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Economia

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Responsvel pelo Contedo:

Prof. Ms. Silvia Cristina Galana


Reviso Textual:
Profa. Ms. Simone Aparecida Polli

Conceitos da Economia
Modos de produo
O Capitalismo
O Estado

Nesta disciplina trataremos dos aspectos mais relevantes do


ambiente em que a empresa est situada (o que chamaremos de
Macroeconomia) e das principais teorias econmicas que nos
permitem entender a competio neste ambiente (o que chamaremos
de Microeconomia).

Ateno
Para um bom aproveitamento do curso, leia o material terico atentamente antes de realizar
as atividades. importante tambm respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.

Bem-vindo disciplina de Ambiente de Negcios!


Essa ser uma disciplina extremamente interessante que dever mostrar de uma forma
mais estruturada e cientfica diversos aspectos do nosso cotidiano empresarial.
Para o melhor acompanhamento desta disciplina, o aluno dever ter a mente aberta
para uma nova forma de ver os fenmenos que certamente j conhece dos noticirios, jornais
e revistas, como inflao, crescimento econmico, as leis da concorrncia, entre outros.
Dever estar familiarizado tambm com algumas ferramentas matemticas bsicas, como o
uso de equaes lineares e a construo de grficos.
Aliaremos teoria prtica com o uso de exemplos reais em cada unidade da disciplina.

Como entender o Ambiente de Negcios?


Esta uma questo sempre presente para profissionais da rea de
Negcios e de Marketing. Ento, vamos conhecer alguns conceitos
importantes!

Mesmo se estiverem realizando uma disciplina de Economia pela primeira vez, os


alunos em geral j trazem uma bagagem de conhecimentos sobre o tema em razo da sua
importncia. Diariamente, vrios aspectos sobre a economia so abordados nos noticirios,
nas TVs, no trabalho e at em casa.
Contudo, preciso que tomemos um cuidado em diferenciar os aspectos que so
tratados nestes veculos de informao e os aspectos tericos mais formais da Economia. De
um lado, importante ter o conhecimento dirio e mais genrico sobre as atualidades e
notcias recentes. Mas, de outro lado, tambm fundamental, sobretudo para os profissionais
que atuaro no mundo dos negcios, entenderem os aspectos mais formais e tericos da
Economia. Ou seja, o empreendedor deve conhecer as Leis que regem o funcionamento da
Economia.
Vamos, ento, definir de que trata esta cincia.
A definio dada por Vasconcellos & Garcia a seguinte:
Economia a cincia social que estuda como o indivduo e a
sociedade decidem empregar recursos produtivos escassos na
produo de bens e servios, de modo a distribu-los entre as
vrias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas. (Vasconcellos; Garcia, 2005, p. 2)
H, nessa definio, diversos conceitos que iremos
abordar ao longo da disciplina, como a questo da produo,
distribuio, emprego de recursos, etc.

O primeiro aspecto a ressaltar que Economia uma Cincia Social. Em razo do uso
intensivo da matemtica e da estatstica, algumas pessoas so inclinadas a imaginar que
Economia uma Cincia Exata; mas no , embora a Matemtica e Estatstica sejam
ferramentas usadas largamente pelos economistas. A Economia trata da maneira com que os
homens se organizam e organizam seus recursos para produzirem e distriburem os bens que
desejam. Trata, portanto, do homem e seu meio, sendo ento uma cincia humana e, como
alguns autores diriam, a mais humana de todas as cincias1.
Sobre este amplo conceito de economia, sustentam-se estudos mais especficos, o que
denominamos de ramos da economia. Estudaremos nesta disciplina os princpios elementares
de dois destes ramos: a microeconomia e a macroeconomia. Na microeconomia, veremos
como funcionam os mercados isoladamente, o comportamento de produtores e
consumidores, e como eles decidem trocar produtos no mercado, decidindo as quantidades e
a que preo negociaro suas mercadorias. Na macroeconomia, abordaremos os temas mais
amplos das economias que afetam a todos os agentes que de alguma forma atuam neste
meio. Os principais temas tratados na macroeconomia so o PIB dos pases, inflao, os juros,
o cmbio (relao de troca entre moedas de diferentes pases), o emprego, as contas do setor
pblico, as contas externas, entre outros.

