O documento discute o "lado oculto da lua psicológica", referindo-se à parte inconsciente de nós mesmos que não conhecemos. Argumenta que projetamos nossos defeitos inconscientes nos outros e os julgamos por eles. Sugere que devamos iluminar nosso lado oculto com a consciência para nos relacionarmos melhor conosco mesmos e com os outros.
O documento discute o "lado oculto da lua psicológica", referindo-se à parte inconsciente de nós mesmos que não conhecemos. Argumenta que projetamos nossos defeitos inconscientes nos outros e os julgamos por eles. Sugere que devamos iluminar nosso lado oculto com a consciência para nos relacionarmos melhor conosco mesmos e com os outros.
O documento discute o "lado oculto da lua psicológica", referindo-se à parte inconsciente de nós mesmos que não conhecemos. Argumenta que projetamos nossos defeitos inconscientes nos outros e os julgamos por eles. Sugere que devamos iluminar nosso lado oculto com a consciência para nos relacionarmos melhor conosco mesmos e com os outros.
O documento discute o "lado oculto da lua psicológica", referindo-se à parte inconsciente de nós mesmos que não conhecemos. Argumenta que projetamos nossos defeitos inconscientes nos outros e os julgamos por eles. Sugere que devamos iluminar nosso lado oculto com a consciência para nos relacionarmos melhor conosco mesmos e com os outros.
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LIO n 33
TEMA: O Lado Oculto da Lua
Psicolgica
INTRODUO
Inquestionavelmente existe um lado obscuro de ns
mesmos que no conhecemos ou no aceitamos; devemos levar a luz da Conscincia a esse lado tenebroso de ns mesmos. Todo o objectivo dos nossos estudos Gnsticos fazer com que o conhecimento de si mesmo se torne mais consciente. Quando se tm muitas coisas dentro de si que no se conhecem nem se aceitam, ento tais coisas complicam-nos a vida espantosamente e provocam, na verdade, toda a classe de situaes que poderiam ser evitadas mediante o conhecimento de si. O pior de tudo isto que projectamos esse lado desconhecido e inconsciente de ns mesmos noutras pessoas e ento vemo-lo nelas. Por exemplo, vemos as pessoas como sendo embusteiras, infiis, mesquinhas, etc., consoante o que carregamos no nosso interior.
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A Gnose diz sobre isto em particular que vivemos numa pequena parte de ns mesmos. Isto significa que a nossa Conscincia se estende apenas a uma parte muito reduzida. O que tanto se critica nos outros algo que descansa no lado obscuro de ns mesmos e que no se conhece nem se quer reconhecer. Quando estamos em tal condio, o nosso lado obscuro muito grande, porm quando a luz da observao de si ilumina esse lado obscuro, a Conscincia acrescentada mediante o conhecimento de si. Esta a Senda do Fio da Navalha, mais amarga que o fel; muitos a iniciam, porm muito raros so os que chegam meta. Assim como a Lua tem um lado oculto que no se v, um lado desconhecido, assim tambm sucede com a Lua Psicolgica que carregamos no nosso interior. Obviamente tal Lua Psicolgica est formada pelo Ego, o Eu, o mim mesmo, o si mesmo. Nessa Lua Psicolgica, carregamos elementos inumanos que espantam, que horrorizam e que de modo algum aceitaramos ter.
