A História Do Café - Origem e Trajetória
A História Do Café - Origem e Trajetória
A História Do Café - Origem e Trajetória
A Lenda do Café
Os Primeiros Cultivos de Café
A Cultura da Bebida Café
As Cafeterias
O Café no Brasil
O trajeto do cultivo do café no Brasil
As grandes fazendas de café
A Crise de 29
O Café Brasileiro na atualidade
Linha do Tempo do Café
Bibliografia
A LENDA DO CAFÉ
Não há evidência real sobre a descoberta do café, mas há muitas
lendas que relatam sua possível origem.
Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar
o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco das frutas e levou consigo até o monastério. Ele
começou a utilizar os frutos na forma de infusão, percebendo que a bebida o ajudava a resistir ao sono
enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Esta descoberta se espalhou
rapidamente entre os monastérios, criando uma demanda pela bebida. As evidências mostram que o
café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos no Yemen.
O café tornou-se de grande importância para os Árabes, que tinham completo controle sobre o cultivo
e preparação da bebida. Na época, o café era um produto guardado a sete chaves pelos árabes. Era
proibido que estrangeiros se aproximassem das plantações, e os árabes protegiam as mudas com a
própria vida. A semente de café fora do pergaminho não brota, portanto, somente nessas condições as
sementes podiam deixar o país.
Antigos instrumentos árabes para preparo de café Sultão em Meca, bebendo café
A partir destas plantas, os holandeses iniciaram em 1699, plantios experimentais em Java. Essa
experiência de sucesso trouxe lucro, encorajando outros países a tentar o mesmo. A Europa
maravilhava-se com o cafeeiro como planta decorativa, enquanto os holandeses ampliavam o cultivo
para Sumatra, e os franceses, presenteados com um pé de café pelo burgomestre de Amsterdã,
iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon.
Com as experiências holandesa e francesa, o cultivo de café foi levado para outras colônias européias.
O crescente mercado consumidor europeu propiciou a expansão do plantio de café em países
africanos e a sua chegada ao Novo Mundo. Pelas mãos dos colonizadores europeus, o café chegou
ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas. Foi por meio das Guianas que chegou ao
norte do Brasil. Desta maneira, o segredo dos árabes se espalhou por todos os cantos do mundo.
Mercadores de café - século XVI Colheita de café - quadro de Johann Moritz Rugendas
Em 1000 d.C., os árabes começaram a preparar uma infusão com as cerejas, fervendo-as em água.
Somente no século XIV, o processo de torrefação foi desenvolvido, e finalmente a bebida adquiriu um
aspecto mais parecido com o dos dias de hoje. A difusão da bebida no mundo árabe foi bastante
rápida. O café passou a fazer parte do dia-a-dia dos árabes sendo que, em 1475, até foi promulgada
uma lei permitindo à mulher pedir o divórcio, se o marido fosse incapaz de lhe prover uma quantidade
diária da bebida. A admiração pelo café chegou mais tarde à Europa durante a expansão do Império
Otomano.
AS CAFETERIAS
Foi em Meca que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como Kaveh Kanes. Cidades como
Meca, eram centros religiosos para reza e meditação e a religião muçulmana proibia o consumo de
qualquer tipo de bebida alcoólica. Desta forma, os Kaveh Kanes se transformaram em casas onde era
possível se passar à tarde conversando, ouvindo música e bebendo café. A bebida conquistou
Constantinopla, Síria e demais regiões próximas. As cafeterias tornaram-se famosas no Oriente pelo
seu luxo e suntuosidade e pelos encontros entre comerciantes, para a discussão de negócios ou
reuniões de lazer.
O café conquistou definitivamente a Europa a partir de 1615, trazido dos países árabes por
comerciantes italianos. O hábito de tomar o café, principalmente em Veneza, estava associado aos
encontros sociais e à música que ocorriam nas alegres Botteghe Del Caffè. Em 1687 os turcos
abandonaram várias sacas de café às portas de Viena, após uma tentativa frustrada de conquista, e
estas foram usadas como prêmio pela vitória. Assim é aberta a primeira coffee house de Viena e
difundido o hábito de coar a bebida e bebê-la adoçada com leite - o famoso café vienense.