Principais Questes e Problemas Abordados


Com ajuda da microeconomia, abordaremos as questes de quais bens produzir,
quantas quantidades produzir ou adquirir, e a que preo. Tambm averiguaremos de que
forma podemos atingir o mximo de lucro em nossos negcios, a partir de entendimentos do
funcionamento de nossa empresa, dos concorrentes e dos compradores deste mercado.
Atravs da macroeconomia, por sua vez, tentaremos entender de forma mais
abrangente como se d o ambiente econmico em que nossa empresa opera. Tentaremos
entender por que h inflao e quais seus malefcios aos negcios, o que determina o
crescimento de um pas ou regio, de que forma mudanas nas taxas de cmbio podem afetar
este ambiente e de que maneira os juros interferem tambm em nossos negcios. Buscaremos,
ainda, entender o funcionamento das contas pblicas e sua influncia nas economias e,
finalmente, o relacionamento da economia de um pas com os outros pases (o resto do
mundo).
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H diversos casos de cientistas socias de outras reas que, ao tentarem entender determinado fenmeno, passaram
a estudar economia para tentar entend-los melhor, e acabaram por redirecionar suas carreiras para a Economia.
Muitos socilogos, cientistas polticos, historiadores, entre outros, passaram a se dedicar economia na busca das
respostas a questes sociais. Tambm h na economia contribuies importantes de cientistas de reas to diversas,
como fsica, matemtica e biologia.

Relevncia e atualidade
Em um curso de Marketing, poderamos dizer que poucas coisas so mais importantes
do que entender os mercados em que as empresas operam. Uma das propostas desta
disciplina justamente a de iluminar este tema; no necessariamente do ponto de vista mais
prtico e especfico dos mercados em que se atua, mas dos mecanismos gerais que
determinam o funcionamento dos mercados, ou seja, suas leis. Apesar de um pouco mais
abstrata, esta abordagem tem a vantagem de ser aplicvel a mais casos, de forma genrica,
para todos os mercados.
J com relao macroeconomia, a relevncia contribuir para o ambiente
econmico a que todas as empresas de um pas esto submetidas. Entender este ambiente
econmico compreender os fatores que influenciam os negcios e permitem um
posicionamento mais consciente no mercado de atuao da empresa.

O objetivo deste tpico apresentar algumas das


formas mais importantes de produzir riqueza estabelecida ao
longo da histria da sociedade. Nossa inteno a de
demonstrar que o modo de produo atualmente
dominante, o capitalismo, uma forma relativamente
recente de organizao econmica, que tem suas
particularidades, vantagens e desvantagens. Com isso,
buscaremos salientar as principais caractersticas que
distinguem o capitalismo das demais formas de produo e,
ao mesmo tempo, exporemos que diversas destas
caractersticas, dadas como naturais e at obvias, so na verdade inovaes sociais
extremamente complexas, recentes e particulares deste modo de produo, resultado de
milhares de anos de evoluo social.
Outro objetivo deste tpico mostrar que este mesmo modo de produo ainda est
em constante transformao, mesmo nos dias atuais, que certamente fazem com que o
capitalismo mude e evolua a cada dia2.

