Apostila Neuroinfantil 2011 N
Apostila Neuroinfantil 2011 N
Apostila Neuroinfantil 2011 N
NEUROPEDIATRIA
2014
2011
AUTORES
ZODJA GRACIANI
Fisioterapeuta, mestre em cincias na rea de Neurologia pela Universidade
de So Paulo. Docente da Universidade Presbiteriana Mackenzie com experincia
acadmica e clnica nas reas de neurologia infantil e adulto, sade pblica e
gentica.
COLABORADORES
Tatiana Vitturi
Fisioterapeuta com aprimoramento em Baixa Viso pela Santa Casa de Misericrdia de
So
Paulo,
Responsvel
especialista
no
conceito
pelo
de
Fisioterapia
Setor
Bobath
da
de
Tratamento
Associao
para
Neuroevolutivo.
Deficientes
da
Juliana Nagai
Fisioterapeuta, ps-graduada em Fisiologia e Biomecnica da atividade motora pelo Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina da Universidade de So Paulo (HCFMUSP).
Scia-Diretora, responsvel pelo setor de Neurologia da Clnica de Fisioterapia Fisio &
Quality.
SUMRIO
INTRODUO
1. MOVIMENTOS DO TRONCO
2. REAES POSTURAIS
3. ROLO
4. BOLA
5. BANCO TERAPUTICO COM ROLAMENTO
INTRODUO
MOVIMENTOS DO TRONCO
As atividades teraputicas enfatizam a movimentao do tronco, que em conjunto ocorrem em diferentes eixos e planos de movimento. Sabe-se, que embora cada movimento
vertebral possa ser pequeno, o efeito aditivo sobre os vrios segmentos pode produzir
uma quantidade significativa de movimentos do tronco. Para tanto, dois componentes
mecnicos devem ocorrer (Bar-Haim et al., 2007; Schmidt e Wrisberg, 2006; ShumwayCook e Woollacott, 2003; Levitt, 2001; Bly e Whiteside, 1997; Mayston, 1992 e Schleichkorn, 1992):
1. Estabilidade: o tronco deve possibilitar estabilidade suficiente para propiciar movimentos adequados dos membros superiores e inferiores, funcionando como um
pilar central de sustentao de todo o corpo.
2. Flexibilidade: o tronco deve oferecer, tambm, flexibilidade adequada para possibilitar amplitude de movimento suficiente para que os movimentos dos membros
superiores e inferiores realizem uma funo.
Este auxlio constante do tronco fundamental para todas as atividades do dia-a-dia. Por
estes motivos, optou-se em direcionar as propostas de atividades teraputicas para esta
regio.
No entanto, ao invs de definir os movimentos do tronco por meio das palavras extenso
e flexo, as quais poderiam ser confundidas com os grupos musculares flexores e extensores, os movimentos do tronco sero apresentados, utilizando a palavra inclinao para
as diferentes direes nos planos sagital e frontal. Alm disso, o tipo de contrao, seja
ela excntrica1 ou concntrica tambm pode ser
As palavras excntrico e concntrico sero utilizadas com as seguintes definies (Fornasari, 2001;
Kandel et al., 2000; Guyton e Hall, 1997 e Brodal, 1995).
a. Excntrico- contrao muscular isotnica realizada quando o movimento est a favor da gravidade, onde a contrao muscular ter a funo de desacelerar e regular o movimento.
b. Concntrica- contrao muscular isotnica realizada quando o movimento est contra a ao
da gravidade e/ou aumentando a velocidade do movimento.
2.
3.
CAPTULO 2
REAES POSTURAIS
Observa-se durante a prtica clnica, a importncia da integridade das reaes posturais
para que o indivduo consiga manter-se em qualquer postura ou realizar movimentos contra a gravidade. Muitos terapeutas que atendem adultos ou crianas com alteraes da
postura e movimento avaliam e organizam seus programas teraputicos baseados nas
reaes posturais. Porm, este tema, pouco explorado na literatura nacional o que nos
levou a revisar alguns itens para facilitar a interpretao das atividades que sero propostas nos captulos desta apostila.
Para um indivduo apresentar as reaes posturais normais2 um fator importante:
Integridade das estruturas do corpo: para que uma criana apresente o desenvolvimento motor normal, fundamental que todas as estruturas que possibilitam seu posicionamento e movimento estejam integras, sejam elas; ossos, msculos, articulaes, sistema nervoso perifrico e principalmente o Sistema Nervoso
Central (SNC). A participao do sistema nervoso central com suas funes ntegras torna-se fundamental para que um indivduo tenha a habilidade em movimentar-se harmonicamente e de manter-se e ajustar-se contra a gravidade de
uma forma rpida e eficiente, em resposta a qualquer mudana de posicionamento. Qualquer estrutura do SNC que no apresente sua funo integra, poder influenciar nas diferentes respostas do corpo s aes do meio ambiente, causando
alteraes nas posturas e nos influenciar diretamente no tnus muscular, dificultando a realizao de atividades no dia-a-dia.
A palavra normal muito criticada quando utilizada em Fisioterapia, principalmente por estabelecer
significado e ligao segundo normas estabelecidas. Mas, acreditamos que a palavra mais adequada
para exemplificar o habitual, natural, freqente e usual em relao postura e movimento.
10
A integridade do SNC fundamental para propiciar trs fatores que influenciam diretamente nas reaes posturais normais:
1- Tnus muscular normal: podemos definir tnus muscular normal como o estado de
tenso permanente e involuntrio que todo tecido muscular apresenta, sob a dependncia da integridade do sistema nervoso central e perifrico (Garnier e Delamare, 1984).
Com esta definio, observa-se que a integridade do SNC fundamental para que a criana apresente tnus muscular normal. Alteraes no SNC podem como inervao dos
msculos em torno das articulaes, onde os centros motores so conectados em pares
de tal forma que quando um excitado o centro do antagonista correspondente inibido
(Dorland, 1999) esta inervao ser responsvel pela harmonia de grupos musculares
agonistas, antagonistas e sinergistas na manuteno da postura e realizao de movimentos. Desta forma, alteraes no Sistema Nervoso Central, que desestabilize o sincronismo da contrao e relaxamento dos diferentes grupos musculares responsveis por
um movimento eficaz, podem influenciar diretamente nas reaes posturais normais.
2- Individualidade: o Sistema Nervoso Central ntegro e eficiente propicia a organizao de informaes sensoriomotoras que todo indivduo vivencia no seu dia-a-dia, e que
correspondem s diferenas particulares e originais, as quais distinguem uma pessoa da
outra. Estas habilidades motoras, apesar de diferenciadas entre indivduos influenciam
diretamente nas reaes posturais normais que todos apresentam. Caso, o Sistema Nervoso Central no consiga organizar movimentos funcionais individuais quando necessrio
com coerncia e eficincia, dificilmente o indivduo apresentar reaes posturais normais.
11
Desta forma, a integridade das estruturas do SNC propicia tnus muscular, inervao recproca e individualidade normais. Com estes trs fatores, o indivduo apresentar reaes posturais normais e poder realizar diferentes atividades com adequada estabilidade
e movimento.
As reaes posturais normais podem ser definidas unindo-se informaes dos trabalhos
de Shumway-Cook e Woollacott (2003), Shepherd (2002), Levitt (2001), Flehmig (2001),
Stokes (1998), Bly (1997, 1994), Umphred (1994), Edwards (1996), Horak (1991) e Bryce (1972 e 1976) como: uma seqncia de movimentos e posturas automticas, adequadas para a realizao de um ato motor em resposta a estmulos do meio ambiente e dependente da integridade do sistema nervoso central e perifrico.
12
1. REAO DE ENDIREITAMENTO
Tambm conhecida como reao de retificao, com base nos trabalhos de ShumwayCook e Woollacott (2003), Gallahue e Ozmun (2002), Shepherd (2002), Levitt (2001), Bly
(1994, 1997), Flehmig (2001), Stokes (1998), Umphred (1994) pode ser definida como:
a harmonia em diferentes parmetros do movimento (velocidade, ritmo, fora, etc.) e alinhamento entre cabea, pescoo, tronco e membros na realizao automtica de uma atividade funcional.
1.1.
mento entre diferentes partes do corpo durante um movimento automtico. Este relacionamento importante para permitir:
a. Economia de energia: as atividades voluntrias que necessitam de muita concentrao, ateno e obrigatoriamente participao efetiva de estruturas superiores do sistema nervoso central necessitam de mais aumento tnico e gasto de energia. J, uma
atividade harmoniosa, automtica e sem erros na execuo motora, economiza gastos
energticos. Por isso, atividades automticas que utilizam as reaes de endireitamento,
facilitam a funo e economizam energia para o corpo.
13
2.
REAO DE EQUILBRIO
14
4- foras que agem sobre o corpo: existem dois tipos de foras que agem
sobre o corpo:
a. foras internas: so as foras produzidas por msculos ao se contrarem,
resultantes da transformao de energia produzida pelo metabolismo
muscular em energia cintica.
b. foras externas: as foras externas que agem sobre o corpo so:
i.
ii.
iii.
15
iv.
tar todo objeto utilizado pelo indivduo para facilitar ou dificultar uma postura ou um ato motor. Nas atividades que sero apresentadas, os materiais
como rolo, bola, banco de terapia ou o prprio terapeuta estaro atuando
como resistncia suplementar, influenciando diretamente na reao de equilbrio.
v.
2.1
16
Fig.7
Fig 8
2.1.2 Altura do centro de gravidade: Quanto mais baixo e perto da base de sustentao
estiver o centro de gravidade, mais estvel o indivduo estar. Este princpio pode ser visto
em indivduos mais baixos na postura ortosttica, j que estes tero o centro de gravidade
mais perto da base de sustentao, o que possibilita mais estabilidade ao corpo em relao
a indivduos mais altos. Outro exemplo que o indivduo estar mais estvel na postura ortosttica se flexionar os joelhos, pois aproximar o centro de gravidade base de sustentao.
17
2.2.4 Peso do corpo: o peso influencia diretamente na estabilidade do corpo, pessoas mais
pesadas apresentam mais estabilidade nas diferentes posies.
Para o indivduo estar estvel: a projeo do centro de gravidade deve estar no centro da
base de sustentao; a base de sustentao deve ser a maior possvel; o centro de gravidade deve estar perto da base de sustentao e o peso do corpo varia para cada pessoa.
Para exemplificar, consideramos que a posio que promove maior estabilidade a uma
pessoa o decbito dorsal (supino) com os membros superiores e inferiores afastados o
mximo possvel. Nesta posio a estabilidade to grande que:
-
a pessoa necessitar de pouco ou nenhum recrutamento muscular para se manter na posio. Em contrapartida, devido a grande estabilidade, precisar de um
recrutamento muscular maior para mudar de posicionamento.
Para o indivduo estar instvel: a projeo do centro de gravidade deve estar distante do
centro da base de sustentao; a base de sustentao deve ser a menor possvel; a altura do centro de gravidade deve estar distante da base de sustentao e o peso do corpo
varia para cada pessoa.
Para exemplificar, consideramos que a posio que promove menos estabilidade a uma
pessoa a ortosttica sobre a ponta de um s p. Nesta posio a estabilidade to pequena que:
- ser fcil empurrar ou puxar uma pessoa nesta posio, e ao menor toque o indivduo perder o equilbrio.
- a pessoa necessitar de recrutamento muscular maior para se manter na posio. Porm, ter facilidade para transferir-se, no necessitando de muita contrao muscular.