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O LADO OCULTO DA LUA PSICOLGICA
H em ns uma parte oculta do nosso prprio Ego, que
nunca se v simples vista. Assim como a lua tem dois aspectos, um lado que se v e o lado oculto, assim tambm h em ns um lado oculto que no vemos. Assim como h uma lua fsica que nos ilumina, existe tambm a lua psicolgica; essa lua, carregamo-la dentro de ns; o Ego, o Eu, o mim mesmo, o si mesmo. O lado visvel, toda a gente com um pouco de observao o v, porm h um lado invisvel na nossa lua psicolgica que simples vista no se v. A Essncia, desafortunadamente no iluminou a parte oculta da nossa prpria lua interior. Realmente ns vivemos numa pequena zona da nossa Conscincia, forjmos para ns um retrato de ns mesmos, porm um retrato no a totalidade. Quando conseguimos que
Ars Magna Lucis. A. Kircher
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a Conscincia penetre como um raio de luz nesse lado invisvel, nesse lado oculto de ns mesmos, o retrato que ns tenhamos forjado, desintegra-se, fica reduzido a poeira csmica. lamentvel que vivamos apenas numa pequena fraco de ns mesmos, o que de ns ignoramos muitssimo. O lado oculto que desconhecemos costuma ser muito profundo, porm necessitamos conhec-lo e s podemos conhec-lo projectando a luz da Conscincia sobre esse lado oculto, e importante esse lado oculto porque precisamente onde esto todas as causas dos nossos erros, as inumerveis reaces mecnicas, a nossa mesquinhez, etc. Enquanto ns no iluminarmos esse lado oculto com os raios da Conscincia, obviamente estaremos muito mal relacionados, no s com ns mesmos, mas tambm com os demais. Quando algum ilumina esse lado oculto da sua lua psicolgica com os raios da Conscincia, conhece os seus erros, ento sabe ver os demais; porm quando no o ilumina com a sua Conscincia, comete o erro de projectar esse lado oculto de si mesmo sobre as pessoas que o rodeiam e isso gravssimo. Projectamos sobre os demais os nossos defeitos psicolgicos e se somos mesquinhos, a todos veremos mesquinhos; e se estamos cheios de dio, a todos vemos dessa forma; se somos invejosos, cremos que os outros so tambm invejosos; e se somos violentos, no sabemos compreender a violncia alheia, cremos que s ns temos a razo e que os demais no a tm; quando sentimos antipatia por algum claro que ali est precisamente o defeito que interiormente levamos e que estamos a projectar sobre esse algum. Porque nos causa antipatia
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tal ou qual pessoa? Porque lhe vemos este ou aquele defeito que nos incomoda tanto? Ainda que parea incrvel, ainda que no o admitamos, ainda que o rechacemos, a verdade que esse defeito, temo-lo dentro e estamos a project-lo sobre o prximo. Quando o compreendemos, ento propomo-nos dissolver esse elemento que descobrimos; se vemos que o prximo tem tal ou qual defeito, seguro que no lado oculto que no se v, nesse lado de si mesmo, est o defeito em questo. Assim pois, lamentvel que estejamos to mal relacionados com as pessoas; desgraadamente, dado que estamos mal relacionados connosco mesmos, temos que est-lo com os demais; se soubermos relacionar-nos connosco mesmos, saberemos tambm relacionar-nos com os demais, isso bvio; medida que avanamos nisto, podemos dar-nos conta de quo equivocados andamos pelo caminho da vida; protestamos porque outros no so cuidadosos e ns sim, somos; cremos que os demais andam mal porque no so cuidadosos, e se somos Cenas e personagens ilustrando o Caos interior cuidadosos, molestamo-nos
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com algum que no o . Se cada um observar o detalhe dar-se- conta de que esse que no cuidadoso, esse defeito que v no outro, o tem de sobra, no lado desconhecido de si mesmo; aquele que se cr muito cuidadoso, pode suceder que no seja to cuidadoso como cr e sim, h desordem dentro de si mesmo que ignora e no aceita, no cr nem entende. Vale a pena conhecer esse lado desconhecido de si mesmo; quando algum de verdade projecta a luz da Conscincia sobre esse lado desconhecido de si mesmo, muda totalmente. Se descobrimos que somos violentos, por exemplo, ento aprendemos a tolerar a violncia dos demais: dizemos a ns mesmos: "Eu sou violento, ento porque critico aquele que violento, se eu o sou? Quando compreendemos que realmente somos injustos connosco mesmos, carregamos com a injustia e aprendemos a tolerar a injustia dos demais. bom aprender a receber com agrado as manifestaes desagradveis dos nossos semelhantes, porm no poderamos chegar a receber com agrado estas, se no aceitssemos as nossas prprias manifestaes desagradveis, se no as conhecssemos. Para conhec-las devemos lanar um raio de luz sobre esse lado obscuro de si mesmo, obviamente, nesse lado que no vemos esto estas manifestaes desagradveis que interiormente carregamos e que projectamos sobre os demais. Assim, quando algum conhece as suas prprias manifestaes desagradveis, aprende a tolerar as manifestaes desagradveis do prximo.
