficiente de Poisson (ν): o valor máximo do coeficiente de Poisson pode
ser de 0,5. Esse valor corresponde a uma deformação volumétrica nula, que é
perfeitamente válido para argilas não-drenadas. Já para solos drenados este valor
deve ser abaixo de 0,5 (SIMONS; MENZIES, 1977; SCHNAID, 2000;
VELLOSO; LOPES, 2004). Logo D´Appolomia et al (1970, apud Cintra, Aoki e
Albiero, 2003) consideram um valor de 0,3 como representativo para areias ou
solos bem drenados, que foi o valor adotado nesta pesquisa.
Quanto aos critérios a) e b) adotados, poder-se-ia ter adotado quaisquer outros pares de
valores abaixo dos adotados, pois como a relação entre a tensão aplicada e o recalque relativo
é linear e a equação 80 utiliza a razão entre a tensão aplicada e o respectivo recalques relativo,
tem-se sempre um valor constante.
Tendo os valores dos módulos de elasticidade e valores médio do ensaio SPT, passou-se para
as correlações. Na correlação somente adotou-se os valores de N SPT , 60 . Inicialmente graficou-
não-linear, como pode ser visto na figura 57. Na figura 57 são apresentados dois ajustes –
linear e não-linear – sendo que o melhor ajuste não-linear foi um ajuste exponencial, bem
como este ajuste foi melhor que o linear.
Cod. N SPT ,60 E (MN/m2) Cod. N SPT ,60 E (MN/m2) Cod. N SPT , 60 E (MN/m2)
1e2 6,0 12,27 22 23,6 47,30 33 e 34 11,6 20,03
3a5 35,1 63,06 23 5,1 6,44 35 10,8 18,29
6a8 11,6 18,53 24 14,1 22,47 36 6,0 12,75
9 a 11 9,5 25,22 25 18,9 34,23 37 4,8 7,63
12 e 13 11,5 22,33 26 16,2 41,08 38 6,4 15,59
14 a 16 6,0 11,06 27 9,0 26,93 39 4,9 7,26
17 18,3 51,72 28 12,3 34,23 40 5,7 9,34
18 16,8 29,95 29 9,3 20,42 41 e 42 20,8 47,93
19 14,0 33,59 30 3,6 8,96 43 3,6 8,07
20 42,9 70,48 31 1,2 3,76
21 23,4 32,83 32 13,6 19,27
90
80 E = 1,8945.NSPT ,60
2
70 r = 0,8645
60
E (MN/m )
2
50 0,9296
E = 2,3366.NSPT ,60
40 2
r = 0,896
30
20
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
N SPT,60
Figura 57: correlações entre E e N SPT , 60 dos solos residuais estudados nesta pesquisa
utilizando os dados obtidos nesta pesquisa e os dados obtidos nesta pesquisa mais os dados
obtidos por Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004).
60
Ajuste para Dados da pesquisa
40
E = 1,8945.N SPT,60
2
20 r = 0,8645
0
0 5 10 15 20 N SPT,60 25 30 35 40 45
Figura 58: Correlações entre E e N SPT , 60 dos solos residuais estudados nesta pesquisa e
estudados por Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004)
Como pode ser visto na figura 58, as correlações estabelecidas fornecem um ajuste tendendo a
uma reta. Já os ajustes realizados por Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004)
apresentam um ajuste tendendo a uma exponencial, cujo valor do módulo cresce rapidamente
com o aumento dos valores de NSPT,60. Assim, para a estimativa do módulo de elasticidade em
solos residuais podem ser utilizadas as equações 81 e 82. Sendo que a equação 81 foi ajustada
com os valores obtidos para as provas de carga desta pesquisa e os dados de Sandroni (1996,
apud Velloso e Lopes, 2004), e a equação 82 foi desenvolvidas utilizando somente os dados
desta pesquisa.
Além dos ajustes realizados por meio de mínimos quadrados, definiu-se ainda um intervalo
de confiança para as análises feitas na figura 58. Assim pode-se definir limites inferiores e
superiores para as equações 81 e 82. A determinação dos intervalos foi feita com base nos
conceitos estatísticos apresentados na seção 2.7. A figura 59 apresenta os limites superior e
inferior à um nível de confiança de 99,8% para os dados amostrais adotados nesta pesquisa. Já
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
131
120,0
Dados Amostrais
100,0 Ajuste Linear: E = 1,8945.NSPT,60
80,0 r2 = 0,8645
Limite Superior ----
E (MN/m 2)
60,0
20,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0
-20,0
NSPT,60
120,0
Dados Amostrais
100,0
Ajuste Linear: E = 2,0135.NSP T,60
2 Limite Superior ----
80,0 r = 0,8662
E (MN/m )
2
60,0
40,0
20,0
----- Limite Inferior
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0
-20,0
NSP T,60
Também se fez a análise da dispersão dos dados amostrais a partir da determinação do erro
padrão de estimativa, utilizando a equação 61. Esta análise foi feita os dados amostrais desta
pesquisa (tabela 26 e figura 57) e para os dados amostrais desta pesquisa mais os dados
amostrais considerados por de Sandroni (1996 apud Velloso e Lopes, 2004). A figura 61 e 62
apresenta o intervalo de dispersão considerando a distância de 1.Se e 2.Se a partir das equações
ajustadas. Como pode ser visto na figura 61, cerca de 32,3 % dos dados amostrais (10 pontos)
ficam fora do intervalo considerando a distância de 1.Se, já 3,2 % (1 ponto) ficam fora deste
intervalo considerando a distância de 2.Se. Agora considerando a figura 62, tem-se que cerca
de 15,9 % dos dados amostrais (7 pontos) ficam fora do intervalo considerando a distância de
1.Se, e 6,8 % (3 ponto) ficam fora deste intervalo considerando a distância de 2.Se.
