A Família Monoparental PDF
A Família Monoparental PDF
A Família Monoparental PDF
as
entrevistas
feitas
com
moradoras
dos
conjuntos
habitacionais,
INTRODUO
Este texto parte do trabalho de concluso de curso, que teve por objeto de estudo a
condio de mulher no cotidiano da famlia monoparental4 inserida em programas
sociais. Este estudo foi possvel pela insero da aluna (hoje assistente social) como
estagiria na Prefeitura Municipal de Cascavel, na Secretaria de Ao Social, no Ncleo
de Atendimento Famlia que realiza o trabalho com moradores no Conjunto
Habitacional. Como estagiria foi possvel o contato com os moradores do local, entre
eles, as mulheres e aquelas que se estudou: as nicas responsveis por suas famlias.
Buscou-se compreender sob a tica de moradoras do Conjunto Habitacional Lar
Cidado Julieta Bueno na cidade de Cascavel - Paran, o que ser mulher, no bojo de
uma famlia, que tem como caracterstica principal a ausncia de um parceiro, bem
como o de apreender qual o seu entendimento sobre os Programas Sociais, da Poltica
de Assistncia Social e dos direitos.
Para referenciar o trabalho se buscou refletir sobre a vida cotidiana, o chamado
processo da feminizao da pobreza5, a condio das mulheres de responsveis pelas
famlias. Tambm se analisou como a poltica nacional, a estadual e a do municpio
vm incorporando a ateno s famlias monoparentais femininas. A partir deste quadro
reflexivo, se situa e analisam as suas falas.
A poca de sua realizao no havia a discusso do Sistema nico de Assistncia
Social, no entanto, entende-se ser uma discusso pertinente ao contexto. Entende-se
que a famlia monoparental feminina deve ser visualizada como um segmento exposto
a sua reproduo em condies de pobreza, devendo ser priorizado, no para o
fortalecimento familiar, mas de contribuio com o processo de autonomia das
mulheres que ficam sobrecarregadas com a situao.
OBJETIVOS
Buscou-se compreender sob a tica de moradoras do Conjunto Habitacional Lar
Cidado Julieta Bueno na cidade de Cascavel - Paran, o que ser mulher, no bojo de
uma famlia, que tem como caracterstica principal ausncia de um parceiro, bem
como o de apreender qual o seu entendimento sobre a os Programas Sociais, da
Poltica de Assistncia Social e dos direitos.
METODOLOGIA
Com relao metodologia adotada, para referenciar o trabalho, se refletiu sobre a vida
cotidiana, o chamado processo da feminizao da pobreza e a condio das mulheres
de responsveis pelas famlias. Tambm se analisou como a poltica nacional, a
estadual e a do municpio vm incorporando a ateno s famlias monoparentais
femininas.
A partir das fichas cadastrais das famlias atendidas pelos programas sociais no Ncleo
de Atendimento Famlia, foram identificadas quarenta mulheres que so chefes de
famlias monoparentais, sendo que dessas, doze foram contatadas para serem
entrevistadas. Os critrios utilizados para escolha das mulheres a serem entrevistadas
foram: - o acesso: na condio de estagiria se acompanhou o processo de mudana
das famlias das moradias anteriores o conjunto habitacional; - a disponibilidade de
atendimento que as mulheres tinham para responderem as perguntas, tendo em vista
que algumas delas ficam fora de casa o dia todo, inviabilizando o processo de
investigao; - a situao em que cada famlia vive, pois ao analisar as caractersticas
de cada famlia monoparental feminina se observou situaes de violncia e situaes
geracionais diversas: h crianas, adolescentes, jovens, adultos e idosos morando sob
o mesmo teto.
Das doze mulheres selecionadas, pode-se efetivar onze entrevistas, sendo invivel
encontrar uma delas no perodo marcado para a entrevista, j que seu filho se
encontrava com srios problemas de sade. Destas onze mulheres entrevistadas,
constatou-se que uma no estava morando efetivamente no Conjunto Habitacional,
mas encontrava-se diariamente na casa de um parente, que por sua vez era a mesma
casa onde residia no tempo em que tinha residncia no Conjunto. E por fim, duas
estavam morando com parceiros recentemente. Esses fatos no foram considerados
se
RESULTADOS E CONCLUSES
Com relao incorporao das famlias monoparentais femininas nas aes de
Assistncia Social, se conclui que nas Polticas Nacional e Estadual, esto situadas
como um dos grupos de famlia vulnerveis e, portanto, foco de ao da Poltica. J a
Lei que dispe sobre a organizao da Assistncia Social (1995) bem como o Plano de
Assistncia Social (2003) no municpio de Cascavel, o foco de ateno sobre a famlia
que lutam por polticas sociais efetivas, seja, vinculadas a poltica econmica, de fato
dirigindo processos autnomos de rompimento com a pobreza e a subalternidade.
Verificando como se sentem na condio de uma mulher que chefia uma famlia sem a
presena de um parceiro, dizem que quando h o respeito entre o casal, favorvel de
ter o companheiro, mas fazem referncias a experincias negativas passadas, o que
faz com que uma sinta que difcil viver sozinha, mas est tranqila sem companheiro
por experincias vividas. Algumas pensam que no conseguem ter a autoridade que
um homem tem frente os filhos, da a necessidade de um parceiro.
Verificou-se que no relacionam os recursos recebidos provenientes dos programas
com a Poltica de Assistncia Social e a ausncia de percepo de que so usurias
efetivas de Polticas Sociais. As suas falas deixam claro que h uma viso no clara
que diferencie para elas o que a poltica do que o profissional com o qual
estabelecem relaes peridicas. Outro aspecto que os programas sociais que
atendem as famlias exigem a freqncia escolar das crianas, e assim os entendem
como sendo da rea da educao.
Nas concepes de direito, se observou que relacionam o programa social com a
prtica do favor e da ajuda, negando ou desconhecendo a dimenso do direito em
receber o recurso. Uma das possibilidades de entendimento desta situao que
graas ao poder que o Estado tm sobre a sociedade no pas, fazendo com que
acreditem que os benefcios por eles geridos no so um direito da populao e sim
uma prtica de benemerncia.
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