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Para poder cristalizar o Cristo Csmico no nosso interior, necessitamos inevitavelmente de aprender a receber com agrado as manifestaes desagradveis dos demais, e assim, pouco a pouco, ir cristalizando em si mesmo o Senhor de Perfeio, que s cristaliza em ns atravs do Santo Negar. H trs foras em ns muito importantes, a primeira o Santo Afirmar, a segunda o Santo Negar, e a terceira o Santo Conciliar. Para cristalizar, por exemplo, o Santo Conciliar, a terceira fora, o Esprito Santo, a fora neutra, necessrio transmutar a Energia Criadora e aquela fora maravilhosa vem a cristalizar nos Corpos Existenciais Superiores do Ser. Para que cristalize em si mesmo a segunda fora, a do Senhor de Perfeio, a de nosso Senhor o Cristo, necessita-se inevitavelmente aprender a receber com agrado as manifestaes desagradveis dos nossos semelhantes. E para cristalizar em si mesmo a primeira fora, a do Santo Afirmar, necessrio saber obedecer ao Pai, assim nos Cus como na Terra. O Sagrado Sol Absoluto do qual dimana toda a vida quer cristalizar em cada um de ns essas trs foras primrias da Natureza e do Cosmos: Santo Afirmar, Santo Negar e Santo Conciliar. Se nos centrarmos apenas na questo do Santo Negar, a
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fora do Cristo, diramos que necessitamos negar-nos a ns mesmos, aprender a receber com agrado as manifestaes desagradveis dos nossos semelhantes; porm como, se antes no conhecemos as nossas prprias manifestaes desagradveis? Por exemplo, se temos ira e sabemos que a temos, se nos tornamos conscientes de que somos violentos, provocadores, iracundos, furiosos; se estamos conscientes de tudo isto, comeamos a perdoar esses mesmos erros nos demais e como consequncia relacionamonos melhor com o prximo. Os que temos inveja e reconhecemos que a temos, que a carregamos no lado oculto da nossa lua psicolgica, aprendemos a perdoar as manifestaes desagradveis da inveja, tal como existem noutras pessoas. Se estamos cheios de orgulho, se sabemos que o temos, sabemos que somos orgulhosos, que estamos presunosos e reconhecemos que o somos, ento aprendemos a ver os orgulhosos com mais compreenso. J no nos atreveremos a criticar, saberemos que dentro carregamos esses mesmos defeitos. Perfeio Sol Macrocsmico
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Se uma pessoa se sente honrada, se sente incapaz de mentir, e de repente sucede que o ofendem dizendo-lhe que mentiroso; se aceitou que no lado oculto da sua lua psicolgica, nesse lado que no se v, no lado oculto de si mesmo, existe todavia a mentira em forma inconsciente, no se sentir ofendido quando se lhe diga que mentiroso, saber ser tolerante com o prximo. Muitos podero crer-se muito liberais na sua forma de ser, muito justos, mas se de sbito h algum que lhes diz que no o so, que no so to liberais nem to justos, poderiam ofender-se porque eles se sentem assim. Porm se estas pessoas aprenderem a projectar previamente a Conscincia sobre o lado oculto de si mesmos, sobre esse lado oculto que jamais se v, ento reconhecero por si mesmos directamente, que no so to justos nem to liberais como pensavam; no fundo de todos eles h injustia e intolerncia, etc.. Quando algum tente feri-los nesse sentido no se aborrecero, pois sabem que lhes esto a dizer a verdade. Ento vemos que muito importante observar esse lado oculto de si mesmo, esse lado que no se v, o lado onde est a crtica, a censura. Sejamos sinceros, observemos o nosso lado interno, iluminemos essa parte oculta da nossa prpria psique, a parte que no se v, e ento veremos que os defeitos que noutros criticamos, temo-los ns bem dentro; ento se assim acontece, deixaremos de criticar. A censura, a crtica, devem-se precisamente falta de compreenso. Que censuramos de outros? Que criticamos de outros? Os nossos prprios defeitos, isso o que criticamos.
