Metáfora Do Tubo (Reddy)
Metáfora Do Tubo (Reddy)
Metáfora Do Tubo (Reddy)
Departamento de Lingstica
Cristina Magro
Linguagem e Biologia
REDDY, Michael F. The Conduit Metaphor - A Case of Frame Conflict in Our Language
about Language. In: ORTONY, Andrew. Metaphor and Thought. Cambridge University
Press, 1979. p.164-201. Traduzido e adaptado por Cristina Magro e Mara Magro
A Metfora do Tubo:
um caso de conflito conceitual na nossa linguagem
sobre a linguagem
Michael J. Reddy
algumas oitavas abaixo. Na minha opinio, ele tocou o conjunto de notas perfeito.
termo traduo, de Kuhn (Kuhn, 1970a) parece ser justamente isso: melhor
se para fatos. difcil pensar em um melhor comeo do que esse para progressos
Schn s conseguiu tocar essas excelentes notas em suas oitavas mais altas, de forma
comunicao? Mas, se chegamos a dizer isso, ento est mais do que na hora de
que a freqncia fundamental mal pode ser ouvida apesar de que, para meus
ouvirmos o bom conselho de Schn. No adiantar nada planejar grande rapidez para
esperada.
crucial. Que tipos de histrias as pessoas contam sobre seus atos de comunicao?
Pode parecer previsvel que eu, como um lingista, adote essa posio. Mas, se o
Quando esses atos se perdem, como elas descrevem o que est errado e precisa de
fao, dificilmente seria uma estreita mentalidade disciplinar que me incita a faz-lo.
reparo?
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semnticas da linguagem. Essa evidncia sugere que o ingls tem uma estrutura
Agora, nos ltimos anos, eu venho colecionando fatos novos e falando sobre eles com
pensamento na direo deste quadro conceitual, apesar de nada alm do senso comum
muitas pessoas diferentes. Lentamente, nesse perodo de tempo, esses novos fatos
ser necessrio para visualizar um modelo diferente, mais acurado. . O que vou fazer
ento tentar convenc-los daquilo que pode ser uma premissa perturbadora: que
meramente abrindo nossas bocas e falando ingls ns podemos ser arrastados para um
conflito conceitual muito real e muito srio. Minha crena que esse conflito
entendi que, como uma metalinguagem, o ingls, pelo menos, era o seu prprio pior
inimigo. E entendi que existia algo mais que misticismo nas idias de Whorf. Nesse
ponto, e o que bastante curioso, quando tudo parecia cair nos seus devidos lugares
para mim, ia ficando muito mais difcil conversar com os outros sobre esses fatos
provvel que seja porque esse conflito conceitual nos levou a tentar solues
Menciono essas coisas logo no incio porque quero sugerir que a discusso que
especialmente Whorf (1956) e Max Black (1962d), com sua refutao relutante mas
sobre Whorf. Se tenho razo no que diz respeito aos esquemas conceituais, ento pode
completa das idias de Whorf. Existe uma velha brincadeira sobre a hiptese de
muito bem ser difcil convenc-los, pois os esquemas sobre os quais estou falando
Whorf que diz que, se ela fosse verdadeira, ento seria improvvel por definio.
esforos extenuantes para lembrar como eram as coisas para mim antes de mudar
conceitos, e quanto tempo levou para que os fatos novos fizessem sentido para mim.
certa altura eles iriam estar ocupados demais jogando pedras e projteis uns nos
Ao mesmo tempo, gostaria de pedir que vocs, por sua vez, se fizessem receptveis ao
outros para sequer chegarem a se sentar e estabelecer essa sua diferena como um
que pode ser uma sria mudana na sua percepo. Para usar os termos de Schn, ns
fato. A pitada de verdade desta piada pode ser encontrada na observao de Schn de
que conflitos conceituais so imunes a resoluo por apelo aos fatos. Como diz ele,
necessrio.
N.T.: Nossa traduo aproximada dos exempos, dada em p de pgina, vai mostrar
que as mesmas observaes so vlidas para o portugus falado no Brasil, ao menos.
