Texto 1 - Refletindo Conservando (Fernando Fernandez)
Texto 1 - Refletindo Conservando (Fernando Fernandez)
Texto 1 - Refletindo Conservando (Fernando Fernandez)
agosto 2005
Instituto Ethos Reflexo uma publicao do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social,
distribuda gratuitamente a seus associados.
A palestra transcrita neste documento foi proferida em 30 de junho de 2004, durante a Conferncia Nacional 2004 Empresas e
Responsabilidade Social, realizada pelo Instituto Ethos, em So Paulo, SP, sob o tema Sustentabilidade da Sociedade e dos Negcios.
Realizao
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social
Rua Francisco Leito, 469, 14. andar, conj. 1407
Pinheiros 05414-020 So Paulo, SP
Tel.: (11) 3897-2400
www.ethos.org.br
Patrocnio Institucional
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Colaboradores do Instituto Ethos
Benjamin S. Gonalves (coordenao e edio), Leno F. Silva e Paulo Itacarambi
Colaborador do UniEthos
Fernando Pachi
Autoria
Fernando Fernandez
Reviso
Mrcia Melo
Projeto e produo grfica
Waldemar Zaidler e William Haruo (Planeta Terra Design)
Tiragem: 4.000 exemplares
So Paulo, agosto de 2005.
permitida a reproduo desta publicao, desde que citada a fonte e com autorizao prvia do Instituto Ethos.
APRESENTAO
Ao chegar pela primeira vez regio hoje conhecida como Chaco Canyon, no sudoeste dos
Estados Unidos, os conquistadores espanhis ficaram maravilhados e intrigados diante das imensas
runas de construes que encontraram em pleno deserto, erguidas com grossos troncos de rvore e
pequenos blocos de pedra. Para que serviriam aqueles gigantescos edifcios e de onde teria sido trazida
a madeira usada em sua construo, se as florestas mais prximas ficavam a centenas de quilmetros de
distncia? Estudos recentes indicaram que o material utilizado era dali mesmo. H apenas 1.100 anos,
uma extensa floresta cobria toda aquela rea, que foi palco de uma devastao ecolgica como muitas
que a ocupao humana tem sido capaz de provocar ao longo da Histria em diversas partes do mundo.
A lio que podemos extrair desse episdio o tema central da palestra que o bilogo Fernando Fernandez,
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou, com grande repercusso,
durante a Conferncia Nacional 2004 Empresas e Responsabilidade Social, cujo contedo, revisto
e atualizado pelo autor, temos o prazer de apresentar nesta edio de Instituto Ethos Reflexo.
Para Fernandez, um pesquisador cada vez mais interessado na histria e na filosofia das relaes
do homem com a natureza, a ecologia tem sido um dos maiores rbitros da ascenso e da
decadncia das civilizaes, conforme demonstram os vrios exemplos por ele apresentados.
Em muitas ocasies, a decadncia das civilizaes foi acontecendo medida que cada
uma destruiu seu ambiente e esgotou a base de recursos dos quais dependia.
A evocao de Chaco Canyon serve ao autor para introduzir uma ampla discusso sobre o conceito
de desenvolvimento sustentvel e para pr em xeque a eficincia de projetos que se definem
como socioambientais. Serve tambm para sugerir caminhos a seguir frente aos riscos
que ameaam a vida no planeta e para alertar que preciso pensar menos no meio ambiente
como a sociedade o concebeu e mais na conservao da natureza em sua totalidade.
O propsito do Instituto Ethos ao realizar esta publicao promover o dilogo em torno
das diversas vises sobre o desenvolvimento sustentvel, de modo a aprofundar a reflexo sobre
como a gesto socialmente responsvel das empresas contribui para a sustentabilidade da sociedade.
odos percebemos que existem problemas ditos ambientais, mas nem todos entendemos quo antigos e
determinantes eles so para o destino de nossa sociedade,
nem quo radicais devem ser as reformas que necessitamos
fazer para que nossa sociedade sobreviva atual crise com
uma qualidade de vida aceitvel.
Para perceber como espesso o vu de iluso que
impede nossa sociedade de entender com clareza a situao,
consideremos por exemplo quatro afirmaes nas quais
nem repararamos muito, pois estamos habituados a ouvi-las
como se fossem coisas quase que obviamente corretas e verdadeiras. As quatro afirmaes que escolhi (poderia relacionar muitas outras) so as seguintes:
Uma imensa e espetacular coleo de grandes animais (a chamada megafauna) se extinguiu muito recentemente em termos geolgicos, entre 50 mil e 500 anos atrs
(50 mil anos atrs pode no parecer muito recente, mas, s
para termos uma idia de escala, lembremos que a extino dos dinossauros foi h 65 milhes de anos). Os animais
Martin, P., & Klein, R. Quaternary Extinctions: a Prehistoric Revolution. Tucson: University of
Arizona Press, 1984.