18
Durante a prtica clnica, observa-se algumas formas de estimular as reaes de equilbrio em crianas com alterao da postura e movimento:
o terapeuta desloca o centro de gravidade da criana movimentando-a para frente, para os lados ou para trs. Para tanto deve utilizar um ponto de contato com o
paciente, no qual consegue movimentar o centro de gravidade para vrias direes.
o terapeuta posiciona a criana em superfcies que propiciem instabilidade, deslocando seu centro de gravidade de acordo com o objetivo traado. Nesta apostila,
utiliza-se alguns materiais que propiciam tal instabilidade, no caso a bola teraputica, o rolo, o banco com rolamento ou o prprio corpo do terapeuta.
Limite de estabilidade: varivel bidimensional definida como o ngulo mximo a partir da vertical que
pode ser tolerado sem perda do equilbrio, ou seja, a distncia que a pessoa esta disposta e capaz de
se mover, sem perder o equilbrio.
19
3.
REAO DE PROTEO
As reaes de proteo no esto diretamente relacionadas ao alinhamento e a manuteno do equilbrio em uma postura ou durante o movimento e sim a um processo defensivo do indivduo para permitir que este se proteja com a perda do equilbrio.
Quando o indivduo perde o equilbrio em uma determinada postura, realizar movimentos, principalmente com os membros superiores e/ou inferiores, para se estabilizar em
uma nova posio. Os movimentos dos membros, geralmente, ocorrem na direo do
deslocamento do centro de gravidade. Isto pode ser visualizado, quando uma pessoa est
posicionada em p e algum a empurra para frente, com uma fora suficiente para causar
a perda do equilbrio, a pessoa realizar um movimento automtico que, nesta situao,
ser colocar um dos membros inferiores frente. Neste exemplo, ocorreu a perda do equilbrio, o que obrigou a pessoa a movimentar o membro inferior na direo do deslocamento do centro de gravidade (para frente).
20
3.1.
a velocidade no deslocamento do centro de gravidade alta: quando o indivduo est em uma postura e realiza um movimento com muita velocidade, no possvel manter a projeo do centro de gravidade na base de sustentao e perde o equilbrio. Neste momento, ser obrigado a adquirir uma nova postura. Esta habilidade
de adquirir uma nova posio aps um deslocamento rpido do centro de gravidade,
tambm, funo da reao de proteo.
uma atividade funcional necessria: quando se precisa modificar a base de sustentao para facilitar a realizao de uma atividade funcional, seja para se aproximar ou afastar do objetivo necessrio utilizar a reao de proteo.
o gasto energtico menor: quando o indivduo tem a possibilidade de, automaticamente, optar entre utilizar a reao de equilbrio ou de proteo. Em alguns momentos, a reao de proteo necessita de menos gasto energtico.
21
Aps a apresentao das reaes posturais importante sugerir como se organiza sua utilizao na prtica clnica. Neste momento, sero apresentados os fatores fundamentais para
propiciar estmulos por meio das reaes posturais:
d) Local do estmulo: assim que o terapeuta opta por utilizar o deslocamento do centro de
gravidade, por meio de um manuseio direto no corpo do paciente. importante escolher
um ponto de contato, o qual pode ser uma articulao ou segmento.
e) Direo do estmulo: deve-se sempre lembrar que, independente da posio, o deslocamento do centro de gravidade definir a direo da resposta do paciente, ou seja, a
reao de equilbrio, provavelmente, ser para o lado oposto do deslocamento do centro
de gravidade. No entanto, a reao de proteo ser para o mesmo lado do deslocamen-
22
to do centro de gravidade. O terapeuta que ir definir qual ser o estmulo mais adequado para cada paciente.
g) Atrito: um fator que influencia as reaes posturais o atrito oferecido pela base de
sustentao. Dependendo do paciente e do objetivo teraputico, ao diminuir ou aumentar o atrito propicia-se mais estabilidade ou instabilidade. Quanto maior o atrito com a
base de sustentao, mais fcil para manter a postura e realizar o movimento. Assim
como, quanto menor o atrito, mais difcil ser para o paciente manter a postura e realizar movimento, o que induzir o maior recrutamento muscular.
h) Alterar estmulo: independente do paciente sempre importante variar o estmulo oferecido, todos os pacientes necessitam de uma integrao das reaes de endireitamento,
equilbrio e proteo. Por isso, aconselha-se que o programa teraputico seja organizado
com atividades que alternem a velocidade, intensidade, direo, permanncia e etc.
i)
23
A tabela a seguir apresenta como alguns destes fatores influenciam nas reaes:
Fatores
Reao de equilbrio
Mais
Velocidade
Intensidade
baixa:
mais
a velocidade do estmulo,
maior
de reao de equilbrio
reao de proteo
a possibilidade de reao de
possibilidade de reao de
equilbrio.
proteo.
Menor:
Permanncia
Direo
quanto
Reao de Proteo
quanto
possibilidade
de
estmulo,
a possibilidade da reao de
o de equilbrio.
proteo.
Oposta ao deslocamento do
centro de gravidade
permanncia
menor
do
de
Base de sustentao
de proteo.
lbrio,
base
menor
existe
Atrito
de proteo.
24
CAPTULO 3
ROLO
I. Apresentao do Material
II. Posies Bsicas Iniciais
a) Definio
b) Principais requisitos
c) Proposta de Atividades Teraputicas
d) Variaes
I.
APRESENTAO DO MATERIAL
A palavra rolo provm do latim rotulu, cilindro e significa qualquer coisa de forma cilndrica
um tanto alongada (Michaelis, 2007). Na prtica clnica, por permitir inmeras possibilidades, verifica-se que este material bastante utilizado nos atendimentos teraputicos.
O rolo pode ser confeccionado de diferentes tamanhos e materiais, o que permite diferenciar
as atividades a serem realizadas. Sero considerados e apresentados a seguir, trs diferentes tipos de rolo de acordo com sua resistncia:
Rgido: neste rolo, utiliza-se material que, quando o paciente posicionado, no permite
a deformao ou flexibilidade do rolo. Para manter a estrutura interna do rolo rgida, usualmente, utilizado a madeira ou o policloreto de vinila (PVC) revestidos por uma camada de
espuma, que pode ter diferentes densidades. Devido s infinidades de tamanhos que se pode confeccionar um rolo, optou-se em apresentar trs sugestes que facilitam as atividades
com a maioria dos pacientes:
25
Medidas do rolo
Tamanho
Pequeno
Mdio
Grande
Altura
0.80 m
1.00 m
1.25 m
Dimetro
0.35 m
0.40 m
0.45 m
Espuma: por ter maior durabilidade que os inflveis e ser mais barato que o rgido, um
dos materiais mais utilizados para confeccionar diferentes tipos de rolo a espuma. Sua
densidade ir determinar o grau de deformao do rolo.
Inflvel: este tipo de rolo mais flexvel e deforma quando o paciente posicionado,
bilidade promovida ao paciente, isso pela menor rea de contato do rolo para com
o paciente e o solo.
Outra diferena que pode ocorrer entre os rolos inflveis o material de revestimento com
os quais so confeccionados. Alguns possuem material antiderrapante que estabilizam melhor o paciente, outros so mais lisos e dificultam o posicionamento, embora sejam mais
baratos, no so resistentes e dificultam algumas atividades por no permitir o posicionamento adequado do paciente.
26
Rolos diferenciados
b) Standard egg (bola oval): seu formato ovalado oferece mais estabilidade do
que a bola se assimilando as propostas teraputicas do rolo.
27
II.
Diversas atividades teraputicas podem ser executadas no rolo, no entanto antes de apresent-las importante definir e caracterizar as vrias possibilidades de posicionamentos
existentes.
Na tentativa de propor uma padronizao das posies que sero utilizadas nesta apostila,
possibilitando que exista uma seqncia nas atividades, optou-se por propor duas possibilidades bsicas10 de posicionamento do paciente: posio sentada e deitada no rolo. As principais variaes com base na posio sentada e deitada sero chamadas de Posies Bsicas
Iniciais. Para nomear essas posies, considerou-se a relao entre as coxas do paciente e o
eixo do rolo, como ser apresentado a seguir:
Posies Bsicas Iniciais: considerou-se a posio das coxas do paciente em relao ao eixo do rolo.
Sentado
1. SENTADO PARALELO AO ROLO
2. SENTADO PERPENDICULAR AO ROLO
3. SENTADO NO ROLO VERTICAL
Deitado
4. SUPINO PARALELO AO ROLO
5. PRONO PARALELO AO ROLO
6. SUPINO PERPENDICULAR AO ROLO
7. PRONO PERPENDICULAR AO ROLO
10
Para viabilizar a apresentao das propostas teraputicas, foi necessria a diviso das atividades em
grupos determinados. Na tentativa de organiz-las, algumas sugestes podem no ser apresentadas,
j que, ao lidar com crianas, as possibilidades de movimento so infinitas. Por este motivo, optou-se
em utilizar a palavra bsica, no sentido de evidenciar que no so as nicas, mas estas posies
podem ser consideradas o incio de qualquer outra proposta.
28
a.
Definio
Considera-se sentado paralelo ao rolo quando o paciente se encontra sentado sobre o rolo
com suas coxas paralelas a este.
b. Principais requisitos
Para que o paciente possa atingir esta posio inicial e se manter de maneira confortvel
para realizar as atividades propostas importante se considerar alguns fatores:
Amplitude de movimento suficiente para que consiga realizar, principalmente, uma ab-
duo e rotao lateral das coxas, possibilitando que se mantenha na posio inicial, sendo
que, dependendo do paciente, pode-se utilizar rolos de diferentes tamanhos.
Para que possam ser realizadas atividades a partir desta posio, sugere-se que o con-
trole de tronco do paciente permita que ele se mantenha sem auxlio com bom posicionamento e o mximo de alinhamento. Caso contrrio, haver necessidade da participao do
terapeuta que em muitos momentos auxiliar a permanncia na postura e a realizao dos
movimentos.
29
Apresentar-se-, neste momento, as principais atividades teraputicas que podem ser realizadas nesta posio.
A partir desta posio bsica, somente pode ser realizado o deslocamento latero-
lateral do rolo. Ao moviment-lo para uma das laterais, o centro de gravidade do paciente ser deslocado para o mesmo lado, o que o induz a realizar uma inclinao contralateral do tronco.
A figura 12 demonstra o deslocamento lateral do rolo
para a direita realizado pelo prprio paciente. Observe que, durante o movimento, o paciente realiza inclinao do tronco contralateral, ou seja para a esquerda. Esta posio permite que o paciente mantenha a coxa em abduo e rotao lateral o que, alm
de possibilitar um melhor controle do tronco, indicado para vrias crianas com alterao da postura e
do movimento.
30
d. Variaes de atividades
Nesta variao o rolo permanece imvel, o movimento realizado pelo paciente quando este
induzido a se direcionar a um estmulo, seja ele uma bola, argola ou qualquer objeto de
preferncia do paciente. Assim, ao tentar pegar o objeto, o paciente obrigado a deslocar
seu centro de gravidade e a realizar uma reao postural para permanecer na posio.
Durante a atividade o terapeuta pode auxiliar ou dificultar a tarefa dependendo da necessidade do paciente.
31
32
Nesta variao, os estmulos devem ser apresentados a uma distncia maior, a qual obrigar
o paciente a realizar a inclinao lateral do tronco junto com o deslocamento lateral do rolo
e, portanto, do seu centro de gravidade para alcanar o estmulo.
