FLG 1254-Pedologia Aula 03

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FLG 1254 Pedologia

Aula 03

Tcnicas de campo para


descrio morfolgica do
solo

HORIZONTES DO SOLO
Sob a ao de fenmenos biolgicos, fsicos e
qumicos, o solo comea a formar-se,
organizando-se em camadas sobrepostas, mais
ou menos paralelas superfcie horizontes.
O conjunto de horizontes, num corte vertical que
vai da superfcie at o material semelhante ao
que deu origem ao solo o perfil de solo.
A ao dos processos fsicos, qumicos e
biolgicos no uniforme ao longo do perfil:
restos vegetais na superfcie, translocao de
certas substncias slidas sob ao da
gravidade etc.
O perfil de solo completo e bem desenvolvido
apresenta cinco tipos de horizontes: O, A, E, B e
C.

Fonte: Lepsch, 2002.

Perfil do solo sendo descrito e amostrado em talude de trincheira, to


largo quanto o espao entre rodas das grandes mquinas agrcolas, que
por ali periodicamente passaram, cultivando e modificando os horizontes
mais superficiais. Fonte, Lepsch, 2002.

Fonte: Lepsch, 2002.

Fonte: Lepsch, 2002.

O pedlogo considera o solo o conjunto


dos horizontes O, A e B.
Alguns estudiosos chamam de solo
somente a camada mais superficial, de 20
a 30 cm de espessura, zona de
concentrao da maior parte das razes
das plantas cultivadas.

Fonte: Lepsch, 2002.

MORFOLOGIA
Estudo da aparncia do solo no meio ambiente
natural, descrio dessa aparncia segundo as
caractersticas visveis a olho nu corresponde
a anatomia do solo.
O conjunto de caractersticas morfolgicas
constitui a base fundamental para sua
identificao, que ser complementada com
anlises de laboratrio.
As principais caractersticas observadas na
descrio do perfil de solo so: espessura dos
horizontes, cor, textura, estrutura, porosidade,
consistncia e transio dos horizontes.

Fonte: Venturi, 2011.

COR
uma das feies mais notadas, por ser de fcil
visualizao.
As vrias tonalidades so muito teis
identificao e delimitao dos horizontes e
ressaltam condies de extrema importncia.
Exemplo: cor escura costumam indicar altos
teores de restos orgnicos; cor vermelha
solos bem drenados e com altos teores de
xidos de ferro; tons cinza com pequenas
manchas excesso de gua no perfil.

A cor deve ser descrita por comparao a


uma escala padronizada. A mais usada
a Tabela Munsell, que consiste em mais
ou menos 170 retngulos com coloraes
diversas, arranjadas num livro de folhas
destacveis. A anotao da cor feita
comparando-se um fragmento ou torro
de um determinado horizonte com esses
retngulos. Assim, anota-se os trs
elementos bsicos que compem uma
cor:

Fonte: Venturi, 2011.

MATIZ: cor pura, ex: vermelho, amarelo.


VALOR: medida do grau de claridade da luz ou
tons de cinza presentes (entre branco e preto),
variando de 0 (para o preto absoluto) a 10 (para
o branco puro).
CROMA: proporo da mistura da cor
fundamental com a tonalidade de cinza, tambm
variando de 0 a 10.
Os matizes usados esto entre o R (de
Red=vermelho), significando 100% (dessa cor);
Y (de Yellow=amarelo), significando 100%; e YR
(de Yellow-Red=vermelho-amarelo),
significando uma mistura de 50% de vermelho e
50% de amarelo.

Fonte: Venturi, 2011.

Talude de vooroca exemplificando uma passagem lateral de horizontes


avermelhados (latosslicos) para outros acinzentados (Gleissolos).
Fonte: Lepsch, 2002.

Fonte: Lepsch, 2002.

TEXTURA
Conjunto de partculas individuais, embora
interligadas, que apresentam tamanhos
variados: algumas so suficientemente
grandes para observao a olho nu
(areia), outras podem ser vistas com
lentes de bolso (silte) e outras s podem
ser observadas com auxlio de
microscpios (argilas).

Fonte: Lepsch, 2002.

Fonte: Lepsch, 2002.

Fonte: Venturi, 2011.

ESTRUTURA
As partculas de areia, silte e argila encontramse aglomeradas em unidades (agregados).
Para examinar e descrever a estrutura de um
horizonte do solo, retira-se de um determinado
horizonte um bloco (torro), com uma faca ou
um martelo.
Depois de separados, verifica-se sua forma,
tamanho e grau de desenvolvimento (ou de
coeso) dentro e entre esses agregados.

A formao dos agregados ocasionada por


vrios fatores: a) ajuntamento das partculas
unitrias (argila, silte e areia)provocado pela
ao das argilas, xidos de ferro e hmus e b)
aparecimento de fendas que separam as
unidades estruturais expanso e contrao.
A estrutura do solo atributo fundamental
porque faz com que ele seja um meio poroso.
Um grande nmero de propriedades fsicas e
processos biolgicos e qumicos so afetados
pelo tipo, tamanho e grau de desenvolvimento
dos agregados maior ou menor
permeabilidade gua, facilidade de
penetrao das razes, grau de aerao etc.

