Apostila de Robotica
Apostila de Robotica
Apostila de Robotica
Engenharia Mecânica
Engenharia de Controle e Automação
Apostila de
Robótica
Prof. Valdemir Carrara
www.valcar.net
www.carrara.us
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Robótica
Prof. Valdemir Carrara
Índice
Cap. 1 – Introdução
Apêndice A – Trigonometria
A.1 - Semelhança de triângulos
A.2 - Teorema de Pitágoras
A.3 - Seno, co-seno e tangente
A.4 - Complementos de ângulos
A.5 - Soma e diferença de ângulos
A.6 - Lei dos senos
A.7 - Lei dos co-senos
1 - Introdução
Esta apostila foi preparada para propósitos das disciplinas de Robótica e Princípios de
Robótica, dos cursos de Engenharia Mecânica e Engenharia de Controle e Automação da
Universidade Braz Cubas. A bibliografia utilizada é baseada nos livros clássicos da área, entre
os quais citam-se:
Parte deste documento foi extraída do trabalho de graduação dos alunos Émerson
Teruhiko Watanabe e Flávia Moreira dos Santos:
Boa parte das informações técnicas a respeito de robôs industrias pode hoje ser
acessada pela rede mundial de computadores. Seguem alguns endereços separados por
categoria:
Fabricantes
Educacionais
Intelitek - http://www.intelitek.com/
Neuronics AG - http://www.neuronics.ch/
ST Robotics - http://strobotics.com/
Tim King Electronics - http://www.timkingelectronics.com/
Robótica
DMOZ - http://dmoz.org/Computers/Robotics/
Industrial Electricity - http://www.industrial-electricity.com/
Wikipedia - http://en.wikipedia.org/wiki/Industrial_robot
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2 – Automação da produção
Este capítulo visa apresentar de maneira sucinta o desenvolvimento da robótica e os
conceitos envolvidos com automação de processos produtivos industriais.
O precursor do termo robô (Groover, 1988) foi Karel Capek, novelista e escritor de
uma peça teatral da Tchecoslováquia, que usou pela primeira vez, em 1920, a palavra
“robota” (serviço compulsório, atividade forçada) originando a palavra “robot” em inglês e
traduzido para o português como “robô”. Diversos filmes de ficção cientifica mostraram robôs
produzidos com o comportamento e a forma humana, levando muitos jovens a pesquisar e
desenvolver robôs para o mundo real. Com o surgimento dos computadores na metade do
século, iniciaram-se especulações em termos da capacidade de um robô pensar e agir como
um ser humano. No entanto, os robôs foram, neste período, criados especialmente para
executarem tarefas difíceis, perigosas e impossíveis para um ser humano. Por outro lado, eles
não eram projetados com a capacidade de criar ou executar processos que não lhes foram
ensinados ou programados. Assim sendo, foram as indústrias que mais se beneficiaram com o
desenvolvimento da robótica, aumentando a produção e eliminando tarefas perigosas, antes
executadas por seres humanos.
2.2 - Automação
Automação é uma tecnologia que faz uso de sistemas mecânicos, elétricos, eletrônicos
e de computação para efetuar controle de processos produtivos. Alguns exemplos de
processos de automação nas indústrias são:
• automação fixa
• automação flexível
• automação programável
a) Automação fixa
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Na automação fixa as máquinas são específicas para o produto a ser produzido. Elas
produzem grande quantidade um único produto, ou produtos com pequenas variações entre
eles. O volume de produção é elevado, e o custo da máquina é elevado, pois é projetada para
um produto especifico. Por outro lado, como o volume de produção é alto, o custo do produto
em geral é baixo.
b) – Automação flexível
c) – Automação programável
Embora haja uma tendência de dotar os robôs industriais de mais habilidade humana,
ainda assim eles não possuem forma humana.
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Automação
Volume de produção
fixa
Automação
flexível
Automação
programável
Diversidade de produtos
Figura 2.1 – Distribuição dos processos de automação quanto à diversidade de produtos e
volume de produção.
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3.1 - Nomenclatura
• robô
• braço mecânico
• mecanismo robótico
• manipulador
• manipulador mecânico
• manipulador robótico
• Anatomia
• Volume de trabalho
• Sistemas de acionamentos
• Sistema de controle
• Desempenho e precisão
• Órgãos terminais
• Sensores
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• Programação
O braço robótico (Groover, 1988) é composto pelo braço e pulso. O braço consiste de
elementos denominados elos unidos por juntas de movimento relativo, onde são acoplados os
acionadores para realizarem estes movimentos individualmente, dotados de capacidade
sensorial, e instruídos por um sistema de controle. O braço é fixado à base por um lado e ao
punho pelo outro. O punho consiste de várias juntas próximas entre si, que permitem a
orientação do órgão terminal nas posições que correspondem à tarefa a ser realizada. Na
extremidade do punho existe um órgão terminal (mão ou ferramenta) destinada a realizar a
tarefa exigida pela aplicação. A Figura 3.1 mostra esquematicamente uma seqüência de elos e
juntas de um braço robótico. Nos braços reais, a identificação dos elos e juntas nem sempre é
fácil, em virtude da estrutura e de peças que cobrem as juntas para protegê-las no ambiente de
trabalho.
elos
juntas
Figura 3.1 – Esquema de notação de elos e juntas num braço mecânico ilustrativo.
Numa junta qualquer, o elo que estiver mais próximo da base é denominado elo de
entrada. O elo de saída é aquele mais próximo do órgão terminal, como ilustrado na Figura
3.2.
junta considerada
A Figura 3.3 mostra um braço robótico industrial, com todas as suas partes.
15
3.2.1 – Juntas
As juntas (Fu, 1987) podem ser rotativa, prismática, cilíndrica, esférica, parafuso e
planar. Suas funcionalidades são descritas a seguir, e na Figura 3.4 podem ser visualizadas.
• A junta prismática ou linear: Move em linha reta. São compostas de duas hastes que
deslizam entre si;
• A junta cilíndrica: É composta por duas juntas, uma rotacional e uma prismática;
• A junta planar: É composta por duas juntas prismáticas, realiza movimentos em duas
direções;
A Figura 3.5 mostra uma representação esquemática destas juntas, e também da junta
prismática.
Robôs industriais adotam com freqüência soluções que tornam o reconhecimento das
juntas mais complexo. De fato, dependendo da forma com que os elos são construídos numa
representação esquemática, a nomenclatura do braço pode ser ambígua. A Figura 3.6 ilustra
um mesmo manipulador representado de duas formas distintas. A movimentação é igual em
ambos os esquemas. Este braço poderia ser denominado, indistintamente, de TVR ou VRR.
Para tornar a identificação única deve-se buscar uma geometria onde os elos sejam formados
por, no máximo, dois segmentos lineares. Neste caso, a configuração VRR seria a correta.
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V R R R
T V
Figura 3.6 – Duas configurações distintas com movimentação idêntica: TVR e VRR.
rolamento arfagem
guinada
Figura 3.8 – Movimentos de um punho com 3 GL, nas direções guinada, arfagem e rolamento.
Prismática Rotacionais
Figura 3.11 – Representação esquemática de articulações não motoras
A configuração física dos robôs (Groover, 1988) está relacionada com os tipos de
juntas que ele possui. Cada configuração pode ser representada por um esquema de notação
de letras, como visto anteriormente. Considera-se primeiro os graus de liberdade mais
próximos da base, ou seja, as juntas do corpo, do braço e posteriormente do punho. A notação
de juntas rotativas, prismáticas e de torção foram vistas na Figura 3.5.
Como visto anteriormente, um braço mecânico é formado pela base, braço e punho. O
braço é ligado à base e esta é fixada ao chão, à parede ou ao teto. É o braço que efetua os
movimentos e posiciona o punho. O punho é dotado de movimentos destinados a orientar
(apontar) o órgão terminal. O órgão terminal executa a ação, mas não faz parte da anatomia
do braço robótico, pois depende da aplicação a ser exercida pelo braço. A movimentação do
braço e a orientação do punho são realizadas por juntas, que são articulações providas de
motores. Em resumo, a base sustenta o corpo, que movimenta o braço, que posiciona o punho,
que orienta o órgão terminal, que executa a ação. Em geral utilizam-se 3 juntas para o braço e
de 2 a 3 juntas para o punho. Os elos do braço são de grande tamanho, para permitir um longo
alcance. Por outro lado, os elos do punho são pequenos, e, às vezes, de comprimento nulo,
para que o órgão terminal desloque-se o mínimo possível durante a orientação do punho.
