1) Uma expedição francesa protestante chegou à Baía da Guanabara em 1555 para fundar uma colônia. 2) Em 1557, huguenotes (calvinistas franceses) desembarcaram para ajudar a estabelecer um refúgio, celebrando o primeiro culto evangélico no Brasil. 3) Após conflitos doutrinários, o líder expulsou os huguenotes, que tentaram retornar à França, porém cinco deles desembarcaram e foram presos, escrevendo a primeira confissão de
1) Uma expedição francesa protestante chegou à Baía da Guanabara em 1555 para fundar uma colônia. 2) Em 1557, huguenotes (calvinistas franceses) desembarcaram para ajudar a estabelecer um refúgio, celebrando o primeiro culto evangélico no Brasil. 3) Após conflitos doutrinários, o líder expulsou os huguenotes, que tentaram retornar à França, porém cinco deles desembarcaram e foram presos, escrevendo a primeira confissão de
1) Uma expedição francesa protestante chegou à Baía da Guanabara em 1555 para fundar uma colônia. 2) Em 1557, huguenotes (calvinistas franceses) desembarcaram para ajudar a estabelecer um refúgio, celebrando o primeiro culto evangélico no Brasil. 3) Após conflitos doutrinários, o líder expulsou os huguenotes, que tentaram retornar à França, porém cinco deles desembarcaram e foram presos, escrevendo a primeira confissão de
1) Uma expedição francesa protestante chegou à Baía da Guanabara em 1555 para fundar uma colônia. 2) Em 1557, huguenotes (calvinistas franceses) desembarcaram para ajudar a estabelecer um refúgio, celebrando o primeiro culto evangélico no Brasil. 3) Após conflitos doutrinários, o líder expulsou os huguenotes, que tentaram retornar à França, porém cinco deles desembarcaram e foram presos, escrevendo a primeira confissão de
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A Tragdia da Guanabara
No final de 1555, chegou Baa da Guanabara uma expedio francesa
comandada pelo vice-almirante Nicolas Durand de Villegaignon, para fundar a "Frana Antrtica." Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de S o Bartolomeu (24-08-1572).
Em resposta a uma carta de Villegaignon, Calvino e a igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes reformados, sob a liderana dos pastores Pierre Richier e Guillaume Chartier (1557). Fazia parte do grupo o sapateiro Jean de Lry, que mais tarde estudou na Academia de Genebra e tornou-se pastor (1611). Ele escreveria um relato da expedio, Histria de uma Viagem Terra do Brasil, publicado em Paris em 1578.
No dia 7 de maro de 1557 chegaram Guanabara os huguenotes (calvinistas franceses) e vieram com o propsito de ajudar a estabelecer um refgio para os calvinistas perseguidos na Frana. Em 10 de maro de 1557, esses reformados celebraram o primeiro culto evanglico do Brasil e no dia 21 de maro celebraram a primeira Santa Ceia. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em que se encontravam.
Alguns meses depois, os colonos reformados embarcaram de volta para a Frana. Quando o navio ameaou naufragar por excesso de passageiros e por ter pouca comida, cinco deles resolveram voltar para que o pequeno barco pudesse prosseguir e salvar a vida dos que ficaram no barco, famlias que foram enganadas por Willegaignon. Esses cinco se sacrificaram em favor dos seus irm os na f. Assim que chegaram terra foram presos: Jean du Bordel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon, Andr Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados por Villegaignon, foram obrigados a professar por escrito sua f, no prazo de doze horas, respondendo uma srie de perguntas que lhes foram entregues. Eles assim o fizeram, e escreveram a primeira confiss o de f na Amrica, sabendo que com ela estavam assinando a prpria sentena de morte. Essa belssima declarao de suas convices conhecida como a "Confisso de F da Guanabara" (1558). Em seguida, os trs primeiros foram mortos e Lafon, o nico alfaiate da colnia, teve a vida poupada. Foram enforcados e seus corpos atirados de um despenhadeiro. Balleur fugiu para So Vicente, SP, foi preso e levado para Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando os ltimos franceses foram expulsos.
A Frana Antrtica considerada como a primeira tentativa de estabelecer tanto uma igreja quanto um trabalho missionrio protestante na Amrica Latina.