Roberts, R.G., et alii. New Ages for the Last Australian Megafauna: Continent-Wide
Extinction about 46,000 Years Ago, in Science, Vol. 292, 2001.
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Idem nota 2.
Barnosky, A.D., et alii. Assessing the Causes of Late Pleistocene Extinctions on the
Continents, in Science, Vol. 306, 2004.
es do pleistoceno-holoceno teriam sido causadas por mudanas climticas parece ser absolutamente inconsistente e
inconvincente6.
Um exemplo claro e indiscutvel do papel do homem
nas extines da megafauna o da Nova Zelndia, a ltima
grande massa de terra a ser alcanada pelo homem e, conseqentemente, onde ocorreu a mais recente onda de extino. L havia uma espetacular fauna nativa que inclua uma
dzia de diferentes espcies de aves no-voadoras, chamadas coletivamente de moas, assim como guias colossais
(Harpagornis moorei), muito maiores do que qualquer guia
atual. A Nova Zelndia foi colonizada, a partir do norte do
arquiplago, por um povo polinsio, os maoris, apenas uns
900 a.a.. Uma macia onda de extino varreu as ilhas do
norte para sul, entre 900 e 600 a.a., coincidindo com o espalhamento dos maoris em direo ao sul do arquiplago.
Ossos correspondentes aos esqueletos de cerca de meio milho de moas de grande porte foram encontrados em fornos
de barro dos maoris e usados, modos, como fertilizante
pelos colonizadores brancos no sculo XIX. Os moas viraram churrasco literalmente, e a majestosa Harpagornis desapareceu com a extino de suas provveis presas. Ironicamente, a cultura neozelandesa ainda considera os maoris
heris conservacionistas, que viviam em harmonia com a
natureza! Antes que possamos rir da ingenuidade dos neozelandeses, cabe refletir se no camos no mesmo erro em
muitos casos.
Embora a maioria ainda ache que a crise ecolgica
seja algo recente, h imensa quantidade de exemplos de
devastao ao longo da Histria. Onde esto hoje os cedros
do Lbano? Essa rvore, que os livros de Histria nos ensinam ter sido a melhor madeira para construo naval na
antiguidade, cobria em densos bosques quase toda a franja
leste do Mediterrneo. Hoje s encontrada praticamente
na bandeira do Lbano (mais uns pouqussimos remanescentes aqui e ali), e sua antiga rea de distribuio no passa
de uma coleo de desertos feitos pelo homem. Quando os
portugueses chegaram ao Brasil, a Mata Atlntica virgem
esteve pior. Mas isso s o incio do problema. Avaliar o estado de conservao de um ecossistema natural a partir de imagens de satlite extremamente limitado e enganoso.
Primeiro: imagens de satlite no conseguem distinguir bem
mata primria de mata perturbada; freqentemente a fotointerpretao considera como florestas em bom estado matas
historicamente muito perturbadas
e de biodiversidade vegetal reduzida. Segundo: imagens de satlite
no revelam extrao seletiva de
madeira; trechos de mata alta prximos a uma estrada freqentemente j tiveram removidos todos
os exemplares das espcies mais
valiosas. Embora preocupantes,
esses dois detalhes parecem ter
menor importncia quando pensamos no problema mais fundamental: imagens de satlite no revelam
florestas vazias.
O cidado comum assume,
com uma lgica simples e natural,
que a presena de uma floresta
implica automaticamente a existncia de animais dentro dela. Infelizmente, essa uma expectativa cada
vez mais ingnua. Um dos maiores
impactos que tive em toda a minha vida foi por meio de um
artigo publicado por Kent Redford10, em 1992, intitulado The
Empty Forest (A Floresta Vazia)11. Uma impressionante
tabela mostrava os totais de vrios tipos de animais exportados
de Iquitos, um porto fluvial no Peru, durante cinco anos, na
dcada de 1960. Eram apenas nmeros frios num pedao de
papel, mas, se algum nmero pode ser violento, esses eram:
183.664 macacos vivos, 47.616 jacars-aus, 101.641 jacars
comuns, 47.851 lontras, 2.529 ariranhas, 61.449 jaguatiricas,
9.565 gatos-do-mato, 5.345 onas-pintadas, 690.210 catetos
(porcos-do-mato pequenos), 239.472 queixadas (porcos-domato grandes), e por a vai. O choque ainda maior ao cons-
O cidado comum
assume, com uma lgica
simples e natural, que
a presena de uma floresta
implica automaticamente
a existncia de animais
dentro dela.
