Sebenta Direito Civil Carolina Sampaio
Sebenta Direito Civil Carolina Sampaio
Sebenta Direito Civil Carolina Sampaio
SEBENTA
DE
FUNDAMENTOS
DO
DIREITO
CIVIL
E
DIREITO
DAS
PESSOAS
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
O Direito Civil um campo do Direito na base do qual se subdistinguem vrios grupos vrios
grupos
de
relaes
jurdicas
civis,
reguladas
por
normas
que
constituem
outros
tantos
sub-ramos
de
Direito,
nomeadamente:
Direito
das
Obrigaes,
Direitos
Reais
ou
das
Coisas,
Direito
da
Famlia
e
Direito
das
Sucesses.
Assim,
por
definio,
Direito
Civil
:
Direito
Privado,
geral
ou
comum
(visa
determinar
e
analisar
os
princpios
e
os
regimes
comuns
e
gerais
das
situaes
jurdicas
atravs
de
normas
que
o
vo
regular).
Mas
o
que
afinal
Direito?
comummente
assente
que
o
Homem
vive
desde
os
primrdios
em
sociedades
mais
ou
menos
complexas,
sendo
hoje
em
dia
o
Estado
a
sua
forma
mais
perfeita
de
organizao.
Para
que
haja
uma
pacificao
e
regulao
da
sociedade
surgiram
as
normas
e
regras
a
que
os
cidados
esto
sujeitos
e
s
quais
devem
obedecer.
Estas
regras
so
de
conduta
e
determinam
a
conduta
a
observar
pelas
pessoas
nas
suas
relaes.
So
regras
de
dever-ser,
no
de
ser
(no
exprimem
relaes
de
causalidade),
normas
jurdicas
distintas
das
religiosas
e
de
convvio
social.
Prendem-se
com
valores
fundamentais
de
direito,
sobretudo
a
Justia
e
a
Segurana.
Sendo
um
conjunto
de
regras
de
dever-ser,
no
so
de
cumprimento
obrigatrio.
Poder
haver
a
possibilidade
de
as
pessoas
no
as
cumprirem.
Quando
este
comportamento
no
voluntariamente
observado
pelo
destinatrio
pode
ser
imposto
(esse
cumprimento)
pela
fora
organizada
pelo
prprio
Estado,
pelos
seus
meios
de
tutela
pblica
(designadamente
os
seus
rgos
administrativos,
que
so
os
tribunais).
Esta
susceptibilidade
de
aplicao
das
normas
pela
fora
denomina-se
de
coercibilidade.
DIREITO:
conjunto
de
normas
reguladoras
da
conduta
social
segundo
a
justia
e
assistidas
de
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1.2.
a)
Noo:
A
vida
social
desenvolve-se
em
sucessivas
relaes
estabelecidas
entre
os
Homens;
delas
o
Direito
s
se
ocupa
de
algumas,
as
chamadas
relaes
jurdicas.
Relao Jurdica: relao da vida social regulada pelo Direito (puramente formal); uma
relao
inter
individual
e
inter
pessoal.
A
frmula
que
sintetiza
este
conceito
A
B.
Quando o Direito regula algum relacionamento social coloca sempre um dos sujeitos numa
Numa relao, o Direito confere aos sujeitos de uma relao um direito subjectivo e uma
obrigao.
Ou
seja,
A
fica
como
titular
de
um
direito
subjectivo
e
B
fica
adstrito
a
uma
obrigao.
RELAO
JURDICA:
relao
da
vida
social
regulada
pelo
Direito
em
que
um
dos
sujeitos
Objecto
Mediato
-
coisa
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3
->
Factos
Jurdicos:
acontecimento
socialmente
relevante
que
o
Direito
regula.
(a
doutrina
discute
se
elemento
ou
pressuposto
da
relao
jurdica.
O
problema
se
facto
que
nasce
primeiro
ento
no
pode
ser
elemento,
pois
sem
facto
jurdico
no
nasce
nenhuma
relao,
logo
o
Direito
no
teria
aplicao).
O principal facto jurdico numa relao jurdica o negcio jurdico, mais especificamente o
contrato.
4
->
Garantia:
De
quem
e
sobre
o
qu?
Se
h
um
titular
de
direito
e
um
adstrito
a
uma
obrigao,
h
que
garantir
que
o
primeiro
consiga
exercer
o
seu
direito
e
que
o
outro
cumpra
a
sua
obrigao.
A
essa
presso
exercida
sobre
o
sujeito
adstrito
de
obrigao
para
o
cumprimento
da
mesma,
por
forma
a
que
seja
garantida
a
titularidade
do
direito
do
sujeito
A,
denomina-se
coercibilidade
(susceptibilidade
de
recorrer
fora
para
se
impor
o
cumprimento
de
uma
obrigao,
para
garantir
o
Direito).
So
os
meios
de
tutela
jurdica
que
fazem
cumprir
o
Direito.
1.2.1.
b)
c)
d)
O
que
o
Direito
Privado?
Existe
Direito
Interno
e
Externo.
O
que
importa
para
esta
cadeira
o
Direito
Interno
que
se
subdivide
em
pblico
e
privado.
Esta
dicotomia
sempre
existiu,
no
entanto
h
discusses
relativas
ao
enquadramento
de
certos
ramos
numa
das
subdivises.
Esta
diviso
do
sistema
jurdico
entre
Direito
Pblico
e
Direito
Privado
tem
uma
longa
tradio,
pois
se
filia
nas
construes
jurdicas
romanas
e
pode
dizer-se
que
apontada
como
a
diviso
primria
e
fundamental
da
ordem
jurdica.
Formas
de
distino:
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tipos
de
interesses
se
no
mostra
possvel,
em
termos
de
exclusividade.
Assim
evolui-se
para
uma
teoria
em
que
a
sua
concepo
menos
radical,
ou
seja,
incluir
no
critrio
uma
nota
de
relatividade,
situando
no
Direito
Pblico
as
normas
que
prosseguem
interesses
predominantemente
(ou
principalmente)
gerais,
e
no
Direito
Privado
as
normas
que
prosseguem
interesses
predominantemente
(ou
principalmente)
particulares.
Esta
teoria
retirou
anterior
o
seu
grau
de
certeza
para
lhe
acrescentar
um
factor
marcadamente
subjectivo.
b)
Teoria
natureza
do
sujeito
da
situao
jurdica
-
Base
critrio:
pessoa
e
sujeito
jurdico;
-
Assim
surge
uma
teoria
de
mais
agrado
aos
privatistas.
Partilha
de
uma
concepo
mais
humanista.
-
De
acordo
com
esta
teoria
olha-se
para
o
sujeito
e
depois
que
se
v
as
normas
e
se
usa
a
posio
que
o
sujeito
estabelece
com
a
norma
perante
a
relao
jurdica.
As
normas
dirigidas
ao
Estado
ou
a
outras
pessoas
a
ele
equiparadas
seriam
Direito
Pblico,
consubstanciando-se
como
privadas
as
que
visassem
os
particulares.
Verificou-se,
no
entanto,
que
o
Estado
podia
actuar
como
simples
particular,
pautando
ento
o
seu
comportamento
pelas
normas
de
Direito
Privado.
-
Logicamente
esta
teoria
acabou
por
no
resistir,
na
medida
em
que
havia
situaes
em
que
o
Estado
no
intervinha
enquanto
entidade
pblica.
5
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
(ex:
se
o
Estado
comprar
um
imvel
a
um
particular
isto
um
contrato
de
compra
e
venda.
um
contrato
de
Direito
Privado
das
Obrigaes
no
h
quem
diga
que
Direito
Pblico.
O
mesmo
acontece
no
Direito
de
Propriedade
que
passa
do
particular
para
o
Estado.
J
a
situao
das
expropriaes
uma
relao
jurdica
de
Direito
Pblico,
o
Estado
intervm
com
interesses
pblicos.)
c)
Teoria
da
posio
do
sujeito
da
situao
jurdica
-
No
basta
que
o
Estado
aparea
numa
relao
jurdica
para
essa
se
tornar
de
Direito
Pblico,
mesmo
que
o
Estado
exista
para
prosseguir
interesses
pblicos.
-
Cada
pessoa
egosta
por
isso,
o
interesse
pblico
do
Estado
vai
ser
complicado.
Assim
o
Estado
tem
de
ter
um
poder
especial,
um
poder
de
soberania
IUS
IMPERII
(posio
autoritria).
isto
que
distingue
a
posio
do
Estado
da
posio
de
cada
um
de
ns,
o
poder
de
autoridade.
-
Claro
est
que
o
Estado
possui
sempre
este
ius
imperii,
no
entanto
pode
ou
no
gozar/usufruir
dele.
O
Estado
tem
poder
de
autoridade
(poder
soberano,
ius
imperii)
para
forar
os
particulares
a
ceder,
por
exemplo,
as
terras
para
construir
uma
autoestrada,
impondo-se.
isto
que
distingue
a
actuao
do
Estado
das
outras
entidades
pblicas
e
da
actuao
do
particular.
Neste
caso
a
relao
de
expropriao
e
difere-se
da
relao
de
contrato
pois
o
Estado
cria
um
desequilbrio
ao
exercer
o
Ius
Imperii.
A
evoluo
das
duas
teorias
relativas
contraposio
entre
Direito
Pblico
e
o
Direito
Privado
permitiu
acentuar
um
aspecto
essencial
da
problemtica
a
em
jogo:
um
regime
tpico
paradigmtico
para
a
resoluo
de
problemas
concretos.
Assim:
-
nas
situaes
jurdicas
privadas,
as
actuaes
pautam-se
pela
igualdade
e
liberdade
(as
pessoas
tm
iguais
poderes
e
podem
agir
sempre
que
no
deparem
com
uma
proibio);
-
nas
situaes
pblicas,
as
actuaes
desenrolam-se
segundo
a
autoridade
e
a
competncia
(um
dos
intervenientes
pode,
unilateralmente,
provocar
alteraes
na
esfera
jurdica
alheia
e
s
lhe
cabe
actuar
quando
uma
norma
lho
permita);
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dos
quais
afinal
existe.
ento
um
princpio
corolrio
do
anterior,
na
medida
em
que
lhe
adiciona
contedo.
Conjunto
mnimo
de
direitos,
que,
pelo
facto
de
a
pessoa
ter
personalidade
jurdica,
titular.
Ter
personalidade
jurdica
tem
como
consequncia
obter
a
titularidade
de
direitos
de
personalidade.
A
pessoa
no
tem
direitos,
titular.
Assim,
o
titular
colocado
numa
posio
de
superioridade.
Pretende-se
proteger
os
bens
considerados
fundamentais,
os
da
personalidade
do
ser
humano.
Para
proteger
estes
bens
de
forma
eficaz,
concede-se
um
direito
subjectivo
(coloca-se
o
seu
titular
em
superioridade
em
relao
a
qualquer
bem).
No
a
nica
forma,
mas
a
mais
eficaz.
Porqu?
Porque
se
a
ordem
jurdica
ao
atribuir
um
direito
sobre
um
bem,
provoca
desde
logo
um
efeito
jurdico
sobre
os
outros
i.e,
os
outros
no
devem
de
perturbar
esse
direito
situao
jurdica
passiva
universal
(nos
outros).
isto
que
d
contedo
efectivo
ideia
de
personalidade
jurdica,
na
medida
em
que,
o
ser
humano
no
s
tem
personalidade
como
tambm
adquire
e
titular
de
um
conjunto
mnimo
de
direitos.
Definio:
Direitos
que
constituem
atributo
da
prpria
pessoa
e
que
tm
por
objecto
bens
da
sua
personalidade
fsica,
moral
e
jurdica,
enquanto
emanaes
ou
manifestaes
da
personalidade
em
geral.