Adota-se uma nomenclatura para os manipuladores com base nos tipos de juntas utilizadas na
cadeia de elos, que parte da base em direção ao órgão terminal. Assim um manipulador TRR
teria a primeira junta (da base) torcional, e as duas seguintes seriam rotacionais. O punho
segue a mesma notação, porém separa-se o corpo do punho por dois pontos “:”, por exemplo,
TRR:RR. As configurações típicas para o braço e o punho de robôs industriais são
apresentadas nas Tabelas 3.1 e 3.2. A Figura 3.12 mostra a configuração de um punho TRT.
Os braços industriais mais comuns descritos nas seções seguintes.
O robô de coordenadas cartesianas, ilustrado na Figura 3.13 usa três juntas lineares. É
o robô de configuração mais simples, desloca as três juntas uma em relação à outra. Este robô
opera dentro de um envoltório de trabalho cúbico.
Este braço possui na base uma junta prismática, sobre a qual apóia-se uma junta
rotativa (revolvente ou torcional). Uma terceira junta do tipo prismática é conectada na junta
rotativa formando uma configuração LVL, como mostra a Figura 3.14. Este braço apresenta
um volume de trabalho cilíndrico, e pode-se apresentar também na configuração TLL.
22
Este tipo de braço robótico foi projetado para suportar grandes cargas e ter grande
alcance. É bastante utilizado para carga e descarga de máquinas, embora o braço revoluto seja
mais comum nestas aplicações. Ele conta com duas juntas rotativas seguida de uma junta
prismática, como observado na Figura 3.15. A primeira junta move o braço ao redor de um
eixo vertical, enquanto que a segunda junta gira o conjunto ao redor de um eixo horizontal. O
volume de trabalho é um setor esférico, de onde este manipulador obteve seu nome. A
denominação “polar” deve-se às coordenadas polares de sistemas de eixos cartesianos,
caracterizadas por duas coordenadas angulares (juntas rotativas) e uma coordenada radial
(junta prismática). Este tipo de braço está em desuso, sendo substituídos pelos braços
revolutos.
Este é também um braço bastante utilizado, pois é compacto, tem grande precisão e
repetibilidade, embora com um alcance limitado. Estas características o tornam próprios para
trabalhos em montagem mecânica ou eletrônica que exigem alta precisão. Possui duas juntas
rotativas e uma junta linear, que atua sempre na vertical, como visto na Figura 3.16. O volume
de trabalho deste braço é cilíndrico, porém, como utiliza juntas rotativas, é também
considerado articulado. O nome é um acrônimo de Selective Compliance Assembly Robot
Arm, ou Braço Robótico de Montagem com Complacência Seletiva.
Estes tipos de robôs (Groover, 1988, Adade Filho, 1992), possuem 3 juntas rotativas,
conforme ilustrada a Figura 3.17. Eles são os mais usados nas indústrias, por terem uma
configuração semelhante ao do braço humano, (braço, antebraço e pulso). O pulso é unido à
extremidade do antebraço, o que propicia juntas adicionais para orientação do órgão terminal.
Este modelo de configuração é o mais versátil dos manipuladores, pois assegura maiores
movimentos dentro de um espaço compacto. Os braços revolutos podem ser de dois tipos:
cadeia aberta ou cadeia parcialmente fechada. Nos primeiros pode-se distinguir facilmente a
seqüência natural formada por elo-junta, da base até o punho. Nos braços de cadeia
parcialmente fechada o atuador da terceira junta efetua o movimento desta por meio de elos e
articulações não motorizadas adicionais.
24
Figura 3.18 – Um robô do tipo pórtico (“gantry”), à esquerda, fabricado pela BMI, e um robô
cilíndrico feito pela ST Robotics, à direita.
Figura 3.19 – Braço do tipo polar, feito pela Fanuc, à esquerda e um robô SCARA, produzido
pela Stäubli, à direita.
26
Figura 3.20 – Um braço revoluto de cadeia aberta comercializado pela Panasonic (à esquerda)
e o robô paralelo Quattro produzido pela Adept (à direita).
Existe uma grande variedade de modelos de garras que podem ser utilizadas em
diversas aplicações, como por exemplos:
A garra de dois dedos, como pode ser visualizada na Figura 3.21, é um modelo
simples e com movimentos paralelos ou rotacionais. Este modelo de garra proporciona pouca
versatilidade na manipulação dos objetos, pois existe limitação na abertura dos dedos. Desta
forma a dimensão dos objetos não pode exceder esta abertura.
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A garra de objetos cilíndricos, como pode ser visualizada na Figura 3.22, também
consiste de dois dedos com semicírculos, os quais permitem segurar objetos cilíndricos de
diversos diâmetros diferentes.
A garra articulada tem a forma mais similar à mão humana, a qual proporciona uma
versatilidade considerável para manipular objetos de formas irregulares e tamanhos diferentes.
Esta característica está relacionada com a quantidade de elos, como pode ser visto na Figura
3.23. Estes elos são movimentados por cabos ou músculos artificiais, entre outros.
3.5 – Sensores
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Sensores são dispositivos cuja finalidade é obter informações sobre o ambiente em que
se encontram, e são utilizados como componentes do sistema de controle de realimentação do
robô. Há diversos tipos de sensores que podem ser classificados de acordo com os princípios
físicos sobre os quais eles estão baseados.
O sensor de toque fornece um sinal binário de saída que indica se houve ou não
contato com o objeto. Um dos modelos mais simples é feito com duas chapas de metal que
devem ser tocadas ao mesmo tempo pelos dedos de uma pessoa. A resistência dos dedos é
suficiente para acionar um circuito sensível.
Outro modelo mais sofisticado e versátil é o strain-gage, que é, na sua forma mais
completa, um resistor elétrico composto de uma finíssima camada de material condutor. As
tensões mecânicas são proporcionais às deformações medidas pelo sensor.
Os principais componentes deste sistema são: motor, cilindro, bomba de óleo, válvula
e tanque de óleo. O motor é responsável pelo fluxo de óleo no cilindro em direção ao pistão
que movimenta a junta. Assim, este tipo de acionador é geralmente associado a robôs de
maior porte, quando comparados aos acionadores pneumáticos e elétricos. Entretanto a
precisão em relação aos acionadores elétricos é menor.
29
Deve ser mencionado, finalmente, que atuadores hidráulicos lineares são mais
compactos e robustos do que seus equivalentes elétricos ou mesmo pneumáticos, e com isso
são indicados para uso em robôs do tipo pórtico ou esféricos, que utilizam juntas prismáticas.
O custo do acionamento elétrico cresce com o torque necessário para acionar o braço
mecânico, já o tamanho do motor é praticamente proporcional ao conjugado produzido. Por
outro lado, a simples redução da velocidade, por meio de redutor, embora propicie maior
precisão e maior torque, reduz significativamente a produtividade. Maior torque significa
maior velocidade ou maior carga, e ambos são desejáveis. O custo de acionadores hidráulicos
cresce também com a demanda de torque, porém de forma mais lenta, já que tais motores
tendem a ser mais compactos. Adicionalmente o custo dos equipamentos de condicionamento
e controle do fluido hidráulico é alto e pouco influenciado pela escala. Isto indica, como
mostrado na Figura 3.24, que o acionamento elétrico é mais vantajoso economicamente em
braços de pequeno e médio porte, ao passo que o acionamento hidráulico é melhor quando se
trata de gerar grandes potências e cargas.
custo hidráulico
elétrico
capacidade de carga
Fig. 3.24 – Custo de braços robóticos em função da capacidade de carga, para acionamento
hidráulico e elétrico.