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A metfora do tubo
Se h metforas mortas nos exemplos de (1) a (3), ento elas todas parecem
envolver a assero figurativa de que a linguagem transfere pensamentos e
sentimentos humanos. Note que essa assero, mesmo na sua forma presente e normal,
nos leva j a um ponto de vista distinto sobre os problemas na comunicao. Uma
pessoa que fala mal no sabe usar a linguagem para mandar seus pensamentos s
pessoas; e, ao contrrio, um bom locutor sabe como transferir perfeitamente os seus
pensamentos via linguagem. Se segussemos esse ponto de vista, a prxima pergunta
seria: O que um locutor fraco deve fazer com seus pensamentos para transferi-los com
mais acuidade por meio da linguagem? O surpreendente que, querendo ou no, a
lngua inglesa segue esse ponto de vista. Ela fornece, na forma de uma abundncia de
expresses metafricas, respostas a essa e outras perguntas, cujas respostas so
perfeitamente coerentes com a suposio de que a comunicao humana promove a
transferncia fsica de pensamentos e sentimentos. Se existissem apenas algumas
poucas dessas expresses envolvidas, ou se elas fossem randmicas, figuras de
linguagem incoerentes saindo de seus diferentes paradigmas ou se elas fossem
abstratas, no particularmente imagens grficas ento algum poderia rejeit-las
com sucesso como sendo analogias inofensivas. Mas, na verdade, nenhuma dessas
circunstncias atenuantes entra em jogo.
Solues tpicas para os problemas na comunicao do locutor inbil so
ilustradas nos exemplos de (4) a (8).
(4) Whenever you have a good idea practice capturing it in words.
(5) You have to put each concept into words very carefully.
(6) Try to pack more thoughts into fewer words.
(7) Insert those ideas elsewhere in the paragraph.
(8) Dont force your meanings into the wrong words..3
(4) Quando voc tiver uma boa idia exercite sua habilidade de capt-la em
palavras.
(5) Voc deve colocar cuidadosamente as idias dentro de palavras.
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culpada por quaisquer sinuosidades metafsicas, no poderia ter nos envolvido nesse
evidente tipo de nonsense. Bem, uma reflexo rpida haveria de nos cutucar
palavras como frases, sentenas, pargrafos, e assim por diante. Uma rea de
Inmeras expresses deixam claro que a lngua inglesa v as palavras como contendo
ento ser repreendido atravs de (4) ou (5). Como (6) mostra, ele poderia deixar de
colocar significaes suficientes. Ou, de acordo com (7), ele poderia colocar as
processo de insero.
significaes certas, mas no lugar errado. O exemplo (8), que pressiona mais
seriamente o senso comum, indica que ele estaria colocando nas palavras significados
que de algum modo no servem para elas, provavelmente deformando, assim, esses
significados. Pode tambm ser, claro, que o locutor ponha significado demais nas
Ou, em geral, h uma outra classe de exemplos que implicam que as palavras contm
(9) Nunca encha uma sentena com mais significados do que ela pode aguentar.
(10) Aquele pensamento est em praticamente uma palavra sim outra no.
(11) Esta sentena est cheia de emoo.
(12) Os versos podem at rimar, mas so vazios de sentido e sentimento.
(13) Suas palavras so ocas aposto que voc no quer mesmo dizer isso.
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Pode ser que, de algum modo, o ouvinte que tenha errado. No esquema da metfora
do tubo, a tarefa do ouvinte deve ser de extrao. Ele deve encontrar o significado
nas palavras e tir-lo delas, de modo que ele chegue em sua cabea. Muitas
Curiosamente, meu trabalho inicial com essas expresses me sugere que mais fcil
enfiou aqueles pensamentos nas palavras por conta prpria, e ento virou as costas e
simples o que poderia dar errado? Um pacote pode ser difcil ou impossvel de se
abrir. Mas, se no danificado, e aberto com sucesso, quem pode deixar de encontrar
correspondente para a fala hearing things into the poem. Ao invs disso, ns
as coisas certas dentro dele? Desse modo, existem poderosas expresses grficas
usamos reading things into para ambas as modalidades. Mais uma vez, outros
Talvez devssemos fazer uma pausa neste ponto e propr algum mecanismo de
generalizao do que vimos at agora. No so as sentenas numeradas acima o
importante, mas as expresses em itlico. Essas expresses poderiam aparecer em
muitos enunciados diferentes e adquirir formas muito diferentes, e ns no temos
ainda uma maneira de isolar o que fundamental nelas. Note, por exemplo, que em
todos os exemplos ocorreu uma palavra como idias, ou pensamentos, ou significado,
ou sentimento, que denotam material conceitual ou emocional interno. Tirando o que
parecem ser restries menores a co-ocorrncias estilsticas, estes e outros termos
como eles podem ser livremente substitudos uns pelos outros. Ento, irrelevante
(14) Voc acha que pode mesmo extrair idias coerentes daquela prosa?
(15) Conte-me se encontrar alguma idia boa nesse ensaio.