Caractersticas:
(no
so
exclusivas
destes
direitos.
Pode
haver
direitos
com
algumas
destas
caractersticas
mas
no
com
a
sua
totalidade);
1.
absolutos
oponveis
erga
omnes,
correspondendo-lhes
um
dever
genrico
de
respeito.
Ideia
de
que
so
direitos
que
impem
comandos,
no
apenas
a
certas
pessoas,
no
so
relativos!
eficaz
perante
todos.
(direitos
reais
tambm
tm
esta
caracterstica);
2.
no
patrimoniais1/pessoais
impatrimonialidade,
ou
seja,
no
se
consegue
valorizar
monetariamente
o
Direito
vida,
o
que
no
significa
que
quando
violado,
no
se
exija
uma
certa
quantia
mas
este
valor
no
quantitativo
desse
direito,
seno
uma
compensao
(sano
compensatria).
A
violao
pode
envolver
uma
reparao
de
contedo
patrimonial;
1
Patrimonialidade: realidades jurdicas que so avaliveis de forma pecuniria, pode traduzir-se a realidade em dinheiro.
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5.
Em
regra,
objecto
de
proteco
penal
so
direitos
to
importantes
que,
muitas
vezes,
o
Direito,
regra
jurdica,
protege
este
direito
com
sanes
penais
(e
partida
so
as
piores).
O
C.
Penal
pune
como
crimes
as
ofensas
significativas
aos
direitos
de
personalidade:
homicdio
(art.
131
e
seg),
ofensas
corporais,
difamao
e
injria
(art.
180
e
seg)...
No
entanto,
alguns
no
o
so,
tendo
o
lesado
para
seu
auxlio
o
exposto
no
artigo
70
do
CC.
10
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Art.
70,
n2
Independentemente
da
responsabilidade
civil
a
que
haja
lugar,
a
pessoa
ameaada
ou
ofendida
pode
requerer
as
providncias
adequadas
s
circunstncias
do
caso,
com
o
fim
de
evitar
a
consumao
da
ameaa
ou
atenuar
os
efeitos
da
ofensa
j
cometida
Como
que
se
pode
proteger
os
tais
direitos
de
personalidade?
->
Responsabilidade
Civil
princpio
geral
de
Direito
Civil
que
obriga
aquele
que
provoca
danos
a
indemnizar.
->
Objctivos
das
medidas:
1. Medida
de
cessao
de
ofensa;
2. No
deixar
que
a
ameaa
se
consuma;
3. Atenuar
os
efeitos
da
violao
j
cometida;
11
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Contudo,
o
legislador
no
impe
as
medidas,
quem
as
quer
exigir,
que
trata
de
dizer
as
medidas
que
forem
entendidas
adequadas
para
o
objectivo
que
se
pretende.
Isto
muito
eficaz
na
prtica
o
prudente
arbtrio
do
juz,
o
juz
tem
um
campo
de
manobra
que
pode
escolher
a
medida
que
entenda
mais
adequada
proteco
do
bem
que
est
a
ser
ameaado
ou
mesmo
violado.
Providncias
cautelares
art.
1474
e
1475
C.P.C.
Art.
71
Ofensa
a
pessoas
j
falecidas
Se
os
direitos
de
personalidade
no
so
transmissveis
nem
em
vida
nem
em
morte,
como
que
os
direitos
so
protegidos
na
morte?
(art.
68,
n1).
Os
mortos
no
esto
c
para
se
defenderem,
pelo
que
uma
contradio
apenas
aparente.
O
problema
da
interpretao
deste
artigo
tendado
ser
resolvido
pela
doutrina,
que
apresenta
5
hipteses:
Qual
o
titular
dos
bens
jurdicos
tutelados
e
dos
respectivos
poderes
jurdicos?
No
direito
subjectivo
existem
dois
conceitos
que
formam
a
ideia
de
superioridade
sob
um
bem:
1.
Poder
2.
Interesse:
vem
das
noes
econmicas,
os
bens
tm
utilidade
para
as
pessoas,
logo
as
pessoas
tm
interesse.
O
direito
subjectivo
protege
certos
interesses
em
detrimento
de
outros,
e
protege-o
atravs
do
poder.
Enquanto
na
normalidade
dos
casos,
o
titular
do
poder
o
que
detm
o
interesse
(utilizando
o
poder
prossegue
o
seu
interesse,
tem
o
poder
de
proteger
o
seu
interesse)
pode
acontecer
que
o
ordenamento
jurdico
atribua
poder
sobre
quem
no
titular
de
interesse.
este
o
fenmeno
de
dissociao
subjectiva
entre
poder
e
interesse.
ex:
poder
paternal.
Os
pais
no
tm
o
poder
para
proteger
o
seu
prprio
interesse,
mas
sim
o
dos
seus
filhos.
De
acordo
com
este
artigo
existem
poderes
(Direito
concede
poderes
a
entidades
que
esto
presentes
no
n2,
do
artigo).
Resta
saber
de
quem
so
os
interesses
a
prosseguir.
Resolues
apresentadas
pela
doutrina:
1. Direitos
sem
sujeito:
actualmente
afastada
pela
doutrina
Esto
em
causa
direitos
de
personalidade.
O
titular
do
direito
faleceu,
logo,
deixa
de
ser
titular
de
coisa
alguma.
Mas
o
direito
mantm-se.
uma
situao
anmala
existe
um
direito
subjectivo,
mas
sem
sujeito.
A
doutrina
admitia
esta
ideia
como
justificao
de
alguns
fenmenos,
mas
com
requisitos:
-
quando
h
falta
de
justificao
(ex:
nascituros);
-
admite
desde
que
sejam
situaes
transitrias
(com
limite
temporal
pr-definido
que
pode
ser
mais
ou
menos
amplo);
-
que
sirvam
para
tutelar
o
futuro
titular;
12
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Art.
71,
n2
art.
76,
n2
art.
79,
n1
Verificada
a
ofensa
a
pessoas
falecidas,
qualquer
um
dos
sujeitos
do
n2,
pode
agir.
No
h
hierarquia.
Se
algum
deles
no
quiser
agir,
os
outros
podem
faz-lo.
Regime
da
solidariedade
activa
toda
e
qualquer
pessoa
(n2,
art.
71)
pode
agir.
O
direito
atribudo
a
estas
pessoas,
se
existir
mais
do
que
uma,
qualquer
uma
delas
pode
exercer
o
direito
quem
se
sentir
ofendido,
pode
defender-se.
O
que
que
os
titulares
podem
fazer
para
defender
os
interesses
que
so
deles
em
relao
ao
falecido?
-
No
h
discusso
que
os
titulares
podem
utilizar
os
mecanismoprevistos
no
n2,
art.
70
(regime-
base);
13
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-
Se
se
estiver
a
actuar
com
o
art.
71,
os
titulares
do
poder
podem
utilizar
qualquer
um
dos
mecanismos
do
art.
70.
-
A
discusso/dvida
doutrinria
surge
relativamente
Responsabilidade
Civil
(pedido
de
indemnizao).
Uns
dizem
que
no,
outros
dizem
que
sim
que
se
deve
pedir
indemnizao.
!!
O
Prof.
Pedro
Eir
acredita
que
se
pode
pedir
uma
indemnizao
desde
que
seja
comprovada
essa
ofensa/
tudo
o
que
est
previsto
no
n2,
art.70.
E
vai-se
indemnizar
que
dano?
Um
dano
moral,
valorativo
e
no
patrimonial.
Art.
81
Limitao
voluntria
dos
direitos
de
personalidade
-
Regula
a
generalidade
dos
dieitos
de
pesonalidade.
-
Limitao
justificvel
ao
Princpio
da
Autonomia
Privada
(decorrente
do
Princpio
da
Liberdade)dada
a
tamanha
importncia
que
tm.
impede
que
as
pessoas,
que
se
movem
no
campo
do
direito
privado
civil,
ajam
de
certa
maneira.
-
No
regula
a
titularidade
dos
Direitos
de
Personalidade;
a
pessoas
jurdica
no
pode
fazer
nada
em
relao
ao
direito
de
personalidade,
a
vontade
do
titular
desse
direito,
no
pode
mexer
nele.
O
artigo
regula,
pelo
contrrio,
o
exerccio
do
direito
->
permite-se
que
o
titular
que
no
queira
exercer
durante
certo
tempo
esse
direito,
no
exera,
sendo
que
nunca
perde
a
titularidade
do
mesmo.
ex:
boxe,
reality
show.
Pode
limitar
desde
que
no
colida
com
a
ordem
pblica
interna,
desde
que
cumpra
mnimos
(conjunto
imperativos
que
regem
o
sistema
jurdico).
A
limitao
tem
de
ser
voluntria,
o
titular
de
direito
atravs
de
uma
declarao
negocial
limita
o
exerccio
do
direito.
A
qualquer
momento
pode
acabar
com
essa
limitao
REVOGAO
(exige
uma
indemnizao
por
essa
aco.
A
revogao
um
acto
lcito,
mas
tem
de
indemnizar
a
outra
parte
os
prejuzos
causados
s
legtimas
expectativas
(tutela
da
confiana).
Pressupe
que
entre
o
que
est
a
revogar
e
algum
h
um
contrato).
Porque
que
se
tem
de
indemnizar?
Porque
a
outra
parte
confia
que
a
limitao
se
vai
manter.
(art.
72-80)
14
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Contedo
positivo:
direito
a
usar
o
nome,
completo
ou
abreviado
e
direito
a
modific-lo;
Contedo
negativo:
expressa-se
na
faculdade
que
qualquer
um
titular
tem
de
reagir
a
utilizaes
ilcitas
do
seu
nome,
bem
como
a
requerer
que
outrem
cesse
de
utilizar
um
nome
parcial
ou
totalmente
idntico.
uma
ideia
que
decorre
dos
art.
72
e
73
C.C.,
mas
tambm
do
art.
29
Cdigo
de
Direitos
de
Autor
e
dos
Direito
Conexos,
que,
embora
s
se
aplique
a
nomes
literrios,
artsticos
ou
cientficos,
tem
sido
utilizado
nos
demais
casos
de
homnima
prejudicial.
Art.
79
C.C.
Direito
imagem
Princpio
geral
(art.
79,
n1):
o
retrato
(imagem
+
palavra
falada)
de
uma
pessoa
no
pode
ser
exposto,
reproduzido
ou
lanado
sem
o
seu
consentimento;
Excepo
(art.79,
n2):
no
necessrio
o
consentimento
da
pessoa
retratada
numa
das
duas
situaes:
Razes
subjectivas:
relacionadas
com
a
pessoa
retratada
(figuras
pblicas,
polticos);
Razes
objectivas:
quando
estejam
em
causa
exigncias
de
polcia
ou
justia;
Excepo
da
Excepo
(art.
79,
n3):
independentemente
da
pessoa
ter
consentido
na
reproduo
da
sua
imageme/ou
se
verificar
alguma
das
condies
de
dispensa,
o
retrato
no
pode
ser
utilizado
se
do
facto
resultar
prejuzo
para
a
pessoa
visada.
Art.
80
C.C.
Direito
reserva
sobre
a
intimidade
da
vida
privada
Princpio
geral
(art.
80,
n1):
todos
devem
de
guardar
reserva
quanto
intimidade
da
vida
privada
de
outrem.
vida
privada
=
vida
pessoal
e
familiar
(art.
2133
e
2157
C.C.);
Existem
duas
formas
de
interpretao
do
artigo:
1.
Na
lgica
do
n2,
art.
79
C.C
No
necessrio
o
consentimento
da
pessoa
retratada
quando
assim
o
justifique
a
sua
notoriedade.