3.6.2.1 – Servo-motores
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A forma com que o motor irá operar dependerá bastante do que se deseja controlar.
Existem casos em que o torque é mais importante, em outras a precisão ou mesmo a
velocidade são mais relevantes. Ao trabalhar com motores de passo, precisa-se de algumas
características de funcionamento, como a tensão de alimentação, a máxima corrente elétrica
suportada nas bobinas, o grau (precisão), o torque. Motores de passo podem ser acionados de
diversas formas. As duas formas mais comuns são: passo completo e meio passo.
A Tabela 3.3 mostra a seqüência dos passos em sentido horário e o acionamento das
bobinas num motor acionado em passo completo com apenas uma bobina energizada.
Tabela 3.3
Passo completo com uma bobina energizada em rotação com sentido horário.
Bobinas
Nº do passo
B3 B2 B1 B0 Decimal
1 1 0 0 0 8
2 0 1 0 0 4
3 0 0 1 0 2
4 0 0 0 1 1
31
No caso de modo completo com duas bobinas energizadas, tem-se um maior torque, e
um consumo maior do que no caso anterior. A velocidade costuma ser maior do que nas
demais formas, mas a velocidade máxima de um motor de passo é altamente dependente da
eletrônica e da estratégia de controle.
A Tabela 3.4 mostra a seqüência dos passos em sentido horário e o acionamento das
bobinas.
Tabela 3.4
Passo completo com duas bobinas em rotação no sentido horário
Bobinas
Nº do passo
B3 B2 B1 B0 Decimal
1 1 1 0 0 12
2 0 1 1 0 6
3 0 0 1 1 3
4 1 0 0 1 9
Por outro lado, no modo de operação em meio passo combinam-se as duas estratégias
anteriores, obtendo-se com isso um efeito de meio passo a cada mudança no acionamento das
bobinas. Este modo consome mais energia que os dois anteriores, mas atinge maior precisão
em virtude do menor passo. O torque gerado é próximo ao do acionamento completo com
duas bobinas, mas a velocidade costuma ser menor.
A Tabela 3.5 mostra a seqüência dos passos em sentido horário e o acionamento das
bobinas com seqüência de meio passo.
Tabela 3.5
Meio passo em sentido horário
Bobinas
Nº do passo
B3 B2 B1 B0 Decimal
1 1 0 0 0 8
2 1 1 0 0 12
3 0 1 0 0 4
4 0 1 1 0 6
5 0 0 1 0 2
6 0 0 1 1 3
7 0 0 0 1 1
8 1 0 0 1 9
Para mudar a direção de rotação do motor nos dois modos de acionamento, basta
inverter a seqüência dos passos.
Os acionadores elétricos (Groover, 1988) tendem a ser maiores e mais pesados que
acionadores hidráulicos e pneumáticos. Por este motivo, nem sempre é possível posicionar
tais atuadores próximos às respectivas juntas, em virtude de restrições no espaço disponível
ou de problemas com deflexões devido ao peso. Assim sendo, os acionadores podem ser
acoplados de forma direta ou indireta.
Uma vez que os atuadores das juntas são pesados, os fabricantes tentam introduzir
alterações no projeto que permitam redução do peso nas juntas próximas ao pulso e transferir
este peso, quando possível, para a base. Desta forma consegue-se uma capacidade de carga
maior para o braço. Este tipo de acionamento é denominado indireto, já que o atuador fica
afastado da junta movida por ele.
posição angular (“encoder”) fornece o ângulo relativo entre o elo motor e o elo movido. No
acionamento indireto esta leitura fornece o ângulo do elo movido em relação a um outro elo,
anterior ao elo motor.
Figura 3.26 – Volume (área) útil do manipulador RS40B. (Fonte: Stäubli Robotics)
máquina, isto é, sinais de dados que são enviados ao sistema de controle, e este os transmitem
para os acionadores, os quais realizam os movimentos dos manipuladores.
Sensores
• Robô sequêncial: É aquele que realiza um trajeto seqüencial, podendo ser uma
seqüência fixa definida pelo fabricante e inacessível para o usuário, ou de seqüência
variável em que é alterada conforme as necessidades dos usuários;
• Resolução espacial
• Precisão
• Repetibilidade.
eixos perpendiculares ou eixos paralelos. A Figura 3.29 mostra duas engrenagens para
transmissão com eixos paralelos e são conhecidas como engrenagens cilíndricas. A menor é
conhecida como pinhão, e a maior é a coroa. Se o pinhão tiver um quarto do tamanho da
coroa, para cada revolução feita pelo pinhão à coroa gira apenas um quarto de uma revolução,
reduzindo, portanto, em um quarto a velocidade angular e aumentando o torque em quatro
vezes.
N2
n=
N1
ωo = n ωin
Tin
To =
n
∆x = x '− x = − a ∆θ sen θ
.
∆y = y '− y = a ∆θ cos θ
Nota-se que um erro de posicionamento tanto pode ser positivo quanto negativo.
Contudo, uma vez que deseja-se em geral o erro máximo que um dado braço possa apresentar,
então deve-se obter o módulo do erro ou seja:
∆x = x '− x = a ∆θ sen θ
.
∆y = y '− y = a ∆θ cos θ
y
y' P'
v
y ∆θ P
a
θ
J x' x x
Considera-se agora um braço com dois graus de liberdade e duas juntas rotativas
movendo-se num plano, como indica a figura 3.31. Neste braço percebe-se que as imprecisões
cartesianas dependem do movimento de ambas as juntas, uma vez que tanto J1 quanto J2
movimentam a extremidade do braço (garra). O erro total será portanto composto pela soma
dos erros causados por cada uma das juntas. A junta J2 provoca um erro semelhante ao
causado por um braço de uma única junta, visto anteriormente, de tal forma que
y
y'
v
r r a2 θ2
∆θ1
a1 J2
θ1
J1 x' x x
Fig. 3.31 – Deslocamento angular de um braço com 2GL num plano.
Se ∆θ1 for também pequeno, então se pode projetar o vetor v em ambas as direções
para se obter:
onde r é a distância que vai do eixo de rotação da junta J1 até a extremidade do braço. Porém,
percebe-se que r senθ1 = y e que r cosθ1 = x. Além disso, tem-se, da cinemática direta deste
braço, que x = a1 cosθ1 + a2 cos(θ1 + θ2), e que y = a1 senθ1 + a2 sen(θ1 + θ2). Logo a precisão
cartesiana total fica:
Se o braço possuir uma junta prismática, como visto abaixo, então segue
imediatamente que a projeção do erro ∆a nos eixos cartesianos devido ao movimento linear
da junta J2 é dado por
∆x = ∆a cos θ
∆y = ∆a sen θ
∆x = ∆a cos θ + ∆θ a sen θ
∆y = ∆a sen θ + ∆θ a cos θ
40
y
y' ∆a P'
y P
a
J2 θ
J1 x x' x
Percebe-se nos exemplos mostrados que passando o incremento ao limite, tem-se que
∂x
∆x1 = ∆θ1
∂θ1
,
∂y
∆y1 = ∆θ1
∂θ1
onde ∂x/∂θ1 indica a derivada parcial da coordenada cartesiana x com relação à variação do
ângulo θ1. Esta expressão vale também para a segunda junta, e vale igualmente para braços
que se movem no espaço. Isto permite generalizar a expressão para a precisão cartesiana na
forma:
n
∂w ∂w ∂w ∂w
∆w = ∑ ∆θi = ∆θ1 + ∆θ2 + ∆θ3 + ⋯
i =1 ∂θi ∂θ1 ∂θ2 ∂θ3
onde w é um eixo cartesiano qualquer (x, y ou z), e os θi (i = 1, 2, ..., n) são as variáveis das n
juntas deste braço. Esta mesma expressão pode ser utilizada em braços com juntas
prismáticas, tomando-se apenas o cuidado de lembrar que nestas juntas a variável é o
comprimento do elo e não o ângulo da junta.