(16) Eu no consigo captar nenhum sentimento de raiva nas suas palavras.
9
(17) Aquele comentrio completamente impenetrvel.
(18) O que quer que Emily tenha querido dizer, provvel que esteja trancado
naquele verso enigmtico para sempre.
Em portugus seria algo equivalente a Voc est lendo coisas demais neste
poema. Logo abaixo, o autor chama ateno para o fato de que no se diz em ingls
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para um exemplo qual deles est presente, e seria muito til ter alguma abreviao
para o grupo inteiro. Vamos imaginar cada pessoa como tendo um repertrio de
dois exemplos. Obviamente, cada expresso dessas deve ser responsvel por um
material mental e emocional. Isso nos permitir dizer que qualquer termo denotando
(20), alm de um termo do grupo IR, contm todos um outro termo como palavra,
frase, ou poema. Essas palavras, pelo menos nos seus sentidos bsicos, designam
padres fsicos externos de marcas e sons que de fato circulam entre falantes. Tais
energias, ao contrrio dos pensamentos em si, so recebidas corporeamente, e so
aquilo que os tericos da informao chamariam de sinal. Se adotamos esse nome
genrico para o segundo grupo, e o abreviamos como s, ento as expresses nucleares
para (4)-(6) so,
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torna bastante fcil para ns abstrair da verso estrita, maior da metfora, na qual
pensamentos e emoes esto sempre contidas em algo. Ou seja, o quadro conceitual
maior v idias como existindo seja dentro das cabeas humanas, ou, pelo menos,
dentro de palavras enunciadas por humanos. O quadro menor no toma as palavras
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RM float around
(30) That concept has been floating around for decades.
RM find way
(31) Somehow, these hostile feelings found their way to the ghettos of Rome
contedos mentais escapem para ela, ou entrem a partir dela nesse espao ambiental.
find RM EX LOC
(32) Youll find better ideas than that in the library.
(33) John found those ideas in the jungles of the Amazon, not in some
classroom.15
De novo, parece que essa extenso da metfora auxiliada pelo fato de que, em algum
lugar, somos perifericamente atentos para o fato de que na verdade palavras no tm
interiores.
(EX LOC16 deve ser entendido como uma expresso locativa qualquer
Em todo caso, qualquer que seja a causa da extenso, h trs categorias de
absorb RM
(34) You have to absorb Aristotles ideas a little at a time.
sentimentos reificados podem, ou no, encontrar seu caminho de volta nas cabeas
dos seres humanos. Alguns exemplos notveis das expresses do quadro menor so,
para a primeira categoria
put RM down on paper
(27) Put those thoughts down on paper before you lose them!
pour RM out
(28) Mary poured out all of the sorrow she had been holding in for so long.
(28) Paula ps para fora toda dor que ela estava segurando por tanto tempo.
trazer RM para fora
(19) Voc devia trazer essas idias pra fora, onde elas nos possam ser teis.
15
RM circular
(30) Aquele conceito est circulando por a h dcadas.
RM encontrar lugar
(31) De alguma forma, aqueles sentimentos hostis encontraram seu lugar nos guetos
de Roma
encontrar/achar RM LOC EX
(32)Voc vai encontrar/achar idias melhores do que essas na biblioteca.
(33) Joo encontrou/achou essas idias na rua, e no em qualquer banco de escola.
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get RM out
(29) You should get those ideas out where they can do some good14
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evening?17
Vejam mais exemplos no Apndice.
O paradigma dos fabricantes de utenslios
Para pesquisarmos os efeitos da metfora do tubo nos processos cognitivos dos
falantes, precisamos de uma maneira alternativa de conceber a comunicao humana.
Precisamos de uma outra histria para contar, um outro modelo, de forma a que as
implicaes mais profundas da metfora do tubo possam ser ressaltadas por contraste.
Em outras palavras, para nos dedicarmos restruturao do modelo da comunicao
humana precisamos, em primeiro lugar, de um modelo para opormos ao que
conhecemos.
Para comear essa outra histria, eu gostaria de sugerir que, conversando uns
com os outros, somos como pessoas isoladas em ambientes ligeiramente diferentes.
