Sociologia Das Desigualdades Sociais
Sociologia Das Desigualdades Sociais
Sociologia Das Desigualdades Sociais
Braslia-DF.
Elaborao
Junia Celia Nicola
Produo
Equipe Tcnica de Avaliao, Reviso Lingustica e Editorao
Sumrio
APRESENTAO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
SOCIOLOGIA DAS DESIGUALDADES SOCIAIS........................................................................................... 9
CAPTULO 1
DESIGUALDADE SOCIAL............................................................................................................ 9
CAPTULO 2
A NATURALIZAO DO SOCIAL............................................................................................... 14
CAPTULO 3
FAMLIA BURGUESA E NORMALIZAO.................................................................................... 21
CAPTULO 4
SABERES E PRTICAS NORMALIZADORAS................................................................................. 27
CAPTULO 5
TEORIA QUEER E A EMERGNCIA DAS DIFERENAS................................................................. 31
CAPTULO 6
ESCOLA DE CHICAGO............................................................................................................ 34
CAPTULO 7
MICHEL FOUCAULT.................................................................................................................. 40
CAPTULO 8
ANLISE DOS PROBLEMAS DE EVOLUO NORMAL E DA PATOLOGIA SOCIAL.......................... 44
UNIDADE II
QUESTES ATUAIS................................................................................................................................. 48
CAPTULO 1
CRESCIMENTO POPULACIONAL, NVEIS DE RENDA, EMPREGO, EDUCAO E SADE............... 48
CAPTULO 2
A DISTRIBUIO DOS RECURSOS NATURAIS.............................................................................. 57
REFERNCIAS................................................................................................................................... 61
ANEXOS........................................................................................................................................... 69
Apresentao
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa rene elementos que se
entendem necessrios para o desenvolvimento do estudo com segurana e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinmica e pertinncia de seu contedo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas metodologia da
Educao a Distncia EaD.
Pretende-se, com este material, lev-lo reflexo e compreenso da pluralidade
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
especficos da rea e atuar de forma competente e conscienciosa, como convm
ao profissional que busca a formao continuada para vencer os desafios que a
evoluo cientfico-tecnolgica impe ao mundo contemporneo.
Elaborou-se a presente publicao com a inteno de torn-la subsdio valioso, de modo
a facilitar sua caminhada na trajetria a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
Organizao do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os contedos so organizados em unidades, subdivididas em
captulos, de forma didtica, objetiva e coerente. Eles sero abordados por meio de textos
bsicos, com questes para reflexo, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradvel. Ao final, sero indicadas, tambm, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrio dos cones utilizados na organizao dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocao
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou aps algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questes inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faa uma pausa e reflita
sobre o contedo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocnio. importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experincias e seus sentimentos. As
reflexes so o ponto de partida para a construo de suas concluses.
Praticando
Sugesto de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didtico de fortalecer
o processo de aprendizagem do aluno.
Ateno
Chamadas para alertar detalhes/tpicos importantes que contribuam para a
sntese/concluso do assunto abordado.
Saiba mais
Informaes complementares para elucidar a construo das snteses/concluses
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informaes relevantes do contedo, facilitando o
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Exerccio de fixao
Atividades que buscam reforar a assimilao e fixao dos perodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relao a aprendizagem de seu mdulo (no
h registro de meno).
Avaliao Final
Questionrio com 10 questes objetivas, baseadas nos objetivos do curso,
que visam verificar a aprendizagem do curso (h registro de meno). a nica
atividade do curso que vale nota, ou seja, a atividade que o aluno far para saber
se pode ou no receber a certificao.
Para (no) finalizar
Texto integrador, ao final do mdulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem
ou estimula ponderaes complementares sobre o mdulo estudado.
Introduo
No siga a estrada, apenas; ao contrrio, v por onde no haja
estrada e deixe uma trilha
Ralph Waldo Emerson
O Bicho
Manuel Bandeira
Vi ontem um bicho
Na imundcie do ptio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
No examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho no era um co,
No era um gato,
No era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem.
Objetivos
Apropriar-se de conhecimentos conceituais sobre Sociologia.
Compreender as atitudes, regras e comportamentos dos indivduos na
sociedade.
Refletir sobre a importncia da Sociologia frente sociedade.
SOCIOLOGIA DAS
DESIGUALDADES
SOCIAIS
UNIDADE I
CAPTULO 1
Desigualdade social
Figura 1.
Fonte: <www.google.com.br/search?q=fotos+de+desigualdade+social&tbm=isch&source=iu&imgi>.
A desigualdade social, nos dias de hoje, fenmeno que acontece em quase todos
os pases, ocorrendo de forma mais acentuada em alguns; ela desencadeada,
principalmente, pela m distribuio de renda em uma sociedade, quando os recursos
esto concentrados nas mos de minoria abastada e, como consequncia, maior
acesso educao, sade, segurana, entre outros benefcios. Vale observar que
a desigualdade social d origem a outros tipos de desigualdades, a outros tipos de
fenmenos preocupantes porque trazem malefcios sociedade, como por exemplo:
1. Violncia e criminalidade: sabe-se que a violncia um comportamento
que causa dano a algum ou a muitos e podem ser caracterizados como
fenmenos que precedem entre si e so consequncias de desigualdade
social. Em sociedades (pases e regies) que padecem dessa desigualdade
social, so elevados os ndices de delitos praticados por aqueles que so
carentes de recursos. Deve-se observar que esse fenmeno no uma
regra, ou seja, que a consequncia da desigualdade seja a violncia ou
criminalidade, uma vez que a maioria da sociedade no usa de meios
violentos ou ilcitos para disfarar essa realidade (a desigualdade).
9
UNIDADE I
Ainda, na esteira do Iluminista francs, pode-se dizer que no momento no qual o homem
percebe ser necessria a ajuda de outro para a sua sobrevivncia, mas ao mesmo tempo
percebe que pode ter somente para si uma quantidade de alimentos que bastariam a
dois ou mais indivduos, a igualdade desaparece; quando surge a necessidade da mo
de obra, do trabalho, da remunerao; quando se percebe que podem existir escravos
e escravocratas e a misria aparece.
12
UNIDADE I
O Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) divulgou a renda per
capita mensal das cidades brasileiras. A cidade de So Caetano (SP) lidera o ranking,
com R$ 2.043,74 de renda per capita mensal. Na outra ponta da tabela aparece a cidade
de Maraj do Sena (MA), com R$ 96,25. Entre as dez primeiras, a maioria (trs) do
Estado de So Paulo. J entre as dez cidades com as piores rendas per capita mensal do
Pas, oito so do Maranho. Confira as 100 maiores e as 100 menores rendas per capita
do Pas no site: <http://economia.terra.com.br/infograficos/renda/>.
13
CAPTULO 2
A naturalizao do social
Figura 2.
Fonte: <www.google.com.br/search?q=fotos+sobre+a+naturalizao>
Deve-se observar que no existe o sujeito universal, algum fixo, imutvel que serve
de molde para comparar as aes humanas, pois nada no homem nem mesmo
seu corpo bastante fixo para compreender outros homens e se reconhecer neles.
(FOUCAULT, 2008, p. 27).
14
UNIDADE I
As prticas sociais tm relao com aquele significado que lhes so dados culturalmente
e faz com que as aes de cada indivduo sejam menos instintivas e mais sociais.
As pedagogias, as normas culturais produzem valores e regulam condutas e modos de
ser; elas fabricam identidades e representaes; constituem certas relaes de poder,
mostram como os indivduos devem se comportar.
Por esse entendimento, h pedagogia em qualquer espao ou ambiente
em que se ensina algo a algum; onde conhecimentos so produzidos
em instncias, instituies e processos culturais aparentemente to
diversos (e neutros) quanto museus, filmes, livros de fico, turismo,
cincia, televiso, publicidade, medicina, revistas, artes visuais, msica.
(ANDRADE, 2004).
tipo de comportamento porque quem mata algum teria a vingana como resultado de
sua atitude e no deixaria descendentes. Ainda para o cientista, interessante observar
que apesar da palavra instinto vir qualificada pelo adjetivo social, o comportamento
pacfico no est fundado nas relaes sociais transmitidas e aprendidas culturalmente,
mas na seleo e registro deste comportamento, no aparato biolgico do sujeito.
Usando essa definio de que so os instintos sociais que freiam determinadas atitudes,
como, ento, alguns indivduos matam os outros? E aquele ato classificado como
homicdio doloso, juridicamente classificado de que existe a inteno de matar?
Aqueles que cometem esses atos agiriam contra os instintos ou simplesmente no seriam
humanos? Em sociedades indgenas ou nas pr-colombianas em que havia o extermnio
de crianas defeituosas, eles no seriam humanos? E quanto a jovens ocidentais que
queimam vivo uma pessoa? Agiriam contra os instintos sociais os homens-bomba?
Os indivduos so lapidados, quer dizer, so educados conforme os cdigos culturais
institudos em sua cultura, sem que haja uma priori que filtre essa educao; haveria a
fobia humana universal antes da lapidao. Assim, aquilo que considerado universal
e intrnseco ao humano, est irremediavelmente imerso no interior de relaes sociais
e cada uma delas possui um contexto o material, bem como um conjunto de recursos
simblicos peculiares que so ensinados aos indivduos. (WOODWARD, 2000).
Assim, como existe o instinto de no matar, igualmente existe o instinto da
solidariedade, em que as pessoas se esforam para auxiliar aquele que est prximo,
mas no se incomoda com aquele distante. Socorremos um acidentado prximo a ns,
mas no nos importamos tanto com aqueles que morrem sem gua ou alimentos na
Regio Nordeste do Brasil, por exemplo. Mais uma vez, essa disparidade colocada
como no evoluo de nossos instintos porque nossos ancestrais no conheciam o
outro lado do mundo, no sofriam por no saber da existncia de pessoas necessitadas;
isso significa que aquilo que no ocupa nossa mente, no ativa nosso lado emocional,
no ocupam espao na nossa mente.