Ao usarmos o termo evoluo no nos referimos a uma mudana necessariamente para melhor, mas sim a uma
forma mais adaptada de organizao social ao seu meio.
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O termo 'modo de produo' foi cunhado pelo economista alemo Karl Marx para
denominar os sistemas econmicos dominantes em determinadas civilizaes em dados
perodos, cujas caractersticas econmicas marcantes eram dadas pelas suas foras produtivas
e as relaes de produo entre os grupos de indivduos daquelas sociedades.
Trata-se de um conceito simplificador, mas que nos ajuda a entender, de uma forma
genrica, como uma sociedade produzia os bens de que precisava e queria usufruir. Neste
sentido, ao estudar a histria da humanidade, Marx identificou, de forma idealizada, seis
modelos de funcionamento das economias das civilizaes.

Karl Marx, economista prussiano (atualmente,


Alemanha), disseminou o conceito de modos de
produo, formas caractersticas utilizadas pelas
civilizaes para produzirem seus bens ao longo da
histria. Aprofundou-se no estudo das caractersticas do
capitalismo, tendo como principal obra O Capital.
Grande pensador do sculo XIX, Marx foi ainda
socilogo, filsofo, historiador e cientista poltico.
considerado um dos autores mais influentes da histria.
Fonte:
http://www.alpharrabio.com.br/Karl_Marx.jpg

A seguir vamos ressaltar as principais caractersticas de cada um destes modos de


produo.

Modo Primitivo ou Comunismo Primitivo


Trata-se das organizaes tribais e coletivistas mais primitivas das primeiras sociedades
humanas. Este modo de produo, comumente associado s sociedades humanas tribais
(algumas ainda existentes em locais remotos) foi a forma de produo dominante nos
perodos paleoltico e neoltico. As atividades econmicas mais importantes so a caa, a
pesca, a coleta de tubrculos, frutos e demais alimentos vegetais e, em perodos posteriores ou
sociedades mais avanadas, sistemas de agricultura rudimentar.
Do ponto de vista social, trata-se de uma sociedade sem classes bem definidas. Em
razo do pequeno ou nulo supervit (produo acima das necessidades bsicas para a
sobrevivncia) no h formao de uma elite significativa. A produo distribuda de forma
relativamente igual para todos os membros da sociedade, que atuam de forma coletiva.

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Neste perodo ocorreu aquela que considerada uma das mais importantes revolues
da nossa histria e da economia: a inveno da agricultura. A agricultura permitiu a fixao
das sociedades em determinadas regies, contrariando a tendncia nmade anterior (exigida
porque a atividade de coleta e caa extensiva e pode rapidamente exaurir um determinado
ambiente, exigindo o deslocamento constante). A agricultura desenvolveu-se principalmente
s margens de rios e outras fontes de gua doce. O benefcio mais importante desta
localizao, alm da fonte de gua para consumo, era a fertilidade dos terrenos ao redor.

Modo de produo Asitico


Assim denominado por Marx para representar, de forma comum, as sociedades da
Fencia, Mesopotmia e Prsia antiga (entre outras da regio do Oriente Mdio), e as
civilizaes antigas hoje denominadas China, ndia e Egito.
Trata-se de uma simplificao feita por Marx para abranger sociedades que tinham
algumas caractersticas importantes em comum. Do ponto de vista econmico, todas elas
apresentavam uma base na agricultura, j bastante mais desenvolvida aqui do que a
agricultura rudimentar observada no modo Primitivo. A produo de gros para alimentao
difundiu-se entre vrias destas novas civilizaes, e diversas tcnicas agrcolas passaram a
ser utilizadas de forma disseminada. Houve ainda o desenvolvimento de equipamentos e
instrumentos agrcolas, utilizados como auxlio em todas as fases da produo e at no
armazenamento de colheitas. Desenvolvimentos em outras reas, como a construo,
atuavam tambm como apoio produo, como era o caso da construo de sistemas de
irrigao, a exemplo da fertilizao de terrenos mais distantes dos vales dos rios, permitindo o
aumento da produo.
Representao de sistema de irrigao e canais tpicos do Egito
antigo. Tais sistemas tambm foram largamente utilizados por outras
sociedades, associadas ao modo de produo Asitico, e
possibilitaram um aumento na produo agrcola.
Estas sociedades foram ainda marcadas pela nfase na construo
de grandes obras e monumentos.

