Estacas
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4.1. DEFINIES
Segundo a NBR 6122/1996, define-se como fundao profunda aquela que transmite a
carga proveniente da superestrutura ao terreno pela base (resistncia de ponta), por sua
superfcie lateral (resistncia de fuste), ou pela combinao das duas. Alm disto, segundo
este referida norma, nas fundaes profundas a profundidade de assentamento deve ser maior
que o dobro da menor dimenso em planta do elemento de fundao, conforme
esquematicamente mostrado na Figura 4.1.
NVEL DO TERRENO
P = RL + RP RL
h > 2B
ONDE:
RP: RESISTNCIA DE PONTA; B
RL: RESISTNCIA DE FUSTE;
RP
A Figura 4.2 apresenta a seqncia de execuo das estacas tipo Franki, classificadas
como estacas de grande deslocamento, que so:
Etapa 1: posicionamento do tubo de revestimento e formao da bucha a partir do
lanamento de brita e areia no interior do tubo e compactao pelo impacto do pilo
fazendo o material aderir fortemente ao tubo;
Etapa 2: cravao do tubo no terreno por meio da aplicao de sucessivos golpes do
pilo na bucha formada na etapa anterior;;
Etapa 3: terminada a cravao, o tubo preso torre do bate-estaca por meio de cabos
de ao, para expulsar a bucha e iniciar a execuo da base alargada, que se d pelo
apiloamento de camadas sucessivas de concreto quase seco;
Etapa 4: colocao da armao da estaca, tomando-se o cuidado de garantir a sua
ligao com a base alargada;
Etapa 5: concretagem do fuste, com o lanamento de camadas sucessivas de pequena
altura de concreto e recuperao do tubo;
Etapa 6: Finalizao do processo executivo, onde a concretagem do fuste ocorre at 30
cm acima da cota de arrasamento.
A execuo das estacas do tipo Franki para ser bem sucedida depende do atendimento
ao mtodo executivo, do uso de equipamentos adequados e mo-de-obra especializada e
experiente.
Cota de
arrasamento
Fuste
Base
1 2 3 4 5 6
Tabela 4.3 Cargas usuais e mximas para estacas tipo Franki (Hachich et al., 1998)
Dimetro Tenso Carga usual Carga mxima
(cm) (MPa) (kN) (kN)
35 600 1000
40 750 1300
6,0 a 10,0
52 1300 2100
60 1700 2800
Figura 4.5 Conjunto mecanizado utilizado na execuo das estacas do tipo Strauss
Figura 4.7 Estaca tipo Strauss com defeitos de concretagem (Hachich et al., 1998)
A Tabela 4.5 apresenta as cargas usuais das estacas tipo Strauss em funo do
dimetro utilizado.
Tabela 4.5 Cargas usuais e mximas para estacas tipo Strauss (Hachich et al., 1998)
Dimetro Tenso Carga usual Carga mxima
(cm) (MPa) (kN) (kN)
25 200
32 300 - 350
4,0
38 450
45 650
Figura 4.8 Equipamento para execuo das estacas escavadas mecanicamente com trado
helicoidal
Tabela 4.6 Cargas nominais para estacas do tipo hlice contnua (Geosonda, 2006)
Descrio Unid Valores
Dimetro nominal cm 35 40 50 60 70 80 90 100
Carga mxima kN 600 800 1300 1800 2400 3200 4000 5000
f) Estacas injetadas
Tipo de fundao profunda executada atravs de injeo sob presso de produto
aglutinante, normalmente calda de cimento ou argamassa de cimento e areia, com o objetivo
de garantir a integridade do fuste ou aumentar a resistncia por atrito lateral, de ponta, ou de
ambas. A injeo do produto aglutinante pode ser feita durante, ou aps a instalao da estaca.
Segundo Hachich et al. (1998), as estacas injetadas diferem dos demais tipos por
poderem ser executadas com maiores inclinaes (0 a 90), apresentar resistncia de fuste
bastante superior, se comparada aos demais tipos de estaca com mesmos dimetros, e resistir
a esforos de compresso e trao, desde que convenientemente armadas, com a mesma
eficincia, pelo fato de resistir carga de trabalho praticamente apenas por atrito lateral.