Imaginemos ento, para construirmos essa histria, um composto enorme do formato
de uma roda de um vago como na figura abaixo:
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absorver IR
(34) Voc vai ter que absorver as idias de Aristteles pouco a pouco
IR bater
(35) As idias dele bateram direto na minha cabea.
enfiar IR na cabea de algum
(35) Quantos projetos diferentes voc quer enfiar na minha cabea de uma vez s?
instrues entre si instrues para fazer coisas importantes para sua sobrevivncia
como ferramentas, talvez, ou abrigos, comidas, coisas assim. Mas no h, nessa
histria, nenhuma maneira de essas pessoas se visitarem nos ambientes uns dos outros,
ou mesmo de trocarem amostras das coisas que elas construram em seus prprios
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ambientes. Isto crucial aqui. As pessoas podem somente trocar esses conjuntos
que provavelmente o motivo pelo qual ela tem muita folha para varrer, em primeiro
lugar. O setor B, por outro lado, tem mais pedras, e a pessoa B usa muita pedra em
especiais que aparecem numa abertura no eixo central da roda e podem ser
suas construes. Ela at achou um pedao de madeira para servir de cabo, mas logo
depositadas em outra abertura nada alm disso. De fato, uma vez que no h
comeou a fazer o pente do ancinho de pedra. O pente do ancinho original feito por A
nenhuma maneira de se gritar atravs das paredes desses setores, as pessoas somente
era de madeira. Mas como nunca lhe ocorreu que qualquer outra coisa a no ser
sabem da existncia umas das outras indiretamente, por uma srie cumulativa de
madeira poderia estar a sua disposio ou ser adequado para isso, A nem procurou
especificar, em suas instrues, que o pente era de madeira. Quando a pessoa B estava
j pela metade na confeco do pente de pedra para seu ancinho, ela o conectou
experimentalmente com o cabo e de repente se deu conta de que aquela coisa, o que
quer que aquilo fosse, com certeza ia ficar muito pesado e difcil de manejar. Durante
algum tempo ela tentou imaginar seus possveis usos, e ento decidiu que devia ser
um instrumento para soltar do terreno pedrinhas pequenas limpando um campo para o
plantio. Ela ficou maravilhada com o fato de que A devia ser muito grande e forte, e
tambm com o tanto de pedrinhas pequenas com que A tinha que lidar. B ento decide
que duas pontas grandes tornariam o ancinho tanto mais leve quanto mais adequado
para desencavar pedras maiores.
Bem feliz, tanto com seu tira-pedras de lmina dupla, quanto com suas novas
idias sobre como seu/sua companheiro(a) A devia ser, a pessoa B fez trs conjuntos
idnticos de instrues sobre seu tira-pedras e os inseriu nos lugares adequados para
A, C e D. A pessoa A, claro, agora comea a montar um tira-pedras seguindo as
instrues de B, s que o faz inteiramente de madeira e tem que alterar um pouco o
desenho para fazer um pente duplo suficientemente forte. Ainda assim, em seu
ambiente quase sem pedra nenhuma, ela no consegue ver exatamente a utilidade para
aquela coisa, e se preocupa com que B tenha interpretado mal seu ancinho. Ento ela
desenha um segundo conjunto de instrues mais detalhadas para o pente do ancinho,
e os envia para cada um. Enquanto isso, num outro setor, a pessoa C, que est
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diversos de instrues uma enxada. Afinal de contas, quando voc est lidando
com lama e grama de brejo, precisa de algo que corte rente no fundo as razes. E a
localizada no mecanismo central. A poria seu ancinho numa cmara especial, apertaria
no apenas sobre ancinhos, mas sobre outras coisas tambm, agora fazem perfeito
Para efeito de comparao, vamos tomar agora essa mesma situao de novo,
do ponto de vista da metfora do tubo. Em termos do paradigma da subjetividade
radical para a comunicao humana, o que a metfora do tubo permite a troca de
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ocorre quando falamos um senso comum que encontra suporte em tudo desde esta
mudanas na noo do que uma coisa faz naturalmente, ou seja, daquilo que ela faz
feitas. Se a terra fica parada nalgum ponto central, ento so os movimentos dos
tubo uma estrutura semntica real e poderosa na lngua inglesa, que pode influenciar
corpos celestiais que precisam ser teorizados e preditos. Mas se o sol que est num
nosso pensamento ento se segue que o senso comum sobre linguagem pode
ponto central, ento precisamos teorizar sobre o movimento da terra. A esse respeito,
ficar confuso. Confesso que levei quase cinco anos para chegar ao subjetivismo
radical como senso comum. O que estava no meio do caminho no era nunca um
bastante de acordo com uma conexo j postulada h muito tempo entre informao,
sobre a questo. Minha mente parecia adormecer em momentos cruciais, e foi apenas
(Cherry, 1966, p.214-17). A segunda lei afirma que, se deixadas funcionarem por sua
o crescente peso de mais e mais evidncias que finalmente forou-a a ficar acordada.