No
entanto
encontra-se
uma
excepo
a
este
artigo
aquando
afirmado
que
o
retrato
no
pode,
porm,
ser
reproduzido,
exposto
ou
lanado
no
comrcio,
se
do
facto
resultar
prejuzo
para
a
honra,
reputao
ou
simples
decoro
da
pessoa
retratada;
e,
nos
exactos
termos
do
art.
484
C.C.
quem
afirmar
ou
difundir
um
facto
capaz
de
prejudicar
o
crdito
ou
bom
nome
de
qualquer
pessoa,
singular,
colectiva,
responde
pelos
danos
causados.
15
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16
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Contedo
negativo:
estas
liberdades
funcionam
dentro
dos
limites
da
lei
art.
280
C.C,
respeito
pelos
princpios
gerais,
pela
ordem
pblica
e
pelos
bons
costumes.
Princpio
da
Igualdade
Autonomia
Privada
Liberdade
Contratual
(art.
405
C.C.)
Liberdade
de
Celebrao
Liberdade
de
Estipulao
Liberdade
de
Celebrao
(se
quando
e
com
quem
quiser)
as
partes
em
direito
civil
so,
em
regra,
livre
de
contratar
ou
no.
H
no
entanto
limitaes
a
esta
liberdade
de
celebrao:
Auto-limitaes:
so
aquelas
que
assentam
no
prprio
contrato,
no
acordo
entre
as
partes.
ex:
um
contrato
de
promessa,
limita
a
minha
liberdade
de
celebrao
pois
estou
vinculado
a
celebrar
determinado
contrato
j
previamente
com
uma
determinada
pessoa.
Hetero-limitaes:
j
no
decorrem
aqui
da
vontade
das
partes
(contrato),
mas
sim
da
prpria
lei.
ex:
o
princpio
da
igualdade.
Para
uma
melhor
explicao
das
hetero
limitaes,
atentemos
aqui
no
seguinte
caso:
X
pretende
arrendar
um
quarto
a
estudantes,
tendo-se
apresentado
como
interessados
Z
(rapariga)
e
Y
(rapaz).
X
contrata
com
Z,
porque
no
quer
arrendar
a
rapazes.
Y
sente-se
descriminado.
O
princpio
da
igualdade
aqui
chamado,
apesar
de
ser
de
Direito
Pblico
por
natureza.
o
O
Cdigo
Civil
faz
aqui
uma
remisso
para
o
Direito
Pblico
no
artigo
280.
Pode-se
aqui
conjugar
tambm
com
o
artigo
2186
do
CC,
que
reitera
a
posio
do
n2
do
280.
As
partes,
em
Direito
Civil,
tm
liberdade
de
celebrao
de
contratos,
no
entanto
esta
regra
cede
nos
casos
em
que
a
recusa
de
contratao
se
deve
exclusivamente
a
uma
finalidade
de
contrariar
a
lei,
a
ordem
pblica
ou
os
bons
costumes.
o
17
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Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
O
Princpio
da
Liberdade
pode
ser
limitados
por
outros
princpios:
princpio
da
igualdade,
princpio
da
boa
f,
princpio
da
estabilidade...
O
Princpio
da
Estabilidade
est
consagrado
no
art.
406,
n1
C.C.,
e
determina
que:
1.
o
contrato
deve
ser
pontualmente
cumprido;
2.
uma
vez
celebrado,
s
pode
modificar-se
ou
extinguir-se
por
mtuo
consentimento
dos
contraentes
ou
nos
casos
admitidos
na
lei.
Excepes
ao
Princpio
da
Estabilidade
:
-
Denncia:
manifestao
de
vontade
de
uma
das
partes,
em
contratos
com
prestaes
duradouras,
dirigida
sua
no
renovao
ou
continuao.
Por
vezes,
o
denunciante
pode
exercer
essa
sua
faculdade
independentemente
de
quaisquer
pressupostos,
ao
passo
que,
outras
vezes,
se
exigem
certos
fundamentos.
-
Resoluo:
acto
de
um
dos
contraentes
dirigido
dissoluo
do
vnculo
contratual,
colocando
as
partes
na
situao
que
teriam
se
o
contrato
no
houvesse
sido
celebrado.
Relevncia
do
Princpio
da
Autonomia
Privada
no
domnio
dos
direitos
subjectivos.
Em
primeiro
lugar
precisamos
de
ter
em
conta
que
os
direitos
subjectivos
so
um
dos
meios
possveis
para
que
realizemos
os
nossos
interesses
(isto
no
domnio
das
relaes
entre
particulares),
e
assim,
a
Ordem
Jurdica
d
espao
de
liberdade
de
actuao,
ou
seja,
reconhecido
aos
titulares
a
liberdade
de
exercer
ou
no
os
seus
direitos
subjectivos.
Esta
liberdade
de
actuao
tem
como
paradigma
o
direito
de
propriedade
eu
posso
escolher
usar,
fruir
e
dispor,
ou
no,
de
algo
que
meu.
No
entanto,
a
partir
do
sc.
XIX,
ficou
claro
que
estes
direitos
subjectivos
tm
limites.
Estes
limites
resultam
de
duas
partes:
1.
Contedo
do
direito.
2.
Ideia
que
presidiu
atribuio
do
direito
a
essa
pessoa.
Limites
a
esta
liberdade
de
actuao
nos
direitos
subjectivos:
exclusivamente
o
interesse
de
outrem,
esta
liberdade
de
actuao
passa
a
estar
limitada
pelo
relevo
que
atribudo
ao
interesse
da
pessoa
protegida
(esta
pessoa
no
titular
do
direito).
19
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
aqui
absurdo
pensar
que
eu
tenho
liberdade
de
no
exercer
este
direito,
pois
estou
a
afectar
ou
at
a
comprometer
os
interesses
de
quem
se
pretende
tutelar.
ex:
poder
paternal.
Coliso de direitos: Nas palavras do Prof. Carvalho Fernandes coliso de interesses. Previne-
se
aqui
a
hiptese
de
vrios
direitos
subjectivos
concorrerem
sobre
um
mesmo
bem,
havendo
assim
uma
coliso
de
direitos.
Esta
dever
ser
resolvida
ao
abrigo
do
art.
335
CC.
Econmica:
Sendo
aceite
que
vivemos
num
sistema
de
economia
de
mercado,
precisamos
de
saber
como
que
este
funciona.
Num
sistema
destes,
as
relaes
econmicas
processam-se
com
autonomia
das
partes,
funcionando
aqui
particularmente
o
princpio
da
liberdade
contratual,
decorrente
da
autonomia
privada.
Propriedade
Privada
Para
que
a
autonomia
privada
possa
ser
exercida
convenientemente
preciso
que
o
sujeito
tenha
condies
mnimas
de
esclarecimento
e
de
liberdade,
caso
tal
no
se
verifique
h
um
problema
grave
e
o
Direito
deve
intervir.
Para
garantir
que
a
pessoa
jurdica
tenha
um
mnimo
de
estabilidade
na
vida,
para
que
possa
exercer
a
autonomia
livremente,
o
Direito
tem
dado
mais
valor
propriedade
privada,
conservando
assim
uma
espcie
de
segurana.
Alguns
autores
falam
num
Princpio
fundamental
da
Propriedade
Privada,
decorrente
do
Princpio
da
Autonomia
Privada.
Ao
dizer-mos
esta
casa
propriedade
de
Antnio,
estamos
a
usar
o
termo
de
propriedade
no
sentido
de
relacionar
um
direito
subjectivo
sobre
o
objecto.
O
art
62
da
CRP
d
a
garantia
do
Direito
de
propriedade
privada.
Segundo
os
constitucionalistas,
so
um
conjunto
de
Direitos
Patrimoniais
Privados,
i.e.,
passveis
de
se
determinar
o
seu
exacto
valor
em
dinheiro.
O
direito
de
propriedade:
20
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
-
Direito
subjectivo
de
grande
importncia,
colocado
na
parte
dos
Direitos
Reais
(segundo
a
classificao
germnica,
presente
no
nosso
Cdigo
Civil,
sendo
um
direito
real
de
gozo).
-
Ultrapassa
a
mera
espcie
de
direito
subjectivo.
Apesar
de
o
ser,
a
sua
importncia
ultrapassa
esta
ideia,
isto
porque
historicamente
foram
desenvolvidos
muitos
institutos
jurdicos
importantes
em
torno
deste
direito,
por
exemplo
o
abuso
de
direito
(art.
334
CC.
Mais
adiante,
a
propsito
do
princpio
da
boa-f,
desenvolveremos
esta
ideia.)
-
Previsto
no
art.
1305
do
CC.
Estabelecido
o
gozo
de
propriedade,
com
trs
faculdades:
o Uso:
o
titular
pode
usar
a
coisa
de
que
proprietrio,
ou
seja,
utilizar
a
coisa/objecto
de
seu
direito.
o Fruio:
permite
ao
titular
desenvolver
sobre
a
coisa
que
objecto
de
direito
actividades
produtivas.
o Disposio:
pode
dispor
da
coisa
que
objecto
do
direito.
Primeiro
escolhe
se
vai
utiliz-lo
ou
no,
pode
decidir
fruir
dele
ou
no,
e
dentro
da
faculdade
de
disposio
pode
em
termos
livres
decidir
transmitir
o
direito
a
quem
muito
bem
entender,
como
muito
bem
entender,
que
pode
ser
inter
vida
ou
mortis
causa.
Fenmeno
sucessrio
21
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
a)
vontade
do
decujus
antes
de
morrer:
demonstra
a
sua
vontade,
no
que
toca
ao
fenmeno
sucessrio
atravs
de
um
negcio
jurdico:
-
unilateral:
testamento,
onde
refere
quem
lhe
ir
suceder
no
que
diz
respeito
aos
bens
patrimoniais;
-
contrato
sucessrio:
art.
2028,
n1
C.C
que
hoje
est
limitado
aos
nubentes;
b)
a
lei:
nem
toda
a
gente
faz
testamentos,
e
ainda
menos
so
aqueles
que
celebram
contratos
sucessrios,
para
essa
falta,
surge
a
lei.
A
lei
surge
ento
para
chamar
algum
a
suceder
a
outra,
e
utiliza
dois
tipos
de
normas:
-
normas
imperativas:
sucesso
legitimria
art.
2256
e
seguintes
C.C.;
e
prevalecem
mesmo
sobre
a
vontade
do
decujus,
sendo
que
aqui
os
herdeiros
so
ou
cnjuges,
ou
descendentes
e
ascendentes,
quer
ele
queira,
quer
no
queira,
os
herdeiros
legitimrios
so
quem
lhes
sucedem.
-
normas
supletivas:
estabelece,
para
o
caso
de
no
existir
vontade
expressa
do
decujus,
e
se
no
houver
herdeiros
legtimos,
a
sucesso
vai
ter
de
ser
regulada
por
normas
supletivas,
dando
origem
sucesso
legtima.
Art.
2131
e
seguintes.
Em
ltimo
caso,
de
acordo
com
o
art.
2133
o
Estado
o
herdeiro.
2.2.4.
Princpio
da
Igualdade
-
Caracteriza
o
Direito
Privado
perante
o
Direitp
Pblico
-
Diz
o
Princpio
da
Igualdade,
na
viso
do
ponto
de
vista
de
partida,
que
todos
os
sujeitos
jurdicos
podem
vir
a
ser
titulares
dos
mesmos
direitos
e
podem
vir
a
estar
adstritos
s
mesmas
vinculaes
(art.
13
C.R.P.).
sabido
j
que
o
Princpio
da
Igualdade,
tal
como
est
formulado
na
CRP,
visa
tratar
de
forma
igual
o
que
igual,
e
de
forma
diferente
o
que
diferente
art
13
CRP.
Este
princpio
visa
essencialmente
as
relaes
entre
Estado
legislador
e
os
privados,
estando
o
Estado
e
todas
as
suas
entidades
pblicas
vinculadas
a
este
princpio.