Ao colocar a ao solidria circunscrita aos instintos, esse discurso coloca sobre um
agente individual a deciso e atitude, em relao a um problema que social como
se fosse um dilema moral e individual (CORAZZA, 2001). O discurso biolgico nos
remete ideia de que a solidariedade faz parte da natureza humana, nosso crebro
construdo para ajudar. Entretanto, esse discurso no hegemnico dentro da
prpria cincia. H concomitantemente discursos que provam natureza solidria, e
outros que comprovam uma natureza humana egosta, ambas vises pautadas em
aspectos naturais. (VIERA, 2006).
16
UNIDADE I
Vale mencionar que os cdigos culturais no surgem na sociedade para colocar limites
aos instintos incorretos, vez que a cultura um rol de poderes das relaes sociais, em
que as posies hierrquicas esto em constante mutao.
O texto de Mariana Sgarioni e Leandro Narloch, publicado na Revista Superinteressante,
em janeiro de 2008 O que faz de voc, voc? tenta mostrar como a personalidade
humana formada, se quem a define a natureza ou o ambiente. Os autores trazem o
grau de influncia dos pais, da sociedade sobre a constituio da personalidade.
Vigilncia
A vigilncia faz parte das tcnicas que Foucault (2008) chama de
disciplina: uma tcnica de poder que implica uma vigilncia perptua e
constante dos indivduos. No basta olh-los s vezes ou ver se o que
fizeram conforme a regra. preciso vigi-los durante todo o tempo
da atividade e submet-los a uma perptua pirmide de olhares [...]. A
disciplina o conjunto de tcnicas pelas quais os sistemas de poder vo
ter por alvo e resultado os indivduos em sua singularidade. E o poder
de individualizao que tem o exame como instrumento fundamental. O
exame a vigilncia permanente, classificatria, que permite distribuir os
indivduos, julg-los, medi-los, localiz-los e, por conseguinte, utiliz-los
ao mximo. Por meio do exame, a individualidade torna-se um elemento
pertinente para o exerccio do poder. (FOUCAULT, 2008a p.106-107).
Assim, como a prpria histria da evoluo humana se constituiu por esse carter de
hierarquizao das culturas e povos, Darwin um dos fundadores da discursividade
evolutiva deixava explcitas suas concepes inglesas da poca sobre a posio
dos humanos dentro do grande esquema da evoluo e seus preconceitos em suas
consideraes sobre raa, escravido, gnero, dentre outras. Assim, ao mesmo
tempo em que Darwin perseguia a ancestralidade comum dos homens, conseguiu deixar
um rastro de preconceito onde quer que tenham chegado os seus escritos. (VIEIRA,
2006 p. 61).
Com isso, percebemos que as prticas sociais so marcadas pelo regime de verdade que
cada sociedade possui e isso gera uma aceitao automtica e no crtica do conhecimento,
contribuindo para justificar o autoritarismo e a dominao de determinadas prticas
e comportamentos engendrados em termos econmicos, culturais, morais, polticos
por aqueles que tm o domnio em hierarquizar classificaes. Bem diferente daquilo
que senso comum, a diferena entre o normal e a doena no se restringe quilo
que descrito pela medicina, em especial a psiquiatria. Essa diferena qualificada
como oposio organizao da sociedade. Afinal, o que normal? O que qualificado
como desvio comportamental? Ainda: O que desvio? A normalidade tem um longo
histrico de construo e um processo bem complicado.
UNIDADE I
Cada poca, cada fase das sociedades possuo forma particular de criar seus monstros.
Os siameses foram perseguidos na literatura que imperava no Renascimento; na
Idade Clssica eram os hermafroditas considerados os anormais da poca. Mas para
chegarmos aos dias de hoje, todo um processo foi vivido pelos anormais. Vejamos:
O suplcio
At o sculo XVIII, o monstro era considerado dentro de uma noo jurdico-biolgica
ou jurdico-natural, uma violao das leis naturais. Nesse contexto, o monstro no
gerava uma simples resposta da lei. O que ele suscitava era algo diferente da lei, era a
violncia, o seu prprio suplcio.
O suplcio funcionava como um ritual de atrocidade que tinha como objetivo responder
ao crime cometido, mas era respondido com um desequilbrio de foras com o objetivo
de anular a ofensa, fosse ela qual fosse. No por acaso temos notcias de suplcios
que duravam dias como o caso de Balthazar Gerardts, o assassino de Guilherme de
Oranges, Prncipe de Oranges, crime ocorrido em 1584; narra a histria que ele sofreu
queimaduras, decepaes, cortes e as mais horrveis torturas durante dezoito dias.
quando comea a ser questionado por que o indivduo conte um crime; comea a ser
observada a natureza do crime; quando nasce a psiquiatria, levando ao estudo das
condutas criminosas como uma patologia e transferindo o ato criminoso ao indivduo.
O monstro moral
A Revoluo Francesa, como sabemos, foi a revolta da sociedade contra o Estado
Absolutista e aqueles que rompiam com a poltica vigente era considerado criminoso,
certamente; da, era qualificado como monstro moral, ou seja, o monstro poltico.
Para a sociedade que desejava quebrar as regras vigentes consideravam o rei como
dspota e, portanto, o monstro moral era o rei. Segundo os folhetins dessa poca,
Maria Antonieta era o modelo desse monstro poltico-moral-sexual, sendo uma mulher
depravada, escandalosa, entregue libertinagem.
Contrrio ao mostro dspota, surge, tambm, o monstro popular, aquele que rompe
o pacto social. E so essas duas figuras antagnicas que servem de modelo para a
psiquiatria do sculo XIX.
nessa busca de tentar determinar as caractersticas psquicas dos indivduos que se
criou o anormal e esse resultado foi a construo dos degenerados, os quais no eram
considerados doentes, mas uma pessoa diferente, menos humana que as demais.
19
20
CAPTULO 3
Famlia burguesa e normalizao
Figura 3.
Fonte: <www.lapala.cl>.
somente a partir do sculo XVIII e com maior nfase no sculo XIX, que vai haver um
aumento dos focos de discurso sobre o sexo, difundidos por outras tcnicas de poder. O
prprio poder incita essa proliferao de discursos, que tomaram formas disciplinares,
por meio de instituies como no mais apenas a Igreja, mas tambm pela escola, a
famlia, os mdicos. Vale mencionar que essas instituies no proibiam a
prtica sexual, mas queriam o controle do indivduo.
No que se refere s crianas, sua sexualidade tambm sofreu represso; essa regra
ganhou um lugar de destaque na famlia burguesa e na teoria psicanaltica.
A prtica de masturbao pelas crianas era causa de horror para os
pais, levando-os a uma vigilncia constante e, para isso, eles contavam
com o apoio mdico do sculo XIX, que produz diagnsticos e define
doenas decorrentes desta prtica desde as pequenas erupes na
pele, passando pelos tumores, chegando at a loucura. (CAMARGO E
JAKUBASZKO UNIVAG).
O processo de normalizao
O processo de se dar normas vida social, ou seja, a imposio de regras de comportamento
foi algo de destaque para a generalizao da normalidade como ideal. A linguagem
22
UNIDADE I
no sculo XIX que a psiquiatria tenta ganhar espao pregando que a anormalidade
vai desde a irregularidade familiar a infrao lei. Aquele que comete um ato infracional
no mais julgado por aquele ato, mas sim por seu comportamento passado, ou seja, por
apresentar inconformismo s normas vigentes. A condenao no feita pelo Estado e
aplicada pelo Juiz, mas sim pelo diagnstico psiquitrico.
Muitos tericos, de vrias reas de estudos e pesquisas, defenderam as reformas
sociais com base no controle mdico; Morel e Gobineau, (Benedict Augustin Morel,
1809/1873 e Joseph Arthur de Gobineau, 1816/1882) na Frana consideravam vlida
a analogia entre classe e raa e definiam a mobilidade de classes como uma forma de
miscigenao, termo criado pela pseudocincia racial da poca e que descrevia o
temor da degenerao inerente dos filhos de pais de origem racial diferente. O mestio
convivia com o estigma de uma fraqueza intrnseca, o fantasma de ter se afastado de
suas origens e estar condenado a desenvolver comportamentos desviantes. (Desvio
um termo apreciativo e relacional, s pode ser aplicado quando se pressupe o que
reto.) (MISKOLCI, 2002).
Sabemos que o desvio algo em relao a uma caracterstica da sociedade considerada
padro, ou seja, o cidado branco, burgus e heterossexual. Se afastar-se da caracterstica
de pessoa branca, torna-se uma pessoa fraca; a miscigenao do branco com o
negro resulta no mulato, cujo termo o diminutivo de mulo, de origem espanhola;
ora, sabemos que o mulo o resultado do cruzamento da gua e do jumento, e uma
cria estril. Qualquer que fosse o desvio da normalidade, o indivduo afastar-se-ia do
padro burgus e, portanto, da ordem social na qual ele tinha que se inserir.
24
UNIDADE I
Pode-se observar que o trabalho era tido como a cura da pobreza; a sociedade burguesa
prega o trabalho como forma de normalidade e os inativos passam a ser perseguidos.
Depreende-se da que a oposio entre normalidade e doena o resultado do
desenvolvimento da sociedade burguesa, onde a produtividade econmica e utilidade
prtica so consideradas os principais padres de referncia de identidade.
A sociedade burguesa buscava por meio do discurso cientfico
estabelecer uma duvidosa relao entre sexo e verdade. A famlia, a
clula mater da sociedade era considerada o prottipo da sade e
da vida. Esse sistema centrado na aliana legtima apoiava-se em um
discurso que, ao mesmo tempo em que se revelava consensual sobre
a monogamia heterossexual, problematizava e punha em evidncia a
sexualidade infantil, dos loucos, dos criminosos, o prazer dos que amam
seus iguais. A exigncia de normalizao burguesa no visava expulsar
as sexualidades denominadas de pervertidas, antes, as classificar em
busca de alguma forma de normaliz-las. As classificaes sexuais
fazem parte da retrica da degenerao criada por autores como KrafftEbing, Lombroso e Nordau e se baseia em categorias autocontidas. Em
todas as doenas consideradas inerentes a etiologia e os sintomas so
os mesmos. Em geral, a anlise comea com a exposio de algum tipo
de desvio sexual e resulta em perverso sexual. O que salta aos olhos
do leitor de uma das Psychopathia Sexualis do sculo XIX que seu
discurso tem um teor muito baixo no apenas de cientificidade, mas at
mesmo carece de racionalidade elementar. (MISKOLCI, 2002).