Fonte: Venturi, 2011.

Fonte: Santos et al, 2005.

Quanto ao grau de desenvolvimento, a


estrutura pode ser:
-sem unidades estruturais ou macia;
-com unidades estruturais:
Fraca: os agregados se desfazem,
predominando o material solto;
Moderada: os agregados se desfazem
com pouco material solto e
Forte: os agregados se desfazem, sem
material solto.

Perfil do solo mostrando horizonte B com estrutura do tipo colunar,


fortemente desenvolvida e de tamanho muito grande (Planossolo ntrico),
comum no nordeste semi-rido do Brasil. Fonte: Lepsch, 2002.

POROSIDADE
Refere-se ao volume de solo no ocupado por
constituintes slidos, mas por gua, ar e seres
vivos. So vias preferenciais de transferncia de
matria e da atividade biolgica.
Grande parte da porosidade invisvel a olho
nu.
No campo, a descrio da porosidade feita
atravs da forma, tamanho, da abundncia e da
origem.

Tipos e tamanhos de poros


Quanto ao tipo, a porosidade pode ter sua origem relacionada herana da alterao
do material de origem do solo (porosidade de alterao), textura do solo (porosidade
textural), estrutura dos agregados (porosidade estrutural) ou ao da fauna e flora
do solo (porosidade biolgica).
Quanto ao tamanho, a porosidade pode ser:
-sem poros visveis;
-muito pequenos: < 1mm de dimetro;
-pequenos: 1 a 2mm de dimetro;
-mdios: 2 a 5mm de dimetro;
-grandes: 5 a 10mm de dimetro;
-muitos grandes: > 10mm de dimetro.
Quanto quantidade, os poros podem ser:
-poucos: em horizontes com porosidade pouco visvel;
-comuns: em horizontes de textura argilosa e estrutura em blocos;
-muitos: em horizontes de textura arenosa e estrutura granular ou horizontes argilosos
com estrutura microagregada, como no caso do Latossolo Vermelho (antigo Latossolo
Roxo).

Fonte: Venturi, 2011.

CONSISTNCIA
a resistncia do solo a alguma fora que
tende a romp-los. estimada pressionando-se
um agregado ou torro de determinado
horizonte do solo entre os dedos.
A consistncia do solo normalmente
determinada em trs estados de umidade:
A) seco: para estimar a dureza;
B) mido: para estimar a friabilidade;
C) molhado: para estimar a plasticidade e a
pegajosidade.

A consistncia do solo seco verificada comprimindo-se


um torro do solo entre o dedo polegar e o indicador e
vai indicar a dureza do material, variando de solta a
extremamente dura.
A consistncia do solo mido verificada com um torro
de solo umedecido e serve para estimar a friabilidade do
solo, variando de solta a extremamente firme. A amostra
deve ser submetida a uma presso entre o polegar e o
indicador.
A consistncia do solo molhado verificada com uma
amostra de solo molhada e manipulada, para se estimar
a plasticidade e a pegajosidade da amostra. A amostra
deve ser molhada at atingir sua saturao.

Determinao da consistncia do
solo seco, mido e molhado

Fonte: Venturi, 2011.

HORIZONTES
Para identificar e delimitar os horizontes,
observa-se, na face exposta do perfil, as
diferenas de cor, textura, estrutura,
consistncia etc.
Utiliza-se faca, martelo, lente de pequeno
aumento etc.
Feita a delimitao, so anotadas as
espessuras dos horizontes e o modo pelo qual
se d a transio de um para o outro.
Quando a faixa de transio tem menos de 2,5
cm abrupta; 2,5 a 6,5 cm clara; mais de
6,5 cm gradual ou difusa.

Fonte: Venturi, 2011.

Os perfis de solo devem ser estudados em


trincheiras abertas para este fim. Elas podem
medir, em geral, 2 metros de profundidade x 1
metro. Os cortes de estradas tambm podem
ser utilizados para exame e coleta de amostras,
desde que sejam limpos algumas dezenas de
centmetros de sua face exposta.
O exame do perfil tambm pode ser feito
retirando-se amostras com um trado, contudo,
apesar da rapidez por evitar escavaes
demoradas, apresenta a desvantagem da
impossibilidade de uma avaliao de
caractersticas do solo como a consistncia, a
porosidade e a estrutura, que so destrudos
pela deformao que causam.

Trincheira

Trado holands

Parte superior de perfil do solo sob mata: a transio entre subhorizontes A1 e


A2 gradual.Fonte: Lepsch, 2002.

Perfil de transio abrupta


entre os horizontes E e Bh.
Foto: P. Vidal-Torrado. F
Fonte: Lepsch, 2002.

BIBLIOGRAFIA BSICA
LEPSCH, I. F. Formao e conservao dos
solos. So Paulo: Oficina de Textos, 178 p.
2002.
SANTOS, R. D.; LEMOS, R. C. SANTOS, H. G.;
KER, J. C. & ANJOS, L. H. C. Manual de
descrio e coleta de solo no campo. Viosa:
Sociedade Brasileira de Cincia do Solo, 2005.
VENTURI, L. A. B. (org.) Geografia: prticas de
campo, laboratrio e sala de aula. So Paulo:
Sarandi, 2011.

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