Infelizmente, essa
uma expectativa cada
vez mais ingnua.
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A miragem do desenvolvimento
sustentvel
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Olmos, F., et alii. Correo Poltica e Biodiversidade: a Crescente Ameaa das Populaes
Tradicionais (e Outras Nem Tanto) Mata Atlntica, in Ornitologia e Conservao: da
Cincia s Estratgias. Tubaro: Unisul/CNPq, 2001.
Ver nota 11.
Expresso cunhada em Requiem for Nature pelo conservacionista americano John Terborgh,
especialista em ecologia tropical.
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longo prazo da populao biolgica em questo, que mostre conclusivamente que ela no est declinando.
Parece de fato bvio, mas em pouqussimos projetos
propostos como de uso sustentvel isso feito. Na maioria
dos casos, o que se faz apenas propor uma forma de explorao de recursos, levando em conta interesses individuais
ou locais, que tenha um impacto
ecolgico menor do que a forma
atual ou do que formas alternativas mais devastadoras. No entanto,
preciso lembrar que o fato de uma
forma de uso de recursos ser menos
danosa que as alternativas no implica necessariamente que ela seja sustentvel. Na verdade, raramente existe conhecimento demogrfico
suficiente para demonstrar que
usos anunciados como sustentveis de fato o sejam. Ao contrrio,
em alguns casos em que o conhecimento existe, o que tem ficado
claramente demonstrado que a
utilizao supostamente sustentvel de recursos na verdade no o .
Um exemplo disso a jia da
coroa dos projetos desse tipo no
Brasil, a castanheira da Amaznia,
tantas vezes exibida como modelo de explorao sustentvel
pelos rgos governamentais. Carlos Peres e colaboradores,
num artigo publicado recentemente na revista Science,
baseado em extensivos dados demogrficos, mostraram inequivocamente que a quantidade de castanheiras jovens no
suficiente para repor as perdas com o extrativismo e que,
portanto, a explorao no sustentvel16.
Outro problema para o uso sustentvel de recursos foi
apontado pelo eclogo americano Garrett Hardin17, com
um exemplo desconcertante. Ele se pergunta: dentro de
uma lgica econmica, qual a melhor maneira de manejar uma populao de baleias? E ele mesmo responde: matar
No devemos acreditar
tanto no que dizem
os dados baseados
em imagens de satlite.
A maior parte da floresta
tropical restante est
profundamente alterada
e vazia de vida animal
e de futuro.
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Hardin, G. Living within Limits Ecology, Economics, and Population Taboos. Oxford e
Nova York: Oxford University Press, 1993.
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O bilogo paraense Jos Mrcio Ayres (1954-2003) foi um dos cientistas brasileiros mais
premiados nas reas de conservao e biodiversidade. A reserva de Mamirau, criada
por ele, destinava-se inicialmente a salvar da extino o primata uacari-branco.
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Hardin, G. Living within Limits Ecology, Economics, and Population Taboos. Oxford e Nova
York: Oxford University Press, 1993.
A ecologia muito
mais do que os reis,
as guerras e os tratados
tem sido um dos
maiores rbitros da
ascenso e da decadncia
das civilizaes
ao longo da histria.
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Paul Ehrlich, bilogo americano, autor do best-seller The Population Bomb (1968).
Woodward, H.N. Capitalismo sem Crescimento. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.
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Mankind cannot bear too much reality, frase do poeta americano T. S. Eliot, citada por
Garrett Hardin em Living within Limits Ecology, Economics, and Population Taboos.
Oxford e Nova York: Oxford University Press, 1993.
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Primeiro, preciso esclarecer a diferena entre cuidados com o meio ambiente e conservao da natureza.
Meio ambiente de quem? Da nossa espcie, claro. No
entanto, nem tudo o que feito em favor do meio ambiente contribui para a conservao da natureza. Numa comisso da qual participo, por exemplo, pessoas bem-intencionadas acreditavam que estavam contribuindo muito para o
meio ambiente ao tentar reduzir os nveis de rudo do trfego de veculos no centro do Rio de Janeiro. Para o meio
ambiente (nosso) pode ser, mas a relao que isso teria com
conservao obscura.
preciso tambm levar em conta que grande parte
das espcies no tem nenhuma utilidade econmica para o
homem; portanto, se sua conservao depender exclusivamente de argumentos utilitaristas, elas esto condenadas.