A Tragdia da Guanabara 456 anos do contexto do primeiro martrio de cristos no Brasil
O contexto da Tragdia da Guanabara*, como ficou conhecida mais tarde, ocorrida em 9 de fevereiro de 1558, teve como cenrio a Frana Antrtica, uma colnia criada na baa de Guanabara, no estado do Rio de Janeiro, em novembro de 1555, pelo militar Nicolas Durand de Villegaignon. Desejoso por colonos com valores mais slidos, o comandante escreveu Igreja Reformada em Genebra, liderada por Joo Calvino, pedindo o envio de pessoas de bem para o auxiliarem no trabalho. Em resposta, a igreja mandou um grupo de quatorze pessoas, entre as quais dois pastores. O pequeno contingente desembarcou no Rio de Janeiro no dia 10 de maro de 1557, ocasio em que foi realizado o primeiro culto protestante no Brasil, e provavelmente das Amricas.
No incio, Villegaignon que era descendente de uma importante famlia catlica, mostrou-se simptico aos protestantes recm-chegados. Na ocasio da celebrao da primeira Santa Ceia em terras brasileiras em 21 de maro de 1557, chegou a confessar publicamente a sua f na doutrina reformada Calvinista, todavia, logo comeou a divergir dos reformados em relao a singela celebrao da Ceia do Senhor e a outras diversas questes doutrinrias.
Segundo relatos histricos da poca, Villegaignon tornou-se um tirano cruel. Passou a obrigar seus trabalhadores a efetuarem trabalhos forados, privando-os de alimentao, descanso e vesturio adequados. Muitos de seus mordomos foram consumidos pela fome e doenas por sua negligncia e omisso.
No final de outubro, Villegaignon expulsou os protestantes da pequena ilha para o continente devido aos constantes conflitos motivados pela questo doutrinria e teolgica dos calvinistas, que ele passou a rejeitar. Impossibilitados de dar continuidade ao seu trabalho, no incio de 1558, eles decidiram regressar ptria. Todavia, diante das condies precrias da embarcao, cinco dos calvinistas decidiram voltar terra firme. Eram eles Jacques Le Balleur, Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, Pierre Bourdon e Andr la Fon. Segundo informaes, Balleur conseguiu fugir da ilha, no entanto os demais foram at a presena de Villegaignon para pedir-lhe que os recebesse novamente.
Acusados pelo comandante de serem traidores e espies, os cristos calvinistas foram aoitados e encarcerados em uma cela estreita, escura e com cadeias muito pesadas afixadas em seus ps. Villegaignon possua diversos instrumentos de tortura que utilizava para castigar seus mordomos escravos e para afugentar os selvagens daquela regio. Ele planejava como execut-los, e por estar tomado de grande preocupao de como faz-lo, constantemente visitava a cela onde os calvinistas estavam presos, pois a sua tirania tirava at mesmo a confiana que tinha em seus prprios mordomos, os quais colocou para fazer escolta dos presos naquela cela. No se conformava com a atitude dos protestantes, pois apesar de estarem cientes de que poderiam a qualquer momento ser executados, alegravam-se em Deus, e passavam o dia e a noite cantando louvores, recitando salmos e orando a Deus.
Por haver se declarado inimigo dos cristos calvinistas, e sabendo que poderia agradar a corte com a morte dos reformados, resolveu interrog-los sobre a f reformada, a fim de conden-los por heresia. Foi quando formulou um questionrio teolgico, e lhes enviou a fim de respond-lo, dando um prazo de apenas 12 horas para apresentarem as suas posies doutrinrias. Jean Du Bourdel foi escolhido para redigir o documento, que mais tarde ficou conhecida como a Declarao de F de Guanabara, a primeira declarao de f das Amricas. Era o mais velho dentre seus amigos, tinha profundo conhecimento bblico, teolgico, da histria da igreja e da f reformada.