Por outro lado, os valores de coeficiente de determinação de ambos os ajustes lineares (figura
58) foi bastante próximo. Para o ajuste onde foram considerados somente os dados desta
pesquisa, o valor de r2 foi de 0,8645, e no ajuste onde foram considerados os dados da
pesquisa mais os dados de Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004) o valor de r2 foi de
0,8662. Assim, em ambos os casos, cerca de 14,0% dos dados amostrais não puderam ser
explicados pelo ajuste realizado.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
133
100,0
Dados Amostrais
Equação ajustada +/- 1.Se
80,0
Equação ajustada +/- 2.Se
Equação Ajustada:
60,0
E (MN/m )
2
40,0
20,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
-20,0 NSP T,60
Figura 61: dispersão dos dados amostrais (qa - N SPT , 60 ) em relação a equação ajustada,
considerando somente os dados das provas de carga desta pesquisa
120,0
Dados Amostrais
100,0 Equação ajustada +/- 1.Se
Equação ajustada +/- 2.Se
80,0
Equação Ajustada:
60,0
E (MN/m )
2
40,0
20,0
0,0
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
-20,0
Figura 62: dispersão dos dados amostrais (qa - N SPT , 60 ) em relação a equação ajustada,
considerando os dados das provas de carga mais os dados de Sandroni (1996 apud Velloso e
Lopes, 2004)
Pela falta de modelos específicos para determinação de recalques em solos residuais, têm-se
utilizado os conceitos da teoria da elasticidade e modelos computacionais, por exemplo,
método dos elementos finitos. Além disso, é prática corriqueira a utilização dos modelos
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
134
q (k N /m 2
)
M o d e lo 1
ρ (mm)
E rro 1
E rro 2
M o d e lo 2
Assim, a intenção desta seção é verificar a aplicabilidade dos diversos modelos de previsão de
recalques desenvolvidos para areias na previsão de recalques dos solos residuais estudados
neste trabalho. Desta forma, levando em consideração os aspectos apontados no parágrafo
anterior, estimou-se os recalques para várias tensões aplicadas em uma mesma prova de carga.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
135
Os modelos aplicados neste trabalho como pode ser visto na seção 2.6.1 são lineares, assim
primeiramente foi necessário definir-se até que tensão os modelos poderiam ser aplicados.
Deste modo, adotou-se a tensão admissível de cada solo definida na tabela 25 como sendo o
limite da aplicação dos modelos. Em seguida, estimou-se os recalques, por diversos modelos,
para as sucessivas tensão aplicadas nas provas de carga, até a tensão limite definida
anteriormente, respeitando as particularidades de cada modelo. Para a estimativa dos
recalques utilizando o modelo desenvolvido, utilizou-se a equação 69. Em relação aos valores
de NSPT, utilizou-se os valores apresentados nos perfis do apêndice A corrigidos para uma
energia de cravação de 60%. Calculados os recalques determinados por cada modelo
calculou-se o erro padrão de estimativa para cada prova de carga estudada, sendo que as
variáveis reais são os recalques medidos e as variáveis estimadas são os recalques obtidos
pelos modelos. A tabela 27, apresenta os erros padrão de estimativa obtidos para cada prova
de carga de cada um dos modelos utilizados.
Tabela 27: resumo dos erros padrão de estimativa obtidos para cada prova de carga de
cada um dos modelos utilizados
Erros padrão de estimativa (Se) dos modelos
Anagnostopoulos
Papadopoulos e Webb (1969)
Burland, Broms e de Mello (1977)
Kavvadas (1991)
Burland e Burbidge (1985)
Desenvolvido na pesquisa
Schmertmannn (1978)
Meyerhof (1965)
Alpan (1964)
Parry (1978)
Código
B (m)
Diferenciado pelo B
Areia fina/média
Argila arenosa
média
1 0,60 0,036 0,002 5,796 81,643 20,779 0,173 58,110 4,485 0,966 4,106 0,306 0,013 0,153 0,567
2 0,90 0,120 0,017 3,665 66,023 28,168 0,328 61,396 6,620 1,867 4,608 0,483 0,059 0,218 0,923
3 0,40 0,054 0,007 6,128 71,634 9,086 0,158 14,800 1,231 0,559 0,594 0,004 0,218 0,035 8,977
4 0,80 0,111 0,439 1,382 51,324 15,469 0,023 12,650 0,682 0,106 0,027 0,595 0,023 0,182 20,540
5 1,60 1,118 0,162 56,523 696,987 33,840 0,358 22,046 5,633 2,901 0,274 0,039 4,040 0,758 75,939
6 0,30 0,567 1,019 25,896 366,622 46,695 0,868 18,255 1,219 0,043 1,254 1,908 0,348 1,319 3,266
7 0,60 0,124 0,765 18,115 335,503 166,66 0,592 23,771 4,645 0,274 2,098 2,643 0,003 1,337 17,697
68,61
8 0,80 15,11 31,519 61,760 2231,658 1641,0 26,451 130,99 27,192 5,630 10,929 8,669 43,555 1943,2
9
9 0,30 0,181 0,011 89,773 978,754 110,19 0,281 1197,3 13,474 3,139 10,391 0,408 0,335 0,092 0,744
10 0,60 1,534 0,355 71,120 914,660 355,14 0,296 1754,7 33,810 12,281 15,146 0,791 2,388 0,049 3,955
11 0,80 1,143 0,055 49,318 831,295 463,76 1,321 1978,2 39,096 14,924 11,420 3,150 2,179 0,778 4,023
12 0,60 0,975 1,254 9,674 242,730 113,82 0,426 12,983 1,601 0,064 0,612 4,486 0,485 2,901 18,059
13 1,20 0,124 0,226 121,93 1640,212 166,29 6,466 13,404 5,085 0,149 1,148 4,135 0,248 1,840 41,060
14 0,30 0,020 0,028 38,806 440,246 0,016 0,776 203,72 8,988 1,018 7,959 0,583 0,016 0,343 9,628
Anagnostopoulos
Schmertmannn (1978)
Meyerhof (1965)
Alpan (1964)
Parry (1978)
Código
B (m)
Diferenciado pelo B
Areia fina/média
Argila arenosa
média
15 0,45 0,011 0,021 26,486 344,143 0,005 0,737 203,57 11,867 1,591 7,909 1,036 0,001 0,594 15,153
16 0,60 0,325 0,849 18,655 357,258 0,929 0,045 249,43 13,554 0,926 5,000 4,799 0,540 3,359 24,578
17 1,20 3,120 1,722 122,65 1292,942 129,29 2,092 62,251 11,435 4,180 4,770 0,250 6,303 1,291 12,589
18 0,30 0,003 0,022 6,145 74,556 7,511 0,195 11,169 0,407 0,097 0,765 0,087 0,005 0,032 4,139
19 0,30 0,372 0,410 45,467 468,332 65,839 1,121 52,450 5,189 2,230 5,409 0,020 0,718 0,073 27,860
20 0,80 0,034 0,008 0,446 7,101 3,147 0,009 3,457 0,302 0,052 0,161 0,007 0,118 0,029 0,106