prpria conta, todas as formas de organizao sempre iro diminuir com o tempo. A
surdos at que o efeito enviesador da metfora do tubo tenha sido contornado. Mais
de ponto de vista do paradigma dos fabricantes de utenslios parece apenas fazer com
Patologia semntica
Vamos assumir agora, para efeitos de argumentao, que concordamos que a
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A afirmao exata que estamos fazendo aqui importante. Tem a ver, eu acho,
com uma das maneiras pelas quais as pessoas comumente interpretam mal a hiptese
mesmo importantes. Voc pode bem atribuir a mim essas coisas e ainda sustentar que
Para comear, preciso esclarecer que nenhum falante de ingls, nem mesmo
fabricantes de utenslio brevemente pode, talvez, nos ter tornado mais conscientes da
das expresses marcar entre 30 ou 40. Uma estimativa conservadora apontaria ento
que pelo menos setenta por cento do aparato metalingstico inteiro da lngua inglesa
modelo conceitual corre como fios em muitas direes atravs do tecido sinttico e
semntico de nossos hbitos de fala. Tornarmo-nos apenas conhecedores disto no vai
alterar em nada a situao. No parece tampouco que algum pode adotar e
desenvolver um quadro conceitual novo e ao mesmo tempo continuar ignorando o
tecido da linguagem. Pois em todos os lugares ns continuamos correndo atrs dos
antigos fios, e cada um de ns vai puxar um pouco a conversao e o pensamento de
volta para o padro anteriormente estabelecido. Independente do quanto isso possa
parecer uma coisa do outro mundo, h evidncias excessivamente convincentes de que
isso tem ocorrido e continua a ocorrer.
Qualquer que seja a influncia sobre os trinta por cento restantes, parece ser
enfraquecida alm desta proporcionalidade direta por fatores diversos. Primeiro, essas
expresses tendem a ser abstraes latinas, multissilbicas (comunicar, disseminar,
notificar, divulgar, e assim por diante) que no so nem grfica nem metaforicamente
coerentes. Assim, elas no apresentam um modelo alternativo do processo de
comunicao, que deixa a noo de pr as idias em palavras como o nico conceito
disponvel. Em segundo lugar, a maioria deles pode ser usado com o aposto em
palavras (em s, genericamente falando), perdendo assim sua neutralidade e dando
um suporte extra metfora do tubo. Communicate your feelings using simpler
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words, por exemplo, evita a metfora do tubo, enquanto Communicate your feelings
ainda assim no estaria livre do esquema conceitual do tubo. Os fios desse tecido,
como eu j disse, esto por toda parte. Para ver que elas vo mais fundo do que serem
tubo (expressar, disseminar, etc.). Veja Parte I do Apndice para essa listagem.
neste exemplo cada vez menos. Continuei cruzando com termos que eram ambguos
voc tenta evitar todas as expresses bvias da metfora do tubo em seu uso, voc fica
encontrava uma palavra que, em seu sentido bsico, se referia a algum agrupamento
de marcas ou sons que trocamos uns com os outros. Mas logo eu a usava em uma
para o seu aluno mais teimoso: Tente comunicar com mais efetividade, Reginaldo,
sentena e me dava conta de que podia se referir igualmente bem e com a mesma
mas sua fala no teria nem de longe o impacto de Reginaldo, voc tem que aprender
a pr seus pensamentos em palavras.
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seus leitores ou ouvintes. Esses POEMA2 internos somente se parecero uns com os
outros depois de as pessoas despenderem energia conversando umas com as outras e
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profundamente diferentes nunca seriam acessados pela mesma palavra. Falar de uma
Im sorry26. Pois aqui havia um caso que envolvia mais palavras que qualquer
patologia que eu j tinha ouvido. Alm disso, este caso mostrou que as estruturas
semnticas poderiam ser completamente normais com respeito a uma certa viso da
Vemos, ento, que as coisas deram uma virada complicada para nosso idealista
lingstico. Esta ambigidade da palavra poema para ele uma patologia semntica
real e severa. Outros falantes, que aceitam a metfora do tubo, podem perfeitamente
no dar bola para isso. Mas ele no. Esse problema baratina a prpria distino que
ele mais est preocupado em fazer e em levar outros a fazerem. Mais complicado
ainda o fato de que esta patologia global. No um desenvolvimento isolado na
realidade, e, ao mesmo tempo, patolgicas com relao a uma outra. Ou, em outras
palavras, aqui h uma forte evidncia de que a linguagem e as vises da realidade tm
que se desenvolver de mos dadas. Finalmente, notei tambm que esta patologia nova,
potencial, afetava o que poderia ser chamado de morfosemntica das palavras
envolvidas. Suponhamos, por exemplo, que ns pluralizemos a palavra poema. Como
mostrado em (48)
(48) We have several poems to deal with today,
linguagem, envolvendo apenas a palavra poema. Eu discuti poema aqui como um caso
paradigmtico de uma classe inteira de palavras em ingls que denotam sinais.