33
Nesta variao, a participao da terapeuta torna-se mais efetiva e alguns manuseios podem facilitar e desencadear algumas reaes posturais11 no paciente.
dos
deslocamentos,
quanto
mais
Elevao do rolo
Uma proposta teraputica diferenciada realizar a elevao do rolo. Para tanto, pode-se
utilizar o auxlio do banco de terapia de acordo com o tamanho do paciente. Outra possibilidade elevar o rolo colocando uma das extremidades sobre o tablado de terapia, o
qual oferece mais estabilidade e segurana, porm no permite que o terapeuta ajuste a
altura. Nesta opo, sugerimos trs possibilidades:
11
Na realidade, todas as atividades sugeridas neste livro so dependentes das reaes posturais, por
isso tentaremos apresentar as principais variaes perante diferentes estmulos. No entanto, se o leitor
tentar utilizar uma das atividades propostas e no observar as respostas apresentadas ou observar
respostas diferentes das apresentadas. No significa que a atividade est errada, ou o paciente no
est respondendo corretamente. Provavelmente, a reao postural daquele paciente apresenta caractersticas individuais que devem ser levadas em considerao pelo terapeuta.
34
Na figura 22, foi realizada a elevao da extremidade anterior do rolo, com auxlio de um banco de
terapia.
Observe que, o paciente est posicionado de
frente para a extremidade elevada, desta forma,
seu centro de gravidade deslocado para trs,
induzindo uma inclinao anterior do tronco e evidenciando recrutamento dos extensores do tronco.
Quanto mais alto estiver o rolo, maior ser o
estmulo e a resposta do paciente.
35
Na figura 26, o paciente est de costas para a extremidade elevada, desta forma, seu centro de gravidade se deslocou para frente induzindo o paciente a realizar uma
inclinao posterior do tronco. importante observar que,
neste caso, ocorreu a inclinao posterior do tronco. Mas,
como o rolo est inclinado, o tronco do paciente se manteve perpendicular ao solo. Por este motivo difcil definir
se ocorre recrutamento dos flexores ou extensores do
tronco.
Assim como na elevao anterior, pode-se propor diferentes atividades, seja movimentando o rolo para as laterais
ou induzindo o paciente a pegar objetos em diferentes
posies.
Rolo Suspenso
Elevao das duas extremidades: Nesta variao, o rolo permanecer suspenso por dois
suportes e paralelo ao solo. O paciente posicionado sentado com as coxas paralelas ao
rolo, sendo que a elevao no permitir que ele apie os ps no solo. Para segurana
do paciente preciso ter duas bases largas que ofeream bastante apoio e estabilidade
para o rolo.
36
Uma das possibilidades teraputicas deslocar o rolo para a lateral. A figura 28 apresenta o deslocamento do rolo para a lateral esquerda do paciente, induzindo a inclinao do
tronco para a direita. Sem o apoio dos ps no
cho, alm do paciente estar mais instvel,
apresentar mais insegurana, aumentando o
grau de dificuldade das atividades propostas.
a. Definio
37
Observe nos exemplos abaixo, que os membros inferiores esto paralelos entre si, mas se o
paciente apresentar uma aduo e rotao medial das coxas, ir dificultar a manuteno
desta postura, necessitando de apoio do terapeuta.
Os dois desenhos acima exemplificam a posio bsica inicial. Observe como as coxas se
mantm perpendiculares ao eixo do rolo. Na figura 30-a, o paciente est com as mos
sobre os joelhos. J, na figura 30-b, o paciente necessita de maior base de suporte para
manter a posio inicial, por isso optou por apoiar as mos sobre o rolo. O apoio das mos
aumenta a estabilidade, facilitando a manuteno da postura. Independente da posio das
mos ambas as posies so consideradas iniciais.
b. Principais requisitos.
Para realizar atividades nesta posio importante que se considere alguns fatores:
Controle de tronco suficiente para que o paciente consiga manter-se nesta postura, ca-
so contrrio haver a necessidade de auxlio do terapeuta ou optar por outro posicionamento no rolo.
38
rada com o paciente sentado paralelo ao rolo, pois possibilita posicionar o paciente sem
que exista o pr-requisito de abduo e rotao lateral as coxas. Por outro lado, o paciente
permanece mais instvel, e no conseguindo apoiar os membros inferiores, pode escorregar para frente com mais facilidade. Caso necessite de auxlio o terapeuta ter que oferecer
mais suporte e realizar mais fora no apoio.
Quando o paciente est sentado perpendicular ao rolo, a instabilidade para trs muito
grande, alm de no ter segurana alguma. Por isso, em pacientes com controle postural
inadequado para a posio inicial, importante que o terapeuta esteja atento, mantendo
sempre o contato visual. Para evitar acidentes, o terapeuta deve se posicionar atrs do paciente podendo oferecer apoio com mais facilidade.
Apresentar-se-, neste momento, as principais atividades teraputicas que podem ser realizadas na posio sentada perpendicular ao rolo.
lo. Ao realizar o deslocamento do rolo para trs, o centro de gravidade do paciente acompanhar o movimento do rolo, induzindo o paciente a realizar uma inclinao anterior do tronco, justamente para evitar a queda para trs.
39
frente existe pouco espao at que o rolo encoste nos ps do paciente, impossibilitando a continuidade do movimento.
deslocar o rolo para frente, o centro de gravidade no se deslocar o suficiente para induzir movimentos na direo oposta. Por este motivo, o paciente poder se
adaptar facilmente ao movimento anterior do rolo, caso tenha controle de postura e
movimento suficiente para manter a postura, no realizar a inclinao anterior e
nem a posterior de tronco, os membros inferiores conseguem suportar o deslocamento do centro de gravidade para frente e o paciente no precisa movimentar o
tronco.
40
41
d. Variaes de atividades
42
43
44
A elevao tambm diminui a base de sustentao que inclua o apoio dos ps no cho.
Esta base de sustentao substituda pelo apoio do terapeuta nos membros inferiores do
paciente. Esta atividade possibilita que o terapeuta tenha bastante controle nos movimentos do paciente, seus manuseios influenciam diretamente a postura e movimento do paciente, conseqentemente aumentando ou no o recrutamento dos flexores do tronco.
45
Durante a realizao das atividades anteriores, a elevao dos membros inferiores do paciente diminui sua estabilidade, o que no depende da movimentao do rolo. Para diminuir a
ao da gravidade sobre os flexores do tronco, muitos pacientes optam por segurar com as
mos em suas coxas ou no rolo. Para evitar ou dificultar que isto ocorra, uma opo associar atividades funcionais, pois quando o paciente segura um objeto com as mos, dificilmente conseguir se segurar na coxa ou no rolo.
Deve-se levar em considerao o tamanho do objeto, se for um aro ou bola pequena, que o
paciente consegue segurar com uma das mos, a outra estar livre para se apoiar. aconselhvel utilizar objeto de tamanho suficiente para o paciente segurar com as duas mos,
nesse caso no conseguir se apoiar e utilizar somente contrao muscular para no cair
para trs.
Na figura 48, as atividades realizadas com a bola elevada acima da cabea apresentam grande dificuldade
para a maioria dos pacientes. Por isso, uma outra opo elevar apenas um membro inferior. Para alguns
pacientes o suficiente para deslocar o centro de gravidade para trs e induzir o recrutamento dos flexores
do tronco.
46
Na figura 51, alm de elevar a extremidade esquerda, movimentou-se o rolo para trs. Desta
forma, o centro de gravidade do paciente foi deslocado em uma direo obliqua (para trs e para a
direita do paciente). Observe como o paciente realizou uma inclinao do tronco para frente e para a
esquerda.
Rolo Suspenso
47
A figura 52 apresenta a posio bsica inicial com o rolo elevado do cho, neste caso, sem o contato dos ps no cho o que
diminui sua base de sustentao tornando mais difcil a manuteno da postura. Neste exemplo utilizaram-se apoios bilaterais com uma concavidade de encaixe para o rolo. Esta concavidade pode auxiliar, pois limita os movimentos do rolo para
frente e para trs, sendo possvel deixar os pacientes que no
conseguem controlar sozinho o movimento do rolo. Por outro
lado, este limite diminui as possibilidades de dificultar a atividade, principalmente se o terapeuta decidir manusear o paciente. Pode-se tambm, realizar diferentes atividades com esta
posio.
Na figura 54, a terapeuta est apoiando os membros inferiores do paciente. Realizar esta atividade com o rolo elevado mais confortvel para a terapeuta, pois o paciente
est mais alto possibilitando que a terapeuta fique em p.
Neste exemplo, a elevao dos membros inferiores do paciente, desloca seu centro de gravidade para trs, o que o
obriga a realizar uma inclinao anterior do tronco, neste
exemplo evidencia-se o recrutamento dos flexores do tronco.
48
Na figura 55, alm de elevar os membros inferiores, deslocou-se o rolo para trs, o que induziu o paciente a realizar muita inclinao anterior do tronco. Por este motivo,
ao contrrio do exemplo anterior evidenciou-se o recrutamento dos extensores do tronco. Observe como a influncia do manuseio da terapeuta pode modificar completamente o estmulo e como conseqncia resposta do
paciente.
a. Definio
Uma opo diferenciada de atividades pode ser realizada com o rolo posicionado na vertical.
A posio inicial ser com o paciente sentado na extremidade, onde realizar as diferentes
propostas teraputicas.
b. Principais requisitos
No muito comum posicionar o rolo na vertical para realizar atividades teraputicas, provavelmente devido falta de material adequado para confeccionar o rolo, principalmente
considerando o tamanho, a altura e circunferncia. Estes e outros requisitos necessrios
para esta atividade sero apresentados a seguir:
49
Material do rolo: para possibilitar atividades teraputicas com o rolo na vertical, deve-
mos pensar sempre na segurana do paciente, que neste caso depende do tamanho e do
material utilizado para confeco do rolo. Geralmente utiliza-se rolo de madeira, j que
mais rgido e oferece possibilidade de ser confeccionado do tamanho que o terapeuta achar
mais adequado, aconselha-se o tamanho de 1,25 metros (altura) por 45 centmetros de
largura (considerando-se o dimetro). Para propiciar o atendimento de diferentes pacientes
aconselha-se ter rolos de diversas dimenses permitindo a variao das atividades propostas.
O rolo pode ser confeccionado em diferentes materiais, sendo que os mais utilizados sero
apresentados a seguir:
PVC: alguns terapeutas preferem utilizar canos de PVC forrados com espuma.
Peso: devido ao PVC ser um material leve, o paciente ter pouca estabilidade, dificultando ou at inviabilizando que o paciente se mantenha
na posio inicial e realize as atividades. Neste caso, antes de forrar,
deve-se colocar dentro do PVC areia ou outro material que aumente o
peso do rolo.
Inflvel: o rolo inflvel pode ser utilizado, mas difcil mant-lo na vertical, o
que exigir a presena do terapeuta para apoiar ou literalmente segurar o rolo, o que
limita a atividade.
50
Controle postural: devido necessidade de estar sentado sobre o rolo na vertical, esta
atividade mais aconselhada para pacientes que apresentam controle de cabea e de tronco suficiente para se manterem na posio sentada sem auxlio ou no mximo com pouco
auxlio. Pode-se realizar esta atividade com pacientes mais graves, mas o terapeuta dever
ter condies de estabiliz-los adequadamente e com segurana, caso contrrio estar correndo risco desnecessrio.