Embora j exista uma considervel preocupao do pblico
com problemas ambientais, muito menor e envolve muito
menos pessoas a preocupao com a conservao da natureza por ela mesma, pelo direito de todos os seres vivos (e no
apenas dos seres humanos) vida e a seu prprio modo de
vida. A viso antropocntrica, a preocupao apenas com os
direitos de nossa prpria espcie, resultado do sucesso cultural de nossa obstinada recusa em engolir Darwin e perceber as implicaes, para a maneira como vemos os outros
seres vivos, de nosso parentesco evolutivo com eles29.
De um ponto de vista pragmtico, visando interesses
socioeconmicos de curto prazo, uma viso antropocntrica
e de meio ambiente poderia parecer perfeitamente adequada aos interesses da humanidade. No entanto, cada vez
mais se percebe que os estragos feitos na natureza em si acabam afetando, por formas mais ou menos indiretas, a prpria economia, as questes sociais e a qualidade de vida das
pessoas (vide seo anterior). Por isso, se temos a preocupao
de fazer um mundo melhor a longo prazo, precisamos pensar menos em meio ambiente sem conservao e mais na
conservao da natureza em si.
Outro ponto claro que preciso encarar o problema
do crescimento populacional. Muitos economistas e cientistas sociais gostam de falar que Malthus30 estava errado e que
4. A ecologia, longe de ser uma preocupao secundria, tem sido um dos grandes determinantes do
sucesso ou do fracasso das sociedades humanas.
Desenvolvimento sustentvel uma bandeira que
tem sido abraada por muitas pessoas bem-intencionadas,
sejam empresrios, ecologistas ou cidados comuns, como
um paradigma que tem orientado posturas ecologicamente
melhores e mudanas elogiveis de postura em relao aos
recursos naturais. Mas precisamos nos perguntar se essas
mudanas so de fato suficientes para resolver nossos problemas. Nunca se falou tanto de sustentabilidade e desenvolvimento sustentvel quanto nos ltimos anos. No entanto, perfeitamente claro que, apesar das muitas iniciativas
louvveis, ainda estamos perdendo o jogo: a situao
ambiental do planeta hoje pior do que jamais foi, e a maioria dos problemas continua piorando num ritmo sem precedentes28. O desenvolvimento sustentvel, no fundo por
manter as idias de crescimento e desenvolvimento e na
prtica por ser uma expresso amplamente utilizada para
justificar prticas inefetivas , mais parece um novo paradigma para mudar de modo a ficar do mesmo jeito. Se queremos de fato um mundo melhor para ns mesmos, para
nossos filhos e para os demais seres vivos que compartilham
o planeta conosco, precisamos ir muito mais fundo.
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O historiador e economista ingls Thomas Robert Malthus (1766-1834) defendeu a conteno do crescimento demogrfico em seu Ensaio sobre a Populao, de 1798.
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Francisco de Assis para os dias atuais equivale a dizer: faamos de nossa vida um instrumento para um mundo melhor. Em
cada pequena escolha que fazemos, como consumidores,
produtores, empregadores, cidados, podemos conscientemente contribuir para que o mundo se torne ecologicamente melhor.
Felizmente esse tipo de atitude j est ocorrendo hoje
em dia, embora numa escala muito abaixo do necessrio, e
um dos mais promissores caminhos para mudar a situao. Ainda em Collapse, Diamond relata vrios casos em que
indstrias que exploram recursos naturais, como a florestal
e a pesqueira, tm auto-regulado suas atividades de maneira sria graas presso dos consumidores. Por outro lado,
em paralelo com as certificaes de sustentabilidade confiveis, derivadas de auditorias independentes, as prprias
indstrias (a madeireira, por exemplo) tm criado diversas
certificaes esprias para confundir os consumidores e
iludi-los de que esto comprando produtos oriundos de
prticas sustentveis. Nesse assunto, como em muitos outros, a luta por um mundo melhor no sculo XXI passa por
uma difcil batalha pela informao que nos permita separar o joio do trigo.
Naturalmente e a chegamos a mais um pensamento que parece politicamente incorreto hoje em dia ,
muitas de nossas aes em favor de um mundo melhor
envolvem a questo do consumo. O planeta habitado
atualmente por 6,5 bilhes de pessoas, a maioria delas com
aspiraes (perfeitamente legtimas e compreensveis) de
atingir o glorificado padro de vida norte-americano.