41
Cinemática direta
Variáveis de Variáveis
junta (θi, ai) cartesianas
(x, y, z)
Cinemática inversa
Nos exemplos que se seguem as juntas devem ser rotuladas como Jn, com n iniciando
com 1 na base do braço robótico. Os elos são rotulados por Ln, novamente sendo 1 o elo mais
próximo da base. Variáveis angulares são representadas genericamente por θi, numeradas a
partir da base, e variáveis lineares são representadas por ai ou então di. É conveniente que a
numeração seja seqüencial com relação às juntas, sem se esquecer, contudo, que certos tipos
de juntas podem ter mais de um grau de liberdade, e, portanto, mais de uma variável. Num
braço TRL, por exemplo, a notação de variáveis de junta poderia ser: θ1, θ2, e a3.
Nos exemplos a seguir, inicia-se com um braço articulado com 2 graus de liberdade,
com movimento num plano. Nos demais exemplos adicionam-se gradativamente mais juntas
e, posteriormente, passa-se ao movimento no espaço.
y
y
a2 θ2
a1 J2
θ1
J1
x x
x = a1 cos θ1 + a 2 cos(θ1 + θ 2 )
y = a1 sen θ1 + a 2 sen(θ1 + θ 2 )
y
y
a2 sen(θ1+θ2) θ2
a2
r θ1
J2
a1 senθ1
a1 θ1
x x
J1
a1 cosθ1 a2 cos(θ1+θ2)
Fig. 4.3 – Geometria do manipulador RR
ou:
x 2 + y 2 = a12 + a 22 + 2 a1 a 2 cos θ 2 ,
de onde tira-se:
x 2 + y 2 − a12 − a22
cos θ2 =
2 a1 a2
x 2 + y 2 − a12 − a22
θ2 = ± arccos ,
2 a1 a 2
Pode-se igualmente obter a expressão acima pela aplicação da lei dos co-senos ao
triângulo formado pelo centro da junta 1, centro da junta 2 e ponto P na extremidade da garra.
Neste caso, o ângulo conhecido é o ângulo entre os elos, que é igual a 180o – θ2. Nota-se que
a inversão do co-seno fornece dois valores possíveis para o ângulo θ2, que correspondem a
duas situações nas quais existe uma solução para o problema. Na primeira delas com θ2 > 0,
tem-se a solução normal, com cotovelo para baixo, como mostra a figura 4.4. Na segunda
solução, igualmente válida, a junta 2 situa-se acima tal que o ângulo θ2 é negativo. Nota-se
também que o valor de θ1 é diferente nas duas situações.
44
y
θ2' = −θ2
y P
θ2
a2
r
θ1'
a1
θ1
x
O x
Fig. 4.4 – As duas soluções possíveis para a cinemática inversa do manipulador RR
PQ a2 sen θ2
tan β = =
a1 + RQ a1 + a2 cos θ2
y
y P
θ2 Q
a2
r
β
R
a1
θ1
α x
O x
Fig. 4.5 – Ângulos do manipulador RR para a determinação da cinemática inversa
y
tan α = ,
x
y a2 sen θ2
−
x a1 + a2 cos θ2
tan θ1 = tan(α − β) = .
y a2 sen θ2
1+
x a1 + a2 cos θ2
Esta expressão mostra que o ângulo θ1 depende de θ2, que já foi determinado
previamente no cálculo da cinemática inversa. Pode-se, caso seja necessário, substituir os
valores do seno e do co-seno de θ2 nesta expressão. Porém isto só aumentaria a complexidade
da equação e tornaria o cálculo mais trabalhoso. É mais prático deixar nesta forma, desde que
todas as variáveis que apareçam na equação estejam previamente calculadas. A título de
exemplo, adotando-se a solução positiva de θ2 e substituindo o seno e o co-seno deste ângulo
na expressão acima se chega, após uma simplificação, a
( ) ( )
2
y x 2 + y 2 + a12 − a22 − x 4 a12 a2 2 − x 2 + y 2 − a12 − a22
tan θ1 =
x (x )+ y −(x −a )
2
2
+ y 2 + a12 − a22 4 a12 a2 2 2
+ y 2 − a12 2
2
Quando substituídos nesta expressão, os dois valores possíveis para o ângulo θ2 irão
resultar em dois valores distintos de θ1. A escolha entre eles fica a cargo do programador do
braço, que pode selecionar o cotovelo para cima ou para baixo.
Tem-se agora um sistema linear composto por duas equações e duas incógnitas que
são o seno e co-seno de θ1, pois se considera que θ2 seja conhecido. Este sistema pode ser
resolvido facilmente por substituição ou qualquer outro método, e obtém-se o resultado
A precisão nos eixos cartesianos neste braço é obtida da formulação geral e vale:
46
∂x ∂x
∆x = ∆θ1 + ∆θ2
∂θ1 ∂θ2
,
∂y ∂y
∆y = ∆θ1 + ∆θ2
∂θ1 ∂θ2
y
y θ3
a3 θ2
ϕ
J3 θ2 θ1
a2
J2
a1 θ1
J1
x x
Nota-se que a cinemática inversa não pode ser resolvida, pois há apenas duas equações
com 3 incógnitas (os três ângulos das juntas). De fato, pode-se mostrar facilmente (ver figura
4.7) que existem infinitas soluções de ângulos que satisfazem a condição do órgão terminal
atingir um dado ponto no plano. É necessário assumir uma condição a mais e esta condição já
foi estabelecida no enunciado do problema ao se fixar a orientação da junta J3 com o ângulo ϕ
(com relação à horizontal). Isto significa que nem todas as soluções satisfazem as equações,
mas somente aquela (ou aquelas) nas quais o ângulo do elo a3 com relação à horizontal for
igual a ϕ (fornecido). Isto indica claramente que a posição da junta J3 pode ser determinada,
47
uma vez que se conheça a posição do órgão terminal x e y e este ângulo. De fato, por
geometria tira-se que a posição de J3, denotada por x3 e y3 vale (ver figura):
x3 = x − a3 cos ϕ
y3 = y − a3 sen ϕ
y
y P
a3 ϕ
y3
x
O x3 x
Fig. 4.7 – Algumas das infinitas configurações possíveis do braço RRR na cinemática inversa.
Finalmente para o cálculo do terceiro ângulo percebe-se que o ângulo ϕ é igual à soma
dos ângulos das juntas, ou seja, θ1 + θ2 + θ3. Logo, como ϕ é conhecido e θ1 e θ2 já foram
determinados, então
θ3 = ϕ − θ1 − θ2
∂x ∂x ∂x
∆x = ∆θ1 + ∆θ2 + ∆θ3
∂θ1 ∂θ2 ∂θ3
∂y ∂y ∂y
∆y = ∆θ1 + ∆θ2 + ∆θ3
∂θ1 ∂θ2 ∂θ2
y
y
a3 θ3 ϕ
a2
J3
J2 θ1
J1 x x
A cinemática direta deste braço é idêntica à do primeiro exemplo, uma vez que ambos
possuem a mesma geometria. Assim,
x = a2 cos θ1 + a3 cos(θ1 + θ2 )
y = a2 sen θ1 + a3 sen(θ1 + θ2 )
Uma vez que este braço apresenta 3 variáveis de junta (θ1, a2 e θ3), então se deve obter
3 equações para a cinemática inversa. Como a cinemática direta fornece apenas duas
equações, então existem infinitas soluções possíveis para a cinemática inversa, como pode ser
visto na figura 4.9. Destas soluções, só existe uma que satisfaz a condição θ1 + θ3 = ϕ.
Percebe-se então que a posição x3, y3 da junta J3 fica fixada caso o ponto P = (x, y) e o ângulo
ϕ sejam conhecidos. Esta posição é obtida por geometria e vale
x3 = x − a3 cos ϕ
y3 = y − a3 sen ϕ
Isto permite escrever a cinemática direta para a posição desta junta, ou seja:
x3 = a2 cos θ1
.
y3 = a2 sen θ1
49
y
y P
a3
ϕ
y3
a2
x
O x3 x
Fig. 4.9 – Algumas soluções possíveis para a cinemática inversa
Como x3 e y3 são conhecidos, pode-se resolver este sistema para as variáveis de junta
θ1 e a2. Dividindo-se a segunda pela primeira, tem-se:
y3 x − a3 sen ϕ
tan θ1 = = ,
x3 y − a3 cos ϕ
a2 = ( x − a3 sen ϕ) 2 + ( y − a3 cos ϕ) 2 ,
e finalmente
θ3 = ϕ − θ1 .