Material de apoio: a altura do rolo impede que o paciente atinja a posio inicial. Para
tanto, utiliza-se materiais de apoio como um banco ou uma cadeira. Se possvel, pode-se
posicionar o rolo prximo ao espaldar, j que este funcionar como uma escada para que o
paciente consiga subir. Caso a alterao da postura e do movimento no permita ao paciente subir com independncia, o terapeuta pode posicion-lo, seja carregando no colo ou
auxiliando adequadamente, mas deve estar certo de que suporta o peso do paciente caso
este se desequilibre.
Apesar dos pr-requisitos apresentados e da necessidade de ateno do terapeuta, as atividades que podem ser realizadas com o rolo posicionado na vertical so de grande benefcio
51
miparticos so os que mais aproveitam e se beneficiam desta atividade, principalmente quando conseguem se manter sentados sem auxlio. J os quadriparticos,
necessitam de muito auxlio para serem posicionados e se manterem na posio inicial, dificultando e at inviabilizando as propostas teraputicas.
lo na vertical a organizao de um programa teraputico para pacientes que apresentam hiperatividade, ou seja, pacientes que independente da doena no permanecem em nenhuma atividade proposta e por apresentarem muita agilidade nos seus
movimentos, so difceis de manterem em qualquer material. Podemos incluir, tambm, os pacientes com deficincia fsica e mental associada, onde o terapeuta perde
o controle na terapia e acaba por seguir o paciente12. O rolo na vertical auxilia e muito nestes casos, pois o paciente posicionado em um local elevado ficar mais restrito
no ambiente e dependente do terapeuta, assim ser induzido a se manter na posio
inicial e o terapeuta conseguir ter mais controle da terapia e propor as atividades
necessrias.
Com o rolo posicionado na vertical pode-se realizar quatro tipos de atividades bsicas:
1-
deslocamento anterior
2-
deslocamento posterior
3-
deslocamento lateral
4-
movimentos conjugados
12
consideramos seguir o paciente, quando o terapeuta tem dificuldade em manter a criana realizando
uma atividade proposta e comea a permitir que o paciente realize o que ele quer. Algumas crianas
comeam a fazer um pouco de cada coisa e ficam andando pela sala ou clnica sem um objetivo teraputico, cabendo ao terapeuta seguir para que a criana no de machuque.
52
1. Deslocamento anterior
O paciente posicionado sentado sobre o rolo na vertical, sendo realizada inclinao do rolo
para frente, propiciando o deslocamento anterior do centro de gravidade do paciente, induzindo-o a executar um movimento de inclinao posterior do tronco, o que evidencia o recrutamento dos flexores do tronco.
Quando se opta por utilizar o rolo na vertical deve-se observar que o paciente fica bastante
dependente do terapeuta, principalmente por se sentir inseguro. Por isso, alguns pacientes
podem apresentar receio de executar esta atividade. Deve-se analisar se o controle postural
perante uma posio instvel e insegura indicado para o paciente. Se o terapeuta considerar positiva esta proposta de estmulo, deve prestar a ateno em seu posicionamento perante o paciente, o que pode representar um fator de segurana para a atividade. Para tanto, o terapeuta pode optar por dois posicionamentos que influenciaro diretamente na segurana do paciente:
deslocamento do rolo (fig 88) oferecendo maior segurana ao paciente. Neste caso,
quando movimentar o rolo, o terapeuta dever pux-lo para sua direo. Caso o paciente
perca o controle durante a atividade, ser mais fcil para o terapeuta apoiar e propiciar a
recuperao da postura. Este posicionamento torna essa posio mais segura para o paciente.
A opo de oferecer mais ou menos segurana deve ser avaliada pelo terapeuta, considerando a necessidade do paciente.
53
2. Deslocamento posterior:
O paciente posicionado sentado sobre o rolo na vertical, sendo realizada uma inclinao do
rolo para trs, propiciando o deslocamento posterior do centro de gravidade do paciente,
induzindo-o a executar um movimento de inclinao anterior do tronco, o que evidencia recrutamento dos extensores do tronco.
Novamente o posicionamento do terapeuta importante para facilitar ou dificultar a atividade. Para oferecer mais segurana ao paciente o terapeuta deve se posicionar atrs do rolo e
desta forma pux-lo para sua direo, caso contrrio estar oferecendo pouca segurana ao
paciente.
Na figura 59, ao deslocar o rolo e o centro de gravidade para
trs, o paciente executar uma inclinao anterior do tronco,
recrutando extensores do tronco. Neste exemplo, observe que
a terapeuta est posicionada atrs do paciente, justamente na
direo de deslocamento do rolo e do centro de gravidade, o
que oferecer mais segurana durante as atividades. Caso o
paciente perca o controle postural e caia para trs, o terapeuta
facilmente poder auxili-lo a recuperar a posio inicial.
54
2. Deslocamento posterior:
O paciente posicionado sentado sobre o rolo na vertical, sendo realizada inclinao do rolo
para um dos lados, propiciando o deslocamento homolateral do centro de gravidade, induzindo-o a executar um movimento de inclinao contralateral do tronco, o que evidencia
recrutamento da musculatura contralateral ao deslocamento.
Na figura 60, ao deslocar o rolo e o centro de gravidade para a esquerda do paciente, induz-se a inclinao contralateral do tronco, ou seja,
para a direita.
Observe que o terapeuta, neste exemplo, est na direo de deslocamento do centro de gravidade, o que oferecer segurana ao paciente.
Na realidade, o terapeuta posicionou-se na diagonal do movimento
(para esquerda e na frente do paciente), o que, alm de oferecer segurana, possibilita contato visual direto com o paciente, facilitando a
interpretao da atividade pelo terapeuta, pois a expresso do paciente
oferece informaes de como est reagindo atividade.
3. Movimentos conjugados:
Provavelmente, a atividade mais utilizada com o rolo na vertical. Neste caso, ao invs de
deslocar o centro de gravidade antero-posterior ou latero-lateral, opta-se por deslocar nas
diagonais (plano oblquo), onde se consegue conjugar inclinao lateral com flexo ou extenso do tronco, o que oferece diferentes possibilidades teraputicas. Outra possibilidade,
que os pacientes gostam e se divertem durante a atividade, executar movimentos de rotao com o rolo evoluindo com deslocamentos para frente e para trs sobre o cho. Nesta
proposta, o centro de gravidade constantemente deslocado nas diferentes direes, o que
exigir maior controle de tronco do paciente.
d. variaes de atividades
Nesta variao, ao invs de movimentar o rolo, deve-se propiciar estmulo para o paciente
se movimentar sobre o rolo e deslocar o centro de gravidade para atingir a meta. Podemos
55
utilizar a bola ou saquinhos de areia para que o paciente possa peg-los e jog-los em qualquer direo.
Na figura 62, a meta do paciente pegar o objeto posicionado no plano oblquo, neste caso para trs, lateral esquerda e para baixo do paciente.
Como o paciente optou em pegar o objeto com as duas
mos, teve que realizar um movimento de rotao do
tronco para a esquerda. Para manter seu equilbrio sobre
o rolo, alm da rotao, realizou a inclinao posterior e
lateral direita. Este movimento conjugado evidenciou o
recrutamento dos flexores do tronco e da musculatura
responsvel pela inclinao do tronco para a lateral direita
do paciente.
Outra possibilidade conjugar atividades funcionais13 (jogos ou brincadeiras) com o deslocamento do rolo. Sugerimos que o paciente seja posicionado de frente a um quadro de feltro, sendo que ter que montar um quebra cabea com as peas em velcro. Neste caso, se o
rolo estiver afastado da parede, o paciente ser induzido a realizar uma inclinao anterior
do tronco para alcanar o quadro e montar o quebra cabea, sendo que o terapeuta pode
auxiliar ou dificultar inclinando o rolo para frente ou para trs.
13
As variaes de atividades funcionais que podem ser realizadas com o rolo na vertical so muitas,
basta levarmos em considerao o paciente e a proposta teraputica.
56
Se o terapeuta inclinar o rolo para trs, ter como resposta do paciente uma inclinao anterior do tronco, que evidencia o recrutamento dos extensores do tronco. Nesta atividade
devemos considerar duas situaes:
Para colocar a pea em velcro no quadro, o paciente dever realizar a inclinao anteri-
or do tronco. Ao inclinar o rolo para trs, o terapeuta estar facilitando o movimento de inclinao anterior do tronco em direo ao quadro, conseqentemente a atividade ser mais
fcil.
Para outros pacientes, ao tentar auxiliar inclinando o rolo para trs o paciente se afasta do qua-
dro, caso no tenha controle suficiente para realizar a inclinao anterior do tronco, o paciente se
afastar da meta. Neste caso, o terapeuta pode optar por inclinar o rolo para frente, em
direo ao quadro. O terapeuta quem decidir qual opo deve utilizar com seu paciente.
57
a. Definio
Nesta posio, o paciente deve estar em supino sobre o rolo com seu tronco e coxas paralelo ao eixo deste.
Na figura 65, o tronco do paciente se encontra
paralelo ao eixo do rolo. Optou-se por representar
esta posio com os membros inferiores abduzidos e ps no cho, pois o paciente consegue se
manter sozinho. Algumas atividades podem ser
realizadas com membros inferiores sobre o rolo,
porm necessitaro de auxlio do terapeuta para
manter o paciente nesta posio.
b. Principais requisitos.
Para que o paciente possa atingir est posio inicial e se manter de maneira confortvel para realizar
as atividades propostas importante se considerar alguns fatores:
Nesta posio, alm da abduo e rotao lateral das coxas, a maior dificuldade estar em con-
seguir manter a extenso das coxas, para que os ps alcancem o cho. Caso no seja possvel, podese optar por manter membros inferiores em flexo com os dois ps sobre o rolo, no entanto, o terapeuta ter que oferecer auxlio segurando o rolo ou apoiando o paciente.
Outra opo o terapeuta sentar no rolo e posicionar os membros inferiores do paciente sobre
seu quadril, o que, alm de auxiliar rotao lateral das coxas, facilita que os pacientes sem controle
do tronco se mantenham nesta posio.
Outro requisito importante que nesta postura ocorre muito extenso de tronco com anteverso
plvica e extenso da cabea, caso dificulte a posio, aconselhado colocar um rolo de espuma sob
a cabea do paciente que tornar a posio mais agradvel para as atividades.
58
Apresentar-se-, neste momento, as principais atividades teraputicas que podem ser realizadas nesta posio.
deslocamento do rolo para uma das laterais, o centro de gravidade do paciente acompanhar o lado de deslocamento do rolo, induzindo o paciente a realizar uma inclinao para o lado oposto.
d. Variaes de atividades
59
Caso o paciente tenha alterao da postura e do movimento que dificulte se manter na posio inicial, o terapeuta pode auxiliar segurando o rolo, ou oferecendo apoio ao paciente, o
que possibilita a utilizao desta atividade mesmo com pacientes mais graves. Sero apresentadas algumas propostas de atividades, com o terapeuta utilizando manuseios diferenciados.
60
Na figura 72 a terapeuta optou por proporcionar estabilidade, segurando os membros superiores do paciente.
Quando o rolo foi deslocado para a direita do paciente,
o terapeuta facilitou a resposta de inclinao do tronco
para a esquerda.
61
Elevao do rolo
Nesta posio, tambm possvel realizar a inclinao do rolo, a qual pode facilitar ou
dificultar a atividade.