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Triste saber que ns projectamos os nossos defeitos psicolgicos sobre os demais, triste saber que vemos o prximo tal e como somos ns, algo que h que entender. Todos temos essa tendncia, cremo-nos perfeitos, nunca se nos ocorreu observar essa parte da lua, da nossa Lua Psicolgica, essa parte que jamais se v. Chegou a hora de nos auto-explorarmos seriamente para nos conhecermos de verdade, iluminando de verdade essa parte oculta de si mesmo, o lado visvel que cada um leva em seu interior descobre com horror factores psicolgicos que de modo algum aceitaria ter, factores que rechaaria de imediato, factores que cr no ter. Se a um homem honrado, por exemplo, o classificam de ladro, uma ofensa. Porque se ofender um homem honrado se o apelidam de ladro? O ofendido poderia apelar violncia para se justificar. O prprio facto de que um homem honrado se ofender quando classificado de ladro, demonstra que no honrado. Se de verdade fosse honrado no se ofenderia. Se esse homem iluminasse com a prpria luz da sua Conscincia essa Lumen de Lumine parte de si mesmo que no se v, (Ireneo Philaletheo) essa parte oculta da sua lua psicolgica, com horror descobriria o que no quis aceitar,
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descobriria eus do roubo, e diria para si mesmo: que horror! Impossvel. Porm assim , em ns esto e nem remotamente suspeitamos que rechaamos, de nenhuma maneira o aceitamos, horroriza-nos, e no entanto no fundo temo-los. O Mestre Samael conta-nos a sua experincia a este respeito: Eu vi, quando estava no trabalho de dissoluo do Eu, no Mundo das Causas, fui surpreendido, nunca pensei que tivesse dentro do meu interior eus do roubo e encontrei toda uma legio de eus ladres; impossvel, eu nunca roubei sequer cinco centavos a algum; como pode ser possvel? Porm ainda que rechaara, a estavam, gostasse ou no me gostasse, a estavam No terreno da vida prtica algum poderia deixar um tesouro de ouro puro, e eu no retiraria nem uma s moeda, ainda que dito est que na arca aberta, at o mais puro peca, porm por esse lado estou seguro de no falhar, nem deixando-me ouro em p eu retiraria um miligrama... "No entanto, com quanta dor descobri que, l no fundo, existiam eus do roubo; quando observava com o sentido da auto-observao psicolgica, via-os fugindo, como o ladro que rouba e foge espavorido. Via horrveis caras do roubo, fiquei horrorizado de mim mesmo, porm no tenho nenhum inconveniente em confess-lo, porque se no o confessasse seria sinal de que todavia estariam vivos esses eus l dentro. O hipcrita tem a tendncia a ocultar os seus prprios defeitos, assim pois no tenho qualquer inconveniente em confess-lo.
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"Tinha essa classe de eus, ainda que levando uma vida honrada, tinha-os, ainda que pagando as dvidas alheias... Que tive que fazer? Desintegr-los, reduzi-los a poeira csmica e isso causou-me horror... Dentro de si mesmo, no nosso interior, nesse lado oculto que no se v, cada um de ns, leva monstruosidades inenarrveis, horripilantes, que nem remotamente suspeita." Vivemos numa pequena parte de ns mesmos, no vemos a totalidade do quadro, s vemos um canto e cada qual forjou sobre si mesmo um retrato: o retrato do homem digno, o retrato do cavalheiro caritativo, etc. De acordo com esse retrato condicionamos a nossa existncia e de ali agimos e reagimos incessantemente, ali est todas a nossa mesquinhez, as nossas censuras, crticas, porm cremo-nos perfeitos nesse lado oculto de ns mesmos; bem vale a pena reflectir um pouco nestas coisas, e ter a coragem de v-lo. Todo o mundo o suspeita, porm ningum se atreve a ver de verdade, cara a cara, esse lado oculto onde esto precisamente os factores que produzem discrdia no mundo, esto a censura, crtica, violncia, inveja, etc... A inveja por exemplo, convertida na mecnica desta civilizao, quo inevitvel isso; se algum tem um carro, e de sbito v que algum passou com um automvel melhor, diz: "Bem, eu tenho vontade de melhorar um pouco, vou ver se consigo um carro melhor"; depois ocorre-lhe pensar porque deseja um carro melhor e muitas vezes costuma suceder que o carro que est a usar lhe serve. Porque deseja outro melhor? Simplesmente por inveja, essa inveja que est l, no lado oculto da nossa prpria lua