Outro desenvolvimento importante dessas sociedades foi no ramo da metalurgia,


principalmente com a explorao do cobre e bronze. A construo tambm foi um aspecto
fundamental dessas economias, com destaque para os monumentos edificados na poca
(como pirmides, jardins suspensos etc.).

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Por serem sociedades mais eficientes na produo de alimentos e outros bens, elas
permitiram a formao de classes diferentes na sociedade, como as elites religiosas. Nessas
sociedades que surgem, pela primeira vez de forma mais formal, a noo de um Estado e de
uma classe gestora dos aspectos comuns daquela sociedade.
Outros aspectos econmicos importantes que surgem como destaque nessas sociedades
foi o uso mais difundido da moeda (dinheiro, representado de forma rudimentar por objetos
de valor como gado, conchas, e posteriormente, moedas de cobre) e do comrcio.

Modo de Produo Antigo


Este o modo de produo associado s civilizaes da Grcia e Roma antigas. Tratase de um modo de produo bastante similar ao modo Asitico, porm com uma nfase mais
formal no uso do trabalho escravo, por isso esse modo, por vezes, denominado como Modo
de produo Escravista.
Alm das caractersticas descritas no modo anterior, essas sociedades eram marcadas
por um sistema agrcola mais avanado, rotas de comrcio e o uso permanente da guerra
como fora econmica. A guerra, alm de expandir as fronteiras da civilizao a outros povos,
permitia ainda a captura de mais escravos.
Por entenderem que esse modo de produo similar ao Asitico, alguns autores
preferem denominar essas sociedades de forma comum, como Civilizaes Clssicas.

Modo de Produo Feudal


Apesar de a imagem do feudalismo estar associada Europa, esse um modo de
produo que se disseminou para diversas civilizaes, tanto no ocidente como no oriente,
tendo atingido as regies hoje ocupadas pela Europa continental e insular, norte da frica,
Oriente Mdio, Rssia, China, Japo, entre outras.
Do ponto de vista econmico, o aspecto mais marcante o surgimento de uma classe
aristocrtica, isto , os proprietrios da terra, cuja mo-de-obra servil est associada a ela. A
servido era a condio das populaes que habitavam aquela terra, e estavam de certa forma
presos a ela. A mobilidade, portanto, estava restrita. Havia uma rede de obrigaes mtuas
entre aristocratas e servos, resumidas nas relaes sociais conhecidas como senhoriagem e
vassalagem.
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A base econmica continua sendo a agricultura, porm o perodo marcado por um


enorme avano nas prticas artesanais nas reas txtil, metalrgica, produo de ferramentas
e armamentos, entre outros. A importncia da produo de bens, alm da agricultura, cresce
de forma nunca vista em nenhum perodo anterior.
Tambm h avanos extremamente importantes na prpria agricultura, construo, na
produo de energia e em seu uso na produo (como moinhos). De forma generalizada, h
avanos em todas as reas cientficas. Tambm o comrcio intensificado e expandido.
Dissemina-se neste perodo o uso de metais nobres como moeda, facilitando o comrcio entre
diferentes civilizaes.