Em um
26
CAPTULO 4
Saberes e prticas normalizadoras
Eugenia
Figura 4.
Fonte: <https://www.google.com.br/search?q=eugenia&tbm=isch&source>.
A Eugenia surgiu a partir das ideias de Francis Galton (1822-1911), primo de Darwin,
que estava empolgado com o trabalho de seu primo e com as recentes redescobertas das
experincias realizadas pelo monge Gregor Mendel; essa ideia era baseada na gentica
mendeliana e na teoria da evoluo das espcies de Darwin, propondo a melhoria
gentica da raa humana sob a tutela das autoridades cientficas, interferindo no
papel da natureza. O professor Jos Roberto Goldim, da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, seguindo Galton, classifica a eugenia como o estudo dos agentes sob
o controle social que pode melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras
geraes, seja fsica ou mentalmente.
Em publicao de 1865, no livro Hereditary Talent and Genius, Galton defende a
ideia de que a inteligncia predominantemente herdada, no sendo fruto de uma
ao ambiental. Assim, ele defendia que a seleo natural que ocorre nas espcies deve
ser substituda pela seleo consciente feita pelo homem, a partir de conhecimentos
adquiridos com estudos da evoluo humana em tempos anteriores e com isso, fazer a
seleo do progresso fsico e moral do homem futuro.
Com essa ideia, muitas sociedades cientficas comearam a se interessar pelo assunto;
em 1908, em Londres, foi fundada a Eugenics Society, organizao que defendia
essas ideias de forma organizada e ostensiva. Em vrios pases europeus proliferaram
27
Criminologia
Figura 5.
Fonte: <https://www.google.com.br/#q=fotos+de+criminologia>.
28
UNIDADE I
Os tericos franceses pregavam que a mobilidade das classes era questo perigosa no
que se referia a hibridizao, ou seja, a miscigenao.
29
Na Alemanha, a obra de Eduard Reich berdie Entartung des Menschen: Ihre Ursachen
und Verhtung (sobre a Degenerao do Homem: sua origem e preveno), publicada
em 1868 exerceu grande influncia no que se refere necessidade de controle pblico
da degenerao humana (em especial, deveria haver controle da atividade sexual das
classes, para que no houvesse miscigenao); a forma encontrada para tentar manter
esse controle foi a imposio de uma moral rgida; essa obra pregava que a falta de
controle da organizao social traria a corrupo de seus membros; que a miscigenao
com negros representava a sexualidade degenerada e isso ameaaria a democracia
(ento vigente na Alemanha).
Esse discurso contra a vida moderna deu origem quilo denominado como anomia que
era qualificado como um comportamento socioptico, onde o indivduo poderia apresentar
atos violentos contra os outros e contra si, podendo levar at mesmo ao suicdio.
30
CAPTULO 5
Teoria Queer e a emergncia
das diferenas
Figura 6.
Fonte: <www.google.com.br>.
A Teoria Queer passou a ser desenvolvida ao final dos anos 80 por pesquisadores.
Um dos primeiros obstculos traduzir para a lngua portuguesa o termo queer: ele
pode ser entendido como estranho, excntrico, raro ou at mesmo como ridculo;
observa-se que o termo mostra um tom pejorativo, tem o intuito de degradar queles
a que so assim chamados; assim, a ideia dos tericos dar um novo significado ao
termo, passando a entender queer como uma prtica de vida que se coloca contra
as normas socialmente aceitas. Foi em uma conferncia na Califrnia, em fevereiro de
1990, que Teresa de Lauretis empregou a denominao Queer Theory. Vale mencionar
que o termo antigo e servia como conotao negativa contra aqueles que rompiam
com as normas de gnero e sexualidade vigentes.
O dilogo entre a Teoria Queer e a Sociologia foi marcado pelo
estranhamento, mas tambm pela afinidade na compreenso da
sexualidade como construo social e histrica. O estranhamento queer
com relao teoria social derivava do fato de que, ao menos at a dcada
de 1990, as cincias sociais tratavam a ordem social como sinnimo
de heterossexualidade. O pressuposto heterossexista do pensamento
sociolgico era patente at nas investigaes sobre sexualidades no
hegemnicas. A despeito de suas boas intenes, os estudos sobre
minorias terminavam por manter e naturalizar a norma heterossexual.
(MISKOLCI, 2009).
31
Os estudiosos sobre a Teoria Queer encontram nas obras de Foucault alguns conceitos
para um estudo mais terico e mais ambicioso para as cincias sociais. Segundo
Foucault, vivemos em uma sociedade que, h mais de um sculo, fala prolixamente
de seu prprio silncio, obstina-se em detalhar o que no diz; denuncia os poderes que
exerce e promete libertar-se das leis. (FOUCAULT, 2005, p.14). Para ele, a sexualidade
tornou-se objeto de estudo de sexlogos, psiquiatras, psicanalistas, educadores etc.
como algo que pode/deve ser regulado, saneado e normatizado, sendo ela, a sexualidade,
algo aceitvel ou perverso.
Sob a tica de Jacques Derrida (filsofo francs, 1930/2004) a Teoria Queer pode
ser resumida a seu conceito de suplementaridade e perspectiva metodolgica da
desconstruo. A suplementaridade mostra que significados so organizados por meio
de diferenas em uma dinmica de presena e ausncia, ou seja, o que parece estar fora
de um sistema j est dentro dele e o que parece natural histrico. Na perspectiva de
Derrida, a heterossexualidade precisa da homossexualidade para sua prpria definio,
de forma que um homem homofbico pode-se definir apenas em oposio quilo que
ele no : um homem gay.
Nas palavras do socilogo Steven Seidman, o que seria o estudo daqueles conhecimentos
e daquelas prticas sociais que organizam a sociedade como um todo, sexualizando
heterossexualizando ou homossexualizando corpos, desejos, atos, identidades,
relaes sociais, conhecimentos, cultura e instituies sociais. (SEIDMAN, 1996, p.13).
Devido existncia de um fator de repulsa e ser posto marginalidade, a construo
da identidade sexual pode ser encarada como excludente, uma vez que so mantidas
32
UNIDADE I
em silncio outras experincias sexuais mltiplas. Da a teoria queer trazer tona essas
identidades e experincias, propondo um significado aberto e passvel de contestao
para encorajar o surgimento de diferenas e a construo de uma cultura diversificada.
Segundo Guacira Lopes Louro (2007), de acordo com a concepo liberal de que a
sexualidade uma questo absolutamente privada,
alguns se permitem aceitar outras identidades ou prticas sexuais
desde que permaneam no segredo e sejam vividas apenas na intimidade.
O que efetivamente incomoda a manifestao aberta e pblica de
sujeitos e prticas no heterossexuais. Revistas, moda, bares, filmes,
msica, literatura, enfim, todas as formas de expresso social que tornam
visveis as sexualidades no legitimadas so alvo de crticas, mais ou
menos intensas, ou so motivo de escndalo. Na poltica de identidade
que atualmente vivemos sero, pois, precisamente essas formas e
espaos de expresso que passaro a ser utilizados como sinalizadores
evidentes e pblicos dos grupos sexuais subordinados. Sendo assim, se
trava uma luta para expressar uma esttica, uma tica, um modo de
vida que no se quer alternativo, mas que pretende, simplesmente,
existir pblica e abertamente, como os demais. (MIRANDA e GARCIA).
33
CAPTULO 6
Escola de Chicago
Figura 7.
Fonte: <https://www.google.com.br/#q=escola+de+chicago>
Um pouco de histria
A Universidade de Chicago foi fundada em 1890, a partir de investimentos de John
Rockefeller, o qual incentivou a criao de uma universidade nessa cidade; ela foi a
primeira universidade norte-americana a ter um departamento de sociologia e foi
chamada de Escola de Chicago por Luther Bernard, em 1930. Quando fundada, Chicago
era a terceira maior cidade americana e vivia um crescimento em razo da expanso
industrial, reduo da taxa de mortalidade e grande imigrao de europeus e americanos
vindos de outras cidades; isso gerou dficit nas vagas de empregos e tambm na rea
habitacional. Isso, por consequncia, aumentou os conflitos sociais.
Sociologia
No h uma definio especfica para a corrente sociolgica chamada Escola de Chicago,
mas pode ser entendida como conjunto pesquisas, realizadas entre 1915 e 1940 pelos
pensadores dessa escola; vale lembrar que essa denominao no uma corrente terica
comum e tambm no apresenta homogeneidade das ideias apresentadas, mas as
caractersticas comuns so os mtodos usados para os estudos: utilizaram documentos
pessoais, trabalhos de campo e a explorao de diversas fontes documentais; antes
da Escola de Chicago, considerada o bero da sociologia na Amrica do Norte, as
investigaes sociolgicas eram baseadas em pesquisas sociais impregnadas de moralismo,
mais parecido a um jornalismo investigativo que uma investigao cientfica. Ainda:
alguns estudiosos a classificam como uma sociologia urbana, com estudos voltados para
34
UNIDADE I
Uma das caractersticas dos estudiosos da Escola de Chicago foi o fato de estudar os
acontecimentos de forma individual, ou seja, ver o problema do indivduo, para depois
passar ao contexto social.
A importncia do conceito de atitude elaborado por Thomas e Znaniecki
est diretamente ligada aos estudos relacionados aos imigrantes,
sobretudo quando rejeitavam as ideias reducionistas biologia, de que
comportamentos individuais se desviantes s normas caracterizavam-se
como problema fisiolgico. (BARAUNA, 2013).