21 0,80 0,048 0,083 0,605 19,682 14,878 0,254 11,058 0,266 0,016 0,147 0,273 0,020 0,111 37,614
22 0,80 0,039 0,119 1,142 35,161 27,219 0,004 20,298 0,515 0,011 0,114 0,389 0,023 0,131 2,718
23 0,80 3,451 4,234 1,861 158,575 63,061 0,202 83,427 5,900 0,130 0,965 12,80 4,700 10,528 179,34
24 0,80 0,018 0,054 0,629 17,221 11,421 0,202 2,354 0,201 0,010 0,424 0,241 0,008 0,111 8,357
25 0,80 0,002 0,023 0,590 13,839 8,695 0,259 4,603 0,255 0,024 0,311 0,090 0,029 0,023 5,924
26 0,80 0,047 0,010 1,191 19,423 14,701 0,598 4,755 0,555 0,152 0,784 0,021 0,148 0,003 3,507
77 0,80 0,218 0,131 4,413 65,129 37,927 0,817 136,37 3,797 1,965 3,425 0,108 0,310 0,009 1,121
28 0,80 0,102 0,008 2,475 38,901 28,633 1,121 4,731 1,426 0,319 1,617 0,056 0,236 0,002 6,721
29 0,80 0,012 0,016 2,512 52,439 27,257 0,783 122,27 1,978 0,882 1,857 0,510 0,028 0,237 12,097
30 1,00 0,112 0,035 3,471 72,410 26,275 0,179 20,428 14,878 2,055 8,096 1,167 0,054 0,784 0,010
31 0,80 5,322 4,674 54,029 573,890 15,567 5,002 13,742 278,51 17,939 104,05 0,421 0,068 0,236 0,907
32 0,80 0,745 1,389 1,877 91,090 53,265 0,046 8,777 0,352 0,197 0,142 3,170 0,291 1,954 80,072
33 0,80 0,001 0,045 7,337 159,131 119,59 2,519 13,198 4,010 0,333 2,056 1,356 0,124 0,522 345,22
34 1,50 0,617 1,456 107,03 1674,305 154,22 0,297 4,763 2,858 0,522 0,027 8,717 0,164 4,558 322,93
35 0,30 0,150 0,380 35,682 452,545 61,656 5,746 21,352 2,971 0,305 2,772 1,178 0,060 0,704 1935,7
36 0,81 0,374 0,312 2,087 20,032 8,618 0,238 17,583 2,734 1,253 2,958 0,023 0,317 0,063 0,058
37 0,81 0,474 0,447 2,992 29,943 12,015 0,366 16,995 4,729 1,659 4,440 0,009 0,320 0,041 0,164
38 0,81 0,479 0,247 3,671 40,863 15,769 0,844 41,520 4,632 1,999 4,412 0,004 0,418 0,035 0,688
39 0,81 0,554 0,342 8,860 124,087 46,592 0,729 68,385 15,434 3,641 9,867 0,448 0,261 0,212 4,666
40 0,81 0,172 0,121 1,301 14,252 5,422 0,154 11,401 1,816 0,745 2,108 0,000 0,132 0,009 0,036
41 0,33 0,325 0,255 11,160 104,986 17,085 0,628 657,24 2,085 0,992 2,088 0,091 0,561 0,205 3,830
42 0,80 2,087 1,655 10,511 102,970 64,425 2,927 50,916 7,191 3,352 4,464 0,631 3,525 1,343 17,190
43 0,80 0,944 0,784 18,849 257,527 5,230 0,510 69,584 42,279 6,349 20,606 0,900 0,111 0,452 0,878
Se médio 0,962 1,296 24,745 363,54 98,08 1,561 174,20 13,858 2,275 6,333 2,952 0,898 1,889 121,00
Obs.: valores hachurados correspondem a valores contra a segurança
Como pode ser visto na tabela 27, também se determinou um erro padrão de estimativa médio
para cada modelo. O valor médio de Se para o modelo desenvolvido nesta pesquisa foi de
0,962, considerado como valor de referência, uma vez que o erro obtido para os valores
estimados é oriundo de um modelo desenvolvido com base nas provas de carga nas quais se
aplicou o próprio modelo. Neste sentido pode-se dizer que o modelo de Weeb (1969, apud
Oweis, 1979), desenvolvido a partir da teoria da elasticidade, considerando o valor do módulo
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
137
estimado para argilas arenosas forneceu um valor médio de Se igual a 0,898 que apresentou
um erro padrão médio menor que o modelo desenvolvido. Agora os modelos de Parry (1978),
Schultze & Sherif (1973, apud Milititsky et al., 1982), Anagnostopoulos, Papadopoulos e
Kavvadas (1991) que obteve equações distintas para determinados intervalos de NSPT, e Weeb
(1969, apud Oweis, 1979) considerando o valor do módulo estimado para um perfil médio,
forneceram resultados de estimativa de recalques satisfatórios. Agora os demais modelos
apresentam estimativas fora da realidade, sendo todos demasiadamente conservadores.
Quando se estima recalques deve-se verificar a segurança das estimativas, de modo que se a
diferença entre os recalques medidos e estimados ( y − yc ) for um valor positivo a estimativa é
contra a segurança, pois o recalque estimado é menor que o recalque medido, e se o valor da
diferença for negativo a estimativa esta a favor da segurança. Agora analisando a equação 61,
percebe-se que a determinação do erro padrão de estimativa (Se) não fornece nenhuma
informação quanto a segurança das estimativas de recalque, uma vez que a diferença entre os
recalques medidos e estimados ( y − yc ) é perdida pois este valor é elevado ao quadrado. No
entanto, esta observação pode ser feita comparando-se visualmente os valores de recalque
medidos com os estimados. Assim na tabela 27 estão identificados os casos em que a
estimativa dos recalques ficou contra a segurança. Desta forma, percebe-se que o modelo de
Weeb (1969, apud Oweis, 1979) para o perfil médio forneceu resultados contra a segurança
em 30 provas de carga, apesar do erro padrão de estimativa ser bastante baixo; já o modelo de
Weeb (1969, apud Oweis, 1979) para solos argilo-arenosos, resultou em 13 provas de carga
contra a segurança. Além disso, o modelo de Parry (1978) que forneceu o terceiro menor Se,
resultou uma estimativa de recalques contra a segurança em 20 provas de cargas. Já o modelo
desenvolvido nesta pesquisa, resultou em 15 estimativas contra a segurança. Também
analisando as estimativas fornecidas pelo modelo de Schultze e Sherif (1973, apud Milititsky
et al., 1982), percebe-se que os resultados de 12 provas de carga foram contra a segurança.
Desta forma, de uma maneira geral, o modelo empírico estatístico de Shultze e Sherif (1973,
apud Milititsky et al., 1982) e os modelos de Weeb (1969, apud Oweis, 1979) e Parry (1978)
desenvolvidos com base na teoria de elasticidade apresentaram resultados satisfatórios quando
aplicados em solos residuais quando comparado com o modelo desenvolvido nesta pesquisa,
que apresentou coeficientes de correlação da ordem de 0,95 para o ajustes de NSPT e an, e
0,86 a 1,00 para ajustes das retas dos pontos ρ/B e q.