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psicolgica, que no se v. Obviamente a inveja converteu-se na mola secreta da aco e isso realmente lamentvel; medida que formos progredindo na auto-explorao psicolgica, iremos tornando-nos cada vez mais conscientes de ns mesmos e isso o melhor. Chegou a hora de entender que os erros que vemos, carregamo-los dentro; chegou a hora de entender que enquanto no conhecermos esse lado oculto de ns mesmos, estaremos mal relacionados com o prximo; necessrio aprender a relacionarnos melhor connosco mesmos para podermos relacionar-nos melhor com os demais. Como poderamos relacionar-nos bem com o prximo, quando nem sequer nos relacionamos bem connosco mesmos? No s devemos pensar na lua fsica, mas tambm na lua psicolgica que interiormente carregamos. Os nossos Eus so uma monstruosidade terrvel, esto no lado oculto que no vemos; da, essas vises que Dante vira na sua Divina Comdia: garras e barbatanas horrveis, dentes, cascos, monstruosidades e monstros que existem no lado oculto de ns mesmos, nesse lado que no vemos. No trabalho sobre si mesmo h passos muito difceis; sucede que quando trabalhamos sobre ns mesmos mudamos, obviamente ao mudar somos mal interpretados pelos nossos semelhantes; sucede que os nossos semelhantes no querem mudar, eles vivem engarrafados no tempo, so o resultado de muitos ontens, e se ns mudamos, eles gritam e protestam e
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julgam-nos equivocadamente; tudo isto deve sab-lo o estudante gnstico. No mundo tm-se escrito muitos cdigos de moral porm, o que a moral? Serviria acaso para a dissoluo do eu? Poder iluminar-nos esse lado oculto de ns mesmos, esse lado que no se v? Poder conduzir-nos Santificao? Nada disso, a moral filha dos costumes, do lugar e da poca. O que num lugar moral, noutro lugar imoral, o que numa poca foi moral, noutra poca deixou de s-lo. Assim pois, em que fica a moral? Na China antiga, matar o pai era justo quando j este estava demasiado velho e incapaz para bastar-se a si mesmo. Que diramos ns aqui se um homem matasse o seu pai? Parricida. Assim pois a moral escrava do lugar, dos costumes e da poca. Ento, de que servem os cdigos de moral que no mundo se tm escrito? De que servem to brilhantes cdigos? Poderiam eles dissolver o Eu ou iluminar a cara oculta da Lua Psicolgica? Nada, no servem; no caminho da dissoluo do Eu, simples vista pareceramos imorais. Que classe de moral necessitamos seguir? Qual, se no servem os cdigos? Ento o qu? H um tipo de tica que no conhecemos, a conduta recta da Natureza, essa tica que os Tibetanos um dia condensaram nos Paramitas. Lstima que os Paramitas no pudessem ser traduzidos na linguagem Ocidental; encontraramos ali uma tica real, que talvez no entendssemos.
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Se mudarmos pode suceder que as pessoas se virem contra ns; que nos rotulem de imorais, nos censurem, e que as pessoas querem que o Iniciado permanea engarrafado no passado, no querem de nenhuma maneira que o Iniciado se abra ao novo, que mude. Quando o Iniciado muda mal interpretado, julgado equivocadamente. Assim, o Ego tempo e o Ego alheio no pode tolerar que algum saia do tempo, no o perdoa de nenhuma maneira. Queremos que at o prprio mestre caminhe de acordo com certas normas pr-estabelecidas no tempo; e no veramos com agrado que se sasse dessas normas. Diramos: "vejam o que est a fazer e um Mestre; impossvel, isso no um Mestre." Cada um de ns segue um determinado cdigo de moral, alguns seguiro os Dez Mandamentos, que j esto estipulados e de a no saem nem a tiro. Outros seguimos normas prestabelecidas pelos nossos familiares no tempo; alguns seguem determinadas regras de conduta que aprenderam em distintas escolas pseudo-esoteristas ou pseudo-ocultistas, que ouviram de seus preceptores religiosos e quando algum sai, quando algum no se comporta de acordo com essas normas que temos estabelecidas na nossa mente, esse algum, um indigno, um malvado; vejamos quo difcil chegar Auto- realizao intima do Ser. medida que cada um se v auto-observando psicologicamente, vai eliminando essa cara oculta, vai conhecendo que no seu interior h factores que ignorava, elementos que nem remotamente suspeitava.