Dentre as suas aplicaes podem ser citadas: estabilizao de encostas, reforo de fundaes,
execuo de fundaes em terrenos com blocos de rocha ou antigas fundaes, execuo de
fundaes em alto mar (offshore), etc.
Em funo do processo de injeo do agente aglutinante, as estacas injetadas so
normalmente divididas em dois grupos:
Estacas-raiz: so aquelas em que se aplicam injees de ar comprimido, a baixas
presses (inferiores a 5,0 MPa), imediatamente aps a moldagem do fuste e no topo do
mesmo, simultaneamente com a remoo do revestimento;
Microestacas: as injees so realizadas empregando-se vlvulas tipo manchete
instaladas nas escavaes previamente realizadas.
Figura 4.12 Barras montadas em gaiolas para execuo de estacas-raiz (Hachich et al.,
1998)
Figura 4.13 Armadura simples para execuo de estacas-raiz com utilizao de
centralizadores (Hachich et al., 1998)
Tabela 4.7 Cargas usuais e mximas para estacas tipo Strauss (Hachich et al., 1998)
Dimetro4 Tenso Carga usual Carga mxima
(cm) (MPa) (kN) (kN)
17 300 400
22 500 600
10,0
27 700 900
32 1000 110
4
Dimetro do furo
Figura 4.14 Etapas de execuo das microestacas (Hachich et al., 1998)
g) Estacas pr-moldadas
As estacas pr-moldadas caracterizam-se por serem cravadas no terreno por percusso,
prensagem ou vibrao, podendo ser constitudas por um nico elemento estrutural ou pela
associao de dois desses materiais, quando ser ento denominada de estaca mista. Pela
natureza do processo executivo este tipo de estacas classifica-se como estacas de grande
deslocamento.
As estacas pr-moldadas so ainda subdivididas, conforme o material empregado na
sua execuo, em:
Estacas de concreto:
o Podem ser de concreto centrifugado ou protendido;
o Exigem controle tecnolgico na sua fabricao;
o No recomendado o seu uso em terrenos com mataces ou camadas
pedregulhosas;
o Exige cuidados adicionais durante o transporte;
o Deve ser feita a verificao de sua integridade antes da sua cravao;
Estacas de madeira:
o Devem ser de madeira dura, resistente, em peas retas, rolias e descascadas;
o O dimetro da seo pode variar de 18 a 35 cm e o comprimento de 5,0 a 8,0
m;
o Durante a cravao, as cabeas das estacas devem ser protegidas por um anel
cilndrico de ao destinado a evitar o rompimento ou desgaste da madeira sob a
ao do pilo, e se a estaca tiver que atravessar camadas resistentes, as pontas
devem tambm ser protegidas por ponteiras de ao;
o Apresenta vida til praticamente ilimitada quando mantida permanentemente
abaixo do nvel dgua;
o Deve receber tratamento para evitar o apodrecimento precoce e o ataque de
insetos;
o As madeiras mais utilizadas so os eucaliptos, peroba do campo, maaranduba,
aroeira, etc;
Estacas metlicas:
o Apresentam elevada capacidade de suporte, podendo ser utilizadas em solos
muito resistentes;
o So executadas com grande rapidez;
o As perturbaes produzidas no solo durante o processo de cravao so
inferiores quelas produzidas durante a cravao das estacas de concreto e
metlicas;
o Devem ser tomados cuidados adicionais na soldagem dos perfis constituintes
de uma mesma estaca, de forma a se garantir uma unio eficiente;
Tabela 4.8 Cargas usuais de trabalho para estacas pr-moldas de concreto ( = tenso de