35
A criminalidade
A Escola de Chicago foi tambm responsvel por estudos relacionados criminalidade
ocorrida em Chicago; alguns estudiosos desenvolveram teses fundamentando na
desorganizao social o motivo da criminalidade na cidade; para Thrasher, em
alguns bairros viviam imigrantes europeus, de onde surgiam as gangues (quadrilha,
bando, associao criminosa, s quais so atribudas praticas de crimes ou atividades
consideradas ilegais em determinado ordenamento jurdico). Elas estavam em
verdadeiros cintures de pobreza e serviam como resposta desorganizao social; ela
oferecia sociedade aquilo que o Estado no conseguia oferecer. (Ser que essa histria
no se repete no Brasil atual?)
A constituio de um delinquente (componente de uma gangue) se d pelos seguintes
fatores: Uma vida familiar inadequada, a pobreza, um ambiente deteriorado, uma
religio eficaz, uma educao falha e lazeres inexistentes formam, em seu conjunto, a
matriz do desenvolvimento das gangues. (COULON apud Thrasher, p.66).
Uma das principais correntes tericas oriundas da Escola de Chicago a Ecologia
Criminal, onde os estudiosos concluem que o crime no depende somente do indivduo,
mas do meio ambiente e dos grupos aos quais pertence.
UNIDADE I
Indivduo e sociedade
No perodo de 1912 e 1922, a Sociologia da escola de Chicago se caracterizou por
pesquisas cujas linhas de interesse eram de orientaes tericas e linhas de investigao
concentradas nas relaes raciais e no problema da populao negra na Amrica do
Norte. Em termos prticos, a preocupao dos pais fundadores da escola sociolgica
de Chicago estava em emphasized sciense and the importance of understanding social
problems in terms of the process and forces that produce them (BULMER, 1984,
p.89). Em uma livre traduo: a cincia enfatizou a importncia de compreender os
problemas sociais em termos de processo e as foras que os produzem.
Durante longo perodo, os cientistas que trabalhavam juntos se interessavam pelos
temas e assuntos da sociedade contempornea e tambm das sociedades triais e
tradicionais. Grande parte dessa preocupao adveio da influncia do pensamento
social alemo de Georg Simmel que destacou que os contedos da vida humana
guardam estreita relao com a vida social, e que a realidade no pode ser apreendida
em sua imediaticidade. (FRANA, 2006). No fundo, Simmel buscava um conceito de
sociedade que no a reduzisse a um mero agregado de indivduos, mas que tambm
no a tornasse uma entidade transcendente em relao aos sujeitos. A identificao da
sociedade e das relaes recprocas conduz ao estudo das relaes sociais pelas quais os
indivduos e os grupos sociais de um determinado territrio se comprometem entre si.
(RIUTORT, 2008).
Foram as condies da sociedade americana da dcada de 1890 que fizeram o
pragmatismo (doutrina metafsica, o sentido de uma ideia corresponde ao conjunto dos
seus desdobramentos prticos) resultar na Sociologia. A rapidez na industrializao,
o grande nmero de imigrantes trouxeram mudanas nas classes sociais americanas.
At a Primeira Guerra Mundial, o pensamento social nos Estados Unidos
esteve voltado para o estudo dos problemas sociais, estes entendidos
como: caridade pblica, recuperao de pessoas desencaminhadas,
questes ligadas economia domstica, delinquncia, falta de moradias.
Posteriormente, os pesquisadores norte-americanos focaram-se nas
investigaes sobre o crescimento das camadas populares marginalizadas
e nos aspectos patolgicos da sociedade, que o iderio religioso
protestante via apenas sob o prisma das condies de sade fsicas e
mentais e de probidade moral. Essa trajetria levou a introduzir, nos
estudos sociolgicos nos Estados Unidos, uma disciplina voltada para
a ao e a reforma social, e a consolidar os mltiplos ferramentais
utilizados pela Escola de Chicago para realizar seus trabalhos de campo.
(VALENTIN E PINEZ).
37
UNIDADE I
39
CAPTULO 7
Michel Foucault
Figura 8
Fonte: <https://www.google.com.br/#q=foucault>
Michel Foucault (1926/1984) foi destacado filsofo e professor de Histria dos Sistemas de
Pensamento no Collge de France no perodo de 1970 a 1984. Nascido em uma tradicional
famlia de mdicos, Michel Foucault frustrou as expectativas de seu pai, cirurgio e
professor de anatomia em Poitiers, ao interessar-se por histria e filosofia. Conhecido por
suas crticas s instituies sociais, em essencial ao que se refere Psiquiatria, s prises,
tambm merece destaque a sua posio sociolgica relativa complexa relao entre o
poder e o conhecimento (excelente tema para trabalho de monografia no mesmo?). A
partir da anlise de seus trabalhos, Foucault foca seus estudos na vida e nos diferentes
processos de subjetivao ( o processo de tornar-se sujeito).
UNIDADE I
Sexualidade
Na primeira parte de sua obra, Foucault mostra a maneira como a sociedade ocidental,
desde o sculo XVII, se relaciona com o tema sexualidade. Antes desse perodo, o
41
filsofo mostra que o tema sexo era tratado de forma bem diferente forma como
tratado hoje. As relaes tinham mais franquezas e o assunto no era um obstculo
ou algo obsceno como tratado nos dias de hoje. Essa proibio se acentua na era
vitoriana, onde passa a ser algo cheio de mistrio; um tema restrito famlia conjugal
e ao casal, o qual responsvel pela procriao.
de se observar que essa represso sexualidade coincide com o desenvolvimento do
capitalismo e busca-se uma justificativa: o trabalho se sobrepe ao prazer; o indivduo
que fala abertamente sobre sexo rotulada transgressora lei. A anormalidade sexual
tida, durante muito tempo, como anomalias que no devem s ser punidas, mas
tambm extintas.
Conforme as dcadas foram avanando, v-se uma exploso discursiva acerca da
sexualidade e a cada ano aumentava o nmero de indivduos que trata o assunto de
um modo mais liberal. De maneira gradual, ocorre a definio de com quem, quando
e como pode ser falado sobre sexo; a que as confisses catlicas determinam o que
deveria ser falado aos padres: as estripulias carnais.
A exploso de discursos sobre o tema levou a um movimento centrfugo em relao
monogamia heterossexual, regra bsica da sociedade ps-vitoriana. Ao mesmo tempo,
surgem diversas sexualidades perifricas, combatidas, porm, crescentes: atraem muita
ateno, tanto dos cdigos indulgentes, quanto da sociedade. Por fim, Foucault diz que
preciso abandonar a ideia de que as sociedades industriais iniciaram um processo
de represso intensa do sexo: segundo ele, h uma exploso visvel de sexualidades
herticas e a garantia da proliferao de prazeres especficos e a multiplicao de
sexualidades disparatadas.
UNIDADE I
43
CAPTULO 8
Anlise dos problemas de evoluo
normal e da patologia social
Figura 9.
UNIDADE I
Vale mencionar que Durkheim trouxe um conceito mais definido sobre a diferena entre
a normalidade e a patologia. A linha de raciocnio durkheiniano constituda mediante
a premissa que a partir da observao que a sociedade determina as ordens dos fatos:
os que devem ser, os que so e os que deveriam ser distintos daquilo conceituado como
fenmenos normais e fenmenos patolgicos.
O critrio que se adota, atualmente, para determinar a doena o sofrimento e a dor,
segundo Durkheim, mas admite ser um critrio insuficiente, uma vez que determinados
sofrimentos so considerados normais, entre eles o parto, a fome e o cansao fsico
aps esforo. Outra viso da doena seria a perturbao da adaptao do organismo
ao meio, mas traria alguma dvida, pois seria preciso estabelecer princpios que
definissem que um determinado modo de adaptao mais perfeito do que outro[...]
e esse princpio, entretanto, poderia ser estabelecido em relao s possibilidades de
sobrevivncia, definindo-se como estado saudvel aquele em que as possibilidades de
vida fossem maiores, e como o doentio o que diminusse essas possibilidades.
46
UNIDADE I
47
QUESTES ATUAIS
UNIDADE II
CAPTULO 1
Crescimento populacional, nveis de
renda, emprego, educao e sade
Crescimento populacional
Figura 10
Fonte: <http://www.mundoeducacao.com/geografia/crescimento-populacao-mundial.htm>.
QUESTES ATUAIS
UNIDADE II
Fonte: <http://www.mundoeducacao.com/geografia/crescimento-populacao-mundial.htm>.
QUESTES ATUAIS
UNIDADE II
Fonte: <http://www.mundoeducacao.com/geografia/crescimento-populacao-mundial.htm>.
Alguns estudos apontam que a fome pode ser de duas formas: aberta ou epidmica; e
oculta ou endmica.
A fome aberta aquela que ocorrem em pocas de guerra, desastres
ecolgicos em uma determinada regio. Obviamente, a consequncia a
morte de muitas pessoas. Nos dias atuais, esse tipo de morte mais difcil
51
ocorrer uma vez que as ajudas chegam essas reas afetadas por esse tipo
de acontecimento.
A fome oculta aquela quando o indivduo no consegue alimentao
adequada e no ingere a quantidade necessria de calorias ao dia;
obviamente, o resultado disso a desnutrio ou a subnutrio ,
fenmeno que acomete mais de 800 milhes de pessoas em todo o
mundo. Claro que essa subnutrio fragiliza a sade; crianas tem dficit
de aprendizagem e as doenas se propagam de forma alarmante.
A subnutrio no decorrente de produo insuficiente de alimentos; pelo contrrio;
decorrente do desperdcio, da falta de polticas pblicas para a distribuio adequada
desses alimentos.