Capitalismo
Surge entre os sculos XIV e XVI, na Europa, a partir do mercantilismo, a intensificao
do comrcio ocorrida j ao final do perodo feudal. Na viso de Marx, a caracterstica principal
do capitalismo a criao do trabalho como um fator de produo comercializvel. Dessa
maneira, o capitalismo marcado pelo uso do trabalho na forma de uma mercadoria.
O capitalismo, assim, caracterizado por uma sociedade de classes em que, de um
lado, h os proprietrios do capital (ou capitalistas) e de outro lado h os proprietrios de
trabalho (ou desapropriados de capital), que precisam vender sua fora de trabalho.
Um dos marcos do capitalismo o fenmeno histrico denominado Revoluo
Industrial. A Revoluo Industrial foi um conjunto de transformaes tcnicas, tecnolgicas,
cientficas e sociais que permitiram um aumento sem precedentes na produtividade e na
variedade de bens produzidos pelas sociedades.
Do ponto de vista da dinmica capitalista, o principal motor de desenvolvimento deste
sistema est baseado na livre iniciativa dos empreendedores, que decidem alocar seu capital
em empresas e projetos que vislumbram serem lucrativos. Este modo de produo marcado
ainda pelo funcionamento do mercado, um ambiente (que pode ser real ou abstrato) de
livre negociao de mercadorias. Nesse ambiente, os indivduos que desejam comprar e os
indivduos que desejam vender determinadas mercadorias encontram-se para negociar preos
e quantidades a serem comercializadas.
Trataremos de outros aspectos do capitalismo ainda nesta unidade.

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Comunismo
Trata-se de um modo de produo baseado na gesto cientfica e planejada da
produo, em contraposio ao mecanismo de mercado do capitalismo. No comunismo, h
um ou mais planejadores centrais que, atravs de avaliaes objetivas e cientficas, identificam
a quantidade e os tipos de bens que devem ser produzidos. A partir dessa identificao, feito
um planejamento e a alocao dos recursos exigidos para que esta produo ocorra de fato.
No limite, o comunismo seria um meio de produo mais eficiente que o capitalismo,
por minimizar desperdcios que ocorrem normalmente no capitalismo, como o desemprego,
o uso de recursos para propaganda e outros elementos da concorrncia, alm de propiciar um
maior ganho de escala na gesto da produo. No seu limite extremo, o comunismo
eliminaria outros aspectos de modos de produo anteriores, como a necessidade de se usar
moeda para trocas.
Na prtica, o Comunismo foi um modo de produo idealizado, mas nunca realizado
de fato. As experincias econmicas inauguradas pela Unio Sovitica no sculo XX foram
denominadas de socialismo real, cujo objetivo era o de estabelecer o comunismo como
modo de produo, todavia sucumbiram antes desta realizao. Alguns dos aspectos
fundamentais ao comunismo, como a democracia plena, no estiveram presentes nessas
economias.

Descreveremos a seguir as principais caractersticas dessa forma de produzir, hoje


dominante no mundo em que vivemos. Na observao dessas caractersticas, fundamental
fazermos duas ressalvas.
Primeiro, quanto simplicidade das informaes colocadas aqui. Naturalmente, tais
caractersticas so aquelas entendidas como as mais relevantes para se entender o modo de
produo em que atuamos. Trata-se de uma viso puramente tcnica e econmica do
capitalismo, em que buscamos apenas destacar o que mais relevante para o profissional de
Marketing, objetivando entender que o meio em que atua tem preconceitos e valores que no
so necessariamente naturais do ser humano, mas provavelmente so induzidos pela nossa
forma atual de produzir, consumir e trocar bens. H muitas outras caractersticas que deveriam
ser analisadas e mesmo as que so demonstradas aqui deveriam ser estudadas mais
profundamente para um completo entendimento do capitalismo.
Segundo, quanto constante evoluo do capitalismo. O modo de produo em que
atuamos extremamente dinmico e evolui constantemente. Foi, alis, justamente esse
carter de constante adaptao do capitalismo ao seu meio que permitiu que ele se tornasse o
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modo de produo dominante at hoje, de forma generalizada no mundo. Portanto


importante perceber que ressaltaremos as caractersticas elementares, que persistem ao longo
do tempo, e que h muitas e constantes mudanas ao longo do tempo sobre as formas com
que o capitalismo se desenvolve.