Temos
ento
aqui
vrias
abordagens
a
este
princpio:
Relao
Estado
privados:
aqui,
o
Estado
e
as
restantes
pessoas
colectivas
pblicas,
tm
que
cumprir
o
preceito
constitucional
ipsis
verbis.
No
nos
deteremos
a
explicar
mais
esta
abordagem,
pois
alvo
de
estudo
das
cadeiras
de
Fundamentos
de
Direito
Pblico
e
Direito
Constitucional,
sendo
que
se
presume
aqui
que
a
noo
necessria
j
est
interiorizada.
22
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Relao privados privados. - surge uma aparente incompatibilidade com o princpio da autonomia
privada.
Atente-se
no
caso
atrs
mencionado,
do
problema
do
arrendamento
de
quarto
s
a
raparigas
e
no
a
rapazes.
No
haver
aqui
uma
violao
do
princpio
da
igualdade,
tal
como
ele
est
previsto
no
texto
constitucional?
Na
perspectiva
do
Direito
Privado
Civil
no
h
aqui
qualquer
problema
de
descriminao.
Recorre-se
aqui
s
palavras
do
Prof.
Carvalho
Fernandes,
ao
perguntar
se
legtimo
fazer
a
atenuao
ou
correco
dos
princpios
constitucionais,
por
respeito
a
princpios
prprios
do
Direito
Civil,
de
sinal
contrrios,
sem
isso
envolver
uma
violao
do
texto
constitucional?2
Em
casos
como
este,
deve
prevalecer
o
princpio
especial,
o
princpio
da
autonomia
privada
e
consequentemente
o
princpio
da
liberdade
contratual
nas
suas
modalidades,
tendo
no
entanto
em
conta
que
neste
entendimento
no
podem
estar
actos
que
tenham
em
vista
pr
em
causa
o
princpio
constitucional
ou
contornar
os
valores
que
este
visa
salvaguardar.
Assim,
as
normas
constitucionais
so
aqui
aplicadas
indirectamente.
Tem
que
de
facto,
se
dar
primazia
ao
princpio
da
autonomia
privada,
e
este
negcios
discriminatrios
(ou
selectivos)
so
partida
vlidos,
desde
que
no
visem
de
facto
uma
violao
do
art.
13
da
CRP,
que
serve
aqui
de
limite,
socorrido
do
artigo
280
do
CC,
onde,
em
negcios
onde
essa
discriminao/seleco
no
seja
vlida,
declarada
a
nulidade
do
negcio.
2
FERNANDES, Carvalho, Teoria Geral do Direito Civil, 5 Edio Abril 2009, Universidade Catlica Editora, pag. 39.
23
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Responsabilidade
Obrigacional
Responsabilidade
Extra-
Obrigacional
Responsabilida
de
Factos
Ilcitos
Responsabilida
de
Objectiva/
pelo
Risco
Responsabilida
de
Factos
Lcitos
With
great
strength
comes
great
responsibility
-
Quanto
maior
liberdade,
maior
a
responsabilidade
perceptvel
por
todos
que,
ao
ter
personalidade
jurdica,
um
conjunto
de
direitos
e
vinculaes,
natural
que
vo
aparecendo
danos.
Quem
suporta
o
dano?
Suporta
o
dano,
o
titular
da
esfera
jurdica
em
que
o
dano
ocorreu.
Dano:
supresso
ou
diminuio
de
uma
situao
favorvel
que
estava
protegida
pelo
Direito.
Se
h
um
espao
de
liberdade
onde
o
ser
humano
actua,
este
vai
ter
de
ser
responsabilizado
pelas
suas
aces
quando
se
est
a
benificiar
de
uma
certa
situao
perfeitamente
aceitvel
e
certo,
que
a
pessoa
tenha
o
risco
de
dano
nessa
situao.
Mas
se
esta
a
regra
geral
de
imputao
dos
danos:
so
imputados
esfera
jurdica
onde
ocorreu
os
danos.
Esta
comporta
excepes.
H
situaes
em
que
o
Direito
organiza
um
mecanismo
jurdico
que
vai
fazer
com
que
o
dano
que
se
verificou
na
esfera
jurdica
seja
suportado
por
um
terceiro
em
24
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
relao
ao
titular
da
esfera
jurdica
onde
o
dano
ocorreu.
Imputa-se,
traduzido
por
atribuir,
o
dano
a
uma
esfera
jurdica
diferente
de
onde
este
ocorreu.
Como
que
o
Direito
organiza
isto?
-
atravs
da
responsabilidade
civil,
deste
instituto
importantssimo,
que
faz
com
que
apaream
excepes
regra
geral
de
imputao
de
danos.
Se
A
na
sua
actuao,
causa
dano
na
esfera
jurdica
de
B,
ento
imputao
para
A.
Funcionamento
do
instituto
como
Princpio
do
Direito
Civil
(sendo
na
realidade
um
Princpio
Fundamental
de
Direito):
-Se
se
conseguir
imputar
o
dano
a
um
terceiro,
o
que
acontece
na
esfera
jurdica
do
terceiro?
Este
v
nascer
na
sua
esfera
jurdica
a
obrigao
de
indemnizar
(art.
483
C.C.).
A
obrigao
de
indemnizar
tem
especificidades
que
a
caracterizam:
Fonte: deriva de um dano e de uma imputao. preciso que haja dano e que este seja
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
3.
Mais
tarde
aparece
outra
modalidade
que
a
responsabilidade
por
facto
lcito.
Responsabilidade
Civil:
consiste
na
reparao
dos
danos
causados
a
terceiros,
por
meio
de
indemnizao.
De
acordo
com
o
esquema
sntese,
convm
esclarecer
e
especificar
cada
modalidade
deste
instituto
Responsabilidade
Civil.
Responsabilidade
Obrigacional
-
Tambm
designada
de
contratual,
no
entanto,
h
obrigaes
que
nascem
e
que
no
tm
como
fonte
o
contrato.
-
Esta
ocorre
quando
so
violados
direitos
de
crdito
direito
subjectivo
relativo
oponvel
inter
partes(art.
798
-
802
C.C.).
-
Incumbe
ao
devedor
provar
que
a
falta
de
cumprimento
ou
cumprimento
defeituoso
da
obrigao
no
procede
culpa
sua
art.
799
C.C.
-
Permite
lanar
uma
pretenso
indemnizatria;
presume-se
a
culpa
do
autor
da
leso.
No
que
concerne
ilicitude,
por
violao
de
direitos
de
crdito,
esta
tem
duas
modalidades:
26
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Resposabilidade
Extra-Obrigacional
1.
Responsabilidade
por
Factos
Ilcitos
-
Prevista
nos
artigos
483
-
498
C.C.;
-
Obrigao
de
indemnizar,
se
cumpridos
todos
os
pressupostos.
-
Facto
ilcito
provem:
o violao
dos
direitos
de
outrem
o violao
de
disposies
legais,
destinadas
a
proteger
interesses
alheios
-
A
aco
directa,
legtima
defesa
ou
estado
de
necessidade,
justificam
algumas
ilicitudes
possveis,
sob
determinadas
situaes.
2.
Responsabilidade
pelo
Risco
-
Prevista
nos
artigos
499
-
510
C.C.;
-
Os
danos
decorrem:
actividade
que
tem
riscos
envolvidos
(lidar
com
animais,
andar
de
carro,
trabalhar
com
gs
e
electricidade,
etc);
-
Obrigao
de
indemnizar,
ainda
que
no
tendo
culpa.
Ubi
comuda,
ibi
incomuda.
27
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Art.
564,
n1
e
566,
n1
C.C.
concretizao
de
uma
ideia
de
recontruir
a
situao
(de
forma
natural,
ou
em
espcie).
Para
diferenciarmos
as
diferentes
modalidades
da
Responsabilidade
Civil,
h
que
atender
aos
pressupostos:
1.
Facto
voluntrio
do
agente
que
pode
ser
por
aco
(facere)
ou
omisso
(non
facere)
que
produza
efeitos
jurdicos
e
que
possa
ser
imputado
vontade
do
agente.
2.
Ilicitude:
o
facto
tem
de
ser
ilcito
-
anlise
objectiva
de
violao
ou
no
de
uma
norma
jurdica
Responsabilidade
Civil
Extra-Obrigacional
por
Facto
Ilcito:
->
violao
de
direitos
de
outrem
direitos
absolutos:
Direitos de Personalidade
Direitos Reais
->
violao
de
disposies
legais
destinadas
a
proteger
interesses
alheios.
ex:
normas
de
trnsito
quem
violar
esta
norma,
est
a
violar
uma
disposio
destinada
a
proteger
interesse
alheio.
Responsabilidade
Obrigacional:
->
violao
de
um
direito
de
crdito;
->
incumprimento;
->
simples
mora;
28
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
3.
Culpa
(art.
487
C.C.)
susceptibilidade
de
juzo
de
censura
ou
reprovao
ou
imputao
psicolgica
do
acto
ao
agente.
-
regime
geral
de
apreciao
de
culpa
art.
487,
n2
C.C.
-
Modalidades
a)
dolo
(inteno)
o
agente
quis
o
dano.
Inteno
de
atingir
as
normas
jurdicas.
Exige-se
Directo
mais
grave.
O
agente
sabe
qual
ser
o
resultado
e
mesmo
assim
pratica
o
acto.
ex:
eu
pego
numa
pistola
e
sei
que
se
disparar
mato
outrem
e
mesmo
assim
fao-o.
Necessrio
o
agente
no
quer
o
dano,
mas
sabe
que
resulta
necessariamente
como
consequncia
do
seu
acto/conduta.
ex:
quero
incendiar
uma
casa.
Sei
que
est
l
um
idoso.
No
o
quero
matar,
mas,
por
conseguinte
acaba
por
acontecer.
b)
mera
culpa
(diligncia)
art.
494
C.C.
o
agente
no
usou
da
diligncia
exigvel
para
evitar
o
acto
danoso.
A
conduta
censurvel,
no
porque
o
agente
quis
atingir
a
norma,
mas
porque
foi
diligente,
no
cumpriu
os
deveres
de
cuidado
que
a
situao
exigia.
Consciente:
agente
representa
como
possvel
uma
conduta
danosa,
mas
o
agente
confia
e
est
seguro
de
que
nada
vai
acontecer.
ex:
carro
sei
que
estou
embriagado
para
conduzir,
mas
confio
que
nada
vai
acontecer.
Inconsciente: o agente nem sequer representa ao praticar o facto possvel como seu.
29
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Dano
Emergente:
traduz
uma
diminuio
do
patrimnio.
ex:
vidro
que
se
partiu,
despesas
de
hospitais.
Lucro
Cessante:
traduz
a
no
obteno
de
uma
vantagem.
ex:
sou
dentista
e
tenho
duas
consultas
marcadas
para
essa
tarde.
No
entanto,
na
hora
de
almoo
sofro
um
acidente
e
sou
hospitalizado,
no
poderei
dar
as
consultas
que
estavam
agendadas.
O
lucro
cessante
corresponde
ao
dinheiro
que
deixei
de
obter
pelas
consultas
por
ter
sofrido
o
acidente
e
ter
ficado
impossibilitada
de
as
dar.
- art. 566 C.C., concretizao da ideia de sano reconstitutiva. A ideia reconstituir o lesado para a
5.
Nexo
de
Causalidade
(art.
563
C.C.)
relao
entre
o
facto
e
a
consequncia.
Facto
tem
de
ser,
em
concreto,
causa
do
dano
e
tem
de
se
mostrar
em
termos
abstractos,
adequado
sua
produo
(Teoria
da
Causalidade
Adequada).
Responsabilidade
Objectiva
tem
os
mesmos
requisitos
que
a
categoria
anterior,
no
entanto,
ao
-
Art.