Fome no Brasil
Ainda que o Brasil tenha conseguido grandes avanos tecnolgicos no desenvolvimento
da agricultura, a fome ainda um grande problema a ser enfrentado. Esse processo no
consequncia da escassez de alimentos, mas sim da desigualdade da distribuio de
renda. Esse nmero chega a 32 milhes de pessoas passando fome ou que no ingerem
a quantidade mnima necessria de calorias dirias. uma grande disparidade se
lembrarmos de que o Brasil tem grande extenso territorial e terras com grande
potencial agrcola. (Pelos campos h fome em grandes plantaes Para no dizer
que no falei das flores Geraldo Vandr). A concentrao fundiria uma das
responsveis por esse problema; vale mencionar que 10% da populao brasileira
detentora de grandes fortunas.
difcil entender como um pas Brasil est sempre superando os nmeros de
produo agrcola e tambm aumenta o nmero de pessoas passando fome (mais um
excelente tema a ser desenvolvido para monografia). Um dado sobre esse assunto
que a monocultura destinada exportao, uma vez que os pases desenvolvidos
compram essa produo visando alimentao animal. Ainda que existam polticas
pblicas destinadas (em nvel federal, estadual e municipal) soluo deste problema,
ou pelo menos, minimiz-lo, no se consegue resolv-lo; isso no ocorre somente nas
regies mais carentes; a regio sudeste tambm padece com esse problema.
A soluo para a questo parece distante, envolve uma srie de fatores
estruturais que esto impregnados na sociedade brasileira. Fornecer
cestas bsicas no resolve o problema, apenas adia o mesmo, preciso
oferecer condies para que o cidado tenha possibilidade de se
autossustentar por meio de um trabalho e uma remunerao digna.
(EDUARDO DE FREITAS).
52
QUESTES ATUAIS
UNIDADE II
Nveis de renda
Em texto bastante lcido e atual, Alessandra Saraiva e Diogo Martins publicaram, no
site da revista Valor Econmico (9/12/2012), que os nveis de instruo das pessoas
esto atrelados ao aumento de renda, conforme anlise de dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatstica (IBGE). Em resultados de pesquisas feitas em 2010, as
maiores parcelas de pessoas com 25 anos de idade ou mais e que apresentavam ensino
superior completo eram pessoas de famlias com renda per capita superior a 3 a 5
salrios mnimos. Ao contrrio, a maior parcela de indivduos com idade acima de 25
anos e sem instruo (ou com ensino fundamental incompleto) so pessoas de famlias
com renda per capita entre e 1 salrio mnimo.
Fonte: <http://www.brasilescola.com/brasil/nivel-renda.htm>.
A renda per capita corresponde riqueza Produto Interno Bruto (PIB) que um
pas produz e esse resultado dividido pelo nmero de habitantes. Vale lembrar que
uma elevada renda per capita no confirma ou no reflete a realidade, pois de uma
forma geral a renda mal distribuda. No Brasil, alguns dados do IBGE mostram que
houve aumento nos indicadores sociais; no entanto, a distribuio de renda ainda se
mantm muito desigual porque a minoria da populao brasileira recebe altos salrios
e a grande maioria ganha pouco ou quase nada.
Hoje, no Brasil, cerca de 49 milhes de pessoas recebem at meio
salrio mnimo per capita e cerca de 54 milhes de brasileiros no
possuem rendimento, esses so considerados pobres. As disparidades
so explcitas entre regies e estados brasileiros. No Nordeste, 51% da
populao vivem com at meio salrio mnimo, ao contrrio da regio
53
Fonte: <https://www.google.com.br/#q=karla+von+dollinger+r%C3%A9gnier>.
Em texto bastante lcido, Karla von Dllinger Rgnier, sociloga, argumenta ser
inquestionvel que o mundo atualmente passa por profundas mudanas, as quais alguns
estudiosos acreditam que sejam transformaes sem precedentes. Essa crise apresenta
um duplo aspecto: atinge
os modelos produtivos na sua base material de produo e reproduo,
os modos de produzir e fazer circular as mercadorias, e atinge as formas
de socializao, a prpria cultura, os modos de vida das pessoas
bem como os instrumentos de pensamento utilizados para explicar a
realidade e planejar o futuro. (RGNIER).
QUESTES ATUAIS
UNIDADE II
55
56
CAPTULO 2
A distribuio dos recursos naturais
Figura 15.
Fonte: <http://revistaplaneta.terra.com.br/secao/meio-ambiente/tudo-menos-desperdicio>
Podemos dizer que tudo que feito ou construdo provem da Terra assim como tudo
que descartado, no tem como sair do planeta Terra (para ns, a frase jogar fora no
existe excelente tema para monografia e debates, no mesmo?).
A populao depende cada vez mais de recursos minerais e energticos e esses so cada
vez mais escassos. Vale mencionar tambm que a localizao e custos de produo
desses recursos variam, tornando-os mais escassos.
O problema dos recursos minerais uma questo de economia do
desenvolvimento desses recursos de uma forma social e ambientalmente
responsvel. Um bom planejamento e decises que respeitem o
desenvolvimento sustentvel dos recursos precisam de uma perspectiva
global em longo prazo e de uma abordagem integrada relativa ao uso
do subsolo, aos recursos e gesto ambiental. Por outro lado, essa
abordagem requer que informaes imparciais sobre a distribuio
global dos recursos minerais conhecidos, os fatores econmicos que
influenciam seu desenvolvimento e as consequncias ambientais da sua
explorao estejam disponveis.
Muitos pases buscam tecnologias para minimizar o volume da extrao das matrias
primas como uma forma de proteger o ambiente e conservar a qualidade e a quantidade
dos recursos hdricos. A produo de resduos menos ofensivos ao homem e natureza,
assim como a obteno de melhores produtos (mais funcionais).
57
Para Evandro Brando e Terezinha Fraxe, em seu texto Coisas: produo, distribuio,
consumo e sustentabilidade trazem que as relaes de produo e consumo e a
apropriao da natureza produz a insustentabilidade do planeta. A abordagem considera
o mundo capitalista, em busca da satisfao das necessidades humanas, que so
ilimitadas, diante de recursos limitados. E nessa busca, o capitalismo extrai recursos
naturais, produz coisas necessrias ou no, distribuindo-as globalmente, enquanto
incentiva o consumo intensivo tanto de novidades do dia a dia quanto da moda.
A utilizao dos recursos naturais, na busca de satisfao das necessidades humanas,
representa a parte central de um processo iniciado com a extrao desses recursos da
natureza. O sistema capitalista, visto como um sistema social, mantm famlias, empresas
e governos justapostos, de maneira a alimentar os fatores de produo: trabalho, capital,
recursos naturais, tecnologias etc. O que se percebe disso que a produo intensiva das
coisas busca manter o capitalismo em funcionamento e diante dessa realidade, sabe-se
que os recursos naturais so de fontes finitas, e, por consequncia, quanto maior e mais
acelerada a produo, mais rpida ser a exausto dessas fontes.
O trabalho de Nicholas Georgescu-Roegen, como citou Nascimento (2012, p.5), aborda
a economia, como um subsistema da ecologia, interagindo com a natureza em seu
processo de transformao, baseado na segunda lei da termodinmica (entropia).
Como j mencionado, as necessidades humanas so ilimitadas e os recursos disponveis
para satisfaz-las so limitados. Assim, a economia se desenvolve baseada na escassez
dos recursos naturais e ao extrair recursos naturais e transform-los em coisas, os
empresrios atendem aos seus prprios interesses e queles da sociedade.
Se, por um lado, os recursos naturais ocorrem e distribuem-se segundo uma
combinao de processos naturais, por outro, sua apropriao ocorre segundo valores
humanos. Alm da demanda, da ocorrncia e de meios tcnicos, a apropriao dos
recursos naturais pode depender tambm de questes geopolticas, sobretudo, quando
se caracterizam como estratgicos, envolvendo disputa entre povos.
QUESTES ATUAIS
UNIDADE II
Alguns fatores foram decisivos para a mudana dessa viso sobre a natureza e um
deles foi a descoberta do Novo Mundo. Os primeiros a se referir cincia como
ecologia foram os botnicos e foi nos Estados Unidos, no sculo XIX que houve mais
desenvolvimento de uma ecologia dinmica, a qual era baseada na ideia de que o habitat
primitivo serviria como laboratrio natural para o estudo da natureza. A viso ecolgica
desses cientistas ensinava como as plantas e as comunidades vegetais regulavam suas
formas e seus comportamentos na base dos fatores gua, luz, temperatura e solo. Nesse
sentido, talvez, no seja uma mera casualidade o fato de as condies de conservao e
reproduo de tais fatores serem hoje apontadas como as mais preocupantes da crise
ecolgica no plano global: a exausto das guas subterrneas e o enxugamento dos
grandes lagos, a desertificao e salinizao dos terrenos, o efeito estufa, o buraco na
camada de oznio.
Consumo e desperdcio
A sociedade capitalista valoriza o indivduo pelo objeto que ele adquire e para fomentar
a aquisio de bens, o mercado cria hbitos nada saudveis sob a tica da natureza (e
consequentemente, os recursos naturais). de chamar a ateno como o aumento da
populao mundial contribuiu para a variedade de produtos criados e a presso sobre
59
60
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Anexos
InfoEscola: navegando e aprendendo
Michel Foucault
Por Ana Lucia Santana
ANEXOS
Foucault no sculo 21
<http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/foucault-no-seculo-21/>
Vinte e cinco anos aps sua morte (1926/1984), as ideias do filsofo francs continuam
no cerne das pesquisas em cincias humanas: da psicologia ao direito; da filosofia
educao.
70
ANEXOS
Andr Duarte
Poucos pensadores exerceram maior impacto sobre as cincias humanas que Michel
Foucault. Vinte e cinco anos aps sua morte, ocorrida no dia 25 de junho de 1984, o carter
generoso de suas ideias inovadoras se manifesta na renovao do campo de investigao
da psicologia, da psiquiatria, da histria, do direito, da arquitetura, da filosofia, da
sociologia e da educao, entre outras disciplinas. Dos anos 1960 ao comeo da dcada
de 1980, Foucault formulou conceitos e abordagens tericas que descortinaram novos
objetos e demoliram velhas questes ao demonstrar que a histria no o palco pelo
qual desfilam os mesmos problemas singulares de sempre. Como poucos entre seus
contemporneos, Foucault soube apropriar-se do projeto nietzscheano de destruio e
transvalorao dos valores vigentes, ensinando-nos a desconfiar da herana metafsica
incrustada em conceitos supra-histricos como o Homem, a verdade, a natureza, o
poder, a razo, o sexo, o corpo etc.