No desenvolvimento de um modelo, uma das etapas mais importantes são os testes, bem
como da verificação de sua aplicabilidade para caso reais. Assim, visando testar e verificar os
modelos desenvolvidos nesta pesquisa, utilizou-se resultados de três provas de cargas
realizadas em solos residuais, das quais duas foram realizadas no Estado do Rio Grande do
Sul e uma no Estado de Santa Catarina. Os resultados dessas provas de carga foram obtidos
após a conclusão do desenvolvimento dos modelos das seções 4.3, 4.4 e 4.5. Esse tipo de
verificação é conhecida como previsão classe A, como apresentada em Lambe (1973).
Como apresentado pela empresa ESTASUL (1980, 1981, 1984), após a montagem do aparato
era iniciado o carregamento. O carregamento era realizado por incrementos de carga
sucessivos, de modo que após um estágio de carregamento era aguardado a estabilização dos
recalques, após se aplicava outro incremento de carga, e assim em diante. As leituras eram
registradas em dois deflectômetros, sendo era feita uma média entre as leituras dos dois
deflectômetros para determinação dos recalques impostos. A figura 66 apresenta os resultados
das provas de carga (curvas tensão-recalque) das três provas de carga realizadas. Na figura 66,
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139
Figura 64: aparato utilizado pela empresa ESTASUL para a execução das provas de carga
(ESTASUL; 1980, 1981, 1984)
Figura 65: detalhe da sapata de concreto armado utilizada pela empresa ESTASUL para as
provas de carga (ESTASUL; 1980, 1981, 1984)
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141
3
Carga
Recalque (mm)
3
4
4 Repouso
5
Descarga
5
6 Carga
7 Repouso 6
8 Descarga 7
9 8
9
(a) (b)
2
Tensão (kN/m )
0 200 400 600 800 1000
0
1
2
Carga
Recalque (mm)
3
4 Repouso
5 Descarga
6
7
8
9
(c)
Figura 66: resultados das três provas de cargas – (a) Nova Petrópolis/RS (ESTASUL, 1980),
(b) Canguçu/RS (ESTASUL, 1981), e (c) Jacinto Machado/SC (ESTASUL, 1984)
N o . G o lp es D escrição d o S o lo
P ro f. 0 20 40
1 e2 2 e3
A rg ila silto sa co m areia g ro ssa.
1 m 13 15 cor v ariad a, m u ito rija 1 ,0 5 m
1 3 frag m en to s (5 0 % d e
4 m recu p eração) R o cha basaltica, co r cin za
Sondagem 8 frag m en to s (6 0 % d e am arelad a, m ad ia a m u ito
5 m rotativa recu p eração ) fratu rad a, m ad iam ente alterad a
2 frag m en tos (9 0% d e
recup eração ) L im ite d a S o nd ag em 5 ,8 8 m
6 m
7 m
Figura 67: perfil de sondagem realizado em Nova Petrópolis/RS nas proximidades do local
da prova de carga (ESTASUL, 1980)
N o . G o lp e s D e s c riç ã o d o S o lo
P ro f. 0 20 40
1 e 2 2 e 3
A rg ila s ilto s a c o m m u ita a re ia d e
1 m 10 17 te x tu ra v a ria d a c o m p e d re g u lh o ,
m a rro m , rija
1 ,9 0 m
2 m 5 7
O b s.
3 m 7 11 2 ,4 5 m
S ilte a rg ilo s o , c o m m u ita a re ia d e
4 m 11 16 te x tu ra v a ria d a , c o m p e d re g u lh o ,
m a rro m , m e d ia m e n te c o m p a c to
NA 5 m 3 0 /2 5 L im ite d a S o n d a g e m
5 ,3 5 m
6 m
O b s .: S ilte a rg ilo s o , c o m a re ia e
7 m p e d re g u lh o , a m a re lo e s c u ro ,
p o u c o c o m p a c to
8 m
Figura 68: perfil de sondagem realizado em Canguçu/RS nas proximidades do local da prova
de carga (ESTASUL, 1981)
6m
~ 13 % de
recuperação
7m Lim ite da Sondagem 7,04 m
8m
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143
Os modelos desenvolvidos nesta pesquisa são dependentes da média aritmética dos valores de
NSPT num intervalo de duas vezes o lado abaixo da profundidade de assentamento da base da
sapata. Desta forma, inicialmente determinou-se estes valores médios para cada um dos três
solos. No entanto, observando-se os perfis e as respectivas cotas onde foram assentadas as
sapatas utilizadas para as provas de carga, percebe-se que no caso de Nova Petrópilis/RS e
Jacinto Machado/SC, o bulbo de tensões fica parcialmente embutido no impenetrável, não
possuindo valores de NSPT deste e quando apresentados são extremamente elevados. Assim,
para estes dois solos foram considerados os valores representativos da camada de solo entre a
sapata e o impenetrável. Já para o caso de Canguçu o bulbo tensões fica embutido no solo,
não atingindo o impenetrável. Em seguida, os valores médios foram corrigidos para uma
energia de cravação de 60 % de aproveitamento da energia de cravação (seção 2.3.1.1.1 e
equação 3), de modo a se obter os valores de N SPT , 60 para cada solo estudado. A tabela 28
Tabela 28: resumo das provas de carga utilizadas para teste dos modelos desenvolvidos
Referência: Local do Cota de NSPT SPT médio aritmético
ESTASUL (ano) ensaio assentamento considerados Não corrigido Corrigido (60%)
Nova
1980 Petrópolis/RS
2,30 m 30 e 32 31 37,2
1981 Canguçu/RS 3,90 m 16 e 36 26 31,2
Jacinto
1984 Machado/SC
1,90 m 35 35 42
(0,962; ver tabela 27) e da média de Se obtida para as três provas de carga aqui apresentadas,
nota-se que o erro médio do teste ficou abaixo do erro médio do modelo.
2 2
Tensão (kN/m ) Tensão (kN/m )
0 100 200 300 400 500 600 0 100 200 300 400 500 600
0 0
1 1
2 2
Recalque (mm)
3
Recalque (mm)
3
4
4
R e s ulta do da pro va de c a rga R e s ulta do da pro va de c a rga
5
5 R e c a lque Es tim a do
R e c a lque Es tim a do
6 R e c a lque M ínim o
6 R e c a lque M ínim o
R e c a lque M á xim o
R e c a lque M á xim o 7
7 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r)
Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r)
8 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l)
8 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l)
9 Te ns ã o Adm is s íve l M á xim a
Te ns ã o Adm is s íve l M á xim a
9 Te ns ã o Adm is s íve l M ínim a
Te ns ã o Adm is s íve l M ínim a
(b)
(a)
2
Tensão (kN/m )
0 200 400 600 800 1000
0
1
2
Recalque (mm)
3
4
R e s ulta do da pro va de c a rga
5
R e c a lque Es tim a do
6 R e c a lque M ínim o
7 R e c a lque M á xim o
Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r)
8 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l)
(c)
Figura 70: recalques estimados pelo modelo desenvolvido nesta pesquisa (equações 69, 73 e
74) – (a) Nova Petrópilis/RS (ESTASUL, 1980), (b) Canguçu/RS (ESTASUL, 1981), e (c)
Jacinto Machado/SC (ESTASUL, 1984)
desta trabalho puderam ser aplicados pois os recalques registrados foram muito pequenos em
relação aos recalques definidos pelos critérios de ruptura. Assim para a identificação da
tensão de ruptura, as provas de carga deveriam ter sido levadas a um tensão maior.