227
C.C:
culpa
in
contrahendo
(desvio
ao
Princpio
da
Liberdade
Contratual
art.
405
C.C.)
Quem
negoceia
com
outrem
para
a
concluso
de
um
contrato
deve,
tanto
nos
priliminares
como
na
formao
dele,
proceder
segundo
as
regras
de
boa
f,
sob
pena
de
responder
pelos
danos
que
culposamente
causar
outra
parte..
30
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2.
Legtima
Defesa
-
Art.
337
C.C.
-
Caso
de
agresso
fsica,
acto
praticado
para
afastar
agresso
actual
e
ilcita
pessoa
ou
ao
patrimnio
do
agente
ou
de
terceiro.
-
No
implica
ilicitude
mas
sim
desculpao.
3.
Estado
Necessidade
-
Art.
339
C.C.
-
A
aco
do
agente
visa
eliminar
o
dano
ou
perigo
de
patrimnio
seu
ou
de
terceiro.
-
Incorre
de
responsabilidade
civil
por
facto
lcito.
31
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
1. Sentido Objectivo (art. 3/1, art. 227/1, art. 239, art. 272, art. 334, art. 437/1 e art. 762/2 C.C.)
-
>
Aparece
como
exterior
ao
sujeito.
Remete
para
princpios,
regras,
ditames
que
vm
de
fora,
mas
que
se
destinam
ao
regulamento
do
comportamento
dos
indivduos
A
lei,
contudo,
no
define
quais
so
estas
regras,
no
so
cristalinas
dependem
dos
valores
da
sociedade
para
estas
relaes
inter-
pessoais
que
vo
alterando
com
os
tempos.
->
No
se
entra
em
objeces
em
relao
ao
sujeito,
so
regras
de
conduta
ou
de
actuao
que
vm
do
exterior
e
pretendem
reger
condutas,
que
em
Direito
se
entende
por
regras
de
proibio.
->
Pode
tambm
surgir
como
correco
a
normas
que
possam
comportar
uma
aplicao
contrria
ao
sistema,
noutros
aparece
como
nica
norma
atendvel.
2.
Sentido
Subjectivo
->
Remete
para
o
estado,
convico,
mens
do
sujeito
legislador
no
se
preocupa
com
regras
do
exterior.
Analisa
o
prprio
sujeito,
analisa
subjectivamente,
verifica-se
o
estado
subjectivo
(em
que
actuou)
do
sujeito
em
termos
de
graus
de
conhecimento.
a)
concepo
psicolgica:
mero
desconhecimento
ou
ignorncia
de
certo
facto
ou
estado
de
coisas,
por
muito
bvio
que
fosse.
(art.
119,
n3,
art.
243,
n2,
art.
1260,
n1
e
art.
1340,
n4
C.C.).
b)
concepo
tica:
Est
de
boa
f
quem
se
encontra
num
desconhecimento
no
culposo;
i.e:
considerada
de
m
f
a
pessoa
que,
com
culpa,
desconhece
aquilo
que
deveria
conhecer.
Esta
concepo
postula
a
presena
de
deveres
de
cuidado
e
indagao.
(art.
291,
n3
e
art.
1649
C.C.).
Prof.
Menezes
Cordeiro:
embora
legislador
tenha
2
maneiras
distintas
para
aplicar
a
Boa
F
subjectiva,
esta
deve
de
ser
interpretada
tendo
em
conta
o
elemento
sistemtico
da
interpretao
sempre
que
haja
remisso
para
o
sentido
subjectivo
da
Boa
F
h
que
ter
em
conta
sempre
a
valorao
tica,
porqu?
1.
Jurisdicidade
do
sistema
Direito
no
associa
consequncias
a
puras
casualidades.
Pretende
interferir/orientar/influnciar
condutas.
Exprime
um
dever-ser!
no
est
espera
que
elas
aconteam
para
atribuir
efeitos.
2.
Adequao
do
sistema
Se
se
alinhar
pela
concepo
psicolgica
ao
invs
da
tica,
protege-se
os
ignorantes/distrados/egostas
que
no
querem
saber.
O
sistema
tem
de
se
adequar
a
quem
quer
ou
no
proteger.
3
Praticabilidade
do
sistema
Num
processo
judicial
torna-se
bastante
complicado
e
at
impossvel
provar
a
concepo
psicolgica.
A
doutrina
e
jurisprudncia
defendem
a
Boa
F
Subjectiva
num
sentido
total
que
tem
de
ter
as
duas
concepes.
33
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
No
que
toca
Boa
F,
a
doutrina
discute
se
estamos
perante
um
conceito
indeterminado
ou
uma
clasula
geral.
Em
qualquer
uma
das
hipteses,
encontramo-nos
face
a
um
conceito
que
no
permite
uma
interpretao
silogstica
do
Direito.
Assim,
o
prof.
Menezes
Cordeiro
tentou
concretizar
este
Princpio,
que
aparece
como
conceito
indeterminado,
por
forma
a
aproximar
o
ncleo
da
periferia,
concretizando-o
em
dois
sub-princpios.
I. Princpio
da
Tutela
da
Confiana
II. Princpio
da
Primazia
da
Materialidade
Subjacente
I.
Princpio
da
Tutela
da
Confiana
(legtima)
Tutela-se
a
confiana
do
sujeito
jurdico
na
actuao
do
outro.
Para,
ao
abrigo
da
autonomia
privada,
nos
movermos
livremente
e
prosseguirmos
os
nossos
interesses
temos
tambm
de
confiar
naqueles
que
nos
rodeiam.
Ns
actuamos
na
confiana
de
que
o
outro
actua
de
uma
certa
maneira
e
decidimos
a
nossa
com
base
na
convico
de
que
o
outro
vai
actuar
de
determinada
maneira.
No
uma
esperana,
acreditamos
que
o
sujeito
vai
actuar
assim.
O
Direito
tutela
as
convices,
mas
esta
confiana
tem
de
ser
legtima,
o
Direito
tem
de
proteger,
com
base
na
segurana,
determinadas
convices
que,
fundadamente
adquirimos
com
base
em
comportamentos
alheios.
Esta
proteco
de
confiana
executada
atravs
de:
-
disposies
legais
especficas;
-
institutos
gerais;
No
entanto
no
pode
proteger
toda
e
qualquer
confiana,
pois
ao
abrigo
da
boa
f,
ao
proteger-mos
um,
vamos
estar
a
prejudicar
outro,
sendo
que
este
segundo
fica
numa
situao
pior
que
aquela
em
que
estaria
se
a
confiana
do
primeiro
no
tivesse
sido
tutelada.
Neste
sentido,
existem
determinados
pressupostos
de
actuao:
1.
Situao
de
confiana
2.
Justificao
para
essa
confiana
3.
Investimento
na
confiana
4.
Imputao
da
situao
de
confiana
1.
Situao
de
confiana:
traduzida
na
boa
f
subjectiva
tica
prpria
da
pessoa
que,
sem
violar
os
deveres
de
cuidado
que
ao
caso
caibam,
ignore
estar
a
lesar
posies
alheias.
Tambm
se
pode
falar
na
boa
f
subjectiva
psicolgica,
mas
quem
desconhece
e
no
procura
conhecer
merece
menos
proteco.
34
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2.
Justificao
para
essa
confiana:
expressa
na
presena
de
elementos
objectivos
capazes
de,
em
abstracto,
provocarem
uma
crena
plausvel.
A
confiana
foi
gerada
por
factos
que,
razoavelmente
podiam
provocar
a
adeso
de
uma
pessoa
normal.
3.
Investimento
na
confiana:
consiste
em
que,
da
parte
do
sujeito,
tenha
havido
um
assentar
efectivo
de
actividades
(jurdicas)
sobre
a
crena
consubstanciada.
Sujeito
toma
decises
e
age,
com
consequncias
jurdicas,
em
conformidade
com
a
sua
confiana
na
outra
parte.
Exige-se
que
a
pessoa
tenha
desenvolvido
toda
uma
actuao
baseada
na
prpria
confiana,
actuao
essa
que
no
possa
ser
desfeita
sem
prejuzos
inadmissveis.
Uma
confiana
meramente
interior,
que
no
d
lugar
a
comportamentos,
no
requer
proteco,
sem
actuao
no
h
danos.
4.
Imputao
da
situao
de
confiana:
implica
a
existncia
de
um
autor
a
quem
se
deva
a
entrega
confiante
do
tutelado.
Ao
proteger-se
a
confiana
de
uma
pessoa
vai-se,
em
regra,
onerar
outra;
por
isso
implica
que
esta
outra
seja
de
algum
modo,
a
responsvel
pela
situao
criada
e
no
que
a
situao
seja
fruto
da
imaginao.
Estes
requisitos
para
a
proteco
da
confiana
articulam-se
entre
si
nos
termos
de
um
sistema
mvel.
Pretende-se
com
isto
frisar
que,
no
h
uma
hierarquia
entre
ele,
e
no
so
em
absoluto
indispensveis.
Deste
facto
resulta
que,
faltando
algum
dos
requisitos,
ou
tendo
um
deles
menor
intensidade,
a
confiana
continua
protegida
se
a
existncia
dos
outros
e/ou
a
sua
intensidade
assim
o
justificar.
(Prof.
Menezes
Cordeiro)
A
medida
para
a
indemnizao
calculada
atravs
de
um
sistema
atpico:
cinge-se
chamada
indemnizao
do
dano
da
confiana
(interesse
contratual
negativo):
apenas
so
indemnizveis
os
prejuzos
da
fase
negocial.
II.
Princpio
da
Primazia
da
Materialidade
Subjacente
No
mundo
do
Direito
temos
de
nos
comportar
de
acordo
com
certas
regras,
mas
pode
acontecer
que,
uma
soluo,
do
ponto
de
vista
formal
seja
correcta,
mas
que
do
ponto
de
vista
material
seja
injusta.
Por
via
dos
seus
preceitos,
o
Direito
visa
a
obteno
de
certas
solues
efectivas.,
tornando-se
assim
insuficiente,
a
adopo
de
condutas
que
apenas
na
forma
correspondam
aos
objectivos
jurdicos,
descurando-os,
na
realidade,
num
plano
material.
A
Boa
F
exige
que
os
exerccios
jurdicos
sejam
avaliados
em
termos
materiais,
de
acordo
com
as
efectivas
consequncias
que
acarretam.
35
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2.
Idoneidade
valorativa:
recorda
a
harmonia
do
sistema.
Este
no
admitiria
que
algum
utilize
a
prpria
situao
jurdica
que
tenha
violado
para,
em
funo
do
seu
ilcito,
tirar
partido
contra
outrem.
contrrio
boa
f
provocar
um
dano
e
exigir
a
outrem
a
sua
reparao.
Abuso
de
Direito
-
Art.
334
C.C.;
-
Principal
instituto
pelo
qual
a
boa
f
se
concretiza
na
prtica
(vai
at
aos
casos
concretos
na
periferia);
-
Tem
como
base
o
Direito
de
Propriedade;
-
um
termo
contraditrio,
pois
esta
expresso
contradiz-se
nos
seus
prprios
termos:
quando
h
direito
no
h
abuso
e
quando
h
abuso,
no
h
direito;
Prof.
Menezes
Cordeiro
entende
o
abuso
de
direito
como
exerccio
inadmissvel
das
posies
jurdicas.
uma
matria
intrinsecamente
ligada
com
a
primazia
da
materialidade
subjacente,
na
medida
em
que
devemos
mencionar
aqui
uma
das
concretizaes
do
princpio
mencionada:
equilbrio
no
exerccio
das
posies
jurdicas:
mesmo
as
actuaes
lcitas,
tm
de
ser
observadas
luz
dos
valores
do
Direito
e
da
boa-f.