As marcas de sua genialidade intelectual j se anunciavam em sua primeira grande obra:
A histria da loucura na idade clssica, publicada em 1961. Abria-se ali o espao de
pesquisas que Foucault denominou como uma arqueologia das cincias humanas, e que
culminaria em obras fundamentais como: As palavras e as coisas, O nascimento da
clnica e Arqueologia do saber. Nelas, o autor empreendeu uma crtica no epistemolgica
da razo, isto , um questionamento que no visava avaliar a evoluo histrica da
cientificidade das cincias, mas trazer luz os pressupostos profundos que permitiram
modernidade entronizar a razo como critrio absoluto a partir do qual se poderia
determinar, por exemplo, o ser da loucura. Assim, ao elaborar sua peculiar histria da
loucura, Foucault abriu mo da ideia de que a relao histrica entre razo e loucura se
dera a partir da contnua e gradual conquista das luzes sobre as sombras, roteiro em que
a psiquiatria representava a conquista da suposta verdade da loucura enquanto doena
mental e a consequente libertao do louco em relao a velhos preconceitos.
Silenciamento da desrazo
Por outro lado, e de maneira mais ambiciosa, Foucault se perguntou como foi que se
definiu a moderna deciso que apartou a razo de seu outro, contando-nos uma histria
na qual o saber psiquitrico era compreendido como a etapa derradeira de um longo
processo de silenciamento da desrazo, cujos primeiros sintomas j se deixariam
evidenciar em acontecimentos do sculo XVII como a instituio do Hospital Geral, o
grande internamento e a metafsica de Descartes. Segundo Foucault, Descartes teria
excludo a loucura do processo da dvida metdica que leva descoberta do cogito,
explicitando assim a deciso fundamental da modernidade em opor a ordem da razo
desordem da desrazo: se duvido, penso, e se penso no posso ser louco.
71
ANEXOS
Saber-poder-verdade
Em 1970, Foucault foi eleito para o prestigioso Collge de France e sua aula inaugural,
A ordem do discurso, sinalizou uma virada em suas reflexes. Por certo, a poltica
no estivera ausente das pesquisas arqueolgicas, como testemunha seu acirrado
embate com Sartre, a fenomenologia francesa e com os marxistas. Entretanto, agora
Foucault no mais se contentava em avaliar as condies arqueolgicas de ordenao
dos enunciados, mas comeava a interrogar os sistemas de excluso e rarefao que
envolvem toda enunciao discursiva. Sob forte inspirao nietzscheana, Foucault
passava a questionar certas figuras histrico-polticas da vontade de verdade e da
vontade de saber que permearam a histria ocidental, perguntando-se, ento, quem
pode dizer algo e sob quais condies institucionais. Iniciava-se assim o perodo de
suas investigaes genealgicas, centradas no questionamento especfico das relaes
intrnsecas entre saber-poder-verdade. Foucault insistir em que no h verdade fora
do poder ou sem o poder, pois toda verdade gera efeitos de poder e todo poder se ampara
e se justifica em saberes considerados verdadeiros.
Nas pesquisas genealgicas dos anos 1970, Foucault analisou a constituio histrica
das relaes de poder em seu carter produtivo e eficaz em obras fundamentais como
Vigiar e punir e o volume I da Histria da sexualidade. Nelas, ele questionou a
concepo filosfica moderna do sujeito constituinte e substituiu-a pela concepo de
que o sujeito constitudo historicamente, simultaneamente constituio das prticas
e dos discursos que se multiplicaram nas diversas instituies sociais nascentes a partir
do sculo 17, tais como a escola, o hospital, o quartel, as fbricas.
72
ANEXOS
Quanto anlise das relaes de poder, observava-se uma dupla inovao: por um lado,
Foucault desviava os olhos da relao jurdica entre o Estado e o cidado para lanar seu
olhar microscpico sobre as mltiplas relaes de poder presentes nas instituies sociais
nas quais se forjou o indivduo disciplinado e normalizado. Por outro lado, fugindo
tpica do poder repressor, Foucault descobriu que os micropoderes disciplinares exerciam
seus efeitos positivos e discretos sobre o corpo dos indivduos visando transform-lo num
corpo dcil e til, segundo a conhecida frmula de Vigiar e punir. Com as pesquisas
genealgicas, Foucault se props a investigar como se produziu o indivduo moderno, o
sujeito sujeitado e disciplinado em seus gestos, comportamentos, discursos etc.
Biopoltica
Se o ponto de partida da genealogia foucaultiana do poder foi a descoberta dos
micropoderes disciplinares que visavam administrao do corpo individual, seu ponto
de chegada foi a descoberta do biopoder e da biopoltica. Tratava-se de uma nova forma
de exerccio do poder soberano, nascente na passagem do sculo XVIII para o XIX, cujo
alvo no era mais a produo do indivduo dcil e til, mas a gesto calculada da vida da
populao de um determinado corpo social. Foucault chegou descoberta do biopoder
ao analisar o que chamou, em Histria da sexualidade, de dispositivo da sexualidade,
isto , a sexualidade como o produto de discursos cientficos e morais pautados pela
vontade de saber, pelo ideal de normalidade e pela obsesso em esconjurar e escrutinar
a anormalidade. Foucault descobriu que o sexo no era apenas a matriz privilegiada para
o exerccio dos poderes disciplinares, pois tambm constitua o foco por excelncia para
o gerenciamento planificado de fenmenos populacionais como as taxas de nascimento
e mortalidade, as condies sanitrias das cidades, os ndices de contaminao etc.
A partir do sculo XIX, interessava ao novo poder estatal estabelecer polticas
higienistas por meio das quais se poderia sanear o corpo da populao, depurando-o
de suas infeces internas. Novamente se evidencia a genialidade de Foucault: ali onde
nossa conscincia iluminista nos levaria a louvar o carter humanitrio de intervenes
polticas visando incentivar, proteger, estimular e administrar as condies vitais
da populao, Foucault descobriu o elo fatal entre higienismo, eugenia, racismo e
genocdio. Em uma palavra, ele compreendeu que a partir do momento em que a vida
passou a se constituir no elemento poltico por excelncia, tal cuidado poltico da vida
trouxe consigo a exigncia contnua e crescente da morte em massa, pois apenas no
contraponto da violncia depuradora que se podem garantir mais e melhores meios
de sobrevivncia a uma dada populao. Eis, portanto, o motivo pelo qual o sculo
XX pde testemunhar o advento do nazismo e do stalinismo, para no mencionar os
inmeros casos em que democracias liberais valeram-se do racismo e do extermnio
para lidar com suas enfermidades e patologias sociais.
73
ANEXOS
Fonte: <http://olhares-inquietos.blogspot.com.br/2011/11/de-acordo-com-o-filosofo-michel.html>
74
ANEXOS
Em segundo lugar, Foucault est insistindo em sua resposta em uma ideia que atravessa
toda a sua obra e que vimos destacando at aqui: existe uma forte correlao entre saber
e poder. Instituies como a escola, o hospital, a priso, o abrigo para menores etc. nem
so politicamente neutras, nem esto simplesmente a servio do bem geral da sociedade.
Ns que acreditamos que elas so neutras, legtimas e eficazes porque acreditamos na
neutralidade, na legitimidade e na eficcia dos saberes cientficos como a pedagogia,
a medicina, o direito, o servio social que lhes do sustentao. Foucault nos ajuda a
perceber, portanto, que h relaes de poder onde elas no eram normalmente percebidas.
O conhecimento no uma entidade neutra e abstrata; ele expressa uma vontade de
poder. Se a cincia moderna se apresenta como um discurso objetivo, acima das crenas
particulares e das preferncias polticas, alheio aos preconceitos, na prtica, ela ajuda a
tornar os corpos dceis, para usar outra de suas expresses.
Se o poder fosse somente repressivo, se no fizesse outra coisa a no ser dizer no,
provoca Foucault, voc acredita que seria obedecido?. Por meio de perguntas como
essa, ele nos leva a refletir sobre os mecanismos de manuteno, aceitao e reproduo
do poder. O poder, tal como Foucault o concebe, no equivale dominao, soberania
ou lei. um poder que se faz aceito porque est associado ao conceito de verdade:
Somos submetidos pelo poder produo da verdade e s podemos exercer o poder
mediante a produo da verdade, afirma ele. Ns estamos acostumados a pensar a
verdade como independente do poder porque acreditamos que ela de nada depende,
nica e absoluta. Assim sendo, temos dificuldade em aceitar a ideia de que o verdadeiro
apenas aquilo que os prprios seres humanos definem como tal. Para Foucault, a
crena nessa verdade que independe das decises humanas que nos autoriza a julgar,
condenar, classificar, reprimir e coagir uns aos outros.
BOMENY, Helena; FREIRE-MEDEIROS, Bianca. Tempos Modernos,
Tempos de Sociologia.
So Paulo: Editora do Brasil, pginas 89/90, 2010.
A psicanalista faz uma reflexo sobre o caso dos Richthofen e diz o seguinte: O
confronto com o horror incompreensvel suscita reaes conservadoras. Culpa-se a
dissoluo familiar, tpica da modernidade tardia. Mas aquela no era justamente
uma famlia dita bem estruturada? Pais unidos, filhos na escola, educados dentro de
limites aparentemente claros: pois no foi a consistente oposio do casal ao namoro
75
ANEXOS
de Suzane com um rapaz de uma classe mais baixa, desempregado, que deflagrou a
tragdia? A reao conservadora no parece levar em conta esse fato. Como no parece
levar em conta que a famlia burguesa bem constituda, monogmica, incestuosa
e claustrofbica, foi, durante os dois sculos de sua vigncia, o grande caldo de
cultura do sofrimento mental moderno. No foi por coincidncia que a psicanlise
surgiu na segunda metade do sculo XIX, quando as famlias bem estruturadas
estavam em seu apogeu e a autoridade paterna se erguia, no espao privado, como
substitutivo simblico de outro pai que, na pr-modernidade, costurava o lao
social e organizava o espao pblico: Deus e seus representantes terrenos, a igreja e
o monarca. No foi por acaso que as formas de mal-estar tpicas da modernidade
o sofrimento neurtico, as inibies, a culpa pelas fantasias recalcadas de incesto e
parricdio tenham se revelado ao ouvido sensvel do dr. Freud em plena vigncia
da famlia vitoriana. Tambm no coincidncia que o parricdio seja um dos pilares
que sustentam a teoria psicanaltica: dipo, Totem e Tabu. No podemos conhecer,
com base no noticirio, as mentes de Suzane von Richthofen e (seu namorado) Daniel
Cravinhos de Paula e Silva.