trabalho) (Hachich et al., 1998)
Carga
Dimenso Carga usual
Tipo de estaca mxima
(cm) (kN)
(kN)
Vibrada quadrada 20 x 20 250 350
( = 6 a 9 MPa) 25 x 25 400 550
30 x 30 550 800
35 x 35 800 100
vibrada circular 20 300 400
( = 9 a 10 MPa) 29 500 600
33 700 800
Concreto
Tabela 4.10 Valores dos coeficientes K e propostos por Aoki e Velloso (Alonso, 1983)
Tipo de solo K (MPa) (%)
Areia 1,00 1,4
Areia siltosa 0,80 2,0
Areia silto-argilosa 0,70 2,4
Areia argilosa 0,60 3,0
Areia argilo-siltosa 0,50 2,8
Silte 0,40 3,0
Silte arenoso 0,55 2,2
Silte areno-argiloso 0,45 2,8
Silte argiloso 0,23 3,4
Silte argilo-siltoso 0,25 3,0
Argila 0,20 6,0
Argila arenosa 0,35 2,4
Argila aerno-siltosa 0,30 2,8
Argila siltosa 0,22 4,0
Argila silto-arenosa 0,33 3,0
Tabela 4.11 Valores dos coeficientes F1 e F2 propostos por Aoki e Velloso (Alonso, 1983)
Tipo de estaca F1 F2
Franki 2,5 5,0
Pr-moldadas 1,75 3,7
Escavadas 3,0 6,0
Onde:
Pestrutural: carga admissvel estrutural da estaca.
4.2.5. CLCULO DE ESTAQUEAMENTO
Nesta apostila, um estaqueamento definido como qualquer conjunto de duas ou mais
estacas destinadas a receber a carga proveniente da estrutura e transmiti-la ao solo de
fundao pelos mecanismos j descritos anteriormente. A Figura 4.18 mostra um
estaqueamento formado por um grupo de estacas-raiz.
b) O espaamento mnimo entre estacas (Tabela 4.15) deve ser obedecido entre estacas do
mesmo estaqueamento e entre estaqueamentos vizinhos:
d
d
d
c) A distribuio do pilar deve ser feita, sempre que possvel, no sentido da maior dimenso
do pilar, conforme Figura 4.21, devendo-se evitar a configurao apresentada na Figura
4.22:
Figura 4.22 Estaqueamento feito segundo a menor direo do pilar (menos recomendvel)
d) No caso de um bloco com mais de um pilar, o estaqueamento adotado dever ter o seu
centro coincidente com o centro de carga dos pilares;
e) No caso de blocos com duas estacas para dois pilares, deve-se evitar a posio da estaca
embaixo dos pilares:
f) recomendvel que para blocos de at duas estacas ocorra a sua amarrao com outros
blocos da obra;
g) Blocos submetidos a carga vertical e momentos:
Figura 4.24 Estaqueamento submetido a carga vertical e momentos segundo as direes x e
y
Para a situao mostrada na Figura 4.24, a carga em cada estaca calculada somando-
se separadamente os efeitos da carga vertical e dos momentos. Para isto necessrio que os
eixos x e y sejam os eixos principais de inrcia, e que as estacas sejam verticais, do mesmo
tipo, dimetro e comprimento. A carga atuante em cada estaca para a situao mostrada na
Figura 4.24 dada pela seguinte expresso:
PPILAR M y xi M x y i
Pi =
N * xi2 * y i2
Onde:
Pi: carga atuante na estaca i;
PPILAR: carga vertical do pilar;
N: nmero de estacas do estaqueamento;
Mx: momento transmitido pelo pilar na direo x;
My: momento transmitido pelo pilar na direo y;
xi e yi: coordenadas da estaca i, segundo as direes x e y, respectivamente.
4.3. FUNDAES POR TUBULES
Os tubules so elementos de fundao profunda executados a partir da concretagem
de uma escavao (revestida ou no) aberta no terreno, em que ocorre descida de operrio
pelo menos na sua fase final, dividindo-se em dois tipos bsicos: os tubules a cu aberto e os
tubules a ar comprimido.