Também como pode ser visto na seção 4.3.3, o modelo de estimativa de recalques
desenvolvido nesta pesquisa tem como base as figuras 41 a 44, que representa o ajuste por
mínimos quadrados do coeficiente angular (an) das retas ajustadas às curvas de tensão-
recalque relativo das provas de carga estudadas e os respectivos valores médios de NSPT. Para
as três provas de carga utilizadas neste teste, também se procurou ajustar uma reta ao trecho
inicial (até a tensão admissível) das curvas de tensão-recalque relativo, de modo a verificar a
localização dos pontos an- N SPT , 60 na curva da figura 43. A figura 71 apresenta o ajuste linear
por mínimos quadrados efetuado nas três provas de carga utilizadas neste teste. Já a figura 72,
apresenta a localização dos pontos an- N SPT ,60 na figura 43. Como pode ser observado pela
figura 72, todos os pontos obtidos neste teste ficaram localizados dentro do limite
estabelecido, porém um único ponto fica próximo da equação ajusta (curva ajustada por
mínimos quadrados feita na seção 4.3.3) e os outros dois ficam próximos do limite inferior.
Voltando para a análise dos recalques, estimou-se os recalques pela teoria da elasticidade.
Para tanto determinou-se o módulo de elasticidade (E) para cada uma das três provas de
carga, utilizadas para o teste, utilizando as equações 81 a 86, que são somente dependentes
dos valores de N SPT ,60 . Vale lembrar que as equações 82, 83 e 84 foram desenvolvidas com
base em dados desta pesquisa; e as equações 81, 85 e 86, para dados desta pesquisa mais os
dados obtidos por Sandroni (1996, apud Velloso e Lopes, 2004). A tabela 30 apresenta os
valores de E determinados para cada uma das provas de carga. Agora com os valores de E
determinados e considerando um coeficiente de Poisson (ν) de 0,30, tem-se os principais
1 0,5
1,5
2
1
2,5
3
1,5
ρ /B = 0,0058.q
ρ /B = 0,0099.q
3,5 r2 = 0,8605
r2 = 0,8984
4
2
4,5
5
2,5
(a) (b)
2
Tensão (kN/m )
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0
Recalque Relativo (mm/m)
0,25
0,5
0,75
ρ/B = 0,0026.q
2
1 r = 0,7353
1,25
1,5
(c)
Figura 71: aproximação de uma reta a curva de tensão-recalque relativo do ensaio para a
determinação da constante an – (a) Nova Petrópilis/RS (ESTASUL, 1980), (b) Canguçu/RS
(ESTASUL, 1981), e (c) Jacinto Machado/SC (ESTASUL, 1984)
0,09
0,08
0,07
0,06 Ajuste por mínimos quadrados Limite inferior
0,03
0,02
0,01
0
20 25 30 35 40 45
N SPT,60
Figura 72: comparação entre os valores de an das provas de carga testadas e os ajustes obtidos
nesta pesquisa
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Tabela 30: valores de E determinados para as provas de carga utilizadas para a validação
Referência:
Módulo de Elasticidade (MN/m2)
ESTASUL
(ano) Min Equação 81 Max Min Equação 82 Max
1980 57,27 74,90 92,53 58,22 70,31 82,39
1981 48,61 62,82 77,03 49,44 58,97 68,49
1984 64,14 84,57 105,00 65,19 79,38 93,57
3
Recalque (mm)
4
4 R e s ulta do da pro va de c a rga
R e s ulta do da pro va de c a rga
5
R e c a lque Es tim a do 5 R e c a lque Es tim a do
6 R e c a lque M ínim o R e c a lque M ínim o
6
R e c a lque M á xim o R e c a lque M á xim o
7
Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r) 7
Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r)
8 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l)
8 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l)
Te ns ã o Adm is s íve l M á xim a
9 Te ns ã o Adm is s íve l M á xim a
Te ns ã o Adm is s íve l M ínim a 9
Te ns ã o Adm is s íve l M ínim a
(a)
(b)
Figura 73: estimativa de recalque pela teoria da elasticidade da prova de carga realizada em Nova
Petrópolis/RS (ESTASUL, 1980) considerando E estimado pelas: (a) equações 81 e intervalo de
variação definido pelas equações 83 e 84, e (b) equação 82 e intervalo de variação definido pelas
equações 85 e 86
3
3
Recalque (mm)
4 R e s ulta do da pro va de c a rga
R e c a lque Es tim a do
4
5 R e s ulta do da pro va de c a rga
R e c a lque M ínim o 5 R e c a lque Es tim a do
6
R e c a lque M á xim o R e c a lque M ínim o
6
7 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r)
R e c a lque M á xim o
8 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l) 7
Te ns ã o Adm . Es tim a da (Line a r)
Te ns ã o Adm is s íve l M á xim a 8
9 Te ns ã o Adm . Es tim a da (Expo ne nc ia l)
Te ns ã o Adm is s íve l M ínim a Te ns ã o Adm is s íve l M á xim a
9
(a) Te ns ã o Adm is s íve l M ínim a
(b)
Figura 74: estimativa de recalque pela teoria da elasticidade da prova de carga realizada em
Canguçu/RS (ESTASUL, 1981) considerando E estimado pelas: (a) equações 81 e intervalo de
variação definido pelas equações 83 e 84, e (b) equações 110 e intervalo de variação definido pelas
equações 85 e 86
1 1
2 2
3 3
Recalque (mm)
Recalque (mm)
4 4
(a) (b)
Figura 75: estimativa de recalque pela teoria da elasticidade da prova de carga realizada em Jacinto
Machado/SC (ESTASUL, 1984 considerando E estimado pelas: (a) equações 81 e intervalo de
variação definido pelas equações 83 e 84, e (b) equações 82 e intervalo de variação definido pelas
equações 85 e 86
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
149
No entanto, é necessário salientar que estes testes serviram também como exemplo de
aplicação dos modelos desenvolvidos nesta pesquisa. De modo que estes testes não podem ser
considerados como uma validação, mesmo porque três pontos não são suficientes para validar
uma metodologia desta importância.