ANEXOS
Esse nmero quase o triplo, mais precisamente 2.8 vezes, mas no est longe do que
sugere Attenborough.
11 bilhes em 2100
A afirmao de que o crescimento est fora do controle mais difcil de ser medida,
mas poderia provavelmente ser interpretada como uma ideia de que a populao
continuar crescendo na mesma velocidade, e basicamente triplicar em 60 anos.
Se isso acontecer, a populao do mundo pode chegar a quase 40 bilhes at o final
desse sculo.
Mas a ltima projeo da ONU prev uma populao de menos de 11 bilhes, um pouco
mais de um quarto desse nmero.
Esse nmero ainda 50% a mais do que temos hoje, mas mostra que a ONU espera
um crescimento muito mais lento da populao nas prximas dcadas do que em
dcadas passadas.
Alguns podem considerar que um aumento na populao mundial de 7 bilhes para 11
bilhes em 2100 ainda represente um crescimento populacional fora do controle.
Mas esse nmero da ONU divulgado no documento World Population Prospect
(Perspectivas da Populao Mundial), publicado a cada dois anos considerado por,
pelo menos, um especialista como muito alto.
Quando vi esses nmeros eu percebi que eles, quase que certamente, estavam errados,
disse Sanjeev Sanyal, estrategista global do Deutsche Bank, sobre a ltima atualizao
do documento da ONU divulgado em junho deste ano.
Difceis de justificar
Se voc olhar para as taxas de fertilidade em grandes partes do
mundo, elas esto agora abaixo do que necessrio para substituir
a populao.
Sanjeev Sanyal, estrategista global do Deutsche Bank.
ANEXOS
Se voc olhar para as taxas de fertilidade o nmero de bebs que uma mulher tem
ao longo de sua vida em grandes partes do mundo, elas esto agora abaixo do que
necessrio para substituir a populao, diz ele.
Grande parte da Europa, Japo, grandes pases como a China, inclusive
o Brasil, no produzem (os necessrias) 2,2 ou 2,3 bebs (por mulher).
Alguns deles esto muito abaixo desse nvel e, como resultado, quase
certo que estes grandes pases vo ver suas populaes rapidamente em
declnio em algumas dcadas a partir de agora.
A taxa de substituio maior do que dois, porque algumas mulheres vo morrer antes
de chegar ao fim de seus anos frteis.
Alm disso, nos pases em desenvolvimento a ONU prev populaes em rpida
expanso.
Na Nigria, por exemplo, espera-se que o nmero atual de cerca de 160 milhes aumente
para quase um bilho at o final do sculo.
Sanyal ctico.
Certamente os nigerianos vo reconhecer, em algum momento, que as coisas esto
ficando lotadas e vo parar de ter tantos filhos, argumenta.
Divergncias
Ele prev que a populao da Nigria em 2100 ser de 400 milhes a menos do que a
ONU sugere.
Crtico diz que consideraes da ONU sobre taxas de fertilidade no so reais
Suas previses so mais baixas para os dois maiores pases do mundo tambm. Ele
prev que a populao da China ser de 60 milhes a menos do que as previses da
ONU para 2100, e de 100 milhes na ndia.
Mesmo os Estados Unidos so muito suspeitos, diz Sanyal.
Para esse pas, a ONU prev um aumento de 312 milhes de pessoas hoje para 462
milhes em 2100.
Isso seria extraordinrio para um pas que j tem taxas de natalidade
abaixo da taxa de reposio. necessrio um fluxo de imigrao para
os Estados Unidos muito grande para se chegar perto desse nmero.
78
ANEXOS
provvel que muita gente v imigrar para os Estados Unidos. Sanyal aceita que a
populao do pas vai crescer.
Mas para aumentar a esse ritmo, ele insiste que outros pases teriam de estar mostrando
quedas na populao quedas que no aparecem nos dados da ONU.
No geral, Sanyal prev um quadro muito diferente do da ONU, com a populao mundial
chegando a 8,7 bilhes por volta de 2050, e caindo para cerca de 8 bilhes at o final
do sculo.
Esse nmero cerca de um bilho a mais do que temos agora, mas bem menos que os
11 bilhes previstos pela ONU.
Taxas de fertilidade
Ambos Sanyal e a ONU partiram dos mesmos dados censos nacionais de 2010. A
diferena surge porque eles fazem suposies diferentes sobre fertilidade, mortalidade
e migrao.
Eu levei em conta duas ou trs coisas que eu acho que no so adequadamente refletidas
no relatrio da ONU, explica Sanyal.
Eu provavelmente dei mais importncia a fatores como o preconceito
de gnero em pases como China e ndia. O fato de que eles so pases
com muito menos mulheres em idade frtil do que a sua populao em
geral poderia sugerir.
Figura 18.
Fonte: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2013/09/130929_projecao_pop_mundial_an>.
ANEXOS
Variante mdio
Por sua vez, os especialistas da ONU dizem que Sanyal deve ter assumido declnios
muito acentuados nas taxas de fertilidade, que eles no consideram, e que alteraes
muito pequenas na taxa de fertilidade global podem ter um enorme impacto em dcadas
por vir.
As previses da ONU destacam isso.
A estimativa de 10,9 bilhes em 2100 o que conhecido como o variante mdio, que
representa o que a ONU considera o caminho do meio.
Mas, se voc assumir uma taxa de fertilidade de metade de uma criana abaixo disso,
a populao do mundo cairia para 6,8 bilhes at o final do sculo. Adicione metade
de uma criana no modelo da ONU e esse nmero atinge 16,6 Bilhes. Alm disso,
pequenas mudanas nas taxas de fertilidade tm um efeito mais marcante ao longo
do tempo. As previses de Sanyal e da ONU diferem em 800 milhes em 2050. No
entanto, isso aumenta para 2,8 bilhes at 2100. H espao de sobra para discordncia.
Mas vamos torcer para que as divergncias no sejam fora de controle
Anlise de Resultados
As transformaes demogrficas, sociais e econmicas pelas quais passa a sociedade
brasileira impactam as condies de vida e sade da populao, ao mesmo tempo em
que geram novas demandas para o sistema de sade do Pas, pressionando-o no sentido
de adaptar-se ao novo perfil de necessidades.
A desatualizao dos dados dos inquritos de morbidade e a utilizao de servios de
mbito nacional apontavam, em 1996, para a urgncia de gerao de novas informaes
capazes de orientar a frmula ccedil;o e acompanhamento da poltica de sade no Pas.
80
ANEXOS
Necessidades de sade
A populao brasileira residente, em 1998, foi estimada em 158,2 milhes de habitantes.
Destes, 79,1% autoavaliaram o seu estado de sade como sendo muito bom ou bom e
apenas 3,6% como ruim ou muito ruim. Concentrando a anlise nos que responderam
81
ANEXOS
muito bom ou bom (as demais categorias obedecem a um padro inverso), nota-se
um padro bastante claro. Para facilidade de exposio, denominar-se- ndice de
satisfao ao percentual, em cada categoria de anlise, dos que autoavaliam o seu
estado de sade como muito bom e bom.
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
Principais concluses:
O perfil de necessidades em sade no Brasil, em 1998 apreendido por meio das
variveis autoavaliao do estado de sade, restrio de atividades habituais por motivo
de sade e doena crnica reportada apresenta caractersticas comuns:
83
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
84
ANEXOS
Calcula-se que 25,7% das mulheres e 23,0% dos homens brasileiros estejam cobertos
por um plano de sade. O percentual da populao brasileira que possui um plano de
sade varia de um mnimo de 20,7% entre pessoas de at 18 anos, a um mximo de
29,5% entre pessoas de 40 a 64 anos de idade. Entre pessoas com mais de 65 anos a
cobertura atinge 26,1% para os homens e 28,2% para as mulheres.
A cobertura por plano de sade tambm maior entre as pessoas que avaliam seu estado
de sade como muito bom e bom (25,9%) e diminui medida que a autoavaliao do
estado de sade piora. Entre as pessoas que avaliam como ruim ou muito ruim seu
estado de sade, a cobertura menor: 14,5%.
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
Observa-se uma associao positiva entre cobertura de plano de sade e renda familiar:
a cobertura de 2,6% na classe de renda familiar inferior a um salrio mnimo, cresce
para 4,8% entre pessoas cuja renda familiar est entre 1 e 2 salrios mnimos, e passa
a crescer com maior intensidade nas demais classes de renda: 9,4% (2 a 3 salrios
mnimos), 18,0% (3 a 5 salrios mnimos), 34,7% (5 a 10 salrios mnimos) e 76% (20
salrios mnimos e mais).
Cerca de 60% dos planos de sade no Pas contam com financiamento integral (13,2%)
ou parcial (46,0%) do empregador do titular. O titular paga integralmente o plano
em aproximadamente 30% dos casos e cerca de 10% dos titulares tm seus planos
financiados por outras pessoas.
85
ANEXOS
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
Nos titulares com mais de 10 anos de idade predominam (80,1%) aqueles que exerciam
alguma ocupao na semana de referncia da pesquisa. Essa frequncia semelhante
entre titulares de plano de sade privado e aqueles de plano assistncia ao servidor
pblico. No conjunto, 16,0% dos titulares exercem atividades no ramo social que engloba
os servios comunitrios e sociais, servios mdicos, odontolgicos e veterinrios e
servios de ensino; 15,8% trabalham na indstria de transformao e cerca de 10%
trabalham nas reas de comrcio de mercadorias e de administrao pblica. So menos
frequentes os titulares de plano de sade que trabalham nos ramos da agricultura e da
construo (2,1% e 1,8% respectivamente).