-
Acto
Emulativo:
actuao
gratuitamente
danosa
para
outrem.
Quando
o
acto
lcito,
mas
A
no
tira
qualquer
benefcio
procurando
apenas
prejudicar
B.
36
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Condenou-se
o
proprietrio
que
construa
no
seu
prdio
uma
chamin
falsa
intil,
apenas
para
tapar
uma
janela
do
vizinho.
No
entanto,
as
solues
da
jurisprudncia
no
foram
suficiente
para
que
a
boa
f
e
a
figura
do
abuso
de
direito
se
enraizassem,
mormente
porque
a
influncia
da
escola
da
Exegese
era
muito
marcada
e
concentrou-se
a
olhar
para
o
ncleo
do
sistema
olhou
exclusivamente
para
a
norma
(direito
de
propriedade)
e
limitou-se
a
aplic-la.
A
Tradio
Alem
Consegue
resolver
o
problema
e
trazer
a
figura
do
abuso
de
direito
para
o
ordenamento
jurdico.
Estes
comeam
a
descobrir
situaes
parcelares
em
que
a
Boa
F
tinha
de
actuar,
protegendo
a
situao
de
um
dos
provenientes
na
sua
tutela
de
confiana,
em
detrimento
de
outros.
A
imagem
comea
a
construir-se
na
periferia
e
vo
depois
para
o
ncleo.
O
que
se
faz?
Reparam
que
houve
um
exerccio
inadmissvel
(
luz
da
Boa
F)
da
posio
jurdica
e
vo
sistematizar
estas
situaes.
Art.
334
C.C.
-
ilegtimo
o
exerccio
de
um
direito,
quando
o
titular
exceda
manifestamente
os
limites
impostos
pela
boa
f,
pelos
bons
costumes
ou
pelo
fim
social
ou
econmico
desse
direito.
1.
ilegtimo
=
ilcito/no
permitido
(
sentido
tcnico
de
ilegitimidade
falta
de
certa
qualidade
especfica
que
habilite
o
sujeito
exercente
a
agir
no
mbito
de
certo
direito);
2.
Direito
em
sentido
amplo,
abrange
o
exerccio
de
posies
activas
e
passivas;
3.
manifestamente
como
antnimo
de
implicitamente;
->
Consagra
a
concepo
objectivista
da
Boa
F;
->
Norma
geral
que
abrange
muitas
consideraes
e
tipos
de
abuso;
37
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
->
o
problema
no
de
titularidade,
mas
sim
no
exerccio
de
um
determinado
direito,
no
caso
concreto.
->
sendo
uma
modalidade
autnoma
de
ilicitude
que,
pode
gerar
responsabilidade
civil
(obrigacional
e
extra-obrigacional),
desde
que,
de
acordo
com
os
requisitos,
haja
culpa.
-
>
o
artigo
uma
clausula
aberta
do
ponto
de
vista
de
sanes,
que
podem
ser
preventivas,
ou
repressivas.
O
objectivo
apenas
eliminar
o
dano
resultante
do
abuso
assim,
a
indemnizao
pode
ser
de
reconstituio
natural
ou
em
espcie.
2.
Supressio/Surrectio
-
Situao
em
que
algum
no
exerce
a
titularidade
de
um
direito
durante
um
perodo
de
tempo,
e
que
cria
no
outro
a
convico
de
que
no
vai
exerc-lo.
No
basta
contudo
que
passe
s
o
tempo,
necessrio
que
o
titular
pratique
um
facto
que
leve
a
essa
mesma
confiana.
-
O
lapso
de
tempo
suprime
o
exerccio
do
direito,
o
titular
deixa
de
poder
exercer
o
direito
de
que
era
titular;
-
Forma
de
tutela
do
beneficirio,
confiante
na
inaco
do
agente;
38
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
-
A
surrectio
o
direito
que
a
outra
parte
tem,
de
ser
opor
tentativa
do
titular
inicial
de
exercer
o
seu
direito;
-
Esta
situao
encontra-se
relacionada
com
a
caducidade
e
a
prescrio.
-
Modelo
mais
completo
de
deciso,
do
que
o
habitual
da
tutela
de
confiana,
tem
como
pressupostos:
1.
um
no
exerccio
prolongado;
2.
uma
situao
de
confiana,
da
derivada;
3.
uma
justificao
para
essa
confiana;
4.
um
investimento
na
confiana;
5.
a
imputao
da
confiana
ao
no
exercente;
3.
Tu
quoque
-
Tambm
tu,
meu
filho
(palavra
de
Csar
a
Brutus);
-
algum
pratica
um
facto
lcito
e
serve-se
dessa
actuao
para
prejudicar
outrem;
4.
Exceptio
Doli
-
Excepo
do
dolo
art.
126
C.C.
-
Exerccio
de
direito
que
no
tem
interesse
ou
utilidade
para
o
titular,
usado
apenas
com
a
inteno
de
prejudicar
os
outros.
5.
Inalegabilidades
Formais
-
Regra
geral:
declaraes
negociais
so
feitas
como
quisermos,
sem
forma
determinada
(art.
219
C.C.);
-
Excepes:
a
lei
obriga
a
certas
formas,
e
se
no
se
seguir
esse
negocio
ser
nulo
ao
abrigo
do
art.
220
C.C.;
-
Situao
da
pessoa
que,
por
exigncias
do
sistema,
no
se
possa
prevalecer
da
nulidade
de
um
negocio
jurdico
causada
por
vcio
de
forma
num
primeiro
momento
o
agente
daria
azo
a
uma
nulidade
formal,
prevalecendo-se
do
negocio
(nulo),
assim
mantido
por
convenincia.
Numa
altura
posterior,
invocaria
a
nulidade,
recuperando
a
sua
liberdade.
Tal
no
possvel,
na
medida
em
que
viola
gravemente
a
confiana.
6.
Exerccio
em
Desequilbrio
(referido
anteriormente)
Direito
Portugus:
-
334
C.C:
abrange
o
exerccio
dos
direitos
subjectivos
e
pode
aplicar-se
ao
cumprimento
das
obrigaes
(art.
762/2
C.C.)
-
mbito
de
aplicao
extenso;
-
noo
objectiva:
ou
abusou
ou
no
abusou;
-
consequncias:
pode,
ou
deve
ter,
uma
obrigao
de
indemnizar
e
levar
paralizao
do
exerccio;
39
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Como
resultado,
acresce
afirmar
que
a
ordenao
dos
interesses
humanos
pelo
Direito
no
se
faz
necessria
e
exclusivamente
mediante
atribuio
de
direitos
e
vinculaes
ao
Homem
enquanto
pessoa
singular,
como
tambem
enquanto
pessoa
colectiva.
3.1.
Personalidade
Jurdica
Noo
tradicional:
So
quaisquer
identidades
entre
as
quais
se
possam
estabelecer
relaes
jurdicas;
entidades
em
que
sejam
imputveis
os
poderes
e
as
vinculaes
em
que
o
conteudo
da
relao
jurdica
se
analisa.
Pessoa
Jurdica
toda
a
entidade
que
possa
ser
titular
de
poderes
e
estar
adstrita
a
vinculaes.
Para
se
ser
pessoa
em
Direito,
significa
que
tem
um
atributo
de
que
advm
a
possibilidade
de
a
certa
entidade
se
imputarem
certas
situaes
jurdicas
este
atributo
a
personalidade
jurdica
(art.
66,
n1
C.C).
Personalidade
um
conceito
qualitativo,
donde
resulta
que
no
admite
graus:
ou
se
tem
qualidade
de
pessoa
jurdica
ou
no
se
tem.
No
se
fala
em
ser
mais
ou
menos
pessoa.
Susceptibilidade
de
ser
titular
de
direitos
e
de
estar
adstrito
a
vinculaes.
no
fundo,
um
meio
tcnico,
adoptado
para
prosseguir
o
ordenamento
jurdico
dos
interesses
humanos.
41
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Adstrio:
estar
adstrito
a
situao
paralela
de
pertena
efectiva
de
uma
vinculao
a
certa
pessoa.
Uma
questo
que
se
pode
levantar
a
da
admissibilidade
e
relaes
jurdicas
sem
sujeito.
Ex:
nascituros;
herana
jacente;
comisses
de
trabalhadores).
Problemas
das
entidades
a
quem
so
atribuidos
direitos
sem
as
personificar:
outra
noo
de
personalidade
jurdica.
Mas,
se
a
personalidade
uma
qualidade
imprescindivel
para
ser
sujeito
de
direito,
ela
no
basta
para
qualificar
as
diversas
posies
ocupadas
pelas
pessoas
na
vida
jurdica.
3.2.
Capacidade
Jurdica
Deste
modo,
uma
coisa
saber
se
certa
entidade
,
ou
no,
dotada
de
personalidade
jurdica,
outra
apurar
quais
os
direitos
e
vinculaes
que
lhe
podem
caber,
quais
os
que,
efectivamente,
lhe
esto
atribudos
e
como
ela
os
pode
actuar.
-
Noo
de
capacidade
jurdica:
noo
quantitativa,
implica
uma
ideia
de
medida.
Capacidade
Jurdica:
medida
de
direitos
e
vinculaes
que
uma
pessoa
susceptvel.
(trs
elementos)
estar
adstrita.
Capacidade
de
Exerccio:
medida
dos
direitos
e
das
vinculaes
que
uma
pessoa
pode
exercer
e
cumprir
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
adstrita).
(!
mal
se
nasce,
adquire-se
direitos
de
personalidade;
o
recm-nascido
tem
a
totalidade/generalidade
dos
direitos
de
personalidade,
no
entanto
no
pode
exerc-los
mas
no
significa
que
os
perca!)
O
Cdigo
Civil,
contempla
especialmente
a
noo
de
capacidade
de
gozo,
ainda
que
a
ela
se
refira
omo
capacidade
jurdica,
sem
mais
qualificativos
(art.
66
e
166,
relativos,
respectivamente,
s
pessoas
singulares
e
colectivas).
A
capacidade
jurdica
de
exerccio
apenas
referida
nos
art.
123,
130
e
133,
sem
ser
contudo
definida.
Relao
entre
capacidade
jurdica
de
gozo
e
capacidade
de
exerccio:
So
dois
institutos
que
se
colocam
em
planos
fundamentalmente
distintos.
De
comum
entre
eles,
s
h
a
ideia
de
medida.
Capacidade
de
gozo
situa-se
no
plano
abstrato,
ou
seja,
trata-se
de
saber
que
direitos
e
vinculaes
certa
pessoa
pode
ter.
A
capacidade
de
exerccio
situa-se
num
plano
concreto,
pois
est
em
causa
averiguar
em
que
medida
certa
pessoa
pode
exercer
os
direitos
ou
cumprir
as
vinculaes
que
efectivamente
lhe
cabem.
->
Pode
haver
capacidade
de
gozo
de
certos
direitos,
sem
haver
capacidade
para
os
exercer.
Capacidade
genrica,
capacidade
especfica
e
capacidade
particular
Sendo
a
capacidade
um
conceito
quantitativo,
admite
graus.
Pode-se
ter
maior
ou
menor
capacidade
de
gozo
ou
de
exerccio.
Deste
modo,
em
relao
a
qualquer
uma
delas
faz
sentido
definir
vrias
medidas
de
capacidade,
conrrentemente
reconduzidas
a
duas
situaes
tpicas:
capacidade
genrica
e
especfica.
Num
plano
diverso,
cabe
ainda
falar
em
capacidade
particular.
1.
Capacidade
Genrica:
medida
em
causa
abrange
a
generalidade
dos
direitos
e
vinculaes.
43
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2. Capacidade Especfica: medida abrange certo tipo, pr-definido mais amplo, de direitos e vinculaes.