Como pode ser visto no decorrer do capítulo 4, foram desenvolvidas equações que
possibilitam o entendimento e verificação dos dois principais critérios a serem observados
num projeto de fundações superficiais – recalques e tensão admissível. Mais do que simples
equações para a estimativa que forneçam um valor pontual estabeleceu-se equações que
permitem estimar também uma faixa de variação – um valor máximo e um valor mínimo –
tanto para os recalques, quanto para a tensão admissível. Assim, para a estimativa direta de
recalques em sapatas assentes em solos residuais pode-se utilizar a equação 69, cujo intervalo
de variação, a um nível de confiança de 99,8%, pode ser estimado pelas equações 73 e 74.
Também para a estimativa de recalques pode-se utilizar a teoria da elasticidade, de modo que
o módulo de elasticidade pode ser determinado pelas equações 81 ou 82, cujos intervalos de
confiança, a um nível de confiança de 99,8%, podem ser determinados pelas equações 83 a
86. Já para a tensão admissível pode-se utilizar a equação 76, cujos intervalos de confiança, a
um nível de confiança de 99,8%, podem ser determinados pelas equações 78 e 79. Vale
lembrar que esta metodologia é dependente de três variáveis - N SPT , 60 , B e q. Enquanto que as
equações para a estimativa do recalque são dependentes das três variáveis, as equações para a
determinação da tensão admissível são dependentes somente da média dos valores de
N SPT ,60 .Vale lembra que N SPT , 60 corresponde a um valor médio aritmético dos resultados do
ensaio de SPT (número de golpes) determinado a uma profundidade de duas vezes o lado ou
diâmetro abaixo da base de assentamento da sapata e posteriormente corrigido para uma
energia de cravação de 60 % de aproveitamento; B (m) corresponde ao lado (se quadrada) ou
diâmetro (se circular) da fundação considerada, sendo que não foi feito nenhuma
diferenciação entre fundação circular ou quadrada; e q (kN/m2) corresponde a tensão aplicada
na fundação.
Esta metodologia somente deve ser utilizada para solos que apresentam um perfil homogêneo
de solo residual, pelo menos até uma profundidade de duas vezes o lado ou diâmetro da
fundação. Perfis de solo com camada menor que o especificado ou que apresentam
estratigrafia podem acarretar grandes erros de estimativa, não avaliados neste trabalho.
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
151
Sabe-se que os conceitos clássicos da mecânica dos solos foram desenvolvidos para solos
sedimentares saturados, de modo que sempre é apresentado que o comportamento de areias é
bem distinto das argilas. Além disso, estes conceitos até poucos anos atrás eram largamente
utilizados para caracterizar o comportamento de solos tropicais, que geralmente apresentam
um comportamento bem distinto dos solos sedimentares. Os solos tropicais, em sua grande
maioria, são solos residuais não saturados e/ou bem drenados.
Assim como pode ser visto na seção 4.2, os solos residuais estudados apresentaram uma
grande variabilidade em termos de composição granulométrica, índice de vazios e estado de
consistência. Mas apesar disso, como foi evidenciado no primeiro parágrafo desta seção, o
comportamento em termos de recalques é bastante similar ao comportamento das areias
sedimentares. Além disso, os modelos que apresentam melhores ajustes para areais (seção
2.6.2) também se mostraram adequados para a estimativa de recalques nos solos residuais
estudados.
Um importante ponto a ser observado diz respeito a extrapolação dos métodos de previsão de
recalques para fundações de grandes dimensões, uma vez que estes, geralmente, são
desenvolvidos a partir de pequenas dimensões. Pela figura 30, percebe-se que existe uma
grande divergência entre diversos autores sobre a extrapolação dos resultados de estimativa
para grandes diâmetros. Enquanto que Terzaghi e Peck (1948, 1967), e alguns dos seus
Determinação do Comportamento Carga-Recalque de Sapatas em Solos Residuais a partir de Ensaios SPT
152
seguidores como Bazarra e Meyerhof, consideram uma curva única para a extrapolação dos
resultados, Bjerrum e Eggestad (1963, apud Parry, 1978; Lambe e Whitman, 1979) fazem
uma distinção em função da compacidade. Já pela teoria da elasticidade, a extrapolação é
proporcional (exemplo: equações 14 e 15), assim como os diversos modelos desenvolvidos a
partir dela (WEEB, 1969 e PARRY, 1978). Considerando os aspectos e as divergências acima
apontados deve-se ter muito cuidado ao se extrapolar as estimativas de recalques para grandes
dimensões. Via de regra, considera-se extrapolação de resultados, aqueles recalques estimados
para dimensões maiores do que aquelas utilizadas no desenvolvimento dos métodos.
Foi mostrado nesta pesquisa (seção 4.3.1) que os recalques são proporcionais as dimensões.
Desta forma, obteve-se um modelo proporcional às dimensões, como pode ser visto pela
equação 69, bem como o conceito de proporcionalidade foi adotado para o desenvolvimento
do modelo para determinação do módulo de elasticidade (seção 4.5). No entanto como pode
ser visto, esta proporcionalidade foi verificada num intervalo de dimensões entre 0,30 m e
1,60 m, de modo a relação entre dimensão e recalque não foi avaliada para dimensões acima
de 1,60 m.
Como pode ser visto, determinou-se um coeficiente angular para todas as curvas de tensão-
recalque relativo utilizadas nesta pesquisa. Estes coeficientes angulares (an) foram grafados
contra os respectivos valores de NSPT, como apresentado nas figuras 41 a 44. Por meio dessas
figuras citadas, pode-se confirmar o que foi dito no parágrafo anterior, ou seja, os recalques
são menores em solos com NSPT mais elevados, além disso, esta dependência é uma relação
exponencial. Ainda observando essas figuras, pode-se notar que a partir de valores crescente
de NSPT, os valores de an vão se aproximando de um valor assintótico, de modo que os
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
153
recalques, para valores altos de NSPT, tendem a ser praticamente os mesmos para diferentes
valores de NSPT. Agora observando a figura 57, nota-se que a curva definida a partir dos dados
desta pesquisa, é uma exponencial (muito próxima a reta), de modo que, para qualquer valor
de NSPT, os módulos de elasticidade tendem a um valor crescente linear. Esta tendência já não
ocorre para as curvas de Sandroni (1996), que pelo contrário tende a aumentar rapidamente a
rigidez do solo para valores altos de NSPT.
Já para valores muitos baixos de NSPT (menor que 5 golpes), os recalques são muito sensíveis
aos valores de NSPT, de modo que a curva de an-NSPT forma uma assíntota vertical quanto
menores vão ficando os valores de NSPT (ver figuras 41 a 44). Logo, deve-se ter muito cuidado
ao se estimar recalques a partir de valores baixos de NSPT, não sendo aconselhável em hipótese
alguma o uso da metodologia desenvolvida para valores de NSPT abaixo de 5. Além disso, a
contagem do número de golpes, assim como o próprio ensaio, esta sujeito a falhas de
operação.