∂x ∂x ∂x
∆x = ∆θ1 + ∆a2 + ∆θ3
∂θ1 ∂a2 ∂θ3
,
∂y ∂y ∂y
∆y = ∆θ1 + ∆a2 + ∆θ3
∂θ1 ∂a2 ∂θ2
que resulta:
como ilustrado na figura 4.10. A junta J1 gira sob um eixo vertical, enquanto que J2 e J3
possuem eixos horizontais.
a3
θ3
J2 a2
θ2 J3
a1
J1
y
θ1
x
Fig. 4.10 – Braço revoluto TRR em movimento no espaço
Para que os movimentos e os ângulos possam ser visualizados, serão construídas duas
vistas esquemáticas do braço: superior e lateral mostrando, respectivamente, o movimento
horizontal e os movimentos verticais (no plano). Estas vistas são mostradas esquematicamente
na figura 4.11, com as principais medidas a serem obtidas por relações geométricas. A vista
lateral é mostrada numa direção perpendicular à linha de interseção do plano vertical do
movimento e o plano xy.
Vista lateral P
z
Vista superior
P
r a3 θ3
y
β a2 θ2
d R α S Q
a1
θ1
x d
Fig. 4.11 – Braço revoluto TRR em movimento no espaço
d = a2 cos θ2 + a3 cos(θ2 + θ3 )
d = x2 + y2 .
Assim, a distância r, que vai do centro da junta J2 ao ponto P, conforme mostra a vista
lateral pode também ser calculada por meio da hipotenusa do triângulo retângulo PQR:
r 2 = d 2 + ( z − a1 ) 2 = x 2 + y 2 + ( z − a1 ) 2
Aplicando agora a lei dos co-senos ao triângulo PRS, onde S é o centro da junta J3,
tira-se que (ver exemplo 1)
x 2 + y 2 + ( z − a1 )2 − a22 − a32
θ3 = ± arccos ,
2 a a
2 3
z − a1 z − a1
tan α = = .
d x2 + y2
a3 sen θ3
tan β =
a2 + a3 cos θ3
( z − a ) (a + a cos θ ) − x 2 + y 2 a sen θ
θ2 = arctan 1 2 3 3 3 3
x + y (a2 + a3 cos θ3 ) + ( z − a1 ) a3 sen θ3
2 2
Por último, o ângulo θ1 será calculado com base na vista superior, por meio do arco-
tangente:
y
θ1 = arctan
x
52
Cabe neste ponto um breve comentário a respeito do cálculo de ângulos com o arco-
tangente. Computacionalmente o arco-tangente é uma função que retorna com um ângulo
compreendido entre −π/2 e π/2. Isto é suficiente para finalidades matemáticas ou para estudo
da cinemática de robôs, mas certamente é insuficiente num caso real, quando a cinemática
inversa for calculada pelo sistema de controle do braço mecânico. O motivo disto é que o
braço pode atingir, e em geral atinge, ângulos fora desta faixa de limitação como, por
exemplo, entre −3π/4 e 3π/4. A função arco-tangente fornece, no caso de um ângulo real de
−3π/4 o valor complementar de π/4, o que certamente levaria o braço a posicionar-se num
local totalmente errado. Para corrigir este problema emprega-se em tais programas uma
função denominada de atan2, que necessita de dois parâmetros que são os equivalentes ao
seno e ao co-seno do ângulo, e que gera um ângulo compreendido agora entre −π e π. As
calculadoras de bolso não programáveis não possuem tal função e, portanto, é necessário uma
análise posterior para que se conheça o quadrante real do ângulo. Para isso nota-se que o arco-
tangente é sempre calculado como o produto de uma divisão entre dois fatores, associados ao
seno e ao co-seno deste ângulo, ou seja:
S
θ = arctan ,
C
Para o cálculo da precisão cartesiana, deve-se lembrar que o braço possui 3 graus de
liberdade e move-se no espaço tridimensional. Tem-se portanto 3 equações para a precisão
cartesiana e cada uma delas depende dos 3 ângulos das juntas, ou seja
∂x ∂x ∂x
∆x = ∆θ1 + ∆θ2 + ∆θ3
∂θ1 ∂θ2 ∂θ3
∂y ∂y ∂y
∆y = ∆θ1 + ∆θ2 + ∆θ3
∂θ1 ∂θ2 ∂θ3
∂z ∂z ∂z
∆z = ∆θ1 + ∆θ2 + ∆θ3
∂θ1 ∂θ2 ∂θ3
a3
ϕ θ3
a2
θ2
a1
y
θ1
x
Fig. 4.12 – Manipulador esférico TRL:R
d = a2 cos θ2 + a3 cos(θ2 + θ3 ) .
Para a cinemática inversa observa-se que as variáveis de junta são θ1, θ2, θ3 e a2, o que
indica serem necessárias quatro equações para se ter uma solução. Uma vez que a cinemática
direta fornece 3 equações, será utilizada a condição fornecida do ângulo do punho ϕ = θ2 + θ3.
54
Com isso pode-se determinar a distância da projeção da junta 4 no plano xy, de forma
semelhante àquela realizada no exemplo 3, ou seja:
d 4 = d − a3 cos ϕ
Nota-se, porém, que d deve ser calculado na cinemática inversa por meio de
d = x2 + y 2 ,
e, portanto,
d 4 = x 2 + y 2 − a3 cos ϕ
z4 = z − a3 sen ϕ
z4 − a1 z − a1 − a3 sen ϕ
θ2 = arctan = arctan ,
d4 x 2 + y 2 − a3 cos ϕ
( )
2
a2 = ( z4 − a1 )2 + d 42 = ( z − a1 − a3 sen ϕ)2 + x 2 + y 2 − a3 cos ϕ .
y
θ1 = arctan ,
x
θ3 = ϕ − θ 2 ,
As precisões cartesianas deste braço são obtidas pelas derivadas parciais das equações
da cinemática direta, resultando:
z
a4
a2 θ3
ϕ
a3 θ2 y
a1
θ1
x
Este problema é bastante semelhante ao anterior, com exceção da primeira junta, que
passa a ser revoluta neste exemplo. O braço possui 4 graus de liberdade, o que significa que
existem infinitas soluções para a cinemática inversa. O ângulo ϕ dado introduz a quarta
condição que permite escolher uma das soluções. Este braço tem também um elo (a2) que se
desloca lateralmente com relação à base, o que torna a cinemática um pouco mais complexa.
Este esquema é adotado por certos fabricantes de robôs que conseguem, com esta técnica,
reduzir o espaço ocupado pelo braço além de conseguir simplificar o projeto mecânico. As
vistas superior e lateral são mostradas na figura 4.14. Percebe-se que o braço possui dois tipos
de movimento: o primeiro é um movimento em torno de um eixo vertical, realizado pela junta
J1, e o segundo é um movimento num plano vertical, realizado pelas demais juntas. Os
ângulos associados a estes movimentos são indicados em sua verdadeira grandeza nas duas
figuras. A distância d corresponde ao comprimento da projeção dos elos a3 e a4 no plano
horizontal xy. Da vista lateral tira-se facilmente que
d = a3 cos θ2 + a4 cos(θ2 + θ3 ) .
z = a1 + a3 sen θ2 + a4 sen(θ2 + θ3 )
z P
S a4 θ3
Vista superior Vista lateral
a2
d z4 ϕ
y P a3 J4
r
θ1
x θ2
O
a2 Q
a1 d4
θ1 O d
Fig. 4.14 – Vistas superior e lateral do movimento do manipulador de Stanford
r 2 = d 2 + a22 .
r 2 = x2 + y 2 .
d 2 = x 2 + y 2 − a22
O problema agora é encontrar os valores dos ângulos de junta, mas percebe-se que o
movimento vertical é semelhante àqueles vistos nos Exemplos 3 e 5. Deve-se, portanto,
calcular as coordenadas da projeção do ponto central da junta J4 no plano horizontal.
