Implantacao de Pontos

Departamento de Engenharia Civil
Implantao de Pontos
Rosa Marques Santos Coelho

Paulo Flores Ribeiro
2006 / 2007
Implantao
1. Implantao
A implantao de pontos ou quaisquer outros detalhes consiste na materializao no
terreno de pormenores representados numa carta, ou seja, trata-se de um problema
inverso ao da representao grfica dos pormenores do terreno sobre superfcies
estveis.
1.1 - Implantao de pontos

Para se proceder materializao de pontos no terreno duas situaes prticas
podem surgir e resultam do conhecimento ou no, das coordenadas dos pontos a
implantar.
1.1.1. Conhecimento das coordenadas de cada ponto a implantar

Quando se conhecem as coordenadas dos pontos a implantar, bem como as
coordenadas de trs outros pontos visveis mas materializados sobre o terreno,
possvel o clculo dos azimutes das vrias direces definidas, entre o ponto a
implantar e os outros pontos de coordenadas conhecidas, assim como das
respectivas distncias entre eles.
Nesta situao a implantao do ponto no terreno ser efectuada atravs de
tentativas.
Para o efeito estaciona-se um aparelho topogrfico sobre um dos pontos de
coordenadas conhecidas e atravs do conhecimento do azimute da direco
(definida pelos ponto estao e ponto a implantar) e da distncia entre os pontos
referido localiza-se o ponto pretendido. A correcta materializao desse ponto sobre
o terreno pode ser aferida com recurso aos outros pontos de coordenadas
conhecidas.
Considerando ser Pi o ponto a implantar, com coordenadas xi, yi e cada ponto
estao Ei com coordenadas xEi, yEi, os clculos de distncias e azimutes de
direces seguem a seguinte metodologia apresentada na Figura 2.
O procedimento a seguir no trabalho de campo consiste em:
Estacionar o aparelho topogrfico na estao Ei;
definir com o aparelho (eixo ptico da luneta) a direco EiPi atravs do
azimute calculado (ngulo que a mesma faz com a direco do Norte
magntico);
2
Implantao
a partir do ponto estao e sobre o alinhamento j definido EiPi medir a

distncia D, com utilizao de um mtodo directo ou indirecto;
marcao do ponto Pi.
Pi(xi,yi)
x = (xi xEi)
y = (yi yEi)
x = D sin EiPi
y = D cos EiPi
x
= tg
y
Ei P
D=
Ei Pi
x
= arctg
y
x
sin
(Azimute da direco)
(Distncia entre pontos)
Ei Pi
Figura 2 Implantao de pontos
1.1.2. Desconhecimento das coordenadas dos pontos a implantar

A implantao de pontos de coordenadas desconhecidas, quando localizados em
cartas, apoia-se na medio de distncias e azimutes de direces de cada um
deles a pontos de referncia localizados tambm na carta e implantados no terreno.
As distncias grficas so convertidas nas suas homlogas naturais.
Os erros
associados a esta situao no so de descurar, dado que as medies em cartas

conduzem a erros, nomeadamente erros de grafismo, os quais so ampliados
quando multiplicados pelo denominador da escala da carta, na converso da
distncia grfica na sua homloga natural.
Os procedimentos de campo so idnticos aos apresentados na situao anterior.
1.2 - Implantao de alinhamentos

Um alinhamento um segmento de recta definido por dois pontos ( pontos inicial (Pi)
e terminal (Pf) do alinhamento).
Para a implantao de alinhamentos torna-se
necessrio implantar primeiro os pontos extremos que definem esse mesmo

alinhamento. A implantao dos pontos extremos do alinhamento recorre a um dos
processos atrs descritos para a implantao de pontos. Aps implantados estes
pontos h que materializar no terreno os pontos intermdios que definem esse
mesmo alinhamento. Na implantao dos pontos intermdios duas situaes
prticas podem surgir:
3
Implantao
pontos extremos serem visveis entre si;

pontos extremos no serem visveis entre si.
1.2.1. Pontos extremos visveis entre si

Nesta situao estaciona-se um taquemetro ou outro aparelho topogrfico, utilizado
para o efeito, sobre um dos pontos extremos (Pi ou Pf) e coloca-se verticalmente
sobre o outro (Pf ou Pi) uma mira ou uma bandeirola, aponta-se com o eixo ptico da
luneta do aparelho para esse ponto definindo uma visada, que corresponde ao
alinhamento a implantar e vo-se colocando bandeirolas entre os dois pontos
extremos, de forma a que sejam interceptadas pelo fio axial do rectculo.
Figura 3 Implantao de alinhamentos Pontos extremos visveis entre si
1.2.2. Pontos extremos no visveis entre si