A seguir são apresentadas algumas sugestões para trabalhos futuros que não puderam ser
contemplados nesta pesquisa:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
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159
2m 5 12
consistência 3m 41
média 3m 15
3m 5 Silte arenoso, Camada
4m 30 18
Argila arenosa variado, homogênea
marrom compacto a 4m 20
avermelhada,
de solo
4m 11 muito
consistência rija 5m 38 23 saprolítico
compacto
NSPT = 15
5m 25
NSPT = 30
NA = Não localizado 6m 57
5m 10
27
6m 30
7m 54
6m 18 NA = Não localizado 32
7m 12
Figura A1: perfis de sondagem de - (a) Dalla Rosa e Thomé (2004) (código 1 e 2); (b)
Campos (1980) (códigos 3 a 5); e (c) Fonseca, Fernandes e Cardoso (1997) e Fonseca (2001)
(código 12 e 13)
Prof. NSPT
Prof. NSPT
0,5 m
5 0,6 m Prof. NSPT 1m 11
1m 5
5 Argila marrom
1m 7
2m 5 1,5 m 2m 17
6
3m 6 Argila NA = 3,0 m Areia siltosa,
2m 20 3m 18 Areia
14 vermelha cor rosa/branca
4m 31
28 3m 18 4m 22
5m 21
18
6m 13 5m 21
4m 16 Silte arenoso,
18 Argila cinza cor rosa/branca
7m 21
6m 38
5m 14 NA = 5,0 m
NSPT = 20
8m 13
NSPT = 20
8m 60
7m 24 Siltito
NA = Não localizado
9m 50
Figura A2: perfis de sondagem de - (a) Cudmani (1994) (código 14 a 16); Lopes et al. (1998)
(código 17); e (c) Ferreira, Fucali e Amorim (1998) (código 18)
20 7m 30
argiloso Alteração fina,
4m 31
siltosa, cinza, 8m 45/9
NSPT = 30
3m compacta
5m 30 NA = 5 m
40
Alteração de
NA = Não localizado granulometria,
4m 6m 45 NSPT = 10 siltosa, cor cinza
a muito
7m 45 compacta
(a) (c)
(b)
Figura A3: perfis de sondagem de - (a) Ferreira, Fucali e Amorim (1998) (código 18); (b) SET
(1989) (código 20); e SET (1989) (código 21)
NSPT = 5
4m 22 cor amarela,
NSPT = 15
10 m 10 5m 13
compactado
11 m 16
12 m 18
13 m 29
14 m 25
(a) (c)
(b)
Figura A4: perfis de sondagem de - (a) Mello e Cepolina (1978) (código 22); (b) Geoforma
(2001) (código 23); e (c) Geoforma (2001) (código 24)
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161
NSPT = 10
4m 23
NSPT = 15
NSPT = 18
5m 12
5m 18
Figura A5: perfis de sondagem - (a) Geoforma (2001) (código 25); (b) Geoforma (2001)
(código 26); e (c) Geoforma (2001) (código 27)
14 7
cinza, mediamente
2m Solo residual
NSPT = 3
compacta 1m 8
1m 10 lateritico,
3m
argila arenosa,
7 11 cor vermelha
Silte arenoso, cor 4m
escura
vermelho, pouco 2m 13 Silte arenoso,
2m 5 5m
compacto cor roxa,
Solo residual
10 12 pouco a 6m lateritico, argila
mediamente pedregulhosa
NA = 3 m 3m 12 7m
3m 16 compacto -arenosa, cor
8m vermelha escura
12
Silte arenoso, cor 9m
Hor. de transição,
4m 13
4m 14 amarelo, pouco a solo lateritico
10 m
mediamente Hor. de transição,
NSPT = 10
(b)
(a) (c)
Figura A6: perfis de sondagem - (a) Geoforma (2001) (código 28); (b) Geoforma (2001)
(código 29); e (c) Sales et al. (2001) (código 30)
4m 1 4m 13
3m 10
5m 1 Silte pouco 5m 15
argiloso, com
6m 2 Argila 6m 12
cimentada presença de
4m 12 mica, cor
7m 4 7m 26
marrom
8m 1
8m 27
9m 4 5m 12
9m 30
10 m 1 NA = Não localizado NA = Não localizado Areia fina a
10 m 30/14
11 m 5 6m 11
média siltosa,
11 m 29/9 cor cinza e
12 m 7 NSPT = 12 marrom,
compacta a
NSPT = 2
NSPT = 15
12 m 30/25
13 m 7 7m 13 muito
14 m 8 13 m 52 compacta
14 m 30/22
Figura A7: : perfis de sondagem - (a) Futai et al. (2001) (código 31); (b) Cepolina e Ruoppolo
(1982) (código 32); e (c) Branco, de Mello e Bianchini (1982) (código 33 e 34)
NSPT NSPT
Prof. NSPT 0,0 m 1,0 m
1m 10 1m 3
1,5 m
Silte
2m 18 2m 2
NSPT = 15
areno-argiloso,
Areia fina
3m 24 homogeneo, 3m 3
1m 9 argilosa
compacto a
(colúvio)
4m 30 muito compacto, 4m 3
cor marrom a
5m 30 cinza amarelado 5m 3
Argila Fina camada de seixo
2m 9 6m 30 6m 4
arenosa
Silte argilo-arenoso, Areia fina a
7m 7m 5
compacto a muito média argilosa
8m compacto, cor cinza 8m 6 (solo residual de
3m 12 claro a vermelho arenito)
9m 10 9m 6
a
30 NA = 10 m NA = 10 m
10 m 10 m 5
4m 12
11 m 11 m 5
NSPT = 20
12 m 12 m 7
NSPT = 5
NA = Não localizado
13 m 13 m 8
14 m 14 m 10
Figura A8: perfis de sondagem - (a) Décourt (1978) (código 35); Ferreira, Peres e Ognebene
(1986) (código 41 e 42); e (c) Cintra et al. (2005) (código 43)
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2
40
40 B = 0,60 m 3
60
B = 0,90 m B = 0,60 m
60 4 ρ /B = 0,0586.q
80
B = 0,90 m r2 = 0,9418
5
80 100
6
(a) (b)
(c)
Figura B1. Cód. 1: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Dalla Rosa e Thomé (2004); (b) normalização das curvas de tensão-
recalque relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
5 10 1
10
20
Recalque (mm)
2
15
30
20 B = 0,40 m 3
25 40 B = 0,80 m ρ /B = 0,0114.q
B = 0,40 m 4
B = 1,60 m r2 = 0,9042
30 50
B = 0,80 m
5
35
B = 1,60 m 60
40 6
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20 4
10
6
ρ /B
15 8
40
ρ /B
20 B = 0,30m B = 0,30m 10 r/B = 0,0388.q
25 B = 0,60m 60 B = 0,60m 12
r2 = 0,9117
B = 0,80m 14
30 B = 0,80m
80 16
(a) (c)
(b)
Figura B3. Cód. 3: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Jardim (1980) para profundidade de 2,0 m; (b) normalização das curvas de
tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos
quadrados
/B - (m /m m )
ρ /B - (mm/m)
10 3
40 4
15 5
60 B = 0,30m 6
20 7
B = 0,30 m r/B = 0,0285.q
25 80 B = 0,60m 8
B = 0,60 m 9 r 2 = 0,9891
30 B = 0,80 m 100 B = 0,80m 10
40 4
40 ρ /B = 0,0322.q
60 r2 = 0,9403
6
60
80 B = 1,20 m
B = 1,20 m 8
80 B = 0,60 m
B = 0,60 m 100
100 10
(b)
(a) (c)
Figura B5. Cód. 5: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Fonseca (2001); (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo,
dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
30
60
40
6
50 B = 0,30m 90 D =0,30m
60
B = 0,45m D=0,45m
70 120 9 ρ /B = 0,065.q
80 B = 0,60m D=0,60m r2 = 0,9783
150 12
90
100 180
15
(a) (b)
(c)
Figura B6. Cód. 6: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Cudmani (1994); (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo,
dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
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2
60 40
3
80
60
4
100 ρ/B = 0,0139.q
120 80 5 r 2 = 0,9099
140
100 6
160
7
120
(a)
(b) (c)
Figura B7. Cód. 7: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Lopes et al (1998); (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo,
dividindo o recalque pelo respectivo lado; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
2
2
10
Recalque (mm)
4
4
6 20
6 ρ /B = 0,024.q
8
r2 = 0,9976
30 8
10
12 10
40
(a) (c)
(b)
Figura B8. Cód. 8: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Ferreira, Fucali e Amorim (1998); (b) normalização das curvas de tensão-
recalque relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
8 8
3
10 10
4 12 12
ρ/B = 0,0214.q
14 14
5 r2 = 0,9754
16 16
6
18 18
7 20 20
0,5 0,5
1
1,0
Recalque (mm)
1,0
1,5
2 1,5
2,0
ρ/B = 0,0102.q
2,0
2,5 r2 = 0,9497
3
3,0 2,5
3,5 4 3,0
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3 4
4 1,5
6
5 2
6 8 ρ/B = 0,0219.q
7 2,5 r 2 = 0,9359
10
8 3
9 12
3,5
(a) (b)
(c)
Figura B11. Cód. 11: (a) Resultados das provas de carga realizadas por SET (1989); (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo,
dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
2
2 3
3
3 4
5 4
4 ρ /B = 0,0152.q
6 5 r2 = 0,9789
5 7 6
6 6
10
8 8
10 10
15
12 12
14 20 14
16 16
18 25 18
2
3 3
3 4 4
5 5
4
6 6
5
7 7
6 8 8
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3 3 2
4
4 2
5
5 3
6
6 3
7
7
8 4
(a) (b) (c)
Figura B15. Cód. 15: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Geoforma (2001); (b) normalização das curvas de tensão-recalque
relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
2
2 1,5
2
2,0
3
3
2,5
3
4 4 3,0
2
3 r2 = 0,9974
2
3 4
5
4 3
6
5 7 4
Tensão (kN/m )
2 Tensão (kN/m2) Tensão (kN/m2)
0 50 100 150 200 0 50 100 150 200 0 50 100 150 200
0 0
0
Recalque Relativo (mm/m) - ρ /B
r2 = 0,9934
2
2
2
3
3
3 4
5 4
4
(a) (c)
(b)
Figura B18. Cód. 18: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Geoforma (2001); (b) normalização das curvas de tensão-recalque
relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
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3 3
3
4 4
4
5 5
5 6 6
6 7 7
7 8 8
5 5 1
10
10
Recalque (mm)
2
15
15
20 3
20
25
4 ρ /B = 0,0802.q
30 25
r2 = 0,9905
5
35 30
40 35 6
20
20
30 6
30 40 8
50 10
40
60 12
50 70 14
4 6 6
6 8 8
10 10
8
12 12 ρ /B = 0,0373.q
10 14 r2 = 0,9962
14
12 16 16
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15 10 4
20
6
25 15
B = 0,8 m B = 0,8 m ρ /B = 0,0359.q
30 8 r2 = 0,9505
B = 1,5 m 20 B = 1,5 m
35 10
40 25
12
15
60 10
20
25 80
15
30 ρ /B = 0,0393.q
100
35 r2 = 0,9894
20
40 120
45 140 25
10 15
2 ρ /B = 0,0564.q
15 20
r2 = 0,7705
25
20 3
30
25 35
4
30 40
(b) (c)
(a)
Figura B25. Cód. 25: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Ferreira, Peres e Ognebene (1986); (b) normalização das curvas de
tensão-recalque relativo, dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos
quadrados
Tensão (kN/m2) Tensão (kN/m2) Tensão (kN/m2)
0 20 40 60 80 0 10 20 30 40 50 60 70 0 10 20 30 40
0 0 0
5 5
1
10 10
Recalque (mm)
15 2
15
20
20 3 ρ /B = 0,0942.q
25 r2 = 0,7375
25 30
4
30 35
40 5
35
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15
15 3
20 ρ /B = 0,0461.q
20 4
25 r2 = 0,8385
25 30 5
30 35 6
35 40 7
5 5 2
10 4
Recalque (mm)
10
15 6
15
20 8 ρ /B = 0,099.q
20 10 r2 = 0,8628
25
25 12
30
14
30 35
10
15 2
15 20 ρ /B = 0,0775.q
3
25 r2 = 0,8118
20
30 4
25
35
5
30 40
2
10
5 4
20 6
Recalque (mm)
10 8
30 ρ /B = 0,015.q
10
B = 0,33 m 40 B = 0,33 m r2 = 0,7474
15 12
B = 0,80 m B = 0,80 m 14
50
20 16
60 18
25 70 20
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20
20
25 30 4
30
35 40
6
40
50
45
50 8
60
(a) (b) 10
(c)
Figura B31. Cód. 31: (a) Resultados das provas de carga realizadas por Cintra et al (2005); (b) normalização das curvas de tensão-recalque relativo,
dividindo o recalque pelo respectivo diâmetro; e (c) ajustamento de curvas por meio de regressão linear de mínimos quadrados
Cesar Alberto Ruver (cesar@ufrgs.br) – Dissertação de Mestrado – Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005
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CDU-624.131.38(043)