Chamando de d4 esta distância, tem-se, da vista lateral, que:
z4 = z − a4 sen ϕ = a1 + a3 sen θ2 .
Nota-se que tanto d4 quanto z4 podem ser calculados, uma vez que se consideram
dados as coordenadas cartesianas e o ângulo ϕ. Têm-se então duas equações:
57
nas incógnitas θ2 e a3, que podem ser resolvidas de forma semelhante ao indicado nos
exemplos anteriores. Elevando-se ambas as expressões ao quadrado e somando-se tem-se:
( )
2
a2 = ( z4 − a1 ) 2 + d 42 = ( z − a1 − a4 sen ϕ)2 + x 2 + y 2 − a22 − a4 cos ϕ
z4 − a1 z − a1 − a4 sen ϕ
θ2 = arctan = arctan .
d4 x 2 + y 2 − a22 − a4 cos ϕ
θ3 = ϕ − θ2 .
Resta agora obter o ângulo θ1. Este pode ser obtido da vista superior utilizando a
expressão da tangente da soma de ângulos. Outra forma é por meio de manipulação das
equações da cinemática direta,
x = d cos θ1 + a2 sen θ1
y = d sen θ1 − a2 cos θ1 ,
yd + a2 x
tan θ1 =
xd − a2 y
ou então
y x2 + y 2 − a2 − a x
θ1 = arctan 2 2
.
x x + y − a2 + a2 y
2 2 2
5 – Notação de Denavit-Hartenberg
Os parâmetros de Denavit-Hartenberg permitem obter o conjunto de equações que
descreve a cinemática de uma junta com relação à junta seguinte e vice-versa. São 4 os
parâmetros: o ângulo de rotação da junta θ, o ângulo de torção da junta t, o comprimento do
elo a e o deslocamento da junta d, mostrados na figura 5.1. Considera-se uma seqüência de
juntas robóticas de revolução como indicado na figura abaixo. Para obter os parâmetros de
Denavit-Hartenberg para a junta Jn, aplica-se os seguintes procedimentos:
Jn
zn J
Jn−1 n+1
zn−1 yn tn
zn−2 an
Hn xn
On
Hn−1 an−1 dn yn−1
On−1 θn
xn−1
Fig. 5.1 – Geometria de juntas rotativas e parâmetros das juntas.
1) Numerar as juntas, partindo de J1 até a última junta. Numerar os elos partindo do elo 0.
Tem-se com isso a configuração: elo 0, junta 1, elo 1, junta 2, elo 2, ...
2) Fixar um sistema de coordenadas cartesianas no elo 0 (base), no qual a posição e
orientação dos elos serão obtidos. A fixação deste sistema é explicada mais adiante neste
documento.
3) Definir os eixos das juntas. No caso de juntas rotativas, o eixo de rotação da junta n será
coincidente com o eixo zn−1 do sistema de coordenadas do elo anterior. No caso de juntas
prismáticas, o eixo de deslocamento da junta será coincidente com o eixo zn−1 do elo
anterior.
4) Obter a normal comum: Hn-On, para todos os elos. A normal comum Hn-On é definida
como sendo a reta perpendicular aos eixos das juntas Jn a J n+1. O comprimento Hn-On é
denominado comprimento do elo, an. Se os eixos forem paralelos, haverá inúmeras
normais que satisfazem a condição. Neste caso adota-se a normal passando pela origem do
sistema do elo anterior, ou seja On−1. Se os eixos das juntas interceptarem-se num único
ponto, então a reta Hn-On degenera-se neste ponto comum, e o comprimento do elo será
nulo (an = 0).
5) Definir sistema n (ver explicação adiante). O eixo xn possui a direção de Hn-On e passa
pelo ponto On (origem do sistema n). O eixo yn define o sistema destrógiro junto com xn e
zn. Se o comprimento do elo an for nulo, então a direção de xn será dada pela reta
perpendicular ao plano formado por zn−1 e zn.
6) Obter o deslocamento da junta. A distância On−1-Hn, medida ao longo do eixo zn−1, é
conhecida como o deslocamento da junta, dn. É positivo se o vetor que vai de On−1 a Hn
tiver a mesma direção do eixo zn−1. Se a junta Jn for prismática, então dn será a variável da
junta. Se os eixos zn−1 e zn forem paralelos, então o deslocamento da junta dn será nulo,
uma vez que os eixos xn−1 e xn interceptam-se no ponto On−1.
60
7) Obter o ângulo de rotação da junta. Traça-se uma reta paralela a xn passando pelo ponto
On−1. Por definição tanto esta reta quanto o eixo xn−1 são perpendiculares a zn−1. O ângulo
de rotação da junta, θn, é medido a partir do eixo xn−1 até a reta paralela, no plano
perpendicular a zn−1. Se a junta Jn for rotativa, o ângulo de rotação da junta é a própria
variável da junta. Se o deslocamento da junta, dn, for nulo, o ângulo de rotação será
medido entre xn−1 e xn.
8) Obter o ângulo de torção da junta. Traça-se uma reta paralela ao eixo da junta Jn, isto é,
zn−1, passando por On, origem do sistema n. Por construção, esta reta estará contida no
plano formado por xn e yn. O ângulo de torção, tn, é medido a partir da reta paralela a zn−1
até o eixo zn. Se os eixos forem paralelos, o ângulo de torção será nulo.
9) Fazer uma tabela contendo os parâmetros θn, dn, an e tn, conhecidos como parâmetros de
Denavit-Hartenberg:
Jn
zn J
Jn−1 n+1
zn−1 yn tn
zn−2 an
Hn xn
On
Hn−1 an−1 dn yn−1
On−1 θn
xn−1
Fig. 5.2 – Geometria de uma junta prismática.
61
Mostra-se, como no exemplo da figura 5.3, uma junta prismática onde a direção do
eixo da junta foi transferida para o ponto On, onde ocorre a interseção desta direção com o
eixo da junta n+1. Nesta situação o comprimento do elo an torna-se nulo (na verdade é
adicionado a an−1). Nota-se também que a direção de xn é obtida como sendo perpendicular
simultanemente à direção de deslocamento da junta prismática (eixo zn−1), e ao eixo da junta
Jn+1 (ver procedimento 5).
Jn
zn J
Jn−1 n+1
yn tn
zn−2
On xn
Hn−1 zn−1
an−1 dn yn−1
On−1 θn
xn−1
Fig. 5.3 – Parâmetros de Denavit-Hartenberg em juntas prismáticas.
A matriz de rotação entre os sistemas n−1 e n+1 será dada então por uma rotação do
sistema n−1 em torno do eixo zn−1, seguida de uma translação de dn na direção de zn−1,
O sistema de coordenadas da base terá seu eixo z0 paralelo ao eixo da primeira junta.
Se esta junta for rotativa, então o eixo z0 será coincidente com o eixo da junta. Se a junta for
prismática, contudo, basta então que z0 possua a mesma direção do deslocamento linear da
junta. A origem pode ficar em qualquer local sobre z0. As direções de x0 e y0 podem ser
quaisquer. Porém pode-se simplificar a escolha se os eixos forem adotados como paralelos
aos eixos x1 e y1 quando a variável da junta 1 for nula.
Dado um vetor no sistema n, ele pode ser expresso no sistema n−1 por meio da matriz
que relaciona ambos os sistemas (ver Apêndice B):
62
no qual Rot(i, θ) indica uma matriz de rotação de um ângulo θ ao redor do eixo i, e Trans(sx,
sy, sz) é a matriz de translação de um vetor s = (sx, sy, sz). O produto destas matrizes resulta:
Ou seja:
vn −1 = Tn −1,n vn
cos θn sen θn 0 − an
− sen θn cos tn cos θn cos tn sen tn − d n sen tn
Tn , n −1 = Tn−−11, n = ,
sen θn sen tn − cos θn sen tn cos tn − d n cos tn
0 0 0 1
Finalmente, a matriz que relaciona o sistema da base com o sistema do órgão terminal
será dada por:
zo l3
z5
l2 l4 θ3
θ2
l5
y5
l6 l8
l1 x5
yo θ5
l7
θ4
θ1
xo
Fig. 5.4 – Manipulador robótico esquemático para obtenção dos parâmetros de Denavit-
Hartenberg.