Até hoje os cafés são locais onde pessoas se reúnem para discutir assunto importantes ou
simplesmente passar o tempo, sendo o ritual do cafezinho uma tradição que sobreviveu a todas as
transformações.
O CAFÉ NO BRASIL
O café chegou ao norte do Brasil, mais precisamente em Belém,
em 1727, trazido da Guiana Francesa para o Brasil pelo Sargento-
Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador do
Maranhão e Grão Pará, que o enviara às Guianas com essa
missão. Já naquela época o café possuía grande valor comercial.
Devido às nossas condições climáticas, o cultivo de café se espalhou rapidamente, com produção
voltada para o mercado doméstico. Em sua trajetória pelo Brasil o café passou pelo Maranhão, Bahia,
Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Num espaço de tempo relativamente curto, o café
passou de uma posição relativamente secundária para a de produto-base da economia brasileira.
Desenvolveu-se com total independência, ou seja, apenas com recursos nacionais, sendo, afinal, a
primeira realização exclusivamente brasileira que visou a produção de riquezas.
Em condições favoráveis a cultura se estabeleceu inicialmente no Vale do Rio Paraíba, iniciando em
1825 um novo ciclo econômico no país. No final do século XVIII, a produção cafeeira do Haiti -- até
então o principal exportador mundial do produto -- entrou em crise devido à longa guerra de
independência que o país manteve contra a França. Aproveitando-se desse quadro, o Brasil aumentou
significativamente a sua produção e, embora ainda em pequena escala, passou a exportar o produto
com maior regularidade. Os embarques foram realizados pela primeira vez em1779, com a
insignificante quantia de 79 arrobas. Somente em 1806 as exportações atingiram um volume mais
significativo, de 80 mil arrobas.
Fazenda de café - Brasil, final do século XVIII Armazenagem de café - Brasil, século XIX
Por quase um século, o café foi a grande riqueza brasileira, e as divisas geradas pela economia
cafeeira aceleraram o desenvolvimento do Brasil e o inseriram nas relações internacionais de
comércio. A cultura do café ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e
dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de São Paulo, sul de Minas
Gerais e norte do Paraná. Ferrovias foram construídas para permitir o escoamento da produção,
substituindo o transporte animal e impulsionando o comércio inter-regional de outras importantes
mercadorias. O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a expansão da classe
média, a diversificação de investimentos e até mesmo intensificou movimentos culturais. A partir de
então o café e o povo brasileiro passam a ser indissociáveis.
A riqueza fluía pelos cafezais, evidenciada nas elegantes mansões dos fazendeiros, que traziam a
cultura européia aos teatros erguidos nas novas cidades do interior paulista. Durante dez décadas o
Brasil cresceu, movido pelo hábito do cafezinho, servido nas refeições de meio mundo, interiorizando
nossa cultura, construindo fábricas, promovendo a miscigenação racial, dominando partidos políticos,
derrubando a monarquia e abolindo a escravidão.
Além de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas, o café permitiu alguns feitos extraordinários.
Durante muito tempo, o café brasileiro mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos. A
qualidade do café santista e o fato de ser um dos principais portos exportadores do produto,
determinou a criação do Café Tipo Santos.
Implantado com o mínimo de conhecimento da cultura, em regiões que mais tarde se tornaram
inadequadas para seu cultivo, a cafeicultura no centro-sul do Brasil começou a ter problemas em 1870,
quando uma grande geada atingiu as plantações do oeste paulista provocando prejuízos incalculáveis.
O ponto de partida das grandes plantações foi o Rio de Janeiro, com as matas da Tijuca tornando-se
grandes cafezais. O café estende-se para Angra dos Reis, Parati e chegou a São Paulo por Ubatuba.
Em pouco tempo, o vale do rio Paraíba se tornou a grande região produtora da lavoura cafeeira no
Brasil. Esta região com altitude e clima excelentes para o cultivo, possibilitou o surgimento de uma
área centralizadora de culturas e população. Subindo pelo rio, o café invadiu a parte oriental da
província de São Paulo e a região da fronteira de Minas Gerais. Na época o Rio de Janeiro era o porto
de escoamento do produto e centro financeiro.