Ocorre, porm, que os Estados Unidos, que possuem apenas 1/25 da populao do mundo, so responsveis por um
tero de todo o consumo de energia e de toda a dilapidao
de recursos naturais. Logo, alcanar seu padro de vida
um objetivo claramente impossvel e persegui-lo s pode trazer (e est trazendo) uma imensa frustrao para a grande
maioria dos seres humanos. Se considerarmos que, em linhas gerais, a intensidade da crise ecolgica proporcional
tanto ao tamanho da populao quanto ao consumo de
recursos per capita, no h outro jeito: preciso reduzir um
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contribuiriam mais para melhorar o mundo, tanto ecolgica como socialmente, quanto valorizar as pessoas pelo que
elas so, e no pelo que elas tm. Num mundo to vergonhosamente desigual, muito ganho social poderia ser alcanado pela reduo das desigualdades, o que seria possvel
com essa mudana cultural. Diminuir as desigualdades e
melhorar a qualidade de vida das pessoas so objetivos no
s muito mais nobres como muito mais sustentveis que o
aumento do PIB. E a cincia, assim como as lies da Histria, dos maias civilizao desaparecida de Chaco Canyon,
nos diz que um mundo ecologicamente melhor ser tambm, mais cedo ou mais tarde, um mundo econmica e
socialmente melhor.
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Karl Marx (1818-1883), filsofo, cientista social, economista poltico, historiador e revolucionrio alemo, em Introduo Crtica da Filosofia do Direito de Hegel.
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PERFIL DO PALESTRANTE
Fernando Antonio dos Santos Fernandez bilogo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e Ph.D. em ecologia pela University of
Durham, da Inglaterra. Atualmente professor do
Departamento de Ecologia e do Programa de PsGraduao em Ecologia da UFRJ. Nessa universidade, criou a cadeira de Biologia da Conservao, em
1997. Pesquisador I do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico (CNPq)
na rea de Ecologia, conselheiro da Fundao O
Boticrio de Proteo Natureza e membro do conselho editorial da revista Natureza & Conservao. Suas
Agradecimentos
A Fernando Pachi pelo convite para preparar este artigo e a Benjamin Srgio Gonalves
pelos contatos posteriores e pela excelente reviso dos originais. A Alexandra Pires pela leitura crtica
do manuscrito. A Priscila Cardim, Melina Leite e Leandro Travassos pela ajuda com as referncias.
Fernando Fernandez
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BIBLIOGRAFIA
Barnosky, A.D. et alii. Assessing the Causes of Late Pleistocene Extinctions on the Continents, in Science, Vol. 306, 2004.
Boff, L. A tica e a Formao de Valores na Sociedade, in Instituto Ethos Reflexo n. 11, outubro de 2003.
Costa, F.A.P.L. A Insustentvel Leveza das Reservas Extrativistas, in Natureza & Conservao, Vol. 2, 2004.
Dean, W. A Ferro e Fogo a Histria e a Devastao da Mata Atlntica Brasileira. So Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Diamond, J. The Rise and Fall of the Third Chimpanzee. Londres: Vintage Press, 1991.
Diamond, J. Armas, Germes e Ao: os Destinos das Sociedades Humanas. Rio de Janeiro: Record, 2001.
Diamond, J. Collapse: How Societies Choose to Fail or to Succeed. Nova York: Viking/Penguin, 2005.
Fernandez, F.A.S. O Poema Imperfeito Crnicas de Biologia, Conservao da Natureza e Seus Heris (2. edio). Curitiba: Editora da Universidade Federal do
Paran/Fundao O Boticrio de Proteo Natureza, 2004.
Hardin, G. The Tragedy of the Commons, in Science, Vol. 162, 1968.
Hardin, G. Living within Limits Ecology, Economics, and Population Taboos. Oxford e Nova York: Oxford University Press, 1993.
Martin, P., & Klein, R. Quaternary Extinctions: a Prehistoric Revolution. Tucson: University of Arizona Press, 1984.
Olmos, F., et alii. Correo Poltica e Biodiversidade: a Crescente Ameaa das Populaes Tradicionais (e Outras Nem Tanto) Mata Atlntica, in
Ornitologia e Conservao: da Cincia s Estratgias. Tubaro: Unisul/CNPq, 2001.
Peres, C.A., et alii. Demographic Threats to the Sustainability of Brazil Nut Exploitation, in Science, Vol. 302, 2003.
Redford, K.H. The Empty Forest, in BioScience, Vol. 42, 1992.
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Steadman, D.W. & P.S. Martin. The Late Quaternary Extinction and Future Resurrection of Birds of Pacific Islands, in Earth-Science Reviews, Vol. 61, 2003.
Terborgh, J. Requiem for Nature. Washington: Island Press, 1999.
Woodward, H.N. Capitalismo sem Crescimento. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1977.
19
Realizao
Patrocnio institucional