Ocorre
tanto
no
plano
da
capacidade
de
gozo,
como
na
capacidade
de
exerccio.
(exemplo
tipco:
pessoas
colectivas).
3.
Capacidade
Particular:
medida
que
abrange
certos
direitos
e
certas
vinculaes
individualizadas.
destino
de
capacidade/incapacidade
consoante
mbito
da
medida
A
diferena
entre
capacidade
genrica
e
especfica
e
capacidade
particular
reside
no
facto
de
as
primeiras
se
poderem
entender
como
uma
qualificao
da
capacidade
em
abstrato,
enquanto
que
a
capacidade
particular
s
pode
analisar-se
in
concreto
Incapacidade
Jurdica
Gozo
Exerccio
-
suprvel;
-
Pode
acontecer
o
titular
de
direito
poder
exerc-lo
pessoal,
mas
no
livremente;
incapacidade
podem
aplicar-se
em
sentido
negativo
as
vrias
noes,
j
expostas,
de
capacidade
e
as
suas
modalidades.
Deste
modo,
a
incapacidade
jurdica
a
medida
de
vinculaes
de
que
uma
pessoa
no
susceptvel
ou
no
pode
exercer.
44
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
A
mesma
pessoa
pode
ter
capacidade
de
gozo
e
no
ter
capacidade
de
exerccio.
Uma
pessoa
pode
ainda
ser
dotada
de
capacidade
de
gozo
genrica
e
sofrer
de
uma
incapacidade
de
exerccio
genrica,
este
o
caso
dos
menores,
em
determinadas
circunstncias.
No
admissvel
que
uma
pessoa
sofre
de
incapacidade
absoluta
de
gozo,
por
ela
implicar
a
negao
da
personalidade
jurdica.
Contudo,
aceitvel
e
concebvel
que
uma
pessoa
esteja
privada,
em
absoluto,
de
capacidade
de
exerccio,
abstraindo,
porm,
de
direitos
que
s
admitem
exerccio
pessoal
(ex:
direito
vida)
cuja
actuao
envolve,
em
certos
aspectos,
meros
actos
materiais.
1
-
No
admissvel
a
coexistncia
de
capacidade
genrica
(de
gozo
e
de
exerccio)
e
da
incapacidade
genrica,
tal
hiptese
encerraria
uma
contradio
nos
prprios
termos
i.e.
uma
pessoa
no
poderia,
a
um
tempo,
por
exemplo,
ser
e
no
ser
susceptvel
da
generalidade
de
direitos
e
vinculaes
2
-
Podem
conciliar-se
casos
de
incapacidade
genrica
com
os
de
capacidade
especifica
(e
vice-
versa).
Ex:
as
pessoas
singulares
tm,
em
regra,
capacidade
genrica
de
exerccio;
todavia,
um
maior
inabilitado
passa
a
sofrer
de
limitaes
sua
capacidade.
Suprimento
da
Incapacidade
Regra
geral:
a
incapacidade
de
gozo
no
admite
suprimento;
,
contudo
suprvel
a
incapacidade
de
exerccio.
Pode
afirmar-se
que
a
ideia
de
suprimento
inerente
de
incapacidade
de
exerccio
por
ela
imposta.
Entende-se
por
suprimento
sistema
organizado
pelo
Direito
com
vista
a
permitir
o
exerccio
dos
direitos
e
o
cumprimento
das
vinculaes
de
um
incapaz.
Este
sistema
desenvolve-se
em
dois
aspectos:
1.
Meios
de
suprimento;
remisso
2.
Formas
de
suprimento
1.
Meios
de
suprimento:
realidades
estticas,
reguladas
por
um
conjuntos
de
normas
que
se
destinam
a
resolver
problemas
prvios
actuao.
(quem
pode/deve/vai
actuar).
Ex:
poder
paternal
e
tutela.
45
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2.
Formas
de
suprimento:
realidades
dinmicas;
modos
de
actuao
estabelecidos
pelo
Direito,
tendo
em
vista
o
efectivo
exerccio
de
direitos
e
cumprimentos
de
vinculaes
do
incapaz.
(como
que
vai
actuar).
Implicam
a
actuao
de
terceiros
no
exerccio
dos
direitos
e
no
cumprimento
das
vinculaes
do
incapaz.
Existem
duas
formas:
Representao
Quando
incapaz
no
pode
agir
pessoalmente
os
seus
direitos.
Isto
,
h
uma
substituio
de
vontades.
Representante
age
em
nome
e
em
vez
do
incapaz.
O
acto
materialmente
praticado
por
outra
pessoa
visto
juridicamente
nos
seus
efeitos
como
acto
do
incapaz.
Requisitos:
1.
substituio
de
vontades;
2.
representante
actua
no
interesse
e
por
conta
do
representado;
3.
efeitos
da
representao,
reprecutem-se
directamente
na
esfera
jurdica
do
representado;
Assistncia
Quando
incapaz
no
pode
agir
livremente
dos
seus
direitos,
apenas
pessoalmente.
O
incapaz
pode
agir
mas
no
sozinho;
o
suprimento
impe
que
outra
pessoa
actue
juntamente
com
o
incapaz.
Fenmeno
de
conjugao
de
vontades.
Momentos:
1.
antes
da
prtica
do
acto:
AUTORIZAO
2.
durante
a
prtica
do
acto:
COMPARTICIPAO
3.
depois
da
prtica
do
acto:
RETIFICAO
ou
APROVAO
!
Quando
se
fala
em
capacidade,
sem
mais,
geralmente
na
capacidade
de
gozo
que
se
refere.
Pelo
contrrio,
quando
se
fala
em
incapacidade,
sem
outros
qualificativos,
pretende-se
significar
uma
limitao
incapacidade
de
exerccio.
Mas
ser
que
para
resolver
casos
concretos,
estes
conceitos
servem?
Os
conceitos
apenas
servem
para
resolver
os
casos
concretos
pela
negativa.
No
conseguimos
dizer
a
uma
pessoa
se
pode
ou
no
vender
imveis.
So
bastante
abstratos,
e
tm
sempre
em
conta
o
termo
susceptibilidade,
ou
seja,
encontram-se
no
mbito
das
probabilidades.
Contudo,
o
Direito
visa
resolver
casos
concretos!
46
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
De
acordo
com
o
art.
67
C.C,
os
seres
humanos,
em
termo
de
capacidade
de
gozo,
tm
uma
capacidade
genrica
de
gozo,
que
difere
da
absoluta
(h
certos
direitos
que
a
pessoa
no
pode
exercer
assim
que
nasce).
Ex:
Zacarias
quer
vender
um
imvel.
Tem
personalidade
jurdica.
H
que
verificar
se
entre
o
direito
(vender
o
imvel)
e
o
prprio
Zacarias,
h
uma
relao
que
permita
este
exerccio.
J
no
estou
preocupado
com
a
personalidade
jurdica
e
a
capacidade.
3.3.
Legitimidade
Para
o
sujeito
exercer
determinado
Direito
validamente,
alm
de
ser
capaz,
deve
encontrar-se
uma
relao
entre
o
direito
e
a
pessoa.
O
exerccio
vlido
pressupe
capacidade
de
exerccio
como
legitimidade.
-
Noo:
susceptibilidade
de
certa
pessoa
jurdica
exercer
um
direito
ou
cumprir
uma
vinculao,
resultante
de
uma
relao
existente
entre
essa
pessoa
e
o
direito
ou
vinculao
em
causa.
Relao
entre
CAPACIDADE
DE
EXERCCIO
com
LEGITIMIDADE
Na
capacidade
o
que
nos
preocupa
o
actuar
juridicamente,
tem
a
ver
com
as
caractersticas
do
sujeito
(hbitos
de
vida,
idade,
deficincias
especficas).
Os
sujeitos
tm
certas
limitaes
na
sua
capacidade
de
exerccio.
ex:
idade
h
medida
que
se
cresce,
maior
a
capacidade
de
exerccio.
2.
Capacidade
sem
legitimidade
ex:
Zacarias
quer
vender
imvel,
que
sita
na
rua
x,
no
andar
y.
H
que
arranjar
relao
entre
Zacarias
e
imvel.
Se
Zacarias
no
for
titular
do
imvel,
no
pode
vend-lo
porque
falta
a
tal
relao
legtima
entre
o
Zacarias
e
a
titularidade
do
direito.
Assim,
tem
capacidade,
mas
no
tem
legitimidade.
47
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2.
Legitimidade
sem
titularidade:
atribudo
o
poder
de
agir
a
algum
que
no
titular
do
direito
h
legitimidade
indirecta.
ex:
Representao
quando
um
pai
vende
imvel
do
filho
que
menor.
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
2.
Sentido
Material:
passamos
a
referir-nos
aos
bens.
Isto
,
entende-se
por
patrimnio
o
conjunto
de
bens
avaliveis
em
dinheiro,
pertencentes
a
certa
pessoa,
em
certo
momento.
ex:
Recuperando
ao
caso
anterior,
o
patrimnio
totaliza
o
prdio
urbano
em
si.
Funes do patrimnio - interna e externa (bens impenhorveis, garantia geral dos credores
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
A
funo
interna
do
patrimnio,
por
se
desenvolver
num
sentido
de
suporte
material
de
vida,
constitui
uma
extenso
natural
da
personalidade
jurdica.
O
patrimnio
tem
como
funo
primria
a
sustentao
do
seu
titular,
pelo
que,
no
se
pode
retirar
de
certa
pessoa
todos
os
seus
bens
em
termo
de
se
afectar
o
patrimnio
considerado
o
mnimo
necessrio
para
a
sua
estabilidade
de
vida.
2.
Externa:
Responsabilidade
Civil.
Consiste
em
servir
de
garantia
comum
dos
credores
do
seu
titular.
(Hoje
em
dia
no
existe
outra
garantia
dos
crditos
que
no
seja
patrimonial).
Art.
601
C.C
,
no
patrimnio
do
devedor
que
os
credores
encontram
a
garantia
de
satisfao
dos
seus
crditos.
Garantia
vem
a
exercer-se
(quando
o
interesse
do
credor
no
seja
voluntariamente
realizado)
por
via
judicial,
atravs
de
meio
prprio,
a
aco
executiva.
Nesta
aco
h
uma
fase
especificamente
dirigida
apreenso
de
bens
do
patrimnio
do
devedor
penhora
para
com
eles,
ou
com
o
dinheiro
obtido
da
sua
venda,
se
satisfizer
o
interesse
do
credor.
No
obstante,
e
resultante
do
art.
601
C.C.
nem
todos
os
bens
do
devedor
podem
ser
penhorados.
Os
bens
impenhorveis
excluem
a
lei
processual
civil
da
penhora.
ex:
tmulos,
2/3
dos
vencimentos,
bens
pessoais
e
ntimos.
Todos
os
credores
se
encontram,
em
princpio,
em
igual
posio
perante
o
patrimnio
do
devedor:
por
esta
razo,
o
patrimnio
garantia
comum.
No
entanto
sofre
de
excepes
e
alguns
desvios:
1.
Separao
dos
patrimnios
(patrimnio
autnomo,
colectivo
e
compropriedade)
2.
Credores
especialmente
protegidos
(garantias
pessoais
aval
e
fiana;
garantias
reais
hipoteca
e
penhor
vs
penhora)
50
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Titularidade
PATRIMNIO
AUTNOMO
PATRIMNIO
COLECTIVO
COMPROPRIEDADE
- 1 s titular: a
mesma pessoa
titular de uma massa
patrimonial no
integrada no seu
patrimnio geral.
- 2/+ titulares;
Conformao da
contitularidade de
direitos
Afectao finalista
- sim
Regime especial
de
responsabilidade
por dvidas
- sim. O patrimnio
autnomo responde
por dvidas prprias:
s o patrimnio
autnomo responde
pelas suas dvidas; e
o patrimnio
autnomo s
responde pelas suas
dvidas.