Na figura 76, o paciente foi posicionado no rolo inclinado
com o auxlio do banco de terapia, sendo que o terapeuta
manteve seus membros inferiores elevados. O paciente
deve realizar a inclinao anterior do tronco para conseguir sentar sobre o rolo. Devido inclinao do rolo, esta
atividade torna-se mais difcil. No exemplo, o terapeuta
est oferecendo auxlio segurando as duas mos do paciente, sendo que este depende da fora que o terapeuta
aplica nesta trao. Em alguns casos, s segurar a mo
do paciente j necessrio para facilitar a atividade.
a. Definio
Nesta posio o paciente deve estar em prono (decbito ventral) sobre o rolo com seu tronco e coxas paralelo ao eixo deste.
b. Principais requisitos
62
Para que o paciente possa atingir esta posio inicial e se manter de maneira confortvel
para realizar as atividades propostas, importante se considerar alguns fatores:
Nesta posio, no necessrio que o paciente tenha capacidade de realizar a abduo
ta deve estar segurando o rolo, para oferecer estabilizao suficiente para realizao das
atividades.
Considerando que o apoio dos antebraos seja um requisito para a manuteno da po-
sio inicial, o paciente deve ser capaz de se manter nesta postura mesmo que com auxlio
do terapeuta. Em alguns casos, pode-se posicionar o paciente completamente em prono
sobre o rolo com a cabea rodada para um dos lados, mas uma posio no muito confortvel e difcil de realizar atividades.
Na figura 78, o paciente permanece em prono paralelo ao rolo, porm com o tronco para fora para
facilitar o apoio de ambas s mos no cho. Esta
posio pode ser considerada uma opo de posio
bsica inicial. Neste caso, para se manter na posio, necessrio mais controle de tronco do paciente e fora nos membros superiores. Pode-se movimentar o rolo para as laterais ou colocar um objeto para que o paciente pegue com uma das mos.
Apresentar-se-, neste momento, as principais atividades teraputicas que podem ser realizadas nesta posio.
63
e. Variaes de atividades
Na figura 80, o paciente est pegando o objeto na frente e no alto, observe como necessita realizar a inclinao posterior do tronco
para alcanar o aro. Quanto mais o terapeuta
elevar o objeto, maior ser o recrutamento
dos extensores do tronco.
64
Na figura 84, o terapeuta optou em posicionar o paciente sobre seus membros inferiores. Esta opo oferece mais estabilidade ao paciente e mais controle da
atividade ao terapeuta. Observe que ao deslocar o rolo
para a direita, o terapeuta est incentivando a aproximao do ombro esquerdo em direo ao quadril,
assim como sua mo esquerda estimula a musculatura
lateral esquerda do paciente. Este conjunto de manuseio facilita a resposta motora do paciente de inclinao do tronco para o lado oposto ao deslocamento.
65
Elevao do rolo
Utilizando a posio em prono paralelo ao rolo tambm possvel realizar atividades com
o rolo inclinado, o que pode facilitar ou dificultar a atividade.
Na figura 86, o terapeuta eleva uma extremidade do rolo posicionando-o sobre outro rolo.
Observe que ao colocar um estmulo na frente
do paciente com a inclinao do rolo se facilita
a inclinao posterior do tronco do paciente.
a. Definio
66
Na figura 89, o paciente est na posio bsica inicial, onde o tronco e as coxas esto
perpendiculares ao eixo do rolo. Observe que
as pernas esto em flexo de aproximadamente 90 graus possibilitando o apoio dos
ps no cho.
b. Principais requisitos
Para o paciente atingir este posicionamento e manter a postura para realizar as atividades
funcionais, importante considerar alguns fatores:
O paciente tem que apresentar controle de tronco suficiente para se manter nesta posi-
Para atingir a posio bsica inicial, o paciente necessita passar por posies intermedi-
A segunda opo mais adequada, onde o paciente senta no rolo com as coxas perpendiculares a este e lentamente desloca o rolo para frente ao mesmo tempo em que deita. As figuras 92, 93 e 94 apresentam esta seqncia.
67
A figura 95 mostra que o deslocamento do rolo para frente aumenta a flexo das pernas, coxas e a flexo dorsal
dos ps. Neste caso, a maior dificuldade que o paciente
mantenha-se na postura. importante verificar que o
mau posicionamento levar a extenso da cabea.
d. Variaes de atividades
Como as atividades teraputicas bsicas, so realizadas com pouca amplitude de movimento, as principais atividades que podem ser realizadas em supino perpendicular ao rolo esto
nas propostas de variaes que sero apresentadas a seguir:
68
Uma possibilidade pedir para o paciente cruzar uma perna sobre a outra, como na figura 99. Esta possibilidade
requer controle de tronco para se manter com um p s
apoiado no cho. Pode-se pedir para o paciente movimentar o rolo para trs ou para frente, ou ainda o quadril para
cima e para baixo ou at mesmo latero-lateral. Apesar de
estas atividades poderem ser realizadas em outro apoio,
como por exemplo, o tablado, a posio da cabea no rolo
acaba tornando a atividade agradvel, e a instabilidade do
rolo dificulta manter a postura.
Para dificultar a atividade, pede-se ao paciente para elevar a perna, sem cruzar, mantendo-a suspensa no alto
como vemos na figura 100. As mesmas variaes da figura anterior podem ser realizadas. Observe que a maior
dificuldade est em manter a posio, eficiente para fortalecimento do tronco e dos membros inferiores.
69
Caso o paciente no consiga se manter sozinho, a terapeuta pode auxiliar, oferecendo apoio posterior, como demonstrado na figura 102. Observe que, a mo
do terapeuta suporta parte do peso do paciente, facilitando a manuteno da postura para realizar as atividades.
70
71
a. Definio
Nesta posio o paciente deve estar em prono (decbito ventral), mantendo seu corpo
(tronco e coxas) perpendicular ao eixo do rolo.
b.
Principais requisitos
posio inicial.
Outro fator importante, conseguir realizar a extenso dos membros inferiores (coxas
c.
72
d. Variaes de atividades
73
Na figura 114, o paciente posicionado em prono perpendicular ao rolo com apoio das mos e flexo dos
braos e extenso dos antebraos. A terapeuta pode
auxiliar a execuo das atividades bsicas, apoiando os
membros inferiores. De preferncia, mantendo as coxas do paciente em leve rotao lateral e abduo,
para ento realizar o deslocamento anterior do rolo.
A figura 116 representa uma atividade para pacientes que apresentam alterao da postura e movimento acentuados, sendo que, o posicionamento
no exige que o paciente apie os membros superiores no solo. Para alguns, esta atividade e postura
exige que eles realizem uma inclinao posterior do
tronco.
Como variao, o terapeuta pode realizar, por meio
do seu manuseio, uma inclinao lateral do tronco
sem deslocar o rolo. Observe que o terapeuta optou
em apoiar a mo direita no ombro e a mo esquerda no quadril, facilitando a inclinao para a lateral
esquerda do paciente.
74
A figura 117 apresenta um exemplo de atividade funcional com manuseio. O terapeuta est estabilizando o
quadril do paciente e oferecendo um objeto (aro) na
lateral direita e no alto, induzindo o paciente a realizar
uma inclinao posterior com rotao do tronco para a
direita.
Nesta posio tambm possvel realizar a inclinao do rolo, a qual pode facilitar ou dificultar a atividade.
75
CAPTULO 4
BOLA
I.
II.
Apresentao do material.
Posies Bsicas Iniciais
definio
principais requisitos
variaes
I.
APRESENTAO DO MATERIAL
A palavra bola provm do latim bulla, substantivo feminino que significa qualquer corpo esfrico (Michaelis, 2007).
No Brasil, comumente conhecida como Bola Bobath, devido a grande influncia que a abordagem Bobath tem na formao dos terapeutas brasileiros, principalmente na fisioterapia
neurolgica.
A bola um material muito utilizado, tendo presena em quase todos os servios de fisioterapia, sendo muito verstil quanto a sua utilizao, principalmente por permitir deslocamentos:
- Ltero-lateral;
- Antero-posterior;
- Diagonal;
- Supero-inferior.
76
A bola pode ser de diferentes tamanhos e materiais que sero exemplificados a seguir:
Tamanho:
Dimetros
30
cm
45
cm
55
65
cm
cm
75
cm
85
cm
95
cm
120
cm
Antiderrapante;
Fcil higiene;
Durabilidade;
Atxica.
Devido semelhana das posies bsicas iniciais e das propostas teraputicas entre a bola
e o rolo, faz-se necessrio apresentar algumas diferenciaes entre estes dois materiais teraputicos:
77
ROLO
BOLA
Mais instvel, sendo que o paciente ter instabilidade em diferentes planos e em qualquer
posio bsica.
Apesar de existirem rolos inflveis, as atividades sero apresentadas no rolo rgido, possibilitando poucos estmulos vestibulares.
II.
A bola possibilita realizar vrias atividades teraputicas. No entanto, assim como o rolo,
preciso definir e apresentar quais as posies bsicas iniciais. Para facilitar a compreenso,
optou-se por apresentar trs posies bsicas iniciais, divididas em duas possibilidades para
o paciente: sentado e deitado.
Sentado.
1. SENTADO NA BOLA
Deitado.
2. SUPINO NA BOLA
3. PRONO NA BOLA
78
1. SENTADO NA BOLA
1.1. Definio
Devido ao seu formato e instabilidade, a bola s permite uma possibilidade de sentar, sendo
que devemos levar em considerao o tamanho da bola, o controle de tronco do paciente e
o apoio adequado dos ps, como demonstrado na figura a seguir:
Para realizar atividades nesta posio, existem fatores que devem ser considerados.
Controle de tronco: a bola um material teraputico muito mais instvel que o rolo
e, por isso, o paciente necessitar de mais controle do tronco e dos membros inferiores para
manter a base de suporte.
Tamanho ideal: a escolha do tamanho ideal da bola fundamental para propiciar a
atividade adequada, sendo que quanto mais prximo de um apoio completo dos ps e de
uma angulao de flexo das coxas e pernas perto de 900, mais estvel o paciente estar.
Por esse motivo, interessante ter na sala de atendimento, bolas de diferentes dimenses,
possibilitando o atendimento de crianas dos mais variados tamanhos.
Membros inferiores: outro fator que deve ser observado que na bola, os membros
inferiores podem ficar em aduo e rotao medial das coxas e flexo plantar dos ps, o que
pode dificultar a manuteno da postura.
79
Devido bola ser um material instvel que possibilita movimentos em todas as direes, as
propostas de atividades teraputicas bsicas com o paciente sentado ser dividida em trs
partes:
a) Movimentos ntero-posterior.
Alguns pacientes, principalmente os que apresentam bom controle do tronco e dos membros inferiores, ao movimentarem a
bola para frente, podem manter o tronco perpendicular ao solo
(figura 122), no realizando a inclinao posterior do tronco.
Neste caso, a manuteno desta postura j uma proposta teraputica interessante.
80
b) Movimentos latero-laterais.
c)
Estmulos supero-inferior.
Como a bola de material inflvel, apresenta uma flexibilidade que possibilita realizao de
movimentos supero-inferior, onde o paciente pode iniciar movimentos para cima e para baixo (pulando sentado na bola).
d) Obliquos
Obliquo para trs: Como a bola um material teraputico bastante instvel, possibilita realizar estmulos
no plano obliquo. Na figura 124, a bola deslocada
para trs e para a lateral direita do paciente. Observe
que o paciente apresentar uma resposta tambm
obliqua, neste caso, realizou a inclinao anterior do
tronco e, tambm, para a lateral esquerda.
81
e) Circunduo
82
83
84
Na figura 133, o terapeuta, tambm, elevou os membros inferiores do paciente, deslocando o centro de gravidade para trs.