O diagrama da Figura 5.5 mostra os eixos das juntas obtidos pela aplicação da notação
de Denavit-Hartemberg no braço mecânico fornecido. A tabela é preenchida com base no
diagrama completo.
y2
zo
l3
y1 z5
t1= 90° l2
a1 = 0 d2 = 0 x2 l4 θ3
a2 θ2 z4
H1 O2 H3 l t 5 = 0°
O1 H2 z2 d3 = 0 θ3 5 t4= −90° y4
θ2 t2= 0° a4 = 0 y5
z1 y3
x1 a3 H5 H4 l8
l1 l6 x5
d1
yo d4 O4 a5 θ5 O5
d
l7 5 = 0
Oo O3 θ4
z3 x4
t 3 = 0°
θ4
θ1 x3
xo
Apêndice A
Trigonometria
A.1 - Semelhança de triângulos
Dois triângulos são semelhantes quando possuem dois ângulos iguais. Como a soma
dos ângulos internos de um triângulo é sempre igual a 180o, então todos os ângulos de
triângulos semelhantes são iguais
c'
A b'
c b
C C
B a B a'
a b c
= =
a' b' c'
Num triângulo retângulo OPQ, no qual o ângulo do vértice Q é reto (igual a 90o ou
π/2) e o ângulo do vértice O é α, o cateto oposto é definido como o comprimento b da aresta
PQ, o cateto adjacente é definido como o comprimento a da aresta OQ, e a hipotenusa é o
comprimento c da maior aresta, OP. O teorema de Pitágoras fornece que o quadrado da
hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, ou seja
c2 = a2 + b2
c
b
α a
O Q
Fig. A.2 – Triângulo retângulo
projeção deste ponto nos eixos das abscissas e das ordenadas define os pontos Q e R,
respectivamente.
cotα
S V
α
U
P
R
1 tanα
senα
O cosα Q T
Fig. A.3 – Círculo de raio unitário: seno, co-seno, tangente, co-tangente, secante e co-secante.
sen α = OQ
cos α = OR
tan α = TU
cot α = SV
sec α = OU
csc α = OV
cos 2 α + sen 2 α = 1
sen α
tan α = ,
cos α
1 cos α
cot α = =
tan α sen α
67
1
sec α =
cos α
1
csc α =
sen α
cos(π − α) = − cos α
sen(π − α) = sen α
B E A
π/2 – α
π–α
α α
D O C
Fig. A.4 – Ângulos complementares.
Da mesma figura pode-se ainda verificar que, da semelhança entre os triângulos OAC e OEA,
cos(π / 2 − α) = sen α
sen(π / 2 − α) = cos α
cos(−α) = cos α
sen(−α) = − sen α
68
C A
O E
–α
D
B
cos(π / 2 + α) = − sen α
sen(π / 2 + α) = cos α
cos(π + α) = − cos α
sen(π + α) = − sen α
tan(−α) = − tan α
tan(π / 2 − α) = cot α
tan(π / 2 + α) = − cot α
tan(π − α) = − tan α
tan(π + α) = tan α
cos α = ± 1 − sen 2 α
sen α = ± 1 − cos 2 α
sen α 1 − cos 2 α
tan α = ± =± .
1 − sen 2 α cos α
tan α
sen α = ±
1 + tan 2 α
1
cos α = ±
1 + tan 2 α
B
D
senα cosβ
sen(α+β)
E α β A
C
cosα senβ
β
O F G
cos(α+β)
cosα cosβ senα senβ
Sabendo-se que cos(–β) = cosβ e que sen(–β) = –senβ, tem-se que a o seno e o co-
seno da diferença entre os ângulos valem
Embora seja também possível obter uma solução geométrica para a tangente da soma,
é mais fácil neste ponto calcular pela relação entre o seno e o co-seno, ou seja:
e que pode ser estabelecida como: “num triângulo qualquer, a relação entre o comprimento de
qualquer de seus lados com relação ao seno do ângulo oposto a ele é uma constante”.
G
α
c b
γ
B β a C
H
Fig. A.7 – Lei dos senos.
Num triângulo qualquer ABC, traça-se uma a reta que, a partir do vértice A, encontra o
lado BC em ângulo reto (perpendicular a BC), como mostra a figura abaixo. No triângulo
retângulo ABH, aplica-se o teorema de Pitágoras, obtendo-se
c 2 = BH 2 + AH 2
71
α
c b
γ
B β a C
H
Fig. A.8 – Lei dos co-senos.
b 2 = HC 2 + AH 2
c 2 = b 2 + BH 2 − HC 2
c 2 = b 2 + a 2 − 2ab cos γ .
A lei dos co-senos pode então ser definida como “num triângulo qualquer, o quadrado
de um dos lados é igual à soma dos quadrados dos demais, subtraído do duplo produto destes
lados pelo co-seno do ângulo entre eles”. Uma vez que não foi estabelecida nenhuma
condição sobre um dos lados, tem-se igualmente que
a 2 = b 2 + c 2 − 2bc cos α .
b 2 = a 2 + c 2 − 2ac cos β .
72
Apêndice B
Transformações de Coordenadas
Em diversos problemas físicos e mecânicos existe a necessidade de se expressar
determinada grandeza vetorial em um ou mais sistemas de coordenadas distintos. Em geral
um destes sistemas encontra-se parado enquanto o outro é o sistema móvel. Por exemplo, a
posição de um guindaste num navio pode ser conhecida com relação a um sistema de eixos
fixados à embarcação, ou, similarmente, ser conhecida com relação a um sistema de
coordenadas fixadas ao ancoradouro. Navios, aeronaves, foguetes, satélites, veículos em
geral, além de uma grande série de fenômenos apresentam o mesmo tipo de problema. Vamos
apresentar uma forma de sistematizar estas transformações de coordenadas.
Q v
O
y
u
x
ux uy uz
A = vx vy vz ,
wx wy wz
teremos uma forma de relacionar a orientação de um vetor qualquer dado num sistema com a
orientação deste mesmo vetor expresso no outro sistema. De fato, se ro = (rx, ry, rz) for o vetor
expresso no sistema O, as coordenadas deste mesmo vetor no sistema Q, rq = (ru, rv, rw) serão
dadas por:
rq = A ro
73
ru = u ⋅ ro = u x rx + u y ry + u z rz
rv = v ⋅ ro = vx rx + v y ry + vz rz
ru = w ⋅ ro = wx rx + wy ry + wz rz
onde o operador (⋅) indica o produto interno ou produto escalar. A matriz A é conhecida como
matriz de transformação de coordenadas entre os dois sistemas, e pode-se mostrar que ela
possui características especiais. Ela é uma matriz ortogonal própria, isto é, seu determinante é
unitário, e o produto escalar entre duas de suas linhas ou coluna é sempre nulo. Além disso,
nas matrizes ortogonais próprias o produto da matriz pela sua transposta resulta na matriz
identidade, ou seja:
A AT = AT A = I ,
AT = A-1
Este resultado nos permite obter a representação inversa entre os dois sistemas de
coordenadas, isto é, calcular as componentes do vetor ro caso sejam conhecidas as
coordenadas do vetor rq. De fato, ao multiplicar ambos os termos da relação de transformação
pela inversa da matriz A chega-se facilmente a
ro = A−1 rq = AT rq
Conclui-se, também, que as direções dos eixos (x, y, z), quando representadas nos
sistema Q serão dadas respectivamente por x = (ux, vx, wx), y = (uy, vy, wy), e z = (uz, vz, wz).
Como regra geral tem-se, portanto, a relação:
u ux uy uz
AO −Q = v = vx vy vz ,
w w wy wz
x
ou
x xu xv xw u x vx wx
AQ −O = y = yu yv yw = u y vy wy ,
z z zv z w u z vz wz
u
θ z
w
θ
O≡Q y
x
u
Fig. B-2 - Rotação no sistema de coordenadas Q de um ângulo θ ao redor do eixo x.
