O documento discute o conceito de imaginário e como ele foi relegado a uma posição secundária por modelos racionais e científicos até meados do século XX. Analisa diferentes definições e perspectivas sobre o imaginário, incluindo como ele se relaciona com representações, inconsciente coletivo e realidade. Também discute como o imaginário é construído socialmente e pode ser usado ideologicamente.
O documento discute o conceito de imaginário e como ele foi relegado a uma posição secundária por modelos racionais e científicos até meados do século XX. Analisa diferentes definições e perspectivas sobre o imaginário, incluindo como ele se relaciona com representações, inconsciente coletivo e realidade. Também discute como o imaginário é construído socialmente e pode ser usado ideologicamente.
O documento discute o conceito de imaginário e como ele foi relegado a uma posição secundária por modelos racionais e científicos até meados do século XX. Analisa diferentes definições e perspectivas sobre o imaginário, incluindo como ele se relaciona com representações, inconsciente coletivo e realidade. Também discute como o imaginário é construído socialmente e pode ser usado ideologicamente.
O documento discute o conceito de imaginário e como ele foi relegado a uma posição secundária por modelos racionais e científicos até meados do século XX. Analisa diferentes definições e perspectivas sobre o imaginário, incluindo como ele se relaciona com representações, inconsciente coletivo e realidade. Também discute como o imaginário é construído socialmente e pode ser usado ideologicamente.
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PESAVENTO, Sandra Imaginando o imaginrio.
Os modelos histricos interpretativos ligados ao pensamento racional e
cientfico, como o historicismo de Ranke e o positivismo de Comte e o marxismo (principalmente sua verso leninista), perduraram at metade do sculo XX e relegaram ao estudo do imaginrio uma posio secundria. O movimento de ruptura a esses modelos se deu a partir do racionalismo cartesiano que, ao instituir o saber cientfico como nica fonte do conhecimento, separava tudo aquilo que poderia ser considerado inventado, fantasioso e no srio e por isso, no cientfico. Na passagem do sculo XIX para o XX, ainda que as contribuies da psicanlise e da antropologia indicassem para um rompimento ainda mais profundo, essas investidas no foram suficientes para abalar as certezas normativas da razo. Foi a partir do prprio marxismo, com E. P. Thompson, Christopher Hill, Raymond Willians ou da escola dos Annales que a renovao comeara acontecer de fato. Nos anos 1980, a histria social recaiu sobre a nova histria cultural, e elegeu novos objetos de estudo, tais como as mentalidades, os valores, crenas, representaes coletivas, entre outros (PESAVENTO, 1995). A definio do conceito de imaginrio bastante fluda e segundo Jacques Le Goff, um tanto imprecisa, vaga, ambgua (p. 49, 1990). Para Philipe Aris, este conceito se aproxima da noo de inconsciente coletivo, uma espcie de estrutura mental ou viso de mundo dos tempos passados (PESAVENTO, p. 13, 1995). Nesta esteira, Michel Vovelle concorda com a impreciso do termo e reitera que este se aproxima de uma viso de mundo, e que em outras palavras, constitui o que no est formulado, o que permanece aparentemente como no significante, o que se conserva como muito encoberto ao nvel das motivaes inconscientes. (p. 19, 1987). importante destacar que o imaginrio parte de um campo de representaes e, como expresso do pensamento, se manifesta por meio de imagens e discursos que pretendem definir a realidade. Essa realidade, por outro lado, no expressa literalmente o real, pois ela sempre apreendida a partir dos interesses e bagagem social de cada individuo. Assim, no domnio da representao, as coisas ditas, pensadas e expressas tm outro sentido alm daquele manifesto. [...] O imaginrio enuncia, se reporta e evoca outra coisa no explcita e no presente (PESAVENTO, p. 15, 1995). como se o imaginrio reportasse sempre a um outro, submerso no inconsciente coletivo. S possvel decifrar a representao a partir da articulao texto/contexto. [....] Para Ginzburg, se a realidade parece opaca e incompreensvel, preciso buscar indcios, estabelecer relaes e procurar significados em dados aparentemente irrelevantes, mas que adquirem sentido dentro de um contexto mais amplo. (PESAVENTO, p. 17-18, 1995). Para Chartier, a partir dos papis sociais que as representaes so construdas, assim, no h uma histria cultural desconectada de uma histria social. Alm disso, no h oposio entre mundo real e mundo imaginrio e a representao do real, ou o imaginrio, , em si, elemento de transformao do real e de atribuio de sentido ao mundo (PESAVENTO, p. 18, 1995). Para Bourdieu, o campo das representaes um espao de lutas sociais e de um jogo de poder. Para Clifford Geertz, a cultura um sistema simblico cuja decifrao implica ir em busca de significados. Os significados s podem ser obtidos atravs de uma descrio densa e cujo contexto se mostra como fundamental para dar sentido representao. Chartier orienta o caminho para decifrar a construo de um sentido, e ressalta a necessidade de um cruzamento entre prticas sociais e historicamente diferenciadas, com as representaes feitas. (PESAVENTO, p. 19, 1995). A questo de natureza simblica das imagens remete a noo de alegoria: a imagem , pois, revelao de uma outra coisa que no ela prpria. Pensar alegoricamente implica referir-se a uma coisa mas apontar para outra, para um sentido mais alm. Mais do que isso, implica realizar a representao concrecreta de uma ideia abstrata. Subjacente ao que se v, se l ou se imagina, a alegoria comporta um outro contedo. (PESAVENTO, p. 22, 1995). Utopia autoritria? Questo moral? a sociedade constitui seu simbolismo, mas no dentro de uma liberdade absoluta, pois ela se apoia no que j existe. Tais representaes teriam, na sua concepo, um fundo de apoio na concentricidade das condies reais de existncia. Ou seja, as ideias-imagens precisam ter um mnimo de verossimilhana com o mundo vivido para que tenham aceitao social, para que sejam crveis. (PESAVENTO, p. 22, 1995). ESTE O PAS QUE VAI PRA FRENTE O imaginrio comporta um elemento utpico como forma especfica de ordenao de sonhos e desejos coletivos. A utopia a projeo, no domnio do imaginrio de uma de uma sociedade radicalmente outra, de um mundo em tudo melhor que o mundo real. (PESAVENTO, p. 22, 1995). Manipulao do imaginrio No se pode esquecer que o imaginrio uma das foras reguladoras da vida coletiva, normatizando condutas e pautando perfis adequados ao sistema. Existem 3 instancias de realizao do imaginrio: a do suporte na concretude do real, a da utopia e a ideolgica. Progresso no h como negar a natureza ideolgica das ideias do progresso: o discurso da burguesia triunfante contava com esta ideia que consubstanciava as excelncias do sistema e a sua capacidade de construir um mundo cada vez melhor. Por outro lado, a conquista antecipada e a meta da sociedade do bem estar foram tambm uma utopia que acalentou os sonhos do sculo XIX.
Brava Gente - A Trajetória Do MST e A Luta Pela Terra No Brasil - João Pedro Stedile e Bernardo Mançano Fernandes - Editora Fundação Perseu Abramo - 2005