Tipicidade
- no
- aos contitulares do
patrimnio apenas
atribudo um direito sobre
o conjunto patrimonial.
- sim
- sim. Os credores do
patrimnio colectivo,
primariamente, apenas se
podem fazer pagar pelo
valor da respectiva massa
patrimonial; e s uma vez
esta excutida, que,
solidariamente, por essas
dvidas respondem os
contitulares do
patrimnio, pelos seus
bens pessoais.
- sim: comunho
conjugal; fundo comum
das associaes sem
personalidade; e
sociedades civis no
personificadas.
51
- no h nenhum regime
especial de responsabilidade
por dvidas, podendo o credor
pessoal de qualquer consorte
fazer-se pagar pelo direito
que quele cabe sobre a
coisa comum (autonomia
imperfeita).
- no
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
A
chamada
relao
jurdica.
Ligao
indissocivel
entre
as
duas
situaes.
ex:
credor/devedor
(um
s
existe
perante
o
outro).
Relao
Jurdica:
mbito
do
C.C
(que
o
diploma
fundamental),
na
sua
parte
geral,
est
dividido
de
acordo
com
o
fenmeno
da
relao
jurdica.
Noo
de
situao
jurdica
mais
ampla
que
a
de
relao
jurdica.
Esta
ltima
faz
parte
da
primeira.
Fenmeno
jurdico
em
torno
do
qual
a
matria
deve
de
ser
explicada?
Deve
ser
explicada
em
torno
da
situao
jurdica.
Antigamente
tratava-se
em
torno
da
relao
jurdica
por
ser
mais
antiga
e
por
ter
tambm
a
ver
com
o
carcter
relacional
do
Direito.
52
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
No
entanto,
houve
uma
evoluo.
A
doutrina
entende
que
a
figura
da
relao
jurdica
no
explica
todo
o
fenmeno
da
situao
jurdica,
como
por
exemplo
direitos
de
personalidade
e
deireitos
reais
(no
se
consegue
explic-los
com
base
na
relao
jurdica).
Pelo
exposto,
em
vez
de
se
tomar
por
base
a
relao
jurdica,
toma-se
a
SITUAO
JURDICA.
3.6.3.
Situao
Jurdica
Activa
e
Passiva
1.
Activa:
coloca
o
sujeito
numa
posio
de
superioridade
em
relao
a
um
bem.
Significa
que
esse
sujeito,
em
relao
quele
bem
est
numa
posio
de
vantagem
em
relao
aos
outros,
o
que
implica
dois
aspectos:
Juzo
valorativo:
porque
que
o
Direito
colocou
aquele
indivduo
numa
posio
de
superioridade
em
relao
a
um
bem
e
no
outro
sujeito?
Porque
valorou,
e
entendeu
que
aquele
sujeito
tem
um
interesse
maior
em
relao
quele
bem.
Limitao
funcional:
Direito
olha
para
o
interesse
de
uns
e
diz
que
os
protg
em
relao
aos
outros,
porqu?
O
aproveitamento
das
utilidades
de
um
bem
s
legtimo
se
for
orientado
para
interesses
que
esto
a
ser
fornecidos
(no
pode
utilizar
o
bem
para
outros
fins
que
aqueles
que
foram
definidos
ao
princpio
resultando
em
abuso
de
direito,
pois
est
a
sobreutilizar
a
sua
posio
de
superioridade).
2.
Passiva:
coloca
o
sujeito
passivo
numa
posio
de
inferioridade
em
face
do
sujeito
activo
e
relativamente
ao
bem
em
causa
est
adstrito
a
uma
vinculao.
3.6.4.
Principais
Situaes
Jurdicas
Activas:
1.
Direito
subjectivo
(mais
importante,
mas
no
a
nica):
-
Evoluo
histrica:
Direito
Romano
(sistema
de
base
processual.
No
havia
direito
subjectivo,
53
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Modalidades:
A
Direito
Absoluto
caracterizam-se
pela
sua
eficcia
erga
omnes,
por
o
correspondente
ser
oponvel
(pode
ser
exigido)
contra
todos.
ex:
direitos
de
personalidade
e
direitos
reais.
54
Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
Esta
construo
tem
sido
posta
em
causa
pela
doutrina
nacional
mais
recente,
nomeadamente
o
prof.
Menezes
Cordeiro,
com
base
em
dois
argumentos:
1.
Eficcia
externa
dos
direitos
de
crdito;
2.
Todos
os
direitos,
mesmo
relativos,
so
tambm
absolutos
impem
a
todos
os
homens,
e
no
s
ao
devedor,
a
obrigao
de
no
impedir
sua
efectivao.
B
Direito
a
uma
conduta
de
outrem,
comum
ou
stricto
sensu:
Na
sua
configurao
normal,
o
direito
subjectivo
envolve
um
poder
de
algum
modo
dirigido
a
um
comportamento
de
outra
pessoa,
sobre
quem
recai
a
necessidade
jurdica
de
o
adoptar,
em
vista
da
satisfao
do
interesse
protegido.
C
Direito
potestativo:
poder
de
produzir
efeitos
jurdicos
que
vo
afectar,
inelutavelmente,
a
esfera
jurdica
de
outrem,
constituindo,
modificando
ou
extinguindo
uma
relao
jurdica,
de
que
este
tambm
sujeito.
Faculdade
que
o
agente
tem
de,
mediante
a
simples
manifestao
de
vontade,
produzir
inelutavelmente
efeitos
na
esfera
jurdica
de
outrem.
Quando
o
direito
subjectivo
consiste
no
poder
de
produzir
efeitos
na
esfera
jurdica
de
outrem,
sem
que
este
o
possa
impedir.
ex:
matrimnio
e
divrcio
quando
um
dos
cnjuges
decide
divorciar-se,
o
outro
no
se
pode
recusar.
Podem
ser
constitutivos
(ex:
direito
de
uma
servido),
modificativos
(ex:
direito
modificao
de
um
contrato
por
alterao
das
circunstncias3,
ou
modificao
de
um
contrato
usurio4)
ou
extintivos
(ex:
direito
ao
divrcio
sem
consentimento
de
um
dos
cnjuges5).
2.
Faculdades
e
Poderes.
Poder
Funcional
Faculdades:
conjunto
de
poderes
ou
de
outras
posies
activas,
unificando
numa
designao
comum.
Realidade
compreensiva.
Poderes:
disponibilidade
de
meios
para
a
obteno
de
um
fim.
Realidade
analtica.
55
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Carolina Botelho Sampaio Fundamentos de Direito Civil e Direito das Pessoas 140111064 UCP Lisboa Direito 1 ano T1
b)
Sujeio:
Corresponde
,
no
lado
passivo
da
relao
jurdica,
ao
direito
potestativo.
Assim,
uma
situao
em
que
se
encontra
certa
pessoa,
de
ter
de
suportar
a
produo,
na
sua
esfera
jurdica,
dos
efeitos
jurdicos
decorrentes
da
actuao
do
titular
do
direito
potestativo.
Comparando
a
noo
de
sujeio
com
a
de
dever
ser,
as
suas
notas
caractersticas
so
as
de
passividade
e
inviolabilidade.
-
Obrigao
A
palvra
obrigao
utilizada
em
Direito,
em
vrias
acepes.
1.
Sentido
amplo:
o
mesmo
sentido
amplo
de
dever,
ambos
os
conceitos
so
sinnimos.
Sentido
amplo
e
imprprio.
2.
Sentido
prprio
(hoc
sensu):
identificando
um
dever
de
prestao
e
correspondendo
situao
jurdica
contraposta
a
um
direito
de
crdito.
Neste
sentido,
compreende:
Dever
de
efectuar
a
prestao
principal;
Dever
de
efectuar
prestaes
secundrias
(prestaes
que
tenham
sido
acordadas
para
complementar
a
principal);
Deveres
acessrios,
cominados
pelo
Direito,
para
que
toda
a
actividade
se
desenvolva
dentro
do
sistema.
3.
Para
designar
a
relao
obrigacional
em
si
mesma.
Nesta
acepo
tomada
no
art.
397
C.C.,
quando
define
obrigao
como:
vnculo
jurdico
por
virtude
do
qual
uma
pessoa
fica
adstrita
para
com
outra
realizao
de
uma
prestao.
4.
Elementos
da
obrigao:
2. Objectivos (prestao)
-
Obrigao
Natural:
com
base
no
art.
402
C.C.,
pode
definir-se
obrigao
natural
como
vnculo
que,
fundando-se
num
mero
dever
de
ordem
moral,
representa
a
realizao
de
um
dever
de
justia,
no
sendo
o
cumprimento
juridicamente
exigvel.
-
nus
ou
encargo
57
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O
nus
surge
no
Direito
nos
mais
diversos
campos,
tendo
em
particular
incidncia
em
matria
de
prova
e
de
aco
judicial,
logo
em
sede
processual.
No
domnio
substantivo,
surge
por
referncia,
por
ex.,
ao
nus
da
deligncia
e
ao
de
observar
a
forma
legal
(art.
220
C.C).
A
doutrina
no
se
mostra
uniforme
quanto
ao
enquadramento
do
nus
jurdico.
A
orientao
dominante
constri-o
como
figura
afim
da
vinculao,
definindo-o
como
a
situao
na
qual
h
necessidade
de
adopo
de
certo
comportamento
para
atingir
certo
resultado
favorvel;
No
esclarecimento
desta
figura
jurdica,
de
interesse
ter
presente
as
noes
kanteanas
de
imperativo
categrico
e
de
imperativo
hipottico,
relacionando-as,
respectivamente,
com
o
dever
jurdico
e
com
o
nus.
Assim,
enquanto
no
dever
jurdico
h
a
necessidade
de
incondicionalmente
adoptar
certa
conduta,
no
nus
essa
necessidade
est
relacionada
com
a
inteno
de
atingir
certo
resultado,
tido
como
favorvel
por
aquele
a
quem
o
nus
imposto.
Correspondentemente,
enquanto
a
no
adopo
do
comportamento
imposto,
no
dever,
se
traduz
na
violao
de
uma
norma,
gerando
ilicitude,
o
no
acatamento
do
nus
s
acarreta,
para
aquele
a
quem
imposto,
consequncias
desfavorveis,
traduzidas,
justamente,
em
no
se
atingir
o
resultado
tido
como
desejvel.
ESQUEMA
SNTESE
SITUAES
JURDICAS
ACTIVAS
PASSIVAS
Direito
subjectivo
o Direitos
a
uma
conduta
de
outrem
Direitos
absolutos
Direitos
relativos
o Direitos
potestativos
Poder
funcional
ex.:
responsabilidades
parentais
Expectativa
jurdica
Vinculao
o Dever
jurdico
(direitos
absolutos)
o Obrigao
(direitos
relativos)
o Sujeio
(direito
potestativo)
Obrigao
natural
nus
ou
encargo
ex.:
nus
de
observar
a
forma
legal
(art.
220.)
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-
Perda:
sada
de
uma
situao
jurdica
da
esfera
jurdica
de
certa
pessoa.
Pode
ser:
Absoluta:
a
sada
coincide
com
a
extino
do
direito.
Relativa:
o
direito
deixa
de
estar
na
titularidade
de
uma
pessoa,
mas
adquirido
por
outra.
O
direito
no
desaparece
da
vida
jurdica.
-
Liberao:
situao
em
que
se
encontra
o
devedor
que
cumpriu
uma
obrigao
a
que
estava
adstrito.
Regra:
-Sempre
que
estamos
perante
uma
aquisio
derivada
translativa,
h
uma
perda
relativa.
-
Sempre
que
tenho
uma
aquisio
derivada
constitutiva,
h
uma
modificao
objectiva
do
contedo.
61