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Quando dissolvemos tais factores originam-se mudanas psicolgicas, obviamente isso reflecte-se sobre os nossos semelhantes; essas mudanas so mal interpretadas pelo prximo, de nenhuma maneira o prximo pode aceitar que algum no se comporte de acordo com as normas estabelecidas, de acordo com os cdigos j escritos, de acordo com os princpios sustentados. Resulta que no trabalho muitas vezes temos que tornar-nos "imorais" e isto h que saber entend-lo, p-lo entre aspas e sublinh-lo, no entend-lo no sentido negativo, mas sim no sentido edificante ou dignificante, positivo, construtivo; no sentido de que h necessidade de evitar os cdigos caducos de certas moralidades sem bases slidas. Por exemplo, temos uma norma: h que ser pontuais! E se algum vem no final da aula, chamamo-lo ateno, armamos um escndalo, dizemos-lhe que isso no est correcto, que h que chegar sempre cedo, hora que comeamos, s 9 da noite, etc. Chegamos concluso de que a via costuma ser difcil, o caminho rigoroso, estreito, por um e outro lado h horrendos precipcios, subidas maravilhosas, descidas horrveis. Caminhos, pode haver muitos, porm nenhum conduz ao domnio de determinada zona do Universo, ou seja, nos convertem de facto,
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num Cosmocrator; outros caminhos levam-nos a determinados parasos, camos, trazem-nos de regresso aos sofrimentos da Terra, outros ao Abismo e morte segunda, etc. H Sendas que se escapam do caminho central com aparncias maravilhosas de santidade porm que conduzem ao Abismo e "Morte Segunda". difcil no se perder, o normal que nos percamos muitas vezes por nos aferrarmos a determinado cdigo moral estabelecido; perdemo-nos, ou camos no Abismo de perdio. Ento, o que fazer? Auto-observar-se psicologicamente de forma incessante e antes de censurar outros, censurarmo-nos a ns mesmos; e em vez de sermos violentos com outros, auto-explorarmo-nos para conhecermos a nossa prpria violncia que carregamos, ainda que a rechacemos e ainda que pensemos que no a temos. Se as pessoas vivessem de uma forma mais consciente, tudo seria diferente; por desgraa, formamos acerca de ns muitos retratos, porque apenas vivemos numa pequena parte de ns mesmos; quando projectamos a nossa Conscincia sobre essa parte que no se v, os retratos deixam de ser alimentados e tornam-se poeira csmica, pois estamos a mudar. Que pequenos e disformes retratos temos forjado de ns mesmos! Que mesquinhos e que longe esto esses retratos do que realmente somos, desgraadamente! Quo mesquinhos somos, e no entanto nem remotamente suspeitamos que somos mesquinhos, que no lado oculto de ns mesmos carregamos a mesquinhez.