A distribuio dos titulares ocupados por ramo de atividade distinta quando so
considerados os planos de sade privados e os planos de assistncia ao servidor pblico.
No primeiro caso, os titulares se concentram na indstria de transformao (20,0%),
no comrcio de mercadorias (12,9%) e nas atividades sociais (11,5%); j no segundo
caso, a ocupao dos titulares est concentrada nas atividades sociais (30,6%) e de
administrao pblica (30,5%).
A participao do empregador no financiamento dos planos privados de sade varia
de acordo com a atividade do titular. Os titulares que contam com maior participao
87
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
ANEXOS
militar (9,7 milhes). Essa estimativa inferior aos nmeros divulgados pela Associao
Brasileira de Medicina de Grupo (ABRAMGE) 41 milhes de pessoas cobertas apenas
pelos planos de sade privados em 1998. No caso dos Estados Unidos, a cobertura
por planos de sade pblicos e privados da ordem de 84% e muito menor nos
pases europeus.
A cobertura por plano de sade expressivamente maior nas reas urbanas; um pouco
superior nas mulheres e nas pessoas entre 40 e 64 anos de idade. tambm maior nas
pessoas que avaliam o seu estado de sade como muito bom ou bom, e aumenta com
a renda familiar.
Comparativamente aos planos de sade de instituto ou instituio patronal de assistncia
ao servidor pblico civil e militar, os planos de sade privados tm titulares mais jovens,
com maior proporo de homens e, em mdia, menor nmero de dependentes.
60% dos planos de sade no Pas contam com a participao do empregador do titular
no seu financiamento. O valor da mensalidade dos planos aumenta com a renda familiar
do titular, mas o gasto privado com a mensalidade reduz-se expressivamente nos planos
que contam com a participao do empregador do titular no financiamento.
A participao do empregador no financiamento do plano varia segundo o ramo de
atividade do titular sendo maior na indstria de transformao e outras atividades
industriais, transportes e telecomunicaes e atividades que incluem aquelas do ramo
financeiro.
A modalidade de contrato mais frequente abrangente e inclui servios ambulatoriais,
hospitalares e de exames diagnsticos e teraputicos.
Os contratos tpicos que caracterizam as operadoras de seguro sade apenas
reembolso so os menos frequentes. Prevalecem aqueles em que a operadora
presta cuidados em servios prprios e, tambm, permite atendimento em servios
credenciados ou efetua reembolso de gasto com atendimento de sade em servios
no credenciados.
A incluso nos contratos de medida de conteno do uso de servios por meio do
copagamento uma prtica observada em um quinto dos planos de sade do Pas.
Os planos de sade atuam no sistema de sade brasileiro introduzindo mais um elemento
de gerao de desigualdades sociais no acesso e na utilizao de servios de sade, na
medida em que cobrem uma parcela seleta da populao brasileira na qual predomina:
pessoas de maior renda familiar, inseridas em determinados ramos de atividade do
mercado de trabalho e que avaliam seu estado de sade como muito bom ou bom.
89
ANEXOS
ANEXOS
Existe uma alta correlao positiva entre acesso ao mdico e o poder aquisitivo da
populao. Enquanto 49,7% das pessoas de menor renda familiar declararam ter
consultado mdico nos ltimos 12 meses, esse valor sobe para 67,2% no caso daquelas
pessoas com mais de 20 salrios mnimos de renda familiar.
Observa-se que a partir dos 40 anos intensifica-se o nmero de consultas mdicas
realizadas a cada ano. Essa mesma tendncia pode ser constatada com relao renda
mdia familiar. So os homens (58,8%) e a populao residente em reas rurais (59,1%)
os que declaram consultar mdico com menor frequncia (1 a 2 consultas).
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
Entre os indivduos atendidos nas duas semanas anteriores entrevista (20,1 milhes)
35,8% utilizaram o plano de sade para o pagamento do atendimento recebido. Do
total de pessoas atendidas, 49,3% (9,9 milhes) dos atendimentos foram realizados
pelo SUS e 15,8% do total de pessoas atendidas pagou algum valor em dinheiro por esse
atendimento. O coeficiente de utilizao de servios de sade foi 12,7 por 100 habitantes
e variou de 11,4 por 100 pessoas no grupo de renda familiar mais baixa a 17,1 por 100
pessoas no grupo com renda familiar maior do que 20 salrios mnimos.
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
ANEXOS
Fonte: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad98/saude/analise.shtm>
ANEXOS
destacar que as pessoas sem rendimento foram as que apresentaram o maior coeficiente
de internao hospitalar (11,5 por 100 pessoas no grupo).
Considerando apenas a ltima internao ocorrida no ano, 63,1% foram realizadas por
meio do Sistema nico de Sade SUS. Dessas internaes, 6,3% eram pessoas que
declararam ter plano de sade. Por outro lado, 5,2% das pessoas que declararam ter
se internado por meio do SUS, tambm declararam ter pago algum dinheiro por essa
internao. J, entre as pessoas com cobertura de plano de sade que foram internadas,
86,8% declararam ter tido sua internao financiada pelo plano de sade.
Principais concluses:
A PNAD 98 apontou importantes problemas de acesso aos servios de sade no Pas:
1. Cerca de um tero da populao brasileira no tem um servio de sade
de uso regular.
2. O tipo de servio usado como porta de entrada ao sistema de sade
servio de uso regular varia segundo a idade, o sexo e, principalmente,
a renda familiar. As pessoas mais jovens e aquelas com menor renda
familiar tm como porta de entrada mais usual os postos ou centros de
sade, enquanto o consultrio privado mais procurado por mulheres,
idosos e pessoas de nvel mais alto de renda.
3. O acesso a consultas mdicas e odontolgicas aumenta expressivamente
com a renda e maior nas reas urbanas.
4. Cerca de um quinto da populao brasileira nunca foi ao dentista. Entre
os residentes em rea rural 32% nunca consultou dentista.
5. Aproximadamente 5 milhes de pessoas referiram ter necessitado, mas
no procuraram um servio de sade, sendo que a justificativa mais
frequente dessa atitude foi a falta de recursos financeiros.
6. Entre as pessoas atendidas, cerca da metade teve seu atendimento
realizado por meio do SUS, e aproximadamente um tero das pessoas
referiu ter utilizado plano de sade para receber esse atendimento.
7. Do total de atendimentos, cerca de 16% implicaram em algum pagamento
por parte do usurio.
8. O atendimento recebido foi bastante bem avaliado pelas pessoas que
usaram servios de sade.
95
ANEXOS
Aproximadamente sete pessoas por cada 100 habitantes foram hospitalizadas no ano
que antecedeu pesquisa. Esse coeficiente no variou entre residentes nas reas rurais
e urbanas e foi maior para as mulheres. Inversamente ao observado para o uso de
servios de sade em geral, que aumenta medida que aumenta a renda familiar, a
frequncia de internaes decresce medida que aumenta a renda familiar.
Cerca de dois teros das pessoas foram internadas por meio do SUS, sendo que 6,3%
dessas declararam possuir algum plano de sade e 5,2% declararam ter pago algum
valor pela internao.
Fonte: http://www.radioecclesia.org/index.php?option=com_flexicontent&view=items&cid=195:angola&id=12613:a-ma-distribuicaodas-riquezas-vindas-dos-recursos-naturais-sobretudo-mineiros-e-bacias-hidrograficas-e-fonte-de-conflitos-em-africa-afirmou-ontem-atecnica-da-organizacao-das-nacoes-unidas-para-a-ciencia-e-cultura-unesco-noeline-rakotoarisa-no-foru&Itemid=715#.VCv5d_nIa3g
A m distribuio das riquezas vindas dos recursos naturais, sobretudo mineiros e bacias
hidrogrficas, fonte de conflitos na frica, afirmou ontem a tcnica da Organizao
das Naes Unidas para a Cincia e Cultura (UNESCO) Noeline Rakotoarisa no Frum
Panafricano sobre Cultura de Paz, que encerrou no Centro de Convenes de Talatona.
O continente africano rico em recursos, sobretudo minerais, fontes de gua e
energticos que podem contribuir para o crescimento da economia de frica e so a
base de 40 por cento da economia africana, disse a tcnica da UNESCO, que falou
imprensa no fim da apresentao do primeiro painel sob o lema recursos naturais
factores de conflitos ou oportunidades para um desenvolvimento sustentvel.
De acordo com o J.A. A chefe da rede de biosfera da UNESCO defendeu a necessidade
de um esforo maior para que os recursos sejam uma fonte para um desenvolvimento
vivel na frica.
Noeline Raondry Rakotoarisa esclareceu que deve ser apresentado um estudo profundo
sobre os recursos naturais porque nada se pode decidir sem a apresentao de dados
provados cientificamente.
96
ANEXOS
Glossrio de sociologia
1. Abnormal Diferente do que normal ou usual.
2. Acculturation Nesse contexto se refere substituio das caractersticas
de uma cultura com aquelas de outra, tais como o que aconteceu com
muitos ndios nativos americanos.
3. Adulthood Idade Adulta.
4. Altruistic institutions Instituies altrustas.
5. American civil rights movement Movimento pelos direitos civis nos
Estados Unidos.
6. Anomie theory Considera que alguns desvios de conduta resultam da
tentativa das pessoas de alcanar um objetivo cultural, mas lhes faltam
recursos ou meios apropriados.
7. Anti-positivism Antipositivismo.
8. Armchair sociology Tentativa de entender como o mundo social
funciona sem empregar mtodos cientficos.
9. Ascribed Status (Birth Status) = Status Social Atribudo Quando
independe da capacidade do indivduo para sua obteno; ele recebe este
status quando nasce.
10. Authentic Knowledge Autntico Conhecimento.
11. Better-off background Experincia afortunada.
12. Broad scope Alcance amplo.
13. Caste Status Status da Casta.
14. Casual relationships Relaes de casualidade.
15. City dwellers Habitantes da cidade.
16. Classical Theorist Teroria Clssica.
17. Common culture Cultura comum.
18. Common sense entendido como uma opinio impensada de pessoas
comuns, frequentemente, um julgamento no sofisticado.
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ANEXOS
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