Nesta situao, dado que os pontos extremos do alinhamento a implantar no so
visveis entre si, no possvel utilizar a metodologia anterior. necessrio definir
um alinhamento auxiliar PiPa, sendo Pa um ponto do terreno do qual seja possvel
visualizar simultaneamente os pontos extremos do alinhamento a implantar.
Estaciona-se com um aparelho topogrfico em Pa e define-se um alinhamento PaPf,
visando o ponto Pf. Efectuam-se observaes para clculo das distncias PaPi e
Pa Pf e mede-se o ngulo entre os dois alinhamentos. Nesta fase do trabalho
devero ser materializados os pontos intermdios (P1 e P3) do alinhamento auxiliar e

efectuadas observaes para clculo das distncias de Pa a cada um deles.
No gabinete a resoluo do problema resume-se a clculos trignomtricos referentes
resoluo de tringulos semelhantes.
Na resoluo dos tringulos que possibilite a implantao dos pontos intermdios no
alinhamento pretendido utilizam-se as seguintes igualdades:
Implantao
Pa Pi
PaPf
PaP1
P1P2
PaP3
P3P4
Os pontos P2 e P4 so os pontos intermdios do alinhamento pretendido e sero

materializados no campo com auxlio de um aparelho topogrfico que mea ou
avalie distncias e ngulos.
Estaciona-se o aparelho em P1 e define-se um alinhamento que faa com PiPa um
ngulo (j contabilizado sobre Pa). Sobre esse alinhamento o ponto P2 ser
implantado a uma distncia P1P2 (j calculada) do ponto P1.
Igual procedimento dever ser utilizado na implantao do ponto P4.
Na Figura 4 apresenta-se esquematicamente a aplicao da metodologia referida.
Figura 4 Implantao de alinhamentos - pontos extremos no visveis entre si

A rectificao do trabalho desenvolvido pode ser efectuada do seguinte modo:
estacionar um aparelho topogrfico que avalie ngulos, nomeadamente no
plano horizontal, sobre um dos pontos intermdios do alinhamento pretendido
(P2 ou P4);
avaliar o ngulo azimutal da direco definida entre o ponto estao e um
dos pontos extremos do alinhamento. O ngulo azimutal medido ter que
diferir de 200g do ngulo azimutal definido com o outro ponto extremo do
alinhamento.
1.3 - Implantao de uma linha com um declive definido

Declive de um terreno define-se como a tangente trignomtrica do ngulo que a
superfcie natural do terreno faz com o plano horizontal, ou seja a tangente
trignomtrica da inclinao i da superfcie natural.
5
Implantao
A implantao de uma linha com um declive definido baseia-se no pressuposto, a

aplicar a cada dois pontos consecutivos da referida linha, de que se a distncia entre
eles se mantiver constante a diferena de nvel tambm ter que ser constante de
modo a que o declive tambm o seja.
Assim, considerando:
o
declive
declive =
entre
DN Pi Pi +1
Pi Pi +1
dois
pontos
Pi
Pi+1
expresso
pela
equao
que no trabalho de campo se utiliza um nvel de culo, a diferena de nvel

entre os pontos calculada por DN Pi Pi +1 = LPi LPi +1 ;
pode definir-se que a leitura LP i representa a leitura a efectuar para uma mira
colocada sobre o ponto Pi da linha a implantar. Admitindo que se move a mira do
ponto P i para o ponto P i +1 de uma distncia fixa Pi Pi +1 , geralmente igual a 25 m,
50 m ou 100 m, pode determinar-se a leitura LP
i +1
a efectuar para a mira a
posicionada:
LP i +1 = LP
declive Pi Pi +1
Esta metodologia pode ser utilizada para todos os pontos da linha a implantar. A
dificuldade na aplicao da metodologia apresentada reside na manuteno da
distncia constante entre cada dois pontos consecutivos a materializar. Nesse
sentido e para evitar o recurso a inmeras tentativas prtica corrente utilizar duas
miras ligadas entre si atravs de uma corda com um comprimento fixo Pi Pi +1 , de
forma a que o afastamento entre elas seja sempre o mesmo.
1.4 - Implantao de pontos seguindo as curvas de nvel