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s vezes reclamamos um mundo ideal para trabalharmos; se fssemos s montanhas, aos vales mais profundos, creramos que assim viveramos melhor e mais. De que serve encerrarmo-nos numa caverna, quando dentro de ns mesmos carregamos todos esses factores que so inveja, luxria, dio, etc.? No somos perfeitos, perfeito somente o Pai, o nosso Deus ntimo; isso bvio. Todos parecemos santos, porm no fundo estamos cheios de invejas, disputas, dios, crticas doentias, etc... Apesar disso cada qual v o erro dos outros, porm no o v em si mesmo. A ningum ocorre que o erro que est a ver no outro, o carrega dentro de si mesmo; so poucos os que sabem reflectir nestas coisas, so poucos os que sabem entender. Num pequeno grupo de pessoas est representada toda a humanidade e a podemos encontrar um ginsio precioso, necessrio para a auto-descoberta, h que aproveit-lo. Se um grupo estivesse formado por pessoas perfeitas, no haveria necessidade de que tal grupo existisse; para qu, se todos tivssemos chegado perfeio? Para qu formar o grupo? Os erros de um pequeno grupo social, somados entre si, so os erros de toda a humanidade, nele est exemplificada, ali h uma mostra do que a humanidade. Devemos aproveitar pois, as nossas circunstncias sociais, em vez de censurarmos os nossos semelhantes, censuremo-nos a ns mesmos; o erro que vejamos no outro, deve servir-nos de exemplo para a Conscincia, permitir-
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nos- saber que carregamos esse erro na parte oculta, que no se v. Encontrar no nosso caminho uma escola esotrica, uma verdadeira escola de regenerao, uma oportunidade inestimvel para o nosso progresso e seria um grave erro desaproveit-la, buscando uma humanidade ideal. Onde a vamos encontrar? Em que parte do Cosmos? H uma humanidade divina, sim, porm no a humanidade corrente, mas sim o Crculo Consciente da Humanidade Solar, ela a nica humanidade ideal. Como vamos chamar ideal ao filho do vizinho? Como vamos chamar ideal a Pedro, Paulo, Diego e Jos? No entanto todos precisamos de todos, os erros do vizinho so precisamente muito teis para ns, podemos utiliz-los como elucidao; se descobrimos que fulano de tal est cheio de inveja, podemos ser um pouco reflexivos e darnos conta de que estamos a censurar a vida de fulano de tal. O facto de algum censurar a inveja de fulano de tal, indica que ele tambm a tem, nas profundezas da sua Conscincia, nessa parte que no se v. H pois que saber muito bem quem o que censura, quem o censurador, que no outro que o Eu da crtica. As piores dificuldades, oferecem-nos as melhores oportunidades. Como j se comentou em temas anteriores, no passado existiram sbios, rodeados de toda a classe de comodidades, sem dificuldades de qualquer espcie que, querendo aniquilar o Eu, tiveram de criar para si mesmos situaes difceis.
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nas situaes difceis onde temos oportunidades formidveis para estudar os nossos impulsos externos e internos, os nossos pensamentos, sentimentos e aces; as nossas reaces, volies, etc. A convivncia um espelho de corpo inteiro, onde podemos ver-nos tal qual somos e no como aparentemente somos. Se estamos bem atentos, poderemos descobrir a cada instante os nossos defeitos mais escondidos. Eles afloram, saltam para fora quando menos o esperamos. A maioria das pessoas protesta com as dificuldades que lhes oferece a convivncia; no querem dar-se conta que so precisamente essas dificuldades que lhes brindam as oportunidades necessrias para a dissoluo do Eu. O Eu um conjunto de energias psquicas que se reproduzem nos baixos fundos animais do homem. Ali comem, dormem, reproduzem-se e vivem a expensas dos nossos princpios vitais ou diferentes tipos de energia que existem no organismo humano (energia cintica, muscular, nervosa...). Os diferentes agregados psicolgicos que formam o Ego, projectam-se nos distintos nveis da mente e viajam ansiando a satisfao dos seus desejos. O Eu, o Ego, no se pode aperfeioar, jamais. O homem uma cidade de nove portas... Dentro dessa cidade vivem muitos cidados que nem sequer se conhecem entre si. Cada um destes cidados, cada um destes pequenos eus, tem os seus projectos e a sua prpria mente; esses so os mercadores que Jesus teve de expulsar do Templo com o ltego da vontade.
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Agora compreenderemos o porqu de tantas contradies internas no indivduo. Os eus so a causa de todas as contradies internas. urgente morrer de instante em instante. Com a morte do Eu nasce a Alma. Necessitamos a morte do Eu Pluralizado de forma total, no s da sua parte visvel seno tambm da parte oculta, iluminando-a com os raios da Conscincia. Assim, quando a totalidade do Eu tiver morrido poder expressar-se em plenitude o Ser.