Bens e Mercadorias
Bens so todos os produtos e servios que tm alguma utilidade para os indivduos e
que podem ser comercializados de alguma forma. Todas as mercadorias que adquirimos ou
vendemos so bens. Tambm so considerados bens aqueles materiais adquiridos e utilizados
para a fabricao de outros bens. Nesse caso, os primeiros so chamados de bens
intermedirios; enquanto os ltimos so denominados bens finais.
Mercadorias so, simplesmente, os bens quando transacionados ou comercializados.
Eles tm a dupla caracterstica de terem algum valor para as pessoas e poderem ser
negociados entre elas.

Propriedade privada
No capitalismo os bens e direitos so de propriedade de indivduos (privada) ou do
Estado (pblica). Na prtica, isso significa que os bens, ativos, mercadorias (e mesmo direitos)
tm dono certo e identificado. Esse proprietrio pode, por conseguinte, fazer o uso que desejar
de seus bens, desde que respeite as leis daquele pas ou regio em que atua. O Estado
tambm pode ser proprietrio, porm nos Estados capitalistas modernos a maior parte da
propriedade privada e o Estado atua como garantidor destas propriedades e dos contratos.

Fatores de produo
A produo realizada atravs da combinao de diversos fatores. Esses fatores so
comumente categorizados em capital, trabalho e terra. Atualmente, capital e terra confundemse, pois terra posta produo tambm tem as mesmas caractersticas de capital. Portanto,
essencialmente, os fatores de produo so capital e trabalho que, combinados, permitem a
produo de produtos e servios. Por exemplo, para que sejam fabricados pregos so
necessrios ao, ferramentas (para cortar e afiar o ao no formato desejado) e algumas
pessoas operando estas ferramentas e a matria-prima para que o produto final seja realizado.
Nesse caso, ento, o ao e as ferramentas so o capital, enquanto o esforo das pessoas em
converter a matria-prima em pregos o trabalho.
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Mercado
Mercado o ambiente, real ou virtual, em que se do as trocas dos bens. o local
onde as pessoas que querem comprar um bem e as pessoas que querem vender este mesmo
bem se encontram para negociar o preo e realizar esta troca. O mercado pode ser,
efetivamente, um mercadinho de bairro onde se compram os alimentos da semana. Pode ser
tambm uma Bolsa de Valores, onde ativos financeiros - que tambm so bens - podem ser
negociados. Pode ainda ser um ambiente virtual ou abstrato, por exemplo, um portal na
internet onde feito um leilo de telefones celulares.

Diviso do trabalho
Trata-se de um dos aspectos mais marcantes do capitalismo. Mesmo em modos de
produo mais modernos, havia um grau de certa diversidade nas atividades de um indivduo.
Um tpico arteso do feudalismo, por exemplo, era responsvel por realizar todo um conjunto
de atividades que viriam, ao final, a dar como resultado a produo de um sapato.
No capitalismo, porm, a produo feita de forma extremamente parcelada e
especializada. Na produo de um sapato, por exemplo, um funcionrio pode ser responsvel
apenas por colar a sola do sapato no couro, mas ele faz isso de forma extremamente
especializada e sem precisar trocar ferramentas e equipamentos. No seu conjunto, com a
produo sendo feita por diversas pessoas realizando atividades parciais, mas de forma
especializada, h um enorme aumento da produtividade.
uma caracterstica que damos por natural, mas que bastante recente, a nossa
especializao em profisses. Dessa forma, um bilogo que trabalhe em uma vincola pode ser
hoje especializado nos processos de fermentao e fazer isso com conhecimento e
produtividade inigualveis, mas pouco sabe dos solos e das pocas do plantio ou mesmo do
processo de engarrafamento do vinho. No feudalismo, para compararmos, um vinho
provavelmente era feito pela mesma pessoa ou famlia, que realizavam todo o processo desde
o plantio, colheita, fermentao, produo, engarrafamento e venda.
Essa maior diviso do trabalho que permitiu o alcance de maior produtividade e
especializao no capitalismo.