Para a implantao de pontos mesma cota ou altitude, ou seja seguindo as curvas
de nvel deve ser utilizado um nvel de culo para maior preciso do trabalho a
executar. Estaciona-se com o aparelho sobre um ponto do terreno de cota
conhecida ou atribuda, que pode ou no estar localizado mesma cota da curva a
implantar, e marca-se com uma estaca o primeiro ponto da referida curva. Para uma
mira colocada verticalmente sobre o ponto implantado efectua-se uma leitura L com
o fio estadimtrico mdio. Essa leitura ter que ser a mesma para miras colocadas
sobre os pontos da mesma curva a implantar. Este processo baseia-se no facto de
que pontos colocados sobre a mesma curva de nvel apresentam a mesma cota ou
6
Implantao
altitude, sendo nula a diferena de nvel entre eles. Assim, dado que a diferena de
nvel entre o ponto estao e o primeiro ponto da linha a implantar definida por
DN EP = h E L (hE altura do aparelho), e dado que essa diferena de nvel ter
que ser a mesma para todos os pontos a implantar sobre a mesma curva de nvel,
as leituras efectuadas para cada um dos pontos a implantar a partir do ponto
estao tero que ser iguais entre si e iguais a L. Torna-se necessrio, para a
materializao de cada um dos diversos pontos, deslocar a mira no terreno de forma
a que a leitura efectuada a partir do ponto estao tome o valor L.
Figura 5 Implantao de pontos mesma cota ou altitude
1.5 - Exerccios de aplicao

Pretende-se realizar a operao de implantao nas situaes seguintes; indique
como procederia apresentando os clculos efectuados em gabinete:
1. Implantao de um ponto de coordenadas 70 m e 40 m respectivamente. Para o

efeito conhecem-se as coordenadas e a localizao de trs outros pontos do terreno
que serviro de apoio operao; A (50 m, 40 m), B (80 m, 60 m), C (75 m, 75 m).
2. Implantao de 2 pontos intermdios de um alinhamento definido por dois pontos

de coordenadas 50 m, 40 m e 80 m, 60 m, respectivamente, j materializados no
terreno. Pretende-se que determine as distncias e os ngulos necessrios para
executar a operao, nas duas situaes:
a) pontos extremos visveis entre si;
b) pontos extremos no visveis entre si.
Considere que para o efeito se
utilizou um ponto auxiliar A de coordenadas 70 m, 20 m.
3. Implantao de uma linha altitude de 25 m, para o efeito conhecem-se as

coordenadas de um ponto do terreno x = 50 m, y = 40 m, H = 26 m. Considerando
que se estacionou um nvel de luneta em P, que a altura do aparelho 1,55 m,
indique como procederia para localizar os pontos de altitude igual a 25 m.
7

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1.1 - Implantao de pontos

1.1.1. Conhecimento das coordenadas de cada ponto a implantar

a partir do ponto estao e sobre o alinhamento j definido EiPi medir a

(Distncia entre pontos)

Figura 2 Implantao de pontos

1.1.2. Desconhecimento das coordenadas dos pontos a implantar

associados a esta situao no so de descurar, dado que as medies em cartas

1.2 - Implantao de alinhamentos

Para a implantao de alinhamentos torna-se

necessrio implantar primeiro os pontos extremos que definem esse mesmo

pontos extremos serem visveis entre si;

1.2.1. Pontos extremos visveis entre si

Figura 3 Implantao de alinhamentos Pontos extremos visveis entre si

1.2.2. Pontos extremos no visveis entre si

devero ser materializados os pontos intermdios (P1 e P3) do alinhamento auxiliar e

Os pontos P2 e P4 so os pontos intermdios do alinhamento pretendido e sero

Figura 4 Implantao de alinhamentos - pontos extremos no visveis entre si

1.3 - Implantao de uma linha com um declive definido

A implantao de uma linha com um declive definido baseia-se no pressuposto, a

que no trabalho de campo se utiliza um nvel de culo, a diferena de nvel

a efectuar para a mira a

1.4 - Implantao de pontos seguindo as curvas de nvel

Figura 5 Implantao de pontos mesma cota ou altitude

1.5 - Exerccios de aplicao

1. Implantao de um ponto de coordenadas 70 m e 40 m respectivamente. Para o

2. Implantao de 2 pontos intermdios de um alinhamento definido por dois pontos

Considere que para o efeito se

utilizou um ponto auxiliar A de coordenadas 70 m, 20 m.

3. Implantao de uma linha altitude de 25 m, para o efeito conhecem-se as

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