Entretanto, a cultura do café em áreas com declive acentuado e o total descuido quanto à preservação
do solo gerou uma erosão intensa. Por este motivo, as terras se esgotaram rapidamente e a cultura
cafeeira migrou para um outro local, o oeste da província de São Paulo, centralizando-se em
Campinas e estendendo-se até Ribeirão Preto.
Campinas passou a ser então o grande pólo produtor do país. As culturas estendiam-se em largas
superfícies uniformes, cobrindo a paisagem a perder de vista, formando os famosos "mares de café".
Na região, os cafezais sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfície plana da região, que
facilitava ainda a comunicação e o transporte e proporcionava uma concentração da riqueza. Enquanto
no Vale do Paraíba foi estabelecido um sistema complexo de estradas férreas, nessa nova região foi
implantada uma boa rede de estradas rodoviárias e ferroviárias. Com este novo pólo produtor, o café
mudou seu centro de escoamento, sendo toda a produção do oeste paulista a enviada a São Paulo e
depois exportada a partir do porto de Santos.
A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em 1870, quando uma grande geada atingiu
as plantações do oeste paulista provocando grandes prejuízos, e, mais tarde, durante a crise de 1929.
No entanto, após se recuperar das crises, a região se manteve como importante centro produtor. Nela
se destacam quatro estados produtores: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná. Como a
busca pela região ideal para a cultura do café cobriu todo o país, a Bahia se firmou como pólo produtor
no Nordeste e a Rondônia na região Norte.
Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura típica e seus equipamentos. Tanques em que o
grão é lavado logo depois da colheita, terreiros para secagem, máquinas de seleção e beneficiamento
fazem parte desse ambiente. A senzala dos escravos ou colônias de trabalhadores livres finalizam a
caracterização das fazendas cafeeiras. A fazenda de café, desde a semente até a xícara, era um
pequeno mundo, quase isolado.
Com a mão-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e durante três quartos de século, quase toda
riqueza do país se concentrou na agricultura cafeeira. O Brasil dominava 70% da produção mundial e
ditava as regras do mercado. Nessa época os fazendeiros de café se tornaram a elite social e política,
formando umas das últimas aristocracias brasileiras. A opulência dos plantadores de café permitiu a
construção dos grandes e bonitos casarões das fazendas e de mansões na cidade de São Paulo e
financiou a industrialização no sudeste do país.
A CRISE DE 29
A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 29 foi um golpe
para a estabilidade da economia cafeeira.
Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de 1929, o Sudeste do país voltou a
crescer, desta vez com perspectivas lastreadas na cafeicultura e na indústria, que assumia parcelas
maiores da economia. O café retomou sua importante posição nas exportações brasileiras e, mesmo
perdendo mercado para outros países produtores, o país ainda se mantém como maior produtor de
café do mundo.
Das suas épocas áureas, ainda nos restam as belas sedes das fazendas coloniais, um extenso
material técnico-científico, plantações centenárias e o hábito nacional do cafezinho.
As áreas cafeeiras estão concentradas no centro-sul do país, onde se destacam quatro estados
produtores: Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo e Paraná. A região Nordeste também tem
plantações na Bahia, e da região Norte pode-se destacar Rondônia.
A produção de café arábica se concentra em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e parte do
Espírito Santo, enquanto o café robusta é plantado principalmente no Espírito Santo e Rondônia.
Cafezal - detalhe de linha de plantio Cafezal - sistema de irrigação Cafezal - vista aérea
As principais regiões produtoras no Estado de São Paulo são a Mogiana, Alta Paulista Região de
Pirajú. Uma das mais tradicionais regiões produtoras de café, a Mogiana está localizada ao norte do
estado, com cafezais a uma altitude que varia entre 900 e 1.000 metros. A região produz somente café
da espécie arábica, sendo que as variedades mais cultivadas são o Catuaí e o Mundo Novo.