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Representao de uma fbrica de alfinetes. Segundo observado por


Adam Smith em seu clssico Riqueza das Naes, considerado um dos
fundadores da Cincia Econmica moderna, a diviso do trabalho
permitia que a produo de alfinetes passasse de 20 unidades por
trabalhador (no modelo artesanal) para cerca de 4.800 alfinetes por
trabalhador (no modelo industrial), essencialmente em virtude da diviso
do trabalho.

Uso crescente da Moeda e do comrcio


A moeda e o comrcio j existiam antes do capitalismo, mas a partir desse modo de
produo eles passam a ser essenciais na vida cotidiana de todos. A razo disso que, como
no capitalismo predomina a diviso do trabalho, cada pessoa tende a produzir apenas um tipo
de bem ou alguns tipos de bens, porm para sobreviver precisa adquirir uma variedade muito
maior de bens.
Dessa maneira, a necessidade de comercializar bens comum a todos. Por exemplo,
um indivduo assalariado vende seu trabalho em troca de moeda e comprar todos os demais
bens de que precisa com uso tambm da moeda.
Trataremos mais deste tema em outras unidades.

Ao contrrio do que algumas pessoas poderiam imaginar, a existncia do Estado no


antagnica existncia do capitalismo; , ao contrrio, uma condio necessria.
fato, alis, notado por diversos historiadores, que o capitalismo somente vigorou
naquelas naes que detinham um Estado em pleno funcionamento. Observa-se, ainda, que o
capitalismo frutificou primeiro naquelas naes cujo Estado, na nossa concepo moderna,
desenvolveu-se de forma plena.
Isso ocorre porque o capitalismo somente pode funcionar em um ambiente em que a
propriedade privada est garantida, em que h respeito aos contratos e em que h um certo
ambiente de segurana. Alm disso, existem outros elementos pelos quais o Estado zela e que
facilitam muito o desenvolvimento do capitalismo, como, por exemplo, a moeda.

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Livre Iniciativa ou Liberdade Econmica


Se podemos considerar que o motor do capitalismo o mercado, ento podemos dizer
que a liberdade econmica o combustvel que faz este motor funcionar.
A liberdade econmica a permisso para que os cidados comuns de um pas
tenham direito a propriedade privada e possam realizar empreendimentos tendo como
objetivo o lucro. o direito de realizar negcios e apropriar-se dos lucros deste negcio. Para
que isso seja possvel, deve haver um conjunto de leis que permita - e, em alguns casos,
estimule - a realizao de empreendimentos econmicos privados, alm da garantia estatal
propriedade e aos contratos. Em uma sociedade capitalista, considera-se legtimo que um
empreendedor aproprie-se dos lucros de seu empreendimento, ainda que parte dos lucros
possa ser retida pelo Estado na forma de impostos sobre a renda ou lucro.
justamente esta expectativa dos lucros que motiva as pessoas a realizarem
investimentos, estimulando a produo de bens, o emprego e a inovao.
Essas so apenas algumas das caractersticas do capitalismo, mas que perduram em
todas as suas fases desde seu nascimento at os dias atuais, ainda que muitos outros aspectos
tenham se alterado de forma significativa.
importante notar a brevidade do capitalismo na vida humana, sobretudo a partir de
sua forma mais consolidada, a partir do sculo XVIII.
Na prxima unidade, trataremos de forma mais objetiva de algumas das Leis que
regem o funcionamento dos mercados e dos negcios dentro deste sistema econmico.

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ANDERSON, Perry. Passages from Antiquity to Feudalism. Nova Iorque: Verso Books,
1997.
MANDEL, Ernest. An Introduction to Marxist Economic Theory. Nova Iorque:
Pathfinder Press, 1974.
SMITH, Adam. Riqueza das Naes: investigao sobre sua natureza e suas causas.
So Paulo: Editora Nova Cultural, 1996.
VASCONCELLOS, M. A. S.; ENRIQUEZ GARCIA, M. Fundamentos de Economia. 2. ed.
So Paulo: Saraiva, 2005.

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