Exemplos anlogos so disponveis para todos as palavras s discutidas anteriormente
palavra, frase, sentena, ensaio, novela, e etc. Mesmo a palavra texto tem dois
sentidos, como fica evidente em (44) e (45):
natural enunciar (48) e querer dizer que h diversos POEMA2 internos, o POEMA2 de
Michael, o POEMA2 de Mary, o POEMA2 de Alex, e etc., todos construdos a partir
do mesmo poema, e que deveriam ser discutidos num determinado dia. O que isto
(46) The Old Man and the Sea is 112 pages long
(47) The Old Man and the Sea is deeply symbolic25
Na medida em que me tornei consciente desta patologia semntica sistemtica,
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multiplicidade de POEMA1, ou seja, uma srie de textos diferentes. Seria bem pouco
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Pois, em (49), a palavra poem significa POEMA1, ento esta frase se aplica s
mais convincente que algum poderia desejar s vai ser encontrada na histria do
variantes do texto que no o que ele quer dizer. Por outro lado, se poem significa
POEMA2, ento nosso subjetivista radical continua com problemas. Agora parece que
deveria ter sido evitado. Mas, na verdade, no foi. E a base conceitual da nova
abafado por (49) e (50). Este fato importantssimo, de que h um POEMA1 mas
Essa discusso, apesar de no tratar de tudo o que teria que ser tratado, fornece
uma ilustrao inicial do que aconteceria a algum que realmente tentasse descartar a
dizer o mnimo, e claramente teria que criar uma nova linguagem medida que
reestruturasse seu pensamento. Mas, claro, ela faria isso somente se ela
onde eu sei, nenhum dos pensadores que tentaram apresentar teorias alternativas da
metfora do tubo passou-os para trs, sem que eles sequer soubessem o que estava
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eram simples e meramente tcnicas. Elas exigiam uma compreenso muito clara, no
tanto da matemtica desta teoria, mas dos seus fundamentos conceituais. De maneira
geral, essas tentativas todas acabaram sendo um fracasso. Eu acho que a razo para
Em termos do nosso paradigma de fabricantes de utenslio, o conjunto prdefinido de alternativas da teoria da informao corresponde quilo que chamamos de
teoria da informao comea com os prprios termos que os seus criadores (Shannon
& Weaver, 1949), escolheram para nomear partes do paradigma. Eles chamaram o
padres que podem viajar, que podem ser intercambiados. No mundo do conjunto,
eles so as folhas de papel enviados para diante e para trs. Notem, agora, que na
e a telegrafia era seu exemplo paradigmtico. Mas eles deixaram bastante claro que
a palavra alfabeto era para eles uma cunhagem tcnica que deveria se referir a
alternativas com eles; eles no carregam nenhuma rplica, por menor que seja, da
matemtica para futuros professores de ingls, usando o termo alfabeto. Isto sempre
Agora, isto pode ser excessivamente claro quando falado assim desta maneira.
E parece que permanece claro enquanto a teoria da informao for restrita a
aplicaes simples, tcnicas. Mas como a maioria de vocs sabe, esta teoria foi
aventada como sendo uma ruptura potencial para a biologia e as cincias sociais. E
foram feitas numerosas tentativas de estender sua aplicabilidade de forma a incluir a
ano, um estudante levantou a mo e disse, Mas voc no pode chamar de sinais estas
alternativas. O que me parece estranho, em face disto, que Weaver, particularmente,
que era muito preocupado com a aplicao da teoria comunicao humana, no
pareceu ter percebido isso. Isso confunde toda distino importante entre sinais e
membros de repertrio. Substituir o termo alfabeto pelo atual, repertrio, facilitou em
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(51) I got your message (MESSAGE1), but had no time to read it.