Apesar de o paciente realizar inclinao anterior do tronco, no
se deslocou em direo ao terapeuta, evidenciando o recrutamento dos flexores do tronco. Existem duas opes para evitar
que o paciente se apie no terapeuta:
1- Uma opo elevar mais os membros inferiores. Quanto
mais elevar os membros inferiores, maior ser o deslocamento do centro de gravidade para trs e maior ser o
recrutamento dos flexores do tronco, dificultando que o
paciente alcance o terapeuta.
2- Outra opo elevar os membros inferiores, e, ao mesmo tempo, movimentar a bola para trs. O que ir causar
mais instabilidade e dificultar a inclinao anterior do
tronco.
85
2. SUPINO NA BOLA
2.1. Definio
Para que o paciente atinja este posicionamento e mantenha-se na postura para realizar as
atividades, importante considerar alguns fatores:
O paciente tem que apresentar controle de tronco suficiente para se manter nesta
posio, principalmente, controle dos movimentos e amplitude articular nos membros inferiores que realizam importante participao na posio bsica inicial.
Para que o paciente atinja esta posio ele deve passar por posies intermedirias.
O mais indicado, que ele sente na bola e desloque-a para frente medida que vai
inclinando o tronco para trs at deitar-se sobre a bola.
86
Devido instabilidade da bola, uma opo moviment-la na direo obliqua. Na figura 139, optou-se no
deslocamento obliquo para trs e para a direita do paciente, observe que este induzido a realizar a inclinao
do tronco para a esquerda.
Com atividade funcional: devido instabilidade da bola, deve-se ter cuidado ao propor atividades funcionais sem auxlio do terapeuta. Porm, para pacientes que apresentam
bom controle de tronco pode-se utilizar a bola sempre com o terapeuta perto e atento.
87
Na figura 140, o paciente induzido a pegar um objeto grande (bola) posicionado atrs. Para tanto, realizar a inclinao posterior do tronco. A maior dificuldade encontrada na realizao desta atividade manter-se em equilbrio sobre uma base de sustentao
instvel.
88
89
90
Na figura 151, o objeto (bola) foi posicionado na frente e na lateral esquerda do paciente, o qual para alcan-lo realizou a inclinao anterior do tronco e
rotao para a esquerda.
3. PRONO NA BOLA
3.1. Definio
Nesta posio, o paciente est em prono (decbito ventral) sobre a bola. O corpo ter uma
disposio paralela ao solo. Para possibilitar a posio inicial e as atividades, as duas mos
devem estar apoiadas no cho e a bola sob as duas coxas do paciente.
posio inicial.
Deve manter os membros superiores apoiados e ter controle escpulo-umeral para su-
Outro fator importante conseguir realizar a extenso das coxas, caso contrrio no
Para atingir a posio bsica inicial, o paciente necessita passar por posies intermedi-
rias. Neste caso, existem duas opes de passagem para prono da posio sentado na bola:
91
Primeira opo: sentado na bola (figura 153) passa a bola por entre suas pernas (figu-
Segunda opo: sentado na bola, roda o tronco para trs (figura 156) at apoiar as
mos no cho (figura 157), para em seguida rodar o tronco (figura 158) at atingir a posio em prono.
92
oferecer um objeto que estimule o paciente. Nestes casos, ao tentar pegar o objeto o
paciente estar realizando a proposta teraputica.
Durante a atividade, o terapeuta pode auxiliar ou dificultar a tarefa dependendo da necessidade do paciente.
Na figura 162, o paciente que estava em prono foi aproximando seus membros superiores da bola e se posicionando de joelhos sobre ela. Para que o paciente mantenha-se nesta postura
necessrio que ele tenha bom controle de tronco. Pode-se
dificultar, solicitando que o paciente movimente a bola em
diferentes direes sem sair da postura. Caso necessrio, o
terapeuta pode auxiliar segurando a bola ou oferecendo apoio
para o paciente.
93
94
Na figura 166, o terapeuta est com seu tronco entre os membros inferiores do paciente. Nesta posio, pode-se realizar varias atividades com mais
estabilidade e segurana. Para alguns pacientes a
nica possibilidade de se manterem sobre a bola.
95
CAPTULO 5
I.
II.
III.
Apresentao do material
Diferencial do Banco com Rolamento
Atividades Teraputicas no Banco
I.
APRESENTAO DO MATERIAL
A palavra Banco significa assento, com encosto ou sem ele, de formas variadas, rsticas ou
no (...) (Michaelis, 2007).
O banco, propriamente dito, um material muito utilizado nos atendimentos teraputicos,
servindo como auxlio nos diferentes posicionamentos propostos durante as terapias, ora
oferecendo suporte para o terapeuta, ora para o paciente. Existem bancos de diferentes tamanhos e formas, cada qual com seu objetivo. Por este motivo, importante esclarecer que,
concentrar-se- em apresentar propostas teraputicas utilizando um banco especfico, conhecido como banco com rolamento.
Na maioria das salas de atendimento, o banco com rolamento utilizado, principalmente,
para facilitar a locomoo, posicionamento e manuseio do terapeuta durante o atendimento
de crianas. O terapeuta sentado no banco se posiciona na altura da criana, facilitando a
realizao das atividades, ou a agilidade e praticidade para pegar materiais diferenciados
que estejam ao seu redor.
96
II.
O banco apresenta alguns diferenciais dos outros materiais teraputicos, embora sua utilizao possibilite uma variao das atividades, algumas vantagens e desvantagens tambm
devem ser consideradas, como demonstrado a seguir:
VANTAGENS:
O banco com rolamento apresenta como diferencial mais significativo possibilidade
do terapeuta proporcionar estmulos vestibulares ao paciente. Durante as diferentes atividades teraputicas que sero apresentadas, importante sempre lembrar que existe a possibilidade de execut-las com deslocamentos lineares do banco (frente, trs, diagonais) ou
angulares (rotaes).
A maioria das atividades proposta realizada com o paciente sentado no banco ou
colo do terapeuta, com flexo das coxas, o que auxilia na estabilizao de pacientes que
apresentam padro de extenso. Por isso, as atividades no banco com rolamento possibilitam estimular as reaes posturais em pacientes com muita alterao da postura e movimento.
Durante as atividades no banco, se o paciente estiver posicionado sobre o colo do terapeuta, este consegue ter grande controle sobre o paciente facilitando o auxlio durante a
execuo dos exerccios. Esta posio tambm auxilia no atendimento de pacientes hiperativos ou que no compreendem ordens verbais.
um material teraputico fcil de confeccionar e de baixo custo, que ocupa pouco
espao, sendo acessvel para a maioria. Provavelmente o material teraputico que apresenta mais custo benefcio para atendimento clnico.
97
DESVANTAGENS
O banco com rolamento um material teraputico que deve se ter muito cuidado ao
trabalhar, pois qualquer descuido do terapeuta, o paciente pode se desequilibrar e se machucar. Por isso fundamental que o terapeuta esteja sempre em contato com o paciente,
mesmo que apresente timo controle de tronco, aconselha-se manter contato ou proximidade constante tornando as atividades seguras.
Como a maioria das atividades realizada com flexo das coxas e pernas, as propostas de atividades que necessitem da extenso dos membros inferiores so restritas.
Como a maioria das atividades realizada no colo, o terapeuta deve ter condies de
suportar o peso do paciente, caso contrrio inviabiliza as propostas teraputicas. Uma
forma de oferecer conforto a atividade colocar uma almofada ou cunha entre o terapeuta
e o paciente, permitindo que permanea na atividade por mais tempo.
As atividades no banco exigem permanente participao ativa do terapeuta, sendo
que, com alguns pacientes, o terapeuta realiza mais fora para estabilizar do que o paciente na atividade. Portanto, deve-se analisar o custo e benefcio que as propostas teraputicas oferecem no programa de cada paciente.
III.
Para facilitar a apresentao das atividades teraputicas no banco com rolamento, dividiu-se
em trs posies bsicas iniciais, as quais sero apresentadas junto com as respectivas possibilidades teraputicas:
1. Sentado no banco
2. Sentado no colo
3. Deitado no banco
1.
Sentado no banco
Com o paciente sentado no banco pode-se realizar vrias atividades, no entanto alguns cuidados devem ser levados em considerao;
98
o banco com rolamento um material teraputico com muitas possibilidades, no entanto, muito instvel, por isso o terapeuta deve estar sempre perto e atento aos movimentos do paciente. Mesmo que a
criana apresente bom controle de tronco, determinados movimentos podem fazer com que perca o domnio do banco, causando acidente durante a terapia.
para realizar determinadas atividades preciso ter um banco do tamanho adequado ao paciente, por
isso aconselha-se que tenha bancos com rolamento de diferentes tamanhos, pois se for preciso que o
paciente apie os ps no cho o banco ter que ter a altura adequada a ele.
1.1.
Paciente com apoio dos ps no cho - nesse caso, o prprio paciente pode desli-
zar com o banco para frente, para trs ou se movimentar em todas as diagonais. Mesmo
que necessite de auxlio do terapeuta, o paciente ter mais individualidade de ir para onde
quiser ou de direcionar-se para os locais propostos pelo terapeuta com mais independncia.
b)
movimentar sozinho no banco com rolamento e o terapeuta ter mais controle da atividade,
pois ter que empurrar ou puxar o banco na direo mais adequada. Esta uma atividade
muito interessante, pois dependendo da direo que movimentar o banco, estimular o controle postural de forma diferenciada.
99
2.
Sentado no colo
Definimos por sentado no colo, as atividades onde o terapeuta estar sentado no banco com rolamento e
o paciente sentado sobre seu colo. uma opo teraputica que pode ser utilizada com pacientes graves,
neste caso, no h necessidade de ter controle de tronco ou cabea, pois o terapeuta ter controle completo da situao e poder auxiliar o paciente da maneira mais adequada. Para a apresentao destas
atividades, apresentar-se- trs possibilidades de posicionamento no colo:
100
2.1.
A figura 172 apresenta a posio bsica inicial do paciente sentado no colo de frente para o terapeuta. Deve-se
posicionar o paciente sobre as duas coxas do terapeuta,
dividindo o peso igualmente. Quando o paciente apresentar muita alterao da postura e movimento, aconselhase a aproximar o paciente do corpo do terapeuta, facilitando a estabilizao do paciente o que possibilita atividades teraputicas com as coxas em rotao lateral e
abduo.
Nesta opo de posicionamento, o terapeuta estar olhando para o paciente, alm de facilitar o
estmulo, tambm ter controle sobre expresses faciais, que podem demonstrar se o paciente est gostando ou no da atividade e at antecipar os movimentos durante as atividades.
Muitos pacientes se sentem mais seguros quando olham para o terapeuta, o que facilita a ativida-
Para o atendimento de pacientes que ficam por pouco tempo em cada proposta teraputica, como
de.
exemplo, os portadores de hiperatividade ou deficincia mental, est posio dificulta que o paciente se
movimente, possibilitando bastante controle ao terapeuta.
Por oferecer opes onde o terapeuta ter maior controle sobre o paciente podendo estabilizar e
oferecer suporte, interessante para ser utilizada com pacientes graves. Os quadriparticos se beneficiam
bastante desta posio, onde o terapeuta poder estimular diferentes reaes posturais com grande controle sobre os movimentos do paciente.