Localizada na região oeste do estado, a Alta Paulista tem uma altitude média de 600 metros. A região
é produtora de café arábica, sendo que a variedade mais cultivada é a Mundo Novo. A região de
Piraju, a uma altitude média de 700 metros, produz café arábica, com cerca de 75% sendo da
variedade Catuaí, 15% da variedade Mundo Novo e 10% de novas variedades, como Obatã, Icatu,
entre outras.
Em Minas Gerais, as principais regiões produtoras são: Cerrado Mineiro, Sul de Minas, Matas de
Minas e Jequitinhonha. A altitude média do Cerrado Mineiro é de 800 metros e dentre o café arábica
cultivado, a predominância é de plantas das variedades Mundo Novo e Catuaí. O Sul de Minas
também produz apenas café arábica e a altitude média é de aproximadamente 950 metros. As
variedades mais cultivadas são o Catuaí e o Mundo Novo, mas também há lavouras das variedades
Icatu, Obatã e Catuaí Rubi. A região das Matas de Minas e Jequitinhonha está a uma altitude média de
650 metros e possui lavouras de arábica das variedades Catuaí (80%), Mundo Novo, entre outras.
O Paraná chegou a ter 1,8 milhão de hectares dedicados ao cultivo de café. Hoje esse número é de
apenas 156 mil hectares, mas o café ainda está presente em aproximadamente 210 municípios do
estado e é responsável por 3,2% da renda agrícola paranaense. O café é cultivado nas regiões do
Norte Pioneiro, Norte, Noroeste e Oeste do Estado. As áreas de cultivo são muito extensas, o que
justifica a grande variação de altitudes. A altitude média é de aproximadamente 650 metros, sendo que
na região do Arenito, próximo ao rio Paraná, a altitude é de 350 metros e na região de Apucarana
chega a 900 metros. No Estado é cultivada a espécie arábica e as variedades predominantes são
Mundo Novo e Catuaí.
A cafeicultura na Bahia surgiu a partir da década de 1970 e teve uma grande influência no
desenvolvimento econômico de alguns municípios. Há atualmente três regiões produtoras
consolidadas: a do Planalto, mais tradicional produtora de café arábica; a Região Oeste, também
produtora de café arábica, sendo uma região de cerrado com irrigação e a Litorânea, com plantios
predominantes do café robusta (variedade Conillon). Na Região Oeste, um número expressivo de
empresas utilizando alta tecnologia para café irrigado vem se instalando, contribuindo, assim, para a
expansão da produção em áreas não tradicionais de cultivo e consolidando a posição do Estado como
o quinto maior produtor com, aproximadamente, 5% da produção nacional. No parque cafeeiro
estadual predomina a produção de café Arábica com 76% da produção (com 95% sendo da variedade
Catuaí) contra 24% de Café Robusta.
No Espírito Santo, os principais municípios produtores são Linhares, São Mateus, Nova Venecia, São
Gabriel da Palha, Vila Valério e Águia Branca. O café foi o produto responsável pelo desenvolvimento
de um grande número de cidades no Estado. São cultivadas no estado as espécies arábica e robusta
(Conillon), tendo sido marcante a produção desta última, que se expandiu principalmente nas regiões
baixas, de temperaturas elevadas. Atualmente as lavouras de robusta ocupam mais de 73% do parque
cafeeiro estadual e respondem por 64,8% da produção brasileira da variedade. O Estado coloca o
Brasil como segundo maior produtor mundial de Conillon.
No Estado de Rondônia a produção de café está concentrada nas cidades de Vilhena, Cafelândia,
Cacoal, Rolim de Moura e Ji-Paraná. No cenário nacional, Rondônia representa o sexto maior estado
produtor e o segundo maior estado produtor de café Robusta, com uma área de 165 mil hectares e
uma produção de 2,1 milhões de sacas, constituídas exclusivamente pelo café robusta (variedade
Conillon).
BIBLIOGRAFIA
NEVES, C. - A estória do café. Rio de janeiro, Instituto Brasileiro do Café, 1974. 52 p.
TAUNAY, A. de E. - História do café no Brasil: no Brasil Imperial 1822-1872. Rio de Janeiro,
Departamento Nacional do Café, 1939.
DPASCHOAL, L. N. - Aroma de Café - DPaschoal, 2006
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