(52) Okay, John, I get the message (MESSAGE2); lets leave him alone.29
verdade, parece que ele ainda pensava que MENSAGEM2, os membros do repertrio,
eram enviados pelo canal, apesar de isto arruinar com a noo de informao como
Weaver] (p. 7). Na verdade, esta uma descrio estranha. Um cdigo uma relao
entre dois sistemas distintos. Ele no muda nada em nenhuma outra coisa. Ele
ambigidade trivial. Mas para uma teoria baseada inteiramente na noo de que uma
causa das possveis intervenes de distoro e rudo. Mas eles escreveram, felizes, a
Vale a pena notar que Shannon, que na verdade veio da matemtica, pode ter
tido uma compreenso mais coerente do que Weaver. A certa altura de sua exposio,
Shannon usou exatamente os termos certos da linguagem ordinria. Ele escreveu: O
recebedor ordinariamente realiza a operao inversa da realizada pelo transmissor,
reconstruindo a mensagem a partir do sinal. (p.34). Mas ainda assim no parece que
ele percebeu o estrago feito no paradigma pelas metaforices do tubo dele prprio e de
Weaver.
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contida nos sinais. Se ele quis dizer MENSAGEM2, ento ele est dizendo que os
alguma coisa chamada informao, que pode ser medida. De qualquer modo, o insight
Implicaes sociais
uma gerao inteira de tericos da informao falou desse modo confuso e nocivo?
Teramos que supor que Weaver e muitos pesquisadores que o seguiram eram
situao que descrevi. Se a lngua inglesa tem uma idia menos do que acurada de seu
de seu modelo, qual o impacto prtico que isso tem? Vimos evidncias de que a
metfora do tubo pode confundir srias tentativas de se construir uma teoria mas
criar uma teoria da comunicao para interaes humanas, diz na introduo que os
isso tem alguma importncia para o homem comum, para a cultura de massa, para a
sobre o complexo dos fabricantes de utenslio. Olhando para baixo ele viu que, apesar
sistema de envio de instrues. Eles estavam bem alertas para o fato de que comunicar
dava muito trabalho. E seus sucessos eram extremamente recompensadores para eles,
transmitida (p. 62). Observem que aqui a informao est contida numa
pudessem sequer fazer aquele sistema funcionar. Era quase um milagre dirio, que
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muito aborrecido com isto, e decidiu fazer a pior coisa que ele poderia pensar em
cada uma das pessoas comeasse a entreter, privadamente, a idia de que todos os
fazer com A, B, C e D. E o que ele fez foi hipnotiz-los de uma maneira especial de
outros tinham ficado loucos. Um enviaria instrues para os outros por algum
forma que, aps terem recebido um conjunto de instrues e batalhado para construir
dispositivo do qual ele estaria particularmente orgulhoso, como ele sempre tinha feito.
alguma coisa baseada nelas, eles imediatamente se esqueciam disto. No seu lugar,
S que agora, claro, ele acreditava que tinha enviado no instrues, mas a coisa em
plantou neles uma memria falsa de que o objeto tinha sido enviado a eles diretamente
si. Ento, quando os outros enviassem de volta para ele instrues, para confirmar que
por uma outra pessoa, atravs de um mecanismo maravilhoso no eixo central de seu
tinham recebido a sua, ele montaria o objeto, se esqueceria, pensaria que eles tinham
complexo. E, claro, isto no era verdade. Eles prprios ainda tinham que construir
mandado de volta a coisa em si, e ento se horrorizariam com o que acabavam de ver.
os objetos a partir de seus prprios materiais mas o mgico tornou-os cegos para
Ele tinha mandado para eles um maravilhoso utenslio, e eles lhe retornaram grotescas
isto.
pardias. O que poderia de fato explicar isso? Tudo o que tinham que fazer era
Como se pode verificar, a sagacidade do mgico do mal era enorme. Pois
remover seu objeto com sucesso da cmara do maquinrio Como que podia eles
mudarem o objeto de maneira to grosseira realizando uma operao de uma
simplicidade quase estpida? Seriam eles imbecis? Ou haveria alguma maldade no seu
comportamento? No final, A, B, C e D todos chegaram, privadamente, concluso de
que os outros tinham ou se tornado hostis ou loucos varridos. O que quer que tenha
acontecido, no importava muito. Nenhum deles continuou a levar a srio o sistema
de comunicao.