A posio sentada de frente para o terapeuta obriga que o paciente realize abduo das coxas, o
101
A maior desvantagem como colocar o paciente na posio inicial, j que este deve permanecer
com os membros inferiores em rotao lateral e abduo. Se o paciente for grave e/ou grande, ser preciso, inicialmente, deit-lo de supino no tablado, para lentamente posicionar o quadril adequadamente
sobre o colo do terapeuta e finalmente posicionar sentado sobre colo. Por isso, fundamental que o terapeuta suporte o peso do paciente, caso contrrio melhor optar por outra atividade.
O paciente tem que ser capaz de realizar a abduo das coxas, o suficiente para ser posicionado
no colo do terapeuta com uma perna para cada lado, caso contrario, no ser possvel atingir a posio
inicial.
Outra desvantagem, que apesar de olhar para o paciente, o terapeuta estar mais alto, poden-
do estimular uma extenso da cabea do paciente, o que poder ser desaconselhvel para alguns pacientes. Para compensar, aconselha-se que o terapeuta se incline um pouco para trs, mas ter que tomar
cuidado para no se desequilibrar no banco. Outra possibilidade posicionar o paciente sobre uma almofada ou cunha, possibilitando o posicionamento mais alto e viabilizando um olhar horizontal. Lembrando
que, a utilizao de um suporte para o paciente sentar, torna a atividade mais confortvel para ambos.
Estando o paciente de frente para o terapeuta, difcil realizar qualquer atividade funcional ou
jogo ldico, no h espao para a criana se movimentar para frente. No entanto, uma posio que
estimula a rotao do tronco para pegar objetos colocados nas laterais.
a) Uma primeira opo , a partir da posio inicial, o terapeuta elevar seus joelhos (figura 173). Nesse
caso, o centro de gravidade do paciente se deslocar para frente e o paciente ser induzido a realizar
uma inclinao posterior do tronco, evidenciando recrutamento dos extensores do tronco. Na verdade,
esta atividade pode ser realizada com o terapeuta sentado em uma cadeira ou qualquer outro local. Para
justificar a utilizao de banco com rolamento, o terapeuta pode se movimentar com o banco para frente,
trs, diagonais ou executar movimentos rotacionais, propiciando estmulos no sistema vestibular junto
com as reaes posturais. Caso o paciente no tenha controle de tronco ou cabea, pode-se auxiliar oferecendo suporte na cabea, ombro, quadril de acordo com sua necessidade.
102
b) Uma segunda opo o terapeuta abaixar seus membros inferiores, o que pode ser realizado estendendo as pernas frente. Nesse caso, o centro de gravidade se deslocar para trs e o paciente ser
induzido a realizar inclinao anterior do tronco, evidenciando recrutamento dos flexores do tronco. No
esquecer que se pode realizar este estmulo junto com a movimentao do banco para diferentes direes.
Na figura 174, o terapeuta realizou a extenso das pernas para deslocar o centro de gravidade do paciente para
trs e induziu a inclinao anterior do tronco com recrutamento dos flexores do tronco. Em alguns casos, o paciente consegue se manter na posio inicial sobre o colo
do terapeuta sem auxilio, mas quando deslocamos o centro de gravidade, dificultando a tarefa, preciso auxiliar o
paciente. Neste exemplo, optou-se pelo apoio na cabea.
Na figura 175, o terapeuta optou por posicionar o paciente no colo sobre uma cunha. uma possibilidade que
auxilia quando o paciente pesado ou se movimenta
muito.
Estando a cunha com elevao anterior, o paciente permanece sentado sobre o lado mais baixo, sendo que o
centro de gravidade do paciente ser deslocado para trs
sem o terapeuta ter que estender as pernas. uma opo de estimular os flexores do tronco sem o movimento
do terapeuta.
103
c) Uma terceira opo o terapeuta movimentar os dois membros inferiores para a lateral, o que ir deslocar o centro de gravidade para o lado em que as coxas do terapeuta se moverem, induzindo uma inclinao contra lateral do tronco.
d) a quarta opo, a mais utilizada, unir duas ou trs possibilidades ao mesmo tempo, estimulando uma
movimentao no plano obliquo.
2.2.
Na figura 178 apresenta a posio bsica inicial do paciente sentado no colo de costas para o terapeuta. Deve-se
posicionar o paciente sobre as duas coxas do terapeuta
dividindo o peso igualmente.
104
Nesta opo, o terapeuta no ter contato visual com o paciente, o que aconselha-
do quando atendemos crianas que ficam agarrando o terapeuta impossibilitando a execuo das atividades, principalmente, deficientes mentais que acabam segurando no terapeuta
e no soltam. Estando o paciente de costas, este tipo de atitude mais difcil para o paciente, possibilitando a realizao da atividade.
Sentado de costa para o terapeuta o paciente estar de frente para o ambiente o que
facilita a execuo de atividades funcionais, seja pegar objetos ou realizar alguma atividade
ldica. Esta posio muito utilizada para jogos e brincadeiras individuais ou em grupo, pois
o terapeuta consegue controlar e auxiliar o paciente e ao mesmo tempo, oferece espao
para o paciente atingir qualquer meta a frente. Em atividades multidisciplinares, seja para o
pedagogo (em sala de aula) ou para o terapeuta ocupacional, fonoaudilogo e psiclogo
uma maneira eficiente de auxiliar o trabalho de vrios profissionais em um tratamento conjunto.
Uma vantagem desta posio, se compararmos com a sentada de frente para o tera-
quiser sair do colo do terapeuta antes de finalizar a atividade ter mais facilidade. Assim
como, o terapeuta dever ter mais cuidado para manter o paciente no colo, devido facilidade em escorregar para frente.
Nesta posio, o terapeuta no ter seu tronco entre os membros inferiores do paci-
ente, o qual ter mais facilidade em realizar a aduo das coxas. Qualquer alterao tnica
que facilite a aduo gera ao terapeuta mais dificuldade para estabilizar os movimentos do
paciente.
Nesta posio, o terapeuta no ter contato visual com o paciente, podendo dificultar
105
a) Uma primeira opo o terapeuta elevar os joelhos, o que pode ser conseguido com a
flexo plantar dos ps, obtendo como resposta motora a inclinao anterior do tronco.
106
Nas figuras 181 e 182, o terapeuta optou por estender os membros inferiores, deslocando o
centro de gravidade para frente, recrutando os extensores de tronco. No entanto, ao mesmo
tempo, o paciente tem que pegar um objeto no cho (neste exemplo a bola). Observe que
para pegar o objeto, o paciente ter que realizar, tambm, uma inclinao anterior do tronco
que recrutar ainda mais os extensores do tronco. Estas atividades, onde se conjuga o deslocamento do centro de gravidade pelo movimento do terapeuta e o direcionamento da funo so as melhores opes teraputicas para recrutamento de grupos musculares.
c) Uma terceira opo o terapeuta movimentar as duas pernas para a lateral, o que ir
deslocar o centro de gravidade para o mesmo lado.
Nestes exemplos (figura 183), a figura central apresenta a posio inicial, onde o terapeuta
optou por oferecer apoio com uma mo na cabea e a outra no tronco. Pode-se escolher para
qual lado realizar a movimentao dos membros inferiores, no exemplo o terapeuta movimentou uma vez para cada lado, nos dois casos a inclinao do tronco foi contra-lateral.
Observe que o terapeuta ofereceu apoio na cabea e no tronco e sempre a mo que est no
tronco se posicionou do lado oposto do deslocamento do centro de gravidade, sobre o grupo
muscular que recrutado, esta posio das mos facilita a resposta motora do paciente.
107
d) a quarta opo utilizar duas ou trs possibilidades ao mesmo tempo. Deve-se lembrar que, ao utilizar
duas atividades a resposta tambm ser maior, geralmente ocorrendo no plano obliquo.
2.3.
A terceira opo de posio inicial para atividades no colo do terapeuta o paciente sentado de lado para
o terapeuta.
Nesta opo teraputica, existem duas possibilidades de posio inicial para o paciente: com as duas pernas para o lado esquerdo do terapeuta (conforme figura 214) ou com as duas pernas para o lado direito.
Nas atividades que sero apresentadas, optou-se por variar o lado, at mesmo para apresentar algumas
diferenas. Porm, deve-se observar, que a resposta motora ser completamente oposta e depender da
opo do terapeuta, qual ser o lado mais adequado para oferecer o estmulo. Para grande parte dos
pacientes aconselhvel realizar o estmulo dos dois lados.
108
Apesar do paciente estar de lado para o terapeuta, possvel ter contato visual e observar
melhor as expresses do paciente perante os estmulos.
Como o corpo do terapeuta est na lateral, possibilita a realizao de atividades que estimulem a inclinao anterior ou posterior do tronco do paciente. Por este motivo, uma posio utilizada para se trabalhar atividades funcionais, onde o terapeuta auxilia durante um
jogo ou atividade de desenho, pintura e colagem. Mas, observe que difcil o terapeuta propiciar uma posio sentada completamente simtrica, por isso, importante trocar o paciente de lado em determinados momentos. Por outro lado, uma posio que se pode utilizar com paciente que necessitam de postura assimtrica como proposta teraputica.
Dentre as opes de posio bsica inicial com o paciente sentado no colo do terapeuta a
mais fcil de posicionar o paciente. Geralmente quando o terapeuta, em p, segura o paciente j est com as pernas para um dos lados e ao sentar no banco com rolamento, o paciente estar na posio inicial. Este fato facilita a utilizao desta posio com pacientes graves e pesados.
Outra vantagem para pacientes que no conseguem realizar a abduo das coxas necessria para as outras posies iniciais, sentado de lado as coxas no precisam estar com abduo, facilitando para alguns pacientes.
Esta posio a que oferece menos estabilidade, o paciente est livre para escorregar do
colo do terapeuta ou, se quiser sair, ter mais facilidade, tanto pela frente como pela lateral
e o terapeuta no ter como segurar. necessrio ter cuidado especial ao movimentar o
banco e realizar os deslocamentos lineares ou angulares, pois ter pouco controle do paciente. No caso de pacientes com deficincia mental ou hiperativos, esta opo impossibilita que
o terapeuta mantenha a criana no colo, dificultando a manuteno da posio adequada.
Uma opo o terapeuta afastar suas coxas para que o quadril do paciente se encaixe no
meio dos membros inferiores, oferecendo mais base de suporte, apoio e segurana.
Outra desvantagem deste posicionamento no permitir que realize e mantenha a abduo das coxas, sendo que muitos pacientes precisam e se beneficiam do posicionamento em
abduo. A falta de abduo, tambm, dificulta a estabilizao do quadril do paciente e facilita a assimetria postural.
109
a) Uma primeira opo o terapeuta elevar os joelhos, para tanto, basta realizar a flexo
plantar.
110
d) a quarta opo utilizar duas ou trs possibilidades ao mesmo tempo. Devemos lembrar
que, para justificar a utilizao de banco com rolamento interessante que as atividades,
sempre que possvel, sejam realizadas com a movimentao do banco nos diferentes sentidos lineares e angulares.
Na figura 189, o terapeuta utilizou dois movimentos conjugados. Realizou a extenso das pernas para frente e para baixo,
associada movimentao dos membros inferiores para sua
esquerda.
Desta forma, deslocou o centro de gravidade do paciente para
a esquerda e para trs, induzindo o paciente a realizar uma
inclinao do tronco para a direita e para frente.
Observe, que para facilitar o movimento, o paciente realiza
uma pequena rotao do tronco para a direita.
3.
Prono no banco
111
Skate: um material teraputico com maior comprimento e mais baixo que o banco,
onde o paciente estar prximo do solo, oferecendo mais estabilidade e conseqente independncia durante os deslocamentos nas atividades propostas.