Uma rotação de um ângulo θ ao redor do eixo cartesiano x irá levar à seguinte matriz
de rotação:
1 0 0
Rx (θ) = 0 cos θ sen θ ,
0 − sen θ cos θ
cos θ 0 − sen θ
Ry (θ) = 0 1 0 ,
sen θ 0 cos θ
cos θ sen θ 0
Rz (θ) = − sen θ cos θ 0 .
0 0 1
Veja-se que tais transformações são direcionais com relação ao ângulo, isto é,
considera-se o ângulo como sendo positivo quando, ao passar do sistema O para o sistema Q,
75
utiliza-se a regra da mão direita. Neste caso, com o polegar direito apontando na direção
positiva do eixo de rotação, os demais dedos devem indicar o sentido de rotação. Caso od
dedos apontem na direção oposta, então o ângulo de rotação será negativo.
Muitas vezes os eixos coordenados não possuem origens coincidentes. Nestes casos,
para obter a posição de um dado vetor ou objeto num dos sistemas será necessário efetuar,
além da transformação de orientação entre os sistemas, também uma translação. Considere
então o sistema Q com sua origem deslocada do sistema O, mas admite-se inicialmente que os
eixos de ambos sejam paralelos, como ilustra a figura B-3.
w P
z
ro rq
v
Q
so u
O
y
x
Nesta situação, se a posição de um ponto P do espaço for dada pelo vetor ro, e se so for
a posição da origem do sistema Q, ambos referidos ao sistema O, então a posição deste ponto
P no sistema Q será dada pela soma vetorial:
rq = ro − s o
ro = rq + s o
Num caso mais geral, os eixos dos sistemas O e Q não são paralelos, e nem suas
origens são coincidentes, como indicado na figura B-4. Para analisar este caso, pode-se supor
que exista um sistema de eixos intermediário, cujos eixos são paralelos ao do sistema O,
porém sua origem é coincidente com o sistema Q. Percebe-se então que a transformação entre
os dois sistemas reduz-se entre uma translação de O para o sistema intermediário, seguido de
uma rotação entre este último e o sistema Q.
76
w P
z
ro rq
Q v
so u
O
y
x
rq = AO −Q ri ,
onde AO-Q é a matriz de transformação entre os sistemas I e Q. Uma vez que o sistema I é
paralelo a O, então a matriz A é também igual à transformação entre os sistemas Q e O. Por
outro lado, a translação de coordenadas entre os sistemas I e O leva a:
ri = ro − s o ,
rq = AO −Q (ro − s o ) = AO −Q ro − AO −Q s o .
Porém, como foi dito, o vetor −so é a posição da origem do sistema O referido ao
sistema I, ou seja, si. Mas AO-Q si é justamente a transformação deste vetor para o sistema Q,
ou simplesmente sq. Tem-se com isto a relação:
rq = AO −Q ro + s q ,
que relaciona um vetor expresso no sistema O com as componentes deste vetor no sistema Q,
desde que sejam conhecidas a matriz de transformação entre ambos, e a posição da origem de
O referida ao sistema Q.
rq = AO −Q ro + s q
rr = AQ − R rq + s r .
rr = AQ − R AO −Q ro + AQ − R s q + s r ,
o que significa que o número de termos que aparece na transformação depende do número de
sistemas de coordenadas envolvidos nela. Há uma forma mais eficiente de expressar tais
transformações, conhecida como transformações homogêneas. Nela, tanto as rotações quanto
as translações são efetuadas por multiplicações de matrizes, o que permite facilmente compor
transformações entre diversos sistemas. O preço a pagar por isto é o aumento na dimensão do
problema, que passa para 4 dimensões para que a translação possa ser posta na forma
matricial. Uma matriz homogênea é, portanto, uma matriz quadrada de ordem 4, formada pelo
acréscimo de uma coluna e uma linha adicionais à matriz de transformação de coordenadas
usual. No caso de uma rotação, a matriz homogênea é dada por:
ux uy uz 0
A 0 vx vy vz 0
RO −Q = O −Q = ,
0 1 wx wy wz 0
0 0 0 1
1 0 0 − sx
I −s o 0 1 0 −sy
T (s o ) = = ,
0 1 0 0 1 − sz
0 0 0 1
na qual o vetor que fornece a origem do sistema Q é dado por so = (sx, sy, sz). Os vetores a
serem transformados devem agora ter sua dimensão aumentada, e para isto introduz-se um
quarto componente que representa um fator de escala, mas que aqui será adotado como sendo
sempre unitário. Tem-se assim que:
rx
r ry
r = =
1 rz
1
1 0 0 0
0 cos θ sen θ 0
Rx (θ) = ,
0 − sen θ cos θ 0
0 0 0 1
cos θ 0 − sen θ 0
0 1 0 0
Ry (θ) = ,
sen θ 0 cos θ 0
0 0 0 1
cos θ sen θ 0 0
− sen θ cos θ 0 0
Rz (θ) = ,
0 0 1 0
0 0
0 1
Mostrou-se, na seção B.1, que a relação inversa, isto é, na qual conhece-se vetores no
sistema Q e deseja-se calculá-los no sistema O é obtida a partir da transposta da matriz de
transformação rotacional, ou seja, AO−1−Q = AOT−Q = AQ −O . Esta mesma relação vale para a
transformação homogênea. Além disso, se a rotação foi efetuada ao redor de um eixo
cartesiano, vale igualmente a relação Ri−1 (θ) = RiT (θ) = Ri (−θ) , para i = x, y, ou z. Foi visto,
também, na seção B.2, que a relação inversa da translação é equivalente a trocar o sinal do
vetor de posicionamento da origem do sistema móvel. Isto leva à conclusão de que
1 0 0 sx
−1 0 1 0 sy
T (s o ) = T (−s o ) =
0 0 1 sz
0 0 0 1
A 0 ro AO −Q ro
rq = RO −Q ro = O −Q = ,
0 1 1 1
79
I −s o ro ro − s o
rq = T (s o ) ro = = ,
0 1 1 1
que são idênticas àquelas obtidas anteriormente, nas seções B.1 e B.3.
r − s
ri = T (s o ) ro = o o ,
1
rq = RO −Q ri = RO −Q T (s o ) ro ,
r − s A 0 ro − s o AO −Q (ro − s o )
rq = RO −Q T (s o ) ro = RO −Q o o = O −Q = ,
1 0 1 1 1
que, novamente, é igual à equação de rq obtida na seção B-4. Se a ordem das transformações
for diferente desta, por exemplo, uma rotação seguida de uma translação, o resultado seria
diferente deste. O produto da matriz de rotação pela matriz de translação pode ser calculado
separadamente, resultando com isso:
u − u ⋅ so
A − AO −Q s o v − v ⋅ s o
H O −Q = RO −Q T (s o ) = O −Q = .
0 1 w − w ⋅ so
0 1
Obviamente, o produto desta matriz pelo vetor ro resulta na mesma expressão já obtida
acima.
ro = T (−s o ) ROT−Q rq ,
80
o que indica que a relação composta inversa é obtida pela inversa das transformações,
posicionadas na ordem também inversa, isto é, da primeira (translação) para a última
(rotação). Efetuando-se este cálculo tem-se o resultado
ux vx wx sx
1 so A T
0 A T
so u y vy wy sy
H Q −O = O −Q
= O −Q
=
0 1 0 1 0 1 u z vz wz sz
0 0 0 1
Será visto agora, como resultado final, a relação que fornece a transformação
composta de uma rotação seguida de uma translação. Nota-se, neste caso, que o vetor de
translação passa a ser referido ao sistema I, e não mais ao sistema O como no caso anterior.
Isto leva a:
1 − s o AO −Q 0 AO −Q − so
GO −Q = = ,
0 1 0 1 0 1
AT 0 1 s o AOT−Q AOT−Q s o
GQ −O = O −Q = .
0 1 0 1 0 1
81
Apêndice C
Alfabeto Grego
Os símbolos, nomes e pronúncia das letras gregas são mostrados na Tabela B-1.
Tabela B-1
Símbolos gregos