o remetente por quaisquer defeitos. Eles tambm comearam a gastar menos e menos
Dentre outras coisas, esta continuao tenta esboar alguns dos efeitos sociais
tempo trabalhando para montar coisas, porque, uma vez baixado o bloqueio mental,
logo eles terminavam uma montagem a hipnose teria efeito, e subitamente bem,
certeza de que ningum deixou de se dar conta de que, na medida em que a parbola
mesmo estando eles cansados, ainda assim o trabalho pesado e criativo de montar a
pea teria sido realizado por um outro companheiro qualquer. Qualquer bobo poderia
imposto sobre nossos processos de pensamento pela metfora do tubo. Esse modelo
pegar um produto acabado de dentro da cmara do eixo. Assim, eles acabaram por ter
nos influencia a falar e pensar sobre pensamentos como se eles tivessem o mesmo tipo
abandonaram. Mas este no era o pior efeito previsto pelo mgico do mal ao
pronunciar suas peculiares palavras. Pois, de fato, no se passou muito tempo at que
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perodo moderno estamos preservando nossa herana cultural melhor do que qualquer
outra poca, porque temos mais livros, filmes, fitas, e assim por diante, armazenados
Um outro ponto desta histria que vale a pena enfatizar que, na medida em
vista, claro que no h idias nas palavras, e portanto nenhuma idia nos livros, nem
mnimo, ele localiza esse gasto quase totalmente no falante ou escritor. A funo do
leitor ou ouvinte trivializada. O paradigma subjetivista radical, por outro lado, torna
claro que os leitores e ouvintes encaram uma dificuldade e uma tarefa altamente
padres de rudo. Agora, se um ser humano aparece sendo capaz de usar essas marcas
e sons como instrues, ento este ser humano pode montar dentro de sua cabea
requeira bem mais energia do que a metfora do tubo nos levaria a prever.
Mas estamos ainda muito longe destes efeitos no que diz respeito poltica
governamental. Voltemos, ento, para o segundo exemplo do impacto da metfora do
tubo, que nos ajudar a cobrir esta falha. A expresso empregada em (53), nmero
114 do Apndice, (53) Youll find better ideas than that in the library,30
seres humanos inteligentes que no esto mais vivos. Mas esta uma tarefa difcil,
pois esses seres que no vivem mais viram um mundo diferente do nosso, e usaram
instrues de linguagem um pouco diferentes. Assim, se esse ser humano que adentra
uma biblioteca no tiver sido ensinado na arte da linguagem, de forma a ser rpido e
preciso e exaustivo na aplicao das instrues, e se ele no tem um repertrio
derivada da metfora do tubo por uma cadeia de metonmias. Ou seja, pensamos nas
idias como se elas existissem nas palavras, que esto claramente l, sobre as pginas.
Assim as idias esto l, nas pginas, por metonmia. Agora as pginas esto nos
livros e de novo, por metonmia, esto tambm as idias. Mas os livros esto nas
bibliotecas, com o resultado final de que as idias, tambm, esto nas bibliotecas. O
efeito disto, e de muitas outras expresses nucleares do quadro conceitual menor,
sugerir que as bibliotecas, com seus livros, e fitas, e filmes, e fotografias, so os
repositrios reais de nossa cultura. E se isto verdade, ento naturalmente ns e o
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Estou sugerindo, ento, que do mesmo modo que uma renovao urbana
enganou os polticos discutidos no artigo de Schn, a metfora do tubo est nos
levando por uma via tecnologicamente e socialmente cega. Aquela via cega so os
idias dentro desta infinita enxurrada de palavras, ento tudo o que estamos fazendo
Por que isso assim? Uma razo, ao menos: pode ser que ns estejamos seguindo
transmisso de TV.
nosso manual de instrues para uso do sistema da linguagem com muito cuidado
mas seguindo o manual errado. Temos a viso equivocada, influenciada pela metfora
do tubo, de que quanto mais sinais criarmos, e quanto mais sinais preservarmos, mais
idias transferiremos e armazenaremos. Negligenciamos a habilidade humana
crucial de reconstruir padres de pensamento com base nos sinais, e esta habilidade
vai naufragar. Afinal de contas, extrao um processo trivial, que no requer
ensino alm do nvel mais rudimentar. Temos, portanto, de fato, menos cultura ou
certamente nenhuma cultura mais do que outras, menos inclinadas mecanicamente,
que j existiram. Humanistas, aqueles tradicionalmente incumbidos de reconstruir a
cultura e de ensinar outros a reconstru-la, no so necessrios no esquema da
metfora do tubo. Todas as idias esto l na biblioteca para quem quiser entrar l e
peg-las. No paradigma dos fabricantes de utenslios, por outro lado, os prprios
humanistas so os repositrios, e o nicos repositrios reais de idias. Nos termos
mais simples, a metfora do tubo deixa idias humanas escapulirem dos crebros
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