Enquanto escrevia, Bourdel encorajava seus amigos a permanecerem inabalveis contra as afrontas do diabo, da carne e do mundo, que tentavam atravs de toda sorte de artimanhas lev-los a negar a f em Cristo. Ao concluir a declarao, a mesma foi lida pelos huguenotes (nomenclatura dada aos cristos protestantes calvinistas nos sculos XVI e XVII por catolicos franceses aps o massacre em Vassy) e assinada pelos mesmos, e encaminhada a Villegaignon, que ao receb-la indignou-se sobremaneira, mandando chamar um aps outro a fim de confirmar o escrito e execut-los de forma sumria. Ao chegar ao conhecimento do povo as intenes de Villegaignon, alguns tentaram fazer os calvinistas desistirem da f, o que levou Bourdel a fazer o seguinte pronunciamento:
Meus irmos, vejo que Satans se esfora por todos os meios para nos impedir de, resolutamente, defendermos hoje a causa de Cristo Jesus Senhor nosso, e que alguns de nos revelam uma timidez fora do razovel, equivalente mesmo a uma duvida acerca do socorro e favor do nosso bom Deus, em cujas mos, sabemos, esto nossas vidas, que ningum nos poder tirar sem as determinaes dos seus sbios conselhos. Ora, eu vos peo que comigo considereis o modo e o motivo por que viemos a este pais: Quem nos moveu travessia do oceano numa extenso de duas mil lguas? Quem nos preservou de tantos perigos? Acaso no foi aquele que tudo governa, que dirige todas as coisas pela sua bondade infinita, que ampara os seus por meios admirveis? certo que contra ns militam trs inimigos poderosos : o Mundo, o Diabo e a Carne, e que por ns mesmos no podemos resistir-lhes. Mas, si acorrermos ao Senhor Jesus, que os venceu por ns, ele nos assistir consoante a sua promessa, que sempre cumpre, por isso que fiel e Todo-Poderoso. Apeguemo-nos a ele, e nele inteiramente repousemos. Coragem, pois, meus irmos! Que os enganos, que as crueldades, que as riquezas deste mundo no nos embaracem de irmos a Cristo!
A declarao de F
A confisso, escrita originalmente em latim, tem a forma de um credo, pois a maior parte dos pargrafos comea com a palavra cremos. Todavia, sua extenso e variedade de temas a coloca na categoria das confisses de f, comuns na poca da Reforma. A seo introdutria faz uma bela aplicao do texto de 1 Pedro 3.15. Os dezessete pargrafos de diferentes tamanhos tratam de seis questes principais: (a) 1- 4: a doutrina da Trindade e, em especial, a pessoa de Cristo, com as suas naturezas divina e humana; (b) 5-9: a doutrina dos sacramentos, sendo a Ceia tratada em quatro artigos e o batismo em um; (c) 10: o livre arbtrio; (d) 11-12: a autoridade dos ministros para perdoar pecados e impor as mos; (e) 13-15: divrcio, casamento dos religiosos e votos de castidade; (f) 16-17: intercesso dos santos e oraes pelos mortos. Voc pode ler a integra da Declarao clicando aqui
A execuo dos huguenotes
Bourdel foi o primeiro a ser chamado a presena de Villegaignon para declarar a sua f. Aps confirmar o que havia escrito, foi fortemente espancado e condenado a morte por estrangulamento, asfixia e afogamento. Um dos pajens de Villegaignon foi designado para fazer a execuo. Bourdel foi levado a um rochedo alto, e ali foi estrangulado, asfixiado e jogado nas guas. Enquanto seu antagonista o executava, Bourdel orava implorando a Deus perdo pelos seus pecados e entregando seu esprito a Deus. Assim tambm aconteceu com Verneuil e Bourdon. La Fon, vacilando, se retratou da declarao de f, e por ser o nico alfaiate daquela localidade sua retratao foi aceita por Villegaignon. Balleur, que havia conseguido fugir foi mais tarde capturado, e acabou por ser executado depois no Rio de Janeiro.
456 anos depois uma franca reflexo
Neste domingo, dia 09 de fevereiro, o contexto histrico em que o primeiro martrio de cristos em terras brasileiras ocorreu completar 456 anos. interessante notar que a perseguio religiosa aos cristos foi algo rotineiro e em alguns lugares devastador, porm no foi suficiente para calar o evangelho de Cristo. importante lembrar que o prprio apstolo Paulo foi enftico ao afirmar que embora ele estivesse preso por diversas vezes, a palavra de Deus no estava. Avaliando o percurso da igreja primitiva na conquista de novas almas para o reino de Deus, constataremos que as perseguies aos cristos apenas contriburam para o crescimento do evangelho, fortalecendo o dinamismo da estrutura da igreja como organismo vivo em seu alcance a povos distantes.
Hoje, somos mais de 40 milhes de protestantes no Brasil. Temos igrejas de grande porte, enviamos constantemente missionrios para diversas regies do planeta e contamos com uma estrutura inimaginvel nos tempos dos pioneiros. Porm estamos vivendo um perodo semelhante ao dos pioneiros calvinistas: um momento de ataque a f bblica. E a pergunta que no quer se calar a seguinte: Ser que estamos dispostos a defender a f, que uma vez foi nos entregue pelo prprio Senhor? Que o Senhor nos ajude a defender a razo da nossa esperana, e a vivermos de acordo com seus divinos propsitos!