D b
A rea do fuste calculada de forma anloga a um pilar sob carga centrada cuja rea
de ferro seja nula:
0,85 A f f ck
f P =
c
Onde:
Af: rea do fuste de seo circular;
P: carga vertical aplicada ao tubulo;
fck: resistncia caracterstica aos 28 dias para o concreto utilizado na execuo do tubulo;
f, c: coeficiente de majorao das cargas aplicadas e de minorao da resistncia do
concreto, que segundo a NBR 6122/1996, valem respectivamente, 1,4 e 1,6.
O valor do ngulo mostrado na Figura 4.26 pode ser obtido a partir da Figura 3.3
para o clculo da altura dos blocos de fundao. Entretanto, para tubules a cu aberto
normalmente adota-se igual a 60, o que resulta na seguinte expresso para o clculo da
altura da base do tubulo:
H = 0,866 (D- ),
ou,
H = 0,866 (a- ),
quando a base for uma falsa elipse.
A NBR 6122/1996 recomenda que o valor de H deva ser no mximo igual a 2,0m, a
no ser que sejam tomados cuidados especiais para garantir a estabilidade do solo.
4.3.2. TUBULES A AR COMPRIMIDO
Os tubules a ar comprimido, com camisa de concreto, ou de ao, so utilizados
quando se deseja executar tubules em solos onde haja gua e no seja possvel o seu
esgotamento devido ao perigo de desmoronamento das paredes da escavao.
Neste tipo de tubulo, a presso mxima de ar comprimido empregada de 3,4 atm
(340 kPa, ou aproximadamente 34 mca), razo pela qual estes tubules tm sua profundidade
limitada a aproximadamente 30 m abaixo do nvel dgua. importante ressaltar que no caso
de utilizao de ar comprimido, em qualquer etapa de execuo dos tubules, deve-se
observar que o equipamento deve permitir que se atendam rigorosamente os tempos de
compresso e descompresso prescritos pela boa tcnica e pela legislao vigente, s se
admitindo trabalhos sobre presses superiores a 150 kPa quanto as seguintes providncias
forem tomadas (Hachich et al., 1998):
Equipe permanente de socorro mdico disposio da obra;
Cmara de descompresso equipada disponvel na obra;
Compressores e reservatrios de ar comprimido de reserva;
Renovao de ar garantida, sendo o ar injetado satisfatrio para o trabalho humano.
O clculo dos estribos deve ser feito para que os mesmos possam resistir a uma
presso 30% maior que a presso de trabalho, admitindo-se que no exista presso externa de
terra ou de gua. Desta forma, o clculo da rea dos estribos para tubules a ar comprimido
com camisa de concreto feito por meio da seguinte expresso:
1,61F
Asw =
f yk
Onde:
Asw: rea de armadura transversal (estribos)
c) Com base no valor mdio da resistncia penetrao medida no ensaio SPT numa
profundidade igual a duas vezes o dimetro da base, a partir da cota de assentamento do
tubulo:
N SPT
s 2 ( MPa)
30
4.4. EXERCCIOS
1) Utilizando o mtodo Aoki e Velloso calcular a carga admissvel de uma estaca do tipo
Franki, com dimetro do fuste de 40 cm e volume da base V = 180 litros. O comprimento da
estaca e as caractersticas geotcnicas do solo so dados a seguir:
2) Com os dados abaixo, calcular a carga admissvel de uma estaca pr-moldada com
dimetro de 40 cm, usando o mtodo de Aoki e Velloso.
3) Dimensione as seguintes estacas para transmitir a carga de 800 kN, proveniente de um pilar
de (30 x 60) cm a um macio de solo caracterizado pelo perfil apresentado na figura seguinte.
Faa este dimensionamento para os seguintes tipos de fundao profunda:
a) Estaca tipo broca;
b) Estaca tipo Strauss;
b) Estaca pr-moldada de concreto;
c)Tubulo.
4) Faa o mesmo dimensionamento pedido na questo anterior considerando o seguinte perfil
de solo:
5) Calcular a carga atuante nas estacas do bloco abaixo, sabendo-se que no mesmo atuam as
seguintes cargas (consideradas na cota de arrasamento):
N = 2000 kN;
Mx = -500 kNm;
My = 400 kNm;