112
Muito auxlio: Se for necessrio muito apoio, o terapeuta pode sentar no banco e posicionar o paciente em decbito ventral sobre seu colo. Nesta posio, o terapeuta ter muito
mais oportunidade de auxiliar durante as atividades.
113
CAPTULO 6
IV.
Definio
Uma proposta de tratamento que pode e deve ser utilizada, a realizao das atividades
sobre o corpo do adulto, seja ele terapeuta, me ou responsvel. Optou-se por apresentar
apenas esta proposta teraputica sem utilizao de material, por trs motivos:
possibilita a realizao de atividades que podem e devem ser utilizadas principalmente
em crianas pequenas, sendo que quanto menor a criana, mais funcional ser a proposta
teraputica. Na prtica clnica, observa-se que os lactentes costumam ser os pacientes que
mais se beneficiam com estas atividades. Sua aplicao em crianas maiores e adultas acaba se tornando restrita, j que diversas modificaes e adaptaes devem ser realizadas,
descaracterizando a proposta inicial.
permite que o terapeuta tenha mais controle sobre a criana, o que facilita a execuo
das propostas teraputicas, j que estas so realizadas sobre o corpo do terapeuta.
facilita o manuseio e no apresenta custo adicional, j que no necessita de material apropriado, viabilizando sua utilizao em qualquer atendimento teraputico.
114
V.
Principais requisitos
VI.
1-
2-
3-
4-
5-
115
Nesta posio, o terapeuta ter um maior contato visual com o paciente e poder observar
sua expresso facial, o que facilitar a interpretao dos estmulos.
importante lembrar que o bom posicionamento do terapeuta ideal para possibilitar um
manuseio adequado. Aconselha-se que ele se encoste a uma parede com o auxlio de uma
cunha ou material macio.
Para a execuo das atividades nesta posio, o terapeuta deve avaliar a amplitude dos movimentos da coxa da criana, principalmente a abduo, j que este fator determinar o posicionamento adequado da criana.
A seguir sero apresentadas duas opes de posicionamento: na primeira fundamental
que a criana tenha abduo das coxas suficiente para envolver o corpo do terapeuta (fig
167), caso contrrio, indica-se a posio sobre a coxa do terapeuta (fig 168). Neste ltimo
caso, devemos levar em considerao que a criana pode no conseguir manter o olhar horizontalizado, obrigando-a a realizar uma hiperextenso de cabea para olhar o terapeuta.
Fica a critrio do terapeuta a escolha do melhor posicionamento, enfatizamos que, mesmo
que o paciente tenha abduo suficiente para ser posicionada sobre o tronco, a opo das
atividades sobre a coxa deve ser uma variao considervel.
116
a) Inclinaes laterais do tronco: com o paciente sentado sobre seu tronco, o terapeuta
pode realizar uma rotao, deslocando o centro de gravidade do paciente para a lateral, o
que induzir a uma inclinao contra lateral do tronco. A resposta do paciente ir variar de
acordo com o sentido da rotao.
Caso o paciente tenha dificuldade em se manter na posio ou no apresente as reaes
posturais para responder adequadamente aos estmulos, o terapeuta pode estabilizar o paciente utilizando a cabea, ombros, quadril ou qualquer outro ponto de apoio para auxiliar a
realizao da atividade.
A figura 170 apresenta a mesma resposta, no entanto, foi utilizada a posio sobre a coxa direita do
terapeuta. Ao realizar a rotao lateral da coxa, a
criana responder com inclinao do tronco para a
direita, oposta ao deslocamento do centro de gravidade.
117
b) Inclinao posterior com recrutamento dos flexores do tronco: outra opo de atividade
o terapeuta executar a flexo do tronco, o que pode ser facilitado com a colocao de uma
cunha atrs de seu corpo. Neste caso, o centro de gravidade do paciente ser deslocado
para trs e induzir uma inclinao posterior do tronco, novamente, o terapeuta pode auxiliar estabilizando o paciente da forma que for mais adequada.
A figura 173 apresenta uma variao com o paciente sentado sobre a coxa do terapeuta, o qual realiza a flexo da
coxa e da perna deslocando o centro de gravidade para
frente, estimulando o recrutamento dos extensores do tronco.
Esta possibilidade mais confortvel e fcil de ser utilizada
pelo terapeuta do que a demonstrada na figura anterior
(172), por no necessitar da elevao do quadril para estimular a reao.
118
d) Rotaes do tronco: como ltima opo teraputica, pode-se propor duas atividades simultneas, o que estimular o paciente a apresentar resposta dupla e mais eficiente. Para
induzir uma rotao mais adequada, aconselhado que se oferea um estmulo que obrigue
o paciente a pegar com as duas mos.
Nesta posio, o paciente est de costas para o terapeuta o que dificulta o contato visual e
as informaes que possam propiciar interpretaes do estmulo oferecido ao paciente.
uma opo teraputica interessante para duas situaes:
para crianas que choram quando so posicionadas de frente para o terapeuta. Neste
119
A figura 176 mostra a utilizao de atividade funcional, no exemplo foi colocada uma prancha de
comunicao alternativa. O paciente est de costas
para o terapeuta, mas a me est na lateral, auxiliando a realizao da atividade. uma opo de
posio para o trabalho integrado entre Fisioterapeuta, Fonoaudilogo, Terapeuta Ocupacional,
Psiclogo, Pedagogo ou outro profissional que participe da equipe de habilitao da criana.
a) Inclinaes laterais do tronco: com o paciente de costas, o terapeuta pode executar uma
rotao de seu tronco, deslocando o centro de gravidade do paciente para a lateral, com
isso, induzir uma inclinao contra lateral do tronco do paciente. Para auxiliar, o terapeuta
pode estabilizar durante a atividade utilizando o melhor local para facilitar a realizao da
atividade.
Neste exemplo (figura 177), observe o terapeuta movimentando seus membros inferiores e,
conseqentemente, seu tronco para a esquerda,
induzindo o paciente a executar uma inclinao
do tronco para a direita.
120
b) Inclinao anterior com recrutamento dos extensores do tronco: outra opo de atividade o terapeuta executar a inclinao anterior de seu tronco, de preferncia, com auxlio de
um suporte atrs para oferecer conforto na posio. Neste caso, o centro de gravidade do
paciente ser deslocado para frente e induzir uma inclinao anterior do tronco. Sempre
que for necessrio, o terapeuta deve auxiliar estabilizando o paciente da forma que for mais
adequada.
Na figura 179, o terapeuta realizou a inclinao anterior de seu tronco, deslocando o centro de gravidade do paciente para frente induzindo a realizar, tambm, uma inclinao anterior do tronco, evidenciando o recrutamento
dos extensores do tronco.
c) Inclinao posterior com recrutamento dos flexores do tronco: nesta proposta o terapeuta
eleva seu quadril, utilizando ou no apoio sob o tronco.
Na figura 180, o terapeuta elevou o quadril, utilizando um rolo sob o tronco, deslocando o centro de
gravidade do paciente para trs. Perante este estmulo, geralmente se observa a inclinao anterior
do tronco. No entanto, os membros inferiores esto
sem apoio no cho e elevado, induzindo o paciente a
realizar uma inclinao posterior do tronco evidenciando o recrutamento dos flexores do tronco.
121
d) Rotaes do tronco: como ltima opo bsica, pode-se propor duas atividades simultneas, estimulando uma resposta dupla e funcional4.
Nesta posio, o paciente estar sentado de lado sobre o tronco do terapeuta. Existem dois
diferenciais nesta opo que sero apresentados a seguir:
permite duas opes de posio inicial para o paciente, j que este pode
permanecer com as duas pernas para o lado direito ou para lado esquerdo do terapeuta. Para facilitar a apresentao, optou-se por posicionar o paciente com as duas
pernas para o lado direito (figura 183).
122
Todos os exerccios que sero apresentados utilizaro esta posio inicial, mas deve-se lembrar que os mesmos podem e devem ser realizados dos dois lados, at mesmo para variar a
atividade. Na realidade, alguns pacientes respondem mais adequadamente posicionados
para um determinado lado. Dependendo de sua alterao de postura e movimento, a utilizao ou no do lado preferencial depende do programa teraputico.
As figuras 183 e 184 apresentam duas possibilidades de posio inicial, sobre o tronco ou
sobre a coxa do terapeuta. Observe que em
ambos os exemplos, o paciente est sentado de
lado, no necessitando de abduo das coxas,
por isso, pode ser uma alternativa teraputica
para pacientes que apresentam retraes em
aduo.
O terapeuta optou por utilizar um apoio nteroposterior para auxiliar na manuteno da postura.
a) Inclinao posterior com recrutamento dos flexores do tronco: com o paciente sentado
de lado sobre o tronco do terapeuta, este pode realizar uma rotao de seu tronco, o que ir
deslocar o centro de gravidade para trs5 do paciente.
Devemos considerar, que ao deslocar o centro de gravidade para trs, o paciente poder realizar uma
inclinao anterior, porm a falta de apoio dos ps, faz com que a criana pequena se movimente em
direo do deslocamento do centro de gravidade, realizando a inclinao posterior do tronco.
123
b) Inclinao anterior com recrutamento dos extensores do tronco: nesta opo, o terapeuta promove o mesmo estmulo da atividade anterior, deslocando o centro de gravidade da
criana para trs, porm esta responde com uma inclinao anterior do tronco.
c) Inclinao posterior com recrutamento dos extensores do tronco: outra opo de atividade o terapeuta executar uma rotao do seu tronco, deslocando o centro de gravidade
para frente do paciente.
124
c) Inclinaes laterais do tronco: nestas opes, a terapeuta incentiva as inclinaes laterais do tronco de acordo com o seu posicionamento.
Na figura 188, o terapeuta elevou o quadril apoiando um rolo sob o tronco, o centro de gravidade
do paciente se deslocou para seu lado direito,
induzindo uma inclinao lateral do tronco para a
esquerda.
d) Rotaes do tronco: como ltima opo bsica, pode-se propor duas atividades simultneas, estimulando uma resposta dupla.
Nesta posio, o paciente estar em decbito ventral sobre o tronco do terapeuta. Considera-se como posio inicial, o apoio dos antebraos no peito do terapeuta, me ou responsvel. Os membros inferiores podem ficar em extenso ou flexo, dependendo do padro da
criana. Nesse caso, necessrio observar se a posio est confortvel para o paciente.
125
facilita o terapeuta em observar a expresso facial do paciente e analisar se a atividade est sendo confortvel ou no.
4.1
Na figura 192, o terapeuta rodou seu tronco para sua direita, ou seja, para o lado
esquerdo do paciente, induzindo-o a realizar inclinao lateral do tronco para direita.
O movimento do paciente ser auxiliado
pela extenso de tronco da posio inicial.
126
c) Rotaes do tronco: como ltima proposta teraputica nesta posio inicial, pode-se utilizar movimentos conjugados.
5.
Esta posio inicial, apesar de no ser muito utilizada, uma opo teraputica. O paciente
ficar em decbito dorsal sobre o corpo do terapeuta, neste caso, os membros inferiores
podem ser posicionados em extenso, ou se estiver mais confortvel, pode-se manter a fle-
127
xo. Para muitos pacientes importante colocar uma pequena cunha ou travesseiro sob a
cabea para a posio inicial ficar mais confortvel.
128
d) Inclinao posterior com atividades funcionais: como ltima opo, pode-se realizar duas
atividades ao mesmo tempo e se for adequado deve-se utilizar tambm atividades funcionais.
129
130
131